JONATHAN HECKLER/JC · os atletas de alto rendimento. Em Londres 2012, o montante subiu a R$ 400...

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JC Empresas & Negócios Porto Alegre, segunda-feira, 20 de maio de 2013 - Nº 52 Rio Grande do Sul Governo do Estado RESPONSABILIDADE SOCIAL A Casa do Artista Riograndense abriga idosos que, agora, não participam do cenário cultural como antigamente. Para sobreviver e continuar oferecendo opções culturais gratuitas para Porto Alegre, como os saraus, precisa de doações e da dedicação de voluntários . Página 12 COM A PALAVRA Com atuação em mais de 40 municípios gaúchos, a Unimed Porto Alegre tem uma meta ambiciosa para os próximos anos: chegar a 1 milhão de clientes até 2020, destaca o presidente da cooperativa, Márcio Pizzato. Página 5 ANTONIO PAZ/JC O investimento por trás do esporte GESTÃO Páginas 8, 9, 10 e 11 JONATHAN HECKLER/JC

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  • JCEmpresas & NegóciosPorto Alegre, segunda-feira, 20 de maio de 2013 - Nº 52 RioGrandedoSulGoverno do Estado

    RESPONSABILIDADE SOCIALA Casa do Artista Riograndense abriga idosos que, agora, não participam do cenário cultural como antigamente. Para sobreviver e continuar oferecendo opções culturais gratuitas para Porto Alegre, como os saraus, precisa de doações e da dedicação de voluntários . Página 12

    COM A PALAVRACom atuação em mais de 40 municípios gaúchos, a Unimed Porto Alegre tem uma meta ambiciosa para os próximos anos: chegar a 1 milhão de clientes até 2020, destaca o presidente da cooperativa, Márcio Pizzato. Página 5AN

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  • Londres, 2 de agosto de 2012. A judoca Mayra Aguiar toca o pé de apoio da holandesa Marhinde Verkerk, que perde o equilíbrio e é forçada a cair de costas no tata-me. Fim da luta. Com o ippon, gol-pe máximo do judô, equivalente a um nocaute, a brasileira ganha a medalha de bronze na Olimpíada de Londres. A vitória na catego-ria meio-pesado, no entanto, tem origens além dos 90 segundos de combate. O triunfo começou a ser construído em 1997, quando Mayra iniciou a prática do esporte em uma escolinha de Porto Alegre.

    Esse período de 15 anos marca um forte investimento de diferen-tes agentes. “Não tem como se tor-nar um medalhista olímpico sozi-nho. É preciso toda uma estrutura para que o atleta tenha segurança e se dedique ao esporte”, sintetiza a integrante da equipe da Sogi-pa. Hoje, ela é sustentada por três apoiadores do clube, possui dois patrocinadores próprios, recebe uma bolsa-auxílio do governo fe-deral e outra da Confederação Bra-sileira de Judô, que ainda custeia as despesas com as viagens.

    Conforme empilha títulos, a gaúcha vai agregando uma nova fonte de receita. Afinal, tudo é superlativo em um atleta de elite. Apenas com alimentação, suple-mentos alimentares e preparação (aulas particulares de jiu-jitsu e inglês), Mayra gasta R$ 3,5 mil por mês. A conta total do custo de um esportista de excelência é comple-xa. Porém, o Esporte Clube Pinhei-ros, de São Paulo, arriscou fazer um cálculo médio. “Em geral, um atleta é formado em dois ciclos olímpicos, totalizando oito anos, e custa entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões”, aponta Suzana Paster-nak, assessora da agremiação para a gestão de recursos.

    Nos últimos anos, os investi-mentos crescem no Brasil. Segun-do dados do Comitê Olímpico Bra-sileiro (COB), para Pequim 2008, o País aportou R$ 200 milhões com os atletas de alto rendimento. Em Londres 2012, o montante subiu a R$ 400 milhões. Já nos jogos do Rio

    de Janeiro, em 2016, a projeção pre-vê R$ 1,4 bilhão somente na prepa-ração dos competidores de ponta. O bolo agrega recursos federais, dos clubes, do COB, de empresas estatais e privadas e até das Forças Armadas, que detêm cerca de 300 esportistas e treinadores.

    O salto financeiro visa à inclu-são do Brasil entre os 10 primeiros colocados no quadro de medalhas, com, ao menos, 30 conquistas em 2016. Para efeito de comparação, no Reino Unido, a nação acumulou 17 vitórias e ficou em 22º.

    Com a elevação da quantidade de verbas disponíveis, os brasilei-ros estão se aproximando da reali-dade de potências donas de melho-res resultados dentro das quadras, pistas e piscinas. A Austrália cos-tuma destinar, a cada ciclo com-petitivo, cerca de R$ 1,4 bilhão, o Reino Unido R$ 2 bilhões, a Alema-nha R$ 3,8 bilhões, e a China R$ 5 bilhões. “Esses países mantêm constância nesses valores há, pelo menos, três ciclos. Nós estamos em uma curva ascendente, mas não temos o histórico de investimento deles. E medalha não se compra”, enfatiza Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo do COB.

    Se for levado em consideração todo o investimento recente fei-to em solo brasileiro, os números são ainda maiores. No último ciclo olímpico e paralímpico, movimen-taram-se R$ 2,2 bilhões entre orça-mento do Ministério do Esporte, Lei Agnelo-Piva e a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE).

    Principal fonte de financia-mento do COB, a Agnelo-Piva le-vantou R$ 686,5 milhões entre 2008 e 2012. Captado a partir da arrecadação das loterias, o dinhei-ro é, em parte, destinado às 29 con-federações do País. Por esse meio, o Comitê Paraolímpico Brasileiro tomou R$ 122,5 milhões. Já a LIE, que garante dedução de Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas que ajudam projetos es-portivos, movimentou R$ 815,5 mi-lhões no período.

    Para o evento no Rio, somente o orçamento federal chega a R$ 2,5 bilhões. A soma inclui R$ 1,5 bilhão do Ministério do Esporte e R$ 1 bi-lhão do Plano Brasil Medalhas, cria-do para incentivar a preparação dos brasileiros com chances de pódio e promover melhorias estruturais. “Apenas na reforma e criação de 22 centros de preparação, serão apli-cados R$ 390 milhões”, menciona Ricardo Avellar, diretor de Esporte de Alto Rendimento da pasta. Até julho serão definidos os esportistas e os locais beneficiados.

    8 Jornal do Comércio - Porto AlegreSegunda-feira, 20 de maio de 2013 9ESPORTE

    JCEmpresas & Negócios

    Quanto custa um atleta de alto rendimento?Talento é fundamental, mas não basta. A criação de um esportista de elite envolve uma extensa cadeia de investidores, que abrange desde os governos até o “paitrocínio”

    Fernando Soares

    A medalhista olímpica Mayra treina judô há 15 anos e hoje é financiada por diferentes agentes

    Maior quantidade de recursos exige gestão

    O investimento no esporte de alto rendimento no Brasil começou a ganhar proporção a partir de 2007, quando o Rio de Janeiro sediou os Jogos Pana-mericanos. Dois anos depois, veio a confirmação do País como sede da Olímpiada de 2016 e, a partir daí, a quanti-dade dos recursos disponíveis acelera a cada temporada.

    Entretanto, na visão do con-sultor de marketing e gestão es-portiva Amir Somoggi, o retorno dos montantes destinados está longe do ideal. “Temos muito dinheiro mal-aplicado, é preci-so melhorar a distribuição. Não adianta chegar perto dos jogos e despejar grana nos possíveis medalhistas”, acredita. Nesse sentido, ele lembra que o Brasil tem um dos “custo-medalha” mais elevados do mundo. So-mado o investimento no ciclo olímpico de Londres 2012, cada uma das 17 conquistas na terra da rainha saiu por, aproximada-

    mente, R$ 123 milhões.Na percepção de quem vive

    o esporte no dia a dia, houve evolução no ambiente de finan-ciamento no Brasil, mas ainda há o que ser feito, especialmen-te em relação à infraestrutura. “Temos muitas ideias boas, mas falta prática. É preciso dar estrutura e incentivos ao espor-te de base, que é de onde saem os atletas de alto rendimento”, classifica a ex-ginasta Daiane dos Santos. Depois de encerrar a carreira, em 2012, ela pretende atuar com gestão esportiva.

    O governo federal, maior investidor do esporte, defi-ne como questão de tempo a maior eficácia nas aplicações. “Os recursos começaram a vir há pouco tempo, e está todo mundo se adequando à situa-ção. O próprio mercado passa a se profissionalizar”, acredita Ricardo Avellar, diretor de Es-porte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.

    Família ainda faz a diferençaA porto-alegrense Gabriela Cecchini

    tem só 16 anos de idade e já coleciona re-sultados expressivos na esgrima. A mais recente conquista da atleta do Grêmio Náutico União (GNU) foi uma medalha de bronze no mundial da categoria cadete (até 17 anos), a segunda da história do Brasil no torneio internacional. Mas, além de deixar para trás europeias e norte-americanas com seu florete, ela teve de superar a escassez de incentivos. Uma das maiores promessas da modalidade só integrou a delegação bra-sileira em Porec, na Croácia, porque o clube e os pais dela bancaram os R$ 5 mil das passagens aéreas, estadia e alimentação.

    “O ‘paitrocínio’ ainda me ajuda bas-tante nas minhas despesas”, reconhece Gabriela. Os familiares complementam os recursos que ela obtém com a Bolsa--Atleta, concedida pelo Ministério do Esporte. O programa fornece uma ajuda mensal entre R$ 370,00 e R$ 3,1 mil e abrange desde os atletas estudantis, até os olímpicos e paralímpicos. Hoje, quase 5 mil recebem o benefício, todos selecio-nados pelos resultados em competições passadas. Em 2013, R$ 180 milhões serão desembolsados na iniciativa. O montan-te inclui o Bolsa-Pódio, que começará a ser distribuído àqueles que estão entre os 20 primeiros nos rankings mundiais de suas modalidades.

    O ex-judoca João Derly, bi-campeão

    mundial, sentiu na pele a falta de apoio du-rante parte de sua carreira. Por isso, o atual vereador de Porto Alegre tem no fomento ao esporte de base uma das suas bandeiras. Um de seus projetos é a criação de um Bol-sa-Atleta municipal. A ideia, que está sendo analisada pelo Executivo, consiste em for-necer incentivos de R$ 300,00 e R$ 600,00 para jovens talentos de 12 a 17 anos.

    No entanto, nem sempre os recur-sos públicos são suficientes. Em geral, a independência do “paitrocínio” vem quando o atleta atinge o alto rendimen-to. A partir daí, ele desperta o interesse privado e tem suas viagens custeadas pelas confederações. É o caso do judo-ca da Sogipa Felipe Kitadai, de 23 anos, que conseguiu o primeiro patrocínio em 2008, ano em que passou a ser convoca-do para a seleção brasileira.

    Mesmo assim, a gama de apoiadores de Kitadai só foi ampliada significativa-mente após se tornar medalhista de bron-ze na Olimpíada de Londres. Segundo ele, as companhias poderiam contribuir mais na formação dos esportistas. “Não tem por que o esporte ser deixado de lado pelas empresas, já que o Brasil está no foco com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016”, opina. Gabriela precisou

    superar a escassez de incentivos

    Kitadai conseguiu o primeiro patrocínio em 2008

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    Clubes buscam diversificar as fontes de receitasPrincipais formadores de atletas de alto

    rendimento no País, os clubes esportivos for-neceram mais de 80% dos 256 competidores da delegação brasileira que participaram da Olimpíada de Londres, em 2012. Para manter as condições necessárias para a prática de di-ferentes modalidades, as agremiações recor-rem a variadas fontes de receitas. Em geral, a composição financeira passa por investi-mentos de patrocinadores privados, parcerias com governos e parte dos valores das mensa-lidades dos associados.

    Dono de uma das maiores estruturas do Brasil, o Esporte Clube Pinheiros (ECP), de São Paulo, capta, com seus 40 mil sócios, R$ 150 milhões ao ano. Desse montante, de R$ 22 milhões a R$ 25 milhões são destinados à ma-nutenção de quadras, pistas e piscinas e das escolas de 23 modalidades, 19 delas inclusas no programa olímpico. O clube também se beneficia de convênios com o Ministério do Esporte e o governo estadual e de recursos da Lei de Incentivo ao Esporte. Em 2012, esses três elementos despejaram R$ 21 milhões ao caixa.

    Além disso, o Pinheiros conta com 26 empresas patrocinadoras, seja por projetos que geram dedução fiscal ao parceiro, seja por ações diretas de marketing. “Ao todo, são quase R$ 50 milhões de investimento em es-porte ao ano”, contabiliza Suzana Pasternak, assessora da presidência para a gestão de re-cursos. Para trazer aportes privados, o clube dividiu os esportes entre aquáticos, terrestres e coletivos. “É uma forma de aumentar o grau

    de atratividade. Quem patrocina uma catego-ria vai ter seu nome vinculado ao conjunto de esportes incluído nela”, diz.

    Dentro do projeto de alto rendimento do ECP, os atletas são separados em dois grupos. Ao menos 600 deles se enquadram como esportistas em formação, com idades entre 14 e 19 anos, e outros 120 estão entre os adultos. Todos eles recebem bolsas-auxílio, com valores a partir de R$ 300,00. No caso dos nomes consagrados, o salário pode se iniciar em R$ 5 mil. Mais 100 pessoas da equipe de apoio, entre preparadores, nutri-cionistas e outros profissionais, igualmente recebem remuneração. Desse contingente, 22 competidores e cinco técnicos represen-taram o Brasil na última Olimpíada.

    Ainda que em menor proporção, as fontes de receitas das instituições gaúchas seguem configuração semelhante. A exce-ção, na comparação com outros centros do Brasil, está na verba oriunda da Lei de In-centivo ao Esporte. “O empresário gaúcho não tem a cultura de investir no esporte”, lamenta Paulo Prado, vice-presidente de Es-portes do Grêmio Náutico União (GNU). Para confirmar a tese, o dirigente lembra que, em 2010, o GNU ganhou autorização do Minis-tério do Esporte para captar R$ 7 milhões, mas arrecadou apenas R$ 280 mil.

    Atualmente, o GNU investe cerca de R$ 1 milhão ao mês. Sem patrocínios, o clube conta com o dinheiro dos sócios e de parce-rias com o governo federal. Nos últimos dois

    anos, R$ 7,5 milhões foram garantidos em convênios para a compra de equipamentos. Recentemente, um aporte de R$ 150 mil do governo do Estado foi conquistado. De um universo de 5 mil alunos das escolinhas, a agremiação possui cerca de 40 atletas de elite, que recebem moradia, alimentação, bolsa de estudos e, em alguns casos, um au-xílio mensal de R$ 100,00 a R$ 8 mil. Três deles representaram o País em Londres.

    Já a Sogipa recorre a três companhias (duas públicas e uma privada) para sus-tentar seu projeto olímpico. Ao todo, elas pagam R$ 1,5 milhão ao ano no intuito de patrocinar cerca de 20 atletas de alto ren-dimento, que recebem um salário de R$ 300,00 a R$ 15 mil. O clube, por sua vez, fornece a estrutura periférica, incluindo mo-radia, alimentação e bolsa de estudos. No Reino Unido, em 2012, dois judocas do clube conquistaram medalhas de bronze.

    Para manter a estrutura de base, a Sogipa recorre a cerca de R$ 5 milhões anuais oriun-dos dos sócios. Como 6 mil alunos pagam para praticar esportes, esse montante retorna ao caixa do clube. A partir deste ano, a agre-miação também deve se beneficiar de uma alteração na Lei Pelé, que garante 0,5% da arrecadação das loterias para projetos volta-dos à identificação e formação de talentos. “Já há R$ 80 milhões disponíveis para os clubes brasileiros. E a Sogipa, neste ano, deve captar até R$ 4 milhões”, saúda o vice-presidente de Esportes, Alexandre Algeri.

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  • 10 Segunda-feira, 20 de maio de 2013

    ESPORTE

    Investimento na formação de jogadores (em milhões de R$)

    FONTE: AMIR SOMOGGI, COM BASE NOS BALANÇOS FINANCEIROS DOS CLUBES AURACEBIO PEREIRA/ARTE/JC*Em relação a 2010

    2009 2010 2011 2012 Evolução 2009-2012

    São Paulo 22 30,4 35,3 38,4 74%

    Corinthians 6,5 21,5 31,2 33,9 423%

    Grêmio 16,3 14,3 15,2 23,3 43%

    Flamengo 8,4 10,9 15 20,2 140%

    Vasco da Gama 0 3,6 9,3 18 400%*

    Palmeiras 4,2 6,5 5,3 11,3 170%

    Santos 6,3 7,9 7,9 10,9 74%

    Internacional 5,8 6,4 6,5 8,5 47%

    Cruzeiro 5,5 4,6 7,4 6,5 18%

    Botafogo 0 2,5 3,1 5,1 102%*

    Atlético-MG 1,8 3,9 5,5 3,9 111%

    Fluminense 3 2,8 3,2 3 0%

    Total 79,7 115,2 144,8 183 130%

    Equipes de futebol ampliam foco nas categorias de baseO treinador pede ao garoto, que tem no máximo 20 e poucos anos de idade, para sair do banco de reservas e ir para o aquecimento. Em seguida, ele entra no lugar de outro com-panheiro e dá os toques iniciais na bola como jogador de futebol profissional. Nos jogos seguintes, ele vira titular, aparecem os pri-meiros gols e as primeiras boas atuações. O jovem se torna o xodó da torcida por ser prata da casa, ganha títulos e vira ídolo. Até que, meses ou anos depois, aparece um clube estrangeiro com um cheque milionário e leva o atleta embora do País.

    Essa história, comum aos grandes times do Brasil, só existe porque, desde cedo, há um forte trabalho na detecção e no desen-volvimento de talentos, situação que vem sendo ampliada cada vez mais. De 2009 a 2012, o in-vestimento dos 12 maiores clubes brasileiros na formação de atletas saltou de R$ 79,7 milhões para R$ 183 milhões. O resultado no perí-odo representa uma expansão de 130%. Os dados foram compila-dos pelo consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi e fornecidos, em primeira mão, ao Jornal do Comércio.

    O levantamento do espe-cialista se baseia nas informa-ções registradas nos balanços das equipes, dentro dos ativos intangíveis referentes ao custo de formação de atletas. “É como qualquer ativo, cujo número cresce ou diminui de acordo com os investimentos feitos a cada ano”, explica. A estatística não representa, necessariamen-te, o orçamento de cada equipe para o custeio de suas divisões inferiores.

    “Os números cresceram por-que os clubes já perceberam a importância de se investir na formação de seus jogadores”, des-taca Somoggi. Ele menciona que a fabricação caseira ajuda a criar ídolos, possibilitando a realiza-ção de estratégias de marketing e a geração de futuras receitas com transferências. Atualmente, a venda de jogadores é uma das principais fontes de arrecadação das equipes brasileiras.

    De olho nisso, os clubes gaú-chos prometem intensificar a atenção no desenvolvimento de atletas de alto rendimento. Com o objetivo de afinar mais o pro-cesso de maturação do jovem jo-gador, o Grêmio criou um projeto chamado Lapidar. A ideia é rees-truturar conceitos, priorizando o aprendizado dos fundamentos do jogo ao invés de só pensar nos resultados nas competições de base. “Isso muda a forma de se investir. Hoje, temos um ban-co de dados grande de atletas do Brasil e exterior, que inclui os jogadores mais promissores em suas respectivas idades”, relata o diretor executivo Rui Costa.

    Neste sentido, parte do orça-mento gremista de R$ 12 milhões para 2013 prevê a reciclagem e qualificação da comissão técni-ca e dos jogadores. “Faz parte do projeto a readequação tática, física e técnica dos atletas, para que eles cheguem preparados ao elenco profissional”, afirma o coordenador da base Junior Chá-vare. Ele estima que a formação de um jogador de ponta custa, na média, R$ 1,2 milhão. O cálculo considera os gastos feitos entre 12 e 20 anos de idade.

    Em relação à infraestrutura, o Grêmio pretende concluir, nos

    próximos anos, o centro de trei-namento (CT) de Eldorado do Sul. Hoje, o local possui apenas os cam-pos de jogo, faltando alojamentos e refeitórios. A finalização do projeto beneficiaria oito equipes (do sub-12 ao sub-20), que abrangem mais de 300 jogadores e 80 colaboradores da equipe de apoio.

    O Internacional também pla-neja incrementar sua estrutura. No contrato com a construtora Andrade Gutierrez, responsá-vel pela obra do Beira-Rio, ficou acordado que a empreiteira fa-ria o projeto de um CT exclusivo para a base. O investimento e a escolha da companhia que o construirá, porém, ficam a car-go do Inter. “Ainda estamos em busca de definição da área que será utilizada. A projeção é de que as obras se iniciem no final do ano que vem ou em 2015”, es-clarece José Alfredo Amarante, vice-presidente de administra-ção. Enquanto a casa colora-da segue em obras, as futuras revelações foram transferidas, temporariamente, para o CT do Pedra Branca, em Alvorada.

    Nesta temporada, o Inter es-tima desembolsar R$ 15 milhões para as divisões inferiores. Gran-de parte do valor será absorvido com a folha de pagamentos, in-cluindo quase 70 profissionais de suporte e 200 jogadores em cinco equipes (do sub-14 ao sub-20).

    De acordo com o coordena-dor-geral da base colorada, Jorge Macedo, os jogadores abaixo dos 14 anos estão nas escolinhas do time. “Hoje, são 1,2 mil alunos es-palhados em escolinhas por todo o Brasil”, assinala.

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  • 11Jornal do Comércio - Porto Alegre Segunda-feira, 20 de maio de 2013

    ESPORTE

    JCEmpresas & Negócios

    EMPRESÁRIOS & [email protected]

    OSNI MACHADO

    A Cooperativa Vinícola Ga-ribaldi ingressa no mercado de vinhos super premium, com o lançamento da linha Acordes. São dois vinhos de alta qualida-de, dois varietais, das uvas Merlot e Chardonnay, e um espumante preparado pelo método tradicio-nal (champenoise), com as uvas Pinot Noir e Chardonnay.

    O presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Oscar Ló, in-forma que serão apenas três mil garrafas de cada rótulo, que usará exclusivamente uvas colhidas em safras de alta qualidade. “A nossa aposta é no segmento on-trade, especialmente em restaurantes com vocação gastronômica”, ex-plica Ló. Ele detalha que o rótulo é ilustrado com aves brasileiras que formam acordes musicais.

    O lançamento ocorreu no período de 24 a 26 de abril, em São Paulo, durante a realização da Expovinis 2013, que é conside-rada a maior feira de vinhos da América Latina. Ló salienta que o lançamento era aguardado com

    expectativa há três anos, conside-rando-o como a revelação de uma obra-prima.

    No início do inverno, chegará ao mercado a linha Acordes. O Vi-nho tinto Merlot Acordes, que não esteve presente na Expovinis, tem o seu lançamento previsto para o segundo semestre. Os es-pumantes da Garibaldi vêm con-quistando o destaque no cenário internacional por meio de seus rótulos diferenciados e de alta qualidade.

    “Com mais de 50 distinções internacionais, o espumante Gari-baldi Moscatel se tornou multipre-miado. Igualmente, o espumante Garibaldi Brut Chardonnay vem destacando-se nas competições, sendo premiado em março deste ano com a medalha de prata do no 20º Chardonnay du Monde, na França”, comenta. O dirigen-te acrescenta que a avaliação foi realizada por 300 degustadores internacionais, reunindo 872 amostras de 42 países. Ló diz que busca constante por elevar a

    Cooperativa Vinícola Garibaldi lança linha de vinhos super premium

    Ló destaca que a linha Acordes é produzida com uvas de alta qualidade

    qualidade dos produtos se reflete tanto nas premiações, quanto na receptividade do público interno.

    “Tivemos 12,5% de aumento nas vendas de espumantes no ano passado e, somente o Gari-baldi Moscatel, cresceu acima de 17%. A venda de espumantes da cooperativa em 2012 foi de 1,1 milhão de garrafas. Isso mostra o

    quanto nossos produtos estão sen-do bem recebidos”, analisa.

    Reforçando a linha de sucos de uva, a Cooperativa Vinícola Garibaldi aposta na reformulação dos rótulos do segmento de or-gânicos. O gerente de marketing da Garibaldi, Maiquel Vignatti, explica que a linha Da Casa ga-nhou uma nova roupagem e um

    estilo de comunicação mais clean e atrativo ao consumidor.

    A nova rotulagem conta também com a inclusão do códi-go bidimensional (Qrcode), que pode ser acessado por celulares e tablets, e direciona o navega-dor para uma ficha técnica com informações e dicas de orgânicos. Ao mesmo tempo em que aposta no design moderno e atrativo, a linha Da Casa reconhece os coo-perados que optam pelo cultivo orgânico, já que o nome das 60 famílias produtoras de uvas orgâ-nicas utilizadas na produção do suco estão gravados nos rótulos. Somente em 2012, a Garibaldi re-gistrou crescimento de 75,2% na venda de suco de uva integral em relação a 2011.

    Informações adicionais: a Cooperativa Vinícola Garibaldi está localizada na avenida Independência, 845,

    em Garibaldi (RS). Site: www.vinicolagaribaldi.com.br. E-mail:

    [email protected] Tel.: (54) 3464.8104

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    Ganho de marca e incentivo fiscal estão entre os estímulos para aporte empresarial

    No momento em que decidem asso-ciar suas marcas ao esporte brasileiro, as empresas vislumbram uma série de vantagens. Seja por meio de patrocínios a atletas, clubes ou confederações, as companhias encontram nas diferentes modalidades uma forma de alavancar a imagem junto ao público consumidor. O retorno do investimento tem, inclusive, aspectos financeiros. Por vezes, a expo-sição em mídia gerada com os aportes no meio esportivo é maior do que com a propaganda tradicional.

    “Para cada R$ 1,00 investido em marketing esportivo, a empresa ganha R$ 7,00 em imagem no mercado. E cada R$ 1,00 colocado no esporte repre-senta R$ 3,25 de economia na saúde”, afirma Alexandre Algeri, vice-presi-dente de Esportes da Sogipa. Se fossem pagar anúncios em jornal, internet, rádio e televisão, os três patrocinadores atuais do clube precisariam desem-bolsar R$ 51 milhões para conseguir o mesmo nível de exposição que eles têm com os atletas olímpicos. Para ter esse resultado, as marcas investem R$ 1,5

    milhão ao ano na agremiação.O patrocínio individual em compe-

    tidores de elite também gera números significativos, principalmente após vitórias expressivas. Foi o que ocorreu com o então judoca João Derly em 2006, um ano após a conquista do seu primeiro título mundial na categoria meio leve. “A empresa de telefonia que me patrocinava teve um ganho de imagem avaliado em R$ 6 milhões na época”, lembra o hoje vereador de Porto Alegre. Como contra-partida, a companhia telefônica remune-rava Derly mensalmente, utilizando sua imagem em campanhas publicitárias.

    Além do patrocínio direto, as empresas podem se beneficiar com deduções fiscais em diferentes esferas públicas. No âmbito federal, há a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), na qual o meio corporativo tributado com base no lucro real tem a possibilidade de fazer aplicações em projetos esporti-vos e obter desconto de até 1% sobre o Imposto de Renda (IR) devido. A le-gislação ainda permite que as pessoas físicas abatam até 6% do débito.

    Já no Rio Grande do Sul há o Pró--Esporte-RS. Sancionada no final de 2012, a iniciativa permite a destinação de recursos financeiros do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para o esporte do Estado. O desconto máximo concedido é de 0,5% do ICMS pendente. Paralelamente, 25% do montante de-duzido pelas companhias vai para um fundo estadual de fomento ao esporte, sendo destinado pelo governo para ações na área.

    Até o município fornece a possibili-dade de renúncia fiscal. A Lei de Incen-tivo ao Esporte de Porto Alegre (Pró--Esporte) autoriza clubes, federações e sindicatos a recolherem verbas. As pessoas físicas e jurídicas interessadas podem usar até 70% do investimento como crédito nos impostos da cidade, no IPTU ou no ISSQN. Cada entidade esportiva pode apresentar até seis projetos, tendo autorização para captar, no máximo, R$ 80 mil por proposta. A lei, no entanto, é pouco utilizada pelas agremiações. Derly destaca os ganhos para os patrocinadores

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