Introdução

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Introdução Na década de 1960, a palavra "canção" era empregada como um conceito espontâneo e das representações sociais de uma época antiga, mas um tanto recente. E o Brasil tinha alcançado o pleno desenvolvimento de sua indústria cultural com a expansão de meios de comunicação como o rádio e a televisão No campo musical, essas mudanças foram responsáveis pela popularização de gêneros musicais nacionais, como o forró e o samba. Em contrapartida, esses mesmos campos de divulgação foram promotores da entrada de outros gêneros estrangeiros, como a rumba, o jazz e o rock’n’roll . Essa presença de sons nacionais e estrangeiros acabava promovendo uma ampla discussão nos meios intelectuais da época. Alguns críticos e artistas consideravam que o Brasil não poderia aceitar a incorporação dos padrões estrangeiros, por considerar os mesmos uma grande ameaça à nossa identidade cultural. Ao mesmo tempo, esse mesmo grupo defendia a ideia de que os ritmos populares deveriam servir de instrumento para a conscientização do povo sobre a sua própria cultura e os problemas cotidianos. A maioria daqueles que defendia essa perspectiva sobre nosso cenário cultural, teve destaque com a criação de um novo gênero que, em tese, deveria abrigar tudo aquilo que era considerado “nosso”. A partir de então, a Música Popular Brasileira, também conhecida como MPB, nomeava um movimento de defesa de nosso patrimônio musical e lutava contra a presença dos “alienantes” padrões culturais que invadiam os meios de comunicação da época. Entretanto, um grupo de artistas surgidos no final da década de 1960 começou a questionar essa luta heróica promovida por estes artistas que viam por de trás da música um conflito político- ideológico mais amplo. Inspirados pela proposta antropofágica criada pelo escritor Oswald de Andrade, jovens artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o grupo Os Mutantes defendiam que a nossa cultura não poderia ficar atrelada ao conflito entre o nacional e o estrangeiro. Foi a partir de então que o chamado Movimento Tropicalista propôs um diálogo constante com as diferentes influências que estavam à disposição naquela época. Sem maiores preconceitos ou recalques, se aproximavam do samba, do rock’n’roll, da bossa nova ou das canções românticas.

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Introdução

Na década de 1960, a palavra "canção" era empregada como um conceito espontâneo e das representações sociais de uma época antiga, mas um tanto recente. E o Brasil tinha alcançado o pleno desenvolvimento de sua indústria cultural com a expansão de meios de comunicação como o rádio e a televisão No campo musical, essas mudanças foram responsáveis pela popularização de gêneros musicais nacionais, como o forró e o samba. Em contrapartida, esses mesmos campos de divulgação foram promotores da entrada de outros gêneros estrangeiros, como a rumba, o jazz e o rock’n’roll.

Essa presença de sons nacionais e estrangeiros acabava promovendo uma ampla discussão nos meios intelectuais da época. Alguns críticos e artistas consideravam que o Brasil não poderia aceitar a incorporação dos padrões estrangeiros, por considerar os mesmos uma grande ameaça à nossa identidade cultural. Ao mesmo tempo, esse mesmo grupo defendia a ideia de que os ritmos populares deveriam servir de instrumento para a conscientização do povo sobre a sua própria cultura e os problemas cotidianos.

A maioria daqueles que defendia essa perspectiva sobre nosso cenário cultural, teve destaque com a criação de um novo gênero que, em tese, deveria abrigar tudo aquilo que era considerado “nosso”. A partir de então, a Música Popular Brasileira, também conhecida como MPB, nomeava um movimento de defesa de nosso patrimônio musical e lutava contra a presença dos “alienantes” padrões culturais que invadiam os meios de comunicação da época.

Entretanto, um grupo de artistas surgidos no final da década de 1960 começou a questionar essa luta heróica promovida por estes artistas

que viam por de trás da música um conflito político-ideológico mais amplo. Inspirados pela proposta antropofágica criada pelo escritor Oswald de Andrade, jovens artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o grupo Os Mutantes defendiam que a nossa cultura não poderia ficar atrelada ao conflito entre o nacional e o estrangeiro.

Foi a partir de então que o chamado Movimento Tropicalista propôs um diálogo constante com as diferentes influências que estavam à disposição naquela época. Sem maiores preconceitos ou recalques, se aproximavam do samba, do rock’n’roll, da bossa nova ou das canções românticas. A primeira aparição desses artistas aconteceu em 1968, no IV Festival Internacional da Canção da TV Globo, quando Gilberto Gil, Caetano Veloso e os Mutantes apresentaram a sugestiva canção “É proibido proibir”.

Mas como foi o início disso tudo? O que foi Jovem Guarda que influencias ela trouxe a nos em relação à cultura? Tropicália e Tropicalismo são as mesmas coisas? Foram movimentos relacionados com o verão e as praias?

De certo modo, a samba canção brasileira também acabou se modernizando, no entanto nem todos gostaram dessa inovação mó gênero musical, então muitos protestaram contra a “americanizarão”, firmando grupos e compondo canções com a influencia da música clássica e do jazz. Porem essa música deveria ser intima, ou seja, a voz do cantor não deveria sobressair, por consequência surgiu o famoso samba da bossa nova. E nesse mesmo contexto, devido aos problemas econômicos nos anos 60, houve estudantes que se rebelaram à militância politica (ditadura militar) e as musicas de protesto entraram em cena.

Leia com muito entusiasmo e se divirta!

Tropicália & Jovem Guarda

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Tropicalismo- Surgimento

O que foi o Tropicalismo? Também conhecido como Tropicália, o Tropicalismo foi um movimento

musical e cultural, que provocou ruptura com os ideais musicais da época e sacudiu o ambiente da

música popular e da cultura brasileira. Surgido no Brasil em meados da década de 60, que além de

utilizar a irreverência, o deboche e a improvisação, também atingiu outras esferas culturais (artes

plásticas cinema, poesia).

Teve como líderes os músicos Caetano Velosos e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal

Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora

Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o

artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais.

O marco inicial foi o Festival de Música Popular realizado em 1967 pela TV Record, onde Gilberto Gil

apresentou a famosa música “Domingo no Parque” e Caetano Veloso com “Alegria, Alegria”. As canções

causavam polêmica em uma classe média universitária nacionalista, que era contrária às influências

estrangeiras nas artes brasileiras.

As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do

cotidiano de uma forma inovadora e criativa, ao contrário da Jovem Guarda que possuía letras contra o

governo militar. Além da música, o Tropicalismo também se manifesta em outras artes, como na

escultura Tropicália (1965).

Influências e inovações

O Tropicalismo teve uma grande influência da cultura pop brasileira e internacional e de correntes de vanguarda como, por exemplo, o concretismo. O Tropicalismo foi inovador ao mesclar aspectos tradicionais da cultura nacional com inovações estéticas como, por exemplo, a pop art e também possibilitou um sincretismo entre vários estilos musicais como, por exemplo, rock , bossa nova, baião , samba , bolero, entre outros.

Os Tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-

Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas

posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o

grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando

elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodélica e a guitarra elétrica.

Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos

inovadores arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Ao unir o

popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias Tropicalistas acabaram impulsionando a

modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.

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Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas

informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música.

Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos

cuja complexidade e

qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras

literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições

tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma

conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um

Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música

popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao

campo das vanguardas conceituais.

Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais

samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que

permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa

ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu

atitudes experimentais para a época.

Discos antológicos foram produzidos, como a obra coletiva Tropicália ou Panis et Circensis e os primeiros

discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

“Eu organizo o Movimento. Eu oriento o Carnaval” Caetano Veloso

Críticas recebidas.

Apesar das inovações, o Movimento Tropicalista não foi tão bem recebido. Como não possui como objetivo principal utilizar a música como “arma” de combate político à ditadura militar que vigorava no Brasil, muito pelo contrário, por tal motivo, foi muito criticado por aqueles que defendiam as músicas de protesto. Os Tropicalistas acreditavam que a inovação estética musical já era uma forma revolucionária.

Outra crítica que os Tropicalistas receberam foi o uso de guitarras elétricas em suas músicas. Muitos músicos tradicionais e nacionalistas acreditavam que esta era uma forte influência da cultura pop-rock americana e que prejudicava a música brasileira, denotando uma influência estrangeira não positiva.

A recepção para aquele tipo de proposta musical despojada foi a mais dura possível. Os artistas foram duramente vaiados e acusados de estarem reproduzindo modelos estéticos vindos do exterior. Em resposta, os Tropicalistas pronunciaram que essa atitude provinha de uma juventude conservadora contrária a qualquer tentativa de renovação desvinculada do esquerdismo político ou do nacionalismo radical.

Nesse episódio, podia-se notar que os Tropicalistas desejavam uma revolução imediata e libertadora de nossa música. No entanto, a radicalização da ditadura militar acabou impedindo que aqueles artistas pudessem prosseguir com suas ideias inovadoras. A censura imposta pelo AI-5 forçou muitos Tropicalistas a saírem do Brasil por conta da ação dos agentes repressores do regime

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Apesar da aparente derrota, a proposta Tropicalista não foi deixada no passado. A abertura a diferentes estilos musicais e a inventividade que buscava o diálogo entre o nacional e o estrangeiro marcou a nossa cultua musical. Os artistas e a própria indústria cultural brasileira enxergaram no gesto tropicalista uma forma de renovação dos quadros da nossa cultura

Os principais representantes do tropicalismo foram: Caetano Veloso; Gilberto Gil; Os Mutantes; Torquato Neto; Tom Zé; Jorge Bem; Gal Gosta; Maria Bethânia.

Os discos tropicalistas que mais fizeram sucesso foram:- TROPICÁLIA ou PANIS ET CIRCENCIS - 1968 – Mutantes- CAETANO VELOSO - 1968- LOUVAÇÃO - 1967 - Gilberto Gil- A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT - 1968 - Rogério Duprat

Músicas tropicalistas que fizeram sucesso:

- Tropicália (Caetano Veloso, 1968) - Alegria, Alegria (Caetano Veloso, 1968) - Panis et circencis (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1968)- Atrás do trio elétrico, (Caetano Veloso, 1969)- Cadê Teresa (Jorge Ben, 1969)- Aquele abraço (Gilberto Gil, 1969)

Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política,

mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi

assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente

coloridas. A própria Rita Lee é um exemplo disso.

“A inocência não dura à vida inteira

Brinque de ser sério

E leve a sério a brincadeira”

O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo

militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País,

porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.

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Rita Lee e os Mutantes-Biografia

Ovelha negra da família, e filha de Charles Jones e Romilda Padula, Rita Lee Jones nasceu em 1947.

Apesar de sonhar em ser médica veterinária ou atriz de cinema, Rita desde pequena tinha paixão pela música e chegou a ter aulas de piano com a famosa concertista Madalena Tagliaferro, no entanto, quando adolescente sonhava em ganhar uma bateria. Nesta época de adolescência, fugia do seu quarto para tocar bateria em festas no colégio, junto com duas amigas e acabou formando uma banda em 1963 chamada “Teenagers Singers”.

As suas primeiras influências foram Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Peter, Paul and Mary, Beatles, Rolling Stones, mas também escutava musica brasileira como Cauby Peixoto, Ângela Maria, Tito Mati e João Gilberto, Emilinha Borba, Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maysa por influência dos pais.

Contudo, foi em 1966 que formou a conhecida banda Os Mutantes, os quais fizeram sua primeira apresentação no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967, acompanhando Gilberto Gil na música Domingo no Parque. Fizeram parte do núcleo de fundadores do Tropicalismo, juntamente com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Rogério Duprat e outros artistas de peso.

OS MUTANTES

Em meados dos anos 60, Rita Lee conheceu um

grupo de garotos, e ao lado de Sérgio e Arnaldo

Baptista, formaram o grupo Os Mutantes,

muito conhecidos por sua irreverência e

deboche, Rita Lee encantava o público não só

cantando, mas também tocando flauta e

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percussão, além de performances bissextas no

sintetizador, no banjo e manipulando bizarrices

como um gravador portátil (na música

Caminhante Noturno) e uma bomba de

dedetização (em Le Premier Bonheur Du Jour) e

sendo letrista.

Em 1967, a banda acompanhou Gilberto Gil no

III Festival de Música popular Brasileira (TV

Record), na apresentação da canção antológica

Domingo no Parque.

Neste mesmo ano, participaram do disco-

manifesto "Tropicália ou Panis et Circensis" ao

lado de Gil,

Caetano, Gal Costa, Tom Zé e Nara Leão, entre

outros.

Principais músicas: Tropicália ou Panis et

Circensis (1968), Miserere Nobis (1968), Bat

Macumba (1968) e A Minha Menina (1968).

Enquanto Gil e Caetano tinham um projeto

consciente para a música brasileira, Rita Lee,

Arnaldo Baptista e Sérgio Dias se aproximaram

do movimento porque sentiram que, com ele,

poderiam fazer seu som descompromissado e

cheio de ironia. Estavam mais para o rock dos

Beatles do que para a crítica política da

Tropicália.

FIM DOS MUTANTES

A última apresentação de Rita com Os

Mutantes aconteceu no VII FIC, em 1972 no Rio

de Janeiro.

Em 1972, foi expulsa do grupo por divergir dos

novos rumos que os outros integrantes

estariam tomando.

Rita gravou seis discos com a banda, entre 1968 e 1972, e foi casada com o companheiro de banda, Arnaldo (o divórcio seria assinado somente em 1977).

TUTTI FRUTTI

Em depressão pela saída dos Mutantes, Rita

pensou em terminar a carreira. Porém após

algum tempo, formou o Tutti Frutti, para uma

série de apresentações no Teatro Ruth Escobar.

Em 1990, Rita partiu para o bem sucedido projeto "Bossa n' Roll", caindo na estrada com o show mais assistido de 91 e lançando no Brasil a febre dos discos acústicos.Um ano depois, tornou-se a primeira mulher e primeira figura do pop a receber o Prêmio Shell para a Música Brasileira.

Com os Tutti Frutti, lançou alguns grandes

sucessos, como "Ovelha Negra", "Agora Só

Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow", "Miss

Brasil 2000" e "Jardins da Babilônia".

No início de 97, foi à vez do já tradicional Prêmio Sharp de Música homenagear Rita em uma festa de gala no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.Para comemorar seus cinquenta anos, Rita em turnê com o show Acústico, mais um da série de musicais produzidas pela MTV brasileira. O disco foi um grande sucesso, com 650 mil cópias vendidas.

Em 2000 mais uma vez retomou as guitarras e usou influências da música eletrônica no disco e show 3001. Nos primeiros anos da década de 2010, Rita lançou mais dois discos: Aqui, Ali, em Qualquer Lugar em 2001 e em 2003 Balacobaco.

APOSENTADORIA DOS PALCOS

No dia 22 de Janeiro de 2012, Rita anuncia sua aposentadoria dos palcos em seu show de estréia no Circo Voador no Rio de Janeiro devido à sua fragilidade física: “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, explicou a cantora no seu Twitter.

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“Não é o que você tem quem você é ou o que você faz. É o que você pensa. “.

Rita Lee

LETRA

Tempo no Tempo

Há sempre um tempo no tempoQue o corpo do homem apodrece

Sua alma cansada penada se afunda no chãoE o bruxo do luxo baixado o capuchoChorando no nicho capacho do lixo

Caprichos não mais voltaram

Já houve um tempo em que o tempo parou de passarE um tal de homo sapiens não soube disso aproveitar

Chorando, sorrindo, falando em calarPensando em pensar quando o tempo parar de passar

Mas se entre lágrimas você se achar e pensarQue está a chorar

Esse era o tempo em que o tempo é

"Tempo no Tempo" é uma versão em português

dOS Mutantes para uma canção escrita

originalmente por Jonh Philips.

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Entrevistas

Nome completo: Julia Cialone Spitaletti AlmautesOcupação: Diretora Pedagógica

Idade: 48

Símbolo musical:

Representação das claves, das notas. Onde se compõe uma música.

Estilo musical predileto:

Um estilo musical? Atualmente sertanejo.

Defina música:

Música é uma forma de tranquilidade, é uma forma de expressão, de emoções, onde as pessoas mostram nas suas letras, seus sentimentos.

Com que frequência ouve música?

Diariamente, ás vezes a noite, depende do momento.

Já tinha ouvido falar da Jovem Guarda e/ou Tropicália, o que entende por esses movimentos?

Sim, era uma época, vamos dizer revolucionaria naquela época. As pessoas queriam modificar uma etapa. E conseguiram de alguma forma fazer isso.

Havia competividade entre os músicos?

Não. Acho que eles até tinham uma complicadas neste aspecto.

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Possui algum conhecimento sobre esse gênero musical?

Muito pouco.

Já ouviu falar dessa música ou da cantora Rita Lee?

Não gosto dela particularmente, porque foi uma pessoa convidada a fazer um show do aniversario de São Paulo, e ela desgrosseiramente desmereceu a cidade. Então não gosto dela por isso, porque foi onde ela ganhou muito dinheiro, ela fez uma carreira, tem um publico enorme e ela desmereceu.

Sobre a música daquela época, tem alguma noção?

Eles faziam sempre reivindicações quanto à situação do país, às pessoa.

O que entendeu pela letra?

O que eu entendi? Ela não e uma coisa clara como a que a gente vê hoje, você tem que refletir. O homem no tempo deve ser uma forma de mostrar como o tempo passar, as coisas acontecerem.

O ritmo te diz algo?

Sinceramente não gostei, por ter esta antipatia com a Rita Lee e o ritmo dessa musica não me agrada. Pelo contrário, acho que os efeitos sonoros, os efeitos especiais da musica, não sei se e esse o termo, me desagradam, me incomodam. Gosto de musicas mais elaboradas, vamos dizer.

Consegue identificar os instrumentos usados na canção?

Não me detive a esse detalhe. Talvez conseguisse... Procurei me deter na letra, mas no instrumento, não.

A Música te passou algum sentimento ou emoção?Não.

Quais são as suas impressões da cantora, timbre, modo de cantar e o envolvimento da música são eficazes? Ou exagerados?É a Rita Lee sempre teve um modo peculiar de se expor. Eu, como já disse não gosto dela particularmente, não gosto dela, nem da figura dela... Eu acho que, a meu ver ela não e uma pessoa agradável, não gosto do estilo dela.

Caracterize as mudanças ocorridas na música popular brasileira:Não tenho conhecimento talvez para isso.

Porque para você a música é importante? Qual a essência dela? Porque acho que ela... Como eu te falei, tranquiliza, ela, dependendo do ritmo da musica, dependendo da musica, ela te agita! Alegra-te, te entristece, ela mexe diretamente com a emoção. Transmite uma mensagem, transmite uma lição de vida. Então ela tem um poder muito grande.

Notou diferenças entre como ela retratada antigamente e como é tratada agora?Tudo a seu tempo, como em tudo. Naquele tempo buscava-se mais falar a respeito da política. Hoje fala-se de outras tantas coisas.

O que te atraiu, isto é, o que mais te chamou a atenção nessa cantora?

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Sinceramente não gosto dela não.

A canção te despertou um interesse, deixou um ar de quero mais?Não.

Nome completo: Francisco Nivaldo Fernandes Duarte

Ocupação: Funcionário Público

Idade: 62

Símbolo musical:

Símbolo musical? É um tipo de musica que você goste, se não gosta, esquece. (risadas)

Estilo musical predileto:

Gosto muito de musicas antigas, Caetano Alves, Nelson Gonçalves, Maysa, grandes interpretes do Brasil.

Defina música:

Musica? Musica é expressão. Existem dois tipos de musica: musica canção de alegria e musica expressão de tristeza. E é isso ai.

Com que frequência ouve música?

Eu, de vez em quando ligo o computador e pego as minhas buscas do tempo do... Zagaia, da Maysa, Trilos Panchos e de outros tipos de musica.

Já tinha ouvido falar da Jovem Guarda e/ou Tropicália, o que entende por esses movimentos?

A Jovem Guarda é do meu tempo, a Jovem Guarda era do tempo do Roberto Carlos, aliás, antes da Jovem Guarda, o Roberto Carlos tinha uma banda que se chamava Sputnik, devido àquele negocio das naves do sistema americano e russo. A banda dele era Tim Maya, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. O Roberto Carlos era o rei dos reis e tinha aquele programa na TV Record. Assim que terminou a

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Jovem Guarda, praticamente foi em seguida devido àqueles festivais que tinha na Record e também na própria Globo começou a lançar. Aí entrou esse negocio do Tropicalismo que era com o Tom Zé, Os Mutantes Caetano Velosos, Gilberto Gil... Essa turma aí toda, Chico Buarque.

Analise a competividade dos músicos:

Sempre teve, sempre teve e vai continuar tendo (risadas). Nos festivais havia competividade, tanto é que tinha a melhor escolha, né.

Possue algum conhecimento sobre esse gênero musical?

Bossa Nova vem de Tom Jobim, Vinicius de Morares, Toquinho, João Gilberto, essa turma aí é toda da Bossa Nova... Nara Leão, Elis Regina, não pode esquecer-se da Elis Regina!

Sobre a música daquela época, tem alguma noção?

Depende da musica, é claro. O Roberto Carlos era iê iê iê, estilo Rock e já o Tropicalismo não. Era um tipo de musica popular brasileira juntamente com a Bossa

Já ouviu falar dessa música ou da cantora?

Da Rita Lee já ouvi falar, da musica, não.

O que entendeu pela letra?

Entendi nada desse tipo de música desses camaradas. (rindo) É isso aí mesmo, não gostei, não.

O ritmo te diz algo?

Não, porque que nem eu estava falando para você, eu nunca fui chegado a esses conjuntos... Os Mutantes. Então por isso passa batido. Não me atrai, então não adianta.

Consegue identificar os instrumentos usados na canção?

Ali tinha guitarra, se não me engano. Guitarra e violão tinham.

O que te lembra essa música ?Bati na mesma tecla, lembra nada. Acho que eu nunca ouvi falar dessas musica.

Quais sentimentos e emoções te passam?Não, não, não... Nada! Isso aí não

Quais são as suas impressões da cantora,

timbre, modo de cantar e o envolvimento da música são eficazes? Ou exagerados?

A Rita Lee tem um jeito malucão dela, sempre gosta de puxar as coisas meio maluca meio hippie. O estilo dela é hippie, sempre foi assim.

Ouvia radio e televisão?Se eu ouvia rádio? Sim, ouvia mais radio, porque não tinha televisão, então ouvia musica do tempo da Zagaia lá 1930, 1929, essas musicas desse tempo ai... Depois foi subindo foi chegando Roberto Carlos, veio chegando anos 70 e dai chegou à televisão em casa.

Caracterize as mudanças ocorridas na música popular brasileira:Mudanças? Criaram ai agora um modelo novo de sertanejo, que pra mim não e sertanejo não.

Porque para você a música é importante? Qual a essência dela? A essência dela... Música é importante, para qualquer ser humano e bom, às vezes a pessoa está caída assim e escuta uma musica bem gostosa, e deixa você... Você muda completamente. Música é muito bom. Faz muito bem para a vida da pessoa.

Notou diferenças entre como ela retratada antigamente e como é tratada agora?

Antigamente, faziam muitas musicas de fossa como alguns falam, você, você estava numa fossa e ficava inventando uma musica lá

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apaixonado, né. Mas é isso aí, hoje a música tem vários estilos.

O que te atraiu, isto é, o que mais te chamou a atenção nessa cantora?Na Rita Lee? A única coisa que me chamou a atenção foi aquele cabelo de fogo dela (risadas)

A canção te despertou um interesse, deixou um ar de quero mais?

Não, no!

Nome completo: Welson Antônio Dutra RodriguesOcupação: Professor

Idade: 59

Símbolo musical:

Símbolo Musical é um grupo, uma música que teve uma grande repercussão, que também você pode chamar de ícone. Então se você pensar no Brasil Caetano Veloso, Chico Buarque, Roberto Carlos, anteriormente, Carmem Miranda, são símbolos musicais que incorporaram tendências de letra de musica de uma música e de uma época.

Estilo musical predileto:

Bossa Nova é o que eu mais gosto de ouvir, pela harmonia, pela qualidade, por causa das letras e até pelo conteúdo. São letras assim, que falam de paz, de amor e elas não são muito melosas. Mas, pela música pelo Tom Jobim, não só o Tom Jobim, o Nilton Mendonça, enfim, Corcovado, Garota de Ipanema, Samba de uma nota só, Água de beber, Samba Diferente,

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enfim é todo um grupo. Sérgio Reis que começou na Bossa Nova, enfim é tudo o que eu gosto de ouvir.

Defina música:

Bom... Depende muito do gosto, da cultura, se é harmônica. Hoje tem música que não é harmônica. Um ruído pode ser música, um elemento Pascual está se fazendo música com os sons do corpo, pegando o coração, pulsação, enfim. Música é ritmo, melodia, harmonia, mas isso varia de cultura para cultura, pode até ser a falta de harmonia, a falta de melodia, entendeu? Isso depende muito do que se concentrou.

Com que frequência ouve música?

Eu ouço muito no carro, em casa, nas horas de lazer, não é uma frequência como eu gostaria, gostaria de ouvir mais.

Já tinha ouvido falar da Jovem Guarda e/ou Tropicália, o que entende por esses movimentos?

Sim, a Jovem Guarda foi um movimento que surgiu no Brasil, nos anos 60, havia uma juventude fruto pós Guerra, na Inglaterra já começava os Beatles, então foi uma atualização como as dos Beatles, só que com umas letras mais ingênuas, enfim nem tão assim agressivas como foi o rock inglês, Rollings Stones, Beatles que surgiram há 50 anos aproximadamente. Então... ”Estou namorando loucamente a namoradinha de um amigo meu” (canta). É uma coisa assim... Mais ingênua. A Jovem Guarda foi um movimento juvenil ligado a uma explosão demográfica que houve no mundo dos jovens depois da Segunda Guerra Mundial. Tinha pessoal de 20, 25 anos que precisava de uma nova canção. Uma canção dentro do espírito de liberdade, de uma sensualidade, da juventude.

A Tropicália ela já foi uma tentativa, que deu certo, de misturar os gêneros e devorar tudo, de incorporar, como dizia o Caetano Veloso, apropriando de uma frase que se fala na França da revolução juvenil? É proibido, proibir. Então parece que havia até a Tropicália muitos

rótulos, então tinha a Jovem Guarda, tinha o samba-tradicional, tinha a Bossa Nova, tinha canção de protesto, a guitarra não podia entrar na música popular, porque a guitarra era uma musica estrangeira, era alienada. Então a Tropicália era retoma antropofagia do Oswald de Andrade, que é só antropofagia nos une né. O jovem vai devorar antropofagicamente, vai pegar as coisas do estrangeiro, as coisas nacionais, misturá-las e fazer... Guitarra, junto com Berimbau. Música de raiz, com musica eletrônica, então foi uma fusão que na época causou muito escândalo.

Analise a competividade dos músicos:

A competitividade é algo próprio da condição humana, né. Qualquer lugar vai ter competitividade, seja no musico, seja um jogador de futebol, qualquer ambiente de trabalho social, até familiar, às vezes há competitividade não pelo dinheiro, mas por afeto. Então a competividade é algo inerente, tem toda ética... Mas o músico se aprimora para ser o melhor. Então competividade é algo mais natural.

No fundo acaba havendo competitividade entre os músicos nos festivais, mas não tanto por causa deles, mas havia gente que achava ideologicamente que o Roberto Carlos era alienado, o Chico Buarque era de esquerda, O Caetano Veloso era da esquerda e veio parar direita, ás vezes a competitividade era dos músicos, dos tiros de letra, mas também do publico que se identificava mais ou menos com o tipo de letra.

Possue algum conhecimento sobre esse gênero musical?

Algum conhecimento, não sou superespecialista. Mas escuto, leio , tenho algum conhecimento

Sobre a música daquela época, tem alguma noção?

Tenho. Eu praticamente testemunhei a Jovem Guarda surgindo, era bem garotinho, me empolgava um pouco, né. Porque era um novo modo de ser diferente, então “se você quer

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brigar e acha que você esta sofrendo o tempo pode vir quente que estou fervendo” (canta) Isso na época não era uma coisa muito agressiva, mas em conta. Aquele negocio do chororô, de ficar apelando, entendeu? Nem todas as letras assim, mas eram letras mais alegres, mais juvenis, enfim, que diziam mais respeito a uma galera jovem que se identificava pela roupa, pelo cabelo pela mensagem que a letra passava. Até o cabelo era imitado, a botinha, a calça que chamava de boca de sino porque tinha que abrir bastante, enfim.

Conte de seu livroO meu livro Estilos Literários e Letras da Musica Popular ele compara algumas letras de música com textos literários, mostrando um dialogo, por exemplo, você pega o Vinícius de Moraes, eu vou estabelecer um dialogo com a poesia de Camões, pega o Soneto de Fidelidade que foi musicado também e compara ao Camões. Então o jogo entre textos de letras de música popular que dialogam com textos literários.

(Use a Lupa)

Já ouviu falar dessa música ou da cantora Rita Lee?Bem... Dos Mutantes sim, foi um conjunto que foi importante na Tropicália, inclusive. Mas essa música especificamente, eu nunca tinha ouvido.

O que entendeu pela letra?

Bom... A letra, ela fala que, como diz o primeiro verso “Há sempre um tempo no tempoQue o corpo do homem apodrece.” Então o tempo nosso no existencial parece que é um segundo ou alguns minutos ou algumas horas

que nós nos rendemos, que nós caímos. Como é uma letra metafórica... “Você vê o bruxo do luxo chorando no lixo, no capacho do lixo.” Então parece que é uma rendição a esse bruxo do luxo em que você acaba sendo morto por esse descuido, claro que a morte e inevitável, mas tem um tempo psicológico talvez, um tempo existencial um que apodrecimento é maior e aí a alma afunda. Conclusão, pela primeira estrofe há uma espécie de descuido que fala que faz com que a morte se insinue mais num momento de descuido que você vencido pelo bruxo do luxo.

Consegue identificar os instrumentos usados na canção?

Olha sinceramente o som não estava assim muito audível no celular. Eu consegui identificar alguns sinos.

O que te lembra essa música ?Olha, ela lembra muito um tipo de poesia barroca que fala do apodrecimento, mas fala num outro nível, da efemeridade, da inevitabilidade, da destruição. Então eu associo a degeneração da espécie, mas não só física, em todos os sentidos. Esse apodrecimento não só do corpo, mas a alma se afunda no chão.

Quais sentimentos e emoções te passam?Olha, num certo sentido, pelas circunstâncias não tive tempo de emoção, não. Mas escutando Os Mutantes, né, você vê uma letra mais questionadora, menos banal que tinha uma proposta estética existencial bem diferente da cultura de massa hoje muito superficial. Não por causa dOs Mutantes, é que mudou muito, então parece que as letras e as músicas, por mais simples que fossem, não eram só para curtir vamos dizer assim, elas tinham uma mensagem, uma proposta.

Quais são as suas impressões da cantora, timbre, modo de cantar e o envolvimento da música são eficazes? Ou exagerados?Olha, eu não sou fã da Rita Lee, enfim. Agora ela tem uma história na música participou do conjunto dos mutantes, depois teve uma carreira com outros músicos. Fez o Tutti-Fruti, enfim, ela não é a minha cantora preferida,

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então as letras que ela se destacou mais foram irônicas, o mais recentemente que já faz tempo o Amor & Sexo que é de amor, enfim eu não sou fã dela e não vou fazer uma crítica também rebaixando. É uma cantora, aliás, que eu não tenho nenhum CD dela, eu tenho dOS Mutantes. Tenho vídeo dOs Mutantes que ela tocava nos mutantes. Mas... Enfim ela não me diz muita coisa

Você acha que a Rita Lee traiu Os Mutantes?Não acho que ela traiu cada um segue o caminho que deseja. Pro público pode ser traição, mas é um caminho que ela quis seguir, entendeu? Como... Sei lá... O Paul McCartney se separou dos Beatles, ele traiu os Beatles, enfim o John Lennon se separou dos Beatles, enfim eles brigavam lá por causa da Gioconda foi uma traição? É a vida num momento em que os caminhos divergem. Tá todo mundo junto e um dia o pessoal vê que não dá mais.

Ouvia radio e televisão?Assistia era um verdadeiro Corinthians e Palmeiras, havia muita gente no Brasil, poucos meios de comunicação. Acabavam monopolizando muito a atenção, mas de um público jovem, assim que estava fazendo faculdade, que estava fazendo colégio, ginásio, esse publico emergente, juvenil que tinha 15, 16, 20 anos, que estava ouvindo um som que dizia mais respeito às suas expectativas existenciais. Então havia verdadeiras disputas às vezes nem tanto entre os autores, mas o publico tomava partido de suas escolhas que se refletiam na música.

Porque para você a música é importante? Qual a essência dela? A essência é você sair um pouco do banal, você, a vida. Uma vez eu ouvi uma vez uma frase “Sem música não há vida Então a música, ela é o ritmo, ela é a letra, até a própria melodia tem um sentido, ela te transporta para outra esfera, uma esfera de reflexão, uma esfera de diversão, uma esfera espiritual, enfim, ela é um canal para que o mundo se torne melhor, mais relaxado, mais lúdico, mais brincalhão, mais espiritual. Ela está ligada ao trabalho, ao ritmo do trabalho, a música acho eu que é uma parte essencial da vida e é uma das melhores partes da vida

Notou diferenças entre como ela retratada antigamente e como é tratada agora?Olha hoje você tem uma música muito de consumo, imediato, a Jovem Guarda também é consumo. É que os tempos mudam, mudam os gostos. Hoje a musica de massa vida o consumo, antigamente também visava ao consumo, mas parece que eles tinham uma proposta ainda que ingênua de uma existência de um modo de ver o mundo.

O que te atraiu, isto é, o que mais te chamou a atenção nessa cantora?Sinceramente se você perguntasse da Elis Regina da Glauco Costas, se me perguntasse até da Ângela Maria. A Rita Lee para mim é uma cantora que, enfim, não é o meu referencial está entendendo? Então o que eu falar é muito de momento agora. Eu jamais parei muito para pensar na Rita Lee. Ainda quando eram Os Mutantes, era uma proposta na Tropicália e tal. Então ela conseguiu um caminho, respeito, mas ela não me diz muito respeito, não é uma letra que me troca, não é uma postura que me toca, entendeu?

A canção te despertou um interesse, deixou um ar de quero mais?

Ah, você sempre quer ouvir mais né, acho que toda arte que você gosta de enfim apreciar você nunca para ao não ser que você tenha uma mudança de gosto.

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PERCEPÇÃO MUSICAL

Quando eu era mais jovem, não costumava ouvir muito de Bossa Nova, MPB, só conhecia os principais ícones da musica popular brasileira como Roberto Carlos, Caetano Veloso, Vanusa. Mas assim, no geral a banda de Os Mutantes foi ao certo uma coisa a ser adicionada ao meu repertório pessoal. Vejamos... Rita Lee, eu ainda não a conhecia, sabia que seu modo de cantar era suave, bem delicado, mas não sabia se era alta ou baixa, loira ou morena. Minha noção, percepção musical de Jovem Guarda eram mínimos, só possuía algum conhecimento devido a aulas dadas no colégio. Mas se me perguntassem o que é um símbolo musical, eu responderia com o nome de algum artista famoso, cantor, porque acho que as performances são de grande importância para a carreira do artista, tornando ele sucesso ou não.

Gosto de músicas calmas, tranquilas, mas com certa influência americana: Jazz, Blues, principalmente gêneros de música que apresentam algum ritmo lento ou então que contenham algum instrumento usado em solfejos e orquestras. Música para mim não é simplesmente um som, mas uma harmonia, onde o musico transpassa aos fãs seu espírito de emoção, seu estado de felicidade. Eis músico aquele que canta com a alma!

Sempre que posso eu ouço música, no despertador do celular, no carro, em casa na TV, no computador e no rádio, enfim há muitos lugares que se pode ouvir música, mas nem todos podem ser caracterizados por mim como música de verdade. Por exemplo, funk, não é música, é um texto cantado falando sobre determinado assunto, não possui claramente um ritmo, não acho que ele passe algum sentimento. Música antes de ser música tem que haver um certo sentido na letra e eu acho que funk não possui.

Eu sabia que Jovem Guarda e Tropicalismo eram uma quebra de costumes, uma ruptura musical e só. Ao mesmo tempo em que eu acho que havia competividade entre os músicos, não havia. Não acho que os objetivos deles nos festivais era só ganhar o mérito do primeiro lugar, mas eles também queriam se divertir e mostrar ao publico seus princípios e seus pensamentos. Acho eu que esses gêneros musicais,

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na maioria das músicas, os cantores não cantavam alto, não deixavam sua voz sobressair por uma questão de simplicidade.Como eu disse só conhecia a Rita Lee por seu timbre de voz, a banda Os Mutantes por inteiro e suas composições e letras de musicas, não sabia absolutamente nada.

Apreciei muito a música Tempo no Tempo, motivo pelo qual eu tê-la escolhida para a realização do trabalho. Achei a letra profunda, penso que foi feita pensando na administração dos tempos, falando que o tempo corre que o futuro chega e o passado fica atrás. No início da música, parece que há uma reza, pois eles cantam como se estivessem rezando para alguém, por isso a acho um tanto gospel. O ritmo da música em si é maravilhoso, é calmo e ao mesmo tempo divertido. Consegui identificar instrumentos como guitarra, contrabaixo, tuba e corneta. Além de a canção possuir um arranjo de vozes, sua percussão é toda feita por estalar de dedos que segue marcando os tempos até o fim da mesma.

Essa música me lembra de desenhos animados, porque esses instrumentos são muito usados na sonoplastia destes. Passam-me alegria, muita alegria. Assim, a Rita Lee simplesmente arrasa! Ela podia ter algumas coisas malucas na vida pessoal dela, mas seu envolvimento com a musica é muito conectivo, sua voz por natureza já é linda e somada com a seu desempenho gentil e suave, já se torna algo a ser comtemplado e o que me foi atraído nela foi a sua voz, delicada e humilde. Estaria mentindo se dissesse que a música não me interessou, achei-a até curta demais, poderiam acrescentar no mínimo mais dois minutos nessa canção, para poder aprecia-la ainda mais.

Música é tudo e de todos, pode ser aquela música tocada no sertão, pode ser a música tocada nos shows, tocada em bailes, mas sua essência está nos sentimentos e emoções que passa aos ser ouvida por outras pessoas.As músicas mais antigas são as melhores. Não que hoje em dia as músicas não prestem, mas em décadas passadas o musico, o cantor levava em conta tudo roupa, letra, ritmo, melodia e o publico sabia julgar isso, com atenção. Mas hoje se perceberem, nem todos dão a musica o valor que ela merece, mas como os Mutantes cantaram: “Esse era o tempo em que o tempo é...”.

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Opinião & Conclusão

Com a P.A foi acrescentado ao meu repertório pessoal, uma consciência histórica, a noção de que a história faz parte de todos os fenômenos culturais. Isso, cultura, história não é nada menos do que uma cultura de massas que envolvem toda uma população. E o tema da P.A (A música tem história e conta história) já diz que a aula e o trabalho retratarão sobre música, dentre os inúmeros gêneros musicais, foi à canção popular brasileira que foi enfocada. Com este trabalho também pude aprimorar meus conhecimentos sobre a música popular brasileira.

Enquanto a Jovem Guarda era representada por cantores que transformavam o rock em baladas, como Roberto , Vanusa, as canções não eram de protesto, eles não procuravam críticas políticas, até se conformavam com o governo, houve até propagandas políticas à ditadura. Traziam para a produção cultural instrumentos elétricos, dentre os principais a guitarra naquela época. O Tropicalismo foi muito importante no sentido em que serviu para modernizar a música brasileira, incorporando e desenvolvendo novos padrões estéticos. Neste sentido, foi um movimento cultural revolucionário, embora muito no período. Influenciou as gerações musicais brasileiras nas décadas seguintes e até hoje esse movimento continua fazendo parte de nossas vidas, a Tropicália buscava recuperar a vanguarda da Bossa Nova, que havia tendo influencias norte americanas. Tropicalismo cujo objetivo era atingir um laço entre o rock e os ritmos tradicionais brasileiros por de uma linguagem universal e não regional, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música.

Assim sendo esses foram os gêneros musicais mais comuns entre as camadas urbanas na década de 60 e

a música era potencializada não só pelo timbre pela melodia, mas também pelo ritmo abrasileirado de

um samba-canção. Rita Lee ocupa um espaço único dentro do universo da musica popular brasileira. De

seu repertório faz parte, além do enorme talento, uma grande dose de ecletismo, pois, como filha

legítima do Tropicalismo, Rita desfila sem pudores pelas mais diversas avenidas musicais, até bossas,

baladas românticas e latinidades.

Junto com os Mutantes, Rita marcou presença e imagem fortíssimas nos famosos festivais de música na

época, onde seu talento, sua beleza e carisma sempre foram centro das atenções. Apesar de houver

controvérsias, intrigas e brigas entre as bandas de que fez parte, e o suposto envolvimento com drogas

lícitas, Rita Lee que compôs inúmeros sucessos de sua carreira musical, saiu por cima. Como prova de

que ela não abandonou sua carreira, este ano, Rita lançou o CD “Reza”, após um longo tempo sem

gravar.

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“Você me pergunta qual o oposto de fã... crítico de música?”

Rita Lee

Bibliografia:

http://tropicalia.com.br/identifisignificados/movimento

Fontes: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/tropicalismo.htm

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-o-tropicalismo

http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/tropicalismo.htm

http://rogeriasanttos.blogspot.com.br/2010/06/show-de-rita-lee.html

http://www.vagalume.com.br/rita-lee/biografia/#ixzz23egrDoVR

http://www.mellho.com/frases.php?autor=Rita_Lee&texto=13226841641356

http://www.febf.uerj.br/tropicalia/tropicalia_historico_1.html

(Use a Lupa)

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"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente fina”.