Jornal Brasil Atual - Praia Grande 02

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Jornal Regional de Praia Grande www.redebrasilatual.com.br PRAIA GRANDE nº 02 Outubro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual Tarifa cara, filas e superlotação deixam passageiros bronqueados Pág. 3 TRANSPORTE VAI MAL Ameaçada de despejo, mulher mora num galinheiro! Pág. 7 HABITAçãO SÍTIO DA CEBOLA Pessoal do Canto do Forte reclama do lixo da feira livre Pág. 2 VALE O QUE VIER FIM DE FEIRA Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era jogador do Grêmio PERFIL NEYMAR DA PRAIA GRANDE MORTALIDADE INFANTIL Enquanto o índice cai no Brasil, na Baixada Santista ele só sobe. E já preocupa Pág. 6 MORRE MUITA CRIANçA NA REGIãO

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Jornal Regional de Praia Grande

www.redebrasilatual.com.br Praia Grande

nº 02 Outubro de 2012

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

Tarifa cara, filas e superlotação deixam passageiros bronqueados

Pág. 3

transPorte

vai mal

Ameaçada de despejo, mulher mora num galinheiro!

Pág. 7

habitação

sítio da cebola

Pessoal do Canto do Forte reclama do lixo da feira livre

Pág. 2

vale o que vier

fim de feira

Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era jogador do Grêmio

Perfil

neymar da Praia grande

mortalidade infantil

Enquanto o índice cai no Brasil, na Baixada Santista ele só sobe. E já preocupa

Pág. 6

morre muita criança na região

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2 Praia Grande

expediente rede brasil atual – Praia Grandeeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro Simantelefone (11) 3295-2800 tiragem 15 mil exemplares distribuição Gratuita

Moramos há mais de 13 anos no Canto do Forte, em Praia Grande, e temos problemas com a feira livre, que ocorre às quarta-feiras, na Avenida Marechal Maurício José Cardoso. Às três horas da manhã, os caminhões encostam e começa a barulheira. Homens gritam. Caixas são atiradas no chão. O incômodo continua. As barracas de peixe jogam os restos de pescado no bueiro. As calçadas ficam cheias de escamas. Conclusão: os esgotos entopem, o fedor de peixe infesta o ambiente e há moscas varejeiras pra todos os lados. Aparecem ratos e baratas. Quando chove, é um horror. A gente pisa nessa água imunda. Já acionamos o fiscal local que diz que são os mendigos que espalham o lixo. Reclamamos na prefeitura, e nada! Não temos nada contra a feira, mas não é possível conciliá-la com a higiene e o respeito aos moradores locais.

Moradores do Canto do Forte

Novo prefeito de Praia Grande teve 62,45% dos votos

eleições 2012

deu mourão, do Psdb

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jornal on-line

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A cidade de Praia Grande foi palco da disputa de quatro candidatos a prefeito e 295 candidatos a vereador nas elei-ções 2012. Os eleitores foram às urnas e escolheram, com 62,45% dos votos, Alberto Mourão, do PSDB, para ser o

novo prefeito da cidade. Além dele, foram eleitos 17 verea-dores: três do PSB, dois do PMDB, dois do PSDB, dois do PDT, dois do PPS, um do PT, um do PRTB, um do PTB, um do PSD, um do PMN e um do PTN.

Pela quarta vez no poderAlberto Mourão é pau-

listano e nasceu no dia 26 de abril de 1954. É casado com Maria Del Carmen Pa-din Mourão, tem duas filhas e quatro netos. Formado em Direito pela Universidade Católica de Santos e empre-sário da construção civil, ele é sócio-proprietário da Mou-rão Construtora. Iniciou a

carreira política em 1982 no PMDB, eleito o mais jovem vereador de Praia Grande. Foi presidente da Câmara Munici-pal nos anos de 1987 e 1988 e, no final do mandato, elegeu-se vice-prefeito. Em 1992 foi eleito prefeito; em 1998 foi o primeiro deputado federal da história da Praia Grande. No ano 2000, Mourão se ele-

geu prefeito pela segunda vez e em 2003 filiou-se ao PSDB e se tornou o líder do partido. Em 2004 foi reelei-to prefeito da cidade e em 2010 tornou-se novamente deputado federal. A partir de 2013, Mourão começa a desempenhar suas funções públicas como prefeito do município. Pela quarta vez.

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Rede

uma nova comunicação Para um novo brasil

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3Praia Grande

Essas são as principais reclamações dos passageiros que pedem mais qualidade nos ônibus

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carros lotados, tarifa cara e longa espera nos pontos

Ônibus municipais e in-termunicipais superlotados, o longo tempo de espera e o valor mínimo da passagem – R$ 2,90 – para quem circula só na cidade traçam o perfil de um problema dos praia-granden-ses: a qualidade do transporte público. No terminal rodoviá-rio Tatico, o estagiário de cor-retor de imóveis Giovane de Souza lamenta que, ao perder o ônibus para ir trabalhar, ele aguarde mais de 20 minutos por uma nova condução. “Tem de ter mais ônibus na linha” – diz o jovem.

lômetro rodado. “A passagem devia custar R$ 2,00, para equiparar-se às cidades que têm transporte público mais eficiente. A gente vive numa cidade plana, que não causa danos aos veículos.” Para o secretário, são outros os cri-térios levados em conta para o preço da passagem, como o aumento do preço do óleo diesel, a instalação de novos abrigos de ônibus, as reformas nos terminais e a instalação de uma central de monitoramento de ônibus, que será inaugurada em outubro.

Em nota, o secretário de Trânsito e Transporte, João Carlos Moreno Galego, diz que “a Praia Grande tem 75 ônibus municipais, que transportam 1,5 milhão de passageiros por mês”. O documento destaca que, de dezembro de 2010 – quando foi assinado contrato com a Viação Piracicabana – para cá, “a cida-de recebeu seis novos ônibus com sistema de transporte para portadores de deficiência”.

Para o vereador Euval-do Reis, o Vitrolinha, a Praia Grande tem uma das passagens mais caras do mundo por qui-

Profissão motorista e cobrador causa danos à saúde

linha intermunicipal é desconfortável e demorada

Em 1999, a Câmara dos Vereadores aprovou a ca-traca eletrônica nos ônibus municipais, considerada pela Prefeitura como “uma mudança para modernizar e aperfeiçoar o trabalho”. Desde então, os motoristas são também cobradores. Segundo o vereador Vitro-

tar: “A solução é o cartão de transporte. Eu vou entrar com um mandado de segurança junto à Comarca, como já foi feito em Santos”.

Segundo a Prefeitura, com a instalação das catracas ele-trônicas nenhum trabalhador foi demitido. “Todos foram remanejados para atividades

administrativas ou venda de bilhetes e cartões.” Ela firma ainda que a mudança melhorou a segurança. “O cartão eletrônico diminuiu o dinheiro nos carros e resul-tou em menos furtos e assal-tos nos ônibus, aumentando a segurança dos passageiros e motoristas.”

Em outubro de 2012, a re-portagem do jornal Brasil Atual embarcou, às 8h10, no ônibus intermunicipal linha 927 – Jardim Samambaia-Ponta da Praia – no terminal Tatico (a poucos quilômetros do ponto inicial), com 10 pes-soas. Em 15 minutos, na Vila Guilhermina, os 39 assentos do coletivo estão ocupados. A vendedora Luiza Gomes usa a linha diariamente. Ela mora na

Vila Sônia e trabalha no Canal 2, em Santos. “Existem pou-cos ônibus até Santos – muni-cípio onde parte considerável dos praia-grandenses trabalha ou estuda – e todos lotam ra-pidamente. A maioria viaja em pé. Os usuários perdem muito tempo para atravessar um tra-jeto de 25 quilômetros. Sem-pre fico mais de uma hora no ônibus” – comenta Luiza.

Em São Vicente é preciso

enfrentar um engarrafamento comum às manhãs, naquele ho-rário. Os oito quilômetros até Santos levam cerca de 30 mi-nutos para serem percorridos. A auxiliar de serviços gerais Josi Santana trabalha em uma pa-daria no Canal 4 de Santos. Do Jardim Anhanguera até o servi-ço, ela leva uma hora e meia. “O patrão reclama do atraso, mas o que posso fazer se o ônibus de-mora a passar?” – lamenta. A jo-

vem Cristina Mariana reclama: “A população de Praia Grande aumentou, mas a frota de ônibus não acompanhou”. Quando, às 9h40, o coletivo chega à Ponta da Praia, em Santos (onde fica o Ferry Boat para o Guarujá), a impressão é de que os R$ 3,75 cobrados pela passagem são um preço elevado para a população das três cidades, que viaja sem conforto num trajeto quase em linha reta.

linha, ex-cobrador de ônibus, de lá para cá, mais de 60% dos motoristas-cobradores foram afastados por estresse e pro-blemas psicológicos. “É muita pressão ter de dirigir e cobrar a passagem.” Ele é contra a du-pla função, mas não defende a volta do cobrador, por acredi-tar que a Câmara não vai acei-

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4 Praia Grande

O garoto esbanjava talento entre a molecada e o time de várzea do Jardim Glória Por Enio Lourenço

Perfil

neymar em Praia grande, no tempo em que era juninho

os primeiros chutes no campo do time de várzea

Neymar da Silva Santos Júnior nasceu em Mogi das Cruzes e teve uma infância nômade devido às empreitadas futebolísticas do pai, também ele um atacante. Antes de a fa-mília Silva Santos desembar-car na Baixada Santista, eles moraram em Várzea Grande, no Mato Grosso, onde o Seu Neymar vestiu a camisa do Operário Futebol Clube e se sagrou campeão estadual, em 1997, quando Neymar Júnior tinha cinco anos de vida.

Chegando ao litoral paulis-ta, a família viveu na casa da avó paterna do craque, em São Vicente. Com o nascimento de Rafaella, a caçula da família, o espaço tornou-se pequeno e os quatro se mudaram para a Praia Grande, onde viveram nove anos.

No Jardim Glória, na peri-

feria da cidade, o garoto foi se habituando a fazer do futebol o seu estilo de vida. “Cheguei a ter 50 bolas em casa” – re-velou Neymar, aos 14 anos, em entrevista à TV Tribuna. Como a maioria das crianças, ele conciliava os estudos com a brincadeira predileta, jogar futebol. Os amigos do bair-ro contam que podia ser em

casa – num campinho de areia no quintal, feito pelo pai –, na rua, no campo do Grêmio, o “Juninho”, como era chama-do, estava sempre chutando uma bola.

Jonathan Santos Marce-lino, 20, repositor em uma transportadora de tintas, era um dos amigos de Neymar. Ele lembra que almoçava na

casa do atacante e vice-versa e sempre jogava vídeo game. “A gente estudava no Tio Baptista (Escola Municipal José Júlio Martins Baptista), onde fomos campeões dos jogos escolares. Foi uma época muito boa.” O jovem conta que reviu o amigo famoso apenas uma vez, de-pois que a família de Neymar mudou para Santos. “Houve

um jogo da Seleção Brasilei-ra de Futsal, com o Falcão, no Ginásio Poliesportivo Munici-pal, e o Neymar deu o pontapé inicial da partida. Nesse dia, ele saudou o meu irmão, mas não me viu.”

Das fortes lembranças de Jonathan, as que mais o em-polgam são as da molecada jogando bola nas ruas do Jar-dim Glória. As peladas iam de depois das aulas até o anoite-cer. “Teve um dia em que o Neymar trouxe os amigos dele do Gremetal (clube de Santos onde jogava futsal) e chamou a gente para jogar contra eles na rua. Um dos moleques do time do Neymar era o Alan Patrick (ex-jogador do Santos, hoje no Shakhtar Donetsk), mas não conseguiram nos vencer. O jogo terminou 20 a 19 para nós” – diz, entre risos.

A referência em futebol no Jardim Glória é o Grê-mio Praia Grande. Localiza-do ao lado da Via Expressa Sul, o clube – basicamente um campo de futebol –, fun-dado em 1969, é conhecido nos campeonatos amado-res da Baixada Santista. O presidente do Grêmio é o pedreiro Celiano Alfredo da Silva, o Celinho, de 62 anos. Ele conta que é difícil manter categorias de base na agremiação e não mede esforços para manter o que chama de trabalho social. “Muitos garotos treinam

sem ter o que comer. Então, a gente compra pão, mortadela e suco pra eles, antes dos treinos e jogos.”

Neymar era vizinho do Grêmio Praia Grande e resol-veu jogar na várzea do bairro, dos nove aos onze anos. O seu técnico foi Eugênio Silva Rosa, o Biro. Mecânico e ex- -jogador de futebol, ele treina-va o time pré-mirim do Glória, no início dos anos 2000. “O Neymar era um menino tími-do, falava pouco, mas no cam-po era diferente dos outros. Não existia timidez com a bola rolando. Mesmo os garotos

mais velhos não conseguiam segurá-lo.” Celinho e Biro se recordam de que Roberto An-tônio dos Santos, o Betinho – olheiro santista, que revelou Robinho e depois levou Ney-

mar para a Vila Belmiro – es-teve “umas vezes no campo do Grêmio”, observando os jovens jogadores. “Pouco de-pois o Neymar já jogava nas categorias de base do Santos.”

Ambos lamentam ape-nas que o astro da seleção brasileira fale pouco de seu passado no Jardim Glória. “A gente fica triste porque ele não fala nada da época em que esteve no Grêmio. Talvez porque os empresá-rios achem que a gente vai querer alguma coisa” – diz Celinho. Os dois mantêm a esperança de que Neymar faça uma visita para conver-sar com os garotos do bairro ou doar material esportivo para ajudar jovens que têm vontade de um dia se tornar em iguais a ele.

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celinho, presidente do grêmio, e biro, primeiro técnico

neymar e as lembranças da Praia grande: a família, o primeiro time e o amigo jonathan

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5Praia Grande

um orgulho do jardim glória

Em todas as ruas nomea-das por letras do Jardim Gló-ria sempre se encontra alguém que tenha alguma lembrança do pequeno menino franzino, tímido, que falava baixo e para

bola, da destreza e da facilida-de com que a manuseava com os pés. Outros moradores se sentem orgulhos por viverem no mesmo lugar onde um dia morou um dos maiores fenô-menos do futebol e da mídia.

“O pessoal do Glória se sente orgulhoso do sucesso do Neymar na Seleção Brasi-leira e no Santos. Quem sabe um dia ele não aparece aqui para dar um abraço na gente” – afirma de maneira esperan-çosa o seu ex-técnico Biro.

amigo de infância luta para virar jogador de futebol“A nossa infância era

estudar e jogar bola. Eu e o Neymar fazíamos cam-peonatos de futebol na rua. Todo mundo do Jardim Glória parava para assistir. A maioria dos moleques do bairro é habilidosa, porque jogam bola desde criança o tempo todo.”

Diferente do célebre amigo de infância e com-panheiro de peladas de rua, Yago Vieira da Cruz, de 20 anos, é um meia-esquerda que ainda luta por um lugar no futebol. Segundo a mãe, a empregada doméstica Ta-tiane Vieira, o filho “dis-putou a primeira Copa TV Tribuna (na qual Neymar se destacou pelo colégio Liceu São Paulo, de Santos, aos 12 e 13 anos), mas na época não era televisionada”. Gra-ças aos torneios da escola, o garoto teve algumas propos-tas para estudar em colégios particulares, mas recusou: “Não queria sair do meu bairro”.

A primeira experiência

Aos 13 anos, Neymar despontava nas categorias de base do Santos, chamou a atenção dos clubes da Eu-ropa e foi convidado a fazer estágio no Real Madrid. Na iminência de perder o craque, o ex-presidente do alvinegro praiano, Marcelo Teixeira, ofereceu à família Silva Santos R$ 1 milhão em luvas, para o jogador permanecer no Brasil. No ano seguinte, Neymar Jr.

dentro, mas que com a bola nos pés – seja no asfalto quente, na quadra ou no campo – fazia os outros gritarem por ele.

Nas escolas Estadual Oswaldo Luiz Sanchez Toschi e na Municipal José Júlio Mar-tins Baptista nenhum funcio-nário fala da vida escolar do famoso ex-morador do bairro. Mas, nas ruas do bairro, quase todos dizem ter a honra de co-nhecê-lo. E quem o conheceu, criança, fala de boca cheia das habilidades do craque com a

Pequeno milionário

passaria a ganhar cerca de R$ 25.000,00 mensais – va-lor superior ao que recebem muitos jogadores profissio-nais no Brasil.

de Yago no futebol de campo foi a mesma de Neymar. No campo do Grêmio Praia Gran-de, os dois eram parceiros ofensivos. “Os treinos eram no fundo do campo, atrás do gol, porque éramos muito pe-quenos. Na época, o espaço parecia gigante.” Aos 12 anos, os jovens se separaram. Yago fez um teste no Corinthians. “A gente treinava no terrão de Itaquera, mas depois de três meses eu voltei, porque não me adaptei à casa de uma tia e sentia falta da minha família e do Glória” – conta Yago.

Ao retornar à Praia Grande,

Yago seguiu no futsal e na vár-zea até ser descoberto pelo ex-ponta-direita do Santos Mano-el Maria e levado a atuar pelo Jabaquara Atlético Clube, de Santos. “Fiquei três anos, nas categorias infantil e juvenil, e disputei um ótimo Campeo-nato Paulista Sub-17.” Nessa época, o jogador e sua família assinaram um contrato com a CFS Sports. A empresa se tornou dona dos direitos es-portivos de Yago por quatro anos (dos 14 aos 18) e esta-beleceu multa rescisória de R$ 250.000,00. “Do Jabaqua-ra eu tinha chance de ir para o Santos, porque o Manoel Maria era muito influente e já havia levado o Geovânio, hoje atacante reserva do Peixe. Bastava eu ficar mais um pou-co por lá. Mas o meu empre-sário (que ele não diz o nome) vetou a minha permanência.” Yago, então, começou a pingar de clube em clube do Brasil.

Aos 16 anos, ele estava no América Mineiro. Lá, o meia--esquerda conquistou os diri-gentes e treinadores com o seu

estilo de jogo, fazendo com que eles se interessassem em adquirir os direitos federativos da CFS Sports. “Estávamos no hexagonal final do campeona-to mineiro e meu empresário precisava levar o documento à federação autorizando a mi-nha transferência, mas a CFS melou a negociação.”

Yago chamou a atenção de Mauro Fernandes, ex-coorde-nador das categorias de base do Atlético Mineiro – hoje treinador do time profissional do América Mineiro. No Galo, Yago ficou três meses, mas quebrou o tornozelo e ficou oito meses afastado dos cam-pos. Ao se recuperar, disputou torneios por times de empre-sários e, em 2011, foi para o Vasco da Gama. “Foi o lugar onde passei mais dificuldade na vida”. Nos quatro meses em que permaneceu no Rio de Janeiro, a CFS nunca o ajudou financeiramente. “Houve dias em que eu fiquei sem comer. Eu ia para o treino à base de água. Às vezes algum amigo me dava biscoito para comer”

– comenta entre lágrimas o jogador que não contou a situação à mãe, para não atormentá-la.

Sem resposta sobre a sua permanência no Vasco, Yago aguardou o fim do contrato com a CFS Sports, para reaver sua autonomia. Ele voltou a jogar na várzea de Praia Grande e chamou a atenção de novos empre-sários que o levaram a uma peneira em São Bernardo. De cerca de 100 jovens, ele se destacou e foi convidado a fazer uma pré-temporada, a fim de se recondicionar fi-sicamente, com uma equipe profissional de Maria da Fé, no interior de Minas Gerais – no dia da entrevista, Yago se preparava para viajar. Ele diz que existem propostas para realizar seu sonho em outro país: “Não é nada concreto, mas me falaram sobre propostas de Portugal, Alemanha, Suíça e Vietnã. Espero que dê tudo certo. Quero realizar meu sonho e não vou desistir.”

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6 Praia Grande

Eles subiram de 15,15 mortes, em 2010, para 16,87, no ano passado, em mil nascidos vivos

“Não é justo que eles não tenham aumento igual ao reajuste do salário mínimo” – diz CUT

mortalidade infantil

Previdência

baixada santista tem índices mais elevados do estado

aposentados querem o fim do fator previdenciário

Praia Grande reduziu de 25,1 mortes, em 2010, para 13,6 mortes, em 2011, e ocu-pa o terceiro lugar na Baixa-da com menores índices de mortalidade infantil. A cida-de ficou atrás de Santos (13) e Bertioga (13,4). Segundo a Secretaria de Saúde munici-pal, a queda se deve ao incen-tivo dos exames pré-natais e ao acompanhamento da gra-videz de risco e do pós-parto. Peruíbe teve média de 21 mor-tes em mil nascimentos.

A pediatra e presidente do Comitê de Redução de Mor-talidade Infantil de Itanhaém, Iloma Girrulat, lembra que os altos níveis de mortalidade na Baixada ocorrem devido à falta de investimento. “É preciso ter estrutura nos hos-pitais e criar um planejamento familiar municipal.” Segundo ela, a poluição e a falta de sa-neamento afetam a saúde da criança e causam doenças in-fecciosas e má-formação nos recém-nascidos – dados da

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam às grávidas que passem por seis consultas de pré-natal para garantir o crescimento saudá-vel do bebê. A pediatra Iloma lembra que esse não deve ser o único cuidado. “Aleitamento materno, cuidados pós-parto, consultas médicas periódicas e vacinação em dia garantem vitalidade às crianças e o for-talecimento do sistema imu-nológico” – complementa.

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O fator previdenciário, criado em 1999 na reforma da Previdência pelo ex-pre-sidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), é um cálculo que define o pagamento das aposentadorias pelo tempo de contribuição à Previdência e pela idade com que o traba-lhador se aposenta, conside-rando a expectativa de so-brevida, medida pelo IBGE: quanto menor o tempo de contribuição, maior o redu-tor no cálculo; quanto maior a expectativa de sobrevida, menor o benefício.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposen-tados, Pensionistas e Idosos (SINTAPI), filiado à Cen-tral Única dos Trabalhado-res (CUT), tenta derrubar o fator previdenciário, porque ele achata os benefícios.

Para o pedreiro Francisco Da-niel, presidente em exercício da entidade, “não é justo que o aposentado não tenha reajuste proporcional ao aumento do salário mínimo” – em 2012, aposentados e pensionistas ti-veram reajuste de 6,08%, en-quanto a elevação do salário mínimo foi de 14,13%.

O SINTAPI considera que, com a fórmula atual, vai che-gar uma hora em que todos os aposentados vão ganhar

salário-mínimo, independen-temente de como contribuíram para a Previdência. Por isso, Daniel defende a proposta da CUT, do Fator 85/95, que ga-rante aposentadoria integral quando a soma da idade do segurado com o seu tempo de contribuição resultar em 85 para a mulher e 95 para o ho-mem – pela regra atual, esse segurado tem fator previdenci-ário 0,879, ou seja, 87,9% do benefício integral.

A Praia Grande é um berço dos aposentados. Muitos traba-lhadores de grandes cidades – São Paulo, Campinas, São José dos Campos – a escolhem para viver a Terceira Idade, mas as políticas públicas do município não acompanham as demandas da população. “Em muitos lu-gares do Brasil, as pessoas de 60 anos são respeitadas como idosos e, por exemplo, não pa-

gam a passagem de ônibus. Aqui, só há esse benefício para quem tem 65 anos” – diz Daniel. O sindicalista destaca a necessidade de mo-bilização dos aposentados e pensionistas: “Somos mais de 29 milhões de pessoas no país. Se dobrar esse número, a gente elege um presidente da República. Merecemos mais respeito”.

outra posiçãoA Central Sindical CSP-Conlutas acredita que o traba-

lhador deve ter acesso ao benefício integral com 35 anos de contribuição, independentemente de sua idade. “Para o filho do rico, que começa a trabalhar aos 25 anos de idade, ao completar os 35 anos de trabalho, aos 60 anos de vida, ele atingirá os 95 da fórmula (35+60 = 95); para o filho de pobre, que trabalha desde os 15 anos, quando completar 35 anos de contribuição (35+50 = 85) ainda faltarão dez anos para ele se aposentar com o benefício integral.”

Secretaria Estadual de Saúde mostram que 50% das mortes

acontecem na primeira sema-na de vida.

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7Praia Grande

Moradora teve casa incendiada e habita um galinheiro; área seria de preservação ambiental

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sítio da cebola: famílias temem ação de despejo

ameaças fazem parte do dia-a-dia. medo ronda o lugar

Na altura do km 287 da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, entre Praia Grande e São Vicente, está o Sítio da Cebola, terreno onde vivem 15 famílias, há oito anos. Nos últimos meses, a empresa RPA Terminais de Containers, vizi-nha à ocupação, avançou com obras de terraplenagem no sentido das casas de madei-ra e alvenaria. Os mais de 60 moradores vivem a ameaça de despejo.

Em agosto, dona Ivanilda Silva Borges, 52, foi a pri-meira vítima. A catadora de material reciclável teve a casa, segundo ela feita de madeira e telhas de boa qualidade, de-molida e queimada pela Pre-feitura, numa manhã, enquan-to saíra para comprar pão. “Ao voltar da padaria, vi a casa pegando fogo” – diz. O chefe da seção de Contenção a Inva-

sões, da secretaria de Urbanis-mo e Meio Ambiente, Marcos Macedo, afirma que na hora da demolição a casa estava va-zia. “Não havia condições de

ninguém morar lá. O barraco, de dois andares, tombava para o lado; por isso, demolimos.” Marcos conta que as madeiras podres foram queimadas, para

que as pessoas não construís-sem novos barracos. “Já haví-amos retirado a mesma senho-ra de outro terreno irregular.”

Ivanilda mora no Sítio

da Cebola há seis anos – seu marido morreu atropelado na rodovia. Ela permanece no lo-cal, vivendo num galinheiro, única estrutura que sobrou de sua casa. “Não vou para de-baixo da ponte. Pelo menos, aqui é quentinho, eu tomo café, almoço”. A Prefeitura não sabe precisar de quem é o Sítio da Cebola. Macedo conta que os responsáveis pelos 15 barracos foram notificados a apresentar título de proprieda-de. “Eles devem se inscrever na Secretaria de Habitação” – diz. Segundo outra morado-ra, Mirian Ferreira, 24 anos, desde que a RPA Terminais de Containers se instalou na área, há obras de terraplenagem e corte de mata nativa da re-gião. “É a devastação do meio ambiente: o fundo do Sítio da Cebola, ninguém vê, mas está todo desmatado.”

A insegurança, o medo de terem suas casas destruídas tomou conta dos habitantes do Sítio da Cebola. Mirian Fer-reira, que mora lá desde crian-ça, conta as formas de intimi-dação. “Uma vez cortaram a energia e retalharam a man-gueira de água.” Ela afirma que no dia em que demoliram e queimaram a casa de Iva-nilda, o pessoal da Prefeitura invadiu a sua casa e utilizou uma porta como ponte para atravessar a vala e demolir a casa de outro vizinho. “Hoje tenho medo de levar os meus

filhos à escola e não encontrar mais nada quando voltar.”

Uélinton Oliveira de Jesus reitera as ameaças e confirma que recebeu uma notificação com o seguinte conteúdo: “Apresentar título de proprie-dade e desobstruir a área de preservação ambiental. Reti-rar submoradia”. Ele contesta o documento e alega que a fa-mília está há 23 anos no Sítio da Cebola. “Os funcionários da Prefeitura são arrogantes e nos perguntam por que mora-mos no mato. Chegaram a fa-lar que a casa da Ivanilda era

ponto de venda de drogas. Um absurdo.”

Marcos Macedo diz que quase todo dia vai ao Sítio da Cebola. “Fazemos a vistoria, porque a gente desocupa uma parte e eles refazem a cerca ou aparecem outras pessoas que se apossam do terreno para vender.” Já o chefe de Fiscali-zação de Obras da secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, José Carlos Ribeiro, pensa que os ocupantes migram de um lugar para outro: “Se deixar eles lá, encosta outro, outro e fazem uma cidade”.

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acima, a casa incendiada de ivanilda, que hoje dorme no seu antigo galinheiro

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8 Praia Grande

foto síntese – Pórtico e Praça PrinciPal Palavras cruzadasPalavras cruzadas

respostas

Palavras cruzadas

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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Palavras cruzadas

ParCOPaiOlErrElEiTaOrElaUrabrNavEGaNTEOadriaNOMCTMOrPsaarabvOaNTEiUCaNEiPasCiaTCOadOOCaOTariOs

horizontal – 1. Que é pouco, escasso, minguado; lugar em que se guardam pólvora, munição e instrumentos de guerra 2. a 17ª letra do alfabeto; Porco novo 3. Criminosa; Nome que no Oriente se dava às choças em que viviam os primeiros monges ou os anacoretas nos ermos; sigla de brasil 4. indivíduo que conduz embarcações através dos mares, rios etc 5. Nome de um imperador romano; Ministério da Ciência e Tecnologia 6. Pedra pequeno e redonda em que se amolam facas; abreviação de relações Públicas; O deserto mais famoso do mundo 7. Que voa ou é capaz de voar 8. Cachaça; Matogrosso, cantor brasileiro; instrumentos usados para cavar ou remover terra 9. símbolo de Curie, unidade de medida de radioatividade; antigo Testamento; Passado pelo coador 10. Casa usada pelos índios brasileiros como habitação; Pessoas que se deixam enganar facilmente.

vertical – 1. Nome de um Estado do Nordeste brasileiro 2. Que se areou; sigla de Cartão de identificação do Contribuinte 3. roraima; volta redonda; Caminhe, ande 4. Tulha, granel5. designação comum às plantas ornamentais do sul da África, de belas flores e inúmeras variedades 6. santana, cantor de sucesso; Contração de não é? 7. Que é afetada, pedante, pretensiosa 8. associazione italiana avvocati Tennisti; as duas primeiras vogais; Ou, em inglês9. Magnetismo pessoal; a maior ave brasileira; Genitor 10. Ordem dos advogados do brasil; Pessoa que presta serviços domésticos 11. Mentira; sinal de pedido de socorro.

sudoku

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