Intervenção na estação ferroviária de São Carlos - SP Trabalho de Graduação Integrado II -...

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02. Introdução 05. História – A cidade de São Carlos antes da Ferrovia 08. A ferrovia e a paisagem 14. A memória 16. São Carlos atual 19. A área de intervenção 26. Patrimônio Histórico 30. Espaço Público 33. Paisagem 37. Arte e arquitetura: pensando o projeto 40. A intervenção 1

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Trabalho de Graduação Integrado II - TGI II - Intervenção na estação ferroviária de São Carlos - SP - IAU-USP. Renato Toshio Nishimura. Intervenção em áreas urbanas. Arquitetura e Urbanismo. Cidades médias.

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02. Introdução05. História – A cidade de São Carlos antes da Ferrovia

08. A ferrovia e a paisagem14. A memória

16. São Carlos atual19. A área de intervenção

26. Patrimônio Histórico30. Espaço Público

33. Paisagem37. Arte e arquitetura: pensando o projeto

40. A intervenção75. Referências

83. Anexo. Fotografias

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INTERVENÇÃO NA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SÃO CARLOS

INTRODUÇÃOA produção do café foi responsável pelo surgimento da maioria dos municípios paulistas e foi essa atividade econômica que determinou a conformação espacial apresentada por muitas das cidades do interior do Estado de São Paulo. A construção da ferrovia, que servira como infraestrutura para a ampliação da produção do café, deu condições para o desencadeamento do processo de industrialização, ainda presente na cidade. Após 150 anos de fundação de São Carlos, a paisagem da área central e de determinadas ruas da cidade nos apresenta claramente distintos tempos que, de certo modo, representam agentes da cidade que por razões e meios diversos, definiram os espaços da cidade. As edificações dos períodos cafeeiro e industrial, assim como as áreas livres constituídas nesses períodos, conformam a cidade de hoje que passa por um processo de adequação de usos e das necessidades atuais às pré-existências. O caso da antiga estação ferroviária de São Carlos, que passa por um processo de

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Estação ferroviária em 1908

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requalificação tendo como diretrizes a preservação do patrimônio histórico e o acesso à cultura, demonstra uma política urbana que visa promover atividades no centro da cidade, garantindo amplo acesso à cultura e a serviços públicos. Como a arquitetura, através do manejo do espaço, pensa estas transformações, negando-as ou afirmando-as?

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Estação ferroviária, 2007

Estação ferroviária – antiga área de embarque, 2007

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O início do trabalho passou pelo questionamento de qual o método, para a elaboração de uma leitura, que fornecesse um panorama adequado para embasar uma intervenção em escala urbana; mais especificamente, que permitisse atuar em uma área que possui como característica marcante ser provida de intensa presença do passado, hoje em transformação.

Distinguir história e memória foi o primeiro passo: a história tem como característica prover um panorama amplo, com certo grau de generalização, das condições que levaram a conformação espacial da cidade. De acordo com o dicionário Aurélio, história é “a narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade, em geral”. Os “fatos notáveis”, de grande importância para a compreensão de nossa sociedade, ocultam ou omitem outros fatos, que eventualmente são tão ou mais importantes para determinados grupos sociais. Aqui surge a noção de memória, entendida como plural e aberta, diversa em seus suportes e em suas percepções. Portanto, a história é aqui abordada para o entendimento da sociedade e de suas bases produtivas do período cafeeiro e industrial e que acabaram por configurar os espaços urbanos de São Carlos. Memória é entendida como algo vivo, que pode trazer para o presente distintas percepções do passado, revelando assim aspectos outros, nem sempre tratados pela história.

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HISTÓRIA - A CIDADE DE SÃO CARLOS ANTES DA FERROVIA

A descoberta das minas de Cuiabá (1718) levou à abertura de novos caminhos em direção ao interior. Um deles, que atravessava a região em que hoje se localiza São Carlos, acabou sendo incorporado ao traçado urbano da cidade. “O Picadão de Cuiabá, como ficou conhecido, acabou por ter parte de seu trajeto definitivamente incorporado ao traçado urbano da nova cidade e foi utilizado, ainda durante a Guerra do Paraguai (1864), para o transporte de tropas e cargas.Foram três as sesmarias que conformaram a área total do município: a Sesmaria do Quilombo, a do Monjolinho e a do Pinhal, que tiveram suas populações aumentadas após a decadência do ciclo do ouro de Minas. Os mineiros buscavam terras para a produção de cereais, criação de gado e plantio de cana-de-açúcar , que predominavam antes do ciclo produtivo do café. Assim, o contingente populacional inicial da região era composto predominantemente por paulistas, mineiros e negros escravos, sendo que uma parcela importante para a composição populacional, o imigrante, chegou no final do século XIX.

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Devido a condições favoráveis de mercado, as fazendas passaram a produzir o café. O produto chegou a São Carlos por volta de 1840, por iniciativa de Carlos José Botelho, quando foram plantadas as primeiras mudas na Fazenda do Pinhal. Essas iniciaram o ciclo cafeeiro, tornando a produção do café a principal atividade econômica, superando as outras atividades, que predominou em quase toda a região paulista e que foi responsável pelo surgimento da maioria dos municípios desse período. “Em 1930, dos 243 municípios existentes no Estado, 214 haviam sido fundados sob o regime da economia do café, entre os anos de 1824 e 1929” (Bortolucci, 1991:43). A atividade privilegiou os donos de terras, mantendo a situação do poder político e econômico, e tornando-os principais agentes da futura cidade. São Carlos, portanto, surgiu sob a influência e o desejo dos fazendeiros do café que possibilitaram o desenvolvimento econômico da região, assegurando base sócio-econômica para o surgimento e o crescimento do núcleo urbano. Em 1857 São Carlos já era distrito, elevado à freguesia em 1858, tornando-se vila em 1965 e em 1880 em cidade.

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A Avenida São Carlos em 1895

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A malha quadriculada se iniciou da gleba doada ao norte da Sesmaria do Pinhal e nela foi construída a capela (1856) – atual matriz da cidade – e algumas quadras, sete até o ano de 1858. Durante o processo de crescimento da cidade, enquanto a classe dominante ocupava as proximidades da Matriz, grupos de ex-escravos, por exemplo, se instalavam onde hoje é a Vila Isabel, mais ao sul da cidade. A rua General Osório teve ocupação predominante de comércio popular, onde eram encontrados artigos de consumo exigidos na época. Desde o início do núcleo urbano a atual Avenida São Carlos teve posição de destaque em relação às demais ruas, tanto em sua conformação – mais larga que as demais – quanto em relação às atividades nela existentes. Ao longo dessa avenida surgiram

praças em intervalos aproximadamente regulares, como o Jardim Público – pátio da Matriz, os jardins do Mercado, o largo de Santa Cruz (que teve sua capela demolida em 1874), largo municipal (atual praça Coronel Salles) e o largo de São Sebastião, que deu lugar ao prédio da Escola Normal (hoje Instituto de Educação Dr. Álvaro Guião) inaugurado no ano de 1916.

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A Avenida São Carlos em 1938

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A FERROVIA E A PAISAGEMA atividade mineradora deu lugar a produção cafeeira, que acabou por utilizar a mão-de-obra escrava e os meios de transporte então existentes. A rede de caminhos foi aproveitada e ampliada diante da necessidade de se alcançar o litoral e adentrar ao interior para se iniciar outras áreas de cultivo e aumentar a velocidade de escoamento da produção do café. Diante da intenção de se aumentar a produção e atender as demandas surgiu a construção da ferrovia: “Uma rede viária regional armada especificamente como dispositivo de transporte destinado a atender com exclusivismo, ao esquema colonial de economia (...)” (Saia p.51). A rede ferroviária passou a ser implantada rapidamente pela região produtora de café e algumas vezes chegando a áreas sem exploração, demonstrando seu caráter de ampliação de áreas de cultivo. A primeira linha implantada foi a de Santos a São Paulo e Jundiaí (1867) ligando o porto ao planalto. Em 1876 foi inaugurado o trecho Jundiaí – Campinas. Em 1884 a ferrovia foi implantada em São Carlos, estabelecendo um traçado que atendia aos fazendeiros da região. O processo de estabelecimento da ferrovia não foi tranqüilo: conflitos políticos deram o tom da disputa entre os investidores em busca da melhor locação da linha em relação aos seus interesses econômicos e políticos:“No entanto, não resta dúvida de que o maior de seus empreendimentos (de Antônio Carlos de Arruda Botelho, considerado o fundador da cidade) foi a construção da estrada de ferro no trecho Rio Claro - Araraquara e Jaú, feito que deve lhe ter valido

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muito prestígio econômico e político numa vasta região, pois a ferrovia rentabilizava enormemente os investimentos na lavoura” (Truzzi, 2000: 83)A ferrovia deu condições para o aumento da população, necessário para os cafeicultores e intensificado por uma política de estímulo à imigração, dado também pelas empresas ferroviárias, que forneceram passagens gratuitas desde 1882 aos imigrantes, deslocando-os para as áreas de produção. Em 1886 um oitavo da população total era de imigrantes (16.104 total de habitantes e 2.051 imigrantes – italianos, portugueses e alemães). O transporte ferroviário impulsionou o crescimento da economia cafeeira e da própria vida urbana. Os imigrantes instalados na cidade iam ocupando áreas mais ao sul, desde o mercado até as imediações da Estação Ferroviária. A estação passou a ser o meio de comunicação por onde chegavam as notícias da Europa e do país, e com ela, foi facilitado a importação de materiais e equipamentos de toda a ordem, modificando costumes e também a paisagem das cidades, com novas construções, técnicas e estilos. A substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado provocou uma mudança significativa nas estruturas sociais, modificando as atividades presentes na cidade: a população assalariada passou a ser consumidora de atividades e de produtos urbanos. Atividades como carpintaria, sapateiros, açougueiros entre outras aumentaram gradativamente a complexidade das relações urbanas.

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Antes da crise de 1929 que prejudicaria toda a economia cafeeira, em São Carlos a cultura do café já apresentava sinais de decadência. Era urgente a substituição da atividade agrícola por atividades que tivesse por base uma outra estrutura. Os caminhos naturais seguidos foram o da industrialização e a pecuária, atividades adequadas para a região. Alguns produtores de café foram se desfazendo de suas propriedades - o que facilitou, de certo modo, a aquisição de terras por imigrantes – e foram buscar novas terras para continuar a produção. Também foram os

imigrantes que assumiram os papéis de liderança nas atividades industriais. Na primeira fase da industrialização de São Carlos as indústrias produziam bens de consumo ou produtos ligados à cafeicultura: máquinas para o beneficiamento e tecidos para sacas de café, peneiras, rastelos, etc. Esta fase permaneceu até a crise do café, quando indústrias fecharam, demandando assim um posicionamento político da cidade. Em 1938 a Prefeitura Municipal de São Carlos concedeu isenção de impostos às indústrias, iniciando uma nova fase do setor. As atividades desta nova fase orientaram-se para as áreas de mecânica, metalúrgica,

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Greve dos ferroviários em 1930

Fábrica de peneiras, em funcionamento, 2007

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material elétrico e de comunicações, têxtil e alimentar. Estas indústrias não produziam visando o mercado local ou regional, mas sim passaram a fazer parte da expansão da indústria paulista como um todo, descentralizando a produção antes concentrada na capital e sendo estimuladas pelas condições de mão-de-obra, energia e transporte. Estas se localizaram no entorno da linha férrea, muitas vezes com ramais próprios, e algumas delas ainda estão presentes.

A ferrovia, implantada a sudoeste do núcleo urbano inicial, atraiu o desenvolvimento de atividades industriais para as proximidades da Estação e com isso a vinda da classe trabalhadora assalariada, operários e ferroviários. Assim surgiram os bairros operários do outro lado da linha férrea. A vila Prado foi o primeiro deles. Aberto em 1893 com ruas e quadras

ortogonais, entretanto orientado não pelos pontos cardeais, mas sim pela direção dos trilhos. O mesmo ocorreu com a Vila Isabel, não orientada pela a Avenida São Carlos mas sim pelo caminho que dava acesso a Rio Claro. A Vila Isabel se formou inicialmente pela vinda de ex-escravos para tentar a vida na cidade; posteriormente se caracterizou por uma população nitidamente operária.O transporte coletivo, que indicava nitidamente a ida e vinda às fábricas, centro-bairro, mostrava que a maioria da população se concentrava nos bairros da

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Vila Prado, em 1957

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periferia, fato confirmado pelo recenseamento de 1940. Os bondes elétricos, desde sua instalação (1914) até a década de 30, fizeram com que o adensamento predominante acontecesse nas ruas pelo qual este passava. A partir da década de 40 iniciou-se o processo de implantação de bairros ao redor de chácaras que acabaram por conformar espaços vazios, resultado da espera de valorização imobiliária. A partir da década de 60 temos de modo mais acentuado um processo de periferização da cidade sendo que os bairros extrapolaram barreiras como a rodovia.A área comercial da cidade foi desde o início localizada nas proximidades da Estação Ferroviária e na Avenida São Carlos, sendo que, da praça da Estação até o Mercado é predominante o comércio diversificado e popular, enquanto na avenida São Carlos segue-se o comércio que atende a população de maior poder aquisitivo.

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O bonde elétrico e seu trajeto, que passava pela Avenida São Carlos, 1938

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A MEMÓRIAA memória é definida, segundo Pierre Nora, da seguinte forma: “A memória é a vida, sempre guardada pelos grupos vivos e em seu nome, ela está em evoluções permanente, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todas as utilizações e manipulações, suscetível de longas latências e de súbitas revitalizações. A história é reconstrução sempre problemática e incompleta daquilo que já não é mais. A memória é um fenômeno sempre atual, uma ligação do vivido com o eterno presente; a história é uma representação do passado. Porque ela é afetiva e mágica, a memória se acomoda apenas nos detalhes que a conformam; ela nutre de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a toda a transferência, censura ou projeção. A história porque operação intelectual e laicizante, exige a análise e o discurso crítico...A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem e no objeto. A história não se liga a não ser em continuidades temporais, nas evoluções e relações de coisas. (Nora, citado por Edgar Salvadori Decca). A amplitude dada por Pierre Nora no conceito de memória, descrevendo sua dinâmica e seu caráter temporal, impede que se pense uma intervenção determinista, ou seja, que narre o passado de modo

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Árvore – rua Bento Carlos, trecho entre Av.São Carlos e Praça Antônio PradoVagão – estação ferroviária de São Carlos

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linear e do ponto de vista do indivíduo. Impede também que se pense apenas na afirmação e na consolidação da história institucionalizada, negando assim a possibilidade da manifestação da memória. Comentando o cartaz do Congresso Internacional Patrimônio Histórico e Cidadania que apresenta a imagem de uma tomografia, Marilena Chauí afirma que “a tomografia do cérebro mostra que a memória é um fato biológico, anatômico, fisiológico, que todos somos memoriosos e memorialistas, mas o título do congresso lembra que, numa sociedade que exclui, domina, oprime, oculta os conflitos e as diferenças sob ideologias da identidade, é um valor, um direito a conquistar” (Chauí, 1992:40). Busca-se a pluralidade, deixa-se a proposta aberta a diversas percepções, inclusive as relacionadas ao passado – este “notável” ou não. Permitir que a pluralidade de percepções e dar espaço a interpretações, independente do suporte sob os quais se mantêm. A memória não está necessariamente presente nos edifícios considerados patrimônio, por isso algumas práticas de preservação podem levar a resultados que transformam a memória, intencionalmente ou não.

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SÃO CARLOS ATUALAté a década de 40 o traçado urbano seguiu predominantemente a orientação norte-sul e leste-oeste sem deixar muitos vazios em sua composição. Esta ocupação não foi mantida nas décadas seguintes: a mancha urbana se aproximou ao seu dobro constituindo áreas que até hoje não foram ocupadas totalmente. O bairro Cidade Aracy, da década de 80, foi um exemplo claro de crescimento que seguiu as lógicas de mercado. Na década de 90 temos a ampliação para o norte da cidade, dado por condomínios fechados.A cidade tem como predominância o uso misto do solo. A área central possui concentração de comércio e serviços, também presente em alguns eixos da malha urbana. As industrias estão atualmente dispersas pela malha, com concentração nas áreas sul e sudeste onde existem os Distritos Industriais.A área de interesse histórico, segundo o plano diretor, abrange o centro da cidade e as edificações que acompanham a Avenida São Carlos. A área do entorno da estação ferroviária está inserida neste conjunto. O município busca atualmente, através das ferramentas dadas e pelas diretrizes do plano diretor da cidade, adensar o centro e expandir a cidade para o norte e noroeste - dado o expressivo número de imóveis não utilizados na área central e devido às áreas impróprias para a urbanização dado à qualidade do solo e às reservas de áreas de proteção permanente localizados ao sul.

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Atualmente, com a população estimada em 212.956 habitantes (IBGE, 14.11.2007), nota-se o surgimento de novas centralidades, como na Vila Nery próximo ao antigo Balão do Bonde e na Vila Prado, nos arredores da igreja Santo Antônio nas avenidas Sallun e Dr. Teixeira de Barros. O uso misto do solo, com a presença expressiva de comércio, indústria e prestação de serviços, especialmente na área de intervenção demonstram a manutenção das características do entorno: os dados de 2000 do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que é o setor industrial que se destaca como maior gerador de empregos formais, responsável por 41% das vagas. Mesmo apresentando uma tendência decrescente esse setor ainda é o que contribui de forma mais significativa para o município.

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A esquerda, uma têxtil, hoje desativada. A direita a fábrica de lápis, Faber Castell

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São Carlos limita-se ao norte com os municípios de Rincão, Luís Antônio e Santa Lúcia; ao Sul com Ribeirão Bonito, Brotas e Itirapina; a Oeste com Ibaté, Araraquara e Américo Brasiliense e a Leste com Descalvado e Analândia.

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A cidade e o Estado de São Paulo

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A ÁREA DE INTERVENÇÃOA área de intervenção compreende uma gleba de aproximadamente 9 hectares e está inserida no centro da cidade, englobando a Estação Ferroviária e uma faixa contígua à edificação. Sua presença e importância para o estabelecimento e consolidação da cidade é inegável, pois foi propulsora da economia cafeeira e parte essencial para a conformação da paisagem que se apresenta hoje em dia. O trem, atualmente em atividade, é um elemento constituinte da área, já que passa em média seis vezes por dia por São Carlos.Em seu entorno se localizam, além de uma escola técnica – o Senai – e uma escola estadual, duas áreas com predominância de comércio e serviços: o centro da cidade e a Avenida Doutor Teixeira de Barros que se caracterizam também como centralidades, ou seja, pontos focais de concentração de atividades e de fluxos de toda ordem: pessoas, transportes, informação, etc. A presença das indústrias é marcante: a Faber Castell – produtora de lápis - e uma têxtil hoje desativada, que margeiam a área, intensificando a barreira

18Malha da atual cidade e a localização da área de intervenção

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colocada pela linha férrea. A ausência das antigas fábricas evidencia o horizonte: no mesmo nível da linha férrea percebe-se o vazio deixado pelas edificações que estavam ligadas à linha com seus ramais próprios e que foram demolidas ao longo dos anos. O uso misto do Bairro Vila Prado inclui um número considerável de habitações, que caracterizam o modo de uso e apropriação das ruas locais.As edificações que compõem a área da Estação Ferroviária hoje abrigam usos distintos: a Estação Cultura – que oferece à cidade atividades e serviços de cunho cultural; o galpão – atualmente utilizado como depósito, e que, futuramente será requalificado como centro cultural, além de pequenas edificações para o uso dos ferroviários e de duas edificações abandonadas. Atualmente o plano diretor da cidade demonstra o interesse do poder público em utilizar a área, já provida de infra-estrutura, para programas habitacionais de interesse social, ao mesmo tempo em que se busca certo grau de preservação, tanto das edificações quanto de uso. As ocupações de prédios históricos têm incentivos para que

se insiram atividades de cunho cultural.19

Rua José Bonifácio, antiga têxtil.

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De acordo com o Plano Diretor, a área tem como principais diretrizes prover localidades infra-estruturadas para o uso de habitação popular, adequar as transposições da Rede Ferroviária Federal, adequar o sistema viário urbano nas regiões de morfologia fragmentada e respeitar os usos consolidados. Mais especificamente por exemplo, os casos de ampliação de edificações têm restrição quanto à altura (9m), e os imóveis contidos nessa área poderão ser beneficiados por instrumentos de incentivo a conservação, por meio da aplicação da Transferência do Direito de Construir. A área tem como objetivo, segundo o plano diretor, a promoção e o desenvolvimento de atividades educacionais, culturais e turísticas.A linha férrea, que hoje pertence ao governo federal, foi concedida a uma empresa privada de transporte de carga e logística. A concessão, confirmada no ano de 1998, tem duração de trinta anos e traz consigo melhorias para a malha ferroviária através de sua exploração. Para a cidade, diretamente, traz a possibilidade de seu uso para transporte de passageiros que está garantida no contrato da concessão, em que são reservados horários para este tipo de uso.

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Trailer da ALL, empresa que recebeu a concessão da linha ferroviária

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Existe também a intenção de se retomar o transporte ferroviário de passageiros, segundo indica o jornal Folha de São Paulo (21.10.07): “O BNDES analisou a viabilidade a partir de investimentos privados em trechos com até 200 km de extensão e que tivesse no caminho ao menos uma cidade com mais de 100 mil habitantes” (enviado da Folha). A relação entre as funções atribuídas atualmente para a Estação não entrariam em conflito com o possível transporte de passageiros, segundo Ana Lúcia Cerávolo, presidente da Fundação Pró-Memória: “Nada precisaria sair daqui para retomar o transporte de passageiros, que não atrapalharia o funcionamento dos projetos, nem que fosse à noite. A volta dos trens traria mais vida para a estação e os passageiros teriam opções de cultura enquanto aguardam o trem”. Entre Araraquara e Campinas as cidades que possuiriam suas estações reativadas seriam as das cidades de Araraquara, Ibaté, São Carlos, Itirapina, Rio Claro, Santa Gertrudes, Codeirópolis, Limeira, Americana, Nova Odessa, Sumaré, Hortolândia e Campinas totalizando treze estações.

Os projetos presentes na Estação Ferroviária, hoje denominada Estação Cultura, são: a Fundação Pró-Memória, criada em 1993 através da lei 10.655 de 12/07/93, com a finalidade de reunir, preservar e disponibilizar o conjunto de documentos originários dos poderes executivo, legislativo e judiciário, além de outros, advindos da administração pública de reconhecido valor histórico-cultural. Além dos acervos documentais a fundação tem como objetivo resgatar e preservar o patrimônio artístico e

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arquitetônico do município. (A Fundação atua em pesquisas de interesse regional e local, como escravidão, imigração, história-oral, história dos bairros, desenvolvimento urbano e preservação do patrimônio).O Museu da Cidade iniciou a formação de seu acervo em 1957. O objetivo era unir, conservar, organizar objetos históricos, representativos do desenvolvimento social, político e cultural da cidade. Possui salas de exposição permanente e uma área para as exposições temporárias, localizada na área externa contígua ao edifício. Abriga tanto obras contemporâneas de artistas da cidade e região, como históricas, que têm o intuito de divulgar tendências artísticas e culturais.

Seu acervo é constituído por uma pequena pinacoteca e por objetos, fotos e documentos históricos. O objetivo da Fundação é possibilitar o acesso à cultura pelo maior número de pessoas, através da descentralização da rede

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Exposição montada em outubro de 2007. Simpósio latino americano.cidade e cultura, promovido por iniciativa do Departamento de arquitetura e urbanismo . Universidade de São Paulo

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física de atendimento. A mudança para este local faz parte da política cultural implantada pela atual administração que pretende, à partir de ações integradas e conjugadas, desenvolver um trabalho que valorize os aspectos históricos, artísticos, sociais e culturais tanto em nível local, quanto regional.A política cultural adotada pela prefeitura de São Carlos é semelhante à descrita por Marilena Chauí ao explicar a adotada pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo; segundo ela, a diretriz política se estabelece à partir da prática da Cidadania Cultural, que define a cultura como direito do cidadão e determina esse direito sobre aspectos relacionados à acessibilidade e fruição da criação cultural; como direito de produção das obras culturais e com o direito de participação nas decisões da política cultural. Esta política entende a cultura como invenção coletiva e temporal de práticas, valores, símbolos e idéias. A cultura “não é um dado, mas uma um valor e uma avaliação que os humanos fazem de seu próprio mundo”. (Chauí, 1991:09)

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PATRIMÔNIO HISTÓRICOAtualmente o conceito de patrimônio histórico ultrapassa o valor intrínseco à obra e ao seu valor histórico, pois passa a incorporar a sua relação com o contexto sócio-econômico no qual é inserido. Este conceito insere um caráter mutável ao que chamamos de patrimônio. Sempre que possível as políticas de preservação de modo geral passaram a ser articuladas com planos específicos de desenvolvimento econômico local e regional, além dos objetivos culturais. Em geral, as articulações políticas geralmente são voltadas para atividades turísticas, atividades que querem promover o contato entre o público e os bens preservados. Mas danos de natureza imaterial, com o surgimento de um público ávido por consumir patrimônio e que acabou por ter suas expectativas condicionadas por uma atuação preservacionista direcionada a determinadas imagens e valores simbólicos. Ações como a preferência de obras isoladas da trama urbana para evidenciar as características excepcionais é um exemplo de postura que visa atender a expectativas de um público específico. “Não se pode deixar de mencionar o impacto de tais expectativas do público consumidor de patrimônio no que diz respeito às intervenções físicas a serem realizadas nos centros históricos – desde a conservação e manutenção de bens tombados até as reformas, adequações

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e inserções a serem realizadas no tecido urbano tradicional, que passam a orientar-se por parâmetros inadequados, reforçando-os” (Pinheiro, 2006)A arquitetura, segundo Solá-Morales, também está sujeita ao mesmo processo de exposição que produzirá seu desaparecimento como objeto ligado a situações concretas e significados concretos. Os objetos arquitetônicos, quando inseridos em catálogos de proteção, se modificam: “estos objetos arquitetônicos en nuestro caso, se deben despojar de su valor cotidiano, de cambio, emigrando de los circuitos de lo común hacia un nuevo mercado de valores: el de los objectos elevados a la consideración genérica, universal y abstracta de las ruínas, las obras de arte o los documentos históricos” (Morales, 1998:30-35)“As imagens estereotipadas de um mundo passado, que a criança não pode ter conhecido, são-lhe apresentadas como um outro mundo, da mesma maneira que o mundo futuro e desconhecido é para ela o objeto de uma ficção” (Jeudy,2005:11) Quais são e como preservar os objetos de interesse histórico são questões que, inicialmente, não podem ser respondidas por práticas homogêneas (reprodução). As edificações, geralmente consideradas fatos históricos, ou “fatos notáveis”, como na definição de história, podem ser pensadas à partir de seu contexto, este, visto de maneira mais ampla do que as práticas de articulações usuais, que tem como base princípios turísticos ou econômicos. Contexto que deve levar em conta os usos e apropriações presentes na área e na cidade.

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No caso de São Carlos, esta crítica não aplicável integralmente e pode ser relativizado: a intenção de se estabelecer uma área de caráter cultural no centro, que seguem os parâmetros da indústria da cultura, é presente em alguns discursos dentro dos representantes do poder público; porém, os espaços existentes e as práticas exercidas sobre ele acabam por caracteriza-lo como uma área entre duas posturas: a do mercado de valores e a do uso público.

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Logotipo da Estação CulturaEncerramento das atividades do programa “Ciranda Cultural”, promovido pela Prefeitura Municipal

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ESPAÇO PÚBLICOClassicamente, o espaço público significa um espaço que é de livre acesso físico, intelectual e psíquico, fundamentalmente associado a um espaço de inclusão, um suporte geral de pessoas e atividades que, pertencendo à sociedade em seu conjunto, não pode ser apropriado individualmente.“La noción de espacio público corresponde a la tradición greco-latina de la cuidad. Público es un adjetivo de raíz latina que tiene que ver con la concepción de la respública, la cosa pública, lo relacionado con el populus, la comunidad articulada de los ciudadanos a través de la ley y de la ciudad.

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Pensar y proyectar el espacio publico, presupone la existencia de in colectivo que comparte identidad y dignidad en sus derechos y deberes” (Morales, 2002:153)

Segundo David Sperling a esfera do público, em sua raiz, não seria o espaço de materialização ou satisfação das necessidades: a manutenção da vida em todas as suas esferas, o trabalho, a circulação, as trocas mercantis, mas o espaço da relação dos homens entre seus iguais, os cidadãos. Se a esfera da necessidade não habita o espaço público, pois sua realização era efetivada no âmbito dos espaços privados, a introdução ao espaço público se faria necessariamente pela negação do que é particular, individualizado. Destituído de qualquer impedimento, o espaço público seria o lugar da construção da cidade que se faz pela ação e pelo discurso. Uma construção que se faz pela co-presença de elementos diversos na igualdade; os cidadãos livres de suas

necessidades cotidianas trariam para o espaço público sua diversidade que através da ação e do discurso – uma representação, e como toda representação, uma construção – construiria a polis. (Sperling Artigo no site Vitruvius)

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Pensando na pluralidade da memória de Pierre Nora, esta é potencializada através da qualificação da área como espaço público, tendo como conceito a noção clássica de espaço público descrito anteriormente. O direito à memória pode ser garantido através da manutenção de edifícios de valor histórico, mas também através da garantia de acesso livre a estes e à sua área não edificada.

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PAISAGEM“A ferrovia – também, aliás, construída pelos fazendeiros – foi talvez o elemento que encarnou com mais propriedade esta marca da civilização. Além de ela constituir propriamente sua via de acesso, sua artificialidade e energia discrepavam bruscamente das paisagens interioranas, estimulando desde há muito tempo a curiosidade e a vaidade de toda a população” (Truzzi, 2000:95)Paisagem é aqui entendida como um espaço de terreno que se abrange em um lance de vista. O que vemos na área livre adjacente à estação ferroviária é uma paisagem distinta, dada pela ausência de edificações e pela presença de elementos que descrevem claramente a presença do tempo e a ausência da ação, seja ela de iniciativa pública ou privada.

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Nota-se outro grau de atividade dado pela linha férrea e seus subsistemas de manutenção; também nota-se apropriações devido às atividades que ocorrem atualmente na estação, iniciativa da prefeitura municipal. Existe também o contraste entre o novo e o antigo através de estruturas temporárias, instaladas periodicamente, de acordo com uma programação (de atividades que partem de iniciativas diversas) estabelecida pela Fundação. A arquitetura do aço, os vagões abandonados, o trem em atividade e os trilhos dão a clara noção de ritmo e de cheios e vazios. A vegetação, em constante crescimento, transforma a paisagem de modo muito evidente. Esta mudança demonstra, principalmente, o que siginifica este espaço para a cidade e seus agentes.A ausência de cidade constitui visuais compostas por poucos elementos, que

por si só tem potencial de evocar o passado e comentar sobre a cidade do presente.

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Festival Contato, realizado por cursos da Universidade Federal de São Carlos

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“Quando há muito o que ver, quando uma imagem é muito cheia, ou quando há muitas imagens, nada se vê. Muito torna-se bem rápido absolutamente nada. Todos vocês sabem disso. Vocês conhecem também o efeito inverso: quando uma imagem é quase vazia, muito despojada, é capaz de fazer surgir tantas coisas que chega a preencher totalmente o observador, transformando o vazio em tudo”. (Wenders,1994:186)

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ARTE E ARQUITETURA – PENSANDO O PROJETOA área passa atualmente por um processo de transformação, como citado anteriormente. O caráter público associado a atividades culturais é interessante para a cidade, efetivando-se através da promoção destas em espaços abertos. Porque não potencializar esta iniciativa? Porque não dar possibilidade de que este processo cresça e se consolide, através de provocações espaciais, possibilidades no atual processo de transformação? Um início, que potencialize a área, inserindo-a de forma mais intensa na cidade? Segundo Luca Galofaro, a arte entendida como ornamento ou decoração nega inevitavelmente a invenção e a reflexão, posto que exclui a participação e a refundação de um novo contexto de onde operar. A arte possui em sua aparente inutilidade um grande valor: conter um pensamento livre. Na escultura a grande ruptura não está na perda do pedestal, mas sim com a evasão das oficinas. Efetivamente no exterior encontra uma nova dimensão espacial. O contexto adquire uma importância estratégica, partindo do pressuposto de que passa a fazer parte do processo. A arte acaba dependendo da paisagem que a rodeia posto que ensina a dialogar com o contexto, como a arquitetura. A escultura transgride os limites do museu enquanto a arquitetura se converte em museu de si mesma.

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João Bobo, Grupo Bijari

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Dialogar com um lugar de modo crítico permite descobrir algumas de suas características. A arte cria um lugar próprio, mas não mediante uma sobreposição, mas sim mediante a uma interferência. Trabalha em contradição com os espaços onde se encontra e precisamente através dessa amplifica suas características principais.As obras de Richard Serra são emblemáticas pois criam mal-estar e geram anti-ambientes que estimulam reações discordantes. Serra afirma: “Não quero reforçar a intenção da arquitetura mas sim mostrá-la de modo distinto”. O dito contexto se torna “reorganizado, reconstruído conceitual e perceptivamente, mas em nenhum caso decorado, narrado e descrito”. “O momento da fruição é importante, posto que situa o observador no presente, estabelecendo uma relação inextricável e necessária entre o observador e o objeto observado, que passa a constituir somente uma entidade” (Galofaro, p.127)

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Obra Tilted Arc, Richard Serra

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Para discutir a intervenção, seja ela arquitetônica, escultórica ou do transeunte, deve se pensar em uma paisagem que não é concebida como um objeto ou um cenário, mas sim como o lugar da ação, um sistema ativo. A paisagem como lugar de ação. O espaço e a paisagem que provocam.

Analogamente à postura de Win Wenders, quando ele comenta o cinema, podemos dizer que a relação entre o observador e o espaço é essencial, assim como ocorre entre o observador e o filme: “Só os filmes que deixam um lugar às brechas entre as imagens contam uma história; esta é a minha convicção. Uma história não brota senão na cabeça do espectador ou ouvinte. Os outros filmes, esses sistemas fechados, apenas pretendem contar uma história. Eles seguem a receita da narração, mas os seus ingredientes não têm gosto algum”. (Wenders, 1994:187)

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Metabiótica – Alexandre Orion

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A INTERVENÇÃO“As obras criadas para um local específico (site-specificity) tratam dos componentes ambientais de espaços determinados. A escala, a dimensão e a localização destas obras são determinadas pela topografia local, seja urbano, paisagem ou recinto arquitetônico. Elas se tornam parte do lugar e reestruturam sua organização tanto em termos conceituais quanto em termos de percepção. Minhas obras nunca decoram, ilustram ou retratam um local...A análise preliminar de um determinado local leva em consideração as características não apenas formais mas também sociais e políticas do mesmo” (Serra, 1990:158)

A estação ferroviária de São Carlos, assim como outros edifícios da área central da cidade, passa hoje por um processo de requalificação. As estação é um caso específico por ser caracterizada, hoje, como uma área de atendimento de grande público, através de programas culturais diversos, seguindo uma política de acessibilidade e de participação estas atividades. Neste sentido, garante-se um uso público, beneficiando à cidade e ao entorno. A edificação não se tornou um “museu de si mesmo”, descreve Luca Galofaro, mesmo que existam alguns indícios e algumas ações desta intenção. Garantiu-se, com este modo de apropriação, elevado grau de acessibilidade, claramente demonstrada pelos modos de apropriação do espaço. Existem nas proximidades da área usos que concentram pessoas e que são evidenciados pelas suas características: a fábrica de lápis, o Senai e as escolas do entorno evidenciam um cotidiano regrado, e que a área, mesmo considerada por muitos somente como

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uma barreira a ser transposta, é presente para muitas pessoas, tanto do entorno quanto da cidade. A memória e a história não parecem, na prática, serem termos que se prejudicam na cidade de São Carlos. Outra característica que acentua o caráter público da edificação é sua localização. Dentro da cidade atual, a estação não é mais limite físico e simbólico, mas sim uma área entre áreas hoje centrais: A Av. Dr. Teixeira de Barros, também chamada de rua larga é hoje, assim como o centro, local onde se concentram atividades e fluxos de toda a ordem: pessoas, transporte, informação, entre outros. Na praça Antônio Prado, em frente à estação, existe grande número de linhas de ônibus e em frente a ela são prestados atendimentos ao transporte público. A praça, antes entrada da cidade, hoje se configura como um espaço de espera e de passagem. O transporte público, oferecido em maior número nos eixos estruturais da cidade, incluindo na área de intervenção, sendo que a estação ferroviária não incorpora este serviço, já que em frente a ela encontramos uma larga faixa pavimentada para automóveis e as áreas de espera de ônibus orientadas predominantemente para o lado oposto a estação; o que era inicialmente uma área predominantemente de pedestres e de veículos lentos, hoje é uma rua de dimensões consideráveis, separando estação, praça e transporte público. A cidade através de seu plano diretor busca intensificar a ocupação do centro e evitar a especulação imobiliária, assim como busca adensar, com certa cautela, a área central. O plano diretor visa a reversão e a inibição de alguns processos urbanos,

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maléficos por gerarem segregação espacial, sendo muito presentes nas grandes cidades em áreas que possuem “valor histórico”; a gentrificação de grandes áreas é um exemplo que, mesmo não presente estruturalmente na cidade, está presente e é demonstrada nos discursos presentes em nosso dia-a-dia.A partir desses potenciais, processos e questionamentos, vemos que existe uma clara intenção de se tornar pública toda a área de intervenção. Esta é colocada no plano diretor como área institucional, existindo também a possibilidade, no futuro, da retomada do transporte de passageiros. A relação entre a cidade e a ferrovia, que decaiu desde o declínio da produção industrial, se restabelece a partir de outras atividades, distintas das iniciais. A área deixada pelas indústrias, portanto parte constituinte da estação ferroviária, ainda não espacializa esta intenção. Assim, tendo o panorama dos questionamentos que foram colocados durante este trabalho, parto dos seguintes pressupostos: o projeto desta a área livre não deveria seguir exclusivamente a questão da memória, tampouco utilizar de práticas usuais de arquitetura (evocar, retomar, exaltar o objeto de trabalho), pois ela seria uma redução, tanto no sentido social quanto em seu resultado espacial; a relação entre a arte e a cidade é por mim considerada interessante pois esta provoca, através de diversos meios, os observadores em relação a uma paisagem; analogamente aos processos e às características das obras de intervenção artísticas que têm o espaço e a cidade como temas, a intervenção por mim proposta sempre buscou ter como característica a leveza em seus métodos de espacialização, sendo um projeto que afirmaria como um processo aberto

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(consolidação ou abandono da área pelo público, sem restrições ao método de uma eventual ocupação, desde que esta seja de caráter público); mais do que uma definição programática, uma força motriz .Partindo dessas premissas e das leituras, as seguintes diretrizes são propostas:

- Abrir a área para o acesso de pedestres, através de ações pontuais, objetivando a transposição da linha férrea e oferecendo visuais da área e de seu entorno, perdidas ao longo dos anos;

- Dado a localização, entre duas áreas centrais, os acessos e transposições devem articulá-las, de modo que estes pontos naturalmente se tornem áreas de encontro;

- Aproximar a praça Antônio Prado à estação, característica perdida devido, principalmente, a desativação do transporte de passageiros;

- Aproveitar as características da estação ferroviária, hoje área sob gestão municipal e com grande número de atividades abertas ao público;

- Aproveitar as qualidades visuais já presentes na área: sua localização em uma cota alta em relação ao município como um todo, permite a apreensão da cidade; os vagões, elementos que perderam seu valor de uso e estão atualmente recebendo as ações do tempo pela ausência de manutenção, conformam corredores sombreados e que contrapõe a

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escala do não edificado; o tempo materializado: a vegetação, os vestígios das edificações demolidas, os vagões, etc, explorados de modo que falem sobre a situação atual da área;

- Evidenciar a questão do espaço-público, a partir do entendimento de que os projetos de área pública são uma aposta, uma ação inicial, que traz a possibilidade de graus de apropriação e de consolidação;

- Evidenciar que as áreas públicas demandam, para sua existência, certo grau de comprometimento coletivo, em diversos graus;

- A intervenção tem caráter permanente mas deve dialogar da melhor maneira possível com ações posteriores, que possam vir a ser implementadas

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Áreas de caráter coletivo caracterizam o centroA área de intervenção se localiza no centro da cidade, entre duas áreas centrais

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A área se localiza entre o centro e a Vila Prado, com transposições em nível (rua Gal. Osório), sobre (pontilhão) e sob(rua Itália) a linha férrea

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Atualmente existem cinco pontos de acesso a área, sendo que apenas a da Estação é qualificada

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O não edificado e o relevo caracterizam a área de intervenção

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O vazio caracteriza parte da área de intervenção

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A densidade da área central está se modificando. O plano diretor visa adensar o centro.

A área de intervenção é colocada como de uso Institucional, áreas e equipamentos públicos

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Como primeira ação, o projeto propõe transpor a linha férrea e abrir a área: a partir do prolongamento de vias pré-existentes estabelecem-se dois cruzamentos para pedestres, que articulam os dois lados da linha férrea: centro e Vila Prado. Prolongamentos que conectam duas centralidades à área da estação. Para abrir visualmente a área de intervenção, o prolongamento se estende em direção ao centro e cria

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Áreas definidas como de interesse histórico Vazios e Imóveis Desocupados e Subutilizados

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um novo acesso à área: atualmente realizado pelas portas da estação, será

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Acesso via Vila Prado

Acesso via Centro

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O acesso proposto pelo prolongamento da Rua Primeiro de Maio leva o pedestre até o centro da área não edificada. Busca-se evidenciar a ausência, da cidade e das edificações. A paisagem predominante, o céu, o horizonte e o piso de bloco são valorizadas. O vazio como presença.

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Intervenção com escala gráfica

Localização dentro da área

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Acesso pela Rua Primeiro de Maio

Acesso pela Rua Primeiro de Maio

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Os acessos da Vila Prado se estabelecem através de rampas ora

moldadas no terreno, ora estruturas metálicas (onde já existem

muros de arrimo). As rampas compostas por estruturas metálicas

possuem menores dimensões, secundárias em relação a

passarela. Têm como intenção adentrar a área.

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Acesso pela Vila Prado

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Acesso pela Vila Prado

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Os pisos, desenhados a partir das entradas a área, possuem como linhas de força prolongamentos das malhas de ambos as

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margens da ferrovia, conformando um desenho composto por linhas e ângulos, que buscam as ruas do entorno trazendo-as para a área interna. Os pisos são de bloco intertravado.

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Os caminhos paralelos à linha férrea ligam os espaços de entrada e compõe um percurso pela área. Antigas linhas destinadas as fabricas que se localizavam ao lado da ferrovia agora se tornam pisos e canteiros para a vegetação. Os caminhos, oferecem a área

mas nem sempre ligam dois pontos: chegam ao vazio, onde a proposta é pensar o espaço, do passado, do presente ou do futuro.

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59O caminho chegando ao vazio Os caminhos sobre a linha férrea

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Os caminhos e a área: O vazio.

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Ligações perpendiculares a estes percursos são provocações: um convite para permanecer na área, são conexões entre as linhas férreas

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Pontos de energia elétrica e água são inseridos nestes blocos.

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Os blocos transversais

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Vista de um dos blocos

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A vegetação arbustiva escolhida já existe no local: modifica constantemente a paisagem e visa discutir qual é a capacidade de manutenção de determinada área pública. O mesmo acontece com as árvores, medidores de tempo e modificadores da paisagem, evidenciando uma característica já presente. A área nos primeiros meses do ano apresentavam uma vegetação alta, cortada no mês de abril.

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Mudança da paisagem, o tempo e a vegetação

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A proposta e a situação atual

O prolongamento do piso da gare e do piso do galpão

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completam os percursos e caracterizam a entrada por baixo do viaduto. Este já apresenta uma curvatura de joga o olhar para dentro da área.

Referências

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Pop Anti-Pop – Grupo Bijari 2002 Alexandre Órion

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Joseph Beuys Jeanne-Claude Christo – Wrapped Walk WayJeanne-Claude Christo – The Umbrellas

Realidade Transversa – Grupo Bijari 2005

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70José Resende - Olhos atentos Mauro Fuke - Paisagem

Koolhaas – Arte e Cidade

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The Green Runway

Richard Serra

Trabalhos da Graduação – Linguagem da Arquitetura e da Cidade

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Trabalhos de Graduação – Linguagem da Arquitetura e da Cidade Oficina Sombras – Simpósio Latino Americano . Cidade e Cultura

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73Praça do Mercado Municipal 2003 – São Carlos Chorando na Praça 2005 – São Carlos Santa Fé – Argentina 2006

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Araraquara 2007 Santa Fé – Argentina 2006 Estação Ferroviária – São Carlos Exposição Temporária

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Torrente de la Fontsanta Torrente de la FontsantaThe Blanket Over The Tracks – Diller and Scofidio +Renfro

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Al

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Anexo: Fotografias da Área

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__Arantes, Otília Beatriz Fiori. O lugar da arquitetura depois dos modernos. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.__Bortolucci, Maria Ângela Pereira de Castro e Silva. Moradias Urbanas: Construídas em São Carlos no Período Cafeeiro Volumes I eII. Tese. São Paulo, 1991__Chauí, Marilena. O direito à memória: patrimônio histórico e cidadania. Texto “Política Cultural, Cultura Política e Patrimônio Histórico” Departamento de Patrimônio Histórico. São Paulo. 1992__Galofaro, Luca. Artscapes,2003__Jeudy, Henri Pierre. Espelho das Cidades. Editora Casa da Palavra. Rio de Janeiro, 2005___Morales, Ignasi de Sola. Publicado em Loggia, Arquitectura & Restauración, 5, Julio de 1998, págs. 30-35Em Territórios, 2002.Editorial Gustavo Gilli. Barcelona, 2002. p.198__Pinheiro, Maria Lucia Bressan. Revista Risco 3 – Revista de Pesquisa em arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, EESC-USP. Departamento de Arquitetura e Urbanismo, 2006__Rubió, Ignasi de Sola Morales. Uma nova agenda para a arquitetura. Ensaio publicado na Lótus Internacional.EDITORA. CIDADE . ANO. PÁGINA.

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__Serra, Richard. “Tilted Arc Destruído. Novos Estudos/26. São Paulo, Cebrap. Março de 1990, p.158Citado por Farias, Agnaldo. Revista Caramelo. FAU-USP. 1994__Truzzi, Oswaldo. Café e Indústria São Carlos: 1850 –195o. Edufscar, São Carlos, 2000.__Wenders, Wim. Revista do Patrimônio número 23. Artigo “A paisagem Urbana” .Rio de Janeiro. 1994

PeriódicosRevista QuadernsLotusA+U

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Dedico este trabalho aos meus amigos, que estiveram sempre presentes.

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