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JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Corumbá-MS 2014

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JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO

CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá-MS

2014

2

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO

CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

Corumbá-MS

Julho-2014

3

JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO

CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada como requisito parcial

para conclusão do Curso de Educação Física para

obtenção do Título de Licenciado em Educação

Física.

Orientadora: Profª. Me. Hellen Jaqueline

Marques

Corumbá-MS

2014

4

5

Dedico esse trabalho aos meus pais e

familiares. Essa grande realização, tanto

pessoal quanto profissional só foi adiante

devido ao apoio incondicional deles.

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela sua imensa força que

me fez acreditar e seguir adiante em minha jornada

acadêmica.

Aos meus pais novamente, pelo apoio dado durante todos

esses tempos, a minha vida toda sempre serei grato a eles.

Aos professores que me acompanharam durantes esses

quatro anos e me fizeram acreditar que é possível chegar e

alcançar o grande objetivo de estar concluindo mais uma

etapa da minha vida.

Aos meus amigos tanto dentro quanto fora da

universidade, grandes companheiros que nunca

desacreditaram de seus sonhos e cumprem assim como eu

mais uma etapa de nossas vidas.

7

RESUMO

A Ginástica Para Todos é uma modalidade bastante abrangente e está

fundamentada nas ações gímnicas e devem ser presentes, porém, integrando vários tipos

de manifestações e elementos da cultura corporal, tais como danças, expressões

folclóricas, jogos, dentre outras, expresso através de atividades livres e criativas. Esta

pesquisa tem como tema central o ensino da “Ginástica para todos” nas aulas de

Educação Física escolar. A importância da Ginástica em seu aspecto escolar está em

auxiliar os alunos a explorar mais sua autonomia, criatividade e, através dos

movimentos corporais, favorecer o processo de assimilação e construção de

conhecimentos. Neste sentido, a “Ginástica Para Todos” enquanto um processo

educacional, não consiste somente em adquirir habilidades, mas sim, contribuir para a

formação integral dos alunos.

Palavras- chave: Ginástica Para Todos, Cultura corporal, Processo educacional.

8

Abstract

The GPT is a very comprehensive manner and is based on gymnastic actions and must

be present, however, integrating various types of events and elements of body culture,

such as dances, folk expressions, games, among others, expressed through free and

creative activities . This research is focused on the teaching of "Gymnastics for All" in

school physical education classes. The importance of Gymnastics on your school aspect

is to help students explore more autonomy, creativity, and through body movements,

favoring the process of assimilation and construction of knowledge. In this sense, the

"Gymnastics for All" as an educational process, is not only to acquire skills, but rather

to contribute to the integral formation of the students.

Keywords: Gymnastics for All, Body Culture, educational process.

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10

2. INTRODUZINDO A GINÁSTICA ..................................................................................... 13

2.1. Histórico da Ginástica .................................................................................................... 13

2.2. Apresentando a “GPT” ................................................................................................. 17

2.3. A GPT enquanto conteúdo na educação Física Escolar ............................................. 21

2.4 O Papel do Educador no Processo de Ensino Aprendizagem .................................... 23

3. POSSIBILIDADES DA GPT NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................. 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 30

10

CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

1. INTRODUÇÃO

As práticas da cultura corporal são contextos favoráveis de aprendizagem, pois

permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do

aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem,

simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e prazer funcional e a

oportunidade de ter diferentes problemas a resolver (RAMOS, 2007).

A escolha por desenvolver esta pesquisa, se deve pela minha vivência a princípio

no projeto de extensão “da lona do circo aos muros da escola”, um projeto de ginástica

circense da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no Campus do

Pantanal (CPAN), no Município de Corumbá-MS, e, por conseguinte, com o conteúdo

“Ginástica ‘I’ e ‘II’” enquanto acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física,

na mesma Universidade e Município. No período em que vivenciei, pude verificar o

quão são grandiosos os conteúdos e as modalidades que abrangem a Ginástica como um

todo. Dentre as modalidades existentes, escolhemos abordar a “Ginástica Para Todos”

(ou simplesmente “GPT”), pois é uma modalidade que por sua vez remete em incluir de

forma geral, todas as outras existentes na Ginástica.

Através da Ginástica segundo Ramos (2007), os alunos podem se expressar

corporalmente, experimentar, possibilitando a socialização e respeito entre as pessoas.

Segundo a autora, a “Ginástica Para Todos” proporciona muito mais que habilidade

motora básica, permite momentos de lazer, elimina o estresse do cotidiano escolar,

aumenta a autoestima, promove oportunidade para que os alunos identifiquem

problemas, sejam criativos, além de contextualizar o movimentar-se, auxiliando aos

alunos a obterem hábitos saudáveis, explorando mais sua autonomia, criatividade e,

através dos movimentos corporais, favorecer o processo de assimilação e construção de

conhecimentos, contribuindo assim, para a formação integral dos alunos.

Com base nestas considerações as perguntas elaboradas para a presente pesquisa

foram: Quais as contribuições da GPT na Educação Física Escolar? Qual deve ser a

contribuição do Professor para que os alunos tenham uma melhor assimilação do

conteúdo como a “Ginástica Para Todos” (GPT)?

11

Através deste discurso inicial venho expor o meu objetivo que tem o intuito de

analisar quais as contribuições da “Ginástica Para Todos” (GPT) na Educação Física

Escolar e examinar através de um levantamento bibliográfico, o papel do professor na

contribuição do processo de ensino-aprendizagem da GPT como conteúdo escolar.

Vale ressaltar que a terminologia da “Ginástica Geral” (GG), não é mais

utilizada pela Confederação Brasileira de Ginástica, assim afirmam Fernandes e

Ehrenberg (2012), onde a entidade brasileira passou a utilizar em seu lugar, a “Ginástica

Para Todos” (GPT), denominada assim desde 2007.

Entretanto, nossa intenção é mostrar que a GPT pode ser transmitida como um

conteúdo Escolar, pois, é uma modalidade não competitiva voltada ao lazer e à

educação, se incluso no espaço escolar pode ser aproveitado de uma forma que os

alunos sintam o prazer em melhor assimilar essa modalidade gímnica na Educação

Física Escolar.

Segundo Paoliello

Levando em consideração essas características da Ginástica Geral,

podemos afirmar que ela traz consigo a possibilidade de abordarmos a

Ginástica numa perspectiva lúdica, criativa e participativa. Porém, é

imprescindível apoiarmo-nos em princípios teórico-metodológicos os

quais ofereçam caminhos nessa direção (2008, p.47).

Segundo Souza (1997), a GPT deve ter o objetivo de possibilitar o aumento da

interação social por meio de trabalho coletivo, para o qual os alunos contribuem com

suas experiências e habilidades construídas historicamente.

Entendemos que muitas vezes as aulas não podem ser dadas por falta de espaços

e materiais, sendo assim, o professor deve de alguma forma adaptar sua aula ao que tem

disponível para que o conteúdo seja desenvolvido.

Contudo, o aluno deve explorar seus conhecimentos e de ter um diálogo aberto

sobre assuntos que em sala são de suma importância para o seu aprendizado, e assim,

como afirmam Oliveira, Mortola e Graeff (2012), “oferecendo oportunidades de os

alunos pensarem e problematizarem as mais diversas questões levantadas pelo

professor, instigando-os a pensar na sociedade de hoje, assim como na questão de

acesso desta modalidade nas mais diferentes classes sociais” (p. 262).

A ginástica enquanto cultura corporal não deve ser em nenhum momento

restringido aos alunos por se tratar de um conteúdo, que visa não apenas explorar o

corpo do aluno, mas também visa abrir um leque de conhecimentos histórico e

12

socioculturais a respeito do conteúdo. Dessa forma, as aulas se tornam mais prazerosas

e significativas para os alunos, que por sinal, devem obter o máximo de assimilação do

que é proposto a eles.

Metodologicamente, realizaremos neste trabalho pesquisa Bibliográfica de

caráter Qualitativo. A pesquisa bibliográfica será desenvolvida e terá base a partir de

autores que abordem conteúdos relacionados ao tema em questão.

Segundo concepções de Moresi

A pesquisa qualitativa é particularmente útil como uma ferramenta

para determinar o que é importante para os clientes e porque é

importante. Esse tipo de pesquisa fornece um processo a partir do qual

questões – chave são identificadas e formuladas, descobrindo o que

importa para os clientes e porquê (2003, p. 69).

Segundo Oliveira (2007), a pesquisa bibliográfica é uma modalidade de estudo e

análise dos documentos de domínio científico tais como livros enciclopédias,

periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos. Santos (apud OLIVEIRA,

2007), diz que “a pesquisa bibliográfica é imprescindível para realização de estudos

históricos” (p. 69).

Contudo, Oliveira (2007) ressalta

A principal finalidade da pesquisa bibliográfica é levar o pesquisador

(a) a entrar em contato direto com obras, artigos ou documentos que

tratem do tema escolhido. O mais importante para quem faz opção por

uma pesquisa bibliográfica é ter a certeza de que as fontes a serem

pesquisadas já são reconhecidas de domínio científico (p. 69).

Para o desenvolvimento desta pesquisa dividimos o trabalho em três seções (de

modo que a Seção I já se deu início com a introdução deste trabalho), sendo que na

seção II discutiremos os principais momentos históricos, até o momento atual, e em

seguida, apresentando de acordo com pensamentos de diversos autores referentes, a

concepção de Ginástica Para Todos e demais conceitos de acordo com a linha pensadora

de cada, com a intenção de expor as análises obtidas de acordo com cada concepção e

pensamento. Debateremos através de ideias, sobre a GPT como uma forma de conteúdo

para Educação Física Escolar, assim como o papel do professor no processo de ensino

aprendizagem, e Finalmente na ultima seção, apresentamos as possibilidades de se

trabalhar a GPT na Educação Física, baseando-se na linha de pensamentos dos devidos

autores.

13

2. INTRODUZINDO A GINÁSTICA

As seções seguintes irão tratar primeiramente do contexto histórico da ginástica,

desde as principais histórias Gímnicas da Europa ao Brasil, com os principais fatos

históricos da mesma. E em seguida, contará com os fatos da Ginástica Para Todos, onde

temos uma seção, tratando de apresentá-la para os leitores, que irão acompanhar

abordagens de autores a respeito o tema, tratando também em outras seções a respeito

da GPT como conteúdo para a Educação Física escolar e, enfim, do papel do Educador

nas escolas.

2.1. Histórico da Ginástica

Para tratarmos a respeito da Ginástica Para Todos, precisamos de antemão

buscar compreender o principal momento histórico, e suas respectivas modalidades para

então seguirmos com a nossa proposta neste trabalho.

Soares (2005) trabalha com a análise e compreensão do processo de

desenvolvimento de uma enorme gama de práticas corporais, identificada como

Ginástica durante o século XIX na Europa. Para focalizá-la, tomou-se como referência a

ginástica francesa e, particularmente, a obra de dois fundadores: Francisco Amoros e

Georges Demeny.

Desta forma, Soares (2005) aponta que quando “os círculos científicos se

debruçaram sobre o seu conteúdo, desejavam então aprisionar todas as

formas/linguagens das práticas corporais sob uma única denominação” (p.20), que seria

a Ginástica.

O século XIX europeu foi marcado pela imensa crença na ciência.

Logo, objetividade e neutralidade foram valores que se espalharam

pela sociedade e que conquistaram a confiança da população.

Imersos nesse quadro, foram aprimorados cientificamente métodos

de disciplina corporal e de trabalho com o corpo, cujos objetivos

eram fortalecer, embelezar, corrigir e tornar saudáveis os corpos da

população europeia. Para tanto, foram desenvolvidos tipos de

exercícios específicos para cada parte do corpo, método ainda

bastante utilizado hoje em academias de musculação

(RONDINELLI, 2014).1

1

RONDINELLI, Paula. Movimento Ginástico Europeu. Disponível no site:

http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/movimento-ginastico-europeu.htm; Acesso em: 8 de

Junho de 2014.

14

Disto surgiu o Movimento Ginástico Europeu, um primeiro esboço deste esforço

e lugar de onde partiam as teorias da hoje denominada Educação Física no Ocidente. A

Ginástica passaria a ser apresentada como produto acabado e comprovadamente

científico. Como o circo, nas duas últimas décadas do século XIX, surgia como

a “encarnação do espetáculo moderno e seu sucesso era inegável nas diferentes classes

sociais” (SOARES, 2005, p.23), e os seus artistas desenvolviam toda a sorte de práticas

corporais, um movimento bastante significativo dos precursores da Educação Física vai

tentar estabelecer, de modo sistemático, a “negação de elementos cênicos,

funambulescos, acrobáticos” (SOARES, 2005, p.25), em suas práticas e ensinamentos.

A grande finalidade do Movimento Ginástico Europeu era a melhora

da saúde da sociedade. Em um momento marcado pelos problemas

sociais que resultaram da Revolução Industrial, associado à

necessidade de fortalecer o trabalhador para aguentar a alta carga de

suas tarefas, o movimento fez com que se formassem grupos locais

para a prática da ginástica (RONDINELLI, 2014).2

Ainda segundo relatos de Hayhurst (1983)

Em 1.811, um maestro de escola de Berlim, Ludwing Jahn (1.778 -

1.852), fundou uma escola de ginástica ao ar livre, criando aparelhos

para usar na escola. Grande parte do atual equipamento competitivo

evoluiu a partir de seus desenhos. Devido a sua imensa contribuição

ao desporto, Jahn é lembrado como Turnvater Jahn, “Pai da Ginástica”

[...] Na mesma época, na Suíça, Pehr Henrik Ling (1.776 - 1.838)

introduziu um tipo diferente de ginástica. Seu sistema, baseado no

exercício coletivo, aspirava a desenvolver um ritmo perfeito do

movimento. Os métodos de Ling foram adotados também para o

treinamento militar. Os dois estilos, desenvolvimento muscular com o

uso de aparelhos e movimento rítmico, competiram em popularidade.

Nasceram Clubes de Ginástica Internacionais (p. 10).

A Ginástica possui os seguintes fundamentos: saltar, equilibrar, rolar/girar,

trepar e balançar/embalar. “Por serem atividades que traduzem significados de ações

historicamente desenvolvidas e culturalmente elaboradas, devem estar presentes em

todos os ciclos em níveis crescentes de complexidade” (SOARES et al., 1992).

No Brasil, a Ginástica fora introduzida na primeira metade do século XX, tendo

como pioneiro, o Rio Grande do Sul sendo respectivamente também a sede,

2 RONDINELLI, Paula. Movimento Ginástico Europeu. Disponível no site:

http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/movimento-ginastico-europeu.htm; Acesso em: 8 de

Junho de 2014.

15

oficializando em 1951 a ginástica olímpica, com as Federações do Rio Grande do Sul,

Rio de Janeiro e São Paulo. Neste mesmo período foram também consolidadas grandes

mudanças, como a filiação da juntamente com a confederação Brasileira de Desportos,

realizando consequentemente o primeiro Campeonato Brasileiro em São Paulo, e ainda,

a filiação do Brasil à Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Mais tarde, o desporto recebeu outras personalidades, que aceleraram o

desenvolvimento: a professora IIona Peuker, uma húngara, responsável pela introdução

e propagação da ginástica moderna, a denominada ginástica rítmica; e o professor

Enrique Wilson Libertário Rapesta, nascido na Argentina, considerado o maior

incentivador da ginástica artística no Brasil. Entre 1951 e 1978, passaram-se 27 anos.

No dia 25 de novembro de 1978, foi criada a Confederação Brasileira de Ginástica, com

o Dr. Siegfried Fischer, como primeiro presidente (CBG, 2014).

Durante os mais de vinte anos de existência da entidade, estiveram sobre o

comando (CBG, 2014):

1979/1984 - Siegfried Fischer

1985/1987 - Fernando Augusto Brochado

1988/1990 - Mário César Cheberle Pardini

1991/2008 - Vicélia Ângela Florenzano

2009/Atual - Maria Luciene Cacho Resende

A FIG é a federação “[...] com maior poder e influência na ginástica mundial”

(Souza, apud, Ayoub, 2003, p. 40). A sua origem foi em 1881, com a denominação de

Federação Européia de Ginástica, após a filiação dos EUA em 1921, passou a ser

denominada de FIG. A frente da presidência o belga Nicolas J. Cuperus, “demonstrava

mais interesse pelos festivais de ginástica do que pelas competições” (AYOUB, 2003,

p.44).

Os métodos Ginásticos no Brasil teve uma influência, sobretudo na constituição

da Educação Física, onde possuíam características semelhantes aos Europeus, como a

promoção da saúde, desenvolvimento tanto moral e social, força de vontade e energia

para viver, ou seja, de servir à pátria. A Ginástica é introduzida na Educação Física no

século XIX, onde o eugenismo e o higienismo predominavam na Educação.

Com o tempo, evoluções foram ocorrendo na Educação, onde Ginástica teve um

grande avanço, sendo esportivizado não apenas no Brasil, como também nos demais

países da Europa onde se obtiveram os primeiros contatos com esse desporto, países

como a França, a Alemanha, e Suécia. Na Inglaterra houve mais ostentação no

16

desenvolvimento da Ginastica, devido a grande transformação produtora tanto

econômica quanto social para a classe burguesa. Logo depois, a ginástica se torna um

esporte de rendimento, onde somente minorias (burgueses) tinham acesso, tornando

assim um esporte elitizado, sendo excluído das escolas.

Segundo a CBG (2014), o crescimento da ginástica se concretizava a cada ano,

com um incansável e determinado trabalho realizado entre 1951 a 1978. Foram

inúmeros feitos, conquistas, que levaram a centenas de pessoas envolvidas a acreditar e

deflagrar um novo e arrojado caminho. Criar uma entidade especializada, definir uma

identidade independente, agregando-a a tão grandiosos louros do passado, para um

futuro promissor.

Com relação a FIG- Fédération Internationale de Gymnastique (2014) a

ginástica divise-se em sete modalidades: A Ginástica Artística feminina, a Ginástica

Artística masculina, a Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica Esportiva, Ginástica

Acrobática, Trampolim e o enfoque do nosso trabalho, Ginástica para Todos (GPT). A

única modalidade gímnica não competitiva é a Ginástica para Todos. A FIG torna como

seu centro as modalidades voltadas para a competição e não para demonstração, como é

o caso da modalidade em questão.

Para Soares et al. (1992)

Sua prática é necessária na medida em que a tradição histórica do

mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para

os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com

as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos

alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas (p.54).

Segundo dados adquiridos através da Confederação Brasileira de Ginástica

(2011)

A “Ginástica Para todos" é uma modalidade bastante abrangente que,

fundamentada nas atividades ginásticas, valendo-se de vários tipos de

manifestações, tais como danças, expressões folclóricas e jogos,

expressos através de atividades livres e criativas, objetiva promover o

lazer saudável, proporcionando bem estar físico, psíquico e social aos

praticantes, favorecendo a performance coletiva, respeitando as

individualidades, em busca da auto superação pessoal, sem qualquer

tipo de limitação para a sua prática, seja quanto às possibilidades de

execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à utilização de elementos

materiais, musicais e coreográficos, havendo a preocupação de

apresentar neste contexto, aspectos da cultura nacional, sempre sem

fins competitivos."

17

Em consideração aos dados expostos, a GPT vem se consolidando cada vez mais

com o passar dos anos, em virtude disso, iremos apresentar em seguida, a respeito dessa

modalidade gímnica que deve estar presente tanto no cotidiano quanto no ensino de

cada indivíduo que a vivencia.

2.2. Apresentando a GPT

Na Ginástica para Todos, mais do que o desempenho do atleta e/ou do aluno, o

que vale é a diversão e o prazer adquirido pela modalidade, resgatando através dela,

brincadeiras de infância. A GPT favorece aos alunos a vivência de variadas atividades

relacionadas à Ginástica, proporcionando-as o melhor convívio entre os demais e o

aprendizado.

Historicamente, segundo Ayoub (2003), a origem desta modalidade não

competitiva tem por significado a junção de todas as modalidades que resultam em um

conjunto de exercícios que visam os benefícios da prática constante.

Paoliello (2008) salienta que “a Ginástica Geral é um elemento da cultura corporal de

movimento, podendo participar do processo de formação de indivíduos críticos, assumindo sua

função educacional” (p. 21).

No entanto, Santos (2009) ressalta que

A Ginástica Para Todos é um campo bastante abrangente da Ginástica,

valendo-se de vários tipos de manifestações, tais como danças,

expressões folclóricas e jogos, apresentados através de atividades

livres e criativas, sempre fundamentadas em atividades ginásticas [...]

(p. 28).

A GPT é uma modalidade reconhecida oficialmente pela Federação

Internacional de Ginástica (FIG), com regulamentos técnicos próprios, e seus objetivos

e funções incluídos juntamente aos praticantes de todos os países.

Em 1984, a FIG oficializou o “Comité Técnico de Ginástica Geral”, o único

destinado à prática não competitiva, extinguindo assim, a “Comissão Especializada em

Gymnaestrada e Ginástica Geral” (SANTOS, 2009, p. 27).

A Gymnaestrada Mundial é o maior evento oficial da modalidade. Acontece a

cada quatro anos e reúne mais atletas do que as olimpíadas.

18

Segundo Santos (2009) “a Gymnaestrada Mundial é o evento oficial da FIG, que

engloba demonstrações oferecendo também momentos onde os países participantes trocam

informações sobre os trabalhos desenvolvidos nesta modalidade” (p. 137).

Santos (2009) ressalta que esse evento não é a GPT em si, e sim um evento que

envolve atletas e/ou praticantes dessa modalidade de vários países, juntando todos para

apresentações onde cada país nos mostra características regionais dos seus respectivos

lugares.

Segundo a Fedération Française Gymnastique (Federação Francesa de Ginástica-

FFGYM, 2006), a ideia de um festival de ginástica internacional foi realizado pela

primeira vez em 1939. Doze países participaram da primeira Lingíadas e 14 países com

110 grupos no segundo. Lingíadas estes foram organizados pela Federação Sueca de

Ginástica. Na Assembléia Geral em 1949 FIG JHF Sommer Holanda propôs a

organização de um festival de ginástica internacional sob a responsabilidade da FIG. Na

Assembléia Geral em 1950, um Festival Internacional de Ginástica “sob o nome de

Gymnaestrada foi adotado no programa oficial eventos”. Gymnaestrada foi realizado

pela primeira vez em 1953, em Roterdã.3

Santos (2009) acrescenta que em meados do século XIX a Gymnaestrada surge,

a partir de realizações de festivais de Ginástica, com fundamentos nos principais

movimentos gímnicos europeus, que ocorreu na Áustria, Alemanha Noruega e Suíça.

Pela Europa e Ásia ocorreram várias apresentações de Ginástica (todavia que hoje em

dia, pode ser observado a não perda dessas manifestações), que acontecem em datas

comemorativas, eventos desportivos e, nos demais festivais de Ginástica que ali

sobrevive.

A primeira Gymnaestrada surge no ano de 1953 na Holanda, sendo as seguintes

realizadas na Iugoslávia em 1957, na Alemanha em 1961, Áustria em 1965, Suíça em

1969, Alemanha em 1975, Suíça em 1982, Dinamarca em 1987, Holanda em 1991,

Alemanha novamente em 1995, Suéçia em 1999, Portugal em 2003 (SANTOS, 2009).

O Mundial Gymnaestrada se esforça para se espalhar pelo mundo as virtudes e

diversidades da Ginástica Geral, despertar a alegria do movimento e esporte. Ginástica

Geral traz ginastas de todas as esferas da vida para contribuir com a harmonia entre os

3 Disponível no site:

http://www.ffgym.com/ffgym/decouvrir_les_gymnastiques/gymnastique_pour_tous/les_grands_eve

nements/la_gymnaestrada_mondiale; Acesso em: 8 de Junho de 2014.

19

povos, bem-estar, saúde e solidariedade entre todos (FEDÉRATION FRANÇAISE

GYMNASTIQUE, 2014).

Para Ayoub (2003), a GPT é totalmente integrada às manifestações da cultura,

nela, o corpo se move por meio da arte.

A GPT denominada anteriormente de Ginástica Geral, detém de uma

particularidade distinta que a diferencia das outras modalidades gímnicas. Segundo a

Confederação Brasileira de Ginástica:

Essa é uma modalidade bastante abrangente que, fundamentada nas

atividades ginásticas como (Gin. Artística, Gin. Rítmica, Gin.

Acrobática, Gin. Aeróbica e Gin. de Trampolim), valendo-se também

de vários tipos de manifestações, tais como: danças, expressões

folclóricas e jogos, expressos através de atividades livres e criativas,

objetiva promover o lazer saudável, proporcionando bem estar físico,

psíquico e social aos praticantes, favorecendo a performance coletiva,

respeitando as individualidades, em busca da auto-superação pessoal,

sem qualquer tipo de limitação para a sua pratica, seja quando às

possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à

utilização de elementos materiais, musicais e coreográficos, havendo a

preocupação de apresentar neste contexto, aspectos da cultura

nacional, sempre sem fins competitivos. (CONFEDERAÇÃO

BRASILEIRA DE GINÁSTICA, 2014).

Os objetivos da GPT segundo a FIG (2014) são:

Favorecer a saúde, a condição física e a integração social e despertar o

interesse pessoal pela prática de atividade física, contribuindo para o

bem-estar físico e psicológico de seus praticantes. Além disso a GG

deve oferecer experiências estéticas de movimento aos participantes e

aos espectadores.

Essa modalidade valoriza a autonomia e a criatividade dos movimentos e se

destina a todas as faixas etárias de ambos os sexos. O importante é a participação. Os

movimentos da GPT trabalham o deslocamento, o equilíbrio e a destreza e coordenação

motora, preparando o corpo para atividades cotidianas e servindo de base para iniciação

de diferentes modalidades esportivas.

Ayoub realiza uma série de reflexões sobre as várias concepções de Ginástica

Para Todos destacando que “[...] um dos eixos para o entendimento da GG diz respeito

à consideração da ginástica geral como a base da ginástica, como uma mescla de todos

os tipos de ginástica” (2003, p.47), fundamentalmente não competitiva e orientada para

o lazer.

20

Ayoub ainda expõe

E viver o lúdico no contexto da sociedade urbano-industrial

contemporânea significa, certamente provocar uma postura de

contestação dos valores do utilitarismo e de questionamento dos

dogmas da produtividade. Significa, enfim, uma atitude

potencialmente transformadora (2003, p.60).

Segundo abrange Soares et al. (1992), no currículo da ginástica escolar no

Brasil, são encontrados manifestações gímnicos de linha europeia, nas quais se

encontram as formas básicas do Atletismo (caminhar, correr, saltar e arremessar), e

também as formas básicas da ginástica (pular, empurrar, levantar, carregar, esticar),

assim como também, exercícios em aparelhos (balançar na barra fixa, equilibrar na trave

olímpica), exercícios com aparelhos manuais (salto com aros, cordas) e as formas de

luta (p.53).

Segundo Soares et al. (1992)

Dessa concepção de ginástica, os jogos têm sido parte importante.

Enquanto aos exercícios anteriormente citados têm-se atribuído

objetivos de desenvolvimento de algumas capacidades como força,

agilidade, destreza, aos jogos tem cabido a representação das

experiências lúdicas da própria comunidade. Até hoje, nos programas

brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo,

ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a

ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas (p.54).

Elementos acrobáticos como o rolamento, podem ser explorados com ou sem

aparelhos, o colchão ou colchonete é um dos materiais mais utilizados. Na superfície

macia, o aluno experimenta diferentes formas para fazer o movimento, aprender a sua

técnica e aperfeiçoá-lo. O rolamento é um dos primeiros movimentos a ser aprendido e

prepara o aluno para ter um maior domínio corporal e espacial.

Com base em Gutierrez (2008) a GPT tem o objetivo de promover o lazer

saudável, proporcionando bem estar aos praticantes, favorecendo o desempenho

coletivo, mas respeitando as individualidades, não existindo limitação para sua prática,

seja quanto às possibilidades de execução, sexo ou idade, apresentando nesse contexto,

aspectos culturais, sempre sem finalidades de competição.

Em relação a GPT, segundo Ramos (2007):

21

Acreditamos que a partir desta ginástica de “educação do corpo”, ela

passou a ser limitada a poucos e vista como pouco acessível para a

grande maioria da população. E essa concepção reflete nos dias atuais,

onde as aulas de ginástica são pouco praticadas. Por isso a ginástica

geral tem como intuito quebrar esses paradigmas, concepções de que

ela é destinada para poucos, e demonstrar que todos podem e devem

praticá-la. Isso porque ela é uma ginástica de demonstração e

extrapola os objetivos da competição (p.47).

A GPT proporciona muito mais que habilidade motora básica, permite

momentos de lazer, elimina o estresse do cotidiano escolar, aumenta a autoestima,

promove oportunidade para que os alunos identifiquem problemas, sejam criativos,

além de contextualizar o movimentar-se, auxiliando aos alunos a obterem hábitos

saudáveis.

2.3. A GPT enquanto conteúdo na educação Física Escolar

A GPT é a modalidade que mais se adequa dentro das escolas, pois é um

conteúdo que além de trabalhar as mais diversas modalidades gímnicas, permite ao

aluno adaptar, de diversas maneiras de acordo com a proposta solicitada ao mesmo

tempo para a realização da aula. Tem a capacidade de estimular o lado criativo e lúdico

do aluno, caso haja seriedade ao cumprir uma determinada atividade na área.

Segundo Soares et al. (1992, p.77):

[...] na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma

oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as

novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais

possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem

sentido próprio às suas exercitações ginásticas.

Dessa forma, Ayoub (1998), destaca que a Ginástica enquanto for integrante dos

conteúdos que devem introduzir a Educação Física caracterizando-o como “um

conhecimento de importância indiscutível e que não pode ser simplesmente

abandonado, ou colocado em segundo plano na instituição escolar” (p.125).

Portanto, aqui chegamos ao ponto da problemática do trabalho com a primeira

questão: Quais as possíveis contribuições da GPT na Educação Física Escolar?

Nas escolas, a GPT pode proporcionar muito mais do que um divertimento e

uma satisfação provocada pela própria atividade (OLIVEIRA, p. 01), ela favorece o

desenvolvimento no que se refere ao lúdico e criativo do aluno, assim como em sua

22

participação e apreensão das variadas acepções gímnica, buscando novos significados e

possibilidades. O presenciamento da GPT tem como intuito de sociabilizar, solidarizar e

impor uma identidade social, considerando-a como um elemento privilegiado no

contexto educativo (OLIVEIRA, 2004, p. 01).

Gutierrez (2008) deixa claro que certas negativas causadas por determinadas

pessoas podem causar um decréscimo ou até mesmo impedir que a formação humana se

desenvolva da forma proposta, obrigando-nos a tomar atitudes positivas “no sentido de

permanecer otimistas frente às contingências do dia a dia” (p. 117).

Gutierrez (2008) ainda ressalta que:

Desta maneira, qualquer conteúdo que o professor e seus alunos

escolheram deve ser tratado com o maior interesse, o que pela sua vez

nos obriga a procurar conteúdos que sejam significativos e relevantes

para os alunos. Não há conteúdo insignificante, há profissionais sem a

competência para ministrá-lo, analisa-lo, contextualizá-lo,

problematiza-lo e fazê-lo transcendente (p.117).

Nas escolas para Oliveira e Lourdes (2004), a GPT pode proporcionar muito

mais do que um divertimento e uma satisfação provocada pela própria atividade (p. 01),

ela favorece o desenvolvimento no que se refere ao lúdico e criativo do aluno, assim

como em sua participação e apreensão das variadas acepções gímnica, buscando novos

significados e possibilidades. O presenciamento da GPT tem como intuito de

“sociabilizar, solidarizar e impor uma identidade social, considerando-a como um

elemento privilegiado no contexto educativo” (OLIVEIRA; LOURDES, 2004, p. 01).

Segundo Pereira e Silva (2010)

A ginástica escolar deve oportunizar o conhecimento de movimentos

que possam permitir a participação de todos de forma inclusiva e não

seletiva. Tratada numa dimensão conceitual permite aos alunos

compreenderem a evolução da ginástica, sua história, origem,

conceitos e contextos, como também, podem aprender a relacionar os

conhecimentos da ginástica, presentes em outras práticas da cultura

corporal. Como processo de aquisição de novos movimentos e

conhecimentos, de uma forma que permita a transformação e a

recriação, na escola. Deve-se buscar como resultado uma performance

possível, considerando a individualidade biológica de cada discente

(p.1).

Entretanto, “aprender Ginástica Geral na escola significa, portanto, estudar,

conhecer, compreender, confrontar, vivenciar, apreender as inúmeras interpretações da

23

Ginástica para, com base nesse conhecimento, buscar novos sentidos e significados e

criar novas possibilidades de expressão gímnica” (AYOUB, 1998; p. 128).

Ayoub (1998) ainda expõe que “sob essa ótica, podemos considerar que a

Ginástica Geral enquanto conhecimento a ser tratado na Educação Física Escolar, ou

seja, enquanto conteúdo de ensino, representa o que podemos compreender como

Ginástica” (p. 128).

A GPT, com base em Ayoub (1998) “traz consigo a possibilidade de realizarmos

o resgate da Ginástica na Educação Física Escolar, numa perspectiva de ‘confronto’ e

síntese, e também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa. Entretanto, para que

isso ocorra, precisamos nos apoiar em referenciais teórico-metodológicos que ofereçam

caminhos nessa direção” (p. 129).

Para realizarmos as aulas precisamos devidamente de antemão planejar para que

esteja tudo organizado. Entretanto, Ayoub ressalta a “responsabilidade de planejar as

nossas aulas tendo como compromisso fundamental o desenvolvimento dos nossos

alunos rumo à compreensão das inúmeras linguagens que fazem parte da cultura

corporal” (p. 152).

2.4. O Papel do Educador no Processo de Ensino Aprendizagem

A Ginástica Para Todos é uma das melhores formas de desenvolvimento da

formação tanto na vivência quanto na prática dos seus conteúdos adquiridos. Gutierrez

(2008) ressalta que a formação humana se sustenta sob as atividades teóricas, no entanto

não se desenvolve sobre a mesma.

Segundo Pérez, Gallardo e Souza

A Ginástica Geral designa uma manifestação da cultura corporal, que

reúne as diferentes interpretações da ginástica, integradas às demais

formas de expressão do ser humano de forma livre e criativa. Sua

principal característica é a de proporcionar a prática da Ginástica sem

fins competitivos, para o maior número de pessoas, independente da

idade, sexo, condição física ou técnica, proporciona uma gama infinita

de experiências motoras, além de estimular a criatividade, o prazer no

movimento, o resgate da cultura de cada povo e a interação social

(1995, p. 292).

Uma das alternativas consideráveis para se desenvolver a formação humana na

aula de Educação Física é propondo atividades que promovam “a interação e inter-

24

relação sócio-afetiva entre os participantes para que juntos construam propostas e

soluções a problemas sócio e psicomotrizes, estabelecendo um dialogo corporal entre

eles e seu entorno” (GUTIERREZ, 2008, p.114).

Gutierrez diz que

A declaração “com orientação pedagógica” não é por acaso nem uma

redundância sem justificativa. O fato é que a Ginástica Geral, como

qualquer conteúdo da Educação Física, está sujeita à manipulação

didático-metodológica que o profissional da área pode fazer. Isto é,

muitos professores confundem a Ginástica Geral com a criação e

representação de coreografias massivas, nas quais se incluem muitas

pessoas. Ginástica Geral é uma ginástica de representação, isto é, não

é competitiva, nem se utiliza para competir. As representações

massivas é uma parte da Ginástica Geral. A parte final. A insistência

dos conceitos orientação pedagógica é para enfatizar o processo de

descoberta e criação das representações, os elementos que permitam a

análise crítico dos conteúdos, deixando ao aluno plena liberdade para

colocar em cena o que ele pensa e acredita e que é relevante para ele

(2008, p. 113).

Quando se tem um espaço para a produção da prática da GPT, isso facilita na

realização da temática concedida juntamente com os próprios alunos, proporcionando

assim, o respeito mútuo, “vivência de sentimentos e emoções de união” (GUTIERREZ,

p.116), a cultura corporal, provendo de suas capacidades, considerando a influência e o

incentivo dado pelo professor.

Gutierrez, entretanto esclarece

[...] que o professor tem a responsabilidade de orientar

permanentemente cada uma das atividades para uma visão sensível

aos sentimentos de bondade, solidariedade, altruísmo, coleguismo,

afetividade e carinho entre os participantes. Assim, não é possível a

formação humana entanto exista no grupo o sentimento de indiferença

às necessidades do próprio grupo e de cada um dos seus integrantes

(2008, p.116).

Kunz (2004) destaca afirmando que não será possível superar a concepção

hegemônica de um determinado esporte se for oferecidos a eles práticas de concepções

anteriores, que não haja uma forma de sensibilizá-los reflexivamente, se não houver as

mesmas consequências com as quais ocorrem em demais esportes, fazendo com que

eles aprendam a gostar e automatizá-la em seu conceito.

Nós, enquanto formandos e profissionais da área de Educação Física, devemos

sempre procurar conteúdos que sejam tratados pelos alunos com o maior interesse

25

assimilativo, “conteúdos que sejam significativos e relevantes para os alunos. Não há

conteúdo insignificante, há profissionais sem a competência para ministrá-lo, analisá-lo,

contextualizá-lo, problematiza-lo e faze-lo transcendente” (GUTIERREZ, 2008, p.117).

E assim como na seção anterior, chegamos a mais um ponto da problemática

deste trabalho com a questão seguinte: Qual deve ser a contribuição do Professor para

que os alunos tenham uma melhor assimilação do conteúdo como a “Ginástica Para

Todos” (GPT)?

A formação humana é essencial para o comportamento e formação do indivíduo.

A relação entre professor e aluno envolve interesses e intenções, tendo uma interação

entre os mesmos, pois “a educação é uma das partes mais importantes do

desenvolvimento comportamental e agregação de membros da espécie humana”

(SILVA, 2005; p. 01).

Paulo Freire ressalta sobre a teoria e prática para vivê-los de forma intensa, não

somente superposicionando, “mas como unidade contraditória” (1989, p. 07).

A partir disso, Kunz (2004) salienta destacando

A competência objetiva ou prática instrumental é desenvolvida,

basicamente, por intermédio da categoria trabalho. Assim, é

possibilitado ao aluno, a partir de seus conhecimentos e suas

habilidades, desenvolvidos em contato direto com o mundo, uma

“transcendência de limites” pela via do controle racional e do

planejamento operativo de suas ações. No esporte isso significa que

pela melhoria das habilidades práticas o aluno pode aumentar,

também, o seu espaço de atuação e as suas possibilidades de auto

determinação e codeterminação nas atividades de ensino (p.138).

Basicamente, Saviani (2011) enfatiza em uma de suas obras que o professor tem

o seu interesse voltado à progressão do aluno. Ainda salienta dizendo que “o professor

vê o conhecimento como um meio para o crescimento do aluno [...]; trata-se de

descobrir novos conhecimentos na sua área de atuação” (2011, p. 65).

Surge então a questão da transformação do “saber elaborado em saber escolar”.

(SAVIANI, 2011, p. 65), que é um processo pelo qual se destacam, “do conjunto do

saber sistematizado, os elementos relevantes para o crescimento intelectual dos alunos e

organizam-se esses elementos numa forma, numa sequência tal que possibilite a sua

assimilação” (p. 65).

Para Saviani (2011), esse método é fundamental para o processo pedagógico.

Sendo assim

26

A escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas gerações ao

mundo do saber sistematizado, saber metódico, científico. Ela

necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa

finalidade. Essa é a questão central da pedagogia escolar. Os

conteúdos não representam a questão central da pedagogia, porque se

produzem a partir das relações sociais e se sistematizam com

autonomia em relação à escola (p.66).

Na escola, a GPT apresenta inúmeros benefícios e atualmente já é considerada

como sinônimo de ginástica escolar, entretanto, ela promove a participação de todos os

alunos dentro de suas possibilidades e habilidades, a valorização cultural, a criatividade,

a interação social e a utilização de vários tipos de materiais de fácil acesso.

A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na

escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura

corporal. Ela será configurada com temas ou formas de atividades,

particularmente corporais, como as nomeadas anteriormente: jogo,

esporte, ginástica, dança ou outras, que constituirão seu conteúdo. O

estudo desse conhecimento visa apreender a expressão corporal como

linguagem (SOARES et al., 1992, p.61-62).

Basta o professor de educação física enquanto produtor e transmissor de

conhecimento, transmitir através de suas experiências acadêmicas, possíveis atividades

da GPT para incentivá-los a participarem satisfatoriamente das aulas, estimulando-os a

vivenciar, cultivar através do mesmo, culturas diferenciadas, culturas que com a GPT

são possíveis acessivelmente a mobilização de não somente jovens, mas também de

pessoas com faixa etárias variadas, pois é uma modalidade que não exige alto

rendimento, mas sim, o prazer de praticá-lo sem concorrer a premiação, sendo o único

prêmio, o valor humano proporcionado entre eles.

27

3. POSSIBILIDADES DA GPT NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

São diversas as variedades em se trabalhar a GPT na Educação Física escolar, o

que possibilita ao professor utilizar dessas viabilidades para proporcionar aos alunos

uma melhor compreensão desta modalidade, viabilidades essas que acarretam para uma

melhor visão do contexto que é abordado durante as aulas. Sendo assim, Oliveira (2007)

ressalta que “cabe ao professor ou coordenador [...] identificar a melhor maneira de

conduzir o aprendizado da ginástica” (p. 32).

Desta forma, Oliveira (2007) exemplifica uma das possíveis “possibilidades de

estruturação de aulas:

- 1º momento: integração do grupo (por meio de jogos, brincadeiras ou outras atividades

lúdicas);

- 2º momento: apresentação do tema da aula (sendo as atividades de GPT tematizadas,

podemos usufruir das relações com diversos temas propostos de acordo com os

objetivos do grupo);

- 3º momento: aprendizagem e/ou desenvolvimento de elementos gímnicos: saltar,

equilibrar, balançar, girar, rolar, trepar, dentre outros; além do desenvolvimento de

ritmo e coordenação de diferentes elementos;

- 4º momento: proposição de “tarefas” em pequenos grupos, de acordo com o tema,

explorando diversas possibilidades;

de movimentos, sem materiais e com materiais (sejam eles convencionais ou

alternativos), favorecendo a construção de pequenas coreografias;

- Finalização: apresentações para os demais grupos.

Assim, buscamos privilegiar sempre o trabalho coletivo e a expressão criativa, na

medida em que o grupo todo é responsável pela montagem da coreografia e não uma

única pessoa” (p.32).

Segundo Oliveira

As possibilidades de organização do trabalho com a GPT são muitas e

o sucesso de sua prática dependerá da organização do grupo,

lembrando que o professor ou coordenador tem o papel fundamental

de estimular as ações do grupo de forma dinâmica, criativa e lúdica

(2007, p.32).

28

As coreografias são também possibilidades de se desenvolver a criatividade, e

constituir-se a prática da GPT, entretanto, “as mesmas são partes integrantes do

processo” (OLIVEIRA, 2007, p. 32).

Em relação a essa proporcionalidade, Santos (apud OLIVEIRA, 2007)

Considera-se coreografia a composição de uma apresentação da

modalidade, na qual os elementos corporais, predominantemente os

ginásticos, são interligados de forma harmoniosa, com utilização ou

não de aparelhos (sejam de pequeno ou grande porte). Porém devemos

sempre considerar que o objetivo principal das considerações

coreográficas deve ser o de atender aos anseios dos participantes,

respeitando suas individualidades, sem exclusões do processo

(elaboração, composição de ensaios) e do produto (apresentação) (p.

32).

Levando-se em conta ao contexto abordado, a prática do lazer na GPT

Se deve em grande parte a emergência deste tema perante a

população, resultado de uma tendência à valorização do conceito de

lazer como possibilidade de vivência cotidiana. [...] vivência esta

refletida, sobretudo, pelo crescimento da indústria do lazer e

entretenimento, que ganhou impulso no século XX, a partir do

aperfeiçoamento dos meios de comunicação, como por exemplo, o

cinema, a televisão, o rádio, os computadores como forma de

entretenimento. Tudo isso foi se organizando e se transformando em

uma grande máquina internacional de comércio, que quase sempre

traz o lazer associado à alienação (MELO E ALVES JÚNIOR, apud,

OLIVEIRA, 2007).

Com isso, Oliveira (2007) afirma que

A opção pela GPT, como por qualquer outra atividade, deve ser

consciente e não imposta, buscando incentivar a ampliação de

interesses como: o conhecimento do próprio corpo, conhecimento

coreográfico, ampliação dos interesses culturais via festivais de

ginástica (por meio da relação entre os diversos grupos). Outros

incentivos importantes dizem respeito: à promoção de uma prática de

ginástica que amplie os interesses do ser humano como ser criativo,

que produz sua prática e não somente reproduz; incentivo ao

planejamento participativo, à auto-organização e ao trabalho coletivo;

incentivo ao resgate da cultura popular nacional; incentivo à inclusão

social, na medida em que não se busca quem é o melhor, mas sim a

participação efetiva e coletiva.

O lazer saudável como Santos ressalta é uma das propostas da GPT que dispõe

do bem estar físico, psíquico e social aos praticantes (apud, OLIVEIRA, 2007). No

entanto, de um ponto de vista geral, a GPT visa mais além, para as instituições

escolares, já que se trata de um aspecto disseminador com o objetivo de estimular,

29

diversificar, ampliar possibilidades, para a prática da atividade corporal, onde o aluno

indaga seu lúdico e sua criatividade, em uma modalidade que é constituída e

desenvolvida para o lazer, aumentando a participação numa perspectiva social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos argumentos apresentados, a GPT é importante para o contexto

educacional na educação Física, tendo em vista que as abordagens a serem feitas devem

acarretar de forma positiva para a capacidade crítica do aluno, que por sua vez tende a

ser um assimilador desses conhecimentos, a ele fornecido.

É possível adaptar as atividades de acordo com o espaço e o ambiente escolar,

como por exemplo, adaptar os materiais utilizando, materiais alternativos e baratos

podendo também usar materiais recicláveis, tornando a aula mais criativa fugindo da

comodidade, abrindo horizontes e ampliando conhecimentos tanto dos professores

quanto dos alunos, tornando assim, mais acessível a ginástica para os educandos,

independente de idade, tamanho ou até mesmo de classe social.

A GPT permite ao aluno vivenciar novas atividades, sentir prazer naquilo que te

dê estímulo, sempre em busca de novas concepções, permitindo ao professor, transmitir

esses conhecimentos a ele atribuídos. A modalidade em si da GPT permite variadas

formas de trabalho, assim como a participação de diversas pessoas, mesmo que estas

nunca tenham praticado ou mesmo que não tenham conhecimento sobre a modalidade,

não importando a sua faixa etária.

Enfim, a GPT permite as mais variadas formas de expressão, cultura e

possibilidades, buscando novos leques para que em cada momento ocorra de forma

satisfatória e prazerosa a prática desta modalidade, que seja no ambiente escolar, ou em

qualquer lugar onde a expressão corporal seja vista como forma de permitir as pessoas

se socializar, sociabilizar e compreender que esta prática vai muito além dos

movimentos estereotipados esportivos.

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