MILTON, John - Augusto de Campos e Bruno Tolentino - A guerra das traduções
John Milton Historiografia Da Tradução
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8/10/2019 John Milton Historiografia Da Traduo
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Traduo em Revista 2010/1, p. 01-10
APRESENTAO - CONTRIBUIES PARA UMAHISTORIOGRAFIA DA TRADUO
John Milton e Marcia A. P. Martins
A primeira parte desta Apresentao usa como base o artigo de Lieven Dhulst,
Why and How to Write Translation Histories (2001), publicado em volume da revista
CROPsobre o tema Emerging Views on Translation History in Brazil. No comeo
do artigo Dhulst coloca quatro razes fundamentais para valorizar os estudos
historiogrficos sobre a traduo: i) a histria abre os olhos do estudioso da traduo e
expande seus conhecimentos; ii) a histria fornece ao estudioso flexibilidade intelectual
para adaptar suas ideias a novos pontos de vista; iii) o conhecimento da histria da
traduo impede que o estudioso siga cegamente uma nica teoria, fechando-se, assim,
a outras; iv) o conhecimento da histria da traduo demonstra os relacionamentos
subjacentes entre prticas e abordagens.
Dhulst divide seu artigo em vrias sees, cada uma com um ttulo em latim. O
primeiro Quis? (Quem?) Quem foram os tradutores? Exerciam outras profisses ou
dependiam somente de tradues? O que sabemos sobre as suas vidas? Quantos anos
tinham? A quais classes sociais pertenciam? Quantos eram mulheres? Tinham algum
tipo de treinamento para seu ofcio de tradutor? Traduziam conforme certos conceitos
ou poticas? Eram estrangeiros ou filhos de estrangeiros? Para utilizar o termo
bourdieusiano, como era o seu habitustradutolgico? (Simeoni, 1998).
Seria interessante ver um volume brasileiro nos moldes de Translators through
History (Delisle & Woodsworth, 1995), Portrait des Traducteurs (Delisle, 1999) e
Portrait des Traductrices (Delisle, 2002), nos quais as carreiras e as tradues de
tradutores e tradutoras so comentadas. Mas especialistas brasileiros esto comeando a
examinar a obra e biografias de tradutores brasileiros, e s vezes os resultados so
surpreendentes: Oliveira e Martins (no prelo) descrevem a atividade tradutora de Dom
Pedro II, Imperador do Brasil, e no presente volume Alessandra Harden analisa as
tradues de obras cientficas do tradutor brasileiro Manoel Jacinto Nogueira da Gama
no final do sculo XVIII.
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Apresentao - Contribuies para uma historiografia da traduo
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O prximo ponto de Dhulst : Quid? (O qu?) Temos de saber o que foi
traduzido no Brasil, para construir um tipo de arqueologia sobre o qual podemos
elaborar nossas anlises e teorias. O que no foi traduzido? E o que foi escrito sobre a
traduo? De quais escolas de crtica vieram esses comentrios? Temos a impresso que
praticamente nada foi escrito em termos tericos antes das obras de Paulo Rnai, a
partir dos anos 1950. Ser que esse realmente o caso?
Ubi? (Onde?) Onde foram publicadas as tradues? Em La Republique
Mondiale des Lettres(1999) Pascale Casanova descreve Paris como a capital mundial
das letras at a segunda grande guerra. Desde ento Paris perdeu parte de sua
hegemonia, mas as grandes capitais ainda atraem tradutores e estudantes de traduo,
embora, hoje em dia, com os avanos da Internet, possvel para tradutores morarem
longe dos grandes centros. Dhulst tambm pergunta sobre a distribuio geogrfica de
teorias sobre a traduo. Nos anos de 1980 e 1990 os cursos, as publicaes e as
orientaes de Rosemary Arrojo e Paulo Ottoni fizeram da Unicamp um centro
importante de pesquisas desconstrucionistas ligadas traduo. Assim, a teoria
desconstrutivista teve bastantes seguidores no Brasil, o que no aconteceu em outros
pases. E a quais departamentos universitrios pertencem os estudos sobre a traduo?
Rosemary Arrojo e Paulo Ottoni pertenciam ao Departamento de Lingustica Aplicada.
Na USP, a rea que concentra o maior nmero de estudos sobre a traduo o
Departamento de Letras Modernas; na Universidade de Leuven, o Departamento de
Literatura Comparada.
O quarto ponto destacado por Dhulst Quibus auxilius? (Quem ajuda?) Quem
banca as tradues? Onde os tradutores podem conseguir financiamento, sobretudo os
tradutores de obras literrias que no so comerciais? Antigamente, com mecenas ou
reis; hoje em dia, nas agncias de pesquisa como a FAPESP, na Biblioteca Nacional, ou
em grandes empresas, atravs da Lei Rouanet. O Departamento de Traduo na Turquia um exemplo de uma maneira pela qual o governo turco incentivou as tradues,
criando um departamento governamental que tinha a responsabilidade de traduzir
importantes obras para o turco. O plano tambm tinha um importante elemento poltico,
promovendo a ocidentalizao da sociedade turca e o fortalecimento cultural do regime
secular (Berk, 2004: 123-147).
Cur? (Por qu?) Por que so feitas as tradues? s vezes parece haver uma
falta de lgica nas decises editoriais. Por que foram publicadas no Brasil oito traduesde Wuthering Heights e vrias tradues dos poemas de John Donne, Charles
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Baudelaire, Edgar Allan Poe e nenhuma dos de Robert Browning e Alfred Lord
Tennyson? Uma resposta poderia ser encontrada na importncia dos intermedirios, os
gatekeepers: os editores; os professores de literatura que muitas vezes so tradutores; e
os crticos literrios. Nem Tennyson nem Browning tiveram intermedirios que
introduziram sua obra ao pblico brasileiro. Outra resposta plausvel seria o fato de que
certas obras so quase obrigatrias em colees; Wuthering Heightsseria uma delas. E
uma nova traduo d ao leitor uma ideia de um produto novo, fresco, melhor.
O sexto ponto Quo modo? (De qual maneira?) Como foram feitas as
tradues? Quais eram as normas que os tradutores seguiam? O estudo sobre as
tradues do Clube do Livro de obras clssicas traduzidas do ingls e do francs para o
portugus (Milton, 2002) mostrou que os tradutores nunca utilizaram uma linguagem de
baixo padro; sempre mantiveram uma linguagem culta, at nas vrias ocasies em que
traduziram o dialeto cockneyde Dickens, o dialeto de Yorkshire em Wuthering Heights,
o escocs, em Robert Louis Stevenson, e o ingls do sul dos Estados Unidos em
Faulkner (p. 50-60).
De onde veio essa norma? H vrias possibilidades: i) a falta de uma tradio do
uso de linguagem oral na literatura brasileira; ii) um mercado editorial bastante
conservador, com receio de inovar e utilizar linguagem de baixo padro; iii) o fato de
que as tradues muitas vezes circulam num ambiente escolar, onde o portugus
correto enfatizado, e onde a linguagem de baixo padro considerada inaceitvel; e
iv) o fato de que muito mais fcil para um tradutor utilizar o portugus padro do que
um portugus dialetal ou inventar formas incorretas. E se esses tradutores recebem
por lauda ou palavra, como o costume, o esforo para inventar ou estudar um dialeto
acarretaria em tempo gasto que no seria recompensado.
O stimo ponto apresentado por Dhulst Quando? Em quais pocas so feitas
as tradues? Por exemplo, o nmero de tradues publicadas aumentou muito nasdcadas de 1930 e 1940, e o perodo entre 1942 e 1947 foi chamado A Idade de Ouro
da traduo (Wyler 2003: 129). Nessa poca, muitos autores clssicos foram
traduzidos pela primeira vez no Brasil. Podemos mencionar as primeiras tradues
brasileiras de obras de Thomas Mann, James Joyce, Andr Gide, Virginia Woolf, Franz
Kafka, Aldous Huxley, John Steinbeck, Luigi Pirandello e William Faulkner, lanadas
pela Coleo Nobel da Editora Globo de Porto Alegre; eEm busca do tempo perdido,
de Marcel Proust, e Guerra e paz, de Leon Tolstoi, publicados pela Biblioteca dosSculos, tambm da Editora Globo (Milton, 2003: 23-24). E a Editora Jos Olympio, do
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Rio de Janeiro, lanou tradues brasileiras de Jane Austen, Mrs. Gaskell, John
Galsworthy, Emily Bront, Honor Balzac e Leon Tolstoi, entre outros (Hallewell,
1982: 373). Mas por que tantos livros estrangeiros foram publicados nessa poca? O
artigo The importance of economic factors in translation publication: an example from
Brazil (Milton, 2008) enfatiza a importncia de fatores econmicos na produo de
tradues: as barreiras alfandegrias encareceram o preo de livros importados; havia
uma classe mdia crescente com certo poder aquisitivo, mas sem conhecimento de
lnguas estrangeiras; e em certos casos o filme produzido em Hollywood atraa os
leitores para ler o romance: 39 Steps, de John Buchan, Wuthering Heights, de Emily
Bront e Pride and Prejudice, de Jane Austen, so bons exemplos (Hallewell, 1982:
374-375).
O oitavo e ltimo ponto Cui Bono? (Para quem?) Essa rea, que enfoca a
recepo das tradues e o uso que delas se faz, muito pouco estudada. Quem l
tradues? Faltam estudos sobre seus leitores. As tradues formam uma parte integral
de nossa sociedade: diariamente lidamos com comerciais, bulas de empresas
multinacionais, relatrios empresariais, notcias de jornais, que em muitos casos foram
traduzidas, resumidas ou adaptadas de fontes estrangeiras.
A esquematizao de Dhulst deixa transparecer muitas das lacunas e possveis
caminhos para a pesquisa historiogrfica sobre a traduo no Brasil. Faltam estudos
sobre a importncia da traduo dentro das editoras. Como so tomadas as decises
dentro da editora, e por quem? Qual o relacionamento entre a editora e os tradutores?
Aqui podemos mencionar os estudos de Hlne Buzelin, que utilizam como base a
Actor Network Theory para analisar as decises tomadas dentro de uma editora
quebequense (Buzelin, 2005).
Nossa arqueologia brasileira ainda pouco firme. No sabemos o que foi
traduzido, por quem, quando e onde. Por exemplo, quais tradues foram publicadas nadcada de 1910? H alguns estudos que traam as vrias tradues de uma obra, ou de
um autor. Irene Hirsch, por exemplo, descreveu a histria das tradues brasileiras de
Moby Dick (Hirsch, 2003) e Marcia Martins (1999 e 2008), as da poesia dramtica
shakespeariana. Neste volume, Silvia Cobelo enfoca os seis tradutores do Quixote
publicados no Brasil e Denise Bottman aborda a presena de Edgar Allan Poe tambm
em nosso sistema cultural.
A traduo pode ser uma ferramenta poderosa. Em Translation andAmericanism in Brazil 1920-1970 (Hirsch & Milton, 2005) discute-se o enorme
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investimento norte-americano em tradues no Brasil nos anos de 1960 e 1970,
especialmente de livros didticos da Editora McGraw-Hill, para serem utilizados em
faculdades e cursos tcnicos nas reas de administrao, marketing, economia etc.
Assim, a traduo foi a maneira pela qual a dominao norte-americana afirmou-se
nessas reas.
Lia Wyler, em Translating Brazil (2001a), descreve o Brasil bilngue antes do
decreto do Marqus de Pombal em 1758, quando a maioria da populao falava
nheengatu, ou a lngua geral, um tipo de tupi. Mas no temos dados sobre a quantidade
enorme de atividade tradutria que provavelmente ocorreu. No mesmo volume, Tnia
Brando (2001) e Lia Wyler (2001b) escrevem sobre o predomnio de tradues e
adaptaes de peas francesas no teatro brasileiro no sculo XIX.
H reas da histria de traduo totalmente virgens, dentro e fora do Brasil.
Entre elas podemos mencionar a histria do ensino de traduo; a histria da
interpretao; a histria da traduo na mdia; e a traduo e interpretao nas
comunidades de imigrantes: aqui no Brasil no existem estudos sobre a traduo dentro
das comunidades italiana, alem, japonesa, russa, ucraniana, polonesa, chinesa, coreana
etc, e a traduo entre as lnguas indgenas e o portugus.
Assim, na expectativa de contribuir para a historiografia da traduo no contexto
brasileiro ou de outros sistemas culturais, Traduo em Revista lana agora um
nmero temtico com artigos enfocando vrios dos aspectos mencionados por D'hulst
(2001). Essas contribuies se inter-relacionam de vrias formas, mas o que logo chama
a ateno neste conjunto de reflexes o destaque dado figura do tradutor (Quis?).
Dos oito trabalhos, cinco se debruam sobre a produo seja de um determinado
tradutor, como nos casos de Nogueira da Gama e Ugo Foscolo, seja de um grupo, como
os tradutores brasileiros deD. Quixote, os tradutores da poca da expanso martima em
Portugal e os tradutores que traduzem suas prprias obras, os chamados autotradutores.Pode-se dizer que Quis? tambm um foco importante do texto que aborda a presena
de Poe no Brasil, por problematizar o caso de tradues idnticas atribudas a diferentes
tradutores.
O conjunto de textos aqui reunido poderia ser organizado de vrias formas:
seguindo uma linha no tempo, comeando pelo perodo dos grandes descobrimentos em
Portugal e chegando at os dias de hoje, com as tradues e autotradues
contemporneas; adotando o critrio geogrfico, pelo qual consideram-se afins asreflexes que enfocam, de um lado, especificamente o contexto brasileiro, e de outro,
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um ou mais sistemas culturais estrangeiros; ou, ainda, recorrendo ao vis temtico,
segundo o qual quatro focos principais se destacariam: a traduo cientfica, a histria
das tradues ou da produo de determinados tradutores, a histria de um tipo de
reescrita (autotraduo) e a teoria de traduo predominante em uma dada poca
(Renascimento). No ensaio "History and Translation", que integra o Companion to
Translation Studies (Kuhiwczak & Littau, 2007), coletnea que aborda diferentes
aspectos da traduo e suas interfaces com outras disciplinas a partir de uma visada
retrospectiva, que avalia os caminhos da discplina Estudos da Traduo nas ltimas
dcadas, Lynne Long observa que a histria da traduo algumas vezes apresentada
como sendo unicamente a histria das teorias de traduo, embora essa proposta deixe
de contemplar grande parte do territrio a ser explorado (p. 13). Inclui-se, aqui, a
atividade tradutria destinada a promover a aquisio e a expanso do conhecimento,
que pode se desenvolver sob forma de projetos dos mais modestos aos mais ambiciosos,
como os ocorridos em Bagd, dos sculos VIII a X, e em Toledo, no sculo XIII.
Diante, portanto, da predominncia dos estudos sobre a histria das teorias de
traduo (e tambm sobre a das tradues literrias, como evidencia a bibliografia
disponvel) e da consequente escassez de pesquisas sobre traduo cientfica, optamos
pela organizao temtica, que torna mais visvel a afinidade entre as contribuies que
tratam da transmisso do conhecimento cientfico.
Em seu texto "A traduo de textos cientficos no perodo da expanso martima,
uma histria em construo", Cristina de Amorim Machado apresenta alguns resultados
atualizados sobre o papel da traduo na expanso martima, partindo da hiptese de
que a traduo teve um papel de destaque nesse empreendimento ibrico, sobretudo na
transmisso dos textos cientficos antigos. Alessandra Ramos de Oliveira Harden, no
cenrio do fenmeno ocorrido em Portugal no final do sculo XVIII, que secaracterizou
pela publicao de grande nmero de obras traduzidas em reas como matemtica,qumica e biologia, detm-se sobre o papel desempenhado nesse movimento pelo
brasileiro Manoel Jacinto Nogueira da Gama, futuro Marqus de Baependi, Ministro da
Fazenda e signatrio da Constituio de 1824. Harden examina os prefcios que
Nogueira da Gama escreveu para suas tradues com vistas a depreender suas opinies
sobre as relaes entre traduo, lngua e cincia no contexto do Iluminismo Portugus.
Por sua vez, Cristina Carneiro Rodrigues, em "O papel da traduo na pesquisa
cientfica brasileira: primeiros movimentos", examina o Brasil da Era Vargas paraverificar qual foi o papel das tradues na construo da cincia brasileira. Em seu
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percurso, aborda o estabelecimento das universidades como centros de investigao
cientfica e sua relao com a expanso editorial naquele perodo histrico,
especialmente com a publicao de colees de obras no-ficcionais; o lanamento de
ttulos de "Colees Brasilianas"; e o papel das tradues como fonte de referncia para
pesquisadores de vrias reas do conhecimento, como as geocincias, a botnica, a
biologia e a histria.
No segundo grupo de textos, que enfocam a histria das tradues ou da
produo de determinados tradutores, Karine Simoni trata de aspectos da histria da
traduo dos clssicos na Itlia nos sculos XVIII e XIX, de modo a apresentar um
panorama das aproximaes e embates entre os principais tradutores do perodo, com
destaque para Ugo Foscolo. O artigo destacatambm o pensamento de Foscolo e as suas
principais contribuies para os estudos da traduo. A seguir, j no sistema cultural
brasileiro, temos "Os tradutores do Quixotepublicados no Brasil", em que Silvia Cobelo
rene a histria dos seis tradutores do Quixote desde 1942, data da primeira edio
brasileira da obra, at 2008, e "Alguns aspectos da presena de Edgar Allan Poe no
Brasil", de Denise Bottman, que aborda a primeira edio brasileira de contos de Poe, as
tradues de The Black Cat e as vrias antologias de seus contos sempre agrupados sob
o ttulo deHistrias extraordinrias.
Completam este volume as contribuies de Maria Alice G. Antunes e Mauri
Furlan, que se debruam, respectivamente, sobre uma modalidade de traduo a
autotraduo, ou seja, aquela realizada pelo prprio autor e sobre uma teoria de
traduo renascentista, a teoria elocutiva. Em "Breve histria da autotraduo: os casos
de Andr Brink e Joo Ubaldo Ribeiro", Antunes apresenta um resumo da histria da
autotraduo desde o sculo I at o sculo XXI, com destaque para os casos do escritor
sul-africano Andr Brink e o do brasileiro Joo Ubaldo Ribeiro, por meio dos quais
procura demonstrar como a autotraduo uma atividade exercida de maneirasdistintas, com propsitos igualmente distintos. No trabalho "Da teoria elocutiva da
traduo renascentista" Furlan tambm enfoca estratgias tradutrias, mas com o
objetivo de reconhecer as caractersticas da traduo renascentista e compor uma teoria
da traduo vigente nos sculos XV e XVI, caracterizada pela valorizao e respeito ao
texto original.
Esperamos, assim, avanar um pouco mais na construo de uma histria da
traduo, em um movimento compatvel com uma "virada historiogrfica" nos Estudosda Traduo nos moldes da "virada cultural" dos anos 1990 e da "virada poltica" que
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veio algum tempo depois. Como dizem Kuhiwczak e Littau na apresentao do j
mencionadoCompanion to Translation Studies (2007), agora a disciplina busca um
novo conhecimento de si mesma voltando-se para a histria: seja a sua histria como
disciplina, a histria das teorias de traduo, o papel que a traduo desempenhou na
histria do livro ou da indstria editorial, ou uma histria sociocultural dos tradutores1
(p. 5). Neste volume esto contempladas essas duas ltimas vertentes, em uma tentativa
de cobrir uma pequena parte do imenso territrio ainda a ser explorado.
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1
[...]the
discipline
seeks
anew
understanding
of
itself
by
turning
to
history:
be
this
its
history
as
adiscipline,thehistoryoftheoriesoftranslation,therolethattranslationhasplayedinbookand
publishinghistory,orasocioculturalhistoryofthetranslator.
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