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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    A importncia da atividade de inteligncia pblica da

    PMMG no monitoramento dos movimentos sociais

    urbanos: A ocupao Dandara

    Marcos Eduardo Rodrigues

    Belo Horizonte2010

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    Marcos Eduardo Rodrigues

    A importncia da atividade de inteligncia pblica da PMMG

    no monitoramento dos movimentos sociais urbanos: A

    ocupao Dandara

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Centrode Estudos de Criminalidade e Segurana Pblica/CRISP da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanasda Universidade Federal deMinas Gerais.

    Orientador(a): Prof.(a) Rodrigo Alisson Fernandes

    Belo Horizonte2010

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    Marcos Eduardo Rodrigues

    A importncia da atividade de inteligncia pblica da PMMG nomonitoramento dos movimentos sociais urbanos: A ocupao

    dandara

    Trabalho Final apresentado ao Curso de Estudos de Criminalidade eSegurana Pblica, requisito para obteno do Ttulo de Especialista.

    Belo Horizonte, 2010.

    ____________________________________

    Rodrigo Alisson Fernandes (Orientador)

    ____________________________________

    Frederico Coutinho (Examinador)

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    RESUMO

    Esta monografia tem por objetivo a anlise sobre a importncia da atividade de inteligncia de

    segurana pblica que alm de desenvolver o monitoramento dos eventos criminais no pas,

    desenvolve outras atividades como por exemplo a vigilncia sobre os diversos grupos que atuam

    em movimentos sociais na cidade de Belo Horizonte.

    Partido do pressuposto de que os movimentos sociais so meios legtimos da ao popular, o

    trabalho procura relatar as razes pelas quais so necessrias o acompanhamento dos agentes

    especializados da inteligncia da Polcia Militar de Minas Gerais em monitorar as aes de

    grupos como o MST, Brigada Popular e, entre outros grupos desta natureza.

    Na literatura especfica sobre a atividade, existem abordagens tericas que procuram demonstrar

    que o uso da inteligncia uma atividade do Estado que tem como finalidade o assessoramento

    aos tomadores de decises contribuindo assim para um melhor resultado. Em termos especficos

    cito como exemplo a invaso de um grupo de militantes aliados ao MST de codinome Brigada

    Popular que promoveu uma invaso de um terreno abandonado, na Regio do Bairro Cu Azul

    em Belo Horizonte que ficou denominada ocupao Dandara.

    Na concluso, o trabalho busca apontar algumas falhas que ocorrem na rea da atividade de

    inteligncia de segurana publica, bem como apontar algumas solues para que assim, a

    atividade possa desenvolver melhor sua funo.

    Palavras Chaves: Inteligncia de Segurana Pblica, Movimentos Sociais e Invaso.

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABIN - Agncia Brasileira de IntelignciaAC - Agncia Central de Inteligncia

    BP - Brigada Popular

    CEMIG - Companhia Energtica de Minas Gerais

    CEBs- Comunidade Eclesiais de Bases

    CPT - Comisso da Pastoral da Terra

    DINT - Diretoria de Inteligncia

    EC - Estria Cobertura

    ESG - Escola Superior de Guerra

    FMI - Fundo Monetrio Internacional

    IMINT - Imagery Inteligence (Inteligncia de Imagens)

    MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens.

    MST - Movimento Sem Terra

    MTST - Movimento dos Trabalhados Sem Teto

    OMC - Organizao Mundial do Comrcio

    PBH - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

    PUC Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais

    PPAG- Plano anual de Ao Governamental

    SIPOM - Sistema de Inteligncia da Polcia Militar de Minas Gerais

    SNI - Servio Nacional de Informaes

    UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

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    SUMRIO

    INDRODUO........................................................................................................07

    CAPTULO 1............................................................................................................10

    1. Inteligncia e Inteligncia Policial ou de Segurana Pblica ............................10

    1.1.O sistema de Inteligncia da policia militar e seu Funcionamento...................12

    1.2.A Estrutura Organizacional do SIPOM.............................................................12

    1.3.A produo de Documento e as Atividades de Monitoramento........................15

    1.4. Tcnica Estria Cobertura.. .............................................................................18

    1.5.Uso de Equipamento Eletrnico........................................................................19

    1.6. Obedincia versus Competncia profissional...................................................20

    CAPTULO 2............................................................................................................21

    2. O papel da Inteligncia e os Movimentos Sociais Urbanos................................21

    2.1. Os movimentos Sociais urbanos .......................................................................22

    2.2. O MST e os movimentos Sociais .....................................................................24

    2.3. O MST e a Igreja .............................................................................................26

    2.4. A Brigada popular ............................................................................................27

    2.5. A ao da Brigada popular e a Ocupao Dandara ..........................................30

    2.6. O papel da polcia..............................................................................................31

    2.7. Qual a relao do SIPOM e a ocupao Dandara..........................................33

    CONCLUSO..........................................................................................................35

    REFERNCIA BIBLIOGARFIA ...........................................................................38

    ANEXOS..................................................................................................................41

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    INTRODUO

    O Movimento das Brigadas Populares 1apresenta uma luta que ocorre dentro da esfera urbana da

    reproduo capital X trabalho, indicando uma nova perspectiva contra a explorao e a alienao.A ocupao a principal forma de ao do movimento. Tal situao pode estar associada no s

    aos problemas de desigualdade social devido ao crescimento urbano, mas tambm na falha de

    estratgias de preveno de policiamento nas reas que so invadidas.

    Considerando esta ltima possibilidade, esta monografia tem como objetivo apresentar uma

    descrio do servio de inteligncia da Policia Militar, que tem como uma das suas atribuies o

    monitoramento de grupos ou organizaes que militam nos movimentos sociais urbanos.

    O foco deste trabalho uma discusso de natureza terica sobre a estrutura do servio de

    inteligncia da Polcia Militar que busca por meio dos seus agentes especializados a informao

    sobre aes desenvolvidas pela organizao Brigadas Populares que desenvolveram vrias

    invases de reas na capital por meio do apoio ao Movimento dos Sem Terra (MST).

    No obstante Antunes (2010) ressalta que na atividade de inteligncia policial no existe um

    consenso quando esta se situa dentro da atividade de inteligncia interna. Na viso da professora,

    a inteligncia policial traz uma importante contribuio ao permitir delinear uma questo ainda

    nebulosa no debate e na prtica relacionada competncia que est direcionada ao seu grau e sua

    natureza entre as operaes de inteligncia voltadas para apoiar o trabalho de preveno de

    crimes e a manuteno da ordem.

    Assim, no raro, a Inteligncia Policial presta contribuio decisiva salvaguarda dos interesses

    do Estado. Relatar as razes pelas quais so necessrias o acompanhamento dos movimentossociais urbanos por meio dos agentes de inteligncia da Polcia Militar de Minas Gerais que

    buscam a identificao das lideranas desses grupos bem como a hiptese de futuras aes, faz

    ______________________________1-Organizao Poltica, sem vnculos partidrios, com atuao na Regio Metropolitana de Belo Horizonte que,desde 2006, realiza ocupaes com famlias sem-teto junto ao Movimento Popular Urbano. Atualmente, as BrigadasPopulares esto estruturadas em cinco Frentes de Trabalho: Comunicao, Formao, Juventude, Anti-prisional eMoradia.

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    com que o levantamento dessas informaes constitui tarefa da Inteligncia de segurana pblica

    e com base nelas que o Estado Maior da Polcia cria mecanismo de antecipar uma determinada

    ao.

    Os movimentos sociais urbanos em geral atuam sobre uma problemtica urbana relacionada com

    o uso do solo, com a apropriao e a distribuio da terra urbana e dos equipamentos coletivos.

    Portanto, movimentos por moradia, fazem parte de movimentos reivindicatrios urbanos de

    carter popular, relacionados ao direito cidade e ao exerccio da cidadania.

    Entretanto, convm lembrar que cabe ao Estado o papel da preservao e a garantia do direito da

    propriedade mas alguns movimentos deflagrados na cidade principalmente a partir do ano de

    2005, no so unicamente urbanos. Ficaram conhecidos como movimentos rururbano.

    Identificam como uma forma de resistncia e de luta, que tem como uma de suas caractersticas

    os assentamentos localizados entre o permetro urbano e o rural de maneira que no se localize

    to distante dos centros urbanos.

    Para os movimentos urbanos de carter popular a discusso dos problemas da moradia,

    geralmente recai ento no mbito dos resultados sobre as questes de falta de investimento de

    polticas pblicas e que podem ser identificadas em decorrncia do mau gerenciamento, e m

    organizao por parte de quem detm o poder. Ainda neste sentido, muitas das vezes no raro

    vrias so as aes desenvolvidas pelos movimentos sociais que desenvolvem invases em reas

    urbanas ou ocupaes. Diante do que se pode evitar com os meios disponveis, para o governo,

    essencial a posse de informaes que lhe permitam, no campo interno, identificar a existncia de

    problemas que possam vir perturbar a ordem pblica, a paz social ou prejudicar a economia.

    Da distino acima emerge a importncia da Inteligncia de Segurana Pblica que tem como umdos seus objetivos criar mecanismos para o planejamento e o desenho do emprego do

    policiamento, de carter ostensivo e preventivo, como notou Antunes ao escrever que o aparato

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    de segurana precisa se basear na avaliao de Inteligncia para definir as medidas a serem

    tomadas, pois ela quem faz a avaliao das ameaas existentes.2

    Esta monografia foi organizada em dois captulos. No Primeiro, ser tratado os conceitos deInteligncia e Inteligncia de Segurana Pblica ressalta a partir destas concepes a estrutura

    funcional desenvolvida pelo rgo de inteligncia da Policia Militar de Minas Gerais o SIPOM.

    Neste captulo procuramos apontar tambm a forma como os agentes de informao da PMMG

    atuam pela busca de informaes.

    O Segundo captulo tem o intuito de enfatizar a ao dos movimentos sociais urbanos e a

    importncia da atividade de inteligncia. Este captulo apresenta detalhes de como surgiu

    ocupao Dandara, ocupao de terras que utilizaremos como estudo de caso para ilustrar esse

    trabalho.

    Nas consideraes finais so apontadas s falhas do servio de inteligncia e algumas propostas

    que devem ser observadas pela atividade de Inteligncia da Policia Militar, a fim de que as

    agncias de inteligncia possam efetivar-se do seu papel por meio da sua principal misso o

    assessoramento aos tomadores de deciso para que assim possam criar estratgia de controle e

    preveno.

    _________________________2-ANTUNES, Priscila Carlos Brando. SNI e ABIM: uma leitura da atuao dos servios secretos Brasileiros aolongo do Sculo XX. Rio de Janeiro: FGV, 2002,p.24.

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    CAPITULO 1

    1- Inteligncia e Inteligncia Policial ou de Segurana Pblica

    Para uma melhor compreenso do que vem a ser inteligncia de segurana pblica ou policial

    cabe aqui um breve esclarecimento quanto a outro conceito que o precede, o de inteligncia.

    Nesses termos, inteligncia de acordo com Lowerthal (2006), o processo pelo qual certo tipo de

    informao importante para a segurana nacional requerido, coletado, analisado e

    disponibilizados aos tomadores de deciso.

    Do mesmo modo Cepik (2003), define que existem dois usos principais do termo inteligncia

    fora do mbito das cincias cognitivas. Uma definio ampla diz que inteligncia toda

    informao coletada, organizada ou analisada para atender a demanda de um tomador de

    decises. Uma definio mais restrita Cepik nos afirma que inteligncia so as coletas de

    informaes sem o consentimento, a cooperao ou mesmo o conhecimento por parte dos alvos

    da ao. Neste sentido para esse autor, inteligncia o mesmo que segredo ou informao

    secreta. Porm, o autor chama a ateno que ignorar a definio restrita sobre o conceito de

    inteligncia implicaria em perder de vista o que torna a atividade problemtica. Pois segundo

    Cepik, no mundo real, as atividades dos servios de inteligncia so mais amplas do que a mera

    espionagem e mais restritas do que o provimento de informaes sobre todos os temas relevantes

    para a deciso governamental.

    Para o autor, o uso do termo inteligncia tambm serve para designar funo de suporte, seja na

    rotina dos governos, no meio empresarial ou mesmo em organizaes sociais. Neste sentido, os

    servios de inteligncia na concepo de Cepik (2001), so organizaes governamentais

    especializadas na coleta, anlise e disseminao de informaes dos problemas e alvos relevantes

    para poltica externa, para a poltica de defesa nacional e para segurana pblica de um pas,

    formando juntamente com as foras armadas e as polcias, sendo esses o ncleo coercitivo do

    Estado contemporneo.

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    Dentre as duas definies, convm destacar algumas consideraes com base na acepo sobre o

    tema assinalado por Lowerthal (2006):

    Inteligncia como processo: a inteligncia pode ser considerada como o meiopelos quais certos tipos de reformulaes so necessrios e solicitados,coletados, analisados e divulgados, e como a maneira em que certo tipo deaes encobertas so concebidas e realizadas.Inteligncia como um produto: A inteligncia pode ser pensada como oproduto desses processos que como as anlises e operaes de inteligncia.Inteligncia como organizao: A inteligncia pode ser pensada como asunidades que realizam suas vrias funes. (LOWERTHAL,2006;p.9).

    Segundo os estudos de Gonalves (2008), o termo inteligncia foi incorporado doutrina

    brasileira a partir da dcada de 1990, aps a redemocratizao, quando ainda segundo o autor a

    terminologia informaes, mais adequada lngua portuguesa, foi substituda por

    inteligncia. Gonalves, afirma que as razes dessa mudana foram, especialmente de ordem

    poltica, atitude em que se tentaram banir termos associados ao regime militar. Nesse sentido

    sobre a nova doutrina brasileira de segurana o vocbulo informaes passou a ser entendida

    como inteligncia que tambm por sua vez no a mesma coisa de informao. Lowerthal

    (2006) ressalta que a informao algo que pode ser conhecido, independentemente de como foi

    descoberto. Inteligncia se refere informao que atende as necessidades dos decisores. Nestemesmo sentido, o autor ainda afirma que a inteligncia um subconjunto da categoria mais

    ampla de informaes. Toda inteligncia informao; porm nem toda informao

    inteligncia.(LOWERTHAL, 2006, p.2).

    No que diz respeito chamada inteligncia de segurana pblica Cepik (2007) ressalta que esta

    rea da inteligncia est direcionada para as ameaas de questes de ordem pblica voltada para

    dar apoio s funes de policiamento, trabalho que so prprios das instituies, Polcia Federal,

    Civil ou Militar.

    Nas concepes de Gonalves (2008), a inteligncia policial tem como finalidade de atuar na

    preveno, obstruo, identificao e neutralizao das aes criminosas. Ainda segundo o autor,

    tal atividade tambm tem como escopo a busca de informaes necessrias que possam

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    identificar o exato momento e lugar de realizaes de atos preparatrios e de execuo de delitos

    praticados por organizaes criminosas.

    Feita estas exposies iniciais sero tratadas algumas consideraes sobre a importncia dosistema de inteligncia da Policia Militar de Minas Gerais e de determinadas tcnicas utilizadas

    para o seu funcionamento na busca de informaes. De modo que os tomadores de deciso ou

    comandante das unidades policiais possam de maneira antecipatria viabilizar estratgicas quanto

    ao emprego do policiamento de carter preventivo.

    1.1- O Sistema de Inteligncia da Polcia Militar de Minas Gerais e seu Funcionamento

    Sobre inteligncia j percebemos que no mbito geral existem muitos conceitos elaborados por

    especialistas como: Lowerthal (2006), Cepik (2003) e Gonalves (2008).

    E dentre estas diversas definies sobre o tema, convm destacar a ttulo de melhor

    entendimento, que o Sistema de Inteligncia da Polcia Militar de Minas Gerais (SIPOM) pode

    ser definido como um conjunto de recursos humanos e materiais, hierarquizados,

    interdependentes, funcionalmente agrupados com finalidades bem definidas. Responsveis pela

    execuo da Atividade de Inteligncia no mbito da Organizao ou Instituio, por intermdio

    de suas agncias as conhecidas P2.

    De acordo com Gonalves (2008) esta categoria da atividade de inteligncia de segurana pblica

    ou policial, apesar do seu desenvolvimento significativo nas ltimas dcadas, importante para o

    combate ao crime organizado, ao trfico de drogas, contrabando de armas e atividades financeiras

    ilegais. (GONALVES, 2008, p.27).

    1.2- A Estrutura Organizacional do SIPOM

    No mbito da Polcia Militar, o SIPOM composto por vrias agncias localizadas nos Batalhes

    Operacionais, em suas Companhias destacadas e em alguns Pelotes sediados em cidades de

    mdio porte. A coordenao do sistema realizada por uma Agncia Central de Inteligncia (AC)

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    que pertence ao Estado Maior Geral da Corporao. Nas agncias operacionais, a atividade

    divide-se em trs ramos sendo eles: a Inteligncia de Estado, atividade que esta associada a

    informaes, processos e organizaes relacionados produo de conhecimento, tendo por

    escopo a segurana do Estado e da Sociedade, e que constituem subsdios ao processo decisrioda mais alta esfera do governo. Defesa Pblica atividade conforme definio da Escola Superior

    de Guerra (ESG) o conjunto de atitudes e aes adotadas para garantir o cumprimento das leis,

    de modo a evitar, impedir ou eliminar a prtica de atos que perturbem a ordem pblica. (Brasil,

    Escola Superior de Guerra, 1995; p.128). E a contra inteligncia, atividade que tem como

    pressuposto salvaguardar as informaes produzidas, da organizao, das pessoas, das instalaes

    e dos processos. Uma melhor definio sobre a contra inteligncia foi elaborado pela ESG A

    Contra inteligncia uma atividade desenvolvida necessariamente por todas as Organizaes de

    Inteligncia com o objetivo de identificar, impedir, neutralizar ou reduzir a atuao dos Sistemas

    de Inteligncia adversos.( Manual Bsico Vol. II da ESG;2009 p.96).

    No que concerne a atividade de contra inteligncia do SIPOM, fica claro que esta atividade muita

    das vezes se confunde como a atividade relacionada aos servios de corregedoria, pois suas

    atividades geralmente so desenvolvidas para a vigilncia do seu pblico interno sobre os casos

    de desvio de conduta dos militares.

    O servio de inteligncia da Polcia Militar desenvolve outras atividades profissionais, no mbito

    institucional por meio da assessoria complementar, ela atinge, por conseguinte, a homens ou

    grupos, colocando-os disposio dos sucessivos comandantes, no sentido de auxili-los no

    planejamento, execuo e no acompanhamento de suas polticas em favor da defesa pblica do

    Estado e da sociedade. Neste aspecto, a necessidade de um consenso das agncias de inteligncia

    nas instituies policiais, o professor Marc Lowenthal ressalta que as agncias de inteligncia

    existem pelo menos por quatro razes principais sendo: Para evitar a surpresa estratgica, parafornecer experincia de longo prazo, para apoiar o processo poltico e manter o sigilo das

    informaes, e necessidades de mtodos (LOWERTHAL,2006,p.2).

    Vale ressaltar que a atividade de Inteligncia no mbito da Segurana Pblica do (SIPOM) alm

    de contribuir para combater os crimes chamados organizados e a violncia de modo geral,

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    tambm desenvolvem outras atividades, como o monitoramento das aes desenvolvidas pelos

    movimentos sociais, assunto que ser o foco deste trabalho.

    O caso do monitoramento de grupos organizados como as Brigadas Populares, que conta com odo Movimento Sem Terra (MST) em suas aes um bom exemplo, pois os integrantes deste

    grupo tm a capacidade de influenciar e subsidiar movimentos de invases rurais e urbanas. As

    invases que aconteceram na regio metropolitana de Belo Horizonte a partir do ano de 2009

    ficaram conhecidas como ocupao Camilo Torres, Dandara e Irm Doroty. Tais eventos servem

    de ateno para o servio de inteligncia, pelo fato de seus integrantes, muitas das vezes, sob a

    influncia de correntes ideolgicas ao manifestarem seus interesses provocam tumulto

    ocasionado por certa desobedincia civil.

    Alm de monitorar grupos semelhantes aos da Brigada popular e MST, tambm faz parte da

    observao da atividade de inteligncia no mbito da Policia Militar os movimentos grevistas, as

    passeatas de cunho polticos partidrios, as assemblias e outras atividades relacionada aos vrios

    segmentos de mobilizao social. Movimentos estes que sero posteriormente discutidos no

    escopo desta monografia.

    Dentre as vrias categorias da atividade de inteligncia, vale aqui ressaltar a importncia do papel

    da chamada Inteligncia de Estado. Cuja finalidade tem como caracterstica reunir, processar e

    produzir conhecimentos relacionados segurana interna do pas de modo a proteger a sociedade,

    o Estado e as instituies. Esta atividade da inteligncia segundo Gonalves (2008) tem estreita

    relao com a segurana pblica, sobretudo por dar apoio em termos de informaes estratgicas

    para organizaes cuja competncia a garantia da lei e atuao policial e fiscal.

    (GONALVES,2008,p.45).

    Uma vez estabelecido um breve esboo da atividade de inteligncia. Passaremos a tratar sobre

    alguns assuntos relacionados ao funcionamento desta atividade nas agncias que esto subordinas

    ao SIPOM.

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    1.3- A Produo de Documentos e as Atividades de Monitoramento

    Em um Sistema de Inteligncia, circulam diversos tipos de documentos especficos da rea, que

    de acordo com o Art 5 Pargrafo II do decreto de n 4553/02, de 27 de dezembro de 2002, osdados ou as informaes sigilosas no mbito da Polcia Militar so classificados em confidenciais

    e reservados, em razo do seu teor ou dos seus elementos intrnsecos. Sua utilizao e

    competncia de produo das nomenclaturas variam de acordo com os nveis das agncias

    integradas, as necessidades dos usurios e os objetivos dos rgos. A finalidade deles propiciar

    um adequado fluxo de conhecimento entre as Agncias de Inteligncia que integram o Sistema

    para atender s peculiaridades do exerccio da atividade. Conforme cita Antunes (2002):

    Dentro da atividade de inteligncia, a proteo envolve uma srie demedidas de segurana que visam a frustrar a inteligncia adversria. Noque compete aos rgos de inteligncia, em termos organizacionais, asegurana obtida atravs de padres e medidas de proteo paraconjuntos definidos de informaes, instalaes, comunicaes, pessoal,equipamentos ou operaes. Uma das medidas de segurana consideradaessencial dentro do Estado a salvaguarda de assuntos sigilosos. Asagncias responsveis pela atividade de inteligncia, enquanto provedorasde informaes, bem como portadoras de informaes consideradassensveis para a segurana nacional, tm importante participao dentrodeste setor de segurana informacional. (ANTUNES, 2002,p.22).

    Em uma organizao policial de competncia das agncias de inteligncia realizar a coleta de

    informaes das atividades dos indivduos envolvidos em crimes ou em aes de grupos

    engajados contra a perturbao da ordem. Nesse sentido, a atividade de inteligncia busca

    desenvolver a avaliao, anlise e disseminao do material resultante para as unidades

    especficas da organizao policial. Tais unidades policiais podero ento utilizar a informao

    como advertncia para os fatos que esto por acontecer. Quanto obteno dos dados este, se d

    por coleta ou busca. Segundo Gonalves (2008) na doutrina brasileira de informaes coletarefere-se obteno de informaes de fontes abertas como: livros, peridicos, documentos

    pblicos, programas de tv, rdio, internet e outros. Enquanto que a busca o termo utilizado

    para a obteno do dado negado ou no disponibilizado. Neste segundo caso, h recurso tcnico e

    operacional para a obteno do dado, conforme cita o autor:

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    Os meios de coleta e as fontes tpicas de informao definem disciplinas bastanteespecializadas em inteligncia, que a literatura internacional designa atravs deacrnimos derivados do uso norte americano: humint (human intelligence) paraas informaes obtidas a partir de fontes humanas, sigint (signals intelligence)para as informaes obtidas a partir das interceptaes e decodificao de

    comunicao e sinais eletromagnticos, imint (imagery intelligence) para asinformao obtidas a partir das imagens fotogrficas e multiespectrais, masint(measurement and signature intelligence) para as informaes obtidas a partir damensurao de outros tipos de emanaes (ssmicas trmicas, etc.)(GONALVES,2008,p.192).

    Na atividade de inteligncia do SIPOM a busca por informaes se inicia a partir de uma

    pesquisa interna nos arquivos da agncia de inteligncia que pode incluir o conhecimento, por

    meio da formao ou experincia, do Analista de Inteligncia, aps receber determinada ordem.

    Caso as informaes internas no sejam suficientes para suprir a questo, o analista dever buscar

    as fontes abertas. Atualmente os Servios de Inteligncias tm utilizado a internet como os sites e

    blogs das organizaes para agilizar as pesquisas, pois esta ferramenta propicia acesso rpido e

    de baixo custo operacional. Isto porque muitos Servios de Inteligncia no Brasil atualmente

    trabalham quase que exclusivamente com pesquisas em fontes abertas, e quando estas no so

    satisfatrias o operador partir em busca do chamado dado negado . O dado negado estar sempre

    protegido, seja por fora corporativa, ou por sigilo da pessoa que detm a informao. Neste

    instante a atividade de Inteligncia passa a ser arriscada, pois quanto maior o valor do dado e ograu de proteo a que estiver sujeito a informao, maior ser a dificuldade para obter l. Assim,

    o risco da misso se d pelo fato de que o agente ao ser infiltrado dever ocultar, por motivo de

    proteo, sua verdadeira identidade.

    Com relao ao acompanhamento das atividades oriundas dos movimentos sociais que foram

    apresentados como exemplos, este se d quando no possvel recrutar algum que possa

    repassar as informaes sobre o movimento. O Servio de Inteligncia ento opta pela infiltrao

    de um agente de busca dentro do organismo cuja atividade deseja acompanhar. Esta infiltrao

    pode ser temporria, permanecendo apenas enquanto durar o evento. Que o caso de

    assemblias, seminrios, reunies e outros eventos. Geralmente o que se busca so as

    deliberaes, calendrios e agendas das atividades. Ao obter as informaes necessrias nos

    acompanhamentos, estas so repassadas ao comando do policiamento ou da unidade a fim de

    antecipar uma ao ou planejamento. Para Gonalves (2008) esta atividade de inteligncia que

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    est compreendida pela busca do dado negado, trata-se sem dvidas, da atividade mais polmica

    relacionada inteligncia, uma vez que seus mtodos envolvem necessariamente tcnicas e aes

    sigilosas como, recrutamento, vigilncia, fotografia operacional, uso de meios eletrnicos e

    outros recursos. (GONALVES,2008,p.181)

    O agente de inteligncia, infiltrado em um movimento social tem como misso mentalizar,

    todas as aes desses grupos identificando os modus operandido movimento, que podem trazer

    tticas de guerrilha ou aes violentas, como invases de prdios pblicos, terrenos urbanos e

    obstruo de vias pblicas e outras aes desta natureza. Com base nas caractersticas destas

    aes, pode-se evit-las ou inibi-las caso sejam neutralizadas pela antecipao do emprego do

    policiamento que executar de modo mais rpido e com maior segurana para ambos os atores

    sociais. Ainda neste sentido, os relatrios que so produzidos pelos agentes de inteligncia

    geralmente so produzidos por meio de suas percepes, estes documentos servem de fontes

    coerentes que orientam o processo decisrio do ponto de vista estratgico, bem como para a

    deliberao de resoluo de problemas polticos e sociais ou de questes internas na instituio.

    Vale ressaltar quea elaborao dos relatrios dos indivduos ou o dossi das pessoas envolvidas

    atravs dos monitoramentos deve seguir critrios rgidos de sigilo e ter a sua finalidade e

    justificativa bem definida. Para que assim seu uso no possa denegrir a imagem do servio da

    atividade de inteligncia.

    De acordo com Antunes (2002) a atividade de inteligncia passou ter sua importncia no debate

    poltico brasileiro a partir da dcada de 90 em decorrncia do extinto Servio Nacional de

    Informaes conforme citao.

    O termo inteligncia, entendido neste sentido, passou a fazer parte do debate

    poltico brasileiro principalmente a partir da dcada de 1990, aps a extino doServio Nacional de Informaes (SNI), no obstante haja referncias a este tipode atividade desde 1927. Emergiu de uma tentativa de acobertar e superar umaidentidade deteriorada que havia se formado em torno da atividade deInformaes no regime militar, equivalente a represso e violao dos direitoscivis. No Brasil, assim como nos demais pases do Cone Sul, existe uma fortedesconfiana em relao a essa atividade, que decorre do perfil assumido porseus rgos de informaes durante o ciclo recente de regimes militares. Nessespases, os servios de informaes converteram-se em estados paralelos com altograu de autonomia, enorme poder e capacidade operacional. (ANTUNES,2001,p.19)

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    Gonalves (2008) tambm faz suas consideraes sobre o assunto da herana recebida do antigo

    Servio Nacional de Informao (SNI) que serviu de um poderoso instrumento no perodo daDitadura Militar, que estigmatizou a atividade de inteligncia com uma imagem bastante

    negativa. Este aspecto negativo da atividade de inteligncia no Brasil cabe, ento, prpria

    Agncia Brasileira de Informao (ABIN) em buscar os meios para desvincular essa imagem que

    a sociedade tem da atividade. Tarefa rdua e difcil, j que todos os dias os meios de

    comunicao reprisam cenas de mortes e torturas, atribudas ao antigo aparelho de represso da

    ditadura militar que ocorreu a partir de 1964.

    No III Encontro de Estudo e Desafios para atividade de inteligncia realizado pela Secretaria de

    Acompanhamento e Estudos Institucionais no ano de 2004, Jorge Bessa, ressalta em seu artigo

    que uma preocupao constante da sociedade em relao atividade de inteligncia diz respeito a

    possveis desvios que possam ocorrer e que venham a colidir com a democracia. Em relao a

    isso, a autoridade decisria deve se pautar pelo respeito ao arcabouo jurdico existente, de forma

    que estas atividades se desenvolvam em um contexto de legalidade e em obedincia irrestrita aos

    parmetros de um Estado Democrtico de Direito. (BESSA. III encontro de Estudo e Desafios

    para atividade de Inteligncia; 2004.p.51)

    Portanto, discordar da relevncia da atividade de inteligncia na defesa do Estado e da sociedade

    um fato difcil, apesar da falta de esclarecimento por parte da sociedade sobre a importncia da

    atividade. Contudo, deve se levar em conta que a produo de conhecimentos de inteligncia para

    subsidiar o processo decisrio das autoridades pblicas, associada neutralizao de atividades

    adversas, sempre devem ser vista como a garantia da manuteno da ordem pblica do Estado, e

    a preservao dos direitos individuais constitucionalmente consagrados.

    1.4- Tcnica Estria Cobertura

    A tcnica de estria cobertura (EC) uma tcnica bastante tradicional na coleta de informao

    tendo em vista que o ser humano a maior fonte de informaes e que no existe atividade de

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    inteligncia sem o uso de comunicaes. A tcnica (EC) consiste no momento em que o agente

    de busca ou de informao procura o dado almejado, sem que a pessoa a ser investigada perceba

    a inteno e a finalidade de tal informao. Por meio do dilogo o agente cria-se uma empatia

    entre os comunicantes e um envolvimento de modo que a pessoa conduza a conversa no sentidode extrair a informao sem levantar suspeio. Entre as diversas formas de estria cobertura o

    agente pode se apresentar como um: jornalista, empresrio, viajante, estudante, e outras

    identificaes, variando de acordo com as habilidades do agente.

    1.5- Uso de Equipamentos Eletrnicos

    De acordo com Cepik (2003) os servios de inteligncia requerem caractersticas especificas de

    informaes para que a atividade se diferencie da atividade de espionagem. Nesse sentido a

    atividade de inteligncia por meio de caractersticas tecnolgicas contempornea opera de acordo

    com o que chamamos de ciclos da inteligncia. Que segundo o autor um processo especializado

    para obter as informaes seguindo um estgio de anlise das informaes obtidas a partir de

    diversas fontes. Uma vez produzida s anlises das informaes estas sero disseminadas para os

    diversos usurios finais em que geralmente so os tomadores de deciso e os responsveis pelos

    planejamentos de uma poltica ou ao.

    Os meios de obteno de informao por meio do uso de equipamentos eletrnicos utilizados

    pelo agente de informao variam desde uma simples fotografia ou filmagens ou at um

    monitoramento de ambiente que podem ocorrer a p ou motorizado. Estas tcnicas, tambm

    podem ser aplicadas para outras finalidades, ou seja, voltadas para o levantamento de dados, no

    da prpria pessoa-alvo, mas daqueles que esto diretamente ligados ao alvo; ou nos dois casos,

    respectivamente. A inteligncia de imagens desenvolvida pela disciplina Imint (Imagery

    Inteligence). As imagens obtidas a partir das filmagens ou fotografias permitem ao agente deinteligncia detectar formas, movimentos ou situaes de ricos em detalhes que sero importantes

    para auxiliar no monitoramento dos alvos.

    Atualmente a grande discusso relacionada sobre a atividade de inteligncia em regimes

    Democrticos refere-se maneira de como as agncias de inteligncia devem atuar sem que

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    violem os princpios democrticos do Estado de Direito. Com relao a esta questo Gonalves

    ressalta que:

    A Administrao Pblica seus rgo e agentes tem suas competncia fixada emlei, devendo atuar, portanto , de acordo com estabelecido pelo o arcabouo legal

    e tendo o interesse coletivo com o fim mximo de seus atos e decises. Nosregimes democrticos, essa administrao deve sujeitar-se a mecanismo decontrole interno e externo, de modo a ser evitar arbitrariedades e abuso por partedo Estado e dos seus agentes contra os cidados. (GONALVES,2008,p.221)

    1.6- Obedincia versus Competncia Profissional

    A inteligncia tambm apresenta problemas de questes internas, pois o trabalho da Intelignciaest sempre voltado para um indivduo especfico, que solicitar as informaes sobre um dado

    ou um fato especfico. Na Polcia Militar estas solicitaes, geralmente, partem de um superior

    hierrquico. Vale ressaltar que a Inteligncia, no toma decises, apenas cumpre um pedido,

    seguido de um plano pr-estabelecido e seguindo um padro de atuao pr-determinado por

    meio de uma doutrina. Assim, na viso de Gonalves (2008) mesmo aps ter decorrido todos os

    ciclos de produo de conhecimento, o ciclo da inteligncia s terminara aps a utilizao do

    usurio. Ao receber o conhecimento produzido, o usurio poder utiliz-lo em seu processo

    decisrio e tambm fazer novas demandas a inteligncia, por mais que paream relevantes os

    relatrios produzidos pelos analistas. Isso se d dentro de uma prtica de inteligncia relacionada

    ao desenvolvimento de resistncia a frustraes (GONALVES, 2008,p.192).

    Neste sentido, o captulo a seguir tem por finalidade introduzir algumas consideraes sobre as

    atuaes de alguns grupos urbanos relacionados aos novos movimentos sociais no Brasil tendo

    como caso especifico a ao da Brigada Popular que desencadeou vrias aes e manifestaes

    nos ltimos anos na cidade de Belo Horizonte. Alm disso, o captulo prope levantar algumas

    reflexes sobre a importncia da atuao da inteligncia policial que acompanha as diversas

    aes desencadeadas por grupos desta natureza.

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    CAPTULO 2

    2- O Papel da Inteligncia e os Movimentos Sociais Urbanos

    Para Antunes (2010) a atividade de inteligncia interna est vinculada ao processo de informao

    relativo ao indivduo, grupos ou organizaes, cuja ao configure em delitos federais que

    representam risco significativo para a segurana interior do pas. utilizada de acordo com os

    contornos institucionais definidos para a rea de segurana pblica / interna em observncia do

    princpio da proporcionalidade. Desta forma, ser possvel distinguir o papel da atividade de

    inteligncia policial, que est relacionada ao apoio para as atividades de investigao por ser

    considerada mais uma das ferramentas de uso cotidiano policial para auxiliar no combate ao

    crime comum e organizado.

    Partindo do pressuposto que este trabalho est pautado na importncia da inteligncia

    desenvolvida pela Policial Militar. Em acompanhar os movimentos populares urbanos que atuam

    em Belo Horizonte e regio Metropolitana. Vale ressaltar que ao referirmos a movimentos

    urbanos, necessrio lembrar que eles so comumente designados como populares. No que seja

    unicamente popular, mas esta a referncia fundamental que caracteriza a maioria dos

    movimentos reivindicatrios urbanos. O carter da organizao popular poltico (GOHN, 1991),

    j que a mobilizao de enfrentamento ao status-quo, diferentemente de outros movimentos

    reivindicatrios que envolvem outras classes ou camadas mais abastadas da populao. A atuao

    dos grupos como, por exemplo: Frente Popular, Brigada Popular, sob as orientaes do MST e de

    outros, que lutam em favor para defender seus ideais merecem ateno por parte do emprego de

    policiamento, justamente porque em muitas das vezes suas reivindicaes ocorrem na forma de

    invases, fechamentos de vias, at mesmo de depredaes de prdios pblicos. Nesse sentido, o

    acompanhamento de carter preventivo das instituies policiais se torna relevante para ocumprimento do controle e manuteno da ordem pblica. Como podemos perceber na citao de

    Dias e Pereira:

    Dessa anlise conclumos, preliminarmente, que os movimentos sociais agempara exigir o cumprimento das leis. s vezes, so necessrias aes dedesobedincia civil para que a voz dos pobres que lutam de forma organizada sejaouvida. Se no quebrar nada, no ocupar nada, s com abaixo-assinados,passeatas pacficas e insistncia em negociar com as autoridades, no

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    conquistamos nada. Veja o caso da CEMIG.(Companhia Energtica de MinasGerais) S conseguimos colocar na pauta de discusso o modelo energtico e asaltssimas tarifas de energia da CEMIG, aps a quebra de alguns vidros na sededa empresa, pondera um dos integrantes do MAB - movimento dos Atingidospor Barragens. (DIAS e PEREIRA, 2008,p.157)

    Para Cepik (2003) o carter da informao antecipada sempre foi e, uma variante importante

    para definio do sucesso ou fracasso de qualquer ao militar ou do Estado. Assim, conforme, j

    dito, os sistemas governamentais de inteligncia consistem em organizaes permanentes de

    atividades especializadas na coleta, anlise e disseminao de informaes dos problemas e alvos

    relevantes para a poltica externa, a defesa nacional e a garantia da ordem pblica de um pas.

    Ainda na viso do autor, os servios de inteligncia so rgos que servem para assessoramento

    do Poder Executivo que trabalham prioritariamente para os chefes de Estado e de governo e,

    dependendo de cada ordenamento constitucional, para outras autoridades da administrao

    pblica e mesmo do Parlamento. (CEPIK,2003,p.85). Mais do que isto, o autor tambm ressalta

    que os servios de inteligncia no podem ser entendidos como meros instrumentos passivos da

    poltica de um decisor poltico, pois antes de tudo, devemos entender as vrias conseqncias

    deste tipo de servio para o Estado Democrtico de Direito. Estado este baseado no direito ligado

    ao respeito hierarquia das normas, separao dos poderes e aos direitos fundamentais. A

    atuao da atividade atinge diretamente as instituies e o prprio processo poltico de muitas

    formas, isto porque estas organizaes tm seus prprios interesses e opinies distintas. Embora o

    tema da interveno dos servios de inteligncia e de segurana na vida poltica, de modo geral,

    seja de grande interesse no que se refere s questes relacionadas atividade de defesa externa.

    (CEPIK,2003,p.85).

    2.1- Os Movimentos Sociais Urbanos

    No Brasil nas ltimas dcadas aps o processo de transio poltica, diversos acontecimentos

    passaram a ser relevantes para a sociedade, principalmente, no mbito das conquistas sociais. Um

    bom exemplo disso, a experincia do Plano Anual de Ao Governamental (PPAG) em Belo

    Horizonte e demais programas sociais que so desenvolvidas pela PBH demonstra um maior

    investimento no setor de polticas publicas e sociais. Em linhas gerais, o PPAG um instrumento

    de planejamento estratgico da Prefeitura, avaliado, complementado e aprovado pela Cmara dos

    Vereadores, com diretrizes, objetivos, aes, programas e metas a serem atingidas pelo Governo

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    Municipal. Alm disso, o PPAG incentiva a participao popular e a realizao de audincias e

    consultas pblicas durante o processo de elaborao e discusso do Plano, Lei de Diretrizes

    Oramentrias e Oramentos do Municpio. 3

    Para Avritzer (1994), os movimentos sociais constituem naquela parte da realidade social na qual

    as relaes sociais ainda no esto cristalizadas em estruturas sociais, onde a ao a portadora

    imediata da tessitura relacional da sociedade e do seu sentido. Eles no constituem um simples

    objeto social e sim uma lente por intermdio dos problemas mais gerais que podem ser

    abordados. Ainda segundo o autor, a influncia dos movimentos sociais vai muito alm dos

    efeitos polticos produzidos por eles, pois suas aes determinam a modificao de

    comportamentos e de regras por parte do sistema poltico. E, alm do mais, h uma dimenso

    simblica muito mais complexa, a qual os movimentos sociais exercem grande impacto que a

    transformao social. Hoje, a partir destas novas mobilizaes, os cidados e as sociedades

    conjugam a gramtica da igualdade de gnero, preocupaes com a conservao do meio

    ambiente, direito a moradia e outras questes sociais.

    Para Correia (2001), a sociedade civil serve-se dos movimentos sociais para conquistar direitos

    negados ou no disponibilizados pelo Estado. nesse contexto de carncias, de excluso e

    necessidades sociais, que se situam as prticas cotidianas de movimentos sociais, que ainda com

    certas limitaes, so meios potencializadores de novas formas de se fazer poltica, de

    participao social, de construo do processo democrtico e de transformao social. Presume-

    se que os movimentos sociais so tentativas coletivas e organizadas que tem a finalidade de

    buscar determinadas mudanas ou at mesmo estipular a possibilidade de construo de uma

    nova ordem social.

    Apontando na mesma direo, agora na perspectiva do planejamento do espao urbano acercados problemas de moradia, tema que serve de base para o desenvolvimento deste trabalho.

    Lagazzi e Salvato (2001) ressaltam que muita das vezes os problemas de moradia so formulados

    como necessidades de projetos habitacionais, o que desloca os sentidos das causas desse

    __________________________

    3-ver site: http// www.phg.gov.br

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    problema e desvia a discusso do social. Assim, o planejamento torna-se o foco da discusso e

    circunscreve os problemas na esfera administrativa. Alocadas ento no mbito dos resultados, as

    questes sociais e polticas podem, portanto, serem identificadas como decorrncia da m

    organizao e do planejamento insuficiente. Assim, tendo como objeto de reflexo a linguagemnuma perspectiva em que a significao trabalhada na discursividade de seus efeitos, os

    problemas crescentes de ocupaes e invases de reas urbanas tm sido, portanto motivos de

    preocupaes e ateno por parte de diferentes segmentos da sociedade. Principalmente para os

    rgos coercitivos do Estado que tem como objetivo manter e preservar a ordem social. Ainda,

    neste sentido, quando o assunto trata-se de invaso, na discursiva das ocupaes dos sem teto, no

    trabalho de Lagazzi (2001), ressalta que a palavra invaso de terras ressoa imediatamente no

    significado das aes desenvolvidas pelo MST. Conforme j dito por ser um movimento poltico

    social que luta pela reforma agrria, por terra e mudanas na sociedade e que em muitas das

    vezes tambm, despertam polmicas, devido suas aes radicais no mbito da sociedade

    brasileira.

    Para Comparato, (2001) o autor afirma em suas anlises que se deve prestar uma ateno especial

    ao movimento do MST devido o fato deste movimento ter caractersticas especificas. Segundo o

    autor, o MST desenvolve reaes significativas, uma vez que o governo brasileiro considera o

    MST como um grupo que atua de forma poltica. E apesar de o governo desqualificar o

    movimento diante das dificuldades de negociaes quando estes entram em ao. Ainda de

    acordo com os estudos do autor a principal ateno ao MST se d ao fato de que o movimento

    est presente em escala nacional e, por estabelecer uma novidade no cenrio poltico nacional.

    Pode-se dizer ainda, segundo o autor, que o MST constituiu-se num ator poltico novo, mesmo

    que nenhuma de suas aes ou caractersticas organizativas seja original. A novidade est na

    articulao, feita a partir de tticas j conhecidas, e na habilidade poltica que o movimento tem

    demonstrado, ao fazer aliados em vrios segmentos da sociedade civil. Trata-se de uma formadiferente de aplicar a reivindicao social, ou, se preferir, de uma nova forma de atuao poltica.

    2.2-O MST e os Movimentos Sociais

    Para ampliar a conscincia de um grupo em oposio s questes de administrao

    governamental, faz-se necessria a formao de uma rede de movimentos sociais que envolvam

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    tambm os movimentos urbanos. Assim, os movimentos que lutam por moradia, como o caso do

    MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), e as Brigadas Populares e demais movimentos

    como o estudantil, os ambientalistas e outros, todos apesar de suas especificidades acreditam que

    teriam mais organizao para enfrentar o poder econmico que domina os espaos da via polticasobres s questes sociais.

    A Via Campesina, segundo Alegria (2004), uma organizao internacional de trabalhadores,

    composta por vrios pases, de todos os continentes, que luta contra a apropriao e a

    subordinao do processo de trabalho pelo capital. Esta organizao, luta contra o projeto

    neoliberal, propondo a radicalizao do acesso aos direitos. Surgem num contexto marcado pelo

    domnio das empresas transnacionais no processo produtivo, cujo objetivo a apropriao e a

    subordinao cada vez maior do processo de trabalho pelo capital, que tem como expresso o

    controle da produo desde a semente at o consumo. Este grupo, em aliana com o MST elege

    como objetivo, a construo de promoo da igualdade de gnero, questes relacionadas sobre o

    crescimento da pobreza e da misria, a privatizao dos recursos naturais, migrao e o

    desemprego. Tomou como bandeira de luta a soberania alimentar, a luta contra as organizaes

    internacionais que defendem os interesses do capital (Organizao Mundial do Comrcio (OMC),

    Fundo Monetrio Internacional (FMI) e Banco Mundial), a defesa de uma agricultura sustentvel

    e a luta pelo direito a terra. Para atingirem seus objetivos a Via Campesina tem como propsito

    fortalecer a aliana com os vrios movimentos sociais que compe, integrando suas estratgias

    e aes em mbito internacional, para fortalecer trabalho com as organizaes nacionais, formar

    dirigentes, estimular a participao das mulheres e dos jovens. Fortalecer a organizao da classe

    trabalhadora, na luta pela redefinio do papel do Estado, garantindo assim as suas

    reivindicaes, atravs das polticas sociais pblicas. Apesar de que a organizao tambm

    apresentar aes radicais conforme citao abaixo:

    No dia 08 de maro de 2006, Dia Internacional da Mulher, quase duas milmulheres da Via Campesina ocuparam um laboratrio da Aracruz Celulose, noRio Grande do Sul. Destruram em torno de 1 milho de mudas de eucalipto einterromperam estudos que fortaleceriam a monocultura do eucalipto. (DIAS EPEREIRA,2008, p.165)

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    2.3 - O MST e a Igreja

    Nas ltimas dcadas, tivemos na Amrica latina o fenmeno da Teologia da Libertao, um

    movimento religioso muito vinculado s lutas populares e que buscou nas anlises socialistas,

    especialmente no marxismo, o escopo material para as suas anlises sociais e econmicas. Essemovimento ganhou fora nas organizaes populares no campo e esteve na origem do mais

    importante movimento social do Brasil nos ltimos vinte anos: o MST.

    Para Frei Gilvander,4 em texto publicado no livro Cidadania e Incluso Social (2008), o autor

    nos relata vrias aes desenvolvidas por integrantes da Via Campesina, Movimento dos

    Atingidos por Barragens (MAB) e outros grupos ligados a integrantes da CPT (Comisso da

    Pastoral da Terra).

    Segundo as concepes do Frei, as aes destes grupos fazem parte dos novos desafios que esto

    sendo alcanados pelos movimentos sociais que iro definir os objetivos e as aes dos

    movimentos sociais a longo, mdio e curto prazo. O autor destaca em seu artigo algumas

    caractersticas sobre a relao de um bom cristo e militante. Segundo Frei Gilvander (2008), o

    militante cristo conhece bem o desafio que defender um projeto ao longo de toda a sua

    histria. A coerncia deve ser tambm poltica, moral e espiritual, vale ainda ressaltar que nas

    Palavras de Gilvander mudar os valores no significa abandonar princpios, pois estes

    permanecem vlidos. Frei Gilvandre tambm afirma que atualmente, no Brasil, estamos

    vivenciando a experincia dos comportamentos estranhos de antigas lideranas histricas

    conforme descreve abaixo:

    A chegada ao poder contaminou muita gente com o deslumbramento, odesrespeito e o distanciamento da base. Chegar ao poder sem perder osentimento de povo talvez o maior desafio. Os movimentos sociais no Brasil,de repente se viram isolados, levantando bandeiras anteriormente defendidaspelos atuais ministros, senadores, deputados, ou at mesmo pelo Presidente daRepblica - todos integrantes de movimentos sociais no passado. Acreditamosque para ser um verdadeiro lder, democrtico, popular e ecumnico precisono se afastar do meio dos pobres que lutam de forma organizada. precisoconviver, partilhar as agruras e as lutas, o dia-a-dia. Esse o antdoto, a vacina queevita a cooptao e a traio dos projetos populares. (DIAS eFERREIRA,2008,p.162.)

    __________________________________4- Frei Gilvander L. Moreira Vigrio da Igreja do Carmo em Belo horizonte, assessor de CEBs, CPT.

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    O artigo tambm ressalta algumas das aes que foram desenvolvidas ao longo dos anos pelo

    MST:

    Um bom exemplo disso so as aes do MST. Inicialmente, as primeirasperplexidades produtivas foram o latifndio e o coronelismo. Os trabalhadores

    sem-terra no podiam permanecer inertes vendo tanta terra em to poucas mos,gerando riquezas para pouqussimos proprietrios, enquanto a maioria dapopulao do campo no tinha acesso terra para trabalhar, sobrevivia namisria, amargando toda sorte de violncia patrocinada pelos donos da terra e dopoder e, por fim, sendo enxotadas para as atuais senzalas, que so as favelas nasperiferias das mdias e grandes cidades, no comboio do xodo rural que, somentenas ltimas quatro dcadas, expulsou mais de 40 milhes de pessoas do campo. Oprimeiro desafio foi ento romper as cercas do latifndio para exigir a realizaoda reforma agrria, democratizando o acesso terra. Era preciso mudar a face damais inqua estrutura fundiria do mundo. (DIAS e FERREIR, 2008, p.156)

    Apontado na mesma direo sobre a atuao dos movimentos sociais, trataremos de relatar o caso

    da ao desenvolvida pela Brigada Popular em Belo Horizonte que teve apoio do MST.

    2.4- A Brigada Popular

    Fundada em maro de 2008 em Belo Horizonte, a organizao Brigada Popular desencadeou uma

    invaso urbana na regio do Bairro Cu Azul que ficou conhecida como Ocupao Dandara. Suas

    idias fazem parte de uma poltica autnoma, que possui como objetivo estratgico a construo

    do Poder Popular no Brasil. Suas prticas ideolgicas retomam as antigas prticas, voltadas parao marxismo. Para os brigadistas o marxismo que remontam uma obra atual e em construo

    permanente, e sua ampliao ser fruto da luta poltica da classe trabalhadora e do esforo

    elaborativo das suas organizaes polticas e intelectuais orgnicos da classe trabalhadora. De

    acordo com seus ideais, as Brigada Populares assumem o materialismo histrico e dialtico

    como marco terico, mtodo de interpretao e prxis revolucionaria luta pela

    emancipao do ser humano e a superao da ordem capitalista. Reconhecem que as relaes

    sociais, constitudas na experincia discursiva, dependem do atendimento s suas condies de

    possibilidade, consubstanciadas em relaes materiais que assegurem a todos o reconhecimento

    como sujeito de linguagem, de razo e de liberdade.

    No artigo Por uma teoria e uma prtica radical de reforma urbana Maia 5e Fraga 6entendem

    que uma prtica radical de reforma urbana, est associada a uma alta taxa de urbanizao,

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    combinada com a pobreza social. O que torna inevitvel as classes populares em antagonismo em

    relao ao Estado. Nesse sentido, para os integrantes da (BP) o poder estabelecido s ser

    conquistado a partir da participao consciente de amplas bases populares, trabalhadores e

    trabalhadoras e dos setores conscientes da sociedade brasileira.

    De acordo com os Brigadistas, o movimento e a construo do poder popular faz parte do

    processo de emancipao poltica, econmica, social e ideolgica da classe trabalhadora que se

    concretiza por via da Revoluo Brasileira. Assim, o ponto de vista da organizao nos faz

    entender que ambos acreditam que as Brigadas Populares so uma contribuio na organizao,

    formao e mobilizao do povo brasileiro, que acreditam que a construo do poder popular

    passa pela participao direta na poltica pelas camadas populares e das suas organizaes:

    sindicatos, associaes, grmios, movimentos sociais e organizaes polticas comprometidas

    com a emancipao da classe trabalhadora.

    Tendo como lema o slogan Ptria Livre e Poder Popular, as lideranas do movimento (BP)

    defendem que a construo do Poder Popular o instrumento necessrio para desde agora

    construir uma sociedade nova, por meio das bases populares at a totalidade da sociedade. Para

    os integrantes da (BP) o caminho a ser percorrido para uma sociedade mais justa e igualitria

    deve passar pela construo de uma Ptria Livre, soberana em todos os aspectos, que possa

    estruturar suas capacidades humanas e naturais para corrigir as profundas desigualdades geradas

    por mais de 500 anos de explorao imperialista e capitalista.

    Ao assentar, o entendimento de um pequeno esboo do que vem a ser o movimento da (BP) em

    que compreendemos que segundo os ideais da organizao s a superao revolucionria do

    modo de produo capitalista a forma de resoluo da contradio capital- trabalho, sendo obra

    _____________________

    5- Joviano Gabriel Maia Mayer um dos militantes da Brigada Popular e graduado em Direito pela UFMG.6- Mariana Prandini Fraga de Assis, Mestre Em Cincia Poltica pela UFMG e Professora do Centro UniversitrioMetodista Isabela Hendrix.

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    da classe trabalhadora e dos sujeitos sociais que se identificam com uma proposta de sociedade

    organizada em resposta as necessidades humanas. E, que para as Brigadas Populares, as cidades

    so os principais cenrios das contradies advindas do Modo de Produo Capitalista, em razo

    da acumulao de riquezas. E por assumirem enquanto uma organizao poltica urbana ocompromisso de contribuir na construo da teoria da luta urbana, as suas especificidades,

    desvendando as contradies deste meio e elaborando propostas para sua superao e autonomia.

    Fica, portanto claro os ideais da (BP), que os grupos desta natureza e outros grupos ditos de

    esquerdas podem ser capazes de se organizarem autonomamente contra a manuteno da ordem

    conforme o ponto de vista do Estado.

    Conforme j dito, que apesar da perspectiva do planejamento urbano, os problemas de moradia

    so vrios no s na cidade de Belo Horizonte, mas como no pas. A discusso dos problemas da

    moradia, geralmente recai ento no mbito dos resultados sobre as questes de falta de

    investimento de polticas pblicas e que podem ser identificadas em decorrncia do mau

    gerenciamento, e m organizao por parte do poder pblico. Assim, tendo como objeto de

    reflexo as crescentes ocupaes e invases de reas urbanas, em Belo Horizonte nos ltimos

    anos, mais especificamente a partir de abril de 2009, marco temporal para a elaborao deste

    trabalho. Presenciamos a ao rururbana como o apoio do MST, que ocorreu em trs regies da

    cidade. As reas invadidas foram batizadas de ocupao Dandara, Camilo Torres e Irm

    Doroty. Este trabalho ficar apenas em discutir a questo da ocupao Dandara devido ao fato

    deste local ter abrigado um maior nmero de famlias em relao s demais ocupaes, apesar de

    todas as ocupaes terem suas relevncias quanto as suas caractersticas e semelhanas pela luta

    da moradia.

    Sobre os movimentos que desenvolvem aes de invases em reas urbanas percebe se que o

    movimento aproxima das aes do MST pelo fato de utilizarem processos semelhantes parainvadir terrenos ou ocupar prdios pblicos. Para os militantes da (BP) a palavra ocupao

    utilizada em seus movimentos traz em si um efeito poltico de fazer da terra e da propriedade

    objetos estratgicos de uma luta maior pela construo de uma sociedade solidria e igualitria.

    As ocupaes urbanas questionam, em primeira instancia, a propriedade privada, a especulao

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    imobiliria e a lgica do lucro, ou seja, pilares centrais do capitalismo. Que para a (BP), tal fato

    deve ser questionados, e combatidos, por meio da organizao dos explorados.

    2.5- A ao da Brigada Popular e a Ocupao Dandara

    Dandara surgiu a partir do dia 9 de abril de 2009, quando cerca de 140 famlias sem-casa,

    influenciadas pela ao da Brigada Popular, MST e frum do Barreiro, invadiram um imvel

    abandonado h quatro dcadas, no bairro Cu Azul, regio da Nova Pampulha, em Belo

    Horizonte. Uma vez invadido, realizou a limpeza de todo o terreno, cercando a rea necessria

    para a ocupao. Isto feito as famlias passaram a morar em barracos de lona enquanto

    gradualmente providenciavam a construo de moradias.

    Hoje residem na comunidade Dandara cerca de 870 famlias. A comunidade Dandara est

    dividida em nove grandes grupos e cada grupo tem dois ou trs coordenadores, alm dos

    apoiadores que so dos movimentos sociais, religiosos, dentre outros. Durante a semana cada

    grupo se rene para organizar, planejar as tarefas e partilhar a vida. Uma vez por semana toda a

    ocupao se rene em uma grande assemblia onde oferecem os informes e se discute as

    urgncias e prioridades. O grupo de coordenadores se rene duas vezes por semana alm dos

    encontros de formao. A comunidade conta com um Coletivo de Sade e outro Coletivo deEducao, cuja ao principal tem sido junto s secretarias municipais de sade e de educao

    tentar garantir a estes acessos fundamentais dos direitos da populao. Tambm atua na

    comunidade a Pastoral de Criana atendendo mais de 70 crianas.

    O proprietrio da Construtora Modelo Ltda. se manifestou logo que tomou conhecimento da

    invaso, ingressou com um pedido de reintegrao de posse contra os integrantes do Movimento

    dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Visando o desalojamento das famlias que ocupam

    uma rea de 40 mil metros quadrados na regio de confluncia dos municpios de Contagem,

    Belo Horizonte e Ribeiro das Neves. Inicialmente foi concedida uma liminar para que esta

    reintegrao fosse efetivada. O Servio de Assistncia Judiciria da PUC Minas interps Agravo

    de Instrumento. O Exmo. Senhor Desembargador Jos de Anchieta Mota e Silva, no planto

    forense, resolveu ento dar recurso o efeito suspensivo, determinando o recolhimento do

    mandado de reintegrao de posse j expedido. No final do ms de maio de 2009, o Exmo.

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    Senhor Desembargador Tarcsio Jos Martins Costa, relator do Agravo de Instrumento, revogou a

    deciso proferida pelo Exmo. Senhor Desembargador Jos de Anchieta Mota e Silva,

    determinando, por via de conseqncia, o cumprimento da liminar de reintegrao de posse

    deferida em primeiro grau de jurisdio.

    Diante desta nova situao foi impetrado Mandado de Segurana contra o ato ilegal, praticado

    pelo eminente Sr. Desembargador Tarcsio Martins Costa (relator do mencionado Agravo de

    Instrumento). O eminente Senhor. Desembargador Nepomucenno Silva deferiu a liminar e

    manteve os impetrantes na posse do imvel. No dia 09 de junho passado (2010), a Corte Superior

    do Tribunal de Justia de Minas Gerais julgou o Mandado de Segurana interposto pelos

    moradores da Comunidade Dandara e determinou a sada das famlias do local. Sendo assim,

    aps a publicao da deciso, passa a valer, juridicamente, a ordem de despejo dada pelo juiz

    Bruno Terra Dias, da 20 Vara Cvel de Belo Horizonte, que em abril do ano passado deferiu

    pedido liminar da Construtora Modelo Ltda., concedendo reintegrao de posse.

    A Defensoria Pblica do Estado de Minas Gerais ajuizou uma Ao Civil Pblica com pedido de

    liminar, a qual foi concedida em favor da Comunidade Dandara assegurando o direito moradia

    das famlias que vivem no local. Contudo, esta ao est suspensa at o julgamento final do

    recurso que foi interposto pela Construtora.

    A ltima deciso acima referida, julgamento do Mandado de Segurana, autoriza o despejo das

    famlias. Segundo informaes obtidas atualmente existem aproximadamente 981 barracos

    cadastrados e numerados. Estima-se a presena de mais de 4 mil pessoas que permanece

    mobilizada pelas lideranas do grupo. A partir dos fatos descritos o movimento social Brigada

    Popular, aliados a outros movimentos sociais como MST, Frum de Moradia do Barreiro

    passaram a lutar e desenvolver vrias manifestaes pela cidade de Belo Horizonte, com intuito

    de chamar ateno de apoiadores dos diversos segmentos sociais como: religio, instituies, e

    comunidade para que assim possam criar um consenso de negociao entre o poder pblico e os

    invasores.

    2.6- O Papel da Polcia

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    De acordo do que foi apresentado em decorrncia da ocupao promovida pela organizao (BP),

    na regio do Bairro Cu azul e que ainda existe a possibilidade de uma possvel reintegrao de

    posse do terreno, acompanhar aes desta natureza amolda-se a atividade de inteligncia pblica,

    por se tratar de um problemas ainda no resolvido quanto ao papel da policia sobre as questesdos movimentos sociais no Brasil.

    Apesar de muitos autores acreditarem que o papel da policia o poder coercitivo do Estado,

    existe outras funes desempenhadas pelas organizaes policiais, que so identificadas de

    carter sociais tais como: socorro, assistncia s populaes carentes e apoio as diversas

    atividades das comunidades. Nesse ponto, um melhor esclarecimento sobre esta atividade da

    policia e dada por Bayley (1975). O autor define que as instituies policiais so aquelas

    organizaes destinadas ao controle social com autorizao para utilizar a fora, caso

    necessrio. (Bayley, 1975, pg. 328).

    Portanto, se existe a possibilidade do uso da fora entre polcia e invasores ou em decorrncia de

    manifestaes populares, evidente salientar que nestes casos evitar um possvel confronto com

    integrantes dos diversos segmentos da sociedade com a polcia, pode-se sistematizar por meio de

    informaes relevantes, atravs de um trabalho preventivo. Assim, salienta Antunes (2010), no

    mbito interno espera-se que a atividade de inteligncia seja capaz de desenvolver capacidades

    antecipatrias e que proporcione diagnsticos e prognsticos acertados sobre a evoluo de

    situaes delitivas simples e complexas e de ameaa ordem constitucional, a fim de as

    autoridades competentes realizarem os ajustes necessrios nas estratgias de preveno.

    Nos dias de hoje, apesar de existir uma grande dificuldade em reconhecer a atividade de

    inteligncia, enquanto uma atividade legtima e necessria por grande parte da sociedade,

    principalmente por aquelas que vivenciaram ditaduras civis e militares em que a inteligncia

    funcionava enquanto aparelho repressivo do estado e antidemocrtico. Atualmente, a atividade de

    inteligncia torna-se fundamental para que os pases possam desenvolver sua capacidade de

    anlise de informao sobre assuntos de nvel estratgicos, fornecendo subsdio para as tomadas

    de decises nas reas de defesa de segurana pblica, defesa domstica, bem como, a da

    segurana nacional.

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    Assim, espera-se que o processo interativo entre os responsveis pelas polticas pblicas, sejam

    eles funcionrios, oficiais de inteligncia ou polticos eleitos produza efeitos para aumentar o

    nvel de especializao dos tomadores de decises e de suas organizaes. Que a inteligncia de

    segurana pblica da Policia Militar de Minas Gerais apie diretamente o planejamento darecente criada Diretoria de Inteligncia (DINT) para que esta possa ter capacidades defensivas e

    de desenvolvimento de acordo com o monitoramento dos sucessivos eventos relacionados

    ocorrncia de crime ou de perturbao da ordem pblica. Que a inteligncia, dever de buscar

    inovaes e dinmicas tecnolgicas. Apoiar mais e diretamente as negociaes em vrias reas,

    buscando no afetar a definio da poltica interna, mas propiciando ajustes tticos de obteno

    de informaes relevantes. Que a inteligncia seja capaz de subsidiar o planejamento policial e a

    elaborao de planos de ao, bem como suportar as operaes policiais de combate ao crime

    organizado e outras operaes de assistncia, misses tcnicas etc.. Que a inteligncia possa

    alertar os responsveis civis e militares contra aes promovidas de grupos de esquerda, no

    mbito domstico. Que os sistemas de inteligncia monitorem os alvos e ambientes prioritrios

    para reduzir incertezas e aumentar o conhecimento e a confiana, especialmente nos casos de

    invases, greves, manifestaes de cunho poltico e partidrio. E finalmente, que os sistemas de

    inteligncia sirvam para preservar o segredo referente s necessidades informacionais, as fontes,

    os fluxos, os mtodos e as tcnicas de inteligncia diante da existncia de adversrios

    interessados em saber destes detalhes e informaes.

    2.7 - Qual a relao entre o SIPOM e a Ocupao Dandara?

    Aps as discusses das dinmicas operacionais mais importantes que caracterizam as atividades

    de inteligncia da PMMG, e as aes desenvolvidas pela Brigada Popular, uma sntese do que foi

    discutido at aqui pode se levar seguinte pergunta: Qual a relao entre o SIPOM e a

    ocupao Dandara?

    A resposta mais direta que os rgos policiais esperam uma possvel ordem formal que ser

    dada pela autoridade competente para uma possvel reintegrao de posse da rea invadida. Neste

    sentido, as informaes que esto sendo produzida pelas agncias de inteligncia, no mbito do

    SIPOM iro subsidiar uma possvel operao policial. Pois no h como identificar lideranas de

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    grupos ou organizaes. No h como realizar mapeamento de outras regies que podem ser

    invadidas. No h como planejar, diagnosticar falhas, avaliar resultados, alocar recursos, agir

    preventivamente ou repressivamente. Enfim, no se pode administrar nada absolutamente sem

    informaes seguras e suficientes a respeito do que se produz seja em quantidade, para quem,quais as dificuldades. Dados esses que servem para auxiliar a elaborao de polticas e a tomada

    de decises.

    A atuao dos rgos de Inteligncia no campo interno absolutamente imprescindvel, e

    independe do regime de governo, autoritrio ou democrtico. Os movimentos sociais, de qualquer

    tendncia, mas especialmente os que atuam muitas vezes em descompasso com a lei, devem ser

    acompanhados pelos servios de Inteligncia de modo a permitir a ao preventiva do Estado.

    Neste sentido, o processo de coleta de informaes dos agentes fundamental para um bom

    emprego do policiamento caso houver necessidade . Sem informaes a respeito do que acontece

    no acampamento Dandara ou de outros movimentos de carter coletivo pode impedir que a

    polcia saiba o que esta sendo planejado pelos militantes de determinados grupos, bem como a

    possibilidade de evitar outras aes futuras que podem influenciar no controle da ordem pblica.

    Apesar de que os movimentos sociais pela Constituio Brasileira so legitimados, mas deve

    ficar claro que eles no tm liberdade para realizar as suas aes desrespeitando o direito de

    propriedade, as decises judiciais e realizar aes predatrias durante as suas ocupaes,

    derrubando cercas, obstruindo vias e destruindo instalaes pblicas.

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    CONCLUSO

    Aps tentar definir a importncia do acompanhamento dos agentes de informao da PMMG, que

    lidam basicamente com vrios eventos no contexto social urbano. Pode- se afirmar que por meiodas atividades de produo de conhecimento que se sistematizam as informaes relevantes para

    auxiliar o trabalho de preveno no emprego do policiamento ostensivo.

    Coletar, ou buscar e analisar informaes sobre os movimentos sociais urbanos so mtodos

    especficos para a produo de conhecimento. Assim, identificar as lideranas dos grupos como,

    Brigada Popular, MST e dentre outros em decorrncia de suas reivindicaes serve para ajudar

    quanto ao assessoramento dos usurios no processo decisrio. E, caso haja certa desobedincia

    civil por parte desses grupos ou organizaes as informaes servir tambm para um melhor

    emprego do policiamento.

    A Policia Militar, que tem como seu grupamento de inteligncia policial, a P2, tambm

    apresentam falhas em seus rgos de inteligncia, pois cada vez que ocorre uma invaso ou

    ocupao de reas urbanas ou de um prdio pblico e os rgos policiais so pegos

    desprevenidos, pode se dizer que a atividade de inteligncia falhou na sua misso. Pois alertar os

    responsveis ou comandantes militares contra invases surpresas ou atos de perturbaes contra a

    ordem pblica so uma das finalidades da atividade de inteligncia de segurana pblica. Tal fato

    s ocorre quando no existe um acompanhamento sistemtico das organizaes ou grupos de

    cunhos polticos e partidrios que geralmente planejam suas aes em seminrios, assemblias ou

    reunies.

    Outro problema que se deve ressaltar que quando acontece um fato novo, na cidade de Belo

    Horizonte a exemplo das manifestaes de carter coletivo dos vrios setores trabalhistas esindicais as diversas agncias correm atrs do mesmo objetivo, das mesmas fontes, seja por falta

    de comunicao ou por falta de delimitao de tarefas, ou seja, existem muitos rgos e pouca

    inteligncia. Isto ocorre porque ainda nas agncias de inteligncia da PMMG existe uma falta de

    profissionais qualificados para exercerem essa atividade de extrema importncia para a segurana

    pblica, pois muitos agentes e analistas de informaes trabalham com uma viso restrita de

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    conhecimento no s sobre a importncia da inteligncia, mas pela falta de uma escola de

    inteligncia capaz de desenvolver e preparar os militares para melhor desempenharem suas

    funes.

    Uma outra questo freqente que deve se levar em conta pela busca de informaes por parte dos

    agentes, e que em muita das vezes as informaes que so prestadas pelos agentes so produzidas

    por meio do imediatismo, aes feitas atravs de avisos que geralmente so presenciados no

    curso dos eventos. Neste sentido, quanto utilidade da informao, importante e fundamental,

    ressaltar sua grande questo para se produzir inteligncia e tentar responder adequadamente

    perguntas bsicas como, por exemplo, (quem, quando, onde e como). Isto significa que as

    informaes produzidas pelos rgos de inteligncia devem ser trabalhadas e chegar a tempo de

    serem utilizadas com proveito pelos rgos operacionais e no enquanto um quebra cabea cheio

    de informaes obscuras ou inconsistentes.

    No caso especfico dos grupos ou organizaes ligadas aos movimentos sociais urbanos, que

    desenvolvem aes de invases ou ocupaes urbanas, a inteligncia pode e deve ser usada para

    mapear possveis reas abandonadas e estabelecer padres de aes de cada organizao ou grupo

    que atua na cidade. Para isso fundamental que os rgos de inteligncia da PMMG, monitore

    as aes cotidianas das organizaes para identificar sua rotina, seus pontos vulnerveis, modus

    operandi e entre outros.

    Montar um setor de inteligncia dentro dos padres regulamentares, e que de fato os rgos

    possam atuar com capacidade de realizar todos os ciclos de inteligncia coleta, analise e

    disseminao,.ainda uma questo no resolvida no rgo de inteligncia da Polcia Militar,

    principalmente quando estas caractersticas so simplesmente ignoradas pelos tomadores de

    deciso.

    Portanto, inteligncia no pode ser desenvolvida em decorrncia de informaes imediatas, a

    inteligncia no pode ser resumida tambm em apenas ao acmulo de dados produzindo por uma

    enorme quantidade de documentos. Pois, o mais importante fazer com que os relatrios de

    inteligncia e os levantamentos prestados pelos agentes e analistas de informaes possam ser

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    utilizados de fato para o interesse na rea de Segurana Pblica. Pois temos a certeza de que os

    movimentos sociais urbano, as aes criminosas sempre estaro presentes na sociedade e no

    veio para desaparecer aps um possvel confronto com a polcia. E que para mant-los sobre o

    controle necessrio possuir informaes confiveis e utilizveis para munir a polcia e demaisrgos ligados a Segurana Pblica sobre os problemas da desobedincia civil. De forma que

    sejam entendidos e que permitem elaborar planos estratgicos eficientes para assim confronta

    los.

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    ANEXOS

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