Interações e novas práticas sociais: estudo ... · vivenciando novas relações sociais...

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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul Novo Hamburgo RS 17 a 19 de maio de 2010 1 Interações e novas práticas sociais: estudo multietnográfico nos espaços públicos de acesso pago à Internet em Novo Hamburgo ¹ Trabalho apresentado no DT 7 Comunicação, Espaço e Cidadania do XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul realizado de 17 a 19 de maio de 2010. Luís Marcelo Miranda * Universidade do Vale do Rio dos Sinos Resumo Este artigo aborda as interações e novas práticas sociais nos espaços públicos de acesso pago à Internet na zona central de Novo Hamburgo. Para isso, nasce a multietnografia, método que agrega a etnografia, fotoetnografia e netnografia simultaneamente. No campo, cafés (com wi-fi), cibercafés e lan houses, são observadas, relatadas e debatidas algumas das particularidades desses ambientes, que podem ser vistos como agregações ao ciberespaço. São mostrados exemplos concretos a partir de fotografias nos locais e anotações urbanas, descrevendo a realidade online e offline de espaços que servem de elo entre o físico e o virtual. Abstract This article discusses the interaction and new social habits in public spaces with paid access to the Internet downtown in Novo Hamburgo. For this, raises the multiethnograpy, a method that combines ethnography, photoethnography, and netnography simultaneously. In the countryside, cafes (with wi-fi), cybercafés, and lan houses are observed, reported and discussed some of the characteristics of those places, which can be viewed as aggregations to cyberspace. Concrete examples are shown from photographs on the places, and urban notes describing the reality of online and offline spaces that serve as the link between physical and virtual. Palavras-chave: interações; práticas sociais; multietnografia; espaços de acesso pago à Internet Keywords: interaction; social practices; multiethnograpy; places with paid access to the Internet __________________ 1. Jornalista multimídia. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos; especialista do Programa de Pós-Graduação em História, Comunicação e Memória do Brasil Contemporâneo da Universidade Feevale (2007). Premiado pela Associação Riograndense de Impresna (ARI) 2006. E-mail: [email protected] Introdução

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Interações e novas práticas sociais: estudo multietnográfico nos

espaços públicos de acesso pago à Internet em Novo Hamburgo

¹ Trabalho apresentado no DT 7 – Comunicação, Espaço e Cidadania do XI Congresso de Ciências da Comunicação

na Região Sul realizado de 17 a 19 de maio de 2010.

Luís Marcelo Miranda *

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Resumo

Este artigo aborda as interações e novas práticas sociais nos espaços públicos de acesso

pago à Internet na zona central de Novo Hamburgo. Para isso, nasce a multietnografia,

método que agrega a etnografia, fotoetnografia e netnografia simultaneamente. No

campo, cafés (com wi-fi), cibercafés e lan houses, são observadas, relatadas e debatidas

algumas das particularidades desses ambientes, que podem ser vistos como agregações

ao ciberespaço. São mostrados exemplos concretos a partir de fotografias nos locais e

anotações urbanas, descrevendo a realidade online e offline de espaços que servem de

elo entre o físico e o virtual.

Abstract

This article discusses the interaction and new social habits in public spaces with paid

access to the Internet downtown in Novo Hamburgo. For this, raises the

multiethnograpy, a method that combines ethnography, photoethnography, and

netnography simultaneously. In the countryside, cafes (with wi-fi), cybercafés, and lan

houses are observed, reported and discussed some of the characteristics of those places,

which can be viewed as aggregations to cyberspace. Concrete examples are shown from

photographs on the places, and urban notes describing the reality of online and offline

spaces that serve as the link between physical and virtual.

Palavras-chave: interações; práticas sociais; multietnografia; espaços de acesso pago à

Internet

Keywords: interaction; social practices; multiethnograpy; places with paid access to the

Internet

__________________ 1. Jornalista multimídia. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade

do Vale do Rio dos Sinos; especialista do Programa de Pós-Graduação em História, Comunicação e Memória do

Brasil Contemporâneo da Universidade Feevale (2007). Premiado pela Associação Riograndense de Impresna (ARI)

2006. E-mail: [email protected]

Introdução

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As relações sociais passam por uma grande mutação cultural e civilizacional. Na

atual fase da sociedade da informação, o espaço urbano vivencia transformações

importantes. Basta olharmos à nossa volta para constatarmos que as cidades

contemporâneas já estão sob o signo do digital. Em Novo Hamburgo não é diferente. A

Capital Nacional do Calçado, pioneira em muitos setores, também está se destacando

nessa área. Em sua zona central, os cafés (com wi-fi), cibercafés e lan houses, espaços

públicos de acesso pago à Internet e também de sociabilidade e socialidade

contemporâneas, servem de campo para essa pesquisa. O objeto são as novas práticas

sociais associadas à Internet. A intenção é observar, relatar e debater algumas das

particularidades das interações nesses ambientes, que podem ser vistos como

agregações ao ciberespaço.

A transformação do urbano pelos artefatos e processos sócio-técnicos já não é

novidade, mas a importância está em descobrir particularidades dessas mudanças,

explica Lemos (2007). A prática social se apropriou da Internet em toda a sua

diversidade, como enfatiza Castells (2003, p. 99). No entanto, acrescenta o autor, essa

apropriação tem efeitos específicos sobre a própria prática social. É o que será buscado

nas observações das interações online e offline. O físico e o virtual se influenciam um ao

outro e nos levam a uma nova noção de espaço, garante Cardoso (1998, p. 116). Essas

são as bases, segundo ele, para a emergência de novas formas de socialização, novos

estilos de vida e novas formas de organização social. Acrescenta Lemos (2003. p.19)

que novas formas de relacionamento social surgem com novas ferramentas de

comunicação e cita as lan houses e cibercafés como exemplos.

A metodologia construída especificamente para ser aplicada nos espaços

públicos de acesso pago à Internet é a multietnografia. Esse é o método de pesquisa que

agrega a etnografia, a fotoetnografia e a netnografia, ou etnografia virtual, quase

simultaneamente. É apropriado, preferencialmente, para pesquisas online e offline. Uma

observação dentro e fora da rede mundial de computadores da mesma pessoa ou grupo,

conforme trata a metodologia, que será explicada mais adiante.

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Figura 1 Figuara 2 Figuara 3

As fotos apresentam cenários de espaços públicos de acesso pago à Internet em

Novo Hamburgo. Ambientes onde podem ser notadas diferentes interações e novas

práticas sociais online e offline. Essa apresentação se faz necessária para que seja

possível, já a partir dessa introdução, uma primeira leitura, mesmo que simbólica, do

que o artigo pretende mostrar como resultado: a busca de particularidades desse

comportamento social associado à Internet. A parte ilustrativa da pesquisa é

determinante no contexto do método, como será explicitado no decorrer do texto

Nasce a construção da multietnografia

Aproximando prática e teoria era preciso, então, compor o método, dando-lhe

maior complexidade e tornando-o mais adequado ao próprio objeto de estudo. A

escolha inicial, após a busca de alguns fundamentos teóricos e exemplos no mundo da

comunicação, foi a etnografia. No entanto, ao chegar ao campo começaram a ser feitos

registros fotográficos. Esses passaram a ter importância para explicar o que pretendia

ser mostrado. Houve necessidade de buscar suporte teórico na fotoetnografia. A história

mostra muitas conexões entre a fotografia e a etnografia. Mas era também preciso

investigar as pessoas em interações mediadas por computador, nos cafés, cibercafés e

lan houses, observar o ciberespaço, mas do lado de fora da rede. Para que o círculo

investigativo se fechasse, algumas observações passaram também a ser feitas online,

sem a presença dos atores sociais, já entrevistados ou observados no campo. O conteúdo

da netnografia ou etnografia virtual foi necessário para amparar teoricamente a prática

realizada. Ao desenvolver uma forma metodológica juntando os três métodos, de forma

sistematizada, nasceu, então, o que ficou decidido chamar de multietnografia.

Antes de prosseguir, torna-se necessário abordar, mesmo que brevemente,

autores que tratam dos três métodos. Mas o que seria exatamente etnografia? Etno

significa, em grego, povo, raça ou grupo cultural. Grafia significa escrita. A etnografia é

uma subdisciplina da antropologia descritiva que dedica-se a compreender crenças,

valores, desejos e comportamentos dos sujeitos por meio de uma experiência vivida. Ela

apresenta a interpretação problemática do autor acerca de algum aspecto da realidade da

ação humana, afirma Travancas (2008). A fotoetnografia é um termo cunhado por

Achutti (1997) e propõe uma narrativa fotográfica autônoma do texto escrito. Segundo

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ele, é um exercício utilizando a fotografia, no sentido de uma narrativa etnográfica, o

qual chamou de fotoetnografia. A intenção é dar mais profundidade aos resultados.

A observação do objeto acontece em um espaço que serve de elo entre o físico e

o virtual. A abordagem foi online e offline. Dessa forma também foi utilizada a

netnografia. Era preciso analisar por onde andavam os pesquisados no ciberespaço. A

netnografia é a abertura das portas do método etnográfico para o estudo de comunidades

virtuais. Os ambientes interacionais da Comunicação Mediada por Computador são

caracterizados pela ausência física. Isso possibilita um tornar-se “invisível” e pesquisar

a cultura de um grupo sem participar. Sá (2002) trata sobre netnografias nas redes

digitais e diz que a comunicação em rede estrutura a vida social contemporânea. Ela vai

mais longe quando afirma que as chamadas comunidades virtuais são espaços para o

convívio com a diversidade e complexidade do comportamento social contemporâneo,

ao mesmo tempo em que servem de abrigo para o indivíduo que se refugia entre iguais.

Para que se tome por base metodológica a multietnografia é preciso seguir

alguns critérios. Há a necessidade de que, pelo menos uma vez no decorrer da pesquisa,

mostre-se a narrativa fotográfica de que fala Achutti (1997) sobre a fotoetnografia e a

pesquisa online específica, “invisível”, de que trata a etnografia virtual. A base

determinante permanece a etnografia, até porque os outros dois métodos são derivações

dela. Para dar mais peso ao princípio de intersecção dos três métodos é preciso a

utilização de maior número de fotografias. Essas podem ilustrar todo o texto

dissertativo, desde a introdução. Deve, inclusive, ser registrada a participação do

pesquisador no campo. Mas as fotos não podem ser jogadas aleatoriamente. As

justificativas para as ilustrações são sempre necessárias. No entanto, a supremacia do

texto dissertativo é indiscutível. São importantes agregações, não substituições. É

exatamente a soma dessas uniões que vai delineando, construindo o novo método.

A participação do etnógrafo naquilo que investiga produz conhecimento, faz

avançar a investigação. Faz surgir um problema fértil, que é o da relação que o

observador-participante estabelece com as pessoas que encontra no campo, diz Caiafa

(2007), como mostram as fotos que seguem.

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Figura 4 Figura 5 Figura 6

O dia-a-dia no campo foi marcante para a construção dessa pesquisa, vivenciando

dificuldades e apreciando novidades, como comprovam as fotografias. Conforme Caiafa

(2007), o estranhamento não é dado, é algo que se atinge, é um processo de trabalho de

campo. É preciso estar disponível para a exposição à novidade, quer se a encontre muito

longe ou na vizinhança. A pesquisa pode ser bem-sucedida, tanto na situação de

distância cultural ou geográfica, como no caso do pesquisador insider, segundo Caiafa

(2007). Mas é preciso não estipular regras, alerta a autora.

Como estipular uma distância ou uma proximidade? Conforme Caiafa, não há uma

resposta definitiva. Mas é preciso agenciamento, que para ela é um tipo de arranjo ou

conexão. Essa foi construída com as fontes que sempre estavam presentes nos espaços

pesquisados, como os funcionários e gerentes. Mas também foram entrevistadas e

observadas as pessoas que estavam online. Caiafa (2007), quando fala da relação do

observador-participante com as pessoas que encontra no campo, afirma que vem sendo

uma marca da pesquisa etnográfica a partilha de experiências com os “informantes”. É

preciso a inclusão do investigador na situação que apura, porque envolve observação

intensiva e, em algum grau, uma convivência, diz Caiafa. O que relata a autora foi

realizado, como comprovam as, já mencionadas e mostradas, fotos do pesquisador em

campo.

Problematizando o cotidiano, interações e Internet

Castells (2003) garante que a Internet é o tecido de nossas vidas e passou a ser a base

tecnológica para a forma organizacional da Era da Informação: a rede. Já Recuero

(2009) afirma que a Internet trouxe diversas mudanças para a sociedade e que, entre as

mais significativas, está a possibilidade de expressão e sociabilização por meio de

ferramentas de conexão mediada pelo computador. Lemos (2003) antecipa que estamos

vivenciando novas relações sociais eletrônicas e as práticas comunicacionais pessoais.

A diversidade serviu de estímulo para esse estudo. Os espaços da pesquisa são

pontos de sociabilidades contemporâneas. Mas também de socialidades, situações

efêmeras, conforme Maffesoli (1998). O autor recorre ao termo “tribalismo” para

designar os diversos grupamentos que compõem a sociedade contemporânea. Estas

tribos de que nos fala o autor encontramos na relação face a face e na mediada pelo

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computador nos cafés, cibercafés e lan houses de Novo Hamburgo. Ele faz um

contraponto entre sociabilidade e socialidade ao caracterizar as experiências sociais da

contemporaneidade. Segundo ele, enquanto a primeira caracterizaria as relações sociais

típicas da modernidade, a segunda “remete à multiplicidade de situações, de

experiências, de ações lógicas e não-lógicas‟ (MAFFESOLI, 1998, p. 10).

As fotos que seguem sustentam o embasamento teórico dos autores. São

comportamentos sociais que foram modificados ou que surgiram diante da associação

com a Internet. O local que antes era apenas para o lanche, bebida, bate-papo face a

face, agora já serve de elo entre o espaço físico e o virtual.

Figura 7 Figura 8 Figura 9

No campo que mostram as fotos são observadas interações. Antes de relatar

essas particularidades é necessário embasamento teórico. São três os tipos de situação

interativa criados pelo uso dos meios de comunicação, conforme Thompson (1998):

interação face a face, interação mediada e interação quase mediada. Na face a face os

participantes partilham do mesmo espaço e mesmo sistema referencial de tempo. Existe

diálogo e há ida e volta no fluxo de informação e comunicação. Os participantes para

transmitir as mensagens empregam uma multiplicidade de deixas simbólicas, como

piscadelas, gestos, sorrisos, entonação da voz, franzimento de sobrancelhas. Este tipo de

interação é observado nas lan houses e cibercafés, onde há diálogos e trocas de deixas

simbólicas. Nas interações mediadas a transmissão de conteúdo e informação acontece

entre interagentes situados remotamente no tempo e no espaço. Implica também o uso

de um meio técnico, como fios elétricos, ondas eletromagnéticas. Há características que

diferenciam os dois tipos. A face a face se dá em um contexto de co-presença; na

mediada, os participantes não compartilham o mesmo referencial de espaço e de tempo.

O terceiro tipo de interação, a que o autor chama de quase mediada, refere-se às

relações sociais estabelecidas pelos meios de comunicação de massa (jornais, rádios,

televisão, livros, etc.). Ela se dissemina no espaço e no tempo e envolve certo

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estreitamento do leque de deixas simbólicas, afirma Thompson (1998, p. 78 e 79).

Segundo o autor, “os três tipos acima não esgotam os possíveis cenários de interação.

Outras formas de interação podem ser criadas, por exemplo, pelo desenvolvimento de

novas tecnologias da comunicação que permitem um maior grau de receptividade”

(THOMPSON, 1998, p. 81). Essas “outras formas” serão constatadas nesse estudo e

desencadeiam um elo de interações, tendo por base as novas tecnologias, como será

relatado mais adiante. Já a interação mediada por computador, tanto mútua como

reativa, tem por base Primo (2008). As interações reativas dependem da previsibilidade

e da automatização nas trocas. Se algo foge do estipulado, pode ser recusado no

processo e até mesmo terminar com a situação interativa. Já as mútuas se desenvolvem

em virtude da negociação relacional durante o processo.

A mobilidade começa a provocar novas práticas sociais, que são visualizadas na

busca de informações nos cafés com wi-fi. A prática junta-se à teoria com Pellanda

(2006), quando trata sobre as novas formas de interações potencializadas pela

mobilidade da informação. Redes sem fio wi-fi fazem com que a Internet ganhe

movimento e maior possibilidade de imersão no ciberespaço. Segundo o autor, “a

Internet começa a mostrar que o acesso em movimento pode significar alterações

profundas em suas linguagens de comunicação” (PELLANDA, 2008, p.2).

Castells (2003) diz que a série de situações sociais está sendo ampliada pelas

chances de interconexão personalizada, diante do projetado desenvolvimento da Internet

sem fio. A foto que segue comprova o que dizem os autores. Em um café com wi-fi, no

shopping de Novo Hamburgo, jovens levam o notebook e ficam conectados. Há bate-

papo, amizade ou namoro, online e offline. Na mesma mesa também podem ser vistos

amigos em interações quase mediadas, com livros. O estar conectado em um espaço wi-

fi é para o jovem uma espécie de “status”, que atrai e ajuda na paquera, por exemplo, ou

na busca de outras companhias.

Figura 10

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Espaços de elo entre o online e offline

A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no

Brasil identifica os centros públicos de acesso pago como o principal local de uso da

Internet no País. No Brasil, em 2008, com 48% das menções, os centros públicos de

acesso pago ficam à frente dos domicílios, que foram citados por 42% dos respondentes.

O estudo é realizado pela Nic.br (www.nic.br), que é uma entidade civil, sem fins

lucrativos, criada para implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da

Internet no Brasil - CGI.br (www.cgi.br), que é responsável por coordenar e integrar

as iniciativas de serviços da Internet no País. Esse perfil brasileiro também é encontrado

nos espaços de Novo Hamburgo. Foram observados muitos casos de pessoas sem

computadores e outras com computadores, mas sem Internet, com idades e motivações

variadas para estarem naquele determinado ambiente do cenário urbano.

A pesquisa que dá base para esse artigo nasce de forma embrionária em uma

especialização em História e Comunicação, na Feevale, concluída em 2007. É ampliada

e modificada no mestrado em Ciências da Comunicação, na Unisinos, que está sendo

concluído em maio de 2010. Cinco espaços são, inicialmente, investigados: Café Paris,

Cibercafé e Lan House Eh Fróids, Café Mule & Bule, Espaço 10 Lan House e

Videolocadora, que depois passa a chamar-se Espaço 10 Lan House e Café, e a Real

Videolocadora e Lan House. No entanto, o Café Paris fechou em dezembro de 2008. A

decisão foi manter o que até aquele momento havia sido registrado. Em janeiro de 2009,

outro espaço começou a ser pesquisado. O Manéh Café. O local já estava sendo

observado, informalmente, desde julho de 2008 quando foi inaugurado. Foi realizado

um mapeamento do local delimitado, chamado de zona central hamburguense. Não é

apenas o Centro da cidade, mas agrega também bairros vizinhos, que mantêm uma

intersecção.

A magia dos antigos cafés, o lugar de encontros, de sociabilidade, dá lugar aos

cibercafés, que é a atualização ou conceito moderno de cafés. São espaços virtuais,

interconectados, que geram novas formas de consumo, produção, serviços qualificados

e de relações sociais, diz Lemos (2003). Em uma relação histórica entre o cibercafé e a

cidade hamburguense encontra-se novidades. O primeiro cibercafé surge em Londres

em 1994 e já em 1996 são inaugurados dois espaços para acesso à rede mundial de

computadores em Novo Hamburgo, considerados os primeiros do Estado.

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As pessoas aproveitam o espaço onde podem se encontrar, comer e beber alguma

coisa para também estarem conectadas. O online e o offline dividem este espaço físico.

Lévy (2001) diz que “é raro que a comunicação por meio de redes de computadores

substitua pura e simplesmente os encontros físicos: na maior parte do tempo, é um

complemento ou um adicional” (LÉVY, 2001, p.128).

Nos ambientes de acesso pago à Internet, na zona central hamburguense, os sites de

relacionamentos são responsáveis por grande parte da motivação da conexão. Da mesma

forma que neste cotidiano encontra-se o online, o offline não perde o sentido, muito

menos deixa de existir. Recebe componentes facilitadores para a aproximação. Em

alguns cafés/cibercafés nota-se que as pessoas que estão ali no espaço físico,

arquitetaram o encontro quando conversavam online. O interessante é que esse encontro

foi programado para um determinado local onde há a possibilidade de também ficarem

conectadas. Nota-se claramente um comportamento social associado à Internet. Na

mesma rota da constatação dessa pesquisa está Fragoso (2008), quando lança um olhar

sobre as relações entre território e identidade a partir do Orkut. A autora constata que “a

motivação mais evidente das referências territoriais nos sistemas e ambientes de

interação online é de ordem absolutamente prática: pergunta-se „de onde tc‟ com a

intenção de estabelecer laços sociais possíveis de estender à vida offline” (FRAGOSO,

2008, p.113). Esses laços só se tornam possíveis com a aproximação geográfica, com

interesses comuns. O que é percebido nos ambientes delimitados neste estudo.

Todos os espaços públicos de acesso pago à Internet que foram pesquisados

abrigam públicos variados. Diferentes motivações de acesso, classes sociais, perfis e

idades. Foram observadas crianças de 6, 7 anos a usuários com mais de 70 anos. No

mesmo espaço estavam, por exemplo, um homem com 72 anos e um garoto de 12. Cada

um com interesses diferentes para o acesso, mas dividindo o mesmo desejo de estar

conectado. Atores e conexões. O conjunto desses dois elementos define o que é uma

rede social. Que seriam os atores? Sãos os nós da rede, pessoas, instituições ou grupos.

E as conexões? São as interações ou laços sociais. Há necessidade de que sejam

lembradas as redes sociais na Internet e as diversas mudanças que trouxe à sociedade.

Entre essas está a possibilidade de expressão e sociabilização através das ferramentas de

comunicação mediada por computador (CMC), conforme base teórica focada em

Recuero (2009). Diferenças marcantes de expressão e sociabilização offline e online.

A busca de conexão não é algo expressamente solitário, dentro de casa. Os espaços

públicos que proporcionam essas interações, dentro e fora da rede, em Novo Hamburgo,

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estão sendo construídos diariamente pelos atores sociais. Dentro dessa variação de

público, encontra-se também uma segmentação, dependendo do local e horário. Em

algumas situações havia uma presença mais acentuada de grupos de jovens. No entanto,

aquela ideia de uma lan house extremamente juvenil, por exemplo, com adolescentes

motivados apenas por jogos, não é a realidade absoluta. Há também pessoas

trabalhando, procurando emprego, mandando currículos, estudando, pesquisando,

buscando bate-papo, amizade, namoro, entretenimento, pornografia. Quase sempre na

busca do outro na rede. Os sites de relacionamentos já fazem parte do cotidiano das

pessoas de diferentes idades. Uma nova forma de estar junto, de procura e de

preservação de relações, fortes ou fracas, com ou sem reciprocidade, mas em busca de

uma “tribo‟‟.

Várias são as interações percebidas. Pelo espaço, nesse artigo não serão relatadas

todas, mas algumas que representam o perfil da maioria. Um dos casos ficou decidido

chamar de interações sexualmente mediadas. Os pontos pesquisados mostraram, desde o

início da busca no campo, acessos a sites pornográficos. Situações pela manhã, tarde e

noite. Houve casos de homens vendo filmes pornográficos ao lado de crianças, que

estavam nos games, ou em sites de relacionamentos. Essa “miscigenação” online e

offline merece, no mínimo, uma reflexão. Todos que cruzam os ambientes de acesso

pago estão revelando algo representativo de suas intimidades, personalidades, anseios.

Tanto no namoro, na amizade, nos games, falando com familiares distantes,

trabalhando, estudando, buscando entretenimento. A Internet possibilita que os laços

sejam mantidos à distância.

Mesmo não tendo computador em casa, muitos mantêm uma assiduidade média

semanal de atualizações no Orkut e outros sites de relacionamentos, chegando a duas

vezes por semana, em algumas situações. Isto mostra também o quanto a lan house é

visitada. O assunto predominante nos recados é a amizade, mensagens e diálogos,

como: “você será minha amiga pra sempre”. Vários amigos são conhecidos e há

interações com colegas de aula, de trabalho, de balada ou apenas virtuais. Sempre com

interesses em comum, o que os coloca na mesma rede social.

Em uma das entrevistas no Manéh, por exemplo, uma garota de 17 anos, que não

tinha computador em casa, disse ser bastante tímida e que o Orkut havia ajudado a ter

amigos. Aqui entra a pesquisa online (sem que o entrevistado saiba) e offline, de que

trata o método multietnográfico. No ciberespaço havia recados para encontros offline,

tanto para lazer como para estudo. Alguns diálogos com amigos virtuais não mostravam

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a menina tímida offline. A representação online revelava uma garota aparentemente

extrovertida. A foto do perfil dela no Orkut também não mostrava timidez. Um plano

quase de corpo inteiro, com movimento. Parecendo bastante ágil. Representações

possibilitadas pela conexão. O cenário de fundo da fotografia, uma parede de tijolos

sem reboco de cimento, mostrava a naturalidade e identidade com o meio onde vive.

Na narrativa fotográfica que segue é possível visualizar as interações de dois irmãos

que não possuem computador em casa e visitam sistematicamente, aos sábados à tarde,

a lan house, como se visitassem um amigo ou um parente. Eles mantêm atualizados os

sites de relacionamentos. É preciso fazer uma reflexão: até que ponto o acesso pago não

é também uma forma de inclusão digital?

Figura 11 Figura 12 Figura 13

Figura 14 Figura 15 Figura 16

Aqui também é necessário aproximar a prática constatada no campo e a teoria

que revela Santaella (2007). “As práticas de acesso estão também construindo um novo

espaço de misturas inextricáveis entre o virtual (o ciberespaço) e os ambientes físicos

em que nosso corpo biológico circula” (SANTAELLA, 2007, p. 218).

As localizações dos espaços de conexão em Novo Hamburgo traçam o perfil de

parte do público. A Real está localizada no calçadão da cidade, onde não passam

veículos e transitam centenas de pessoas em um vaievém de micromotivos. O

freqüentador é mais casual. Aquele que precisa imprimir um boleto, mandar um e-mail.

O Espaço 10, por estar localizado em uma galeria comercial e próximo a uma rua onde

há muitas lojas de calçados, recebe frequentemente comerciários. Todos os dias, nos

horários de intervalo para lanches, ou na hora do almoço, eles comparecem na lan.

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Quase sempre em grupo. Muitas vezes, dois, três ou mais partilhando a mesma

máquina. Em alguns casos acessos particulares. A sociabilidade e a socialidade

aparecem novamente no ambiente, onde os usuários dividem simultaneamente o bate-

papo online e offline. Também laços fortes e fracos.

Perto do Manéh tem danceterias e o espaço conquistou as turmas de amigos,

antes e depois das baladas. É o único, dos espaços pesquisados, que abre na madrugada.

Surpresa também para o proprietário. Tem vários outros bares que vendem as mesmas

coisas, mas o acesso à Internet é o grande diferencial, que, segundo ele, mudou o

comportamento social dos clientes. A maioria é composta por jovens (entre 18 e 30

anos). Chegam para beber uma cerveja, bebidas destiladas ou refrigerantes. Alguns

fazem lanche. Geralmente marcam encontro no local, para depois seguirem para

danceterias. As conversas online e offline acontecem simultaneamente. Sem nenhum

tipo de problema. Quase sempre têm dois ou três compartilhando a mesma máquina.

Um sentado, dois atrás, de pé, bebendo ou comendo. Games, MSN, Orkut, Youtube, e-

mails. Muitos chegam e mandam mensagens pra outros amigos, convidando pra festa,

cobrando o atraso, brincando, conversando. Uma descontração normal como em

qualquer barzinho, mas com o diferencial da desterritorialização proporcionada pelo

ciberespaço.

Após a saída da balada, alguns retornam ao Manéh. De novo, lanches rápidos,

mais bebida, e o acesso variado. Muitos levam máquinas digitais para as baladas. Esse

equipamento já faz parte “da indumentária”. Na volta, aproveitam para descarregar as

máquinas no Manéh, porque é mais rápido que em casa. Aglomeram-se para postar as

fotos no Orkut e também para entrar no site da balada e ver suas fotos. Recados pro

“ficante” da noite. Antes de chegar à residência, já vai estar lá uma mensagem para ele.

Aproveitam para em grupo pesquisar nos sites de relacionamentos detalhes da vida dos

recém-conhecidos na balada. Há casais que se formaram naquela noite e passam no

local e aproveitam o espaço. Uma espécie de apresentação, como se fosse a própria

casa, só que virtual. Novidades de sites e outros detalhes da rede são comentados. São

novas sociabilidades contemporâneas.

Saudades de amigos e familiares, encontros de amizade e namoros, entre outras

relações, colocam nos espaços públicos de acesso pago e na Internet muitos exemplos

de laços fortes e fracos. Os conteúdos e mensagens mostraram uma conexão entre os

envolvidos como afirma Recuero (2009). Ao mesmo tempo exemplos de amizades e

namoros offline dentro dos ambientes pesquisados também podem ser considerados

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como laços fortes, quando esses atores mantinham vínculos de encontros marcados e

seguidos, tanto na lan house como na Internet. Havia grupos de colegas de trabalho que

freqüentavam todos os dias o Espaço 10, na hora do almoço e do lanche. Interações

online e offline simultâneas. Laços multiplexos, conforme Recuero (2009). Os assuntos

comuns do cotidiano do grupo, alguns bem íntimos, passavam do plano físico ao virtual

ou vice-versa durante os encontros.

Considerações finais

Interações e novas práticas sociais foram possíveis de serem observadas nos

espaços públicos de acesso pago à Internet na zona central de Novo Hamburgo. Foi

constatado também o que aqui ficou definido chamar de elo de interações. O que seria

isso? Diferentes tipos de interações acontecendo ao mesmo tempo. Interação face a face

e interação mediada por computador, mútua e às vezes também reativa,

simultaneamente. Ao elo ainda pode ser acrescentada a interação quase mediada. Os

interagentes (que vamos chamar de A, B, C, D) exemplificam o exposto acima da

seguinte forma: A está na frente da máquina onde acontece uma interação mediada por

computador. Chegam B e C e ficam atrás da cadeira de A, em pé. Os três começam a

conversar. Acontece a interação face a face. Bate-papo, risos. C aponta pra tela do

computador. Interagem sobre o que estão lendo. B tecla alguma coisa para mostrar outro

link. Também há troca de papéis dos atores sociais durante as interações. B passa a

mediar diretamente com o computador por alguns instantes. Continuam conversando.

Um elo entre a interação mediada por computador e a face a face. Pode-se dizer ainda

que A e C estão também, de uma forma indireta, participando da interação mediada por

computador.

Mas é preciso frisar que cada uma das interações não perde sua característica

específica. Não se “diluem”. Mas há uma intersecção. Ainda é possível notar

características da interação mútua, pois os interagentes estavam debatendo e tendo

convicções diferentes, tanto com o que acontecia online e offline, sem que isto

impedisse a interação. Em outra oportunidade acontece um caso semelhante. Só que um

dos interagentes estava com uma revista aberta na mão. Conversava um pouco com os

outros dois (um sentado na máquina, outro ao lado) e por alguns instantes continuava

lendo. Em outro momento, um deles ainda falava ao celular. Um elo entre a interação

face a face, a mediada por computador e a quase mediada. Essa última conforme

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definição de Thompson (1998), já descrita anteriormente. Thompson admite a

possibilidade de mistura de diferentes formas de interações no fluxo da vida diária. Da

mesma forma, Primo (2008) lembra que os dois tipos interativos, mútua e reativa, não

se estabelecem de forma exclusiva, quando esclarece a interação mediada por

computador.

Figura 17 Figura 18 Figura 19

Figura 20 Figura 21 Figura 22

A proposta deste artigo foi observar, relatar e discutir diferentes particularidades

nos espaços públicos de acesso pago à Internet, online e offline. No cenário urbano da

zona central hamburguense, reconfigurada por computadores, pode-se notar novas

práticas sociais e interações como conseqüência do acesso à Internet, como foi relatado

e fotografado. Foram apontados alguns caminhos, algumas surpresas. Mesmo assim

ainda há problematizações despertadas que podem ser alvo de outras reflexões.

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