itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

22
Relatório de Mapeamento Geológico Local na escala 1:25.000, ocorrido entre 16 e 23 de fevereiro de 2008, Arraias – TO.

Transcript of itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

Page 1: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

Relatório de Mapeamento Geológico Local

na escala 1:25.000, ocorrido entre 16 e 23 de

fevereiro de 2008, Arraias – TO.

Page 2: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

1

Sumário

Introdução................................................................................................1

Materiais e Métodos...............................................................................1

Geologia Regional...................................................................................3

Geologia da área Mapeada........................................................10

Geologia Estrutural....................................................................15

Discussões e Conclusão..............................................................17

Referências Bibliográficas.........................................................18

Page 3: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

2

1. Introdução

1.1 Apresentação

No presente trabalho constam os resultados das atividades de campo realizadas

na região de Arraias (TO) entre os dias 16 a 23 de Fevereiro de 2008, referentes ao

estágio realizado à empresa Itafós Mineração LTDA.

A área mapeada possui cerca de 20Km2 e esta compreendida entre as

coordenadas UTM 304088m E e 309115m E, 8577211m N e 8573246m N.

1.2 Localização

A Itafós Mineração LTDA, localiza-

se na rodovia GO-110, Km 5,5, Zona Rural

no município de Campos Belos, estado de

Goiás, a 400 Km de Brasília.

A área mapeada encontra-se no

município de Arraias, divisa sul do estado

de Tocantins.

O acesso a área se dá através da

GO-110, a aproximadamente 15 Km da

sede da Itafós Mineração, rumo ao norte da cidade de Campos Belos.

2. Materiais e Métodos

A realização do mapeamento geológico constitui em um trabalho contínuo que

se desenvolveu em três etapas: pré-campo, campo e pós-campo.

Page 4: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

3

2.1 Etapa Pré-campo

A etapa pré-campo consiste em (1) revisão bibliográfica, (2) análise e

interpretação de fotografias aéreas e imagens de satélite.

A revisão bibliográfica possibilitou o reconhecimento da geologia local em seu

sentido mais amplo, como o conhecimento das unidades estratigráficas, suas

características e distribuição espacial.

A análise de fotografias aéreas e imagens de satélite consistem na extração da

rede de drenagem, quebras de relevo, análise de elementos texturais indicadores de

estruturas geológicas e posterior interpretação destes dados com a individualização de

zonas homólogas.

O material utilizado na etapa pré-campo foi: fotos aéreas, imagens de satélite e

material bibliográfico relacionado ao trabalho a ser realizado em campo.

2.2 Etapa de campo

A etapa de campo realizou-se entre os dias 16 a 23 de Fevereiro de 2008 e

envolveram o reconhecimento da geologia da área e coleta de informações acerca da

litologia, estruturas ígneas e sedimentares, assim como feições estruturais para a

confecção do mapa.

Os pontos descritos são de dois tipos: Afloramentos e pontos de controle. Na

ausência de afloramentos, blocos rolados, vegetação e aspectos fisiográficos foram

utilizados para determinação da litologia.

Os materiais utilizados na etapa de campo foram: (1) GPS, (2) bússola, (3)

martelo e (4) imagem de satélite georreferenciada.

2.3 Etapa Pós-campo

A etapa pós-campo consiste na confecção de mapa de pontos, sua integração e

posterior confecção de mapa geológico e coluna estratigráfica. Por fim é feita a

compilação dos dados e elaboração do relatório final.

Page 5: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

4

3. Geologia Regional

3.1 A Província Estrutural do Tocantins

Localizada na região central do Brasil, compreende todos os terrenos situados

entre os Crátons Amazônico e do São Francisco (Fonseca et al., 1995). Caracterizada

pela convergência dos Crátons supracitados, teve por resultado o fechamento do

paleooceano Brasilides no Neoproterozóico, durante o ciclo orogenético Brasiliano.

Sua compartimentação tectônica é composta por três faixas móveis orogênicas.

Duas margeiam o Cráton Amazônico, Faixa Araguaia e Faixa Paraguai, a leste e a oeste,

respectivamente, e uma margeia o Cráton do São Francisco a oeste. Esta é conhecida

como Faixa de Dobramentos Brasília (Pimentel et al., 2004).

3.2 A Faixa de Dobramentos Brasília

Edificada na borda oeste do Cráton do São Francisco, estende-se por mais de

1000 Km na direção norte-sul, através dos estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito

Federal e Tocantins (Fonseca et al, 1995). Com vergência para o Cráton, a faixa exibe

diversos compartimentos tectônicos, caracterizados pela diferença do material

envolvido, grau metamórfico e estilo estrutural.

A Megaflexura dos Pirineus é uma sintaxe na altura do paralelo 16° que secciona

a faixa em dois segmentos distintos, com cinemática e geometria própria. Desta

maneira, trabalhos de Pimentel et al. (2000) e Valeriano et al. (2004), separam as

unidades desta faixa de dobramentos em Faixa Brasília Setentrional (FBS), com

orientação NE, e Faixa Brasília Meridional (FBM), com orientação NW.

Fuck (1994) distinguiu na Faixa Brasília os seguintes compartimentos:

o Zona Cratônica: representada por algumas exposições do embasamento,

coberturas pré-cambrianas e fanerozóicas, cuja deformação é epidérmica.

Page 6: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

5

o Zona Externa: Compreende as unidades metassedimentares dos grupos Paranoá,

Bambuí, Canastra, Ibiá e Formação Vazante, com estruturação em um cinturão

de dobras de antepaís.

o Zona Interna: Representada por rochas dos grupos Araí, Serra da Mesa e Araxá,

além de porções do embasamento situadas entre as faixas de rochas

metavulcânicas e metassedimentares.

3.2.1 O Complexo Granito-Gnáissico

Representa o embasamento siálico, sobre o qual estão depositados as seqüências

vulcano-sedimentares paleoproterozóicas dos grupos Araí e Natividade, além das rochas

sedimentares dos grupos paranoá e Bambuí, de idades meso/neoproterozóica e

neoproterozóica, respectivamente.

Caracterizado por ortognaisses de coloração cinza que ocorrem em contato

brusco com as demais unidades litoestratigráficas. Contém foliação milonítica, com

espaçamento milimétrico entre domínios filossilicaticos, constituídos por cloritas,

biotitas e fengitas e domínios granuloblásticos constituídos por quartzos e feldspatos

estirados. Quando alterados, estes ortognaisses geram solos arenosos esbranquiçados,

que contribuem com a geração de aluviões (Campos & Dardenne, 1999).

3.2.2 A Formação Ticunzal

Caracterizada por rochas metassedimentares neo-arqueanas/Paleopreterozóicas

(pimentel et al, 2004), com exposições de xistos e paragnaisses próximos a Monte

alegre de Goiás, Cavalcante, Colinas, Campos Belos e Teresina de Goiás. Encontra-se

sobreposta ao complexo granito-gnáissico e sotoposta ao Grupo Araí, por meio de

discordância erosiva (Marini et al, in RADAMBRASIL).

As rochas predominantes nesta unidade são xistos grafitosos, biotita-fengita-

quartzo xisto, granada-mica-xisto e biotita gnaisse. Esteve submetida a eventos

magmáticos, que alojaram intrusões de corpos graníticos peraluminosos pertencentes à

Page 7: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

6

Suíte Aurumina e corpos graníticos estaníferos anorogênicos, com idade próxima a 1,77

Ga (Pimentel el al., 1991). Próximo às intrusões cristalizou-se andaluzita, como auréola

de alteração, gerada pelo metamorfismo de contato com estes corpos intrusivos.

Devido à presença de grafita de alta cristalinidade, o ambiente de sedimentação

proposto é de marinho restrito euxinico com alta atividade biológica (Pimentel et al.,

2000). A paragênese mineral das rochas da Formação Ticunzal, indica que estas,

estiveram submetidas às condições de pressão e temperatura de fácies anfibolito devido

a presença da grafita, mas que sofreu posteriormente retrometamorfismo para a fácies

xisto verde (Fuck et al., 1988).

3.2.3 A Suíte Aurumina

Caracterizada por granitos e tonalitos peraluminosos de idade paleoproterozóica

(Botelho et al., 1999).

A mineralogia das rochas que compõe esta suíte possui predominantemente

quartzo, microclínio, plagioclásio, biotita e muscovita, tendo como minerais acessórios

turmalina, zircão, apatita, monazita, torita, ilmenita e fluorita. As características

texturais predominantes são as de granitos grossos, com grandes cristais de feldspato,

até ultramilonitos com foliação métrica (Campos e Dardenne, 1999). Sua natureza

peraluminosa é confirmada pelo índice de saturação em alumínio maior que um.

Cunha e Botelho (2002) subdividiram a Suíte Aurumina em cinco litofácies de

acordo com a composição mineralógica: muscovita-biotita granito (MBG), Biotita-

muscovita granito (BMG), muscovita-turmalina granito (MTG), biotita tonalito (BT) e

muscovita-biotita tonalito (MBT).

A sua paragênese metamórfica indica que as rochas desta unidade foram

submetidas a condições de temperatura e pressão, menores que a as de cristalização

magmática. Com posterior hidratação, a assembléia metamórfica foi retrometamorfisada

para fácies xisto-verde, zona da clorita (Campos e Dardenne, 1999).

A associação da composição química, da idade de cristalização e a relação de

orientação dos corpos graníticos intrusivos segundo a direção da foliação na Formação

Ticunzal, sugere que a Suíte Aurumina pode ter sido formada em função da atividade

Page 8: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

7

magmática sin-colisional durante o Ciclo orogênico Transamazônico ou apenas

constituí uma suíte sin-tectônica de fusão crustal (Botelho et al., 1999).

3.2.4 O Grupo Araí

Caracterizado pela ocorrência de rochas supracrustais de idade Paleo-

Mesoproterozóica (Marini et al., 1984).

A partir da definição litoestratigrafica preliminar de Barbosa et al. (1969) para o

Grupo Araí, trabalhos de Dyer (1970 e 1980), Marini et al. (1976 e 1979), Baeta Jr et al.

(1978) e Fuck & Marini (1979), foram propostas modificações, resultando em uma

subdivisão em três grandes grupos: Araí, Paranoá e Bambuí.

O Grupo Araí, encontra-se em contato discordante erosivo e angular sobre o

embasamento Granito-Gnáissico, Formação Ticunzal e Suíte Granito Intraplaca,

relacionados ao Paleoproterozóico (Dardenne, 2000). Por discordância erosiva, sobre o

Grupo Araí, encontra-se o Grupo Paranoá (Martins, 1999).

As rochas supracrustais do Grupo Araí constituem um espesso pacote

sedimentar, com intercalações de rochas ígneas, e estão divididas em duas formações

crono-estratigráficas: Formação Arraias e Formação Traíras (Dardenne 2000).

A Formação Arraias, com deposição associada à fase sin-rift, sob influência de

sistemas deposicionais continentais de leque-aluvial, flúvio-eólico e flúvio deltáico

(Martins, 1999) é formada predominantemente por sedimentos psefíticos e psamíticos,

que geram quartzitos, metaconglomerados, metarcóseos, quartzitos feldspáticos,

metassiltitos e filitos. E ocorrem intercalações de vulcânicas, tais como, basaltos

alcalinos, andesitos, dacitos, riodacitos, riolitos e ingnibritos, datados pelo método U-Pb

em zircão, com idades obtidas em torno de 1771±2 Ma (Pimentel et al., 1991).

A Formação Traíras, caracterizada por seqüência pelito-carbonatada, com

deposição atribuída à fase pós-rift, dominada por ambientes deltáicos estuarinos,

marinho rasos a pouco profundos com posterior transgressão marinha (Maritins, 1999).

Esta unidade é caracterizada pela ocorrência de metapelitos carbonáticos, calcixistos,

clorita xistos, metacalcários, metadolomitos e lentes de mármore (Dardenne, 2000).

Page 9: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

8

O início da formação do Rift do Araí deu-se por volta de 1770 Ma e estabilizou-se

próximo a 1574 Ma, em resposta a uma tectônica extensional de direção NNE-SSW. E

neste processo de Rifteamento a deposição dos sedimentos ocorre em três estágios:

o Estágio Pré-Rift: dominado pela deposição de sedimentos flúvio-eólicos e

fluviais continentais.

o Estágio Sin-Rift: caracterizado pela deposição predominante de sedimentos de

origem fluvial, dominada por conglomerados e arenitos com feições típicas de

depósitos de leque aluviais, correlacionados a uma subsidência mecânica,

geradora de gradiente de relevo. Na fácies arenito encontram-se alojadas rochas

vulcânicas, com disposição bimodal, onde basaltos alcalinos sobrepõem-se a

vulcânicas ácidas, características típicas de ambiente crustal em processo de

semi-riftamento.

o Estágio Pós-Rift: Com a bacia bem formada, a sedimentação é típicamente

marinha rasa, marcada por processos de transgressões marinhas, havendo

deposição de sedimentos arenosos, pelíticos e carbonáticos.

3.2.5 O Grupo Bambuí

Classificado por Fuck (1994) como unidade componente da zona externa da

Faixa Brasília, recobre uma vasta extensão sobre o Cráton do São Francisco e é

caracterizado pela ocorrência de metapelitos e carbonatos de idade neoproterozóica.

Foi subdivido por Dardenne (1978) em cinco diferentes unidades

litoestratigraficas, dispostas da base ao topo da seguinte maneira:

o Formação Sete Lagoas: unidade em contato erosivo com a formação

Jequitaí, relacionada a um hiato deposicional quando há mudança climática,

para clima quente, propiciando a deposição de calcários. Unidade constituída

por seqüência de margas e pelítos contendo lentes carbonáticas de calcários

cinza a arroxeados e dolomitos beges.

Page 10: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

9

o Formação Serra de Santa Helena: unidade estritamente composta por

terrígenos, marca a intercalação de horizontes carbonáticos na estratigrafia

do Bambuí.

o Formação Lagoa do Jacaré: unidade formada por calcários oolíticos e

pisolíticos, escuros e fétidos, com lentes de siltitos e margas.

o Formação Serra da Saudade: unidade terrígena, com passagem gradual de

folhelhos e argilitos para siltitos feldspáticos e arcóseos.

o Formação Três Marias: caracterizada pela ocorrência de siltitos e arcóseos de

cor verde escura e sobrepostos de maneira transicional à unidade

sobrejacente.

Page 11: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

10

Figura 2.1 – Estratigrafia do Grupo Araí e Bambuí na bacia São Franciscana (Braun et al., 1990)

Segundo Chiavegatto & Dardenne (1997) a deposição destes conjuntos

sedimentares relacionam-se a três mega-ciclos regressivos, iniciados cada um com

rápido momento transgressivo.

Page 12: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

11

o 1° Mega-Ciclo: argilo-carbonatado, representado pela variação granocrescente

das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas.

o 2° Mega-Ciclo: argilo-carbonatado representado pelas rochas argilosas da

Formação Serra de Santa Helena, que indicam a subsidência da bacia, além da

sedimentação carbonática plataformal correspondente à Formação Lagoa do

Jacaré.

o 3° Mega-Ciclo: argilo-arenoso, representado pelas rochas argilosas da Formação

Serras da Saudade, que indicam sedimentação em ambiente plataformal

profundo sob regime de tempestades e as rochas arenosas da Formação Três

Marias, que indicam ambiente plataformal raso, com fácies litorânea.

Devido à ausência de vulcanismo contemporâneo à deposição dos sedimentos, a

idade do Grupo Bambuí ainda é aproximada, com datações que variam entre 950 e 600

Ma, que coincidem com o início do rift Macaúbas e o fim do ciclo Brasiliano (Valeriano

et al., 2004). As áreas fontes dos sedimentos são de idade Neoproterozóicas e

Paleoproterozóicas, e relacionam-se à erosão do Arco Magmático de Goiás e da porção

continental a leste do Cráton do São Francisco, respectivamente.

Page 13: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

12

4. Geologia da área mapeada

4.1 Aspectos Fisiográficos e Litoestratigrafia

O mapeamento geológico possibilitou, na área, a discriminação das seguintes

unidades litoestratigráficas: Suíte Aurumina, Grupo Araí e Grupo Bambuí.

A Suite Aurumina compõe a base da sequência estratigráfica, onde os litodemas

muscovita granito, muscovita-biotita granito, biotita-muscovita granito são aflorantes na

região. Sobreposto a Suíte Aurumina encontra-se o Grupo Araí, caracterizado na área

mapeada principalmente por ortoquartzitos, além da restrita ocorrência de metassiltitos,

quartzitos feldspáticos e metaconglomerados. No topo da sequência estratigráfica

encontra-se o Grupo Bambuí, do qual, as unidades aflorantes são: dolomito, calcário,

siltito e argilito.

As litofácies encontram-se diretamente relacionadas com a morfologia do

relevo, vegetações e tipo de solo, portanto, estes recursos, aliados à fotointerpretação,

foram utilizados para determinar os litotipos em porções da área cujo não ocorriam

afloramentos.

A Suíte Aurumina ocorre geralmente em terrenos sem grandes variações

topográficas, com exceção de algumas pequenas elevações no sul e sudoeste da área

mapeada. A sua alteração resulta em solo arenoso de coloração esbranquiçada, que

suporta vegetação constituída por árvores de médio porte, geralmente espaçadas.

O Grupo Araí, que ocupa principalmente a porção central da área mapeada,

relaciona-se muitas vezes a regiões mais elevadas topograficamente. A vegetação

natural que recobre este litotipo é bastante densa, com árvores de médio porte,

conhecida como cerrado rupestre. Porém, devido à ação antrópica, este litotipo, também

se encontra em regiões de relevo arrasado, principalmente no sudeste da área. O solo

gerado a partir das rochas desta unidade é arenoso com coloração variando de amarelo

escuro à ligeiramente avermelhada.

Page 14: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

13

Page 15: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

14

Figura 4.1 – Coluna Litoestratigráfica proposta para a área mapeada.

O Grupo Bambuí, que recobre praticamente toda região norte da área mapeada,

permite a correlação de sua porção pelítica a relevos geralmente planos e com poucas

ondulações, ao passo que a porção com exposições de rochas carbonáticas,

principalmente onde há ocorrência de dolomito, são associadas a altos topográficos. As

Rochas pelíticas estão relacionadas a uma vegetação de pequeno porte, composto

geralmente por gramíneas, arbustos e algumas poucas árvores, enquanto as rochas

carbonáticas possuem uma vegetação densa com árvores de médio a grande porte e

também plantas espinhosas. Associado à porção carbonática ocorre solo profundo e de

coloração arroxeada.

Page 16: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

15

4.2 Suíte Aurumina

Constitui o embasamento da área mapeada, ocupando grande parte da porção sul

e sudoeste da área mapeada. Foram individualizados os litodemas: muscovita granito,

muscovita-biotita granito e biotita-muscovita granito.

Os principais afloramentos ocorrem em drenagens ou em forma de blocos,

alguns muito intemperizados. Estes possuem coloração geralmente

esbranquiçada/amarelada. As rochas da Suíte Aurumina sofreram deformação

heterogênea, que pode ser observada através da variação de litofácies muitas vezes bem

foliadas, apresentando cisalhamentos sub-verticais além de sombra de pressão em

sigmóides ao redor de grãos de quartzo ligeiramente alongados, como indicativo de

cinemática dúctil/rúptil e outras vezes, com textura ígnea primaria ainda bem

preservada.

Esta unidade encontra-se em discordância erosiva com as rochas do Grupo Araí

e Bambuí.

4.3 Grupo Araí

Recobrindo a porção central, noroeste e sudeste da área mapeada, é

caracterizado pela ocorrência predominante de ortoquartzitos e discreta de metassiltitos,

quartzitos feldspáticos e metaconglomerado.

Os ortoquartzitos afloram nas regiões de elevação topográfica na forma de

blocos. Com estruturas sedimentares preservadas, tais como acamamento e laminação

plano-paralela e compostos basicamente por grãos de quartzo sub-arredondados, bem

selecionados e cimentados, com predominância dos grãos na granulação areia média.

Apresentam a ocorrência de pequenas quantidades de mica branca, sem qualquer

organização ou alinhamento preferencial dos grãos.

A unidade supracitada esta subordinada à Formação Arraias, com deposição

relacionada a um estágio sin-rift, onde ocorrem ambientes fluvias e leques aluviais, bem

caracterizados em campo pela textura dos arenitos e conglomerados presentes na área.

Page 17: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

16

O metamorfismo e deformação sofridos pelas rochas desta unidade possuíram

caráter muito heterogêneo, pois, por vezes havia possibilidade de distinção clara de

estruturas sedimentares preservadas, ao passo que em outras oportunidades, estas

estruturas estavam obliteradas.

4.4 Grupo Bambuí

Ocupa boa parte central e toda região nordeste da área mapeada. Representado

predominante por rochas carbonáticas, porém com menor ocorrência de siltito calcífero,

siltito e argilito.

As rochas carbonáticas, que são expostas com muita freqüência em toda região,

ocorrem divididas em dolomitos e calcários. Há na área mapeada predominância na

ocorrência da unidade dolomito em relação ao calcário.

O dolomito ocorre na porção central estendendo-se em direção norte e noroeste

da área. Aflora principalmente em regiões de cristas, a níveis topográficos mais altos do

que o calcário. São geralmente maciços, sem qualquer contribuição terrígena e com

coloração variando de cinza muito claro a cinza escuro. Possui laminação plano-paralela

com espessuras variando de milimétrica a métrica e ocorrem dobras suaves e algumas

fraturas podem ser observadas preenchidas por calcita.

O calcário exposto exclusivamente na borda nordeste da área possui em geral

coloração cinza escuro e apresentam laminação plano-paralela de espessura milimétrica.

São microcristalinos e alguns apresentam uma contribuição terrígena síltico-argilosa,

portanto ocorrendo algumas vezes impuros.

As rochas pelíticas encontradas são argilitos, siltitos e raros siltitos calcíferos.

Expostos de maneira irregular afloram principalmente em cortes de estrada e em

ravinas. Possuem acamamento plano-paralelo bem definido com espessura variando de

milimétrico a centimétrico. Por vezes indicam baixos teores de fosforito em sua

composição, porém, na área mapeada não há viabilidade econômica para sua

exploração.

Page 18: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

17

5. Geologia Estrutural

5.1 Introdução

Foi possível distinguir na área mapeada dois diferentes domínios: Domínio

Embasamento, constituído estritamente pela Suíte Aurumina e Domínio Supracrustal,

composto pelas unidades metassedimentares dos Grupos Araí e Bambuí.

A deformação na região é heterogênea e cada unidade litológica, possui feições

estruturais diferenciadas, intrínsecas à sua reologia.

5.2 Domínio Embasamento

O domínio embasamento, constituído pelos Muscovita Granito e Biotita-

Muscovita Granito da Suíte Aurumina, apresenta penetrante foliação tectônica (Sn) que

possui direção predominante para NNW e por vezes NNE, com altos mergulhos para W

(figura 5.1). Estas rochas apresentam também milonitização, com a ocorrência de

granuloblastos de quartzo (Domínio Q) da foliação milonítica S-C em forma sigmoidal

apresentando elongação mineral.

A estrutura milonitizada sugere um regime deformacional dúctil, porém devido a

falta de um mapeamento estrutural em detalhe, o regime deformacional possivelmente

será dúctil/rúptil.

Figura 5.1- estereogramas de população e de pontos da foliação Sn do domínio embasamento

Page 19: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

18

5.3 Domínio Supracrustal

Composto pelas rochas de natureza sedimentar dos Grupos Araí e Bambuí é

possível identificar nestas unidades o acamamento sedimentar (S0). Por vezes, as rochas

do Grupo Araí, apresentavam se em forma de blocos, assim, foi praticamente

impossível determinar a direção do acamamento nestas rochas.

Observa-se a predominância de suaves dobramentos nas rochas que compõe este

domínio. Os planos de acamamento apresentam-se em geral orientados com direção

NW e baixos mergulhos, ora para NE e ora para NW.

Figura 5.2 - estereogramas de população e de pontos do acamamento S0 das rochas do domínio

supracrustal

Page 20: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

19

6. Discussões e Conclusão

Os litodemas da Suíte Aurumina compõe o embasamento da área mapeada, que

se encontra em discordância erosiva com a seqüência metassedimentar do Grupo Araí,

representada na área por ortoquartzitos, e por pequenas ocorrências de

metaconglomerados e metassiltitos.

O Grupo Bambuí, estratigraficamente posicionado sobre a Suíte Aurumina e o

Grupo Araí, expõe na área fácies da Formação Sete Lagoas, estas com características

pelito-carbonatadas.

A ocorrência de siltito fosforítico é ínfima, estando restrita apenas a pequenas

porções no norte da área havendo possibilidades da ocorrência de tais rochas, de

maneira mais abundante, ao norte e a leste de seus limites. Não foram encontradas na

área mapeada feições de acumulo de fosforito laterítico, como os “chapéus-de-ferro”,

explorados nas regiões ao sul da área.

A deformação sofrida pela Suíte Aurumina e Grupo Araí é heterogênea, desta

maneira, por vezes preservam-se características primárias das rochas que as compõe e

outras vezes, estruturas primárias encontram-se totalmente obliteradas. Esta deformação

relaciona-se ao ciclo Brasiliano, decorrido no Neoproterozóico, argumentos estes

comprovados pelas idades absolutas obtidas para estas rochas.

O Grupo Bambuí, representado na área por fácies da Formação Sete Lagoas, não

apresenta sinais de deformação, pois, possui acamamento sedimentar bem preservado e

predominantemente horizontalizado, por vezes contendo dobramentos muito suaves.

Devido esta ausência de deformação e metamorfismo, relaciona-se a sua deposição a

um período tardio ao Ciclo Brasiliano.

Page 21: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

20

Referências Bibliográficas

Botelho, N.F., Alvarenga, C.J.S., Menezes, P.R., D’el Rey Silva L.J.H., 1999. Suíte

Aurumina: Uma Suíte de Granitos Paleoproterozóicos, Peraluminosos e Sin-

Tectônicos na Faixa Brasília. In: VII Simpósio de Geologia do Centro-Oeste e X

Simpósio de Geologia de Minas Gerais, Brasília. Anais, 17.

Campos, J.G.G., Dardenne, M.A., 1999. Geologia da Região de Cavalcante/Teresina de

Goiás. In: Dardenne, M.A., Geologia do Distrito Federal e Entorno Próximo.

Relatório V, 104-136.

Chiavegatto, J.R.S., Dardenne, M.A., 1997. Contribuição à sedimentologia e

estratigrafia do Grupo Bambuí no Norte de Minas Gerais. In: SBG, Simpósio de

Geologia de Minas Gerais, Ouro Preto. Atas, Ouro Preto,SBG, Bol. 14,81-82.

Cunha, L.M,. Botelho N.F., 2002. Petrografia dos Granitos e Toanlitos da Suíte

Aurumina. Trabalho de Pesquisa IC 2001/2002.

Dardenne, M.A., 1978. Síntese sobre a Estratigrafia do Grupo Bambuí no Brasil

Central. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 30, Recife, 1978. Anais,

Recife 2, 507-610.

Dardenne, M.A., 2000. The Brasília Fold Belt. In: Cordani U.G., Milani E.J, Thomaz

Filho A., Campos D.A., Tectonic Evolution of South América. 31st International

Geology. Congress., Rio de Janeiro, 231-263.

Fonseca, M.A., Dardenne, M.A., Ulhein, A., 1995. Faixa Brasília Setor Setentrional:

Estilos Estruturais e Arcabouço Tectônico. Revista Brasileira de Geociências 25,

267-278.

Page 22: itafós mapeamento bruno e eliezer.pdf

ITAFÓS MINERAÇÃO LTDA

21

Fuck, R.A., Marini, O.J., Dardenne, M.A., Figueiredo, A. N., 1988. Coberturas

Metassedimentares do Proterozóico Médio: Os Grupos Araí e Paranoá na Região de

Níquelândia-Colinas, Goiás. Revista Brasileira de Geociências 18, 54-62.

Fuck, R.A., 1994. A Faixa Brasília e a Compartimentação Tectônica na Província

Tocantins. In: SBG, Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, 4, Brasília. Atas,

Brasília, 184-187.

Martins, F.A.L., 1999. Análise Faciológica e Estratigráfica do Paleo-Mesoproterozóico:

Seqüência Araí no Parque Nacional de Chapada dos Veadeiros, GO. Dissertação

de Mestrado, UnB.

Pimentel, M.M., Hearman, L., Fuck, R.A., Marini, O.J., 1991. U-Pb Zircon

Geochronology of Precambrian Tin-Bearing Continental-Type Acid Magmatism

in Central Brazil. Precambrian Research 52, 321-335.

Pimentel, M.M., Fuck R.A., Jost, H., Ferreira-Filho, C.F., Araújo S.M., 2000. The

Basement of the Brasília Belt and the Goiás Magmatic Arc. In: Cordani U.G.,

Milani E.J., Thomaz Filho A., Campos D.A., Tectonic Evolution of South

América. 31st International Geology Congress., 195-229.

Pimentel M.M., Jost, H., Fuck, R.A., 2004. O Embasamento da Faixa Brasília e o Arco

Magmático de Goiás. In:Mantesso-Neto, V., Bartorelli, A., Carneiro, C.D.E.,

Brito-Neves, B.B., 2004. Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da

Obra de Fernando Marques de Almeida, 355-369.

Projeto RADAMBRASIL – Programa de Integração Nacional, 1982 – Folha SD 23-

Brasília. Ministério de Minas e Energia 29, 61-63.

Valeriano, C.M., Dardenne M.A., Fonseca, M.A., Simões, L.S.A., Seer, H.J., 2004. A

Evolução Tectônica da Faixa Brasília. In: Mantesso-Neto, V., Bartorelli, A.,

Carneiro, C.D.E., Brito-Neves, B.B., 2004. Geologia do Continente Sul-

Americano: Evolução da Obra de Fernando Marques Almeida, 575-592.