Jornal Escola Aberta - Agosto 2008

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Beatriz Menezes dos Santos O diálogo entre pedagogia e arquite- tura escolar define o rumo dos recursos públicos destinados à construção de escolas. De 2007 a 2008, os estudantes da rede pública estadual foram beneficia- dos com a inauguração de 17 novas escolas, cujos investimentos somaram R$ 27.556.496,00. Além dessas unidades, estão em construção no Estado, mais 44 obras previstas para serem concluídas até o primeiro semestre de 2009. Os espa- ços esportivos também mereceram a atenção do Governo do Estado com investimentos na ordem de R$ 6.061.796,0021 que foram aplicados na construção de 21 novas unidades, dentre quadras e ginásios de esportes. Ainda estão em andamento outros 39 espaços destinados à prática desportiva prevendo recursos de R$ 9.448.410,00. De acordo com a Gerência de Ope- rações da Secretaria de Estado da Edu- cação, as novas instalações escolares, inauguradas este ano, estão equipadas com mobiliário completo, igualmente novos. As salas de informática possuem computadores, impressoras e móveis adequados; cadeiras, carteiras e armá- rios, para as salas de aula, dos professo- res e da administração. Os corredores ganharam bebedouros. Foram adquiri- dos ainda ventiladores e aparelho de ar- condicionado. Além disso, as bibliote- cas estão recebendo acervos com livros didáticos e de literatura. Assim, a medida que crecem os investimentos aplicados no patrimônio escolar, o panorama arquitetônico das escolas vai mudando. Escuta-se seguida- mente a frase: se alguém que tivesse morrido há 100 anos acordasse hoje, a única coisa que saberia reconhecer seria o espaço escolar, porque nele tudo per- manece igual. Porém, para as escolas públicas catarinenses esta afirmação não é verdadeira. Um gerenciamento voltado à aprendizagem e alicerçado por recursos públicos consolida as conquistas anuncia- das pelos instrumentos de avaliação que colocam a educação de Santa Catarina como destaque nacional. São medidas que representaram um salto qualitativo e demonstram a preocupação dos gestores da Educação com a função da estrutura física no desenvolvimento dos estudantes. No entanto, não são somente os investimentos que demonstram a preo- cupação da instituição com espaço escolar. Entender a escola como cons- trução social implica compreendê-la no seu exercício cotidiano, na qual as pessoas não são agentes passivos diante da estrutura. Nesse sentido, vem merecendo a atenção de pedago- gos, arquitetos e gestores, a idéia de que a arquitetura e a ocupação do espaço revelam muito da educação que se pratica e que se praticava. As edificações contam a história das rela- ções entre a escola e sociedade, dos alunos entre si e com os professores, as prioridades dos governantes, falam sobre idéias e disputas políticas que têm como palco a cidade e seus pré- dios. Estão impregnadas de significa- dos e indícios que podem ser estéti- cos, políticos, econômicos e sociais. As escolas, como qualquer organiza- ção que produza cultura, são testemu- nhas, são retratos de gerações. Fotos Osvaldo Nocetti Em 2007 e 2008 foram inauguradas 17 novas escolas que somam recursos de R$ 2,7 milhões. Até 2009 serão concluídas mais 44 unidades, totalizando investimentos de R$ 7,1 milhões As formas dos edifícios públicos estão diretamente ligados ao caráter simbólico que cada instituição pretende assumir frente à sociedade ESCOLA EM CONSTRUÇÃO Santa Catarina • Agosto 2008

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Edição de Agosto de 2008 do Jornal Escola Aberta, da Secretaria De estado da Educação de SC

Transcript of Jornal Escola Aberta - Agosto 2008

Beatriz Menezes dos Santos

O diálogo entre pedagogia e arquite-tura escolar define o rumo dos recursospúblicos destinados à construção deescolas. De 2007 a 2008, os estudantesda rede pública estadual foram beneficia-dos com a inauguração de 17 novasescolas, cujos investimentos somaram R$27.556.496,00. Além dessas unidades,estão em construção no Estado, mais 44obras previstas para serem concluídas atéo primeiro semestre de 2009. Os espa-ços esportivos também mereceram aatenção do Governo do Estado cominvestimentos na ordem de R$6.061.796,0021 que foram aplicados naconstrução de 21 novas unidades, dentrequadras e ginásios de esportes. Aindaestão em andamento outros 39 espaçosdestinados à prática desportiva prevendorecursos de R$ 9.448.410,00.

De acordo com a Gerência de Ope-rações da Secretaria de Estado da Edu-cação, as novas instalações escolares,inauguradas este ano, estão equipadascom mobiliário completo, igualmentenovos. As salas de informática possuemcomputadores, impressoras e móveisadequados; cadeiras, carteiras e armá-rios, para as salas de aula, dos professo-res e da administração. Os corredoresganharam bebedouros. Foram adquiri-dos ainda ventiladores e aparelho de ar-condicionado. Além disso, as bibliote-cas estão recebendo acervos com livrosdidáticos e de literatura.

Assim, a medida que crecem osinvestimentos aplicados no patrimônioescolar, o panorama arquitetônico dasescolas vai mudando. Escuta-se seguida-mente a frase: se alguém que tivessemorrido há 100 anos acordasse hoje, aúnica coisa que saberia reconhecer seriao espaço escolar, porque nele tudo per-manece igual. Porém, para as escolaspúblicas catarinenses esta afirmação nãoé verdadeira. Um gerenciamento voltadoà aprendizagem e alicerçado por recursospúblicos consolida as conquistas anuncia-das pelos instrumentos de avaliação quecolocam a educação de Santa Catarina

como destaque nacional. São medidasque representaram um salto qualitativo edemonstram a preocupação dos gestoresda Educação com a função da estruturafísica no desenvolvimento dos estudantes.

No entanto, não são somente osinvestimentos que demonstram a preo-cupação da instituição com espaçoescolar. Entender a escola como cons-trução social implica compreendê-la

no seu exercício cotidiano, na qual aspessoas não são agentes passivosdiante da estrutura. Nesse sentido,vem merecendo a atenção de pedago-gos, arquitetos e gestores, a idéia deque a arquitetura e a ocupação doespaço revelam muito da educaçãoque se pratica e que se praticava. Asedificações contam a história das rela-ções entre a escola e sociedade, dos

alunos entre si e com os professores,as prioridades dos governantes, falamsobre idéias e disputas políticas quetêm como palco a cidade e seus pré-dios. Estão impregnadas de significa-dos e indícios que podem ser estéti-cos, políticos, econômicos e sociais.As escolas, como qualquer organiza-ção que produza cultura, são testemu-nhas, são retratos de gerações.

Fotos Osvald

o Nocetti

Em 2007 e2008 foram

inauguradas 17novas escolasque somamrecursos de

R$ 2,7 milhões.Até 2009 serãoconcluídas mais44 unidades,totalizando

investimentos deR$ 7,1 milhões

As formas dos edifícios públicos estão diretamente ligados ao caráter simbólico que cada instituição pretende assumir frente à sociedade

ESCOLA EM CONSTRUÇÃO

Santa Catarina • Agosto 2008

EDITORIAL

O espaço público da escola Beatriz Menezes dos Santos

Em função do debate sobrea democratização do espaçopúblico, emergem propostas quepropõem dar um sentido pedagó-gico ao espaço escolar, o queestá chamando a atenção degestores, pedagogos e arquitetos.Nas escolas públicas de SantaCatarina está superada a visãotradicional, de apenas construirmais salas para atender a ofertade classes nas áreas de grandedemanda. Aqui, para colocar empauta a relação espaço/aprendi-zagem, a construção das novasescolas leva em conta a educa-ção que queremos. A preocupa-ção de quem edifica se volta paraalém do prédio, para o seu diálo-go com a comunidade escolar.

A adequação dos espaçosescolares às Leis de Diretrizes eBases da Educação (LDB), doGoverno Federal, faz com queescolas públicas e particularesbusquem ampliar suas áreas. Noentanto, essa operação demandaum alto custo. Otimizar esse espa-ço e criar ambientes de uso múlti-plo deve ser pensado na hora doplanejamento arquitetônico. Assim,a criação de rampas de acesso,refeitórios e salas de aula adapta-

das aos alunos das 1ª séries, o"cantinho da leitura”, salas de tec-nologia e informática e áreas paraa educação especial, compreen-dem um novo anseio da socieda-de buscando garantir a inclusãode estratos sociais que sempreforam deixados à margem pelasinstituições.

De acordo com a descentra-lização administrativa do Gover-no do Estado, a gestão dos espa-ços físicos escolares é de com-petência das Secretarias deDesenvolvimento Regionais, aquem cabe eleger prioridades,programar levantamentos, esti-mar custos e executar ações demelhoria destes ambientes ,assim como a produção de pro-jetos de engenharia necessária àviabilização das obras.

Desta forma, a Secretariade Estado da Educação determi-na que todas as normas técni-cas que regulamentam as con-dições de adequabilidade dosambientes devem ser observa-das quando da elaboração dosprojetos de engenharia para asnovas escolas. Nesse sentido,orienta que sejam adotados oscritérios normativos de seguran-ça contra incêndio, sirenes, lâm-padas e setas, sistema de vigi-lância orgânica, em áreas queapresentam altos índices de vio-lência, além da vigilância eletrô-nica já existente nas escolascom maior número de alunos.Alerta ainda que os técnicosfaçam averiguações periódicasnos equipamentos esportivos,assim como o pronto reparo,quando constatadas deficiên-cias, como forma de garantirpreventivamente a segurançadas crianças e jovens que fre-qüentam as escolas.

As ações voltadas à estrutu-ra física das escolas é apenas

um dos vértices do programaEducação: Construindo Qualida-de, lançado em junho, mobili-zando cerca de 1500 gestoreseducacionais com o objetivo deconsolidar o planejamento estra-tégico da instituição. Dandocontinuidade ao programa, aDiretoria de Educação Superior,está desenvolvendo estudos adistância que acontecem noambiente virtual da Rede Catari-nense de Pesquisadores emEducação. Estão envolvidos noprocesso 150 formadores em50 salas com 30 diretores deescolas, num total de 44 horas.

A etapa on line representaum novo olhar sobre o fazerpedagógico, abordando ques-tões que vão desde as habilida-

des no uso da web, até a trocade experiências, com a meta decriar um sistema de avaliaçãoinstitucional no Estado paramelhorar ainda mais os índicesde aproveitamento escolar. Em2009 prosseguem os encon-tros, com a discussão do temaGestão Curricular – fios quetecem o ensino aprendizageme, o encerramento, previsto para2010, vai debater a relaçãoentre Educação e Trabalho.

Nesta 6ª edição do EscolaAberta destacamos na páginacentral o panorama dos instru-mentos nacionais de avaliação,com o foco nas ações quedeterminaram os resultadospositivos da educação catari-nense. A apresentação de índi-

ces que alcançam as metas doMinistério da Educação encon-tram-se expressos em gráficosna contracapa. Na página 5,conf i ra a entrev ista com osenador Cristóvão Buarquesobre a polêmica lei que insti-tuiu um piso salarial único paraos professores. Boa leitura eaté a próxima edição.

Jornalistas:

Beatriz Menezes dos Santos/

01572JP

Suely de Aguiar/ 00416

Homero Gastaldi Buzzi/

02096/80RP

Silvia Letícia Daleffe/ JP/SC 1422

Letícia Povoas/ SC 02219JP

Editora Responsável: Beatriz Menezes dos Santos / 01572JP

Fotografia:Osvaldo Nocetti

Diagramação:Ivan Girardi Junior

Revisão:Antônio Carlos Pereira

As açõesvoltadas àestrutura físicadas escolas éapenas um dosvértices doprogramaEducação:ConstruindoQualidade

A arquiteturaescolar entende o espaço comoformador dacultura, da memória e da imagem da escola

CHARGE

A comunidade assume uma importância cada vez maior no processo educacional.A sinergia entre pais, professores e alunos dão sentido à gestão escolar

2 Santa Catarina • Agosto 2008

Política de EducaçãoSuperior e o exercício

da cidadania*Mariléia Gastaldi Lopes

A Const i tuição Estadualgarante a centenas de jovens,economicamente carentes, o auxí-lio por meio de Bolsas de Estudoe de Pesquisa, mas em contrapar-tida a sociedade deseja que osestudantes cumpram com assuas condicionalidades, que é ado envolvimento em projetossociais com visão educativa, e emprogramas de pesquisa propostospelas instituiçõesnas quais estejammatriculados.

No período de2003 a 2007, aSecretaria de Esta-do da Educaçãorepassou recursospara o pagamentode 112 mil bolsasde estudantes degraduação das Insti-tuições de Educa-ção Superior vincu-lados ao sistemaACAFE e ao sistemaAMPESC, perfazen-do um investimentode cerca de 182milhões de reais. Éum recurso bastantesignificativo e repre-senta a possibilida-de de inclusão dapopulação de baixarenda à EducaçãoSuperior. Proporcio-nar aos jovens umaformação acadêmi-ca const i tui umavanço para o cres-cimento individualassim como repre-senta fator contribu-tivo para o desen-volv imento local ,regional e nacional.

Os projetos sociais com visãoeducativa são aqueles em que acomunidade é beneficiada comações que geram oportunidadesde conhecer, compreender e trans-formar a realidade social, favore-cendo o exercício da cidadania,quando possibilitam um intercâm-bio inteligente entre os saberes aca-dêmicos e os saberes da comuni-dade. A articulação da teoria coma prática se viabiliza em centenasde ações, tais como: apoio à tercei-ra idade, com cursos da área dasaúde; apoio pedagógico atravésde cursos para estudantes em recu-

peração de conteúdos; gincanasculturais; cursos de dança; apoio àsescolas nas diversas modalidadesde espor te; criação de hortascomunitárias e escolares; curso deinclusão digital; cursos de arte;contador de histórias; programasde palestras em diferentes áreas,enfim, centenas de atividades quese desdobram por todo Estado.

Os estudantes beneficiadoscom a bo lsa doar tigo 170 desen-vo lvem, tambémprojetos de pesqui-sa , apo iando osprofessores propo-nentes dos projetose contribuindo nasinúmeras equipes,como pesquisado-res. Por intermédioda experimentaçãoe inovação meto-do lóg ica cont r i -buem para a trans-formação do con-texto local e regio-nal na perspectivada produção doc o n h e c i m e n t onovo. Outra vez é ateoria e prática for-talecendo o ensinoe validando as fun-ções pr imord ia isdas Universidades:a pesquisa; o ensi-no e a extensão.A Secretar ia deEstado da Educa-ção, por meio daDiretoria de Educa-ção Superior realiza-rá, neste ano, emparceria com as Ins-tituições de Educa-ção Superior o "lº

Seminário e Mostra Científica doPrograma de Bolsas de Estudo ede Pesquisa do Artigo 170 daConstituição de Santa Catarina".

Assim, a Mostra Científica,além de proporcionar uma avalia-ção da atuação dos acadêmicosbeneficiados pelas Bolsas, possi-bilita divulgar o número de proje-tos sociais e pesquisas realizadasem favor do desenvolvimentolocal e regional.

*Mariléia Gastaldi Lopes é Doutoraem Educação e Diretora de EducaçãoSuperior da Secretaria de Estado daEducação

,,Art. 170 da

ConstituiçãoEstadualamplia oacesso dejovens ao

ensinosuperior

"As bolsas de estudo proporcionadaspelos recursos do Estado

contribuem para viabilizar apermanência de estudantes

economicamente carentes no ensinosuperior, assim como as bolsas depesquisa que abriram importantesoportunidades de inserção destes

estudantes na iniciação científica e nadescoberta de novos talentos."

Professor Eduardo Deschamps,reitor da FURB

"Graças ao artigo 170 muitosestudantes podem concluir agraduação e também realizar

trabalhos de pesquisa e extensão,o que permite a articulação entre a

teoria e a prática. Além disso,amplia o acesso de pessoas com

deficiência ao ensino superior."

Paulo Scarduelli, coordenador docurso de Jornalismo da Faculdade

Estácio de Sá

ENQUETE – ARTIGO 170

"O artigo 170, para quem veio dointerior como eu, representa arealização do meu maior sonho:poder concluir a graduação. Por serdeficiente visual sou beneficiado coma bolsa integral, pois sem ela nãoteria condições financeiras decontinuar estudando.

Josué Leandro da Costa Coelho ,acadêmico do curso de Jornalismoda Faculdade Estácio de Sá

"A transformação dos recursos previstos noartigo 170 da Constituição Estadual em bolsasde estudo e de pesquisa, permitiu que númerosignificativo de estudantes carentes pudessealcançar formação profissional, nas mais diversasáreas do conhecimento. Do ponto de vistaeducacional, parte dos recursos foramtransformados em investimentos queasseguraram a ampliação das edificações,instalações e equipamento de laboratórios,expansão de acervos bibliográficos, titulação dopessoal docente e qualificação de pessoaltécnico administrativo"

Darcy Laske, secretário Executivo da ACAFE

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Divulg

ação

Suely de Aguiar

Doenças sexualmentetransmissíveis e AIDS, entre osadolescentes, são alguns dostemas abordados no cotidianoescolar pelos estudantes Rodri-go Reis Silveira e Anderson Tra-notti, ambos da região de Riodo Sul. Alunos das escolas deEducação Básica Henrique daSilva Fontes (Rio do Sul) e Adol-fo Boeving (Trombudo Central),respectivamente, os jovens são

os destaques dessa edição doJornal Escola Aberta. Rodrigo éautor do Projeto Multimídia, inti-tulado “Sem Dúvida”, apresenta-do durante o 7º Congresso Bra-sileiro de Prevenção de DST(Doenças Sexualmente Trans-missíveis), realizado em junhodesse ano em Florianópolis.

Anderson par ticipou daMostra Nacional de Saúde e Pre-venção na Escola e do Congres-so Nacional de DST/HIV/AIDS,também realizado em junho. Ele

representou Santa Catarina noConselho Nacional Gestor edebateu com jovens, de todo oBrasil, sobre o kitde Prevenção Edu-cativa, que serádistr ibuído nasunidades escola-res , e sobre a"polêmica" máqui-na de preservati-vos, com previsãopara ser entreguedaqui a 3 anos.

Por meio do Projeto Multi-plicadores de Informação emDST/HIV/AIDS, viabil izado

pelo Núcleo deEducação Preven-tiva (NEPRE) daGerência Regionalde Educação deRio do Sul, estu-dantes das esco-las da rede públi-ca estadual vêemrealizando váriostrabalhos na área.

Idealizado pela Secretaria deEstado da Educação, osNEPREs têm como principaldesafio prevenir e acabar comuma série de problemas liga-dos à sexualidade, violência eoutros de aspectos relevantesentre os adolescentes queestudam nas escolas da redepública. Esses, por sua vez,têm a missão de transmitirtodas as informações à comu-nidade, concretizando maisuma ação de cidadania.

A preocupação com a incidência dagravidez precoce, doenças sexualmentetransmissíveis e pelos casos de prolifera-ção do HIV, entre os adolescentes, levou oestudante Rodrigo Reis Silveira, 17 anos, aelaborar o Projeto Multimídia, intitulado“Sem Dúvida”. O estudante apresentou oprojeto durante o 7º Congresso Brasileirode Doenças Sexualmente Transmissíveis(DSTs) e AIDS, realizado em junho, emFlorianópolis. Ao lado de doutores dasáreas da Educação e da Saúde, o jovemrio-sulense fez parte de uma das mesasde debate. Foram inúmeras as perguntasdo público ao único jovem presente nasdiscussões. Tímido no início, o garoto, deaparência frágil, mostrou a que veio e pro-feriu palestra sobre o Projeto em que vemtrabalhando.

Integrante do Núcleo de Prevenção eEducação e aluno do 3º ano do Magistério

da Escola de Educação Básica Henrique daSilva Fontes, de Rio do Sul, Rodrigo partici-pa de projetos de Educação Preventiva des-de os 15 anos. Além do trabalho como téc-nico em informática, que realiza durante operíodo vespertino, e das aulas à noite, otempo de Rodrigo está praticamente toma-do entre os estudos e a participação emtrabalhos com jovens e crianças.

"Sinto-me muito honrado em ter parti-cipado de um debate com pessoas tãogabaritadas e espero que a experiência danossa escola sirva de exemplo", ressalta oestudante. O Projeto é desenvolvido comalunos da EBB Professor Henrique da SilvaFontes. O nome do vídeo "Sem Dúvida"surgiu porque o objetivo do projeto é quetodos os estudantes saiam das palestras edinâmicas promovidas na escola semnenhuma dúvida sobre a temática de pre-venção das DSTs e AIDS.

Silveira é o autor do vídeo educativo

Tranotti quer debate com a comunidadeMotivado pelo sucesso da 1ª Mostra

Regional de Educação Preventiva, promovi-da pela Gered de Rio do Sul, Anderson Tra-notti, da EEB Adolfo Boving,do município de TrombudoCentral, inscreveu seu trabalhopara a Mostra Nacional deSaúde e Prevenção na Escolae para o Congresso Nacionalde DST/HIV/AIDS, realizadoem junho passado. O jovemrepresentou Santa Catarina noConselho Nacional Gestor ese reuniu com adolescentesde todo o Brasil, para discutirsobre a distribuição de Kitsde Educação Preventiva nasescolas e sobre a polêmicamáquina de preservativos,prevista para ser entreguedaqui a três anos. Andersonressaltou que essas medidas só poderãoser aplicadas após ampla discussão com acomunidade escolar e, principalmente,com os pais, para depois saber como e

quando colocar em prática. Ressaltou tam-bém a importância de, ao se tratar dessesassuntos, ter muito cuidado e respeitar as

diferenças regionais existentesentre o Sul e as Regiões Nor-te e Nordeste do Brasil.

É fundamental que aescola trabalhe com medidasde prevenção, tendo em vistaque a vida sexual do brasilei-ro inicia cada vez mais cedo.No entanto, Anderson alertapara que tudo seja feito commuito cuidado, clareza e deli-cadeza como o tema merece.Ele informa que Santa Catari-na é o primeiro estado no Bra-sil a ter o Programa Saúde ePrevenção nas Escolas desde2002. Futuramente, o jovemAnderson pretende participar

de outros encontros em âmbito nacionalpara tomada de decisões sobre outrasações que serão organizadas, em parceriacom a Unesco e Unicef.

Jovens se destacam na EducaçãoPreventiva

A vida sexualdo jovem brasileiro inicia cadavez mais cedo

Ao escolher a

metodologia

para a

Educação

Preventiva,

deve-se

respeitar a

diversidade

cultural

Andersondiscute comos jovens adistribuiçãode camisinhas

Não deixar nenhum estudante com dúvidas é o principal objetivo do Projeto

Destaques4 Santa Catarina • Agosto 2008

Rodrigoapresentou

o projetodurante o 7º

CongressoBrasileiro de

prevenção deDST/AIDS

EA - A educação básica tem sido apon-tada por todos os segmentos da socie-dade como ponto de partida para odesenvolvimento econômico do país.No entanto, segundo relatório da Orga-nização para a Cooperação e Desenvol-vimento Econômico (OCDE), o Brasil éum dos países que menos investe naárea. Enquanto a média mundial da apli-cação do PIB na educa-ção é de 7%, nós investi-mos apenas 5%. Issodeve mudar? CB – Concordo que seriamais estratégico formar umapopulação preparada pararesponder às necessidadesde um país que cresce, colo-cando a educação em pri-meiro lugar e ultrapassandoesse patamar. Devíamos terhoje, na educação, o mes-mo empenho que temospara com o futebol. No fute-bol, todos começam cedo porque jogamcom as mesmas regras em qualquer lugar;mas, nas escolas, as regras são múltiplas.Há escola em que a regra é de oito horasde aula; outra, seis horas; outra, quatro

horas, e, na maior parte das nossas escolas,a regra é que a criança fique até a merendae, depois da merenda, vá embora.

EA - Enquanto a maioria das naçõesmais ricas dá prioridade ao ensinofundamental e médio, no Brasil é dife-rente, pois aplicamos três vezes maisna Educação Superior. Como resolver

essa distorção? CB - A proposta que faço -e deve haver outras - é quea gente federalize a educa-ção por cidades , que aNação brasileira adote cida-des inteiras e que, nessascidades, transforme-se radi-calmente o estado da edu-cação de base. Que possa-mos, nessas cidades adota-das pelo Governo Federal,ter salários elevados, comprofessores responsáveis ebem dedicados, em prédios

bonitos e bem equipados, criando umapopulação que vai ler, porque ali se colo-cariam bibliotecas, teatros, cinemas. Far-se-ia a educação completa nessas cida-des.

Alguns podem perguntar por que emalgumas e não em outras. Porque não épossível fazer em todas ao mesmo tempo.Nem professores nós temos em quantidadesuficiente para fazer essa revolução. Nemcomputadores nós temos em quantidadesuficiente. Nada se faz de uma maneira sóno país inteiro.

Não dá para revolucionar a educaçãoem todo o Brasil de uma vez. Nem dá parafazer em todo o Brasil aos pouquinhos,como se a gente melhorasse um pouquinhoem cada cidade, em cada uma das 180 milescolas. Mas a gente pode escolher um con-junto de cidades, espalhadas, não em um sóEstado, inclusive cidades com característicasdiferentes. E aí, em quatro anos, pelos meuscálculos, mil cidades teriam todas as suasescolas com a mesma qualidade que a gen-te deseja para todas as escolas do Brasildaqui a vinte anos. Em mais 4 anos, mais1,5 mil cidades; em mais 4 anos, já podería-mos fazer em 2 mil cidades e, por fim, emmais 4 anos, a gente teria concluído todo oBrasil com toda a educação no nível que agente quer para daqui a 20 anos. E a únicamaneira de fazer isso épela federalização.

EA - A nova lei que insti-tuiu um piso salarialnacional para o magisté-rio é uma antiga aspira-ção da categoria. Umsalário mais alto garan-te a qualidade do ensi-no público? Ou é ape-nas o começo? CB - É apenas um come-ço. Eu li um dia desses,uma matéria em que seperguntava a uma pes-soa, na Finlândia – que éconsiderado o país coma melhor educação nomundo – qual era osegredo da Finlândia. E apessoa disse: os professores, lá, paraserem professores estão entre os melho-res quadros da sociedade. Para ser pro-fessor tem que ser muito, muito, muitobom naquele país. Para isso, paga-semuito, muito bem. Isso não se quer fazer.É preciso ter um salário condizente paraatrair os melhores quadros. R$ 950,00 éinsuficiente, mas é o primeiro passo.

O piso dá dois saltos: um pouquinhona criação de um piso de R$ 950,00, queé muito pequeno; segundo, nessa determi-nação de que a carga de trabalho não serátoda ela gasta dando aula, uma parte éestudando, preparando a aula, corrigindo ostrabalhos. Apesar disso, há hoje uma resis-tência muito forte.

EA - Embora o senhor afirme que a edu-cação é um tema pouco exploradopelos parlamentares, porém, nestecaso, houve um grande esforço conjun-to para a aprovação desta lei que apre-senta aspectos polêmicos, com o esta-belecimento de um piso único nacionale o aumento das horas atividades.Como implementar essa nova política? CB - Apesar do empenho de vários

senadores, deputados, do próprio presi-dente da República, a aprovação desseprojeto (que, inclusive, foi de minhaautoria) dependeu de todo o Congresso.Contudo, não vejo o mesmo empenhodos parlamentares em outros projetosque considero igualmente importantes.Como disse, foi um primeiro passo.Vamos aguardar...

Mas o que eu costumo dizer é que opolítico vai atrás do que a população quer.Quando falta segurança, o político fala maisnesse item. É assim com saúde, impostos.Por isso, acho que se o eleitor exigir educa-ção, os políticos falarão mais sobre o tema.

EA - A forma como a lei foi aprovadatem causado divergências entregovernadores, prefeitos e secretáriosde educação. Como o senhor avaliaesta situação?CB- Trata-se de uma resistência tão fortecomo aquela que aconteceu depois lei daAbolição, em 13 de maio de 1888, quan-do diversos fazendeiros tentaram derrubara lei, mesmo depois de aprovada, e outros,

vendo que não davapara derrubar a Lei, usa-ram um subter fúgio:apresentaram um proje-to de lei no Congresso,no Parlamento de então,pedindo indenizaçãopelos escravos libertos.Não podemos deixarque, no século XXI,120 anos depois daAbolição, outros se vol-tem contra a educação.Os prefeitos e governa-dores dizem que hápouco dinheiro. Comohá pouco dinheiro?Todas as contas quesão feitas, e acho queestão erradas , nãoestão prevendo, por

exemplo, a econômica que vai se fazercom menos professores doentes, commenos repetência quando o professortiver mais tempo para orientar o aluno.

Mas vamos supor que o númeroesteja certo: serão R$10 bilhões. A ren-da do Estado brasileiro, nas três unida-des, vai além de R$ 840 bilhões. O últi-mo cálculo é mais do que R$ 840bilhões. Como não podemos tirar 10 de840? É claro que pode.

E se o Estado de São Paulo, que é omais rico do Brasil, com uma renda percapita maior do que a de muitos paísesricos do mundo, não tiver dinheiro, peça aoGoverno Federal. Esta é a luta: exigir do Pre-sidente da República, deste Congresso, denós que aprovamos a lei, mais dinheiro parafinanciar o buraco — se existir — para cum-prir o piso salarial.

Por isso, estou debatendo com aConfederação Nacional dos Trabalhado-res da Educação a idéia de, em defesada lei do Piso, fazermos uma mobiliza-ção nacional com todos os dois milhõesseiscentos mil professores do Brasil. Umdia inteiro, vamos parar para debatercomo defender a Lei do Piso.

Beatriz Menezes dos Santos

O projeto que institui um piso únicode R$ 950,00 para os professores trouxea pauta da Educação para o centro dodebate polítco nacional. De autoria dosenador Cristóvão Buarque (PDT- DF), oprojeto que foi votado pela Comissão deConstituição e Justiça do Senado e apro-vado por unanimida pelo plenário, no mêsde julho, tem causado polêmica entregovernadores, prefeitos e secretários deeducação de todo o país.

Professor, Cristóvão Buarque acreditaque o Brasil somente dará o salto dequalidade para seu futuro por meio daeducação e que, sem um professor mini-mamente remunerado, isso nunca acon-

tecerá. Em seu currículo traz uma baga-gem que lhe dá autoridade para falar dotema, pois além de educador e candida-to à presidência da República com abandeira Educação, foi Governador doDF, Ministro da Educação e é atualmen-te professor da UnB, da qual foi reitor de1985 a 1989. Formado em Engenhariapela Universidade Federal de Pernambu-co, e doutorado em Economia pela Sor-bonne, Paris, disseminou a noção deque a educação não é mero serviço oudireito assistencial, e sim a única manei-ra de construir um país moderno, solidá-rio e eficiente. Para o Escola Aberta,falou sobre a federalização da educaçãoe do impacto que a lei do piso represen-ta no orçamento dos Estados.

Piso salarial está no centro da polêmicaCristóvão Buarque defende a federalização como forma de garantir educação de qualidade

"Devíamos terpara a educação omesmo empenhoque temos paracom o futebol"

“Se aeducação boa é cara, amá educaçãoé ainda mais cara"

Educador acredita que o piso de R$ 950,00 a ser implantado até 2010 é apenas o início de uma longa caminhada

Fotos Divulgação

Palavra do MestreSanta Catarina • Agosto 2008 5

Suely de Aguiar

Índice de Desenvolvimentoda Educação Básica (IDEB), Pro-va Brasil, Sistema de Avaliaçãoda Educação Básica (SAEB) eExame Nacional do EnsinoMédio (Enem), são ferramentasde avaliação que permitem tra-çar um diagnóstico das escolaspúblicas e privadas de todo opaís. A partir dos resultados doIDEB, Governo Federal, Estadose Municípios têm as informa-ções necessárias para definirpolíticas e implementar projetosnas unidades escolares.

Na última década, SantaCatarina vem despontado nocenário brasileiro, ficando notopo do rank ing nac iona l .Dados divulgados , recente-mente, pelo Instituto Nacionalde Estudos e Pesquisa Educa-cionais ( INEP) demonstramque, em 2007, o estado catari-nense obteve média total de54,53 no Enem, ocupando o

segundo lugar dentre todas asescolas públicas brasileiras. Oexame, dirigido a alunos doterceiro ano ou concluintes doEns ino Méd io é rea l i zadoanualmente e, apesar de serfacultativo, registra a cada anogrande número de estudantesinscritos.

Complementando o pro-cesso de avaliação dos estu-dantes de dois em dois anos,são promovidos o SAEB e a

Prova Brasil, que avaliam ashabilidades em Língua Portu-guesa, com destaque para lei-tura e, Matemática, focando asolução de problemas. A ProvaBrasil é aplicada a alunos de4ª e 8ª série do ensino funda-mental, da rede pública e urba-na, e oferece resultados refe-rentes a cada escola partici-pante. Já o SAEB avalia, alémde alunos da 4ª a 8ª série,também alunos do 3º ano doensino fundamental, de esco-las da rede pública e privada,localizadas nas áreas urbanase rurais, e apenas parte dosestudantes das séries avaliadasparticipam da prova.

As duas avaliações juntas,somadas às informações sobreo rendimento escolar coletadospelo Censo da Educação Bási-ca, fornecem o resultado doIDEB, indicador que aponta odesempenho dos estudantes detodo o país. Além destas avalia-ções , este ano, está sendo

implementada a Provinha Brasil,elaborada pelo INEP, que servirácomo instrumento de avaliaçãoda alfabetização, aplicada a alu-nos da 2ª série do ensino fun-damental, porém sem finalidadeclassificatória.

Dentre as escolas públicasestaduais, Santa Catarina e SãoPaulo são os estados que obti-veram a melhor média de apro-vação nas séries iniciais e finais,

sendo que no 3º ano do EnsinoMédio, Santa Catarina liderou oranking com média 4,0.

Foram avaliadas, na redeestadual, 709 escolas das sériesiniciais, seis delas alcançaram ameta do MEC para 2021, obten-do nota 6. Dentre elas estão asescolas Vidal Ramos Júnior (6,4),de Concórdia, Coronel AntônioLehmkuhl (6,3), de Águas Mor-nas, e duas de Joinville, ProfessorGustavo Augusto Gonzaga (6,3) eConselheiro Mafra (6,2).

Nas séries finais foram ava-liadas 795 escolas, das quais75% destas apresentarammédia superior às das redesestaduais do Brasil (3,6). Entreas primeiras colocadas estão aEscola de Ensino FundamentalSagrado Coração, de Canoi-nhas; Dom Felício Cesar daCunha Vasconcelos, de Irani.Na Capital , o destaque vaipara as escolas Hilda TeodoroVieira (séries iniciais) e EdithGama Ramos (séries finais).

Escolas catarinenses posicionadas entreas melhores do país na avaliação do INEP

A melhor média da rede esta-dual, nas séries finais, foi a daEscola de Educação Básica EdithGama Ramos (5,0), localizada nobairro Capoeiras, em Florianópolis.Nessa unidade escolar a leitura édos melhores instrumentos paraque os estudantes tenham bonsresultados em todas as disciplinas.O Projeto de Incentivo à Leituraimplantado no ensino fundamen-tal é colocado em prática naBiblioteca e no espaço equipadocom TV, DVD e Vídeo. " Os alunosque passaram de ano ou debimestre, ao terminarem a prova,vão diretamente para esses espa-ços onde dedicam o tempo à lei-

tura", informa o diretor José Antô-nio Dainez. Para ele, boa parte dobom desempenho dos alunos daEscola Edith Gama Ramos sedeve, também, ao Projeto de Valo-rização do Professor. Com a pro-moção de cursos de atualização,reuniões e conversas e debates,os 28 professores se sentem maisvalorizados. "Procuramos ver olado positivo dos fatos, evitando olado negativo e não utilizando acrítica vazia", enfatiza.

Entre os outros projetosdesenvolvidos pela unidade escolarse destacam os de preservação aomeio ambiente e o de saúdebucal. Em parceria com a Universi-dade Federal de Santa Catariana, aescola implantou um gabineteodontológico para prestar atendi-mento aos 700 estudantes, daeducação infantil e de 1ª a 8ªsérie do ensino fundamental. Amaioria desses alunos reside emlocais onde se concentram muitasfamílias de baixa renda. Apesar dis-so, o índice de aproveitamento dosjovens e das crianças é muitobom. "Estamos muito satisfeitoscom os resultados do IDEB querepresentam um prêmio para nos-sos alunos e professores", come-mora Dainez.

Escola Edith Gama Ramos é destaque em Florianópolis

O IDEB avaliaas habilidadesem leitura ematemática dosestudantes das 4ª e 8ª séries e do 3º ano doensino médio

A meta émelhorar ainda mais osindicadoresnacionais e criarum sistema deavaliação emSanta Catarina

O incentivoa leitura é o segredodo sucesso

6 Santa Catarina • Agosto 2008Especial

Santa Catarina e São Paulosão os estados que obtiveram amelhor média de aprovaçãonas séries iniciais, com 93,1%e 94,5%, e nas finais, 87,4% e89,2%, respectivamente, noÍndice de Desenvolvimento daEducação Básica (IDEB). Noensino médio, o estado catari-nense conquistou a primeiracolocação no ranking nacional,com 83,7%, e São Paulo asegunda, com 83%. Mesmoocupando lugar de destaquenos indicadores de avaliação

nacional, a meta da Secretariade Estado da Educação émelhorar esses índices e criarum sistema estadual de avalia-ção da educação básica.

Quando se compara o cres-cimento da média de aprovaçãodos dois estados no período de2005 a 2007, Santa Catarinaleva vantagens, apresentandocrescimento de 1,60%, nas sériesiniciais, 1,14% nas finais e 2,66%no ensino médio. No estado deSão Paulo, verifica-se uma quedade 0,76% nas séries iniciais e de

0,47 nas finais, enquanto noensino médio, registrou o cresci-mento de 1,80%, menor taxa secomparada com a de SantaCatarina (2,66%).

Os educadores afirmamque as metas alcançadas peloIDEB e o crescimento na taxade aprovação em 2007 sedevem, principalmente, à quali-f icação dos professores , oaumento de vagas nas escolas,especialmente na faixa etáriaentre 6 a 14 anos e da dimi-nuição da evasão escolar.

A Escola de Educação Bási-ca Vidal Ramos Júnior, da redepública estadual de Concórdia,está entre as dez primeiras (até4ª série) que ultrapassaram ameta do Ministério da Educação(MEC) no Índice de Desenvolvi-mento da Educação Básica (Ideb)de 2007. A unidade escolar obte-ve média 6,4, enquanto que ameta do MEC era 6,0. A diretora,Nerci Galvão Kugelmeyer, atribuios bons resultados a um projetopedagógico coletivo, envolvendoa comunidade, além do trabalhodos professores. Também ressaltaa importância da gestão escolar,concentrada nas ações pedagógi-cas. "Estamos comemorando umtrabalho coletivo, que começou aser resgatado em 2006, com o

Projeto de Incentivo à Leitura,motivando o aluno ao conheci-mento",declara.

O projeto pedagógico comos 718 estudantes, de pré aoensino médio, dos quais 105estudam nas séries iniciais, res-gata valores como: respeito, res-ponsabilidade, solidariedade,integridade e eficiência. "Procu-ramos articular esses valores aoconhecimento, motivando osalunos ao aprendizado", afirma.Para a diretora, a busca inces-sante pela qualidade da educa-ção contribui para que sua esco-la ocupe lugar de destaque nosindicativos educacionais de ava-liação. No entanto, deixa bemclaro que para isso é necessárioum trabalho de médio prazo.

"Acompanho o cotidiano dessaescola há muitos anos e tudotem sua história", salienta.

Uma nova visão de gestãoescolar é outro ponto destacadopela diretora. "Trabalhamos comuma gestão de resultados ecom isso todos ganham: escola,comunidade e município", res-salta a diretora que é habilitadaem Administração Escolar.

A Escola Vidal Ramos Júniorestá localizada na zona urbanado município de Concórdia eatende uma demanda de crian-ças e jovens de outros quatrobairros próximos e de mais qua-tro que necessitam de transporteescolar. Em 2007, foi construídoum ginásio de esportes e umlaboratório de informática.

Pela segunda vez consecu-tiva, o Centro Municipal deEducação Girassol (Cemeg),pertencente à rede municipalde São José do Cedro, conve-niada ao Sistema Positivo deEnsino, conquista o 1º lugarem Santa Catarina, no Índicede Desenvolvimento da Educa-ção Básica (IDEB).

No IDEB até a 4ª série, oCemeg passou do índice 6,3em 2005 para 7,3 em 2007,sendo as maiores médias noEstado, nas duas etapas daavaliação. Até a 8ª série amédia conquis-tada é 6,0 em2007 ficandona 3ª coloca-ção em nívelestadual. Amédia do IDEBnacional pas-sou de 3,8 em2005 para 4,2em 2007 até a4ª série e de3,5 para 3,8em 2007 até a8ª série.

"A famíliaCEMEG sente-se orgulhosa efeliz, pois o índice alcançadorepresenta o resultado docomprometimento de todo omunicípio com uma educaçãode qualidade", declara a direto-ra do Centro, Doceli Conte.

O Girassol atende 166alunos da Educação Infantil(maternal, jardim e pré), 195alunos de 1ª à 4ª séries e 119de 5ª a 8ª do Ensino Funda-

mental e conta com 43 fun-cionários. A escola oferece ati-vidades extraclasses comomúsica, computação e dese-nho. A busca de parcerias foifundamental para o sucessoda instituição que tem o apoiodo Banco do Brasil para man-ter o Coral Vozes. A escolatambém se destaca no espor-te. Participa da Maratoninharealizada na Capital, onde con-quistou o 1º lugar no Estado.O Atletismo é outro esporteem que o Centro investe eincentiva a participação dos

alunos, sendoque alguns jáse destacamnacionalmen-te. A diretoralembra aindaque, além deter participadodo Soletrandono ano de2007, onde aescola con-quistou o 2ºlugar do Esta-do, nos próxi-mos dias , aunidade esco-lar participará

de mais uma etapa do quadroexibido no Programa do Hulk,da Rede Globo. "Vamos, nova-mente, em busca de maisconquistas”, ressalta. OCemeg também vai participardo Concurso Nacional de JIN-GLES, promovido pela Secre-taria Nacional Antidrogas (Senad) Conselho MunicipalAntidrogas (Comad).

Centro de EducaçãoGirassol representa

bem a rede municipal

Escola de São José do Cedro ficou em 2º lugar no Programa Soletrando de 2007

Média de Aprovação coloca o Estado em 1º lugar

Projeto pedagógico coletivo envolve a comunidadee eleva a média da Escola Vidal Ramos Júnior

Uma nova visão de gestão escolar é responsável pelo sucesso da escola nas avaliações

O índice alcançadorepresenta oresultado docomprometimentode todo omunicípio comuma educação de qualidade

Santa Catarina • Agosto 2008 7

Texto e fotos: Sílvia Letícia Daleffe*

Aos sete anos, Renato che-gou na Escola de Educação Bási-ca Pedro Paulo Philippi com o paie a mãe. Em São Paulo não haviaensino especial para deficientesvisuais e Santa Catarina represen-tou uma esperança para a família.Foi o primeiro aluno cego a seratendido pela professora GlorisBelli, no início da década de 90."Um aprendeu com o outro. Adiferença está na vontade dospais", desabafa a professora, atual-mente diretora da unidade.

Nem a escola e o Brasil esta-vam preparados para o desafio:atender de forma especializada,alunos com qualquer tipo de defi-ciência. Atualmente, Renato Ale-xandre Tenca, 21, cursa o segundoano da faculdade de Letras, naUnivali, a maior instituição privadade Santa Catarina.

Os vinte colegas de sala nãotêm este tipo de deficiência ebuscam aprender no cotidiano.Uma das alunas diz que ficouapreensiva no dia em que for-mou dupla com Renato para umtrabalho. "Pedi para que a profes-sora aumentasse o número decomponentes do nosso grupo,pois não saberia lidar sozinhacom um cego. Descobri no mes-mo dia que era algo absoluta-mente normal", observa.

Há 15 anos a Escola PedroPaulo Philippi é referência em Ensi-no Especial. Atende 20 alunos nasdeficiências visual, mental e auditi-va. No ensino médio, os estudan-tes cegos substituem aos poucosa máquina braile pelo notebook. Aregião de Itajaí recebeu seis equi-pamentos por intermédio da Fun-dação Catarinense de EducaçãoEspecial e a metade foi disponibili-zada para estudantes da Escola. Ocomputador é usado nas aulas epermite digitar o conteúdo das dis-ciplinas, editar textos, acessar àInternet, entre outros recursos quefacilitam o aprendizado.

Na 5ª série, a única diferen-ça é na estrutura funcional dasala de aula. Dois professorespara trinta alunos. Seis estudan-tes são surdos e acompanhama aula por meio da Língua Brasi-leira de Sinais (LIBRAS). "Vamosampliar este conhecimento porque precisamos nos comunicarsem barreiras", informa a direto-ra. A escola planeja curso decapacitação e dessa vez irãoincluir as merendeiras e as aju-dantes de serviços gerais.

Este é o sinal que a caminha-da é longa. A rede pública estáem processo de inclusão e háresistências dentro de algumasescolas. Desde 2006, a Políticade Educação Especial preconizaque o Estado deve atender todosos tipos de deficiência de formaespecializada. Os alunos estudamem salas com pessoas sem defi-ciência, para total integração. Pau-lo Henrique, 11, tem colegas sur-dos. “Sei todo o alfabeto de sinaispor que aprendi observando", diz.

O processo é recente edemonstra a realidade. Tanto quecresce o número de jovens eadultos com deficiência mentalou algum tipo de transtorno noscursos supletivos e de alfabetiza-ção. Todos são inseridos em salas

com alunos sem deficiência. Asaulas acontecem no Centro deEducação de Jovens e Adultos-CEJA- um dos únicos de SantaCatarina com este tipo de atendi-mento. O centro fica anexo àescola PPP e é coordenado pelaprofessora Valéria Mello.

A integradora de EducaçãoEspecial e Diversidade, LucéliaSardá, com experiência de 24anos na área, acredita que aindafalta informação para as famílias."Muitos pais ainda não queremcolocar os filhos em salas doensino regular e profissionais darede têm receio deste trabalho.Devemos aceitar a diversidadehumana", pondera.

*Assessora de Imprensa da SDR de Itajaí

Educação Especial supera desafiosA Escola BB Pedro Paulo Philippi há 15 anos atende alunos com necessidades especiais

Projetos

Renato que cursa a faculdade de Letras já pode substituir a máquina de BRAILE pelo notebook

Alunos surdos são inseridos no

ensino regular

8 Santa Catarina • Agosto 2008

Homero Gastaldi Buzzi

Com instalações totalmente novas, alu-nos, professores e a comunidade da EscolaPaulo Zimmermann, de Rio do Sul, festeja-ram, dia 23 de julho, os 100 anos do edu-candário. O evento teve muita música e ati-vidades culturais na presença de autorida-des políticas e educacionais.

A escola que atende cerca de 900 alu-nos recebeu investimentos no valor de R$1.043.265,69 e apresenta uma estruturaque pode ser considerada modelo no país,com ginásio de esportes, auditório, bibliote-ca, laboratórios de ciências, hall de entrada,pátio interno, jardins, muros e cozinha/labo-ratório para que os deficientes visuais pos-sam aprender a cozinhar. Além das salas deaula, cantina, banheiros e salas dos professo-res, as adaptações do prédio escolar foramrealizadas de acordo com a Lei da Acessibili-dade (decreto 5.296/04) permitindo o des-locamento dos alunos que usam cadeira derodas, muletas ou bengalas. Os corrimõespara cegos e outras adaptações própriaspara o pleno atendimento ao estudante comnecessidades especiais também foi pensa-do. A escola recebeu uma sala de informáti-ca que apresenta uma estrutura diferencia-da. De acordo com o diretor Fábio Alexandri-ni, da Secretaria de Educação, estas salaspermitem maior integração entre os profes-sores e alunos. “Com apenas um computa-dor, conectado a 12 monitores, dezenas dealunos acessam simultaneamente sob avisualização do professor”, explica.

A reconstrução da área total de 2.520metros quadrados iniciou em novembro de2007. O Governo do Estado, por meio daSecretaria de Desenvolvimento Regional inves-tiu ainda mais R$ 1.043.265,69 em obras deampliação e reforma nas escolas da região.

Homero Gastaldi Buzzi, é assessor de imprensa da SDR de Rio do Sul

Um pouco da históriaA história do Paulo Zimmermann começou

em 1908, quando missionários enviados de Ber-lim reuniram-se com colonos do distrito blume-nauense de Bella Aliança e fundaram umacomunidade escolar eclesiástica, que, em 1915,tornou-se particular e, em 1917, pública. Emseguida, no ano de 1925, a escola instalou-se naAvenida Rio Branco, tendo como professor Geor-ge Schultz, nomeado, em 1926, diretor da esco-la. Em 1927, a unidade escolar passou a serdenominada como Grupo Escolar Paulo Zim-mermann, em homenagem ao ilustre blume-nauense nascido em 23 de julho de 1862 eeleito três vezes prefeito de Blumenau.

Finalmente, em 2003, a instituição foi reco-nhecida e autorizada a funcionar como Escolade Educação Básica. Atualmente, é dirigida porNeuza Cacciatore, atendendo 902 alunos detodos os bairros rio-sulenses. Estão matriculados486 estudantes no ensino fundamental, 376 noensino médio e 40 pelo serviço especializadode educação especial. Destes, 20 são deficien-tes auditivos e 20 deficientes visuais. No hall daunidade escolar encontra-se o marco do centrogeodésico do Estado de Santa Catarina.

No ano do centenário, escola inaugura as novas instalações

Obras

EE Paulo Zimmermann segue padrões de infra-estrutura garantidos na Lei da AcessibilidadeO ensino para 40 alunos

deficientes visuais e auditivosda escola Paulo Zimermmannestabelece um novo parâmetrono atendimento às necessida-des dos estudantes que aescola atende. As aulas sãoministradas duas vezes porsemana em dias alternados,devido ao horário de trabalhodos alunos, pois todos estãoempregados. "No outro perío-do eles freqüentam o Centrode Educação de Jovens eAdultos (Ceja), onde se for-mam no Ensino Fundamentalou no Médio, conforme ocaso, pois a maioria quer

ingressar no Ensino Superior,explica a professora de Educa-ção Especial e Diversidade,Monika Denzer Martins, queensina a Língua Brasileira deSinais (LIBRAS). Na escolaestudam alunos cegos e sur-dos na Educação Infantil, noEnsino Fundamental e Médiocom idades que variam de 3até 37 anos.

Rodrigo Aleixo, 29 anos,diz que uma das razões que olevaram a estudar foi para mos-trar às pessoas a importânciada LIBRAS. "Essa língua desinais é a minha língua mater-na e o Português é o segundo

idioma que os deficientes audi-tivos aprendem", destaca ojovem. Ele chama a atençãopara a importância de mostrarà sociedade que pode exercera cidadania, manter-se no mer-cado de trabalho, ter uma famí-l ia e levar a vida adiante.Atualmente Rodrigo trabalhana Metalúrgica Rio-sulense.

A professora Monika "bri-ga" pelos direitos dos seus alu-nos , que até então eramescondidos da comunidadepelos próprios famil iares .Segundo ela "há muita coisapor vir ainda, pois estamoscom uma revolução em curso

e os alunos querem fazer tudoa que tem direito!". E isto, cer-tamente, não é só dotar calça-das ou prédios públicos comrampas para cadeirantes.

O professor "Pedrão",como é conhecido Pedro daSilva, que leciona EducaçãoFísica há 20 anos, ressalta que"as melhorias realizadas ante-riormente nem se equiparam aesta realizada agora". Eleexplica que todos percebem amudança, além dos alunos,professores, os pais e a comu-nidade escolar inteira. "Como aescola é central e abriga alu-nos de todos os bairros de Rio

do Sul, as melhorias acabamse refletindo na auto estimados cidadãos", afirma.

As alunas Daniela Scharffe Andressa Willrich, ambascursando a 7ª série no perío-do matutino, concordam como professor. Daniela diz que e"o próprio ensino melhoroucom novos equipamentos ,mais limpeza e os estudantesestão mais est imulados aestudar". Andressa garanteque "a escola com tradiçãocentenária e toda nova, todareformada, vai garante a boaqualidade de ensino da PauloZimermann.

Fotos: Homero Gastaldi Buzzi

EEB Paulo Zimmermann: a arquitetura escolar deve contemplar novas propostas pedagógicas

Santa Catarina • Agosto 2008 9

SDR Concórdia desenvolve ProgramaBoa Postura da Coluna VertebralA Gerência de Educação da Secretaria Regional de Con-córdia desenvolve desde o mês de maio o Programa"Boa Postura da Coluna Vertebral". O programa é originá-rio da Semana da Boa Postura instituída pelo governadorLuiz Henrique, através da Lei 14.304 de 11 de janeiro de2008, e que deve ser comemorada anualmente no mêsde abril. As atividades vem sendo desenvolvidas emtodas as escolas da rede estadual nos sete municípios deabrangência da SDR Concórdia.

Ziraldo e seus Amigos

NOTÍCIAS

Mutirão da Pintura

O Mutirão da Pintura,que teve início em mar-

ço de 2008 com a recu-peração de 250 unida-des de ensino, prosse-

gue com a entrega dastintas para a segunda

etapa, que prevê a recu-peração de mais 200

escolas. Na pintura dosestabelecimentos de

ensino da rede públicaestadual, estão sendoaplicados cerca de R$2,9 milhões. As tintas

da segunda etapa jáforam enviadas às

Gerências Regionais deEducação e serão distri-

buídas às unidadesescolares que já

prestaram contas da primeira etapa.

Jovem ParlamentarEstudantes do 3º ano do Ensino Médio têmaté o dia 4 de setembro para se inscreveremno Concurso Parlamento Jovem 2008. O obje-tivo do projeto é propiciar aos alunos a partici-pação de uma jornada parlamentar na Câmarados Deputados, em Brasília. Os participantesdeverão criar um projeto de lei sobre temasnas áreas de Agricultura e Meio Ambiente;Saúde e Segurança Pública; Economia, Empre-go e Defesa do Consumidor; Educação, Cultu-ra, Esporte e Turismo. Serão selecionados doisprojetos de alunos que representarão SantaCatarina na 5ª sessão do Parlamento Jovemno Distrito Federal, de 10 a 14 de novembro.

Carteiras ReguláveisOs cerca de 6 mil alunos com seisanos de idade que cursam a primeiranas escolas públicas estaduais nãoterão dificuldades para se adaptar aomobiliário das salas de aula. A Secreta-ria da Educação entregou 20 mil cartei-ras reguláveis para proporcionar maisconforto às crianças desta faixa etária.Na aquisição das carteiras, a instituiçãoinvestiu aproximadamente 4,3 milhões.

FanfarrasAlunos das escolas da rede pública estadual terão um incenti-vo a mais para as comemorações da Independência do Brasil,

no dia 7 de setembro. A Secretaria da Educação está distri-buindo Fanfarras Escolares para as Gerências Regionais de

Educação, que as repassarão para as escolas que desejam for-mar uma banda. Já foram enviadas 112 bandas e o término

da distribuição está previsto até o dia 20 de agosto.

A Secretaria da Educação vai distri-buir às escolas que oferecem o ensinofundamental ainda neste semestre, oskits da coleção “Ziraldo e seus Amigos”composta por nove maletas com dozelivros cada. Os cerca de 420 mil estu-dantes de 1ª a 9ª séries serão benefi-ciados com obras diferenciadas deacordo com as séries em que estudam.Cada uma das séries terá direito a duascoleções que serão trabalhadas emsala de aula.

As coleções de livros abordamassuntos do dia-a-dia das crianças eadolescentes, contribuindo para o estí-mulo e desenvolvimento da leitura. As

obras integram o Projeto “Planeta Leitu-ra” da Editora Melhoramentos e osseus títulos seguem os conteúdos dosParâmetros Curriculares Nacionais, des-tacando temas como ética, saúde, plu-ralidade cultural, meio ambiente, entreoutros. De forma agradável e simples,os textos vêm acompanhados de lindasilustrações.

O Projeto original apresenta comodiferencial a capacitação para professo-res e prevê a visita do autor ZiraldoAlves Pinto nas unidades escolares. Osacompanhamentos pedagógicos têmpor objetivo instrumentalizar e motivaros educadores.

Mesas de Refeitório e Armários

Com o objetivo de melhorar a estruturafísica das escolas, a Secretaria daEducação, este mês, distribuiu 2 milmesas destinadas aos refeitórios dasescolas de ensino fundamental, além de2 mil armários para salas de aula e maisde 300 escrivaninhas para as secreta-rias das escolas. No total, estão sendoinvestidos cerca de R$ 3 milhões nestaação, sendo que R$ 1,9 milhão foi desti-nado às mesas de refeitório que têmcapacidade para acomodar 14 crianças.Na compra de armários e escrivaninhas,o investimento foi de R$ 1,3 milhão.

Ciências e TecnologiaValorizar e incentivar a pesquisa científica nas escolas de educaçãobásica é o principal objetivo da III Feira de Ciências e Tecnologia daEducação Básica, que a Secretaria de Estado da Educação promovenos dias 24 e 25 de outubro. O evento será realizado no InstitutoEstadual de Educação, localizado no centro de Florianópolis, e vaipremiar os projetos de alunos selecionados na etapa regional. Essesparticiparão da Semana Nacional de Ciências e Tecnologia, daSemana de Ensino, Pesquisa e Extensão e do Seminário de IniciaçãoCientífica, promovidos pela Universidade Federal de Santa Catarina.Os trabalhos escolhidos na etapa estadual representarão Santa Cata-rina na FENACEB, feira nacional patrocinada pelo Ministério daEducação, no Distrito Federal, e na Mostra Internacional de Ciên-cias e Tecnologia, no Rio Grande do Sul.

Salas de tecnologia e InformáticaA Secretaria da Educação concluiu a entrega de 6 milcadeiras giratórias com 3 mil mesas para as 426salas de tecnologia e informática que fazem parte doProinfo (Programa Nacional de Informática na Educa-ção), do MEC. Desenvolvido em parceria com oMEC, o programa distribui computadores e impresso-ras e a Secretaria entra com as instalações e o mobi-liário. Na aquisição do mobiliário, a Secretaria da Edu-cação investiu em torno de R$ 1,6 milhão nas instala-ções, além dos R$ 15 milhões destinados a comprade 413 salas diferenciadas, perfazendo um total de839 escolas com acesso à tecnologia educacional.

10 Santa Catarina • Agosto 2008

Professor Olegário: um apaixonadopela profissãoLetícia Póvoas*

Passaram-se 35 anos emescolas públicas e privadas deBlumenau e a vontade de sairdas salas de aula continua zero.Essa é a história de Renato Ole-gário, hoje com 55 anos, profes-sor de química das turmas deEnsino Médio da EEB SantosDumont e das turmas do segun-do ano do Ensino Articulado doSENAI, ambas escolas de Blume-nau. Para ele, educador é umaprofissão de tempo integral. "Abanalização da arte do magistériopor aqueles que estão professo-res, mas não se identificam ounão tem postura de professor, é agrande responsável pela poucaimportância que se dá à escola eao ato de ensinar hoje", explica.

Antes de se tornar professor,Olegário pensou em ser padre echegou a ser seminarista. Com 14anos começou a trabalhar, masdescobriu a profissão que queriaseguir aos 21. Foi com esta idadeque ele entrou pela primeira vezem uma sala de aula, quando cur-sava a Licenciatura Curta emCiências e a atividade fazia partedo currículo. De lá para cá, desco-briu-se um apaixonado pela profis-são, pelo ensinar e pelos alunos.Deixou o emprego que tinha emergulhou na educação em 1974.

Olhando para este professorque hoje é também formadoem Química, com especializa-ção em Ensino de Ciência eescrevendo monografia para asegunda especialização, destavez em Ensino de Química, dápara perceber que a educação éo que ele realmente escolheupara sua vida. "Eu não dou aula,eu me divirto três períodos", afir-ma ele que está atualmentecom 56 horas de aula divididas

entre manhã, tarde e noite. "Etenho certeza que meus alunosse divertem também", completa.

E não é para menos, comum perfil sincero e divertido, esteprofessor cativa todos os estudan-tes que passam por ele, e queem todo este tempo de magisté-rio já somam cerca de 10 mil. "Sevocê levar a coisa a ferro e fogo,você cria um inimigo pessoal eprofissional", comenta o professorque acredita que é preciso consi-derar a importância da disciplinapara a vida do educando. "É pre-tensão esperar quetodos os seus alunosgostem de sua maté-ria da mesma formaque você".

O que RenatoOlegário realmentegosta é estar dentroda sala de aula, estarem contato com osalunos, ensinado eaprendendo com eles.Sim, porque para ele, um bomeducador precisa antes de tudo,aprender. Mas, logo no início desua careira, motivado por melho-res salários, Olegário tentou outroscaminhos. Em 1981 foi trabalharcomo químico. A tentativa durou

seis meses e ele voltou a dar aula.Outra tentativa surgiria cinco anosdepois, e com uma nova e definiti-va volta ao quadro, ao giz e àescola. Daí para frente nunca maislargou sua vocação. Mesmo quan-do foi diretor continuou lecionan-do, e no momento de optar peladireção ou pelo ensino, escolheuas salas de aula do Ensino Médio,como fez a maior parte de suacarreira.

Com tantos anos de estudo eprática educacional, o professoravalia a educação de hoje. "Não

existe aprender semensinar. Se você ensi-nou, mas os seus alu-nos não aprenderam,então você não ensi-nou", explica. "Se issoacontece é precisorepensar a posturacomo educador, àsvezes a maneira comovocê demonstra oassunto é que não é a

correta para aquele público". Em relação às novas mídias e

ferramentas educacionais, "a leitu-ra do mundo hoje é totalmentediferenciada", diz ele ao se referiras transformações da educaçãodurante os anos que atua como

professor. "Antigamente o profes-sor era o canal de informação,hoje a janela pro mundo é a telada televisão e do computador",exemplifica. Com os novos meiosde educação, com a internet equantidade de informação que osalunos recebem, é dever do pro-fessor fazer com que oaluno consiga discernirentre o que é útil e oque é incorreto. ParaOlegário, é precisofazer o aluno conhecere se interessar peloassunto, e para isso,deve-se partir da reali-dade para aprender o conceitual.

Quanto à escola, o professoracredita que ela necessita resga-tar seu valor como fonte deconhecimento formal. As situa-ções não-formais tendem a sersempre mais interessantes nosentido de despertar no alunouma curiosidade por aquilo que,no momento, a escola se lhe pro-põe a ensinar. "Alguém disse aosnossos alunos que estudar é pra-zeroso e lúdico. Mas se o alunonão identificar naquilo que estáestudando algo que lhe seja útilisso não será verdadeiro", argu-menta. "O processo de aprender

requer empenho, disciplina emétodo. A consecução dos obje-tivos requer muitas vezes noitesmal dormidas e sacrifício de algu-mas horas de lazer que não setraduzem em algo prazerosa. Masa apreensão do conhecimento,agora eu sei, é muito prazeroso",

exemplifica.E o que é ser

bom professor? Olegá-rio vê como bom edu-cador aquele que aliao saber aprender aoquesito conhecimen-to. Segundo o educa-dor, a facilidade de

relacionar-se e a aproximaçãocom as pessoas que interagempermite uma comunicação maisefetiva entre aquele que aprendee aquele que ensina. E o conheci-mento dá a necessária segurançae confiança naquilo que se ensina.

Os próximos planos desteprofissional contemplam um cursode mestrado e outro de doutora-do, além da aposentadoria quedeve vir em 2011. Mas ele avisa: "-Depois que eu me aposentar, voufazer concurso de novo e voltar alecionar, porque eu não sei ficarsem dar aula". *Assessoria de Imprensa da SDR de Blumenau

“Antigamenteo professorera o canal deinformação”

“Se vocêensinou,mas seusalunos nãoaprenderam,então vocênão ensinou”

“Eu não sei ficarsem daraulas”

Foto: Taíza Dolzan

Olegário cativa os estudantes da Escola Santos Dumont, de Blumenau, com divertidas aulas de química

PerfilSanta Catarina • Agosto 2008 11

ESCOLAS DE SANTA CATARINA ESTÃOENTRE AS MELHORES DO PAÍS

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