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1 A PRODUÇÃO DE DERIVADOS DE MANDIOCA NO MUNICÍPIO DE ITABAIANA/SE COMO ESTRATÉGIA DE REPRODUÇÃO PARA GRUPOS FAMILIARES RURAIS i José Lima de Rezende GRUPAM Universidade Federal de Sergipe-UFS [email protected] Sônia de Souza Mendonça Menezes GRUPAM Universidade Federal de Sergipe-UFS [email protected] Resumo A mandioca está intrinsecamente ligada à cultura do povo nordestino, seu consumo é comum nas refeições diárias e na elaboração das iguarias derivados desse tubérculo. O objetivo desse trabalho é analisar a produção das referidas iguarias e as articulações dos grupos familiares para a geração de renda essencial a sustentabilidade no meio rural. Iniciamos nossa pesquisa com uma revisão bibliográfica, em seguida realizamos trabalho de campo, por meio de entrevistas e conversas informais com produtores e consumidores do município. O resultado da pesquisa aponta a importância da elaboração dos produtos tradicionais como fonte de renda de grupos familiares rurais alicerçados pela demanda dos consumidores ávidos por esses produtos enraizados na cultura local. Palavras Chave: Itabaiana. Iguarias. Derivados de mandioca. Identidade. Território. Introdução Um dos cultivos agrícolas que está mais arraigado no habitual de vida das populações nordestinas é o plantio da mandioca. Esse tubérculo encontra-se cotidianamente nos pratos de milhares de brasileiros, principalmente, quando beneficiado em algum outro produto, seja a famosa farinha de mandioca, ou na produção de outras iguarias. A produção de tais iguarias que antes tinha como sua única função saciar o desejo alimentar dentro da própria família, hoje é comercializado e serve como fonte de renda que contribui para reprodução de diversos grupos familiares, mantendo traços característico no modo de fazer e de suas receitas, adequando-se apenas no que for necessário para atender a demanda consumidora. “Em meio à “modernização” ou à inserção do uso de técnicas modernas e embaladas por essas mudanças, os agricultores em determinados territórios resgatam atividades enraizadas e (re) inventam produtos.” MENEZES (2009, p 37 – 38), e essa (re)invenção dos produtos, na maioria das vezes,

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A PRODUÇÃO DE DERIVADOS DE MANDIOCA NO MUNICÍPIO DE ITABAIANA/SE COMO ESTRATÉGIA DE REPRODUÇÃO PARA GRUPOS

FAMILIARES RURAISi

José Lima de Rezende GRUPAM

Universidade Federal de Sergipe-UFS [email protected]

Sônia de Souza Mendonça Menezes

GRUPAM Universidade Federal de Sergipe-UFS [email protected]

Resumo

A mandioca está intrinsecamente ligada à cultura do povo nordestino, seu consumo é comum nas refeições diárias e na elaboração das iguarias derivados desse tubérculo. O objetivo desse trabalho é analisar a produção das referidas iguarias e as articulações dos grupos familiares para a geração de renda essencial a sustentabilidade no meio rural. Iniciamos nossa pesquisa com uma revisão bibliográfica, em seguida realizamos trabalho de campo, por meio de entrevistas e conversas informais com produtores e consumidores do município. O resultado da pesquisa aponta a importância da elaboração dos produtos tradicionais como fonte de renda de grupos familiares rurais alicerçados pela demanda dos consumidores ávidos por esses produtos enraizados na cultura local.

Palavras Chave: Itabaiana. Iguarias. Derivados de mandioca. Identidade. Território.

Introdução

Um dos cultivos agrícolas que está mais arraigado no habitual de vida das populações

nordestinas é o plantio da mandioca. Esse tubérculo encontra-se cotidianamente nos

pratos de milhares de brasileiros, principalmente, quando beneficiado em algum outro

produto, seja a famosa farinha de mandioca, ou na produção de outras iguarias.

A produção de tais iguarias que antes tinha como sua única função saciar o desejo

alimentar dentro da própria família, hoje é comercializado e serve como fonte de renda

que contribui para reprodução de diversos grupos familiares, mantendo traços

característico no modo de fazer e de suas receitas, adequando-se apenas no que for

necessário para atender a demanda consumidora. “Em meio à “modernização” ou à

inserção do uso de técnicas modernas e embaladas por essas mudanças, os agricultores

em determinados territórios resgatam atividades enraizadas e (re) inventam produtos.”

MENEZES (2009, p 37 – 38), e essa (re)invenção dos produtos, na maioria das vezes,

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prima pela manutenção dos traços característicos tradicionais que qualificam e que

trazem uma carga histórico/cultural muito forte com o território ao qual está interligado.

O objetivo desse trabalho é analisar a produção de derivados da mandioca no município

de Itabaiana – SE, sua importância econômica para os grupos familiares no espaço rural

desse município.

Na realização dessa pesquisa adotamos como metodologia o trabalho de campo, quando

realizamos entrevistas e conversas informais com produtores e consumidores dos

derivados da mandioca no referido município, além de uma revisão bibliográfica

consultando alguns autores, tais como: BRANDÃO (1981), DINIZ (2003),

HAESBAERT (2009), KAUTSKY (1998), MENEZES (2009), SANTOS (2008),

WOORTMANN (1995) e entre outros; além de artigos e dados de alguns órgãos oficiais

como, por exemplo, IBGE e Embrapa.

O trabalho está estruturado em introdução, desenvolvimento onde nós iremos apontar a

importância da produção dos derivados de mandioca para os camponeses de Itabaiana,

como também a cultura existente em torno da produção, comercialização e consumo das

iguarias derivadas da mandioca no município de Itabaiana.

A produção de alimentos tradicionais e a reprodução econômica e social dos agricultores O cenário agrário nacional e, porque não dizer, o panorama agrário internacional vem

passando por intensas mudanças que obrigam seus principais atores a se adequarem a

essas alterações, fazendo com que a parte mais fragilizada, os camponeses, busquem

estratégias para conseguir se mantiver competitivo dentro desse sistema.

Essas alterações na configuração do mundo rural tiveram seu inicio em meados do

século XX (MENEZES, 2009), mais precisamente no pós - segunda Guerra Mundial

onde a busca, quase que incessante, dos países por desenvolvimento (principalmente os

chamados países de “terceiro mundo”) fez com que várias nações buscassem

industrializar e modernizar suas economias, inserido nesse processo o espaço agrário,

onde em especifico no Brasil foi desenvolvida a chamada Revolução Verde (PÊSSOA,

2003).

A Revolução Verde consistia na inserção de maquinário e novas tecnologias (insumos,

sementes e etc.) no campo. O propósito desse programa era o de promover uma

produção em larga escala para atender principalmente o mercado externo (PÊSSOA,

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2003). Entretanto, foram raros os agricultores que conseguiram se adequar a essas

transformações.

Essa dificuldade em acompanhar o avanço tecnológico imposto pelo sistema capitalista

já era apontado por Kautsky (1998, p. 20):

[...] o desenvolvimento da indústria e do comercio produziu também no meio urbano novas necessidades, as quais, da mesma maneira que os instrumentos novos, aperfeiçoados, penetravam no meio agrícola de maneira tanto mais rápida e tanto mais irresistível quanto mais ativas se tornavam as relações entre a cidade e o campo – necessidades a que a indústria rural não podia satisfazer.

E essa invasão tecnológica já assinalada por Kautsky (1998), foi se tornado cada vez

mais intensa e contornando-se, como afirma Diniz (2003), um problema da agricultura

moderna que sobrevém desde o camponês até o agricultor empresarial.

Todavia, os camponesas buscam novos meios de se manterem e se (re)produzirem

econômico e socialmente. “A demanda por produtos com identidade é uma tendência

mundial. Os consumidores estão deixando de consumir commodities para consumir

produtos com identidade.” (DENARDIN 2010, p. 219). Dessa forma, as características

identitárias e histórico/culturais que determinados alimentos trazem serve como tática

para que os camponeses façam frente à comida industrializados que se disseminam no

mercado consumidor.

Percebemos, nos produtores de derivados de mandioca essa busca em se (re)estruturar e

se tornar competitivo no mercado consumidor fazendo uso de um produto típico de sua

região e que tem o seu cultivo radicado na historia do município, a mandioca.

A mandioca Manihot esculenta Crantz, é uma planta perene, arbustiva muito cultiva na

região Nordeste no sistema de policultivo, ou seja, a mandioca, na maioria das vezes, é

plantada em consorcio com outras plantas de ciclo curto como, por exemplo, feijão e

amendoim.

Provavelmente, originária do Continente Americano, a mandioca já era cultivada pelos

índios quando no momento da chegada dos portugueses ao Brasil.

No decorrer da construção, afirmação e, até mesmo, na reconstrução das identidades

sociais de um acurado grupo, determinados elementos culturais se transformam em

marcas para definir alguns símbolos dessa identidade (MACIEL, 2005), e consideramos

o alimento, em especifico, os derivados de mandioca, como elemento classificatório da

identidade dos produtores das iguarias derivadas de mandioca do município de

Itabaiana. Em pesquisas realizadas por Rezende e Menezes (2012), os autores

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ressaltaram que a produção desses derivados não é apenas para suprir as necessidades

naturais do homem que serve a comida, ela carrega consigo, em muitos casos, uma

carga cultural/identitária muito forte que diz respeito ao saber fazer e também as

recordações que elas podem trazer a quem as consome.

Notamos essa carga cultural/identitária nos elaboradores e também nos consumidores

das iguarias derivadas da mandioca no citado município, existe um espírito saudosista,

que trás lembranças do passado, da infância, pois como afirma Ramos (2007, p.15): “As

práticas alimentares falam do percurso de indivíduos, famílias e comunidades [...]”;

logo o consumo desses alimentos permeia a identidade dos moradores de Itabaiana, a

sua produção, comercialização e, até mesmo, seu consumo é considerado como traço

cultural muito forte. Apoiamo-nos no conceito de cultural estabelecido por Paul Claval

(2001, p. 63):

A cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos durante suas vidas e, em uma outra escala, pelo conjunto dos grupos de que fazem parte. A cultura é herança transmitida de uma geração a outra.

E utilizamos esse conceito por termos encontrado nos produtores das iguarias de

Itabaiana traços culturais característicos já apontados por Claval (2001) como, por

exemplo, comportamento, saberes e técnicas, todos esses elementos são repassados de

pais para filhos no processo de produção das iguarias, as receitas não estão anotadas em

lugar algum, elas são aprendidas no olhar, ou como afirma Mendes (2008, p. 150) “[...]

a transmissão do saber para o trabalho faz-se no próprio trabalho, desde a infância. O

conhecimento técnico, apreendido no decorrer da formação cultural dos descendentes, é

visto como essencial para assegurar a sua própria reprodução.”, ou seja, o aprendizado

se dá durante o cotidiano do trabalho camponês em sua propriedade rural com a sua

família.

As referidas características culturais existentes no processo de elaboração das iguarias

dão a elas um sabor característico, cria uma identidade que serve para distingui – lá das

demais iguarias derivadas da mandioca feitas em outros municípios, ou até mesmo, em

outros Estados.

Dessa forma, por meio da elaboração dos derivados o camponês itabaianense cria

estratégias para se reproduzir e garantir, não só o sustento, mas a permanência sua e de

sua família no meio rural, pois alguns dos problemas já apontados por Brandão (1981)

como, por exemplo, o aumento das dificuldades de trabalho e de aquisição de alimentos,

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ou como aponta Menezes (2009, p. 37) “Com a escassez de terra para praticar o seu

cultivo e de postos de trabalho no campo, emergem as dificuldades financeiras que logo

impulsionam a mobilidade populacional”. Esses fenômenos contribuem para provocar a

saída do homem do campo para as cidades e vão sendo superados aos poucos a partir da

elaboração das iguarias derivadas da mandioca.

Itabaiana - SE como território produtor de mandioca e iguarias derivadas

O município de Itabaiana – SE fica localizado no território do agreste central sergipano,

está situado à aproximadamente 76 km da capital do Estado, Aracaju, e é um pólo

comercial local.

Entretanto, segundo dados da EMDAGRO (2008), o município se destaca de maneira

mais efetiva na agricultura, com a produção de amendoim, batata-doce, feijão e

mandioca, uma tradição histórica na agricultura que já foi exaltada por Woortmann

(1995, p. 220) “em principio do século XIX define-se a organização do espaço

econômico: [...] a região de Itabaiana produz cereais e algodão [...]”. A cultura do

algodão com o passar dos anos foi esquecida, enquanto isso, a produção dos cereais se

mantém firme até os dias atuais.

O município é conhecido dentro do Estado como uma grande produtora de farinha de

mandioca, não só pela quantidade, mas também pela qualidade, pois a farinha deste

município é conhecida popularmente como sendo “a melhor do estado”. No entanto,

segundo dados do IBGE, o cultivo dessa raiz vem reduzindo nos últimos anos, sendo

superado pelos produtores vzinhos. (Gráfico 1).

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Fonte: IBGE. Pesquisas Agrícolas Municipais 1991, 1995, 2000, 2005 e 2008.

Um dos motivos pela diminuição da produção da mandioca no município de Itabaiana

pode está ligado à inserção de novas culturais na zona rural do município como, por

exemplo, o plantio de verduras que vem se alastrando. Muitos camponeses se queixam

dos baixos preços de mercado da farinha de mandioca (principal produto elaborado a

partir da raiz), fazendo assim com que os produtores venham a procurar outros cultivos

para complementar sua renda.

Outro problema enfrentado pelos produtores de mandioca de Itabaiana diz respeito à

falta de acompanhamento profissional no processo de cultivo das raízes. A espécie de

mandioca mais utilizada entre os camponeses é a “caravela” que é muito suscetível a

ação de pragas e também muito sensível as condições climáticas, o que acaba por

provocar o apodrecimento das raízes muito antes do período da colheita. E o não

conhecimento de técnicas de manejo que possam solucionar esse problema faz com que

muitos agricultores acabem por desistir da cultura da mandioca e se dedique a outros

cultivos.

Além disso, as propriedades rurais são de pequeno porte, em média de 01 a 06 hectares

de terra, aliando isso ao multiculturalismo tradicional nesse território, percebemos que o

plantio de mandioca teve que dividir espaço com diversas outras culturas.

Todavia os produtores das iguarias derivadas da mandioca, quando a sua produção é

insuficiente, adquirem a matéria-prima utilizada na elaboração dos derivados com

camponeses de municípios vizinhos, entre eles Lagarto (maior produtor de mandioca do

estado) e Ribeiropólis (ver Gráfico 2).

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Fonte: Fonte: Pesquisa de campo, Fevereiro, Maio e junho de 2012, Itabaiana/SE.

Do Total de entrevistados 24,3 % afirmaram que produzem toda a mandioca necessária

para a elaboração dos derivados; 55,5% afirmaram que plantam e compram a matéria-

prima utilizada e 20,2% adquirem a mandioca de propriedades rural de Itabaiana e

cidades vizinhas. Todavia, os fatores citados não impedem a continuidade da produção e

comercialização das iguarias, eles citam esses empecilhos, contudo, enfatizam ou

demonstram que o empenho e a importância de continuar com a atividade os

impulsionam a buscar soluções. Enaltecem o prazer de permanecer a elaborar e

comercializar essas comidas típicas como assim o faziam os seus antepassados. Além da

relação com os consumidores que alicerçam a demanda dos referidos produtos, fatos

esses que superam as problemáticas vivenciadas.

Diante do exposto trataremos o município de Itabaiana como sendo um território

cultural produtor de comidas típicas derivadas da mandioca fundamentado no conceito

de território ressaltado por Haesbaert (2009) como território simbólico, fortalecido pela

identidade.

Os grupos sociais podem muito bem forjar territórios em que a dimensão simbólica (como aquela promovida pelas identidades) se sobrepõe a dimensão concreta (como a do domínio político que faz uso de fronteiras territoriais para se favorecer) (HAESBAERT, 1999, p. 171).

As identidades não são construídas a partir do acaso, elas são fruto das relações sociais

entre indivíduos e dos processos históricos pelos quais um determinado grupo social

passa, ou seja, a identidade é construída coletivamente e sempre está ligada a algo (um

símbolo) ou a algum território construído. Segundo Azevedo (2011) a identidade pode

ser construída a partir de relações culturais ou características biológicas, entretanto,

Rogério Haesbaert (1999) vai além e aponta identidade como sendo a busca pelo

reconhecimento diante da alteridade, segundo o autor as identidades se concretizam no

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embate com o “Outro”, pois só a partir desse choque é que nós buscamos nos distinguir

dos demais.

Na maioria das vezes essa “distinção” não é algo buscado pelos grupos sociais ou

indivíduos, muito pelo contrario, ela ocorre de maneira natural e gradativa no decorrer

da história dos atores sociais. As iguarias derivadas da mandioca estão interligadas ao

território de Itabaiana e se constitui como referência para produtores e consumidores, e

essa ligação contribui para levar a designação de “identidade socioterritorial”

(HAESBAERT, 1999, p. 178) que os referidos alimentos portam.

Nesse contexto, a identidade socioterritorial dos grupos familiares envolvidos nesse

processo de elaboração das iguarias, é comprovada como um símbolo fortíssimo que os

caracteriza como sendo um típico produtor rural itabaianense que mantém os costumes e

hábitos de seus antepassados.

Iguarias derivadas da mandioca: sua produção e fluxos de comercialização

As iguarias derivadas de mandioca ao qual nos referimos são o beiju de tapioca, o beiju

macasado, o pé-de-moleque, as bolachas de gomaii e os manauêsiii (Figuras 1, 2, 3, 4 e

5). Alimentos típicos muito consumidos entre a população brasileira, principalmente no

período dos festejos juninos; entretanto, esses alimentos são consumidos quase que

diariamente entre os moradores do município de Itabaiana.

Todos os alimentos citados anteriormente levam como seu ingrediente principal a

mandioca; no caso dos beijus de tapioca e do beiju macasado é utilizada a “tapioca”,

que nada mais é do que uma pasta que se forma a partir da extração de um liquido

removido da mandioca depois de triturada. Esse fluido é retirado de forma manual e fica

depositado por algumas horas, depois desse período verifica-se que no fundo do

recipiente onde o liquido estava depositado apresenta-se uma pasta branca.

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Figuras 1, 2, 3, 4, 5 - beiju de tapioca, o beiju macasado, o pé-de-moleque, as bolachas de goma e os manauês, respectivamente

Fonte: Pesquisa de campo, Maio de 2012, Itabaiana/SE.

No caso dos pés-de-moleque, das bolachas de goma e dos manuês, é utilizado à “massa

puba da mandioca”, que é retirada depois de um longo processo; em primeiro lugar a

mandioca é colocada para “pubar”, ou seja, ela fica imersa dentro de um recipiente com

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água por oito dias (Figura 6) para que ela abrande e fique mais fácil para beneficiar, em

seguida ela é raspada e triturada (Figura 7), depois ela é passada em uma prensa (Figura

8) para retirar o que os camponeses chamam de “manipueira”, que é um caldo venenoso

que deve ser retirado para que a iguaria não fique com o gosto amargo, depois de

prensada a massa é novamente moída, para só assim está pronta massa puba.

Figuras 6, 7 e 8 – Mandioca no processo de pubar, a raiz da mandioca sendo ralada e a raiz da mandioca sendo prensada, respectivamente.

Fonte: Pesquisa de campo, junho de 2012, Itabaiana/SE. Vale à pena ressaltar que o pé-de-moleque produzido pelos camponeses de Itabaiana é

diferente do pé-de-moleque consumido na maioria dos estados brasileiros, pois em

algumas regiões do Brasil essa iguaria é feita com amendoim e alguns outros

ingredientes, já o doce elaborado pelos produtores sergipanos é produzido com o coco,

cravo da índia, mandioca e alguns outros ingredientes.

A rotina de produção dos derivados é exaustiva, o trabalho inicia nas primeiras horas da

madrugada, entre 3 e 4 horas, e se encerra às 17 horas da tarde, a partir daí o produtor

descansa um pouco e se prepara para o próximo dia que será quando ele irá vender os

derivados.

Em muitos casos as propriedades rurais são ocupadas por membros familiares, sem que

haja nenhum tipo de divisão formal para o uso da terra, como já apontava Woortmann

(1995), ao analisar essa mesma região do estado de Sergipe.

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Dessa forma, constatamos que a produção de derivados de mandioca é restritamente

família, onde existe uma divisão etária e sexual das funções, muito parecida com os

compromissos já descritos por Carlos Brandão (1981) ao analisar a sociedade rural de

Mossâmedes, onde segundo o autor:

Na fazenda os filhos eram auxiliares dos pais: as meninas nos cuidados da casa e do quintal; os meninos em pequenos serviços ligados à lavoura, quando menores (como a tarefa de levar a comida “pros homens”, nas roças) e como lavradores efetivos, quando maiores em idade. (BRANDÃO, 1981, p. 29)

No caso dos produtores das iguarias derivadas da mandioca os homens mais experientes

ficam encarregados dos trabalhos mais pesados e perigosos, tais como, moer a mandioca

e demais ingredientes, assar os produtos e entre outros; os filhos homens mais velhos

ficam encarregados de raspar as raízes de mandioca e auxiliar seus pais no transporte

dos produtos, os filhos mais novos ficam encarregado de armazenar as matérias-primas

e os derivados já produzidos, já as mulheres da família ficam encarregadas das receitas,

quantidade de ingredientes e ponto de preparo dos derivados.

Dessa forma, “[...] é possível perceber que a família estabelece estratégias que visam,

além da sobrevivência imediata do grupo familiar, a garantia de reprodução das

próximas gerações.” (MOURA, 2011, p. 258), pois as gerações mais novas da família

participam do processo de produção desde o inicio até a sua comercialização. E a ajuda

dos membros da família se faz necessário principalmente no processo de produção, pois

apesar de Moura (2011), apontar que:

Os elementos típicos da agricultura familiar, como as ferramentas manuais, a adubação orgânica, a tração animal, entre outros, foram sendo substituídos por novas técnicas e práticas de produção, principalmente tratores, adubos químicos e agrotóxicos. Nesse período, por causa das transformações técnicas e produtivas que ocorreram, muitos agricultores familiares inseriram-se na dinâmica do mercado, pois essa era uma forma de garantir a venda de sua produção. (MOURA, 2011, p. 247)

Nós percebemos no processo de elaboração das iguarias a utilização de equipamentos

bastante rústicos, que vem sendo usado a várias gerações pelas famílias produtoras

mantendo, de igual modo, o saber/fazer de seus antepassados, dentre esses

equipamentos merecem destaque o forno a lenha, a prensa e o Dino, que é um motor

utilizado para triturar a mandioca. Esses utensílios eram empregados pelos seus

descendentes e permanecem até hoje, conservando assim a tradição no processo de

elaboração das iguarias.

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Apesar da manutenção da utilização de alguns equipamentos tradicionais em alguns

estabelecimentos rurais, observamos a “(re)invenção” dos produtos. Atualmente, de

acordo com a demanda do consumidor, além de conservar os tipos e formas inserem-se

novas formatos com tamanho reduzido, direcionada a novos grupos. Tal fato foi

observado na produção de manauês para atender atualmente a demanda de famílias

pequenas diferentes das famílias nas décadas passadas, logo comprovamos que “que a

agricultura se redesenha e se reorganiza à medida que novos atores sociais, múltiplos

fatores econômicos e políticos se manifestam e transforma a organização socioprodutiva

no espaço rural.” (MOURA, 2011, p.249).

Pelo caráter de atividade de elaboração artesanal, classificaremos a comercialização dos

derivados de mandioca como fazendo parte do circuito inferior da economia (SANTOS

2008) por apresentar características já apontadas por Milton Santos, tais como, uma

interação de comercio local, trabalhar apenas com dinheiro vivo, usar pequenas

quantidades de mercadorias, não possui linhas de crédito especiais para seu

desenvolvimento e entre outras; diferente de outros setores do circuito superior da

economia itabaianense como, por exemplo, os supermercados e as grandes lojas, que

contam com linhas de crédito liberadas pelo poder público e pelos bancos, para manter

o seu capital de giro, têm ao dispor de seus clientes o uso de algumas ferramentas de

pagamento, tais como o cartão de credito e o cheque. Dessa forma, vimos que demanda

local de consumidores é de fundamental importância para a sobrevivência dos grupos

familiares que comercializam os derivados de mandioca, visto que eles não têm nenhum

apoio do poder público nem tão pouco incentivo, problema que constatamos nas

entrevistas realizadas, onde todos os produtores afirmaram que nunca foram procurados

por nenhuma entidade para auxiliá-los ou incentivá-los de alguma forma.

Os derivados são produzidos nos dias que antecedem as feiras realizadas no município

de Itabaiana, as terças e sextas-feiras, onde os produtores passam todo o dia trabalhando

na elaboração.

Há uma predominância de produtores que comercializam os derivados na própria feira

do município, onde: 62,5% dos produtores entrevistados afirmaram que vendem seus

produtos no próprio município, 25% apontaram outros municípios do próprio estado

como seu mercado consumidor e 12,5% disseram que comercializam seus produtos fora

do estado.

Existem outros produtores que não comercializam seus produtos na feira deste

município, mas, mesmo assim, os dias de elaboração dos derivados de mandioca são os

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mesmos, isso se deve por uma tradição existente no município, pois os seus

antepassados comercializavam na feira de Itabaiana, o que acabou criando uma rotina

quase que sagrada onde se estabelece que os dias de produção das iguarias são terça e

sexta-feira invariavelmente.

Identificamos produtores que comercializam suas iguarias em outras feiras como na

capital sergipana – Aracaju, e em feiras no interior do estado da Bahia. “Nas condições

da economia atual, é praticamente inexistente um lugar em que toda a produção local

seja localmente consumida ou, vice-versa, em que todo o consumo local é provido por

uma produção local” (SANTOS, 2008, p. 61). Dessa forma, a produção das iguarias se

expande por boa parte do Estado de Sergipe.

E é devido a esse forte fluxo de demanda que a comercialização dos derivados de

mandioca tem que caracteriza essa atividade geradora de renda e contribui no processo

de recriação e reprodução camponesa no território de Itabaiana, pois os derivados da

mandioca aliada ao plantio de outras culturas formam a renda familiar mensal.

Entre os entrevistados, 62,5% asseguraram que a elaboração e comercialização das

iguarias derivadas da mandioca compõem a maior parcela de sua renda mensal, ou seja,

hoje os derivados de mandioca correspondem como fonte de renda para maior parte dos

produtores entrevistados, superando até mesmo, nesse caso, a produção da farinha de

mandioca, que segundo os próprios produtores, tem baixos preços no mercado e não

compensa a mão-de-obra e todo o tempo gasto para a sua produção; entretanto, a

produção dos beijus de tapioca, beijus macasados, saroios, pés-de-moleque, bolachas de

goma e manauês, têm o sucesso de sua comercialização garantida pela grande procura

tanto do mercado consumidor local (no caso o próprio município de Itabaiana) como

por outros mercados consumidores, municípios e Estados vizinhos.

Verificamos assim, a importância, não só cultural, mas também econômica que a

produção desses alimentos tem para o sustento de algumas famílias camponesas de

Itabaiana.

Reflexões finais

Geralmente, cultivada por pequenos produtores rurais, a mandioca serve não só de

alimento, mas também como fonte de renda para boa parte da comunidade camponesa

do Estado de Sergipe; comumente transformada em farinha, a mandioca tem uma gama

de receitas e iguarias que podem ser elaborados a partir de sua fécula, produtos esses,

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que tem suas receitas repassadas dentro dos seios das famílias por diversas gerações,

assim como o seu modo de fazer, criando uma identidade entre os produtores e produto.

Vale ressaltar que a elaboração antes restrita ao ambiente familiar com o objetivo de

saciar os desejos dos membros familiares, nos últimos anos garante o sustento da

família a partir da geração de renda muitas vezes até superior a produção agrícola e

contribui para a continuidade do agricultor familiar no meio rural.

Sendo assim, é de vital importância o resgate dessas iguarias tradicionais,

principalmente como fonte de renda para grupos familiares camponeses, a exemplo dos

produtores itabaianenses. “Pode-se dizer, então, que a agricultura se redesenha e se

reorganiza à medida que novos atores sociais, múltiplos fatores econômicos e políticos

se manifestam e transforma a organização socioprodutiva no espaço rural” (MOURA,

2011, p. 249), a adaptação as mudanças na sociedade é acompanhada de perto pelos

camponeses para que assim eles não fiquem para trás na comercialização de seus

produtos, sempre buscando se reciclar para se manter vivo como camponês.

Percebemos o resgate histórico/cultural de algumas comidas típicas do povo nordestino,

tais como, os beijus, os saroios, os pés-de-moleque e entre outros, sendo utilizados

como fonte de renda para grupos familiares, que até bem pouco tempo atrás utilizavam-

se dessas receitas apenas para o consumo próprios e hoje tiram o sustento de sua família

da elaboração e comercialização dessas iguarias, ou seja, algo que tinha apenas seu

valor de uso para as famílias itabaianenses hoje passou a ter valor de troca (MARX,

2010) e ganhou importância significativa para a reprodução de grupos familiares

camponeses.

Dessa forma, concluímos que por meio da produção e venda dos derivados de mandioca

a população de Itabaiana consegue não só manter a estabilidade econômica de sua

família, mas mantém viva uma tradição que esta intrinsecamente ligada a historia e a

cultura daquele município.

Notas

iEsse trabalho faz parte de um projeto de pesquisa do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Ciência), que visa analisar o alcance espacial da produção, como também a importância econômica, social e cultural da produção de iguarias derivadas de mandioca em alguns territórios do estado de Sergipe, no nosso caso o território do município de Itabaiana.

ii Biscoito feito a partir da tapioca da mandioca.

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iii Bolo típico do município de Itabaiana produzido com arroz, milho, fécula de mandioca ou tapioca e leite de coco.

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