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1 Interação Universidade Indústria para promover o Empreendedorismo e a Inovação: Programa Inova Talentos IEL/PR Fernanda P Lopes Carelli (UFSC) [email protected] Carlos Manuel Taboada Rodriguez (UFSC) [email protected] Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados da 1ª edição do Programa Inova Talentos, uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi - IEL em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. A proposta do programa é promover a aproximação entre o setor produtivo e a academia para atrair estudantes capazes de desenvolverem projetos inovadores e assim contribuir para o aumento da competitividade da indústria paranaense. Para um maior entendimento da temática foram apresentados os temas inovação, empreendedorismo e interação universidade indústria, além do descritivo do programa. Este artigo caracteriza-se como descritivo e trata-se de um estudo de caso sobre uma realidade específica. São apresentados os resultados obtidos com o programa e apontadas possibilidades para edições futuras. Palavras chave: Inovação, Empreendedorismo, Interação. University Industry Interaction to promote Entrepreneurship and innovation: Innovation Talent Program IEL / PR Abstract This article aims to present the results of the 1st edition of Innovation Talent Program, an initiative of Institute Euvaldo Lodi - IEL together with the National Council for Scientific and Technological Development - CNPq. The purpose of the program is to promote closer relations between the productive sector and academia to attract students able to develop innovative projects and thus contribute to increasing the competitiveness of the industry of Paraná. For a better understanding of the theme were presented the topics innovation, entrepreneurship and industry interaction university, beyond the details of the program. This article is characterized as descriptive and it is a case study about a specific reality. The results obtained with the indicated possibilities, and are presented for future editions. Key-words: Innovation, Entrepreneurship, Interaction. 1 Introdução A inovação, a pesquisa e o desenvolvimento tornaram-se regras no contexto empresarial, para a sociedade, governo e as indústrias. A procura pela inovação e desenvolvimento tecnológico

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Interação Universidade Indústria para promover o Empreendedorismo e a Inovação: Programa Inova Talentos IEL/PR

Fernanda P Lopes Carelli (UFSC) [email protected]

Carlos Manuel Taboada Rodriguez (UFSC) [email protected]

Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados da 1ª edição do Programa Inova Talentos, uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi - IEL em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. A proposta do programa é promover a aproximação entre o setor produtivo e a academia para atrair estudantes capazes de desenvolverem projetos inovadores e assim contribuir para o aumento da competitividade da indústria paranaense. Para um maior entendimento da temática foram apresentados os temas inovação, empreendedorismo e interação universidade indústria, além do descritivo do programa. Este artigo caracteriza-se como descritivo e trata-se de um estudo de caso sobre uma realidade específica. São apresentados os resultados obtidos com o programa e apontadas possibilidades para edições futuras. Palavras chave: Inovação, Empreendedorismo, Interação.

University Industry Interaction to promote Entrepre neurship and innovation: Innovation Talent Program IEL / PR

Abstract This article aims to present the results of the 1st edition of Innovation Talent Program, an initiative of Institute Euvaldo Lodi - IEL together with the National Council for Scientific and Technological Development - CNPq. The purpose of the program is to promote closer relations between the productive sector and academia to attract students able to develop innovative projects and thus contribute to increasing the competitiveness of the industry of Paraná. For a better understanding of the theme were presented the topics innovation, entrepreneurship and industry interaction university, beyond the details of the program. This article is characterized as descriptive and it is a case study about a specific reality. The results obtained with the indicated possibilities, and are presented for future editions. Key-words: Innovation, Entrepreneurship, Interaction. 1 Introdução

A inovação, a pesquisa e o desenvolvimento tornaram-se regras no contexto empresarial, para a sociedade, governo e as indústrias. A procura pela inovação e desenvolvimento tecnológico

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tornou-se uma busca contínua e não é mais uma questão de opção. Inovar é uam questão de sobrevivência, é tornar o invisível visível, gerar ideias para remover obstáculos.

Uma empresa inova não somente quando insere uma nova tecnologia, mas também quando desenvolve novos produtos e processos ou melhora radicalmente aqueles já existentes, quando organiza de uma nova forma a sua produção e quando agrega mais valor ou implementa novas formas de comercialização e relacionamento com clientes e fornecedores. A inovação e a competitividade caminham juntas e são partes de um processo que toda a empresa busca.

A competitividade entre as organizações se tornou um dos principais elementos na capacidade e velocidade da geração de inovações de produtos e serviços. Contudo, entender a inovação é fator-chave determinante para o desenvolvimento do país.

Inovar não é necessariamente adotar tecnologias novas. Inovar é um processo contínuo, envolve as pessoas e as empresas a estarem em sintonia com o mercado, produzindo um produto (bem ou serviço), em condições de qualidade, custo e atendimento, superando os concorrentes na preferência das pessoas e consumidores.

De acordo com Schumpeter (1982) , algumas décadas atrás, o termo inovação foi adotado para promover uma interação mais efetiva entre o setor produtivo e as áreas de pesquisa e conhecimento. Isso ocorreu no momento da abertura de mercados e do aumento da competitividade internacional, o que incitou as organizações a estabelecerem sinergias umas com as outras para o crescimento econômico.

Portanto, é preciso considerar que uma empresa não inova sozinha, pois as fontes de informações, conhecimentos e inovação podem se localizar tanto dentro como fora dela. O processo de inovação é, contudo, um processo interativo, realizado com a contribuição de vários agentes que possuem diferentes tipos de informações e conhecimentos.

Neste sentido, faz se relevante incentivar a aproximação de acadêmicos e da Universidade com a Indústria e programas desta natureza são importantes para atualizar setores, e buscar novas oportunidades de negócio. Aproveitar que os estudantes tem acesso direto a conhecimentos e aplicá-los no campo fértil das indústrias pode repercutir em bons projetos e inovações para as industrias que por vezes são carentes no acesso a este conhecimento.

Desta forma, o esforço empreendido neste artigo é o de apresentar os resultados obtidos na 1ª edição do programa Inova Talentos do IEL/PR com a proposta de aproximar a universidade da indústria. Através dos resultados foi possível indicar os segmentos participantes neste tipo de iniciativa além da classificação das inovações em radical e incremental o que serve de estímulo para futuras edições e até mesmo outras ações desta natureza.

2 Inovação

Freeman (1995), considerado um seguidor de Schumpeter, estabeleceu o conceito de inovação na sua versão atual. Segundo ele, desde os anos 60, o conceito de inovação é caracterizado pelo perfil econômico e corporativo, uma vez que as organizações devem ter um bom desempenho na economia internacional diante das oscilações de mercado e ameaças da concorrência. Mas foi a partir dos anos 80 que os autores começaram a perceber a importância nos fluxos de informações, como uma interação essencial e imprescindível perante as demandas.

Pode – se dizer que existem dois tipos de inovação: a radical e a incremental. A inovação radical é conceituada como o desenvolvimento e a introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Este tipo de inovação pode romper

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uma estrutura já existente e criar novas indústrias, setores e mercados ou ainda significar redução de custos e aumento de qualidade em produtos já existentes. Já a inovação incremental se refere a qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou produção dentro da organização sem alterar sua estrutura física (FAYET, 2010).

Algumas melhorias feitas neste tipo de inovação às vezes não são percebidas pelos clientes, podendo gerar aumento na eficiência no setor produtivo, aumento de produtividade, redução de custos ou ainda otimizar processos de produção, design de produtos. (FREEMAN, 1991).

Segundo Schumpeter (1982), “a inovação não se restringe à invenção e patente. Ela admite outras formas como a descoberta de novas matérias-primas ou novas fontes de provisão; a inovação de mecanismos de tratamento e transporte de mercadorias, inovações organizativas nas empresas ou no comércio. Inovação relaciona-se com a criação de qualquer produto, serviço ou processo que seja novo para uma unidade de negócios, e embora esteja geralmente associada a importantes avanços em produtos ou processos, a maior parte das inovações de sucesso são baseadas no efeito cumulativo de mudanças incrementais ou na combinação criativa de técnicas, ideias ou métodos existentes.

Para Garcia e Calantone (2002), a inovação é um processo de desenvolvimento e de produção de novos produtos e serviços capazes de obter sucesso comercial. Para Lastres (1994), cada empresa é uma entidade inovadora, desde que esteja preparada para aprender de forma contínua e organizada. A inovação refere-se à utilização do conhecimento sobre novas formas de produzir e comercializar bens e serviços.

Segundo Dosi (1988) “A inovação trata de pesquisa, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, de novos processos de produção e novas formas organizacionais”.

Um dos referenciais mais conceituados, para análise de processos de inovação é o Manual de Oslo, desenvolvido pelo OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O Manual de Oslo é um grande referencial de base de pesquisas da União Européia sobre o assunto inovação.

O Manual de Oslo não trata a inovação somente na perspectiva de um manancial de ideias, mas principalmente como um “solucionador de problemas” para todo o processo produtivo. Descaracterizando o costume de visualizar o processo de inovação, na qual a P&D é considerada a atividade inicial, que antecede à modificação tecnológica. A inovação passou a ser entendida como um processo simultâneo de mudanças envolvendo uma diversificada gama de atividades internas e externas à empresa.

A inovação é uma das grandes reservas de crescimento para as empresas. Mas encontrar, detectar e desenvolver uma ideia não é uma coisa fácil, tampouco encontrar o mercado. Ela envolve três critérios: 1) é algo novo, concreto e que caminha (diferente de ideia); 2) o melhoramento da inovação se faz de maneira contínua e 3) a inovação se faz por meio de uma mudança de paradigma. (JOURNAL DU NET, 2007).

Segundo Gavriloff (JOURNAL DU NET, 2007), existem principalmente dois níveis de aplicação de inovação nas empresas:

a)Inovar pontualmente: projeto de inovação ou inovação de um produto, ou seja projeto para melhorar os produtos existentes, criação ou adoção de uma nova tecnologia de ponta; e

b)Inovar permanentemente: inovação total ou gestão de inovação. Neste nível a inovação transforma-se no pilar de estratégia da empresa.

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O Manual de Oslo é uma publicação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o objetivo de orientar e padronizar conceitos e metodologias para a coleta e o uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria, baseando-se parcialmente nas definições de Schumpeter.

Bessant e Tidd (2009) afirmam que a inovação assume muitas formas diferentes, mas pode ser resumida em quatro diferentes tipos, a saber: Inovação de produtos, Inovação de processos, inovação de posição / marketing e inovação de paradigma / organizacional. É importante compreender os vários tipos de inovações existentes nas empresas e quais os aspectos que tornam os seus produtos e processos diferenciados, conforme figura 01.

TIPOS DE INOVAÇÃO DESCRIÇÃO

INOVAÇÃO DE PRODUTO (BEM OU SERVIÇO)

É a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas caractrísticas ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.

INOVAÇÃO DE PROCESSOÉ a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.

INOVAÇÃO DE MARKETING

É a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.

INOVAÇÃO ORGANIZACIONALÉ a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

Figura 01: Tipos de Inovação

Fonte: Manual de Oslo - FINEP 2005

Mais importante que definir ou entender o tipo de inovação que desenvolvemos é reconhecer o seu potencial para geração de resultados. Portanto, empresas de qualquer natureza que estejam envolvidas no processo de gerar inovações devem avaliar: Impacto econômico, impacto socioambiental, proposta única de valor e utilidade e benefícios apra clientes e consumidores.

3 Empreendedorismo

A função da atividade empreendedora e sua importância econômica foram percebidas primeiramente por J. B. Say (1983) no século XVIII, quando relacionou esta atividade à figura do empresário, a quem cabia assumir os riscos, alocar recursos da maneira mais produtiva e, desta forma, promover o desenvolvimento econômico. A riqueza e o desenvolvimento de um país estavam, assim, relacionados diretamente à atividade e à capacidade empreendedora de uma nação. No mesmo sentido, Schumpeter (1964a) reforça a importância do empreendedor como o agente capaz de introduzir a inovação, associando esta ao conceito conhecido por “destruição criativa” (substituição de antigos métodos e processos por novos), como principal motivador do crescimento econômico. Assim, é mantida a ideia de que se torna imprescindível a existência de empreendedores, que são os empresários inovadores, representando a ausência destes a estagnação do desenvolvimento de uma nação: “Para muitos, a ideia de evolução econômica traz, associada, a ideia de capacidade empreendedora” (Schumpeter, 1964b, p.175). Para Drucker (2001), o empreendedor é também alguém que aproveita as oportunidades, criando algo que irá gerar valor. Segundo este autor, para empreender não basta abrir um novo negócio, é fundamental que esse negócio crie algo também novo em termos de mercado, produto, ou similar, para que seja então considerada uma ação empreendedora. Portanto, para este autor que é mais recente, está

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também bastante clara a importância da inovação e da identificação de oportunidades para os empreendedores.

O empreendedor é, na visão de Fillion (2000) e Dolabela (2008), o identificador de oportunidades de negócios que cria e define contextos, visualiza situações, determina objetivos, projeta e concebe estruturas organizacionais que põem em funcionamento, no sentido de explorar a oportunidade.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2015), o empreendedor pode ser definido como sendo o indivíduo que possui ou busca desenvolver uma atitude de inquietação, ousadia e proatividade na relação com o mundo, condicionada por características pessoais, pela cultura e pelo ambiente, o que favorece a interferência criativa e realizadora, no meio, em busca de ganhos econômicos e sociais.

Segundo o Estudo da CNI, Perfil das Indústrias nos Estados (2014), a indústria paranaense responde por 24,5% da economia, emprega 891 mil trabalhadores e é responsável por 8,5% do emprego formal do estado. Com 45.988 empresas industriais em 2013, o Paraná respondeu por 8,9% do total de empresas que atuam no setor industrial do Brasil. Com base nos dados descritos, percebe-se a relevância e a força do setor industrial no estado do Paraná e a importância de se promover ações voltadas ao atendimento das micro e pequenas empresas com o objetivo de apoiá-las na busca por competitividade e diferenciais capazes de sustenta-las em mercados cada vez mais acirrados.

Neste sentido, se compararmos o desempenho em termos de tecnologia e inovação o Brasil esta em uma posição que pode ser aprimorada, e esta melhora pode ocorrer em função do potencial criativo e inovador característico do país, e que se estimulado pode gerar resultados positivos para a indústria. Desta forma, percebe-se que o Brasil tem uma alta capacidade para inovar e que deve ser aproveitada conforme figura 02.

Figura 02: Capacidade de Inovação

FONTE: The Global Competitiveness Report 2014-2015 World Economic Forum

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A amplitude e intensidade das interações universidade-empresa, por parte das firmas, são fortemente associadas às oportunidades tecnológicas e ao grau de apropriabilidade enfrentados pelo setor de atividade. (Klevorick et al., 1995). Nas universidades, varia de acordo com as áreas do conhecimento (Saltin e Martin, 2001), de forma que a contribuição da ciência ao processo inovador é compelida por especificidades setoriais. Da caracterização

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pioneira de Pavitt (1984) aos setores baseados na ciência (sciencebased), que seriam aqueles nos quais as inovações estariam diretamente relacionadas aos avanços no conhecimento científico, acrescentam-se trabalhos posteriores, baseados em metodologias distintas, e voltados para a identificação da interação entre as descobertas científicas e o avanço tecnológico nas firmas.

Além das especificidades setoriais, a intensidade da interação universidade-empresa é compelida por outros fatores, como os referentes ao setor industrial (tamanho da firma e características do desenvolvimento de novos produtos), ao setor de pesquisa público (políticas, disponibilidade de expertise, papel do mesmo como usuário), à tecnologia (características gerais, estágio de desenvolvimento, dinamismo da área), à firma (existência de base de conhecimento, propensão à interação ). (Faulkner e Senker, 1994). Estes fatores, além de influenciar a intensidade das interações universidade-indústria, conferem à mesma um caráter fortemente path dependency, que enfrenta problemas de adoção de novos paradigmas tecnológicos e trajetórias tecnológicas de forma suficientemente rápida. (Meyer- Kramer e Schmoch, 1998, p. 845).

Dentre os problemas recorrentes em termos das relações de cooperação entre universidades e empresas nos países em desenvolvimento destacam-se a ausência de mecanismos eficazes na definição dos direitos de propriedade, dificuldades de comunicação, burocracia, inadequação do pessoal de pesquisa, financiamento adequado, fatores socioculturais e diferenças de cultura da universidade e indústria em termos de atividades de P&D relacionados ao curto versus longo prazo. (Jasinski, 1997; Oyebisi et al., 1996). Em relação às diferenças culturais, salienta-se a distinta trajetória de institucionalização da atividade científica e dos cientistas nos países em desenvolvimento, que na ausência de padrões endógenos de legitimação buscaram a afirmação como comunidade em circuitos internacionais (Sutz, 2000), alienando-se dos problemas sociais e tecnológicos do País. (Velho, 1996).

Na perspectiva do Brasil os problemas identificados em estudos de casos, que refletem as ineficiências e fragilidades das interações recentes entre universidades e empresas no País, estão: o baixo conteúdo científico e curto prazo requerido para as soluções industriais que não estimulam os contratantes a investir em ciência e tecnologia (Castro e Balán, 1994, apud Brisolla et al., 1997); a ausência de interlocutores adequados nas firmas dificultando a comunicação (Brisolla et al., 1997); setor produtivo pouco inovador (Melo,1999); ausência de instrumentos adequados nas universidades para a comercialização de tecnologia (Hemais et al., 2000); e a pouca flexibilidade das instituições de ciência e tecnologia (Salomão, 1999).

5 Metodologia

Para entender de forma clara a proposta do programa inova talentos será descrito um breve histórico do Instituto Euvaldo Lodi proponente desta iniciativa e todas as etapas previstas dentro do programa.

O IEL – Instituto Euvaldo Lodi é uma entidade vinculada à CNI – Confederação Nacional da Indústria. Com 101 unidades, atuando em 26 estados e no Distrito Federal, o IEL oferece aperfeiçoamento em gestão, capacitação empresarial, estágio, consultorias para empresas de todos os portes, além, de promover a interação entre a indústria e os centros de conhecimento.

A interação entre Universidade e Indústria para troca de experiências e conhecimento tem sido um dos grandes desafios para a comunidade empresarial. Ações de aproximação entre estes elos podem geram inovações, avanços e promover maior produtividade e competitividade. Desta forma, para atender a estas expectativas de interação entre a Universidade e a Indústria, o IEL Paraná foi criado em 1969, como uma entidade ligada à

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Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) que atua na aliança entre o conhecimento e a produção. Desta forma, procura contribuir para ampliar a competitividade e a sustentabilidade das indústrias, promovendo a difusão e a transferência de conhecimento, especialmente das novas tecnologias e modelos de gestão. Agindo como um catalisador das competências existentes em ambas as áreas, procura promover o desenvolvimento socioeconômico sustentado do Paraná.

Com o objetivo de se aprimorar na área de educação e capacitação de profissionais para a indústria paranaense e desenvolver pesquisas aplicadas para todos os setores da indústria, em 2010 a Faculdade Metropolitana de Curitiba – FAMEC, atual Faculdade da Indústria, foi integrada ao Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, e atualmente é mantida pelo IEL/PR.

A Faculdade da Indústria do IEL/PR também conta com a Escola de Negócios, que promove cursos e capacitações nas temáticas de gestão empresarial. Em 2014 a Escola de Negócios capacitou 1646 gestores e 54 industrias por meio de 19 cursos de curta duração, 6 de média duração e 9 pós graduações, além de estabelecer diversas parcerias nacionais e internacionais. Dentre estas parcerias destaca-se o convênio firmado com a School of International Business and Entrepreneurship (SIBE) of the Steinbeis University Berlin, sediada na Alemanha, que atua de forma próxima com as indústrias locais e detém um modelo de relacionamento e de atendimento com alto valor agregado que vem sendo compartilhado com o IEL/PR.

Com base nesta trajetória o IEL Núcleo Central – IEL/NC, em 2013 lançou o Programa Inova Talentos uma parceria do IEL com o CNPq em todo o âmbito nacional, a proposta é abrir as portas de inúmeras empresas para profissionais qualificados que buscam a oportunidade de mostrar o seu conhecimento para inovar. O objetivo do programa é ampliar o quadro de profissionais qualificados em atividades de inovação no setor brasileiro. Uma oportunidade imperdível para talentos que desejam: Participar do desenvolvimento de projetos de inovação nas empresas e institutos de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação; Vivenciar experiência profissional em empresas, possibilitando melhor atuação e empregabilidade.

O programa se destina a estudantes em último ano de graduação, graduados e mestres com até 3 (três) anos de conclusão da graduação, de todas as áreas de conhecimento. Os benefícios para os candidados são: iniciar sua carreira em empresa estruturada que valorize o capital humano; ser capacitado em competências comportamentais, gerenciais e técnicas para a execução de projetos de inovação no ambiente empresarial; realizar trabalhos monitorados por tutores e técnicos do IEL, experientes em coaching; participar do programa de bolsas de fomento tecnológico e extensão inovadora e concorrer à missão internacional em centro de referência mundial em inovação.

O Inova Talentos é um programa que visa ampliar o número de profissionais qualificados em atividades de inovação no setor empresarial brasileiro. Estimular a indústria brasileira a manter-se competitiva, diversificada e inovadora é o caminho para o desenvolvimento sustentado do país. O Programa Inova Talentos foi idealizado sobre esses conceitos, com o objetivo de incentivar a criação de projetos de inovação nas empresas e institutos privados de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A ideia é simples: selecionar, capacitar e inserir no mercado profissional para exercer atividades de inovação.

Para participar, as empresas devem apresentar um projeto de inovação no qual o profissional selecionado terá uma contribuição relevante. O IEL realizará um processo estruturado de assessoria aos participantes que terão a oportunidade de vivenciar o ambiente empresarial, e receberão capacitações que visam o desenvolvimento de competências comportamentais, gerenciais e técnicas.

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O Inova Talentos conta com a parceria do CNPq, que disponibilizará bolsas aos melhores projetos de inovação apresentados. O custo para a empresa participar é de R$ 20 mil para um período de 12 meses para a realização do projeto, este valor é para pagar todas as ações do programa como acompanhamento e treinamento do tutor e do bolsista. As bolsas são pagas pelo CNPq, sendo o valor de R$1.500,00 para graduando, R$ 2.500,00 para graduado e R$ 3.000 para mestre. O número de projetos que cada empresa pode submeter é ilimitado e fica a critério do CNPq avaliar quais atendem as expectativas do programa.

O programa visa potencializar o processo de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) nas empresas. Os participantes terão oportunidade de vivenciar a implementação e o desenvolvimento de projetos de inovação e, por meio de capacitações para o desenvolvimento de competências, poderão explorar todo seu potencial gerencial e técnico.

O programa tem como objetivo qualificar profissionais especializados na área de PD&I para a execução de projetos de inovação no ambiente empresarial, proporcionar aos profissionais, vivência empresarial para uma melhor atuação profissional no mercado, contribuir com o aumento da atividade inovadora nas empresas e desenvolver projetos inovadores nas empresas e institutos privados de PD&I. Além de estabelecer a ponte e a interação da Universidade com as Indústrias, aproximando a teoria da prática e aproveitando os conceitos atuais trabalhados dentro do mundo acadêmico o programa pode ser uma possibilidade das industrias se reciclarem e expandirem seus conhecimentos e possibilidades de inovação. As etapas do programa estão descritas abaixo:

a) Mobilização e Adesão: As empresas e institutos de PD&I privados serão informados sobre o programa, seus benefícios e convidados a participar;

b) Elaboração e Submissão: As empresas e institutos de PD&I privados interessados em participar deverão contatar o Núcleo Regional do IEL para obter login e senha do Formulário online para submeterem seus projetos de inovação;

c) Análise e divulgação de resultados: Os projetos de inovação serão avaliados por uma comissão nacional composta por membros do CNPq e especialistas ad hoc na temática inovação;

d) Recrutamento e Seleção: Os candidatos interessados em participar do Inova Talentos deverão acessar o portal do programa para se inscreverem nos desafios dos projetos de inovação aprovados na chamada CNPq/IEL e participar das etapas da seleção;

e) Integração e Capacitação de Tutores: Os tutores do inova talentos além de estabelecer networking com outras empresas participantes, serão capacitados para melhor condução do processo de orientação profissional e inovação dos talentos;

f) Integração: Os profissionais participantes serão integrados em uma rede voltada à inovação – Networking;

g) Trabalho do Projeto de PD&I: Os tutores e profissionais validarão as entregas do Plano de Trabalho com a assessoria técnica do IEL;

h) Capacitação: Ao longo do desenvolvimento dos planos de trabalho junto às empresas, os profissionais serão capacitados em competências comportamentais, gerenciais e técnicas para a realidade empresarial e aplicarão esse conhecimento adquirindo no dia a dia da empresa;

i) Acompanhamento do plano de trabalho: Os planos de trabalho e as suas respectivas entregas serão monitorados periodicamente pelos profissionais do IEL;

j) Reconhecimento e Premiação: Ao final, os profissionais e tutores que alcançarem os melhores desempenhos serão premiados.

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6 Resultados

Na primeira edição do Programa Inova Talentos do IEL/PR realizado no ano de 2014/2015, foram submetidos para avaliação do CNPq 26 projetos, sendo que 23 projetos foram efetivamente aprovados e 19 executados. Cada projeto pode contemplar mais de um bolsista para sua realização desta forma, participaram 26 bolsistas que estavam responsáveis em dar andamento aos projetos de inovação. Para classificar as empresas participantes foi utilizada a classificação do SEBRAE para definir o porte de cada empresa, que define como micro empresa indústrias com até 19 empregados, indústria de pequeno porte de 20 a 99 empregados, indústria de médio porte de 100 a 499 empregados e indústria de grande porte com mais de 499 empregados.

Com este critério participaram da 1ª Edição do Programa Inova Talentos 19 projetos, sendo que 17 projetos foram propostos por grandes empresas, 1 por uma empresa de médio porte e 1 por uma microempresa. O que aponta que 90% dos projetos submetidos são provenientes de grandes empresas.

Entre os segmentos participantes a maioria dos projetos são do segmento automotivo que é um dos segmentos mais representativos no estado do Paraná. Desta forma 11 projetos foram do segmento automotivo e os segmentos de implantes dentários, os institutos de pesquisa e a tecnologia de informação e comunicação tiverem 2 projetos submetidos conforme visualiza-se na figura 03:

Figura 03: Segmentos participantes da 1ª Edição do Programa Inova talentos

Fonte: Os autores, 2015

Referente aos tipos de inovação propostos nos projetos destaca-se a inovação de produto com 13 projetos atuando nesta perspectiva, muito comum em função da atuação da indústria, no entanto as inovações de processo também merecem destaque sendo trabalhadas em 4 projetos, conforme demonstra a figura 04.

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Figura 04: Tipos de Inovação presentes na 1ª Edição do Programa Inova Talentos

Fonte: Os autores, 2015

Quanto a formação dos bolsistas participantes percebe-se que a grande maioria são provenientes dos cursos de engenharia, sendo as engenharias elétrica e mecânica as mais procuradas para os projetos de inovação, conforme demonstra na figura 05:

Figura 05: Formação dos Bolsistas Participantes da 1ª Edição do Programa Inova Talentos

Fonte: Os autores, 2015

Em vista a continuidade do programa e também para estimular e promover a inovação muitas industrias efetivaram seus bolsistas e absorveram eles para o seu corpo técnico, foram 9 bolsistas efetivados para dar continuidade aos trabalhos, cerca de 35% de efetivação, o que comprova a relevância da interação entre a Universidade e a Indústria.

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7 Conclusões

A inovação é uma questão de sobrevivência para as empresas, desta forma a aproximação da Universidade da Indústria pode ser um caminho para o aumento da competitividade, uma vez que este elo fortalece a aproximação do conhecimento atualizado e com futuros profissionais que podem vivenciar a realidade empresarial, o mundo corporativo que as indústrias estão inseridas.

A inovação é realizada por meio de pessoas, sendo assim profissionais bem preparados podem promover o diferencial necessário e por muitas vezes tão buscado pelas indústrias. Ações como o Programa Inova Talentos são pontes importantes na aproximação da teoria e da prática e para o avanço da inovação dentro das indústrias.

No entanto ao observar os resultados da 1ª Edição do Programa Inova Talentos, percebe-se que a maioria dos projetos são submetidos por grandes empresas, que percebem e reconhecem a necessidade de inovar. As empresas de micro, pequeno e médio porte precisam começar a despertar para estas oportunidades por meio de programas de incentivo a inovação para impulsionarem e internalizarem a inovação em seus negócios.

O segmento que mais demandou projetos nesta edição do programa foi o automotivo, que é um setor muito representativo no Estado do Paraná e que sabe da necessidade da inovação para se manter competitivo no mercado. Também observou-se que todos os projetos trabalharam com inovação incremental, pois a inovação radical exige um maior esforço e muitas vezes um sigilo que neste tipo de iniciativa não se pode garantir integralmente. O tipo de inovação proposta e trabalhada dentro dos projetos com maior frequência é o de inovação em produto, seguida da inovação em processo o que reflete a realidade do ambiente industrial.

A formação dos profissionais para desenvolver e aplicar os projetos de inovação ainda permanecem os engenheiros em sua maioria, o que é típico do ambiente industrial, no entanto profissionais com outras habilidades e formações podem ser uteis e complementares neste processo de inovação.

O ciclo desta primeira edição do Programa Inova Talentos encerra-se até julho deste ano, e novas edições já estão em andamento. A expectativa é que as indústrias aproveitem esta oportunidade de inserir e fortalecer a cultura da inovação dentro de suas organizações e que os bolsistas que atuaram dentro dos projetos possam potencializar suas carreiras com as vivências e experiências adquiridas. A verdade é que neste programa todos ganham, todos provam, experimentam a inovação e agora tem o desafio de dar continuidade a cultura da inovação e ao ambiente criado propício para inovar em novos ciclos e em seus negócios.

8 Referências Bibliográficas

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