Jornal Comunicação

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jornal laboratório do curso de jornalismo da ufpr edição 01 | abril de 2007 www.jornalcomunicacao.ufpr.br VIOLÊNCIA POLICIAL Membros da UNE exigem sede carioca de volta PÁG. 4 Estudo revela conseqüências do aquecimento global PÁG. 3 Cidadão teme tanto o policial quanto o bandido Co unicação :::

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Jornal laboratório do curso de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Edição 01 de abril de 2007.

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Page 1: Jornal Comunicação

jornal laboratório do curso de jornalismo da ufpredição 01 | abril de 2007

www.jornalcomunicacao.ufpr.br

Violência Policial

Membros da UNE exigem sede cariocade voltaPág. 4

Estudo revela conseqüências do aquecimento global Pág. 3

Cidadão teme tanto o policial quanto o bandido

Co unicação:::

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Comunicaçãoabril de 2007 opinião

expedienteO Comunicação é uma publicação do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná, com a participação de alunos das disciplinas de Laboratório de Jornalismo Impresso e Laboratório Avançado de Jornalismo Impresso.

Professor orientador: Mário Messagi Jr. (jornalista responsável - DRT 2963/PR). editor Chefe: Erike Feitosa. seCretários de redação: Jaqueline Bartzen (Impresso) e Célio Yano (On-line). Chefe de rePortagem: Profa. Juliane Bazzo.

editores CiênCia e teCnologia: André Marques. ComPortamento: Ivan Luiz. Cultura: Aline Baroni e Fernanda Trisotto. esPortes: Alisson Castro. geral: Adriano Ribeiro e Dâmaris Thomazini. oPinião: Pedro Castro e Sandoval Poletto. PolítiCa: Aline Castro e Rossana Bittencourt. ufPr: Carolina Leal e Cecília Pimenta. fotografia: Giovana Ruaro. ilustrações: Antoni Wroblewski e Laís Brevilheri. diagramação: Renata Ortega e Wilerson Barros. ComuniCação instituCional: Uanilla Piveta.

endereço: Rua Bom Jesus, 650 – Juvevê – Curitiba-PR – (41) 3313-2032. e-mail: [email protected]. site: www.jornalcomunicacao.ufpr.br tiragem: 2 mil exemplares. imPressão: Gráfica O Estado do Paraná.

editorialEm 2007, completam-se 90 anos que o partido bolchevique tomou o poder na

Rússia e estabeleceu a União Soviética. Faz 70 anos que Vargas instaurou a ditadura do Estado Novo e o Brasil conheceu o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). São 40 anos desde a Guerra dos Seis Dias no Oriente Médio e dez anos desde o anún-cio do primeiro clone. Todos esses acontecimentos mudaram o curso da história.

Na época de “aniversário” de tantas mudanças, muda também o Comunicação. Nova equipe, linha editorial, site, canais, projeto gráfico melhorado, novas idéias. O veí-culo que antes se limitava a cobrir os assuntos relativos à UFPR agora é pensado para o público da Universidade: ultrapassamos os muros da instituição para alcançar qualquer assunto que interesse sua comunidade acadêmica, estimada em cerca de 40 mil pessoas.

Queremos chegar ao nosso leitor de todas as formas possíveis, seja por texto, por foto, audiovisual, som, papel. Uma área multimídia foi incorporada ao site e, em breve, notícias poderão ser conferidas também em áudio e vídeo. Para quem busca facilidade, outro recurso: nossa newsletter vai até qualquer um que se cadastre para recebê-la. Ainda somos um jornal laboratório, mas somos também um veículo de comunicação com os mesmos recursos e capacidades que qualquer outro. Apuramos e noticiamos todos os dias, e denunciamos abusos e irregularidades, como é o caso da matéria de capa desta edição.

Em Almirante Tamandaré, quatro meninos foram baleados por policiais a caminho de uma festa. Um dentista foi agredido durante uma abordagem cujo objetivo era, teorica-mente, verificar a idoneidade de cidadãos de comportamento suspeito. Em Curitiba, balas de borracha foram disparadas contra torcedores e “playboys” foram revistados de forma truculenta. Cumprimento do dever? Bandidos não levam crachás com avisos de alerta. Tal-vez os policiais estejam em seu direito de atuação, mas e o cidadão, quem deve temer?

Já que malfeitores não soam alarmes, poderíamos nos concentrar naqueles que conseguimos escutar. E o grito que se ouve desde que foram divulgados os resultados do primeiro Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) é o do planeta Terra, que se afoga nas águas das geleiras que derretem devido ao aquecimento global. Também podemos parar para ouvir os gritos dos militantes da UNE que reivindicam a posse da antiga sede carioca, acampados no local. Ou quem sabe reparar no som da madeira corrompida de um ginásio que já teve dias de glória.

O Comunicação mudou para que nada disso passasse em branco. Mudou para mudar a forma como a UFPR enxerga sua própria comunidade, sua cidade, o mundo. Mudou para maior, para melhor, para acompanhar os rumos da história.

Comunicação: A atual criminalidade é o resultado da desigualdade social?Renato Perissinotto: Não há nenhuma relação causal direta entre ser pobre e ser criminoso. Existem outras causas, outros elementos que contribuem para o aumen-to da violência. E provavelmente um dos fatores principais é a corrupção estatal, um Estado que não responde à população de maneira eficiente.

Comunicação: Quanto à diminuição da maioridade penal: essa medida será eficaz?Pedro Bodê: Não chega nem a ser um paliativo. É uma medida fascista. O jo-vem, aquele que deveria ser visto como vítima, agora é visto como réu. Eu sou absolutamente contra. Se as prisões não conseguem melhorar o adulto, não será possível melhorar os jovens. As condições de encarceramento no Brasil são absoluta-mente vergonhosas e oscilam entre pocilgas e campos de concentração.Roberto Aires: Sim, reduzida para 14 anos de idade. Então, o menor delinqüente, resultado do modelo familiar desajustado, em fase de transição, é tirado da vida social. Além disso, poderíamos usar de maneira mais eficaz as penas alternativas, desafo-gando o sistema penitenciário.

Comunicação: E o que poderia ser feito pelo Estado para liquidar a questão da violência?RP: Medidas sociais e uma profunda refor-ma, não só repressiva. Uma atitude política

de tratamento eficiente e respeitoso, não como aparato de terror. Uma desmilitariza-ção da polícia e justiça comum para policiais e políticos.

Comunicação: Por que a Legislação Brasileira é tão ineficaz? RA: Porque ela é feita sob a emoção de representantes do povo que não ouvem especialistas quando legislam, preocupados que estão em parecer úteis aos seus desavi-sados eleitores.

Comunicação: A polícia também é responsá-vel por parte da violência no Estado?PB: Certamente. A polícia na rua não serve o cidadão, defende privilégios. Para que possamos ter democracia, precisamos mudar estruturalmente o sistema de Justiça Criminal, pensando no fim da Justiça Militar e em uma desmilitarização da polícia, que trabalha brutalmente. Em lugar nenhum no mundo civilizado se opera dessa maneira.

Comunicação: O quê poderia ser feito pela população para gerar uma resposta à crimi-nalidade?PB: É quase impossível zerar a violência. Po-demos pensar em uma sociedade com taxas menores de crimes, como o homicídio. Em especial contra os jovens, que morrem muito mais do que matam. Para isso, a sociedade precisa socializar os seus jovens. Nossos atos de adultos dão o exemplo.

Politicagem e polícia truculenta geramviolência, dizem especialistas

Larissa Jorge

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O Comunicação entrevistou três especialistas em violência para traçar um panorama sobre a questão nas principais cidades brasileiras. Foram ouvidos os professores da UFPR Renato Perissinotto, cientista político especializado em relações de poder; Pedro Bodê, sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos Sobre Violência da Universidade e Roberto Aires, agente do Ministério Público do estado do Paraná.

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Comunicaçãoabril de 2007

AQUECIMENTO GLOBAL Alterações climáticas graves são resultado de educação ambiental deficitária

3ciência e tecnologia

Estudo revela índices alarmantes sobre o aquecimento global

Poli Brito e renata Bossle

Oresultadodoprimeirogrupodeestu-dosrealizadopeloPainelIntergovernamentaldeMudançasClimáticas(IPCC),apresenta-doemParisemfevereiro,apontoudiversasalterações sérias no clima causadas peloagravamentodoefeitoestufa,queimplicanoaquecimentodoplaneta.Segundooestudo,conduzidopor500pesquisadoresdoclimade113países,oníveldosoceanosdeveau-mentarentre18e59cmatéofimdoséculo.Osnúmerosindicam,paraacoordenadorae pesquisadora do grupo de ClimatologiadaUFPR,AliceGrimm,estadodealerta.Deacordocomoscálculosdaprofessora,osuldoBrasilteráumaelevaçãode3,4°Cnatemperaturamédiade invernoede2,5°Cnatemperaturamédiadeverão,alémdeumaumentodoíndicedechuvasdeverão. Embora preocupantes, os resultadosapontadospeloestudonãopodemserconsi-deradosinesperados.EdsonLuizPeters,pro-motor de justiça doCentrodeApoioàs PromotoriasAmb ien -tais

(Capoa-PR) explica que o aquecimentoglobaléapenasumadasconseqüênciasdovi-gentemodelodedesenvolvimentoilimitado

eirracional,queseopõeaodesenvol-vimentosustentável,existente“maisnateoriaquenaprática”.Entre asmetas de cuidado comoplanetapropostaspelomodelodesustentabilidadeeexpressasno

ProtocolodeKyotoestáaredu-çãodaemissãodedióxidode

carbono (CO2),gás poluentequeformaumac a m a d a q u eimpede os raios

solares de sair da at-mosfera,oquelevaaoaumentodetempera-

tura. “Mas essasmetasnãoserãocumpridas en-quanto o maioremissordeCO2,osEstadosUni-

dos,nãoassinaroprotocolo”,afirmaJoão José Biga-rella,professorem

MineralogiaeGe-ologia Econômi-cadaUFPR. “Naproporçãoemque

estamos consumin-do, é pouco provável

que o homem consigaatingirasmetaspropostaspela

ONU”,sentencia.

Educação Ecológica Para Peters, o caminho a seguir emdireçãoàminimizaçãodoproblemapassapelaadoçãodemedidas,tantopreventivasquanto corretivas, por todos os países enãoapenasporlocaisisolados.Segundoopromotor,aquestãoambientalestáindisso-ciáveldaquestãosocial.“Semalfabetizaçãoecológicanãosepodeimplantarodesenvol-vimentosustentável”,argumenta. Umagravantequedistanciaaspolíti-casatuaisdasustentabilidade,deacordocomPeters,éafilosofiade‘cadaumporsieoplanetaportodos’emumasociedadequefavoreceoindividualismoecolocaoconsumo como característica de status.“É impossível se chegar ao desenvolvi-mentosustentávelsemacriaçãodeumaverdadeiraconsciênciaaltruísta,generosaehumanitária”,afirma.“Masumacoisaécerta:essemodeloéoúnicoquelevaemconsideraçãoasnecessidadesdaspróximasgeraçõese,porisso,éprecisolevá-loemconta”,conclui. Desenvolvimento sustentável tam-béméamelhormedidaasertomadadeacordo com Grimm. “Devemos encararosdadosdoIPCCcomoumamotivaçãopara adotar políticas que diminuama emissão desses gases”. A professoradefende a análise minuciosa dos dadospara que se diferenciem os fenômenosnaturaisdaquelescausadospelohomem,o que poderia implicar em confusão naadoçãodemedidas. “Temosque reduziros impactos causados pelo homem, porisso,nãodevemosconsiderarasvariaçõesnaturaisdoclima”,explica. As previsões são pessimistas, mas háações simples que podem ser adotadaspara, ao menos, minimizar os efeitos doaquecimentoglobal.Preferircarrosaálcoole transporte coletivo, comprar madeirade áreas reflorestadas, plantar árvores,economizarluzeáguasãoapenasalgumasdelas. Bigarella defende que esse tipo deconscientizaçãoeeducaçãoambientaldevevirpormeiodatelevisão,depreferênciaemhorárionobre.Peters,semcitarummétododeconscientização,salienta:“nãohámu-dançavindadoglobalparaoindividual,sódoindividualparaoglobal”.

Naproporçãoemqueestamosconsumindo,

époucoprovávelqueohomemconsiga

atingirasmetaspropostaspelaONU”

“João José Bigarella,

professoremMineralogiaeGeologiaEconômicadaUFPR

O resultado do 22ª Prêmio JovemCientista do CNPq (Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tec-nológico), divulgadonodia6demarço,premiou duas alunas da UFPR: AnnaCarolinaReinert,graduadaemBiologiaemestrandaemEcologia,eMarcelaGalvãoBernardi, acadêmica do quinto ano dePsicologia e formadaem JornalismopeloCentroUniversitárioPositivo(UnicenP).

AnnaCarolinaganhouodiplomadereconhecimentonacategoria graduadocomoprojeto“Im-pactoantropogênicodos ruídosproduzi-dosporembarcaçõessobreumapopulaçãodebotocinzanoes-

tadodoParaná”.SoborientaçãodoprofessorEmydgioMonteiroFilho,AnnapesquisouoimpactodobarulhodosbarcossobreosbotosnabaciadeParanaguáeosresultadosobtidoscomprovarama interferênciadapresençahumananacomunicaçãodosanimais.ApesquisaéaprimeiradessetiporealizadanoParanáeaterceiranoBrasil. Jáotra-balhodeMar-cela,intitula-do “Educo-municação:umapropostaparaaeduca-ção ambien-tal”, foi o terceiro colocadonacategoriaestudantedeensinosuperiorepropunhaousodaEducomunicação(linhadepesquisaqueestudaepromoveeducaçãopormeioda comunicação)para a conscientizaçãoecológicadecrianças.ComacolegaThaissaMartiniuk,doUnicenP,aestudantedesen-volveuumprogramade rádio,oRecreioNatureza, comuma turmada4ª sériedaEscolaMunicipalPrefeitoOmarSabbag. Oprêmio,umdosmais importantesdacomunidadecientificanaAméricaLa-tina,foicriadopeloCNPqem1981,comoobjetivodeincentivarapesquisanoBrasil.Além do reconhecimento nacional e deumapremiaçãoemdinheiro,asganhadorasterãoseustrabalhospublicadosemumlivrodoCNPq,que reunirá todosos projetosvencedoresdesseano.

Alunas da UFPR entre os ganhadores do

Prêmio Jovem Cientista

Cristiane lourenço santos

AnnaCarolinaReinert

Car

los

Deb

iasi

MarcelaGalvãoBernardi

Car

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Deb

iasi

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Comunicaçãoabril de 20074 ufpr/política

Desdeocomeçodesteano,adiretoriadaUniãoNacionaldosEstudantes (UNE)disputa,judicialmente,odireitodetransferirsuasededeSãoPauloparaoRiodeJaneiro.Enquantoospapéiscirculamnojudiciário,alguns estudantes de-cidiram tomarmedidasmenosburocráticas:es-tãoacampadosnoterre-nodoFlamengodesdeodiaprimeirodefevereiro,data de encerramentodaVBienaldeArte eCulturadaUNE. O início da mobi-lização, liderada pela‘Majoritária’ (um dosgrupos ideológicos domovimento, compos-to pela juventude doPCdoB,aUniãodaJu-ventude Socialista esimpatizantes),foimarcadoporumatoquelevoudoismilestudantesdaLapaaobairroqueabrigaaantigasedecarioca.MembrodaMajoritária,o1ºtesoureirodaentidade,Bruno Vanhoni, considera a mobilizaçãocrucial. “Já tínhamos tentado de várias

formas dentro da legalidade, mas nuncaresolvíamosoproblema”,diz. A manifestação, no entanto, causoucontrovérsiadentrodoprópriomovimentoestudantil. Setores da entidade, princi-

palmenteaquelesquecompõemaFrentedeOposiçãodeEsquerdadaUNE(FOE-UNE),que tem divergênciasclaras em relação àMajoritária, criticamo ato por achar queele tem um caráterdespolitizante. Para aestudante da Univer-sidade de São Paulo(USP) e diretora deUniversidades Públi-casdaUniãodosEstu-dantes,MaíraTavaresMendes, a prática da

Majoritária,emtodososespaçosdomovi-mento,temsidodeesvaziamentodocon-teúdopolítico.Aestudantecompareceuaoatodemobilizaçãoelamentaque,noanoemqueaUNEfaz70anos,suahistóriaseja“relembradaerasgadaaomesmotempo”.

POLÍTICA ESTUDANTIL Estudantes ocupam terreno no Rio de Janeiro em mobilização para ‘voltar pra casa’

UNE briga para retomar antiga sedeUNE e Globo

Outro fator de polêmica entre osestudantes presentes na V Bienal deCultura eArtedaUNE foi o patrocíniodaRedeGloboaoeventodomovimentoquetemcomoumadasbandeirasdelutaademocratizaçãodacomunicação.Algunsestudantestentaramfazerumprotestoaoapoio, carregando faixas com os dizeres“Globo+UNE=$”,masforamvaiadospor outro grupo e tiveram uma de suas

faixasroubadaserasgadas. O estudante de jornalismo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF),Luiz Fernandes, estava presente na ma-nifestaçãoecriticaaatuaçãodaUNE.“Écontraditórioalguémnotrioelétricofalarem democratização da comunicação aomesmo tempo em que éramos vaiados eagredidos na platéia, por denunciar algoqueelesnãoqueriamaceitar”.

Naiady Piva

A União Nacional dos Estudantes foi fundada em 1937 como organização de luta dos estudantes. Incendiada pelo regime militar em 1964, a sede carioca no bairro do Flamengo é utilizada desde a década de 80 como um estacionamento clandestino. Apesar de o caso ainda estar em disputa judicial, já existe até projeto de um prédio de 13 andares para a nova sede, feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Para a construção do edifício, a UNE pretende

Lamentoque,noanoemqueaUNEfaz70anos,suahistóriaseja

relembradaerasgadaaomesmotempo.”

“Maíra Tavares MeNdes,

diretoradeUniversidadesPúblicasdaUniãodosEstudantes

contar com apoio do Governo Federal. Bienalmente, a entidade promove dois grandes fóruns: o Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) e o Congresso Nacional da UNE (Conune). No primeiro, é votada e decidida a política do movimento para os dois anos seguintes e cada Centro Acadêmico do Brasil tem direito a ser repre-sentado por um delegado. No segundo, acon-tece a eleição da diretoria da entidade por meio de representantes eleitos nas universidades.

Fábio PuPo

AAssembléiaLegislativadoParanáécompostapor 54 deputados. No dia 5 de março, todos elesvotarama favordeumaproposiçãoque tornouopresidente venezuelano Hugo Chávez ‘persona non grata’noParaná.Aautoriadapropostaédodeputadoestadual Ney Leprevost (PP) e foi aprovada por umabancadademaioriaaliadaaogovernoRequião(PMDB),que,ironicamente,éamigodeChávez. OgovernadordoParanáteria,segundoalgunsdepu-tados,criticadoosparlamentaresque,pordistração,nãosemanifestaramcontráriosàpropostanomomentodavotação.OdeputadoJocelitoCanto(PTB)confirmaadesatenção.“Foium‘cochilo’.Umerrodetodos,inclusivemeu.NuncavotariacontraoChávez.Eletemdefeitoscomoqualquerpolítico,maséumlutadordopovo”,diz. AproposiçãodeLeprevostéumrequerimentoe,porisso,nãoprecisouestarnaOrdemdoDia24horasantesdavotação,nemprecisoupassarpordiscussãoentreosparlamentares.“Comcerteza,oprocedimentodavotaçãofoidecisivoparaqueapro-postafosseaprovada.Masnadafoifeitoàsescondidas,porqueminhapropostasaiunavésperadavotaçãonaGazetadoPovo,nacolunadepolíticadoCelsoNascimento”,diz.

Deputados ‘cochilam’ e declaram Hugo Chávez persona non grata ‘sem saber’

Poucomudanotratamentodoestadoaopresidentevenezu-elano.OdeputadoLeprevostdizqueatitulaçãoaCháveztemcomoobjetivo o repúdio a governos antidemocráticos. “O requerimentotemumaveiadeprotesto,erepudiaalinhaantidemocrática.Nãose

trataderepúdioàdireitaouàesquerda,massimagovernostotalitários”,esclareceuodeputado.

OdeputadoestadualdoPMDBelíderdogovernonaAssembléiaLegislativadoParaná,LuizClaudioRomanelli,em artigo publicado no portal do governo do Paraná,

defendeuChávez.“OpresidenteHugoChávez(...)fazumgovernodeconquistassociaissemprecedentesnaVenezuela.ÉumparceirodoParaná.Vamoscorrigiressaadmoestação–censura–feitapelaAssembléiaLegislativa”,escreveu. Para os deputados aliados a Requião, sobrou abroncadogovernador.ParaLeprevost,congratulaçõeseumaameaça.“Alguémligouparaminhaassessorafalando

que,senãoparassedemexercomoChávez,euestariacomosdiascontados.MaseujáacioneiaPolíciaFederalenãome

preocupocomisso”,declara.Natentativadereverteroerro,Joce-litoCantopensouemproporotítulodecidadãohonorárioaHugoChávez,masdesistiudaidéia.“Agoraestamosprocurandoummeiojurídicodeconsertarisso”,afirma.

UNE: prédio, fóruns e história

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Comunicaçãoabril de 2007geral 5

ABORDAGENS VIOLENTAS Cidadãos se dividem entre o medo dos bandidos e o medo da polícia

“Mãos na cabeça! Isto é uma geral” “Enquantonãoestiverescrito‘bandido’na testa dos bandidos, eu vou continuarfazendo abordagens”, afirma a delegadaAndréiaLazzarotto,comandantedo4ºEs-quadrãodoRegimentodePolíciaMontada.Respaldadapeloartigo244doCódigodeProcessoPenal(buscapessoalindependentedemandatoemcasodesuspeitafundada),ela expressa seu posicionamento sobre asatuações da polícia, que, por vezes, sen-tenciamseminvestigaçãoprévia.Exemplodisso sãoosquatropoliciaispresos,nestemês,nomunicípiodeAlmiranteTamanda-ré,porteremagredidoumdentistaduranteumaabordagem. Ocasoéoterceiroregistrodeviolên-ciapolicialnolocalapenasduranteomêsdemarço.AlídercomunitáriaIlmaSan-tos,membrodoMovimentoNacionaldeLutapelaMoradiaemAlmiranteTaman-daré,dizqueessanãoéumaocorrênciaisoladaerelataumaaçãoemquequatromeninos a caminho de uma festa forambaleadospelas costasporpoliciais. “Issosempreacontece.Queperigoelesrepre-sentavampara levartirospelascostas?”,indaga. Segundo ela, as pessoas reagemà aproximação de policiais com medo.“Quandodáprafugir,apessoafoge.Todomundosabequeacordaarrebentanoladomaisfraco,que,nocaso,éonosso”.

Ronda Ostensiva deNatureza Especial

OarquitetoLeandroLobo,quetrabalhanoLargodaOrdem,revelaquejápresencioucasosdeagressõesdesnecessáriasno localfreqüentadoporpessoasdevárias ‘tribos’,ondegeraisdapolíciasãofreqüentes.“JáviaRone(RondaOstensivadeNaturezaEspe-cial)escoltaratorcidadoCoritibaedisparartirosdeborrachaquandoaspessoascome-çaramagritarhinos”.Testemunhadecenasdeviolência,Loboaindaassimnão sedizcontraasabordagensseveras.“Minhavidanãomudariaporterlevadoum‘esporro’deumpolicial,masavidadeumpolicialpoderiamudarcasoeledessemoleprabandido”.Oarquiteto,quejásentiunapeleapressãodeumageral(box),nãoescondeoreceiodesernovamentevítimadeinvestidasdepolicias.“EutenhomedoqueaRoneachequeestoumecomportadode formasuspeitaquandoelespassamdomeulado”,afirma. PorconsideraraRondaumamodalidadedepoliciamentoparacasosmaisgraves,ge-ralmenteemlugaresperigosos,o2ºtenente

Telles do Quartel do Comando Geral daPolíciaMilitar,defendeas açõesdaRone.“Nessas abordagens, se eles vacilam, elesdançam”,afirma.Emdefesadasabordagenspoliciais,Tellesdizaindaqueaimagemdapolíciaédepreciadapelamídia.“Seocorreralgumerropolicialqueresulteeminocenteatingidoporbalaperdida, issoénoticiadopordias;massealgumpolicialajudaalguém,ganhanomáximoumanota”,diz.

Emuma sexta-feira,porvoltadameia-noite,euestavacomcincoamigosnumbarzinho em frente àPontifíciaUniversidadeCatólica(PUC).Está-vamosparairemboradivididosemdoiscarrosquandoumaviaturaparouatrásdenós,ligouassirenesemandoutodossaíremdosveículos.Eunãoacheiquefossealgosérioefiqueinocarro.Umdosmeusamigosmechamouequandodesci,deidecaracomumpolicialar-madogritando:“Mãonacabeça!Mãona cabeça!”. Naquele momento sófaltavaeu.Todososoutrosjáestavamnaparedecomasmãosnanuca. Eram dois policiais de arma empunho.Revistaramumporum.Nãopediram documentos, a não ser dosmotoristas.Comoeunãodevianadaaninguém, olhei para trás eumdospoliciaischamouaminhaatenção:“Eumandei você olhar pra trás?Baixaacabeça!”.Deramum‘esporro’emtodomundo,tipoliçãodemoralmesmo. NosbaresdaPUCécomumver‘playboys’, com carros ‘tunados’,porta-malasabertoesomalto.Éco-mumtambémverviaturaspassando.Asensaçãoqueeutive,équenumadessas‘passadas’ospoliciaisresolve-ramdarumsustonos‘playboys’.Nãoestávamos fazendonada.Nãohaviaporta-malas aberto. Não havia somligado.Estávamossaindodolocal.Jánãohaviamovimentonarua,porqueeratarde.Seiqueelesforamagressivosdemaisporquealinãohavianenhum‘playboy’e, lógico,nenhumbandido.Masaomesmotempo,eunãopossocriticaraatitudedospoliciaisdema-neirageneralizante. Só acho que, no meu caso, elesqueriambotarbanca.”

Leandro Lobo,arquiteto, testemunha e vítima de

atuações violentas da polícia

Largo da Ordem: espaço de várias tribos e atuações policiais

Gio

vana

Rua

ro

Comportamentos que ‘acusam’

DeacordocomadelegadaLazzarotto,apolíciaprocuraporumdeterminadoeste-reótipodesuspeitonasaçõesdeabordagem.“Não saímosporaí revistandoaspessoas,buscamossuspeitosquegeralmenteseguemum determinado padrão: estão em localinapropriado, de pouca iluminação, comvestimentaforadospadrõesdasociedadee,principalmente,reagemàabordagem”,afir-ma.Questionadasobreacusaçõesdeabusodeautoridade,adelegadaexplicaque,emtodososlugaresdomundo,apolíciautilizaumaarmanamãoparaabordarpessoase,caso sejapreciso, sedefenderdepossíveisataques.“Masissonãoimplicaemviolên-cia”,afirma.“Temossiméqueserfirmesparaapessoaabordadasesentiracuadae,assim,nosrespeitareobedecernossaordem”,diz. PedroBodê,sociólogo,coordenadordoGrupodeEstudosdaViolênciaemembrodacoordenaçãodaCátedraUnescodeCulturadaPaz,consideraqueapolíciacumpreumafunção historicamente constituída. “Naépoca dos escravos, os capitães do matoprotegiamosbensdopatrão;naditadura,asautoridadesatendiamosinteressesdequemestavanopoder;ehojeapolíciadefendeopoderdaminoriarica:protege-osdamaioriapobre”,conclui.

Suspeitos geralmente seguem um

determinado padrão: estão em local

inapropriado, de pouca iluminação, com

vestimenta fora dos padrões da sociedade

e, principalmente, reagem à abordagem.”

“andréia Lazzarotto,

delegada

raphaeL ramirez

Page 6: Jornal Comunicação

Comunicaçãoabril de 20076 comportamento

EMPREGO PÚBLICO Vale tudo na luta por um lugar ao sol, até abrir mão da vida social

Muito alcança o concurseiro que não cansa

resultado do concurso, percebi que estava tendo queda de cabelo. Não sei o nome da doença, mas é relacionada ao estresse”. Mesmo hoje, morando em Foz do Iguaçu e realizada como técnica da Receita Federal, ela não pára de estudar. “Tenho feito cur-sinho no período da noite e estudado nos finais de semana para o concurso de auditor

fiscal da Receita Fe-deral, que possui me-lhor remuneração”.

A média de tem-po de estudo para conquistar uma a-provação, de acordo com Tàmez, é de dois anos. E os con-curseiros não acham muito. Thais Nunes, professora de curso preparatório e con-curseira, afirma que vai se dedicar quan-tos anos forem pre-cisos para conseguir

uma vaga. Para aqueles que acham loucu-ra abrir mão de tanto tempo de vida só por causa de um emprego, Tàmez argumenta: “Depois que você passar, vai poder fazer todas as viagens que quiser, ir a todas as festas que quiser. E, se ficou solteiro, pode ter certeza que com dez mil reais de salário você não vai ficar sem namorada”.

Com a meta de estudar até passar, os concurseiros de plantão não descansam nem antes da prova. Na do TRF, dia 4 de março, a fila foi enorme: mais de 1.600 candidatos por vaga

Iasa MonIque

Iasa

Mon

iqueO número total de inscritos no último

concurso público do Tribunal Regional Federal (TRF), realizado no dia 4 de mar-ço, foi de 8.118. Esse dado justifica as filas enormes que cercavam os locais de pro-va uma hora antes da abertura dos portões, quando os candida-tos, munidos de apos-tilas e de garrafinhas d’água, preparavam-se para conquistar uma das cinco vagas oferecidas pelo TRF. Ou seja, uma disputa de quase 1.623 candi-datos por vaga.

Se para o vestibu-lar, concurso de con-corrência bem mais amena, muito tempo de preparação é gas-to, o que dizer do preparatório para uma prova com concorrência de quatro dígitos? Força de vontade e muita disposição. Fazer concurso público já virou uma car-reira, uma atividade perma-nente.

concursos, não foi à festa de aniversário da sua mãe, que acontecia na sala de estar, para ficar estudando no quarto. “Eu esta-va há uma semana da prova. Não tinha como ficar tranqüilo sabendo que eu es-taria perdendo tempo”, conta. Caso seme-lhante é o de Alícia Talayer, estudante do segundo ano de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, que passou o carnaval em meio a resumos e vídeo-aulas. “Estudei durante as férias, durante o fe-riado de carnaval; Che-ga uma hora em que os nervos ficam à flor da pele, mas a busca pela autonomia econômica fala mais alto”.

“É necessário todo esse sacrifício e isola-mento, com certeza”, afirma Denise Marques, 27 anos, formada em Design e que há um ano e meio deixou de lado a formação e a vida social para estudar para concurso público. “Quase todo mundo que conseguiu bons resultados passou por situações parecidas”. Marques, que só não deixou de namorar durante a preparação porque o namorado estava estudando também, entrou para a Receita Federal em 2006, mas não sem enfrentar uma pequena crise. “Depois do

Depois do resultado do concurso, percebi

que estava tendo queda de cabelo, por causa do estresse.”

“DenIse Marques,

técnica da Receita Federal

Depois que você passar, vai poder fazer todas as

viagens que quiser, ir a todas as festas que

quiser.”

“Carlos anDré TàMez,

concurseiro e dono de curso preparatório

Heleno Rohn, estudante de Direito da UFPR, afirma, sorrindo: sou concurseiro.

É assim que se chamam as pessoas de-cididas a encarar um período intenso de estudo para conquistar um cargo público.

Concurseiros são es-tudantes, recém-for-mados, empregados ou desempregados; profis-sionais das mais diver-sas áreas que acreditam na estabilidade profis-sional da carreira pú-blica. E para atingi-la, são nacessárias horas de dedicação comple-ta: cursinho preparató-rio, apostilas, inscrições para as provas. Afinal, é o preço que se paga

para conseguir um lugarzinho ao sol na praia do funcionalismo público.

O fascínio pela carreira é conseqüência de fatores como estabilidade no em-

prego, boa remuneração (al-guns cargos chegam a oferecer R$3.900 de salário inicial para nível médio), segurança ou uma carga horária de trabalho pequena. Exemplo das vanta-

gens é o advogado Hilton Benke, de 25 anos, para quem o horário

do emprego é atrativo. “Com uma carga horária tranqüila, posso conti-

nuar a praticar montanhismo”.Na disputa por uma vaga, os con-

curseiros juntam todas as forças e le-vam os estudos a sério. Uma das maio-

res reclamações é a respeito da abdicação temporária da vida social. A apostila vira priorida-de incontestável e eles acabam deixando de lado todo o resto: não saem mais com amigos, não visitam a família, não via-jam, não namoram.

Antes da prova, Carlos André Tàmez, auditor fiscal da Receita Federal e dono de curso preparatório para

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Comunicaçãoabril de 2007 7cultura

ANOS 80 Mais do que uma década, marca de expressão cultural que ainda conquista os adolescentes

A volta da geração Coca-Cola“Meus brinquedos são bem

divertidos. Tenho uns Smurfs, trens e ferroramas que eu ga-nhei de presente do meu avô, nave espacial, playmobil e ah!, um tanque de guerra que dispara míssil!”. A declaração empolga-da vem de Robert Ferreira, um engenheiro de 34 anos que pare-ce criança quando o assunto são os brinquedos dos anos 80, dos quais não se desfez: “Se quebrar o meu robô Arthur eu fico louco da vida!”.

A época do preto e das cores gritantes, da maquiagem pesada e das baterias reverberadas está de volta à moda em todo o mun-do. A década de 80, considerada a mais emblemática dos últimos tempos para uns e o resquício do lixo cultural setentista para outros, ressurge em música, rou-pas e brinquedos. Bandas novas, como The Darkness, Fischerspoo-ner e Interpol, trazem como marca de nascença elementos da música oitentista. Bandas antigas, como RPM e Radiotáxi ressurgem com novos CDs e sucessos do passado.

O retorno da década não apenas res-soa, mas também salta aos olhos. Novas coleções de moda trazem de volta ao guarda-roupa coturnos, polainas, leggings

e saias balonês. Brinquedos antigos foram recriados (Genius, Aquaplay) e coleções de DVDs remasterizam e lançam episó-dios dos seriados de TV que mais fizeram sucesso há vinte anos, como TV Pirata e Armação Limitada.

Todo esse entusiasmo pelos anos 80 tem fundamento. É o que explica o jornalista cultural Abonico Smith: “A tendência de qualquer arte é se contrapor à geração ante-rior e resgatar elementos de vinte anos atrás. Nos anos 90, por exemplo, estava na moda o

resgate da década de 70, e assim por diante”. Ele explica também que essa tendência partiu de quem viveu a época, ou seja, pes-soas na faixa etária dos 30 anos, e que esses, por sua vez, influen-ciaram os jovens que não tinham idade suficiente para lembrar do primeiro Rock’ n Rio.

Em Curitiba, várias pesso-as tiraram proveito da revisão cultural. Bandas locais como Charme Chulo e Denorex 80 são claramente inspiradas nas bandas mais representativas da época. O mesmo acontece com algumas casas noturnas especia-lizadas, como a Layout 80, do empresário Gláucio Gonzaga. “Curitiba tem uma cena de mú-sica eletrônica muito forte, mas, ainda assim, contamos com um público amplo adepto à cultura dos anos 80. Os nossos clientes são basicamente pessoas na fai-xa de 25 a 35 anos e poucos ado-lescentes”, explica Gonzaga.

Mas quando o assunto é re-vival, é preciso muito cuidado para não ex-trapolar. “Qualquer referência usada para criar algo novo é válido; o que não pode é viver no passado”, adverte Smith.

Yuri AlhAnAti

Já é tradição: durante o mês de março, Curitiba abriga o maior festival de teatro da América Latina. A 16ª Edição do Festival de Teatro de Curitiba (FTC) começou no dia 22 e vai até primeiro de abril. Nesse meio tempo, mais de 200 pe-ças podem ser vistas pelo público, entre as montagens da Mostra Oficial, Fringe e Atrações Infantis. A Mostra Oficial, por meio de uma curadoria própria, traz peças de grupos consagrados do teatro nacional e aposta em novos talentos que estão despontando. Já o Fringe adota a mesma proposta do Festival de Edimburgo e dá oportunidade para grupos de todo o país e do exterior se apresentarem. O único critério é que 80% do grupo tenha registro profissional. Por outro lado, as atrações infantis buscam trazer peças que possam ser assistidas tanto por crianças como por adultos. Além dos espetáculos, o público tem a opção de participar dos eventos paralelos, lançamento de livros, exposições, festas, cursos e oficinas. É claro que o Comunicação não ficou de fora do FTC e fizemos a primeira edição de matérias especiais. Confira a cobertura completa do festival feita por nossa equipe no site www.jornalcomunicacao.ufpr.br.

Curitiba em cena: capital é o centro das atenções em artes cênicas

FernAndA trisotto

Daniel Sorrentino

TV Pirata: contava com uma equipe rara de pessoas como Luis Fernando Veríssimo, Laerte e Glauco. Talvez a última comédia realmente anárquica da TV aberta.

The Smiths: a banda britânica provou que seu som é atual, principalmente quando o voca-lista, Morrissey, se lançou em carreira solo com músicas inéditas (o que é raro para artistas da época). Pogobol: um brinquedo sem capacete, sem cinto de segurança, sem freio e sem air-bag. Para recordar o tempo em que as crianças ‘quicavam’ soltas por aí. Rock’ n Rio: ganhou edições em outros lugares do mundo, para o espanto de quem se apegava ao nome. Ainda é um dos maiores festivais do país (quando resolvem fazer). All Star: ficou famoso por ser o calçado da juventude consciente e politizada, mas hoje é propriedade da Nike, que já estava cansada de ser chamada de porca capitalista.

Ursinhos Carinhosos: desenho maniqueísta sobre ursinhos que se descabelavam ao ver índices baixos no medidor de carinho. O poder emanado de suas barriguinhas inspirou os demoníacos Teletubbies. Radiotáxi: ninguém gostava nos anos 80, por isso, é um mistério o ressurgimento da banda que não deixa lembranças nem suces-sos. Circo Voador: só porque grandes nomes se revelaram na minúscula tenda de espetácu-los no Arpoador, foi superestimado e é considerado lugar de honra.

Polaina: pra quê, afinal de contas? Genius: precursor do videogame, emitia luzes e barulhinhos irritantes por toda a eterni-dade ou até que se errasse a combinação estipulada.

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Comunicaçãoabril de 20078 esportes

Abandonado após a saída da equipe de vôlei feminino do Rexona/Ades, em 2004, o ginásio de desportos Professor Almir Nelson de Almeida (ginásio do Tarumã) tornou-se alvo de atos de vandalismo, es-pecialmente pichações, e deteriora-se de-vido à falta de manutenção. O local está interditado desde julho de 2006, quando a Secretaria Estadual de Obras Públicas (co-nhecida na época como Departamento Es-tadual de Compras, Obras e Manutenção) alegou que o prédio estava condenado, com seis vigas de sustentação comprometi-das, goteiras, problemas de esgoto, além do telhado estar podre.

O centro esportivo já foi referência nacional para o voleibol de 1997 a 2004, época em que era sede da equipe feminina do Rexona/Ades, além de abrigar projetos sociais voltados para crianças, mantidos pela empresa multinacional patrocinado-ra, Unilever, e pelo instituto Comparti-lhar (uma iniciativa do treinador do pró-prio time e da Seleção Brasileira de vôlei masculino, Bernardinho). As atividades chegaram a render ao ginásio o título de ‘centro de excelência em voleibol’, mas o crescimento dos projetos levou à transfe-rência da equipe de Curitiba para o Rio de Janeiro.

Os efeitos da mudança são sentidos

especialmente pelo Internúcleo de vôlei do Rexona/Ades no Paraná, projeto que visa ensinar a crianças o esporte aliado a valores morais e que, devido às más con-dições do ginásio, teve que encontrar ou-tro local para a realização dos treinos, o Centro de Capacitação Esportiva (CCE). O lugar menor fez com que a capacida-de de atendimento às crianças caísse de 1000 para 800 vagas. Segundo a coorde-nadora do Internúcleo, Dora Castanhei-ra, a saída do Tarumã foi necessária. “A madeira estava podre, podia machucar alguém”, afirma.

Os moradores da região também sen-tem o abandono do local. “É um absurdo um ginásio desses estar fechado”, diz o mo-rador Lourival de Jesus, dono de uma ban-ca de revistas que fica ao lado do Tarumã. De Jesus conta que pais ansiosos para que seus filhos treinem vôlei freqüentemente procuram o ginásio e voltam frustrados para casa. “Ninguém aparece para dar uma explicação para eles”, revela o dono da banca, que também se preocupa com a segurança dos moradores. “Depois das 10, 11 horas da noite, é muito perigoso passar na frente do ginásio”, completa.

A responsabilidade sobre o Tarumã é, atualmente, da Paraná Esportes, divi-são do governo estadual que organiza os

Com o apoio da iniciativa privada e do técnico Bernardinho, o projeto Rexo-na/Ades, iniciado no Paraná, ampliou-se e alcançou os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Só na cidade de Curi-tiba, a iniciativa ajuda mais de 1000 crianças e a sede principal, o CCE, foi cedida pelo governo estadual. O projeto perdeu bastante com a saída do Taru-mã, já que deixou de atender cerca de 200 crianças, mas a capacidade inicial foi restaurada com a abertura de mais um núcleo, no campus da Universidade Tuiuti do Paraná.

A matéria completa sobre o projeto Internúcleos do Rexona/Ades pode ser conferi-da no site www.jornalcomunicacao.ufpr.br, editoria de Esportes.

GINÁSIO DO TARUMÃ Não há previsão para que o centro de excelência do voleibol volte a sediar eventos esportivos

projetos esportivos no estado. De acordo com Adriano Rattmann, coordenador de Comunicação e Marketing da Paraná Esportes, está sendo desenvolvido um es-tudo pela Secretaria Estadual de Obras Públicas que deve culminar em uma li-citação para a realização das reformas. A intenção, segundo Rattmann, é retomar projetos voltados para crianças do ensino público e, se possível, abrigar novamente um time profissional de vôlei. “Mas para que Curitiba tenha uma nova equipe pro-

Projeto Internúcleos do Rexona/Ades

Danilo Hatori

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Ginásio do Tarumã interditado há oito meses

fissional, é preciso a intervenção da ini-ciativa privada”, diz.

Em função da mudança de secretariado na Secretaria Estadual de Obras Públicas, os dados do estudo para as obras no ginásio do Tarumã só estarão disponíveis a partir do dia 28 de março. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria, depois disso, o novo secretário, Marcelo Almeida, deve analisar custos e prazos para a realização das reformas necessárias.

Localizado na Av. Victor Ferreira do Amaral, o Ginásio do Tarumâ está abandonado e sem manutenção desde julho de 2006. Virou alvo de vândalos