jABOOrnAL-L rATóriO dO cursO de jOrnALismO dA FAcinTer ... · dos Pinhais, padroeira de Curitiba,...

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O crescimento do mercado no setor estético tem tornado os implantes de silicone cada vez mais baratos e arriscados.(p. 8 e 9) Uma nova catedral Quando as obras acabam? A reinauguração da catedral na praça Tiradentes já tem data prevista. (p. 7) Um lazer curitibano? Apesar de ser muito procurada por turistas, a Linha Turismo não é opção de lazer frequente para os curitibanos. (p. 13) O bobo shakesperiano O ator paranaense Thadeu Peronne conta sua trajetória, experiências artísticas e as dificuldades de atuar no Brasil. (p. 4 e 5) O preço da vaidade JORNAL-LABORATóRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA FACINTER – ANO IV – NúMERO 18 – CURITIBA, ABRIL DE 2012 Foto: Ligia Mara Foto: Hamilton Zambiancki Foto: Eduardo Pampuch Foto: David D’Visant

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O crescimento do mercado no setor estético tem tornado os implantes de silicone cada vez mais baratos e arriscados.(p. 8 e 9)

Uma nova catedralQuando as obras acabam? A reinauguração da catedral na praça Tiradentes já tem data prevista. (p. 7)

Um lazer curitibano?Apesar de ser muito procurada por turistas, a Linha Turismo não é opção de lazer frequente para os curitibanos. (p. 13)

O bobo shakesperianoO ator paranaense Thadeu Peronne conta sua trajetória, experiências artísticas e as dificuldades de atuar no Brasil. (p. 4 e 5)

O preço da vaidade

jOrnAL-LABOrATóriO dO cursO de jOrnALismO dA FAcinTer – AnO iv – númerO 18 – curiTiBA, ABriL de 2012

Foto: Ligia Mara

Foto: Hamilton Zambiancki

Foto: Eduardo Pampuch

Foto: David D’Visant

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Número 18 – Abril de 20122 MARCO ZERO

“O centro da cidade é bem limpo e não podia ser dife-rente, pois Curitiba é a cidade mo-delo. O que falta é o respeito daqueles que a frequentam. Poderiam cuidar melhor.”Delci Camargo Freire,comerciante

“A limpeza das ruas é boa. O que estraga é ver as paredes e prédios pixa-dos, deixando a cidade suja. O mau cheiro também toma conta do centro, principalmen-te nos lugares frequentados por usuários de drogas.”Antonio Pereira,comerciante “Acho que está ótimo, não se vê su-jeira compa-rada a outras cidades.”Maria Apa-recida do Carmo,dona de casa

“A limpeza, acho bom. O pior é ter que aguentar o mau cheiro, geralmente causado por usuário de drogas e andarilhos.”Regiane Ferreira, balconista

nunca se viu tanta gente saudosista quanto agora. Mas não se referencia aqui

aqueles sentimentos particulares que, de vez em quando, belisca o lado afetivo das pessoas, como as lembranças de nossas amizades, amores e memórias de infância. Hoje, existe um tipo de saudosis-mo que virou moda, um comér--cio. Tudo que nos remete ao que já passou está se incorporando como uma celebração incessan-te, fazendo parte o tempo todo de nossas vidas, através de releituras de músicas, roupas, gírias e até mesmo o modo de agir.

Desde 2002, em São Pau-lo, a discoteca Trash 80’s (uma das primeiras desse tipo) abriga regularmente, além de outros gêneros, lembranças musicais dos anos 80. São verdadeiros tributos, em que em algumas ocasiões os próprios artistas da época cantam seus sucessos. O que se vê em ambientes como esse, que hoje estão espalhados nos grandes centros urbanos, é o público frequentador. Em sua grande maioria, homens e mu-lheres entre 30 a 35 anos, que foram crianças há três décadas. O que eles têm em comum? As mesmas preferências. Eventos como esse celebram através das músicas, lembranças coletivas “daquele” tempo. É o passado – apenas com o seu lado doce re-memorado. É esse excesso que vem causando discussões sobre o que de fato vem acontecendo com essa sociedade que cada vez mais está tentando viver o que já foi vivido.

Nas ditas tribos urbanas, é pos-sível extrair elementos que exem-plifiquem isso: pessoas que, mais do que gostarem de uma passa-gem cultural, aderem a elas como um estilo de vida. O que acontece aqui é uma personificação de um ideal simbólico, uma releitura do passado, deixando de lado concei-tos históricos de época, ou passa-

mentos negativos para firmar-se apenas como estética. Por isso, tais manifestações de apego ao passado vêm atraindo as novas ge-rações. Naturalmente, a indústria cultural bebe dessa fonte. Tendo em vista esse crescimento do gosto pelo passado, empresas dos mais variados segmentos investem em produtos com jeitão antigo. São latas de chá mate relembrando os anos 50, relógios reeditados que eram “sensações” na década de oitenta, aparelhos eletrônicos ul-tramodernos, mas com estampas retrô, e até mesmo peças ou a casa toda redesenhada como se estivés-semos num outro tempo.

Mas isso é bom? O assunto ain-da é tratado com delicadeza, não por ser um fenômeno novo, mas pela sua magnitude nunca vista an-tes. Sociedades que se comportam de maneira uniforme são algo que vem desde a revolução industrial. No começo do século 20, surge então a indústria cultural, inserida como aquela que impõem tendên-cias e modelos para serem segui-dos. O que faz adultos viverem o hoje como o ontem pode ser expli-cado por uma sociedade saturada demais em vários sentidos, e que agora está sofrendo um bloqueio criativo ou algo do gênero

Vale observar também outro comportamento que já existe há algum tempo, mas ganha ênfase, pois está se inserido dentro dessa nostalgia ininterrupta. Surgiram os kidults (crianças/adultos), ne-

ologismo americano que define aqueles adultos que em alguns aspectos ainda mantêm traços da infância. São pessoas que com-pram bonecos ou bonecas, como forma de colecionismo remetendo ao seu tempo de criança. Investem em roupas que estampam persona-gens de séries e filmes juvenis e mantêm, em alguns casos, a casa com uma aparência de seu tempo que não existe mais. O problema é o excesso. O que se observa são adultos com um lado infantil mui-to aparente. Na sociedade contem-porânea, a criação, o excesso de comunicação direcionada através da TV são respostas iniciais para esse fenômeno

No século 17, saudade/nostal-gia era vista como uma doença séria, como se fosse uma pertur-bação mental. Hoje já é compro-vado que lembranças passadas nada têm a ver com patologias. Saudade, independentemente do que for, não é vista como um pro-blema quando aparece de vez em quando. É um estado natural, que faz parte das sociedades, como perpetuação de sua própria exis-tência histórica, como meio de contar o que já foi feito.

O dilema de hoje é tal compor-tamento aparentemente banal, mas que está reconstruindo uma socie-dade paralela. Um gueto, que olha para o retrovisor não como forma de fazer um balanço da vida, mas que faz do passado uma continua-ção que nunca se renova.

Quando o passado revisita o passadoO saudosismo está se incorporando como uma celebração incessante

OPiniãO

refilmagens de filmes antigos: saudosismo ininterrupto

Alysson dolenga

Ao Leitor “O Marco Zero mudou!” Essa foi a frase que movimentou todos que estavam empenhados nesta primei-ra edição de 2012. Edição que veio com um visual diferente, limpo e, acima de tudo, agradável de ler.

Neste mês, o Marco Zero re--vela os perigos da busca exa--gerada pela beleza e suas con-tradições. Também mostra dados e questionamentos sobre o con-sumo em fast foods e reportagens sobre a reforma da Catedral de Curitiba e sobre a Linha Turis-mo. Seria ela uma real opção de lazer para os curitibanos?

Veja ainda uma entrevista com Murilo “Ninja”, um dos precur-sores do MMA no Brasil, e uma resenha sobre o programa “Café Filosófico”, entre outros assuntos.

Assim está o Marco Zero. Conteúdo novo, visual novo, po-rém com a mesma sede de jorna-lismo! Boa leitura!

marcela dranczuk

ExpedienteO jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter)

Coordenador do Curso de Jornalismo: Tomás Barreiros

Professores responsáveis: Roberto Nicolato e Tomás Barreiros

O jornal Marco Zero foi premiado como melhor jornal-laboratório do Paraná no 16º Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.

Edição•Aryadne Ronqui•Clarissa Brandolff Gindri•José Renato da Cruz•Leonardo Cosmo Pollis•Rafael Giuvanusi

Diagramação•Clarissa Brandolff Gindri•Jacqueline Dal Comune Klippel•Janile da Silva Ramos•Mahara Paola Paulino de Souza•Natanael Lucas Chimendes•Tatiane Varela Barca

Projeto gráfico: Matias Peruyera

FacinterRua do Rosário, 147CEP 80010-110 – Curitiba-PRE-mail [email protected] 2102-7953 e 2102-7954.

Como você acha que está a limpeza do centro de Curitiba?

Foto: Divulgação

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Número 18 – Abril de 2012 3MARCO ZERO

Quando as obras acabam?As reformas na catedral já tem uma data para terminar

eduardo Pampuch

Padre Genivaldo da silva

HistóriaA Catedral Basílica Me-

nor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi elevada a Basílica pelo Papa João Paulo II em 1993.

A Catedral foi construída no mesmo lugar da primeira Igreja Católica de Curitiba, no fim do século 19 (em 1893).

A primeira reforma foi feita pelos Irmãos Anacleto e Carlos Garbaccio.

Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba, dá nome à Cate-dral, e sua festa é celebrada dia 8 de setembro.

TriLHAs urBAnAs

um símbolo de Curitiba, lo-calizado numa das praças mais importantes da cida-

de e que chama atenção para sua beleza arquitetônica, a Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais está em sua segunda grande reforma. A última aconte-ceu em 1940, e desde então foram feitas pequenas obras nesse bem patrimonial que tem grande im-portância na formação da cidade de Curitiba e é um dos cartões postais da cidade.

Padre Genivaldo Ximendes da Silva, pároco da igreja, afirma “Pre-tendemos inaugurar a Igreja refor-mada na próxima festa da padroeira,

8 de setembro”. Ele diz ainda que a primeira data estipulada seria o final do ano que vem, mas que, graças ao fato de a ajuda financeira e o anda-mento das obras estarem correndo bem, esse prazo foi retirado. O di-nheiro das obras, R$ 4 milhões, foi dado pelo Governo. “A engenheira avalia as obras e passa para a prefei-tura, e assim ela libera o dinheiro”, explica. O religioso informa ainda que há uma conta na qual as pessoas podem depositar doações para aju-dar na conclusão da obra (informa-ções pelo telefone 41-3324-5136).

Com a execução das reformas, a diminuição de fiéis foi nítida, pois o espaço ficou mais limita-do, porém, para a frequentadora Marilda Salete dos Santos, “par-ticipar da missa com a reforma faz a pessoa se sentir parte dela, é muito bom”. Já padre Geni-valdo diz que queriam fechar a Igreja durante a reforma, mas foi ele um dos que pediram para não fazê-la, pois isso aproximaria as pessoas da Igreja. O aposenta-do Antonio Santos, de 75 anos, que veio de Goiânia e viu pela primeira vez a Catedral diz que o templo “é um lugar bonito e me-rece ser restaurado”.

Não foi possível falar com a engenheira responsável pelas obras, Giceli Portela. A reporta-gem do Marco Zero tentou con-tatá-la por e-mail e telefone, mas não obteve resposta.

Foto: Eduardo Pampuch

Foto: Eduardo Pampuch

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Número 18 – Abril de 20124 MARCO ZERO

era uma vez um menino que queria interpretar a vida. Vin-do de uma cidade interiorana

do Paraná, chamada Jacarezinho, e radicado em Curitiba, ele cresceu e se fez ator dos principais palcos do Brasil. Hoje, aos 44 anos, em entrevista ao Jornal Marco Zero, o ator e diretor teatral Thadeu Pe--ronne conta sua trajetória de vida, suas experiências artísticas e fala das principais dificuldades em se tornar ator no Brasil.

Como surgiu o fascínio pela atuação?

Acho que desde criança. Eu passei a representar a vida de ma-neira teatral. Meus pais humilde-mente não conseguiam explicar minhas atitudes desde muito cedo. Acho que atuar estaria profunda-mente ligado a me expressar. Ain-da pequeno, tive professores mara-vilhosos no Colégio Rui Barbosa, em Jacarezinho, que nos orienta-vam e nos levavam ao CAT (Con-junto Amadores de Teatro ) para ver espetáculos infantis. Eu amava literatura, estórias e histórias. Via poesia em tudo, era ingênuo e, por

alguns anos, fiquei congelado só me expressando através dos dese-nhos, pois trabalhava desde os sete anos de idade e, infelizmente, não tinha o ócio para fazer o que que-ria. Com 18 anos, já em Curitiba, isso voltou com tudo, pois eu amo atuar, acho que se resume uma sín-tese do poeta. Ser poeta através da representação.

Com que idade começou?Comecei muito cedo a desper-

tar, por volta dos cinco ou seis anos. Minha mãe me levava para cantar em shows da Rádio Educa-dora de Jacarezinho. Era fascinan-te, e sempre ganhava um prêmio. Cantar também é interpretar. E muito cedo, me apaixonei pela re-presentação e pelo circo.

Como foi sua primeira experiência como ator?

A primeira vez foi quando, ainda menino, chamei meus pais, coloquei um lençol no corpo, uma caneca cheia de bananas cortadas em rodelas como se fossem hóstias e imitava o padre nas missas. Isso muito pequeno, e todos juravam que eu seria padre, mas na real eu já estava brincando, pois repre-sentar também é brincar. Depois, comecei a dar vida a tudo em que mergulhava.

A figura do palhaço me en-cantava, assim como todas as po-éticas e fábulas. Em Curitiba, o mergulho profissional começou com o espetáculo “O baile ll ” , de 1991, do Grupo Musical Abo-minável Sebastião das Neves, um show musical, com direção do Marcio Mattana, com Cleide Pia-secki, a convite do Zeca Wachel-cke, no Sesc da Esquina, há 22 anos. Foi lindo, nos divertimos à beça, daí minha verve cômica. Já dentro do curso de Artes Cêni-cas da PUC e do Guaíra, vieram tantos outros trabalhos e ainda, na sequência, o Tanahora, grupo da PUC coordenado por Laercio Ruffa. Lá, fiz “Gota D’Água”, “Bella Ciao” e “A Comédia dos Erros”. Foram anos viajando em

festivais e recebendo prêmios.

Em quantas peças já trabalhou?Olha, realmente, nunca parei

pra contar, mas foram muitas, en-tre 20 e 30 espetáculos, pois sem-pre fiquei muito tempo viajando com a mesma peça.

Em 1997, fui premiado como Melhor Ator Coadjuvante do Tro-féu Gralha Azul por “Solte o Boi na Rua”, dirigido pelo saudoso diretor teatral Ailton Silva Carú. Esse espetáculo recebeu um nú-mero enorme de indicações, e viajamos durante dois anos. Já em 1999, recebi o Troféu Gralha Azul como Melhor Ator com peça “A Farsa De Inês Pereira”, sob a di-reção do Rodolfo Vázquez, da Cia de Teatro Os Satyros.

Em 2003, quando voltei de São Paulo depois de dois anos no CPT (Centro De Pesquisa Teatral) e um ano estudando com diretores fran-ceses, a convite do Carú, que me chamou pra fazer “O Mundo Má-gico do Cordel”, veio outra indica-ção de Melhor Ator, mas não levei o Troféu Gralha Azul, Prêmio Go-vernador do Estado. Já com meu monólogo “Os bobos de Shakes-peare”, recebemos o de Melhor Maquiagem.

O que é necessário para se tornar um ator?

Mais do que ego, é preciso ter vontade de brincar de ser o outro. Contudo, talento, vocação, des-prendimento, é preciso se jogar, gostar de poesia e do público, ob-servar a vida e, consequentemen-te, estudar muito, precisamente idas e vindas a museus, teatros e cinemas, se embriagando de boas obras e contatando grandes mes-tres, conhecendo a técnica e sa-bendo que antes de tudo é preciso ser poeta.

Qual é a diferença entre atuar para teatro e cinema?

A essência da verdade e a fé cê-nica é a mesma, o que difere é a linguagem. No teatro, além do na-turalismo construído, pode-se na-

david d’visant

PerFiL

O bobo shakesperianoPor trás de um rosto chamado Thadeu Peronne

O ator e diretor Thadeu Peronne em seu momento de estudo

Aqui temos uma classe teatral exemplar, calcificada, pois há pessoas talentosíssimas, estudiosas, um verdadeiro celeiro de talentos.

É preciso se jogar, gostar de poesia e do público, observar a vida e, consequentemente, estudar muito; sabendo que antes de tudo é preciso ser poeta.

Foto: David D’Visant

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Número 18 – Abril de 2012 5MARCO ZERO

murilo “Ninja” Rua é ex--lutador de MMA (Mixed Martial Arts), irmão mais

velho de Mauricio Rua, o popular Shogum, ex-campeão do UFC (Ul-timate Figthing Championship). Também conhecido como “Ninja”, Murilo é paranaense e tem 31 anos. Em sua carreira esportiva, o atleta, que é faixa preta em Muay Thay e em Jiu Jitsu, tem um importante cartel de lutas. Nos 30 combates disputados, conta com 20 vitórias, 12 derrotas e um empate.

Ninja começou sua carreira profissional em lutas de MMA no mês de maio de 2000, na luta em que ganhou de Adriano Verdelli, pelo evento Meca Tour, realiza-do no Brasil. Ele lutou em um dos mais importantes eventos de MMA do mundo, o extinto Pride FC, e em outros importantes even-tos, como Strikforce e Cage Rage. Durante toda sua carreira, enfren-tou adversários extremamente di-fíceis, como Ricardo Arona, Kevin Randleman, Quinton Jackson e Dan Handerson, todos pelo evento japonês Pride FC.

O ex-atleta fez sua despedida dos octógonos no dia 21 de maio de 2011, contra o atleta britânico Tom Watson, quando acabou sen-do nocauteado no terceiro round, em luta válida pelo evento Bamma 6, sediado na Inglaterra.

Murilo Ninja atualmente é pro-fessor e ministra palestras sobre MMA. Mesmo aposentado, con-tinua com uma rotina de treinos. Tem seu nome ligado à academia Universidade da Luta, com sede no bairro Juvevê, em Curitiba (PR), local onde também treina seu irmão Mauricio Shogun. O atleta reside em Curitiba e é casa-do com Ana Paula Rua, com quem tem dois filhos.

Quais as principais dificuldades para um atleta iniciante no ramo de lutas?

O poder aquisitivo influencia muito. Nos Estados Unidos, é bem

mais fácil um atleta se dedicar a treinamentos, pois lá eles costu-mam ter mais dinheiro e mais tem-po. Apesar disso, o brasileiro tem mais talento.

Como foi o seu início de carreira? Encontrou muitas dificuldades com patrocínios e lugares para treinar?

Eu cheguei a trabalhar de segu-rança por um tempo em algumas empresas menores para conseguir treinar. Passar por dificuldades to-dos passam, mas sempre tive uma qualidade de vida boa e consegui separar bem, para ter bons resulta-dos nos treinamentos.

Você tem planos para uma possível luta de despedida?

Por enquanto não. Até existem algumas propostas, mas não tem nada certo. Quem sabe, no ano que vem. Eu gostaria muito que, se essa luta acontecesse, fosse no

Japão, onde lutei a maioria das vezes durante minha carreira.

O MMA vem crescendo de maneira impressionante nos últimos anos. Você acredita que em um futuro próximo ele chegue no nível de popularidade que o boxe teve em seu auge nos anos 80 e 90?

Acho que sim. O boxe perdeu muito da sua popularidade, pois não surgiu nenhum grande lutador americano após Mike Tyson. Atual-mente, a grande maioria é cubano e porto-riquenho. Os americanos ain-da estão aprendendo o MMA, mas nos próximos anos a popularidade vai crescer muito mais.

Você pretende continuar no ramo de lutas agora que se aposentou?

R: Pretendo sim, dando aulas e seminários, e no ramo de vendas de roupas também. Pretendo abrir uma franquia para a UDL (Univer-

vegar por linguagens e reinventar novos traçados espaciais de repre-sentação. No cinema, na maioria das vezes, é preciso saber mergu-lhar no estado de cada situação, saber que a câmera invade a alma humana, ser econômico, entender a essência do roteiro, entender que o atemporal é outro.

O teatro é uma arte viva e pre-sente, é a presentificação do ator. Teatro é ator. Cinema é diretor.

Quantas peças já dirigiu?Sou novo na direção. Redirigi

“Vaqueiros e Cantadores” para homenagem ao Carú e dirigi ofi-cialmente “Cold Meat Party”, esta a quatro mãos com a atriz e diretora Mazé Portugal. Logo depois, dirigi “Amores (re)Parti-dos” e “A Farsa do Boi ou o De-sejo de Catirina”, e durante um ano fiz a direção cênica do Coral da PUC-PR. Recentemente, fiz a assistência de direção de “Caipi-rados Prá Burro, Caipiras Pira-dos Prá Burro”, indicado a Me-lhor Espetáculo Infantil e Melhor Texto Adaptado, trunfo do tam-bém autor e diretor Gerson An-drade e no qual eu atuo também. Mas ao longo da carreira realizei muitas assistências de direção.

Como é o Thadeu diretor?Muito encucado, pois, como

sou ator, tenho um grande cuidado de dirigir bem os atores. Pra mim, teatro é ator antes de tudo. Sofro muito quando os atores não enten-dem o que estou pedindo, pois sei o que quero, mas não sou ditador.

No CPT, tivemos a oportunida-de de treinar muito pelo método do diretor Antunes Filho, o ator senhor da cena, o ator diretor. Logo, quando dirijo, aponto cami-nhos para que o ator tenha o tercei-ro olho, para que se autodirija, se oriente no espaço cênico.

O ator tem de assumir e ousar na cena, no espaço. A maioria está acostumada como o diretor dita-dor, aquele que mostra tudo que ele tem de fazer, e é horrível isso, pois não sou da linha do ator su-permarionete, não aplico Gordon Craig na cena dessa forma.

Para mim, o teatro tem de ser arte, feito de camadas, vem da cena, da palavra, do espaço, da ação física, da estética, da fusão de todos os elementos, mas antes de tudo tem de ser humano e livre de penduricalhos. Tem de haver um diálogo entre todos os elementos, uma fusão, pois se alguém desa-fina, boicota, é por que não está dentro. O espetáculo correrá o ris-co de ser um fracasso.

O teatro é para o público antes de tudo, e conduzir um elenco em um espetáculo é algo de muita res-ponsabilidade.

Como se cria um personagem a partir de um texto?

É preciso estar atento a todas as pistas do autor, estar onde o autor estava quando escreveu o texto. É necessário observar o mundo, ter repertório e entrar com respeito no arquétipo da personagem.

Quais as principais dificuldades com que se deparou como ator?

Muitas. Um delas é a falta de valorização e respeito. Mas a pior é a falta de recursos para viajar e es-tudar. Algumas composições dão trabalho, sim, criar a personagem acaba sendo algo maravilhoso, se livrar dele depois é que é o pepino. É preciso matar as personagens e abrir caminho para outros. E lidar com as expectativas de nossos fa-miliares que sonham em nos ver “realizados” na televisão não é uma tarefa fácil. Televisão não é um fim, é um meio.

Em sua opinião, como a capital curitibana adere à arte teatral?

Aqui, temos uma classe teatral exemplar, calcificada, pois há pes-soas talentosíssimas, estudiosas, um verdadeiro celeiro de talentos. Sou muito grato a Curitiba e à clas-se daqui, mesmo com todos seus problemas, que são muitos. Até hoje, sempre tive um público ba-cana e um bom apoio dos meios de comunicação na divulgação, assim como sou grato também a algumas empresas que nos incentivam pelo mecanismo da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, acreditando dessa forma em nossos projetos.Isso é muito importante. Curitiba, sem dúvida nenhuma, é uma gran-de inspiração.

Como um projeto é levado aos palcos?

É uma complexidade. Primeiro, é preciso encontrar o “porquê”, o porquê desse texto, é preciso saber do que se quer falar. Depois, para quem falar, como falar. São várias etapas de estudo do texto, leituras, estudo da poética escolhida e, nos casos de projetos de lei, é preciso ter em mente do que se quer falar no futuro, pois existe uma morosi-dade. No meu caso, penso até em quanto tempo poderei viajar com o espetáculo.

O que Thadeu Peronne espera da vida?

Equilíbrio, saúde, prosperidade e inspiração artística, muita sorte, que o mundo melhore e não acabe neste ano.

Serviço: Aulas de interpretação para teatro e TV com Thadeu Peronne. Fones: 41- 9636-2133 e 3022-7903.

ian Perussolo

O Boxe perdeu muito da sua popularidade, pois não surgiu nenhum grande lutador americano após mike Tyson.

Murilo “Ninja”, precursor do MMAAtleta paranaense, irmão de mauricio shogum, aposentou-se em 2011

divulgação

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Número 18 – Abril de 20126 MARCO ZERO

entre tantas opções de passeio existentes em Curitiba, uma chama a atenção de quem

vem de fora, a Linha Turismo. Também conhecido como jardi-neira, o ônibus que percorre um trajeto de 45 km entrou em circu-lação em 1994 e é procurado por pessoas de diversas cidades não só do Brasil, mas também do ex-terior, porém, ainda é muito pouco utilizado pelos curitibanos. Duran-te um passeio de aproximadamen-te duas horas e meia, é possível conhecer os principais pontos tu-rísticos de Curitiba, como parques, praças e museus.

A auxiliar de conferência Ana Schmoeller, de 31 anos, é de Que-das do Iguaçu e disse que apreciou o passeio. “O ônibus é muito con-fortável e em pouco tempo dá para conhecer vários lugares de Curiti-ba”. Entre tantos pontos turísticos da cidade, é possível conhecer durante o trajeto que o ônibus per-corre lugares como o Jardim Botâ-nico, a Ópera de Arame e o Museu Oscar Niemeyer.

Mas, apesar de o passeio ser

muito procurado por pessoas que vêm de fora, o mesmo não aconte-ce com os moradores de Curitiba, que não utilizam com frequência o ônibus como opção de lazer. Ape-sar de dar ao passageiro o direito de descer em quatro pontos à sua escolha, é comum encontrar quem reclame dos R$ 27,00 cobrados pelo passeio. É o caso da estudante Cynthia Bumiller, que é de Curiti-ba: ela não concorda com o preço cobrado e utiliza outra cidade tu-rística como exemplo. “Não acho justo esse preço alto. Para nós, moradores de Curitiba, poderia ser mais barato, assim como funciona em Foz do Iguaçu”, referindo-se ao modelo de desconto para mora-dores da região da fronteira entre Brasil e Argentina, que pagam me-nos para visitar o Parque Nacional do Iguaçu.

Outro motivo que faz com que os próprios curitibanos não utili-zem a Linha Turismo é o fato de que muitos deles preferem um passeio ao shopping em vez do percurso ao ar livre. “Não gosto de caminhadas em parques ou praças, por isso acho que não seria viável utilizar o ônibus como forma de passeio, prefiro lugares fechados como os shoppings, já que em Curitiba nem sempre o tempo é

favorável para caminhadas ao ar livre”, justifica a universitária Ze-nilda Mores, moradora de Curitiba há 12 anos.

Cynthia Bumiller diz que, como Curitiba é uma cidade geral-mente com tempo frio, mesmo em dias de calor o curitibano acabou se acostumando a frequentar am-bientes fechados.

Apesar de nem todos os curi-tibanos concordarem com o valor cobrado pelo passeio, a procura pelo ônibus no ano de 2011 foi grande, em torno de 600 mil pes-soas. Já em janeiro e fevereiro de 2012, foram cerca de 120 mil pas-sageiros. Segundo dados da Urba-nização de Curitiba S/A (Urbs), até o mês de julho de 2011 foram aproximadamente cinco milhões de embarques desde a sua criação, em 1994. O ônibus tem capacida-de para transportar até 55 pessoas por viagem.

O atendimento da Linha Turis-mo é de terça a domingo, com saí-das a cada 30 minutos da Praça Ti-radentes, das 9h às 17h30. A Linha Turismo ainda assim é uma opção de lazer para quem quer conhecer um pouco da história da cidade, seja ela vista por olhos curitibanos ou não.

natanael chimendesilustração: carol Pizetta

Ligia mara santos

TurismO

Uma opção de lazer do curitibano?Apesar de ser muito procurada por turistas, a Linha Turismo não é escolha de lazer frequente dos próprios curitibanos

somente no ano passado, cerca de 600 mil pessoas usaram a Linha Turismo

crônicA

Coisa Rara

O sol brilhava na Tiradentes, coisa rara. A praça estava cheia de shorts curtos, blu-

sas penduradas na cintura, pombos aventureiros e alguns admiradores de árvores e sombra fresca. Chuva naquela hora era impossível.

O nativo exagera, mas é pura verdade. Você não deve em nenhu-ma circunstância sair de casa sem guarda-chuva em Curitiba, e adivi-nha? Quebrei essa regra.

Meus olhos quase lacrimeja-vam ,e eu pensava: é Curitiba mes-mo?

Era. Pelo menos ali na Tiraden-

tes. Dava para perceber somente admirando os passantes: orgu-lhosos de sairem de casa com roupas leves, chamativas e ou-sadas. Moda aqui é sinônimo de calçada.

Uma garota corria, ou des-filava, enquanto uma senhora a olhava segurando uma sombri-nha colorida e um cachorro de língua à mostra.

Até que o tal cãozinho co-meçou a latir para o vácuo. Olhava profundo para o nada e gritava enquanto a dona o acal-mava. Tentei interpretá-lo, mes-mo não conhecendo sua lingua-gem. Uma mistura de desespero e euforia. Como se fosse ocorrer um tsunami em plena praça, parecido com aqueles filmes catastróficos. E iria mesmo.

A primeira onda foi leve, porém rápida. Pequenas gotas invadiram

como abelhas toda a praça, e o céu começou a cair. Pronto, estava oficialmente chovendo em Curitiba. Uma chu-va estranha que se misturava com os raios ultravioletas, criando uma canção tão desafinada quanto um disco arranhado.

Pensei em pedir um táxi e já fui discando:

“Ligue táxi, um momen-to”, disse uma voz cansada, e em seguida uma música “anos noventa” começou a

tocar. Segundos depois, um breve e poderoso ruído come-çou.

“Ligue táxi, Luciana, boa tarde.”

“Boa tarde, eu queria pe-dir um táxi.”

“Qual o endereço?”“Na Praça Tiradentes.”“Já possuímos um ponto

de táxi neste local, sugerimos para o senhor aguardar até que um táxi apareça.”

“Mas não vejo nenhum por per-to, devem estar todos ocupados com essa chuva! Não tem como pedir para enviar algum para cá?”

“Não neste local” - silêncio to-

tal. “Espere um minuto”, disse um

pouco ofegante.Saí da praça, atravessei a rua

e cheguei numa esquina, perto de uma loja. Me protegi da chuva, completamente molhado, segurei o telefone no ouvido e exclamei novamente:

“Boa tarde, queria pedir um táxi.”

“Qual o endereço?” perguntou Luciana um pouco supresa.

“Travessa Tobias de Macedo, perto da Praça Tiradentes.”

“Estamos enviando um táxi, é só aguardar”

Neste momento, eu jurava que tinha sentido um breve sorriso na voz de Luciana, mas antes de per-guntar se ela estava sorrindo, uma pesada gota surgiu no meu nariz e pensei rapidamente em espirrar , porém, meu táxi estava chegando.

Foto: Ligia Mara Santos

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Número 18 – Abril de 2012 7MARCO ZERO

Prefeitura aumentatarifa de ônibus eroda no vermelhoGreve faz com que usuários tenham que desembolsar mais pela passagem

Paula vilas Boas

TrAnsPOrTe

1º Lugar - Categoria Jornal LaboratórioSindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

20112011

Você está lendo o MARCO ZERO, um jornal inteiramente feito por alunos e professores do Curso de Comunicação Social da Faculdade Internacional de Curitiba - FACINTER e ganhador do 1º Lugar do Prêmio Sangue Novo de 2011 (promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná), na categoria Jornal Laboratório.

Portanto, ao ler o MARCO ZERO, você está se informando através de um veículo com conteúdo, independente e com uma nova proposta visual.

O centro da cidade agora tem o seu representante!

A prefeitura poderia investir mais nos ônibusThiago Lopes, técnico administrativo

e m consequência da para--lisação dos trabalhadores do transporte público, realizada

em 14 e 15 de fevereiro, houve um aumento de 4% nas tarifas de ôni-bus em Curitiba. Apesar do reajus-te de R$ 2,50 para R$ 2,60, o valor é considerado baixo diante da in-flação de 5,63%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Con-sumidor (INPC) de janeiro. A ta-rifa técnica, suficiente para cobrir os gastos, está perto de R$ 2,80. O que significa que o sistema vai ro-dar no vermelho, e o governo terá que entrar com algum subsídio.

A polêmica sobre o transporte divide a opinião dos cidadãos que usam os coletivos. A auxiliar de limpeza Maria Salete Rodrigues, de 42 anos, moradora de Fazenda Rio Grande, na região metropo-litana da Capital, acredita que o reajuste não se deu somente pela greve, mas que já estava previsto como reajuste anual. Maria, que

depende de três ônibus e leva cer-ca de duas horas para chegar até o seu trabalho, queixa-se do trans-porte e de seus operadores. “Os motoristas não cumprem os horá-rios, muitas vezes correm porque estão atrasados, e eu até já peguei um motorista quase dormindo ao volante”, reclama.

Há pessoas como a auxiliar ad-ministrativa Caroline Coutinho, de 22 anos, moradora do bairro Barreirinha, que compreendem o aumento das passagens, pois acre-ditam ser necessário para melhorar o transporte público. Entretanto, ela afirma não observar nenhuma melhoria que justifique os últimos aumentos: “Esperava que tivesse mais ônibus, nos horários de pico os coletivos são muito lotados”, diz Caroline.

O técnico administrativo Thia-go Lopes, de 25 anos, morador do Bairro Alto, vê o problema de transporte em Curitiba nos ônibus mais antigos. “Sou a favor do re-ajuste nas passagens, mas com esse aumento a prefeitura poderia investir mais nas frotas de ônibus, pois tem muitos veículos velhos nas ruas quebrando diariamente,

causando transtorno aos passagei-ros”, argumenta.

Em ano de eleição, a prefeitura, que tinha de aumentar a passagem, mesmo assim deixou o valor abai-xo do esperado e aprovando a per-manência do valor de R$ 1,00 aos domingos, mantido desde 2005.

De acordo com pesquisas re-alizadas pela Urbs, houve uma queda no número de passageiros transportados pela rede, de 25,8 milhões para 25,7 milhões por mês. O número parece ser peque-no, mas, se calculado em relação ao crescimento da população curi-tibana, reflete uma paralisação no número de passageiros. A redução do número de usuários paantes dos coletivos e o aumento de quilome-tragem rodada podem resultar em impacto na tarifa.

Em outras cidadesEntre os meses de janeiro e fevereiro, não foi só a capital

paranaense que sofreu com as tarifas. Em Itajubá, no Sul de Minas Gerais, o aumento foi de 7%, a mesma porcentagem de reajuste do ano anterior, passando de R$ 2,20 para R$ 2,35. Na capital do Rio de Janeiro, o aumento foi de 10%. A tarifa do bilhete único passou de R$ 2,50 para R$ 2,75. Sem contar que na cidade do Rio, bem maior que Curitiba, em al-guns lugares onde existem pedágios, a taxa subiu de R$ 4,30 para R$ 4,70. A capital paulista e a cidade de Itu, localizada no interior de São Paulo, têm as tarifas de ônibus mais ca-ras daquele estado, no valor de R$ 3,00, superando cidades como Porto Feliz (R$ 2,00), Salto (R$ 2,60), Indaiatuba (R$ 2,80) e Sorocaba (R$ 2,95).

Comparativamente em relação às outras capitais brasilei-ras, Curitiba estaria com o valor de suas passagens dentro da média dos valores nacionais. E com o passar do tempo o número de passageiros deve subir.

O aumento na tarifa em curitiba foi de 4%

Foto: Paula Vilas Boas

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Número 18 – Abril de 20128 MARCO ZERO

Procurar obter um equilíbrio do corpo e uma harmonia das formas e movimentos: essa

é a definição da famosa “propor-ção áurea”. Quando Leonardo da Vinci criou o Homem Vitruviano, uniu essa proporção ao corpo hu-mano. E as inúmeras contas e seus resultados, que vão desde a altura do corpo humano até a medida do umbigo até o chão, por exemplo, davam um único resultado: uma forma perfeita, um corpo perfeito.

Hoje, tanto homens quanto mu-lheres que buscam essa perfeição, muitas vezes, são surpreendidos por consequências desastrosas. É o caso da professora Márcia Ro-drigues (nome fictício) e seu velho sonho: aumentar os seios. Quando decidiu fazer o implante de sili-cone, em 2010, fez várias pesqui-sas sobre clínicas e profissionais. Depois de uma imensa procura, encontrou e conversou com duas médicas especializadas no assun-to. Como a primeira médica havia oferecido um preço mais em con-ta, decidiu, então, optar por ela. “Minha vontade de colocar silico-ne era tão grande que eu estava en-feitiçada. Queria colocar e pronto, não procurei saber se o valor esta-va adequado, muito menos como a médica trabalhava”, relata.

Ela conta que tudo foi muito rápido. Conversou com a cirurgiã em uma semana, fez dois exa-mes, que foram o teste de HIV e o raio-X do tórax. Em seguida, já marcou a cirurgia para o final da semana seguinte. “Tudo como eu queria, valor baixo, rapidez e aten-ção”, conta.

No entanto, dois meses após sair da sala de cirurgia, Márcia des-

cobriu que estava grávida de três meses. A preocupação veio à tona e com ela o anseio de procurar a médica para ver os procedimentos a seguir. O que Márcia não conta-va é que a cirugiã que havia feito a operação não queria atendê-la. “Procurei várias vezes a médica para saber como deveria agir, mas ela sempre recusava a me atender. Depois de muito tempo, enfim me atendeu, dizendo que não podia fa-

zer nada. Então me ofereceu uma nova cirurgia depois que o bebê nascesse. Fiquei enfurecida, pois era uma vida que estava em jogo, não a estética”, declara. O drama da professora estava apenas come-çando. “Além do risco que o bebê corria, um dos meus seios doía muito. Procurei outro cirurgião, e ele me orientou a retirar as próte-ses”, acrescenta.

Com os riscos, Márcia procu-

rou outro médico, um obstetra, para ver como estava o bebê e des-cobriu que ele poderia correr risco de morte devido à anestesia da ci-rurgia. “Fiquei desesperada, sem-pre quis colocar silicone, mas não imaginava que isso iria prejudicar uma vida”, diz.

A professora conta que passou por maus momentos. Relata que seu filho nasceu com oito meses e ficou internado durante dois meses.

Keity marques

esPeciAL

maria Luiza Okoinski

O preço pago pela beleza pode ir além do dinheirocrescimento do setor estético tem tornado os implantes de silicone cada vez mais baratos e arriscados

O implate de silicone na região das mamas, na maioria das vezes, é motivado por padrões estéticos

Região Sul é a 2ª em plásticas

No país que ocupa o segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásti-cas, 82% delas são realiza-das nas mulheres. Dessas, 19% são para o aumento dos seios. A Região Sul está em segundo lugar entre as regiões do país que mais se submetem a esse tipo de tra-tamento, com 16% do total.

Pesquisa feita pelo Ins-tituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) revelou que, em 2009, foram realizadas no Brasil,645.464 cirurgias plásticas, sendo quase 70% delas de caráter estético. Ou seja, há um nú-mero alto de 1.768 cirurgias por dia, que vem aumentan-do no decorrer dos anos, de acordo com o Ibope.

A corretora de imóveis Célly Correa (28), que re-alizou a cirurgia de prótese de mama em 2010, conta que tinha vontade de colo-car silicone, e o motivo era somente estético. “Fiquei muito satisfeita, coloquei embaixo do músculo e por isso ficou bem natural, reali-zei um sonho”, relata.

De acordo com pesqui-sa encomendada pelo XI Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, operações na região da mama, na maio-ria das vezes, são de caráter estético. Para a estudante de administração Cynthia Chern Wen Hong (20), que sempre teve vontade de fazer a cirurgia nos seios, a parte mais difícil foi a dor no pós--operatório, mas diz que pas-saria tudo novamente pela beleza. “Sempre tive vontade de colocar silicone, pois não estava satisfeita com os meus seios. Então, de uma hora pra outra, decidi”, afirma.

Uma opção para o paga-mento das cirurgias estéticas é a nova tendência de planos de assistência financeira, que possibilita aos clientes reali-zar o pagamento em parcelas.

Cynthia conta que a cirur-gia custou em torno dos R$ 7 mil, contando com os exa-mes. “Cada centavo valeu a pena, me sinto com a autoes-tima elevada”, conclui.

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Número 18 – Abril de 2012 9MARCO ZERO

O que você acha sobre o implante de silicone?O preço pago pela beleza

pode ir além do dinheirocrescimento do setor estético tem tornado os implantes de silicone cada vez mais baratos e arriscados

O implate de silicone na região das mamas, na maioria das vezes, é motivado por padrões estéticos

Dois anos após o ocorrido, Márcia pode respirar aliviada. “Depois de todo o tormento, meu filho está com um ano e seis me-ses de idade. Está bem, apenas com um problema respiratório”. Ainda assim, segundo a professo-ra, o desejo agora é de obter justi-ça pelos danos que passou. “Mes-mo assim, quero justiça. Tirei as próteses e entrei com um proces-so judicial contra a médica e a

clínica. Levei muita sorte em não perder meu filho, e se isso tivesse acontecido não me perdoaria pelo resto da vida”, desabafa.

Segundo o médico do Hospital e Maternidade Santa Brígida Leo-ne Francisco Junior, a procura por cirurgias plásticas é numerosa há algum tempo, e o principal mo-tivo alegado pelas pacientes é o aumento da autoestima com a va-lorização da forma dos seios. Ele comenta que, sem dúvida, o cirur-gião que iniciou o tratamento deve se responsabilizar por eventuais complicações.

Leone afirma ainda que os exa-mes que antecedem esse tipo de ci-rurgia são muitos e extremamente importantes para que a operação esteja próxima do sucesso, mas que normalmente não estão inclu-ídos nos pacotes de cirurgias, pois são realizados em laboratórios externos e muitas vezes podem, inclusive, ser custeados pelo pró-prio convênio da paciente, caso ela possua. Os valores dependem de cada cirurgião, porém, é bom as pacientes desconfiarem de valores muito baixos, pois milagre não existe: estética custa caro no mun-do todo, alerta o médico.

A paciente deve sempre reali-zar exame de imagem (mamogra-fia, ultrassom ou ambos), exames pré-operatório de sangue, avalia-ção cardiológica e consulta prévia com anestesista. Essa é uma boa rotina para todas as pacientes, sa-lienta Leone.

Para Márcia, o importante é que as mulheres pesquisem muito bem a idoneidade da clínica e o com-promisso dos médicos e tenham certeza de que estão bem fisica-mente, psicologicamente e, acima de tudo, bem com a saúde para fa-zer uma cirurgia estética, seja ela qual for. Com a vida e com o corpo não se brinca, muito menos, com a vida do próximo, como foi o meu caso. “Arrependimento, essa é a palavra. Hoje, vejo que para tudo há limites, até para a beleza”, fina-liza a professora.

“Fiquei desesperada, sempre quis colocar silicone, mas não imaginava que isso iria prejudicar uma vida”

Foto: Hamilton Zambiancki

“Eu não colocaria, me sinto bem assim. Se eu não tivesse nada de seios, talvez, mas tenho muito medo de cirurgias.”Juliana dos Reis, 18 anos, vendedora

“Eu coloquei 200 mlem cada seio há dois meses. Pesquisei bastante sobre o médico antes, para ter certeza com quem estava fazendo. A recuperação foi excelente, e gostei do resultado.”Élcita Gondim, 25 anos, nutricionista

“Não sou contra nem a favor. Nunca tive vontade de colocar, mas quem tem pouco e tem vontade, apoio em fazer a cirurgia.”Regina Malinoviski, 58 anos, dona de casa

“Eu não sou contra. Se a mulher tem vontade e vai se sentir bem, apoio. Não contrariaria a minha esposa, se ela quisesse, por exemplo.”Antônio Cesar Leal, 34 anos, comerciante

“Acho válido colocar silicone para se sentir bem. Eu colocaria se não fosse o medo que tenho de anestesia.”Sandra Elizete dos Santos, 33 anos, dona de casa

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Número 18 – Abril de 201210 MARCO ZERO

O que os alunos pensam

Leonardo Akira

TriLHAs dO TemPO

Willian Gomes

neste ano, comemora-se o centenário da Universidade Federal do Paraná (UFPR),

fundada em 19 de dezembro de 1912 por Victor Ferreira do Ama-ral e Nilo Cairo Silva com o nome de Universidade do Paraná.

Durante esses 100 anos, a UFPR construiu uma identidade paranaense, devido a sua grande importância na formação de novos profissionais. Na comemoração dos 99 anos, realizada em dezem-bro passado, o reitor Zaki Akel So-brinho falou sobre a proximidade entre a universidade e o público. “Isso representa nossa determina-ção em fazer uma construção co-letiva da instituição. Afinal, somos do povo do Paraná”. Na comemo-ração, foi lançado um painel digi-tal que faz a contagem regressiva para a data do centenário.

Sobre a importância da Uni-versidade na sociedade, a comer-ciante Maria Mendes afirma que “a UFPR já se tornou um símbolo para todos nós paranaenses, e ela tem uma importância muito gran-de, pois forma excelentes cidadãos e profissionais”.

A históriaEm 1913, a UFPR começou a

funcionar como instituição pri-vada num antigo prédio da Rua Comendador Araújo. Os primei-ros cursos ofertados foram os de Medicina e Cirurgia, Engenharia, Ciências Jurídicas e Sociais, Co-mércio, Odontologia, Farmácia e Bioquímica.

Ainda em 1913, iniciou-se a construção do prédio localizado na Praça Santos Andrade, com um bloco de cinco andares e uma cú-pula central, inaugurado em 1915. Sete anos depois, o prédio foi am-pliado com a construção dos blo-cos laterais, finalizados em 1926.

Durante a Primeira Guerra Mundial, uma lei determinava o fechamento das universidades, pois o governo não recebia bem as iniciativas surgidas de forma inde-

pendente nos estados. A alternati-va criada para evitar o fechamento foi desmembrar a Instituição em faculdades, o que vigorou durante 30 anos. A restauração da Univer-sidade aconteceu no início da dé-cada de 50, quando as faculdades foram reunidas e formada nova-mente a Universidade do Paraná. Na mesma década, o reitor Flávio Suplicy de Lacerda reuniu líderes do Estado visando a sua federali-zação e tornou a instituição públi-ca e gratuita.

Ao longo dos anos, o prédio em um estilo neoclássico recebia no-vas construções, até que em 1955 foi reinaugurado ocupando uma área de 17 mil metros quadrados numa quadra inteira, entre a Praça Santos Andrade, a Rua XV de No-vembro, a Rua Presidente Faria e a Travessa Alfredo Bufren.

Após se tornar federal, foi construído o Hospital de Clínicas, em 1953, o Complexo da Reitoria, em 1958 e o Centro Politécnico, em 1961. Em 1999, a Prefeitura de Curitiba assinou uma lei que trans-formou o edifício da Praça Santos Andrade em símbolo oficial da ci-dade.

Atualmente, há campi da uni-versidade distribuídos em vários pontos de Curitiba e em outras cidades do Paraná. A UFPR pos-sui 77 cursos de graduação, 124 de especialização, 41 de mestrado e 26 de doutorado. Desde 2004, é adotado o sistema de cotas no vestibular: 20% das vagas de cada curso são reservados para estudan-tes oriundos de escolas públicas e 20% para alunos negros e pardos.

campus santos Andrade: símbolo oficial da cidade de curitiba

Cem anos de conhecimentosuFPr é considerada um dos principais símbolos de curitiba

“Vejo a UFPR como uma instituição séria, organi-zada e bem influente, pois tem uma tradição, um nome a zelar. Tem o respeito das pessoas. Porém, essa tradição a engessa, pois a impede de avançar tão rápido quanto o necessário. Todos esses anos de história têm pesado quando o assunto é se atua-lizar, mas as mudanças têm acontecido.”

Nilmara de Jesus Biscaia Pinto, 20 anos, estudante de Matemática.

“Considero a Federal do Paraná uma ótima insti-tuição de ensino, porque é pública, funciona bem e é reconhecida. Sendo pública, não tem mensalida-de, já que pagamos impostos e merecemos ensino gratuito. A tradição, o nome, o ensino de qualidade permitem o reconhecimento. Vejo a Federal como uma oportunidade de graduação, de ter aulas com professores bem qualificados e a certeza de um diploma que valha a pena. Estudar numa institui-ção que está completando 100 anos é poder falar o nome dela e quem escutar ter certeza de que ins-tituição se trata, sem perguntar onde fica ou coisa assim. Porém, a Federal necessita de reestrutura-ções físicas, já que encontramos uns prédios muito

velhos, às vezes sem reparo, carteiras que nossos pais usaram e outras coisas assim.”

Caroline de Camargo Ibañes, 21 anos, estudante de Psicologia.

“A UFPR é uma das melhores universidades do Bra-sil, não só pela sua estrutura, mas também por ali es-tarem os melhores alunos. É muito prazeroso dizer: ‘eu estudo na Federal’. Se perguntar para qualquer um que está no ensino médio, ele dirá: ‘eu quero entrar na Federal.’ Olhe o campus do Politécnico, é grande como uma cidade, oferece amplo espaço, boas bibliotecas e um restaurante a R$ 1,30. Quer mais que isso? A respeito dos cem anos da UFPR, acho fantástico saber que ali já passaram milhares de alunos que hoje são o presente do Brasil e saber que amanhã serei eu, mais um cara formado pela cente-nária Federal do Paraná.”

Lucas Wagner, 22 anos, estu-dante de Engenharia Elétrica.

A uFPr já se tornou um símbolo para todos nós paranaenses, e ela tem uma importância muito grande, pois forma excelentes cidadãos e profissionais”maria mendes, comerciante

Foto:Claudia Bilobran

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Número 18 – Abril de 2012 11MARCO ZERO

Que tal sair para almoçar? Como prato principal, um sanduíche de três ca-

madas de hambúrguer e um milk shake de morango, coisa rápida, fast-food. Gordura e açúcar você já tem e, com certeza, uns núme-ros a mais na balança, na taxa de glicose e de colesterol também.

É o que revela uma pesquisa re-alizada pela agência britânica The Oxford Research Agency (Tora), que constatou que 40% dos bra-sileiros aumentaram seus gastos com comida e bebida no último semestre e que 33% estão mais

pesados que há um ano. Entre os entrevistados, 25% afirmaram consumir fast-food frequentemen-te, índice próximo ao dos norte--americanos, com 28%.

De acordo com o levantamento, o Brasil só fica atrás da China no ranking de consumo desses produ-tos. Aqui, apenas 18% dos entrevis-tados disseram pesar menos que há um ano. Foram investigados os há-bitos de consumo de alimentos em seis países e ouvidas 1.534 pessoas.

Parte integrante dos números da pesquisa, o locutor de rádio Edimar Novakoski, de 25 anos, conta que seu gasto mensal com comidas rápidas é em média de R$ 300,00 e afirma que se alimen-ta assim por não ter tempo para uma refeição regrada. “Já pensei

em mudar de hábito várias vezes, mas ainda continuo sem tempo e não consegui pensar em nada que solucionasse essa deficiência no meu horário de trabalho”, conta. Além disso, o locutor afirma ter percebido pequenas alterações em sua saúde. “Algumas mudanças no organismo já são perceptíveis, mas nada demais, por enquanto”, afir-ma entre risos.

Esse tipo de alimentação, se-gundo a professora Silvia Ortigoza, que realizou uma pesquisa sobre o novo hábito de consumo de fast--food e a mundialização do gosto, é um reflexo do capitalismo, mais comum nos meios urbanos, pelo fato de uma refeição assim acom-panhar o mesmo ritmo do mercado globalizado. “A partir de sua dis-

seminação, o fast-food impõe seu ritmo ao tempo e ao espaço dedi-cados à alimentação, que passam a entrar em sintonia com as novas exigências da sociedade”, afirmou em pesquisa pela Unicamp.

Contudo, segundo publicações do Conselho Regional de Nutri-cionistas da 8ª Região (CRN-8), esse tipo de alimentação pode de-sencadear a obesidade, que traz consigo cerca de 60 tipos de do-enças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes tipo dois. Entre-tanto, na concepção da comunica-dora Regina Meister, o consumo deste tipo de alimento nem sempre pode ser considerado prejudicial. “Acho que se for hábito é ruim, mas de vez em quando não tem problema”, defende Regina.

Já a nutricionista Bruna Maksym ressalta que uma dieta balanceada, com alimentos bem preparados e selecionados, com menos gordura, não serve apenas para quem quer emagrecer, mas para quem quer manter o peso adequado, o forta-lecimento muscular e o bom fun-cionamento dos órgãos, garantindo uma vida mais saudável.

sAúde

Kellen ribeiro

O peso do fast-foodna correria diária, o hábito de fazer uma refeição saudável tem ficado para trás

Benefícios de uma alimentação balanceadarafael Giuvanusi

Mesmo com a falta de tempo para elaborar uma boa dieta alimen-tar, profissionais das mais diversas áreas da saúde ressaltam a impor-tância de uma alimentação regrada, baseada em nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, de forma a evitar baixa imunidade e o desencadeamento de doenças crônicas, por vezes, sem cura. É o que afirma a nutricionista Bruna Maksym. Segundo ela, o organismo necessita de 13 vitaminas básicas para manter seu bom funcionamento, como as mais conhecidas A, C e B12. “Elas são essenciais, ou seja, devem ser consumidas diariamente em quantidades adequadas e recomendadas para o ser humano se manter saudável, mantendo assim a imunidade elevada e evitando uma série de doenças”. Bruna diz ainda que, com uma alimenta-ção equilibrada, é possível suprir todas as necessidades diárias de vitaminas que o corpo humano exige.

Porém, um prato não é feito só de vitaminas. Carboidratos, proteínas, fibras, lipídios e minerais também devem participar da refeição. E como saber se há realmente tudo isso no seu prato? A nutricionista explica que a regra é fácil e básica: “Uma forma fácil de montar uma refeição variada é montar o prato conforme as co-res dos alimentos. Quanto mais colorida a refeição, mais variedade de nutrientes há nela”, orienta.

Na contramão dessas orientações, o auxiliar de patrimônio Wes-lei Brochier conta que não se preocupa compor a refeição de forma consciente e equilibrada. “Simplesmente me sirvo com o que acho que vai me satisfazer”, comenta. Além disso, Brochier faz somente três refeições por dia, contrariando a recomendação do Ministério da Saúde de pelo menos cinco. “Não tomo café da manhã, almoço e como algum lanche à noite, na faculdade”, explica.

De acordo com os dez passos para uma boa alimentação do Minis-tério da Saúde, essa atitude não é saudável e pode ser danosa em mais de um aspecto, como reafirma a nutricionista: “Durante o período em que o indivíduo permanece no trabalho ou na escola, geralmente fica longos períodos sem se alimentar e acaba tendo carência de nutrientes por curto prazo de tempo. Isso pode acarretar cansaço, fadiga, insônia, irritabilidade, fraqueza e principalmente dificuldade na concentração, afetando o desempenho profissional ou escolar”.

Para que isso não aconteça, Bruna recomenda levar frutas, san-duíches naturais e barras de cereais para suprir as necessidades de nutrientes.Se mesmo assim ainda não há tempo disponível para toda essa organização alimentar, o jeito é partir para um senso co-mum. Tanto Brochier como o Ministério da Saúde e a nutricionista Bruna Maksym concordam em um aspecto: o mais tradicional pra-to brasileiro, arroz com feijão, bife e salada, é a melhor solução.

se for hábito é ruim, mas de vez em quando não tem problema.

regina meister, comunicadora

Foto:Claudia Bilobran

Foto: Kellen Ribeiro

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Número 18 – Abril de 201212 MARCO ZERO

O rapaz de cabelos castanhos desliga o computador de sua casa, onde trabalha

de forma autônoma como designer gráfico, e se põe a caminho do Cen-tro de Curitiba, destino oposto ao campus da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) em Pinhais, em que é aluno do curso de Cinema.

Há vários dias, Joel Schoen-rock não aparece nas aulas. Não se trata, porém, de desleixo ou falta de entusiasmo para os es-tudos, mas sim de um sonho em vias de se tornar realidade. Ele é um dos participantes das oficinas de cinema que acontecem à noite na Cinemateca de Curitiba. E o seu filme curtametragem “Açú-car” foi selecionado junto com outros cinco projetos de filmes, por edital, na categoria iniciante do Fundo Municipal para ser rea-lizado com a ajuda de uma verba destinada a eles pela Lei de In-centivo à Cultura do programa de mecenato da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

Por meio de uma mensagem de um amigo em uma rede so-cial, Schoenrock recebeu a notí-cia de que seu projeto havia sido um dos escolhidos. “Meu amigo me disse: você foi selecionado. Achei que ele estivesse pergun-tando e respondi que ainda não tinha visto o resultado, então ele reafirmou que eu havia sido sele-cionado. Na hora, saí gritando”, lembra Schoenrock.

Além de uma verba especial e assessoria, as oficinas gratuitas que abrangem áreas cinemato-gráficas como roteiro, direção, fotografia, entre outras, são uma etapa obrigatória na concepção dos projetos beneficiados como o do estudante de cinema. Para ministrá-las, a Cinemateca conta com cineastas e profissionais do audiovisual de renome nacional e internacional, como Joel Pizzini, Edvaldo Mocarzel e Alziro Barbo-sa entre outros. Junto com os au-tores dos projetos de filmes sele-

cionados pelo edital, há outras 20 pessoas que participam das aulas.

Não é de hoje que novos ta-lentos vêm sendo revelados e la-pidados dentro do espaço da Ci-nemateca. Já em 1984, graças a uma iniciativa conjunta com a As-sociação de Cineastas do Paraná, em parceria com a Embrafilmes, aconteceu em Curitiba o concur-so de projetos de curta-metragem. Esse concurso gerou filmes como “O Mundo perdido de Kozac”, de Fernando Severo, e “Respeitável Público”, desenho animado dos ir-mãos Wagner (Ingrid, Helmut Jr., Rosana e Elizabete).

Naquela época, as instalações da Cinemateca de Curitiba ainda

ficavam na rua São Francisco, no antigo museu Guido Viaro. Ape-nas em 1998 a sede na rua Carlos Cavalcante foi inaugurada.

Além das oficinas, do progra-ma de mecenagem, concursos e mostras, outras formas de incenti-vo não só aos estudantes de cine-ma, como aos demais apaixonados e interessados pela sétima arte, são o acervo cinematográfico de mais de mil títulos e uma biblioteca que, com seus livros, folhetos, cartazes e roteiros, convida o pesquisador a entrar no mundo do cinema e na história das produções nacionais, em especial as paranaenses.

Segundo a coordenadora da Ci-nematec, Solange Stecz, o públi-co que procura a instituição pode contar com a receptividade da equipe e a acessibilidade ao acervo e ao espaço. “Estamos disponíveis para atender todos os interessados na Cinemateca”, destaca.

No centro histórico da cidade, esse espaço cultural preserva e escreve a história do cinema para-naense, seja com jovens como Joel Schoenrock e seus colegas cineas-tas iniciantes ou entre os antigos projetores e câmeras a manivela pertencentes à exposição perma-nente do local.

Dessa forma, a paixão por contar e conhecer boas histórias por meio das telas do cinema po-derá sempre ser reinventada em Curitiba.

deborah Abrahão

cuLTurA

Luz, Câmera euma nova açãoOficinas na cinemateca de curitiba atraem jovens em busca de um sonho

“não é de hoje que novos talentos vem sendo revelados na cinemateca”

I Encontro Sesc

de Artes VisuaisNo ano em que se comemora os 90 anos da Semana de Arte

Moderna de 1922, o Sesc Paraná promove o I Encontro Sesc de Artes Visuais de Curitiba, que ocorrerá de 24 a 26 de abril, no Sesc da Esquina. De 02 de abril a 31 de maio, haverá exposições de di-versos artistas na Galeria de Artes do Sesc da Esquina, entre elas, obras do acervo familiar de Tarsila do Amaral.

Os ingressos são limitados e devem ser retirados no SAC do Sesc da Esquina.

Confira a programação do evento:24 de abril (terça-feira)19h - abertura20h - Mesa-redonda com Enock Sacramento, Orlando Azeve-

do e Haroldo Palo Jr. - “Arte, representação da natureza e consci-ência ecológica”

25 de abril (quarta-feira)10h - “Hibridações e contaminações na arte contemporânea”Palestra de Enock Sacramento15h - “Arte como doação; estética da doação” Palestra de Gianni Pozzi 16h30 - “Intervenções urbanas e residências artísticas”Bate-papo com a artista Regina Carmona20h - “Poéticas da Natureza”Mesa redonda com Katia Canton, Gianni Pozzi e Gaia Bindi26 de abril (quinta-feira)10h - “Vida e obra de Tarsila do Amaral; o movimento antro-

pofágico na obra da artista.”Palestra com Tarsilinha do Amaral16h - “Arte Pública”Palestra com João Spinelli20h - “O artista como jardineiro do mundo; O encontro entre

arte e ecologia, do panorama internacional da experiência do Par-que Arte Vivente de Turim.”

Palestra com Gaia Bindi.

MON recebe exposição de Sergio Camargo Com curadoria de Paulo Venâncio Filho, a mostra apresenta o

percurso de um dos mais premiados escul-tores brasileiros

Quarenta e seis obras, 26 delas tridi-mensionais, além de desenhos e estudos, compõem a exposição “Percurso escultóri-co”, de Sergio Camargo (1930-1990).

A mostra será inaugurada dia 12 de abril, a partir das 19 horas, com entra-da franca, no Museu Oscar Niemeyer (MON). A curadoria é de Paulo Venân-cio Filho.

Camargo foi um dos mais premiados escultores brasileiros. Nesta exposição, que segue até 29 de julho, será possível acompanhar parte significativa da trajetó-ria do artista. Na foto ao lado, escultura em homenagem a Brancusi.

“As mostras, oficinas e projetos estão aí para que o público possa conhecê-los”

cABe nO BOLsO

claudia Bilobran

Foto:Divulgação

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Número 18 – Abril de 2012 13MARCO ZERO

claudia Bilobran

Antônio Martendal é publici-tário e diretor administrati-vo da Associação de Vídeo

e Cinema do Paraná (Avec), tra-balha há vários anos com cinema e é tutor dos projetos vencedores do edital de curta metragem digital do Fundo Municipal de Cultura de 2012, chamado por ele de “Progra-ma de Mecenagem”.

Nesta entrevista ao Marco Zero, Martendal fala sobre temas como o programa de oficinas ofe-recido na Cinemateca, o surgimen-to de uma nova plateia de cinema nacional e a pirataria.

Como começou a sua história com o cinema?

Quem faz cinema no Brasil é meio louco, porque há um pouco de preconceito, além de um mer-cado ainda restrito. Eu fazia outras coisas, mas pensava sempre em ci-nema e, com certa idade, fui fazer publicidade para fazer cinema. En-tão, não parei mais, sempre fazen-do fotografia, produção, câmera, enfim, sempre nessa área.

Como funcionam as ofici-nas para os ganhadores do programa de mecenagem?

Esse programa vem dos editais do Fundo Municipal de Cultura da Fundação Cultural de Curitiba. É uma galera iniciante que se inscre-veu e teve seus projetos aprovados. Eles recebem as oficinas, e há uma verba inicial para eles, repassada mediante o certificado de partici-pação das oficinas. São oficinas de roteiro, direção, fotografia, enfim, são cinco áreas especificamente do cinema. Além das 20 horas de au-las, os aprovados também recebem uma consultoria com ministrantes de renome nacional e internacional e que estão na área de cinema há muitos anos.

Como é a procura para participar desse programa no qual estão os

cinco projetos ganhadores?Este é o segundo ano do Edital.

No primeiro, houve quase 400 ins-critos, e nesse ano o número che-gou a 500. É uma procura enorme, inclusive de interessados de São Paulo, Mato Grosso e Santa Cata-rina, pois esse programa de incen-tivo é exclusivo, só acontece aqui em Curitiba.

As oficinas são exclusivas para os ganhadores do Edital? Ou outras pessoas podem participar?

Algumas oficinas são abertas à comunidade. Como é um curso caro, não é legal que sejam apenas para os cinco projetos de filme ven-cedores do edital, mas para que ou-tras pessoas que estão despertando para o cinema também tenham essa oportunidade. Então, em cada ofici-na são abertas 20 vagas para pessoas da comunidade que são divulgadas no site da Fundação Cultural.

Qual o perfil das pessoas que fre-quentam as oficinas de cinema?

Quem faz é apaixonado por

cinema, e hoje esse processo de fazer um filme é caro, por isso a Fundação possui essas verbas, para que essa galera possa fazer cinema. Existem outras pessoas,

não iniciantes, que têm seus proje-tos ou que participaram de filmes. Essas oficinas são específicas para iniciantes, pessoas que nunca fize-ram um filme, ou produziram um caseiro, pois hoje, com a tecnolo-gia digital, todo mundo pode fazer um filme, mas cinema é cinema.Não posso falar que sou a favor da pirataria,mas tem que se baratear os produtos culturais com preços exagerados. Se o preço fosse mais baixo, não haveria tanta pirataria.

Esse programa teve uma primeira edição no ano passado. Como estão os frutos desse trabalho?

Os projetos do ano passado es-tão ficando prontos agora. Alguns já estão quase finalizados e em uma data determinada serão entre-gues para a Fundação Cultural de Curitiba. É um processo demorado, pois depois que o projeto é apro-vado pela Fundação leva mais um ano para que o filme fique pronto, já que existem vários detalhes a se-rem feitos. São necessários quase dois anos de trabalho para que um

curtametragem fique pronto, por exemplo. Um exemplo de projeto que ficou muito bom é “Julieta de Bicicleta”, um curta de animação do Marcos Flávio. Ficou um espe-táculo e é um filme para festivais internacionais.

Existe plateia para a produção desse novo cinema curitibano e para filmes considerados alternativos?

A sacada hoje são os filmes al-ternativos. Eu sempre falo: as pes-soas gostam de água com açúcar, mas por que não experimentar uns chás diferentes? Em Curitiba, tem plateia de todas as idades para esse tipo de filme. Por exemplo, teve uma mostra de filmes japoneses aqui na Cinemateca, com películas inéditas no Brasil e não lançadas em DVD, e as salas ficaram sem-pre lotadas de uma plateia mista.

Como você vê a essa nova geração de amantes do cinema no Brasil?

Hoje está se fazendo muito ci-nema no Brasil, é uma realidade. E o acesso à tecnologia digital é uma coisa maravilhosa. O mais interes-sante é que está se formando plateia para o cinema nacional, que antes não tinha. Uma ou duas gerações atrás foram domesticadas por fil-mes americanos, e nós fomos engo-lidos pelos holliwoodianos. Agora, o cinema nacional está cativando novamente a plateia para os filmes brasileiros que são muito bons.

O site Megaupload foi fechado e o dono foi preso. Como você vê o compartilhamento de arquivos e a facilidade de acesso aos filmes proporcionada pela internet?

Eu acho que fotografia, música e cinema você tem que mostrar. Produziu, tem que mostrar! Não tem que guardar a sete chaves. O problema são as grandes indústrias que querem segurar os filmes. As salas distribuidoras de cinemas em shoppings estão na mão de dois ou três. O acesso aos filmes pela in-ternet é uma coisa muito boa por-que rompe todas as barreiras.

deborah Abrahão

enTrevisTA

Em Curitiba, o cinemaé verde e amareloAntônio martendal fala sobre a popularização do cinema nacional na capital paranaense

Antônio martendal na cinemateca de curitiba.

As salas distribuidoras de cinema estão nas na mão de dois ou três

Fotografia, música e cinema você tem que mostrar

Fomos engolidos pelos hollywoodanos

Foto:Deborah Abrahão

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Número 18 – Abril de 201214 MARCO ZERO

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A casa conhecida como Toca de Assis é uma fraternidade católica, fundada em maio

de 1994 pelo padre Roberto José Lettieri em Campinas-SP, que se expandiu para diversos estados do Brasil. Os irmãos franciscanos que atuam na entidade seguem o exem-plo de São Francisco de Assis, ou seja, o desapego de bens materiais e a devoção de sua vida em prol dos menos favorecidos.

Em Curitiba, a casa existe há seis anos, podendo abrigar 20 mo-radores necessitados, além dos dez irmãos franciscanos que ali vivem e trabalham. O abrigo fun-ciona com o objetivo de recolher moradores de rua e ajudá-los a se reinserirem na sociedade. Junto com membros da Pastoral de Rua, os irmãos saem à noite, conversam com os moradores de rua e lhes dão comida.

Após o primeiro contato, o morador de rua precisa passar Fundação de Ação Social (FAS) para receber uma declaração que o indica como apto a ser abrigado pelo Instituto Toca de Assis. Lá, a assistente social da instituição faz uma entrevista com o morador, para detectar se ele se enquadra

no perfil e pode ser abrigado.Uma vez residindo na Toca

de Assis, ele tem um prazo de seis meses para se recuperar, ar-ranjar um emprego e retornar à sociedade. Esse período é como um contrato, sempre podendo ser renovado se o morador em necessidade encontre dificulda-des para se reerguer. A casa abri-ga moradores de rua de 40 a 60 anos e apenas dessa faixa etária, pois não conta com estrutura para cuidar de pessoas mais jo-vens, e as que estão acima de 60 anos vão para a Casa dos Idosos, que também abriga pessoas de-ficientes.

Para entrar, a pessoa tem que estar em abstinência, ou seja, não ter usado de nenhum tipo de substância química que altere seu estado psicológico. Apenas homens podem ser abrigados, pois a organização se divide em dois ramos: filhos da pobre-za e filhas da pobreza, com 53 casas no total. Em Curitiba, foi fechado o ramo feminino, mas a Toca de Assis aceita doações de roupas, tanto masculina quan-to feminina, pois quando algum morador de rua do sexo feminino procura o abrigo, recebe roupas e mantimentos.

Em Curitiba, apenas no portão da Toca, estima-se que sejam feitos dia-riamente de 200 a 250 atendimentos

de pessoas que procuram a casa.Para os franciscanos da Toca

de Assis, ajudar o próximo é uma missão que lhes faz bem. “Quan-do vamos até eles, na verdade, a gente sai satisfeito. Saímos com mais prazer nesse encontro, pois nós aprendemos com eles”, rela-ta o irmão Lucas Biaccini de 22 anos. E continua: “Hoje vivemos em uma sociedade muito orgulho-sa e soberba que só pensa em si, nas questões materiais, e que tenta evoluir com a tecnologia. E assim se esquece das pessoas e de olhar para seu semelhante.”

sérgio melo

A vida em função do próximoA instituição de caridade Toca de Assis atende até 250 pessoas por dia

irmão lucas: “Quando vamos até eles, na verdade, saímos bastante satisfeitos”

sOLidAriedAde

Ajuda sempre bem vinda

A instituição se mantém ape-nas com doações de mantimentos, roupas ou dinheiro, mas também existe outra forma de colaborar. Os moradores passam seu tempo em um pátio da casa, onde voluntários vão lá conversar com eles, passar um tempo ou ensinar alguma ati-vidade, como pintura, música e artesanato, ou realizando terapia ocupacional. E assim eles se dis-traem e se enriquecem cultural e espiritualmente.

Lucas Biaccini revela que, às vezes, só a presença de alguém na casa, ou seja, a doação de si mes-mo, pelo carinho, já é importante para os moradores que são muito carentes de afeto. “Às vezes, eles tiveram alguma dificuldade ma-trimonial ou familiar com o pai e saem de casa e acabam parando na rua. Só vir aqui conversar e dar atenção ou um sorriso já ajuda, preenche mais o vazio do que a co-mida”, comenta.

As pessoas interessadas em co-nhecer mais sobre o trabalho podem ligar para o número 3078-3427.

“Hoje vivemos em uma sociedade muito orgulhosa e soberba que só pensa em si, esquecendo de olhar para seu semelhante.”irmão Lucas

Foto: sergio melo

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Número 18 – Abril de 2012 15MARCO ZERO

Filosofia sempre foi vista pelos leigos como um assunto chato e desinteressante. Mas o pro-

grama apresentado pela TV Cul-tura, com uma abordagem menos didática e cujos temas são tratados quase como uma conversa, vem atraindo um contingente variado de pessoas. “Café filosófico” (do-mingo, 22h) apresenta uma atraen-te visão do mundo contemporâneo embasada por teorias que vão de grandes pensadores da filosofia a teorias sociológicas.

O programa que chegou à TV surgiu inicialmente pela CPFL cultura, projeto sustentado pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). O auditório, onde ocorrem às exposições de idéias, remete a um centro de discussão. A platéia fica próxima dos con-vidados. Não existe palco, o que passa a sensação de uma grande roda de conversa. E é o que a--contece. Uma temática central é proposta para conduzir a con-versa, que vai sendo construída com reflexões contemporâneas. Certamente é esse o segredo do “Café filosófico”.

Não existem didatismos que, via de regra, não funcionam mais. O atrativo, antes de qualquer coi-sa, está na escolha dos assuntos. Em sua grande maioria, sobre o que nos afeta diretamente. Na-quele espaço já foram discutidos o perfil das famílias contemporâ-neas, os modismos masculinos, a criança de hoje, a morte vista como tabu, entre tantos outros as-suntos. Para a transmissão na TV, o uso de explicações sobre pensa-dores e exemplos práticos extraí-dos de filmes, ou mesmo releitu-ras de algumas obras, não deixa o programa saturado, pelo contrário, a edição é eficiente, e o vai-e-vem entre exemplos mais simples e as exposições dos convidados encor-pa os pensamentos. Além disso, o

programa nunca é encerrado com uma conclusão, e sim com um pensamento lançado para uma re-flexão contínua.

Filosofia na TV aberta não é algo novo. Em 2006, o “Fantás-tico” tentou investir na área uti-lizando esquetes. O problema era a abordagem: teorias jogadas no escuro e explicações esdrúxulas não atraíram o público, e o que aparentava ser uma aposta logo foi para a gaveta.

A explicação para o êxito do “Café filosófico”, certamente, é uma demanda silenciosa de pes-soas que vêm se interessando por assuntos que até pouco tempo eram tidos como “coisa de elite”. O crescimento acadêmico e as constantes qualificações no qua--dro profissional também podem explicar o interesse.

Evidentemente, um atrativo que faz chamar um contingente para assistir é o peso dos convi-dados. Pensadores pop frequen-temente estão por lá, como Flá-vio Gikovate, Xico Sá e Viviane Mosé. Eles usam e abusam de pensamentos filosóficos encade-ados por reflexões referenciadas.

Usam exemplos que estão perto de qualquer um e sempre abrem espaço para o livre pensamento. Louvável também é o espaço a--berto para perguntas e até mes-mo o compartilhamento de inda-gações pessoais de quem está na platéia. A liberdade é tamanha que não existe a formulação de perguntas ou argumentos escritos, pois eles são expostos oralmente, por quem quiser que esteja assis-tido ao debate.

Bem sucedida nos programas infantis, a TV Cultura e a CPFL agora está acertando também nos seus produtos para um novo perfil de público interessado em assun-tos que não eram frequentes na TV.

Alysson dolenga

cuLTurAUm papo enriquecedorcafé Filosófico acerta o tom ao tratar de filosofia de maneira descomplicada e convidativa

Filosofia na Tv aberta não é algo novo.

Livros também podem voarEis o universo acadêmico.

Desenvolvimento de ideias, avaliação de conceitos e repo-sicionamento de opiniões. E o que há de melhor que os livros para dar uma mão nesse pro-cesso?

Inspirado em Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz, o vencedor do Oscar 2012 como melhor curta-metragem, The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore (Os Fan-tásticos Livros Voadores do Sr. Morris Lessmore), dirigido por Willian Joyce e Brandon Oldenburg, está totalmente disponível no YouTube. Dedicado aos amantes da literatura e admiradores do codex, o curta é uma forma de pensar o quanto algumas páginas podem ser significativas na vida do homem. Vale a pena conferir! http://goo.gl/Dltgw.

O som que as palavras têmJá que falamos de livros, que

tal ouvir literatura? Isso mes-mo, ouvir. No site Cronópios, é possível ouvir podcasts literá-rios, uma ótima dica para quem quer apenas escutar a melodia que as palavras formam mes-mo sem utilizar notas musicais. No site, enquanto os textos são interpretados, estimula-se a imaginação, e as cenas passam ante os nossos olhos confor-me as palavras nos são dadas. Acesse: http://goo.gl/I3OP7.

Plantio digital, porém real!O que você pensaria se al-

guém o convidasse para plan-tar uma árvore pelo Facebook? Isso mesmo, uma árvore! Cal-ma! Não é um convite para um dos milhares de aplicativos de jo-gos que você recebe diariamente e nem uma frase qualquer com sentido dúbio. Trata-se da cam-panha online 1h100Pc Se liga! Desliga.

A movimentação tem dois objetivos: proporcionar o plantio de uma árvore a quem não tem tempo, habilidade ou disposição para fazer isso, mas que tem vontade de ajudar o meio ambiente. O outro, es-timular as pessoas a saírem da frente do computador por pelo menos uma hora para praticar atividades que não despendam de energia elétrica. Para participar, basta curtir a página da campanha no Facebook e ajudar a divulgar a ideia. Confira: http://goo.gl/TQ62Sgl/I3OP7.

rafael Giuvanusi

nA WeBconheça também um dos vídeos mais acessados do momento na seção “Tá na Web” da revista digital entreverbos. Acesse: www.entreverbos.com.br

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Número 18 – Abril de 201216 MARCO ZERO

Oficialmente responsável pelo nascimento da cida-de de Curitiba, a Praça Ti-

radentes antes chamada de Largo da Matriz e Largo Dom Pedro II, recebeu este nome em 1889 para homenagear a história de Joaquim José da Silva Xavier, o então Tira-dentes em função de sua dedicação à profissão de dentista. Ele liderou o movimento da Inconfidência Mineira que pretendia transformar o Brasil numa república indepen-dente de Portugal. As várias está-tuas instaladas na praça referem-se a força histórica que ela represen-ta.

maria Luiza OkoinskiTexto e fotos

ensAiO FOTOGrÁFicO

Uma justa homenagemA força histórica de um símbolo que dá nome à Praça Tiradentes

nA WeBveja também ensaio fotográfico sobre “Zumbis no carnaval curitibano” na revista digital entreverbos :www.entreverbos.com.br