Introducao a Metodologia Cna

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Manual Operacional Pedagógico Departamento de Educação CNA Administração Nacional 7 METODOLOGIA CNA Com forte tradição, além do excelente e exclusivo material didático, o CNA destaca- se pela metodologia de ensino que privilegia a comunicação autêntica no processo de aprendizagem do idioma, explorando as funções significativas da língua para o aluno, de uma forma que ele desenvolva competências linguísticas abrangentes e autonomia sobre seu próprio processo de aprendizagem. Essa afirmação, por si só, diz muito sobre o comprometimento e a qualidade do trabalho pedagógico conduzido pelas Equipes Pedagógicas do CNA. Mas um breve percurso pelos princípios que norteiam nosso trabalho certamente será importante para uma visão mais rica sobre como nossa metodologia constitui um diferencial da marca. A metodologia CNA está baseada na Abordagem Comunicativa (Communicative Aproach ou Communicative Language Teaching). Essa abordagem surgiu como resposta a outras abordagens e métodos que vinham sendo criticados por serem ineficientes quanto ao desenvolvimento de competências linguísticas mais abrangentes e de uma oralidade mais fluente. O senso-comum, e até mesmo alguns proponentes no início de seu desenvolvimento, logo tratou de associar a Abordagem Comunicativa a um modo de ensinar línguas estrangeiras desvinculado do estudo dos aspectos linguísticos mais formais. Mas a abordagem amadureceu e passou a ser amplamente aceita, até mesmo como ponto de partida para o desenvolvimento de uma série de métodos. A Abordagem Comunicativa deve a elaboração de seus fundamentos à Dell Hymes, um lingüista e antropólogo norte-americano, nascido no final da década de 20. As idéias de Hymes não pretendiam uma definição de uma teoria de ensino e aprendizagem e se concentrou em elaborar um conceito de língua que implicava princípios abrangentes de certas práticas e procedimentos em sala de aula. Esse conceito tratava língua como prática social de comunicação, de modo que o ensino eficiente de língua estrangeira deveria desenvolver a Competência Comunicativa dos aprendizes. Não há consenso sobre uma definição precisa das competências que constituem a Competência Comunicativa, mas, de forma mais geral, é possível compreendê-las como sendo quatro, assim resumidas: competência gramatical. Está intimamente relacionada ao conhecimento do código linguístico, ou seja, aspectos lexicais, morfológicos, sintáticos e fonológicos competência sociolingüística. Está ligada ao conhecimento das regras socioculturais, implícitas ou explícitas, de uso e interpretação da língua em contextos sociais específicos. Tal competência permite o julgamento da adequação do uso da língua às diversas situações. competência discursiva. Envolve comunicar-se coerentemente, produzindo discurso(s) a partir da familiaridade com um todo significativo que é compartilhado socialmente. competência estratégica. Diz respeito às estratégias de construção, interpretação e negociação de sentidos às quais se recorre quando diante do desconhecimento de áreas específicas da língua.

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METODOLOGIA CNA

Com forte tradição, além do excelente e exclusivo material didático, o CNA destaca-se pela metodologia de ensino que privilegia a comunicação autêntica no processo de aprendizagem do idioma, explorando as funções significativas da língua para o aluno, de uma forma que ele desenvolva competências linguísticas abrangentes e autonomia sobre seu próprio processo de aprendizagem. Essa afirmação, por si só, diz muito sobre o comprometimento e a qualidade do trabalho pedagógico conduzido pelas Equipes Pedagógicas do CNA. Mas um breve percurso pelos princípios que norteiam nosso trabalho certamente será importante para uma visão mais rica sobre como nossa metodologia constitui um diferencial da marca.

A metodologia CNA está baseada na Abordagem Comunicativa (Communicative Aproach ou Communicative Language Teaching). Essa abordagem surgiu como resposta a outras abordagens e métodos que vinham sendo criticados por serem ineficientes quanto ao desenvolvimento de competências linguísticas mais abrangentes e de uma oralidade mais fluente. O senso-comum, e até mesmo alguns proponentes no início de seu desenvolvimento, logo tratou de associar a Abordagem Comunicativa a um modo de ensinar línguas estrangeiras desvinculado do estudo dos aspectos linguísticos mais formais. Mas a abordagem amadureceu e passou a ser amplamente aceita, até mesmo como ponto de partida para o desenvolvimento de uma série de métodos.

A Abordagem Comunicativa deve a elaboração de seus fundamentos à Dell Hymes, um lingüista e antropólogo norte-americano, nascido no final da década de 20. As idéias de Hymes não pretendiam uma definição de uma teoria de ensino e aprendizagem e se concentrou em elaborar um conceito de língua que implicava princípios abrangentes de certas práticas e procedimentos em sala de aula. Esse conceito tratava língua como prática social de comunicação, de modo que o ensino eficiente de língua estrangeira deveria desenvolver a Competência Comunicativa dos aprendizes. Não há consenso sobre uma definição precisa das competências que constituem a Competência Comunicativa, mas, de forma mais geral, é possível compreendê-las como sendo quatro, assim resumidas:

� competência gramatical. Está intimamente relacionada ao conhecimento do código linguístico, ou seja, aspectos lexicais, morfológicos, sintáticos e fonológicos

� competência sociolingüística. Está ligada ao conhecimento das regras socioculturais, implícitas ou explícitas, de uso e interpretação da língua em contextos sociais específicos. Tal competência permite o julgamento da adequação do uso da língua às diversas situações.

� competência discursiva. Envolve comunicar-se coerentemente, produzindo discurso(s) a partir da familiaridade com um todo significativo que é compartilhado socialmente.

� competência estratégica. Diz respeito às estratégias de construção, interpretação e negociação de sentidos às quais se recorre quando diante do desconhecimento de áreas específicas da língua.

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Ou seja, defende-se que pessoas diferentes têm comandos diferentes sobre sua língua e que a Competência Comunicativa tem um sentido que engloba mais que um conhecimento sistêmico sobre a língua, incluindo o conjunto de competências necessárias para uma comunicação autêntica, tanto oral quanto escrita, em contextos diversos, construindo, interpretando, e negociando sentidos.

Atento aos desenvolvimentos no campo dos Estudos da Linguagem, particularmente da Linguística Aplicada, o CNA se apropria da Abordagem Comunicativa de uma forma muito legítima e, ao mesmo tempo, muito própria. Sua caracterização como “abordagem” e não como “método” significa que, de imediato, não há qualquer tipo de prescrição nem mesmo orientação quanto a procedimentos de sala de aula muito pontuais. Isso ocorre também por conta dela não se basear em uma teoria de aprendizagem específica. Assim, o CNA, ao se apropriar da Abordagem Comunicativa, pesquisa e elabora todo um conjunto de procedimentos e orientações de sala de aula que, entre outras coisas, colabora decisivamente para que o aluno desenvolva autonomia sobre seu próprio aprendizado da língua, o aprendizado colaborativo, o desenvolvimento de competências abrangentes, e a prática reflexiva por parte do professor. Todos os esforços giram em torno de maximizar o tempo em sala de aula e de tornar a experiência na língua estrangeira o mais significativa possível, trazendo imensuráveis benefícios para o processo de aprendizagem.

O objetivo principal da metodologia CNA é a comunicação e, mesmo com ênfase na fluência oral, os alunos também são estimulados a escrever no idioma através de textos do seu interesse e cotidiano. Isso é feito através da técnica conhecida como Process Writing, em que o aluno participa de atividades preparatórias na sala de aula, e a redação do texto é feita em casa. O aluno ainda conta com uma correção pedagógica que permite uma reflexão sobre os descuidos destacados no texto produzido, e a possibilidade de aprimorar sua redação.

Como parâmetro para preparação de aula, o CNA adota o quadro Engage-Study-Activate, de Jeremy Harmer. O quadro conceitua diferentes “momentos” ou processos que uma aula ideal deve incluir para que os diversos aspectos de uma aula comunicativa eficiente sejam tratados. De maneira geral, podemos resumir esse quadro conforme abaixo.

Engage. Segundo o autor, este é o momento da aula ou o tipo de atividade na qual os professores atuam para despertar o interesse dos alunos, envolvendo-os inclusive emocionalmente no contexto comunicativo no qual se quer trabalhar. Essa fase da aula se sustenta pelo argumento de que quando os alunos estão mais envolvidos, eles aprendem melhor.

Study. É quando os alunos são incentivados a tomar consciência da língua, no sentido de entender como ela funciona sendo um sistema de sentidos que são construídos e interpretados a partir de formas, incluindo, som, grafia, sintaxe. Assim, as atividades podem ser um estudo e uma prática de determinado som da língua, uma investigação sobre quais efeitos certo autor atinge em um dado texto, uma análise e uma prática de um tempo verbal, ou o estudo de uma transcrição do discurso informal para discutir gêneros da língua falada. É importante salientar que, embora reconheça que algumas áreas da língua parecem resistir a uma fácil formulação de regra e que esta prática pode ser por vezes mais desafiadora e demandar mais tempo de preparação, o CNA aposta principalmente nos benefícios do ensino indutivo das formas da língua. Dessa forma, as atividades pedem um maior grau de profundidade cognitiva e torna a gramática mais significativa, facilitando sua apropriação por parte do aluno. Além disso, sua característica

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provocativa é mais motivadora e favorece o desenvolvimento da autonomia, assim como de padrões de reconhecimento e de resolução de problemas, envolvendo mais ativamente os alunos no processo de aprendizagem.

Activate. Está ligado a atividades que são concebidas para estimular os alunos a usar a língua alvo o mais livremente possível para o nível de proficiência dos alunos. O objetivo é propiciar oportunidades para que os alunos se apropriem da língua pelo uso, pela prática significativa. Ou seja, o foco é a expressão e a negociação de sentidos, para as quais os alunos estejam preparados, em contexto no qual os alunos estejam engajados.

Em resumo, a língua estrangeira é ensinada através dela própria. O CNA promove para o aluno o máximo possível de contato com a língua e sistematiza o conhecimento através do estudo sobre a língua e, sobretudo, da prática significativa. Também na direção de sempre buscar ligações da prática em sala de aula com o mundo fora dela, além das atividades em salas de aula, os alunos contam com diversas atividades extracurriculares, especialmente preparadas para que tenham a oportunidade de praticar o idioma de acordo com sua conveniência e necessidade.