INTRODUÇÃO Justificação do tema parte... · 2020. 6. 12. · desgraça da família, malcriado,...
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INTRODUÇÃO
Justificação do tema
A presente dissertação de mestrado foi realizada no âmbito do mestrado em
Ciências da Educação realizado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
O tema escolhido para esta dissertação – “Importância da formação de professores
como estratégia de intervenção terapêutica (psicossocial) em PHDA – deve-se a temas
relacionados com as disciplinas de psicologia inseridas no plano curricular de mestrado e
à área em que estou inserida profissionalmente. A questão de partida - “Quais os
conhecimentos dos professores e as suas práticas escolares, relativamente ao desempenho
académico dos alunos com PHDA?” – foi determinante para o sucesso da investigação
qualitativa e para a delimitação de uma área de interesse específica, considerada essencial,
no interior de um campo mais ou menos complexo, o qual, no entanto, permitiria outras
delimitações de pesquisa. É importante que a pergunta de investigação esteja definida,
contando com uma abertura a novos resultados (Flick, 2005).
A pertinência do estudo deve-se, sobretudo, à resposta dada à pergunta de partida
e, consequentemente, à verificação de necessidade de formação de professores na àrea
das Necessidades Educativas Especiais (NEE), especificamente na PHDA. O objetivo é
contribuir para o melhoramento das suas particularidades, enquanto profissionais na área
da educação e intervenientes diretos no processo de aprendizagem desses alunos, através
de uma proposta de programa de formação para professores, que será clarificado e
desenvolvido no enquadramento teórico do estudo.
Objetivos do estudo
O estudo pretende alcançar conhecimentos acerca das práticas escolares dos
professores, relativamente aos alunos com PHDA em contexto de sala de aula. Ou seja,
perceber se os docentes conseguem: identificar alunos com dificuldades de
atenção/concentração, autocontrolo e competências emocionais e sociais; construir,
desenvolver e utilizar materiais educativos com os seus alunos com dificuldades de
aprendizagem; organizar o plano de aula e as atividades baseadas em práticas inclusivas;
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avaliar o progresso do aluno com dificuldades de aprendizagem e/ou com
comportamentos desafiantes; promover relações positivas entre os pares.
Sendo assim, tenciona-se que, através do estudo, a capacidade de análise dos
professores sobre as especificidades dos jovens melhore; que surjam novas discussões
sobre as dificuldades que sentem com esses alunos no processo ensino-aprendizagem e
na devida descrição dos seus comportamentos; que se desenvolva a compreensão dos
critérios de diagnóstico, da informação referente aos mesmos e da descrição detalhada de
cada aluno com essa perturbação. Assim, consegue-se que a classe docente participe
efetivamente no processo de intervenção e de integração na rede de suporte, assumindo-
se como agentes facilitadores de aprendizagem. Para completamento dos dados, sugere-
se um programa de formação para professores em PHDA.
Estrutura do estudo
Este trabalho encontra-se dividido em duas partes: fundamentação teórica e estudo
empírico. Na fundamentação teórica faz-se uma abordagem ao conceito de PHDA, aos
seus critérios de diagnóstico, às características e aos mitos, à prevalência e comorbilidade,
à etiologia, à intervenção psicoterapêutica e ao programa de formação de professores
sugerido. Quanto ao estudo empírico, apresenta-se o desenho do estudo, os participantes
nele envolvidos, os instrumentos necessários à recolha e tratamento de dados – que foram
devidamente estudados quanto aos recursos existentes – e as conclusões e recomendações
finais.
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1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO – PERTURBAÇÃO DE
HIPERATIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO
1.1 Introdução
O que é a PHDA? Existe, de facto, ou é a desculpabilização dos
comportamentos disruptivos das crianças e/ou jovens? Existem muitas dúvidas e
diversos mitos acerca dessa perturbação, pois há imensos depoimentos
controversos sobre a problemática referida.
Começa-se, assim, por elaborar uma breve abordagem teórica sobre a PHDA,
de maneira a melhor se conhecer as suas características, causas e formas de
intervenção. Uma das principais fontes de referência a ser utilizada será o manual
DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), organizado por
investigadores dos Estados Unidos da América, com o propósito de uniformizar
os critérios de diagnóstico das perturbações mentais. Existem, já, várias revisões
do mesmo, sendo as mais atuais o DSM-IV-TR e o DSM-V, que serão utilizadas
no corpo deste trabalho.
1.2 Conceito de PHDA
Segundo o DSM-V (2014), a PHDA insere-se na categoria das Perturbações
do Neurodesenvolvimento. Esta é uma mudança relativamente ao DSM-IV-TR
(2002), uma vez que foi extinta a seção que incluía as perturbações que aparecem
habitualmente na primeira e segunda infância ou na adolescência. Esta categoria
define-se por apresentar défices no desenvolvimento normal do indivíduo. Estas
manifestam-se muito cedo, frequentemente antes da entrada na escolaridade
obrigatória, e apresentam lacunas no funcionamento a nível pessoal, social ou
académico (DSM-V, 2014).
De acordo com Cardo & Servera-Barceló (2005), pode-se dizer que a PHDA
é uma perturbação de ordem genética, onde estão implicadas diversas alterações
a nível da atenção, da impulsividade e da atividade motora, que tendem a ser
excessivas, provocando um desajuste a nível social.
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1.3 Critérios de Diagnóstico de PHDA
Os critérios de diagnóstico, baseados no DSM-IV-TR (2002), focam-se em
ambos os sintomas, quer de falta de atenção, quer de hiperatividade-
impulsividade. Tomam em atenção a durabilidade dos mesmos e o momento em
que começam a aparecer os primeiros indícios (no DSM IV-TR devem aparecer
antes dos sete anos de idade e no mais recente DSM-V devem estar presentes antes
dos 12 anos de idade). Outra das alterações realizadas, presente no mais recente
manual de diagnóstico, permite a comorbilidade de PHDA com a Perturbação do
Espetro do Autismo.
Apresenta-se, de seguida, os critérios de diagnóstico com base no DSM-V
(2014).
Critério A – 1) ou 2):
1) Desatenção – 6 (ou mais) dos seguintes sintomas persistiram pelo menos
durante 6 meses num grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento
e que tem impacto negativo direto nas atividades sociais e
académicas/ocupacionais:
(a) com frequência, não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros
por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou em outras atividades;
(b) com frequência, tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;
(c) com frequência, parece não ouvir quando lhe falam diretamente;
(d) com frequência, não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares,
encargos ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamentos de
oposição ou por incompreensão das instruções);
(e) com frequência, tem dificuldades em organizar tarefas e atividades;
(f) com frequência, evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em
tarefas que requeiram um esforço mental mantido (tais como trabalhos escolares
ou de índole administrativa);
(g) com frequência, perde objetos necessários a tarefas ou atividades (por
exemplo, brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas);
(h) com frequência, distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes;
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(i) esquece-se, com frequência, das atividades quotidianas.
2) Hiperatividade e impulsividade – 6 (ou mais) dos seguintes sintomas
persistiram pelo menos durante 6 meses num grau que é inconsistente com o nível
de desenvolvimento e que tem impacto negativo direto nas atividades sociais e
académicas/ocupacionais:
(a) com frequência, movimenta excessivamente as mãos e os pés e move-se
quando está sentado;
(b) com frequência, levanta-se na sala de aula ou em outras situações em que se espera
que esteja sentado;
(c) com frequência, corre ou salta excessivamente em situações em que é
inadequado fazê-lo (em adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentimentos
subjetivos de impaciência);
(d) com frequência, tem dificuldades em jogar ou dedicar-se tranquilamente a
atividades de ócio;
(e) com frequência, «anda» ou só atua como se estivesse «ligado a um motor»;
(f) com frequência, fala em excesso;
(g) com frequência, precipita as respostas antes que as perguntas tenham
terminado;
(h) com frequência, tem dificuldade em esperar pela sua vez;
(i) com frequência, interrompe ou interfere nas atividades dos outros (por
exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos).
Critério B: Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou de falta de
atenção, que causam défices, surgem antes dos 12 anos de idade.
Critério C: Vários dos sintomas estão presentes em 2 ou mais contextos (por
exemplo, escola (ou trabalho) e em casa).
Critério D: Devem existir provas claras de um défice clinicamente significativo
do funcionamento social, académico ou ocupacional.
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Critério E: Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de
esquizofrenia ou outra perturbação psicótica e não são bem explicados por outra
perturbação mental (exemplos: perturbação do humor, perturbação de ansiedade,
perturbação dissociativa, perturbação da personalidade, intoxicação ou
abstinência de substâncias).
DSM-V (2014)
Olhando para esta diversidade de sintomas, é necessário ter em conta que cada
criança é diferente da outra, uma vez que o seu próprio desenvolvimento, o contexto onde
se insere, a situação familiar e outros fatores variam, influenciando, assim, o diagnóstico
(Lopes, 2004). Como consequência, surgiu a necessidade de apresentar subtipos de
PHDA, mais homogéneos, para que o diagnóstico se tornasse mais fidedigno (Lopes,
2004).
Consta no DSM-V (2014) que a Perturbação de Hiperatividade com Défice de
Atenção pode ser especificada dos seguintes modos: i) apresentação predominantemente
de hiperatividade-impulsividade (critério A2 preenchido e o critério A1 não preenchido);
ii) apresentação com predominância de desatenção (critério A1 preenchido e o critério A2
não preenchido); e iii) apresentação combinada (preenchidos ambos os critérios).
De acordo com Barkley & Murphy (2006), a apresentação combinada é aquela
onde se situa a maioria dos indivíduos com PHDA. Embora sejam os sintomas de
hiperatividade-impulsividade a surgir mais precocemente, ao longo do tempo, os
sintomas de falta de atenção começam a surgir em igual quantidade.
Apesar da distinção entre estes grupos diferentes, é importante ter presente que
duas crianças podem ter o mesmo diagnóstico, com os mesmos sintomas, mas em que a
sua frequência e intensidade são diferentes (Moura, 2008).
1.4 Características e Mitos de PHDA
Para se estar atento aos sinais antes do diagnóstico e para adequar a intervenção, é
necessário conhecer algumas das características dos indivíduos com PHDA. É importante
saber diferenciar as verdadeiras especificidades da perturbação daquilo que são os mitos
interiorizados pela sociedade, que levam, muitas vezes, a conceitos errados ou a
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interpretações incorretas, apelidando de mau comportamento atos característico de um
indivíduo que tem PHDA. Acerca desta questão, Antunes (2009) refere “elas têm a noção
do que está certo ou errado, e até reconhecem as duas faces no comportamento dos outros.
Como explicar, então, que sabendo a teoria, não a ponham em prática? A razão é simples:
a sua impulsividade não o permite. É por isso inútil dizer que é um «mal comportado», a
desgraça da família, malcriado, preguiçoso, etc.” (p.180).
Barkley & Murphy (2006) apresentam algumas das características principais,
presentes nos indivíduos com PHDA:
- A dificuldade na inibição da resposta, no controlo do impulso e na capacidade de
retardar a gratificação são umas das principais características destas crianças. As
consequências destas são múltiplas e implicam, por exemplo, uma impossibilidade de
esperar a sua vez ou de se conseguir concentrar na execução de tarefas, ou, ainda, de
trabalhar com objetivos a longo prazo em vez de mais imediatos;
- A excessiva atividade motora presente nessas crianças, que as impede, muitas vezes,
de permanecerem sentadas ou de não conseguirem parar de mexer em coisas quando não
é o momento adequado para tal. Este sintoma é mais notório nas crianças mais novas e
tende a diminuir com a idade;
- A capacidade de persistência e atenção, durante a execução de tarefas mais morosas e
de menor interesse para a criança estão também afetadas. Esta característica faz com que
haja mais momentos de distração e de desconcentração, dificultando o seu dia-a-dia.
Segundo os mesmos autores, existem outras características, estando estas mais
ligadas ao comportamento impulsivo. A primeira que identificam tem a ver com a
memória de trabalho, ou seja, com a capacidade de reter informação. Quando esta
função está afetada, é frequente o esquecimento de coisas que se deveria fazer ou de factos
relevantes que ajudariam na organização do seu pensamento. Barkley & Murphy (2006)
referem, ainda, a pobre regulação do self nos indivíduos com PHDA, o que contribui
para um comportamento mais impulsivo. Pode existir, também, dificuldade em seguir
instruções, planear ou resolver problemas.
Em suma, algumas das principais características inerentes à falta de atenção são a
desorganização e desatenção constantes nas tarefas realizadas, tanto a nível académico ou
laboral como lúdico. Em relação à hiperatividade, o sintoma principal está relacionado
com o excesso de atividade motora e a impulsividade, caraterizando-se, essencialmente,
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pela falta de paciência. O resultado são respostas imediatas e, por vezes, não pensadas
(DSM-IV-TR, 2002).
Relativamente aos mitos associados à PHDA, estes podem estar relacionados com a
sua génese ou com o modo de educação preferido pelos pais, embora todos eles levem a
uma ideia preconcebida e, muitas vezes, não sustentada cientificamente daquilo que
envolve esta perturbação.
Alguns dos mitos mais frequentes encontrados na literatura são: a PHDA é causada
por uma má alimentação ou açúcar em excesso; ver demasiada televisão potencia o
aparecimento da hiperatividade; a má educação dada pelos pais e desorganização familiar
(Lopes, 2004); a falta de motivação e de empenho por parte da criança (Harvey & Parker,
1992).
1.5 Prevalência e Comorbilidade de PHDA
De acordo com o DSM-IV-TR (2002), a PHDA tem uma prevalência estimada de
3% a 7% nas crianças em idade escolar, podendo este número variar conforme os métodos
de avaliação utilizados. Refere também não haver dados precisos acerca da mesma
prevalência na população adulta. Já o DSM-V (2014) aponta para uma prevalência de 5%
nas crianças e de 2,5% na idade adulta.
Barkley & Murphy (2006) afirmam existir cerca de 5% a 8% de crianças com
PHDA em idade escolar e cerca de 4% a 5% de adultos com a mesma perturbação.
Cardo & Servera-Barceló (2005) realizaram um estudo, em Espanha, onde
concluíram que a PHDA teria uma prevalência de 4,7%. Os autores acrescentam, ainda,
que a proporção de rapazes e raparigas com a perturbação é de 2,5:1 e que o maior número
de casos identificados se situa entre os 6 e os 9 anos de idade. Em relação aos subtipos
presentes no DSM-V, a apresentação combinada prevalece.
Moura (2008) refere que, em Portugal, a prevalência de casos de PHDA é incerta,
contudo estará próxima dos países que lhe são similares.
Para finalizar, Filipe (2004) é da opinião que a diferença entre rapazes e raparigas
não está ligada à prevalência da perturbação em si, mas sim à sintomatologia apresentada.
O autor refere que a PHDA surge de forma mais mascarada nas raparigas pelo que, por
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vezes, não é realizado um diagnóstico concreto. Acrescenta que, em indivíduos com mais
de 18 anos, vários estudos demonstram uma prevalência da perturbação de 1% a 2,5%.
Aquando de um diagnóstico de PHDA, é frequente estar presente um ou mais
diagnósticos comorbidos (DSM-V, 2014).
A Perturbação de Oposição é, sem dúvida, aquela que ocorre mais vezes quando
existe PHDA, podendo atingir metade da população geral quando há um diagnóstico de
PHDA do tipo Misto e cerca de um quarto da população quando a PHDA diagnosticada
é do tipo Desatento (DSM-V, 2014).
A Dislexia e a PHDA também ocorrem muitas vezes em simultâneo. Segundo
alguns autores (Germanò, Gagliano & Curatolo, 2010), numa amostra de indivíduos com
PHDA, a Dislexia ocorre em cerca de 18% a 45% e numa amostra de casos de Dislexia,
a PHDA está presente 18% a 42% das vezes. Antunes (2009) apresenta alguns dados
referentes a diversos estudos, acerca da comorbilidade da PHDA com outras perturbações
e dificuldades: Perturbação da Oposição e Desafio, 40%; Ansiedade, 34%; Dislexia, 20%;
Tiques, 11% e Depressão, 4%.
1.6 Etiologia de PHDA
As causas da PHDA suscitam, ainda, algumas questões, contudo é unânime que o
fator genético e, consequentemente o hereditário, estarão na sua génese (Barkley &
Russel, 2006).
Assim, a PHDA é considerada “um distúrbio neurobiológico hereditário” (Parker,
2003, p.13). Foram já encontrados alguns genes responsáveis pela perturbação (Barkley
& Russel, 2006) e sabe-se que a PHDA tem tendência para ser encontrada em vários
elementos da mesma família (Parker, 2003).
Sabe-se também que, quando não há evidência de fatores hereditários, a PHDA
pode ser explicada por outras ocorrências, tais como: dificuldades na gravidez ou parto
prematuro; abuso de substâncias durante a gravidez; e lesões nas zonas pré-frontais do
cérebro durante o desenvolvimento da criança (Barkley & Russel, 2006; Parker, 2003).
Como já anteriormente assinalado, é importante reforçar que as práticas
educativas parentais não são referidas como uma causa da PHDA, devendo ser retirada
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essa carga emocional aquando de uma intervenção com a criança e seus familiares (Lopes,
2004).
1.7 Intervenção Psicoterapêutica para a PHDA
As perturbações do desenvolvimento infantil, onde se enquadra a PHDA,
requerem intervenções atempadas e eficazes, que devem ser encaradas sob diversas
perspetivas: educativa, comportamental, emocional, social e médica.
De acordo com Bronfenbrenner (1979), o desenvolvimento e comportamento
humanos são apenas plenamente compreendidos quando analisados nos contextos em que
os indivíduos se inserem (sistemas). Daí a importância de se intervir nos variados
contextos de vida da criança/jovem (familiar e escolar, sem esquecer a própria criança),
ao mesmo tempo que se combinam várias terapêuticas (farmacológica, psicossocial e
cognitivo comportamental) como forma de se alcançar maior eficácia na intervenção.
A este tipo de intervenção dá-se o nome de Intervenção Multimodal que combina
vários tipos de abordagem, envolvendo a criança/jovem e a sua família, bem como uma
equipa multidisciplinar composta por médicos (pediatra, pedopsiquiatra, neuropediatra),
psicólogos, professores, outros técnicos e elementos da comunidade.
Confere-se, deste modo, que a PHDA requer uma intervenção abrangente
(próprio, casa, escola e comunidade), onde devem ser estabelecidas estratégias a longo
prazo e delineados objetivos, como os exemplos que se seguem: melhorar as relações
sociais (pais, colegas, professores); diminuir os comportamentos disruptivos; melhorar as
competências académicas; promover a independência, o autocontrolo e a assertividade;
melhorar a autoestima e permitir um desenvolvimento emocional mais harmonioso;
prevenir a evolução para comportamentos disruptivos e de marginalidade.
Desta forma, a intervenção visa maximizar a função e performance da criança em
casa, na escola e na comunidade, e não curar a sua perturbação. Como refere Lopes
(2003), não se “trata” a PHDA, aprende-se a lidar com ela e procura-se manter os seus
sintomas dentro dos limites que não se revelem gravosos para o próprio e para aqueles
que com ele convivem.
Citando Rodrigues (2008), quando se planifica uma intervenção na PHDA, há que
ter em conta a fase de desenvolvimento da criança/jovem, de modo a ajustá-la aos
períodos e às circunstâncias da sua vida. Há que ter em conta a especificidade da PHDA
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para aferir estratégias de acordo com o perfil/avaliação funcional realizada e, ainda,
garantir o seu acompanhamento ao longo do tempo e a manutenção de mais do que uma
metodologia de intervenção.
A intervenção deve, então, ser Multimodal, podendo incluir três grandes tipos de
intervenção: a farmacológica, a cognitivo comportamental e a psicossocial.
1.7.1 Farmacológica
A intervenção farmacológica pode não ser indicada e/ou necessária em todos os
casos de PHDA. Pereira & Fernandes (2001) alertam que, sempre que se pondere iniciar
a terapêutica farmacológica, é necessário ter um diagnóstico correto que avalie a
frequência, a severidade e o impacte dos sintomas na vida da criança / do jovem com
PHDA e, caso se justifique, utilizar os fármacos, mesmo conhecendo os seus potenciais
riscos e efeitos adversos.
Apesar de existirem ainda dúvidas quanto às causas da PHDA, há evidência de
alterações neuropsicológicas e neuroquímicas ao nível do córtex cerebral (pré-frontal),
designadamente uma menor concentração sináptica da dopamina, um neurotransmissor,
normalmente associado a mecanismos de prazer e recompensa. Daí que o tratamento
farmacológico, ao contrário do que se pensa, não consiste em calmantes, mas sim em
psicoestimulantes, designadamente o metilfenidato (Moura, 2013).
Desta forma, os fármacos de eficácia documentada são os psicoestimulantes mais
conhecidos por Ritalina, Concerta e Rubifen. Estes são inibidores seletivos de recaptação
da dopamina, que ao aumentarem os níveis de dopamina melhoram o grau de
funcionalidade dos lobos frontais e, por consequência, atenuam os sintomas da PHDA.
Segundo Moura (2014), diversos estudos comprovam a existência de uma clara
melhoria após a utilização de fármacos com o princípio ativo metilfenidato, em crianças
com PHDA, nas seguintes áreas: atenção; impulsividade física e cognitiva; tempo de
reação; memória a curto prazo; aprendizagem de material verbal e não verbal;
comportamentos de oposição; e sintomas de hiperatividade (perante doses mais elevadas).
A abordagem farmacológica não poderá nunca constituir-se como única
intervenção, mas sim ser parte integrante de um plano de atuação alargado e
transdisciplinar. Segundo Rodrigues (2008), a grande vantagem da intervenção
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farmacológica reside no facto de, ao diminuir os sintomas disruptivos, permitir que outras
estratégias de intervenção possam assumir uma maior eficácia. Isto é, ao levar a uma
diminuição significativa dos comportamentos desajustados permite um maior sucesso das
outras intervenções.
De referir ainda a importância de, antes de se iniciar a terapêutica farmacológica,
em crianças com perturbações do desenvolvimento, se dever discutir com os pais, de uma
forma calma e detalhada, os objetivos da mesma, a sua duração e a eficácia esperada
(Pereira & Fernandes, 2001).
1.7.2 Cognitivo comportamental
Segundo Moura (2014), a intervenção psicoterapêutica revela-se de extrema
importância no processo terapêutico da PHDA, funcionando como um complemento a
outras intervenções.
A terapia cognitivo comportamental revela-se como a intervenção
psicoterapêutica mais eficaz na PHDA, realizada por psicólogos especializados através
de uma intervenção clínica direta com a criança / o jovem. Esta divide-se na intervenção
comportamental (adequada em crianças pequenas até ao 2.º ciclo do ensino básico) e na
intervenção cognitiva (indicada para adolescentes).
Segundo Loro-López et al. (2009), a intervenção comportamental integra:
- Contratos comportamentais – especificam, de forma clara e objetiva, os
comportamentos adequados a adotar e os comportamentos desajustados a
eliminar, bem como as recompensas e as consequências negativas desse mesmo
comportamento; são assinados pelo aluno, pais, professor, psicólogo e/ou outro
técnico;
- Registos comportamentais – folha de registo dos comportamentos em sala de
aula com o objetivo de monitorizar o comportamento adequado;
- Programa de economia de fichas/pontos – sistema de atribuição de pontos e
obtenção de recompensas pela ocorrência dos comportamentos definidos como
desejados;
- Correção do comportamento através da manifestação de outro comportamento;
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- Extinção do comportamento através da implementação de reforços.
A intervenção cognitiva, segundo os mesmos autores, pressupõe:
- Modelos de autoinstrução – o objetivo é regular o comportamento através da
linguagem interna; seleciona-se um problema de cada vez e trabalha-se, passo a
passo, até ao comportamento desejado estar internalizado;
- Modelos de automonitorização e autoregulação comportamental – é o
próprio indivíduo que se vai autoregular, autoreforçar e autopenalizar, através da
análise e da avaliação do seu comportamento; utiliza registos comportamentais
como ferramenta para reflexão e autoavaliação;
- Estratégias de resolução de problemas – treino e desenvolvimento de
competências através de 6 fases para a resolução de situações-problema; o
objetivo é interiorizar, através da modelação, como se resolve determinado
problema e depois ser capaz de generalizar para as restantes situações quotidianas,
promovendo a sua autonomia nas tomadas de decisão;
- Desconstrução das cognições irrealistas e desajustadas sobre o seu próprio
comportamento;
- Técnicas de relaxamento;
- Atividades e treino de competências sociais em grupo.
Mais uma vez importa referir que a intervenção cognitivo comportamental,
aplicada isoladamente, não traz os ganhos e benefícios necessários. Há que conjugá-la
com a intervenção psicossocial e com a abordagem farmacológica, nos casos em que esta
se justifica.
1.7.3 Psicossocial
Este tipo de intervenção engloba diferentes metodologias e atua nos contextos
familiar e escolar, de forma a abranger o maior número de contextos e situações de vida
da criança / do jovem com PHDA.
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1.7.3.1 Contexto familiar
A intervenção em contexto familiar reveste-se da maior importância, uma vez que
é fundamental que os pais conheçam e estejam informados sobre as características da
PHDA, para assim desenvolverem adequadas práticas educativas parentais.
Devem desenvolver competências, de forma a reforçar os comportamentos
adaptativos e, ao mesmo tempo, diminuir os comportamentos disruptivos, adotando
práticas educativas consistentes (se hoje é punição, amanhã também), firmes (se é dado
castigo, este tem de ser colocado em prática) e adequadas, quer à idade da criança, quer
à gravidade do comportamento disruptivo.
Os pais devem aprender como promover a disciplina e potenciar comportamentos
positivos nos filhos com PHDA.
De acordo com Rodrigues (2008), a intervenção com a família pode assumir
diferentes formas:
- Programas de treino de pais - o grande objetivo é melhorar as relações entre
pais e filhos, ensinando os pais a lidar, de diferentes formas, com os problemas de
comportamento dos seus filhos, quer em casa, quer em lugares públicos; é
indicado para crianças com idades até aos 11 anos e em famílias sem problemas
associados (psicopatologia depressiva na mãe, stress familiar ou situações de
rutura matrimonial);
- Grupos de suporte para pais - o principal objetivo é a interajuda e o suporte
mútuo entre os pais, onde a partilha e a troca de experiências se apresenta como
uma vantagem na aprendizagem dos pais quanto à liderança dos desafios
comportamentais dos seus filhos;
- Intervenção na relação e interação pais-filhos - utilizada na adolescência (a
partir dos 11 anos de idade), é constituída por programas que combinam o
aconselhamento dos pais e as terapias cognitivo comportamentais.
A eficácia da intervenção está relacionada com o grau de severidade dos sintomas
das crianças, nomeadamente com comportamentos de oposição e problemas de conduta,
bem como da motivação e do empenho dos pais e das crianças, em todo o processo.
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1.7.3.2 Contexto escolar
A intervenção em contexto escolar com alunos com PHDA reveste-se da maior
pertinência e deve ser implementada em diversas vertentes e áreas educativas. Em todas
elas é fundamental ser-se capaz de se colocar no lugar do aluno com PHDA, com as
limitações e dificuldades com que é confrontado, sistematicamente, em sala de aula e fora
dela.
É importante não esquecer que aquilo que parece rotineiro e simples para a maioria
dos alunos pode-se revelar um obstáculo de grande proporção para alunos com PHDA.
Um aluno com essa perturbação revelará imensa dificuldade em: i) manter a atenção numa
mesma atividade, no período de tempo desejado para a sua faixa etária e para o seu nível
de escolaridade; ii) passar os conteúdos do quadro para o caderno, no tempo facultado
pelo professor; iii) estar sentado todo o tempo da aula; iv) realizar uma tarefa sem
interrupções e pausas e em reter informação (Barkley & Murphy, 2006).
Todas estas características típicas dos alunos com PHDA colocam, aos
professores, desafios diários no espaço de sala de aula. Cabe ao professor construir e
desenvolver, em conjunto com o aluno, as suas capacidades de funcionalidade, de
autonomia e de autoestima, que conduzirão a um melhor desempenho escolar.
Os comportamentos perturbadores e as dificuldades de aprendizagem, associadas
à PHDA, tornam-se manifestações frustrantes para o professor e para o aluno, podendo
conduzir ao desenvolvimento de sentimentos mútuos de aversão ou mesmo de hostilidade
(Vasquez, 1997). Assim, é importante estabelecer estratégias que permitam, com mais
facilidade, ajustar o comportamento da criança, de tal modo que esta aprenda e deixe que
os outros alunos, da turma onde se encontra integrada, aprendam também.
Não se trata de ir pelo caminho mais fácil, o do facilitismo, mas antes trabalhar
em cooperação para ajudar o aluno a perceber que é capaz e que consegue bons resultados.
Desta forma, a atitude do aluno é de persistência (e não de desistência) e de empenho (e
não de desinteresse), o que conduz a sentimentos de pertença ao grupo turma.
Segundo Rodrigues (2008), a intervenção psicossocial em contexto escolar pode
integrar os seguintes domínios: (a) formação de professores; (b) colaboração e
cooperação casa/técnicos/escola; (c) intervenção comportamental em sala de aula; (d)
ensino especial; (e) treino/desenvolvimento de competências sociais.
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(a) Formação de professores
Inclui sessões de sensibilização e formação sobre a PHDA e é essencial para um
melhor desempenho profissional dos professores. A investigação tem revelado que o
conhecimento e a atitude dos professores face à PHDA influenciam a sua disponibilidade
para a intervenção em contexto de sala de aula (Ghanizadeh, Bahredar & M., 2006; Bekle,
2004, cit. por Rodrigues, 2008).
(b) Colaboração e cooperação casa/técnicos/escola
O objetivo é efetivar uma parceria ao nível da aplicação de técnicas específicas de
modificação do comportamento. De acordo com Barkley (2006), é importante que os
professores e os pais tenham um bom conhecimento sobre a PHDA, tenham objetivos
realistas para as suas intervenções e estejam motivados para uma efetiva colaboração.
Importa ser-se flexível para modificar e adequar estratégias de intervenção,
sempre que necessário, e estar-se disponível para colaborações conjuntas e com
articulação entre todos os intervenientes educativos.
(c) Intervenção comportamental na sala de aula
Segundo Du Paul & Stoner (1994), os problemas comportamentais e os problemas
de aprendizagem estão intimamente ligados. A intervenção será mais eficaz se investir,
para além dos aspetos comportamentais, também no rendimento das áreas académicas. A
melhoria destas conduz à diminuição dos comportamentos perturbadores, pelo que a
metodologia mais adequada para o atendimento das crianças / dos jovens com PHDA
deve incidir nos problemas da aprendizagem a par das condutas perturbadoras (Du Paul
& Stoner 1994; Vasquez, 1997; Pfiffner & Barkley, 1998).
Os alunos com PHDA apresentam, normalmente, baixo rendimento escolar
(apesar de muitas vezes revelarem um bom potencial de aprendizagem), elevados índices
de comportamento fora da tarefa e dificuldades na realização de trabalho individual.
Assim, e de acordo com Rodrigues (2008), este tipo de intervenção deve basear-se numa
aprendizagem de competências para a automonitorização, onde se inclui a prestação
académica e não somente o comportamento nos seus objetivos, focando assim as várias
situações escolares que constituem um problema.
-
17
Segundo a mesma autora, distinguem-se três domínios onde este tipo de
intervenção se deve centrar.
- Modificação do contexto
Sendo a sala de aula o local onde os alunos passam a maior parte do tempo em
que estão na escola e, também, onde lhes é exigido trabalho e esforço mental, esta
apresenta-se como o local de eleição para o surgimento de comportamentos disruptivos
nos alunos com PHDA. Daqui advém a importância na reorganização dos contextos
físicos de sala de aula ao nível da colocação da criança no espaço-sala, da organização
dos espaços de trabalho e no posicionamento dos materiais ludicopedagógicos (e.g.,
calendário, quadro de tarefas) (Rodrigues, 2008).
Segundo vários autores, nomeadamente Lopes (2004), Du Paul & Stoner (2007),
Riefs (1998) e Fernandes (2007), existem diferentes estratégias que se podem e devem
implementar em contexto de sala de aula com alunos com PHDA, com o objetivo de
modificar comportamentos e rentabilizar o desempenho escolar.
Relativamente à organização do espaço podem-se enunciar as seguintes
estratégias:
- Sala de aula bem estruturada com poucos estímulos visuais;
- Localização do aluno na sala de aula (sentar o aluno na primeira fila, o mais
próximo possível do professor e afastado de estímulos de possível distração, com
boa visibilidade para o quadro e próximo de um bom modelo);
- Ter em cima da mesa apenas o material necessário;
- Existência de um espaço na sala onde o aluno possa trabalhar individualmente
e/ou realizar atividades diferentes;
- Existência de “cantinhos” onde o aluno possa realizar atividades manuais ou
artísticas.
No que respeita à organização e gestão da aula, importa ter em atenção as
seguintes estratégias:
- Sala de aula estruturada com rotinas escolares diárias consistentes ao longo do
tempo;
- As tarefas e os trabalhos repetitivos e monótonos devem ser evitados;
-
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- As tarefas e atividades devem ser curtas e explicadas de forma clara;
- Dividir e/ou reduzir as tarefas;
- Alternar tarefas em função do interesse e da complexidade;
- Permitir um período de pausa entre a realização de tarefas que exijam esforço
mental;
- Dar outra tarefa que a criança consiga fazer com entusiasmo e autonomia (dentro
dos conteúdos da disciplina) quando se está a transmitir um conteúdo difícil para
o aluno com PHDA;
- Permitir a realização de trabalhos de pares e em grupo (deixar o aluno menos
ansioso e mais seguro pode funcionar como estratégia de inclusão);
- Dar possibilidade de o aluno participar, dando feedback;
- Programar a aula de forma a haver mais intervalos, permitindo que o aluno tenha
tempo de realizar/terminar as tarefas;
- Conceder, se necessário, tempo extra para completar tarefas;
- Estabelecer limites para terminar as tarefas;
- Permitir que o aluno se possa movimentar na sala;
- Encorajar o aluno a questionar o que não compreende;
- Procurar envolver o aluno, promovendo a sua participação ativa;
- Usar o contacto visual (fazer com que o aluno olhe para o professor quando este
se lhe dirige);
- Deslocar-se pela sala para manter a visibilidade;
- Recorrer a apresentações mais dinâmicas e apelativas (e.g., uso do quadro
interativo, de filmes, diapositivos;
- As apresentações orais devem ser acompanhadas de ajudas visuais;
- Fazer uma abordagem genérica de antecipação dos conteúdos, antes de iniciar a
apresentação;
- Rever os conteúdos anteriores antes de iniciar novos;
- Relacionar os conteúdos com as experiências dos alunos (aumentar níveis de
motivação e de interesse);
-
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- Resumir os conteúdos (oralmente e por escrito);
- Apresentar um maior número de explicações, realçando os pontos mais
importantes (ideias chave);
- Transmitir a informação com lógica e organização;
- Evitar o uso de linguagem abstrata (metáforas ou trocadilhos);
- Transmitir informação em pequenas quantidades;
- Ler os materiais em voz alta;
- Utilizar versões reduzidas de textos;
- Simplificar vocabulário do texto;
- Dar pistas/dicas ao aluno na realização de trabalhos;
- Ter a certeza de que o aluno compreendeu o trabalho que tem de realizar antes
de o colocar a realizá-lo individualmente;
- Os trabalhos de reforço devem ser curtos e apenas os necessários (não se deve
sobrecarregar o aluno com trabalho extra).
- Modificação do comportamento na sala de aula
Trata-se da intervenção mais bem estudada no contexto escolar, na qual se utilizam
técnicas de modificação de comportamento como, por exemplo, os “contratos de
comportamento” (ver anexo 1), “contratos de etiquetas” (ver anexo 2), os “sistemas de
trocas”, o time-out, entre outras.
A eficácia deste tipo de técnicas depende da sua utilização coerente e sistemática.
As estratégias mais utilizadas são a elaboração de Contratos Comportamentais
e de Programas de Economia de Fichas, com o objetivo de alcançar o comportamento
desejado, utilizando recompensas:
- Identificar, de forma clara e objetiva, os comportamentos desajustados a
modificar;
- Iniciar pelos comportamentos mais fáceis de modificar, deixando os mais difíceis
para o fim;
-
20
- Definir claramente qual a recompensa (reforço positivo) e a consequência
negativa (reforço negativo) pela modificação ou não do comportamento;
- As recompensas, tal como os castigos, devem ser imediatas (os) após a
observação do comportamento;
- Ter em consideração que os castigos longos e os reforços a longo prazo não
funcionam;
- O ideal é existirem mais reforços positivos do que reforços negativos, pois
pretende-se que o aluno mude o seu comportamento não pelo castigo, mas pela
ausência de reforço;
- Os objetivos iniciais devem ser pequenos, devendo ser alargados à medida que
as crianças vão conseguindo alcançar os anteriores;
- Utilização de um sistema de pontos/fichas ou de um contrato terapêutico.
O contrato comportamental é um acordo formal e escrito que tem como objetivo
a mudança de comportamento do aluno, apresentando-se como uma excelente forma de
encorajar comportamentos adequados. De acordo com Lourenço (2009), é uma técnica
de gestão de comportamento que envolve a negociação de um acordo contratual entre o
aluno e o professor.
O contrato refere quais os comportamentos a modificar, os objetivos relativamente
a esses comportamentos e as consequências do seu cumprimento ou do não cumprimento,
atribuindo um papel ativo ao aluno, onde lhe é dada autonomia para que possa avaliar o
seu progresso, responsabilizando-o pelo seu empenho pessoal.
O Programa de Economia de Fichas tem por base a utilização de pontos ou fichas
que o aluno obtém através da adoção de comportamentos adequados e que se trocam por
prémios ou reforços. Segundo Du Paul & Stomer (2007), este programa serve para
recompensar os alunos pela implementação de um determinado comportamento, que vai
ao encontro das expectativas do professor. É estabelecida, pelo professor, em conjunto
com o aluno, uma lista de privilégios, prémios ou atividades na escola, para trocas pelas
fichas. As fichas devem ser trocadas diariamente pelos privilégios ou reforços
estabelecidos, de acordo com os pontos atribuídos, previamente, a cada comportamento.
O time-out (tempo de afastamento de reforço positivo) consiste em retirar todo o
reforço social à criança. Du Paul & Storner (2007) referem que este procedimento, para
-
21
ser eficaz, deve ser implementado logo após a manifestação do comportamento
indesejado (entre 1 a 5 minutos). É fundamental que este procedimento restritivo seja
utilizado apenas em conjunto com programas de reforço positivo ou prémios, sendo
considerado como uma medida de último recurso (apenas utilizada quando nenhuma
outra resulta).
Para reduzir a indisciplina e os comportamentos não desejados, em contexto de
sala de aula, existe ainda um leque de estratégias que podem ser implementadas pelo
professor (Lopes, 2004; Du Paul & Stoner, 2007; Riefs, 1998; Fernandes, 2007) e que
são:
- Aceitar o aluno tal como ele é;
- Olhar o aluno nos olhos enquanto conversa com ele;
- As regras devem ser negociadas e afixadas em local visível;
- Estabelecer regras/consequências claras;
- Rever as regras da sala de aula antes de iniciar as atividades, e sempre que
necessário;
- Estabelecer alternativas para comportamentos inadequados;
- Ignorar alguns comportamentos (aqueles que se assumem como pouco
gravosos);
- Evitar criticar o aluno;
- Sempre que o aluno aja em conformidade com as regras da sala de aula, deve ser
elogiado (comunicar aos pais para que seja feito reforço adicional em casa);
- Ser inflexível no desrespeito pelas regras, mas sempre de forma calma e positiva;
- Tentar controlar os comportamentos sem ser demasiado dominador;
- Reagir de forma imediata e constante a cada comportamento;
- Antecipar os problemas (planear antecipadamente, em particular, os momentos
de transição);
- Afirmar assertivamente o que deve fazer e não o que estava a fazer ou como
estava a fazer (e.g., “João, volta imediatamente para o trabalho!” e não “João, não
estás a prestar atenção!”);
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- Falar em privado com o aluno acerca dos seus comportamentos inapropriados;
- Estabelecer na sala um local para “acalmar”;
- Saber diminuir os níveis de pressão e ansiedade.
- Técnicas de autoregulação
Segundo Rodrigues (2008), a utilização de técnicas de autoregulação, a par da
implementação das técnicas de modificação de comportamento, são as mais direcionadas
para o comportamento de impulsividade e de desorganização.
Estas técnicas são, segundo Costa et al. (2010):
- Automonitorização – Através de treino prévio, requer que o aluno aprenda a
observar e a registar o seu próprio comportamento;
- Autoreforço – O aluno monitoriza o seu comportamento, avalia e reforça o seu
próprio desempenho, quer positivo, quer negativo, quando confrontados com
tarefas escolares e em interações com os seus colegas;
- Autoinstrução – Ensinar estratégias cognitivas que permitam ao aluno realizar
com sucesso as tarefas escolares e as situações em que é necessário que haja um
controlo dos comportamentos.
Estas estratégias fornecem ao aluno ferramentas de autoregisto para que se
consiga monitorizar o seu comportamento e, em colaboração com o professor, realizar a
avaliação do seu desempenho face ao contexto, com vista a adoção de novos e adequados
comportamentos.
(d) Ensino Especial
Rodrigues (2008) refere que a criança com PHDA tem um estilo de aprendizagem
específico, aprendendo de forma mais eficaz se forem utilizados estilos de ensino
multimodal, ativos e que impliquem a ação direta da criança.
Torna-se vital que se adapte o ensino às necessidades e capacidades individuais do
aluno, com o objetivo de rentabilizar o seu potencial de aprendizagem, alcançando o
máximo dos objetivos e das competências delineados (as) para o seu nível de ensino.
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23
Nessa lógica, os alunos com PHDA podem, quando necessário e benéfico, ser
integrados na educação especial e beneficiar de medidas educativas ao abrigo do decreto-
lei n.º 3/2008 de 7 de janeiro. Para isso, é necessário fazer a sinalização, em contexto
escolar, permitindo que se avance para o despiste de crianças e/ou jovens que estejam
associadas (os) a fatores de risco e que possam estar no cerne das limitações escolares e
da possível existência de necessidades educativas especiais (NEE) de caráter permanente.
Em seguida, indicam-se as dificuldades detetadas ao nível da comunicação,
aprendizagem, mobilidade, autonomia, relacionamento interpessoal e/ou participação
social.
Podem proceder à sinalização: os pais ou encarregados de educação; o conselho
executivo da entidade; os docentes e outros técnicos que tenham contacto contínuo com
o aluno.
Em seguida, formaliza-se o processo através do preenchimento de um formulário-
modelo (ver anexo 3), o qual deve conter informações acerca do motivo que levou o
indivíduo a proceder à sinalização, outros dados que se apresentem relevantes para a
posterior avaliação – e intervenção – e documentação necessária e pertinente.
Depois, em reunião de equipa multidisciplinar, o Serviço de Psicologia e Orientação
(SPO) e o Núcleo de Educação Especial refletem sobre a ficha de sinalização e a eventual
necessidade de se avançar para uma avaliação especializada. Sendo esse o caso, define-
se o responsável pela coordenação da avaliação referida e os elementos que irão
participar, utilizando diversos instrumentos. No âmbito da avaliação psicológica,
aplicam-se testes de avaliação da capacidade cognitiva geral - e.g. Terceira Edição da
Escala de Inteligência de Wechsler (WISC-III) que “serve para orientar hipóteses sobre
as áreas de disfuncionamento cognitivo e para a escolha das provas complementares, com
o objetivo de alcançar um diagnóstico diferencial” (Simões, 2002). Uma dos instrumentos
de medida, complementares à avaliação, é o d2 – Teste de Atenção (ver anexo 4), que
consiste na avaliação da atenção seletiva e da capacidade de concentração. Segundo
Brickenkamp (2006), o d2 permite medir a atenção concentrada (caráter seletivo e
intensivo) e a atenção sustentada (manutenção da atenção), sendo que pressupõe
concentração focalizada em estímulos visuais da atividade.
Desencadeia-se, em seguida, o Relatório Técnico-Pedagógico (RTP) (ver anexo 5),
no qual se identifica o perfil de funcionalidade do aluno em questão. Esse RTP
-
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determinará se o aluno apresenta (ou não) NEE e qual a sua tipologia. Se sim,
determinam-se os apoios especializados, as adequações no processo de ensino e
aprendizagem – e as possíveis tecnologias de apoio – de que irá beneficiar e que constarão
no Projeto Educativo Individual (PEI) (ver anexo 6), assegurando-se a participação ativa
dos pais ou encarregados de educação, assim como a sua anuência.
Quando não se verificam NEE que justifiquem a necessidade de intervenção do
SPO e ou do Núcleo de Educação Especial, encaminham-se os alunos para apoios,
disponibilizados pela escola, que melhor se adequem a uma situação específica (não é o
caso dos alunos com PHDA, pois os mesmos integram o Regime de Educação Especial).
As medidas educativas mais indicadas para alunos com PHDA são as enumeradas
nos artigos 17.º - Apoio pedagógico personalizado (beneficiar de apoio nas áreas
disciplinares onde apresentam maiores dificuldades, como forma de melhorar a aquisição
e aplicação de conhecimentos) e 20.º - Adequações no processo de avaliação
(periodicidade – realizar mais momentos de avaliação, reduzindo quantidade de matéria,
utilizando perguntas mais diretas; duração – dividir a realização do teste em dois
momentos, manter período de tempo, mas reduzir o teste; local – realizar o teste numa
outra sala onde o aluno se possa concentrar melhor).
Relativamente à avaliação, que continua a assumir um papel essencial no processo
de ensino-aprendizagem dos alunos, sendo uma área que se reveste da maior importância
nas escolas, faz sentido deixar algumas sugestões importantes a implementar nos alunos
com PHDA, tomando como referência Chiolas (2010):
- Fichas de avaliação
- Evitar a palavra não e nunca (apenas sublinhá-las/destacá-las);
- Colocar instruções para cada pergunta;
- Listar as instruções verticalmente em vez de na horizontal;
- Sublinhar, aumentar ou colocar a negrito as palavras chave da instrução;
- Utilizar apenas matéria dada na sala;
- Testes curtos e com seções curtas;
- Fornecer modelos de itens corretamente respondidos (dar exemplo);
- Colocar, na mesma página, um tipo semelhante de pergunta;
- Evitar textos extensos;
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- Colocar poucas questões por página;
- Numerar todas as páginas e questões;
- Organizar o teste para que as primeiras perguntas tenham mais cotação.
- Tipos de teste
- Respostas por escolha múltipla;
- Evitar muitas opções;
- Evitar opções confusas (e.g.: este ou aquele, todas as anteriores);
- Circular a resposta certa (em vez de pedir cópia da resposta correta);
- Alinhar verticalmente as respostas;
- Ser consistente na organização gramatical;
- Evitar mais de dez questões com escolha múltipla;
- Se possível cotar o raciocínio mesmo que a resposta esteja incorreta;
- Respostas por correspondência;
- Colocar todos os itens na mesma página;
- Colocar espaço extra entre os itens;
- Utilizar pequenos grupos de itens;
- Colocar os itens da coluna da direita por ordem alfabética (ajuda na localização);
- Colocar uma resposta fantasma (absurda) numa das colunas;
- Dar um exemplo correto;
- Colocar a coluna mais longa do lado esquerdo;
- Respostas Verdadeiro ou Falso;
- Utilizar até 10 questões por teste;
- Evitar pedir para transcrever a resposta correta ou falsa;
- Colocar Verdadeiro e Falso no final de cada item e deixar o aluno circundar a
resposta correta;
- Respostas para preencher e espaços;
- Evitar frases descontextualizadas (e.g. frases retiradas de textos);
- Deixar espaços em branco proporcionais ao tamanho da resposta;
- Fornecer a lista das palavras imediatamente a seguir à questão;
- Se uma palavra vai ser usada mais do que uma vez, repeti-la na lista o número
de vezes que for para usar;
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- Dividir o teste por seções de 5 questões cada;
- Respostas de desenvolvimento;
- Dividir as perguntas de desenvolvimento em duas ou três perguntas de resposta
mais curta;
- Dar respostas curtas e o aluno poder circundar a resposta correta;
- Descrever o que se espera, dar recomendações e ajudar na organização;
Outras sugestões:
- Durante o teste, o professor deve percorrer a sala para verificar se o aluno tem
alguma dificuldade e não a verbaliza;
- Consultar os alunos com PHDA durante o teste;
- Atenção individualizada, verificando as respostas no decorrer do teste;
- Dar oportunidade, se necessário, de repetir o teste;
- Deixar o aluno fazer o teste em outro ambiente;
- Fazer o teste em dois dias;
- Fazer intervalos durante o teste;
- Utilizar reforços positivos;
- Evitar termos como “despacha-te”, “tanto tempo”, etc.;
- Treinar os vários tipos de perguntas e respostas;
- Fornecer um guião de estudo;
- Pedir ao aluno para rever todo o teste no final.
(e) Treino/Desenvolvimento de competências sociais
Na PHDA, e no que diz respeito ao contexto escolar, é importante estar atento e
trabalhar as questões relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem, mas também
com o estabelecimento de relações saudáveis e positivas, quer com os pares, quer com os
adultos.
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Segundo Lopes et al. (2011), as implicações nas relações com os pares estão
diretamente relacionadas com a dificuldade que as crianças com PHDA têm em esperar
pela sua vez e com o facto de falarem e entrarem em confronto, com maior facilidade.
Os alunos com esta perturbação tendem a manifestar défices nas competências
sociais, sendo vistos, pelos pares, como intrusivos e inoportunos, levando à rejeição
(Landau & Moore, cit. por Lopes et al., 2011). São, assim, alunos considerados, pelos
seus colegas, como intrometidos, inapropriados, com dificuldades na interação social,
sem respeito pelas regras impostas (mesmo que as conheçam), com respostas agressivas
perante situações problemáticas e com défices na autoregulação do comportamento.
Sabendo que as competências sociais se regem pela reciprocidade social (Brophy,
Good, & Brophy, Doyle, Everston, & Kounin, cit. por Lopes et al., 2011), é importante
analisar e avaliar os comportamentos dos professores/adultos para também se perceber a
sua implicação e/ou influência nos comportamentos dos alunos e, desta forma, entender
o que motiva os alunos a comportamentos adequados com alguns professores e
inadequados com outros.
Fica assente a importância que os comportamentos e atitudes dos professores
assumem perante alunos com PHDA, cujos comportamentos são inadequados em
contexto de sala de aula. Há, então, que mobilizar estratégias promotoras do
desenvolvimento de competências sociais, quanto ao autoconceito académico, à
autoestima e à inclusão no grupo/turma (Lopes,2004; Du Paul & Stoner, 2007; Riefs,
1998; Fernandes, 2007):
- Procurar áreas em que o aluno se possa destacar;
- Estabelecer uma relação professor-aluno positiva (carinho, compreensão,
respeito, incentivo);
- Demonstrar interesse e participar ativamente na vida do aluno;
- Promover a participação ativa do aluno na aula;
- Evitar linguagem de confronto e de provocação;
- Dar responsabilidade à criança (e.g., distribuir cadernos, ficar a tomar conta da
sala quando o professor se ausenta);
- Não expor o aluno perante a turma (só o fazer quando a situação é muito grave);
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- Ignorar os comportamentos menos graves (falar depois individualmente com o
aluno sobre esses comportamentos);
- Dar reforços positivos e elogios sempre que o aluno adota comportamentos
adequados;
- Permitir a realização de trabalhos de pares e em grupo (deixam o aluno menos
ansioso e mais seguro e ajudam a turma a criar estratégias de inclusão);
- Adotar atitudes promotoras da autoestima do aluno (evitar os comentários
destrutivos em frente à turma; rótulos e chamadas de atenção e críticas devem ser
pela positiva e construtivos (as));
- Desenvolver programas de treino de competências sociais.
Se os professores conhecerem as características, positivas e negativas, dos seus
alunos com PHDA, enquanto reconhecem as características positivas e as negativas, vão
aceitar e compreender melhor os seus alunos, esforçando-se por adotar atitudes e ações
que vão ao encontro das especificidades desses mesmos alunos.
1.8 Importância da formação de professores como estratégia de
intervenção terapêutica (psicossocial) em PHDA
Para que a educação inclusiva aconteça é fundamental que os professores tenham
acesso a informação específica relativamente à diversidade de patologias encontradas
hoje nas escolas de ensino regular, bem como tenham acesso “... a métodos, estratégias e
técnicas que lhes permitam uma ação educativa inclusiva e, simultaneamente, promotora
do potencial académico, emocional e social” do aluno (Grácio, Chaleta, Cid, Fialho, &
Saragoça, 2011, p. 367).
Centrando o olhar no aluno com PHDA, encontram-se especificidades
desenvolvimentais, de conduta e de aprendizagem, que obrigam ao delineamento de um
processo de inclusão no grupo turma.
Sabe-se, hoje, que a educação inclusiva não tem subjacente uma diminuição de
expetativas face ao percurso escolar do aluno, mas, antes, a função de, segundo Grácio,
Chaleta, Cid, Fialho, & Saragoça (2011), responder adequadamente às suas necessidades
-
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e promover o seu potencial. Esta mudança de paradigma escolar implica uma adaptação
por parte do sistema de ensino e dos seus principais agentes (professores), exigindo o
declínio de um ensino baseado na homogeneidade desenvolvimental.
Segundo o “World Report Disability” (World Health Organization & The World
Bank, 2011) é fundamental, face à diversidade educativa, que os professores invistam e
melhorem as suas próprias competências para ensinarem crianças com patologias
diversificadas que, atualmente, se encontram a frequentar escolas do ensino regular.
Assim, é também fundamental promover oportunidades de encontro e partilha que sirvam
de suporte e apoio aos professores no sentido de estes dominarem e mobilizarem
abordagens de ensino-aprendizagem mais flexíveis, que permitam uma maior adequação
e proximidade às necessidades dos alunos.
O aumento do conhecimento dos professores é fundamental para as práticas
escolares, contribuindo também para o desempenho académico dos alunos com PHDA.
A aquisição de informação específica pode contribuir para:
- Melhorar a capacidade de análise das especificidades da criança;
- Permitir discussões mais objetivas das preocupações encontradas no
processo ensino-aprendizagem e descrição de comportamentos que os
preocupam nas crianças, contribuindo, de forma ativa e adequada, para a
obtenção de diagnósticos precisos (Reis & Camargo, 2008);
- A melhor compreensão dos diagnósticos, da informação e da especificidade
do funcionamento de cada aluno (Simão, 2013);
- Uma participação efetiva no processo de intervenção delineado e integração
na rede de suporte constituída, assumindo-se como agentes facilitadores de
aprendizagens (Correia, 2010).
Um estudo realizado por Grácio, Chaleta, Cid, Fialho, & Saragoça (2011) mostra
que uma percentagem muito significativa de professores (94% da amostra) refere sentir
necessidades de formação relativa a aspetos associados à distração das crianças. Cerca de
74% dos professores assume necessitar de saber mais para lidar com crianças que revelam
dificuldades nos comportamentos de autocontrolo, como o não conseguir ficar parado,
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inquietude motora ou hiperatividade. Logo, o estilo de formação, que os professores deste
estudo referem como estando mais interessados, cumpre os seguintes fatores:
- Identificação de crianças com dificuldade na atenção/concentração,
autocontrolo e competências emocionais e sociais;
- Construção, desenvolvimento e uso de materiais educativos para crianças
com dificuldades de aprendizagem;
- Organização da lição e das atividades baseadas em práticas inclusivas no
domínio da atenção/concentração, autocontrolo, competências sociais e
emocionais e realização de tarefas;
- Avaliação do progresso da criança / do jovem com dificuldades de
aprendizagem e das crianças / dos jovens com comportamentos desafiantes;
- Promoção de relações positivas entre pares, sobretudo no autocontrolo...
atenção/concentração... “ (pp. 375-376).
Em suma, estes professores portugueses, constituindo-se como uma amostragem
das necessidades sentidas na sua classe, centram o seu interesse de formação específica
no domínio da educação da atenção, hiperatividade, dificuldade de controlo emocional e
de impulso, bem como da autoestima.
Torna-se, por isso, pertinente o desenho de um programa de formação para
professores em PHDA, que será descrito em seguida, com base em diversos autores.
Entende-se o programa de formação como um contributo ajustado às reais necessidades
dos docentes, promovendo a aquisição de benefícios em termos da adequação de práticas
educativas que permitam um melhor desenvolvimento e maiores progressos nas
aprendizagens dos alunos com PHDA, integrados em escolas do ensino regular.
1.8.1 Programa de Formação de Professores em PHDA
Devido à necessidade de formação em área específica, referida anteriormente, irá ser
apresentada, em seguida, uma proposta de programa de formação de professores em
PHDA que pretende centrar-se nas experiências dos professores, a partir de dinâmicas de
grupo, divididas em sessões. Deste modo, exploram-se os conhecimentos dos professores,
-
31
relacionando-os com as dinâmicas de grupo, baseadas em autores de referência,
devidamente citados ao longo das sessões e em sugestões da investigadora.
Essas dinâmicas de grupo, dinamizadas por formador com competências pedagógicas
na área da PHDA (e.g. psicólogo), contribuem para o desenvolvimento do plano prático
dos docentes, através de estratégias formativas que auxiliam no processo de
aprendizagem. Essas dinâmicas, divididas em sessões, possibilitam a mobilização de
processos coletivos de reflexão/discussão, ampliam o conhecimento individual e coletivo
da classe docente e potenciam a transformação e reorganização da informação partilhada.
1.8.2 Descrição das sessões
Sessão 1 - “O que já faço bem, o que poderei fazer melhor e o que poderei fazer de novo.”
Tema: Autoconhecimento do professor (pontos fortes e pontos a melhorar)
Objetivos:
- Proceder à apresentação do grupo de professores e formadores;
- Recolher as expectativas face ao programa de formação;
- Identificar razões para procurarem integrar este programa de formação;
- Apresentar o organograma do programa de formação;
- Dinamizar a situação de avaliação inicial;
- Refletir sobre características e competências dos professores e pontos de fragilidade que
consideram ser elementos importantes a melhorar.
Dinâmica 1 – “Descobrir para Intervir” - Setting inicial
Objetivos da dinâmica:
- Avaliar os conhecimentos iniciais dos professores acerca da PHDA.
-
32
Estratégias:
- Trabalho individual.
Procedimentos da dinâmica:
- Convidar os professores a participarem num pequeno momento de reflexão sobre
aspetos inerentes à PHDA;
- Distribuir o material (ver anexo 7) onde consta um pequeno questionário que
pretende perceber os conhecimentos iniciais do grupo de professores face à PHDA
e um segundo ponto que corresponde ao desafio de inventariarem diferentes
critérios e estratégias de intervenção que teriam em atenção e, também,
mobilizariam na organização e no planeamento de um momento educativo (parte
de uma aula), sabendo que têm integrado na turma um aluno com diagnóstico de
PHDA;
- Explicar aos professores que este levantamento de informação é de extrema
importância para os formadores, no sentido de lhes permitir a adequação de
informação a ser partilhada.
Dinâmica 2 – Espelho meu, espelho meu
Fonte: Coelho & Belo (2011)
Adaptação livre em função do grupo alvo – professores
Objetivos da dinâmica:
- Identificar características pessoais e competências que valorizam enquanto
professores;
- Hierarquizar, por nível de importância, as característica e competências
identificadas em função da integração de crianças com PHDA no seu grupo turma;
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- Refletir sobre características e competências que consideram torná-los
professores mais aptos e aquelas que procuram melhorar e desenvolver.
Estratégias:
- Trabalho individual;
- Reflexão de grupo.
Procedimentos:
- É distribuído aos professores um exemplar (ver anexo 8), solicitando-lhes que
reflitam sobre outros professores que conhecem (não tendo que fazer parte do
grupo com quem trabalham) e que consideram professores aptos, de referência
para si e para o desenvolvimento do seu trabalho, enquanto professores;
- Após essa reflexão, devem nomear 3 desses professores;
- De seguida, propor que construam uma lista de, no total, 10 características e
competências que identificam nesses professores nomeados e que os fazem ser
vistos e considerados “extraordinários”, enquanto classe docente;
- Transcrever, para a folha entregue inicialmente (ver anexo 6), a listagem que
elaboraram, identificando quais dessas são também características suas;
- Posteriormente, refletir e assinalar quais consideram as mais importantes para si
- “ (…) os princípios pelos quais se rege, são as coisas mais importantes para si,
aquelas de que seria mais difícil abdicar. Os que se mantêm inalteráveis por mais
voltas que a vida dê” (Belo & Coelho, 2010);
- Refletir sobre aquelas que já possuem na dimensão desejada e que os tornam
também professores aptos, e quais as que pretendem melhorar, tendo como
referência a especificidade de inclusão de alunos com PHDA no grupo turma;
- Partilhar o resultado da reflexão com o grande grupo;
- O formador deverá, neste momento da dinâmica, proceder à sistematização da
informação partilhada, organizando-a em dois grupos: as potencialidades do grupo
de professores e as fragilidades e características a melhorar.
-
34
Reflexão:
- Esta dinâmica, para além de permitir a cada elemento do grupo um tempo de
autoreflexão e de busca das suas potencialidades, conferindo-lhes, desta forma,
um sentido de autoeficácia e de autoaceitação (Barbosa, 1995), permite, também,
a identificação do outro, sobretudo quando se trata de identificar fragilidades
(competências a melhorar), desenvolvendo um sentido de pertença (não estou
sozinho neste desafio);
- Estar consciente das suas características, potencialidades e fragilidades pode ser
facilitador na organização, na dinâmica desenvolvida e no seu trabalho de gestão
pedagógica e de comportamentos do grupo turma;
- Aos formadores, dá-lhes a possibilidade de organizar a partilha de informação
durante a formação, de forma a privilegiar e fazer uso das competências que foram
inicialmente identificadas pelo grupo, bem como criar oportunidades de reflexão
sobre formas de desenvolver as que foram identificadas como mais frágeis.
Sessão 2
Tema: PHDA
Objetivos:
- Potenciar oportunidades para aprofundar conhecimentos relacionados com o aluno com
PHDA;
- Promover um espaço de partilha e discussão teoricamente sustentado, necessário à
compreensão do aluno com PHDA e especificidade do seu modo de interação e inclusão
no sistema de ensino.
Dinâmica 3 – “Desenho cego”
Fonte: Coelho & Belo (2014);
-
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Adaptação livre em função dos conceitos a explorar.
Objetivos da dinâmica:
- Sensibilizar para a importância que a forma de transmissão e receção de
informação, bem como o entendimento dos conceitos, assume num processo
eficaz de comunicação;
- Refletir sobre o papel da comunicação no conhecimento da PHDA.
Estratégias:
- Trabalho a pares;
- Exploração ativa do material;
- Reflexão em grande grupo.
Procedimentos:
- Organiza-se o grupo de professores, em pares, de forma aleatória;
- Pede-se que se sentem, formando um grande círculo, e de costas viradas uns para
os outros, de forma a que o elemento da frente de cada par não consiga ver o detrás
e esse não veja as mãos do colega da frente;
- A cada um dos elementos que se encontra atrás de cada par é entregue uma folha
com uma representação gráfica (ver anexo 9) e aos elementos da frente uma folha
em branco e uma caneta;
- De seguida, é pedido aos elementos que possuem o suporte com a representação
gráfica que partilhem informação sobre essa representação de forma a que o seu
par consiga produzir uma imagem, o mais idêntica possível;
- O colega da frente, que assume o papel de recetor da informação, não pode fazer
qualquer tipo de comentário referente à informação recebida, nem questionar o
emissor;
- No final de todos os pares terem terminado a tarefa, o formador deve recolher
todas as produções gráficas e afixá-las, de forma a que sejam visíveis a todos;
-
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- Em grupo, importa refletir sobre o processo de comunicação, as estratégias que
cada um utilizou para transmitir informação, os obstáculos encontrados por
emissores e recetores, comparar resultados finais com a matriz inicial e integrar
esta experiência em questões associadas à temática da sessão.
Reflexão:
- A utilização desta dinâmica permite, ao formador, ilustrar o ruído que muitas
vezes se instala nos canais de comunicação estabelecidos entre os diferentes
intervenientes no processo educativo;
- Permite, ainda, sensibilizar os professores para a importância da clareza de
domínio e entendimento dos conceitos envolvidos nesta perturbação, bem como
ilustrar as dificuldades que se assistem quando a informação partilhada não é
suficiente para que o recetor dessa informação possa entender e construir o seu
próprio quadro concetual, que lhe permitirá atuar, posteriormente, de forma mais
adequada e próxima das reais especificidades desenvolvimentais e de
aprendizagem da criança.
Dinâmica 4 – “Inventário de características de crianças com PHDA”
Fonte: Barbosa (1995);
Adaptação livre em função do grupo alvo e da unidade do programa a
desenvolver.
Objetivos da dinâmica:
- Perceber quais as características das crianças com PHDA mais conhecidas no
grupo alvo e os mitos que poderão estar presentes;
- Utilizar o conhecimento prévio do professor e integrar a restante informação.
Estratégias:
-
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- Trabalho individual;
- Trabalho em pequeno grupo;
- Reflexão em grande grupo.
Procedimentos:
- Solicita-se, a cada professor, a elaboração de uma lista de características que
associam à criança / ao jovem com PHDA; desta forma evita-se o efeito de
fixação, demasiado presente em estratégias de brainstorming, que contribui para
a diminuição da eficácia de construção de ideias e criatividade na informação
apresentada (Kohn & Smith, 2010);
- Posteriormente, os professores são convidados a reunirem-se em pequenos
grupos por forma a partilharem as listas individuais e a reorganizarem-nas numa
nova lista de características que identificam e associam aos alunos com PHDA;
- Após esta fase inicial do trabalho, pede-se a cada grupo que apresente a sua lista
ao grande grupo;
- As características apresentadas deverão ser registadas, pelos formadores, em
suporte legível para todo o grupo;
- Partindo dessa lista, como forma de valorização do conhecimento que os
professores já possuem, relativamente a esta perturbação, deve-se iniciar a
integração de informação teórica relativamente à especificidade da PHDA nas
seguintes unidades:
– Critérios de diagnóstico (a lista terá já subjacente informação
suficiente para a interpretação e identificação dos diferentes critérios
de construção do diagnóstico de PHDA);
– Características e mitos (conduzir os professores a refletir sobre a
possibilidade de algumas das características identificadas na lista
conjunta serem mitos associados à criança / ao jovem com PHDA e
partilhar o enquadramento e compreensão desses mitos);
-
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– Prevalência e comorbilidade (alertar para o facto de existirem
características enunciadas que poderão, também, pertencer a outros
quadros patológicos);
– Etiologia (desconstruir ideias preconcebidas relativamente às causas
da PHDA).
Reflexão:
- Com esta dinâmica possibilita-se a criação de um espaço de partilha de
conhecimento, permitindo a integração de novas informações em referenciais já
construídos, assim como a reorganização de informação em diferentes unidades
de conteúdo;
- O papel ativo do formador, na procura de exemplos práticos e vivenciais dos
professores a partir da lista construída, também se constitui como um fator
facilitador para a melhor compreensão da criança com PHDA, pois ilustra os
conteúdos teóricos partilhados.
Sessão 3
Tema: Ser criativo é urgente!
Intervenção Terapêutica nas crianças com PHDA – Intervenção Psicossocial
Fundamentação: Breve enquadramento da importância de serem definidas estratégias
específicas para lidar com as crianças com PHDA em contexto escolar.
Objetivos:
- Refletir sobre a necessidade de diferenciar formas de atuação pedagógica e relacional
face à criança / ao jovem com PHDA;
- Explorar diferentes estratégias e tipologias de atividades estudadas como adequadas ao
funcionamento do aluno com PHDA.
-
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Dinâmica 5 – “Onde está o rato?”
Objetivos da dinâmica:
- Perceber a importância da observação e da diferenciação de focos;
- Explorar a ideia de alternância de procedimentos para atingir os objetivos
definidos para cada aluno.
Estratégias:
- Exploração ativa do material;
- Reflexão em grupo.
Procedimentos:
- A cada professor será distribuída uma folha “Onde está o rato?” (ver anexo 10);
- Pede-se para observarem o desenho com atenção e descobrirem onde se encontra
o rato;
- Após resposta dos professores, deve-se refletir sobre o processo de descoberta.
Encontraram o rato? Se não, porquê? Que fatores consideraram facilitadores na
pesquisa e quais os que dificultaram a tarefa? Qual a finalidade deste desafio?
Reflexão:
- Esta dinâmica permite ao formador ilustrar os vários níveis de intervenção que
estão subjacentes à inclusão da criança / do jovem com PHDA na turma e no seu
processo de aprendizagem (estratégias de atuação individual e direta, indireta, de
manipulação de fatores contextuais, organização de ambientes educativos e
intervenção grupal);
-
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- Perceber que, apesar do mesmo diagnóstico, cada criança é diferente entre si,
contemplando características específicas que devem ser tidas em conta na
mobilização de estratégias de intervenção.
Dinâmica 6 – “O que descubro?”
Fonte: Coelho & Belo (2014);
Adaptação livre em função do grupo alvo – professores.
Objetivos da dinâmica:
- Construir uma oportunidade de identificação ao outro;
- Promover oportunidade de reforço de relação ao outro (aluno com PHDA) e de
reflexão sobre a importância de conhecer e compreender as características do
professor e do aluno (focos de conflito e/ou de entendimento);
- Sensibilizar para estratégias promotoras do desenvolvimento de competências
sociais (autoconceito académico, autoestima, inclusão no grupo/turma) na criança.
Estratégias:
- Trabalho individual;
- Reflexão em grupo.
Procedimentos:
- Pedir aos professores que reflitam e respondam às questões apresentadas: “Qual
a minha característica positiva que revejo na criança?” e “Que característica
minha, da qual não me orgulho, revejo no aluno?”;
- Integrar as reflexões individuais nos conteúdos teóricos a apresentar,
nomeadamente na possibilidade dessas respostas poderem estar na base de
constituição de um foco de conflito ou de aproximação ao aluno.
-
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Reflexão:
- Com esta experiência de reflexão, proposta ao grupo de professores, cria-se um
ambiente facilitador de permeabilidade à aceitação da diferença e de possibilidade
de identificação com a mesma. O professor, ao realizar o caminho de identificação
de características partilhadas com os alunos, estará mais consciente da forma
como terá de atuar em termos de estabelecimento da relação para que, respeitando
a especificidade de ambos, consiga criar uma relação suficientemente segura que
lhe permita experimentar formas de atuação social e do saber, diversificadas e
cada vez mais adequadas ao desenvolvimento de ambos no processo de ensino
aprendizagem.
Dinâmica 7 – “Saí do grupo e agora?”
Fonte: Barbosa (1995);
Adaptação livre em função do grupo alvo e da unidade do programa a
desenvolver.
Objetivos da dinâmica:
- Ilustrar os benefícios inerentes a algumas estratégias de intervenção
comportamental em sala de aula.
Estratégias:
- Role-playing;
- Trabalho em grupo;
- Reflexão em grande grupo.
Procedimentos:
-
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- Solicita-se ao grupo de professores que se organizem em grupos de 3 ou 4
elementos, de forma aleatória;
- A cada grupo é pedido que um dos elementos se ausente por um período de cerca
de 10 minutos, solicitando que, após esse tempo, volte a integrar o grupo e a
discussão que neste está a decorrer;
- Após a saída dos elementos, os grupos terão acesso a uma pequena descrição de
uma situação para discussão (ver anexo 11);
- Com cada grupo é ainda partilhada a seguinte informação: Grupo 1 – Não pode
partilhar a informação que lhe foi dada anteriormente nem informar o novo
elemento dos aspetos já abordados na discussão; Grupo 2 – Apenas pode
responder a questões que sejam colocadas pelo elemento que integrou o grupo;
Grupo 3 – Deve partilhar a informação que lhe foi facultada no início da discussão,
bem como partilhar, com o novo elemento, os diferentes pontos já abordados
durante o período de discussão (envolver o outro elemento);
- Após um período de cerca de mais 10 minutos para integração dos novos
elementos, convidar os professores a refletir, em pequenos grupos, relativamente
à facilidade/dificuldade que o elemento em situação de time-out sentiu, bem como
o sentimento dos elementos do grupo que o receberam a meio da discussão;
- Num último momento da dinâmica, solicitar a todos os grupos que partilhem as
suas reflexões, tendo o formador o papel de integrar tais reflexões no quadro
adaptativo da estratégia de time-out.
Reflexão:
- Como em dinâmicas anteriormente apresentadas, esta, por permitir a construção
de um espaço vivencial de uma situação similar às que acontecem com os alunos
em contexto de sala de aula, constituir-se-á como facilitadora no entendimento e
na análise das especificidades inerentes à utilização adequada de estratégias de
intervenção comportamental, seja o time-out ou a importância da participação
ativa do aluno na aula;
- Permitir que os professores ganhem consciência de que o time-out se apresenta
como uma estratégia de última linha por ser extremamente restritiva.
-
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Sessão 4
Tema: Ser criativo é urgente! (continuação)
Intervenção Terapêutica nas crianças com PHDA – Intervenção Psicossocial
Dinâmica 8 – “A Torre”
Fonte: Kombo - Gestão estratégica de pessoas (adaptação livre).
Objetivos da dinâmica:
- Exploração de estratégias de diferenciação pedagógica;
- Vivenciar as vantagens de trabalho cooperativo para atingir um objetivo;
- Promover a reflexão sobre o papel que cada um deve assumir e desenvolver nessa
rede, bem como na definição de estratégias partilhadas.
Estratégias:
- Jogo;
- Reflexão em grande grupo.
Procedimentos:
- Organizam-se os professores em pequenos grupos;
- É entregue, a cada grupo, o seguinte material: régua de 30 cm; cartolina; tesoura
e cola;
- Com o material que lhes foi dado deverão construir uma torre;
- Metade dos grupos formados só poderão construir a torre com tiras de cartolina
que não ultrapassem o tamanho da régua, tanto nos 30 centímetros quanto na
-
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largura. Esta torre deverá ser mais alta que 30 centímetros e, no final, a régua
deverá ser colocada horizontalmente sobre a torre;
- A outra metade dos grupos tem o mesmo material disponível e a indicação que
terá de construir uma torre, sendo que, no final, a régua deverá ser colocada
horizontalmente sobre a torre;
- Após cada grupo concluir a sua tarefa, deve dar-se um período de reflexão, tendo
como ponto de partida algumas das seguintes questões: Que sentimentos surgiram
durante a realização da tarefa? Surgiu algum líder? Como conduziu o grupo?
Quais foram as dificuldades encontradas? E as estratégias utilizadas para as
superar? Que fatores foram identificados como auxiliadores para a concretização
da tarefa? Como avaliam o trabalho do grupo?;
- Posteriormente, deve existir uma reflexão conjunta, em grande grupo, onde se
comparam os resultados finais conseguidos e os processos diferentes que foram
assumidos pelos grupos, de forma a fazer-se a ponte para as questões da
diferenciação pedagógica.
Reflexão:
- Com esta dinâmica, o formador tem a oportunidade de assumir uma função
integradora de vivências pessoais, no que pretende desenvolver em termos de
conteúdos chave no trabalho pedagógico com a criança e/ou o jovem com PHDA,
que assenta na partilha de estratégias claras de diferenciação pedagógica e não em
estratégias limitativas.
Dinâmica 8 – “Não parem os balões”
Fonte: Aline Ulyssea – Universidade do Panamá (adaptação livre)
Objetivos da dinâmica:
- Vivenciar as vantagens de trabalho cooperativo, de modo a atingir um objetivo;
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- Se