INTERVENÇÃO NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA FLÁVIA FERREIRA LEMOS INTERVENÇÃO NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM CRIANÇAS DE BAIXA RENDA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO. NATAL 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS

PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

FLÁVIA FERREIRA LEMOS

INTERVENÇÃO NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO

EXPRESSIVO EM CRIANÇAS DE BAIXA RENDA EM FASE DE

ALFABETIZAÇÃO.

NATAL

2021

FLÁVIA FERREIRA LEMOS

INTERVENÇÃO NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO

EXPRESSIVO EM CRIANÇAS DE BAIXA RENDA EM FASE DE

ALFABETIZAÇÃO.

Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa

Associado de Pós-Graduação em

Fonoaudiologia da Universidade Federal da

Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande

do Norte e Universidade Estadual de Ciências

da Saúde de Alagoas - PPgfon/ UFPB / UFRN/

UNCISAL, como requisito parcial para a

obtenção do título de mestre em

Fonoaudiologia, sob orientação da Profa. Dra.

Cíntia Alves Salgado-Azoni.

NATAL

2021

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Lemos, Flavia Ferreira.

Intervenção na consciência fonológica e vocabulário

expressivo em crianças de baixa renda em fase de alfabetização

/ Flavia Ferreira Lemos. - 2021.

100f.: il.

Dissertação (Mestradoem Fonoaudiologia) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,

Programa Associado de Pós-Graduação em Fonoaudiologia-

UFPB/UFRN/UNCISAL. Natal, RN, 2021.

Orientadora: Profa. Dra. Cíntia Alves Salgado-Azoni.

1. Linguagem infantil - Dissertação. 2. Leitura -

Dissertação. 3. Aprendizagem - Dissertação. 4. Vocabulário -

Dissertação. 5. Intervenção educacional precoce - Dissertação.

6. Classe social - Dissertação. I. Salgado-Azoni, Cíntia Alves.

II. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 612.78-053.2

Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474

AGRADECIMENTOS

Agradeço primordialmente à Deus pela oportunidade de concluir mais uma

etapa da minha vida, sendo um ciclo de bastante aprendizado e evolução tanto

pessoal quanto profissional. Aos meus pais que devo tudo que sou hoje, Dalva e

Lourival, pelos direcionamentos e por sempre estarem ao meu lado independente

das circunstâncias, eles são minha inspiração e minha força.

À minha orientadora, professora Cíntia, por ter me dado a oportunidade de

conhecer um pouco do universo da linguagem escrita. Sou grata por ter me aceitado

em seu projeto de extensão, ainda na graduação, e pela longa caminhada que já

percorremos juntas até esse momento. Ela tem sido uma importante fonte de

inspiração que transformou minha vida e ofereceu oportunidades únicas. Só tenho a

agradecer pela paciência e ensinamentos.

À minha família, em especial minha avó Francisca por me mostrar a força de

uma mulher, sua determinação, coragem e ideal vão me guiar para sempre; vocês

todos são meu alicerce, minha madrinha, tias, primos e afilhada.

Aos meus amigos, que são como um ar puro em meio a todas as adversidades

da vida. Eles acalentam meu coração e me fazem acreditar em um mundo melhor,

mais generoso, igualitário e diverso. Aqui destaco alguns amigos como, Letícia

Amaral, Raphael, Poliana.

A vida acadêmica ainda me permitiu conhecer pessoas maravilhosas, das

quais, eu quero levar por toda minha caminhada profissional. Em especial, agradeço

aos meus companheiros de pós-graduação.

Agradeço também às crianças e suas famílias, aos colaboradores e

pesquisadores do laboratório LEIA. A eles minha eterna gratidão por fomentar e

construir os meus sonhos profissionais. Sem a parceria e respeito, não seria possível

desenvolver este trabalho.

RESUMO

A proficiência de leitura dos estudantes brasileiros é considerada insuficiente e crianças de níveis socioeconômicos mais baixos são mais propensas a apresentarem dificuldades na aprendizagem da leitura. Programas de intervenção na escola tem trazido resultados benéficos para o sucesso na leitura. Objetivo: Verificar a efetividade da intervenção em consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças com baixa renda no início da alfabetização. Método: estudo intervencional, longitudinal, retrospectivo e documental, realizado por meio da coleta de um banco de dados de avaliações de crianças do 1° ano do Ensino Fundamental I de três Escolas Municipais da Cidade de Natal/RN. Participaram 127 crianças com idades entre 6 e 7 anos, de ambos os sexos, distribuídos em dois grupos: grupo intervenção (GI): 40 escolares submetidos a um programa de intervenção em consciência fonológica e vocabulário expressivo e, grupo controle (GC): 87 por crianças não expostas ao programa, mas que foram expostas ao processo de alfabetização no contexto escolar no mesmo período. Para as avaliações comparativas de pré e pós intervenção foram analisadas as habilidades de consciência fonológica, nomeação automática rápida, memória operacional fonológica, identificação de letras e vocabulário expressivo. As intervenções ocorreram durante 15 encontros, aplicadas pelo pesquisador juntamente com o professor em sala de aula, 3 vezes por semana durante 5 semanas, com duração de 60 minutos, no horário da aula. As atividades eram lúdicas e multissensoriais, seguiam sequência hierárquica das habilidades silábicas e fonêmicas, bem como vocábulos seguidos por livros infantis selecionados pela equipe de pesquisadores e escola. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial, testes não paramétricos: teste Mann-Whitney, para comparação intergrupos, e Wilcoxon, para comparação intragrupo, com valor significativo de p<0,05 e intervalos com 95% de confiança estatística. Resultados: No GI houve melhora de desempenho estatisticamente significante após a intervenção em consciência fonológica (silábica, fonêmica e total), RAN de dígitos e letras, memória operacional fonológica em dígitos de ordem direta e inversa e identificação de letras. No GC, houve melhora em todas as habilidades do processamento fonológico e de vocabulário expressivo nas categorias semânticas vestuário, alimentos, animais, transportes, locais e brinquedos. Tanto na comparação intra-grupos quanto na comparação entre os mesmos, foi possível observar a eficácia do programa de intervenção focado nessas habilidades, no qual proporcionou ganhos tanto para as habilidades estimuladas como para as demais do processamento fonológico (como RAN, memória operacional fonológica) e identificação de letras que não foram trabalhadas no processo interventivo. Conclusão: O estudo demonstrou a eficácia de um programa de intervenção em consciência fonológica e vocabulário expressivo desenvolvido no ambiente escolar e como esse estimulo pode impactar positivamente a aprendizagem de escolares, principalmente de níveis socioeconômicos mais baixos, nas práticas acadêmicas dos professores. Assim, possibilita o planejamento e formulação de políticas públicas que possam contribuir com o processo de aprendizagem, além da importância da inserção do fonoaudiólogo no ambiente escolar.

Palavras-chave: linguagem infantil, leitura, aprendizagem, vocabulário, intervenção educacional precoce, classe social.

ABSTRACT

INTERVENTION IN PHONOLOGICAL AWARENESS AND EXPRESSIVE

VOCABULARY IN LOW-INCOME CHILDREN IN LITERACY PHASE.

The reading proficiency of Brazilian students is considered insufficient and children from lower socioeconomic levels are more likely to present difficulties in the reading learning process. School-based intervention programs have brought beneficial results for reading success. Objective: To verify the effectiveness of intervention in phonological awareness and expressive vocabulary in low-income children at the beginning of literacy. Method: an interventional, longitudinal, retrospective, and documental study, carried out by collecting a database of assessments of children in the 1st year of Elementary School I in three Municipal Schools in the city of Natal/RN. The participants were 127 children of both sexes, aged between 6 and 7 years old, distributed into two groups: the intervention group (IG): 40 children who underwent an intervention program in phonological awareness and expressive vocabulary; and the control group (CG): 87 children not exposed to the program, but who were exposed to the literacy process in the school context during the same period. For the pre- and post-intervention comparative evaluations the phonological awareness, rapid automatic naming, phonological operational memory, letter identification and expressive vocabulary skills were analyzed. The interventions occurred during 15 sessions, applied by the researcher together with the classroom teacher, 3 times a week for 5 weeks, lasting 60 minutes during class time. The activities were playful and multisensorial, following a hierarchical sequence of syllabic and phonemic skills, as well as vocabulary followed by children's books selected by the research team and the school. Data were analyzed by descriptive and inferential statistics, non-parametric tests: Mann-Whitney test, for intergroup comparison, and Wilcoxon test, for intragroup comparison, with significant value of p<0.05 and intervals with 95% statistical confidence. Results: In GI there was statistically significant performance improvement after the intervention in phonological awareness (syllabic, phonemic and total), digit and letter RAN, phonological operational memory in direct and reverse order digits and letter identification. In the CG, there was improvement in all phonological processing skills and expressive vocabulary in the semantic categories clothing, food, animals, transportation, places, and toys. In the intra-group comparison and in the comparison between groups, it was possible to observe the effectiveness of the intervention program focused on these skills, in which it provided gains both for the stimulated skills and for the others of phonological processing (such as RAN, phonological working memory) and identification of letters that were not worked on in the intervention process. Conclusion: The study brings relevant data about the efficacy of an intervention program in phonological awareness and expressive vocabulary developed in a school environment and how this stimulus may positively impact the learning process of students, especially those from lower socioeconomic levels, in the teachers' academic practices, in planning and formulating public policies that may contribute to the learning process, in addition to the importance of the phonoaudiologist's insertion in the school environment.

Keywords: child language, reading, learning, vocabulary, early educational intervention, social class.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultado do índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) das escolas participantes da pesquisa.........................................................................................................43

Tabela 2. Distribuição dos alunos por sexo nas escolas participantes e grupos (GI e GC) ....46

Tabela 3. Valores de referência do ABFW-vocabulário expressivo (BEFI-LOPES,2004), para crianças de 6 anos de idade....................................................................................................49

Tabela 4. Dados normativos do Teste CONFIAS (MOOJEN et al. 2015), conforme a hipótese de escrita.................................................................................................................................50

Tabela 5. Comparação das médias em processamento fonológico entre grupos na pré-

intervenção..............................................................................................................................56

Tabela 6. Desempenho do GI no processamento fonológico e identificação de letras pré e pós e pós

intervenção..............................................................................................................................59

Tabela 7. Desempenho do GC no processamento fonológico e identificação de letras pré e pós intervenção..............................................................................................................................61

Tabela 8. Comparação das médias em processamento fonológico entre grupos GI e GC no período pós-intervenção..........................................................................................................62

Tabela 9. Comparação das médias percentuais em vocabulário expressivo entre GI e GC no período pré-intervenção...........................................................................................................64

Tabela 10. Comparação das médias percentuais de desempenho em vocabulário expressivo nos períodos pré e pós intervenção no GI............................................................................................................................................ 65

Tabela 11. Comparação das médias percentuais pré e pós intervenção no GC .................................................................................................................................................66

Tabela 12. Comparação das médias em vocabulário expressivo entre GI e GC no período pós-intervenção............................................................................................................................. 67

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. População alvo dos estudos de intervenções nacionais............................39

Gráfico 2. Média do desempenho dos grupos GI e GC nas habilidades de

processamento fonológico e identificação de letras no período pré-intervenção

....................................................................................................................................57

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fluxograma da distribuição dos participantes da pesquisa

....................................................................................................................................45

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Programas de Intervenções Nacionais.

...................................................................................................................................33

Quadro 2. Variáveis dependentes do estudo .............................................................47

Quadro3. Variáveis independentes do estudo ............................................................47

Quadro 4. Comparação do modelo original de RTI e adaptações realizadas da camada

1 para amostra desse estudo.....................................................................................52

Quadro 5. Atividades realizadas na intervenção de consciência fonológica e

vocabulário expressivo...............................................................................................97

LISTA DE ABREVIATURAS

PISA- Programa de Avaliação Internacional de Estudantes/ Programme for

International Student Assessment.

OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ESCS- Índice de status socieconômico, social e cultural

RAN- Nomeação automática rápida/ Rapid Automatized Naming

ANA- Avaliação Nacional da Alfabetização

Inep- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

ODS- Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ONU)

ONU- Organização das Nações Unidas

RN- Rio Grande do Norte

LEIA- Laboratório de Linguagem Escrita, Interdisciplinaridade e Aprendizagem

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Ideb- índice de Desenvolvimento da Educação Básica

CEP- Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.

PNA – Política Nacional de alfabetização

Inse- Indicador de Nível Socioeconômico

BNCC- Base Nacional Comum Curricular

RTI- Modelo de Resposta a Intervenção (Response to Intervention)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 16

2.1 Relação entre linguagem oral e escrita................................................... 16

2.2 Desenvolvimento e processamento da Leitura ....................................... 17

2.3 Habilidades preditoras para o sucesso na leitura ................................... 20

2.4 Relação do Nível socioeconômico e Leitura ........................................... 22

2.5 Habilidades esperadas para crianças do 1° ano do Ensino Fundamental

...................................................................................................................... 23

2.6 Proficiência de leitura dos estudantes brasileiros, políticas públicas e

Modelo de Resposta a Intervenção (RTI). .................................................... 27

2.7 Programas de Intervenção para o desenvolvimento da leitura ............... 31

3 OBJETIVO ..................................................................................................... 40

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 40

3.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 40

4 MÉTODO ....................................................................................................... 41

4.1 Desenho do Estudo .................................................................................... 41

4.2 Local da Pesquisa e Período de Referência .............................................. 41

4.3 Caracterização das escolas estudadas ...................................................... 42

4.4 População .................................................................................................. 44

4.5 Definição das variáveis............................................................................... 47

4.5.1 Variáveis Dependentes ........................................................................... 47

4.5.2 Variáveis independentes ......................................................................... 47

4.6 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados .................................. 48

4.7 Intervenção ................................................................................................. 52

4.7 Análise dos Dados ..................................................................................... 54

5 RESULTADOS .............................................................................................. 55

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 68

7 CONCLUSÃO ................................................................................................ 77

8 IMPACTO SOCIAL ........................................................................................ 78

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 80

APENDÍCE- INTERVENÇÃO ........................................................................... 97

ANEXO- PARECER DE ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA. ............................ 100

14

1 INTRODUÇÃO

O ato de ler não é inato, deve ser ensinado, o que o torna uma habilidade

desenvolvida culturalmente. A leitura demanda correlações entre o sistema neuronal

e os processos de linguagem, somado a fatores ambientais, dentre eles, os de nível

socioeconômico e educacional. Assim, a leitura é uma habilidade imprescindível no

cotidiano moderno e é obrigatória no currículo escolar (ABRUNHOSA, 2019; BRASIL,

MEC, 2019; LAGAE, 2008; BRADLEY, CORWYN, 2002).

O fracasso escolar dos estudantes brasileiros é comprovado ao observar o

resultado da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), em sua última edição (2016),

na qual aponta que o desempenho em leitura é considerado insuficiente para crianças

no final do ciclo da alfabetização. O relatório do National Reading Panel, publicado em

2000, destaca cinco pilares para obtenção de uma alfabetização de qualidade, dentre

eles a consciência fonêmica, a instrução fônica sistemática, a fluência de leitura, o

vocabulário e a compreensão de textos. Esses dados foram discutidos e levantados

pela nova Política Nacional da Alfabetização PNA (2019), nas quais foram

apresentadas evidências cientificas que destacam as habilidades que favorecem a

aprendizagem da leitura e escrita.

A literatura científica descreve os benefícios no processo de aprendizagem da

leitura de crianças expostas a processos interventivos que trabalhem habilidades

consideradas preditoras para o desenvolvimento da leitura, como a consciência

fonológica e o vocabulário (ANTUNES, FREIRE, CRENITT, 2013; SALGADO,

CAPELLINI, 2008; SILVA, CAPELLINI,2011; GERMANO, PINHEIRO, CAPELLINI,

2013; FUKUDA, CAPELLINI, 2012; MAYEDA, NAVATTA, MIOTTO, 2018; WISE,

D’ANGELO, CHEN, 2012; VAN DRUTEN-FRIETMAN et al. 2016).

15

A importância da temática em investigar como se dá o desenvolvimento dessas

habilidades preditoras para o sucesso na leitura, principalmente em populações de

baixa renda, ocorre em virtude da propensão dessa população à exposição a

ambientes mais pobres em estímulos linguísticos.

Nesse sentido, o estudo tem por finalidade mostrar os resultados da

implementação de um programa de intervenção no ambiente escolar, desenvolvidas

em sala de aula, em conjunto com o professor, fomentando a instrução sistemática e

a exposição a habilidades consideradas essenciais, por meio de evidências

científicas, como mais eficazes no processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Consequentemente, a realização de mais uma pesquisa pode contribuir na construção

de políticas públicas que possam proporcionar às crianças, principalmente as de

níveis socioeconômicos mais baixos, condições igualitárias de aprendizagem.

Para aprofundamento do conteúdo teórico que embasará este estudo, serão

expostos itens sobre a relação entre linguagem oral e escrita; desenvolvimento e

processamento de leitura; habilidades preditoras de leitura; políticas públicas,

programas de Resposta à Intervenção (RTI), intervenções em consciência fonológica

e vocabulário.

16

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Relação entre linguagem oral e escrita

A linguagem é considerada uma função superior do cérebro, cujo o seu

desenvolvimento se baseia, por um lado, em uma estrutura anatomofuncional

determinada geneticamente e por outro, no estímulo verbal dado pelo ambiente

(CASTAÑO, 2003; LAGAE, 2008; ASHA, 1982; ASHA, 1993).

Segundo Vygotsky (2001; 2003a; 2003b), a linguagem é um dos fatores mais

relevantes no desenvolvimento humano, cuja internalização, pela mediação dos

sistemas simbólicos de determinada cultura, possibilita o surgimento dos processos

psicológicos superiores. Vygotsky (2001; 2003a; 2003b) afirma que existe uma

relação recíproca, inicialmente independente e articulada entre linguagem e o

pensamento. Assim, o desenvolvimento cognitivo e a socialização da criança estão

relacionados diretamente à aquisição da linguagem. O autor defende que as funções

psicológicas apresentam um suporte biológico que é resultante da atividade cerebral,

o funcionamento psicológico tem como princípio as relações sociais entre o indivíduo

e o mundo e as relações do indivíduo com o mundo são mediadas por sistemas

simbólicos. Para Vygotsky (2001; 2003a; 2003b; OLIVEIRA, 1994), a linguagem

escrita seria simplesmente uma forma de linguagem oral codificada em sinais visuais

(CENCI, COSTAS, 2009; RODRIGUERO, 2000).

Sendo governada por regras, a linguagem é definida pela compreensão e/ou

uso de sistema de símbolos falado (ouvir e falar), escrito (ler e escrever) e/ou outro

sistema de símbolos de comunicação. Tanto a linguagem falada quanto a escrita são

compostas por componentes receptivos (ouvir e ler) e expressivos (falar e escrever).

Nesse sentido, a linguagem oral e escrita forma um sistema sinérgico, integrativo que

são compostos por níveis linguísticos (fonologia - estudo do sistema de sons de uma

língua falada, compreendendo os fonemas e suas formas de combinação e uso;

morfologia - estudo das regras que governam como os morfemas, consideradas

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unidades mínimas significativas da linguagem, são utilizadas em uma língua; sintaxe-

responsável pelas regras que dizem respeito como as palavras podem ser

combinadas para formar frases e pragmática- compreende o uso da linguagem na

conversação e em situações sociais diversas), que vão interagir conforme o

desenvolvimento dessas modalidades oral e escrita, ou seja, os níveis linguísticos são

os mesmos tanto na linguagem oral quanto na escrita (BERKO, 2005; ASHA, 1982;

ASHA, 1993; JOHNSON, 1993).

O cérebro humano não foi programado biologicamente para aprender a ler e

escrever, sendo assim, a linguagem escrita é uma invenção humana bastante

complexa, aprendida de forma lenta e requer integração de vários processos, dentre

eles: visuais, linguísticos, cognitivos e atencionais (MARTIN et al. 2015). Nesse

sentido, a aprendizagem da leitura modifica as redes corticais da visão e da linguagem

verbal. Segundo estudos de Dehaene (2013), esse mecanismo de modificação

denominado de plasticidade neuronal, recicla as mesmas áreas designadas a outras

funções cognitivas do desenvolvimento.

Nesse continuum do desenvolvimento entre a linguagem oral e escrita, surgem

habilidades consideradas importantes no processo de aprendizagem da leitura, as

habilidades metalinguísticas definidas como a capacidade de refletir e pensar sobre a

própria linguagem, sendo a consciência fonológica altamente relacionada com

desempenho em leitura. (ASHA, 1982; ASHA, 1993; GOMBERT,1997; OTAIBA et al.

2009; NATIONAL EARLY LITERACY PANEL, 2009; TUNMER, 1997; POWELL,

ATKINSON 2020).

2.2 Desenvolvimento e processamento da Leitura

No sistema de escrita alfabético, no caso do português brasileiro, a letra

(grafema) representa sons da língua (fonemas). Entender esse princípio é crucial para

a aprendizagem da leitura e escrita (ABREU, CARDOSO-MARTINS, 1998;

18

GERMANO, PINHEIRO, CAPELLINI, 2013).

Pesquisadores diversos trazem teorias as quais buscam explicar como

acontece o processo de desenvolvimento da leitura e escrita em sistemas alfabéticos

(STUART, COLTHEART, 1988; GOUGH, HILLINGER, 1980; FRITH, 1986; FRTITH,

1985; FERREIRO, TEBEROSKY, 1985). Nessas teorias, o desenvolvimento da leitura

e da escrita ocorre em etapas/estágios, embora existam diferentes classificações,

conforme cada autor, para denominar essas etapas/estágios da aquisição da leitura e

da escrita. É interessante ressaltar aspectos comuns e semelhantes nessas diversas

teorias. Dentre as de mais destaque são a teoria da psicogênese da língua escrita,

cujas autoras, Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), basearam-se nos

pressupostos de Jean Piaget; uma segunda abordagem que traz a perspectiva da

psicologia cognitiva, proposta por Uta Frith (1985) e, a terceira, abordada por Linnea

Ehri (2002).

Nessa perspectiva, destacamos a teoria descrita por Linnea Ehri (2002, 2005,

2014) que aborda que as habilidades de leitura surgem sucessivamente em processos

interdependentes, definindo em quatro fases, sendo elas:

• Fase pré-alfabética: ocorre a associação de pistas visuais (imagens) às

palavras, sem o aprendiz de fato entender a relação entre a letra

(grafema) e o som (fonema);

• Fase alfabética parcial: acontece o entendimento de forma lenta e

progressiva da relação grafema-fonema, não sendo possível ainda

realizar a leitura de palavras não frequentes;

• Fase alfabética plena: ocorre um avanço na aprendizagem e

memorização entre as associações entre grafemas e fonemas, tornando

essa relação mais consolidada em unidades maiores de representação

(como sílabas, morfemas e palavras), conseguindo decodificar palavras

não frequentes;

• Fase alfabética plena- nesta fase de consolidação contínua ocorre o

processamento cada vez maiores de sílabas e morfemas, permitindo ao

19

leitor o reconhecimento global da palavra, por meio do léxico ortográfico,

propiciando uma leitura com mais velocidade, precisão e fluência.

A leitura contém dois componentes, são eles: a decodificação e a

compreensão. A decodificação referente aos processos de reconhecimento visual da

palavra escrita e a compreensão definida como o processo pelo qual as palavras,

sentenças ou textos são interpretados (GOUGH, TUNMER, 1996).

A literatura aponta diversos modelos para explicar o processamento da leitura

(RAYNER, REICHLE, 2010), porém os dois modelos que receberam mais atenção e

motivaram mais pesquisas são o de dupla-rota que considera o processamento da

leitura realizado em uma série de etapas sequências, com vias (ou rotas), específicas

de acordo com a palavra apresentada ao leitor (COLTHEART et al., 1993;

COLTHEART et al., 2001) e, o baseado em modelos conexionistas, no qual a leitura

se processa pela integração de diferentes processos, que podem acontecer de forma

simultânea ou imediata, conforme a competência do leitor (SEIDENBERG,

MCCLELLAND, 1989; PLAUT et al., 1996; NESTOR , BEHRMANN , PLAUT, 2013),

conhecido como modelo interativo (MOUSINHO et al. 2020).

O modelo de dupla-rota considera o processamento da leitura em uma série de

etapas sequenciais. Assim, o aprendiz iniciante, para ler, precisa ativar o sistema de

análise visual (para ver a palavra escrita), em seguida acionar a rota fonológica,

efetuando assim a correspondência grafema-fonema, pronunciar a palavra e o

sistema auditivo reconhecer auditivamente a palavra, ativando assim o significado da

palavra (sistema semântico). Utilizamos essa rota no início da aprendizagem da leitura

e quando necessitamos para ler palavras novas, desconhecidas ou pseudopalavras.

No entanto, a segunda rota mencionada neste modelo é a lexical, na qual o leitor após

a análise visual, reconhece a forma escrita da palavra e consequentemente aciona

seu significado. Essa rota é utilizada por leitores proficientes e torna a leitura mais

fluente (COLTHEART et al., 1993; COLTHEART et al., 2001).

Diferentemente do modelo anterior sequencial, autores (SEIDENBERG,

MCCLELLAND, 1989; PLAUT et al., 1996; GRAINGER et al., 2012), trazem um

modelo de processamento da leitura interativo. Nesse modelo são descritos quatro

20

processadores interligados e conectados entre si, nos quais os processos acontecem

de forma paralela e/ou simultânea. Os processos de identificação de letras e palavras

visualmente, correspondência grafema-fonema e acesso ao sistema semântico

acontecem simultaneamente, conectando os processadores ortográfico, fonológico e

semântico ou contextual, que vão trabalhar em conjunto para a decodificação

ortográfica de uma palavra especifica. A participação de cada processador depende

dos estímulos que estão sendo processados, palavras de alta frequência, mais fáceis,

palavras difíceis, frases complexas entre outros. Conforme o leitor aprendiz é exposto

ao material escrito, as conexões começam a se estabelecer, tornando se mais rápidas

(SEIDENBERG, MCCLELLAND, 1989; PLAUT et al., 1996; NESTOR, BEHRMANN,

PLAUT, 2013; MOUSINHO et al. 2020).

2.3 Habilidades preditoras para o sucesso na leitura.

O relatório Developing Early Literacy, do National Early Literacy Panel (NELP)

em 2009, por meio de uma meta-análise de diversos estudos sobre alfabetização

precoce e implicações para a intervenção, apontou variáveis consideradas preditoras

para o sucesso na alfabetização, predizendo o desempenho posterior em leitura e

escrita. Dentre as variáveis temos: relação letra-som (conhecimento do alfabeto),

processamento fonológico e vocabulário.

O processamento fonológico consiste no uso de informações sonoras de uma

língua sendo considerado uma habilidade relevante para aprendizagem da leitura e

escrita. Essa habilidade é composta por três componentes que são: a consciência

fonológica, a memória operacional fonológica e o acesso fonológico ao léxico mental.

A consciência fonológica é a habilidade de analisar e manipular conscientemente os

sons da língua; a memória operacional fonológica consiste no armazenamento de

informações fonológicas temporariamente na memória de curto prazo e; o acesso ao

léxico envolve a recuperação de informações fonológicas na memória de longo prazo,

21

avaliada por provas de nomeação automática rápida (WAGNER, TORGESEN,

WAGNER,1987; TORGESEN, WAGNER, RASHOTTE, 1994; DOROFEEVA et al.,

2020).

Mediante a apresentação anterior das habilidades preditoras para a aquisição

e desenvolvimento da leitura, a literatura cientifica tem observado que essas

habilidades se relacionam com aspectos específicos dessa atividade leitora: a

consciência fonológica fortemente relacionada com processo de decodificação dos

sons da palavras, devido a rota fonológica da leitura, em línguas com sistema de

escrita alfabético, os grafemas (letras) representam os sons (fonemas), nesse sentido

decifrar o código gráfico requer a compreensão da estrutura fonológica (sílabas,

fonemas, palavras (NATIONAL EARLY LITERACY PANEL, 2009; POWELL,

ATKINSON, 2020) , utilizada para decodificar os sons da palavra no início do processo

de alfabetização e posteriormente quando leitores proficientes para a leitura de

palavras novas, raras ou pseudopalavras (DOCTOR, COLTHEART, 1980; MELBY-

LERVAG, LYSTER, HULME, 2012).A memória operacional fonológica utilizada para

armazenar informações sonoras enquanto o leitor decodifica os sons de uma palavra

ou de várias palavras de uma frase (SEIGNEURIC, EHRLICH, 2005; ARRINGTON et

al., 2014). O acesso ao léxico mental ou nomeação automática rápida como sendo

um preditor influente da fluência de leitura (GEORGIOU, PARRILA,

PAPADOPOULOS, 2016; POWELL, ATKINSON, 2020) de diversas ortografias

alfabéticas (LANDERL et al., 2019).

Conhecimento de letras é considerada uma competência primária e

fundamental tanto na aplicação das regras de conversão grafema-fonema (letra-som),

e assim utilizar a estratégia alfabética, quanto no reconhecimento de encadeamentos

de letras ou unidades ortográficas, utilizadas como recurso na estratégia ortográfica (

BARRERA, SANTOS, 2016; CARDOSO-MARTINS, BATISTA, 2005; LEVIN et al.,

2002; BARBOSA, MEDEIROS, VALE, 2016; CARDOSO-MARTINS, MESQUITA ,

EHRI, 2011).

Considerada uma das primeiras manifestações observáveis no

desenvolvimento da linguagem, o vocabulário, é definido como a habilidade de

compreender e produzir diferentes tipos de significados, sendo um componente

22

importante na aquisição da sintaxe, morfologia e fonologia (PUGLISI, BEFI-

LOPES,2016; BRANCALIONI et al., 2010; HAGE, PERREIRA, 2006). O vocabulário

receptivo desenvolve primeiramente que o expressivo, sendo o primeiro considerado

uma medida importante da habilidade intelectual, indispensável para recepção e

processamento da informação (BRASIL, MEC, 2019; BENEDICT, 1979; MORETTI,

KUROISHI, MANDRÁ, 2017; CAPOVILLA, PRUDENCIO, 2006).

A aquisição de novas palavras é um dos primeiros marcos do desenvolvimento

da linguagem oral, tendo um desenvolvimento acelerado durante os primeiros anos

de vida da criança. No período escolar, essa aquisição apresenta fases de

desenvolvimento acelerado e na fase adulta tende a aumentar de maneira mais lenta,

sendo resultantes de aspectos sociais e ocupacionais (BENEDICT, 1979).

Os leitores iniciantes utilizam seu vocabulário oral para entender as palavras

presentes nos textos escritos, um vocabulário restrito constitui um obstáculo para

compreensão de textos e indica um fator de risco para o desenvolvimento de

alterações de linguagem. Sendo assim, um amplo vocabulário juntamente com a

capacidade de reconhecer automaticamente palavras é um alicerce para uma boa

compreensão de textos. O vocabulário apresenta uma forte relação com a

compreensão leitora (BRASIL, MEC, 2019; COLOMBO, CARNIO, 2018;

GUIMARAES, MOUSINHO, 2019) e para o desempenho ortográfico (SANTOS, BEFI-

LOPES, 2012).

2.4 Relação do Nível socioeconômico e Leitura

O nível socioecômico é composto pela relação de diferentes fatores como a

escolaridade e ocupação dos pais/familiares, local de residência, renda familiar entre

outros (JACOBSEN et al., 2013).

A literatura aponta a associação entre fatores socioeconômicos, nível

educacional dos pais com o desenvolvimento estrutural do cérebro das crianças, em

regiões que são críticas para o desenvolvimento da linguagem, funções executivas e

23

memória (NOBLE et al., 2015).

Crianças de nível socioeconômico mais baixo são mais propensas a apresentar

desempenho inferiores em leitura (NATIONAL CENTER FOR FAMILY

LITERACY,2008; BRASIL, MEC, 2018; LOCKE, GINSBORG, PEERS, 2002). A

influência do fator socioecômico no desempenho de crianças, em habilidades como:

vocabulário, compreensão leitora e consciência fonológica quando comparado com

seus pares mais favorecidos é considerada baixa, segundo vários estudos (ROMEO

et al., 2018; LERVAG et al., 2019; MORETTI, KUROISHI, MANDRÁ, 2017; BANDINI,

BANDINI, NETO,2017).

Em 2011, o National Center for Education Statistics trouxe informações sobre

alunos dos Estados Unidos da América, ressaltando que o nível geral de leitura de

uma amostra nacional de alunos da quarta série do ensino fundamental, elegíveis no

programa de merenda escolar, para obtenção de preços reduzidos ou almoço grátis,

obtiveram 29 pontos a menos em média do que os não elegíveis.

O Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA) de 2018, trouxe

em seus resultados preliminares, dados sobre a relação entre o nível socioeconômico

e o desempenho dos alunos. A avaliação mostrou que países com melhores

resultados na avaliação apresentaram maiores índices de status socioeconômico,

social e cultural (ESCS), dentre eles, o Canadá, Finlândia, Estados Unidos e Coreia

do Sul, enquanto o Brasil encontra-se no grupo com os menores índices de ESCS

junto com países como Peru, Colômbia e México. O ESCS da avaliação é obtido

mediante a análise do nível educacional, ocupacional e índice de bens domésticos

dos pais, além de recursos educacionais e culturais presentes nas casas dessas

famílias (BRASIL, MEC, 2018).

2.5 Habilidades esperadas para crianças do 1° ano do Ensino Fundamental

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2017), foi elaborada com a

finalidade de garantir os conteúdos disciplinares comuns a serem trabalhados em

24

todas as escolas brasileiras de educação infantil e ensino fundamental. O documento

define aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo

das etapas e modalidades da educação básica. O foco da ação pedagógica nos anos

iniciais (1° e 2° anos) do Ensino Fundamental é a alfabetização. É necessário que os

alunos nesses anos conheçam o alfabeto e entendam o princípio alfabético,

conseguindo “codificar e decodificar” os sons da língua (fonemas) em grafemas, esse

aspecto é conquistado mediante o desenvolvimento da consciência fonológica (desde

unidades mínimas como fonemas a unidades maiores como sílabas e palavras)

(BRASIL, 2017; SILVA, GUIMARAES, MEDEIROS, 2018; TENORIO, AVILA, 2012;

TORGESEN, WAGNER, RASHOTTE, 1994; NATIONAL EARLY LITERACY PANEL,

2009; NATIONAL READING PANEL, 2000).

No processo de construção da língua escrita é necessário que a criança

consiga diferenciar uma figura (símbolos) de uma letra, realizar uma leitura global do

material escrito, no caso da leitura de rótulos e logomarca, conhecimento do alfabeto

e seu princípio, construir a relação grafema-fonema, perceber a sílaba em sua

variedade como contexto fonológico desta representação, até, finalmente entender o

modo de relação grafema-fonema em uma determinada língua (BRASIL, 2017; SILVA,

GUIMARAES, MEDEIROS, 2018).

Algumas habilidades que devem ser desenvolvidas no 1° ano do Ensino

Fundamental, segundo a BNCC são (2017):

• Relacionar texto com ilustrações (figuras);

• Recontar oralmente com e sem apoio de imagens, textos literários lidos

pelo professor;

• Entender a orientação espacial para a leitura e escrita de textos, que

deve ser da esquerda para a direta;

• Ler palavras novas com precisão na decodificação, de maneira global e

que sejam de alta frequência;

• Buscar e selecionar textos para a leitura com mediação do professor,

conforme o interesse e que estejam em meio impresso e/ou digital;

• Escrever, espontaneamente ou por ditado, palavras ou frases mediante

25

o princípio alfabético;

• Observar escritas convencionais fazer cópia de textos curtos,

observando no texto de referência questões de distribuição gráfica,

espaçamento entre palavras, escrita das palavras e pontuações;

• Distinguir letras do alfabeto de sinais gráficos;

• Reconhecer o sistema de escrita alfabética, entendendo seu princípio;

• Segmentar palavras em sílabas;

• Identificar fonemas e sua representação especificamente por letras

(grafemas);

• Relacionar elementos sonoros (fonemas, sílabas, partes das palavras)

ao seu correspondente de representação escrita (grafema (s) );

• Comparar palavras observando as semelhanças e diferenças entre sons

de sílabas inicias, mediais e finais.

• Nomear as letras do alfabeto e em sua ordem;

• Conhecer, diferenciar e relacionar letras em formato impresso e cursiva,

maiúsculas e minúsculas;

• Entender e reconhecer a separação das palavras, por espaços em

branco;

• Identificar sinais de pontuação (interrogação, exclamação, ponto final,

vírgula) e seu efeito na entonação;

• Agrupar palavras pelos critérios de aproximação de significado

(sinonímia) e oposição de significado (antonímia);

• Ler e compreender de forma conjunta com os colegas, com ajuda do

professor ou de maneira autônoma, textos com diferentes formatos e

usuais na vida cotidiana (listas, agendas, avisos, convites entre outros)

no formato digital ou impresso, demostrando a organização e finalidade

de cada um;

• Ler e compreender de maneira conjunta com os colegas e com ajuda do

professor quadros, quadrinhos, parlendas, trava-línguas dentre outros

gêneros da vida cotidiana, observando e forma de organização e

26

finalidade;

• Planejar e produzir, em colaboração com colegas e auxílio do professor,

listas, agendas, convites, avisos, receitas, ilustrações de montagem,

legenda de imagens, utilizados no cotidiano, considerando a situação

comunicativa e a finalidade do texto.

• Planejar e produzir, em colaboração com colegas e auxílio do professor

(re)contagens de histórias, poemas e outros textos;

• Recitar parlendas, quadros, quadrinhos, trava-línguas, com entonação

adequada percebeno e identificando as rimas;

• Identificar e (re) produzir, em cantigas, quadrinhos, parlendas, trava-

línguas e canções, rimas, aliterações, assonâncias , relacionando o ritmo

de fala as melodias das músicas e seus efeitos de sentido;

• Ler e compreender de maneira conjunta com os colegas e com ajuda ou

não do professor, slogans, anúncios publicitários voltados ao público

infantil no intuito de conscientizá-los, cartazes, avisos, dentre outros,

considerando a situação comunicativa e assunto do texto;

• Escrever com colaboração dos colegas e com o intermédio ou não do

professor, avisos, cartazes, legendas, notícias, slogans, campanhas de

conscientização para o público infantil, entre outros;

• Ler, compreender, planejar e produzir em colaboração com colegas e

com intermédio ou não do professor, enunciados de tarefas escolares,

curiosidades, entrevistas, entre outros do gênero investigativo,

considerando a situação comunicativa e assunto do texto;

• Apreciar poemas e demais textos, observando e rimas, sonoridades,

jogos de palavras, reconhecendo seu pertencimento ao mundo

imaginário;

• Produzir, tendo o professor como um intermediador, recontagens de

histórias lidas pelo professor, histórias imaginárias ou baseadas em

livros com ilustrações, observando e identificando elementos que

compõe o texto narrativo (enredo, personagens entre outros);

27

• Reconhecer em textos diversificados rimas, sonoridades, jogos de

palavras, palavras, expressões, comparações, relacionando-as com

associações e sensações.

Algumas dessas habilidades trabalhadas no primeiro ano do Ensino

Fundamental permanecem sendo estimuladas e aprimoradas no segundo ano do

Ensino Fundamental (BRASIL, 2017).

E os objetivos de conhecimento estipulados pela BNCC para os anos iniciais

são: decodificação/fluência de leitura, formação do leitor, correspondência grafema-

fonema, construção do sistema alfabético/ convenções da escrita, estabelecimento de

relações anafóricas na gerenciação e construção da coesão, conhecimento do

alfabeto do português do Brasil, construção do sistema alfabético e da ortografia,

conhecimento das diversas grafias do alfabeto/ acentuação, segmentação de

palavras/ classificação de palavras por número de sílabas, pontuação, sinonímia e

antonímia/morfologia, compreensão de leitura, imagens analíticas em textos,

pesquisa, produção de textos, escrita autônoma, planejamento de texto oral,

exposição oral, forma de composição dos textos/ adequação do texto às normas de

escrita, formação do leitor literário, apreciação estética/estilo, escrita autônoma e

compartilhada, formas de composição de narrativas, formas de composição de textos

poéticos, formas de composição de textos poéticos visuais (BRASIL, 2017; SILVA,

GUIMARAES, MEDEIROS, 2018).

2.6 Proficiência de leitura dos estudantes brasileiros, políticas públicas e

Modelo de Resposta a Intervenção (RTI).

A proficiência em leitura de estudantes Brasileiros é considerada insuficiente,

conforme os resultados da última Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA),

realizada em 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (Inep), nela aponta-se que cerca de 54,73% dos estudantes

28

apresentam desempenho insuficiente em exames de proficiência em leitura. O Rio

Grande do Norte possui uma porcentagem ainda maior, com 67% dos estudantes com

a leitura insuficiente (nível 1 com 33% e nível 2 com 34%), indo de encontro com os

dados da Região Nordeste (Nível 1 34% e Nível 2 35%). A ANA é realizada no 3° ano

do Ensino Fundamental em escolas públicas do país, período que finaliza o ciclo de

alfabetização (BRASIL, MEC, 2016).

A classificação insuficiente é composta por dois níveis da escala de proficiência

em leitura que seriam o Nível 1 e Nível 2. O nível 1 caracteriza-se pela leitura de

palavras com diferentes quantidades de silabas e estruturas silábicas, tendo apoio da

imagem para relacionar a palavra escrita. No nível 2 perpassa a compreensão de

textos simples e curtos, que demandam a localização e resgate de informações

explicitas no texto, localizadas no título ou em frases iniciais do texto; sendo

considerado a característica dos gêneros textuais (BRASIL, MEC, 2016).

O PISA tem o objetivo de avaliar o desempenho de jovens com,

aproximadamente, quinze anos, os quais estão finalizando a educação obrigatória. De

acordo com os resultados apontados por este programa, as dificuldades de leitura se

mantêm durante anos escolares. A avaliação tem por base três domínios, dentre eles

a leitura. O país obteve uma média de 413 pontos em proficiência em leitura, sendo

74 pontos abaixo dos estudantes dos países membros da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que foi 487 pontos. Estando no

intervalo do ranking entre 55-59 de 79 países participantes do PISA (OECD, 2019).

Com relação ao nível de proficiência em leitura, o exame traz o resultado que

50% dos alunos alcançaram o nível 2 ou níveis mais altos em leitura, no entanto a

outra metade (50%) não conseguiu alcançar o nível 2 de proficiência. O relatório da

OCDE afirma que o nível 2 de proficiência em leitura é considerado, pelo “Objetivos

de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”, como o “nível mínimo de

proficiência” que jovens estudantes que concluíram o ensino médio devem obter

(BRASIL,MEC, 2018; OECD, 2019).

Nesse contexto a qualidade da educação no Brasil tem se revelado

preocupante, sendo possível perceber a escassez de políticas públicas que possam

monitorar e identificar precocemente crianças de risco para transtornos de

29

aprendizagem. Países que apresentam melhorias na alfabetização nas últimas

décadas fundamentaram suas políticas públicas nas evidência científicas atuais

dentre elas a da ciência cognitiva da leitura. Além disso, os países com melhores

índices educacionais atentam-se em acompanhar o desenvolvimento acadêmico de

seus escolares (BRASIL, 2019).

Tendo em vista os recentes avanços nas pesquisas sobre aprendizagem, o

governo federal publicou recentemente a Política Nacional de Alfabetização (PNA,

2019), baseada em evidência científicas. A PNA aborda seis componentes essenciais

para a alfabetização: consciência fonêmica, instrução fônica sistemática, fluência em

leitura oral, desenvolvimento de vocabulário, compreensão de textos e produção de

escrita, em consonância com o relatório Developing Early Literacy, do National Early

Literacy Panel (NELP) de 2008.

A PNA relata que a alfabetização baseada em evidências cientificas é

considerada um fator que pode reduzir as desigualdades sociais e educacionais,

permitindo às crianças, principalmente mais vulneráveis, o acesso a abordagens mais

eficazes de aprendizagem. Tendo em vista, que pessoas em vulnerabilidade social

são aquelas que tem menos contato com ambientes ricos linguisticamente

(NATIONAL CENTER FOR FAMILY LITERACY,2008; BRASIL, MEC,2019; LOCKE,

GINSBORG, PEERS, 2002; NATIONAL EARLY LITERACY PANEL, 2009). A política

aborda a priorização da alfabetização no 1°ano do ensino fundamental beneficiando

principalmente crianças mais pobres, visto que elas diferentemente das crianças de

nível socioecônomico mais elevado, muitas vezes não encontram em casa estímulos

a práticas de literacia e por isso costumam apresentar mais dificuldade na

aprendizagem da leitura e escrita. Sendo um ensino sistemático e explícito das

habilidades preditoras da alfabetização ajudam a superar dificuldades referentes a

esse fator socioecônomico (BRASIL, 2019; NATIONAL EARLY LITERACY PANEL,

2009).

Além disso, a política traz em suas diretrizes a valorização dos professores

alfabetizadores e formação continuada desses profissionais com as mais recentes

evidências científicas. Outro aspecto seria o incentivo a identificação precoce de

dificuldades de leitura, escrita e de matemática. Tendo como uma das metas de

30

implementação recuperação e remediação de crianças que apresentem dificuldades

na aprendizagem nos anos iniciais. E questões envolvendo a avaliação e o

monitoramento da política, sendo uma delas desenvolver indicadores para avaliar a

eficácia escolar na alfabetização (BRASIL, 2019).

Em 2004 por meio de Políticas públicas os Estados Unidos aderem o modelo

de resposta a intervenção (Response to Intervention-RTI, implantado no ambiente

escolar e que tem como objetivo identificar precocemente crianças com dificuldades

de aprendizagem e comportamentais, fornecendo intervenções mais intensivas com

base na resposta às avaliações e monitoramento do progresso escolar. Nesse sentido

favorecendo a diminuição dos impactos que esses prejuízos possam causam com o

passar dos anos no âmbito socioemocional e acadêmico, diminuição da lacuna

escolar a ser compensada na intervenção e proporcionando a eficácia de intervenções

mediante a maior neuroplasticidade de crianças menores. RTI tem sido recomendado

por contribuir com o menor tempo de espera do estudante na lista para uma

assistência especializada, diminuição de encaminhamentos desnecessários a

especialistas ( BATISTA, PESTUN, 2019; MACHADO, ALMEIDA, 2014; FUCHS,

FUCHS, 2007; ANDRADE, ANDRADE, CAPELLINI, 2014; OTAIBA, WANZEK,

YOVANOFF, 2015 ).

O RTI mais utilizado é o de três níveis ou camadas, sendo: a camada 1

caracterizada pelo rastreamento universal de escolares de risco para Transtornos de

aprendizagem e por uma intervenção preventiva universal que tenha eficácia e

qualidade comprovada por meio de evidências científicas, em que todos os estudantes

recebem instrução em sala de aula de excelência por professores. Na camada 2 os

alunos considerados de risco que não responderam a intervenção de camada 1

recebem uma intervenção secundária com mais conteúdo e duração, sendo a

instrução dada a pequenos grupos de escolares. A falha em responder as

intervenções na segunda camada encaminha as crianças para a educação especial,

indo para a camada 3, nessa os alunos são submetidos a intervenções em sessões

individuais com professores e profissionais especializados com alta intensidade e

longa duração (ANDRADE, ANDRADE, CAPELLINI, 2014; FUCHS, FUCHS, 2007;

OTAIBA, WANZEK, YOVANOFF, 2015).

31

2.7 Programas de Intervenção para o desenvolvimento da leitura

A literatura comprova a eficácia de programas de intervenção que estimulam

habilidades metalinguísticas, em especial a consciência fonológica e a relação

grafema-fonema, para o desenvolvimento e aquisição da leitura com crianças em

diferentes fases escolares e/ou com diferentes condições (ANTUNES, FREIRE,

CRENITTE, 2013; SALGADO, CAPELLINI, 2008; SILVA, CAPELLINI, 2011;

GERMANO, PINHEIRO, CAPELLINI, 2013; FUKUDA, CAPELLINI, 2012; MAYEDA,

NAVATTA, MIOTTO, 2018). Alguns estudos trazem programas de intervenção

focados na expansão do vocabulário (DYSON et al., 2018), como também aqueles

que trabalham habilidades de consciência fonológica e vocabulário em conjunto, com

resultados positivos no processo de aprendizagem da leitura (WISE,

D’ANGELO,CHEN,2016; VAN DRUTEN-FRIETMAN et al., 2016).

Programas de intervenção desenvolvidos com crianças no jardim de infância e

nos anos iniciais da alfabetização, tanto em intervenções isoladas trabalhando

expansão de vocabulário (por meio de atividades interativas de ensino de novas

palavras, muitas vezes utilizando o apoio de livros infantis), como em conjunto com

estimulação de habilidades de consciência fonológica, tem demostrado eficácia no

processo de ampliação de conhecimento de palavras, trazendo resultados relevantes

para a leitura (DYSON et al., 2018; WISE, D’ANGELO, CHEN, 2016; VAN DRUTEN-

FRIETMAN et al, 2016).

Uma pesquisa revisou 12 estudos experimentais publicados de 2000 a 2012

que avaliaram os efeitos do fornecimento de intervenções de leitura para alunos de

inglês que corriam o risco de ter dificuldades acadêmicas, incluindo alunos com

dificuldades de aprendizagem. Os resultados de sete estudos conduzidos no jardim

de infância e na primeira série indicaram tamanhos de efeito significativos de

moderado a grande para intervenções que visam as habilidades iniciais de leitura. Os

resultados em cinco dos 12 estudos sugeriram efeitos significativos de moderado a

grande na compreensão de leitura ou audição. As intervenções nesses estudos

32

incluíram instrução explícita e 10 usaram programas de intervenção

publicados. Variáveis moderadoras, como tamanho do grupo, minutos de intervenção

e tipo de pessoal que realiza a intervenção, não foram preditores significativos de

resultado (RICHARDS-TUTOR et al., 2015).

Intervenções desenvolvidas no ambiente clínico e escolar tem propostas

diferentes. A Clínica visa à cura da patologia, pressupõe a recuperação individual ou

em pequenos grupos homogêneos com dificuldades fonoaudiológicas. Intervenções

no ambiente escolar tem enfoque na prevenção de doenças e promoção de saúde

(SIQUEIRA, MONTEIRO, 2006; OLIVEIRA, SCHIER, 2013). Entende-se por

promoção de saúde, o incentivo ao protagonismo e a autonomia do sujeito e da

coletividade para agir em beneficio de sua qualidade de vida. No contexto escolar, o

fonoaudiólogo tem como objetivo colaborar por meio do seu conhecimento, com o

processo educativo. Sendo assim, processos voltados à promoção de saúde estão

atrelados à qualidade de ensino, destacando a importância da interlocução entre a

Fonoaudiologia e a Educação. O RTI de camada 1 é uma proposta de promoção de

saúde (OLIVEIRA, SCHIER, 2013; CUTOLO, 2006; BRASÍLIA, 2016; BARRETO,

2003).

Em uma pesquisa realizada pela literatura brasileira foram encontrados 15

estudos entre os anos 2000 e 2016 que trazem programas de intervenção focados em

habilidades preditoras para o sucesso na leitura e escrita, com destaque a estimulação

de habilidades metafonológicas, em especial a consciência fonológica. No Quadro 1

é possível observar um panorama de programas de intervenção desenvolvidos

nacionalmente, ressaltando: habilidades trabalhadas, público alvo e média de tempo

do processo terapêutico. Além disso, no quadro é demonstrado em qual o ambiente é

desenvolvido a terapia. No gráfico 1 está a distribuição da população alvo desses

estudos abordados.

33

Quadro 1- Programas de intervenções Nacionais

Programa/ Autor Habilidades Trabalhadas Média de Tempo

Programa de Remediação fonológica e sintático (Capellini, 2001 baseado em Broom

e Doctor, 1995).

Elaborado para crianças com Dislexia e Transtorno de aprendizagem.

Nomeação de grafemas e fonemas;

Formação de palavras;

Cópia;

Rima;

Leitura oral;

Escrita sob ditado;

Contagem do número de sílabas, grafemas e fonemas.

12 sessões;

2 vezes por semana;

50 minutos cada sessão.

Intervenção em grupo e realizada no ambiente clínico.

Estudo 1: Programa de remediação fonológica (Silva e Capellini 2011; baseado em Hatcher,

Hulme e Ellis, 1994 com adaptação para a Língua Portuguesa por Silva e Capellini 2010

e Capellini 2009.

Elaborado para crianças com Dificuldades de Aprendizagem.

Estudo 2: Programa realizado por Antunes, Freire e Crenitte 2015, baseado no Programa

de Silva e Capellini 2011).

Elaborado para crianças com Dificuldades de Aprendizagem.

Identificação do som e da letra;

Identificação e manipulação de sílabas na palavra;

Síntese fonêmica;

Rima;

Identificação e discriminação de fonemas;

Segmentação, subtração, substituição e transposição de fonemas;

18 sessões cumulativas;

2 vezes por semana;

40 minutos;

Realizado no período regular de aula;

Estudo 1: intervenção em grupo;

Estudo 2: atendimentos individuais.

Programa de Remediação fonológica (Salgado e Capellini 2008; baseado no

programa González, Espinel e Rosquete 2002).

Elaborado para crianças com Dislexia do Desenvolvimento.

Correspondência grafema-fonema;

Discriminação de fonemas em sílabas;

Classificação de palavras

20 sessões;

40 minutos cada sessão;

Uma vez por semana.

34

pares;

Discriminação de fonemas em palavras;

Correspondência grafema-fonema;

Identificação de fonemas;

Segmentação de fonema;

Supressão de fonemas.

Realizado no ambiente clínico.

Programa de remediação fonológica, Silva e Capellini, 2009; baseado em MOOJEN et

al.2003).

Elaborado para crianças com dificuldades de aprendizagem.

Identificação de sílaba inicial;

Identificação de rima;

Produção de palavra com sílaba dada;

Identificação de silabada medial;

Produção de rima;

Exclusão e transposição.

Produção de palavra que inicia com som dado;

Identificação de fonema inicial e final;

Exclusão, síntese, segmentação e transposição fonêmica.

Intervenção baseada no CONFIAS.

12 sessões cumulativas, individuais;

2 sessões por semana;

Duração de 15 minutos cada.

Realizada no ambiente escolar.

Programa de Remediação Fonológica e Leitura (Silva e Capellini 2010).

Elaborado para crianças com Distúrbios de Aprendizagem.

Identificação do som e das letras do alfabeto;

Identificação de palavras dentro da frase;

Identificação e manipulação de sílabas na palavra;

Síntese fonêmica;

Rima;

18 sessões individuais;

50 minutos cada.

35

Identificação, discriminação, segmentação, subtração, substituição e transposição de fonemas;

Leitura de livros.

Programa de Remediação Metafonológica e de Leitura versão computadorizada (Capellini;

Oliveira e Pinheiro, 2011) Programa pertencente a Capellini 2008.

Elaborado para crianças com dificuldades de aprendizagem.

Identificação do nome e som da letra;

Leitura de palavras e pseudopalavras;

Relação grafofonêmica, em posição inicial, medial e final;

Apresentação de sílabas para seleção de figuras que apresentassem a sílaba alvo em posição inicial, medial e final;

Apresentação de palavra e pseudoplavras para formar a partir das silabas e fonemas novas palavras reais;

Aliteração;

Rima;

Leitura de palavras (reais e pseudopalavras).

6 sessões individuais;

Duas vezes por semana;

50 minutos.

Programa de treinamento correspondência grafema-fonema (Refunfini, Martins e

Capellini, 2010; baseado em Schneider, Rothe Ennemoser, 2000).

Elaborado para crianças de Risco para Dislexia do 1° ano do Ensino Fundamental.

Reconhecimento do alfabeto fonêmico;

Combinação de letras para formação de sílabas e palavras;

Identificação de figuras pelo nome das letras;

Identificação de figuras pelos sons das letras.

4 atividades

18 sessões

50minutos

2 sessões semanais;

Escolares distribuídos em duplas.

Programa de Intervenção Fonológica (Silva e Capellini 2015).

Elaborado para Crianças de risco para

Identificação dos sons e das letras;

Identificação e produção de

15 sessões cumulativas,

36

Dislexia. rima;

Produção de rima com frases;

Identificação e manipulação de palavras;

Identificação e produção de sílabas, segmentação e análise silábica;

Identificação, segmentação, substituição, síntese, análise e discriminação fonêmica.

50 minutos,

2 vezes por semana,

Programa de Intervenção de Decodificação Fonológica (Silva e Crenitte, 2016 baseado

em Rivers, Lombardino, 1998; Rivers e Lombardino e Thompson 1996).

Elaborado para crianças com risco para dificuldades de leitura.

Nomeação das letras na forma maiúscula e na minúscula;

Produção do som das letras;

Consciência fonológica palavras, sílabas e fonemas;

Leitura;

Leitura de palavras monossilábicas de estrutura silábica do tipo CVC.

24 sessões divididas em 2 fases cada uma com 12 sessões;

50 minutos de duração.

Fase 1- coletiva (grupos de 2 a 3 crianças)

Fase 2- Individual.

Programa de Intervenção fonológica associado à correspondência grafema-fonema (Fukuda e Capellini 2012 baseado Schneider,

Roth e Ennemoser , 2000).

Elaborado para identificação de crianças de risco para a Dislexia,

Identificação de letras e reconhecimento de fonemas;

Combinação de letra para formação de sílabas e formação de palavras;

Identificação de figuras pelo nome das letras;

Identificação de figuras pelo som das letras;

Identificação de palavras dentro de uma frase;

Identificação e manipulação de sílabas na palavra;

Síntese fonêmica;

18 sessões cumulativas;

50 minutos de duração;

2 sessões semanais;

Realizado na escola.

37

Rima;

Identificação, discriminação e segmentação; subtração e transposição de fonemas.

Programa computadorizado para intervenção fônica ( Oliveira, Lukasova e Macedo 2010 baseado no Software Alfabetização Fônica

Computadorizada (Capovilla, Capovilla, Macedo e Diana 2005).

Elaborado para crianças com Dislexia.

- Reconhecimento de palavras,

Rima,

Aliteração,

Silabas e fonemas

Relação grafema-fonema.

16 sessões

Sessões semanais e individuais

60 minutos de duração.

Programa de remediação auditivo-visual computadorizado (Germano e Capellini 2008

utilizando o software Play On- Jeu d´entraînement à la lecture adaptado para o

Português Brasileiro).

Elaborado para crianças com Dislexia.

Discriminação de fonemas em logatomos, palavras e frases

Deleção de fonemas em logatomos, palavras.

13 sessões

40 minutos de duração

Individualmente

2 vezes por semana.

Programa computadorizado de Intervenção metafonológica e leitura (Oliveira, Germano e

Capellini 2015 utilizado o programa de Capellini 2008; baseado nos estudos Broom

& Doctor, 1995; González, Espinel, & Rosquette, 2002; Capellini, 2001; Germano & Capellini, 2008; Silva & Capellini, 2009; Silva

& Capellini, 2010).

Elaborado para escolares com dificuldades de aprendizagem.

Apresentação de sequência do alfabeto;

Leitura oral de palavras e pseudopalavras;

Apresentação grafemas/fonemas;

Apresentação de sílabas;

Apresentação de palavras reais e pseudopalavras;

Rima e aliteração;

Exatidão de leitura.

6 sessões com 9 atividades

Individualmente

2 vezes por semana

50 minutos de duração.

Programa de Remediação fonológica de leitura e escrita (Salgado, 2010)

Elaborado para crianças com dislexia

Etapa fonológica:

Identificação de grafema e fonemas, pares de fonemas, sílabas e palavras;

Adição e subtração de fonemas;

20 sessões individuais

1 vez por semana

45 minutos cada sessão.

38

Manipulação silábica e fonêmica

Rima

Aliteração

Acesso ao léxico mental

Memória de trabalho auditiva e visual

Etapa Leitura:

Leitura de palavras e pseudopalavras;

Leitura oral de histórias.

Etapa Leitura e Escrita:

Recontagem escrita de histórias lidas

Escrita temática

Fonte: Elaboração da autora, por meio da análise dos estudos.

39

Legenda: DA= Dificuldades de Aprendizagem; TA= Transtornos de Aprendizagem; Dislexia do Desenvolvimento.

Fonte: Elaboração da autora com base nos dados dos estudos.

Nesse sentido, a hipótese do estudo é que crianças submetidas à intervenção

em consciência fonológica e vocabulário expressivo apresentarão ganhos no

processo de alfabetização, sendo essas estimulações realizadas no ambiente escolar.

A pergunta norteadora pautada neste estudo foi “Uma estimulação sistemática,

realizada no ambiente escolar, em consciência fonológica e vocabulário expressivo

melhora o desempenho dessas e influência o desempenho de outras habilidades do

processamento fonológico e identificação de letras após a intervenção?”

Crianças com Dislexia

35%

Crianças com TA8%

Crianças com DA

35%

Risco para Dislexia

22%

Gráfico 1- População alvo dos estudos de intervenções nacionais.

Crianças com Dislexia Crianças com TA Crianças com DA Risco para Dislexia

40

3 OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Verificar a efetividade da intervenção em ambiente escolar nas habilidades

de consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças do 1° ano do

Ensino Fundamental de baixa renda da cidade de Natal/RN.

3.2 Objetivos Específicos

a) Comparar o desempenho em processamento fonológico,

vocabulário expressivo e identificação de letras, intragrupo, antes e após

intervenção em crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental de baixa renda,

submetidos e não submetidos à intervenção realizada no ambiente escolar.

b) Comparar o desempenho em processamento fonológico,

vocabulário expressivo e identificação de letras, intergrupos, antes e após a

intervenção em crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental de baixa renda,

submetidos e não submetidos à intervenção realizada no ambiente escolar.

41

4 MÉTODO

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob o número 2.440.976. Seguindo o

que preconiza a Resolução no 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Todos os pais e/ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), e a assinatura do Termo de Assentimento Livre e

Esclarecido (TALE) pelas crianças.

4.1 Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo intervencional, longitudinal, retrospectivo e

documental.

4.2 Local da Pesquisa e Período de Referência

A pesquisa foi realizada por meio da coleta do banco de dados do ano de

2018, pertencentes a pesquisa “Preditores de alfabetização em leitura de pré-

escolares de famílias de baixa renda de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil”. Os

dados estavam alocados no Laboratório de Linguagem Escrita,

Interdisciplinaridade e Aprendizagem (LEIA), no Departamento de

Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Os dados pertencem a três Escolas Municipais de Ensino

Fundamental I da cidade de Natal/RN, localizada em três regiões de Natal: Zona

Oeste, Sul e Leste. O Ensino Fundamental I e II é uma das etapas da Educação

42

Básica no Brasil, tem duração de nove anos e as crianças iniciam com 6 anos

de idade e terminam aos 14 anos (BRASIL, MEC, 2018; BNCC, 2017).

4.3 Caracterização das escolas estudadas

Para contextualizar as medidas de aprendizado obtida pelas avaliações

da Educação Básica, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (Inep) em 2015, optou por apresentar informações referentes ao

nível socioeconômico dos alunos participantes das provas. O indicador de nível

socioeconômico é classificado mediante o cálculo que leva em consideração

informações sobre o nível de escolaridade dos responsáveis pela criança, posse

de bens domésticos, renda e contratação de serviços pela família do aluno

matriculado na escola participante da avaliação (BRASIL, MEC, 2016;

INEP,2015).

De acordo com Avaliação da Educação Básica (ANA), o Rio Grande do

Norte possui 45,6% das escolas classificadas conforme o indicador de nível

socioeconômico como médio baixo (BRASIL, MEC, 2016). A nota técnica do

Inep em 2015, sobre o Indicador de Nível Socioeconômico -(Inse) das escolas,

demostrou que o grupo classificado como “Médio baixo”, concentra estudantes

nos níveis II (35%) e III (44%) da escala do Inse. Os níveis II e III indicam que há

nas casas dos estudantes bens elementares (ex.: uma televisão em cores, um

rádio, uma geladeira, entre outros); não há contratação de serviços domésticos;

uma renda familiar mensal de até 1 e 1,5 salários mínimos; e seus pais e/ou

responsáveis possuem ensino fundamental completo ou estão cursando esse

nível de ensino. Sendo assim, as escolas que pertencem a amostra desse estudo

estão localizadas no nível 3 (INEP,2015).

O índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um indicador

do resultado do fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações, sendo

esses dois conceitos importantes para se observar a qualidade da educação, os

valores por escolas, municípios e estados são apresentados de dois em dois

43

anos (MEC; INEP; FERNANDES, 2007). Os valores obtidos no Ideb pelas três

escolas A B e C que compõem o estudo estão apresentados a seguir (BRASIL,

INEP, 2020):

Tabela 1-Resultado do índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das escolas participantes da pesquisa.

Escolas Ideb Observado

(2017) Metas Projetadas

(2017)

Ideb Observado

(2019)

Metas projetadas

(2019)

Escola A ---- 5,1 4.7 5.4

Escola B 4.8 5.8 5.0 6.1

Escola C 5.1 5.4 4.8 5.7

Fonte: IDEB, INEP; disponível em: http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=2657053). Acesso em nov.2020.

Com relação ao método de alfabetização que as crianças do município de

Natal são expostas, não se encontrou nenhum documento que referencie qual

método utilizado. Entendendo que cada escola tem sua liberdade de escolha, as

instituições participantes do estudo, não relataram precisamente o método

utilizado. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017), não

aborda qual método de alfabetização deve ser seguido, apenas determina

habilidades e objetivos nos quais os estudantes devem adquirir conforme cada

ano escolar. Segundo Silva e Santos (2017), os Parâmetros Curriculares

Nacionais defendem o construtivismo como uma abordagem de alfabetização,

amplamente utilizada no país (BRASIL,1997).

44

4.4 População

A amostra iniciou com 144 crianças pertencentes a três escolas. Os

critérios de inclusão para análise dos participantes da pesquisa foram:

apresentarem dados completos da avaliação e da reavaliação no período de

2018, crianças matriculadas no 1° ano do Ensino Fundamental I, com idade entre

6 e 7 anos. Os critérios de exclusão foram: crianças com diagnóstico ou que os

professores suspeitem de transtornos; síndromes genéticas; deficiência visual,

auditiva ou intelectual; ou que seus pais e/ou responsáveis e professores

suspeitem de alguma condição acima citada, dados obtidos mediante uma

entrevista com as pesquisadoras.

Mediante os critérios de elegibilidade, 17 crianças foram excluídas e, ao

final, participaram do estudo 127 crianças, sendo distribuídas da seguinte forma:

52 crianças da escola A, 56 crianças da escola B e 19 crianças da escola C.

Todas as crianças são resultantes de duas turmas de cada escola, com total de

6 turmas com aproximadamente 24 a 30 alunos cada. Constituindo 67 crianças

do sexo masculino (52,8%) e 60 crianças do sexo feminino (47,2%), com média

de idade em meses no período da avaliação entre 6 anos e 6 meses

(Média=79,52; Dp=4,15). No período da reavaliação a idade em meses foi 7 anos

e 0 meses (Média=84,62; Dp=8,53). Os escolares pertencentes a escola B, não

foram expostos ao processo interventivo mediante greves dos servidores e

problemas de ordem da gestão municipal, compondo assim o grupo controle

juntamente com as outras duas turmas das escolas, A e C, que não foram

expostas a intervenção, apenas ao suporte escolar. Os estudantes pertencentes

as turmas que compuseram os grupos controle e intervenção das escolas, A e

C, foram selecionadas aleatoriamente, através de sorteio. As crianças foram

divididas sem distinção por escola, em dois grupos: Grupo Intervenção (GI): 40

crianças e Grupo Controle (GC): 87 crianças. O fluxograma 1 descreve o

percurso das crianças.

45

Figura 1. Fluxograma da distribuição dos participantes da pesquisa

Registro de 144 crianças com dados em 2018.1

Avaliadas (3 escolas)

Amostra final 127 crianças

(100%)

Grupo Intervenção (GI) 40 crianças (31,5%)

Grupo Controle (GC) 87 crianças (68,5%)

Escola B

57 crianças

(14,9%)

Escola C

34 crianças

Escola A

53 crianças

Dados incompletos 4 crianças (Escola C) na avaliação 2018.1

Dados incompletos 5 crianças

(Escola C) na reavaliação 2018.2

Saíram 8 crianças das escolas na reavaliação

(2018.2). Escola A= 1 criança Escola B= 1 criança

Escola C= 6 crianças

Critérios de

elegibilidade

Escola A 28 crianças (22,05%)

Escola C 12 crianças

(9,45%)

Escola A 24 crianças

(19,0%)

Escola B 56 crianças

(44,0%)

Escola C 7 crianças

(5,5%)

Escola A=52 (41%) Escola B=56 (44%) Escola C =19 (15%)

46

Tabela 2- Distribuição dos alunos por sexo nas escolas participantes e grupos (GI e GC).

PARTICIPANTES

Frequência Porcentual

(%)

Escola A

Feminino

Masculino

Total

25

27

52

48,1

51,9

100,0

Escola B

Feminino

Masculino

Total

28

28

56

50,0

50,0

100,0

Escola C

Feminino

Masculino

Total

7

12

19

36,8

63,2

100,0

Grupo Intervenção (GI)

Feminino

Masculino

Total

17

23

40

42,5

57,5

100,0

Grupo Controle (GC)

Feminino

Masculino

Total

43

44

87

49,4

50,6

100,0

Fonte: Elaboração da autora com base nos dados coletados.

As avaliações foram realizadas individualmente no ambiente escolar em

sala minimamente apropriada, considerando que a escola tem presença de ruído

e dificuldade em liberação de salas. Todas as salas tinham ar condicionado e

foram adaptadas para a pesquisa conforme havia necessidade. A intervenção

foi realizada em cinco semanas, três encontros por semana, cada um com

duração de 60 minutos, totalizando 15 encontros, 900 minutos/intervenção.

47

4.5 Definição das variáveis

4.5.1 Variáveis Dependentes

Quadro 2. Variáveis dependentes do estudo.

Dependente Natureza da Variável

Categorias/ Escalas de medida

Vocabulário expressivo Quantitativa discreta Numérica: média percentual de designações por vocábulo usual (DVU).

Consciência Fonológica

Quantitativa discreta

Numérica: número de acertos nas habilidades silábicas e fonêmicas.

Fonte: elaboração da autora, com base nos dados da pesquisa.

4.5.2 Variáveis independentes

Quadro 3. Variáveis independentes do estudo.

Independentes Natureza da Variável Categorias/ Escalas de Medida

Nomeação Automática Rápida

Quantitativa contínua

Numérica (segundos).

Memória operacional fonológica

Quantitativa discreta Numérica (acertos).

Identificação das Letras (PROLEC)

Quantitativa discreta Numérica (acertos).

48

Intervenção em Consciência Fonológica e Vocabulário

Categórica Ordinal

GI: grupo submetido a intervenção

GC: grupo controle

Fonte: Elaboração da autora com base nos dados da pesquisa.

4.6 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados

Foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação:

a) Vocabulário: avaliado pelo instrumento “ABFW – Teste de Linguagem

Infantil” (BEFI-LOPES, 2004), prova de vocabulário (Parte B). O protocolo avalia

o vocabulário expressivo indicado para crianças a partir de 2 anos de idade, por

meio da nomeação de imagens de nove categorias semânticas vestuário

(contendo 10 figuras); animais (contendo 15 figuras); alimentos (contendo 15

figuras); meios de transporte (contendo 11 figuras); moveis e utensílios (24

figuras); profissões (10 figuras); locais (12 figuras); formas e cores (10 figuras) e

brinquedos instrumentos musicais (11 figuras). Em cada campo semântico,

calcula-se o percentual de Designação por Vocábulo Usual (DVU),

correspondente ao percentual de nomeação de figuras que a criança realizou

corretamente, de Não-Designação (ND), corresponde ao percentual de imagens

não nomeadas pelas crianças ou que ela referiu não saber o nome e Processos

de Substituição (PS), refere-se ao percentual de figuras nomeadas que a criança

substituiu a figura apresentada por outro nome. Os processos de substituição

são analisados mediante a tipologia dos processos, denominados: - Numérica:

média percentual de não-designações (ND) e processos de substituições (PS).

Sendo os valores de referência do teste, para crianças com 6 anos de idade para

cada categoria semântica, apresentados na tabela 2.

49

Tabela 3 - Valores de referência do ABFW-vocabulário expressivo (BEFI-LOPES,2004), para crianças de 6 anos de idade.

Categorias semânticas

DVU (%) ND(%) PS(%)

Vestuário 80 0 20

Animais 70 20 10

Alimentos 90 5 5

Meios de transporte

70 5 25

Móveis e utensílios

65 5 30

Profissões 45 25 30

Locais 70 5 25

Formas e cores 85 5 10

Brinquedos e instrumentos

musicais 70 10 20

Legenda: DVU=designações por vocábulos usuais, ND=não-designações e PS=processos de substituição. Fonte: Elaboração da autora, tendo como base os dados do instrumento ABFW (BEFI-LOPES, 2004).

b) Consciência Fonológica: avaliada por meio do teste de “Consciência

Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial (CONFIAS)” de Moojen et al.

(2015). Seu uso é indicado para crianças a partir de 4 anos. Este protocolo é

composto por duas partes uma referente à consciência silábica constituída por

nove provas (S1:síntese; S2: segmentação; S3: identificação de silaba inicial;

S4: identificação de rima; S5: produção de palavra com a sílaba dada; S6:

identificação de silaba medial; S7: produção de rima; S8: exclusão e S9:

transposição) e a segunda pertencente à consciência fonêmica composta por

sete provas (F1: produção de palavras que inicia com o som dado; F2:

identificação de fonema inicial; F3: identificação de fonema final; F4: exclusão;

F5: síntese; F6: segmentação e F7:transposição). As respostas validas

contabilizam um ponto e as incorretas zero. Na parte silábica a pontuação

máxima é 40 pontos e a parte fonêmica 30 pontos, totalizando 70 pontos que

50

correspondem a 100% de acertos. Valores de referência para cada hipótese de

escrita, abaixo na tabela 3. A utilização deste instrumento possibilita a

investigação das capacidades fonológicas, considerando a relação com a

hipótese da escrita de Ferreiro e Teberosk (1985).

Tabela 4-Dados normativos do Teste CONFIAS (MOOJEN et al. 2015), conforme a hipótese de escrita.

Nível do teste

Hipótese de

escrita

Sílaba Fonema Total

Média Dp Média Dp Média Dp

Pré-silábica 23,52 5,51 8,28 2,21 31,8 6,52

Silábica 27,56 4,55 9,28 3,21 36,84 6,48

Silábico-

alfabética 31,8 4,58 15,2 3,25 47 5,66

Alfabética 35,8 4,41 20,6 5,32 56,4 8,96

Legenda: Dp=desvio-padrão. Fonte: elaboração da autora, tendo como base os dados do

instrumento CONFIAS (MOOJEN et al. 2015).

c) Nomeação Automática Rápida: habilidade avaliada pelo “Teste de

Nomeação Automatizada Rápida (Rapid Automatized Naming-RAN)” (ARAÚJO,

FERREIRA, CIASCA, 2016). O instrumento de nomeação é constituído por

quatro subteste: cores, dígitos, letras e objetos, cada subteste é composto por

cinco estímulos diferentes que se alternam entre si, formando assim ao todo dez

linhas sequenciais no total de cinquenta estímulos. O subteste de dígitos contém

os seguintes números: 6,2,4,9 e 7. O subteste de letras é composto pelas letras

p, d, o, a e s. O subteste de cores contém as cores verde, vermelho, amarelo,

preto e azul e o subteste dos objetos é composto pelas seguintes imagens: livro,

cachorro, cadeira, estrela e mão. Antes de iniciar o teste, deve-se orientar a

criança a realizar a nomeação dos estímulos apresentados visualmente de forma

rápida, em uma velocidade de fala rápida; esse tempo será cronometrado por

51

meio de um relógio, contabilizando o tempo em segundos. Além da avaliação do

tempo tem-se a observação qualitativa do teste, observando se a criança

nomeou o estimulo em ordem de apresentação visual erroneamente ou se pulou

o estimulo (a imagem ou a linha), comprometendo seu desempenho. Quanto

menor o tempo de nomeação melhor o desempenho, considerando também a

análise.

d) Memória operacional fonológica: habilidade avaliada pela “Prova

de Memória operacional fonológica- Não palavras e Dígitos” (GRIVOL, HAGE,

2011). A prova não palavras é constituída por 40 palavras paroxítonas

inventadas contendo de 2 a 5 sílabas, com fonemas do português. A prova de

dígitos contém 26 sequências de 1 a 9, sendo 14 sequencias de 2 a 8 dígitos em

ordem direita e 12 sequencias de 2 a 7 dígitos em ordem inversa. A aplicação

consiste em solicitar a repetição imediata da criança das não palavras

apresentadas pelo avaliador. Atribui para cada não palavra e sequencia de

dígitos 2 pontos, quando a criança repete corretamente na primeira vez, 1 ponto

quando repete na segunda vez corretamente e 0 pontos quando não consegue

repetir corretamente, as duas tentativas de apresentação. O uso desse

instrumento é destinado para crianças a partir de 5 anos de idade, tendo uma

outra seleção destinada a crianças de 3 a 4 anos de idade. A pontuação máxima

do instrumento é 80 pontos para a repetição de não palavras, 28 pontos para a

repetição de dígitos em ordem direta e 24 pontos para a repetição em ordem

inversa.

e) Identificação de letras: habilidade avaliada pela primeira prova do

instrumento “Provas de Avaliação dos Processos de Leitura-PROLEC” que é

denominada “prova de identificação do nome ou som das letras” (CAPELLINI,

OLIVEIRA, CUETOS, 2014). Nessa prova são apresentados visualmente em um

cartão impresso 20 letras do alfabeto, e o avaliado deve responder o nome e o

som de cada letra apresentada. Ao responder corretamente cada letra obtém-se

1 ponto, totalizando 20 pontos.

52

4.7 Intervenção

O programa de intervenção tem como base o RTI, porém mediante as

especificidades da realidade brasileira, com relação ao nível socioecômico e o

sistema de ensino, algumas adaptações foram feitas. Tendo em vista que o foco

da intervenção do estudo se deteve a camada 1 do RTI, não houve a realização

das camadas seguintes. Nesse aspecto, no Quadro 4 exemplifica-se as

principais adaptações realizadas para a amostra desse estudo de acordo, com

o modelo original de RTI (FUCHS, FUCHS, 2007; OTAIBA, WANZEK,

YOVANOFF, 2015).

Quadro 4. Comparação do modelo original de RTI e adaptações realizadas da camada 1 para amostra desse estudo.

Modelo original de RTI (EUA) Adaptações para a amostra desse

estudo.

Rastreio Universal de todos os estudantes.

Avaliação individual em crianças de 6 salas de 1° ano do Ensino Fundamental I

de três escolas

Triagem universal do comportamento

Não houve.

Entrevista informal realizada pelos pesquisadores com os professores e

pais e/ou responsáveis

Monitoramento periódico do desempenho

Monitoramento realizado apenas no período pré e pós intervenção, em

função do tempo proposto da intervenção

Intervenção preventiva universal.

Intervenção direcionada apenas as turmas que participaram da pesquisa, do 1° ano do Ensino Fundamental. Turmas

sorteadas para compor o grupo intervenção (GI)

53

Instrução dada pelos professores Instrução dada pelos pesquisadores

juntamente com os professores responsáveis pelas turmas

Instrução dada em sala de aula Intervenção realizada dentro da sala de aula com instrução dos pesquisadores

junto com as professoras

Fonte: FUCHS, FUCHS, 2007; OTAIBA, WANZEK, YOVANOFF, 2015. Elaboração da autora com base

nos dados da pesquisa e seguindo o modelo do estudo de Almeida et al., 2016.

As habilidades escolhidas para compor o programa de intervenção, vão

de acordo com as evidências cientificas que apontam que a instrução direta da

consciência fonológica combinada à correspondência grafema-fonema acelera

a aquisição da leitura. Juntamente a essas habilidades citadas anteriormente,

estudos de intervenção que trabalharam com o vocabulário têm demostrado

ganhos na ampliação desta habilidade, fator importante para a compreensão

leitora (DYSON et al. 2018; WISE, D’ANGELO, CHEN, 2016; VAN DRUTEN-

FRIETMAN et al 2016; ANTUNES, FREIRE, CRENITTE, 2013; SALGADO,

CAPELLINI, 2008; SILVA, CAPELLINI, 2011; GERMANO, PINHEIRO,

CAPELLINI, 2013; FUKUDA, CAPELLINI, 2012; MAYEDA, NAVATTA, MIOTTO,

2018; NATIONAL EARLY LITERACY PANEL, 2009).

O programa de intervenção em consciência fonológica e vocabulário

expressivo foi realizado em 15 encontros, com duração de 60 minutos cada,

sendo 3 encontros semanais, durante o horário da aula com participação da

professora responsável pela sala. As poucas sessões de intervenção realizadas

foram justificadas por greves e problemas de gestão municipal que impactaram

no calendário escolar, ocasionando poucos encontros para realização do

processo interventivo. Os professores as turmas escolhidas, aleatoriamente,

para serem expostas a intervenção, pertencentes as escolas A e C, participaram

de um processo de formação com os pesquisadores sobre o processo

interventivo e habilidades que seriam trabalhadas.

54

A intervenção utilizou estratégias lúdicas e estimulação multissensorial,

sendo trabalhadas as seguintes habilidades: vocabulário (significado das

palavras, grupos semânticos/expansão de vocabulário) e consciência fonológica

(rima, aliteração, síntese e segmentação silábica). A intervenção ocorreu

dividida em três etapas, utilizando-se três livros infantis. Os livros foram

selecionados pela equipe de pesquisadores e professores durante a formação

prévia que estes últimos realizaram sobre a pesquisa (Apêndice 1).

4.7 Análise dos Dados

Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial

realizada pelo Software SPSS Statistics versão 23.0. Foi realizada analise

descritivas das variáveis quantitativas foram obtidas por meio de valores de

média, desvio padrão e mediana. E as variáveis categóricas foram obtidas por

meio da frequência absoluta (n) e relativa (%). A normalidade da distribuição da

amostra foi verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov que indicou

distribuição não-normal, portanto foram utilizados testes não paramétricos para

a análise inferencial. Para verificar a médias das variáveis (consciência

fonológica, vocabulário expressivo, nomeação automática rápida, memória

operacional fonológica e identificação de letras se diferem entre os grupos GI e

GC, ou seja, comparação intergrupos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney.

Para verificar se as médias das variáveis diferem entre pontos do tempo,

comparação intragrupos, foi utilizado o teste de Wilcoxon. Sendo considerando

o nível de significância de 0,05 (5%) e os intervalos com 95% de confiança

estatística.

55

5 RESULTADOS

Abaixo serão descritos a caracterização do desempenho dos alunos dos

grupos (GI e GC) no período pré-intervenção, nas habilidades do processamento

fonológico, vocabulário expressivo e identificação de letras. Após, serão

apresentados os dados comparativos pré e pós intervenção do GI e GC

isoladamente quanto ao processamento fonológico, identificação de letras e

vocabulário expressivo, respectivamente. Por fim, serão analisados os grupos

entre si nas mesmas habilidades no período pós-intervenção.

É possível constatar, ao analisar os dados descritivos, referentes ao

período anterior a intervenção, que o grupo GC apresenta melhor desempenho

nas habilidades do processamento fonológico e identificação de letras ao

comparar com o grupo GI (Tabela 5 e Gráfico 2), porém na análise inferencial

na comparação entre os grupos, não houve diferença nas habilidades do

processamento fonológico, exceto em consciência fonológica nível de sílaba,

que mostrou melhor desempenho para o GC. Ambos os grupos mantiveram o

melhor desempenho no RAN objetos com média de nomeação menor que o

esperado para a escolaridade (Tabela 5).

56

Tabela 5-Comparação das médias em processamento fonológico entre grupos na pré-intervenção.

Variáveis Grupo N Média (Dp)

Mediana

DE Média (Dp)

Valor de p

Consciência silábica

GI 40 17,75 (4,98) 18 31,8 (4,58)

0,007* GC 87 20,98 (6,94) 20

Consciência fonêmica

GI 40 3,13 (3,51) 2

15,2 (3,25) 0,288 GC 87 2,99 (4,61) 0

Consciência fonológica Total

GI 40 20,63 (7,51) 21 47 (5,66)

0,141

GC 87 24,05 (10,94) 23

RAN Dígitos

GI

33 79,21 (37,88) 68 56,50(27,69) 0,277

GC 65 72,28 (35,73) 65

RAN Letras

GI

29 77,31 (28,55) 67 58,31 (17,14) 0,689

GC 59 73,92 (28,34) 68

RAN objetos

GI

40 75,55 (20,04) 69 81,08 (14,23) 0,890

GC 86 76,35 (21,81) 72

RAN cores

GI

38 90,29 (38,20) 79 67,21 (14,57)

0,879

GC 80 88,53 (41,02) 80

MOP

GI 40 52,30 (14,56) 53 69,43 0,111

GC 87 47,07 (16,33) 45

Digitos Ordem direta

GI

40

11,03 (2,87)

11

13,87

0,420 GC

87

12,01(4,16)

12

Digitos de Ordem inversa

GI 40 2,50 (2,79) 2

6,20

0,493 GC

87

2,24 (2,80) 0

Identificação de Letras

GI

40

7,43 (3,91)

8

20 0,855 GC 87 7,67 (5,20) 7

Legenda: Teste de Mann-Whitney p*<0,05. Legenda: GI=grupo intervenção; GC=grupo controle; Dp=desvio-padrão; n=número da amostra, DE=desempenho esperado, MPO: memória operacional fonológica.

57

Gráfico 2- Média de Desempenho dos Grupos GI e GC nas habilidades do Processamento Fonológico e Identificação de Letras no período pré

intervenção.

Legenda: IDENT letras= Identificação de letras; MOP= memória operacional fonológica; CF=

consciência fonológica.

Na comparação das médias do desempenho nas habilidades do

processamento fonológico, nos momentos pré e pós-intervenção, no GI,

observou-se que houve aumento significativo da média nas habilidades de

consciência fonológica nível da sílaba, nível do fonema e no resultado total,

demostrando na comparação inferencial entre os dois períodos dados

estatisticamente significante (p<0,05). Entretanto, os valores obtidos na pré e

pós-intervenção não chegaram próximo aos valores de desempenho esperado

referentes no teste, conforme a hipótese de escrita silábico-alfabética na pré-

intervenção e alfabética na pós-intervenção (Tabela 6).

Com relação a nomeação automática rápida (RAN), as crianças obtiveram

melhora estatisticamente significativas na diminuição das médias de

desempenho, pré e pós-intervenção, em dígitos e letras. No entanto, as crianças

apresentaram tempo maior na nomeação destes dois subtestes, ao comparar

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

CF sílabas

CF fonemas

CF total

RAN dígitos

RAN letras

RAN objetos

RAN cores

MOP

IDENT. Letras

Média de Desempenho nas habilidades do processamento Fonológico e identificação de letras.

GC GI

58

com o desempenho esperado para a faixa etária, de acordo com Araujo, Ferreira

e Ciasca (2016). É possível notar ainda que o número de estudantes que

responderam ao teste aumentou, considerando que no momento pré intervenção

algumas crianças não conseguiram realizar o teste por não saberem letras e

números. Sendo assim, nos dígitos 7 (17,5%) crianças não identificavam o

símbolo visual apresentado e, na pós-intervenção, essa porcentagem diminuiu

para 4 (12,5%) crianças; em letras 11 (27,5%) crianças não reconheciam e, na

pós-intervenção, esse percentual diminuiu para 4 (10,0%). Em objetos e cores,

houve melhora no tempo de nomeação ao comparar pré e pós intervenção,

porém não houve diferença estatisticamente significativa. Vale atentar que, em

objetos, as crianças mostraram tempo de nomeação menor que a média

esperada na pré intervenção, e manteve-se próxima da normalidade no pós

intervenção (Tabela 6).

Quanto à memória operacional fonológica, na repetição de

pseudoplavras, tanto no período antes e após o processo interventivo, as

crianças obtiveram médias abaixo do esperado de acordo com Grigol, Hage

(2011), para a faixa etária. No subtestes de dígitos em ordem direta e inversa

houve melhora quando comparados os dois tempos (Tabela 6).

No teste de identificação de letras (nomear o som ou nome das

letras), ao comparar as médias de desempenho nos dois períodos, as crianças

apresentaram melhora estatisticamente significativa, todavia os valores se

mantiveram abaixo do valor de referência do teste (CAPELLINI, OLIVEIRA,

CUETOS, 2014) que é 20 (Tabela 6).

59

Tabela 6- Desempenho do GI no processamento fonológico e identificação de

letras pré e pós intervenção.

Variáveis

Pré – interveção

Pós-intervenção

N Média (Dp)

Mediana DE Média (Dp)

Média (Dp)

Mediana DE Média (Dp)

Valor de p

Consciência fonológica

Confias silábico 40 17,75 (4,98)

18 31,8 (4,58) 24,00 (5,28)

23 35,8 (4,41)

0,000*

Confias fonêmico 40 3,13 (3,51)

2 15,2 (3,25) 5,75 (4,99)

5 20,6 (5,32)

0,001*

Confias total 40 20,63 (7,51)

21 47 (5,66) 29,75 (9,31)

29 56,4 (8,96)

0,000*

Nomeação automática rápida

n pré/ n pós

RAN Dígitos 33/35 79,21 (37,88)

68 56,50 (27,69)

57,94 (21,50)

54 42,76 (11,96)

0,001*

RAN Letras 29/36 77,31 (28,55)

67 58,31 (17,14)

64,08 (27,71)

60 42,93 (13,66)

0,002*

RAN objetos 40/40 75,55 (20,04)

69 81,08 (14,23)

72,00 (21,41)

70 71,11 (20,50)

0,090

RAN cores 38/38 90,29 (38,20)

79 67,21 (14,57)

82,13 (27,29)

78 53,16 (8,41)

0,130

MOP

Pseudopalavras 40 52,30 (14,56)

53 -- 53,65 (15,0)

52 69,43 0,290

Digitos Ordem direta 40 11,03 (2,87)

11 -- 12,23 (3,74)

12 13,87 0,043*

Digitos de Ordem inversa

40 2,50 (2,79)

2 -- 3,33 (2,62)

4 6,20 0,046*

Identificação de Letras

40 7,43 (3,90)

8 -- 10,20 (4,36)

10 20 0,000*

Legenda: Teste de Wilcoxon p*<0,05; DE=desempenho esperado do teste para a idade; n=número de crianças avaliadas, Dp= desvio-padrão, Med.=mediana, n pré= amostra na pré-intervenção e n pós= amostra na pós-intervenção, MPO: memória operacional fonológica.

60

No que se refere ao GC, ao comparar as médias nos momentos pré e pós-

intervenção houve melhora estatisticamente significativa nas habilidades do

processamento fonológico. Na consciência fonológica houve melhora da média

entre pré e pós intervenção, porém os resultados estão abaixo do desempenho

referente ao teste, de acordo com a hipótese de escrita (MOOJEN et al. 2003).

No RAN todos os subtestes apresentaram diferença ao comparar as médias nos

dois períodos, entretanto os valores de RAN dígitos, letras e cores nos dois

períodos encontram-se com tempo de nomeação maior que o desempenho

esperado conforme o estudo de Araujo, Ferreira e Ciasca (2016) que traz valores

referentes à idade e escolaridade. Em todos os subtestes o número de alunos

que não conseguiam nomear os estímulos nos dois momentos diminuiu,

destacado o RAN dígitos que passou de 22 (25,3%) para 5 (5,7%) e RAN letras

que passou de 28 (32,2%) para 11 (12,6%). Na memória operacional fonológica

e na identificação de letras, também houve melhora estatisticamente significante

nos dois tempos. Todavia, os desempenhos nas provas de pseudopalavras,

dígitos em ordem direta e inversa e identificação de letras ficaram abaixo do valor

esperado para a idade conforme estudos que trazem valores de referência para

idade e escolaridade Grigol, Hage (2011) e Capellini, Oliveira, Cuetos, (2014)

(Tabela 7).

É possível observar melhora significativa no desempenho do grupo GC

em todas as habilidades do processamento fonológico e identificação de letras,

no entanto, essa melhora ao comparar com os dados de referência se manteve

abaixo do esperado pelos testes, para outras populações as quais os testes

foram validados.

61

Tabela 7- Desempenho do GC no processamento fonológico e identificação de letras pré e pós intervenção.

Variáveis

Pré-intervenção

Pós-intervenção

N Média (Dp)

Mediana DE

Média (Dp)

Média (Dp)

Mediana

DE Média (Dp)

Valor de p

Consciência fonológica

Confias silábico 87 20,98 (6,94) 20 31,8

(4,58) 24,33 (7,89)

23 35,8

(4,41) 0,000*

Confias fonêmico 87 2,99 (4,61) 0 15,2

(3,25) 6,13

(6,86) 5

20,6 (5,32)

0,000*

Confias total 87 24,05(10,94) 23 47

(5,66) 30,48

(13,87) 29

56,4 (8,96)

0,000*

Nomeação automática rápida

RAN Dígitos 65/82 72,28

(35,73) 65

56,50 (27,69)

60,05 (34,43)

52 42,76

(11,96) 0,000*

RAN Letras 59/76 73,92

(28,34) 68

58,31 (17,14)

61,96 (31,53)

56 42,93

(13,66) 0,000*

RAN objetos 86/87 76,35

(21,81) 72

81,08 (14,23)

66,85 (16,0)

64 71,11

(20,50) 0,000*

RAN cores 80/86 88,53

(41,02) 80

67,21 (14,57)

75,91 (31,32)

69 53,16 (8,41)

0,000*

MPO

Pseudopalavras 87 47,07

(16,33) 45 --

53,73 (16,76)

55 69,4 0,000*

Digitos Ordem direta 87 12,01(4,16) 12 -- 13,03 (3,35)

12 13,8 0,000*

Digitos de Ordem inversa

87 2,24 (2,80) 0 -- 3,53

(2,85) 4 6,2 0,000*

Identificação de Letras

87 7,67 (5,20) 7 -- 11,69 (5,64)

12 20 0,000*

Legenda: Teste de Wilcoxon p*<0,05; DE=desempenho esperado do teste para crianças; n=número de crianças avaliadas; Dp=desvio-padrão; n pré= amostra na pré-intervenção e n pós= amostra na pós-intervenção, MPO: memória operacional fonológica.

Em relação ao período pós intervenção, não foi observada diferença

estatisticamente significativa ao comparar as médias obtidas nas habilidades de

processamento fonológico e identificação de letras entre os grupos, ao utilizar o

teste inferencial de Mann-Whitney (Tabela 8). É possível notar que o GI

melhorou, especialmente na consciência silábica, que apresentava desempenho

inferior no período pré intervenção na comparação com o grupo GC. O grupo GC

62

obteve uma melhor média de desempenho em consciência fonêmica ao

comparar com o GI, podendo ser explicado pelo melhor desempenho no período

pré intervenção em consciência silábica que esse grupo obtinha previamente,

diferentemente do GI. Ainda assim, as crianças deste estudo apresentaram

desempenho inferior ao comparar com os valores esperados pelos instrumentos

utilizados para coleta de dados, com exceção de RAN objetos no grupo GC, que

obteve médias menores que as esperadas para essa faixa etária.

Tabela 8- Comparação das médias em processamento Fonológico entre grupos GI e GC no período pós-intervenção.

Variáveis Grupo N Média (Dp) Mediana

DE Média (Dp)

Valor de p

Consciência silábica

GI 40 24,00 (5,28)

23 35,8

(4,41)

0,767

GC

87

24,33 (7,89)

23

Consciência fonêmica

GI

40

5,75 (4,99)

5

20,6 (5,32)

0,679

GC

87

6,13 (6,86)

5

Consciência

fonológica Total

GI

40

29,75 (9,31)

29

56,4 (8,96)

0,928 GC

87

30,48

(13,87)

29

RAN Dígitos

GI

35

57,94

(21,50)

54

42,76

(11,96)

0,814

GC

82

60,05 (34,43)

52

RAN Letras

GI

36

64,08

(27,71)

60

42,93 (13,66)

0,322

GC

76

61,96

(31,53)

56

RAN objetos

GI

40

72,00

(21,41)

70

71,11 (20,50)

0,297

GC

87

66,85 (16,0)

64

63

RAN cores

GI

38

82,13

(27,29)

78

53,16 (8,41)

0,100

GC

86

75,91

(31,32)

69

MPO

GI

40

53,65 (15,0)

52

69,43

0,927

GC

87

53,73

(16,76)

55

Digitos Ordem direta GI

40

12,23 (3,74)

12

13,87

0,436

GC

87

13,03 (3,35)

12

Digitos de Ordem

inversa

GI

40

3,33 (2,62)

4

6,20

0,759 GC

87

3,53 (2,85)

4

Identificação de Letras

GI

40

10,20 (4,36)

10

20

0,082

GC 87

11,69 (5,64)

12

Teste de Mann-Whitney p*<0,05. Legenda: GI=grupo intervenção; GC=grupo controle; Dp=desvio-padrão; n=número da amostra, DE=desempenho esperado, MPO: memória operacional fonológica.

No comparativo entre as médias no período anterior ao processo

terapêutico na avaliação do vocabulário expressivo entre os grupos GI e GC,

observado na Tabela 9, não houve diferença significativa entre as médias

percentuais de DVU de todas as categorias semânticas, exceto a categoria

animais, que apresentou diferença estatisticamente significativa (U=1323,500;

p=0,023). Nos dados descritivos é possível verificar que a média percentual de

desempenho dos estudantes em todas as categorias semânticas foi maior da

considerada padrão no teste (BEFI-LOPES, 2004), para crianças com faixa

etária de 6 anos, exceto nas categorias vestuário, alimentos, locais e formas e

cores nos dois grupos (GI e GC).

64

Tabela 9- Comparação das médias percentuais em vocabulário expressivo entre GI e GC no período pré-intervenção.

Variável Vocabulário expressivo

Grupo n DVU ± Dp VR

Valor de p

Vestuário (DVU)

GI 40 67 ± 20 80

0,445

GC

87

64 ± 16

Animais (DVU)

GI

40

92 ± 8

70 0,023*

GC

87

90± 11

Alimentos (DVU)

GI

40

81 ± 8

90

0,821

GC

87

78 ± 13

Transportes (DVU)

GI

40

90 ± 7

70

0,076

GC

87

88 ± 9

Móveis e Utensílios (DVU)

GI

40

80 ± 7

65

0,457

GC

87

80 ± 10

Profissões (DVU)

GI

40

56 ±16

45

0,740

GC

87

55 ±14

Locais (DVU)

GI

40

43 ±18

70

0,724

GC

87

44 ±19

Formas e Cores (DVU)

GI

40

81 ±19

85

0,477 GC

87

79 ± 19

Brinquedos e

Instrumentos musicais (DVU)

GI

40

85 ±15

70

0,902

GC 87

85 ±14

Teste de Mann-Whitney p*<0,05. Legenda: DVU=designações por vocábulo usual (ABFW); GI=grupo intervenção; GC=grupo controle; Dp=desvio-padrão, n=número da amostra, VR= valor de referência dado pelo teste para crianças com idade de 6 anos.

Quanto ao vocabulário expressivo do grupo GI houve um aumento das

65

médias percentuais de designações por vocábulo usual (DVU), ao comparar os

períodos pré e pós intervenção, no entanto, esse aumento não foi

estatisticamente significante segundo o teste inferencial. Ao comparar os

resultados das médias percentuais com o percentual estabelecido no teste

ABFW (BEFI-LOPES, 2004), para crianças de 6 anos é possível deter-se ao fato

de que quatro categorias (vestuário, alimentos, locais, formas e cores) se

mantiveram abaixo do esperado para idade (tabela 10).

Tabela 10- Comparação das médias percentuais de desempenho em vocabulário expressivo nos períodos pré e pós intervenção no GI.

Vocabulário Expressivo

Pré intervenção

Pós Intervenção

DVU ± Dp DVU ± Dp VR Valor de p

Vestuário (DVU) 67 ±20 69 ±16 80 0,494

Animais (DVU) 92 ± 8 94 ± 8 70 0,227

Alimentos 81 ± 8 81 ± 9 90 0,587

Transportes 90 ± 7 91 ± 8 70 0,838

Móveis e Utensílios 80 ± 7 81 ± 8 65 0,618

Profissões 56 ±16 58 ±16 45 0,297

Locais 43 ±18 46 ±17 70 0,124

Formas e cores 81 ±19 83 ±17 85 0,282 Brinquedos e instrumentos

musicais 85 ±15 87 ±12 70 0,246

Legenda: Teste de Wilcoxon p*<0,05. DVU=designações por vocábulo usual (ABFW), VR= valor de referência dado pelo teste para crianças com idade de 6 anos; Dp=desvio-padrão.

No vocabulário expressivo do GC ao comparar as médias percentuais de

designações por vocábulo usual (DVU), nos dois períodos, houve um aumento

nesses valores em todas as categorias semânticas, no entanto, as que obtiveram

resultados estatisticamente significantes segundo o teste de Wilcoxon foram as

categorias semânticas: vestuário, animais, alimentos, transportes, locais e

brinquedos e instrumentos musicais. Demostrando haver um aumento

significativo das médias percentuais, ou seja, maiores resultados de acertos

nessas categorias. Mesmo assim, ao comparar os resultados de DVU com o

percentual estabelecido no teste nas categorias semânticas: vestuário,

66

alimentos, locais e formas e cores, esses se encontram abaixo do esperado para

crianças de 6 anos de idade, segundo o teste ABFW (BEFI-LOPES, 2004)

(Tabela 11).

Tabela 11- Comparação das médias percentuais pré e pós intervenção no GC.

Vocabulário Expressivo

Pré intervenção

Pós Intervenção

DVU ± Dp DVU ± Dp VR Valor de p

Vestuário (DVU) 64 ± 16 70 ±15 80 0,000*

Animais (DVU) 90 ± 11 93 ± 8 70 0,015*

Alimentos (DVU) 78 ± 13 81 ±11 90 0,016*

Transportes (DVU) 88 ± 9 91 ± 8 70 0,004*

Móveis e Utensílios (DVU) 80 ± 10 81± 9 65 0,173

Profissões (DVU) 55 ± 14 58 ± 16 45 0,097

Locais (DVU) 44 ± 19 51 ± 18 70 0,000*

Formas e cores (DVU) 79 ± 19 82 ± 19 85 0,053

Brinquedos e instrumentos musicais (DVU)

85 ±14 89 ±11 70 0,001*

Legenda: Teste de Wilcoxon p*<0,05. DVU=designações por vocábulo usual (ABFW). VR= valor de referência dado pelo teste para crianças com idade de 6 anos; Dp=desvio-padrão.

No vocabulário expressivo, no período pós intervenção, não foi observada

diferença estatisticamente significativa, conforme comparação do teste

inferencial, nas médias percentuais de DVU, atingidas entre os grupos em todas

as categorias semânticas. Ambos atingiram o desempenho esperado ao

comparar com o valor de referência do teste ABFW (BEFI-LOPES, 2004), nas

categorias semânticas: animais, transportes, móveis e utensílios, profissões e

brinquedos e instrumentos musicais (Tabela 12).

67

Tabela 12. Comparação das médias em vocabulário expressivo entre GI e GC no período pós-intervenção.

Variável Vocabulário expressivo

Grupo N DVU ± Dp VR

Valor de p

Vestuário (DVU)

GI

40

69 ± 16

80

0,666 GC

87

70 ±15

Animais (DVU)

GI

40

94 ± 8

70

0,481 GC

87

93 ± 8

Alimentos (DVU)

GI

40

81±9

90

0,613 GC

87

81± 11

Transportes (DVU)

GI

40

91 ± 8

70

0,355

GC 87 91± 8

Móveis e Utensílios

(DVU)

GI

40

81± 8

65

0,709

GC

87

81 ± 9

Profissões (DVU)

GI

40

58 ± 16

45

0,835

GC

87

58 ± 16

Locais (DVU)

GI

40

46 ± 17

70

0,070

GC

87

51± 18

Formas e Cores (DVU)

GI

40

83 ± 17

85

0,955

GC

87

82 ± 19

Brinquedos e

Instrumentos musicais (DVU)

GI

40

87 ± 12

70

0,308

GC 87

89 ± 11

Teste de Mann-Whitney p*<0,05. Legenda: DVU=designações por vocábulo usual (ABFW); GI=grupo intervenção; GC=grupo controle; Dp=desvio-padrão, n=número da amostra, VR= valor de referência dado pelo teste para crianças com idade de 6 anos.

68

6 DISCUSSÃO

Os grupos GI e GC obtiveram ganhos, ao comparar os períodos pré e pós-

intervenção em consciência fonológica e vocabulário expressivo, ressaltando

que o suporte escolar juntamente com o processo interventivo, promove

melhoras nos desempenhos dos estudantes.

Quanto à consciência fonológica, é relevante ressaltar que, embora

ambos os grupos tenham apresentado melhoras significativas, esses não

atingiram a pontuação estabelecida pelo CONFIAS (MOOJEN et al., 2003) nos

dois momentos, considerando o desempenho baseado na fase de escrita

silábico-alfabética que estes possuíam antes da intervenção e alfabética na pós-

intervenção.

Estudos levantam hipóteses que fatores socioeconômicos podem

interferir no desempenho em consciência fonológica (SOARES, JACINTO,

CÁRNIO, 2012; CÁRNIO et al., 2015; ROSAL et al. 2016). Pesquisas

desenvolvidas com crianças no início do processo de alfabetização ou no final,

de níveis socioeconômicos considerados médio/baixo, apresentam resultados

inferiores ao comparar com os preconizados pelo teste, pois o teste foi validado

para populações de nível socioeconômico médio/alto (MOOJEN et al. 2003).

Uma pesquisa realizada em Maceió, com crianças do primeiro e quinto

ano escolar, classificadas como sendo de classe econômicas D e E, avaliou as

habilidades de fluência de leitura de palavras, consciência fonológica,

vocabulário receptivo, consideradas preditoras para a aquisição de leitura, nas

quais mantiveram relação positiva com o desempenho de leitura, mesmo as

crianças apresentando baixo nível socioeconômico (BANDINI; BANDINI; NETO,

2017).

No tocante às habilidades pertencentes a consciência fonológica, estudos

nacionais (ROSAL et al. 2016; ROSAL, CORDEIRO, QUEIROGA, 2013),

apontam que as crianças apresentam melhores resultados em consciência

silábica do que fonêmica, corroborando os dados observados neste estudo nos

69

diferentes períodos da avaliação, visto que o foco da intervenção em consciência

fonológica foi no nível de sílaba. A maior dificuldade com a consciência fonêmica,

pode ser justificada pelo fato de o método de alfabetização, predominantemente

utilizado pelo sistema de ensino brasileiro não prioriza a instrução dos sons das

letras e suas relações (SANTOS, VIDAL, GUTIÉRREZ, 2018; JUSTINO,

BARRERA, 2012; SEABRA, DIAS, 2011)

Anteriormente ao ensino formal da alfabetização, as crianças possuem

níveis primários de consciência fonológica, no nível silábico, o qual auxilia na

aprendizagem e se aprimora com base nela. A consciência fonológica no nível

fonêmico é desenvolvida e aprimorada somente quando a criança inicia o

processo de alfabetização, tendo contato com as letras, destacando uma ligação

de reciprocidade entre a consciência fonológica e aquisição de leitura e escrita

(TENÓRIO, ÁVILA, 2012; SOARES, CÁRNIO, 2012). Assim, é possível notar

que as crianças deste estudo, especialmente a do grupo de intervenção precisou

desenvolver primeiramente a consciência da sílaba, não trabalhada previamente

na educação infantil. Este dado torna alarmante a necessidade de estimulação

destas habilidades precocemente no tocante ao processo de desenvolvimento

da leitura e escrita durante a alfabetização.

Processos interventivos, com foco na remediação fonológica, trabalham

habilidades diversas da consciência fonológica, tais como: síntese,

segmentação, aliteração, rima, transposição e manipulação a nível silábico à

fonêmico (GERMANO, PINHEIRO, CAPELLINI, 2013; SALGADO, CAPELLINI,

2008; SILVA, CAPELLINI, 2011; FUKUDA, CAPELLINI, 2012). Assim, é evidente

o ganho em identificação de letras (ANTUNES; FREIRE; CRENITT, 2013), como

também nas habilidades de consciência fonológica, após a intervenção, em

crianças com diversas condições e em diversos momentos do processo de

aprendizagem escolar (SILVA, CRENITTE, 2016; SALGADO, CAPELLINI, 2008,

SILVA, CAPELLINI, 2011; FUKUDA, CAPELLINI, 2012, GERMANO, PINHEIRO,

CAPELLINI, 2013).

Um programa de intervenção que trabalhou habilidades de consciência

fonológica, em crianças com distúrbios de leitura, com diferentes níveis

socioeconômicos, desenvolvido nas férias de verão, mostrou ganhos nas

70

crianças de nível socioeconômico mais baixo, sendo observado um aumento no

crescimento cortical do sistema nervosos central, por meio de exames de

imagem (ROMEO et al., 2018).

É possível observar que as intervenções trazem benefícios ou aprimoram

outras habilidades preditoras para o sucesso da aprendizagem da leitura, que

não foram propriamente trabalhadas no processo interventivo, como memória

operacional fonológica (SILVA, CRENITTE, 2016; GERMANO, PINHEIRO,

CAPELLINI, 2013, FUKUDA, CAPELLINI, 2012) e a nomeação automática

rápida (SALGADO; CAPELLINI, 2008). Nesse estudo, observou-se ganhos

significativos, ao comparar as médias do grupo exposto ao processo interventivo

(GI) no período pré e pós-intervenção.

A intervenção deste estudo focou nas habilidades de consciência

fonológica, no nível silábico, nas quais foram trabalhadas as habilidades de

segmentação, síntese, identificação e produção de rima e aliteração; relação

grafema-fonema e vocabulário (expansão de vocabulário, classificação das

palavras).

O treinamento breve de 15 sessões, aplicado em consciência fonológica

e vocabulário expressivo, mostrou um efeito positivo sobre o desenvolvimento

destas e demais habilidades (memória operacional fonológica, identificação de

letras, RAN) não trabalhadas explicitamente na intervenção que podem

beneficiar o processo de aprendizagem da leitura e escrita. Embora na análise

inferencial os grupos não tenham tido diferenças estaticamente significativas,

nota-se na análise descritiva que houve uma tendência de melhor desempenho

no GC antes da intervenção que possivelmente influenciou nos resultados,

considerando também que este grupo tinha um número maior que o GI.

Na identificação de letras do instrumento PROLEC (CAPELLINI,

OLIVEIRA, CUETOS, 2014), ao comparar os resultados pré e pós intervenção

de cada grupo notou-se melhora no conhecimento de letras. Na comparação

entre os grupos, o GC no período anterior ao processo terapêutico já

apresentava melhor desempenho nessa habilidade que o grupo GI e no período

posterior a intervenção esses resultados se mantiveram, mesmo essa

comparação entre grupos não apresentarem diferenças estatísticas.

71

O conhecimento de letras, considerada uma das habilidades

fundamentais para o domínio dos sistemas alfabéticos de escrita e também na

língua portuguesa, apresenta forte correlação com a escrita (BARRERA,

SANTOS, 2016). Considera-se que o conhecimento do nome das letras é uma

habilidade que antecede o conhecimento do som das letras. Assim, o

conhecimento do nome das letras facilitaria o domínio da correspondência

letras/som, necessário para o desenvolvimento das habilidades de decodificação

(EHRI, 1986; STUART e COLTHEART, 1988). Depreende-se que esta

capacidade é considerada um fator importante para o sucesso na aprendizagem

inicial da linguagem escrita (CARDOSO-MARTINS e BATISTA, 2005; LEVIN et

al., 2002; BARBOSA, MEDEIROS e VALE, 2016).

Com relação ao desempenho no RAN, foi possível observar que o tempo

de nomeação ao comparar os dois períodos nos dois grupos, diminuiu em todos

os subtestes. No entanto, é possível verificar que, ao comparar nossos achados

ao de um estudo brasileiro (ARAUJO, FERREIRA, CIASCA, 2016), com valores

de referência para crianças, em início de alfabetização, o tempo em nomear os

estímulos apresentados nos subtestes do RAN é menor que o das crianças de

ambos os grupos desse estudo (GI e GC). No entanto, no subteste de objetos

os sujeitos do presente estudo apresentaram tempo menor de nomeação ao

comparar com o estudo nacional (ARAUJO, FERREIRA, CIASCA, 2016), sendo

o GI, na pré-intervenção, próximo do valor referente na pós-intervenção e no GC

os dois períodos as crianças obtiveram tempo menor. Este resultado pode ser

explicado pelo auxílio do vocabulário no acesso lexical para a recuperação

fonológica, possivelmente mais estimulada no ambiente educacional nos

primeiros anos de vida.

Estudos de Deckla e Rudel (1974) e Araujo, Ferreirae Ciasca (2016),

corroboram o resultado desse estudo em que as crianças dos dois grupos

nomearam os estímulos dígitos e letras mais rapidamente que cores e objetos.

A nomeação de cores é considerada mais lenta, mediante a necessidade de

requisitar o uso mais eficaz de processos atencionais e perceptuais visuais, de

discriminação e análise-síntese (GEORGIOU, DAS, HAYWARD, 2008;

DENCKLA, 1976). O RAN é considerado um forte preditor da fluência de leitura

72

(GEORGIOU, PARRILA, PAPADOPOULOS, 2016; POWELLATKINSON, 2020;

LANDERL et al. 2019). A leitura fluente ativa um armazenado modelo neural

que, por sua vez, não permite apenas a leitura rápida, mas também ativa a

pronúncia correta e compreensão da palavra (DANEMAN, CARPENTER, 1980).

No que refere a memória operacional fonológica, no comparativo entre as

médias dos dois períodos, intragrupos, ambos os grupos apresentaram

resultados estatisticamente significativos nas provas de dígitos em ordem direta

e inversa e o GC obteve também em não palavras (pseudopalavras). Na

comparação entre os grupos, em ambos os períodos, não houve diferenças

consideradas estatisticamente significantes. Entretanto, é possível observar nos

dados descritivos melhoras nas médias entre os grupos. Mesmo considerando

os valores dos dois períodos, todos os sujeitos da amostra obtiveram

desempenho aquém do esperado ao comparar com um estudo nacional

(GRIVOL; HAGE, 2011), que traz valores dessas habilidades em crianças na

mesma faixa etária.

A memória operacional desempenha um papel primordial no

desenvolvimento da leitura. No ato de ler e escrever, a criança resgata suas

informações ortográficas e fonológicas do léxico e as sustenta na memória

operacional até que ela tenha associações de seus constituintes sonoros com

os respectivos grafemas (BADDELEY, 2003; GATHERCOLE, BADDELEY,

1993; SWANK, 1994; PENG, 2018).

No vocabulário expressivo, na avaliação intra grupos, o GI obteve melhora

nas médias ao comparar os dois períodos observando dados descritivos, no

entanto o comparativo das médias, por meio do teste inferencial constatou que

não houve diferença significativa ao comparar os desempenhos nos dois

períodos. No grupo GC, a avaliação intragrupo ao comparar as médias nos dois

períodos os valores foram significativos (p<0,05) nas categorias semânticas:

vestuário, alimentos, animais, transportes, locais e brinquedos e instrumentos

musicais.

Os sujeitos do GI e GC obtiveram desempenho aquém do esperado nos

dois períodos ao comparar com o escore do teste (BEFI-LOPES, 2004), para

crianças de 6 anos nas categorias semânticas: vestuário, alimentos, locais e

73

formas e cores. Esses dados concordam com estudos realizados com crianças

de mesma faixa etária, demostrando desempenho inferior nessas categorias

semânticas (CÁCERES-ASSENÇO et al., 2018; MEDEIROS et al., 2013). Dentre

esses estudos, tem-se uma pesquisa realizada no nordeste do Brasil

(MEDEIROS et al., 2013), dado importante tendo em vista a população do estudo

ser de uma região do Nordeste. Tendo em vista as diferenças sociolinguísticas

das diversas regiões do país. Uma hipótese do baixo desempenho das crianças

deste estudo com o teste de referência (BEFI-LOPES, 2004), pode ser em

decorrência da validação do instrumento ter ocorrido em crianças da região

Sudeste, levantando a hipótese que o fator cultural e as diferenças

sociolinguísticas podem influenciam no desempenho das crianças nas provas.

O vocabulário é considerado pela literatura um forte preditor para sucesso

na leitura, em destaque na habilidade de compreensão leitora (BRASIL, MEC,

2019; COLOMBO; CARNIO, 2018; GUIMARAES; MOUSINHO, 2019) e para o

desempenho ortográfico (SANTOS, BEFI-LOPES, 2012).

Programas de RTI são considerados eficazes para identificação precoce

de crianças com dificuldades de aprendizagem, bem como evidências que

déficits de leitura podem ser reduzidos principalmente para alunos no início da

alfabetização, mostrando melhorias gerais nos resultados de leitura para os

alunos participantes. A literatura ressalta a importância da adaptação de

programas de leitura que tenham evidências cientificas. As intervenções nas

primeiras séries tendem a ser focadas nas habilidades básicas de consciência

fonológica, reconhecimento de letras, palavras, vocabulário, detecção de rima,

detecção e segmentação de sílabas, detecção de fonemas e segmentação,

relação letra-som (VAUGHN et al., 2009; CASE et al, 2010; WANZEK e

CAVANAUGH, 2012; O'CONNOR et al., 2005; O'CONNOR et al. 2013;

WANZEK et al., 2016; SIEGEL, 2020; OTAIBA, WANZEK, YOVANOFF, 2015).

Indo de acordo com habilidades defendidas como preditoras para o sucesso na

alfabetização pelo National Reading Painel (2000).

Meta-análise com 72 estudos, examinou um conjunto de estudos que

abordam os efeitos de intervenções de leitura menos extensas, RTI camada 2,

para alunos com ou sem risco de dificuldades de leitura nas séries iniciais. Sendo

74

assim, a revisão sugeriu que o processo terapêutico se concentre em habilidades

básicas de leitura (como consciência fonológica, fonética, reconhecimento de

palavras, fluência de leitura), bem como intervenções multicomponentes que

também incluem a instrução de compreensão e vocabulário, como sendo

eficazes para aumentar os resultados de leitura para essa população.

Considerado eficazes nos níveis iniciais da educação do jardim de infância ao

terceiro ano do ensino fundamental, podendo ser implementadas de forma viável

por diversos atores do ambiente escolar, professores de educação geral, de

educação especial, pesquisadores e profissionais de outras áreas. Além disso,

o apoio a realização de intervenções em pequenos grupos de cinco ou menos

alunos. A maioria dos estudos incluídos na revisão examinou populações de

estudantes com baixo nível socioeconômico, e as intervenções implementadas

foram fornecidas aos participantes em média de 15 a 99 sessões durante

aproximadamente 4 a 32 semanas. Dois estudos implementaram sessões de

120 ou 190 minutos (WANZEK et al., 2016).

Um fator limitante do nosso estudo foi o período curto da intervenção,

tendo em vista que tanto programas de remediação fonológica elaborado para

crianças com risco para dificuldades de leitura ( ANTUNES, FREIRE e

CRENITTE, 2015; SILVA, CAPELLINI, 2011; SILVA, CAPELLINI, 2009;

CAPELLINI, OLIVEIRA, PINHEIRO, 2011; SILVA, CRENITTE, 2016; OLIVEIRA,

GERMANO, CAPELLINI, 2015), quanto programas de RTI (WANZEK et al.,

2016; SHEPLEY,GRISHAM-BROWN, 2019) apresentam um número maior de

encontros. Entretanto o estudo de Case et al. (2010), demostrou que

intervenções mais breves são úteis em uma estrutura de RTI com foco na

identificação precoce.

O método de alfabetização ao qual as crianças do estudo foram expostas

não é bem explícito nos documentos do município e do governo federal pela

BNCC (BRASIL, 2017). Os diversos métodos difundidos estão inseridos em duas

grandes classificações que diferenciam os tipos de métodos, que são os

métodos analíticos e os sintéticos. O primeiro as unidades apresentadas

inicialmente no processo de alfabetização, são unidades de significado

(palavras, frases, textos) e o método sintético são usados procedimentos que

75

partem de unidades menores (fonemas, silabas) para chegar a unidades

maiores. Nesse sentido, as evidências cientificas tem demostrado que métodos

que partem das unidades mínimas da língua promovem facilidade no processo

de aprendizagem da leitura (BORTONI-RICARDO, 2006; SANTOS; VIDAL;

GUITIÉRREZ, 2018; PRIOSTE, 2020; SILVA; SANTOS, 2017; BRASIL, 2019;

DEHAENE, 2012; SEABRA, DIAS, 2011).

Segundo Silva e Santos (2017), o fracasso da alfabetização não é

mediante o método de alfabetização e sim a pouca preparação e formação dos

professores em adequar o melhor método as necessidades do aluno.

Dentre algumas habilidades essenciais a serem desenvolvidas pelas

crianças no 1° ano do ensino fundamental, segundo as propostas presentes na

Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017): os estudantes

deveriam entender o princípio alfabético (relacionar a letra ao som), reconhecer

letras, separar sílabas, ler palavras novas com precisão na decodificação. Ao

comparar com os dados desta pesquisa observamos que os alunos, mesmo

após expostos ao período interventivo, possuem déficits em habilidades do

processamento fonológico, identificação de letras e vocabulário expressivo.

A PNA (BRASIL,2019), traz alguns norteadores importantes que podem

combater os fracassos escolares recentes do sistema de ensino Brasileiro,

entretanto a política não aborda como se dará o monitoramento e a identificação

precoce de estudantes de risco para problemas de aprendizagem. A literatura

comprova o benefício dos programas de RTI, para solucionar as falhas no

processo acadêmico e identificar precocemente crianças de risco a transtornos

de aprendizagem (BATISTA, PESTUN, 2019; MACHADO, ALMEIDA, 2014;

FUCHS, FUCHS, 2007; ANDRADE, ANDRADE, CAPELLINI, 2014).

Logo, é importante frisar que as pessoas em vulnerabilidade social são

mais propensas a ter menos contato com ambientes ricos linguisticamente. A

nova Política de Alfabetização mostra que a alfabetização baseada em

evidências científicas permite que as crianças de diferentes condições sociais,

principalmente as mais vulneráveis, tenham acesso a abordagens mais eficazes

de aprendizagem da leitura e escrita. Esse processo pode contribuir com a

diminuição das desigualdades sociais e educacionais dos estudantes brasileiros,

76

podendo ser observadas nas avaliações educacionais (BRASIL, MEC, 2019).

77

7 CONCLUSÃO

A proposta de intervenção coletiva em sala de aula quanto aos aspectos

da consciência fonológica e vocabulário expressivo demonstrou efetividade no

desenvolvimento destas habilidades, bem como das demais do processamento

fonológico e identificação de letras nas crianças submetidas ao programa

sistemático.

Embora as crianças do grupo controlem também tenham desenvolvido as

habilidades, é possível notar que este já apresentava melhor desempenho ao

início da intervenção na consciência silábica e demais habilidades, o que

provavelmente pode ser auxiliado neste processo de construção das demais

habilidades. Embora o estudo tenha sido sigiloso sobre as atividades realizadas

no GI, não podemos garantir que as atividades entre as professoras nos dias

que as pesquisadoras não estavam na escola não eram compartilhadas, o que

poderia interferir nos resultados do GC como limitante neste estudo.

Os resultados mais promissores do GC também podem estar

relacionados ao tamanho da amostra deste grupo que foi maior que o GI.

O estudo apontou dados importantes sobre o desempenho de escolares

em início do processo de alfabetização de baixo nível socioeconômico de uma

região do Nordeste, na qual foi pouco explorada pela literatura para verificar a

influência de intervenções nessa população. Importante destacar que a maioria

dos programas de intervenção nacionais são realizados na região Sudeste.

Tendo em vista que avaliações nacionais apontam as dificuldades desses

escolares dessa região em leitura, é importante compreender o perfil dessas

crianças e promover reflexões sobre estratégias que possam facilitar o processo

de aprendizagem dessa população no ambiente educacional e clínico. Além

disso, ressaltar a importância de promover políticas públicas que possam

identificar precocemente crianças de risco, como auxilia-las com dificuldades no

processo escolar apontando programas eficazes como o RTI e a inserção do

fonoaudiólogo no ambiente escolar, com ganhos no processo de trabalho do

professor e no desempenho dos alunos.

78

8 IMPACTO SOCIAL

Conforme o poder transformador da educação, o impacto do estudo tende

a ir de encontro ao 4° e o 10° objetivo dentre os 17 Objetivos para o

Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas

(ONU), no qual o 4° objetivo trata de propiciar uma “educação de qualidade”,

além disso, “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e

promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Metas

do quarto objetivo da ODS são: garantir que até 2030 todos os jovens e uma

proporção substancial dos adultos estejam alfabetizados; garantir a igualdade de

acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais

vulneráveis, incluindo povos indígenas, deficientes e crianças em situação de

vulnerabilidade (PNUD, 2015).

O Décimo Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) tem como

propósitos a “redução das desigualdades” e “redução das desigualdades no

interior dos países e entre eles”. Novamente ressalta-se que as metas a serem

alcançadas até 2030, são: empoderar e promover a inclusão social, econômica

e política de todos, independentemente de condição socioeconômica, raça,

religião, idade, gênero e etnia; garantir a igualdade de oportunidades e reduzir

as desigualdades de resultado, inclusive por meio de eliminação de legislações

discriminatórias e promoção de leis adequadas com relação a esse aspecto;

adotar políticas, em destaque ficais, salariais e de proteção social e alcançar

progressivamente uma maior igualdade (PNUD, 2015).

Um impacto social relevante é propiciar visibilidade e o entendimento do

desenvolvimento das habilidades preditores de leitura em alunos da região

Nordeste do Brasil, tendo em vista que esta região apresenta 69% dos alunos

com desempenho insuficiente em leitura. Ainda, a maioria dos estudos são

desenvolvidos com crianças da região Sudeste, com melhor desempenho nas

provas de leitura ao comparar com a região Nordeste.

79

Outro impacto social é a atuação do professor em sala de aula, na escolha

de habilidades a serem trabalhadas no contexto educacional, tendo em vista

favorecer o processo de ensino aprendizagem. Identificar precocemente alunos

com risco para dificuldades e transtornos de aprendizagem, com o intuito de

apoiar, intervir direcionar para o melhor desenvolvimento das habilidades de

leitura, diminuindo assim impactos educacionais e emocionais das crianças

(FERREIRA et al. 2018; ROZEK & SERRA, 2015). Além do impacto social de

transformação social, construção de pensamento crítico e fazer inferenciais

fundamentais mediante ao amplo acesso à informação, através das tecnologias.

Outro impacto relevante é a atuação do Fonoaudiólogo no ambiente

escolar, tendo em vista que esse profissional pode somar esforços com os

professores e contribuir com os conhecimentos que integram o ensino e

aprendizagem, principalmente nos primeiros anos escolares. O fonoaudiólogo

tem experiência na área do desenvolvimento da linguagem e aprendizagem, que

muito pode contribuir para o processo educacional (SISTEMA DE CONSELHOS

DE FONOAUDIOLOGIA, 2017; 2018; JORDÃO, 2012; GERTEL e TENOR,

2018).

Estudos na área da Fonoaudiologia serão necessários para avaliar os

impactos a curto, médio e longo prazo sobre o desenvolvimento da linguagem

das crianças expostas ao momento histórico da pandemia do COVID-19,

principalmente no processo de aprendizagem da leitura e escrita. Tendo em

vista, esse momento ser um grande evento estressor que desencadeia caos nos

ambientes, especialmente de famílias vulneráveis (LINHARES e ENUMO, 2020).

Logo, essas crianças de nível socioeconômico mais baixo são mais propensas

a apresentarem problemas em habilidades de linguagem como leitura,

vocabulário (LERVAG et al., 2019, MORETTI, KUROISHI, MANDRÁ, 2017;

BANDINI, BANDINI, NETO,2017; LOCKE, GINSBORG, PEERS, 2002;

NATIONAL CENTER FOR FAMILY LITERACY,2008).

80

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97

APENDÍCE- INTERVENÇÃO

Quadro 5. Atividades realizadas na intervenção de consciência fonológica e

vocabulário expressivo.

Habilidades Descrição Materiais utilizados

Vocabulário Contação da história do livro

selecionado com todas as

crianças em um grande

círculo e a projeção do livro

digitalizado. Logo após,

fechamento com retomada da

história. Essa fase foi

norteada, com perguntas

chaves que trabalhavam a

compreensão da história e

retomada de palavras

desconhecidas, sendo estas

apresentadas as crianças

com seus respetivos

significados e classes

semânticas (substantivo,

verbo, adjetivo). Estimulando

assim o vocabulário. Palavras

selecionadas dos livros

divididas em dois níveis fácil e

Livros infantis: -

“A Tromba Entupida”:

Ciranda Cultural (autor),

2014.

“Gato que pulava em

sapato”: Fernanda Lopes de

Almeida (autora), Cecília

(ilustrador), Editora Ática,

Ed. 19, 2008.

“João e o pé de feijão”:

ciranda cultural (autor).

98

difícil.

Em 5 encontros trabalhava-se

1 livro, sendo realizado: a

leitura da história,

estimulação das palavras

selecionadas de cada livro,

perguntas norteadoras para a

compreensão, retomada da

história e na 5 sessão

estratégia de desenhar uma

parte do livro que a criança

gostou ou lembra.

Consciência Fonológica

Aliteração identificação e

produção.

A criança deve identificar ou

produzir palavras iguais no

seu início, ou seja, a criança

deve produzir ou identificar

palavras que comecem com

as mesmas sílabas.

Figuras do PREFON

(SALGADO, 2010).

Rima identificação e

produção

A atividade para estimular

essa habilidade consiste em

identificar ou produzir,

silabas que apresentem

sílabas finais iguais. Sendo

assim, que apresente a

mesma sonoridade.

Figuras do PREFON

(SALGADO, 2010),

brinquedos que estimulem

essa habilidade.

99

Segmentação silábica Consiste em separar em

sílabas que constituem as

palavras correspondentes as

figuras apresentadas.

Utilizando desde

monossílabas, dissílabas,

trissílabas e polissílabas.

Figuras do PREFON

(SALGADO, 2010).

Síntese silábica Consiste em juntar as silabas

para formar uma palavra.

Utilizando desde

monossílabas, dissílabas,

trissílabas e polissílabas

Figuras do PREFON

(SALGADO, 2010).

Relação grafema-fonema São apresentadas todas

letras do alfabeto e seus

sons correspondentes. Logo

após, as crianças são

estimuladas a produzir o som

correspondente a letra

visualizada.

Materiais multissensoriais e

letras.

100

ANEXO- PARECER DE ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA.

101

102