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    INTERVENES PEDAGGICAS EM

    ALUNOS COM DISLEXIA

    ANNE CAROLINE DUARTE [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS- UFSCAR

    CALIXTO JUNIOR DE SOUZA [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS- UFSCAR

    RESUMO

    A aprendizagem um processo complexo depende de fatores orgnicos e comportamentais, desta forma, conhecer a origem dos distrbios de aprendizagem que comprometeram a assimilao do conhecimento importante. Neste estudo ser enfatizada a discusso em um distrbio de aprendizagem a dislexia, esta acarreta dificuldades no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. os alunos dislxicos apresentam peculiaridades no processo de ensino e o professor deve promover praticas pedaggicas adequadas para que esses tenham equidade no processo de ensino. Portanto, este estudo tem o objetivo de identificar formas de interveno que podem auxiliar o professor e aluno com dislexia no processo de ensino. Para tanto buscou-se embasamento em bancos de dados brasileiros e estrangeiros, est pesquisa caracteriza-se como descritiva com enfoque na reviso bibliogrfica. por meio da consulta nessas fontes constatou-se a importncia do docente adequar materiais, meios e demais recursos que compe o processo de ensino com a faixa etria, individualidades e contexto social desses alunos, pois essas crianas apresentam diferenas que interferem no ensino, desta forma, importante a insero de equipe multidisciplinar no ambiente escolar para que profissionais da sade e da educao possam trocar conhecimentos visando auxiliar o processo de ensino de todos os alunos, porque a diversidade apresentada pela turma deve ser valorizada e no obstruda.

    PALAVRAS-CHAVE: Educao Especial Alunos com dislexia Aprendizagem.

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    A aprendizagem est relacionada fatores individuais, dentre eles os orgnicos e

    os ligados ao comportamento, faz-se necessrio estudar como se desenvolvem os

    distrbios de aprendizagem no sujeito, pois estes iro comprometer a forma de

    apropriar do conhecimento. Importante frisar que, para alm dos fatores orgnicos, o

    maior empecilho da aprendizagem est na esquemtica de ensino abordada pelo

    professorado que, muitas vezes, no contempla as dificuldades do alunado no mbito

    da prtica pedaggica. No obstante a falta de uma legislao que contemple estes

    alunos com distrbios de aprendizagem no atendimento educacional especializado,

    estes alunos merecem uma ateno especial por parte do professorado como forma

    de evitar um fracasso escolar por no atender as necessidades e potencialidades desse

    alunado.

    Quando se trata de distrbios de aprendizagem, h uma contradio no que

    diz respeito conceituao pelo fato dos termos transtornos e dificuldades serem

    usados como sinnimos, no entanto cada termo possui a sua peculiaridade quando se

    estuda a aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem esto relacionadas com

    problemas de origem pedaggica e/ou sociocultural, ou seja, as dificuldades de

    aprendizagem no esto envolvidas com nenhuma causa orgnica algo extrnseco ao

    indivduo. J os transtornos e ou distrbios de aprendizagem relacionam-se com

    problemas na aquisio e no desenvolvimento de funes cerebrais envolvidas no ato

    de aprender e so de origem intrnseca ao indivduo.

    O Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-V, 2013)

    acrescenta que distrbio de aprendizagem (DA) so transtornos/perturbaes

    orgnicas e/ou sociais que ocorrem no processo de aprendizagem de indivduos, sendo

    uma disfuno do Sistema Nervoso Central, relacionada a uma "falha" no processo de

    aquisio ou do desenvolvimento, tendo, portanto carter funcional. So tambm

    denominadas por alguns autores como dificuldades especficas de aprendizagem ou

    ainda como pontua o DSM-V (2013), como "transtorno de aprendizagem especfica".

    As DA podem ser classificadas em diferentes grupos dentre esses menciona-

    se: discalculia, , disortografia , disgrafia e a dislexia que ser o enfoque deste estudo.

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    O termo dislexia que parece recorrente j foi mencionado e alvo de pesquisa

    em perodos anteriores. Para Rotta e Pedroso (2007), em 1872, Berlin mencionou o

    termo pela primeira vez, posteriormente foi utilizado por Kerr. No ano de 1896

    publicou, no Britian Medical Journal, o interessante caso de um adolescente com

    incapacidade para ler, contudo, cognitivamente deveria ter condies de fazer.

    Giacheti e Capellini (2000), afirmaram que a dislexia um distrbio

    neurolgico de origem congnita, que acomete crianas com potencial intelectual

    normal, sem dficits sensoriais, com suposta instruo educacional apropriada,

    contudo, no conseguem desenvolver a habilidade de leitura e escrita. Torna-se mais

    evidente dos 6 (seis) aos 7 (sete) anos.

    Para Berger (1975) e Ciasca (2003) a dislexia caracterizada como transtorno

    da leitura e da escrita que interfere no rendimento escolar, deixando-o inferior ao

    esperado em relao idade cronolgica da pessoa, ao seu potencial intelectual e a

    sua escolaridade.

    Para Mousinho (2003) a dislexia : um transtorno especfico de leitura; um

    funcionamento peculiar do crebro para o processamento da linguagem; um dficit

    lingstico, mais especificamente uma falta de habilidade no nvel fonolgico; uma

    dificuldade especfica para aprendizagem da leitura bem como para reconhecer,

    soletrar e decodificar palavras. Podemos tambm excluir a presena de dificuldades

    visuais, auditivas, problemas emocionais, distrbios neurolgicos ou dificuldades

    socioeconmicas como origem do transtorno. Entretanto, para entender de fato o que

    a dislexia, devemos nos aprofundar um pouco mais na especificidade da leitura.

    Rotta e Pedroso (2007) mencionam que a leitura oral do dislxico

    caracterizada por omisses, distores e substituies de palavras e a leitura lenta,

    vacilante, trabalhosa e individual da palavra impede a habilidade de compreender o

    que leu.

    Mousinho (2003) acrecenta que a leitura uma atividade complexa e no um

    processo natural. A autora menciona aspectos relacionados leitura: por um lado as

    atividadesde anlise, incluindo identificao de letras (decodificao) e

    reconhecimentode palavras (acesso direto ao dicionrio mental);de outro, os

    processos de construo, que incluem integraosinttico-semntica (construo

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    frasal e significado), acesso aosignificado (explcito e implcito), compreenso de

    enunciados(importante para todas as disciplinas e no s o portugus) e relaocom

    conhecimentos prvios (que ancora a aprendizagem epermite a realizao de

    inferncias).

    Certamente uma leitura baseada somente na anlise serinsuficiente:

    decodificador e leitor no so sinnimos. Sem apossibilidade de construir, o objetivo

    final da leitura, que compreender,interpretar, estabelecer relaes, realizar

    inferncias,etc. fica prejudicado. Entretanto, as funes de identificar letrase

    reconhecer palavras so especficas da leitura, e, portanto, fundamentaispara a

    mesma (MOUSINHO, 2003).

    Conforme Mousinho (2003) da mesma forma, a leitura baseada apenas na

    construopode trazer uma srie de problemas, como adivinhao de palavrase pouca

    habilidade para manipulao dos elementos menoresdas palavras, o que pode deixar a

    leitura pouco econmica.Secundariamente, a interpretao pode ficar prejudicada,

    apesarde oralmente estas habilidades estarem ntegras. Cabe ressaltarque estas

    atividades de construo no so exclusivas da leitura,ou seja, devem estar presentes

    desde a lngua oral.

    neste ltimo caso que identificamos os problemas dos dislxicos.Eles tm

    alteraes bsicas que prejudicam as atividadese anlise, fundamentais para a leitura,

    apesar de apresentaremmuitas vezes facilidade nas tarefas de construo.

    Para compreendermos melhor por onde passa este entrave na leitura, vamos

    observar um modelo gentico, de Uta Frith, de outro, os processos de construo, que

    incluem integrao sinttico-semntica (construo frasal e significado), acesso ao

    significado (explcito e implcito), compreenso de enunciados (importante para todas

    as disciplinas e no s o portugus) e relao com conhecimentos prvios (que ancora

    a aprendizagem e permite a realizao de inferncias).

    Tambm deve-se destacar que estudos de ligao e associao tm apontado

    vrias regies cromossmicas que podem conter genes candidatos dislexia. Essas

    regies incluem os cromossomos 1p (TZENOVA, 2004), 2p (KAMINEN, MULLER e

    LYYTINEN, 2003), 6p (PETRYSHEN, et al 2001), 15q (CHAPMANN, et al 2004), e 18p

    (FISHER, et al 2002). Alguns genes tm sido associados dislexia tais como: KIAA0319

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    (COPE, et al 2005) e DCDC2 (SCHUMACHER, et al 2006) no cromossomo 6p e EKN1 no

    cromossomo 15q (MENG et al 2005).

    Parece haver um consenso na comunidade cientifica e na prtica clnica em

    relao s caractersticas relacionadas dislexia no desenvolvimento, sendo essas:

    um transtorno especfico das operaes implicadas no reconhecimento das palavras

    (preciso e rapidez), que compromete em maior ou menor grau a leitura. A escrita e a

    produo textual tambm esto comprometidas (ROTTA e PEDROSO, 2007).

    Outra caracterstica da dislexia que essa um problema persistente at a

    vida adulta, mesmo com tratamento adequado, tornando o prognstico reservado.

    Afeta um subconjunto, minoritrio dos alunos com problemas na aprendizagem da

    escrita e leitura. Ela tambm est presente nos primeiros anos de escolaridade e nos

    caos que surge m