Jornal do Ténis - 1/10/2010

8
Dosonhoaoatual purgatório docasal “luso-americano” No final de 2007, Michelle Larcher de Brito e Gas- tão Elias esta- vam na linha da frente do ténis juvenil mundial e conquistavam os importan- tes títulos do Orange Bowl e do Eddie Herr In- ternational. Cerca de três anos volvidos, com falta de confiança e lesões à mistura, os dois namorados tentam libertar-se do impasse em que se encontram as respetivas carreiras. FERNANDO CORREIA FERNANDO CORREIA PRÓXIMA EDIÇÃO 15 de outubro Este número do Jornal do Ténis/Record faz parte integrante do n.º 11.496 de 1 de outubro 2010 e não pode ser vendido separadamente TaçaDavis SeleçãosofreunoJamor–mas bateurecordehistóricocom umaquartavitóriaconsecutiva quevaleuasubidadedivisão Um ano após a criação do CAR no Jamor, João Cunha e Silva analisa o trabalho que tem sido desenvolvido – insistindo na criação de uma mentalidade de ambição na formação de jovens com aspirações a singrarem no circuito profissional. E assume que a única pressão que sente é a da sua própria responsabilidade. Cunha eSilva fazbalançoao CentrodeAltoRendimento FERNANDO CORREIA PUBLICIDADE TaçaDavis SeleçãosofreunoJamor–mas bateurecordehistóricocom umaquartavitóriaconsecutiva quevaleuasubidadedivisão

description

Jornal do Ténis - 1/10/2010

Transcript of Jornal do Ténis - 1/10/2010

Page 1: Jornal do Ténis - 1/10/2010

Dosonhoaoatualpurgatóriodocasal“luso-americano”No final de2007, MichelleLarcherdeBrito eGas-tão Eliasesta-vam nalinhadafrentedoténis juvenilmundial econquistavamos importan-tes títulosdo OrangeBowl edo EddieHerr In-ternational. Cercade trêsanosvolvidos, comfaltadeconfiançae lesõesàmistura, osdoisnamorados tentam libertar-sedo impasseemqueseencontram asrespetivascarreiras.

FERN

ANDO

CORR

EIA

FERN

ANDO

CORR

EIA

PRÓXIMAEDIÇÃO

15 deoutubro

Este

núm

ero

doJo

rnal

doTé

nis/

Rec

ord

faz

parte

inte

gran

tedo

n.º1

1.49

6de

1de

outu

bro

2010

enã

opo

dese

rven

dido

sepa

rada

men

te

TaçaDavisSeleçãosofreunoJamor–masbateurecordehistóricocomumaquartavitóriaconsecutivaquevaleuasubidadedivisão

Um anoapósacriaçãodoCARnoJamor,JoãoCunhaeSilvaanalisaotrabalhoquetemsidodesenvolvido– insistindonacriaçãodeumamentalidadedeambiçãonaformaçãodejovenscom aspiraçõesasingrarem nocircuitoprofissional. Eassumequeaúnicapressãoquesenteéadasuaprópriaresponsabilidade.

CunhaeSilvafazbalançoaoCentrodeAltoRendimento

FERN

ANDO

CORR

EIA

PUBLICIDADE

TaçaDavisSeleçãosofreunoJamor–masbateurecordehistóricocomumaquartavitóriaconsecutivaquevaleuasubidadedivisão

Page 2: Jornal do Ténis - 1/10/2010

02 Sexta-feira, 1 deoutubrode2010

TÉNISNATV

Querumoseseguirá?

Match-point JOÃO LAGOS

ETERNIDADE. Começo aperder conta às vezes que,ao longo dos últimos meses,alguns leigos me referiramque “o Federer está acaba-do” ou que “o Federer nãovai ganhar mais nada”. E dis-cordo, sublinhando que osuíço esteve no mais elevadodos cumes durante maistempo do que qualquer ou-tro fora-de-série, que é nor-mal a erosão do tempo e do

sucesso, que (ainda) é núme-ro três mundial e que estevea dois match-points de jogara final do Open dos EstadosUnidos. Os campeões mere-cem mais respeito e não soutão cruel para eles – irei vê-los onde quer que joguem,nem que seja num qualquercourt 13 e bem fora do top100. Nem julgo regressoscomo o do austríaco Tho-mas Muster, que não ganha

um encontro no circuitoChallenger, ou da japonesaKimiko Date-Krumm, queaos 40 anos até ganha a Ma-ria Sharapova – tal comonão julguei o regresso dosueco Bjorn Borg, com umaraqueta de madeira, no iní-cio da década de 90. Paramim, os campeões são e se-rão eternos: aquilo que elesganharam nunca ninguémlhes irá retirar.

LIVREARBÍTRIO

MIGUELSEABRA

Director: João Lagos. Director adjunto: Rui Oliveira. Editores: Miguel Seabra (JT) e Norberto Santos (Record). Redacção: Manuel Perez, Pedro Carvalho e Carlos Figueiredo.Fotografia: Fernando Correia (editor JT), Paulo César (editor Record) e Gianni Ciaccia. Departamento Gráfico Record: Eduardo de Sousa (director de arte), João Henrique,José Fonseca e Pedro Almeida (coordenadores gráficos), Cristiano Aguilar (editor Infografia) e Nuno Ferreira (coordenador digitalização).Redacção e Publicidade: Rua da Barruncheira, 6, 2790-034 Carnaxide Telefone: +351 21 303 49 00. Fax: +351 21 303 49 30. E-mail: [email protected]

A recente subida de Portugal aoGrupo I da Zona Europa/África-Taça Davis deixou bem patenteque a força do selecionado por-

tuguês, que não possui estrelas que pos-sam marcar a diferença, assenta na coe-são, homogeneidade do grupo e espíri-to de equipa que se vive no seio da Se-leção, algo que é de louvar. Para issocontribuiu seguramente um trabalho deconjunto, cuja liderança tem sido assu-mida e muito bem pelo presidente da Fe-deração Portuguesa de Ténis, José Ma-ria Calheiros, ao apostar forte na digni-ficação das provas intersseleções (TaçaDavis e Fed Cup), mas muito bem se-guido por uma gestão eficaz do pontode vista técnico e psicológico pelo sele-cionador nacional Pedro Cordeiro, cujaexperiência competitiva, companheiris-mo e sensibilidade de liderança têm sidodecisivos no fortalecimento do sentidode coesão que se vive na seleção.

M as não só. Pessoalmente estouconvencido de que os muitosmeses que alguns dos selecio-nados (Gil, Machado, Sousa)

vivenciaram em conjunto na mesma es-trutura de treino teve também o seu efei-to na aproximação relacional dos joga-

dores e consolidação do espírito de so-lidariedade que evidenciam.

Éevidente que, como em qualqueroutro tema, as opiniões divergem,havendo quem advogue outros ca-minhos que não o da concentra-

ção dos melhores valores nacionaisnuma mesma estrutura de treino.Exemplo paradigmático de divergênciaé a dos irmãos McEnroe, com Patrick(selecionador nacional e responsávelpelo programa de alta competição daUSTA) a advogar um rumo de concen-tração e dedicação total ao ténis desdecedo, enquanto o carismático John(vencedor de 7 Grand Slams) acaba delançar a sua própria academia em NovaIorque, defendendo um envolvimentoprogressivo que permita aos jovens al-guma liberdade de vida e a prática si-multânea de outros desportos.

A divergência parece-nos, contu-do, meramente aparente, existin-do valências em ambas as vias,que são complementares na me-

dida em que os atletas não deixam de serpessoas, naturalmente com característi-cas diferentes, podendo adaptar-se me-lhor a um sistema ou outro conforme aidade e enquadramento familiar ou so-

cial em que se inserem. Contudo, nocaso de Portugal, onde a massa crítica émuito pequena (estamos a falar de me-nos de uma dúzia de atletas) e o espaçogeográfico diminuto, defendemos comgrande convicção a concentração numamesma estrutura de treino.

Recebemos assim, com algumapreocupação, as notícias do“desmembramento” do gruposob a batuta de João Cunha e

Silva, com cada um agora preocupado econcentrado nos seus objetivos pes-soais… como se tais objetivos pudessemser prejudicados numa estrutura comum,que é perfeitamente conciliável com aafetação de técnicos diferentes no acom-panhamento mais direto aos atletas. É“só” uma questão de existirem mais oumenos recursos financeiros disponíveisnessa estrutura, que deverá albergar tan-to quanto possível os melhores técnicosnacionais. Uma coisa é certa: perder-se-ão seguramente objetivos comuns en-quanto grupo, designadamente em ter-mos de planeamento, o que poderá terreflexos na Taça Davis, onde o sucessode Portugal está muito dependente daforma e motivação com que os atletaschegam às eliminatórias… �

CARL

OSRO

DRIG

UES

Nota: a programação é fornecida pelos respectivos canais, pelo que quaisquer altera-ções de última hora são da inteira responsabilidade dos emissores.

TAÇA DAVIS. Espírito de equipa e homogeneidade caracterizam Seleção Nacional masculina

1/10 9:00h-12:00h WTA Tour Tóquio – ½ Finais2/10 9:00h-11:05h WTA Tour Tóquio – Final4/10 8:00h-14:15h WTA Tour Pequim – 1º Dia5/10 8:00h-14:15h WTA Tour Pequim – 2º Dia6/10 8:00h-14:15h WTA Tour Pequim – 3º Dia7/10 8:00h-14:15h WTA Tour Pequim – 1/8 Final8/10 7:30h-14:15h WTA Tour Pequim – ¼ Final

16:00h-18:00h WTA Tour Pequim – ¼ Final23:00h-0:30h WTA Tour Pequim – ¼ Final

9/10 8:00h-12:00h WTA Tour Pequim – ½ Finais15:30h-17:00h WTA Tour Pequim – ½ Finais

10/10 12:30h-14:30h WTA Tour Pequim – Final11/10 12:15h-13:30h WTA Tour Pequim – Final13/10 13:00h-18:45h WTA Tour Linz – 3º Dia14/10 13:00h-18:45h WTA Tour Linz – 1/8 Final

23:45h-0:30h WTA Tour Linz – 1/8 Final15/10 13:00h-20:45h WTA Tour Linz – ¼ Final

23:15h-0:30h WTA Tour Linz – ¼ Final16/10 7:35h-9:00h WTA Tour Linz – ¼ Final

11:00h-13:00h WTA Tour Linz – ¼ Final13:00h-14:45h WTA Tour Linz – ½ Finais17:30h-18:30h WTA Tour Linz – ½ Finais

17/10 15:00h-16:30h WTA Tour Linz – Final

7/10 8:00h-11:30h ATP 500 Pequim – 1/8 Final1:00h-1:30h ATP Champions Tour Bélgica – Resumo

8/10 7:30h-11:00h ATP 500 Pequim – ¼ Final4:00h-6:00h ATP 500 Tóquio – ½ Finais

10/10 18:00h-19:50h ATP 500 Pequim – Final11/10 7:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – 1ª Ronda12/10 7:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – 1ª e 2ª Ronda13/10 7:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – 2ª Ronda14/10 7:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – 1/8 Final

23:00h-1:00h ATP 1000 Xangai – Melhor Encontro do Dia15/10 7:00h-10:00h ATP 1000 Xangai – ¼ Final

10:00h-10:30h ATP World Tour Uncovered11:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – ¼ Final

6/10 19:00h-19:30h ATP Champions Tour Bélgica – Resumo22:00h-22:30h ATP World Tour Uncovered

7/10 12:30h-14:30h ATP 500 Pequim – 1/8 Final14:30h-16:30h ATP 500 Tóquio – 1/8 Final16:30h-17:00h ATP World Tour Uncovered

8/10 12:30h-14:30h ATP 500 Pequim – ¼ Final14:30h-16:30h ATP 500 Tóquio – ¼ Final16:30h-17:00h ATP Champions Tour Bélgica – Resumo

9/10 6:00h-7:30h ATP 500 Tóquio – ½ Finais7:30h-9:30h ATP 500 Pequim – ½ Finais12:30h-14:30h ATP 500 Pequim – ½ Finais19:50h-21:30h ATP 500 Tóquio – ½ Finais21:30h-23:20h ATP500 Pequim – ½ Finais

10/10 23:00h-1:00h ATP 500 Pequim – Final12/10 16:00h-17:40h ATP 1000 Xangai – 1ª Ronda

17:40h-18:40h ATP 500 Tóquio – Resumo13/10 16:20h-18:00h ATP 1000 Xangai – 2ª Ronda

18:00h-19:00h ATP 500 Pequim – Resumo0:40h-1:10h ATP World Tour Uncovered

14/10 18:30h-19:00h ATP World Tour Uncovered20:40h-21:40h ATP 500 Tóquio – Resumo21:50h-22:50h ATP 500 Pequim – Resumo

16/10 9:30h-11:30h ATP 1000 Xangai – ½ Finais23:50h-2:00h ATP 1000 Xangai – ½ Finais

17/10 9:00h-9:30h ATP World Tour Uncovered9:30h-11:30h ATP 1000 Xangai – Final

10/10 6:00h-7:30h ATP 500 Tóquio – Final15:00h-16:30h Solverde Tennis Cup – Final Feminina16:30h-18:00h Solverde Tennis Cup – Final Masculina

16/10 13:00h-15:00h ATP 1000 Xangai – ½ Finais

Page 3: Jornal do Ténis - 1/10/2010

03Sexta-feira, 1 deoutubrode2010

MANUEL PEREZ

�Cumpriu-se, no passado mês de se-tembro, um ano desde a entrada emfuncionamento do Centro de AltoRendimento (o CAR Jamor Ténis),projeto subsidiado pelo Estado e soba coordenação de João Cunha e Sil-va. O conceituado treinador lisboetatem em mãos mais um desafio. E écom o mesmo espírito de missão quevem sendo bem sucedido noutrosprojetos com a sua assinatura, queespera continuar a cumprir o objeti-vo que lhe foi destinado no CAR: for-mar tenistas profissionais.

Duas dezenas de atletas de ambosos sexos beneficiam do apoio de umaequipa técnica eleita por Cunha e Sil-va, composta pelos treinadores PedroCartaxo e Diogo Mota, e pelo prepa-rador físico Luís Lopes. Aescolha dos

nomes que podem integrar o CARsão da inteira responsabilidade da Fe-deração Portuguesa de Ténis e sur-gem de uma troica constituída pelodiretor técnico nacional, Santos Cos-ta, e pelos coordenadores das Sele-ções, Pedro Cordeiro e Nuno Mota.A Cunha e Silva é-lhe concedido opoder de veto quando alguém nãocumpre os mais diversos requisitos.Jornal do Ténis – O CAR está a cor-responder às expectativas criadasquando aceitou o convite?João Cunha e Silva –A existência doCARpermite, logo à partida, duas outrês coisas que talvez nunca tenhamexistido com este grau de profissio-nalismo. Uma tem a ver com a equi-pa criada sob a minha alçada, numrácio que é imbatível: dois treinado-res e um preparador físico a tempointeiro, supervisionando um grupode atletas. Nesse aspeto, ninguémterá a mesma capacidade de fazerfrente. O projeto assenta no trabalhode grupo, no potenciar de verbas ena oferta de parceiros de treino. Poroutro lado, o trabalho tem sido feitode uma forma competente, com umaequipa jovem – em tempo e em ida-

de – mas que não é estanque. Podemudar a qualquer momento. Essacompetência e dedicação têm sido dointeiro agrado dos atletas e não pa-ram de nos chegar mais candidatu-ras. Por último, é sempre importan-te olhar para os resultados que vãosendo conseguidos para se atingir oobjetivo e é com satisfação que ve-mos atletas ambiciosos e conhecedo-res das dificuldades. Gostava que aspessoas percebessem que também éimportante ajudar a criar uma men-talidade de ambição. Gostava tam-bém de explicar como é inovadoraa nossa forma de estar e a dinâmicado próprio projeto. No que respei-ta, por exemplo, à permanência dosatletas no CAR, não há lugares ca-tivos, sendo todos eles avaliados im-parcialmente. A dinâmica de que

falo, para além da qualidade do tra-balho diário, passa também pelaparticipação em torneios internacio-nais. O dinheiro é do Estado e temde ser bem utilizado.JT –Quais os principais entraves atéagora encontrados?JCS – A grande dificuldade é que abase de recrutamento não é tão alar-gada como se desejaria. Entre 20 atle-tas haverá sempre um ou outro quenão vai dar certo; se tivéssemos 50 se-ria mais fácil dizer que 10 poderiamchegar com êxito ao profissionalismo.JT – Os três técnicos que escolheunão foram do agrado de alguns trei-nadores da nossa praça. Volvido umano, está consciente de que fez aaposta certa nas pessoas certas?JCS – As pessoas têm a liberdade decriticar. A mim foi-me dada liberda-

de de escolher. Se bem que tal tenhaacontecido dentro de um prazo bre-ve, o retorno tem sido o melhor, nabase da dedicação e da competência.Convém referir que não encontramosassim tantos técnicos com um estalardos dedos. Fiz as coisas de uma for-ma digna e competente. Os atletas es-tão satisfeitos e a FPT também.JT –Diz-se que a coordenação técni-ca implica um pagamento mensal de10mil euros.Semsepretenderacon-firmação desses valores, aquilo queimporta saber é se não sente maispressão por estar a trabalhar com di-nheiros do erário público?JCS – A única pressão que sinto é adapessoa responsávelque sou;daqui-lo que me dispus a fazer; e faço galaemdemonstrá-lo. Issoparamiméqueé a grande responsabilidade. �

UmanodeCAR

CUNHAESILVAFAZBALANÇOPOSITIVODEUMANOÀFRENTEDOCENTRODEALTORENDIMENTO

Espíritodemissão

“Aequipatécnicatemumrácioimbatível:

doistreinadoreseumpreparadorfísico”

Instalações emeios para vingar• O Centro de Alto Rendimen-

to estásedeado no Vale doJamore beneficiadas exce-lentes instalações do Com-plexo de Ténis do Estádio Na-cional – que, paraalém dosmuitos campos de terrabati-da, passou a incluir tambémum recinto coberto paraasagruras do inverno desde o fi-nal de 2008. Os jogadoreschamados “residentes” ficamalojados no Centro de Está-gio, naCruz Quebrada, talcomo as outras esperançasdo ténis nacional que ocasio-nalmente se lhes juntam parabeneficiardas condições téc-nicas e de treino.

DEVIDOAHORÁRIOESCOLARTREINA-SEMENOSEMPORTUGALDOQUENOUTRASPARAGENS

Metadedoqueéexigível�No elenco do Centro de Alto Ren-dimento, seis atletas têm estatuto deresidentes (os chamados fixos Fran-cisco Ramos, Vasco Mensurado, Dio-go Rocha, Rodolfo Pereira, JoanaValle-Costa e Bárbara Luz) e há ain-da mais de uma dúzia a trabalhar noâmbito do CAR. No balanço de umano de “trabalho positivo”, João Cu-nha e Silva não deixa, contudo, de la-

mentar o grande empecilho que con-tinuam a ser os horários escolares emPortugal –um problema que se arras-ta há muito e que coloca os despor-tistas portugueses de várias modali-dades em pé de desigualdade com aconcorrência. E Cunha e Silva fazuma interessante interpretação da dis-ponibilidade: “Os atletas treinam-semetade daquilo que podiam. Numa

semana, com apenas um dia de folga,deviam treinar-se 25 horas de ténis,ou seja, no court, e mais o treino físi-co. Isso implicaria uma carga horáriade cinco horas/dia, algo impossívelde concretizar com os horários esco-lares. Se calhar, os nossos jovens fa-zem milagres. Espanhóis e franceses,por exemplo, conseguem atingir es-sas cargas horárias de treino.” �

�Francisco Franco Dias, terceiroclassificado no Europeu de junio-res e campeão nacional desse es-calão, saiu do CAR no final daépoca passada. João Cunha e Sil-va prefere não individualizar qual-quer situação, boa ou má, ocorri-da na estrutura que lidera. Deixa,contudo, a seguinte explicação:“Trata-se de um assunto do forointerno. Como se sabe, o Francis-co até era nosso atleta no CETO.Tenho por ele grande carinho e re-conheço-lhe potencial. Só que aspessoas têm de revelar maturida-de e uma postura adequada paraperceberem o projeto no qual es-tão integradas. No caso dele, nãocumpriu determinadas regras.” �

ASAÍDADEFRANCISCODIAS

Asregrassãoparacumprir

Francisco Dias saiu do CAR

Cunha com Carvalho e Nicau

RESPONSABILIDADEADOBRAR

EntreGil,oCETOeoCARnoJamor� João Cunha e Silva é, provavel-mente, um dos técnicos mais ata-refados do ténis mundial: acompa-nha de perto Frederico Gil; é o res-ponsável geral pelas escolas de té-nis do CETO e o gestor do Centrode Alto Rendimento. �

DESTAQUE.Vasco Mensuradoé uma das vedetasdo CAR

FERN

ANDO

CORR

EIA

FERN

ANDO

CORR

EIA

FOTO

SCA

RLOS

RODR

IGUE

S

CARL

OSRO

DRIG

UES

IDEAIS.Ajudar acriar umamentalidadede ambiçãoé objetivodo técnico

SEM REGALIAS. Não hálugares cativos no CAR

Page 4: Jornal do Ténis - 1/10/2010

04 Sexta-feiTaçaDavisPEDRO CARVALHO (TEXTO), FERNANDO

CORREIA E CARLOS RODRIGUES (FOTOS)

�Após os triunfos sobre Dinamarca(4-1) e Chipre (5-0), a Seleção portu-guesaassinouumatripladevitórias em2010.Nahoradaverdade,oesquadrãocomandado há já seis temporadas porPedro Cordeiro selou o regresso aoGrupo 1 (na verdade, a 2.ªDivisão) damaiorcompetição porequipas do ténismundial, batendo por 3-2 a Bósnia-HerzegovinanoplayoffdoGrupo IIdaZona Europa-África.

O Jamor voltou a ser o palco eleitoparaaeliminatória e o público, à seme-lhança do secretário de Estado da Ju-ventude e Desporto, Laurentino Dias,não faltou à chamada – embora algu-mas “vuvuzelas” pudessem ter contri-buído para galvanizar as hostes lusasapós uma primeira jornada muito difí-cil e um alarme no segundo dia…

Devercumprido.Fosse discutido oconfronto no papel e Portugal ganha-ria todos os embates frente a um quar-teto bósnio em que Aldin Setkic sur-giu como o mais cotado. Todavia, o fa-voritismo nem sempre se confirma,como se viu com Rui Machado. De-masiado ansioso pela longa espera for-

çada enquanto via Frederico Gil lutarquase cinco horas pelo primeiro pon-to, nem os cubos de marmelada aju-daram. Excelentes auxiliares na manu-tenção da condição física, de nada ser-viram para contrariar a indisciplina tá-tica, confessada pelo próprio algarviodepois de entregar literalmente os doisprimeiros sets. Quando “acordou”, jánão foi a tempo de evitar o1-1 ao final do primeiro dia.

Curiosamente, horas antes, mascom Gil, ficou uma imagem algo se-melhante mas em ordem inversa. Fres-co de pernas, mas mais ainda de cabe-ça (depois de em vésperas do estágioter passado preciosos dias em família,intercalados com muito golfe em cam-pos da região de Lisboa), o número 1nacional provou uma vez mais ser ogrande esteio atual da equipa lusa.

Maratona.Mesmo sem viver uma

boa fase a nível individual, o lisboetadefendeu o conjunto com unhas, den-tes e muito suor. Depois de em 2008ter sido derrotado por Roger Federernos quartos-de-final do Estoril Open,Gil vingou esse desaire, também no Ja-mor, mas perante um “clone” do suí-ço: no regresso aos cortes depois de 15meses parado pela operação ao joelhoesquerdo, o gigante Amer Delic(1,96m) viu Frederico entrar demasia-do compenetrado até chegar a quatromatch-points no tie-break do terceiroset. Quis o destino que a situação seinvertesse a partir daí. Desperdiçadasas oportunidades, Delic aproveitou adesaceleração de Gil e falhou por pou-co um amortie que poderia dar-lhedois match-points antes de o portuguêsselar o triunfo na quinta partida.

No sábado, o par assumia contor-nos decisivos. Sem inventar, os capi-tães apostaram nos seus “pontas-de-lança” e Cordeiro colocou no Centra-lito aquela que já é a dupla portugue-sa com os melhores resultados desempre na Taça Davis. Frederico Gile Leonardo Tavares não defrauda-ram, apesar do susto pregado por“Fred” quando, ao sexto jogo do ter-ceiro set, se dirigiu ao banco.

Alarme.Com as bancadas mudas, alinguagem corporal do número 1 nãoera a melhor. Do enfermeiro AbílioCosta recebeu gelo no pescoço e per-nas, enquanto a sua irmã descia aocourt com os chocolates e Coca-Colapedidos pelo capitão para elevar os ní-veis de açúcar. Perante tal cenário, a

desconcentração tomou conta de umaté então afinadíssimo “Leo” e o ter-ceiro set acabou nas mãos do inimigo.O quarto parcial, já com Gil renasci-do, permitiu nova festa lusa, celebran-do-se a conquista do 2-1.

Apesar das 7h02m de ténis nas per-nas, mais o desgaste emocional, PedroCordeiro jamais duvidou da força aní-micado seu número 1 parao diade to-das as decisões. “O Gil é um touro”,garantiu.Aindaassim, entrou“manso”

no terceiro singular e, com o carrascode Machado pela frente, limitou-se acumprir – taticamente perfeito, Frede-rico jogou com a irregularidade natu-ral de Setkic, carimbando o passapor-te de Portugal rumo ao Grupo I. Feitoo 3-1 e para cumprir calendário, JoãoSousa começou por justificar o seubom momento de forma, mas acaboubatido em três sets pelo campeão eu-ropeu de Sub-18 e número 3 mundialde juniores, Damir Dzumhur. �

Oatualnúmero1portuguêssentiu-semalnoencontrodeparesmasrecuperou

PORTUGALBATEBÓSNIA-HERZEGOVINAPARAGARANTIRESPERADOEMERECIDOREGRESSOAOGRUPOI

PORTUGAL3,BÓSNIA-HERZEGOVINA2A FICHA DO CONFRONTOPlayoffGrupo II – Europa/ÁfricaData: 17, 18, 19 de setembro de 2010Local: Complexo de Ténis do Estádio NacionalPalco: Centralito (2.000 lugares)Superfície: Terra BatidaBolas: Head ATP1.º Singular: Frederico Gil (83.º ATP) v. AmerDelic (sem ranking),6-3, 6-4, 6-7(14), 3-6, 9-7 (4:52h)2.º Singular: Aldin Setkic (330.º ATP) v. Rui Machado (124.º ATP), 6-4, 6-3, 1-6, 6-1 (2h46)Par: Frederico Gil/Leonardo Tavares v. AmerDelic/Aldin Setkic, 6-1, 6-4, 4-6, 6-4 (2h50)3.º Singular: Frederico Gil v. Aldin Setkic, 6-4, 6-3, 6-3 (2h19)4.º Singular: DamirDzumhur(1.112.º ATP) v. João Sousa (259.º ATP), 4-6, 6-4, 6-1 (1h45)

Dupla Gil/Tavares deu ascendente

� Pela primeira vez a representar aBósnia-Herzegovina na Taça Davis,Amer Delic deixou de queixo caídomuitos dos que acorreram ao Jamor,tal as semelhanças físicas partilhadascom… Roger Federer. “Gostava deser também comparado pelo ténis,

PARECIDOCOMFEDERER,DEL

Umsósia

MARATONA.Após duelo de5 horas, AmerDelic meteu-seem gelo...

Page 5: Jornal do Ténis - 1/10/2010

05ra, 1 deoutubrode2010 TaçaDavis

mas não se pode ter tudo”, brincouo “norte-americano” adotado desde1996, fugido da guerra no seu país.Aos 28 anos, deu o seu contributo àequipa, embora sem qualquer pon-to conquistado, mas, a par dos jor-nalistas bósnios que estiveram emPortugal, foi uma das melhores fon-tes sobre tudo o que se ia passandono Jamor. Através do seu Twitter,partilhou fotos e informações duran-te todo o fim-de-semana, destacan-do-se a imagem de um banho degelo tomado pelo antigo número 60mundial após as 4h52m do encon-tro perdido para Gil. �

LICFOI DUROANTAGONISTA

noJamor

ESTEIO.Frederico Gil

assegurou os 3pontos do triunfo

� Celebrada a subida de divisão –depois de ter marcado presença noGrupo I pela última vez em 2007– Portugal viu o sorteio ditar umembate na primeira ronda frente àEslováquia (4 a 6 de março de2011). Mais sorte teve ainda pelofacto de voltar a atuar em casa,sendo que no reinado de PedroCordeiro a equipa lusa jamais per-deu jogando dentro de portas.

Todavia, o próprio capitão aler-tou para os perigos do excesso de

confiança, não escondendo algumapreocupação. “Jogar em casa é sem-pre bom, mas é preciso preparareste regresso ao Grupo I com todoo cuidado. É certo que, da parte doseslovacos, a terra batida não é a su-perfície de eleição, mas atendendoà altura do ano, temos de ser caute-losos na escolha do local.”

Público.Cordeiro sublinha que é di-fícil antecipar como os “seus” joga-dores estarão nessa fase da tempora-

da: “Espero poder contar com to-dos.” Para lá da parte competitiva,cujo trabalho de casa começou já aser feito, constatando que LukasLacko (número 1 eslovaco, 72.ºmundial) apenas venceu quatro (em13) encontros em terra batida na pre-sente época, o capitão voltou a dei-xar expresso o desejo de contar commuito apoio do público português.

“Énecessáriopreparar tudoaopor-menoreacreditoquecomotempodeque dispomos isso será possível. Es-pecialmente ao nível da promoção eaté mesmo da recolha de patrocíniosde entidades que possam tornar esteimportante regressoaoGrupoInumamais-valia para todos os intervenien-tes do ténis português.”

Federer?Dentro do corte, os joga-dores farão o seu melhor para con-firmar o favoritismo sobre uma sele-ção frente à qual Portugal perdeu naúnica ocasião em que se defronta-ram... em Trnava, num piso rápido,em recinto coberto e face a oposito-res com credenciais de top 100. Em1996, entãocapitaneadospor JoséVi-lela, três – Nuno Marques, EmanuelCoutoeBernardoMota–doschama-dos Quatro Mosqueteiros perderampor 5-0 para a dupla Karol Kucera(naaltura93.º e futuro6.ºATP) e JanKroslak (89.º), liderada pelo titularolímpico de 1988, e ainda hoje capi-tão, Miloslav Mecir.

Em caso de “vingança” seguir-se-áum confronto com a Suíça de RogerFederer, caso o campeoníssimo optepor voltar a representar o seu país. �

DEPOISDACELEBRAÇÃO,PROJEÇÃODOPRÓXIMOANOFACEÀESLOVÁQUIACOMSUÍÇAÀESPREITA

Federernohorizonte?

EmcasodevitóriasobreaEslováquia,osportuguesespoderãodefrontarFederer...

FERN

ANDO

CORR

EIA

COMEMORAÇÃO. Alegria esfusiante no momento da qualificação

NA ESLOVÁQUIA. Fragoso, Mota, Couto, Marques e Vilela em1996

TOP-10LUSOSDATAÇADAVISTOTAL DE ELIMINATÓRIAS1º João Cunha e Silva 302º Nuno Marques 273º Emanuel Couto 204º Bernardo Mota 184º Leonardo Tavares 186º Rui Machado 177º Frederico Gil 168º Alfredo Vaz Pinto 159º Pedro Cordeiro 1210º José Vilela 11TOTAL DE VITÓRIAS (SINGULARES-PARES)1º João Cunha e Silva 37v-40d2º Nuno Marques 32v-26d3º Frederico Gil 25v-13d4º Emanuel Couto 24v-15d5º Bernardo Mota 16v-14d6º Leonardo Tavares 15v-13d7º Pedro Cordeiro 10v-15d8º Alfredo Vaz Pinto 9v-26d9º José Vilela 9v-17d10º Rui Machado 9v-13d

REIDACHUVAEMWIMBLEDON

Solcontrarioujuizbritânico� A tarefa de um juiz-árbitro naTaça Davis pode serbem stressan-te. Que o diga Stéphane Aposto-lou, quando em 2005 “desfez” oseu computador portátil no CTEstoril durante o Portugal-Eslové-nia, só porque o mesmo quis “des-cansar”. Àfrente do Portugal-Bós-nia esteve uma verdadeira sumi-dade do ténis mundial, tambémele habituado ao stress, mas mui-to mais calmo. Sir Alan Mills ge-riu os acontecimentos no Centra-lito e trouxe com ele a experiênciade 23 anos como juz-árbitro deWimbledon. Famoso pelas ordensdadas para interrom-per os encontros sem-pre que a chuva caíano All England Club, oautor da autobiografia“Lifting the ´Cover”ainda viu umas nuvenssobrevoarem o Vale doJamor, mas o sol impe-rou ao longo dos trêsdias de prova. �

PROMOÇÃOEEQUIPATÉCNICA

Muitaajuda...eacustozero!�A Seleção portuguesa voltou acontar na equipa técnica com oapoio dos “americanos” Luís Mi-guel Nascimento e Israel Montei-ro e novamente a custo zero. Umasituação que Pedro Cordeiro de-seja ver clarificada na planificaçãopara 2010, a par da possível inclu-são de um médico na comitiva.Mas as “borlas” conseguidas pelaFPT não ficaram por aí. Em ter-mos de promoção junto do públi-co, a eliminatória ficou a cargode... estrangeiros: alunos da Uni-versidade do Texas – colegas deIsrael Monteiro – que aproveita-

ram a ocasiãopara fazer um tra-balho sobre o seucurso de marke-ting! Apetrecha-dos de cartazes,folhetos e outrosmateriais andarampelas ruas de Lis-boa e arredores a“apregoar” o Por-tugal-Bósnia e fize-ram-no de… boavontade. �

ELEIÇÕESJÁDÃOQUEFALAR

JoséM.Calheirosalgoevasivo�Na hora dos festejos, não faltouquemlembrasseaproximidadedonovo ato eleitoral para a presidên-cia da FPT, a par da urgência empreparar ao detalhe a presença noGrupo I da Taça Davis. Confron-tadocomotemadaseleições eumpossível novo mandato, o atualpresidente José Maria Calheirosmostrou-se evasivo, confirmandoapenas que o seu “reinado” termi-na em dezembro – o que, de certaforma, promete começar a agitaros bastidores do ténis luso, aindaparamaisnavegando-seatualmen-te emexcelentemaréde resultadosda Seleção. Sobre o desafio de umeventual regresso à presidência,Manuel Valle-Domingues, presen-ça assídua nos grandes momentosda modalidade, não fechou a por-ta à possibilidade... mas com cau-tela. “Estou sempre disponívelpara ajudar desde que seja neces-sário e reúna consenso. Dessa for-ma, teria muito gosto em voltar aassumir o cargo, mas não faço dis-so objetivo de vida”, confessou oatual presidente do Clube Escolade Ténis de Oeiras. �

JUIZ-ÁRBITRO.O famoso Alan Mills

esteve no Jamor

Page 6: Jornal do Ténis - 1/10/2010

06 Sexta-feira, 1 deoutubrode2010

“uma época fraca”. “Mas já passou”,faz questão de antecipar, se bem queMichelle possa ainda disputar umtorneio de 75.000 dólares, dentro deum mês (semana de 8 a 15 de No-vembro), em Phoenix, no Arizona.“Depois vamos ver se encerra logoaí a temporada, deixando para Janei-ro mais um ou dois torneios, pois sóapós o final desse mês pode inscre-ver-se nas provas que quiser. Para aMichelle esta regra foi um obstácu-lo e ela sentiu dificuldades, pois che-gava a estar mais de um mês sempoder competir e quando voltava àcompetição colocava uma grande

pressão em cima dela”, esclarece.

Serviço.Regressar ao Top 100, ou“ficar o mais perto possível”, é o ob-jetivo a curto prazo. “Tenho a certe-za absoluta que isto vai melhorar. AMichelle tem ainda grande margemde manobra e estaríamos mais preo-cupados se já tivesse 20 anos. Mas elatambém sabe que chegou a um pon-to da carreira em que terá de dar umsalto”, sustenta António Brito. Se-guiu-se a análise àquilo que se preten-de melhorar: “O serviço tem sido acausa de alguns insucessos, mas me-lhorou nos últimos dois/três meses,

tendo nesse aspeto dado um peque-no passo em frente, mas, no essencial,ela terá de ter mais calma e ser maiscautelosa. Não pode estar sempre abater forte do fundo do corte e espe-rarpela altura certa para atacarou de-fender. Tem de saber qual o momen-to certo para finalizar o ponto, evitan-do muitas vezes fazê-lo muito cedo,optando por ter alguma paciência.”

Antes de encerrar a temporada, aoquetudoindicanopróximomês,etam-bém antes da pré-época, Michelle con-tinuaosestudos,comumamaiorinten-sidadeapósapassagempeloUSOpen.O 11º ano está quase completo. �

Jovens lusosalém-fronteiras

EM BAIXA. Problemas físicos, técnicos e não só têm minado a ascensão esperada das duas jovens promessas do ténis profissional luso

FERN

ANDO

CORR

EIA

NAMORADOSMICHELLEBRITOEGASTÃOELIASENCARAMNOVASETAPASNACARREIRA

�Apesar de ter superado o calváriodas lesões, Gastão Elias está aindalonge de possuir o desejado ritmocompetitivo para almejara subida dosíngremes degraus do rankingATP. Oatual 749º jogador mundial comple-ta 20 anos no final do próximo mês eo seu sonho americano passa por sesentir, em primeiro lugar, feliz.

Parte dessa felicidade encontrou-ana ligação a Jaime Oncins, treinadorbrasileiro com quem trabalha –sedia-do em S. Paulo – há dois meses. “OJaime percebe perfeitamente aquiloque passei e estou a passar nesta eta-pa da carreira. E também sabe, claro,aquilo que é preciso fazer para dar o

passo seguinte, sendo importante terjunto de mim alguém que já viveu si-tuações parecidas”, afiança Pepê, en-tusiasmado perante esta recente rela-ção com o paulista de 40 anos, ex-Top40 ATP, e proprietário da OncinsTennis, academia gerida com os ir-mãos Eduardo e Alexandre.

Dureza.Sob a supervisão da IMG edo empresário norte-americano BenCrandell (o mesmo de Michelle),Gastão continua ligado obviamenteà academia Bollettieri, mas segue umnovo rumo, após uma dança de trei-nadores. O último foi o madeirensePiti Borges. Experiência que não foi

além das duas semanas: “O Piti é umtipo porreiro, mas nos esquemas detreino senti que não era bem o queprocurava, notando-se que não tinhaa tal experiência ao mais alto nível”.

Num futuro imediato, aquilo queo melhordesportista jovem portuguêsde 2007 reclama é competir o maispossível. “Falta-me a dureza da com-petição e sinto que acabo por tomardecisões erradas no meu jogo, falhopontos que não falhava quando esta-va em forma e com o tal ritmo que te-rei de recuperar. Por outro lado, to-dos os dias me dói qualquer coisa,precisamente por ter estado muitotempo sem competir”. �

GASTÃOESTÁNOBRASILCOMJAIMEONCINS,APÓSERRODECASTINGCOMPITI BORGES

Recuperarotempoperdido

BARRAREGRESSOUACASA

Ricaaventurasemresultados� Para lá de Michelle e Gastão,João Barra (16 anos) tentou o so-nho americano entre 2007 e2009, na companhia da mãe equatro rmãos. Antes de deixar aAcademia da IMG sentia que onível do ténis português era fracoe ganhava facilmente, perceben-do que lá perdia facilmente. Trei-na agora com César Coutinho. �

MANUEL PEREZ

�O destino juntou-os do outro ladodo Atlântico e oficializaram o roman-ce entre ambos na Primavera, aquan-do da passagem pelo Estoril Open.Ambos foram em busca do sucessona IMG Bollettieri Tennis Academy,na Florida. Já viveram momentosmais saborosos nas respetivas carrei-ras, antes de sentirem alguns amar-gos de boca nos últimos tempos. SãoMichelle Larcherde Brito, de 17 anos,e a Gastão Elias, de 19.

Como grandes fenómenos da nos-sa modalidade, o ténis português con-tinua a acreditar neles, acompanhan-do-os à distância. Eis o levantamentodo estado atual de dois jovens quecontinuam a viver o sonho america-no, quando Michelle vai entrar nanona temporada nos States e Gastãocaminha para a quarta.

Queda.A menina do Restelo estáperto de abandonar o Top 200,numa altura em que ostenta o piorranking (198.ª) dos últimos doisanos e dois meses. A partir de Feve-reiro, depois de ter completado 18anos, deixará de estar subjugada àregra que limita o número de tor-

neios às tenistas mais novas. “Semesse tipo de restrições, ela poderá jo-gar mais e poderá também preparar-se para os eventos mais fortes rodan-do mais vezes nos mais pequenos”,faz questão de lembrar António Bri-to, o pai, treinador e mentor de Mi-chelle. E ainda dá para acreditar nosonho americano, oito anos depoisde a família Larcher de Brito (pai,mãe, filha e os dois gémeos) ter ru-mado para a Florida? “Não se tratoude ir à procura de um sonho”, come-ça por justificar António. “Viemospara cá, simplesmente porque nosofereciam melhores condições.”

Perto do fim, a atual temporadatem sido a mais modesta de Mi-chelle desde a aposta no circuitoprofissional. Para além da descidano ranking (terminou 2009 na 114.ªposição), o saldo de encontros ga-nhos e perdidos este ano é negativo:12 vitórias e 17 derrotas. AntónioBrito reconhece que se tratou de

Sinaldealarmeaindanãotocou,apesardeMichelleestarpertodesairdotop200

JAIME ONCINS. Gastão Elias acredita no trabalho com o brasileiro

DIRE

ITOS

RESE

RVAD

OS

Page 7: Jornal do Ténis - 1/10/2010

07Sexta-feira, 1 deoutubrode2010

PUBLICIDADE

TénisFeminino

MANUEL PEREZ

�Entre os seis representantes portu-gueses – três masculinos e três femini-nos –que ultrapassaram, pelo menos,aprimeira ronda, esta semanadoPor-to Open, conta-se Rita Vilaça. A bra-carense que no início do mês passadocompletou17anos,poucosdias antes

de atingir a final do Campeonato Na-cional de juniores, está a viver umanova fase na sua carreira.

A ex-campeã nacional de Sub-12 e14 está a treinar-se, há um mês, noOpen VS, o recém-inaugurado clubede ténis emGuimarães, sobasupervi-sãodedois técnicos espanhóis contra-tadosàAcademiaSanchez/Casal.Paratrás fica uma ligação ao Clube de Té-nis de Braga e, depois, a um treinadorparticularque implicavaviagenscons-tantes entre a cidade dos arcebispos eLousada.Oinícioda ligaçãoànova es-trutura criada na Cidade Berço nãopodia ter começado melhor: logo no

primeiro torneio internacional con-seguiu voltar a ganhar uma ronda noquadro principal, apenas pela segun-da vez em 14 tentativas e mais de umano após o primeiro sucesso, em

maio de 2009, em Cantanhede.À hora de fecho do JT, Rita Vilaça

tentava o acesso aos quartos-de-finaldepois de ter assistido às derrotas dascompatriotas Bárbara Luz e Marga-

rida Moura – com a recém-finalistado Campeonato Nacional Absoluto avender bem cara a derrota à norte-americana Samantha Powers (3-6, 7-5, 6-1) ao cabo de 2h05m.� �

CIDADE BERÇO.Guimarães

é agora a basede treino daex-campeã

nacional

EVENTONORTENHOLEVAPORTUGUESESÀCONQUISTADEPONTOSEJOGA-SEEMLOCALDIFERENTE

AnovavidadeRita

Duplaespanholaéagoraresponsável

pelaevoluçãodajovembracarense

ALGUMDESCONHECIMENTO

Rotatividadeentraemvigor�Congregando uma vez mais asvertentes masculina e feminina,com prémios monetários no va-lor global de 15 mil dólares paraa prova pontuável no rankingATP e 10 mil para o evento queoferece pontos para a tabelaWTA, o Porto Open abandonouas suas origens. Disputado des-de 1999 nas instalações do Com-plexo Desportivo do MonteAventino, propriedade da Câma-ra Municipal do Porto, o torneiotransferiu-se para o CTP. A deci-são partiu da Porto Lazer, umaentidade ligada à autarquiaapostada em entrar num siste-ma de rotatividade pelos clubesde ténis da cidade. Mas a ofer-ta não é tão grande como o de-sejado para se organizar um cer-tame misto que exige infraestru-turas capazes de corresponderàs diretrizes internacionais; as-sim sendo, o desconhecimentodessa realidade na Invicta podecriar um ciclo vicioso em vez datal rotatividade… �

DIRE

ITOS

RESE

RVAD

OS

DIRE

ITOS

RESE

RVAD

OS

CTP recebe provas Future ITF

Page 8: Jornal do Ténis - 1/10/2010