JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS...

168
JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS DE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze A PARTIR DE DADOS LiDAR PARA ESTIMATIVA DE VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Florestal. PROF. DR. MARCOS BENEDITO SCHIMALSKI LAGES, SC 2014

Transcript of JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS...

Page 1: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

1  

JOÃO PAULO PEREIRA

MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS DE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze A PARTIR DE

DADOS LiDAR PARA ESTIMATIVA DE VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Florestal.

PROF. DR. MARCOS BENEDITO SCHIMALSKI

LAGES, SC 2014

Page 2: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

2  

P436m

Pereira, João Paulo Mensuração automática de copas de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze a partir de dados LiDAR para estimativa de variáveis dendrométricas / João Paulo Pereira. – Lages, 2014.

173 p.: il.; 21 cm

Orientador: Marcos Benedito Schimalski Bibliografia: p. 128-148

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveteinárias, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Lages, 2014.

1. LiDAR. 2. Inventário. 3. DAP. 4. Diâmetro de copa. 5. Polígonos de Thiessen. I. Pereira, João Paulo. II. Schimalski, Marcos Benedito. III. Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. IV. Título

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do CAV/UDESC

Page 3: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

3  

JOÃO PAULO PEREIRA

MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS DE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze A PARTIR DE

DADOS LIDAR PARA ESTIMATIVA DE VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS

Dissertação referente ao Curso de Mestrado em Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias, pertencente à Universidade do Estado de Santa Catarina, para a obtenção do título de mestre em Engenharia Florestal tendo como concentração a área de produção florestal. Banca Examinadora: Orientador: ________________________________________

Prof. Dr. Marcos Benedito Schimalski Centro de Ciências Agroveterinárias

CAV/UDESC Membro: ________________________________________

Prof. Dr. André Felipe Hess Centro de Ciências Agroveterinárias

CAV/UDESC

Membro: __________________________________________ Prof. Dr. Edson Aparecido Mitishita

Universidade Federal do Paraná – UFPR Suplente: __________________________________________

Prof. Dr. Veraldo Liesenberg Universidade Estadual de Campinas

UNICAMP

Page 4: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

4  

Page 5: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

5  

À família e amigos dedico.

Page 6: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

6  

Page 7: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

7  

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a minha família que em todos os momentos da minha vida estiveram presente me dando apoio e motivação. Em especial agradeço meu pai Paulo Roberto Pereira, minha mãe Vera Lúcia Lemos Pereira e minha irmã Ana Paula Pereira por todas as palavras de carinho e afeto, além de todos os momentos que vocês tiveram paciência em lidar comigo.

Gostaria de agradecer à minha segunda família, minha namorada Bruna Laís Longo por sempre estar ao meu lado, me dando apoio, discutindo comigo quando tinha dúvidas, me dando conselhos, sendo a melhor companheira que qualquer pessoa poderia ter. Agradeço meus sogros Quirino João Longo e Iolanda Longo, e minha cunhada Camile Louise Longo pelos ótimos momentos que passamos juntos e pelo eterno apoio e reconhecimento.

Ao meu orientador Marcos Benedito Schimalski devo muitos agradecimentos. Mas do que um orientador, mais do que um amigo, quase um pai que me conduziu nesta caminhada sempre me apoiando e me instigando a ser cada vez melhor.

Aos demais amigos, Eduardo Kenji Araki, Arthur Bratti Schimidt, Caroline Sartorato França, Tainara Boesing, Tamiles Rodrigues, Thiaraju Aquino, Jorgeane Schaefer, Prof. André Felipe Hess, Vinod Kumar, Prof. Pedro Higuchi, Prof. Mari Lúcia Campos, meus sinceros agradecimentos.

Agradeço também à empresa Aeroimagem S/A Engenharia e Aerolevantamentos pelo fornecimento dos dados para a realização do projeto e à CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

Page 8: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

8  

Page 9: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

9  

Só porque dizem que algo é muito difícil, não quer dizer que não possa ser feito.

-Autor

Page 10: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

10  

Page 11: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

11  

RESUMO PEREIRA, João Paulo. Mensuração automática de copas de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze a partir de dados LiDAR para estimativa de variáveis dendrométricas. 2014. 173 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal – Área: produção florestal / geoprocessamento) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Lages, 2014. Este trabalho tem como objetivo a medição automática de copas de Araucaria angustifolia utilizando dados LiDAR e indiretamente a obtenção de variáveis dendrométricas. Para a realização da pesquisa utilizou-se uma nuvem de pontos LiDAR com uma densidade média de 7 pontos/m², localizada no município de Painel em Santa Catarina. Quatro subáreas foram selecionadas para que fosse possível trabalhar apenas com árvores isoladas. O levantamento por varredura a LASER foi efetuado pela empresa Aeroimagem S/A de Curitiba, em janeiro de 2011 utilizando um sistema Leica ALS-60. No levantamento a campo, foram medidas árvores isoladas de A. angustifolia obtendo-se o DAP, altura total e 4 raios da copa na direção dos pontos cardeais. O levantamento à campo ocorreu em setembro e agosto de 2013. Para o delineamento das copas foi empregada a metodologia de segmentação de polígonos de Thiessen. Para o cálculo das variáveis dendrométricas, foi utilizado regressão linear para obter o DAP em função do diâmetro da copa. A altura pôde ser obtida diretamente dos dados LiDAR. Devido a sazonalidade entre o levantamento LiDAR e a coleta de dados a campo, foi necessário aplicar uma correção nos dados LiDAR utilizando dados de incremento da espécie. A segmentação por

Page 12: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

12  

polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2% e 91,7%. Na estimativa do DAP chegou-se a uma diferença de 3,1mm em relação ao campo. Para a altura total, 0,19m foi a diferença entre os dados a campo e o LiDAR. Utilizando a metodologia proposta, foi possível realizar a medição das copas de A. angustifolia e estimar as variáveis dendrométricas com precisão satisfatória.

Palavras-chave: LiDAR, inventário, DAP, diâmetro de copa, polígonos de Thiessen.

Page 13: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

13  

ABSTRACT PEREIRA, João Paulo. Automatic measurement of Araucaria angustifolia’s crowns (Bertol.) Kuntze from LiDAR data to estimate dendrometric variables. 2014. 173 f. Dissertation (MSc in Forestry - Area: forest production / geoprocessing) - University of the State of Santa Catarina. Graduate Program in Forestry, Lages, 2014. This paper aimed to automatic extract crowns of Araucaria angustifolia using LiDAR data and indirectly obtain dendrometric variables. To conduct the project, a LiDAR point cloud was used with an average density of 7 points/m², located in the city of Painel in Santa Catarina. Four subareas were selected so that only isolated trees would be considered. The laser scanning survey was conducted by the company Aeroimagem S/A from Curitiba, in January 2011 using a Leica ALS-60 system. In the fieldwork, isolated trees of A. angustifolia were measured to give the DBH, total height and 4 crown radius in the direction of the cardinal points. The fieldwork occurred in September and August 2013. To delineate the crowns, it was employed the segmentation methodology of Thiessen polygons. Each segment was measured in order to obtain the canopy diameter for each tree. For the calculation of dendrometric variables, linear regression was used to obtain the DBH as a function of the crown diameter. The total height was obtained directly from LiDAR data. Because of the seasonality between the LiDAR survey and fieldwork, it was necessary to apply a correction in LiDAR data using increment data of the species. Segmentation by Thiessen polygons reached an accuracy ranging between 75.2% and 91.7%. Estimating the

Page 14: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

14  

DBH the difference between the field was 3,1mm. For total height 0,19m was the difference between the data field and the LiDAR. Using the proposed methodology, it was possible to perform the measurement of the crowns of A. angustifolia and estimate dendrometric variables with satisfactory accuracy.

Key-words: LiDAR, inventory, DBH, crown diameter, Thiessen polygons.

Page 15: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

15  

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Características dos diferentes sistemas ALS, (A) sistema de ondas contínuas (full-waveform) e (B) sistema de pulsos (discrete echo). ........................ 37 

Figura 2 - Mecanismos do espelho de varredura óptico mecânico. (A) Espelho oscilante; (B) Polígono rotatório; (C) Varredura Palmer; (D) Varredura de fibras rotatórias. ................................................. 38 

Figura 3 - Configuração da varredura em relação ao tipo de espelho óptico mecânico. (A) Espelho oscilante; (B) Espelho oscilante com dois eixos; (C) Polígono rotatório; (D) Varredura Palmer e (E) Varredura de fibras rotatórias. .................................................... 38 

Figura 4 - Ângulos de atitude da aeronave. ............................. 41 Figura 5 - Sequência de interações do filtro. ........................... 45 Figura 6 - Parâmetros avaliados. ............................................. 46 Figura 7 - Remoção das bordas em superfícies descontínuas. d =

distância perpendicular do ponto em relação a face; dmax = limiar de distância. ....................................... 47 

Figura 8 - Exemplo de MDS. .................................................. 49 Figura 9 - Exemplo de MDT ................................................... 50 Figura 10 - Exemplo de MDSn ............................................... 51 Figura 11 - Araucaria angustifolia em ambiente natural. ........ 56 Figura 12 - Distribuição da Araucaria angustifolia no território

brasileiro. .............................................................. 57 Figura 13 - Comportamento da copa da A. angustifolia ao longo

do período de crescimento. a) Forma de cone da copa de um indivíduo jovem. b) Forma de candelabro em um indivíduo de idade mais avançada. .............................................................. 58

 

 

Page 16: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

16  

Figura 14 - Aplicações não-madeireiras da araucária na alimentação e no artesanato. a) órgão feminino fecundado e maduro (pinha); b) semente da araucária (pinhão); c) paçoca de pinhão; d) potes e vasilhas feitas de nós; e) tampão de mesa feita de nós; f) mesa com o tampão feito de nós já montado. ........................................................... 60 

Figura 15 - Mapa de localização da área de estudo. Em vermelho encontram-se as 4 subáreas de estudo. .................. 61 

Figura 16 - Esquematização das subdivisões da Floresta Ombrófila Mista ............................................... 62 

Figura 17 - Subáreas delimitadas para avaliação do estudo. a) área 1; b) área 2; c) área 3; d) área 4. .................... 64 

Figura 18 - Diagrama da medição da copa. R é o raio da copa; D corresponde ao DAP; θ é o ângulo fixo entre os raios, que neste caso é 90º. .................................... 66 

Figura 19 - Sistema GPS utilizado no referenciamento cartográfico das árvores. a) Base GPS Topcon GR3; b) Receptor GPS móvel Ashtech ProMark 2. .................................................................... 67 

Figura 20 - Diferença na medição do diâmetro de copa utilizando dados LiDAR e no inventário convencional. A) medição da copa feita utilizando dados LiDAR. b) medição dos raios de copa que em seguida são utilizados na obtenção do diâmetro de copa no inventário convencional. A seta azul indica o DAP que normalmente não é adicionado à medição do diâmetro de copa no inventário convencional. ........ 69 

Figura 21 - Visualização da nuvem de pontos LiDAR. Os dados não foram processados. ......................................... 70 

Figura 22 - Comportamento da inclinação em uma A. angustifolia após a normalização dos dados. a) pontos da nuvem LiDAR sem normalização; b) pontos da nuvem LiDAR normalizados. ....... 80 

Page 17: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

17  

Figura 23 – Tendência de distribuição dos dados. a) comportamento heterocedástico; b) comportamento homocedástico. ................. 86 

Figura 24 - Pontos classificados em vegetação, solo ou não classificado. Gráficos com a porcentagem de pontos classificados dentre de cada uma das classes. a) Área 1; b) Área 2; c) Área 3; d) Área 4. As setas vermelhas indicam os pontos cinzas que não foram classificados. ..................................... 92 

Figura 25 – Modelos digitais de terreno derivados da filtragem de dados LiDAR para cada uma das subáreas. a) Área 1; b) Área 2; c) Área 3; d) Área 4. ............ 93 

Figura 26 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 1. A seta azul indica o segmento que se tornou mais alongado devida a detecção de galhos irregulares. .............................................................................. 94 

Figura 27 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 2. As setas azuis indicam locais onde a segmentação apresentou problemas. .......................................... 96 

Figura 28 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 3. As setas azuis indicam locais onde a segmentação apresentou problemas. .......................................... 97 

Figura 29 – Inconsistências na segmentação. A) Fragmento denso; B) Múltiplos picos em árvore de copa muito grande. ................................................................ 98 

Figura 30 - Omissão de árvore de pequeno porte. Em amarelo é a projeção da copa no campo. Em vermelho é o resultado segmentação. ......................................... 99 

Figura 31 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 4. Seta azul indica duas árvores próximas que foram segmentadas de forma satisfatória. ..................... 100 

Figura 32 - Árvores isoladas dos dados LiDAR comparada a árvore a campo. a) Árvore mais nova com copa em formato de cone; b) Árvore de idade mais avançada com copa em formato de candelabro. ................. 103

Page 18: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

18  

Figura 33 - Árvores extraídas da nuvem pontos após a segmentação. a); b); c); d): visão superior das áreas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. a.1); b.2); c.3); d.4): Visão em perspectiva das áreas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. ............................................. 104 

Figura 34 - Gráfico comparativo entre o diâmetro de copa coletado a campo e através da vetorização do MDSn. .............................................................. 106 

Figura 35 - Gráfico comparativo entre o diâmetro de copa coletado a campo e através da segmentação dos dados LiDAR. ................................................... 107 

Figura 36 - Tempo gasto para cada pessoa para cada uma das rotinas. A: autor; B; C; D: voluntários. ............ 108 

Figura 37 - Distribuição de resíduos da Equação 21 selecionada. Neste gráfico consta o resíduo dos 138 DAPs estimados. ........................................................... 111 

Figura 38 - Gráfico comparativo entre o DAP medido à campo e o DAP estimado utilizando o diâmetro de copa medido à campo. ................................................. 112 

Figura 39 - Erro de medição em altura de A. angustifolia. .... 121 Figura 40 - Esquematização referente à equação de definição do

tamanho ideal da grade em função da densidade de pontos. A) Grade com a representação da variável S (resolução espacial da grade); B) Exemplificação das variáveis área e número de pontos. A: unidade de área; n = número de pontos; d = densidade de pontos. ................................................................. 151 

Figura 41 - Exemplificação do diagrama de Voronoi e dos triângulos de Delaunay. A: diagrama de voronoi; B: triangulação de Delaunay. ........................... 165 

Page 19: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

19  

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Formato do arquivo de dados LiDAR. .................. 36 Tabela 2 – Características das 4 subáreas selecionadas. ......... 63 Tabela 3 – Características do voo LiDAR. ............................. 70 Tabela 4 – Lista de programas utilizados. ............................... 71 Tabela 5 – Equações disponíveis na literatura que retratam a

relação existente entre o diâmetro a altura do peito (DAP) e o diametro da copa. ................................ 78 

Tabela 6 – Equações testadas tendo como variável dependente o DAP e variável independente o diâmetro de copa. Estas são equações adaptadas a partir das equações da Tabela 5 . ................................................................ 79 

Tabela 7 – Valores de D a um nível de significância. ............. 87 Tabela 8 – Parâmetros de avaliação da qualidade da

segmentação. .................................................. 101 Tabela 9 – Estatística descritiva do diâmetro de copa dos três

grupos analisados. ................................................. 105 Tabela 10 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos

testados para obtenção do DAP utilizando dados coletados à campo. ............................................. 114 

Tabela 11 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos testados na estimativa do DAP utilizando dados LiDAR. ............................................................. 116 

Tabela 12 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos testados na estimativa do DAP utilizando dados LiDAR corrigidos com o incremento............... 118

 

     

 

 

Page 20: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

20  

Tabela 13 – Estatística descritiva em metros das alturas coletadas dos dados LiDAR e à campo. MDSn: Modelo digital de superfície normalizado; MDSncorr.: modelo digital de superfície normalizado corrigido com o incremento em altura total; MDSns: modelo digital de superfície normalizado suavizado; MDSnscorr.: modelo digital de superfície normalizado suavizado corrigido com o incremento em altura total. ............................................................. 119 

Page 21: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

21  

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALS – Airborne Laser Scanning DAP – Diâmetro à altura do peito CHM – Canopy Height Model DBH – Diameter at Breast Height DSM – Digital Surface Model DTM – Digital Terrain Model FATMA – Fundação do Meio Ambiente LASER – Light Amplification by Simulated Emission of Radiation LiDAR – Light Detection and Ranging MDS – Modelo Digital de Superfície MDSn – Modelo Digital de Superfície Normalizado MDT – Modelo Digital de Terreno nDSM – Normalized Digital Surface Model RADAR – Radio Detection and Ranging

Page 22: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

22  

 

Page 23: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

23  

SUMÁRIO  

INTRODUÇÃO ..................................................................... 27

OBJETIVOS .......................................................................... 32

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................ 33

1.1 LiDAR .............................................................................. 33

1.1.1 Detalhamento do Procedimento ................................. 36

1.1.2 Aplicações ..................................................................... 41

1.2 FILTRAGEM DE DADOS LiDAR ................................. 43

1.2.1 Filtro Adaptive TIN ...................................................... 43

1.3 MODELAGEM DIGITAL ............................................... 48

1.3.1 MDS ............................................................................... 48

1.3.2 MDT .............................................................................. 49

1.3.3 MDSn ............................................................................ 51

1.4 LASER SCANNER AEROTRANSPORTADO (ALS) NA ESTIMATIVA DE VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS ...... 53

1.5 RELAÇÕES MORFOMÉTRICAS .................................. 54

1.6 Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE ................ 56

2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................ 61

2.1 LOCAL DE ESTUDO ..................................................... 61

2.1.1 Subáreas de Estudo ...................................................... 62

2.2 FONTE DE DADOS ........................................................ 65

2.2.1 Coleta de dados à campo ............................................. 65

2.2.2 LiDAR ........................................................................... 70

Page 24: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

24  

2.3 RECURSOS COMPUTACIONAIS ................................. 71

2.4 DELINEAMENTO DE ÁRVORES INDIVIDUAIS DE Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE ........................ 72

2.4.1 Obtenção do MDSn ...................................................... 72

2.4.2 Suavização do MDSn ................................................... 73

2.4.3 Detecção dos picos das árvores ................................... 73

2.4.4 Geração da máscara de lacunas .................................. 74

2.4.5 Segmentação por polígonos de Thiessen .................... 74

2.4.6 Avaliação da metodologia proposta ............................ 75

2.5 ANÁLISE DE REGRESSÃO .......................................... 77

2.5.1 Critérios para a seleção das equações ........................ 81

2.5.2 Condicionantes da Regressão ...................................... 83

2.6 ROTINA DE SEGMENTAÇÃO EM PYTHON .............. 90

3 RESULTADOS E DISUSSÕES ....................................... 91

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA NUVEM DE PONTOS .............. 91

3.2 SEGMENÇÃO DE ÁRVORES INDIVIDUAIS ............. 94

3.3 ROTINA DE SEGMENTAÇÃO EM PYTHON ........... 108

3.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EQUAÇÃO AJUSTADA ........................................................................... 110

3.5 ESTIMATIVA DO DAP E DA ALTURA TOTAL A PARTIR DE DADOS LIDAR ............................................... 115

3.6 AVALIAÇÃO DA INCLINAÇÃO DAS ÁRVORES (TILT) ..................................................................................... 119

3.7 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ............... 122

Page 25: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

25  

3.8 DESAFIOS FUTUROS ................................................. 126

CONCLUSÃO ..................................................................... 127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................. 129

APÊNDICE A – Detalhamento do procedimento utilizado para o delineamento de árvores individuais de A. angustifólia ........................................................................... 150

APÊNDICE B - Algoritmo escrito para a extração automática de copas. ........................................................... 167

APÊNDICE C – Gráfico de resíduos para as equações testadas. ................................................................................ 173

 

Page 26: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

26  

Page 27: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

27  

INTRODUÇÃO

O delineamento ou segmentação de árvores tem sua principal aplicação no inventário e manejo florestal. Utilizando dados LiDAR, é possível atingir níveis satisfatórios de exatidão na medição das variáveis dendrométricas. Atualmente, este tópico tem sido muito estudado existindo uma série de métodos diferentes para a detecção e medição de árvores individuais. Li et al. (2012) demonstram um novo método para a segmentação de árvores individuais a partir de dados LiDAR. Pitkänen et al. (2004) apresenta um método adaptativo para a detecção de árvores individuais de diferentes formatos a partir de MDSn (Modelo Digital de Superfície normalizado) obtido através de dados LiDAR. Brandtberg et al. (2003) avaliam a utilização de dados LiDAR adquiridos com pequeno footprint no desenvolvimento de uma rotina automatizada para a detecção de árvores com o intuito de calcular a altura e outros parâmetros florestais. Weinacker et al. (2004) desenvolveram módulos de filtragem, segmentação e modelagem como um fundamento para um sistema de inventário florestal automático. Heinzel et al. (2008) utiliza a detecção de árvores individuais para a classificação de espécies no distrito de Milicz na Polônia.

É importante trabalhar com árvores individuais pois possibilitar a análise de outros componentes da floresta além das variáveis comumente estudadas, como índices de competição, supressão de árvores codominantes ou dominadas, comportamento do crescimento em função da radiação solar e demanda de água em áreas florestais. A exemplo disso pode-se citar trabalhos como o de Castro (2012), Cunha (2013), Binkley, et al. (2010), Luu et al. (2013), Fu et al. (2013), Bertram e Dewar (2013).

Para as variáveis normalmente estudadas como altura, DAP, área basal, diâmetro de copa e volume, a medição de árvores individuais é de grande importância. Em situações isoladas, o índice de competição é reduzido favorecendo o

Page 28: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

28  

crescimento da árvore de forma homogênea. Este comportamento permite conhecer os padrões de espécies em seu crescimento normal, fora de um habitat competitivo. Nestas situações, utilizar ferramentas que façam medições automáticas em grande escala, contribuem para a execução de um inventário em um intervalo de tempo reduzido. Assim, o delineamento de árvores individuais tem sido muito estudado e tem ampla importância sendo principalmente empregado na estimativa de variáveis florestais além de classificação de espécies florestais em áreas naturais.

Page 29: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

29  

JUSTIFICATIVAS

A exploração madeireira nas últimas décadas levou a quase extinção da araucária no sul do Brasil. Apesar de ainda existirem remanescentes da espécie, esta encontra-se ameaçada de extinção. Esta condição torna a permissão de corte e uso da Araucaria angustifolia dificultada. Indivíduos da espécie poderão ser suprimidos apenas quando comprovadamente plantadas, quando causarem risco de dano eminente às pessoas e residências, para pesquisa e em casos de supressão para obra de utilidade pública, interesse social e residências (Resolução CONAMA nº 300 de 20 de março de 2002).

Além da madeira, a produção de pinhão é uma atividade de grande importância econômica e social, que envolve a participação de homens, mulheres e crianças. Pode ser considerada a base da agricultura familiar, sendo, em alguns casos, a principal fonte de renda anual das famílias envolvidas nessa atividade. Os homens têm a função de escalar as árvores e derrubar as pinhas. Já as mulheres e crianças, geralmente, tem a função de transportar as pinhas do meio da floresta até o local de armazenamento, e a separação do pinhão das falhas. Desta forma, pode-se dizer que a produção de pinhão é uma atividade que envolve a família toda (NETO, 2010, p. 2).

No Brasil, podem ser encontradas áreas com alta dominância da espécie, sendo chamadas de florestas de araucária puras (IBGE, 2012, p. 80). Estas florestas são aquelas que possuem na sua grande maioria araucárias, sendo encontradas outras espécies com baixa frequência como Dicksonia sellowiana (xaxim) e Acca sellowiana (goiaba serrana). Locais com esta conformação são economicamente inviáveis, uma vez que de acordo com a Lei da Mata Atlântica, Lei 11.428 de 2006 Decreto 6.660 de 2008 não pode ser feita a supressão de espécies enquadradas como ameaçadas de extinção, impedindo a utilização do local como área agrícola. Além disso, os índices de endogamia nestes locais são elevados,

Page 30: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

30  

apresentando um efeito negativo sobre a sobrevivência e vigor da espécie fazendo com que ocorra uma redução na produção de sementes que poderia ser uma alternativa de exploração do local (ELDRIDGE e GRIFFIN, 1983; PARK e FOWLER, 1982). A situação é agravada pela exploração ilegal de madeira e pela conversão da floresta em áreas agrícolas e reflorestamentos, isolando ainda mais os remanescentes existentes. Além disso, neste tipo de floresta, ocorre uma série de espécies da fauna, que se encontram igualmente ameaçadas de extinção, sendo que algumas delas são endêmicas como Cyanocorax caeruleus (gralha azul) e Amazona pretrei (papagaio-da-serra) (NETO, 2010, p. 3; IUCN, 2013).

Propostas de manejo sustentável para a espécie ainda não estão implementadas. Isto ocorre devida a falta de ferramentas que auxiliem no levantamento rápido de variáveis florestais das espécies clímax que se encontram isoladas e em áreas naturais. Como exemplo de variáveis pode-se citar o diâmetro a altura do peito (DAP), altura total, área basal e área de copa, necessárias para o desenvolvimento de um projeto cientificamente embasado. Neste âmbito, a tecnologia LiDAR pode contribuir, uma vez que apresenta potencial para que estas variáveis florestais sejam mensuradas rapidamente e abrangendo grandes áreas. No Brasil, no que diz respeito a florestas plantadas, a pesquisa com LiDAR já se encontra avançada (SILVA, 2013; ZANDONÁ, 2008; OLIVEIRA, 2012). Com espécies nativas a pesquisa ainda se encontra em desenvolvimento, com poucos trabalhos na área (GIONGO, 2012). Este comportamento ocorre dada a heterogeneidade das florestas naturais. Devido a existência de múltiplos estratos verticais a detecção de árvores é dificultada, sendo necessária a elaboração de novas metodologias para o estudo destas formações.

Por isso, o presente trabalho poderá contribuir com metodologias que possibilitarão a aquisição de variáveis dendrométricas em larga escala utilizando dados LiDAR. Também será de grande contribuição para o monitoramento da

Page 31: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

31  

A. angustifolia. Neste quesito, será importante para auxiliar na implementação de políticas públicas que poderão utilizar dados LiDAR no manejo sustentável da A. angustifolia.

Com base nisto, o presente trabalho aplica uma nova tecnologia em áreas de florestas nativas, o que lhe confere um caráter inovador demonstrando a importância e a justificativa de realizar este trabalho.

Page 32: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

32  

OBJETIVOS OBJETIVO PRINCIPAL

O presente trabalho teve como objetivo principal a mensuração das copas de árvores isoladas de Araucaria angustifolia utilizando dados LiDAR com a finalidade de estimar variáveis dendrométricas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Elaborar uma metodologia para o delineamento de copas de A. angustifolia.

Estimar o diâmetro à altura do peito (DAP) a partir das informações derivadas da nuvem de pontos LiDAR.

Automatizar os processos desenvolvidos para a mensuração das informações morfométricas.

Avaliar a aplicabilidade da tecnologia LiDAR ALS em áreas nativas do sul do Brasil.

Page 33: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

33  

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 LiDAR

De acordo com Meneses et al. (2012), Sensoriamento Remoto é uma técnica de obtenção de imagens dos objetos da superfície terrestre sem que haja contato físico entre o sensor e o objeto. Outra definição é dada por Liu (2006) onde diz que Sensoriamento Remoto é definido como uma técnica de aquisição e de aplicação das informações sobre um objeto sem nenhum contato físico com ele. Já Novo (2010) apresenta uma definição mais detalhada de Sensoriamento Remoto como sendo a utilização conjunta de sensores, equipamentos para processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados colocados a bordo de aeronaves, espaçonaves, ou outras plataformas, com o objetivo de estudar eventos, fenômenos e processos que ocorrem na superfície do planeta Terra a partir do registro e da análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que o compõem em suas mais diversas manifestações. Dentro do Sensoriamento Remoto, a aquisição de dados pode ser feita de duas formas, através de sensores passivos e ativos. Estas informações são adquiridas registrando-se o quanto de uma determinada energia é refletida pelos objetos. Esta energia pode ser adquirida através da radiação solar ou por outros meios (Ondas de rádio e Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (LASER)). Desta forma, sensores passivos são aqueles que registram a refletância dos objetos a partir da radiação solar, como por exemplo os sensores dos satélites IKONOS II, CBERS, RAPIDEYE e outros. Já os sensores ativos são aqueles que registram a refletância a partir de uma energia emitida pelo próprio sensor, como por exemplo Radio Detection and Ranging (RADAR) e LiDAR (NOVO, 2010, p. 76; DE JONG e VAN DER MEER, 2004, p. 9). Os sensores ativos do tipo LiDAR possuem a vantagem de não depender da luz do sol (WAGNER

Page 34: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

34  

et al., 2004), podendo o recobrimento ser feito tanto de dia quanto a noite. A desvantagem, é que estes sensores operam em uma faixa muito restrita do espectro eletromagnético, fazendo com que ocorra a omissão de informações.

O LiDAR é uma tecnologia do Sensoriamento Remoto que vem mostrando potencial em diversas áreas de aplicação. Segundo Giongo et al. (2010), LiDAR, sigla utilizada para Light Detection and Ranging, é um termo que tem sido utilizado para designar esta nova tecnologia. Em português vem sendo utilizada a terminologia de Sistema de Varredura a LASER (CENTENO; MITISHITA, 2007, COELHO; VARGAS, 2007) ou de Perfilhamento a LASER (CASTRO; CENTENO, 2005, SILVA; RIBAS, 2007). O termo LaDAR (LASER Detection and Ranging) também é utilizado por caracterizar o uso de LASER, porém é utilizado com mais frequência em aplicações militares (SIEPMANN, 2006, p. 1). A tecnologia LIDAR é baseada nos mesmo princípios utilizados no sistema RADAR, com a diferença de que, ao invés do uso de ondas de rádio para localizar os objetos de interesse, o sistema LiDAR utiliza pulsos LASER de alta frequência (GIONGO et al. 2010, p. 1). Uma característica importante deste sensor é que os pulsos LASER podem penetrar por pequenas aberturas no dossel da floresta e fornecer informações sobre a estrutura florestal e também o relevo destas áreas (GIONGO et al. 2010, p. 1). Há dois tipos de sistemas de varredura LASER, sistema estático e dinâmico. O sistema estático consiste de uma base fixa no terreno que emite pulsos LASER para o objeto (alvo). O pulso é difusamente refletido pelo alvo e parte deste retorna ao sistema. O tempo que o sinal viaja e retorna ao sensor é registrado e posteriormente, é calculada a distância percorrida. Com as distâncias e a localização do sensor é possível obter-se uma nuvem de pontos tridimensionais referenciados. O sistema dinâmico consiste da utilização de um feixe óptico de alta potência em uma plataforma móvel (avião ou helicóptero),

Page 35: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

35  

coerente no espaço e no tempo, para garantir a qualidade da mediação da distância. A posição planimétrica é obtida com apoio de um sistema de posicionamento com precisão, sendo normalmente o Global Navigation Satellite System (GNSS). Segundo Reutecbuch et al. (2005), sistemas dinâmicos ou aerotransportados de varredura a LASER têm quatro principais componentes: (1) uma unidade de digitalização a LASER emissor-receptor, (2) sistemas de posicionamento global diferencial (DGPS; unidades de aeronave e terra), (3) uma unidade de medição inercial (do inglês Inertial Measurement Unit - IMU) anexado à unidade de digitalização, e, (4) um computador para controlar o sistema e armazenar dados dos três primeiros componentes.

Scanners LASER projetados para o mapeamento de terreno emitem pulsos na faixa do infravermelho próximo (0,8µm a 1,6 µm), a uma taxa elevada (aproximadamente 10.000-100.000 pulsos / segundo). A posição e a atitude do LASER scanner no momento em que cada pulso é emitido são determinadas a partir de dados de voo coletados pelas unidades de GPS e IMU. O intervalo ou distância entre o scanner e um objeto que reflete o pulso é calculado usando o tempo necessário para o pulso completar a distância da viagem de retorno do scanner para o objeto. Esta informação sobre a distância (retorno), a posição e orientação do scanner são usados para calcular uma coordenada para cada ponto de reflexão. A faixa de terreno sob a aeronave é varrida através da emissão dos pulsos LASER e do movimento da aeronave sobre a linha de voo. O padrão de varredura dentro da faixa é estabelecido por um espelho oscilante ou prisma rotativo, que faz com que os pulsos passem por toda a área visível no campo de visão do sistema em um padrão consistente abaixo do avião. Dependendo da Configuração do voo, grandes áreas podem ser recobertas com faixas que se sobrepõem uma as outras em 20% ou mais. Isso resulta em aquisição de uma "nuvem de pontos" 3D da vegetação e do terreno, muitas vezes com vários milhões de

Page 36: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

36  

medições por quilômetro quadrado. O padrão final de pontos de reflexão do pulso no terreno e a largura da faixa sobrevoada dependem das Configurações e características do mecanismo de digitalização (por exemplo, a taxa de pulso, retorno por pulso, e ângulo de varredura), bem como outros fatores, como altura de voo, velocidade da aeronave, e do tipo de relevo a ser mapeado. Após o levantamento e processamento dos dados, um arquivo no formato de texto é gerado onde irá constar quatro informações importantes, coordenadas x, y e z, e a intensidade de retorno do LASER, como pode ser visto na Tabela 1.

Tabela 1 - Formato do arquivo de dados LiDAR. E N Z I

590691,96 6890692,50 1001,77 82 590691,98 6890692,46 1001,75 88 590692,00 6890692,44 1001,78 88 590692,02 6890692,40 1001,74 96 590692,04 6890692,38 1001,80 94 590692,06 6890692,35 1001,75 97 590692,07 6890692,33 1001,79 100 590692,09 6890692,31 1001,74 96

Fonte: produzido pelo próprio autor.

1.1.1 Detalhamento do Procedimento 1.1.1.1 Unidade de digitalização a LASER

Os primeiros ALS (Airborne LASER Scanner) foram desenvolvidos em um sistema de pulsos (discrete echo), o qual registra o intervalo para o primeiro ou o último retorno dos pulsos. A evolução dos sistemas permitiu o armazenamento simultâneo de ambos os ecos e alguns sistemas mais avançados permitem determinar o retorno dos pulsos intermediários como mostrado na Figura 1. Uma nova geração de sistemas ALS foi

Page 37: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

37  

desenvolvida, conhecida como sistema de ondas contínuas (full-waveform), sendo capazes de registrar integralmente todo o sinal do pulso (WAGNER et al., 2006, p. 2).

Figura 1 - Características dos diferentes sistemas ALS, (A) sistema de ondas contínuas (full-waveform) e (B) sistema de pulsos (discrete echo).

Fonte: Giongo, 2010, p. 233.

Após o sistema emitir o pulso LASER, o mesmo é refletido na superfície onde parte deste pulso retorna ao sensor. Este retorno trata-se de um sinal analógico de retorno e um conversor transforma o sinal analógico em digital. Porém, este sinal digital quando retorna ao sensor pode não estar no mesmo comprimento de onda de quando saiu do sistema. Para isso o mesmo passa por um filtro de suavização que verifica se o sinal recebido possui o mesmo comprimento de onda do sinal emitido. Outro parâmetro que define o funcionamento do sensor é o mecanismo utilizado no conjunto óptico do sistema. Após o pulso ser gerado é dirigido para o espelho de varredura, que

Page 38: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

38  

consiste de um conjunto óptico de lentes e espelhos que orienta os pulsos LASER enviados pelo gerador de pulsos, emitindo-os para os objetos no terreno e sequencialmente recebendo os sinais de retorno e os direcionando para o receptor. Nas Figuras 2 e 3 podem-se observar configurações de espelhos de varredura: espelho oscilante; polígono rotatório; varredura Palmer e varredura de fibras rotatórias, e suas respectivas configurações de varredura.

Figura 2 - Mecanismos do espelho de varredura óptico mecânico. (A) Espelho oscilante; (B) Polígono rotatório; (C) Varredura Palmer; (D) Varredura de fibras rotatórias.

Fonte: Giongo, 2010, p. 233.

Figura 3 - Configuração da varredura em relação ao tipo de espelho óptico mecânico. (A) Espelho oscilante; (B) Espelho oscilante com dois eixos; (C) Polígono rotatório; (D) Varredura Palmer e (E) Varredura de fibras rotatórias.

Fonte: Giongo, 2010, p. 233.

Page 39: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

39  

1.1.1.1 Sistema DGPS (Differential Global Positioning System)

O sistema DGPS (Differential Global Positioning

System) é composto basicamente por um receptor de sinais GPS posicionado sobre um vértice geodésico com coordenadas conhecidas e outro receptor GPS móvel (estação do usuário) operando simultaneamente. Nesta Configuração, é possível calcular as correções posicionais bem como a resolução das ambiguidades. Esta correção é possível graças ao fato de as coordenadas da base serem conhecidas. Estas correções são baseadas no cálculo das diferenças de fase obtidas a partir das observações registradas pelos receptores base e móvel em determinados instantes.

Quando a estação-base está próxima a área de interesse, existe uma forte correlação entre os erros de posicionamento (MONICO, 2008, p. 301). Desta forma, quando mais próxima à estação do usuário estiver da base, maior a precisão do levantamento devido as correções que podem ser aplicadas em tempo real ou pelo método de pós processamento. Todavia, este método é mais preciso quando os mesmos satélites são rastreados simultaneamente na estação-base e na do usuário (MONICO, 2008, p. 301). Desta forma, justifica-se realizar o pós-processamento utilizando a base mais próxima ou utilizar uma base fixa no local do levantamento.

Com base na Configuração supracitada e na sua capacidade de fornecer o posicionamento com erros na casa dos milímetros (MONICO, 2008, p. 302), este sistema DGPS opera juntamente com o sistema LASER ALS com a finalidade de proporcionar maior exatidão na localização do sensor durante o processo de varredura. A função da estação do usuário, neste caso, é a determinação da posição da plataforma aerotransportada com precisão sendo que para isso utiliza-se, juntamente com o sistema IMU (Unidade de Medição Inercial), um receptor de GPS de dupla frequência (L1 e L2), e na terra

Page 40: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

40  

utiliza-se uma base GPS fixa que realiza observações simultâneas (GIONGO, 2010, p. 234).

1.1.1.2 Unidade de Medição Inercial (IMU)

De acordo Giongo (2010) e Schimalesky (2007), a unidade de medição inercial (IMU) utiliza uma unidade de medição que contém arranjos de sensores inerciais (Inertial Sensors Array – ISA). Estes arranjos possuem acelerômetros para a medição de força específica e giroscópios para a detecção de movimentos de rotação (LEFÈVRE, 1993), com um circuito de digitalização e uma unidade de cálculo. Por meio de integradores, as acelerações e os parâmetros angulares no sistema de navegação inercial produzem a posição, a velocidade e a orientação da IMU. Ou seja, os giroscópios mantêm os acelerômetros em posição horizontal com o terreno, fornecendo a orientação azimutal, enquanto os acelerômetros colocados na plataforma fornecem as componentes específicas da aceleração. Os integradores recebem as indicações dos acelerômetros e fornecem a velocidade e a orientação do próprio sensor e para assegurar uma boa exatidão, o IMU deve ser instalado próximo do sensor (MOSTAFA & HUTTON, 2001, p. 25). Este tipo de sistema é atualmente empregado em navegação tanto para fins militares como comerciais. A IMU tem como característica a independência de perturbações externas, não necessitando transmitir nem receber sinais. A navegação é possível em qualquer altitude e sob condições atmosféricas adversas sendo os registros adquiridos contínua e instantaneamente.

Ao longo da linha de voo a aeronave está suscetível ao efeito dos ventos. Essas influências causam o rolamento (ω), arfagem (φ) e guinada (κ), cujo os efeitos são mostrados na Figura 4. O rolamento provoca o não alinhamento de varreduras consecutivas resultante do movimento de curva para a direita ou esquerda em torno do eixo longitudinal da aeronave. A arfagem, provoca superposição ou lacunas entre varreduras consecutivas

Page 41: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

41  

em virtude do movimento em torno do eixo transversal da aeronave. A guinada, que são deslocamentos em torno do eixo vertical que provoca o não alinhamento entre as varreduras (COELHO; BRITO, 2007, p. 108).

Figura 4 - Ângulos de atitude da aeronave.

Fonte: adaptadas de Alves, 2010, p. 12.

1.1.2 Aplicações

O LIDAR apresenta potencial em diversas áreas de aplicação, tais como: planejamento costeiro, avaliação de risco de inundações, telecomunicações e redes de transmissão de energia, florestas, agricultura, petróleo, transportes, planejamento urbano, mineração, mapeamento topográfico, prevenção de acidentes, uso militar, aplicações na arte, na medicina, na engenharia, entre outros. (GIONGO et al. 2010; DALMOLIN e SANTOS, 2003).

Na área florestal, a tecnologia LiDAR é de ampla aplicação na geração de modelos digitais de terreno (MDT), modelos digitais de superfície (MDS) e modelos digitais normalizados (MDSn). Utilizando estes modelos é possível extrair declividade de terreno, informações de árvores isoladas,

Page 42: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

42  

quantificação de biomassa e carbono, análise de extratos florestais, modelagem 3D de copas, dentre outros.

Uma das aplicações que ganhou destaque nos últimos anos é a modelagem individual de árvores. De acordo com Heinzel (2008, p. 76), a extração de parâmetros de árvores individuais utilizando dados ALS é de grande importância nas aplicações florestais, sendo que em circunstâncias especiais, apenas árvores isoladas são unidades confiáveis para se trabalhar.

Page 43: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

43  

1.2 FILTRAGEM DE DADOS LiDAR

A filtragem consiste da classificação de pontos em duas categorias, sendo estas definidas como pertencentes ao solo e não pertencentes ao solo. Outra definição dada por Axelsson (2000, p. 2) diz que filtragem é a remoção de pontos não desejados em casos onde há uma mistura de pontos do solo e pontos da vegetação e/ou de construções. No processamento de dados LiDAR esta tecnologia é importante por permitir uma melhor manipulação dos dados.

Para que seja possível classificar a nuvem de pontos, é necessário definir limiares que podem ser características ou atribuições como altura, declividade, distância entre pontos próximos ou a distância do ponto em questão até o ponto classificado previamente como pertencente ao solo (seed).

A maioria dos filtros inicia com uma ação básica que é a geração de uma grade. Esta grade inicial consiste de uma superfície criada a partir dos pontos chamados de seeds, que são pontos de menor cota na célula da grade ou dentro de uma área especifica chamada de janela móvel. A janela pode ser móvel ou fixa conforme o filtro podendo ser quadrada, retangular ou circular.

Atualmente existem na literatura uma série de filtros (ZHANG e CUI, 2007; HYYPPÄ et al., 2000; BECKER e CENTENO, 2012; MACEDO et al., 2013; Li et al., 2013) desenvolvidos para atender diferentes especificidades. Porém, destacam-se nesta pesquisa as características do filtro Adaptive TIN (Adaptive Triangular Irregular Network), utilizado neste trabalho.

1.2.1 Filtro Adaptive TIN

O filtro Adaptive TIN ou ATIN é um filtro robusto para

a filtragem de dados LiDAR em diferentes situações, sendo muito utilizado na obtenção de MDTs (Modelo Digital de

Page 44: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

44  

Terreno) (AXELSSON, 2000; SULAIMAN et al., 2010; FORLANI e NARDINOCCHI, 2007; SITHOLE e VOSSELMAN, 2003). Seu algoritmo está implementado em alguns softwares, como TerraScan e ALDPAT (ZHANG e CUI, 2007, p. 79). Mais recentemente o programa Lastools utiliza este filtro implementado na ferramenta lasground.exe.

1.2.1.1 Processo de Filtragem   Inicialmente o conjunto de dados é subdividido em um arranjo de células (grid) e os pontos que atendam aos limiares são selecionados para serem seeds (pontos teoricamente pertencente ao solo). O tamanho do grid é arbitrário, porém deverá seguir o comportamento dos dados, onde o seu espaçamento deverá ser baseado no maior tipo de estrutura, como por exemplo, casas, prédios e galpões. Para a obtenção dos seeds são calculados parâmetros iniciais para cada ponto dentro da nuvem de pontos em relação a sua vizinhança. Estes parâmetros são declividade em relação a pontos vizinhos e a altura do ponto em relação ao grid. Em seguida, cada um destes parâmetros são avaliados e comparados a um limiar. O ponto em questão é classificado como seed se estiver contido nos limiares. Os pontos restantes serão avaliados nas próximas etapas. Com os seeds selecionados, uma superfície TIN (Triangular Irregular Network) é criada baseada na triangulação de Delaunay. A superfície é inserida abaixo da nuvem de pontos (tendo como base o ponto de menor cota de toda a nuvem), e então, dá-se início a uma série de interações, onde cada ponto é comparado com o grid. A cada comparação é necessário recalcular todos os parâmetros dos pontos da nuvem antes da próxima interação. Se os parâmetros do ponto analisado estiver no intervalo dos limiares, este é incluso no TIN. Desta forma, o processo segue até que todos os pontos sejam classificados em

Page 45: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

45  

pertencentes (Class = 2) e não-pertencentes ao solo (Class = 1), remodelando o grid inicial ajustando-o ao relevo (ver Figura 5).

Figura 5 - Sequência de interações do filtro.

Fonte: produção do próprio autor.

1.2.1.2 Parâmetros estimados

Os parâmetros calculados para a criação do TIN são as distâncias do ponto em relação às faces (d) e os ângulos formados entre o ponto analisado e os nós de cada face pertencente ao TIN (α; β; γ), conforme mostrado na Figura 6. Estes parâmetros são importantes e de comportamento variado, já que em uma área ocupada por florestas haverá diferentes

Page 46: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

46  

características comparada a áreas urbanas, como por exemplo, relevo mais suave, objetos de menor tamanho (árvores, arbustos e outros) e a presença de córregos e rios. No primeiro caso pequenas variações no terreno serão possivelmente aceitas, enquanto que no segundo caso uma superfície plana com descontinuidades ocasionais podem ser esperadas e podem gerar erros na filtragem.

Através de histogramas dos ângulos (entre pontos e nós) e da diferença de elevação (entre ponto e face do triângulo), as estatísticas são calculadas. Considerando estes valores obtidos é possível o cálculo rápido dos valores médios de cada parâmetro. Limiares são definidos a partir destes parâmetros que em seguida são utilizados no processo iterativo.

Na fase de inicialização, antes do TIN ser criado, informações são coletadas a partir da nuvem de pontos. Após isso, estatísticas são calculadas apenas dos pontos incluídos no grid (seeds). Os pontos que não são inclusos (pontos não classificados) são desconsiderados nestes cálculos inicias.

Figura 6 - Parâmetros avaliados.

Fonte: adaptado de Axelsson (2000, p. 3).

1.2.1.3 Densificação do TIN

O processo de densificação trata-se da incorporação de novos pontos ao TIN, deixando-o com um maior número de

Page 47: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

47  

pontos ou mais “denso”. Estes novos pontos são adicionados ao TIN caso atinjam os limiares calculados (da distância do ponto até a faceta e os ângulos em relação aos nós) à cada nova interação. Este algoritmo para densificação é válido para superfícies contínuas, como as paisagens florestais com coníferas e folhosas. Superfícies descontínuas, que são frequentes em áreas urbanas, são difíceis de se trabalhar, pois as bordas são facilmente cortadas já que o limiar é excedido. Esta situação pode ser observada na Figura 7.

Figura 7 - Remoção das bordas em superfícies descontínuas. d = distância perpendicular do ponto em relação a face; dmax = limiar de distância.

Fonte: Axelsson (2000, p. 3).

Para contornar o problema com as bordas, além de avaliar a face do TIN circunvizinho ao ponto, nestes casos, todas as faces próximas ao ponto analisado também são avaliadas. O ponto avaliado é copiado para o nó mais próximo e o desvio entre o ponto e o nó é calculado. Então, para cada iteração, o TIN não irá expandir na direção da descontinuidade. Por fim, o processo é interrompido quando não houver mais nenhum ponto a ser classificado.

Page 48: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

48  

1.3 MODELAGEM DIGITAL

De Floriani e Puppo (1995, p. 2) citam que a modelagem (representação de superfícies definidas por uma função bivariada) exerce um papel importante em diferentes campos de aplicação como design geométrico computacional, sistemas de informação geográfica, análise de elementos finitos, robótica, computação visual e computação gráfica. Na área florestal, sua importância é expressa por três modelos, o modelo digital de superfície (MDS), modelo digital de terreno (MDT) e o modelo digital de superfície normalizado (MDSn). 1.3.1 MDS

Os modelos digitais de superfície são representações

gráficas de feições na superfície terrestre, contendo árvores, construções e demais objetos juntamente com o terreno. Wiman (1998, p. 1) ainda defini que MDS é uma descrição completa do terreno, incluindo todos os objetos sobre ele. Zhao et al. (2005, p. 1) e Bandara et al. (2011, p. 846) descrevem o MDS como sendo um modelo digital de elevação (MDE ou DEM – Digital Elevation Model) juntamente com as formas das feições da superfície da terra. Na Figura 8 é apresentado um exemplo de MDS de uma área de transição urbano-rural localizada em Porto União, Santa Catarina.

Page 49: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

49  

Figura 8 - Exemplo de MDS.

Fonte: produção do próprio autor.

O MDS é importante em diversas áreas, tendo como exemplo aplicações na área do inventário florestal (RODRIGUEZ et al., 2010; ANDERSEN et al., 2004), avaliação de árvores individuais (Li et al., 2012), dentre outros. Por ter a característica de representar as entidades geográficas em uma determinada área juntamente com o comportamento do terreno, o MDS torna-se uma ferramenta capaz de auxiliar na avaliação de risco principalmente de inundações (TSUBAKI e FUJITA, 2010; OZDEMIR et al., 2013) e contagem e mapeamento de infraestruturas (SINGH et al., 2012; KARSLI e KAHYA, 2010). 1.3.2 MDT

O modelo digital de terreno representa as formas do relevo. Cambray (1993, p. 2) define que um MDT é uma representação que descreve o relevo. Weidner e Förstner (1995) definem ainda que o MDT é composto pelos pontos pertencentes somente ao solo nu (juntamente com formações e afloramentos

Page 50: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

50  

rochosos), não contendo portanto, edificações ou vegetação (ver Figura 9).

Figura 9 - Exemplo de MDT

Fonte: produção do próprio autor.

Briese et al. (2007) citam que modelos digitais de terreno são essenciais para muitas aplicações (e.g. controle de risco de inundação, planejamento de infraestrutura, análise de fluxo de águas, tarefas de visualização e outros) e são um conjunto de dados fundamental para o Geographic Information Systems (GIS). O MDT ainda apresenta ampla aplicação em outra áreas como no inventário florestal (JÄMSTEDT et al., 2012) e em todos os trabalhos envolvendo modelagem de florestas ou árvores individuais através de ferramentas de Sensoriamento Remoto. Ao contrário do MDS, o MDT é um desafio à parte no que diz respeito a sua obtenção A filtragem da nuvem de pontos obtida pela varredura LASER é crucial para que seja possível obter o MDT. Porém, como mencionado no item 1.2, a filtragem pode ser um tarefa complexa principalmente quando está

Page 51: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

51  

relacionada a áreas com o relevo muito heterogêneo e com diferentes objetos, como exemplos, florestas e edificações. 1.3.3 MDSn

O modelo digital de superfície normalizada é obtido através da diferença dos dados contidos no MDS e MDT (ver Figura 10). Neste caso, o MDS que contêm informações tanto do terreno como dos objetos da superfície, passam a ter dados apenas referente aos objetos, uma vez que o terreno é removido. Waser et al. (2007) definem também que MDSn é o resultado da subtração entre MDS e MDT.  

Figura 10 - Exemplo de MDSn

Fonte: produção do próprio autor.

Este modelo possibilita que os objetos acima do terreno sejam manipulados através de técnicas computacionais. Desta forma, é possível quantificar e qualificar os objetos extraindo informações de interesse. Dentre as muitas aplicações a

Page 52: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

52  

quantificação de biomassa é uma das mais comuns (NYSTRÖM, 2012; GLEASSON e IM, 2012; KRONSEDER et al., 2012; LU et al., 2012). Ainda é aplicado em mapeamento (FORZIERI, 2012; SINGH et al., 2012), avaliação de mudanças na estrutura florestal (WASER et al., 2008), extração de variáveis dendrométricas (STOJANOVA et al., 2010; MONTAGHI et al., 2012; DISPERATI et al., 2007), reconstrução de edifícios (KABOLOZADE et al., 2012), avaliação de ferrovias (BEGER et al., 2011) e extração de telhados (AWRANGJEB et al., 2013).

O MDSn na área florestal atua no delineamento e modelagem de árvores individuais. Com dados LiDAR é possível a obtenção do MDSn. Portanto, é possível utilizar dados LiDAR para a obtenção de variáveis morfométricas e dendrométricas.

Page 53: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

53  

1.4 LASER SCANNER AEROTRANSPORTADO (ALS) NA ESTIMATIVA DE VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS

O LiDAR por apresentar as versatilidades de cobrir

amplas áreas com uma densidade média de pontos variando de 0,5 a 300 pontos/m², tem sido amplamente estudado e aplicado na área florestal visando a extração indireta de variáveis dendrométricas. Rodriguez et al. (2010, p. 1) em um trabalho que analisa a aplicação do LiDAR em plantios de Eucalyptus sp., concluíram que esta tecnologia apresenta grande precisão quando comparado ao levantamento de campo, reduzindo os custos e erros relacionados ao inventário florestal convencional. Oliveira et al. (2012) utilizaram LiDAR para a contagem de árvores em um povoamento de Eucalyptus sp. atingindo uma acurácia de 97,36%, o que demonstrou a eficácia da tecnologia LiDAR no auxílio ao inventário florestal. Kumar (2012) utilizou uma nuvem de pontos LiDAR com densidade média de 164 pontos/m² para a estimativa de variáveis de inventário florestal, e mapeamento e estimativa de carbono. Diedershagen et al. (2003) utilizaram o LiDAR para o delineamento de árvores individuais e caracterização da estrutura florestal separando árvores coníferas e folhosas. Liang et al. (2007) utilizou a tecnologia Light Detection and Ranging para a classificação de coníferas decíduas utilizando primeiros e últimos retornos. Danilin e Medvedev (2004) aplicaram LiDAR no inventário florestal e na avaliação de biomassa. Hyyppä et al. (2004) descreve vários métodos e algoritmos para medição florestal utilizando dados LiDAR.

Como visto anteriormente, o número de trabalhos realizados em áreas plantadas é elevado. Todavia, o inventário de áreas naturais empregando dados LiDAR ainda é um tópico pouco estudando, podendo destacar alguns trabalhos como Giongo (2012), Zandoná (2006) e Zandoná (2008).

Page 54: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

54  

1.5 RELAÇÕES MORFOMÉTRICAS

As relações morfométricas ou relações interdimensionais das árvores em florestas naturais e povoamentos artificiais são derivados de estudos morfométricos, ou seja, da mensuração das formas que compõe as árvores (CONDÉ et al., 2012, p. 2). As relações morfométricas visam reconstruir o espaço ocupado por cada árvore, a sua estabilidade, vitalidade e produtividade, bem como julgar o grau de concorrência a que cada indivíduo foi ou está sujeito (HASENAUER, 1997, p. 1).

Segundo Tonini e Arco-Verde (2005, p. 1), no Brasil são poucos os estudos que procuram relacionar variáveis morfométricas com variáveis de fácil obtenção, como o diâmetro à altura do peito (DAP) e altura total.

Uma das relações já comprovadas cientificamente é a hipsométrica (relação entre altura e DAP). Muitos trabalhos comprovam sua utilização, demonstrando-se ser uma relação de grande importância na representação de indivíduos florestais (FIGUEIREDO FILHO et al., 2010; SANTOS et al., 2012; ARAÚJO et al., 2012; ROSSI et al., 2011; THIERSCH et al., 2013; DURLO e DENARDI, 1998).

Outras variáveis que apresentam alta correlação é o DAP e área de copa ou diâmetro de copa. Esta relação diz que a área de projeção da copa ou o diâmetro da copa, é proporcional ao diâmetro a altura do peito (CONDÉ et al., 2012, p. 9). Esta relação tem sido estudada e abordada em uma série de trabalhos científicos (CONDÉ et al., 2012; ZIMMERMANN et al., 2012; TONINI e ARCO-VERDE, 2005; ROMAN et al., 2009; ORELLANA e KOEHLER, 2008; NUTTO, 2001; DURLO, 2001; DURLO e DENARDI, 1998; WINK et al., 2012; OLIVEIRA, 1982).

Existem ainda outras relações que podem ser citadas como altura dominante por índice de sítio (SELLE, et al., 1994; SCOLFORO, 1992; MENEGOL, 1991; SANTOS, 2012) e índices de copa (forma da copa, índice de saliência, índice de

Page 55: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

55  

esbeltes) em função do DAP e altura total (ROMAN et al., 2009; CONDÉ et al. 2012).

Estas relações que podem ser encontradas entre as variáveis dendrométricas, possibilitam a determinação de modelos matemáticos que tornam possível o cálculo de uma variável de interesse de difícil obtenção. Por exemplo, a partir de características morfométricas, é possível calcular a idade aproximada de uma árvore. Uma das ferramentas comumente utilizadas é a regressão, onde é possível estimar uma variável de interesse a partir de uma ou várias outras variáveis.

Page 56: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

56  

1.6 Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, conforme pode ser visto na Figura 11, é uma conífera da família Araucariaceae, símbolo do sul do Brasil sendo sua ocorrência situada desde o sul do estado de São Paulo até o centro-norte do Rio Grande do Sul, como mostra o mapa da Figura 12. Atualmente, está inclusa na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção na categoria vulnerável, devida à intensa extração de madeira ocorrida na década de 1960.

Figura 11 - Araucaria angustifolia em ambiente natural.

Fonte: Capa do Journal of Heredity (2006).

Page 57: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

57  

Figura 12 - Distribuição da Araucaria angustifolia no território brasileiro.

Fonte: Hueck (1972)

A araucária possui fuste retilíneo com uma copa em formato de candelabro podendo chegar a até 50m de altura. Todavia, a espécie apresenta uma característica de copa diferenciada. Sua copa pode variar conforme a idade e seu local de ocorrência. Comumente, em idades menores, sua copa apresenta um comportamento cônico (ver Figura 13a). Em idade mais avançada tende a apresentar o formado de candelabro (ver Figura 13b). Mas nem sempre este comportamento ocorre. É possível encontrar o inverso também. Neste caso, árvores jovens apresentam a copa como candelabro e a copa de árvores velhas como cone. Desta forma, a estimativa da idade pela forma da copa é complexo. Nestes casos é necessário a determinação da idade para saber com propriedade a idade real do indivíduo.

Para o seu crescimento, a A. angustifolia depende de fatores ambientais específicos para sua ocorrência. Além disso,

Page 58: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

58  

também necessita de espaço físico, condições edáficas, topográficas, fatores de competição entre as demais espécies do local, e constituição genética (ROVEDA, et al., 2012). Cada um destes fatores pode afetar de forma isolada ou em conjunto o crescimento das árvores (POORTER e BONGERS, 1993).

Figura 13 - Comportamento da copa da A. angustifolia ao longo do período de crescimento. a) Forma de cone da copa de um indivíduo jovem. b) Forma de candelabro em um indivíduo de idade mais avançada.

Fonte: produção do próprio autor.

Sua madeira de ótima qualidade tanto mecânica quanto estética torna a mesma uma espécie de potencial comercial.

Além da madeira, a semente da araucária, o pinhão, é utilizada como alimento por animais silvestres e pelo homem. Possui alto valor nutricional e calórico, sendo fonte de renda para agricultores familiares. A semente é originada da pinha (ver Figura 14a). A pinha é o produto da fecundação do estróbilo

Page 59: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

59  

feminino. Após esta fecundação e desenvolvimento dos embriões, tem-se o pinhão (ver Figura 14b).

Além dos usos habituais da madeira, a espécie possui outras aplicações não-madeireiras sendo elas a alimentação (ver Figura 14c) (o pinhão serve como alimento muito nutritivo e saboroso sendo muito utilizado em pratos típicos), o artesanato (nó dos galhos utilizado para utensílios domésticos ou esculturas) (ver Figura 14d, 14e, 14f), uso medicinal (pinhão utilizado no combate a azia, anemia e debilidade do organismo) e recuperação de áreas degradadas (espécie clímax a ser implantada em áreas degradadas).

Page 60: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

60  

Figura 14 - Aplicações não-madeireiras da araucária na alimentação e no artesanato. a) órgão feminino fecundado e maduro (pinha); b) semente da araucária (pinhão); c) paçoca de pinhão; d) potes e vasilhas feitas de nós; e) tampão de mesa feita de nós; f) mesa com o tampão feito de nós já montado.

Fonte: a) http://www.frawcraw.com/2011/09/core-etuba-lenda-da-

gralha-azul.html; b) http://4.bp.blogspot.com; c) http://www.oxfordporcelanas.com.br/blog/e-tempo-de-pinhao/; d) http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/; e) https://www.flickr.com/photos/artexplorer/3133779812/; f) http://www.brasilvirtualmoveis.com.br/produto/156/mesa.

Page 61: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

61  

2 MATERIAIS E MÉTODOS  2.1 LOCAL DE ESTUDO  

Para a realização da pesquisa utilizou-se uma nuvem de pontos LiDAR localizada no município de Painel em Santa Catarina com coordenada central de 28º06’37,50’’ S e 50º04’36,53’’ W. A Figura 15 apresenta uma ortoimagem da área de estudo. Dentro desta foram selecionadas 4 subáreas contendo apenas árvores isoladas. Estas subáreas foram selecionadas para que o método pudesse ser avaliado.

Figura 15 - Mapa de localização da área de estudo. Em vermelho encontram-se as 4 subáreas de estudo.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 62: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

62  

A área está localizada próxima ao rio Lava-tudo, sendo o clima do local classificado como clima temperado úmido com verão quente (Cfa) de acordo com a classificação Köppen. Segundo a Embrapa (2004, p. 221) o solo da região é classificado como bruno estruturado álico A moderado, com textura muito argilosa, em fase de campo subtropical com relevo ondulado e forte ondulado. A vegetação é predominantemente campos de altitude com remanescentes de mata das araucárias. É classificada como Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana (ver Figura 16), localizada acima de 1.000 m de altitude, adaptada a um inverno rigoroso com ocorrência de neve e geada (IBGE, 2012, p. 83; HESS, 2012, p. 229).

Figura 16 - Esquematização das subdivisões da Floresta

Ombrófila Mista

Fonte: Veloso et al. (1991, p. 74) adaptado por IBGE (2012, p. 83)

2.1.1 Subáreas de Estudo  

No inventário, principalmente no estudo de árvores individuais em florestas nativas, a utilização de dados LiDAR é recente no Brasil. Todavia, no exterior o estudo de árvores individuais com dados LASER encontra-se bem desenvolvido. A tecnologia LiDAR vem contribuindo no inventário florestal, estando presente em muitos trabalhos científicos

Page 63: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

63  

(DIEDERSHAEGN et al., 2003; KUMAR, 2012; DANILIN e MEDVEDEV, 2004; HYYPPÄ et al. 2004; POPESCU, 2003). Apesar desta ser uma nova vertente no inventário florestal, o estudo de árvores individuais, empregando LiDAR, utiliza muitos dos conceitos empregados no inventário florestal convencional. Sendo assim, muitos dos cálculos realizados são baseadas em parcelas. Além disso, como o foco do trabalho foi o delineamento e medição de árvores isoladas de A. angustifolia, optou-se pela delimitação de 4 subáreas com árvores isoladas para que fosse possível avaliar o trabalho realizado dentro dos paradigmas do inventário florestal, estando delimitado como mostrado na Figura 17. Na Tabela 2 são apresentadas as informações referentes a cada área juntamente com as respectivas métricas dos pontos LiDAR.

Outro fator de seleção das áreas, além das árvores isoladas, é o comportamento do relevo. Estas áreas foram inseridas em pontos que melhor representassem as variações de relevo do local de estudo, conforme mencionado na Tabela 2.

Tabela 2 - Características das 4 subáreas selecionadas. Descrição Área 1 Área 2 Área 3 Área 4

Área 1,049ha 1,452ha 1,991ha 0,617ha Perímetro 406,1m 555,3m 531,1m 400,5m Densidade de pontos

8 pts/m² 7 pts/m² 9 pts/m² 7 pts/m²

Coordenadas centrais

-50º4’42’’ -50º4’42’’ -50º4’37’’ -50º4’32’’ -28º6’33’’ -28º6’26’’ -28º6’32’’ -28º6’24’’

Tipo de Relevo

Declivoso forte

Plano ondulado

Declivoso moderado

Declivoso moderado

Fonte: produção do próprio autor.

Page 64: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

64  

Figura 17 - Subáreas delimitadas para avaliação do estudo. a) área 1; b) área 2; c) área 3; d) área 4.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 65: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

65  

2.2 FONTE DE DADOS 2.2.1 Coleta de dados à campo

A coleta de dados em campo ocorreu em duas datas distintas, sendo a primeira no dia 9 de julho de 2013 e a segunda no dia 2 de agosto de 2013, totalizando 146 árvores medidas. Todas as árvores medidas foram marcadas com placas de alumínio e as variáveis coletadas foram os raios da copa, a altura total e o DAP (ver Figura 18). Para a coleta dos raios, foi utilizado o método de ângulos fixos com número de raios fixos (SCOLFORO; THIERSCH, 2004), onde foram utilizados um Trupulse 360B, um receptor de sinais GPS marca Garmin modelo Map 76CS e uma baliza de aço. O GPS foi empregado para determinar os pontos cardeais utilizando a bússola eletrônica. Após determinar o ponto cardeal, uma baliza era alinhada com projeção da copa no sentido do ponto cardeal em questão. Por fim, com o Trupulse 360B no modo de medição de distância, foi realizada a medição da baliza até o tronco da árvore. Esta atividade foi repetida mais três vezes, totalizando 4 medidas por árvores nas direções norte, sul, leste e oeste, como pode ser observado na Figura 18. O Trupulse 360B também foi utilizado para medir a altura das árvores e uma suta mantax blue da marca Haglöf Sweden foi utilizada na medição dos diâmetros a 1,30 m em relação ao solo.

Page 66: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

66  

Figura 18 - Diagrama da medição da copa. R é o raio da copa; D corresponde ao DAP; θ é o ângulo fixo entre os raios, que neste caso é 90º.

Fonte: produção do próprio autor.

Para o referenciamento cartográfico das árvores empregou-se posicionamento GPS no método relativo com a ocupação do tipo stop-and-go tendo como base fixa um GPS Topcon GR-3 de dupla frequência (L1/L2) (ver Figura 19a). Como receptor móvel utilizou-se um par de GPSs Ashtech ProMark 2 (ver Figura 19b). É importante salientar que este procedimento poderá ter o efeito de multicaminhamento. Monico (2000) diz que multicaminhamento trata-se de sinais GPS que chegam a antena após serem refletidos por alguma superfície vizinha à antena, tais como construções, carros, árvores, cercas, etc. Devido a conformação da copa da araucária ser ampla e com uma densa quantidade de galhos pode ocorrer multicaminhamento. Todavia, o referenciamento cartográfico foi realizado somente para a localização das araucárias na nuvem de pontos LiDAR, onde o multicaminhamento não causou influência.

Page 67: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

67  

Figura 19 - Sistema GPS utilizado no referenciamento cartográfico das árvores. a) Base GPS Topcon GR3; b) Receptor GPS móvel Ashtech ProMark 2.

Fonte: produção do próprio autor

Para se obter o diâmetro final da copa foram realizados os cálculos de acordo com as Equações 1 a 3.

R1+R3+DAP=Dc (N>S) eq. 1

R2 + R4 + DAP = Dc (L>O) eq. 2

DN>S + DL>O = Dc eq. 3

Onde: R1 é o raio norte; R2 é o raio leste; R3 é o raio sul; R4 é o raio oeste; Dc (N>S) é o diâmetro da copa no sentido Norte-Sul; Dc

(L>O) é o diâmetro da copa no sentido Leste-Oeste; DAP corresponde ao diâmetro à altura do peito da árvore; D é o diâmetro médio da copa.

Page 68: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

68  

Comumente, quando se trabalha com dados de inventário florestal, o DAP não é acrescido ao diâmetro da copa. As Equações 4 a 5 exemplificam as equações normalmente utilizadas para se trabalhar com informações relativas a copa das árvores.

rc= ∑ rcn 4

i=1

4 eq. 4

Dc=2 . rc eq. 5

Onde: rc é o raio de copa médio; rc é cada raio medido na árvore; Dc é o diâmetro de copa.

No ajuste de equações através de regressão linear, dados de campo são necessários. Para se obter o DAP, o diâmetro de copa pode ser utilizado no ajuste da equação. Porém, em imagens derivadas de dados LiDAR, as copas das árvores apresentam visada ortométrica (ver Figura 20a). Já no inventário convencional a copa é avaliada de baixo para cima (ver Figura 20b). O objetivo é a estimativa do DAP a partir do diâmetro de copa medido em imagens altimétricas. Portanto, é necessária a adição do DAP observado ao diâmetro medido a campo para que a relação entre os dados seja coerente no momento do ajuste da equação. Com isso, a utilização das Equações 1 a 3 se tornam necessárias.

Também optou-se por utilizar o diâmetro de copa médio, diâmetro de copa no sentido leste/oeste e no sentido norte/sul. Há a hipótese de que o sentido de medição da copa poderá afetar o ajuste da equação.

Page 69: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

69  

Figura 20 - Diferença na medição do diâmetro de copa utilizando dados LiDAR e no inventário convencional. A) medição da copa feita utilizando dados LiDAR. b) medição dos raios de copa que em seguida são utilizados na obtenção do diâmetro de copa no inventário convencional. A seta azul indica o DAP que normalmente não é adicionado à medição do diâmetro de copa no inventário convencional.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 70: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

70  

2.2.2 LiDAR

O levantamento por varredura a LASER (ver Figura 21) foi efetuado pela empresa Aeroimagem S/A Engenharia e Aerolevantamento de Curitiba, PR. A nuvem de pontos apresentou uma densidade média de 7 pontos/m² e o recobrimento apresentou a Configuração de acordo com a Tabela 3.

Tabela 3 - Características do voo LiDAR. Modelo do sensor Leica ALS-60 (Full

Waveform) Data do Voo Janeiro de 2011 Altura do voo 1.400m Velocidade do voo 250 km/h

Formato de voo Zig-zag

(espelho oscilante) Footprint médio 35cm Repetição do LASER 158,2 kHz Frequência do scanner 85,2 Hz

Fonte: produção do próprio autor.

Figura 21 - Visualização da nuvem de pontos LiDAR. Os dados não foram processados.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 71: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

71  

2.3 RECURSOS COMPUTACIONAIS

Na Tabela 4 citam-se os programas utilizados para o desenvolvimento dos trabalhos, incluindo a confecção da dissertação.

Tabela 4 – Lista de programas utilizados. Programa Aplicação

Microsoft Word e Excel Confecção da dissertação.

Lastools – v. 2013

Geração do MDT e MDS; visualização dos dados; verificação de qualidade e preparação dos dados LiDAR.

QT Reader 64 bits Visualização dos dados LiDAR

ArcGIS 10.2.1

Geração do MDSn; Detecção de picos; cálculo de APC (área de projeção da copa ou CHM – Canopy Height Model); obtenção do shape de lacunas;

IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)

Ajuste de equações; análise estatística.

GNSS; Topcon Tools Pós-processamento dos pontos GPS do levantamento a campo.

Python 2.7 e 3.2

Desenvolvimento da rotina automatizada para a extração de árvores individuais em Python.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 72: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

72  

2.4 DELINEAMENTO DE ÁRVORES INDIVIDUAIS DE Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE

Para realizar o delineamento das árvores individuais, foi

utilizado uma adaptação do método de polígonos de Thiessen desenvolvido por Kumar (2012). É um método flexível que permite a aplicação tanto em florestas nativas como em plantadas. Por este motivo, o método foi selecionado para estar sendo testado na área de estudo deste trabalho.

O método é executado em diversas etapas que são detalhadas no apêndice A. O processamento inicia com a obtenção do MDSn, filtragem do MDSn, detecção dos picos das árvores, geração da máscara de lacunas e a segmentação das árvores pelo método de polígonos de Thiessen. 2.4.1 Obtenção do MDSn  

Para a obtenção do MDSn os dados LiDAR foram filtrados com o auxílio da ferramenta lasground disponível no programa Lastools. Esta ferramenta realiza a filtragem utilizando o filtro TIN adaptativo (Adaptive TIN) que classifica os pontos entre pertencentes (Class = 2) e não pertencentes ao solo (Class = 1). Após a classificação, duas imagens são geradas. A primeira imagem corresponde ao MDS interpolado a partir dos pontos do primeiro retorno. A segunda imagem é o resultado da interpolação apenas dos pontos classificados como pertencentes ao solo (MDT). Ambas as interpolações foram realizadas utilizando a ferramenta las2dem do programa Lastools. Para obter o MDSn, o MDT foi subtraído do MDS utilizando o programa ArcGIS 10.2.1.  

Page 73: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

73  

2.4.2 Suavização do MDSn

Para a suavização do MDSn, foi aplicada a ferramenta Estatística Focal do programa ArcGIS 10.2.1. Esta ferramenta realiza uma operação de vizinhança que tem como resultado uma imagem. Os valores de cada pixel desta imagem de saída é uma função dos valores de todos os pixels de entrada que estão ao redor de uma vizinhança específica (ESRI, 2013). Esta função podem ser de diferentes tipos estatísticos como média, mínimo, máximo, desvio padrão, dentre outros.

Esta suavização é necessária para realçar os picos das árvores. No MDSn os picos das copas não é evidente, principalmente por se tratar de uma espécie de copa irregular. Após o processo de filtragem utilizando a ferramenta Estatística Focal, o MDSn foi suavizado de tal forma a ponto de destacar o ponto mais alto de cada árvore. Esta é a etapa principal para a metodologia de polígonos de Thiessen. Isso acontece pois se a detecção dos pontos mais altos das árvores for efetuado de forma errada, o delineamento das copas, também será afetado. 2.4.3 Detecção dos picos das árvores

Para a detecção dos picos das árvores, as ferramentas Calculadora Raster e Estatística Focal do programa ArcGIS 10.2.1 foram utilizadas. Na ferramenta Estatística Focal é possível utilizar janelas de procura. Estas janelas são matrizes de pixels, cuja dimensão pode variar de acordo com o interesse e aplicação do usuário. Neste momento, utiliza-se uma janela de maiores proporções (e.g. 8 x 8 pixels) com o tipo estatístico máximo. A partir daí, com a Calculadora Raster será selecionado o pixel de maior valor.

Este processo terá como resultado uma imagem que conterá pixels apenas dos pontos referente ao topo das árvores. Os demais pixels apresentarão valor nulo. Esta imagem é

Page 74: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

74  

convertida para pontos utilizando a ferramenta Raster para pontos do programa ArcGIS 10.2.1. 2.4.4 Geração da máscara de lacunas

A partir do MDSn uma imagem binária foi gerada no programa ArcGIS 10.2.1. O valor “0” foi atribuído à todos os pixels inferiores a 2m e o valor “1” atribuído a todos os pontos iguais ou superiores a 2m.

Esta máscara tem a função de remover espaços vazios e vegetação com altura inferior a 2m de altura. Esta remoção auxiliará na detecção dos picos das árvores, uma vez que não há interesse nos dados inferiores a 2m de altura. 2.4.5 Segmentação por polígonos de Thiessen

A segmentação utilizou a ferramenta Criar Polígonos

Thiessen do programa ArcGIS 10.2.1. Nesta ferramenta, os picos das árvores, identificados no tópico 2.4.3 foram a feição de entrada. Estes pontos serviram como pontos de referência para a criação dos polígonos de Thiessen.

Por fim, a ferramenta Atualização do programa ArcGIS 10.2.1 foi utilizada. Nesta, os polígonos de Thiessen são atualizados fazendo uso da máscara de lacunas gerada anteriormente. Nesta operação é feita uma operação de concatenação entre os polígonos de Thiessen e a máscara de lacunas. A partir disso, obtêm-se os segmentos delimitando as copas de cada árvore juntamente com os espaços vazios entre as copas.

Page 75: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

75  

2.4.6 Avaliação da metodologia proposta

Para a avaliação do procedimento nas 4 áreas selecionadas, além da estatística descritiva, foram também utilizadas as Equações de 6 a 8.

Erros de Omissão % =Número de Árvores não Detectadas

Número Total de Árvores Existentes eq. 6

Erro de Comissão % = Número de Árvores Erroneamente Detectadas

Número Total de Árvores Existentes eq. 7

Acerto % NúmerodeÁrvoresCorretamenteDetectadas

NúmeroTotaldeÁrvoresExistentes eq. 8

Além da determinação dos erros de omissão e comissão,

40 das 146 árvores medidas a campo foram vetorizadas para servir de testemunha. A vetorização foi realizada no ArcGIS 10.2.1 utilizando o MDSn derivado dos dados LiDAR. O MDSn é uma imagem de alturas com 15cm de resolução espacial. Estas vetorizações foram comparadas com a segmentação para avaliar a sua qualidade.

Para determinar se houve diferença entre a vetorização e a segmentação das árvores individuais em relação aos dados coletados a campo, o teste Dunnett a um nível de confiança de 90% foi utilizado. A área de rejeição do teste foi aumentada para que houvesse maior rigor na análise dos dados. Para que fosse possível realizar a comparação através da análise de variância e o teste de Dunnett, um teste de Kolmogorov-Smirnov foi aplicado para determinar se os dados apresentam distribuição normal.

Para avaliar possíveis diferenças devida a sazonalidade entre os dados LiDAR e dados de campo, o incremento de copa foi calculado utilizando a Equação 9 obtida por Nutto (2001).

Page 76: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

76  

Dc= 0,939 + 0,073dap - 0,00015dap2 eq. 9

Devida a defasagem temporal entre o levantamento LiDAR e a obtenção dos dados à campo, foi necessário efetuar uma correção dos dados LiDAR. A correção consistiu em acrescentar o incremento referente aos 2,5 anos de diferença entre os levantamentos ao diâmetro de copa obtido através dos dados LiDAR. Para esta correção foi necessário obter o incremento de copa da A. angustifolia que não consta na literatura.

A equação 9 foi empregadas para a obtenção dos diâmetros de copa utilizando DAPs variando de 15 a 50cm, com intervalos de 5 cm, totalizando 8 DAPs. À estes 8 DAPs, posteriormente foi somado o incremento de 0,7cm/ano encontrado por Ricken (2014), que novamente foram introduzidos na Equação 9. Após este processo, passou-se a ter dois tipos de copa, a copa sem correção (Dc) e a copa corrigida com os incrementos (Dcorr). O incremento anual final da copa foi obtido calculando-se a média das diferenças entre Dc e Dcorr. Este valor foi extrapolado para 2,5 anos para que fosse aplicado aos dados LiDAR.

Page 77: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

77  

2.5 ANÁLISE DE REGRESSÃO  

Inicialmente foi calculada a suficiência amostral para que fosse comparado o número de árvores mínimo requerido para o ajuste das equações em função de um erro admitido. A suficiência amostral para população infinita foi calculada em função da variância a partir da Equação 10.

n= t2.sx

2

E2 eq. 10

Onde: n é o número de árvores a serem amostradas; t é o valor tabelado da estatística “t” de Student, a dado nível de significância (α) e n-1 graus de liberdade; s é o desvio padrão da característica analisada nas unidades de amostra; E é a precisão requerida ou erro admissível em torno da média, em termos absolutos.

A partir do cálculo de intensidade amostral, foi possível constatar que o número de amostras de 146 indivíduos para toda a área de estudo foi suficiente para o presente trabalho, como mostrado na Equação 11.

n = t2.sx

2

E2 = -1,662.0,1062

0,01752 = 101,1 ≅ 102 árvores eq. 11

Utilizou-se o erro de 1,75cm que corresponde ao

incremento em DAP de 0,7cm/ano (RICKEN, 2014) durante 2,5 anos de diferença entre o levantamento dos dados LiDAR e os dados de campo. O incremento em DAP foi utilizado no cálculo da suficiência amostral dado o fato que esta foi a variável de interesse analisada, devendo apresentar o menor erro possível, devido a sua importância nos cálculos florestais.

Alguns trabalhos estudaram o incremento em DAP chegando em valores de 0,48 cm/ano (HESS et al., 2010), 0,32

Page 78: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

78  

cm/ano (SHAAF, 2001), 0,39 cm/ano (MATTOS et al., 2007) e 0,70 cm/ano (RICKEN, 2014). Os incrementos mais baixos foram observados em árvores mais velhas com DAP variando de 40cm a 90cm. O trabalho de Ricken (2014) analisa árvores com amplitude diamétrica maior. Portanto, optou-se pela utilização do incremento de 0,7 cm/ano pelo fato deste trabalho apresentar árvores da mesma espécie e com local de estudo próximo ao utilizado nesta pesquisa.

Para o ajuste das equações, foram utilizados os diâmetros de copa resultantes da segmentação juntamente com os dados coletados a campo.

Inicialmente testou-se a normalidade (teste Kolmogorov-Smirnov), independência dos erros (teste de Durbin-Watson) e homocedasticidade (teste de White) dos dados. É necessário que os dados atendam a estes três pré-requisitos. Caso contrário será necessário a utilização de outras técnicas de ajuste como por exemplo, modelos lineares generalizados (MLGs).

Após a confirmação das três regras básicas, os modelos citados por Nutto (2001, p. 21) foram utilizados para estimar o DAP (ver Tabela 5). Além destas, uma equação foi ajustada a partir dos dados de campo para comparar com as equações encontradas na literatura.

Tabela 5 - Equações disponíveis na literatura que retratam a relação existente entre o diâmetro a altura do peito (DAP) e o diametro da copa. Autor Equação

LONGHI (1980) Dc=0,128 + 0,233dap SEITZ (1986) Dc=-0,706+0,242dap WACHTEL (1990) Dc=0,92392+0,1372dap

Fonte: produção do próprio autor.

Para o ajuste da equação do autor, foi realizada a modelagem através da função FORWARD STEPWISE do

Page 79: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

79  

programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Para maiores detalhes sobre esta função consultar Mingoti (2005). As variáveis consideradas na modelagem foram DAP como variável dependente, altura total e Dc, juntamente com suas variações1 como variáveis independentes. Para a seleção do melhor modelo, levou-se em consideração as variáveis que atingissem a significância a 90% de nível de confiança.

Tabela 6 - Equações testadas tendo como variável dependente o DAP e variável independente o diâmetro de copa. Estas são equações adaptadas a partir das equações da Tabela 5.

Equações Equação 1 DAP= c-0,128 0,233⁄ Equação 2 DAP= Dc+0,706 0,242⁄ Equação 3 DAP= Dc-0,92392 0,1372⁄

Fonte: produção do próprio autor.

Os critérios de avaliação dos modelos (R²ajust. e Syx) e análise de resíduo foram utilizados para determinar o modelo de melhor desempenho na obtenção do DAP estimado (DAP’). O DAP’ foi comparado com os dados de campo utilizando o teste de comparação de médias Dunett com um nível de significância de 90%. A área de rejeição do teste foi aumentada para tornar a análise mais rigorosa.

Através da detecção de picos no MDSn as alturas puderam ser obtidas a partir dos pixels de maior altura dentro da janela móvel de filtragem da ferramenta Estatística Focal (h’n). Porém, na geração do MDSn, há uma inclinação das árvores conforme pode ser visto na Figura 22. Esta inclinação (tilt) atualmente tem sido pesquisada, onde ainda não há uma metodologia estabelecida para efetuar esta correção.                                                             1 Variações como Dc

2, Dc3, 1/Dc, ln Dc, ln Dc

2, H², H³, 1/H, dentre outros.  

Page 80: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

80  

Para avaliar se a inclinação interferiu na medição das alturas, 40 árvores foram medidas na nuvem de pontos brutos utilizando o programa FUSION com a ferramenta measurement marker (h’0).

Para avaliar se houve diferença estatística, primeiro os dados passaram por um teste Kolmogorov-Smirnov para avaliação da normalidade e depois por um teste de médias de Dunett a 10% de significância para determinar se houve diferença entre as alturas coletadas a campo, h’n e h’0.

Figura 22 - Comportamento da inclinação em uma A. angustifolia após a normalização dos dados. a) pontos da nuvem LiDAR sem normalização; b) pontos da nuvem LiDAR normalizados.

Fonte: produção do próprio autor.

Também foram computados o erro médio e a raiz quadrada do erro médio quadrático (REMQ) através das Equações 12 e 13 (LIANG, et al. 2014). As mesmas equações foram aplicadas para o DAP, utilizando o diâmetro coletado a campo e o DAP’ estimado através das equações.

Page 81: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

81  

erro médio= ∑ AlturaLiDAR-AlturaInventário

Ni=1

N=∑ ∆hi

Ni=1

N eq. 12

REMQ=∑ (AlturaLiDAR-Alturainventário)2N

i=1

N eq. 13

Onde: AlturaLiDAR: Altura extraída dos dados LiDAR AlturaInventário: Altura proveniente do inventário florestal. N: Número de árvores 2.5.1 Critérios para a seleção das equações

Os critérios para a seleção das equações são diversos, podendo ser utilizadas estatísticas para esta finalidade. Alguns autores usam apenas uma estatística, o que pode ser perigoso por não definir com certeza a viabilidade do modelo ajustado. De forma geral, as seguintes estatísticas, usadas em conjunto, possibilitam selecionar eficientemente um modelo. 2.5.1.1 Coeficiente de determinação

O coeficiente de determinação para a regressão simples (r²) ou múltipla (R²) expressa a quantidade da variação total explicada pela regressão (FINGER, 2006, p. 273) (ver Equação 14). Outra definição dada por Triola (2012, p. 452) diz que R² representa o coeficiente de determinação múltipla, que é a medida de quão bem a equação de regressão múltipla se ajusta aos dados amostrais. Quando os modelos são analisados, seleciona-se aquele que apresente o maior valor de R² ou r², uma vez que R² = 1 seria um ajuste perfeito e R² = 0 seria um ajuste muito ruim. Esse coeficiente é sempre crescente à medida que se inclui uma nova variável ao modelo de regressão; sendo, portanto, perigoso usá-lo isoladamente como critério, principalmente quando o modelo possuir muitos coeficientes.

Page 82: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

82  

R2 SQRegressão

SQTotal eq. 14

Devido a esta característica do R² aumentar conforme

mais variáveis são acrescidas ao modelo, utiliza-se uma ajuste do coeficiente de determinação múltipla chamado de R² ajustado. De acordo com Triola (2012, p. 452) o coeficiente de determinação ajustado é o coeficiente de determinação múltipla R² modificado para levar em conta o número de variáveis e o tamanho amostral. O R² ajustado pode ser calculado utilizando a Equação 15.

Rajustado2 =1-

n-1

n- k+1.(1-R2) eq. 15

Onde: n = tamanho amostral; k = número de variáveis independentes (x). 2.5.1.2 Erro padrão da estimativa

Esta estatística é uma medida que expressa a dispersão entre os valores observados e estimados pela regressão (Triola, 2012, p. 445).

Sendo o Syx uma medida de dispersão, ele deve ser mínimo; logo, na comparação entre equações, a melhor, por este critério, será a que apresentar menor valor de Syx.

Sxy= QMresíduo eq. 16

Entretanto, o Syx só pode ser usado como comparador entre equações quando as variáveis dependentes possuírem a mesma unidade.

Como forma de comparação para modelos com variáveis dependentes de unidades diferentes, o erro padrão residual em percentagem da média pode ser calculado:

Page 83: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

83  

Syx%=Syx

Y.100 eq. 17

Onde Syx é o erro padrão da estimativa; é a média aritmética da variável dependente; MQresíduo é o quadrado médio do resíduo. 2.5.1.3 Interpretação da função ajustada

Segundo Finger (2006, p. 274), na interpretação de uma função, devem ser considerados os seguintes aspectos:

Tratar-se de uma aproximação matemática; É válida somente na amplitude dos dados amostrados,

devendo ser evitadas a extrapolação; É baseada em amostragem e sujeita à variabilidade da

amostra; É sujeita ao erro de amostragem, isto é, qualquer

estimativa deve ser feita considerando-se os intervalos de confiança.

2.5.2 Condicionantes da Regressão

No uso das equações de regressão três aspectos estatísticos importantes devem ser considerados:

a) O primeiro aspecto, diz respeito ao planejamento do

ensaio para a coleta de dados, que consiste em distribuir certo número de amostras por classe de variável independente, a fim de se obter uma boa precisão no ajuste das equações;

b) O segundo aspecto relaciona-se a escolha do modelo.

Não existe um critério claro para sua escolha. Isso é muito mais um problema de lógica do que apropriadamente um problema estatístico. Por isso,

Page 84: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

84  

depende muito da experiência do pesquisador. Por exemplo, em se tratando de crescimento, sabe-se que a curva deve passar pela origem, tem um ponto de inflexão e assíntota. Quando não se conhece nada a respeito do modelo é recomendado o processo de regressão múltipla, passo a passo pra proceder à escolha;

c) O terceiro aspecto refere-se à verificação das condições

a serem cumpridas para a análise de regressão, que são: o Homogeneidade da variância; o Normalidade; o Independência dos erros.

Schneider (2009, p. 91), apresenta um fluxo dos

procedimentos estatísticos a serem seguidos pelo pesquisador no estudo de regressão, partindo-se da premissa de já ter sido escolhido o modelo. Esse fluxo diz respeito às condições de homogeneidade de variância, normalidade e independência das informações a serem cumpridas pela regressão.

2.5.2.1 Homogeneidade da variância

Existem atualmente muitos testes para avaliar a homogeneidade da variância, dentre eles pode-se citar o teste de Cochran, White e Barlett. Neste trabalho foi utilizado o teste de White, sendo o único abordado nesta revisão.  2.5.2.1.1 Teste de White

O teste de White determina se a variância residual de uma variável em um modelo de regressão é constante (homocedasticidade).

A estatística de teste W é o produto do valor R² pelo tamanho da amostra (n). Esta estatística segue uma distribuição

Page 85: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

85  

de qui-quadrado, com os graus de liberdade iguais a um menos o número de variáveis independentes.

W=n.R² eq. 18

Segundo Haddad et al. (1995, p. 32), para determinar se

há ou não heterocedasticidade, a seguinte relação deverá ser avaliada:

a) Se W > í a hipótese nula de não

heterocedasticidade é rejeitada, sendo então a variância dos dados heterogênea;

b) Se W < í a hipótese nula de não heterocedasticidade é aceita, sendo então a variância homogênea.

Na Figura 23a pode-se observar a tendência de

distribuição dos dados devido à presença da heterogeneidade de variância. Na Figura 23b a tendência da distribuição dos resíduos na presença de homogeneidade de variância.

2.5.2.2 Teste de Normalidade

 Com o teste da normalidade, pode-se verificar se os

resíduos apresentam distribuição normal, eventualmente com assimetria a direita ou à esquerda e curtose, na forma leptocúrtica, mesocúrtica ou platicúrtica.

Novamente, assim como o teste para avaliar a homogeneidade da variância, existem vários testes que podem ser empregados para avaliar a normalidade dos dados. Cada teste possui sua especificidade e portanto, somente o teste utilizado neste trabalho será abordado, neste caso o teste Kolmogorov-Smirnov (Teste K-S).

Page 86: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

86  

Figura 23 – Tendência de distribuição dos dados. a) comportamento heterocedástico; b) comportamento homocedástico.

a)

b)

Fonte: a) http://dbpedia.org/page/Heteroscedasticity; b) http://www.ats.ucla.edu/stat/r/examples/alda/ch4.htm

Page 87: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

87  

2.5.2.2.1 Teste Kolmogorov-Smirnov  

O método de Kolmogorov-Smirnov é um procedimento estatístico para testar a normalidade dos dados. Esse teste, baseia-se na razão entre a diferença máxima absoluta das frequências observadas e esperadas e o número de observações. Essa razão (D) é comparada com o valor da Tabela de Kolmogorov-Smirnov.

O valor de “D” é obtido pela fórmula:

D=dmax

N eq. 19

Sendo: dmax = máxima diferença absoluta entre as frequências observadas e esperadas; N = número de observações.

Citado por Schneider (2009, p. 99), quando o número de

observações for maior que 100 o valor de D Tabelado pode ser obtido das relações apresentada na Tabela 7.

Tabela 7 - Valores de D a um nível de significância.

Valor de D ,

,

,

,

,

Nível de Significância

0,20 0,15 0,10 0,05 0,01

Fonte: Adaptado de SCHNEIDER, 2009, p. 99.

2.5.2.3 Independência dos erros

A medida para se determinar o grau de dependência entre os termos de uma série de tempo é chamada correlação em série. Mediante esta correlação, pode-se comprovar se uma série é ou não aleatória. Os valores da correlação em série variam nos limites de -1 a +1.

Page 88: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

88  

Para avaliar a independência dos dados existem testes como a correlação em série, método da diferença sucessiva do quadro médio e o teste de Durbin-Watson, sendo este último utilizado neste trabalho. 2.5.2.3.1 Teste de Durbin-Watson

O teste de Durbin-Watson, constitui-se em um procedimento para provar se os Ei, erro estocástico ou perturbação da regressão, estão correlacionados em série.

Esse teste de independência dos Ei é muito importante em análise de regressão. Quando os Ei são dependentes, apresentam uma correlação em série, neste caso, o método dos mínimos quadrados pode não fornecer as melhores estimativas. Também, não se pode utilizar as distribuições t e F para testar hipóteses ou determinar intervalos de confiança.

O procedimento para determinar se os Ei estão correlacionados em série, consiste em calcular o valor de “d” estatístico e comparar com os valores críticos Tabelados preparados por Durbin e Watson (1950).

O valor de “d” estatístico é obtido pela fórmula:

d=∑ Ei-Ei-1

2ni=2

∑ Ei2n

i-1 eq. 20

Os Ei estão correlacionados positivamente em série

quando o valor de “d” é quase nulo ou pequeno. A prova de significância para um nível de probabilidade

é feita em termos de hipóteses e com o auxílio da Tabela de Durbin-watson, assim:

H0 = não existe correlação em série nos resíduos. H1 = existe correlação em série nos resíduos. Comparando o valor de “d” calculado com os valores

Tabelados (dl), pode-se concluir o seguinte:

Page 89: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

89  

a) Quando d < dl ou d > 4 – dl → O “d” é significativo e aceita-se a hipótese alternativa de que há correlação em série;

b) Quando du < d < 4 – du → O “d” não é significativo, aceita-se a hipótese de nulidade de que não há correlação em série e supõe-se que os Ei são independentes;

c) Nos demais casos, o teste não permite nenhuma conclusão.

Page 90: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

90  

2.6 ROTINA DE SEGMENTAÇÃO EM PYTHON

A rotina automática foi criada de duas formas. Utilizando o programa Python 2.7, foram desenvolvidas as linhas de comando, tendo um arquivo “.bat” externo para efetuar o processamento via Lastools.

Utilizando o Model Builder do ArcGIS 10.2.1 a metodologia foi incorporada para evitar ao máximo a interação do analista no processo.

Para avaliar as duas rotinas com o procedimento manual, foram medidos o tempo de processamento para cada rotina. No total 4 pessoas testaram a metodologia onde cada uma realizou cada teste em triplicata. Desta forma, foram testadas a rotina em python, no Model Builder e o processamento manual 3 vezes para cada pessoa, totalizando 12 testes. Para comparar, uma das quatro pessoas foi o próprio autor, que teoricamente seria a pessoa que conseguiria executar a metodologia mais rapidamente. É importante salientar que nenhuma das outras 3 pessoas tinham conhecimento prévio da metodologia.

Após os testes, foram calculados os tempos médios para cada pessoa e para cada teste, fornecendo o resultado final.

Page 91: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

91  

3 RESULTADOS E DISUSSÕES  3.1 CLASSIFICAÇÃO DA NUVEM DE PONTOS

Na Figura 24 os pontos classificados como pertencentes ao solo são apresentados na cor marrom, pontos classificados como vegetação são apresentados em verde e os não classificados em cinza.

Na Figura 24 é possível observar a classificação dos dados LiDAR para as 4 subáreas. O algoritmo de classificação da ferramenta lasground foi capaz de classificar em média 89% dos pontos seja na classe solo ou vegetação. Já alguns pontos não foram classificados, como mostra as setas vermelhas na Figura 24. Em média 11% dos pontos não foram classificados. Das 4 subáreas, a área 3 foi o local que apresentou a maior porcentagem de pontos não classificados, girando em torno de 20% (ver Figura 24c). Este comportamento decorre da vegetação rasteira que o algoritmo não é capaz de classificar. Todavia, o objetivo aqui é separar a vegetação de grande porte e o solo. Este objetivo foi atendido satisfatoriamente, onde todas as árvores de grande porte foram corretamente classificadas como vegetação.

Page 92: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

92  

Figura 24 - Pontos classificados em vegetação, solo ou não classificado. Gráficos com a porcentagem de pontos classificados dentre de cada uma das classes. a) Área 1; b) Área 2; c) Área 3; d) Área 4. As setas vermelhas indicam os pontos cinzas que não foram classificados.

Fonte: produção do próprio autor.

Este resultado demonstra a aplicabilidade do filtro. Tanto em locais declivosos como em locais planos, o algoritmo foi capaz de classificar os pontos referentes a vegetação de grande

Page 93: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

93  

porte. Como resultado disso, pôde-se obter os MDTs para cada uma das áreas (ver Figura 25). Em uma análise visual prévia é possível constatar que a filtragem foi bem sucedida removendo os pontos não pertencentes ao solo. Todavia, análise visual dos MDTs não é uma avaliação confiável. Um levantamento via estação total é recomendado para que se possa inferir de forma mais criteriosa acerca da qualidade da filtragem.

Figura 25 – Modelos digitais de terreno derivados da filtragem de dados LiDAR para cada uma das subáreas. a) Área 1; b) Área 2; c) Área 3; d) Área 4.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 94: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

94  

3.2 SEGMENÇÃO DE ÁRVORES INDIVIDUAIS O processo de segmentação das árvores individuais pelo

método de polígonos de Thiessen mostrou-se eficiente no delineamento de árvores isoladas. Como pode ser visto na Figura 26, ás árvores isoladas de A. angustifolia foram delineadas.

Figura 26 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 1. A seta azul indica o segmento que se tornou mais alongado devida a detecção de galhos irregulares.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 95: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

95  

Na metodologia proposta para a segmentação, a vegetação que ocorre a baixo de 2m de altura foi desconsiderada. Isto foi feito para evitar que vegetações arbustivas interferissem na segmentação. É possível observar que mesmo com a altura de corte de 2m, o método foi capaz de delimitar as copas de árvores isoladas (ver Figura 26). Normalmente em espécies como a araucária, há a ocorrência de galhos irregulares. Estes galhos normalmente não acompanham a projeção da copa. Na Figura 26 a seta azul indica esta situação onde o segmento acabou tornando-se oval dada a ocorrência deste galho.

Este comportamento da metodologia proposta demonstra a sua importância no que tange outros tópicos de estudo. Dentre estes tópicos pode-se citar o estudo da forma da copas, quantificação de biomassa, esqueletização de árvores, dentre outros.

Nas áreas 3 e 4 onde havia maior densidade de araucárias e de vegetação arbustiva, o método se mostrou limitado (ver Figura 27 e 28). As setas azuis indicam locais onde o método proposto apresentou problemas no delineamento das árvores. Nas áreas 2 e 3 existe a ocorrência de muitas árvores próximas. Isso dificulta a detecção dos picos das árvores e por consequência o seu delineamento.

Page 96: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

96  

Figura 27 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 2. As setas azuis indicam locais onde a segmentação apresentou problemas.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 97: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

97  

Figura 28 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 3. As setas azuis indicam locais onde a segmentação apresentou problemas.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 98: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

98  

Como explicado anteriormente, o MDSn suavizado é de vital importância na detecção de picos. O processo de detecção de picos é diretamente relacionada com o tamanho de janela utilizada na ferramenta Estatística Focal do ArcGIS. Se utilizar uma janela pequena de 3 por 3 pixels, por exemplo, será possível detectar mais picos reconhecendo indivíduos de menor porte em um fragmento florestal. Porém, também ocasionará na detecção de múltiplos picos em árvores de grande porte, como pode ser visto na Figura 29a. Utilizando janelas de tamanho maior (e. g. 8 por 8 pixels), generalizam-se os picos em fragmentos mais densos (ver Figura 29b). Esta generalização ocorre devido a janela de procura muito grande. A cada matriz de 8 por 8 pixels, o pixel de maior valor será armazenado. Portanto, árvores de menor porte muito próximas a árvores de grande porte, serão omitidas. Na Figura 30 este comportamento pode ser evidenciado onde em vermelho é o resultado da segmentação e em amarelo como a segmentação deveria ficar.

Figura 29 – Inconsistências na segmentação. A) Fragmento denso; B) Múltiplos picos em árvore de copa muito grande.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 99: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

99  

Figura 30 - Omissão de árvore de pequeno porte. Em amarelo é a projeção da copa no campo. Em vermelho é o resultado segmentação.

Fonte: produção do próprio autor.

Na área 4 existem um maior número de indivíduos isolados, ao contrário das áreas 2 e 3. Nesta situação a metodologia proposta mostrou-se eficaz (ver Figura 31). Como indicado na seta azul, mesmo árvores muito próximas foram delineadas corretamente. Não houve omissão pelo fato de ambos os indivíduos apresentarem copa de tamanho semelhante.

Page 100: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

100  

Figura 31 - Segmentação por polígonos de Thiessen da área 4. Seta azul indica duas árvores próximas que foram segmentadas de forma satisfatória.

Fonte: produção do próprio autor.

Este comportamento do método de polígonos de Thiessen pode ser aplicado no mapeamento de espécies de maior porte. Também pode ser uma ferramenta em potencial para a estimativa da idade de indivíduos a partir de características das copas. Não há metodologia consolidada para a segmentação de árvores quando estão tão próximas. Por isso, esta metodologia poderia auxiliar no mapeamento de indivíduos adultos e/ou de grande porte. É importante salientar novamente que árvores com copas de grandes dimensões não significa uma idade avançada.

Para avaliar a qualidade da segmentação foram calculados os erros de omissão e comissão, além da porcentagem de acerto que podem ser consultados na Tabela 8. Para este cálculo foram tomados como referência as posições das árvores obtidas in situ.

Page 101: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

101  

Tabela 8 - Parâmetros de avaliação da qualidade da segmentação.

Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Omissão (%) 9,7 8,7 24,8 8,3 Comissão (%) 4,8 7,2 5,7 8,3 Acerto (%) 90,3 91,3 75,2 91,7

Fonte: produção do próprio autor.

Em comparação a trabalhos anteriores, a porcentagem de acerto foi satisfatória. Kumar (2012, p. 66) utilizando a mesma metodologia atingiu um acerto de 96% na segmentação de árvores nativas na região de Barcelonnete no ao sul dos alpes franceses. Pitkänen et al. (2004) conseguiram identificar 40% das árvores do CHM, Reitberger et al. (2007) atingiu 61% de acerto em floresta de coníferas em um algoritmo de detecção de árvores utilizando dados LiDAR full waveform. Rahman e Gorte (2009) detectaram mais de 70% das árvores utilizando dados LiDAR de alta densidade, utilizando uma nuvem de dados com 70 pontos/m². Koch (2006) atingiu 87,3% de acerto na detecção de árvores localizando local máxima em um CHM suavizado utilizando dados LiDAR com uma densidade de pontos entre 5-10 pontos/m². Kwak et al. (2007) chegaram a um acerto de 86,7% utilizando o método de análise de imagens morfológicas por transformação máxima estendida em dados LiDAR com uma densidade de pontos de 1,8 pontos/m².

As comparações dos resultados obtidos com pesquisas equivalentes no exterior são em sua grande maioria espécies coníferas, com estrutura bastante semelhante ao gênero Pinus. Este comparativo com trabalhos do exterior foi realizado devido à escassez de trabalhos aplicando dados LiDAR à araucária. Por isso, fez-se necessário focar no método de detecção e delineamento de copas. Foi possível observar que os resultados obtidos nas referências citadas não se apresentaram constantes em comparação à este trabalho. Este comportamento decorre de

Page 102: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

102  

vários fatores como fitofisionomia, densidade de pontos, método de detecção e delineamento de árvores, densidade da floresta e principalmente, a espécie. A. angustifolia por apresentar uma característica bastante particular, sua extração se torna facilitada em áreas de campo principalmente pelo fato da mesma sobressair em relação as demais espécies em campos da Floresta Ombrófila Mista.

Outro fator importante, é que na detecção de árvores isoladas a quantidade de informações advinda de outras espécies arbóreas ao redor da árvore de interesse é menor. Na maioria dos casos, os pontos amostrados na região circunvizinhança da árvore de interesse pertencem a árvores de menor porte, galhos, herbáceas, lianas e outras estruturas. Estes são objetos comuns em uma floresta. Na sua grande maioria, pertencem ao solo ou a vegetação rasteira não interferindo na detecção automática de copas da araucária.

Pode-se observar ainda, que métodos que utilizam MDSn suavizado apresentaram uma maior taxa de acerto que outros métodos, como demonstrado por Koch (2006). Por ser uma metodologia que aborda uma generalização parcial dos dados, a detecção de árvores se torna mais fácil. Por salientar os pontos com maiores alturas em um MDSn, a detecção por parte dos algoritmos computacionais é facilitada. Por isso, a utilização de filtros de suavização em MDSn se torna uma opção para melhorar a detecção de picos em áreas de floresta.

Como pode ser observado na Figura 32, foi possível extrair árvores isoladas a partir dos polígonos da segmentação das copas. Todavia, a altura de corte de 2m foi insuficiente. Vários pontos pertencentes a vegetações herbáceas e de médio porte foram extraídas juntamente com as árvores (ver Figura 33B e 33Bb). Este problema poderia ser solucionado com o aumento da altura de corte para 3m, porém, indivíduos jovens de A. angustifolia teriam suas copas subestimadas ou até mesmo removidas.

Page 103: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

103  

Na Figura 33Cb é possível observar um dos problemas do método onde um pequeno fragmento foi extraído como sendo uma árvore isolada.

Figura 32 - Árvores isoladas dos dados LiDAR comparada a árvore a campo. a) Árvore mais nova com copa em formato de cone; b) Árvore de idade mais avançada com copa em formato de candelabro.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 104: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

104  

Figura 33 - Árvores extraídas da nuvem pontos após a segmentação. a); b); c); d): visão superior das áreas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. a.1); b.2); c.3); d.4): Visão em perspectiva das áreas 1, 2, 3 e 4, respectivamente.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 105: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

105  

Ao comparar a vetorização com a segmentação (ver Tabela 9) foi possível observar que não houve diferença estatística entre as médias a um nível de confiabilidade de 90% e significância de 10% entre os grupos testados. Isto comprova que tanto a segmentação quanto a vetorização são estatisticamente iguais aos dados coletados a campo.

Tabela 9 - Estatística descritiva do diâmetro de copa dos três grupos analisados.

Média

(m)

Desvio Padrão

(m)

Mín. (m)

Máx.(m)

Erro médio

(m) REMQ p-value

Campo 7,64 1,95 3,72 12,46 - - -

Segmentação 7,33 2,03 3,56 12,01 0,032 0,36 1,000

Vetorização 6,97 1,96 3,45 11,93 0,109 0,60 0,617 P-value acima de 0,05 no teste de Dunett bi-caudal não diferem estatisticamente.

Fonte: produção do próprio autor.

Apesar de não diferirem estatisticamente, a segmentação e a vetorização apresentaram desvio padrão mais elevado do que os dados de controle a campo. A média, mínimo e máximo apresentaram valores mais baixos do que os valores encontrados a campo. Este comportamento ocorre devido a sazonalidade entre os dados coletados, uma vez que o voo LiDAR foi efetuado em janeiro de 2011 e o levantamento a campo ocorreu em julho e agosto de 2013. Ao total foram 30 e 31 meses de diferença entre o recobrimento aéreo e as coletas de dados em campo.

Utilizando a equação 9, pode-se afirmar que o incremento de copa girou em torno de 0,11 a 0,15m/ano. Levando-se em consideração 2,5 anos de diferença entre a coleta de dados LiDAR e o levantamento a campo, isto corresponde a um incremento no diâmetro de copa no intervalo de 0,275m a 0,375m. Sabe-se que árvores isoladas tendem a crescer menos em altura e mais em DAP. Dado o fato da alta correlação entre

Page 106: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

106  

diâmetro de copa e DAP (Nutto, 2001, p. 16), é possível afirmar que ocorra um maior incremento de copa em árvores isoladas. Destacando-se ainda, o REMQ (Raíz do Erro Médio Quadrático) atingiu um valor de 0,36 e 0,60m para a segmentação e vetorização, respectivamente. Levando-se em consideração o incremento de 0,375m em 2,5 anos, a diferença encontrada na segmentação é coerente.

Por essa razão a divergência entre as estatísticas geradas para os dados de campo e os resultados da segmentação e vetorização, estão dentro do esperado devida a sazonalidade do levantamento de dados.

Quando gerado um gráfico comparativo entre os resultados, pode-se observar que a segmentação apresentou um bom desempenho comparado a vetorização, conforme demonstra as Figuras 34 e 35. A vetorização atingiu um R² de 0,8547 enquanto que a segmentação atingiu um R² de 0,8656.

Figura 34 - Gráfico comparativo entre o diâmetro de copa coletado a campo e através da vetorização do MDSn.

Fonte: produção do próprio autor

y = 0,9623x + 0,2671R² = 0,8547

0

2

4

6

8

10

12

14

0 2 4 6 8 10 12 14

diâm

etro

de

copa

obt

ido

por

veto

riza

ção

(m)

diâmetro de copa medida a campo (m)

Page 107: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

107  

Figura 35 - Gráfico comparativo entre o diâmetro de copa coletado a campo e através da segmentação dos dados LiDAR.

Fonte: produção do próprio autor

y = 0,9355x + 0,1054R² = 0,8656

0

2

4

6

8

10

12

14

0 2 4 6 8 10 12 14diâm

etro

de

copa

obt

ida

por

segm

enta

ção

(m)

diâmetro de copa medida a campo (m)

Page 108: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

108  

3.3 ROTINA DE SEGMENTAÇÃO EM PYTHON

Conforme pode ser visto na Figura 36, no teste manual, o autor foi mais rápido seguido dos voluntários D, C e B. Ao executar a rotina em python, o tempo para execução do método foi reduzido, porém apresentando grande diferença entre os voluntários e o autor.

Quando avaliada a rotina construída no Model Builder pode-se constatar uma padronização do tempo gasto com todas as pessoas. Isto indica que com a rotina desenvolvida no Model Builder, foi possível criar uma ferramenta onde, o tempo de processamento é independente ao conhecimento do operador. Desta forma, qualquer pessoa com conhecimento ou não do método, é capaz de usar a rotina automatizada obtendo-se os mesmos resultados. Figura 36 - Tempo gasto para cada pessoa para cada uma das

rotinas. A: autor; B; C; D: voluntários.

Fonte: produção do próprio autor.

00:00,0 07:12,0 14:24,0 21:36,0 28:48,0 36:00,0 43:12,0

A

B

C

D

Pipeline Python Manual

Page 109: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

109  

A rotina desenvolvida em python pode ser consultada no anexo A. A rotina desenvolvida no Model Builder mostrou-se muito grande para ser demonstrada nestes resultados. Porém, a toolbox pode ser consultada no apêndice B.

Page 110: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

110  

3.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EQUAÇÃO AJUSTADA

Após a aplicação dos testes de Kolmogorov-Smirnov,

Durbin-Watson e White, foi possível constatar que os dados atendem as três condições para o uso das técnicas de regressão linear nos dados coletados à campo.

Tinha-se como hipótese de que o sentido do qual o raio da copa é medido, pode influenciar no resultado. O diâmetro de copa medido no sentido norte e sul (DC_NS) se mostrou a variável de maior importância, sendo responsável por explicar 85% do comportamento dos dados. De todas as variáveis testadas juntamente com suas variações, apenas o diâmetro de copa no sentido norte-sul e a altura total (H) demonstraram importância acima de 10%, sendo as únicas variáveis incluídas no modelo, atingindo um R² ajustado de 0,861.

Durante os ajustes, alguns outliers foram detectados e removidos. Ao todo 8 indivíduos foram removidos da regressão, totalizando 138 árvores empregadas no processo de regressão. Uma vez que a suficiência amostral foi de 102 árvores, a remoção de 8 indivíduos não afetou o processo de análise.

Para o modelo apenas com o diâmetro de copa sentido norte-sul, o erro padrão da estimativa chegou a 4,123cm, enquanto que para o modelo com a adição da altura total o erro caiu para 3,05cm. Uma vez que tanto o diâmetro de copa como a altura total podem ser retiradas dos dados LiDAR, este modelo se torna viável. Ao analisar o gráfico de resíduos (ver Figura 37), pode-se confirmar que os resíduos apresentaram boa distribuição, não havendo a detecção de heterocedasticidade. As setas azuis indicam os máximos resíduos que variaram entre 2 e -2,3cm. Para consultar os gráficos de resíduo dos demais altores, ver apêndice C.

Por fim, o modelo selecionado é o que pode ser observado na Equação 21.

Page 111: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

111  

DAP = -4,36 + 3,178DcN>S + 1,168h eq. 21 Onde: DcN > S é o diâmetro de copa no sentido norte-sul; H é a altura total da árvore.

É importante salientar que os outros três modelos selecionados na literatura não utilizam a altura total como covariável. Porém, o objetivo de se utilizar outros modelos, é avaliar a possibilidade de aplicar equações ajustadas em outros locais. Isso permitirá inferir sobre a possibilidade de uso de equações para aplicar em locais diferentes. Desta forma, será possível utilizar apenas equações da literatura dispensando o levantamento a campo. Assim, existe a possibilidade de associar a tecnologia LiDAR com o conhecimento científico já estabelecido para a espécie.

Figura 37 - Distribuição de resíduos da Equação 21 selecionada. Neste gráfico consta o resíduo dos 138 DAPs estimados.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 112: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

112  

Ao comparar os DAPs estimados com os dados de campo, foi possível obter o gráfico mostrado na Figura 48. Para que a estimativa seja considerada perfeita, o R² deverá ser 1. Ou seja, os pontos no gráfico comparando a variável a campo e a estimada devem formar uma reta. Neste caso, pode-se observar que os dados apresentam a tendência de uma reta, onde a maioria dos valores encontram-se no centro da nuvem. Além disso, o R² atingiu um valor de 0,861. Se tratando do estudo de uma espécie nativa, este valor é considerado satisfatório.

Este comportamento do DAP estimado indica que a equação encontrada é viável. Empregando o diâmetro de copa no sentido norte/sul mais a altura total será possível o cálculo do DAP utilizando dados LiDAR.

Figura 38 - Gráfico comparativo entre o DAP medido à campo e o DAP estimado utilizando o diâmetro de copa medido à campo.

Fonte: produção do próprio autor.

y = 0,8441x + 5,1764R² = 0,861

n = 1380

10

20

30

40

50

60

70

0 20 40 60 80

DA

P es

tim

ado

util

izan

do o

di

âmet

ro d

e co

pa d

o ca

mpo

DAP medido à campo

Page 113: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

113  

Na Tabela 10 constam as estatísticas descritivas para cara um dos modelos na estimativa do DAP. Nesta estimativa foi utilizado o diâmetro de copa medido a campo para os modelos da literatura. Para a equação ajustada foi utilizado o diâmetro de copa e altura total. A estatística descritiva de cada modelo está sendo comparada com a estatística descritiva dos dados à campo. Isso foi feito para avaliar a qualidade dos modelos selecionados. Em uma situação ideal, após a estimativa, a estatística descritiva dos dados estimados deveria ser igual aos dados de campo.

Ao avaliar o resultado das equações pôde-se observar que o modelo proposto foi o que apresentou o melhor ajuste, apresentando uma diferença de 0,51cm entre as médias do DAP do campo e do DAP estimado. A diferença entre o modelo proposto e os dados de campo foi de 0,52cm e 3,29cm para erro médio e raiz do erro médio quadrático, respectivamente. A equação de Longhi (1980) foi o segundo melhor modelo seguido pela equação de Seitz (2014), observando-se diferenças entre os dados de campo de 0,64cm e 1,62cm, respectivamente. O modelo proposto por Wachtel (1990) foi o que apresentou o pior ajuste atingindo uma diferença de 15,78cm, sendo removido das análises seguintes. Ao avaliar os modelos de forma geral, nenhum deles diferiu estatisticamente com os dados de campo, exceto o modelo proposto por Wachtel (1990), pois o mesmo apresentou um valor crítico p inferior à 0,05 no teste de Dunett.

Page 114: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

114  

Tabela 10 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos testados para obtenção do DAP utilizando dados coletados à campo.

Média

Desvio Padrão

Mín. Máx. Erro

MédioREMQ p-value

LONGHI (1980)

31,83 2,11 13,57 48,89 0,64 4,00 0,998

SEITZ (1986)

34,09 7,75 16,51 50,52 1,62 10,13 0,896

WACHTEL (1990)

48,26 13,67 17,24 77,23 15,78 98,57 0,000

AUTOR (2014)

31,94 7,38 14,75 46,72 0,52 3,29 0,999

DAP à campo

32,45 7,46 14,30 46,68 - - -

P-value acima de 0,05 no teste de Dunett bi-caudal não diferem estatisticamente.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 115: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

115  

3.5 ESTIMATIVA DO DAP E DA ALTURA TOTAL A PARTIR DE DADOS LIDAR

Na Tabela 11 consta os modelos testados utilizando o

diâmetro de copa obtido através dos dados LiDAR. Para a equação ajustada, além do diâmetro de copa, foi utilizado também a altura total obtida através dos dados LiDAR. Quando comparado o DAP coletado a campo e o DAP estimado, é possível afirmar que não houve diferença estatística entre os modelos testados e os dados de campo. Este comportamento ficou evidente pois todos os modelos atingiram um p-value acima de 0,05.

Analisando os resultados da Tabela 11 pode-se afirmar que o modelo de Seitz foi o que mais se aproximou da média do DAP coletado a campo, chegando à um valor crítico de p de 1,00. Porém, é importante salientar que o DAP estimado utilizou um diâmetro de copa de 2,5 anos antes da coleta à campo. Levando em consideração o incremento em DAP, calculado anteriormente, em 2,5 anos ter-se-ia 1,75cm a mais. Quando o DAP é estimado, a média não deveria condizer com a média do DAP coletado a campo, deveria ser menor. Portanto, é necessário fazer a correção dos dados LiDAR de forma a corrigir este déficit de incremento.

Como o modelo criado neste trabalho utiliza o diâmetro de copa no sentido norte-sul e altura total, é necessária a correção em ambas as variáveis. Para isto, foi adicionando o incremento de 0,375m no diâmetro de copa e 1,25m na altura total. O incremento em altura foi obtido comparando a altura obtida nos dados LiDAR e a altura obtida a campo 2,5 anos depois.

Page 116: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

116  

Tabela 11 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos testados na estimativa do DAP utilizando dados LiDAR.

Média

Desvio Padrão

Mín. Máx. Erro

MédioREMQ p-value

LONGHI (1980)

30,40 8,17 14,73 46,64 1,36 8,49 0,780

SEITZ (1986)

32,71 7,86 17,62 48,35 3,54 22,15 1,000

AUTOR (2014)

30,53 7,89 13,80 45,23 1,93 12,11 0,821

DAP à campo

32,45 7,47 14,3 46,68 - - -

P-value acima de 0,05 no teste de Dunett bi-caudal não diferem estatisticamente.

Fonte: produção do próprio autor.

Após os dados devidamente corrigidos, uma nova estimativa foi realizada chegando aos resultados da Tabela 12. É possível observar que com as correções aplicadas, o erro do modelo deste trabalho foi reduzido de 1,93cm para 0,31cm. Neste caso, o modelo do autor apresentou um erro médio de 3,1mm em diâmetro à altura do peito. A equação ajustada por Longhi chegou a um erro de 0,6cm (i.e. 6mm de diferença com os dados de campo). Este comportamento demonstra a aplicabilidade da tecnologia LiDAR. A equação ajustada utilizou dados levantados na região de Painel, SC. Já a equação de Longhi (1980) foi ajustada com araucárias na região de São João do Triunfo, no estado do Paraná. Aliando a tecnologia LiDAR com o conhecimento científico já consolidado na literatura, foi possível atingir uma diferença de 6mm para o DAP. Isso demonstra a contribuição da tecnologia para com o inventário florestal. Com base nestes resultado, seria possível utilizar a equação de Longhi (1980) para um inventário de araucárias na região de Painel utilizando dados LiDAR.

Além da equação descrita por Longhi (1980), a equação de Seitz também se mostrou eficiente. Comparando com o DAP

Page 117: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

117  

medido à campo, chegou-se a uma diferença de 1,68cm. Assim como Longhi (1980) a equação de Seitz (1986) não diferiu estatisticamente com o DAP encontrado a campo. Isto reforça a possibilidade do uso de equações da literatura associados a dados LiDAR para o inventário da A. angustifolia.

É possível afirmar que além das estimativas convencionais para a obtenção de variáveis dendrométricas, o LiDAR demonstra se eficiente também no cálculo de incrementos. A obtenção do incremento possibilita a estimativa de variáveis dendrométricas passadas ou futuras, podendo predizer produção ou compreender o comportamento do crescimento da espécie. Para o DAP, utilizando dados LiDAR, calculou-se o incremento de 1,96cm. Para altura o incremento calculado foi de 1,25m. Como citado anteriormente, Ricken (2014) encontrou um incremento de 0,7cm/ano para DAP. Para a altura total, Scheeren et al. (1999) chegou a um incremento médio em altura de 0,5m/ano para A. angustifolia. Extrapolando estes valores para 2,5 anos, tem-se 1,75cm para DAP e 1,25m para altura total. Se analisar a diferença, tem-se 0,21cm para DAP e nenhuma diferença para a altura total. Ou seja, os incrementos calculados utilizando dados LiDAR obteve uma diferença de 2,1mm para DAP e nenhuma diferença para altura total. Estes resultados demonstram uma nova aplicação dos dados LiDAR que até então não foi documentada. Utilizando esta tecnologia, é possível obter o incremento para espécies florestais com precisão na casa dos milímetros.

Page 118: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

118  

Tabela 12 – Estatística descritiva em centímetros dos modelos testados na estimativa do DAP utilizando dados LiDAR corrigidos com o incremento.

Média

Desvio Padrão

Mín. Máx. Erro

MédioREMQ p-value

LONGHI (1980)

31,90 8,16 16,23 48,14 0,60 3,76 0,998

SEITZ (1986)

34,16 7,86 19,07 49,79 1,68 10,48 0,887

AUTOR (2014)

32,75 7,43 16,90 46,86 0,31 1,96 0,999

DAP à campo

32,47 7,47 17,60 46,68 - - -

P-value acima de 0,05 no teste de Dunett bi-caudal não diferem estatisticamente. Fonte: produção do próprio autor.

Page 119: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

119  

3.6 AVALIAÇÃO DA INCLINAÇÃO DAS ÁRVORES (TILT)

Na comparação das alturas para avaliar a influência do

tilt, teve-se como resultado os valores da Tabela 13. Comparando as medições, pode-se notar que não houve diferença significativa entre os métodos de aquisição da altura. De acordo com Hess e Schneider (2009, p. 227), o incremento médio anual em altura da A. angustifolia pode variar de 0,50 a 0,96m/ano. Scheeren et al. (1999) chegou a um incremento médio em altura de 0,5m/ano para A. angustifolia. Neste trabalho, encontrou-se um incremento médio de 1,25m para 2,5 anos. Se extrapolado o valor da literatura de 0,5m/ano de incremento em altura para 2,5 anos, o valor final será de 1,25m, que justifica o valor utilizado anteriormente para a correção da altura para a estimativa do DAP.

 

Tabela 13 – Estatística descritiva em metros das alturas coletadas dos dados LiDAR e à campo. MDSn: Modelo digital de superfície normalizado; MDSncorr.: modelo digital de superfície normalizado corrigido com o incremento em altura total; MDSns: modelo digital de superfície normalizado suavizado; MDSnscorr.: modelo digital de superfície normalizado suavizado corrigido com o incremento em altura total.

Média

Desvio Padrão

Mín. Máx.Erro

MédioREMQ p-value

MDSn 9,50 2,00 5,34 13,40 1,06 5,79 0,127 MDSncorr. 10,75 2,00 6,59 14,65 0,19 0,55 0,458 MDSns 9,86 2,02 5,32 13,52 0,72 4,07 0,987

MDSns corr. 11,11 2,02 6,57 14,77 0,55 3,09 0,650 Inventário 10,56 2,02 6,70 13,80 - - -

P-value acima de 0,05 no teste de Dunett bi-caudal não diferem estatisticamente.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 120: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

120  

Conforme a Tabela 13, há evidências estatísticas suficientes para concluir que não há diferença estatística entre as alturas medidas com dados LiDAR e a altura a campo. A altura do MDSn corrigido mostrou ser mais próximo da altura medida a campo. Após a correção é possível notar que o erro tanto para a altura no MDSn como no MDSn suavizado reduziram, diminuindo em 0,87m e 0,17m, respectivamente. Ainda assim é possível observar uma diferença de 19cm para o MDSn corrigido e 55cm para o MDSn suavizado corrigido. Esta diferença pode ser oriunda tanto do tilt quando da suavização do MDSn. Portanto, não há evidências suficientes para afirmar se o erro no MDSn diz respeito à inclinação das árvores no momento da normalização ou à suavização do MDSn. Todavia, de acordo com De Cesaro et al. (1994) o erro máximo admitido no inventário florestal é de 10% da média da variável de interesse. Levando em consideração a média da altura do inventário de 10,56m, o erro máximo admitido é de 1,056m. Portanto, tendo em vista o formato e comportamento da copa de A. angustifolia uma diferença de 19cm e 55cm é considerado baixo. Para que fosse possível afirmar com maior propriedade acerca dos erros, uma nuvem de pontos LiDAR mais densa seria necessária. Desta forma, o comportamento da copa poderia ser estudado de forma mais aprofundada, podendo-se chegar a maiores conclusões sobre os possíveis erros envolvidos na obtenção da altura.

Sabe-se também que a medição de altura utilizando o TruPulse 360B pode gerar erros devida a conformação da copa, conforme mostra a Figura 39. Mesmo em árvores isoladas, por mais que se aumente a distância entre a árvore e o observador, a visada do ponto mais alto na árvore nem sempre é possível ocorrendo uma subestimação da altura em função do método de medição. Em contrapartida, com dados LiDAR é possível obter imagens com visada ortogonal. Assim, é possível visualizar o ponto mais alto da árvore sem maiores desafios.

Page 121: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

121  

Figura 39 - Erro de medição em altura de A. angustifolia.

Fonte: produção do próprio autor. Desta forma, estes erros de medição podem superestimar

ou subestimar a altura das árvores. Isto justifica o fato da altura das árvores adquiridas através dos dados LiDAR estarem maiores do que nos dados à campo, visto na Tabela 14. Neste caso, enquanto altura no MDSn e MDSn suavizado corrigidos apresentaram altura máxima de 14,65m e 14,77m, a altura máxima medida a campo foi de 13,80m. Isto corresponde a uma diferença de 0,85m e 0,97m para MDSn e MDSn suavizado, respectivamente. Esta diferença pode ser atribuída a irregularidades da copa que no momento da medição à campo acabaram por subestimar a altura total.

Page 122: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

122  

3.7 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

A metodologia proposta nesta dissertação de mestrado apresenta limitações em áreas densas de floresta ombrófila mista com araucaria. Entretanto, em relação à árvores individuais, a metodologia proposta aplicada à dados LiDAR se mostrou eficaz. A estimativa de variáveis dendrométricas atingiu uma precisão satisfatória, ficando em 3,1mm de diferença para o DAP e de 0,19m para altura total que atendem as exigências do inventário florestal (erro de 10% em relação à média da variável estudada). Na obtenção da variável morfométrica diâmetro de copa, chegou-se a uma diferença de 0,03m. Estes resultados demonstram a aplicabilidade tanto da metodologia proposta quanto da tecnologia LiDAR aerotransportada. Além disso, a metodologia criada originalmente para coníferas mostrou-se flexível ao ser adaptada para as condições da floresta ombrofila mista com araucárias isoladas. Isto demonstra a possibilidade de adaptar a metodologia para outras formações florestais do Estado de Santa Catarina como a Floresta Ombrófila Densa.

Estes resultados têm muito a contribuir com o setor florestal no sul do Brasil onde predominam os últimos remanescentes de araucária. O inventário florestal convencional passaria a ser uma atividade facultativa, desde que fosse possível o acesso a uma nuvem de pontos LiDAR. Além disso, esta poderá se tornar uma ferramenta valiosa no que diz respeito a conservação da araucária no sul do Brasil que carece ainda de metodologias de monitoramento via Sensoriamento Remoto. Um dos desafios na elaboração de planos de manejo sustentáveis para a espécie é a aquisição de informações em ampla escala e de forma confiável. Um recobrimento LiDAR aerotransportado tem a capacidade de abranger grandes áreas em um único voo. Aliando esta característica de aquisição de dados LiDAR aerotransportados com a metodologia proposta nesta dissertação de mestrado, torna-se possível o levantamento preciso da

Page 123: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

123  

araucária em larga escala. Assim, este trabalho pode ser uma primeira contribuição para a solução deste problema.

Em relação a logística, foram necessários dois dias de levantamento para que fosse possível fazer a medição de 146 árvores com uma equipe de quatro pessoas. Com este método seria possível levantar o mesmo número de árvores em cinco minutos ou menos com apenas uma pessoa.

Todas estas características tornam o inventário florestal via LiDAR aerotransportado com ampla área de abrangência e menos onerosa financeiramente. Um recobrimento LiDAR por volta de 500ha custa atualmente em média R$ 45.000,00 (orçamento atualizado de julho 2014). Com a metodologia proposta, seria possível realizar um levantamento do tipo censo de árvores individuais de A. angustifolia com uma boa precisão demonstrada neste trabalho. Com o inventário convencional, os custos com mão-de-obra, equipamentos e deslocamento seriam mais elevados. Além disso, a demanda de tempo para que fosse realizado o censo seria considerável. Tais condições tornam-se inviáveis na elaboração de políticas públicas de conservação e monitoramento desta importante espécie arbórea. Com a tecnologia LiDAR aerotransportada a implementação de planos de manejo e de monitoramento da espécie se tornam viáveis para grandes regiões. Em outras palavras, o levantamento de dados para áreas extensas é possível em um curto intervalo de tempo, da ordem de poucos minutos.

De posse das variáveis DAP, altura total e diâmetro de copa, é possível a aquisição de outras informações importantes. Poderiam ser calculados também área basal, volume, idade, fatores de competição, dentre outros. Todas estas informações são cruciais para a elaboração de planos de manejo. Isso demonstra a inovação e contribuição deste trabalho para com a área florestal e manejo da A. angustifolia.

Neste trabalho foi utilizada uma nuvem de pontos em acervo contendo uma densidade média de 7 pontos/m². Com esta densidade, foi possível atingir um nível de precisão satisfatório.

Page 124: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

124  

Porém, com uma nuvem de pontos mais densa, acredita-se que a extração de informações poderia ser ainda mais precisa. Além disso, o aumento da densidade de pontos permitiria a aquisição de outras informações como estrutura florestal, estágio sucessional, avaliação mais precisa da inclinação das árvores normalizadas, volume de copa, dentre outros. Outro fator a ser considerado seria o rigor na detecção do picos das árvores. Com um maior número de pontos espalhados pela copa, a detecção do pico das copas se torna ainda mais preciso.

Um dos problemas relacionados à tecnologia LiDAR aerotransportada é o seu uso pontual em áreas florestais nativas. Entretanto, dados em acervo podem ser utilizados empregando correções de incremento, como mostrado neste trabalho. Assim, dados multitemporais poderão ser utilizados para análise de florestas com precisão semelhante a inventários convencionais. Ademais, dados aerotransportados LiDAR de diferentes períodos podem fornecer informações como o incremento de biomassa, incremento de vegetação de grande porte, assoreamento de rios, avaliação de aumento ou diminuição de competição, taxa de desmatamento, entre outros. Assim como realizado neste trabalho para a araucária, também seria possível a obtenção do incremento em altura e DAP para as demais espécies arbóreas da Floresta Ombrófila Mista. Isso é possível graças a flexibilidade do método proposto nesta dissertação que permite trabalhar com diferentes tipos de copas e coberturas florestais.

Outra contribuição deste trabalho foi a automatização da metodologia proposta. Com esta ferramenta será possível o processamento de dados de forma rápida sem o conhecimento prévio do analista. Neste caso, a pessoa encarregada de processar os dados não precisará estudar a fundo a tecnologia. Ela apenas precisará executar a ferramenta para se obter o resultado esperado. A ferramenta foi elaborada via ArcGIS 10.2.1, a mesma poderá ser utilizado em qualquer ArcGIS versão 10 ou superior. Assim, esta metodologia poderá ser

Page 125: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

125  

difundida em empresas e órgãos de conservação com a finalidade de extrair variáveis dendrométricas, seja de florestas plantadas ou áreas nativas.

Page 126: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

126  

3.8 DESAFIOS FUTUROS

Para estudos futuros, uma adaptação desta metodologia deverá ser criada para operar em áreas densas. Neste trabalho foi comprovada a eficácia do método em trabalhar com árvores isoladas. Já em áreas densas, a abordagem deverá ser outra. Neste caso, uma nuvem de pontos de maior densidade poderá ser um fator crucial no sucesso de adaptação do método.

Um estudo aprofundado no cálculo de biomassa também é um tópico a ser desenvolvido. O cálculo da biomassa poderá auxiliar em uma análise conclusiva acerca da inclinação das árvores normalizadas e sua influência na obtenção da altura total.

Para que este estudo possa ser estendido para as demais espécies, identificá-las é um ponto chave. Para isso, deveram ser testadas técnicas de classificação de forma a utilizar a metodologia proposta para a mensuração de outras espécies florestais.

Page 127: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

127  

CONCLUSÃO

A tecnologia LiDAR, apesar de muito estudada em florestas plantadas, é insipiente no que tange a aplicação em florestas nativas. Por isso existe a necessidade de novas técnicas que permitam trabalhar com informações florestais de forma precisa. Neste trabalho, o objetivo principal era mensurar as copas das árvores de Araucaria angustifolia em ambiente isolado. Esta mensuração teria como finalidade uma posterior estimativa de variáveis dendrométricas.

Com o desenvolvimento do trabalho, foi possível concluir que este objetivo principal foi atendido. A metodologia proposta se mostrou eficiente no delineamento da copa das árvores. Apesar de ser limitada em áreas densas, se mostrou capaz de delinear copas irregulares de araucária de forma satisfatória. Considerando as 4 subáreas estudas, atingiu-se uma acurácia variando de 75,2% à 91,7%. Tratando-se de áreas nativas, este resultado foi considerado muito bom.

Utilizando a metodologia proposta foi possível estimar as variáveis dendrométricas com precisão. Foi possível estimar o DAP com uma diferença de 0,31mm. Já para a altura total estimada, chegou-se a uma diferença de 0,19m. Considerando estas diferenças com o erro admitido no inventário florestal, pode-se concluir que a tecnologia LiDAR poderia ser uma alternativa viável ao inventário florestal convencional. Ainda é importante salientar que com uma equação consultada na literatura, foi possível estimar o DAP com 6,1mm de diferença. Com isso, foi possível concluir que há a possibilidade de associar dados LASER com o conhecimento já consolidado na literatura.

Apesar de não ter sido um dos objetivos deste trabalho, também é possível concluir que a tecnologia LiDAR pode ser aplicada no cálculo de incremento em DAP e altura total. Quando comparado com o incremento na literatura, houve uma diferença de 0,69cm para DAP e nenhuma diferença no

Page 128: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

128  

incremento em altura total. Ë possível concluir então que a tecnologia LiDAR pode ser utilizada no cálculo de incremento para diâmetro à altura do peito e altura total.

A metodologia proposta se mostrou eficaz no delineamento das copas. As variáveis dendrométricas foram estimadas com precisão. Porém o método se mostrou muito extenso e com um certo nível de complexidade. Com isso, a automatização do processo foi bem sucedido. Neste o tempo de processamento manual que antes era por volta de 40 minutos, foi reduzido para 8 minutos com esta ferramenta. Por isso, foi possível tornar o procedimento automatizado e de fácil aplicação. Desta forma, permitirá a difusão da metodologia para que seja implementada tanto para áreas plantadas como nativas.

Com base em todo o processo e análise deste trabalho, foi possível concluir que a tecnologia LiDAR é uma ferramenta importante para a área florestal. Com a metodologia correta, suas aplicações podem ser diversas. Em áreas nativas, apresentou bom desempenho atingindo todos os objetivos propostos. Todavia, sua aplicação em áreas florestais densas ainda é um desafio. Mais estudos deverão ser realizados sobre este tópico de forma a solucionar esta limitação da tecnologia.

Page 129: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

129  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTMAIER, A., KANY, C. Digital surfasse model generation from CORONA satellite images. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, Hannover, v. 56, p. 221-235, 2002. ALVES, M. V. G., Estimativa de variáveis florestais com perfilhamento a LASER (LiDAR). Tese de doutorado. Curitiba: UFPR. 2010. ANDERSEN, H., McGAUGHEY, R. J., CARSON, W. W., REUTEBUCH, S. E., MERCER, B., ALLAN, J. A comparison of forest canopy models derived from LiDAR and INSAR data in a pacific northwest conifer forest. International Archives of Photogrammetry and Remote Sensing. v. 34, part. 3/W13, p. 211-217, 2004. ARAUJO, L.S.; D’OLIVEIRA, M.V.N; VICTORIA, D.; MORTON, D.; TAKEMURA, C.M.; HUNTER, M.O. Dados LiDAR e análise orientada a objeto no monitoramento de manejo florestal. In: XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR, 16., 2013, Foz do Igraçu. Anais... São José dos Campos: INPE, 2013. p. 1-7. ARAÚJO, E. J. G., PELISSARI, A. L., DAVID, H. C., SCOLFORO, J. R. S., NETTO, S. P., MORAIS, V. A. Relação hipsométrica para candeia (Eremanthus erythropappus) com diferentes espaçamentos de plantio em Minas Gerais, Brasil. Pesquisa Florestal Brasileira. v. 32, n. 71, p. 257-268, 2012. AWRANGJEB, M., RAVANBAKHSH, M., FRASER, C. S. Automatic extraction of building roofs using LiDAR data and multispectral imagery. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, Hannover, v. 83, p. 1-18, 2013.

Page 130: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

130  

AXELSSON, P. DEM generation from LASE scanner data using adaptive TIN models. International Archives of Photogrammetry and Remote Sensing, Amsterdam, v. 33, part. B4, 2000. BANDARA, K. R. M. U., SAMARAKOON, L., SHRESTHA, R. P., KAMIYA, Y. Automated generation of digital terrain model using point clouds of digital surface model in forest area. Remote Sensing, Basel, v. 3, p. 845 – 858, 2011. BEGER, R., GEDRANGE, C., HECHT, R., NEUBERT, M. Data fusion of extremely high resolution aerial imagery and LiDAR data for automated railroad center line reconstruction. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, Hannover, v. 66, p. s40-s51, 2011. BECKER, J. H., CENTENO, J. A. S.. Avaliação de métodos de filtragem de nuvem de pontos derivados do Sistema LASER scanner aerotransportado para obtenção de MDT. Revista Brasileira de Cartografia. v. 65, n. 4, p. 651 –659, 2013. BERTRAM, J., DEWAR, R. Statistical patterns in tropical tree cover explained by the different water demand for individual trees and grasses. Ecology, v. 94, n. 10, p. 2138 – 2144, 2013. BINKLEY, D., STAPE, J. L., BOUERLE, W. L., RYAN, M. G. Explaining growth of individual trees: Light Interception and efficiency of light use by Eucalyptus at four sites in Brazil. Forest Ecology and Management, v. 259, p. 1704 – 1713, 2010. BRANDTBERG, T., WARNER, T. A., LANDENBERGER, R., MCGRAW, J. B., Detection and analysis of individual leaf-off tree crowns in small footprint, high sampling density lidar data

Page 131: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

131  

from the eastern deciduous forest in North America. Remote Sensing of Environment, v. 85, p. 290-303, 2003. BRASIL. Resolução do CONAMA nº 300 de 20 de março de 2002. Livro de Resoluções do CONAMA, Brasília, DF, 2012. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/LivroConama.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2014. BRASIL. Lei da Mata Atlântica, Lei 11.428 de 2006 Decreto 6.660 de 2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 dez. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/.../2006/2006/lei/l11428.htm>. Acesso em: 29 jul. 2014. BRIESE, C., MANDLBURGER, G., PFEIFER, N. Airborne laser scanning: high quality digital terrain modelling. Institute of Photogrammetry and Remote Sensing, Austria. p. 1-15 2007. Disponível em: < http://publik.tuwien.ac.at/files/pub-geo_1950.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2014. CAMBRAY, B. Three-dimensional (3D) modelling in a geographical database. In: International Symposium on Computer-Assisted Cartography, 11., 1993, Mineapolis. Proceedings… Bethesda: ASPRS, 1993. p. 338-347. CASTRO, F.C.; CENTENO, T.M. Segmentação de imagens geradas por perfilhamento a LASER para delimitação de árvores individuais em uma área de reflorestamento de eucaliptos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005 Goiânia. Anais... São José dos Campos: INPE, 2005. p. 737-744. CASTRO, R. V. O. Modelagem árvores individuais para uma Floresta Estacional Semidecidual utilizando redes neurais. Tese de doutorado. Viçosa: UFV, 2012.

Page 132: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

132  

CENTENO, J.A.S.; MITISHITA, E.A. LASER scanner aerotransportado no estudo de áreas urbanas: A experiência da UFPR. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13., 2007, Florianópolis. Anais... São José dos Campos: INPE, 2007. p. 3645–3652. COELHO, L., BRITO, J. N. Fotogrametria Digital. Rio de Janeiro: UERL, 2007. COELHO, A. H.; VARGAS, R. M. A. Geração de modelos digitais de terreno a partir de dados de LASER scanner aerotransportado em área de floresta usando o software livre GRASS. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13, 2007, Florianópolis. Anais... São José dos Campos: INPE, 2007. p. 3653-3660. CONDÉ, T. M., LIMA, M. L. L., TONINI, H., LIMA NETO, E. M. Equações morfométricas das espécies andiroba (Carapa guianensis AUBL) e castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H. B. K.) em sistemas agroflorestais no município de Porto Velho, Rondônia. Revista Eletrônica Ambiente – Gestão e Desenvolvimento. v. 4, n. 1, p. 1-21, 2012. Disponível em: < http://uerr.edu.br/remgads/?p=78>. Acesso em: 12 abr. 2014. CORDENUNSI, B.R., MENEZES, E.W., GENOVESE, M.I., DOLLI, C., SOUZA, A.G., LAJOLO, F.M. Chemical composition and glycemic index of Brazilian pine (Araucaria angustifólia) seeds. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Davis, v. 52, n. 11, p. 3412-3416. 2004. CUNHA, T. A. Crescimento de espécies florestais madeiráveis como subsídio para o manejo florestal na Amazônia ocidental. Tese de Doutorado, Santa Maria: UFSM, 2012.

Page 133: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

133  

DALMOLIN, Q.; SANTOS, D.R. Sitema LASER scanning: Conceitos e Princípios de Funcionamento. Curitiba: UFPR, 2003. DANILIN, I. M., MEDVEDEV, E. M. Forest inventory and biomass assessment by the use of airborne laser scanning method (example from Siberia). Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 36, n. 8, p. 139-144, 2004. DE CESARO, A., ENGEL, O. A., FINGER, C. A. G., SCHNEIDER, P. R. Comparação dos métodos de amostragem de área fixa, relascopia e de seis árvores, quanto a eficiência, no inventário florestal de um povoamento de Pinus sp. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 4, n. 1, p. 97-108, 1994. DE FLORIANI, L., PUPPO, E. Hierarchical Triangulation for Multiresolution Surface Description. ACM Transactions on Graphics, New Haven, v. 14, p. 363 – 411, 1995. DE JONG, S. M., VAN DER MEER, F. D. Remote Sensing Image Analysis: including the spatial domain. New York: Springer, 2005. DIEDERSHAGEN, O., KOCH, B., WEINACKER, H., SCHÜTT, C. Combining LiDAR and GIS fata for the extraction of forest inventory parameters. In: ScandLaser Scientific Workshop on Airborne Laser Scanning of Forests, 2003, Sweden, Proceedings… Umeå: Instutionen för skoglig resurshushållning, 2003. p. 157-165. DISPERATI, A. A., SANTOS, J. R., OLIVEIRA FILHO, P. C., NEEFF, T. Aplicação da técnica filtragem de locais máximas” em fotografia aérea digital para a contagem de copas em reflorestamento de Pinus elliottii. Scientia Forestalis. Piracicaba. n. 76, p. 45-55, 2007.

Page 134: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

134  

DRAPER, N. R., SMITH, H., Applied regression analysis. New York: Wilei, 1966. DURBIN, J. WATSON, G. S. Testing for serial correlation in least squares regression: I. Biometrika. v. 37, n. 3/4, p. 409-428, 1950. DURLO, M. A. Relações morfométricas para Cabralea canjerana (Well.) Mart. Ciência Florestal, Santa Maria v. 11, n. 1, p. 141-149, 2001. DURLO, M. A., DENARDI, L. Morfometria de Cabralea canjerana, em mata secundária nativa do Rio Grande do Sul. Ciência Florestal, Santa Maria. v. 8, n. 1, p. 55-66, 1998. ELDRIDGE, K.G.; GRIFFIN, A.R. Selling effects in Eucalyptus regnans. Silvae Genetica, Frankfurt, v.31, p.216-221, 1983. EMBRAPA, Solos do Estado de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Embrapa. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento. n. 46, p. 745, 2004. Disponível em: < http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/88186/1/BPD-46-2004-Santa-Catarina-.pdf> ESRI. Manual ArcGIS 10.2.1. Redlands: ESRI. 2013. Manual eletrônico. Disponível em: < http://resources.arcgis.com/en/help/main/10.2/index.html#/Welcome_to_the_ArcGIS_Help_Library/00qn0000001p000000/> FIGUEIREDO FILHO, A., DIAS, A. N., KOHLER, S. V., VERUSSA, A. A., CHIQUETTO, A. L. Evolution of the hypsometric relationship in Araucaria angustifolia plantations in the mid-south region of Paraná state. Cerne, Lavras, v. 16, n. 3, p.347-357, 2010.

Page 135: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

135  

FINGER, C. A. G. Biometria Florestal. Santa Maria: UFSM, 2006. FORLANI, G., NARDINOCCHI, C. Adaptive filtering of aerial LASER scanning data. In: ISPRS Workshop on Laser Scanning and SilviLaser, 2007. Finland. Proceeding… Finland, 2007. p. 130 – 135. FORZIERI, G., TANTERI, L., MOSER, G., CATANI, F. Mapping natural and urban environments using airborne multi-sensro ADS40-MIVIS-LiDAR synergies. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, Netherlands, v. 23, p. 313 – 323, 2013. FREESE, F. Linear Regression Methods for Forest Research. Washington: U.S. Department of Agriculture Forest Service, 1972. FU, L., SUN, H., SHARMA, R. P., LEI, Y., ZHANG, H., TANG, S. Nonlinear mixed-effects crown width models for individual trees of Chinese fir (Cunninghamia lanceolata) in south-central China. Forest Ecology and Management, v. 302, p. 210 – 220, 2013. GAU, J. Resolution and accuracy of terrain representation by Grid DEMs at a Micro-scale. International Journal of Geographical Information Science, v. 11, n. 2, p. 199-212, 1997. GIONGO, M., KOEHLER, H.S., VIOLA, M.R., BASTOS, P.S., SANTOS, A.F., SANTOPUOLI, G. Estimation of canopy base height using airborne laser scanning data (LiDAR). Journal of Biotechnology and Biodiversity, v. 3, n. 3, p. 48-57, 2012.

Page 136: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

136  

GIONGO, M., KOEHLER, H. S., MACHADO, S. A., KIRCHNER, F. F., MARCHETTI, M. LiDAR: princípios e aplicações florestais. Pesquisa Florestal Brasileira. Colombo, v. 30, n. 63, p. 231-244, 2010. GLEASON, C. J., IM, J. Forest biomass estimation from airborne LiDAR data using machine learning approaches. Remote Sensing of Environment, v. 125, p. 80-91, 2012. HEINZEL, J. N., WEINACKER, H., KOCH, B. Full automatic detection of tree species based on delineated single tree crowns: a data fusion approach for airborne laser scanning data and aerial photographs. In: SILVILASER, 2008, Edinburgh. Proceedings… Edinburgh, 2008. p. 76-85. HESS, A. F. Manejo de Araucaria angustifolia pelo quociente de Liocourt em propriedade rural do município de Painel, SC. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v. 32, n. 70, p. 227-232, 2012. HESS, A., CALGAROTTO, A. R., PINHEIRO, R., WANGINIAK, T. C. R. Proposta de manejo de Araucaria angustifolia utilizando o quociente de Liocourt e análise de incremento, em propriedade rural no município de Lages, SC. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v. 30, n. 64, p. 337-345, 2010. HESS, A. F., SCHNEIDER, P. R. Crescimento em altura de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze em três locais do Rio Grande do Sul. Ambiência, Irati, v. 5, n. 2, p. 213-232, 2009. HUECK, K. As florestas da América do Sul. São Paulo: Polígono, 1972.

Page 137: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

137  

HYYPÄ, J., HYYPÄ, H., LITKEY, P., YU, X., HAGGRÉN, H., RÖNNHOLM, P., PYYSALO, U., PITKÄNEN, J., MALTAMO, M. Algorithms and methods of airborne laser-scanning for forest measurements. Remote Sensing and Spatial Information Sciences, Hannover, v. 36, n. 8, p. 1682-1750, 2004. HYYPPÄ, J., PYYSALO, U., HYYPPÄ, H., SAMBERG, A. Elevation accuracy of LASER scanning-derived digital terrain and target models in forest environment. In: EARSeL – SIG – Workshop LiDAR, 2000. Dresden. Proceedings… Dresden, 2000. p. 139 – 147. IBGE, Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. IUCN, Red Listo f Threatened Species. Cambridge – UK. Disponível em: < http://www.iucnredlist.org/>. Acesso em 13 de novembro de 2013. JÄRNSTEDT, J., PEKKARINEN, A., TUOMINEN, S., GINZLER, C., HOLOPAINEN, M., VIITALA, R. Forest variable estimation using a high-resolution digital surface model. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, Hannover, v. 74, p. 78-84, 2012. KABOLIZADE, M., EBADI, H., MAHMMADZADEH, A. Design and implementation of an algorithm fo automatic 3D reconstruction of building models using genetic algorithm. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 19, p. 104-114, 2012. KARSLI, F., KAHYA, O., Detecting the buildings from Airborne Laser Scanner data by using Fourier transform. Experimental Techniques, v. 36, p. 5-17. 2010.

Page 138: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

138  

KOCH, B., HEYDER, U., WEINACKER, H. Detection of individual tree crowns in airborne LiDAR data. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, v. 74, n. 4, p. 357-363, 2006. KRONSEDER, K., BALLHORN, U., BÖHM, V., SIEGERT, F. Above ground biomass estimation across forest types at different degradation levels in Central Kalimantan using LiDAR data. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 18, p. 37-48, 2012. KUMAR, V. Forest inventory parameters and carbon mapping from airborne LiDAR. Dissertação de mestrado. Enschede: Universidade de Twente, 2012. KWAK, D. A., LEE, W. K., LEE, J. H., BIGING, G. S., GONG, P. Detection of individual trees and estimation of tree height using LiDAR data. Journal of Forest, v. 12, p. 425-434, 2007. LEFÈVRE, H. The fiber-optic gyroscope. London: Artech House, 1993. LI, W., GUO, Q., JAKUBOWSKI, M. K., KELLY, M. A new method for segmenting individual trees from the LiDAR point cloud. Photogrammetric Engineering & Remote Sensing, v. 78, n. 1, p. 75-84, 2012. LI, Y., WU, H., XU, H., AN, R., XU, J., HE, Q. A gradient-constrained morphological filtering algorithm for airborne LiDAR. Optics & Laser Technology, v. 54, p. 288-296, 2013. LIANG, X., HYYPPÄ, J., MATIKAINEN, L. Deciduous-coniferous tree classification using difference between first and last pulse laser signatures. IAPRS, v. 36, part 3/W52, p. 253-257, 2007.

Page 139: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

139  

LIANG, X., KUKKO, A., KAARTINEN, H., HYYPPÄ, J., YU, X., JAAKKOLA, A., WANG, Y. Possibilities of a personal laser scanning system for forest mapping and ecosystem services. Sensors, v. 14, p. 1228 – 1248, 2014. LIMA, S. R. S. D. Integração GPS/INS utilizando sensores inerciais baseados em sistemas microeletromecânicos (MEMS). Tese de Doutorado. Curitiba: UFPR, 2005. LIU, X. Airborne LiDAR for DEM generation: some critical issues. Progress in Physical Geography, v. 32, n. 1, 2008. LIU, W. T. H. Aplicações de Sensoriamento Remoto. Campo Grande: UNIDERP, 2006. LONGHI, S. J. A estrutura de uma floresta natural de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze, no sul do Brasil. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 1980. LU, D., CHEN, Q., WANG, G., MORAN, E., BATISTELLA, M., ZHANG, M., LAURIN, G. V., SAAH, D. Aboveground forest biomass estimation with Landsat and LiDAR data and uncertainty analysis of the estimates. International Journal of Forestry Research, v. 2012, p. 1-16, 2012. LUU, T. C., BINKLEY, D., STAPE, J. L. Neighborhood uniformity increases growth of individual Eucalyptus trees. Forest Ecology and Management, v. 289, p. 90 – 97, 2013. LUZ, L. D., PAROLIN, M. Distribuição de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze na área urbana de Novas Tebas. In: I Simpósio de Estudos Urbanos – desenvolvimento regional e dinâmica ambiental. 2011. Campo Mourão. Anais... Campo Mourão: FECILCAM, 2011.

Page 140: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

140  

MACEDO, R. C., SANTOS, J. R., SOARES, J. V. Validação de modelo digital de terreno em área florestal com relevo ondulado, gerado a partir de dados LiDAR. Revista Brasileira de Cartografia, Brasília. v. 64, n. 4, p. 695-702, 2013. MATTOS, P. P., SANTOS, A. T., RIVERA, H., OLIVEIRA, Y. M. M., ROSOT, M. A.D., GARRASTAZU, M. C. Crescimento de Araucaria angustifolia na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador, SC. Pesquisa Florestal Brasileira (nota científica), n. 55, p. 107-114, 2007. McCULLAGH, M. Terrain and surface modelling sustems: theory and practice. The photogrammetric record, v. 12, n. 72, p. 747-779, 1988. MENEGOL, O., Índice de sítio e relação entre altura dominante e teores nutricionais das acículas em povoamentos de Pinus elliottii var, elliottii no segundo planalto Paranaense. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 1991. MENESES, P. R., ALMEIDA, T., ROSA, A. N. C. S., SANO, E. E., SOUZA, E. B., BAPTISTA, G. M. M, BRITES, R. S. Introdução ao Processamento de Imagens de Sensoriamento Remoto. Brasília: UNB, 2012. MINGOTI, S. A. Análise de dados através de métodos de estatística multivariada: uma abordagem aplicada. Belo Horizonte: UFMG, 2005. MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo GNSS: Descrição, fundamentos e aplicações. 2. ed. São Paulo: UNESP, 2008.

Page 141: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

141  

MONTAGHI, A., CORONA, P., DALPONTE, M., GIANELLE, D., CHIRICI, G., OLSSON, H. Airborne laser scanning of forest resources: an overview of research in Italy as a commentary case study. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, v. 23, p. 288-300, 2013. MOSTAFA, M. M. R.; HUTTON, J. Direct positioning and orientation systems - How do they work? What is the attainable accuracy? In: AMERICAN SOCIETY OF PHOTOGRAMMETRY AND REMOTE SENSING ANNUAL CONFERENCE, 2001. St. Louis, Proceedings..., 2001. p. 11. MOSTAFA, M.M.R.; SCHWARZ, K.P. Digital Image Georeferencing from a Multiple Camera Systema by GPS/INS. ISPRS – Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, v. 56. 2001. NETO, J.F., NONES, D.L. SOUZA, M.C., BURIGO, M.C., PAVELSKI, L.G. Projeto Kayuvá: valorização do pinhão na agricultura familiar na serra catarinense. UDESC em ação: Revista de Extensão, v. 4, n. 1, 2010. NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto: princípios e aplicações. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2010. NUTTO, L. Manejo do crescimento diamétrico de Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Ktze. Baseado na árvore individual. Ciência Florestal. v. 11, n. 2, p. 9-25, 2001. NYSTRÖM, M., HOLMGREN, J., OLSSON, H. Prediction of tree biomass in the forest-tundra ecotone using airborne laser scanning. Remote Sensing of Environment. v. 123, p. 271-279, ago. 2012.

Page 142: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

142  

OLIVEIRA, L.T., CARVALAHO. L.M.T., FERREIRA, M.Z., OLIVEIRA, T.C.A., JUNIOR, F.W.A. Application of LiDAR to forest inventory for tree count in stands of Eucalyptus sp. Cerne, Lavras, v. 18, n. 2, p. 175-184, 2012. OLIVEIRA, Y. M. M. Características entre parâmetros dendrométricos em Araucaria angustifolia (Bert O. Ktze) utilizando fotografias aéreas. Boletim de Pesquisa Florestal. n. 5, p. 69-105, 1982. ORELLANA, E., KOEHLER, A. B. Relações morfométricas de Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer. Revista acadêmica – Ciências Agrárias e Ambientais, v. 6, n. 2, p. 229-237, 2008. OZDEMIR, H., SAMPSON, C. C., DE ALMEIDA, A. M., BATES, P. D. Evaluating scale and roughness effects in urban flood modelling using terrestrial LiDAR data. Hydrology and Earth System Sciences. v. 17, p. 4015-4030, 2013. PARK, Y.S., FOWLER, D.P. Effects of inbreeding and genetic variances in a natural population of Tamarax (Larix laricina (Du Roi) K.Koch) in eastern Canada. Silvae Genetica, Frankfurt, v.32, p.21-26, 1982. PITKÄNEN, J., MALTAMO, M., HYYPÄ, J., YU, X. Adaptive method for individual tree detection on airborne laser based canopy height model. Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 36, n. 8/W2, p. 187-191, 2004. POORTER, L., BONGERS, F. Ecology of tropical forests. Wageningen: Agricultural University, 1993.

Page 143: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

143  

POPESCU, S. C., WYNNE, R. H., NELSON, R. F. Measuring individual tree crown diameter with lidar and assessing its influence on estimating forest volume and biomass. Canadian Journal of Remote Sensing. v. 29, n. 5, p. 564-577, 2003. PRETZSCH, H., Forest Dynamics, Growth and Yield. München: Springer, 2009. QUINTERO, C. A. B., ESCOBAR, I. P., PONTE-NETO, C. F. Applications of Voronoi and Delaunay diagrams in the solution of the geodetic boundary value problem. Boletim de Ciências Geodésicas. v. 18, n. 3, p. 378-396, 2012. RAHMAN, M. Z. A., GORTE, B. G. H. Tree crown delineation from high resolution airborne LiDAR based on densities of high points. In: ISPRS Workshop Laser scanning, 2009. Proceedings… France: ISPRS, 2009. REITBERGER, J., HEURICH, M., KRZYSTEK, P., STILLA, U. Single tree detection in forest areas with high-density LiDAR data. Remote Sensing and Spatial Information System, v. 36, n. 3/W49B, 2007. REUTEBUCH, S. E.; ANDERSEN, H.; McGAUGHEY, R.J. Light detection and Ranging (LIDAR): An Emerging Tool for Multiple Resource Inventory. Journal of Forestry, v. 103, n. 6, p. 286-292, 2005. RICKEN, P. Incremento, espaço horizontal e competição em povoamento natural de Araucaria angustifolia no planalto catarinense. Dissertação de Mestrado. Lages: CAV/UDESC, 2014.

Page 144: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

144  

RODRIGUEZ, L. C. E., POLIZEL, J. L., FERRAZ, S. F. B., ZONETE, M. F., FERREIRA, M. Z. Inventário florestal com tecnologia laser aerotransportada de plantios de Eucalyptus spp no Brasil. Ambiência. Guarapuana. v. 6, p. 67-80, 2010. ROMAN, M., BRESSAN, D. A., DURLO, M. A. Variáveis morfométricas e relações interdimensionais para Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Ciência Florestal. v. 19, n. 4, p. 473-780, 2009. ROSSI, A. S., DRESCHER, R., PELISSARI, A. L., LANSSANOVA, L. R. Relação hipsométrica e crescimento de Tectona grandi L.f. no município de Monte Dourado, Pará. Scientia Forestalis. v. 39, n. 91, p. 301-307, 2011. ROVEDA, M., DALGALLO, B., DIAS, A. N., FILHO, A. F., MULLER, C. S. Morfometria de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze na Floresta Nacional de São Francisco de Paula-RS. In: Congresso Florestal Paranaense, 4., 2012, Curitiba. Anais... Curitiba: CIETEP, 2012. SAHMOUDI, M., AMIN, M. G. Robust tracking of weak GPS signals in multipath and jamming environments. Signal Processing. v. 89, p. 1320-1333, 2009. SANTOS, R. C., Curvas de crescimento em ltura e índice de sítio de povoamentos clonais de Eucalyptus spp. na chapada do Araripe, Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2012. SANTOS, A. T., MATTOS, P. P., BRAZ, E. M., ROSOT, N. C. Equação de volume e relação hipsométrica em plantio de Ocotea porosa. Pesquisa Florestal Brasileira. v. 32, n. 69, p. 13-21, 2012.

Page 145: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

145  

SCHAAF, L. B. Florística, estrutura e dinâmica no período 1979-2000 de uma Floresta Ombrófila Mista localizada no sul do Paraná. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2001. SCHEEREN, L. Q., FINGER, C. A. G., SCHUMACHER, M. V., LONGHI, S. J. Crescimento em altura de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. em três sítios naturais, na região de canela – RS. Ciência Florestal. v. 9, n. 2, p. 23-40, 1999. SCHIMALESKY, V. Avaliação da qualidade da informação altimétrica derivada da varredura a LASER em uma região coberta por vegetação: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2007. SCHNEIDER, P. R., SCHNEIDER, P. S. P., SOUZA, C. A. M. Análise de Regressão – Aplicada à Engenharia Florestal. 2. ed. Santa Maria: UFSM, 2009. SCOLFORO, J. R. S., THIERSCH, C. R. Biometria Florestal: medição, volumetria e gravimetria. Lavras: UFLA/FAEPE, 2004. SCOLFORO, J. R. S., Curvas de índice de sírio para Pinus caribaea var. hondurensis. IPEF, n. 45, p. 40-47, 1992. SELLE, G. L., SCHNEIDER, P. R., FINGER, C. A. G. Classificação de sítio para Pinus taeda L., através da altura dominante, para a região de Cambará do Sul, RS, Brasil. Ciência Florestal. v. 4, n. 1, p. 77-95, 1994. SIEPMANN, J. P. Fusion of current technologies with real-time 3D MEMS LADAR for novel security and defense applications. In: LASER RADAR TECHNOLOGY AND APPLICATIONS, 11., 2006, Orlando. Proceedings.... Orlando: SPIE, 2006. p. 14-18.

Page 146: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

146  

SILVA, C.A., KLAUBERG, C., HUDAK, A., LIBERMANN, R., CARVALHO, S.P.C., RODRIGUEZ, L.C.E. Avaliação do uso da tecnologia LiDAR para predição da homogeneidade de um povoamento de Eucalyptus sp. Baseado na extração de árvores individuais. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR, 16., Foz do Iguaçu. Anais... São José dos Campos: INPE, 2013. SILVA, F.A.; RIBAS, W.K. Perfilamento LASER em Áreas Densamente florestadas. In: RIO PIPELINE CONFERENCE & EXPOSITION, 2007, Rio de Janeiro, Anais.... Rio de Janeiro: IBP. 2007. SINGH, K. K., VOGLER, J. B., SHOEMAKER, D. A., MEENTEMEYER, R. K. LiDAR-Landsat data fusion for large-area assessment of urban land cover: balancing spatial resolution, data volume and mapping accuracy. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing. Hannover. v. 74, p. 110-121, 2012. SITHOLE, G., VOSSELMAN, G. Experimental comparison of filter algorithms for bare-Earth extraction from airborne LASER scanning point clouds. ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing. Hannover. v. 59, p. 85-101, 2004 SOUZA, V.A., HATTEMER, H.H. Fenologia Reprodutiva da Araucaria angustifólia no Brasil. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 47, p. 19-32, 2003. STOJANOVA, D., PANOV, P., GJORGJIOSKI, V., KOBLER, A., DŽEROSKI, S. Estimating vegetation height and canopy cover from remotely sensed data with machine learning. Ecological Informatics. v. 5, n. 4, p. 256-266, 2010.

Page 147: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

147  

SULAIMAN, N. S., MAJID, Z., SETAN, H. DTM generation from LiDAR data by using differente filters in open – source software. Geoinformation Science Journal, Malaysia. v. 10, n. 2, p. 89-109, 2010. THIERSCH, C. R., ANDRADE, M. G., MOREIRA, M. F. B., LOIBEL, S. Estimativa da relação hipsométrica em clones de Eucalyptus sp. Com o modelo de Curtis ajustado por métodos bayesianos empíricos. Revista Árvore. v. 37, n. 1, p. 01-08, 2013. TONINI, H., ARCO-VERDE, M. F. Morfologia da copara para avaliar o espaço vital de quatro espécies nativas da Amazônia. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 40, n. 7, p. 633-638, 2005. TSUBAKI, R., FUJITA, I. Unstructed grid generation using LiDAR data for urban flood inundation modelling. Hydrological Processes. v. 24, p. 1404-1420, 2010. VELOSO, H. P., RANGEL FILHO, A. L. R., LIMA, J. C. A. Classificação da Vegetação, Adaptada a um Sistema Universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. WAGNER, W., ULLRICH, A., MELZER, T., BRIESE, C., KRAUS, K., From single-pulse to full-waveform airborne LASER scanners: potential and practical challenges. Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 35, Part B3, p. 201–206, 2004. WAGNER, W.; ULLRICH, A.; DUCIC, V.; MELZER, T.; STUDNICKA, N. Gaussian decomposition and calibration of a novel small-footprint full-waveform digitising airborne LASER scanner. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing. Hannover. v. 60, n. 2, p. 100-112, 2006.

Page 148: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

148  

WASER, L. T., BALTSAVIAS, E., ECKER, K., EISENBEISS, H., FELDMEYER-CHRISTE, E., GINZLER, C., KÜCHLER, M., ZHANG, L. Assessing changes of forest area and shrub encroachment in a mire ecosystem using digital surface models and CIR aerial images. Remote Sensing of Environment. v. 112, n. 5, p. 1956 – 1968, 2008. WEHR, A.; LOHR, U. Airborne LASER scanning-an introduction and overview. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing. Hannover. v. 54, n. 2-3, p. 68-82, 1999. WEIDNER, U., FÖRSTNER, W. Towards automatic building extraction from high-resolution digital elevation models. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing. Hannover. v. 50, n. 4, p. 38-49, 1995. WEINACKER, H., KOCH, B., HEYDER, U., WEINACKER, R. Development of filtering, segmentation and modelling modules for LiDAR and multispectral data as a fundament of an automatic forest inventory system. Remote Sensing and Spatial Information Sciences. v. 36, p. 50-55, 2004. WIMAN, H. Automatic generation of digital surface models through matching in object space. Photogrammetric Record. v. 16, n. 91, p. 83 - 91, 1998. WINK, C., MONTEIRO, J. S., REINERT, D. J., LIBERALESSO, E. Parâmetros da copa e a sua relação com o diâmetro e altura das árvores de eucalipto em diferentes idades. Scientia Forestalis. v. 40, n. 93, p. 57-67, 2012.

Page 149: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

149  

ZANDONÁ, D.F., LINGNAU, C., NAKAJIMA, N.Y. Varredura a Laser aerotransportado para estimativa de variáveis dendrométricas. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 36, n. 80, p. 295-306, 2008. ZHANG, K., CUI, Z. Airborne LiDAR data processing and analysis tools: ALDPAT 1.0. Berkeley: National Center for Airborne Laser Mapping, 2007. ZHAO, M., LIN, X., SUN, S., WANG, Y., A method to Identify Obstacles on Digital Surface Model. Tsinghua Science and Technology, Beijing, v. 10, n. 3, p. 323-327, 2005. ZIADAT, F. M. Effect of countour intervals and grid cell size on the accuracy of DEMs and slop derivatives. Transactions in GIS. n. 11, p. 67-81, 2007. ZIMMERMANN, A. P. L., FLEIG, F. D., REDIN, C. G., AGUIAR, A. V. Relações morfométricas paraárvores dominantes de Pinus taeda no estado do Paraná. In: Simpósio de Pós-Graduação em Ciências Florestais, 7., 2012, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, 2012.

Page 150: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

150  

APÊNDICE A – Detalhamento do procedimento utilizado para o delineamento de árvores individuais de A.

angustifolia

1. DEFINIÇÃO DO TAMANHO DA GRADE

A perda de informação referente à objetos no terreno na geração de modelos digitais de elevação (MDE) é comum. Este fato ocorre devido a resolução espacial inadequada das imagens geradas a partir de dados LiDAR, do qual o processo de criação dos modelos se baseia. Resolução geométrica ou espacial inicialmente se refere ao nível de detalhamento ou os menores objetos que podem ser reconhecidos em uma imagem. No processamento de dados LiDAR para obtenção de modelos digitais, esta resolução geométrica é o tamanho da grade que será gerada. Quanto menor o tamanho da grade maior será a resolução espacial do modelo digital, representando a superfície do terreno de forma mais detalhada (Liu, 2008, p. 40). De acordo com Gao (1997, p. 200), a ideia geral é conseguir uma descrição adequada da superfície do terreno com o mínimo de informação possível ou o maior pixel possível de forma que a acurácia desejada seja atingida para um determinado propósito. Uma grade com uma resolução geométrica muito alta pode ocasionar em um modelo mais detalhado que o necessário, aumentando a demanda computacional (Ziadat, 2007, p. 75). O tamanho da grade adequada irá depender da densidade dos pontos, da complexidade do terreno e a aplicação (Liu, 2008, p. 40). Desta forma, McCullagh (1988) sugeriu que o tamanho da grade deverá ser equivalente ao número de pontos em uma determinada área. O tamanho da grade pode ser calculado através da Equação 22:

eq. 22

Page 151: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

151  

Onde, S é o resolução espacial da grade em metros, n é o número de pontos e A é a área.

A Equação 22 utiliza a densidade de pontos para definir a resolução da grade. Ou seja, a raíz quadrada de uma unidade de área pelo número de pontos LASER nesta respectiva área, fornecerá o espaçamento em metros da grade à ser utilizada. Como pode ser visto na Figura 40A, cada célula da grade possui o tamanho S em metros. Já as variáveis área (A) e número de pontos (n) podem ser obtidas a partir da densidade (pontos/m²) (ver Figura 40B).

Figura 40 - Esquematização referente à equação de definição do tamanho ideal da grade em função da densidade de pontos. A) Grade com a representação da variável S (resolução espacial da grade); B) Exemplificação das variáveis área e número de pontos. A: unidade de área; n = número de pontos; d = densidade de pontos.

Fonte: produzido pelo próprio autor.

Page 152: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

152  

2. PREPARAÇÃO E VERIFICAÇÃO DA NUVEM DE PONTOS LIDAR

 Após os dados terem sido recebidos da empresa

Aeroimagem S/A, foi necessário realizar a verificação da nuvem de pontos LiDAR. Esta verificação tem a função de detectar possíveis problemas na nuvem de pontos como fator de escala alterado (exagero vertical), ausência de sistema de referência, pontos não separados em retornos e/ou classificação, dentre outros. Para realizar esta verificação, foi utilizado o programa Lastools que opera baseado em linhas de comando do MS-DOS. As etapas de trabalho no Lastools foram:

Criar uma pasta dentro da pasta bin do programa

Lastools (C:\Lastools\bin) sem caracteres especiais nem espaços (e. g. painel). Fazendo isso evita problemas com caminhos muito longos e com caracteres especiais que não são aceitos no Lastools. Nesta pasta foi adicionada a nuvem de pontos bruta recebida da empresa.

C:\Users\user>cd C:\Lastools\bin C:\Lastools\bin> mkdir painel

Criação de índices para aumentar a velocidade de visualização através do comando lasindex;

C:\Lastools\bin>lasindex –i painel\lidar.las –cores 2

Visualização da conformidade geral da nuvem através do

comando lasview; C:\Lastools\bin>lasview –i painel\lidar.las

Page 153: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

153  

Verificação geral utilizando o comando lasinfo, para posterior preparação.

C:\Lastools\bin>lasinfo –i painel\lidar.las –cd

Concluída a verificação foi dado início ao processo de preparação da nuvem de pontos LiDAR. Nesta etapa, todas as inconsistências encontrados na etapa de verificação, serão devidamente corrigidas. A preparação consistiu dos seguintes passos:

Para o critério de organização uma nova pasta com o

nome tiles foi criada; C:\Lastools\bin>mkdir tiles

Neste procedimento, fez-se uso da ferramenta lastile. O lastile tem a função recortar a nuvem de pontos LiDAR. Estes recortes podem ter tamanhos variados de acordo com a necessidade do usuário. Este seccionamento da nuvem é importante para otimizar o processamento computacional, já que o programa Lastools trabalha com processamento paralelo. Ao invés de processar toda a nuvem de pontos de uma vez só, é habilitado o processamento paralelo e as 4 partes são processadas simultaneamente, reduzindo-se a demanda computacional e o tempo de processamento. Neste trabalho, a nuvem de pontos foi dividida em 4 partes com um buffer de 50m para evitar efeitos de borda. No momento que são feitos estes recortes, parte da informação pode ser alterada na região onde a nuvem foi seccionada. Estas alterações podem ser remoção de pontos da nuvem ou duplicação destes mesmos pontos. No momento em que um buffer é inserido ocorrerá uma

Page 154: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

154  

sopreposição dos recorte, que neste caso corresponde a uma sobreposição de 50m. Com a inclusão deste buffer o limite do recorte não sofrerá alterações. O comando lastile utiliza uma grade regular de espaçamento definido pelo usuário que serve como um delimitador para saber onde o conjunto de dados deverá ser recortado. O comando –tile_size determina o tamanho desta grade. Esta grade pode ser deslocada sobre os dados de forma a gerar recortes de mesmo tamanho ou com uma conformidade específica. O comando –tile_ll executa esse deslocamento. Neste trabalho, utilizou-se uma grade com espaçamento de 700m e a grade foi deslocada em 600m no eixo x e 180m no eixo y para que o conjunto de dados ficasse dividido igualmente em 4 partes.

C:\Lastools\bin>lastile –i painel\lidar.laz –files_are_flightlines –utm 22J –vertical_wgs84 –tile_size 550 –buffer 50 –tile_ll 550 450 –odir tiles –o tile.laz

Com os recortes (tiles) prontos, deu-se início à preparação dos arquivos para a classificação dos pontos. Primeiro criou-se uma pasta para armazenar os tiles classificados. Então foi utilizada a ferramenta lasground do programa Lastools. Utilizando o filtro TIN adaptivo, esta ferramenta classifica os pontos LASER entre pertencentes (Class = 2) e não pertencentes ao solo (Class = 1). Para isso a ferramenta utiliza uma janela móvel de tamanho fixo (step) para realizar a filtragem. Esta janela se deslocará sobre a nuvem de pontos realizando a classificação. Para este procedimento foi utilizado um step de 10m. Devida a presença de algumas casas na área, um step de 10m é mais indicado para que ocorra uma melhor filtragem da nuvem de pontos;

Page 155: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

155  C:\Lastools\bin>mkdir tiles_ground C:\Lastools\bin>lasground –i tiles\tiles*.laz -ultra_fine -odir tiles_ground –olaz –step 10 -cores 2

Utilizando o lasheight foram removidos os ruídos abaixo e muito acima do terreno. Este procedimento foi realizado utilizando os comandos –drop_below e –drop_above. Todos os pontos abaixo (–drop_below) e acima (-drop_above) de um determinado limiar são removidos. Este limiares são definidos a partir da aplicação. Se a área de interesse de dados está localizada entre 0m e 35m, os limiares deverão ser em torno de -1 e 40m. É recomendável deixar um intervalo entre os mínimos e máximos valores de remoção para evitar a perda de informação. Também foi criada uma nova pasta para armazenar os arquivos processados pelo comando lasheight;

C:\Lastools\bin>mkdir tiles_height C:\Lastools\bin>lasheight –i tiles_ground\tile*laz –drop_below -2 –drop_above 40 –odir tiles_height –o tileh*.laz –cores 2

Outra pasta foi criada com o nome de tiles_classified para armazenar os arquivos classificados. Neste procedimento o objetivo é classificar pontos do tipo Class 1 em pertencentes à edificações ou vegetação de grande porte. Então, a nuvem de pontos passará a ter quatro tipos de classificação, sendo eles não classificado (Class 1), terreno (Class 2), vegetação de grande porte (Class 5) e edificações (Class 6);

Page 156: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

156  C:\Lastools\bin>mkdir tiles_classified C:\Lastools\bin>lasclassify –i tiles_height\tile*.laz –odir tiles_classified –o tile*.laz –cores 2

Foi criada uma última pasta para armazenar os arquivos processados com o comando lastile. Esta operação é realizada para remover os buffers inseridos anteriormente para evitar efeitos de borda;

C:\Lastools\bin>mkdir tiles_final C:\Lastools\bin>lastile –i tiles_classified\tile.laz –set_user_data 0 –remove_buffer –odir tiles_final –olaz

O último comando a ser utilizado foi o lasinfo, acionado novamente para fazer uma verificação geral da nuvem de pontos de forma a conferir se todas as inconsistências foram corrigidas;

C:\Lastools\bin>lasinfo –i tiles_final\tilef*.laz –cd 3. MDS  

Para criar o MDS, foi utilizado os arquivos da pasta tiles_final que foram importados no programa Lastools. Neste procedimento o resultado foi uma imagem de alturas. Esta imagem apresenta pixels que correspondem a altura dos objetos e do relevo do local interpolado a partir dos primeiros retornos do sistema LASER. O procedimento utilizado foi:

Page 157: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

157  

Uma nova pasta com o nome tiles_dsm foi criada para armazenar os dados processados. Foi utilizado o comando las2dem nos arquivos da pasta tiles_classified para a geração do modelo digital de superfície. Para isso todos os arquivos foram unidos com o comando lasmerge;

C:\Lastools\bin>mkdir dsm C:\Lastools\bin>lasmerge –i tiles_final\tile*.laz –o merged.laz C:\Lastools\bin>las2dem –i tiles_final\merged.laz –first_only –thin_with_grid 0.15 –step 0.15 –extra_pass –odir dsm –obil –cores 2

Na linha de comando utilizada no las2dem, utilizou-se uma resolução espacial de 0,15m. Este valor foi encontrado quando empregada a Equação 22, tendo como resultado a expressão abaixo.

0,3779 ≅ , 0,15 eq. 23

A ferramenta las2dem do programa Lastools possui um

comando chamado –thin_with_grid. Este comando transforma os pontos filtrados em uma rede regular com espaçamento definido pelo usuário. Se o comando apresentar o valor de 0,15m, a grade regular apresentará uma resolução espacial de 15cm. Aplicando a Equação 22 chegou-se a uma resolução de 0,37m. Como o objetivo é o delineamento de árvores individuais, necessita-se de o maior nível de detalhamento possível. Por isso, o resultado foi arredondado para baixo, ou seja, 0,30m. Todavia, ao utilizar o comando –thin_with_grid,

Page 158: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

158  

esta resolução de 0,30m poderá ser alterada no momento da geração da grade regular. Para evitar este problema, a resolução é dividida por 2, reduzindo-se a resolução espacial para 0,15m. É importante salientar que a imagem conterá informação confiável para uma resolução de 0,30m. O fato de ter sido reduzido para 0,15m não irá alterar a informação latente na imagem de alturas gerada. Essa redução é realizada apenas para evitar a perda de resolução espacial no momento da geração da grade regular. 4. MDT  

A geração do MDT utilizou um procedimento semelhante ao item 2.4.3 com algumas modificações. Neste, serão interpolados apenas aqueles pontos classificados como tipo 2 pelo lasground (Class = 2), ou seja, classificados como pertencetes ao solo. Este procedimento teve como resultado uma imagem de alturas contendo informações apenas do relevo. A seguir a sequência de comandos utilizados é detalhada:

Primeiro uma nova pasta foi criada com o nome de tiles_dtm. Com o auxílio da ferramenta las2dem será gerado uma imagem no formato bil (Band Interleaved by Line) com uma resolução geométrica de 0,15m (ver Equação 23);

C:\Lastools\bin>mkdir dtm C:\Lastools\bin>las2dem –i tiles_classified\merged.laz –keep_class 2 –thin_with_grid 0.15 –step 0.15 –extra_pass –odir dtm –obil –cores 2

Page 159: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

159  

5. CHM  

Para a criação do CHM foi utilizada a ferramenta Calculadora Raster do ArcGIS. Com o auxílio desta ferramenta foi subtraído do MDS o MDT. 6. DETECÇÃO DE PICOS (PEAKS)  

Para a segmentação de copas de árvores e determinação de variáveis dendrométricas utilizando dados LiDAR, é necessária a detecção de árvores. Para isso, muitos estudos tem abordado a detecção do local maxima, que corresponde ao ponto mais alto da copa de uma árvore a partir do CHM (BRANDTBERG et al., 2003; HYYPPÄ et al., 2004; POPESCU et al., 2003).

Popesco et al. (2003) utiliza janela fixa de procura para a localização dos picos das árvores. Já Pitkänen (2004) usou o CHM suavizado em função da altura de cada pixel para a determinação do local maxima. Rahman e Gorte (2009) utilizaram uma nuvem de pontos LiDAR de alta densidade, com a premissa de que nos locais que tiverem alta concentração de pontos com cota de maior valor são os picos das árvores.

O presente trabalho utilizou uma adaptação do procedimento desenvolvido por Kumar (2012). Esta metodologia utiliza a suavização de variáveis para a detecção do local maxima utilizando uma janela móvel com tamanho fixo. O CHM foi suavizado através de um filtro Gaussiano médio que realiza operações matriciais para realçar determinas informações. Nestas operações, o valor de altura contido em cada pixel da imagem é levado em consideração. Este procedimento visa destacar o ponto mais alto da árvore, de forma a facilitar seu reconhecimento. Todavia, ao realizar a filtragem, ocorre uma redução no valor dos pixels devida a operação de suavização do filtro. Por isso, foi efetuada uma correção onde os pixels que foram suavizados em excesso são repostos antes do

Page 160: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

160  

processo de filtragem dar continuidade. O procedimento utilizado é detalhado nos tópicos a seguir.

6.1. SMOOTHED CHM (SCHM)

 O processo de criação do CHM suavizado ou smoothed

CHM (sCHM) é essencial para que o método funcione. Dependendo do nível de suavização poderá ocorrer uma detecção errônea ou uma não detecção. Neste ponto, o CHM deverá ser suavizado de tal forma que ressalte os pixels de maior altura em uma árvore para que o mesmo possa ser detectado. O procedimento executado apresentou as seguintes etapas:

Para a suavização do CHM empregou-se a ferramenta

Estatística Focal no ArcGIS. Foram executadas três filtragens sucessivas com janela móvel retangular de tamanho 3 por 3 pixels (mean). Para que seja possível destacar os picos das árvores, a suavização deve ser realizada aos poucos utilizando os valores médios e mínimos dos pixels dentro da janela de filtragem. Caso a janela móvel seja muito grande ou utilize um tipo estatístico errado (mínimo ou média), ocorrerá uma generalização dos dados ocasionando em um não reconhecimento dos pontos mais altos. Resultado: CHMfs3;

Utilizando o arquivo CHMfs3, foi aplicada uma primeira correção utilizando a ferramenta Calculadora Raster no ArcGIS. Todos os valores inferiores ao CHM foram repostos utilizando a seguinte expressão: Con(CHMfs3 < CHM, CHM, CHMfs3). Esta expressão verifica se o pixel em questão da imagem CHMfs3 tiver um valor menor do que seu homólogo na imagem CHM, o valor do pixel da imagem CHMfs3 deverá ser substituído pelo

Page 161: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

161  

valor do seu homólogo da imagem CHM. Resultado: CHMfs3corr;

Com CHMfs3corr foram realizadas três filtragens sucessivas com a ferramenta Estatística Focal. Resultado: CHMfs9;

Aplicando-se a ferramenta Estatística Focal foi realizada uma filtragem com janela retangular móvel de tamanho 3 pixels e com o operador estatístico minimum para reduzir o ruído gerado pelo passo anterior. Este ruído refere-se a suavizações excessivas ocasionadas pelas janelas grandes utilizadas no passo anterior. Resultado: CHMfs9min;

Uma nova correção foi feita utilizando a mesma Configuração do segundo tópico desta seção, onde a expressão de correção foi utilizada: Con(CHMfs3 < CHM, CHM, CHMfs3). Resultado: CHMfs9mincorr (Ccorr);

A partir desta etapa, a ferramenta Estatística Focal foi

utilizada sucessivas vezes, conforme elencado:

o Janela retangular móvel de 3 por 3 pixels (mean) três vezes sucessivas. Resultado: Ccorrfs3;

o Com o arquivo Ccorrfs3 foi aplicada uma filtragem com janela retangular móvel de 9 por 9 pixels (mean). Resultado: Ccorrfs9;

o Com o arquivo Ccorrfs9 foi aplicada uma filtragem com janela retangular móvel de 3 por 3 pixels (minimum). Resultado: Ccorrfs3min;

o O arquivo Ccorrfs3min foi filtrado utilizando uma janela retangular móvel de 5 por 5 pixels (mean). Resultado: smoothed CHM;

Page 162: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

162  

Para a finalização foi adicionado um valor aleatório na

ordem de 10-4 para evitar a detecção de picos múltiplos. A filtragem Gaussiana tende a gerar números semelhantes na vizinhança. Por essa razão, um valor na ordem de 10-4 é o suficiente para que ocorra uma diferenciação entre pixels próximos, sem alterar drasticamente o valor do pixel. Para isso foi utilizado a ferramenta Create Random Raster no ArcGIS para a geração de uma imagem com valores aleatórios que em seguida foi dividida por 10000 (para que cada pixel permaneça na ordem de 10-4) e somada ao smoothed CHM. Resultado: sCHM.

6.2 DETECÇÃO DE PICOS  

A detecção dos picos consistiu de uma filtragem via Estatística Focal inicial com um tamanho de janela maior e depois cada pixel foi avaliado, onde apenas os pixels com maior valor de altura dentro da janela móvel e que fosse superior a 2m seria considerado. O altura de corte de 2m foi utilizada pelo fato de existirem, comumente em áreas nativas, muitas herbáceas e árvores de pequeno porte que poderiam vir a interferir na detecção dos picos. O procedimento foi como se segue:

Utilizando o arquivo sCHM foi realizada uma nova

filtragem com o Estatística Focal com janela retangular de 8 por 8 pixels (maximum). O tamanho da janela de filtragem foi aumentada para que não ocorresse a detecção de múltiplos picos em uma mesma árvore. Resultado: sCHMmx;

Com o comando raster calculator foi utilizada a seguinte

expressão para a seleção dos picos: Setnull (sCHMmx <

Page 163: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

163  

2, Setnull (sCHMmx!=sCHM, sCHMmx)). Quando é realizada a filtragem através do Estatística Focal, uma janela móvel de 8 por 8 pixels passa sobre a imagem avaliando pixel a pixel. É importante salientar que a resolução espacial de 15cm permanece inalterada após cada filtragem. Dentro destes 64 pixels, aquele que apresentar o maior valor, será atribuído ao pixel central da janela. Como o filtro apresenta este comportamento, nas regiões onde estiverem os picos das árvores, estão também os pixels de maior altura. Desta forma, quando a janela de filtragem passar por estes pixels, estes permaneceram inalterados. Quando a expressão acima é aplicada, todos os pixels da imagem serão definidos como nulos, ou seja, sem informação alguma. Os únicos pixels que permaneceram na imagem, serão aqueles iguais no sCHMmx e no sCHM. Estes pixels que permaneceram iguais em ambas as imagens, são aqueles pertencentes ao pico das árvores, sendo então denominados de peaks. Resultado: Peaks_rast

Por fim, o Peaks_rast com pixels referente ao pico de cada árvore é convertido para um arquivo de pontos, utilizando a ferramenta Raster to point. Resultado: Picos

7. MÉTODO DE POLÍGONOS DE THIESSEN

Este método foi criado por Kumar (2012) sendo uma forma de replicar os resultados da segmentação por regiões de crescimento, utilizando os polígonos de Thiessen ou diagrama de Voronoi.

Para compreender este método, primeiro é necessário entender como funciona a segmentação por regiões de crescimento. Este método consiste da utilização de sementes (seeds) que constam de informações tomadas como referência,

Page 164: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

164  

como por exemplo, o ponto mais alto de uma árvore ou pontos mais baixos no relevo.

Como exemplo de sementes neste trabalho, pode-se citar os picos, que são pontos com uma informação tomada como referência, neste caso o pico da árvore. A partir disto, todos os pixels ao redor da semente são avaliados e armazenados se atenderem a um determinado limiar. Estas interações vão ocorrendo para todos os lados até que uma condição interrompa o procedimento. Um exemplo de condição que poderia interromper o processo, é a detecção de uma alta declividade entre dois pontos analisados. Se a declividade entre os pontos era suave e de repente se torna muita alta, isto indica que a borda da copa foi encontrada e as interações devem parar. No ponto em que o processo foi interrompido será traçada um linha ligando os últimos pontos dentro do limiar de aceitação, dando origem ao segmento.

Ao considerar o método de diagrama de Voronoi, a ideia é semelhante à segmentação por regiões de crescimento. Primeiro é realizada uma triangulação utilizando os triângulos de Delaunay (ver Figura 41b). A triangulação de Delaunay utiliza uma técnica que minimiza os ângulos interiores de todos os triângulos gerados entre os pontos, sendo muito empregado na geração de modelos por gerar uma superfície mais homogênea. Círculos são acrescidos ao modelo onde nenhum dos vértices dos triângulos poderá ficar no interior do círculo e cada círculo poderá possuir apenas 3 pontos em seu limite, como é apresentado na Figura 41b. Para que um triângulo seja caracterizado como sendo de Delaunay, estas condições obrigatoriamente deverão ser obedecidas. Se pelo menos uma destas características não for atendida, o triângulo deixa de ser de Delaunay e passa a ser um TIN convencional.

Utilizando deste raciocínio, quando estes círculos são gerados na confecção dos triângulos de Delaunay, o centro de cada um destes círculos é registrado. Estes pontos centrais em seguida são conectados, dando forma ao diagrama de Voronoi

Page 165: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

165  

(ver Figura 41a). Este diagrama é semelhante a segmentação por regiões de crescimento devido ao fato de que a linha do diagrama é traçada no ponto onde encontra-se o pixel equidistante às duas sementes. Portanto, todos os pixels contidos no segmento serão mais próximo da semente, sendo potencialmente parte da copa da árvore analisada.

Figura 41 - Exemplificação do diagrama de Voronoi e dos triângulos de Delaunay. A: diagrama de voronoi; B: triangulação de Delaunay.

Fonte: QUINTERO, et al. (2012, p. 381)

Para a segmentação através do método de diagrama de Voronoi, os seguintes passos foram empregados:

Utilizando a ferramenta Criar Polígonos Thiessen no

ArcGIS os picos (2.4.6.2) foram selecionados para a criação do diagrama de Voronoi. Neste momento, cada um dos segmentos corresponde a uma árvore. Porém este ainda possui espaços onde não existem árvores. Estes espações vazios são compensados pela máscara de lacunas. Resultado: peaks_voronoi;

Page 166: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

166  

Com a ferramenta Recortar o arquivo peaks_voronoi foi recortado para se ajustar aos limites da área estudada. Resultado: peaks_voronoi_clip;

Uma imagem binária foi criada com as lacunas dentre as

árvores. Esta imagem de lacunas servirá como máscara limite para o diagrama de Voronoi. Neste momento, todos os espaços vazios serão removidos do diagrama de Voronoi, permanecendo apenas a informação referente a vegetação. A máscara de lacunas foi criada com a ferramenta Calculadora Raster, utilizando a seguinte expressão: con(sCHM < 2, 0, 1). Foi utilizado uma altura de corte de 2 metros para eliminar a vegetação rasteira. Resultado: gap (imagem);

Com a ferramenta Raster para polígono a imagem gap

foi convertida para polígono para possibilitar a edição juntamente com o diagrama de Voronoi. Resultado: gap (polígono);

Por fim, o arquivo peaks_voronoi_clip foi atualizado

com o gap (polígono) utilizando a ferramenta update no ArcGIS. Resultado: seg_voronoi.

Page 167: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

173

APÊNDICE C – Gráfico de resíduos para as equações testadas.

Gráfico de resíduos da equação calculada por Longhi (1980).

Gráfico de resíduos da equação calculada por Seitz (1986).

Page 168: JOÃO PAULO PEREIRA MENSURAÇÃO AUTOMÁTICA DE COPAS …tede.udesc.br/bitstream/tede/1898/1/PGEF14MA008.pdf · 12 polígonos de Thiessen atingiu uma acurácia que variou entre 75,2%

174

Gráfico de resíduos da equação calculada por Wachtel (1990).

Gráfico de resíduos da equação calculada por Pereira (2014).