Jornal Público de 22.09.2015
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Coligação de direita acima de 40% mas ainda com empate técnicoPortugal à Frente com intenção de voto de 40,1%, contra 37,1% do PS, na tracking poll da Intercampus. Diferença entre os dois concorrentes está no intervalo de erro do estudo, que é de 3,6% Destaque, 2 a 8 e Editorial
Após um fi m-de-semana de pesadelo, o grupo alemão teve um dia de desastre. Cotação em Frankfurt caiu 19%, depois de o grupo ter admitido que enganou autoridades dos EUA p20
União Europeia pressionada para obter acordo para receber 120 mil refugiados. Nova versão do plano Juncker prevê que sejam os Estados a decidir quantos refugiados vão realojar p26
Escolas com ensino artístico especializado alertaram para falta de verbas, que deixaria muitos alunos de fora. Ministro diz que ouviu protestos e por isso “teve de encontrar” mais dinheiro p10
Em Julho, poupanças em depósitos à ordem atingiram novo recorde, de 36.051 milhões de euros p18
Volkswagen cai na bolsa após fraude em teste de emissões
UE desiste das quotas obrigatórias para refugiados
Nuno Crato dá mais quatro milhões ao ensino artístico
Nunca houve tanto dinheiro em depósitos à ordem
NOVO GOVERNO GREGOSYRIZA DEIXOU CAIR O “RADICAL” NA SEGUNDA VIDA DE TSIPRASMaria João Guimarães, em Atenas. Comentário de Teresa de Sousa, Mundo, 24/25 e Editorial
LOUISA GOULIAMAKI/AFP
Sporting sofre para bater Nacional e iguala FC Porto na classificação p40TER 22 SET 2015EDIÇÃO LISBOA
Ano XXVI | n.º 9291 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL
Alexis Tsipras tomou posse ontem, em Atenas, após a vitória nas eleições de domingo, que ficam marcadas por uma elevada abstenção
1937-2015MORREU VITOR SILVA TAVARES, UM EDITOR RADICAL E O ÚLTIMO DOS RESISTENTESCultura, 28/29
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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Coligação de direitaacima dos 40%mas mantém-se o empate técnicoPrimeira sondagem diária do PÚBLICO e TVI dá vantagem a PSD e CDS, com três pontos percentuais de avanço sobre o PS. Eleitorado feminino prefere os socialistas
Portugal à Frente (PaF)
tem uma intenção de voto
acima dos 40% na tracking
poll da Intercampus para
o PÚBLICO e a TVI. Os 753
entrevistados entre 18 e
20 de Setembro dão à coligação
de Pedro Passos Coelho e Paulo
Portas 40,1% contra 37,1% do PS
de António Costa. O erro máximo
da amostragem, para um intervalo
de confi ança de 95%, é de 3,6%.
Ou seja, a diferença entre as duas
principais forças concorrentes às
legislativas de 4 de Outubro está no
intervalo de erro do estudo.
A coligação dá, assim, um pas-
so simbólico ao virar a margem
dos 40%, mas ainda pode es-
tar longe da maioria absoluta.
Recorde-se que, em 2005, José
Sócrates teve a primeira maio-
ria absoluta do PS com 45,3%.
Segundo esta projecção diária
com distribuição de indecisos, en-
tre os partidos que actualmente
têm representação parlamentar,
a Coligação Democrática Unitária
(CDU) do PCP com Os Verdes al-
cança 6,3%, seguida do Bloco de
Esquerda (BE) com 4%. Outros par-
tidos obterão 3,5% e os votos bran-
cos e nulos totalizam 9%.
Embora a metodologia deste
Nuno Ribeiroestudo seja diferente da utilizada
nas sondagens — estas últimas de-
correm em entrevistas presenciais
com simulação de voto em urna,
enquanto na tracking poll o contac-
to é telefónico —, a comparação do
estudo com a sondagem da Inter-
campus publicada no PÚBLICO em
8 de Julho revela uma subida acen-
tuada da coligação PaF. De 32,7 pa-
ra 40,1%, enquanto o PS se mantém
nos 37%. Já a CDU e o BE baixam,
respectivamente, de 11 para 6,3% e
de 6 para 4%.
“Este é um estudo da observação
diária das percepções dos portu-
gueses a partir de uma amostra em
permanente renovação”, explica
António Salvador, director-geral
da Intercampus ao PÚBLICO. As-
sim, se no estudo agora divulgado
foram considerados 753 entrevis-
tados, na tracking poll de amanhã
serão mil. A partir de então, serão
retiradas 250 entrevistas e coloca-
das outras 250 num processo de
actualização que pretende evitar
a diluição da avaliação diária das
intenções de voto, num processo
sucessivo, mantendo, sempre, os
mil entrevistados.
Este tipo de estudos, um exercí-
cio com longa tradição nos Estados
Unidos e que ganha relevância num
cenário de grande imprevisibilida-
de de resultados, será divulgado
pelo PÚBLICO e TVI até 29 de Se-
Tracking poll diária
Fonte: Intercampus
As intenções de voto
Sondagem realizada pela Intercampus para TVI e PÚBLICO com o objectivo de conhecer a opinião dosportugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximaseleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos deidade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 753entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estratificação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos).Os trabalhos de campo decorreram entre 18 e 20 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,6%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 57,6%.
FICHA TÉCNICA
Em 8 Julho Em 21 Setembro
40,1%37,1%
6,3%4,0%
BE – Blocode Esquerda
CDU – ColigaçãoDemocrática Unitária
PS – PartidoSocialista
Portugal à Frente(coligação
PSD/CDS-PP)
32,7%37,6%
11,0%6,0%
Resultados
Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
tembro. A 1 de Outubro, a três dias
das eleições, será conhecida uma
sondagem de simulação de voto
em urna.
Em resultados absolutos, o estu-
do que hoje divulgamos reserva à
coligação governamental 30,3% e
aos socialistas 28%, enquanto 13 em
cada cem dos inquiridos ainda não
decidiram. Do mesmo modo, o PAN
é dos partidos pequenos o preferi-
do, com 0,8% das intenções abso-
lutas de voto, enquanto o Partido
Livre/Tempo de Avançar, liderado
por Rui Tavares, e o o PCTP/MRPP
de Garcia Pereira obtêm o mesmo
resultado: a preferência, em termos
absolutos, de três dos entrevistados
(0,4%), aliás a mesma percentagem
que o PNR.
Preferências à lupaA análise permitida pelo universo
das 753 entrevistas revela que o
eleitorado feminino é mais adepto
da mensagem dos socialistas do que
da PaF: 30,9 contra 24%. A prefe-
rência do masculino vai, com uma
diferença de 12 pontos (37,1 face a
24,9%), para a coligação de Passos
e Portas.
Por faixa etária, a mensagem dos
socialistas é a preferida pelos elei-
tores de 55 e mais anos (31,8%) e
tem uma representação idêntica
de 25 pontos nos outros dois esca-
lões considerados: 18 a 34 e 35 a 54
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 3
A perguntaO Serviço Nacional de Saúde nunca esteve tão capitalizado?
A frase“Nunca tivemos um SNS que estivesse tão capitalizado, tão pronto a responder aos portugueses”Pedro Passos Coelho, jantar-comício da pré-campanha em Santarém, 19/9/2015
O contextoPerante uma plateia de 1500 pessoas, durante um jantar-comício da pré-campanha, em Santarém, Pedro Passos Coelho garantiu que o país está a recuperar. O líder da coligação Portugal à Frente admitiu que não gostou de implementar algumas das medidas de austeridade tomadas nos últimos quatro anos. Mas, concretamente sobre o lado da receita, frisou que as mudanças foram necessárias para “pagar as dívidas dos outros e arrumar a casa”.
Contudo, o social-democrata negou que as medidas tenham fragilizado o Estado social e deu até alguns exemplos de melhoria: “Nunca tivemos um SNS tão capitalizado, tão pronto a responder aos portugueses, e uma educação que estivesse tão ao serviço dos jovens e da formação e nunca tivemos um apoio social tão reforçado”.
Os factosEm 2011, o Orçamento do Estado (OE) foi aprovado pelo Governo de José Sócrates e parcialmente executado por Passos Coelho, pelo que fica de fora destas contas. Tendo em consideração o período de 2012 a 2014, o Governo da coligação PSD/CDS transferiu nestes três anos um total de 25.298,4 milhões de euros para o SNS. Já o executivo do PS, entre 2008 e 2010, disponibilizou
ao todo 24.798,7 milhões de euros — o que significa quase menos 500 milhões em três anos.
Para 2015, o OE prevê que o SNS receba 7874,2 milhões de euros, um valor ligeiramente superior aos 7720,1 milhões de 2014, mas mesmo assim abaixo do que foi gasto em 2013 e 2012. Aliás, é preciso recuar a 2007 para encontrar um valor tão baixo no executivo de José Sócrates. Quanto ao défice do SNS, tem existido uma recuperação. Em 2010 o valor chegou perto dos 800 milhões de euros e foi caindo até aos 272 milhões em 2014, indicam os dados do Programa Orçamental da Saúde. Para 2015 prevê-se um buraco final de 30 milhões de euros.
Contudo, é preciso salientar que um conjunto de verbas significativas não foi gasto pelo actual executivo na prestação de cuidados mas no plano de regularização de dívidas e aumento de capital dos hospitais do sector empresarial do Estado, que representam a maior parte do parque hospitalar português. O plano custou perto de 3000 milhões de euros nestes quatro anos, o que significa que boa parte do reforço foi destinado ao pagamento de dívidas. Só de 2013 para 2014 a dívida global do SNS aos fornecedores registou uma redução de 102 milhões, de 1841 milhões de euros para 1739 milhões — mas a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica tem denunciado que os prazos estão de novo a derrapar.
Comparámos as verbas transferidas para o Serviço Nacional de Saúdenos últimos três anos e no anterior Governo de José Sócrates
PROVA DOS FACTOS
Por outro lado, a despesa privada das famílias com a área da saúde tem subido. No total, no final de 2014, as famílias já suportavam directamente quase 28% do total do dinheiro que é gasto na área da saúde, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística, que mostram, pelo contrário, que o peso da despesa pública em percentagem do PIB tem vindo a cair.
Mesmo assim, quanto à actividade assistencial, os dados da Administração Central do Sistema de Saúde relativos ao 1.º semestre indicam que tanto as cirurgias programadas como as consultas externas cresceram nos hospitais públicos. Pelo contrário, o número de consultas médicas realizadas nos cuidados de saúde primários diminuiu 0,4%. Olhando para um período mais alargado, de 2011 até 2014 as consultas nos hospitais também subiram, assim como as cirurgias. Mas nos centros de saúde o número caiu de 30,6 milhões em 2011 para 28,7 milhões em 2014. A derrapagem ainda é mais considerável se tivermos em conta só as consultas presenciais, já que parte da queda foi compensada pela criação das chamadas consultas de enfermagem e das consultas sem a presença do utente.
Em resumoO Governo de Passos Coelho, no total, colocou de facto mais dinheiro no SNS do que o executivo de José Sócrates. No entanto, não é verdade que este seja o maior orçamento da coligação PSD/CDS para a saúde, já que tanto em 2012 como em 2013 o OE transferiu mais dinheiro para o SNS do que em 2014 e do que está previsto para este ano. Além disso, uma boa parte do reforço de verbas destinou-se ao pagamento de dívidas em atraso e não à prestação de cuidados aos doentes — o que se reflecte noutros dados como o aumento da despesa directa das famílias com a área da saúde. Romana Borja-SantosPÚBLICO
A tracking poll diária que o PÚBLICO começa hoje a divulgar tem uma metodologia e um universo diferente da sondagem de 8 de Julho. Nesta sondagem, as entrevistas foram feitas presencialmente, com simulação de voto em urna, a uma amostra de 1014 eleitores, enquanto o estudo de opinião de hoje foi feito telefonicamente a um universo de 753 pessoas. A próxima sondagem presencial será publicada a 1 de Outubro.
Nota:
3,5%9,0%
Brancos/nulosOutrospartidos
6,7% 5,9%
anos. Neste estudo e à esquerda,
o mesmo fenómeno é identifi cado
no comportamento do eleitorado
da CDU, mais expressivo na faixa
etária mais elevada, a de 55 e mais
anos (6,6%), no que da dos 18 aos
34 (2,3%) ou de 35 a 54 anos, que
é de 4,3%. Pelo contrário, o Bloco
de Esquerda concentra os seus elei-
tores nas faixas etárias de 18 a 34 e
35 a 54, respectivamente quatro e
4,7%, sendo apenas de um ponto a
preferência acima dos 55 anos.
Por seu lado, a coligação do
PSD e CDS-PP tem uma distri-
buição de eleitorado por idades
mais equilibrada: 29,7 nas duas
primeiras faixas (18 a 34 e 35 a 54
anos), e 31,1 acima dos 55 anos.
Por região, Passos Coelho e Pau-
lo Portas têm os seus pontos fortes
no Algarve e Centro (38,7 e 34,3%),
seguidos do Norte, com 32,1. Lisboa
é o seu ponto débil, com 24,2%, en-
quanto no Alentejo têm 24,5.
Já o PS tem os seus melhores
scores no Alentejo (35,8%) e Nor-
te, com 28,6. Em Lisboa, obtém
27,8 e no Centro 26,5%, sendo o
pior resultado considerado neste
estudo o do Algarve: 19,4%. Com-
parando as duas principais forças,
a coligação ganha a Norte, Centro e
Algarve, enquanto os socialistas de
António Costa lideram em Lisboa,
com três pontos de vantagem, e no
Alentejo.
MIGUEL MANSO
A coligação Portugal à Frente está na dianteira desta primeira tracking poll
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
LEGISLATIVAS 2015
A fórmula de Costa no interior: um pêssego por um voto
Desde sempre que o
interior luta para tirar
proveito do que a terra
lhe dá. E no terceiro
dia de passagem pelas
regiões mais deprimidas
do país, o secretário-geral do
PS fez o mesmo. António Costa
espremeu das suas visitas os
recados e apelos dos eleitores
locais para defender as propostas
eleitorais socialistas.
Nem todos os frutos
transmontanos foram fáceis
PAULO PIMENTA
António Costa distribuiu beijinhos e palavras de incentivo ao voto no PS
O PS chama às arruadas contactos com a população. Mas o percurso de uma rua pedonal em Mirandela viu muito pouca população
Partida: Seia
Acontecimento do dia:
Chegada: Vila Real
Líder do PS prometeu empenho pessoal na defesa das regiões agrícolas e uma unidade de missão para territórios deprimidos
Reportagem Nuno Sá Lourenço
CONTA KM
752 km
1256 km
de colher, no entanto. Alguns
estavam ali mesmo à mão
de semear, enquanto outros
exigiam um laborioso trabalho
de transformação. Foi em Santa
Comba de Vilariça que a comitiva
iniciou a campanha do dia,
para fazer render a bandeira
da articulação da agricultura
com a inovação. Costa andou
por estradas de terra batida
a ver canalizações de rega
monitorizadas por computadores,
lançadas pelo projecto de
Automação e Telegestão para
Aproveitamento Hidroagrícola.
O projecto era o exemplo
perfeito para aquilo que o
PS propunha no interior. E o
testemunho dos produtores
ajudou ao discurso do candidato.
Até mesmo sobre temas mais
abrangentes do que a agricultura.
Logo pela manhã, Costa
apanhou boleia de um idoso que
Horas antes, em Bragança,
adequara o discurso à plateia.
Depois de ouvir um dirigente
local queixar-se do abandono
a que estava votada a região, o
secretário-geral prometeu criar
uma Unidade de Missão para
a Valorização do Interior no
seio de um seu futuro governo.
“Directamente dependente do
primeiro-ministro”, acrescentou
antes de comprometer o seu
“empenho pessoal” para
garantir a “mobilização de todos
os ministérios” no apoio ao
desenvolvimento regional.
Esse empenho pessoal foi a
“fórmula” a que recorrera já em
Vilariça para tentar convencer
um produtor de azeite e pêssegos.
Luciano Camelo estava à espera
de Costa para o “ouvir”. “Eu
não acredito na política e nos
políticos”, começou por dizer
ao candidato. Costa garantiu-lhe
que, no PS, o que estava “escrito
era para cumprir”. E apontou os
autarcas para dar o exemplo.
Como o produtor não parecia
convencido, puxou da sua
arma secreta, o humor: “Eu
experimento os seus pêssegos,
e você experimenta o meu
Governo.” No fi nal, quando Costa
partia para Bragança, Luciano
Camelo confessava-se ainda “no
meio da ponte”. “Vou ter de ouvir
o outro lado”, concluiu.
lhe pediu para não ir atrás da
“façanha” da coligação nos cortes
nas pensões. Pôs a mão no ombro
do eleitor para o tranquilizar. “Ele
sabe que, para cortar 600 milhões
de euros, precisa de uma revisão
da Constituição, mas não vai ter
acordo nenhum do PS.” Ouviram-
se palmas e Costa seguiu em frente.
A situação repetiu-se em
Mirandela, onde o PS tentou
uma arruada durante a tarde.
Compensou, não tanto pelo
banho de multidão, que não
aconteceu, mas devido àqueles
momentos que parecem ensaiados
de tão convenientes. Numa das
esplanadas da rua pedonal que
Costa percorreu, duas amigas
esperavam pacientemente que o
candidato se aproximasse. Uma
delas pôs uma expressão séria
quando atirou a pergunta. “Você
garante que não vai haver mais
cortes?” Quando o socialista
lhe estendeu a mão, anuindo, a
eleitora insistiu. “Esse aperto de
mão quer dizer isso?” “Com o PS
não haverá mais cortes”, garantiu.
Na mesma localidade, uma mãe
parou Costa para lhe dar conta
da injustiça que testemunhava
em casa. “Tenho um fi lho que
trabalha há sete anos a recibos
verdes”, denunciou. Também
para esta interpelação Costa
tinha a resposta pronta. “Vamos
reforçar a fi scalização e facilitar
o reconhecimento dos contratos
sem ter de ir para os tribunais”,
disparou Costa de pronto.
Outro transeunte dirigiu-se
ao líder do PS para lhe sugerir
um chavão contra o Governo:
“Temos de seguir os Passos
ao Coelho e metê-lo dentro
de Portas.” Costa riu-se antes
de pedir direitos de autor.
“Posso citar a sua fórmula?”,
perguntou bem-disposto.
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 5
De herdade em herdade, a coligação PSD/CDS passou no Alentejo e no Algarve
Entre um vasto olival e uma
estufa de framboesas, os
dois líderes da coligação
PSD/CDS passaram mais
um dia de campanha
dedicada à agricultura,
desta vez no Alentejo e no Algarve.
Pelo meio, Passos Coelho teve
de desfazer um equívoco seu
lançado na véspera e cometeu um
lapso sobre os pagamentos a que
o Estado está a obrigado a fazer,
que acabou por assumir à noite.
As contas do PS sobre a Segurança
Social continuam a ser a arma de
arremesso para atacar António
Costa.
A primeira e única paragem
no Alentejo aconteceu numa
herdade de produção de azeite,
que tem um investimento de 42
milhões de euros, e está virada
para a exportação. Passos chega
pontualmente às 11 horas e decide
não esperar alguns minutos por
Nuno Melo — vice do CDS em
substituição do líder que tinha
uma acção em paralelo em Setúbal
— para iniciar a visita.
O candidato a primeiro-ministro
mostra-se curioso, faz perguntas
sobre a capacidade de produção
ou o sistema de rega e espanta-
se com os preços de alguns
equipamentos que podem atingir
um milhão de euros. “Ó pá”,
reagiu. Mas também dá opinião,
assim em jeito de lição: “Deixem-
me dizer ao Nuno Melo, que ele
concerteza também sabe. Também
exportamos para Espanha muito
produto que é vendido em
Espanha como espanhol. É preciso
desenvolver o marketing.”
Logo na primeira acção do dia,
Passos Coelho fala aos jornalistas
para esclarecer que os “silêncios
ensurdecedores” de que tinha
Passos Coelho insiste em pedir explicações sobre as poupanças de 1660 milhões de euros previstas pelo PS no congelamento de pensões
Partida: Lisboa
Acontecimento do dia:
Chegada: Faro
Passos reconhece lapso sobre FMI e esclarece que “silêncio ensurdecedor” se referia à atitude do PS sobre Segurança Social
Reportagem Sofia Rodrigues
CONTA KM
870 km
1253 km
falado na véspera — e que foram
entendidos como sendo uma
referência ao BES — eram afi nal
sobre as contas mal explicadas de
António Costa nas propostas do PS
sobre Segurança Social.
Ao almoço em Beja, perante
450 apoiantes e ao qual já se
juntou Paulo Portas, o líder da
coligação voltou a pedir ao PS que
explique como é que pensa fazer
poupanças com as prestações
sociais não contributivas e
arrecadar 1660 milhões de euros
com o congelamento de pensões
— excepcionando as mínimas
— tendo em conta que essas
actualmente já estão congeladas.
“ A poupança vem de onde? O
que são estes 1660 milhões? Como
não há poupança nenhuma, este
silêncio ensurdecedor do líder do
PS não se compreende.”
No mesmo discurso, Passos
anunciou, com satisfação, que o
Estado se preparava para pagar,
no próximo dia 15 de Outubro,
mais 5400 milhões da ajuda
externa concedida pela troika (ver
Isso está no programa?
O PÚBLICO comparou os programas eleitorais e seleccionou algumas medidas que interessam a 10 perfis diferentes de eleitores
PSD/CDSAumentar a cobertura na rede de creches, nomeadamente através da rede social e solidária; discriminação positiva dos agregados com mais filhos nos programas de apoio à habitação, renda apoiada e habitação social; regime fiscal mais favorável para famílias que acolhem os ascendentes idosos
PS Aumentar abonos de família e pré-natal; repor Complemento Solidário para Idosos; alargar “Escola a Tempo Inteiro” a todo o ensino básico; garantir, nesta legislatura, pré-escolar para todas as crianças dos 3 aos 5 anos; eliminar discriminação no acesso à adopção e no apadrinhamento civil por casais do mesmo sexo
CDU Gratuitidade de todo o ensino público a atingir de forma progressiva, num prazo máximo de seis anos, com a distribuição gratuita dos manuais no ensino obrigatório; reposição da universalidade do abono de família para crianças e jovens
BEGratuitidade da escolaridade obrigatória, na matrícula, alimentação, manuais e material escolar; revogação dos programas de Português e de Matemática; reposição do abono de família e do Complemento Solidário para Idosos. Paulo Pena
Famílias
MIGUEL MANSO
Passos Coelho cometeu um lapso sobre o FMI mas continuou no ataque a António Costa
pág. 19). Mas, afi nal, trata-se de
um reembolso de uma obrigação
emitida em 2005. Este lapso já
assumido ofi cialmente — e que
assumiu directamente à noite
— pode ter estado na origem de
uma breve reunião de emergência
entre Passos Coelho, Paulo Portas
e Marco António Costa, vice-
presidente do PSD, numa sala da
Quinta da Campina da Luz, em
Tavira, em frente a 47 hectares de
estufas de frutos vermelhos, 90%
para exportação.
Momentos antes, Passos e Portas
tinham ouvido as difi culdades
em arranjar mão-de-obra
estrangeira, sobretudo fora do
espaço Schengen. Questionaram
por que razão não se recorria ao
trabalho dos portugueses. Não
chega ou não estão disponíveis
para trabalho no campo, justifi cou
o responsável. A resposta estaria
nos muitos trabalhadores asiáticos
que acompanhavam a comitiva:
são subcontratados e a receber um
salário muito mais baixo do que o
mínimo nacional.
Comício PúblicoUm blogue feito por dez políticos que vivem e acompanham por dentro o dia-a-dia da campanha eleitoral. Entre também e contribua para o debate de ideias!www.publico.pt/legislativas2015
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
A vida, o amor e as vacas vistas por Jerónimo de Sousa
Manuela apaixonou-
se por Pedro e pelas
vacas e agora não se
quer divorciar delas.
No entanto, se as
contas do negócio
continuarem afundar, é Pedro
quem dará o veredicto e tudo
acabará. Depois, há que pegar nos
dois corações partidos e procurar
outra vida. E isso, terá que ser
longe dali, de Cioga do Campo,
onde os pequenos terrenos ainda
se enchem de videiras, milho,
abóboras e couves, e as vistas
para Coimbra são cortadas pelos
eucaliptos. “Eu não me vejo a fazer
outra coisa. A minha vida é isto.
Gosto de trabalhar com os animais,
tocar-lhes quando as ordenho,
sentir-lhes o cheiro.” Se Manuela
Pimenta tiver que deixar tudo será
um “bocadinho” de si que também
morrerá – e ainda é cedo para isso,
mal entrou nos 40.
O marido, “mais frio”, já
desenhou lá no fundo da alma o
que poderá ter que fazer daqui
a meio ano. Amargurado com
os prejuízos de cerca de cinco
mil euros por mês que se vão
acumulando desde Maio, diz
que só se consegue aguentar,
no máximo, mais seis meses. E
depois? “Mando-as abater todas.”
“Ai, Pedro!”, sobressalta-se
Manuela, de mão no peito.
Em 2000, quando começaram
com 50 vacas vindas de França,
o leite era pago a 35 cêntimos o
litro e o custo de produção metade
disso. Agora são 90 a dar leite,
mais outras tantas ou em fase seca
ou ainda vitelas, que custam, cada,
5 euros/dia. Com o fi m das quotas
leiteiras decretado por Bruxelas
– com o voto contra do PCP, mas
o carimbo dos eurodeputados
do PS, PSD e CDS, fez questão de
vincar repetidamente Jerónimo -,
DANIEL ROCH
O líder da CDU visitou uma exploração leiteira e não comentou os desacatos da véspera em Lisboa
Jerónimo não comenta os desacatos envolvendo militantes depois do comício do Coliseu e prefere afirmar-se “empenhado” na corrida à Assembleia da República
Partida: Lisboa
Acontecimento do dia:
Chegada: Coimbra
CDU visitou uma exploração leiteira familiar para mostrar a agonia dos produtores nacionais com o fim das quotas leiteiras
Reportagem Maria Lopes
CONTA KM
834 km
1093km
o mercado foi invadido por leite da
Polónia, França e países nórdicos.
Soma-se a redução da procura com
o embargo russo, menos compras
da China, a “moda vegan e do leite
(chamam-lhe) de soja” - e o preço
pago ao produtor caiu dos 38
cêntimos para os 26, mas custa 33
a produzir. O casal afunda-se em
prejuízos e endivida-se em créditos
sucessivos, como muitos dos
actuais quase seis mil produtores
de leite em Portugal (só nos Açores
são 3000) – e já foram, quando
Portugal entrou na então CEE, 80
mil, lembrava Jerónimo.
A solução passa pelo regresso
das quotas? Pedro diz que sim, mas
também sabe que quando Bruxelas
decide é como um touro a inves-
tir sobre o forcado – não há volta
atrás. Por isso, sobe ao degrau se-
guinte: é preciso mudar de atitude,
encontrar medidas para promover
a qualidade (e a necessidade) do
leite nacional sobre o leite impor-
tado. Jerónimo de Sousa subscreve
a ideia mas não avança com pro-
messas de medidas a propor no
Parlamento. Embora diga que todo
“o empenho, esforço e atenção” da
CDU está na campanha, razão para
não falar sobre os desacatos na bai-
xa lisboeta depois do comício de
domingo, mas garante, a coligação
“está a apurar os factos”.
CDU analisa caso de apoiante agredido por skinheads
A CDU está a “apurar os contornos” do caso relativo à agressão de um dos seus apoiantes em Lisboa, no
domingo, por um alegado grupo de skinheads neonazis, pouco depois do comício no Coliseu dos Recreios. Ao PÚBLICO, o gabinete de imprensa do PCP acrescentou que irá a seu tempo “ponderar os procedimentos que se justifiquem nestas matérias”, mas o caso ficará sem qualquer desenvolvimento se o militante agredido não apresentar queixa à polícia. Está em causa um crime semi-público, pelo que a abertura de um inquérito-crime depende da participação da vítima. Até ao início da noite de ontem tal ainda não teria ocorrido, adiantou fonte policial.
A vítima é um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa que foi então transportada para o
Hospital de São José, em Lisboa, onde continua internado face às lesões que sofreu durante as agressões. O incidente ocorreu pelas 18h30 perto das Portas de Santo Antão, em Lisboa. O apoiante da CDU ter-se-á cruzado com o grupo de skinheads pouco depois de sair do comício. Os suspeitos viriam de uma manifestação contra refugiados e vestiam t-shirts onde se lia “refugiados não são bem-vindos”. Um troca de palavras mais acesa entre o militante da CDU e o grupo terá resultado nas agressões.
Quando os agentes da PSP chegaram, já os agressores tinham fugido do local, pelo que a polícia não identificou suspeitos do crime. No local, foi encontrada a carteira de um guarda prisional que mais tarde a reclamou numa esquadra próxima. Algumas
pessoas que testemunharam o incidente garantiram a órgãos de comunicação social que um dos suspeitos deixou cair a carteira e que teria voltado para trás para a tentar recuperar.
“Confirma-se que encontramos uma carteira, mas não temos qualquer indício de que possa ser de um dos agressores. Não há nada que aponte nesse sentido, pelo menos nesta altura. Pode apenas ter sido perdida”, disse o comissário Rui Costa, do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa. Certo é que esta suspeita lançado por testemunhas no local ficará sem qualquer investigação se não for apresentada queixa à polícia. De acordo com a lei, a participação pode ser apresentada durante um máximo de seis meses logo após a situação. Pedro Sales Dias
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 7
Pergunta do dia
“A procura interna é um indicador decisivo no comportamentos dos eleitores?”
Procura interna é um conceito, construído no âmbito da Macroeconomia. Respeita aos bens e
serviços que uma população compra durante um ano. Engloba a compra de bens de consumo pelas famílias, e pelo Estado, e a compra de bens de investimento pelas famílias, pelo Estado e pelas empresas. Rondará, em Portugal, os 170 mil milhões de euros por ano. É satisfeita em cerca de 40% por importações (bens, portanto, que os 10 milhões de portugueses compram mas não produzem); como exportamos um valor da mesma ordem de grandeza, acabamos por produzir também 170 mil milhões de Euros por ano — valor do PIB.
O conceito parece-me demasiado abstracto para poder influenciar o comportamento, leia-se o voto dos eleitores. Estes reagem mais, penso eu, a categorias mais empíricas, e mais próximas do seu quotidiano, como sejam o emprego (que têm ou não têm), o salário (que auferem ou não auferem), as pensões (que recebem ou não recebem), os preços dos bens e serviços (sobretudo quando sobem muito), os impostos que pagam (muitos ou poucos,
sempre quando se dão conta). Tudo isto, não saindo da economia, e deixando de lado outras realidades como o poderão ser o funcionamento das escolas, dos hospitais, a segurança, etc., etc.
A questão da procura interna ganha, no entanto, relevância política porque se pode actuar sobre o crescimento económico (e, portanto, sobre o PIB, e o emprego, e o rendimento das pessoas),
manipulando politicamente a procura interna. Ensina-se nas escolas (pelo menos nas que não são muito más) que esta manipulação faz tanto mais sentido, e se revela tanto mais eficaz, quanto mais fechada a
economia. Funcionou melhor no passado do que no presente; funciona, hoje, melhor numa economia grande do que numa economia pequena.
Numa economia tão pequena e tão aberta como a portuguesa, tentar fazer crescer, hoje, a procura interna para fazer crescer a economia, afigura-se-me um arcaísmo, e um erro; esvai-se em importações, sendo um excelente contributo para o crescimento do PIB ... espanhol, ou alemão. É um daqueles “actos de ternura” contra os quais é necessária a coragem de lutar, tanto mais quanto mais suportados por dívida (como será necessariamente o caso). Há quem pense que rende votos; não sei, talvez... Em minha opinião, rende sobretudo resgates, como se os que já tivemos, precisamente pelas mesmas razões, não tivessem sido suficientes.Daniel BessaEconomista
Chegaram os tempos de
antena à televisão pública.
É a versão minimalista
da propaganda. Sem
contraditório, com
ausência de trabalho de
edição independente e, mesmo,
sem imagens.
Os tradicionais monárquicos
do PPM, habituados às eleições
da República, os madeirenses de
Juntos Pelo Povo, bem-sucedidos
na ilha, e os recém-chegados do
Partido Unido dos Reformados e
Pensionistas falharam o primeiro
rendez-vous com os telespectadores
ao fi m da tarde de domingo. Ficou
um fundo azul com a indicação
em letras brancas que o espaço
legalmente concedido não tinha
sido preenchido. Por falta de
envio. Sem ironia: desconhece-se
se houve comoção
quando o povo —
monárquico ou
republicano ou
pensionista — estava
junto para ver o clássico.
Nada melhor que o tempo de
antena ofi cial para não ter dúvidas
sobre as intenções partidárias e o
perfi l dos protagonistas. Marinho
e Pinto, do PDR, falou para uma
câmara fi xa, ao mais puro estilo
one man show.
Já houve diversidade nos
minutos do AGIR, com, entre
outras, uma intervenção do
máximo responsável do Partido
Trabalhista Português. Destaque
para Joana Amaral Dias. A
propósito da expressão “ter a faca
e o queijo na mão”, a cabeça-de-
lista por Lisboa foi literal. Exibiu
um facalhão e um queijo de
denominação de origem anónima.
Se a explicitação continuasse e
fossem as eleições mais tarde, o
seu estado de esperanças teria
desenlace à boca das urnas.
Parto à boca das urnas
Câmara ocultaNuno Ribeiro
Com Eurico Figueiredo, o ca-
beça de lista no Porto, apa-
rentemente em forma — sem
mazelas da greve de fome,
através da qual protestou de
7 a 12 de Setembro, contra
o comportamento dos serviços da
Segurança Social —, o Movimento
partido da Terra (MPT) andou ontem
pela Baixa portuense, a passar a sua
mensagem “humanista, ecologista
e liberal”. Cerca de duas dezenas de
apoiantes do partido do trevo des-
ceram da Praça da Batalha à Rua de
Santa Catarina, para a partir daí rumar
ao incontornável Mercado do Bolhão.
“Para ir para o Céu tem que votar
no Partido da Terra”, disse aí Eurico
Figueiredo a uma vendedora, cuja
resposta — um “sim, senhor” mais
educado do que convicto — o mi-
crofone da TSF apanhou. Tal como
o comentário espontâneo do cidadão
que reconheceu logo Eurico Figuei-
redo: “ Eu conheço-o, o senhor já foi
do PS”.
Horas antes, o MPT, um dos par-
tidos que tentam, nestas legislativas
de 2015, conquistar a representação
parlamentar que nunca consegui-
ram, apresentou outdoors que, com
recurso à tecnologia da realidade au-
mentada, permitem a quem apontar
o smartphone para ele assistir a um
vídeo de propaganda do partido. O
MPT elege como prioridades melho-
rar a posição de Portugal nos rankin-
gs Índice de Felicidade Interna Bruta;
Índice de Desempenho Ambiental; e
Realidade aumentada e outros argumentos de partidos que querem ganhar expressão
Índice de Competitividade Global.
Em Lisboa, o cabeça de lista do
Partido Popular Monárquico (PPM)
por Lisboa, Gonçalo da Câmara Pe-
reira, anunciou que a sua campanha
eleitoral passa pela vindima na sua
herdade alentejana, sublinhando
que é um “homem de trabalho” e
da agricultura.
“Eu trabalho, não sou chulo do Es-
tado, não sou senhor deputado, não
ganho cinco mil euros para chular
os portugueses. Eu quero ir para lá
[Assembleia da República] e dizer
exactamente isto: ‘vão mas é traba-
lhar!’”, disse à Lusa.
“Façam a campanha a trabalhar,
na agricultura que abandonaram.
Agora andam com fantasias, com a
política agrícola toda desgraçada, te-
mos uma menina como ministra que
nunca cá pôs os pés e anda a cortar
fi tas, ponham um agricultor a tomar
conta da agricultura”, defendeu.
Gonçalo da Câmara Pereira dedi-
cou o dia de ontem às vindimas na
sua herdade em Arronches, no distri-
to de Portalegre, onde tem “planta-
das” várias bandeiras do PPM.
“O Presidente da República só aju-
da o poder económico, os pequeni-
nos é que não ajuda. Precisamos de
um Rei para ajudar os pequeninos,
porque o Rei sempre ajudou o povo
e o povo foi sempre defendido pelo
Rei contra o poder económico, con-
tra os senhores fi dalgos, alguns pre-
sos, mas muito poucos”, declarou..
PÚBLICO/Lusa
DIOGO BATISTA
MPT inaugurou outdoors com tecnologia de realidade aumentada
Para ir para o Céu tem que votar no Partido da TerraEurico FigueiredoMovimento Partido da Terra
8 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
A apropriação de géneros
jornalísticos pelas
campanhas não é uma
novidade, mas uma das
tendências deste ano é o
surgimento de iniciativas
de suposto fact-checking, com
socialistas e coligação a disputarem
nas redes um pingue-pongue de
“evidências” e “mentiras”. Ontem
referimos o artigo do diário de
campanha socialista intitulado
“Desmascarando as oito mentiras
de Passos no debate das rádios”.
Ontem veio a resposta da Portugal
à Frente: “Dez evidências que a
oposição insiste em negar.”
Um exemplo do confronto: a
coligação proclama a “recuperação
de mais de 220 mil postos de
trabalho”, sem indicar a fonte; o
PS contabiliza “menos 300 mil
empregos” desde o Documento de
Estratégia Orçamental de Agosto
de 2011. Diferenças
na forma: o PS
disponibiliza um
texto corrido; a
coligação apresenta
um conjunto de imagens
partilháveis no Facebook. Factos
para todos os gostos, todos a
exigirem verifi cação independente.
Nota ainda para a reacção da
CDU à afi rmação do Expresso de
que a campanha dos comunistas
se resume a Jerónimo. A página
sugerida pelo deputado Miguel
Tiago para agregar imagens das
acções de rua já está disponível no
Facebook.
Por fi m, um tributo à infi nita
memória da web. Ressurge nas
redes, pela mão de apoiantes da
coligação, um excerto de 2011 do
programa Quadratura do Círculo
(SIC Notícias) em que Costa
defende que, em alternativa ao
Bloco Central, PS e PSD se devem
abster de inviabilizar Orçamentos
do Estado, “independentemente
do seu conteúdo”.
Contra factos, os meus factos
Apanhados na redePedro Guerreiro
BE mantém: escritório de Aguiar-Branco lucrou um milhão com a Metro do Porto
O tema promete aquecer
a campanha eleitoral do
Bloco de Esquerda. O que
está em causa é a relação do
ministro e candidato pela
coligação Portugal à Frente,
Aguiar-Branco, sócio maioritário de
um escritório de advogados, com
a Metro do Porto, e de que forma
benefi ciou com essa relação.
No sábado, o número dois pelo
Porto do BE, José Soeiro, acusou:
“No Porto, Aguiar-Branco é a cara
deste processo de concessão dos
transportes do Metro e da STCP con-
tra a opinião dos utentes, contra a
opinião dos autarcas das várias cores
que existem, mas ele é também só-
cio maioritário do escritório de ad-
vogados [José Pedro Aguiar-Branco
& Associados, JPAB] que ganhou um
milhão de euros em pareceres e con-
sultorias feitas à Metro do Porto.” Al-
gumas notícias — entre as quais a do
PÚBLICO — avançaram que Soeiro
tinha acusado Aguiar-Branco de ser
sócio de um escritório que lucrou
um milhão com a subconcessão dos
transportes do Porto.
No dia seguinte, a Metro do Porto
desmentiu: “É totalmente falso que
tenha sido adjudicado ou pago qual-
quer valor à JPAB & Associados, no
âmbito do processo de subconces-
são em curso, seja de que natureza
for. É totalmente falso que a JPAB &
Associados tenha emitido qualquer
tipo de parecer ou prestado qualquer
consultoria à Metro do Porto S.A. no
âmbito do processo de subconces-
são.” Ou seja, o que a empresa negou
foi que esses pareceres tivessem sido
feitos no âmbito deste processo. Po-
rém, ainda que não sejam totalmen-
te claras, as declarações de Soeiro,
lidas com atenção, referem-se a um
milhão de euros pagos pela Metro do
Porto à sociedade de advogados.
Por isso, o BE reafi rma que desde
Maria João Lopes
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
A Metro do Porto é cliente da JPAB pelo menos desde 2004
2004 a Metro do Porto SA adjudicou
à JPAB serviços de consultoria e que
“o escritório de Aguiar-Branco rece-
beu” em cada ano “cerca de cem mil
euros por pareceres e consultorias
realizadas a esta empresa, perfazen-
do” o valor indicado. Acrescentam
que Luís Bianchi de Aguiar é “asses-
sor do conselho de administração e
funções de gestão e coordenação do
gabinete jurídico da sociedade Metro
do Porto, S.A., em representação da
sociedade JPAB” desde Julho de 2004
e que, “de acordo com os relatórios
da Metro do Porto, a JPAB recebeu,
só desde 2013” e até 2015 “175 mil
euros em pareceres e consultorias
realizados para a Metro”.
Esta “não é a única ligação de
Aguiar-Branco com a empresa”,
continuam: “Quando foi para o Go-
verno, Aguiar-Branco nomeou para
seu secretário de Estado nada mais
nada menos que Paulo Braga Lino
que, entre 2000 e 2006, foi director
administrativo e fi nanceiro da Me-
tro.” Trata-se de “um dos homens
próximos de Aguiar-Branco”, que
“foi responsável, com Juvenal Pe-
neda, pela celebração de contratos
de cobertura de fi nanciamentos na
Metro do Porto através de derivados
fi nanceiros, os chamados swaps, que
abriram um buraco que ascendeu a
mais de 800 milhões de euros nas
contas da transportadora”.
O “escândalo foi tão grande”, re-
cordam, “que o secretário de Esta-
do de Aguiar-Branco acabou por ter
de demitir-se do Governo”. Os blo-
quistas salientam também que “do
conselho de administração da Metro
do Porto que decidiu o recurso a es-
tes produtos fi nanceiros fazia ainda
parte Marco António Costa, o actu-
al número dois da lista do PSD”. O
Bloco remata: “A promiscuidade e a
circulação de responsáveis políticos
entre administrações de empresas,
escritórios de advogados e cargos go-
vernamentais, é uma das bases do
regime. É ela que assegura o exercí-
cio da infl uência e a reprodução dos
interesses.”
O PÚBLICO contactou o assessor
do candidato José Pedro Aguiar-Bran-
co, assim como a Metro do Porto, que
até agora não se pronunciaram sobre
o comunicado do BE.
O Bloco de Esquerda fala em “promiscuidade” entre administrações de empresas, advogados e cargos governamentais
Em Paris com emigrantes e lesados do BES
Criar emprego e condições de trabalho em Portugal para que as pessoas não tenham de emigrar. Se
emigrarem, assegurar que mantêm os laços com o país. Garantir que os lesados do BES/Novo Banco não são prejudicados uma segunda vez. Estas foram algumas das preocupações que levaram a porta-voz do BE, Catarina Martins, a apanhar ontem um avião para Paris e a reunir-se com emigrantes de diferentes gerações.
Na capital francesa, Catarina Martins esteve com associações de defesa dos direitos dos emigrantes portugueses, com responsáveis da Santa Casa da Misericórdia de Paris e ainda com representantes do Movimento dos Emigrantes Lesados do BES/Novo Banco.
Entre as preocupações abordadas nos encontros, está o facto, diz a porta-voz, de haver cada vez “menos apoio do Estado” a quem está fora. Outra preocupação é já sobejamente
conhecida: o número de jovens “obrigados a emigrar”. O Bloco de Esquerda vem defendendo que não é possível falar de sustentabilidade económica ou de Segurança Social sem enfrentar os problemas da quebra da natalidade e da emigração. Para Catarina Martins, é preciso criar condições em Portugal para que as pessoas possam voltar. E só se consegue “travar esta sangria da emigração” criando não só emprego, mas emprego com qualidade. Por isso, há muito que o BE promete combater os baixos salários e o trabalho precário.
Entre os lesados do BES, a porta-voz encontrou algumas pessoas “com muita idade e pouca literacia” — têm reformas baixas e perderam “as poupanças de uma vida” neste processo — e que continuam sem perceber exactamente o que está acontecer. Para Catarina Martins, é preciso garantir que estas pessoas não são novamente lesadas.
CONHEÇA A PESSOAPOR TRÁS DO ÍCONE.PORTUGUESES QUE FIZERAM HISTÓRIA.NOVA SÉRIE DE ROMANCES HISTÓRICOS.
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VOL. 2 - ONDE VAIS, ISABEL?Conheça a vida da rainha que ficou conhecida como santa, através
de um romance histórico.
Maria Helena Ventura desvenda um retrato fiel desta personagem
dócil e bondosa que exigia ração equilibrada para todos os pobres,
e que se fornecesse “camisas e calçaduras” tanto a homens como
a mulheres para o ano inteiro.
QUARTA 23 SETCOM O PÚBLICO
+7,50€
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Crato dá mais quatro milhões de eurosao ensino artístico especializado
BRUNO LISITA
Dezenas de professores, pais e alunos protestaram sexta-feira contra os cortes no ensino artístico
O ministro da Educação, Nuno Cra-
to, anunciou ontem que serão dis-
ponibilizados mais quatro milhões
de euros para o fi nanciamento dos
conservatórios particulares que ga-
rantem as aulas do ensino especiali-
zado de música nas escolas públicas,
de forma gratuita.
O anúncio segue-se a vários protes-
tos e denúncias por parte das escolas
do ensino artístico especializado e de
responsáveis de agrupamentos, dan-
do conta de que o fi nanciamento ini-
cialmente atribuído pelo Ministério
da Educação e Ciência (MEC) deixa
de fora muitos dos alunos que apos-
taram numa formação musical mais
completa. Na sexta-feira, professo-
res, pais e alunos concentraram-se
frente às instalações do MEC para
contestar esta exclusão e as discre-
pâncias registadas no modo como as
escolas foram fi nanciadas.
Ontem de manhã, Nuno Crato e o
secretário de Estado do Ensino Bási-
co e Secundário, Egídio Reis, estive-
ram reunidos com a Associação de
Estabelecimentos do Ensino Parti-
cular e Cooperativo (AEEP) e com
representantes das escolas artísti-
cas para analisarem os resultados do
concurso para o fi nanciamento do
ensino artístico, que foram divulga-
dos no fi nal de Agosto. A AEEP já se
congratulou com a posição assumida
pelo ministério.
No fi nal do encontro, Nuno Cra-
to defendeu que o ensino artístico
tem hoje regras de fi nanciamento
mais transparentes e estáveis, mas
reconheceu que algumas mudanças
acabaram por ter “um efeito indese-
jado” em determinadas regiões. “Foi
apresentado um volume de queixas
superior ao expectável. Temos de
dialogar com as pessoas e fazer este
esforço adicional, por isso teve de se
encontrar esta verba”, declarou.
O MEC tem insistido que o fi nan-
ciamento inicialmente atribuído às
escolas do ensino artístico especia-
lizado (55 milhões de euros) é igual
ao do ano lectivo anterior, que agora
passa a ser assegurado na totalida-
de pelo Orçamento do Estado. Nos
últimos quatro anos esta oferta foi
paga por fundos comunitários nas
chamadas regiões de convergên-
cia (Norte, Centro e Alentejo). Mas
como as regras mudaram, nomea-
damente por via da uniformização
do valor atribuído por aluno, várias
escolas, nomeadamente da região
de Lisboa e do Algarve, acabaram
por sofrer cortes que chegaram aos
40%, inviabilizando assim a abertu-
ra de turmas, nomeadamente as do
ensino articulado do 5.º ano de es-
colaridade, o primeiro em que existe
nesta modalidade de aprendizagem.
A acontecer, tal signifi cará o esva-
ziamento desta formação porque
não havendo alunos no ano inicial
deixarão também de existir nos se-
guintes, alertaram vários responsá-
veis de escolas.
Os alunos do ensino articulado es-
tão dispensados de algumas discipli-
nas do plano de estudos normal, co-
mo Educação Visual ou Tecnológica,
que são substituídas por outras de
formação musical asseguradas pelos
professores dos conservatórios que,
na maior parte dos casos, se deslo-
cam para o efeito às escolas que os
alunos frequentam.
O director-executivo da Associa-
ção de Estabelecimentos do Ensino
Particular e Cooperativo (AEEP), Ro-
drigo Queirós e Melo, já classifi cou
como “muito positivo” este reforço,
adiantando que o suplemento de
quatro milhões de euros “é o valor
a que o ministério pode chegar”.
“Não resolverá todas as situações,
mas pensamos que dará resposta
às que eram mais graves e que para
nós eram essenciais resolver, ou seja,
garantir que todos os alunos que já
estão no ensino articulado possam
concluir o seu percurso, tanto no bá-
sico como no secundário; que em to-
das as escolas envolvidas exista pelo
menos uma turma de novos alunos
[no 5.º ano]; e atender ao proble-
ma das instituições em que os cortes
foram maiores”, especifi cou o res-
ponsável da AEEP em declarações
ao PÚBLICO.
Duarte Lamas, professor de mú-
sica e um dos animadores do Movi-
mento Reivindicativo do Ensino Ar-
tístico Especializado, que organizou
o protesto de sexta-feira, considera
também que o reforço anunciado
por Crato vai permitir uma “me-
lhoria”, mas frisa que ainda não é
possível saber se será sufi ciente para
garantir uma das reivindicações de
base do movimento: que nenhum
aluno inscrito no ensino articulado
fi que de fora. com Lusa
Escolas tinham alertado que a verba disponível iria deixar muitos alunos de fora. Houve protestos.O ministro da Educação diz que foram ouvidos e que “por isso teve de encontrar” mais dinheiro
Fenprof diz que arranque tardio das aulas só disfarça problemas
O ano lectivo começou ontem com os mesmos problemas que existiam no ano passado, mas sem
o erro técnico na fórmula de ordenação dos professores que causou a confusão na colocação dos docentes, denunciou a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), apontando, como exemplo, o facto de haver turmas que misturam alunos do 1.º, 3.º e 4.º anos.
Numa conferência de imprensa que decorreu no Porto, Mário Nogueira, do Secretariado Nacional da Fenprof, lembrou que a confusão na colocação de professores, em 2014, atingiu a “dimensão de tragédia”, com alguns a serem colocados quase só no final do primeiro período. Disse que, ainda assim, “nalguns casos o ano lectivo deste ano começa pior do que no ano passado”.
Mário Nogueira afirmou que a Fenprof identificou três problemas graves, que são a falta de professores para apoiar alunos com necessidades educativas especiais, a falta de assistentes operacionais (auxiliares de educação) e o atraso na colocação de docentes. “O problema da colocação de professores foi disfarçado com a abertura tardia das aulas”, disse o sindicalista, reiterando que se o ano lectivo tivesse iniciado dia 15 — como normalmente — Portugal teria vivido um problema semelhante ao do ano passado com a falta de professores nas escolas. “A prova de que, mais uma vez, as colocações se atrasaram foi que no dia 16 (...) ainda foram colocados 2404 professores, os quais, por só agora serem colocados, estão hoje a iniciar a sua actividade com os alunos sem terem podido participar em
todo o trabalho de preparação do ano lectivo”, apontou Mário Nogueira.
O sindicalista afirmou que hoje as escolas dão “menores” e “piores” respostas com o corte de três mil milhões de euros que o actual Governo realizou. Indicou, como exemplo, que no Agrupamento de Escolas Professor António Natividade, no município de Mesão Frio, há uma turma onde misturaram alunos do 1.º, 3.º e 4.º anos de escolaridade; e que em Penacova há uma turma com “sete alunos com necessidades educativas especiais (NEE), violando o limite máximo de dois. Por lei, as turmas com alunos com NEE não podem ir além dos 20 estudantes, nem ter mais de dois alunos com aquelas dificuldades, mas segundo Mário Nogueira aquele tipo de ilegalidade está a acontecer de forma “transversal” em Portugal.
EducaçãoClara Viana
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 11
As mudanças climáticas podem, te-
oricamente, trazer as doenças tropi-
cais para zonas mais temperadas, in-
clusivamente para Portugal, embora
seja ainda cedo para avaliar o que
está em causa, disse o investigador
português Henrique Silveira.
Numa entrevista à agência Lusa,
o investigador do Instituto de Higie-
ne e Medicina Tropical (IHMT) de
Portugal lembrou os casos recentes
de dengue na Madeira (1079 casos
entre 2012 e 2014 sem óbitos) e em
Cabo Verde (mais de 21 casos, com
seis mortes, em 2009).
“É um risco teórico real. Se pen-
sarmos que os mosquitos têm uma
distribuição associada aos factores
climáticos, se os alterarmos, os
mosquitos podem expandir a sua
área geográfi ca”, sublinhou Henri-
que Silveira, admitindo, porém, que
ainda existe muita informação por
comprovar sobre as consequências
das alterações climáticas.
“Não me sinto capaz de respon-
der a isso. Mas a Madeira já teve
dengue. É o caso típico. Apareceu
o mosquito, que não existia na
região, e depois, por um acaso, o
mosquito picou alguém e começou a
transmissão”, realçou. Em Portugal,
lembrou, a malária, também conhe-
cida por paludismo, foi erradicada
em 1973 e os casos conhecidos são
todos importados, trazidos por pes-
soas que foram infectadas em países
tropicais.
A 17 deste mês, um relatório con-
junto da OMS e da Unicef indicou
que a taxa de mortalidade por ma-
lária baixou 60% desde 2000, mas
ainda existem mais de três mil mi-
lhões de pessoas em risco de con-
trair a doença. A queda de mortali-
dade traduziu-se por 6,2 milhões de
vidas poupadas nos últimos 15 anos,
perto de seis milhões dos quais são
crianças menores de cinco anos, o
grupo mais vulnerável à malária.
O relatório Achieving the Malaria
Millennium Development Goal Target
revela que a meta da malária — que
consta dos Objectivos de Desen-
volvimento do Milénio (ODM) — de
“reduzir para metade e começar a
inverter a incidência” desta doen-
ça até 2015, foi alcançada de uma
“maneira convincente”, com uma
descida de 37% dos novos casos em
15 anos. Entre 2000 e 2015, a taxa
de morte por malária dos menores
de cinco anos desceu 65%, o que
representa 5,9 milhões de vidas
salvas.
Mudanças climáticas transportam doenças
Saúde
PUBLICIDADE
A partir de Outubro, os portugue-
ses que queiram vacinar-se contra
a gripe sazonal já vão poder fazê-lo.
Neste Inverno, Portugal vai contar
com mais de 1,2 milhões de doses
gratuitas desta vacina, que continu-
ará a ser oferecida a todas as pes-
soas com mais de 65 anos. Nestes
Mais de 1,2 milhões de vacinas gratuitas contra a gripe disponíveis em Outubro
casos não é necessária receita médi-
ca ou qualquer pagamento de taxa
moderadora.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS),
em comunicado, explica que a cam-
panha de vacinação arranca em Ou-
tubro e “decorrerá durante todo o
Outono e Inverno”. “Tal como em
anos anteriores, a vacina contra a
gripe é gratuita para os cidadãos com
65 ou mais anos de idade, bem como
para pessoas vulneráveis residentes
ou internadas em instituições, sem
necessidade de receita médica ou de
pagamento de taxa moderadora”,
explica a nota. Para receberem as
vacinas as pessoas devem dirigir-se
ao centro de saúde.
Saúde Romana Borja-Santos
Restantes pessoas podem comprar vacina na farmácia, desde que tenham receita médica
tuindo a vacina a melhor prevenção
para evitar estas complicações, a va-
cinação contra a gripe é fortemente
recomendada a pessoas com idade
igual ou superior a 65 anos, doentes
crónicos e imunodeprimidos (a par-
tir dos seis meses de idade), grávidas,
bem como a profi ssionais de saúde
e outros prestadores de cuidados,
por exemplo, em lares de idosos”,
reforça a nota.
As metas em termos de vacinação
contra a gripe ainda estão aquém do
previsto. A ideia era ter em 2015 um
total de 75% das pessoas com mais
de 65 anos imunizadas. Porém, no
último Inverno a cobertura fi cou-se
pelos 55%.
Neste Inverno, o número de doses
gratuitas disponíveis para Portugal
voltou a crescer e atingiu um núme-
ro-recorde de 1.223.624 vacinas. Em
2012 eram cerca de um milhão e o nú-
mero tem aumentado todos os anos.
Além destas doses, para os restantes
interessados há vacinas contra a gri-
pe à venda nas farmácias, mediante a
apresentação de receita médica.
A DGS apela a que os portugueses
adiram à vacinação, lembrando que
a gripe, apesar de muitas vezes se
curar espontaneamente, “pode de-
sencadear complicações, particular-
mente em pessoas com determina-
das doenças crónicas ou com idade
igual ou superior a 65 anos”. “Consti-
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Uma em cada seis empresas de saneamento longe das verbas da UE
ANA LUISA SILVA
Se uma câmara municipal estiver em dívida para com um sistema multimunicipal a quem compra água, não pode apresentar candidaturas
Uma em cada seis entidades que ge-
rem o saneamento em Portugal não
pode, por ora, candidatar-se aos mi-
lhões de euros de verbas europeias
disponíveis para o sector da água nos
próximos cinco anos.
Uma simulação realizada pela En-
tidade Reguladora dos Serviços de
Águas e Resíduos (ERSAR) encontrou
49 entidades gestoras do tratamento
de esgotos, num universo de 283 —
ou seja, 17% —, que não cumprem pe-
lo menos um dos critérios de acesso
aos fundos do Programa Operacional
Sustentabilidade e Efi ciência no Uso
de Recursos (POSEUR), um dos que
compõem o quadro de fi nanciamen-
to comunitário a Portugal até 2020.
Também nesta situação estão 32
entidades gestoras do abastecimento
de água (12% do total) e sete do tra-
tamento de resíduos urbanos (2,5%).
No total, 88 empresas ou autarquias,
cuja identifi cação a ERSAR não quis
revelar, estão longe dos quase mil mi-
lhões de euros da UE para estas três
áreas. São 10% de todas as entidades
existentes no país nestas áreas.
Em causa está o não cumprimento
de critérios que têm directamente a
ver com compromissos que as entida-
des gestoras têm para com a ERSAR.
O principal problema está na disponi-
bilização de indicadores da qualidade
do serviço prestado. A ERSAR exige
que lhe seja enviado um conjunto de
16 indicadores, por exemplo sobre a
acessibilidade ao serviço, as falhas
no abastecimento, as inundações ou
a existência de recursos humanos su-
fi cientes. Mas nem todas as entidades
respondem integralmente.
Para se candidatarem a um fi nan-
ciamento este ano, são admitidos
no máximo quatro indicadores sem
resposta. Cerca de 88% das entida-
des que gerem o abastecimento de
água e 80% das que são responsá-
veis pelo saneamento passam por
este crivo, de acordo com os dados
de 2013 validados pela ERSAR. Dos
20% restantes, uma parte já tem in-
formações de 2014 que satisfazem
o critério, mas que não estão vali-
dadas. Podem avançar, desde que
assinem uma declaração de respon-
sabilidade pelos números. Restam
14 entidades no abastecimento e 37
no saneamento que não se podem
Os maiores atrasos verifi cam-se na
área da drenagem e tratamento de
esgotos. Portugal tinha-se compro-
metido a chegar a uma taxa de 90%
de população servida até 2006. Mas
agora, nove anos depois do prazo,
ainda está em 82%.
O país enfrenta, neste momento,
um processo no Tribunal Europeu
de Justiça — relativo à situação de Ma-
tosinhos e Vila Real — por violação
da legislação comunitária que exige
um tratamento adequado de águas
residuais das aglomerações urbanas.
Se for condenado, terá de pagar uma
multa de 4,4 milhões de euros, mais
20 mil euros diários enquanto a situ-
ação não estiver resolvida.
As regras do POSEUR permitem
que, nos casos de contencioso com
Bruxelas, o cumprimento dos crité-
rios para as candidaturas possa ser
adiado por um ano.
Até agora, o POSEUR tem apenas
três candidaturas aprovadas, no va-
lor total de 40 milhões de euros.
Simulação realizada pela entidade reguladora revela que 88 entidades do sector da água e resíduos não cumprem critérios para ter acesso a quase mil milhões de euros de fi nanciamento comunitário
AmbienteRicardo Garcia
Entidades que cumprem critérios
Saneamento
Água
Quem pode pedir
Resíduos
234
243
49
32
2747
Sim Não
Fonte: ERSAR PÚBLICO
mesmo candidatar, segundo apenas
este critério.
Outro requisito a ser cumprido é o
da recuperação de custos dos servi-
ços. Para já, o que se exige é que 80%
sejam cobertos pela tarifa cobrada
aos cidadãos e empresas.
Também é preciso que as entida-
des tenham um conhecimento sufi -
ciente da sua infra-estrutura — como
as redes de abastecimento e sanea-
mento. “Ninguém consegue fazer
uma boa gestão daquilo que não co-
nhece”, justifi ca Orlando Borges, o
novo presidente da ERSAR, em fun-
ções desde Abril. As entidades que
não cumprem este critério têm, no
entanto, a possibilidade de pedir um
fi nanciamento para melhorar o ca-
dastro das suas infra-estruturas.
As exigências para acesso aos fun-
dos comunitários foram defi nidas
pelo POSEUR, em parte com a ajuda
da ERSAR. Segundo Orlando Bor-
ges, foi deliberadamente introduzi-
da alguma fl exibilidade nas regras.
“Teria havido condições para serem
mais restritivas”, afi rma. Mas se as-
sim fosse, praticamente só quem já
não tem grandes problemas é que
conseguiria fi nanciamento. “O que
para nós é importante é trazer as
entidades gestoras para o proces-
so”, diz o presidente da ERSAR.
O número de entidades que vai en-
contrar fechada a porta dos fundos
europeus pode ser maior. Um dos
requisitos para os fi nanciamentos
é não ter dívidas para com os servi-
ços chamados “em alta”. Ou seja, se
uma câmara municipal estiver em
dívida com um sistema multimu-
nicipal a quem compra água, não
pode apresentar candidaturas ao
POSEUR, a não ser que tenha acor-
dado um plano de pagamento. Em
2014, a holding pública Águas de
Portugal, que tem participação na
generalidade dos sistemas “em alta”,
registava 468 milhões de euros de
dívidas dos seus clientes, dos quais
413 milhões eram de municípios..
O POSEUR tem disponíveis 634
milhões de euros para o sector das
águas e 306 milhões para o dos re-
síduos até 2020. Este dinheiro será
essencial para Portugal cumprir as
metas dos seus planos estratégicos e
também directivas comunitárias.
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 13
“Os trabalhadores do sexo” devem organizar-se
Hendrik Wagenaar, da Universidade
de Sheffi eld, apresenta o conceito
de “governança colaborativa” pa-
ra explicar que é possível trabalhar
em conjunto, que todos os actores
podem ter lugar à mesma mesa, so-
bretudo as populações mais vulne-
ráveis e menos visíveis, para deba-
terem problemas, aprenderem em
conjunto e desenharem políticas em
nome do bem comum. Esta “gover-
nança colaborativa” é possível na
prostituição? À pergunta segue-se a
resposta. “É possível, mas não é fá-
cil”, diz na conferência que faz par-
te do programa de um encontro que
reúne investigadores e profi ssionais
do sexo no Porto até sábado.
Esse processo que exige um di-
álogo constante, assente na since-
ridade e respeito, seria o caminho
ideal para que os trabalhadores do
sexo fossem, de facto, escutados.
No entanto, como Wagenaar admi-
te, as perspectivas nesta área “não
são muito boas”, até porque haverá
grupos que não querem trabalhar
fora da sua própria caixa. Não são
boas, mas há alternativas. “O que
devem fazer os trabalhadores do
sexo?” Organizarem-se, exigir um
lugar à mesa, exigir formas sérias
de colaborarem, envolver mediado-
res”. “Sejam proactivos, não sejam
Trabalhadores do sexoe políticos devem sentar-se à mesma mesa? Devem,mas não é fácil
tímidos”, sublinhou na conferência
que teve lugar na Casa do Infante,
no Porto.
Alexandra Oliveira, investigadora
da Universidade do Porto e organi-
zadora do encontro, doutorada no
assunto, abriu o debate lembrando
que em Portugal não há nenhuma
organização de profi ssionais do se-
xo. Da Nova Zelândia chega o exem-
plo da New Zealand Prostitute’s
Collective pela intervenção de um
dos seus membros, Catherine He-
aly, que fala de um país em que os
profi ssionais do sexo têm direitos
laborais, protecção na saúde e or-
ganizações interventivas nesta área.
Este “colectivo” surgiu em 1987 e
um ano depois estava a colaborar
com o Governo nas políticas de
prostituição, mantendo um papel
activo até aos dias de hoje.
Em 2003, a organização parti-
cipou na reforma da prostituição.
Healy lembrou os propósitos dessa
reforma que avançou para “salva-
guardar os direitos humanos dos
trabalhadores do sexo e protegê-
los da exploração”. “Promover o
bem-estar, a saúde e a segurança
dos trabalhadores do sexo, proi-
bir que pessoas com menos de 18
anos fossem usadas na prostitui-
ção”. Healy garante que o cami-
nho não foi fácil. Ver a prostitui-
ção não passar ao lado de várias
organizações e do poder políti-
co deu luta, mas valeu a pena.
Até sábado, 56 investigadores de
22 países e 11 trabalhadores do sexo
de 10 países estão no Porto a discu-
tirem políticas sobre prostituição
e os direitos dos trabalhadores do
sexo. Hoje, durante todo o dia, os
investigadores, divididos por vários
grupos de trabalho, expõem as suas
ideias na Faculdade de Psicologia e
Educação da Universidade do Porto
e, à noite, pelas 21h30, é exibido o
documentário Das 9 às 5: Trabalho
Sexual é Trabalho com a presença da
realizadora Rita Alcaire, no Espaço
Maus Hábitos. Amanhã, na Casa do
Infante, a partir das 10h, discutem-
se as políticas de prostituição em
Portugal e na Europa, com a partici-
pação da eurodeputada Marisa Ma-
tias, a investigadora Alexandra Oli-
veira e uma trabalhadora do sexo.
Este encontro acontece no âmbi-
to da Rede Europeia ProsPol (COST
— Action ProsPol Comparing Euro-
pean Prostitution Policies. Unders-
tanding Scales and Cultures of Go-
vernance), organização conjunta da
Faculdade de Psicologia e de Ciên-
cias da Educação da UP e da Univer-
sidade de Essex, no Reino Unido.
ProstituiçãoSara Dias Oliveira
Investigadores e profissionais do sexo de vários países estão reunidos no Porto para debater políticas
NELSON GARRIDO
Acção de sensibilização pela cibersegurança infantil tem como alvo 707 mil alunos desde os 6 aos 14 anos
Os militares da GNR que diariamente
desenvolvem o programa Escola Se-
gura vão passar a contar com a com-
panhia de personagens da Disney,
nas deslocações aos estabelecimen-
tos de ensino básico e secundário.
Na sequência de um protocolo com
a conhecida multinacional, a Guarda
começa, a partir de hoje, a dispor
de apresentações e vídeos nos quais
as personagens das séries Violetta,
Vingadores, Phineas e Ferb e Club
Penguin alertam para os perigos da
Internet, nomeadamente associados
ao uso das redes sociais.
A acção de sensibilização pela ci-
bersegurança infantil atingirá 5460
escolas do ensino básico e secundário
em todo o país, tendo como alvo 707
mil alunos desde os seis aos 14 anos,
adiantou ao PÚBLICO o major Bruno
Marques do Gabinete de Relações Pú-
blicas da GNR. No total, 311 militares
de todos os destacamentos da GNR,
integrados nas secções de programas
especiais da GNR, estarão envolvidos
neste projecto. “São militares que já
GNR e personagens da Disney lutam pela cibersegurançaem mais de cinco mil escolas
desenvolvem diariamente o progra-
ma Escola Segura e outros progra-
mas de sensibilização dirigidos aos
mais idosos e programas relativos
à temática da violência doméstica.
Com este programa, queremos pre-
venir questões como ciberbullying e a
violência no namoro. E para isso na-
da melhor do que as personagens da
Disney que os miúdos já conhecem
bem”, acrescentou o responsável.
O programa arranca hoje com a
assinatura do protocolo de coopera-
ção entre a GNR e a The Walt Disney
Company Portugal na Escola Básica
dos 2.º e 3.º ciclos com ensino se-
cundário da Sarrazola — Colares, em
Sintra. As duas entidades “unem es-
forços com o objectivo de proteger
os menores de condutas potencial-
mente lesivas que possam constituir
um risco para o desenvolvimento da
sua personalidade, bem como pro-
porcionar e desenvolver actividades
dirigidas ao uso responsável e seguro
da Internet”, segundo a GNR.
O programa Escola Segura existe
desde 1992 e os militares da GNR já
sensibilizavam os alunos para estes
temas “mas com apresentações feitas
internamente na Guarda. Com o ma-
terial fornecido pela Disney, muda o
paradigma das acções de sensibiliza-
ção. Os miúdos já conheciam bem os
militares da GNR do Escola Segura e
agora terão verdadeiras aulas com
as personagens da Disney. Será mais
divertido para eles. Terá mais piada
e por isso terá mais impacto”, subli-
nhou o major Bruno Marques.
A ideia surgiu há cerca de quatro
meses. A GNR soube que a Guardia
Civil (congénere espanhola) tinha há
já ano um protocolo igual com a mul-
tinacional e manifestou aos colegas
espanhóis a vontade de também
colaborar. Foi depois a Disney, que
tem protocolos semelhantes com as
forças de segurança de outros países,
que contactou a GNR e a convidou
para este protocolo. “A Disney pre-
ocupa-se com estas questões e revela
assim uma atitude mais pedagógica
além da área natural do divertimen-
to associado às séries que criou”,
referiu Patrícia Reis, responsável
pelo marketing na Disney Portugal.
Após o contacto da multinacional, a
GNR aceitou de imediato o convite.
“Revelamos logo o nosso interes-
se. É uma forma de a nossa men-
sagem melhor chegar às crianças”,
contou o responsável da Guarda.
O programa conta já com duas
apresentações em powerpoint e cin-
co vídeos. Num dos episódios de Phi-
neas e Ferg, as personagens mostram
as “regras para navegar no ciberes-
paço”. “Cuidado com o que pões
online porque nunca desaparece”,
“nunca sabemos quem é que vai
ver”, “nem tudo é verdade só por-
que está online”, “nem toda a gente
é quem afi rma ser” e “se não o farias
pessoalmente, não o devias fazer on-
line”, são algumas das mensagens.
InternetPedro Sales Dias
Militares do programa Escola Segura passam a contar com personagens das séries para sensibilizar os alunos dos 6 aos 14 anos
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Saúde mental
“Prescrição médica: uma noite por semanaà luz da vela”
O psiquiatra Pedro Afonso lança hoje o livro Quando a Mente Adoece. Nele, olha com preocupação para “o endeusamento do trabalho” e defende que as escolas deveriam ter horas dedicadas ao voluntariado — para ensinar a empatia desde cedo
Tudo começou num
dia em que a electri-
cidade faltou. Nessa
noite não houve
Internet, televisão,
PlayStation. Pais e
fi lhos passaram o se-
rão em redor de uma
vela. Conversaram,
contaram histórias e
o tempo passou. A partir desse dia,
a família passou a ter uma vez por
semana uma noite sem luz. O psi-
quiatra e professor da Faculdade
de Medicina da Universidade de
Lisboa Pedro Afonso ouviu contar
esta experiência a um conhecido
e, no seu livro Quando a Mente
Adoece, transforma “uma noite por
semana à luz da vela” em “prescri-
ção médica”.
Prescrever a abstinência tecnoló-
gica durante uma noite por semana
pode ser visto como “uma provoca-
ção”, ou um conselho literal, mas o
que Pedro Afonso pretende é que seja
sobretudo uma chamada de atenção
contra o que chama hora do “(des)
encontro” familiar, com os “jantares
de tabuleiro” ou “jantares self servi-
ce”, em que os vários membros das
famílias terminam os seus dias “se-
questrados pelos vários ecrãs”.
No capítulo onde inclui indica-
ções para “melhorar a saúde men-
tal”, convida “a uma espécie de au-
todisciplina”, em que, em família,
se deve fazer por criar regularmente
um ambiente de diálogo que poten-
cie a partilha dos “pequenos acon-
tecimentos do dia, os momentos
maus, bons, as dúvidas, os desejos
e as frustrações que aconteceram
num espaço de um dia”. “Assim se
constrói intimidade”, diz.
Em sua casa, com os seus fi lhos,
há um cestinho onde todos os te-
lemóveis são colocados a seguir ao
jantar, porque se constata que, até
presença (...) O telemóvel é pobre.
Esquecemo-nos das chamadas que
fi zemos durante a semana, lembra-
mo-nos dos encontros, que envol-
vem a comunicação não-verbal,
que fi ca mais tempo na memória
e tem mais impacto”.
“Há pessoas que comunicam qua-
se exclusivamente por via electró-
nica, o presencial vai desaparecen-
do, para se tornar residual”, repara
ainda Pedro Afonso, acrescentando
que “telefonar ou mandar um SMS
quando algum amigo está a passar
por um momento difícil” alivia a
consciência. “Racionalizamos as-
sim as nossas ausências com a falta
de tempo”.
Ora, defende o psiquiatra, este ti-
po de amizades apenas à distância
têm “pouca vitalidade e por vezes
parecem estar em estado comatoso,
uma vez que só se mantêm vivas por
estarem ligadas à máquina: ou seja,
permanecem ligadas ao computa-
dor ou ao telemóvel.”
Catarina Gomesde luz apagada, os mais novos fi ca-
vam a trocar mensagens até altas ho-
ras da noite. “O cérebro precisa de
descansar. Há uma altura a partir da
qual é preciso desligar”, avisa.
O livro Quando a Mente Adoece —
Uma Introdução à Psiquiatria e à Saú-
de Mental (editado pela Principia),
pretende explicar, com linguagem
simples, quais os vários tipos de per-
turbações mentais que existem. O
último capítulo é dedicado a mapear
as muitas mudanças que as novas
tecnologias trouxeram à vida social
e como estas representam, muitas
vezes, ameaças à saúde mental.
“Temos de nos encontrar um dia
destes” — é uma frase costumeira
que se ouve cada vez mais, nota o
psiquiatra, normalmente no fi nal
de um telefonema, mas o encontro
vai sendo uma promessa adiada.
“Aceitamos amizades por telemó-
vel. Raramente nos visitamos e
tendemos a aceitar isso com con-
descendência (...) Nada substitui a
Pedro Afonso aborda também a
questão das redes sociais e a neces-
sidade do seu uso “com equilíbrio e
parcimónia”. Chama-lhe um mundo
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 15
com os falatórios, envie de vez em
quando um email para o escritório
por volta das 22h-23h. Assim, pelo
menos, dá a ideia de que continua a
trabalhar a partir de casa...”
Pedro Afonso diz que é recorrente
ouvir a ideia de que não interessa
a quantidade, mas a qualidade do
tempo que se passa com os fi lhos,
mas alerta que isso não é verdade.
“Torna-se impossível estabelecer
uma relação equilibrada entre o tra-
balho e a família quando se trabalha
10 a 12 horas”. Depois, preconiza,
é preciso combater a ideia de que
“presença prolongada no local de
trabalho é igual a produtividade e
compromisso laboral”, uma vez que
“a produtividade cai com o cansaço,
pois a nossa capacidade de concen-
tração é limitada”. E que é preciso
que os empregadores percebam que
esta sobrevalorização do trabalho,
que é transversal aos vários níveis
nas empresas, ainda mais quando
paira “o fantasma do desemprego”,
“tem um impacto enorme na vida
das pessoas, conduzindo a altera-
ções depressivas”. “A nossa energia
e tempo são limitados; se alocamos
tudo ao trabalho, não resta mais na-
da. Nós temos de ter lazer, tempo de
não fazer nada”. “Um dos erros é
considerar normal trabalhar du-
rante 10 a 12 horas”. “Se o trabalho
impede a conciliação com a vida
familiar, não devemos mudar de
família, mas de emprego.”
O livro vai ser lançado hoje, em
conjunto com um debate em torno
do tema O Excesso de Informação e
o Cérebro Humano, que se realiza
na AESE Business School, em Lis-
boa, onde Pedro Afonso dá aulas
de Desenvolvimento Pessoal.
Psiquiatra ou sacerdote?Para os mais novos, o médico de-
fende no seu livro que o voluntaria-
do — ressalvando que não deve ser
confundido com “um acto isolado,
com contornos folclóricos ou um
gesto de caridade” — devia ser ensi-
nado nas escolas através de acções
concretas. Na opinião do psiquia-
tra, “seria importante incluir nos
programas escolares um número
de horas dedicadas ao trabalho de
voluntariado em instituições de so-
lidariedade social”.
Esta seria uma forma de “criar
empatia e ensinar as crianças a co-
locarem-se no lugar do outro”. Pe-
dro Afonso diz que quando se ouve
na boca dos políticos expressões
como “os mais pobres, os mais
desfavorecidos, parecem palavras
desligadas do real, proferidas me-
canicamente”. “Só conseguimos
ajudar se criarmos empatia. Isso
aprende-se. Faz parte da formação
humana”. E deve começar cedo.
“O que noto é que as pessoas
com maior robustez psíquica são
as que fazem voluntariado e que
sempre o fi zeram. Dá saúde mental
fazer voluntariado”. Assim como
se passam horas no ginásio, diz,
deve haver um “ginásio de soli-
dariedade desde novos e depois
manter esses hábitos”.
O psiquiatra termina o livro
abordando as limitações da psi-
quiatria. Fala de pessoas que vão
bater à porta do psiquiatra mas
às quais os médicos devem, com
humildade, dizer que não podem
ajudar. Chegam-lhe com “crises
existenciais, às quais não cabe à
psiquiatria, nem tão-pouco a psica-
nálise, dar resposta”, pessoas que
“vão avançando na sua vida e que
não têm sentido para a vida”. Há
na vida “sofrimento saudável” que
não deve ser atenuado com anti-
depressivos, afi rma.
Se nota que já há sacerdotes
mais sensibilizados para as ques-
tões da saúde mental e que do
confessionário encaminham para
o psiquiatra, também há questões
“existenciais” que pertencem mais
ao mundo da religião e da fi losofi a
do que à medicina, porque é mui-
tas vezes “de ajuda espiritual e não
psíquica que as pessoas andam à
procura”. “Muitos pedidos de aju-
da que são dirigidos actualmente
ao psiquiatra seriam mais bem di-
reccionados a um sacerdote.”
DANIEL LECLAIR/REUTERS
DANIEL ROCHAPsiquiatra Pedro Afonso fala, no seu livro, das possíveis ameaças das novas tecnologias
nhecer dois lados que não se conju-
gam. Há pessoas com depressões e
problemas sociais graves escondi-
dos numa vida de aparência”, nota.
“Há uma busca da autovalorização
e uma necessidade exibicionista de
atenção e admiração”, escreve.
A advogada que saía cedoOutra das ameaças à saúde mental
vem do que chama “o endeusamen-
to do trabalho” e, no livro, conta a
história de uma competente jovem
advogada que começou a sair do
escritório às 19h, para estar com o
fi lho mais pequeno, que ia para ca-
ma às 21h30. Foi chamada à chefi a
por se ter criado desconforto por
andar a sair “tão cedo”.
A advogada tinha quebrado a re-
gra de estar no escritório 12 horas
por dia. Ela respondeu que tinha
a mesma produtividade que os co-
legas, mas que queria estar com o
fi lho e vê-lo crescer. O chefe respon-
deu: “Tem razão, mas, para acabar
onde se pratica “uma comunicação
pouco espessa”. Como psiquiatra,
conhece os dois lados da moeda, do
mundo rosa do que se posta na In-
ternet, e dos problemas e fracassos
que fi cam de fora. “O Facebook é
uma fábrica de ilusões. Como psi-
quiatra, tenho oportunidade de co-
16 | LOCAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
No antigo Convento do Desagravo nasceu uma escola “de excelência”
PATRICIA MARTINS
Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, pousou sorridente para a fotografia de grupo com os alunos da nova escola
Podia ser um condomínio ou um ho-
tel, com uma vista invejável sobre o
Tejo, ao lado de um dos monumentos
mais visitados de Lisboa, o Panteão
Nacional. Mas não foi aos turistas
que o antigo Convento do Desagravo
abriu as portas. Os novos inquilinos
são quase 400 alunos do jardim-de-
infância e do ensino básico, que es-
trearam ontem uma escola onde a
“excelência” vai desde as instalações
até à comida da cantina.
“Não há melhor forma de abrirmos
um ano lectivo do que vermos um
exemplo da excelência da nossa esco-
la pública”, declarou o presidente da
Câmara de Lisboa, Fernando Medi-
na, na inauguração da Escola Básica
Convento do Desagravo, um dos cin-
co estabelecimentos requalifi cados
ao abrigo do Programa Escola Nova,
cujas placas o autarca irá descerrar
nos próximos dias. Lançado em 2008
ainda pelo ex-presidente do muni-
cípio, António Costa, o programa
prevê 111 intervenções com um cus-
to estimado de 102 milhões de euros,
tendo já sido gastos 40 milhões.
A excelência da nova escola, que
substituiu cinco estabelecimentos
nas freguesias de Santa Maria Maior
e de São Vicente, é visível, antes de
mais, nas instalações. “Este é um
exemplo raro de uma construção que
transformou um local secular, que
estava degradado, num exemplo da
modernidade das construções esco-
lares”, sublinhou Medina. As obras,
iniciadas em Outubro de 2013 e con-
cluídas em Julho deste ano — depois
de algumas alterações ao projecto
inicial e de paragens forçadas devido
à descoberta de uma cisterna roma-
na dentro do convento — custaram
3,8 milhões de euros, fi nanciados
com verbas do Programa de Inves-
timentos Prioritários em Acções de
Reabilitação Urbana (PIPARU).
O antigo convento setecentista,
que pertencia à Ordem dos Frades
Menores, foi desactivado em 1901
e transitou depois para a Fazenda
Nacional. Desde então, teve vários
usos e sofreu alterações, tendo en-
cerrado por volta de 2007 quando
fechou o colégio da Casa Pia que ali
funcionava. Os arquitectos responsá-
veis pelo projecto de requalifi cação
conseguiram manter elementos ori-
funcionários municipais (e não com
recurso a empresas externas, como
é prática comum) com produtos na-
cionais. A vereadora da Educação,
Graça Fonseca, explica que o objec-
tivo é alargar este projecto a todas as
escolas básicas do município.
“Era um sonho que tinha há dez
anos, o de conseguir entrar nas esco-
las e provar que é possível comer co-
mida saudável mas cheia de sabor e
que as crianças conseguem comer os
espinafres num bechamel, por exem-
plo”, disse o chef, admitindo porém
que os “clientes” não são fáceis de
convencer. Basta uma sondagem rá-
pida no recreio para confi rmar que
as opiniões se dividem, não só em re-
lação à lasanha de peixe do almoço,
mas também no que toca à primeira
impressão sobre a escola. “Gostava
mais da anterior, a Marqueses de Tá-
vora, era mais pequenina”, lamenta
Adriana, olhos azul-céu e cabelo de
ouro, aluna do 1.º ciclo. Já a amiga
Sara está a gostar do espaço.
Fernando Medina elogiou também
a “qualidade do projecto educativo”,
levado a cabo por 17 professores (pa-
ra 13 turmas do 1.º ciclo) e três edu-
cadoras. O corpo docente transitou
dos estabelecimentos agora desacti-
vados, aos quais faltavam “condições
de funcionalidade”, segundo o presi-
dente da junta de Santa Maria Maior,
Miguel Coelho. A nova escola dispõe
também da Componente de Apoio à
Família e oferece o pequeno-almoço
mais cedo para que todas as crianças,
sobretudo as de famílias mais caren-
ciadas, possam ter uma alimentação
plena. “Esta escola tem meninos de
mais de 30 nacionalidades diferentes
e serve freguesias com uma grande
diversidade cultural e social, o que
torna o processo de aprendizagem
num desafi o extraordinário”, subli-
nhou o autarca.
Câmara de Lisboa assinalou início do ano lectivo com inauguração da Escola Básica do Convento do Desagravo, após obras no valor de 3,8 milhões. Quase 400 crianças têm agora mais espaço para aprender
Educação Marisa Soares
ginais como as escadas interiores de
pedra, painéis de azulejos, o claus-
tro com um pequeno lago e uma sala
com tecto abobadado e pinturas. No
edifício de dois pisos coexistem salas
de aula de grandes dimensões e pe-
quenas salas temáticas, como a sala
de expressão dramática, de cinema
ou de apoio a crianças com necessi-
dades especiais. No segundo piso,
uma biblioteca com janelas viradas
para o rio convida as crianças a ler
ou a usar os computadores.
Os alunos do primeiro ciclo do en-
sino básico e os do jardim-de-infân-
cia, eufóricos neste primeiro dia de
aulas, utilizam áreas independentes.
Mas cruzam-se na cantina, onde o
chef Nuno Queiroz Ribeiro conduz o
projecto-piloto das “Refeições Esco-
lares Saudáveis — TRINCA uma me-
lhor alimentação”, cujo objectivo é
oferecer às crianças refeições sau-
dáveis confeccionadas na escola por
“Esta escola tem meninos de mais de 30 nacionalidades diferentes e serve freguesias com uma grande diversidade cultural e social”, descreve Fernando Medina
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | LOCAL | 17
PUBLICIDADE
O Tribunal Administrativo de Sin-
tra considerou “improcedente” a
providência cautelar interposta por
duas empresas de gestão imobiliá-
ria, que pedia a suspensão do Plano
Director Municipal (PDM) de Cas-
cais. O presidente desta autarquia,
Carlos Carreiras, considera que se
fez justiça.
A Quinta do Junqueiro e a Bras-
fer, duas empresas de gestão imobi-
liária do concelho de Cascais, apre-
sentaram uma acção conjunta para
pedir a suspensão, com “carácter
Tribunal de Sintra rejeita pretensões de imobiliárias contra PDM de Cascais
de urgência”, do PDM aprovado
em assembleia municipal a 25 de
Junho, por considerarem que os
seus interesses no ramo foram afec-
tados. O tribunal aceitou a acção
e suspendeu temporariamente a
aplicação do novo plano.
As empresas, com projectos pre-
vistos nos seus terrenos de Carcave-
los/Parede e Alcabideche, reclama-
ram ter fi cado impedidas de cons-
truir nestes locais, uma vez que o
documento de gestão urbanística
converteu esses solos urbanos (e,
portanto, edifi cáveis) em zonas
verdes.
Os autores da providência cau-
telar alegavam que a revisão do
Plano Director Municipal foi apro-
vada pela assembleia municipal a
25 de Junho e publicada em Diário
da República na segunda-feira se-
guinte, dia 29, duas semanas an-
tes da entrada em vigor do novo
Urbanismo
Duas empresas tinham apresentado providência cautelar contra o novo plano. Presidente da câmara satisfeito
ladas pelo novo PDM de Cascais”.
Segundo o despacho divulgado
na semana passada, citado pela
Lusa, o tribunal considerou “im-
procedente a excepção de incom-
petência material”, “improcedente
a excepção de impropriedade do
meio processual”, “improcedente
o pedido cautelar” e julgou ainda
“tempestiva a resolução fundamen-
tada apresentada pela entidade re-
querida”.
Em reunião pública de câmara
realizada ontem, o presidente do
executivo, Carlos Carreiras, mos-
trou-se satisfeito com a decisão
judicial.
“A Câmara de Cascais nunca se
irá subjugar a interesses económi-
cos, a especuladores imobiliários.
Fez-se justiça e fi camos muito sa-
tisfeitos. O PDM em vigor não este-
ve, não está, nem estará suspenso”,
afi rmou. com Lusa
Regime Jurídico dos Instrumentos
de Gestão Territorial, que ocorre
no dia 14 de Julho e que prevê, ao
contrário do que antes estava pre-
visto no regime anterior, o direito
à indemnização dos interessados.
Questionavam também o facto de o
novo plano director municipal ter
sido aprovado com 19 votos a favor
e 18 votos contra.
Porém, o tribunal considera que
“a evidência da ilegalidade não se
verifi ca” e que as requerentes “nem
tão-pouco indicam quais as nor-
mas jurídicas que teriam sido vio-
O PDM converteu terrenos das imobiliárias que eram solos urbanos (e, portanto, edificáveis) em zonas verdes
Breves
Hasta pública
Sintra prepara-se para vender antigo Hotel NettoA Câmara de Sintra está a preparar o lançamento de uma hasta pública para vender o antigo Hotel Netto, no centro histórico de Sintra, com vista à sua reabilitação. O edifício do século XIX, que se encontra em ruína há décadas, onde o escritor Ferreira de Castro escreveu parte da sua obra, foi adquirido pelo município em 2014, com o propósito de ser adaptado a hostel, mas o elevado custo de manutenção da fachada levou a autarquia a decidir vender o imóvel.
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QUINTA, 24 SETCOM O PÚBLICO
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QUINTA, 24 SETCOM O PÚBLICO
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I n é d i to e m português
18 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Portugueses nunca tiveram tanto dinheiro em depósitos à ordem
PEDRO CUNHA
O valor das contas à ordem, onde a movimentação de depósitos pode ser feita a qualquer altura, cresceu 10% em Julho em termos homólogos
Nunca os clientes particulares dos
bancos tiveram tanto dinheiro con-
fi ado em depósitos à ordem. Em Ju-
lho, a aplicação das poupanças nesta
modalidade de depósitos atingiu um
novo recorde, de 36.051 milhões de
euros. Dados do Boletim Estatístico
do Banco de Portugal (BdP), publi-
cado ontem, mostram que os depó-
sitos à ordem estão desde Março a
progredir a um ritmo de dois dígitos,
com crescimentos homólogos sem-
pre acima dos 10%. Em Abril e Junho,
chegaram mesmo a subir 12% e em
Julho voltaram a ter um crescimento
de 10,8%.
De Junho para Julho, houve um re-
forço de quase dois mil milhões de
euros (1921 milhões) nos depósitos à
vista, em linha com o aumento regis-
tado no período homólogo. Os 36.051
milhões de euros em depósitos à vista
são o valor mais alto em 26 anos (des-
de 1989, o primeiro ano em que o BdP
tem registo destes dados).
Apesar de os portugueses estarem
a canalizar dinheiro para os produtos
de poupança do Estado a um ritmo
mais acelerado, o valor ainda é baixo
face ao montante associado aos de-
pósitos à vista, que permitem movi-
mentações do dinheiro em qualquer
altura. Entre Certifi cados de Aforro e
Certifi cados do Tesouro, em Julho es-
tavam aplicados nestes instrumentos
de poupança 19.770 milhões. Este va-
lor é pouco mais de metade do mon-
tante dos depósitos à ordem e quase
sete vezes menos do que o valor dos
depósitos totais dos particulares, que
ascendem a 137.836 milhões.
Embora a larga maioria dos clientes
bancários continue a canalizar pou-
panças para os depósitos a prazo, as
contas de depósito à vista têm regis-
tado crescimentos muito superiores
nos últimos meses. A taxa anual de
crescimento dos depósitos a prazo,
de 3,1%, compara com os 10,8% da
modalidade à ordem.
Ao mesmo tempo, as poupanças
aplicadas pelos portugueses nos cer-
tifi cados do Estado têm vindo a cres-
cer, e a preferência vai claramente
para os Certifi cados do Tesouro Pou-
pança Mais (CTPM), que apresentam
uma taxa de juro incomparavelmente
mais alta que a média dos depósitos
dia, em 2,25%, para uma aplicação a
cinco anos. A taxa dos CA, que está
associada à evolução da Euribor a
três meses, actualmente em terreno
negativo, está em 0,971% brutos.
Apesar do corte na remuneração
dos produtos do Estado, decidida no
início do ano, a remuneração destes
produtos, especialmente dos CTPM,
está acima dos depósitos. A média
dos depósitos bancários a 12 meses,
para um montante de cinco mil eu-
ros, fi ca-se pelos 0,3% líquidos.
A diferença de rentabilidades torna
mais difícil de explicar o montante
elevado de depósitos a prazo, e mui-
to mais ainda o montante aplicado
nas contas à ordem, boa parte dele
sem qualquer remuneração. A média
dos depósitos à ordem situava-se em
0,04% em Julho, mas muitas institui-
ções só pagam alguns juros a partir
de certo montante. Isto signifi ca que
boa parte desse dinheiro representa
um empréstimo dos particulares aos
ro estar disponível, sendo mais fácil
de usar. Além da inércia que caracte-
riza a relação dos portugueses com
o sector bancário, e que é visível na
fraca predisposição para comparar
ofertas para procurar melhores al-
ternativas, o economista da Deco
Proteste também destaca a falta de
informação sobre aplicações mais
atractivas, como são os produtos do
Estado e campanhas promocionais
para captar novos clientes ou novos
depósitos, que oferecem taxas de re-
muneração muito superiores.
Numa análise recente publicada
pelo BPI, Teresa Gil Pinheiro lembra-
va que os depósitos continuam a ser a
principal fonte de fi nanciamento da
banca portuguesa, “representando
cerca de 60% dos activos totais”. Os
depósitos dos particulares, notava a
economista, representam cerca de
metade dos depósitos totais em Por-
tugal, bem acima da média da zona
euro onde o valor é de apenas 38%.
Poupanças aplicadas nos Certifi cados do Estado, onde as taxas são mais altas, aumentam mas estão longe dos 36 mil milhões depositados pelos particulares nas contas à ordem. Depósitos valem 60% dos activos da banca
PoupançaPedro Crisóstomo e Rosa Soares
a prazo. Ainda assim, o valor aplica-
do nos produtos do Estado não tem
comparação com os 36 mil milhões
de euros “estacionados” em Julho
nas contas à ordem dos portugueses,
boa parte com remuneração zero, ou
muito perto disso.
Juros baixos ajudamOs dados do BdP — neste caso, relati-
vos já a Agosto — revelam que os por-
tugueses aplicaram 169 milhões de
euros no último mês, mais 11,1% que
os 152 milhões de euros de Julho. A
clara preferência nas aplicações con-
fi adas ao Estado vai para os CTPM,
em detrimento dos tradicionais Cer-
tifi cados de Aforro (CA), que apenas
captaram cinco milhões de euros de
novas entradas de dinheiro.
A diferença entre a atractividade
dos dois produtos é explicada pelas
taxas de remuneração oferecidas.
Os CTPM oferecem uma taxa de ju-
ro mais elevada, que se situa, em mé-
bancos a taxa zero. Mas, afi nal, o que
explica um montante tão elevado de
dinheiro depositado à ordem? “Co-
mo as taxas estão muito baixas, pa-
rece haver uma menor apetência por
parte dos particulares para colocar
o dinheiro nos depósitos a prazo”,
enquadra Teresa Gil Pinheiro, do de-
partamento de estudos económicos
e fi nanceiros do BPI.
António Ribeiro, economista da
Deco Proteste, não tem dúvidas de
que “são as baixas taxas de juro dos
depósitos a prazo, mas também mui-
ta inércia e falta de informação”. Pe-
rante juros tão baixos nos depósitos
a prazo, “é natural que muitas pes-
soas não se sintam motivadas para
aplicar o dinheiro a prazo”, sustenta
António Ribeiro, que considera esta
decisão prejudicial por duas razões:
o facto de, embora actualmente em
valor ser muito baixo, a infl ação ser
positiva e, portanto, “roubar” valor
aos depósitos; e o facto de o dinhei-
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | ECONOMIA | 19
O reembolso dos pagamentos ao FMI
parecia ter conhecido uma nova eta-
pa de aceleração quando, ontem, o
primeiro-ministro disse num almo-
ço de campanha em Beja que, a 15
de Outubro, iriam ser pagos “mais
de 5400 milhões de euros” do em-
préstimo da troika de credores (que
totalizou cerca de 78.000 milhões).
Mas à noite, Passos Coelho corrigiu
a informação dada horas antes: “Foi
um lapso, não me custa corrigir”, dis-
se aos apoiantes da coligação PSD/
CDS, num jantar em Faro. “Em Ou-
tubro, vamos pagar 5,4 mil milhões
de euros não é ao FMI, mas a uma
obrigação do anterior governo so-
cialista [uma linha de Obrigações
do Tesouro], de 2005, vejam lá, que
nós vamos agora amortizar à dívida
portuguesa”, afi rmou.
O certo é que o Governo tem dado
ritmo aos pagamentos ao FMI. Pri-
meiro, a ideia era aproveitar as con-
dições mais favoráveis dos mercados
para reembolsar 14 mil milhões de
euros ao FMI, em dois anos e meio, e
com isso poupar nos juros. Entretan-
to, e até agora, foram já pagos 8400
milhões de euros do empréstimo da
troika. A estes pagamentos, feitos em
Março e em Junho pelo IGCP (o orga-
nismo que gere a dívida pública), vai
juntar-se agora mais uma fatia.
Numa apresentação feita este mês
pelo IGCP a investidores explicava-
se que a ideia era reembolsar o FMI
Portugal vai pagar mais 2200 milhões de euros ao FMI até ao final do ano
em mais 2200 milhões até ao fi nal do
ano. Ao todo, serão assim 10.600 mi-
lhões a pagar só este ano. Na mesma
apresentação do IGCP, explicitava-se
que o plano de pagamentos anteci-
pados ao FMI previa o reembolso
de mais 7800 milhões no ano que
vem e de 6900 milhões em 2017.
De acordo com estes cálculos, a
dívida junto do FMI será paga den-
tro de cerca de dois anos e meio. A
maturidade média dos empréstimos
do FMI era a 7,2 anos, com uma taxa
média de 4,15%, bastante acima dos
empréstimos europeus e do valor a
que Portugal se está a conseguir fi -
nanciar nos mercados. Com o reem-
bolso antecipado, Portugal não só
consegue uma poupança dos juros,
como essa medida contribui para
um “alisamento” dos pagamentos.
De acordo com o IGCP, no fi nal de
2014 a dívida directa do Estado es-
tava nos 217.126 milhões, do quais
79.005 eram devidos à troika.
Dívida mais alta Em termos da dívida pública, na óp-
tica de Maastricht (a que conta para
Bruxelas, e que vai mais além do que
apenas a dívida emitida pelo Estado),
esta foi de 227.112 milhões de euros
em Julho, mais cerca de 1,7 mil mi-
lhões do que no mês anterior.
Descontando deste valor os depó-
sitos da administração pública, o
montante é de 212,269 mil milhões
de euros (mais 1,5 mil milhões de
euros).
O Governo estima que a dívida
pública se reduza para os 124,2% do
PIB no fi nal deste ano, uma previsão
mais optimista do que a da Comis-
são Europeia, que antecipa que o
endividamento público português
feche o ano nos 130,2% do PIB. S.R. com Lusa
Dívida pública
Passos Coelho falou em 5400 milhões, mas afinal foi um “lapso”, ligado à amortização de uma linha de Obrigações do Tesouro
SAUL LOEB/AFP
Reembolso antecipado vai chegar aos 10.600 milhões este ano
A Ford está obrigada a cumprir os
compromissos que assumiu com a
Autoridade da Concorrência (AdC)
em Julho, na sequência de um pro-
cesso de contra ordenação aberto
pela entidade em Janeiro.
A investigação iniciada pela AdC a
princípio concluiu que nos contra-
tos de extensão de garantia a Ford
incluía uma cláusula que impedia
os “consumidores de realizarem
operações de manutenção ou repa-
ração em ofi cinas independentes,
sob pena de perderem o direito à ga-
rantia do fabricante”. Na sequência
Ford obrigada a mudar política de garantias após investigação da AdC
do processo, a Ford apresentou em
Julho uma série de compromissos
para responder “às preocupações
jus-concorrenciais suscitadas pelas
limitações ao exercício da garantia
automóvel”.
Seguiu-se um prazo de 20 dias
úteis para que tivesse lugar a con-
sulta pública e, depois, uma análise
interna. A responsável pela comer-
cialização da marca norte-america-
na em Portugal fi ca obrigada a cum-
prir com os compromissos propos-
tos sob monitorização da AdC. Na
deliberação do dia 18 de Setembro,
publicada no seu site, a AdC entende
que “os compromissos apresentados
estão aptos a eliminar os potenciais
efeitos nocivos sobre a concorrên-
cia e a preservar os interesses dos
consumidores”. Entre os compro-
missos assumidos pela Ford conta-
se a alteração de todos os contratos
e documentos “dos quais constasse
o impedimento aos clientes de rea-
lizarem operações de manutenção
ou reparação em ofi cinas indepen-
dentes, sob pena de perderem o
direito à garantia do fabricante” e
a “difusão junto da sua rede de con-
cessionários e reparadores ofi ciais
da inexistência de restrições à possi-
bilidade de os clientes recorrerem a
reparadores independentes“.
No comunicado, a AdC explica
que, de acordo com a lei da con-
corrência, a entidade pode “acei-
tar compromissos propostos pelos
visados em processos de contra-or-
denação, que sejam aptos a eliminar
os potenciais efeitos nocivos sobre
a concorrência”.
Esta é a segunda investigação da
AdC à limitação de garantias apli-
cada por uma marca automóvel,
depois de, em Junho, ter aplicado
uma multa de 150 mil à Peugeot na
sequência de “prestação de infor-
mações falsas, inexactas ou incom-
pletas”.
EmpresasCamilo Soldado
Clientes que fizessem reparações em oficinas independentes perdiam a garantia do fabricante
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Fraude em teste de emissões leva Volkswagen a desastre na bolsa
SHANNON STAPLETON/REUTERS
O software instalado em carros a diesel enganava os testes de emissão de gases poluentes
Após um fi m-de-semana de pesade-
lo, o grupo Volkswagen acordou pa-
ra uma segunda-feira de desastre na
bolsa. A multinacional alemã viu a
cotação em Frankfurt derrapar 19%,
depois de ter admitido que enganou
as autoridades dos EUA em testes
de emissão de gases poluentes, ar-
riscando penalizações milionárias e
um sentimento de desconfi ança por
parte dos consumidores.
As acções do grupo — que é tam-
bém dono de marcas como a Audi,
a Skoda, a Seat e a Porsche — fe-
charam nos 132 euros, o valor mais
baixo em praticamente três anos. É
uma descida abrupta que veio acen-
tuar a queda que a cotação tem vin-
do a sofrer desde o pico de Março,
altura em que ultrapassou os 250
euros, antes de a desaceleração da
economia chinesa ter assustado os
investidores.
O escândalo que rebentou na sex-
ta-feira, quando a Agência de Protec-
ção Ambiental dos Estados Unidos
anunciou que a fabricante estava a
enganar as medições de emissões
tóxicas em alguns modelos a diesel,
acabou por dar origem a um pedido
de desculpas no domingo e ao anún-
cio de que a venda de alguns auto-
móveis seria suspensa. Inevitavel-
mente, as suspeitas estenderam-se
à Europa: ontem, as autoridades da
Alemanha exigiram que a empresa
prove que não manipulou os testes
semelhantes feitos neste país.
O episódio é um revés para os
planos da empresa alemã, que tem
uma presença relativamente peque-
na nos EUA, mas onde tinha ambi-
ções de crescimento. Em 2014, as
vendas de automóveis ligeiros de
passageiros fabricados pelo grupo
tinham caído 2% naquele país, para
cerca de 599 mil unidades — o que
correspondente a pouco mais de
6% das vendas totais. Nos primeiros
seis meses deste ano, tinha posto no
mercado 295 mil automóveis, mais
2,4% do que em igual período do
ano passado.
Os EUA são o segundo maior mer-
cado automóvel do mundo (atrás da
China) e são dominados pelos fabri-
cantes americanos e japoneses. A
Volkswagen e a Audi, as duas mais
populares marcas do grupo ale-
aos limites legais. O software está
instalado em 482 mil carros, comer-
cializados desde 2008, dos mode-
los Jetta, Beetle, Golf, Passat e Audi
A3. Estes automóveis serão agora
chamados às ofi cinas, mas poderão
continuar a circular e a ser vendidos
legalmente.
O grupo Volkswagen disputa com
a Toyota o lugar de maior fabrican-
te automóvel do mundo, um título
essencialmente simbólico, tendo
conseguido a dianteira, por uma
margem ligeira, no primeiro semes-
tre deste ano. Em Portugal, é dono
da fábrica portuguesa Autoeuropa,
que produz em Palmela quatro mo-
delos, nenhum dos quais faz parte
da lista identifi cada pela agência
americana.
A fraude fragiliza a liderança do
presidente executivo, Martin Win-
terkorn, que está no cargo há oito
anos e que recentemente sobreviveu
a uma luta de poder interna. “Pes-
soalmente, lamento profundamente
que tenhamos quebrado a confi an-
ça dos nossos consumidores e do
público. Faremos tudo o que for
necessário para reverter os danos
causados”, afi rmou Winterkorn,
num comunicado.
A empresa reconheceu a falha, diz
estar a colaborar com as autorida-
des e anunciou que vai simultane-
amente conduzir um processo de
averiguações levado a cabo por uma
entidade externa. Também suspen-
deu as vendas dos modelos de 2015
e 2016 de automóveis Volkswagen e
Audi com motores a diesel de qua-
tro cilindros, bem como as vendas
de veículos usados dos modelos em
que o software problemático está
instalado.
As autoridades dos EUA começa-
ram a investigar o assunto em Maio
do ano passado.
Acções caíram 19% em Frankfurt. Empresa pediu desculpa por ter enganado autoridades dos EUAe suspendeu a venda de alguns modelos naquele país. Quase meio milhão de carros chamados às ofi cinas
AutomóveisJoão Pedro Pereira
Fonte: Reuters PÚBLICO
A queda em bolsa
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set.
132,2
182,5
16 Mar.255,2
21 Set.
Valores em euros
250
200
225
150
125
mão naquele país, têm uma quota
de mercado de 2,7%. A maioria das
vendas são de veículos da marca
Volkswagen.
A fabricante instalou software em
carros a gasóleo que fazia com que
estes emitissem muito menos ga-
ses poluentes quando estavam a ser
testados do que quando estavam na
estrada. De acordo com a Agência
de Protecção Ambiental, as emis-
sões de um gás poluente associado
a asma e outras doenças pulmona-
res serão dez a 40 vezes superiores
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | ECONOMIA | 21
A Internet é a montra do mercado
global, mas, na hora de comprar,
44% dos consumidores ainda pre-
ferem lojas online originárias do seu
próprio país e uma larga fatia dos
comerciantes (37%) vende a maio-
ria dos seus produtos no mercado
doméstico. Quase 60% nem sequer
têm negócio na Internet. Um estu-
do da Comissão Europeia sobre o
comércio electrónico divulgado on-
tem revela que apenas 12% dos reta-
lhistas têm clientes noutros merca-
dos. Ao mesmo tempo, apenas 15%
Mais de 40% dos consumidores preferem comprar onlineem lojas do seu próprio país
dos europeus compram online fora
de portas.
“As compras online domésticas
são feitas com maior frequência e
representam 70% das compras mais
recentes”, refere o Consumer Condi-
tions Scoreboard. Uma análise mais
fi na sugere, contudo, que a frequên-
cia das compras noutros países da
União Europeia está mal documen-
tada, já que, muitas vezes, os consu-
midores não sabem que estão a com-
prar numa loja de um comerciante
de outro país. E “o facto de fazerem
compras além-fronteiras pensando
que o estão a fazer a uma empresa
do seu mercado interno signifi ca que
não têm conhecimento dos termos
aplicáveis do contrato”, sublinha
a comissão, defendendo que este
comportamento limita a “pressão
competitiva” no Mercado Único Di-
gital, conceito inspirado no merca-
do comum da UE e que tem como
objectivo a supressão das barreiras
ComércioAna Rute Silva
Quase 60% dos retalhistas europeus não têm negócio na Internet. Roupa e artigos desportivos são os produtos mais vendidos
PUBLICIDADE
físicas. “A presença de lojas físicas
é mais importante para os que com-
pram com frequência online e para
os que compram noutros países”, su-
blinha o documento. Em média, na
sua última compra, os consumidores
gastaram 3,1 horas na Internet. As
razões mais apontadas para escolher
um determinado site ou aplicação
é o preço (45%) e já ter tido antes
uma boa experiência com o retalhis-
ta (44%). Cerca de 80% compraram
através de um computador portá-
til, seguiu-se o computador (73%), o
smartphone (59%) e o tablet (52%) A
maioria (52%) paga as compras com
cartão de crédito ou sistemas de pa-
gamento como o PayPal (47%).
As entregas dos produtos são fei-
tas no local de trabalho ou em casa e
apenas 8% escolhem levantar a enco-
menda na loja física. A conveniência,
os preços mais baixos e o maior le-
que de produtos são as razões apon-
tadas para comprar online.
Os trabalhadores da Autoridade pa-
ra as Condições de Trabalho (ACT)
alertam para a “situação insusten-
tável” que se vive na instituição e
voltam a acusar a direcção de op-
tar por uma política “que põe em
risco a protecção dos direitos de
todos os trabalhadores” em Portu-
gal. As preocupações constam de
uma carta que será entregue hoje
ao ministro Pedro Mota Soares. Na
carta, a que o PÚBLICO teve acesso,
os trabalhadores lembram que as
suas preocupações não se prendem
com exigências salariais ou relativas
a promoções, mas sim “com o facto
de a actual direcção da ACT desvir-
tuar os verdadeiros papéis que lhe
estão cometidos, como sejam a pro-
moção da segurança nos locais de
trabalho e a inspecção”.
Inspectores da ACT protestam contra gestão
TrabalhoRaquel Martins
nacionais às transacções online.
No espaço europeu, as empresas
que oferecem serviços vendem mais
facilmente para fora do seu mercado
doméstico, em comparação com as
que vendem produtos. Entre os arti-
gos mais comprados estão o vestuá-
rio e os artigos desportivos. Seguem-
se as viagens e hotéis, produtos para
a casa, bilhetes para eventos e livros.
As vendas de conteúdos digitais e o
uso de serviços online estão a au-
mentar. Em média, os europeus
gastam entre 94 e 107 euros nestes
conteúdos, um valor muito inferior
aos 760 euros que despendem com
roupa ou bens tangíveis. Em termos
globais, o comércio online vale quase
2% do PIB da União Europeia.
O Consumer Conditions Scorebo-
ard traça ainda o retrato dos hábi-
tos de compra na Internet e conclui
que quatro em cada dez europeus
que adquiriram artigos (tangíveis)
preferem retalhistas que têm lojas
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Durante seis anos a CP Carga pagou
(ou deveria ter pago) 18 milhões de
euros anuais à CP pela utilização de
locomotivas que eram propriedade
desta. Mas pouco antes da privati-
zação, estes activos — avaliados em
88 milhões de euros — foram trans-
feridos para a CP Carga, vendida à
MSC. Desta forma, enquanto empre-
sa pública, a CP Carga pagava uma
renda à CP; enquanto privada, fi ca
isenta desse pagamento e ainda re-
cebe as locomotivas. Esta é uma das
denúncias que constam de um docu-
mento entregue ontem no Tribunal
de Contas (e também à ACT e Pro-
curadoria Geral da República) pela
comissão de trabalhadores da CP,
que contesta a venda da CP Carga à
multinacional MSC.
O documento diz ser falso que a
MSC tenha pago 53 milhões pela
transportadora ferroviária de merca-
dorias, porque o Estado só encaixa 2
milhões de euros, sendo os restantes
51 milhões destinados a capitalizar a
própria empresa. Ora, diz a comis-
são de trabalhadores, a CP possuía
em 31/12/2014 quase seis milhões de
euros em depósitos à ordem, uma
carteira de dívida de clientes a 90
dias de 11,1 milhões de euros e acti-
vos em material circulante no valor
de 60,9 milhões. O documento refere
ainda que, em 2014, a CP Carga re-
cebeu 28 milhões de euros da Refer
pela transferência dos terminais de
mercadorias para a empresa gestora
de infra-estruturas. Por tudo isto, os
trabalhadores afi rmam que a privati-
zação da CP Carga foi uma “doação”
e não uma “venda”.
Quanto à dívida da empresa, que
será assumida pelo comprador, o
documento entregue no Tribunal
de Contas diz que a CP Carga devia
120 milhões de euros em Dezembro
do ano passado, dos quais 31 milhões
eram de leasing do material circulan-
te da própria empresa e 71 milhões
eram dívidas à empresa-mãe, CP.
“A criação desta dívida foi comple-
tamente artifi cial”, acusa a comissão
de trabalhadores, justifi cando que tal
se deveu à opção de manter as loco-
motivas no balanço da CP e não da
CP Carga, obrigando esta a pagar
Comissão de trabalhadores diz que CP Carga foi doadae não vendida
rendas de 18 milhões de euros anuais
que, por incumprimento, ascende-
ram a juros no valor de 7,7 milhões.
“Com a venda da CP Carga, é o
próprio Estado que desmantela o
mecanismo de descapitalização da
CP Carga à custa da descapitalização
da CP”, diz o documento, referindo
que a empresa privatizada fi ca isenta
de pagar rendas e ganha os activos,
enquanto a empresa pública CP per-
de as rendas e as locomotivas.
É isso que leva a comissão de tra-
balhadores a dizer que “o processo
de oferta da CP Carga é criminoso e
lesivo do interesse público” e que este
mesmo processo visa “a descapitali-
zação da CP”.
Venda à porta fechada Ao PÚBLICO, fonte ofi cial do Tribunal
de Contas confi rmou a recepção de
uma exposição da comissão de tra-
balhadores, afi rmando que a mesma
vai ser “encaminhada para os depar-
tamentos competentes do tribunal”.
“Neste momento, desconhece-se o
contrato, pelo que nada se poderá
dizer, a não ser que se aguarda o seu
envio”, acrescentou a mesma fonte. O
Governo tinha marcado para ontem a
assinatura do contrato de compra e
venda da CP Carga, que ocorreu no
Ministério das Finanças. No entanto,
ao contrário do habitual, a cerimónia
decorreu à porta fechada.
Em comunicado enviado às redac-
ções, a MSC confi rma a assinatura do
contrato, afi rmando que “o negócio
foi fechado pelo valor de 53 milhões
de euros, dos quais 51 milhões de
euros serão usados para a recapita-
lização da empresa”. A conclusão do
negócio, diz a empresa, “está ainda
pendente do parecer da Autoridade
da Concorrência para que este seja
ofi cializado”. A MSC diz comprome-
ter-se a manter o Acordo de Empresa
em vigor. O investimento realizado,
diz Carlos Vasconcelos, director-geral
da MSC Portugal, citado no comuni-
cado, “pressupõe um plano de de-
senvolvimento a longo prazo que vai
melhorar e valorizar a infra-estrutura
da empresa”.
Já o Ministério das Finanças diz,
também em comunicado, que se
congratula “com a conclusão de um
processo que visa dotar a CP Carga
das condições necessárias para se
desenvolver através do investimento
privado como forma de criar maiores
sinergias e níveis de efi ciências”. E
recorda que faltam ainda os restantes
5% do capital da CP Carga, que estão
reservados aos seus trabalhadores.
Ontem, ocorreu também pequena
manifestação de funcionários da CP
Carga, que se concentraram no Largo
de Camões, em Lisboa, para protes-
tar contra a venda da empresa.
No primeiro semestre de 2015, e
segundo dados fornecidos pela pró-
pria empresa ao PÚBLICO, a CP Carga
tinha um prejuízo de 4,5 milhões de
euros, sendo que os seus resultados
operacionais eram de -2,5 milhões.
As receitas ascendiam a 35 milhões
de euros. Nos meses que antecede-
ram a privatização, e contrariando
uma política de comunicação habi-
tualmente mais discreta, a CP Carga
tornou públicos os seus resultados,
que “reforçavam uma trajectória de
melhoria de resultados”. Em Janeiro
deste ano o próprio presidente da CP,
numa reunião de quadros, sublinhou
que a CP Carga estava a caminho da
sustentabilidade.
Em 2013, a empresa teve prejuízos
de 23 milhões de euros, mas em 2014
teve lucros de 5,3 milhões. Nesse ano
transportou o número-recorde de 9,2
milhões de toneladas e aumentou a
sua receita em 16%. com Luísa Pinto e Luís Villalobos
Privatizações Carlos Cipriano
Queixa entregue no Tribunal de Contas denuncia transferência de activos. Assinatura de contrato foi feita à porta fechada
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015
PSI 20 1,17 5134,58 271493590 5079,39 5153,30 5075,75 1,06 6,99ALTRI 2 3,77 477816 3,79 3,79 3,72 3,82 51,75BANIF 0 0,00 30470239 0,00 0,00 0,00 -2,44 -29,82BPI 4,62 0,95 8606934 0,90 0,98 0,90 7,70 -7,31BCP 0,2 0,05 201661403 0,05 0,05 0,05 -3,48 -23,90CTT 1,79 10,11 369764 9,93 10,12 9,90 5,10 26,11EDP 0,98 3,10 5470690 3,06 3,14 3,06 0,72 -3,73EDP RENOV. 1,44 5,98 297465 5,86 6,01 5,86 -0,79 10,58GALP ENERGIA -0,08 9,14 1636987 9,10 9,34 9,05 5,69 8,35IMPRESA 0,73 0,69 54192 0,68 0,69 0,66 -3,26 -12,82J. MARTINS 1,78 12,30 822895 12,08 12,32 12,01 -2,07 47,51MOTA-ENGIL -2,28 2,10 366041 2,12 2,15 2,08 6,81 -21,08NOS 1,18 7,22 525980 7,17 7,24 7,16 0,03 37,82PHAROL -4,11 0,28 16359372 0,29 0,30 0,28 19,18 -67,59PORTUCEL 3,58 3,15 830837 3,04 3,15 3,04 -2,53 2,24REN 0,6 2,67 428210 2,65 2,68 2,63 0,80 10,97SEMAPA 0,34 11,85 87081 12,08 12,08 11,66 -4,10 18,20TEIXEIRA DUARTE -1,33 0,45 17725 0,45 0,45 0,44 0,67 -37,41SONAE 1,94 1,11 3009959 1,08 1,11 1,07 2,94 7,91
O DIA NOS MERCADOS
Acções
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Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 201.661.403Banif 30.470.239Pharol 16.359.372BPI 8.606.934EDP 5.470.690
BPI 4,62%Portucel 3,58%Altri 2,00%
Pharol -4,11%Mota-Engil -2,28%Teixeira Duarte -1,33%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
1,120,72
134,824,4659
1,08
-0,037%0,036%
47,721131,41
0,45%2,58%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
2800
3050
3300
3550
3800
4500
5000
5500
6000
6500
0,000
0,035
0,070
0,105
0,140
1,17%0,87%0,77%
BRUNO LISITA
Funcionários da CP Carga manifestaram-se ontem contra a venda
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24 | MUNDO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
O Syriza deixou cair o “radical” para a segunda vida de Alexis Tsipras
O resultado das eleições de domin-
go confi rmou que Alexis Tsipras é o
único jogador em campo na política
grega. Apesar de a abstenção ter sido
o principal vencedor, o seu partido,
o Syriza, fi cou a apenas um ponto
abaixo do que tinha obtido em Ja-
neiro. Junto com o seu parceiro de
coligação, os Gregos Independen-
tes (ANEL na sigla em grego), tem
sensivelmente o mesmo número
de deputados (menos sete do que
na anterior legislatura), ou seja, 155
entre 300.
Com jornalistas à espera de uma
declaração à porta da sede do Syri-
za, responsáveis do partido disseram
apenas que o novo chefe de Governo
anunciou que terá como objectivo
imediato “restaurar completamente
a estabilidade da economia grega e
dos bancos gregos”, quando ainda es-
tão em vigor alguns controlos de ca-
pitais. A sua primeira grande batalha,
sublinhou Tsipras aos responsáveis
do Syriza, é conseguir uma medida
de alívio da dívida, que o Fundo Mo-
netário Internacional tem defendido
mas que encontra enorme resistên-
cia em vários países europeus, sendo
rejeitada pela Alemanha.
Tsipras tinha apostado em eleições
antecipadas para lhe permitir conti-
nuar a governar com um partido sem
elementos radicais de esquerda que
difi cultassem a aprovação de medi-
das difíceis no Parlamento — as elei-
ções foram marcadas depois de ter
assinado um acordo para um tercei-
ro empréstimo e ter contado com o
apoio da oposição para aprovar esse
acordo no Parlamento.
Conseguiu-o, mantendo longe
do Parlamento o partido do seu ex-
ministro, Panagiotis Lafazanis, e da
antiga presidente do Parlamento,
Zoe Konstantopoulou, que saíram
do Syriza (o primeiro formou um no-
vo partido, a que a segunda se juntou
nestas eleições como independente).
A Unidade Popular, que defendia a
saída da Grécia do euro, obteve ape-
nas 2,8% (é necessário um mínimo de
3%). Candidatos do partido tinham
recebido, dias antes, o apoio do an-
tigo ministro das Finanças, Yanis
Varoufakis.
Resta ver se Tsipras, que foi muito
criticado dentro do Syriza pelo mo-
do como não ouviu os membros do
partido, vai ser visto como o homem
que vence eleições ou se haverá ain-
da potencial para ideias muito dife-
rentes das suas.
Cortar com o passadoA outra grande vitória do líder do
Syriza terá sido afi rmar este como o
partido que quer cortar com o passa-
do. O seu rival da Nova Democracia,
Evangelos Meimarakis, contava que o
seu modo de estar directo e popular
(há quem diga que ele é o tio que veio
da província para Atenas e fala calão
que todos os gregos têm) o ajudasse a
obter uma votação melhor, mas isso
não ajudou. Meimarakis é um líder
interino e a Nova Democracia deverá
agora escolher um novo, ou nova,
presidente.
O Governo não é o executivo alar-
gado que muitos esperavam. O Parti-
do Socialista (Pasok) conseguiu mais
do que o esperado e há quem já veja
o início da sua recuperação, mas re-
presenta o “antigo sistema” contra o
qual Tsipras garantiu que iria lutar.
E To Potami (O Rio), o partido visto
como não-ideológico, apostando em
tecnocratas e pró-europeu, teve uma
descida marcada e, com 4%, fi cou
em sexto lugar, atrás dos comunistas,
perdendo qualquer força que tivesse
tido em Janeiro, quando foi o quarto
partido mais votado.
No fundo, o Syriza parece ter to-
mado na política grega o lugar que
durante 40 anos foi o do Pasok. Ha-
via quem defendesse o voto no Syri-
za como um voto útil (discordando
do partido mas preferindo uma
formação de esquerda moderada a
um radical para evitar um governo
conservador), e havia mesmo quem
apontasse semelhanças entre o tom
de alguns discursos de Tsipras e os
de Andreas Papandreou.
A grande vitória foi da abstenção,
o que é digno de nota num país tão
politizado, embora explicado pelo
facto de o programa do Governo já
estar defi nido à partida pelo acordo
para um terceiro empréstimo de 86
A festa daqueles que voltaram a dar um mandato a Alexis Tsipras
O primeiro-ministro grego continua a enfrentar enormes e urgentes desafi os, depois de umas eleições em que a abstenção venceu
GréciaMaria João Guimarães, em Atenas
mil milhões para os próximos três
anos. A participação foi de 56,55%,
quando em Janeiro foi de 63,3%. O
Syriza conseguiu não descer signifi -
cativamente em percentagem, mas
perdeu uma enorme massa de elei-
tores, 300 mil votos.
Os sete meses anteriores serviram
para Tsipras argumentar que lutou
por algo melhor para o país, ao con-
trário dos seus antecessores — no fun-
do, enquanto os governos anteriores
disseram que não havia alternativa,
Tsipras mostrou-o, a não ser que a
alternativa fosse a saída do euro, o
que a maioria dos gregos não quer. A
oposição ao acordo com os credores
é neste momento representada no
Parlamento apenas pelos neonazis
do Aurora Dourada, que se manteve
o terceiro partido mais votado com
7%, e pelo Partido Comunista (em
quinto lugar, com 5,5%).
Segunda oportunidadeMas o que os eleitores lhe deram
foi uma espécie de segunda opor-
tunidade, e agora será julgado pelo
que fi zer, e no seu tempo no poder,
o Governo Syriza-ANEL foi fraco na
concretização de reformas, e mesmo
em questões que eram caras ao par-
tido de Tsipras, como os refugiados
(o Governo interino, que esteve em
funções desde a demissão de Tsipras
até às eleições, pôs a funcionar um
campo de acolhimento, aberto, e
anunciou mais três, para refugiados
que antes estavam num parque), ou
a luta contra a corrupção, em que
nada pareceu mover-se.
Uma pergunta em relação à de-
cisão de Tsipras manter a coliga-
ção com os Gregos Independentes
veio do presidente do Parlamento
Europeu, Martin Schulz, que disse
ter telefonado ao líder do Syriza per-
guntando por que continua “esta co-
ligação com este partido estranho de
extrema-direita”. O líder dos Gregos
Independentes, Panos Kammenos,
não gostou e acusou imediatamente
o alemão de “interferência nas ques-
tões internas de um país”.
É claro para todos que os desafi os
são enormes e que não está afastado
o perigo para a Grécia: o deputado
europeu do Syriza Kostas Chrysogo-
nos dizia que se o Governo não con-
cretizar as medidas do memorando,
o país será expulso da zona euro.
O que é esperado é tanto estabi-
lidade como acção, em desafi os tão
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | MUNDO | 25
grandes como a crise dos refugiados
— a Grécia continua a ser o principal
destino dos refugiados que querem
passar para outros países europeus
— e a recapitalização dos bancos ou
os cortes nas prestações sociais. No
seu último discurso de campanha,
Tsipras prometeu que iria arregaçar
as mangas, e no discurso de vitória
disse que trabalharia a partir do dia
seguinte, embora avisasse que o ca-
minho não seria fácil.
Ontem, uma fonte do Syriza dizia
à Reuters que o novo Governo deve-
rá ter um organismo para a política
europeia que inclua representantes
de outros partidos, que aconselharia
o ministro das Finanças — espera-se
que Euclides Tsakalotos se mantenha
no cargo.
A primeira revisão do cumprimen-
to do programa será feita já no fi nal
do próximo mês, mas a maioria dos
gregos considera que o acordo não
vai ser concretizado: segundo uma
sondagem do centro de estudos
Bridging Europe, 64% dos inquiri-
dos acreditam que o terceiro acor-
do não será implementado, o que
mostra uma grande desconfi ança
em qualquer Governo para concre-
tizar o plano.
Enquanto Tsipras recebia o man-
dato para formar Governo do Pre-
sidente, uma tempestade violenta
abatia-se sobre Atenas. A mudança
repentina do tempo provocou pia-
das, desde o desagrado dos deuses
com o segundo Governo de esquer-
da na Grécia, até à ideia de que esta
foi mais uma cedência de Atenas aos
credores: até o clima será europeu.
LOUISA GOULIAMAKI/AFP
1. Na véspera das eleições gregas,
muita gente augurou o fi m de
Alexis Tsipras, o novo fenómeno
político europeu, acreditando
nas sondagens que lhe davam
um perigoso “empate técnico”
com a Nova Democracia. O
primeiro-ministro grego resolveu
arriscar tudo na convocação de
novas eleições para legitimar
a sua viragem de 180 graus em
Bruxelas. Os dissidentes do Syriza
formaram um novo partido
para o acusar de traição. A Nova
Democracia, com um novo líder,
parecia mais resistente do que
o previsto. Contados os votos,
a margem de vitória de Tsipras
foi inesperadamente grande.
Ganhou a legitimidade de que
precisa, com um brinde adicional:
a monumental derrota dos
dissidentes do Syriza.
As sondagens não conseguiram
refl ectir nada disto. Para além
de razões técnicas que não sei
explicar, o que parece óbvio hoje
é que a mudança da paisagem
política europeia (ainda) não
está a ser captada nos inquéritos
de opinião. Não é caso único.
No Reino Unido, vimos em
Maio o “empate técnico” entre
os conservadores e o Labour
transformado numa grande
vitória para David Cameron
e uma derrota histórica para
Ed Miliband. Na Espanha,
estamos igualmente perante um
“empate técnico” entre os dois
grandes partidos (PP e PSOE),
com os dois movimentos “anti-
sistema”, Podemos e Cidadãos,
a afi rmarem-se nas sondagens,
abrindo as portas para as mais
variadas surpresas nas eleições
de Novembro. Em Portugal, o
“empate técnico” é a crónica
diária destas eleições.
2. O caso da Grécia parece
resultar da conjugação de
dois factores: a resignação dos
gregos perante a troika, da qual
perceberam que ainda precisam;
a profunda desconfi ança nos
partidos que dominaram a
Grécia desde a reconquista
da democracia, clientelares e
corruptos numa escala pouco
comum. O curioso é que não é o
centro-direita que paga as favas,
é o centro-esquerda do PASOK,
remetido a pequeno partido,
dispensável. Uma ruptura da
mesma ordem apenas aconteceu
no início dos anos 90 na Itália, na
sequência do fi m da Guerra Fria.
Os socialistas desapareceram,
o Partido Comunista (que já era
“euro”, ou seja, mais brando)
transformou-se no Partido
Democrático de Esquerda, cujo
líder, Massimo d’Alema, quis
que fosse um partido social-
democrata. A democracia cristã
pagou o preço de décadas de
poder e de vícios. A implosão
abriu as portas a Silvio Berlusconi,
à direita, e a uma sucessão de
coligações à esquerda que nunca
se conseguiram entender, a não
ser agora com a liderança de
Matteo Renzi.
Em Atenas, Tsipras não se
converteu certamente à “terceira
via”. Elegeu o pragmatismo
como a única forma possível
de governar, aprendendo à sua
própria custa a diferença abissal
entre um partido de protesto e
um partido de Governo. Aceitou
as regras do jogo europeias para
garantir o lugar da Grécia no
euro. A renovação da aliança
com um partido nacionalista (os
Gregos Independentes) custa a
perceber, quando tinha o PASOK
e o To Potami, ambos de centro-
esquerda, à sua disposição. A
escolha pode ser vista como
o refl exo da sua desconfi ança
endémica da social-democracia,
cujo lugar quer ocupar. Citado
pelo Telegraph, Stathis Kalyavas,
cientista político em Yale, defi ne
o “incrível paradoxo”: “A Grécia
elegeu a mesma coligação de
Janeiro, mas para aplicar políticas
que são o seu exacto oposto”.
Admite que esta contradição
“não aguentará muito tempo”:
ou o Governo aplica as políticas
da troika, transformando-se num
partido de centro-esquerda, ou
não o faz, e acabará por perder o
poder. Mas não vale a pena tirar
grandes conclusões para o futuro.
Se há mudanças imprevistas, há
também uma enorme volatilidade
eleitoral.
3. Para Tsipras, a verdadeira
prova só começa agora. Os
gregos deram-lhe o benefício
da dúvida, à falta de melhor.
Mas, se não houver um mínimo
de justiça na distribuição dos
sacrifícios, a instabilidade
política pode regressar depressa.
A questão essencial será como
pôr a economia a crescer nestas
condições, porque é o único
caminho para aliviar o fardo
demasiado pesado que os gregos
suportam desde 2010. Uma das
alavancas possíveis é a redução
do peso da dívida. A questão
foi afastada nas negociações do
novo resgate com a promessa
vaga de ser tratada mais à frente.
Para Tsipras, o “mais à frente”
é agora. Irá na próxima quarta-
feira a Bruxelas para participar
no Conselho Europeu sobre
os refugiados. A sua simples
presença dirá aos seus parceiros
europeus: é mesmo comigo que
têm de tratar. “Há coisas que
podem correr melhor com alguma
indulgência dos credores”, lê-
se na coluna Charlemagne da
Economist. “Haverá fundos para
recapitalizar a banca, [o Governo]
pode benefi ciar do programa de
Quantitativ Easing do BCE e de
uma reestruturação da dívida,
mesmo que não se saiba sob
que forma”. Só falta desmentir a
maioria dos analistas: o interregno
da crise grega não passará do
Natal. Depende de Tsipras, mas
também de Berlim.
Os “empates técnicos” já não são o que eram
ComentárioTeresa de Sousa
O Governo terá como objectivo imediato “restaurar completamente a estabilidade da economia grega e dos bancos gregos”
26 | MUNDO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
UE desiste de quotas obrigatórias para dar resposta à crise dos refugiados
ANTONIO BRONIC/REUTERS
Refugiados à espera de comboio na Croácia, país aonde estão a chegar milhares de pessoas que querem seguir para a Alemanha
Não é certo que à segunda seja de
vez, mas há uma enorme pressão
para que a União Europeia chegue
hoje a um acordo para a distribuição
de 120 mil refugiados — uma fracção
cada vez mais pequena das centenas
de milhar que chegaram à Europa. O
atraso na defi nição de uma política
comum está a aumentar o desnorte
dos países na linha da frente desta
crise humanitária, com fronteiras ora
abertas ora fechadas e refugiados co-
locados à pressa em comboios para
destinos incertos e muitos outros
aguardando a sua vez em centros
de acolhimento a abarrotar.
“Nenhum país se pode isentar
[do acolhimento aos refugiados] ou
deixaremos de pertencer à mesma
união que foi fundada sobre valores e
princípios”, avisou François Hollan-
de, o Presidente francês, no arranque
de uma semana em que a diplomacia
europeia tentará recuperar algum do
atraso que tem para a realidade no
terreno. O ponto alto será a cimeira
europeia extraordinária convocada
para amanhã, mas Hollande disse
esperar que a questão “extrema-
mente delicada da distribuição dos
migrantes” seja resolvida na véspera,
durante a reunião dos ministros do
Interior e da Justiça.
O que vai estar em cima da mesa
não é uma proposta muito diferente
da que foi discutida, sem sucesso, na
reunião da semana passada. Mas o
jornal Financial Times (FT), que teve
acesso ao rascunho em discussão,
adianta que a fórmula de cálculo pa-
ra defi nir quantos refugiados cada
país teria de receber foi abandona-
da, estabelecendo-se o princípio de
que serão os Estados-membros, e
não a Comissão, a defi nir quantas
pessoas vão acolher.
Os países de Leste, pouco habitu-
ados a lidar com fl uxos migratórios,
insurgiram-se contra o “carácter
obrigatório” do plano apresentado
pelo presidente da Comissão Euro-
peia, Jean-Claude Juncker, chegando
a afi rmar (sem adiantar números)
que estariam disponíveis a acolher,
de forma voluntária, mais refugia-
dos do que aqueles que lhes tinham
sido destinados. Resta saber se a ce-
dência de Bruxelas é sufi ciente pa-
ra superar o bloqueio dos países de
adianta que entre as prioridades es-
tará o reforço da cooperação com a
Turquia — portão de saída da Síria
para a Europa —, a transformação da
Frontex numa verdadeira agência de
fronteiras, com meios e capacidade
de acção própria, e a criação de cen-
tros europeus de acolhimento nos
países de chegada. Numa tentativa
para estancar as chegadas às costas
europeias, a cimeira vai também dis-
cutir o reforço da ajuda aos países
vizinhos da Síria, onde vivem quatro
milhões de refugiados, e às agências
da ONU que aí trabalham.
“Esta é provavelmente a última
hipótese de a Europa encontrar uma
resposta unida e coerente” para
a crise, alertou o Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugia-
dos, lembrando que “4.000 pessoas
continuam a chegar diariamente às
ilhas gregas”.
Segue-se uma odisseia pelos Bal-
cãs em direcção à Alemanha, destino
fi nal da grande maioria dos refugia-
dos. A Croácia disse já ter recebido 29
mil pessoas desde que, na semana
passada, a Hungria fechou a fronteira
com a Sérvia. A etapa seguinte seria
a Eslovénia, mas como aquela fron-
teira só a espaços tem sido aberta,
os refugiados estão a ser levados de
autocarro e comboio para a Hungria,
onde estão a ser rapidamente enca-
minhados para a Áustria.
Só durante o fi m-de-semana, mais
de 20 mil pessoas, sobretudo sírios,
chegaram à pequena vila austríaca
de Nickelsdorf, na fronteira com a
Hungria. A correspondente da BBC
conta que a estação de autocarros
local “se assemelha ao Apocalipse”.
Apesar das condições miseráveis,
Saeed, um jovem sírio ouvido pela
AFP, sentia-se recompensado: “Toda
a gente sabe: assim que estás na Áus-
tria, podes dizer que chegaste.”
Nova versão do plano Juncker prevê que sejam os Estados a decidir quantos refugiados vão realojar. A ONU sublinha a urgência da situação: “4000 pessoas continuam a chegar diariamente às ilhas gregas”
Crise humanitáriaAna Fonseca Pereira
A proposta de compromisso res-
ponde também às exigências da Hun-
gria, que não queria ser classifi cada
como “país benefi ciário” deste plano
de distribuição, dizendo que os refu-
giados que estão a atravessar o país
vêm da Grécia e da Itália — uma po-
sição que indica que Budapeste, ape-
sar da retórica anti-imigração e das
medidas securitárias, planeia enviar
para norte todos os que continuam
a chegar às suas fronteiras. O plano
original previa que os restantes Esta-
dos fossem à Hungria buscar 54 mil
refugiados, não sendo certo se essas
vagas vão ser preenchidas na Grécia
e Itália ou vão fi car de reserva.
Odisseia nos BalcãsArestas que os Vinte e Oito esperam
limar a tempo da reunião de ama-
nhã, libertando os líderes europeus
para a discussão de uma estratégia
de mais longo prazo. A Reuters
Leste, que reuniram ontem em Pra-
ga para defi nir uma posição comum.
No fi nal do encontro, o ministro che-
co dos Negócios Estrangeiros, Lu-
bomir Zaoralek, fez saber que os
intervenientes na reunião “estão
comprometidos com a ideia de a
UE chegar a uma posição comum
durante o dia de amanhã”.
A nova proposta, adianta o FT,
deverá ter pouco impacto na forma
como serão distribuídos os 120 mil
refugiados que a Comissão propôs
que fossem realojados, com os pa-
íses mais ricos a acolher mais gen-
te. Torna mais difícil, porém, que
o esquema que vier a ser adopta-
do sirva de base a um mecanismo
permanente que possa ser activado
no futuro — prevê-se que em 2016
o número de refugiados a chegar à
Europa não fi que abaixo dos 440 mil
que atravessaram este ano o Medi-
terrâneo.
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | MUNDO | 27
Yukiya Amano foi recebido pelo Presidente Hassan Rouhani
A Agência Internacional da Energia
Atómica (AIEA) recebeu no domin-
go as primeiras amostras ambientais
recolhidas no complexo militar Par-
chin, há vários anos vedado a inspec-
tores estrangeiros e local onde se sus-
peita que o Governo iraniano possa
ter realizado testes a explosivos nu-
cleares. A agência quererá perceber,
através destas amostras, se há provas
de que Teerão tenha tentado desen-
volver uma bomba em Parchin.
Os indícios ambientais foram reco-
lhidos por especialistas iranianos e
entregues ao director-geral da AIEA,
Yukiya Amano, que esteve no vasto
complexo militar, a 30 quilómetros
de Teerão. Amano e uma equipa de
inspectores visitaram pela primeira
vez alguns edifícios da base que até
agora tinham sido apenas observados
através de imagens de satélite. A visita
a Parchin foi meramente simbólica, e
não uma inspecção ofi cial da AIEA.
O acordo sobre o nuclear no Irão
exige que a AIEA esclareça as “am-
biguidades” do programa iraniano
— palavras da própria agência — e
garanta que o programa cumpre
as exigências do acordo de Julho.
Se não houver provas de que o Irão
tentou no passado construir armas
nucleares, algo que há muito refuta,
as sanções ao país podem começar
a ser anuladas. As grandes suspeitas
recaem sobre os primeiros anos da
Teerão abre portas a base militar polémica e caminha para o fim das sanções
década de 2000, período em que se
julga que Parchin foi utilizado como
laboratório para explosivos atómicos.
Mas essa avaliação pode já ser
impossível. A agência internacional
afi rmou em Abril deste ano que as vá-
rias obras de remodelação operadas
na base desde 2012 “provavelmente
comprometeram a capacidade da
agência em conduzir verifi cações efi -
cazes”. O Governo iraniano fez novas
obras poucos dias depois de ter sido
assinado o acordo em Viena.
Teerão diz que as construções
mais recentes são apenas reparações
a uma estrada que sofreu uma inun-
dação. Mas, no Ocidente, as imagens
de veículos pesados em Parchin são
encaradas como mais uma tentativa
de “sanitização” de actividades nu-
cleares do passado.
O protocolo de recolha de amos-
tras em Parchin e em outras centrais
no Irão, para análise da AIEA, é con-
fi dencial e alvo de suspeitas no Oci-
dente. Os críticos ao acordo nuclear
dizem que não podem avaliar o grau
de transparência de Teerão se não
conhecerem o processo de troca de
provas. Em comunicado, Amano afi r-
mou que a agência garantia “a inte-
gridade do processo de recolha e a
autenticidade das amostras”. Foi um
“progresso signifi cativo”, disse.
Há dez anos que o Irão não per-
mite que inspectores internacionais
entrem em Parchin. A agência inter-
nacional disse em 2006 que a sua úl-
tima vistoria não encontrara provas
de “actividades irregulares”, embo-
ra já circulassem rumores de que o
país estaria a preparar a construção
de armas nucleares. O secretismo
do Governo iraniano e as imagens
de grandes remodelações no com-
plexo reforçaram as suspeitas no
Ocidente.
HANDOUT/REUTERS
IrãoFélix Ribeiro
Há dez anos que a AIEA não entrava em Parchin, onde se suspeita que possam ter sido feitos testes a explosivos nucleares
O Presidente da China, Xi Jinping,
chega hoje aos Estados Unidos pa-
ra uma visita de sete dias destinada
a clarifi car em que pé estão as rela-
ções estratégicas entre as duas po-
tências. Mas essas mesmas relações
estão num ponto tão intrincado que
o artigo que a revista The Diplomat
dedicou ao tema se chama “A cimeira
EUA-China: descodifi car uma Torre
de Babel”.
Barack Obama e Xi Jinping têm,
publicamente, um discurso de apro-
ximação e falam de relações de coo-
peração. Porém, a realidade mostra
que existe um clima de confronto.
E está de tal forma aguçado que a
mesma Diplomat, ao referir-se à ci-
meira Obama-Xi, marcada para quin-
ta-feira, diz que “o Feng Shui deste
encontro não é propício”.
Ao longo do ano, uma série de
acontecimentos perturbou as re-
lações bilaterais. Uns foram mais
mediáticos do que outros. No topo
desses mais visíveis esteve o de Ju-
nho, quando piratas informáticos
entraram na agência federal ameri-
cana de emprego e nos dados pes-
soais de quatro milhões de pessoas.
O ataque, disseram as fontes ofi ciais
de Washington, partiu da China — e
não foi apenas um. Antes e depois,
houve outros, dirigidos a empresas,
sobretudo de alta tecnologia.
No campo político, a desconfi ança
também cresce. Washington conti-
nua a contestar o crescimento da
presença chinesa no mar do Sul da
China, não apenas através da dispu-
ta de territórios que há muito fazem
parte de outro países — Japão, Bru-
nei, Filipinas, Malásia e Vietname
— como da construção de ilhas ar-
tifi ciais, algumas delas destinadas a
bases militares. Cinquenta por cento
das rotas comerciais marítimas pas-
sam por este mar (valendo cinco mil
milhões de dólares anuais), além de
que existe o potencial das reservas
de petróleo e gás natural. As Filipinas
já pediram ajuda aos EUA e anuncia-
ram que poderão abrir as suas bases
militares ao Exército americano para
equilibrar forças.
Na semana passada, um último fac-
tor colocou-se entre Washington e
Xi Jinping chega aos EUA mas o Feng Shui não é favorável
Pequim — a aprovação das alterações
na legislação japonesa, que permite
às forças de defesa combaterem no
estrangeiro, uma medida apoiada
pelos americanos e que reforça a
aliança de Defesa entre Washington
e Tóquio e que visa não só a segu-
rança do Japão, mas da região. Para
irritação da China, que pretende as-
sumir o papel de pivot no comércio
e na defesa do que considera o seu
território natural de infl uência.
Também neste Verão, a China so-
freu um golpe duro na imagem de
solidez da sua economia — cuja força
é tão grande que o seu desacelera-
mento, que todas as previsões dizem
ir aprofundar, vai afectar o mundo
inteiro. O sistema fi nanceiro foi aba-
lado e a queda da bolsa arrastou as
praças mundiais e infectou com des-
confi ança os investidores.
Xi Jinping, que quando esta viagem
de sete dias foi planeada era o líder
do país que se assumia como mais
forte do mundo, surge agora na posi-
ção mais desconfortável nesta visita
que começa em Seattle, onde terá de
esclarecer um grupo de empresários
quanto ao rumo da China. Seguem-
se visitas a várias empresas (Boeing
e Microsoft) e cidades, antes de che-
gar a Washington para a cimeira com
Obama, na quinta-feira, fechando a
viagem com um discurso nas Nações
Unidas, em Nova Iorque.
Xi necessita de encontrar argu-
mentos que, numa conjuntura des-
favorável, lhe permitam continuar
a sustentar o novo papel da China
no mundo. E precisa também de al-
cançar algum tipo de entendimento
com Obama, dando os dois líderes
sinais de que querem passar a tratar-
se mais como parceiros do que como
adversários e acabar com a ambigui-
dade — Xi mostrou-a bem na parada
militar com que celebrou o fi m da II
Guerra Mundial, ao exibir um pode-
roso arsenal bélico, ao mesmo tempo
que falava no desejo de um mundo
sem guerras e de cooperação.
“A não ser que os dois presidentes
se concentrem na resolução do pro-
blema, [a cimeira Obama-Xi] pode
fi car para a História como uma sim-
ples pausa numa viagem infeliz a ca-
minho de mais fricção e talvez de um
confl ito intenso”, diz a Diplomat.
DiplomaciaAna Gomes Ferreira
O Presidente chinês e Barack Obama falam em cooperação e paz, mas os dois países dão cada vez mais sinais de desconfiança
O ex-tesoureiro do Partido dos Traba-
lhadores (PT) do Brasil, João Vaccari,
foi ontem condenado a 15 anos de
prisão por participação no esquema
de corrupção à volta dos contratos
da empresa petrolífera nacional Pe-
trobras.
“Com os delitos de corrupção, la-
vagem de dinheiro, associação cri-
minosa (...) a pena totaliza 15 anos
e quatro meses de prisão”, disse o
juiz Sérgio Moro que conduz o in-
quérito ao escândalo da corrupção
na Petrobras, conhecido por Lava
Jato.
Vaccari foi tesoureiro do PT (o par-
tido da Presidente Dilma Rousseff ) até
Abril. Foi considerado culpado de ser
o responsável pela distribuição, den-
tro do partido, dos subornos pagos
pelas empresas que conseguiam con-
tratos com a Petrobras. Esta é a pri-
meira pena de Vaccari, que também é
alvo de outros processos judiciais.
O esquema esteve activo entre
2004 e 2014. Segundo a investigação,
as empresas repartiram os negócios
da companhia petrolífera pagando
subornos a responsáveis e directores.
Os contratos que obtinham estavam,
eles próprios, infl accionados entre
1% e 3%.
Uma parte das comissões destina-
vam-se a personalidades políticas, na
sua maioria deputados da coligação
de centro-esquerda no poder. Vacca-
ri recebia as suas comissões.
O ex-director de serviços da Pe-
trobras, Renato Duque, foi também
condenado a 28 anos de prisão.
Segundo o juiz, a corrupção “ge-
rou impacto no processo político
democrático, contaminando-o com
recursos criminosos”. Acrescentou
que a lavagem de dinheiro fez com
que recursos criminosos fossem
transformados em doações eleito-
rais registradas.
Na investigação que levou a estas
condenações incluiu-se a concessão
de um contrato entre a Petrobras e
a empresa Interpar, que fez entrar,
por via ofi cial, nos cofres do PT 4,26
milhões de reais (quase um milhão
de euros).
O juiz chamou ao processo um “es-
quema criminoso de maxipropina e
maxilavagem de dinheiro”.
15 anos de prisão para ex-tesoureiro do PT
Brasil
João Vaccari foi considerado culpado no processo de corrupção da Petrobras conhecido por Lava Jato
Presidente Xi Jinping surge agora numa posição mais desconfortável nesta visita de sete dias aos EUA
28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
O último dos resistentes
Os livros fi cam, o editor
desaparece. Era fácil fi car horas a
ouvir Vitor Silva Tavares porque
já ninguém fala como ele, um
português de língua afi ada e
refi nada, simultaneamente
elegante e pé-descalço (ele diria:
“do melhor Gil Vicente”), algo que
partilhava com o amigo João César
Monteiro, tanto quanto a magreza
e o espírito libertário.
No ano passado, quando
o PÚBLICO falou com ele a
propósito da edição da obra
escrita de César Monteiro, Vitor
Silva Tavares confessou que a
morte do cineasta, em 2003,
deixara um vazio que não tinha
sido preenchido. Silva Tavares
referia-se a um vazio pessoal,
naturalmente, mas também
estava implícito um vazio
colectivo.
O mesmo acontece agora, com a
morte de Silva Tavares, um dos
mais originais e radicais editores
portugueses. É toda uma geração,
de resistência cultural e política,
que tem os dias contados.
Vitor Silva Tavares, de 78
anos, morreu ontem de manhã
no Hospital de Santa Maria, em
Lisboa, onde tinha sido internado
uma semana antes devido a uma
infecção cardíaca.
“Perdemos o último dos
resistentes, o pai de gerações e
gerações de poetas. Há muita
gente que lhe vai sentir a falta.
Mesmo muita”, diz Paulo da
Costa Domingos, poeta e editor
da Frenesi, que se cruzou com
Vitor Silva Tavares no início da
década de 1970, quando o editor
o publicou pela primeira vez,
ainda na revista &etc que viria a
converter-se na lendária editora
com o mesmo nome.
Em 1974, ainda antes do 25
de Abril, Vitor Silva Tavares
criou a &etc, uma pequena
editora independente que se
distingue, até hoje, pelo formato
quadrado dos seus livros, pelo
seu catálogo de autores e títulos
Obituário
Vitor Silva Tavares, 1937-2015 Fundador da &etc, era um dos mais originais editores portugueses. Morreu aos 78 anos
Kathleen Gomes
raros e marginais e por se manter
praticamente inalterável ao longo
de mais de 40 anos de existência,
apesar das transformações do
negócio editorial. Sempre recusou
a ideia de publicar livros para
fazer lucro. Entre os autores
publicados pela &etc contam-se
Herberto Helder (Cobra, 1977),
Alberto Pimenta, João César
Monteiro, Antonin Artaud, Adília
Lopes, Henri Michaux, Sade,
Robert Walser, entre muitos
outros.
Era também escritor, mais
raro do que regular. “Escrevo
o que me apetece, quando me
apetece. E quase sempre não me
apetece”, disse numa entrevista à
revista Ler em 2012. Púsias, o seu
último livro, de poesia satírica, foi
publicado este ano numa edição
artesanal, pela 50Kg.
Do &etc à &etcNascido em 1937, Vitor Silva
Tavares era um “lisboeta da
Madragoa”, como fazia questão
de lembrar. E continuava a ser:
vivia na Rua das Madres e todos os
dias ia a pé para a &etc, uma cave
na Rua da Emenda, ao Chiado.
Começou como jornalista em
Angola, onde viveu entre 1959 e
1962, no jornal O Intransigente. Já
em Lisboa, fez crítica de cinema
na Flama e no Jornal de Letras e
dirigiu o suplemento literário do
Diário de Lisboa.
Tornou-se editor, como dizia,
“por mero acaso”. Surgiu o
convite para dirigir a Ulisseia,
onde publicou Os Condenados
da Terra, de Frantz Fanon,
livro anticolonialista, em plena
guerra colonial, os surrealistas
portugueses — que nenhuma
editora publicava — e o primeiro
livro de Luiz Pacheco, Crítica de
Circunstância, que é apreendido
pela PIDE.
A &etc começou por ser um
magazine de cultura do Jornal do
Fundão, onde José Cardoso Pires
também escrevia, e foi depois
uma revista, entre 1973 e 1974. Por
ter começado como magazine,
Vitor Silva Tavares continuou
sempre a falar da editora no
queimados no Tribunal da Boa
Hora durante o julgamento do
editor, acusado de abuso de
liberdade.
“Um editor solidário veio
propor-me uma co-edição de
cinco mil exemplares, o que
recusei imediatamente (não
queria explorar comercialmente
um escândalo desses). Tratava-se
de um caso político. A reedição é
uma reincidência, um desafi o às
autoridades”, contou em 2007 ao
jornal brasileiro K Jornal de Crítica.
Não fazia promoção dos livros,
nos quais imprimia um rigoroso
cuidado gráfi co — exemplares
encadernados à mão, o design
das capas infl uenciado pelo
construtivismo russo ou com
as ilustrações de Luís Manuel
Gaspar — que, a par do formato
de falso quadrado (15,5 por
17,5 centímetros), os tornavam
absolutamente reconhecíveis e
distintos no mercado editorial.
“Talvez fosse um dos últimos
editores que tinha uma relação de
paixão com as artes tipográfi cas,
absolutamente distinto dos
gerentes e gestores das editoras”,
diz Eduardo Sousa, editor e
livreiro da Letra Livre.
“Quando se diz que o Vitor
era um editor radical, não se
está só a falar em política ou
ideologia. O Vitor era um radical
no tratamento da obra gráfi ca,
um editor de livros, não de
fotocópias, como há muitos por
aí”, diz Paulo da Costa Domingos,
que trabalhou de perto com Silva
Tavares, a quem reconhece uma
“ética inabalável” que se refl ectia
em todos os aspectos da sua vida,
sobretudo no trabalho.
O editor da &etc fazia tudo
para não trair “o espírito e a
palavra” dos seus autores, diz o
poeta, que coordenou o livro de
homenagem aos 40 anos da &etc,
Uma Editora no Subterrâneo (Letra
Vitor Silva Tavares só publicava “coisas em que acreditava”, mesmo quando era o primeiro a acreditar num escritor
masculino, dizendo “o &etc”.
Fazia pequenas tiragens e não
reeditava as obras esgotadas,
preferindo lançar novos títulos.
A única excepção foi O Bispo de
Beja, de Homem-Pessoa, poema
satírico e anticlerical, que voltou
a editar depois de o livro ter
sido apreendido em 1980 — seis
anos depois do 25 de Abril — por
ordem do Ministério Público e
os seus exemplares terem sido
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | CULTURA | 29
NUNO FERREIRA SANTOS
“O Vitor era um radical, um editor de livros, não de fotocópias, como há muitos
por aí”, diz Paulo da Costa Domingos
Livre, 2013). Nunca lhe passaria
pela cabeça publicar um texto de
alguém de quem não gostasse,
que não quisesse ter por perto.
“A &etc é como uma impressão
digital, é de um indivíduo. O que
se publicava na &etc não era
sujeito à apreciação de um colégio
editorial — o Vitor decidia e estava
decidido. Ele gostava ou não
gostava e não sentia necessidade
de explicar porquê.”
Um editor infl uente“Ele tinha uma grande abertura
para poetas muito diversos e
privilegiava os autores que iam
surgindo à margem do chamado
mainstream. Estava sempre muito
atento, desperto”, diz o poeta
Gastão Cruz, que foi publicado
pela primeira vez por Silva
Tavares em 1978 (Campânula).
Vitor Silva Tavares só publicava
“coisas em que acreditava”,
mesmo quando estava entre os
primeiros — se não era mesmo
o primeiro — a “acreditar” em
determinado autor, lembra.
A maneira de Silva Tavares
trabalhar deixa lastro noutros
projectos editoriais, a Frenesi
de Paulo da Costa Domingos, a
Averno de Manuel de Freitas,
a Fenda de Vasco Santos, ou
a Hiena de Rui Martiniano,
que nasceram à luz da &etc e
perpetuaram o seu “espírito”.
“É uma infl uência óbvia na
minha geração de editores
independentes, que trabalham
com a mesma visão que ele
tinha, do livro não como produto
comercial mas como objecto
cultural”, diz Eduardo Sousa, de
58 anos.
“O Vitor contava histórias
e ensinava a liberdade, a
rebeldia e o humor a quem o
rodeava. Desenhava projectos.
Concretizava muitos”, recorda
o editor Nelson de Matos, que
trabalhou com Silva Tavares no
suplemento literário do Diário de
Lisboa e no Jornal do Fundão.
“Muita coisa do que vivemos
hoje já não existe. Sobram os
livros, a editora a que ele deu vida
e prolongou até à actualidade.
Sobra também a sua escrita, por
aí dispersa, resistindo. À espera.”
Pedro Piedade Marques
conhecia Silva Tavares apenas há
três anos, mas é ao editor da &etc
e à sua “imensa generosidade”
que deve a monografi a que vai
lançar até ao fi nal do ano, sobre
Fernando Ribeiro de Mello,
“outro dos nomes esquecidos” do
mundo dos livros em Portugal.
“Não tinha um arquivo
organizado, mas tinha uma
memória fantástica. E a essa
memória devo muitas das
histórias que conto sobre o
Ribeiro de Mello, sobre aquela
Lisboa dos anos 1950”, diz o editor
deste volume que conta com dois
textos inéditos de Silva Tavares.
Piedade Marques tencionava
dedicar um outro livro aos três
anos e meio em que Silva Tavares
foi o responsável editorial pela
Ulisseia, na década de 60:
“Ele viveu aventuras incríveis
com o Luiz Pacheco e com os
surrealistas, editou muita coisa
proibida. Teve, por exemplo,
a coragem de publicar França,
a emigração dolorosa, do Nuno
Rocha, quando a emigração era
um tema completamente tabu,
em que ninguém tocava.”
com Lucinda Canelas
DR
Pedro Mestre: “É um canto do povo, espontâneo”
Não é todos os dias que o Grande Au-
ditório do CCB se abre a um canto
como este. Campaniça do Despique,
trabalho de Pedro Mestre, é pretexto
para fazer soar em Lisboa, a muitas
vozes, a força do cante alentejano,
que a UNESCO distinguiu como Patri-
mónio Imaterial da Humanidade.
Lançado em Fevereiro deste ano,
o disco motiva o espectáculo, mas
este irá mais além, como explica o
músico: “Quando se trata da tradi-
ção, de sentimentos, isso não se con-
segue transmitir integralmente num
disco. Por muito que queiramos, isso
não acontece. E o concerto, partin-
do do repertório do disco, vai mais
além. Cada um dos convidados fa-
rá uma cantiga comigo e depois fi -
cam em palco para apresentar mais
uma peça do seu próprio repertório.
Além disso, estará comigo um grupo
coral de trinta homens, o Rancho de
Cantadores da Aldeia Nova de São
Bento, a mostrar o cante com pe-
so, com força. Esta música, ao vivo,
nunca é feita da mesma maneira.”
Com Pedro Mestre, no CCB, esta-
rão, além do rancho de cantadores,
um outro coro, os Cantadores do
Sul; José Manuel David (integrante,
como Pedro Mestre, do grupo 4 Ao
Sul, com José Barros e Rui Vaz) no
piano, órgão de tubos, acordeão e
fl auta; Tânia Lopes, percussão; Vas-
co Sousa, viola baixo e contrabaixo;
Janita Salomé, voz; Fábia Rebordão,
voz; Jorge Fernando, voz e guitarra
clássica; Pedro Calado, voz; e Henri-
que Leitão, guitarra portuguesa.
“Vou tentar trazer o Alentejo à
capital através de um canto preo-
cupado com o futuro. Um canto que
tenciona evoluir”, diz Pedro Mes-
tre. Fazê-lo numa sala como o CCB,
que ao longo dos anos tem abrigado
múltiplos géneros musicais, “é uma
grande responsabilidade mas tam-
bém uma grande satisfação. Trazer
o cante, trazer a viola campaniça,
os cantadores, mas trazer também
a inovação. Mostrar às pessoas o
que temos em mente, e que é neste
caminho que está o futuro de uma
música que já não se identifi ca, no
seu todo, com o trabalho do campo
ou com a taberna”.
Levar o Alentejo à capital “através de um canto preocupado com o futuro”
que o canto tem a função de aliviar
a carga de trabalho, distrair as men-
tes e fazer o tempo passar mais de-
pressa. Como se diz: ‘mais depressa
passa o dia, mais depressa passa
a hora.’ Outra coisa é o canto na
taberna: aí transforma-se. É o habi-
tat natural do cante. Quando ele se
perder aí, pode também perder-se
nos outros lugares.”
Mas não se tem perdido, diz ele.
A raiz mantém-se intocada, mas o
resto evolui com o tempo: “Nós pre-
cisamos sempre da raiz, que é ainda
onde eu estou; uma árvore só con-
segue ter uma grande copa se tiver
uma grande raiz. E esse é o motivo
e a razão por que nós temos o cante
a renovar-se, com cantadores mais
jovens a aparecerem.” Esta é a sua
principal preocupação, agora. “O
cante alentejano sempre esteve li-
gado à terra e a um passado muito
sofrido, e o povo tem esse orgulho,
essa forma de estar. Mas isso vai evo-
luindo. O cante que se faz hoje é ac-
tual, está vivo. Não são réplicas de
modas antigas. E o Alentejo sempre
soube cantar as coisas do seu quo-
tidiano. Por isso, as novas gerações
estão a vir para o cante e a dar-lhe a
sua própria interpretação.”
O canto ao despique que dá no-
me ao disco é um canto alentejano
ao desafi o. Pedro Mestre, que ao
longo de duas décadas tem traba-
lhado em discos de tradição e de
recolha etnográfi ca, quis com este
seu trabalho assinalar que a tradi-
ção se renova sem pôr em causa a
raiz original do cante:
“É um canto do povo, espontâ-
neo. Cada cantador que canta, in-
terpreta o cante à sua maneira. E ao
recriá-lo, está a criar.” Mas o enqua-
dramento social do cante tem-se
alterado com os anos. “Uma coisa
é cantar no trabalho do campo, em
Música Nuno Pacheco
Pedro Mestre apresenta no CCB, em Lisboa, as canções de Campaniça do Despique e a atmosfera do Alentejo e do seu cante. Hoje, às 21h
“O cante que se faz hoje é actual, está vivo. Não são réplicas de modas antigas. Por isso as novas gerações estão a vir para o cante e a dar-lhe a sua própria interpretação”
30 | CULTURA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Foi uma grande noitepara A Guerra dos Tronos
VALERIE MACON/AFP
MARIO ANZUONI/REUTERSVALERIE MACON/AFP
Surpresa para a vitória d’A Guerra dos Tronos. Viola Davis e Jon Hamm conquistaram na representação
São recordes atrás de recordes para
a série que já é um fenómeno à es-
cala global. A caminhar para a sexta
temporada, A Guerra dos Tronos foi
fi nalmente a grande premiada na
noite dos Emmys, cuja cerimónia
aconteceu em Los Angeles no do-
mingo. E fi nalmente porque o dra-
ma adaptado dos livros de George
R.R. Martin soma nomeações todos
os anos, mas no fi nal são poucos
os prémios recebidos — até à noite
de domingo, em que A Guerra dos
Tronos venceu nada mais nada me-
nos do que 12 estatuetas, incluindo
Melhor Série Dramática, Melhor Re-
alização e Melhor Argumento. Des-
taque também para Viola Davis, que
se tornou na primeira afro-ameri-
cana a vencer o Emmy de Melhor
Actriz numa série dramática.
Nunca uma série havia conquis-
tado tantos prémios numa só gala
dos Emmys. Foram 12 em 24 nome-
ações. O anterior recorde pertencia
a Os Homens do Presidente, que em
2000 venceu nove estatuetas. Foi
uma surpresa e a confi rmação de
que A Guerra dos Tronos (a passar
em Portugal no SyFy e as primeiras
temporadas no TVSéries) não será
uma série para se esquecer. A me-
gaprodução de David Benioff e D.B.
Weiss contribuiu também para que
a HBO fi zesse história. No fi nal da
noite dos prémios mais importan-
tes da televisão norte-americana, a
produtora somou 43 prémios, mais
do que qualquer outra.
Na hora de subir ao palco e rece-
ber os prémios, David Benioff não
esqueceu o homem que está na ori-
gem de tudo: George R.R. Martin. A
série é uma adaptação da fantasia
histórica As Crónicas de Gelo e Fo-
go, agora mundialmente conhecida
como A Guerra dos Tronos. “George
Martin, parabéns, e obrigado por
nos ter convidado a todos para o seu
sonho”, reagiu o produtor.
Além dos Emmys para Melhor
Série Dramática, Melhor Realiza-
ção e Melhor Argumento (com o
episódio Misericórdia da Mãe), Pe-
ter Dinklage venceu o prémio de
Melhor Actor Secundário pelo seu
Tyrion Lannister, que é hoje uma
das personagens mais adoradas e
também um dos grandes motivos de
produtores da série, como Shonda
Rhimes, por “redefi nirem o que sig-
nifi ca ser bonita, ser sexy, ser uma
líder, ser negra”.
Uzo Aduba de Orange Is The New
Black (Netfl ix) foi distinguida na ca-
tegoria de Melhor Actriz Secundária
e Regina King venceu na categoria
de Melhor Actriz Secundária numa
mini-série ou telefi lme com Ameri-
can Crime, série que perdeu para
Olive Kitteridge nas restantes catego-
rias para que estava nomeada.
A seguir à Guerra dos Tronos, foi a
mini-série também da HBO baseada
no romance homónimo de Elizabe-
th Strout que conquistou mais esta-
tuetas. Olive Kitteridge venceu oito
Emmys (Melhor Mini-Série, Melhor
Actor e Actriz e Melhor Actor Se-
cundário, Realização e Argumento
e mais dois prémios técnicos).
Na Comédia, foi Veep (TVSéries),
outra produção da HBO, a série ven-
cedora, deixando para trás a habi-
tual premiada Uma Família Muito
Moderna. Julia-Louis Dreyfus, a pro-
tagonista, somou mais um Emmy
e recebeu a sua sexta estatueta de
Melhor Actriz, e Tony Hale recebeu
o Emmy de Melhor Actor Secundá-
rio. Além de Melhor Série de Co-
média, Veep foi premiada ainda na
categoria de Melhor Argumento.
Jeff rey Tambor, o pai transgénero
de Transparent, recebeu o Emmy
de Melhor Actor. A série da Amazon
foi ainda distinguida com o prémio
de realização. O Emmy de melhor
actriz secundária foi para Allison
Janney pelo seu papel em Mom,
onde representa uma alcoólica em
recuperação.
Jon Stewart despediu-se do Dai-
ly Show em Agosto, mas neste do-
mingo voltou para receber os três
prémios que o programa recebeu
(Melhor Programa de Variedades/
Talk-Show, Melhor Realização e
Argumento). “Estou fora da tele-
visão há seis, sete semanas, ou se-
ja lá quanto for. Este é o primeiro
aplauso que oiço”, começou por
dizer Stewart.
Pela primeira vez este ano, a orga-
nização dos Emmys decidiu dividir
os prémios na categoria de Progra-
mas de Variedades, fazendo a sepa-
ração entre talk-shows e sketch. Amy
Schumer, nome de destaque da co-
média norte-americana, acabou por
levar para casa o Emmy de melhor
série nesta nova categoria.
Ao fi m de seis anos, A Guerra dos Tronos fi nalmente conquistou os Emmys. E conquistar é mesmo a palavra. A série da HBO bateu o recorde e foi a que mais estatuetas arrecadou na história dos Emmys
TelevisãoCláudia Lima Carvalho
Nacional, House of Cards, Downton
Abbey, Orange Is the New Black e Bet-
ter Call Saul.
Na despedida da televisão, Mad
Men estava nomeado nas principais
categorias, mas acabou por conquis-
tar apenas um prémio. À sétima e
última temporada, Jon Hamm ven-
ceu fi nalmente o Emmy de Melhor
Actor numa série dramática pelo seu
Don Draper. Há oito anos que o ac-
tor norte-americano era nomeado
nesta categoria, mas nunca tinha si-
do o escolhido, o que lhe valeu uma
ovação da sala. “Claramente, houve
aqui um erro terrível”, brincou o ac-
tor ao receber o prémio.
Para Melhor Actriz foi Viola Da-
vis a escolhida, tornando-se na pri-
meira afro-americana a vencer um
Emmy na categoria principal de re-
presentação numa série dramática.
Ao receber a estatueta, a actriz de
Como Defender um Assassino (AXN)
citou Harriet Tubman, uma escrava
negra que se tornou uma das fi gu-
ras centrais do movimento aboli-
cionista norte-americano, para afi r-
mar que ainda existe desigualdade
em Hollywood. “A única coisa que
separa as mulheres de cor de qual-
quer outra pessoa é a oportunida-
de. Não se pode vencer um Emmy
por papéis que simplesmente não
existem”, disse Viola Davis, agra-
decendo aos argumentistas e aos
“Não se pode vencer um Emmy por papéis que simplesmente não existem”, disse Viola Davis
sucesso da série. Personagem que
já em 2011 lhe tinha dado o Emmy
na mesma categoria. As restantes
oito estatuetas foram conquistadas
nas categorias técnicas (som, efeitos
visuais, etc.).
A Guerra dos Tronos estava nome-
ada ao lado de Mad Men, Segurança
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | CIÊNCIA | 31
Micro-cérebros artifi ciais serviram para testar substâncias neurotóxicas
FOTOS: MICHAEL SCHWARTZ/UNIVERSIDADE DO WISCONSIN
Organóide visto ao microscópio: neurónios a verde, células da glia a vermelho e núcleos celulares a azul
Imagem mostra a glia a vermelho e células endoteliais a verde
Medicamentos, aditivos alimentares,
poluentes, estamos rodeados por
substâncias artifi ciais que interagem
connosco. Algumas delas podem ter
efeitos negativos na saúde. Uma das
formas de se compreender esses efei-
tos é testá-las em células, em animais,
e fi nalmente em ensaios clínicos em
pessoas, no caso dos fármacos. Mas
muitas vezes esses processos são
custosos e têm limitações. Por isso,
uma equipa de investigadores, que
inclui um português, desenvolveu
organóides a partir de células esta-
minais humanas que imitam parte da
complexidade do cérebro humano.
Com essas estruturas, os cientistas
conseguiram identifi car quase sem-
pre a neurotoxicidade de várias subs-
tâncias, mostra um estudo publicado
ontem na revista Proceedings of the
National Academy of Sciences.
O artigo começa por explicar as li-
mitações actuais dos modelos usados
para testar os fármacos. “As taxas de
sucesso da aprovação de fármacos
estão a diminuir apesar de haver
mais investigação e se gastar mais
dinheiro no seu desenvolvimento, e
os ensaios clínicos em pessoas muitas
vezes falham devido à toxicidade que
não tinha sido identifi cada durante os
testes em animais”, explica o artigo.
“Somado a isso, a maioria dos quími-
cos produzidos na actividade comer-
cial ainda não foi avaliada rigorosa-
mente para testar se são seguros.”
Medicamentos, aditivos alimenta-
res, produtos cosméticos, pesticidas,
químicos produzidos pela indústria,
são algumas das substâncias que po-
dem ser perigosas para a saúde men-
tal. “O cérebro humano é particular-
mente sensível a agressões tóxicas
durante o desenvolvimento e no iní-
cio da infância, e há uma preocupa-
ção cada vez maior entre a ligação de
problemas de neurodesenvolvimento
e a exposição a químicos que existem
no ambiente”, diz o artigo.
Para contornar as limitações dos
actuais modelos usados para testar
a neurotoxicidade, a equipa de Mi-
chael Schwartz, da Universidade de
Wisconsin, em Madison (EUA), criou
organóides com diferentes tipos de
células humanas do cérebro.
“Estes modelos de tecidos neuro-
nais capturam uma complexidade
tecido que dá suporte aos neurónios.
Esta sequência imitou o que se pas-
sa durante o desenvolvimento, em
que os tecidos vão sendo construídos
passo a passo. Ao fi m de 21 dias, os
organóides tinham uma grossura de
50 micrómetros no centro e de 350
micrómetros na periferia (1000 mi-
crómetros é um milímetro).
Depois, começaram os testes. A
equipa aplicou 60 substâncias quí-
micas diferentes nos organóides, em
que uma parte delas era neurotóxica
e a outra parte não era. De seguida,
foi analisar as alterações na activi-
dade genética que surgiam nas célu-
las de cada organóide submetido a
uma dada substância. Os cientistas
desenvolveram assim um perfi l da
reacção dos organóides às substân-
cias tóxicas e inócuas.
Desta forma, a equipa — que inclui
Vítor Santos Costa, da Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto,
que trabalha em programação e em
bioinformática — criou um programa
de computador que permite prever a
neurotoxicidade de uma substância.
Em teoria, este algoritmo, ao anali-
sar a actividade genética de um orga-
nóide após este ter sido submetido a
uma substância, deveria identifi car
se aquela substância era ou não neu-
rotóxica. Para testar este sistema, os
cientistas aplicaram nos organóides
dez substâncias em que cinco eram
neurotóxicas. Depois de o programa
ler os resultados da actividade gené-
tica dos organóides, classifi cou cor-
rectamente nove das dez substâncias
quanto ao seu efeito neurotóxico.
Este modelo ainda é experimental,
e a própria equipa defende que é pre-
ciso aperfeiçoá-lo para ter em conta
mais características do cérebro, co-
mo a barreira hematoencefálica que
impede muitas substâncias de passar
do sangue para o tecido nervoso.
Mas Michael Schwartz está feliz
com o resultado. “Podermos aplicar
um algoritmo que consegue apren-
der e alcançar uma precisão de 90%
numa fase tão inicial é fantástico”,
diz. “Os testes actuais de toxicida-
de usam estudos multigeracionais
com ratos que custam cerca de um
milhão de dólares por cada substân-
cia química. Por isso, precisamos de
uma técnica de alto rendimento pa-
ra testar estes compostos, perceber
quais são os maus da fi ta, e a seguir
concentrar-nos nos bons usando mé-
todos mais tradicionais.”
Cientistas desenvolveram estruturas com neurónios, células de vasos sanguíneos e outras células, que se organizaram imitando um micro-cérebro humano. Organóides poderão testar a toxicidade de substâncias
SaúdeNicolau Ferreira
muito maior do que aquela que se
encontraria numa única camada de
células [neuronais]”, explica Michael
Schwartz, citado num comunicado
do Instituto de Investigação Morgrid-
ge, em Madison, onde também traba-
lha. “Além disso, eles também imitam
a fi siologia humana, e deverão ser
mais relevantes para prever a toxi-
cidade do que os modelos animais.”
Estes organóides foram criados de
uma forma engenhosa. Os cientistas
usaram uma matriz de gel onde co-
locavam as células, todas elas produ-
zidas a partir de células estaminais
humanas, que no desenvolvimento
do embrião podem diferenciar-se
em diferentes tipos de células.
Primeiro, os investigadores co-
locaram células progenitoras de
células nervosas, depois de células
vasculares — que formam os vasos
sanguíneos —, e fi nalmente coloca-
ram células progenitoras da glia, um
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COMARCA DE LISBOA NORTE
Loures - Inst. Local- Secção Criminal - J3
Processo: 1827/11.3TALRS
ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mma. Juiz de Direito Dra. Orlanda Marques, do Loures - Inst. Local - Secção Criminal - J3 - Comarca de Lisboa Norte:Faz saber que no Processo Comum (Tri-bunal Singular), n.º 1827/11.3TALRS, pendente neste Tribunal contra o(a) arguido(a) Diogo Daniel Simão António fi lho(a) de Daniel António e de Brabca Simão António natural de: Angola; nacional de Angola nascido em 05-07-1974 estado civil: Solteiro, profi ssão: Electricista, Passaporte - N0158529 do-micílio: Urbanizarão Quinta do Mocho, 71, 2.º Dt.º, 2685-000 Sacavém, por se encontrar acusado da prática do crime: de Furto simples, p.p. pelo art.º 203.º do C. Penal, praticado em 26-11-2010; foi o mesmo declarado contumaz, em 11-09-2015, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que caducará com a apresentação do(a) arguido(a) em juízo ou com a sua de-tenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou deten-ção do(a) arguido(a), sem prejuízo da realização de actos urgentes nos ter-mos do art.º 320.º do C. P. Penal;b) Anulabilidade dos negócios jurí-dicos de natureza patrimonial cele-brados pelo(a) arguido(a), após esta declaração;c) Proibição de obter quaisquer docu-mentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas.N/ Referência: 125206412Loures, 15-09-2015
A Juíza de DireitoDr.ª Orlanda MarquesO Escrivão-Adjunto
Luís BentoPúblico, 22/09/2015 - 2.ª Pub.
CÂMARA MUNICIPAL DE LOULÉ
AVISOPara os devidos efeitos se torna público que se encontra aberto, na Câmara Municipal de Loulé, o seguinte procedi-mento concursal:
Aviso n.º 10567/2015 - Procedimento concursal de seleção para provimento do cargo de direção intermédia de 3.º grau - Chefe de Unidade Operacional de Gestão da Habi-tação Social
O prazo de candidatura é de dez dias úteis, devendo os in-teressados consultar o aviso de abertura do procedimento concursal publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 181, de 16 de setembro de 2015, na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) e na página eletrónica da CML (www.cm-loule.pt).
Paços do Município de Loulé, 16 de setembro de 2015
A Vereadora,(com competências delegadas em 21/10/2013)Ana Isabel da Encarnação Carvalho Machado
ANNE THERAPY -Consultório de massa-gens terapêuticas derelaxamento. "Agora em novo espaço".Tel.: 918 047 456
AREEIRO - Meninaexótica, 27A, meiga, mtobonita. Recebe-o c/ mta.discrição. Acessór.Telm.: 962 623 185
AREEIRO - Sra. 49A.C/ nível, elegante.Atende 11 às 19. C/ mtadiscrição. Acessór.Telm.: 964 256 319
CENTRO10 MASSAGISTAS -Prof. e sensuais.Av. Berna, C. Peq.www.relax-corpo.comTelm.: 960 347 948
SALDANHA TERA-PEUTA DIPLOMADA -Massagem Terapeutica,Relaxamento,Corpo&Mente.Telm.: 920 408 316
Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa, Penafi el
Publicitação de Oferta de TrabalhoEncontra-se aberto, por Despacho de 3 de agosto de 2015, do Senhor Diretor-Geral dos Estabelecimentos Escolares, pelo prazo de 10 dias a contar da data da publicação do aviso no Diário da República, 2.ª Série - N.º 182, de 17 de setembro de 2015 (Aviso nº 10577/2015), o procedimento concursal comum de recrutamento para a ocupação de 2 postos de tra-balho para assistente operacional, de grau 1, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo a tempo parcial, com termo em 09 de junho de 2016.Local de trabalho: Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa.Horário: 4 horas/dia.Remuneração: Proporcional às horas diárias desempenha-das, sendo o valor da remuneração-base, para 40 horas semanais, de 505,00€, correspondente ao ordenado mínimo nacional.Requisitos Habilitacionais: Escolaridade obrigatória de acordo com a idade, que pode ser substituída por experiên-cia profi ssional comprovada.Método de seleção: Avaliação curricular.As condições de admissão a concurso e a formalização da candidatura devem ser consultadas na EB 2/3 de Paço de Sousa ou em www.agpsousa.pt.Nota: Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar 2015/2016.Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa, 21 de Setembro de 2015
A Diretora, Irene Ramos Rocha
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIADireção-Geral dos Estabelecimentos Escolares
AGRUPAMENTO ESCOLAS COIMBRA SUL - 161251Procedimento Concursal:
Coimbra, 18 de setembro de 2015A Diretora - Margarida Girão
Tipo de oferta 4 contratos de trabalho em funções públicas a termo resolutivo certo, a tempo parcial. Serviço Escolas do Agrupamento Escolas Coimbra SulFunção Serviço de limpezaMétodos de Selecção Avaliação Curricular e EntrevistaRemuneração-base prevista De acordo com a legislação em vigor
Duração do Contrato Até 09 de junho de 2016Prazo de apresenta-ção da candidatura 10 dias úteis a contar da data de publicação do Aviso no Diário da República
Contactos Serviços de Administração Escolar do Agrupamento Telefone 239792770 Fax 239792779NOTA IMPORTANTE:Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar 2015/2016
COMARCA DE LISBOA NORTE
Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 9378/15.0T8LRS
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: António Raminhos Aleixo GodinhoFaz-se saber que foi distribuí-da nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido António Ra-minhos Aleixo Godinho, com domicílio na Praceta Filinto Elísio, 2, 3.º Esq.º, Odivelas, 2675-354 Odivelas, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 125075296
Loures, 03-09-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho
A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus
Pécurto Bilro
Público, 22/09/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J24
Processo: 24498/15.3T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Armando José Es-tevam Aires da CostaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Armando José Estevam Aires da Costa, residente na Casa de Repouso do Aeroporto, sita na Av. Almirante Gago Couti-nho, 140, 1700-033 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 338994079
Lisboa, 15-09-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Raquel Alves
O Ofi cial de JustiçaJoão Caleira
Público, 22/09/2015
COMARCA DE LISBOA NORTE
Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 9376/15.4T8LRS
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Cândida Custódio de BarrosFaz-se saber que foi distribuí-da nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Cândi-da Custódio de Barros, com residência na Rua Casais de Monte Gordo, n.º 23, 2670-745 Lousa, Loures, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 125088169
Loures, 04-09-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho
A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus
Pécurto Bilro
Público, 22/09/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J21
Processo: 19773/15.0T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Vitalina dos Reis Quitério do NascimentoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Vitalina dos Reis Quitério do Nasci-mento, com residência em Casa de Repouso, Av. Duque D’Ávila, n.º 41 - 1.º andar, 1050-083 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua inter-dição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 338656969
Lisboa, 04-09-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Sandra CarvalhoO Ofi cial de Justiça
José Carlos Paiva A. Álvaro
Público, 22/09/2015
COMARCA DE LISBOA OESTE
Cascais - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 2667/15.6T8CSC
ANÚNCIOInterdição/InabilitaçãoRequerente: Comarca de Lisboa Oes-te - Ministério Público de CascaisRequerido: António Costa Gomes CarameloFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido António Costa Gomes Caramelo, fi lho de José Manuel Aze-vedo Caramelo e de Helena Maria Butle da Costa Gomes Caramelo, estado civil: solteiro, nascido em 23-03-1997, freguesia de Carcavelos (Cascais), BI - 15971794, domicílio: Rua Infante D. Henrique, n.º 94, Apar-tamento 411, 2775-584 Carcavelos, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 92528674
Cascais, 15-09-2015
A Juíza de DireitoDr.ª Sandra Raio Santos
A Ofi cial de JustiçaClara Martins
Público, 22/09/2015
Agrupamento de Escolas António Correia de OliveiraTorna-se público que, através do Aviso n.º 10610/2015, publica-do no Diário da República (2.ª Série), n.º 183, de 18 de setembro de 2015, se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis a contar da publicação no Diário da República, o procedimento concursal comum para preenchimento de 4 (quatro) postos de trabalho em regime de contrato a termo resolutivo certo, na modalidade de 40 horas semanais, para a carreira de assistente operacional, até 31 de agosto de 2016. Este concurso é válido para eventuais contrata-ções que ocorram durante o ano escolar de 2015/2016.
Esposende, 21 de setembro de 2015
O DiretorAlbino Casado Neiva
COMARCA DE LISBOA OESTE
Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 1556/15.9T8CSC
ANÚNCIOInterdiçãoRequerente: Comarca de Lisboa Oeste - Ministério Público de CascaisRequerida: Beatriz da Silva Mar-quesFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdi-ção em que é requerida Beatriz da Silva Marques, nascida em 10/04/1925, natural de Colares, Sintra, fi lha de Artur dos Santos Marques e de Idalina Nunes da Silva, com domicílio na Rua 25 de Abril, n.º 12, 2710 Linhó, para efeito de ser decretada a sua in-terdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 92552544
Sintra, 16-09-2015
A Juíza de DireitoDr.ª Susana Achemann
A Ofi cial de JustiçaDulce Sabino
Público, 22/09/2015
COMARCA DE LISBOA OESTE
Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J4
Processo: 20113/15.3T8SNT
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Noémia da Purifi ca-ção Inácio TrutaFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Noémia da Purifi ca-ção Inácio Truta, nascida a 2 de Junho de 1978, fi lha de Jacinto de Almeida Truta e de Inês da Purifi cação Inácio Truta, com residência em Instituto das Irmãs Hospitaleiras, Casa de Saúde da Idanha, Rua 25 de Abril, Belas, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.
N/ Referência: 92528407
Sintra, 15-09-2015
O Juiz de DireitoDr. Nuno Tomás Cardoso
O Ofi cial de JustiçaFernando Lopes
Público, 22/09/2015
MARIA MATILDE DE MENDONÇA
LINO NETTOSAMPAIO MAIA
FALECEUOs Sobrinhos e restante famí-lia cumprem o doloroso dever de participar o seu falecimen-to, e que o funeral se realiza hoje dia 22 às 15.00 horas, an-tecedido de Missa de Corpo Presente, da Igreja de Campo Grande, para o Cemitério de Olivais - Lisboa.
Agência AURINDO & GOUVEIA, Lda.Telefs. 217 163 599 / 217 160 889
Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profi ssional em Rua D. Sancho I, n.º 17 A/B, 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado:Bem em VendaTIPO DE BEM: ImóvelARTIGO MATRICIAL: 11685 - Urbano – Serviço de Finanças: 0728 – Coimbra 1 DESCRIÇÃO VERBA: Fração autónoma desig-nada pela letra D, correspondente ao 2.º andar A, destinada a habitação, do prédio em regime de propriedade horizontal, sito na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10 (atual n.º 309), Vale das Flores, Coimbra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o n.º 773, da freguesia de Santo António dos Olivais, inscrito na matriz sob o artigo n.º 11685, da mesma freguesia, concelho e distrito de Coimbra.PENHORADO EM: 2015/01/27INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: Jorge Manuel de Oliveira Lopes da Rosa e Flávia Silva Fernandes Lopes da Rosa, casados entre si no regime de comunhão de adquiridos, respetivamente com os con-tribuintes fi scais n.ºs 138172579 e 108236447, residentes na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10, 2.º – A, Vale das Flores, Coimbra.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entregues na Comarca de Coimbra – Coimbra – Inst.
Central – Secção de Execução - J1, sito no Palácio da Justiça – Rua São João de Deus, 3130-250 Soure, pelos interessados na compra, encontrando-se designada como data para abertura das propostas o dia 7 de Outubro de 2015, pelas 14:00 horas.VALOR-BASE DA VENDA: 190.000,00 euros Serão aceites propostas iguais ou superiores a 161.500,00 euros (valor que corresponde a 85% do valor-base). Devem os proponentes indicar o seu nome completo, estado civil e nome do cônjuge (se o houver), morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, devendo também juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do agente de execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente sentença de graduação de créditos: Não
A Agente de ExecuçãoAlexandra Gomes
Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 AlmadaE-mail: [email protected]
Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259
Público, 22/09/2015 - 1.ª Pub.
COMARCA DE COIMBRACoimbra - Inst. Central - Secção de Execução - J1
ANÚNCIO DE VENDA
Processo 6223/14.8T8CBR - Execução ComumRef. Interna: PE/324/2014
Exequente: Caixa Económica Montepio GeralExecutados: Jorge Manuel de Oliveira Lopes Rosa e outra
ALEXANDRA GOMESAgente de Execução
CPN 4009
COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen. - J1
Processo: 259/15.9T8FTR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Açucena Paula Ra-miro MonteiroFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Açucena Paula Ra-miro Monteiro, com residência no Centro de Recuperação de Menores, Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Co-ração de Jesus, Rua Francis-co Velez do Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.N/ Referência: 26418830Fronteira, 21-09-2015.
A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa Gomes
O Ofi cial de JustiçaLuís Oliveira
Público, 22/09/2015
T. 210 111 010
CONCESSÃO COSTA DE PRATACondicionamentos de Tráfego | A17
A Ria Blades S.A. irá efetuar um transporte especial de grandes dimensões, sendo necessário efetuar alguns condicionamentos à circulação da autoestrada A17, nomeadamente o seu atravessamento que envolve a interrupção total do tráfego na autoestrada.
Assim, no dia 24/09 entre as 03.00H e as 04.00H, será realizado o corte total da autoestrada, ao quilómetro 107. Este corte estará devidamente sinalizado pela GNR e também através das carrinhas de assistência da Ascendi.
Pedimos a sua compreensão. www.riablades.pt
34 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
SAIR
CINEMALisboa @Cinema2Av. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Sem Saída 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Jackie e Ryan M12. 13h35; Ricki e os Flash M12. 15h25, 17h35, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 15h20, 17h30, 19h40; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 19h15, 21h50; O Presidente 19h35; Dior e Eu M12. 13h30, 17h25; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h35, 15h30 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h40, 15h35, 17h40, 19h45, 21h45, Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 14h, 18h; Homem Irracional M12. 16h15, 20h15, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mínimos M6. 17h45 (V.P.); A Ovelha Choné- O Filme M6. 13h25, 15h30, 17h25, 19h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h20, 17h35, 21h45, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 13h25, 19h50, 00h25; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h 18h45, 17h20, 19h20, 21h30, 21h50, 00h10, 00h30; Divertida-mente 15h35 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 17h45, 21h55; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30 (V.Port.); Ricki e os Flash M12. 13h35, 19h55, 00h15; Homem Irracional M12. 13h45, 15h40, 17h45, 19h40, 22h, 00h05; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 00h20; Hitman: Agente 47 13h40, 00h20; A Visita M16. 13h30, 15h25, 20h, 21h55, 24h; A Família Bélier M12. 15h25, 17h30, 21h50; Outro/Eu M12. 19h35 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Transporter: Potência Máxima M12. 16h, 18h20, 20h45; Homem Irracional M12. 16h40, 19h, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h40, 21h30; Sem Saída 16h20, 18h50, 21h20; A Família Bélier M12. 17h, 19h25, 21h55; Mínimos M6. 15h40, 18h (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h30, 17h40; A Visita M16. 16h50, 19h10, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h20 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h20, 21h30; Hitman: Agente 47 16h30, 21h45; Ricki e os Flash M12. 18h55; O Pátio das Cantigas M12. 16h10, 21h; Férias M12. 18h45; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 16h05 (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 18h10, 21h25 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Homem Irracional M12. 13h, 15h30, 18h, 21h20, 23h40; A Visita M16. 13h20, 15h50, 18h20, 23h55; Ricki e os Flash M12. 13h40, 16h10, 18h40, 21h, 23h20; A Família Bélier M12. 20h50, 23h35; Sexo, Amor e Terapia M12. 13h10, 15h20, 17h30; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h, 18h10 (V.P.); Dior e Eu M12. 18h50; Masaan M12. 12h50, 15h40, 21h30, 24h; O Rosto da Inocência M16. 13h30, 16h20, 21h50, 00h10; Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Hitman: Agente 47 21h50, 00h15 ; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h20, 17h25, 19h40 (V.P.); O Outro Lado do Sexo 13h25,
15h50, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 18h10; Homem Irracional M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45, 00h10; Sem Saída 12h55, 15h30, 18h, 21h20, 23h55; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h40, 18h35, 21h30, 00h30; A Visita M16. 15h15, 15h55, 18h20, 21h, 23h40; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h05, 15h45, 21h05, 00h20; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h30; Transporter: Potência Máxima M12. 13h, 15h35, 18h15, 21h10, 24h; Sala Imax: 13h30, 16h05, 18h45, 21h40, 00h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 19h50 ; Sem Saída 12h50, 15h20, 17h30, 22h, 00h30; Mínimos M6. 13h30 (V.P.); A Visita M16. 15h40, 18h20, 21h20, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 16h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h30, 17h40, 20h, 22h10, 00h40; Homem Irracional M12. 13h40, 16h10, 18h30, 21h, 23h40 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Terra Amarela 22h; O Rei dos Macacos e o Palácio Celeste 15h30; A Lenda da Montanha Tyanyun 21h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Homem Irracional M12. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Sonata de Outono M12. 13h; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 15h05, 17h20, 19h40, 22h; Dior e Eu M12. 19h45; O Rosto da Inocência M16. 11h40, 13h40, 15h40, 17h40, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h50; A Visita M16. 11h50, 13h50, 15h50, 17h50, 21h50 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Há Festa na Aldeia M6. 14h, 16h30, 19h, 21h30São JorgeAv. da Liberdade, 175. T. 213103402Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Jackie e Ryan M12. 19h25, 00h20; O Pátio das Cantigas M12. 14h15, 16h40, 21h50; Mínimos M6. 13h50 (V.P.); A Visita M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h25, 23h50; Transporter: Potência Máxima M12. 16h05, 19h20, 22h, 00h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h10, 16h25 (V.P.); Sexo, Amor e Terapia M12. 18h45,21h35, 23h45; A Família Bélier M12. 14h, 16h45, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h45, 00h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h55, 19h10, 21h45; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h45, 16h35, 21h40, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 16h50, 00h25; O Jovem Prodígio T.S. Spivet M12. 19h15; Rio Perdido M12. 14h25, 16h35, 19h20, 21h55, 00h05; O Rosto da Inocência M16. 14h05, 16h25, 18h50, 21h25, 23h45; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h35, 24h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h40, 16h20, 19h05, 21h50, 00h30; Sem Saída 13h50, 16h10, 18h55, 21h30, 23h50; Ricki e os Flash M12. 14h10, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996A Visita M16. 13h10, 15h35, 18h30, 21h40, 24h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h30, 23h50; Sem Saída 13h, 16h, 18h50, 21h50, 00h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h25, 18h20,
Homem IrracionalDe Woody Allen. Com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey. EUA. 2015. 95m. Drama, Thriller. M12. O professor de Filosofi a Abe
Lucas está numa fase difícil. Ao
mudar-se para uma nova cidade,
onde vai integrar o Departamento
de Filosofi a da Universidade
de Braylin, acaba por se ver
emocionalmente envolvido com
duas mulheres muito diferentes:
uma professora que apenas
deseja libertar-se da infelicidade
do casamento; e uma aluna
inteligente que se sente atraída
pela sua aura de sabedoria e
desespero algo existencialista. Mas
a vida de Abe muda quando ouve
a conversa de uma desconhecida...
MasaanDe Neeraj Ghaywan. Com Richa Chadda, Sanjay Mishra, Vicky Kaushal. FRA/Índia. 2015. 109m. Drama. M12. Personagens de diferentes castas
cruzam-se em Varanasi (Índia),
a cidade sagrada dos hindus.
Piyush e Devi estão num encontro
fortuito num quarto de hotel.
Deepak é um jovem que trabalha
na cremação de cadáveres
e que se sente inferiorizado
devido à condição social. Estas
duas histórias decorrem em
simultâneo com a de Jhonta, um
pequeno órfão que apenas deseja
encontrar uma família a que
possa chamar sua.
Maze Runner: Provas de FogoDe Wes Ball. Com Dylan O’Brien, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster. EUA. 2015. 131m. Thriller, Ficção Científica. Depois de conseguirem escapar
do labirinto onde se encontraram
presos sem explicação, Thomas
e os seus companheiros de
cativeiro têm de encarar uma
realidade diferente, mas nem por
isso menos assustadora...
O Outro Lado do SexoDe Josh Lawson. Com Bojana Novakovic, Damon Herriman, Josh Lawson. Austrália. 2014. 96m. Comédia. Cinco casais lutam por manter
acesa a chama da sua vida íntima:
Paul é um fetichista que descobre
que a mulher tem a fantasia de
ser violada por um estranho; Evie
e Dan tentam salvar o casamento
com jogos sexuais; Phil evita
qualquer tipo de aproximação
com a sua companheira de anos;
Rowena não consegue encontrar
prazer na sua relação com
Richard até ao dia em que o vê
chorar; e Sam é um artista surdo
que usa um serviço de tradução
de língua gestual para interpretar
uma chamada erótica...
O Rosto da InocênciaDe Michael Winterbottom. Com Cara Delevingne, Kate Beckinsale, Daniel Brühl. ITA/GB/ESP. 2014. 101m. Drama. M16. O cineasta Thomas Lang é
contratado para adaptar a obra da
jornalista Simone Ford que relata
o julgamento de Jessica Fuller pelo
homicídio de Elizabeth Pryce,
violada e esfaqueada numa casa
que partilhavam em Itália. Para que
ele se “situe“ no caso e na polémica
que gerou no mundo inteiro,
Simone leva-o ao lugar onde tudo
aconteceu. Mas, durante a visita,
Thomas começa a pôr em causa
não apenas as motivações de todos
os que o rodeiam, mas também as
suas próprias.
Rio PerdidoDe Ryan Gosling. Com Christina Hendricks, Iain De Caestecker, Matt Smith. EUA. 2015. 95m. Drama. M12. Numa cidade devastada, Billy
esforça-se por sobreviver com
os dois fi lhos. Para conseguir
dinheiro para manter a casa
de família, vê-se obrigada a
trabalhar numa discoteca
decadente, onde tem de dar vida
às fantasias mais grotescas dos
seus clientes. Revoltado, o fi lho
mais velho decide aventurar-se
na descoberta de uma mítica
cidade submersa...
Sem SaídaDe John Erick Dowdle. Com Pierce Brosnan, Owen Wilson. EUA. 2015. 103m. Thriller. Quando Jack é convidado para
um cargo numa empresa no
Sudeste da Ásia, encontra aí a
oportunidade por que ansiava
para iniciar uma nova vida com
a sua mulher e fi lhas. Porém,
pouco depois de se instalarem,
dão-se conta de que algo está para
acontecer. Quando, na manhã
seguinte, Jack vai à rua, vê-se
subitamente envolvido numa
insurreição chefi ada por rebeldes
armados que não se coíbem de
executar todos os estrangeiros...
Em [email protected]@publico.pt
21h15, 00h10; Férias M12. 20h50, 23h20; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h30, 16h10, 18h40; O Outro Lado do Sexo 12h50, 15h20, 17h45, 21h, 23h30; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; Ricki e os Flash M12. 12h50, 15h25, 17h55, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 12h40, 15h15, 18h, 20h50, 23h30; Homem Irracional M12. 13h05, 16h05, 18h45, 21h05, 23h55; A Família Bélier M12. 17h20, 20h45, 23h20; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h10, 15h15 (V.P.); Jackie e Ryan M12. 18h55; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h50, 21h25, 00h05; Mínimos M6. 13h20, 15h55, 18h20 (V.Port.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 20h45, 23h15; Hitman: Agente 47 12h55, 15h45,18h15, 21h10, 24h
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Quarteto Fantástico M12. 13h15; O Pátio das Cantigas M12. 15h15, 17h25, 19h35, 21h45, 00h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h30, 21h55, 00h20; Ricki e os Flash M12. 13h30, 17h45, 19h55, 21h55; Homem Irracional M12. 13h50, 15h50, 17h55, 19h55, 22h00, 00h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h20, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h30, 21h40; Hitman: Agente 47 15h35; A Visita M16. 20h, 22h10, 00h15; Transporter: Potência Máxima M12. 13h40, 17h35, 19h45, 21h50, 23h55; Férias M12. 00h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35, 15h30, 17h20 (V.P.); Mínimos M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.P.); Hitman: Agente 47 13h25, 00h05; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h25 (V.P.); Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 17h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 15h55, 17h50 (V.P.); Sem Saída 13h35, 15h40, 19h35, 21h35, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Transporter: Potência Máxima M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h45; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h35, 16h15, 21h45; Hitman: Agente 47 19h10; Sem Saída 14h15, 16h35, 19h15, 21h40; Rio Perdido M12. 13h45, 16h05, 18h50, 21h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h35, 15h50 (V.P.); Vontade de Vencer M12. 18h45; O Pátio das Cantigas M12. 19h05, 21h40; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h05, 16h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h30; A Visita M16. 14h10, 16h40, 19h15, 21h55; Mínimos M6. 13h40, 16h, 18h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h35; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 16h10, 18h45 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 21h25, 23h50; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h15; A Visita M16. 13h30, 16h, 21h40, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 20h50, 23h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h30, 17h40; Sem Saída 12h40, 15h10, 17h50, 21h10, 23h50; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h40, 18h, 21h, 23h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Mínimos M6. 13h20; Transporter: Potência Máxima M12. 23h40; Homem Irracional M12. 12h50, 15h05, 17h30, 21h30, 00h10
O Outro Lado do SexoO Outro Lado do Sexo
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 35
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Bando de Raparigas mmmmm mmmmm mmmmm
Dior e Eu mmmmm – mmmmm
Homem Irracional mmmmm mmmmm –Dior e Eu mmmmm – mmmmm
Jackie & Ryan – mmmmm –As Mil e uma Noites: O Inquieto mmmmm mmmmm mmmmm
O Presidente mmmmm mmmmm mmmmm
O Rio Perdido mmmmm – –O Rosto da Inocência – mmmmm –A Visita mmmmm mmmmm –
Sintra
Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20, 17h15(V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 17h30, 16h, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50; A Família Bélier M12. 17h30, 19h35, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h35, 17h20 (V.P.); Homem Irracional M12. 15h30, 17h35, 19h30, 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05, 21h45; Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 20h10; Ricki e os Flash M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h55; Mínimos M6. 15h30 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50; Transporter: Potência Máxima M12. 15h55, 20h, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Homem Irracional M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h50; O Outro Lado do Sexo 15h20, 17h20, 21h45; Mínimos M6. 15h (V.P.); Hitman: Agente 47 21h10; A Ovelha Choné- O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h30, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 18h20, 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h15; Vontade de Vencer M12. 17h, 19h
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Transporter: Potência Máxima M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h, 16h50(V.P.); A Visita M16. 18h40, 21h; Mínimos M6. 14h30, 16h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 18h30; Ricki e os Flash M12. 21h10; Homem Irracional M12. 15h30, 17h40, 19h50, 22h; Sem Saída 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 16h10, 18h50, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 14h20, 19h, 21h20; Hitman: Agente 47 16h40
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h40, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h30, 18h10, 21h15; Mínimos M6. 14h, 16h20 (V.P.); Sem Saída 16h, 18h30, 21h; Transporter: Potência Máxima M12. 16h15, 18h50, 21h40
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Homem Irracional M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Missão Impossível: Nação Secreta M12. 17h20, 21h45, 00h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30, 15h25 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h30, 15h30, 17h35, 19h35, 21h40, 23h45; Hitman: Agente 47 13h45, 15h20, 19h50; Mínimos M6. 13h20, 17h20 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50, 19h40, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h40, 15h30 (V.P.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 19h55, 21h55; Vontade de Vencer M12. 13h35,23h55; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h15, 18h45, 19h20, 21h30, 00h10; Sem Saída 13h25, 15h25, 17h35, 19h35,
21h35, 23h50; Insidious: Capítulo 3 M16. 00h05; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 22h, 00h30; A Visita M16. 15h45, 20h, 21h55, 00h05; Transporter: Potência Máxima M12. 15h40, 17h45, 21h50, 24h
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Homem Irracional M12. 13h20, 15h50, 18h10, 21h30, 23h45; A Visita M16. 13h30, 16h, 18h30, 21h40, 23h50; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 23h55; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h40, 18h, 21h05, 23h35; Maze Runner: Provas de Fogo 12h40, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05, 15h50
TEATROLisboaEspaço KarnartAvenida da Índia, 168 (Belém). T. 213466411 Hermaphrodita De Eugénio de Castro (a partir). Comp.: Karnat. Com Catarina Côdea, Marcos Marques, Pedro Mendes. De 7/9 a 30/9. 2ª a 6ª às 16h. Sáb e Dom às 16h e 19h.
ÉvoraLargo do Chão das CovasLargo do Chão das Covas. Uma Menina Bem Guardada De Eugène Labiche. Comp.: Baal17. Enc. Rui Ramos. Com Anabela Mira, Filipe Seixas, Hugo Fernandes, Susana Gonçalves, Telma Saião. Dia 22/9 às 22h.
EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Inland View/ Vista para o Interior De Sérgio Carronha. De 12/9 a 11/10. Todos os dias 24h. Escultura, Instalação. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara - Negativo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. (Ante) Câmara -
Processo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Documental. Barbado GalleryRua Ferreira Borges, 109A. T. 910717676 A Place In The Sun - Martin Parr’’s Beach Photos 1985-2015 De 12/9 a 11/11. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 20h. Fotografia. Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho. Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Os Testamentos de Orpheu De Pedro Proença. De 26/3 a 26/9. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Pintura. Estação Roma-AreeiroAvenida Frey Miguel Contreiras. T. 0 A Ponte Que nos Liga De 4/9 a 30/9. 2ª a 6ª das 05h às 01h30. Sáb, Dom e feriados das 05h30 às 00h50. Fotografia. Galeria Torreão Nascente da Cordoaria NacionalAvenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 A ONU em Imagens - 70 Anos de História De 4/9 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fotografia. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Lisboa Story CentreTerreiro Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - Centro Cultural de Belém. T. 213612878 O Olhar do Coleccionador De vários autores. De 20/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Pintura, Escultura, Fotografia. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24
e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Exposição Interactiva. Museu de Lisboa – Santo AntónioLgo Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Namban De Luís Cohen Fusé. De 3/7 a 27/9. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Objectos, Outros. Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império - Edifício dos Jerónimos. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Quem nos Escreve Desde a Serra De 30/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Documental. Tesouros da Arqueologia Portuguesa A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro 2014). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes. T. 213912800 Aqua. Faianças da Colecção do MNAA De 18/6 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Cerâmica, Desenho. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. Escola Politécnica, 58/60. T. 213921800 Draperies De João Castro Silva. De 3/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Tempos de Dança. Evocação do Estúdio-Escola de Dança Clássica de Anna Mascolo De 29/4 a 30/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Fotografia. Museu Nacional dos CochesPraça Afonso de Albuquerque. T. 213610850 Exposição Permanente de Coches Reais A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Objectos, Documental. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Núcleo Museológico do Castelo de São JorgeCastelo de São Jorge. T. 218800620 Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge A partir de 18/12. Todos os dias das 09h às 18h (Horário de Inverno; última admissão às 17h30), das 09h às 21h (Horário de Verão; última admissão às 20h30). Arqueologia. Exposição Permanente. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. De 22/4 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h Horário de Verão. Última entrada às 19h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. A partir
de 22/4. Todos os dias das 10h às 19h Horário de Inverno. Última entrada às 18h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. Instalação, Ciência. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Ricordo di Venezia. Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa De vários autores. De 21/7 a 29/11. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Pavilhão de PortugalAlameda dos Oceanos - Parque das Nações. T. 218919898 A Cidade Imaginada De 28/5 a 30/9. Todos os dias das 10h às 18h. Documental, Arquitectura. Pavilhão do Conhecimento - Ciência VivaAlameda dos Oceanos, Lote 2.10.01 - Parque das Nações . T. 218917100 A Casa Inacabada De Cité des Sciences et de l Industrie de Paris. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Explora De Exploratorium de São Francisco. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Loucamente: uma exposição sobre o bem-estar da mente De 30/10 a 30/9. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Documental, Crianças, Objectos. Mulheres na Ciência De Luísa Ferreira. De 8/3 a 8/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Fotografia. Pordata Viva - o Poder dos Dados De 23/4 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Crianças, Documental. Vê, Faz, Aprende! De Techniquest e Heureka. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Perve Galeria de AlfamaR. Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 7+5=1 De vários autores. De 1/9 a 3/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura, Escultura. Antologia de Martins Correia De 17/9 a 24/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Escultura. Praça do Comércio (Terreiro do Paço) T. 0 A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. artEUSEBIOheart De Eugénio Silva. De 7/8 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h No Torreão Poente. Desenho, Ilustração. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos.
AlcanenaCentro Ciência Viva do Alviela - CarsoscópioPraia Fluvial dos Olhos d’Água do Alviela - Quinta do Alviela. T. 249881805 Exposição Interactiva A partir de 15/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 16h30; encerra 1/1, Dom de Páscoa, 24/12, 25/12 e 31/12). Ciência, Outros.
AlcocheteMuseu Municipal de Alcochete - Núcleo de Arte SacraIgreja da Misericórdia. T. 212348654
Dvorák, Ligeti e Piazzolla são os compositores escolhidos para a abertura – hoje, às 19h, no Goethe--Institut – do Festival Cantabile, que leva a vários locais de Lisboa vozes e instrumentos que têm um ponto em comum: a música de câmara. A sexta edição conta com o violinista Barnabás Kelemen, o clarinetista Sebastian Manz, o pianista Balász Szokolay, o
violoncelista Lászlo Fenyö e a violista Diemut Poppen (na foto), que também é directora artística do festival. É ela a responsável por um programa vasto, pautado por obras que vão do clássico ao contemporâneo, com destaque para o romantismo alemão do século XIX. O festival prolonga-se até dia 27, com entrada livre (mediante levantamento prévio do bilhete).
A arte da música de câmara em LisboaCLAUDIA BÖCHELMANN
36 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Pedro Mestre leva ao CCB Campaniça do Despique, álbum que evoca o som do instrumento tradicional alentejano
MIGUEL MADEIRA
SAIRTrajes Quinhentistas De 21/3 a 27/9. 4ª, 5ª e 6ª das 10h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. 3ª das 14h às 17h30. Sáb das 14h30 às 18h30. Dom das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h30. Objectos. Museu Municipal de Alcochete - Núcleo SedeRua Dr. Ciprião de Figueiredo. T. 212348653 O Foral Manuelino de Alcochete De 31/7 a 31/1. 4ª, 5ª e 6ª das 10h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. 3ª das 14h às 17h30. Sáb das 14h30 às 18h30. Dom das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h30. Objectos.
AlmadaMuseu da Cidade de AlmadaPraça João Raimundo. T. 212734030 Ir a Banhos De 16/5 a 31/10. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Documental. Ver Almada Crescer A partir de 16/11. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Documental. Museu NavalOlho de Boi - Ginjal. T. 212724982 Na Rota do Progresso: a Indústria Naval em Almada A partir de 26/5. 2ª a Sáb das 09h30 às 13h e das 14h às 17h30. Documental.
AmadoraBiblioteca Municipal Fernando Piteira SantosAvenida Conde Castro Guimarães, 6. T. 214369054 As Viagens Portuguesas e o Encontro de Civilizações De 16/3 a 29/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. O Sonho ao Poder De 5/9 a 3/10. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. Quarto Interior De Francisco Sousa Lobo. De 24/7 a 26/9. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Desenho. Uninforme De Mao. De 3/9 a 26/9. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Desenho. Galeria Municipal Artur BualRua Luís de Camões, 2 (Casa Aprígio Gomes). T. 214369000 (Ext: 5190)
Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Fado no Oceanário A partir de 19/7. 3ª e 5ª das 20h15 às 21h (Verão), das 19h15 às 20h (Inverno). É necessária marcação (218917000, [email protected]). O evento decorre apenas com um número mínimo de 25 pessoas (máx. 40). Fado - Património Cultural Imaterial da Humanidade.
FESTIVAISLisboaGoethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Festival Cantabile 2015 - A Arte da Música de Câmara De 22/9 a 27/9. 3ª a Dom. 6.ª edição.
PêraPêraSilves. Fiesa 2015 - XIII Festival Internacional de Escultura em Areia De 16/9 a 20/10. Todos os dias às 10h. Informações e reservas: 969459259 / 282317084 / [email protected]
SantarémSantarémSantarém. FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude De 18/9 a 27/9. Todos os dias (em vários espaços). Informações: 914658455, 919898408 ou [email protected].
DANÇA Praia da RochaHotel Algarve CasinoPraia da Rocha. T. 282402000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 1/9 a 29/9. 3ª às 20h30 (jantar) e 22h30 (espectáculo).
SantarémTeatro Municipal Sá da BandeiraRua João Afonso, 7. T. 243309460 Falling Light in Liminal Spaces Com Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Comp.: Chhaya Colletive. Coreog. Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Dia 22/9 às 21h30 (FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude). M/6.
FESTAS E FEIRASLisboaMartim MonizLargo Martim Moniz. Mercado de Fusão do Martim Moniz A partir de 1/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 22h (food court). 6ª e Sáb das 10h às 00h (food court). Sáb e Dom das 10h às 19h (Feira/Mercado Fusão). Mais informações: [email protected] e [email protected]
Santa CruzSanta CruzTorres Vedras. Onda de Verão 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.
TaviraTavira Verão em Tavira 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.
SAIR0 Figura De 5/9 a 18/10. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura.
BarcarenaFábrica da Pólvora de BarcarenaEstrada das Fontaínhas. T. 214387460 Exposição Permanente de Arqueologia do Concelho de Oeiras A partir de 16/6. 2ª a 6ª das 14h às 17h. Arqueologia. Na Casa do Salitre.
CascaisCentro Cultural de CascaisAv. Rei Humberto II de Itália. T. 214848900 Sam Shaw: 60 Anos de Fotografia De 11/9 a 8/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia.
Castro VerdeMuseu da RuralidadeRua de Santa Madalena (Entradas). T. 286915329 Máquinas, Objectos e Memórias da Ruralidade A partir de 29/7. 3ª das 14h às 20h. 4ª a Dom das 10h às 20h. Documental, Objectos, Outros.
ComportaMuseu do ArrozEstrada Nacional 253, Km 1. T. 265499950 Espaço Museológico Museu do Arroz A partir de 30/6. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h30 às 19h30 (horário de Verão), das 10h às 13h e das 14h às 17h (horário de Inverno). Documental, Fotografia, Outros.
DafundoAquário Vasco da GamaRua Direita do Dafundo, 1. T. 214196337 Selvas da América Central – Diário Gráfico de Luísa Ferreira Nunes De 24/1 a 31/12. Todos os dias das 10h às 18h Bilheteira encerra às 17h45. Desenho, Ciência, Crianças.
EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPça José Teodoro dos Santos. T. 214667700
Arte Contemporânea 2015 De vários artistas. De 18/9 a 12/10. Todos os dias das 15h às 00h Maiores de 18 anos. Pintura, Escultura, Desenho, Outros.
OeirasCentro Cultural Palácio do EgiptoRua Álvaro António dos Santos. T. 214408781 Lanzarote a Janela de Saramago De João Vilhena. De 18/9 a 18/10. 3ª a Dom das 12h às 18h. Fotografia. Parque dos PoetasQuinta do Marquês. T. 214408300 A Viagem de Darwin De 18/7 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 19h No Templo da Poesia. Ciência, Documental.
Vila Franca de XiraMuseu Municipal de Vila Franca de Xira - Núcleo SedeR. Serpa Pinto, 65. T. 263280350 A Arte no Concelho de Vila Franca de Xira – Grandes Obras De vários autores. De 28/2 a 25/10. 3ª a Dom das 09h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. Pintura, Escultura, Outros.
MÚSICALisboaCentro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Pedro Mestre Dia 22/9 às 21h (no Grande Auditório. M/6). Apresentação de “Campaniça do Despique”. Goethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Solistas do Estágio Gulbenkian para Orquestra Dia 22/9 às 19h (Festival Cantabile 2015).
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço PermanenteCastro Fonseca (Campo de Ourique) - Rua 4 de Infantaria, 28 - A - Tel. 213888857 Dalva (Saldanha) - Av. Duque D’Avila, 125 - Tel. 213545225 Do Largo (Charneca) - Largo dos Defensores da República, 21 - Tel. 217587542 Lemos (Olivais Sul) - Rua Cidade da Beira, 46 - C - Tel. 218531692 São João (Alto de S. João) - Rua Morais Soares, 56 - C - Tel. 218147708 Vera Cruz (Areeiro) - Praça Afrânio Peixoto, 2 - B - Tel. 218484941
Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Ramaldinho, Vaz Carmona Almeirim - Mendonça Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carmele, Vaz Martins Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Roldão Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J. Delgado (S. João Batista) Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Franca Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rosa Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Do Rosário, Ostende (Monte do Estoril), Rana (Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo de Vide - Roque
Castro Verde - Alentejana Chamusca - S. Pedro Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Central Faro - Crespo Santos Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - A Lacobrigense Leiria - Godinho Tomaz Loulé - Nobre Passos (Almancil), Pinto Loures - Sálvia, Santa Bárbara (Rio Tinto) Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Caré (Ericeira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha
Grande - Duarte Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Do Vale Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Borges da Cruz Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano, Nova de Odivelas Oeiras - Pinto (Linda-a-Velha), Leal Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Pastorinhos (Fátima), Leitão Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Paiva Ponte de Sor - Varela Dias Portel - Misericordia Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz
- Martins Rio Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Baptista Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Vale Bidarra (Fernão Ferro) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Cunha Pinheiro, Normal do Sul Silves - Dias Neves, Edite Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - São Francisco Xavier, Fidalgo (Algueirão - Mem Martins), Idanha (Idanha) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Pereira Martins (Pedrogão) Torres Vedras - Quintela Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Do Forte, Nova Alverca, Silva Carvalho Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 37
RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.20 Os Nossos Dias 15.03 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 19.22 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.04 Bem-vindos a Beirais 21.53 Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão 22.49 Portugueses pelo Mundo - Darwin (Austrália) 23.38 Sob Suspeita 00.30 Os Seguidores 1.19 Jikulumessu 2.43 Os Nossos Dias
RTP 27.00 Zig Zag 10.55 Desalinhado 13.00 Nós Os Chineses 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.18 Zig Zag 20.38 Dois Homens e Meio 21.00 Jornal 2 21.41 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 22.00 Fortitude 22.54 Literatura Aqui 23.25 Vida Matemática 00.10 Campeonato do Mundo de Ciclismo de Estrada 1.25 E2 - Escola Superior de Comunicação Social 1.51 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 19.00 Tempo de Antena 19.30 Alto Astral 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.25 Poderosas 23.15 A Regra do Jogo - Estreia 00.00 Império 00.50 Investigação Criminal 1.30 Investigação Criminal Los Angeles 2.40 Podia Acabar o Mundo
TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 15.13 Feitiço de Amor 16.00 A Tarde é Sua 19.00 Campanha Eleitoral 19.27 Cristina 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.28 Jardins Proibidos 23.25 Fascínios 00.50 Ora Acerta 2.00 Filme: Um Coração Poderoso 3.45 Dr. House 4.39 Batanetes
TVC112.20 Nunca Digas Nunca 13.55 Drift - Surfar a Onda 15.50 Obsessão Ardente 17.30 A Viagem dos Cem Passos 19.35 A Boa Mentira 21.30 Um Santo Vizinho 23.15 Nunca Digas Nunca 00.50 A Viagem dos Cem Passos 2.55 Mentiras de Amor 4.25 Um Santo Vizinho
FOX MOVIES11.34 Snatch - Porcos e Diamantes 13.12 Uma Traição Fatal 14.39 Dragão Vermelho 16.39 Super-Homem: O Regresso 19.04 Os Miseráveis (1998) 21.15 O Primeiro Cavaleiro 23.22 O Homem da Máscara de Ferro 1.27 Mad Max 3 - Além da Cúpula do Trovão 3.08 Soldado Universal: O Regresso 4.27 Nem Guerra, Nem Paz
HOLLYWOOD11.45 Compromisso de Honra 13.50 Antártida - Da Sobrevivência ao Resgate 15.50 Dinheiro 17.40 Regresso ao Futuro II 19.30 Virgem aos 40 Anos 21.30 O Pacificador 23.38 A Casa de Campo 1.40 Frozen - Pânico Na Neve 3.10 Raia Miúda 5.00 Nunca é Tarde
AXN13.22 C.S.I. 14.09 Arrow 15.44 Forever 17.23 C.S.I. 19.05 Arrow 20.39 Forever 22.15 C.S.I. 1.55 Mentes Criminosas 3.28 Arrow 5.00 C.S.I.
AXN BLACK13.15 Sobrenatural 13.59 Filme: Um Perfeito Estranho 15.39 Filme: Basta 17.31 Sobrenatural 19.37 Filme: Um Perfeito Estranho 21.25 Filme: Basta 23.22 Filme: Vidas Roubadas 00.52 Filme: África dos Meus Sonhos 2.45 A Rainha das Sombras 3.33 Sangue Fresco 4.22 Crossing Lines 5.11 Sobrenatural
AXN WHITE13.52 Traição 14.36 Trocadas à Nascença 15.20 Filme: Os Produtores 17.30 Doutora no Alabama 20.40 Franklin e Bash 21.30 Filme: Os Produtores 23.42 Filme: Dança Feroz 1.47 Franklin e Bash 2.34 Gossip Girl 3.21 Mágoas de Grandeza 4.53 Trocadas à Nascença 5.39 Traição
FOX13.11 Os Simpsons 13.59 Investigação Criminal: Los Angeles 15.31 Hawai Força Especial 17.03 Sob Suspeita 18.44 Hawai Força Especial 20.29 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 The Strain 23.11 Sob Suspeita 00.05 Investigação Criminal: Los Angeles 00.56 Hawai Força Especial 1.46 Sob Suspeita 3.20 Spartacus, Os Deuses da Arena 4.29 Spartacus, A Vingança 5.29 Casos Arquivados
FOX LIFE13.00 Em Contacto 13.49 Filme: The Front 15.28 A Patologista 16.18 A Patologista 17.07 Filme: Nora Roberts: Luzes do Norte 18.43 Rizzoli & Isles 19.33 Em Contacto 21.19 Rizzoli & Isles 23.13 Mr. Selfridge 00.14 Filme: Nora Roberts: Tributo 1.53 My Kitchen Rules 2.57 A Patologista 4.36 Rush
DISNEY15.05 Aladdin 15.55 Galáxia Wander 16.20 Gravity Falls 16.45 Phineas e Ferb 17.10 Os 7A 17.35 O Meu Cão Tem um Blog 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.45 Austin & Ally 20.07 Jessie 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.45 Tsum Tsum 21.50 A Minha Babysitter é um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa
DISCOVERY17.20 Pesca Radical 19.10 A Febre do Ouro 21.00 Aventura à Flor da Pele 22.55 Duo de Sobreviventes: Brasil 23.50 Aventura à Flor da Pele 2.20 Os Dez Tubarões Mais Mortais 3.05 O Monstro de Cuba 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Guerra de Propriedades 5.00 Mestres do Restauro 5.45 Fast N’ Loud
HISTÓRIA17.33 Alienígenas 18.17 II Guerra Mundial a Cores 19.10 O Preço da História - Louisiana 21.17 O Preço da História 23.26 Restauradores 1.30 O Preço da História 2.13 Catástrofes Tecnológicas 3.41 Alienígenas 4.25 II Guerra Mundial a Cores 5.20 O Livro Dos Segredos
ODISSEIA17.39 A Busca do Tigre Russo 18.33 Babuínos Ladrões 19.24 Super Veterinário 20.12 Lugares Frenéticos 20.57 50 Formas de Matar a Tua Mamã 21.42 Rude Tube 22.30 Car Matchmaker 23.14 Porque se Despenham os Aviões? 23.57 Car Matchmaker 00.42 Porque se Despenham os Aviões? 1.25 Super Veterinário 2.14 Lugares Frenéticos 2.59 50 Formas de Matar a Tua Mamã 3.46 Rude Tube 4.35 Clima Extremo À Prova 4.58 Vida Nas Grandes Zonas Húmidas 5.51 Natureza Letal 360
FICAR
CINEMAIrmão, Onde Estás? [O Brother, Where Art Thou?]Cinemundo, 21h10Um projecto dos célebres
irmãos Coen que se seguiu a O
Grande Lebowski. O argumento
do fi lme, inspirado na clássica
Odisseia de Homero, decorre no
Sul dos Estados Unidos durante
os anos 1930, com a depressão
económica como pano de
fundo. George Clooney aparece
como Everett Ulysses, chefe
um grupo de condenados a
trabalhos forçados que se evade
da cadeia, num registo diferente
do habitual. Tem um plano
conjunto com Delmar ( John
Turturro) e Pete (Tim Blake
Nelson): recuperar um tesouro
escondido.
Basta [Enough]AXN Black, 21h25Slim ( Jennifer Lopez) é uma
empregada de café cuja vida
se transforma radicalmente
quando se apaixona por
Mitch (Billy Campbell), um
empreiteiro rico. Os dois
casam-se e a vida de Slim
parece perfeita: tem um marido
dedicado, uma casa bonita e
uma fi lha adorável de cinco
anos, Gracie. Mas esta vida
de sonho é destruída quando
ela descobre que Mitch afi nal
não é aquilo que parece. O
comportamento obsessivo do
marido obriga Slim a fugir com
a fi lha, e a decidir treinar-se
para enfrentar o marido.
O Pacificador [The Peacemaker]Hollywood, 21h30Dois comboios colidem
algures na Rússia, um deles
transportando armas nucleares.
A ameaça de um acidente com
material radioactivo põe o
mundo em estado de alerta.
Júlia Kelly (Nicole Kidman) é
uma cientista que trabalha para
a Casa Branca e vai investigar
o roubo de nove ogivas
nucleares, em colaboração
com o coronel Thomas Devoe
(George Clooney). Para Kelly,
a colisão dos comboios não
foi um acidente. Os dois são
envolvidos numa corrida contra
o tempo para evitar que o
material nuclear caia nas mãos
de terroristas.
Uma Outra Mulher [Another Woman]TVC3, 22h00Drama psicológico de Woody
Allen, escrito pelo próprio,
sem o cineasta como actor.
Gena Rowlands veste a pele de
Marion Post, uma professora de
fi losofi a certa de tudo o que a
rodeia e da sua felicidade. Até
que, inadvertidamente, ouve a
conversa entre uma perturbada
jovem grávida e o psiquiatra
desta. Isso dará origem a uma
necessidade de autocompreensão
e questionamento. Mais ainda
quando descobre a infi delidade
do marido. Um fi lme notável a
nível técnico (destaque para a
fotografi a de Sven Nykvist) e na
direcção de actores.
O Homem da Máscara de Ferro [The Man in the Iron Mask]FOX Movies, 23h22Decorre o ano de 1660 e em
França o povo morre à fome.
Já passou muito tempo desde
que os mosqueteiros Aramis,
Athos, Porthos e d’Artagnan
se tornaram lendários a lutar
pelo rei Louis XIII. Athos ( John
Malkovich) tem agora uma
vida calma, acompanhando
o crescimento do fi lho Raoul.
Porthos (Gérard Depardieu),
apesar de mais gordo e velho,
sente falta das grandes batalhas.
Aramis ( Jeremy Irons) é
agora padre. Só d’Artagnan
tem ligação ao passado como
capitão dos mosqueteiros.
Agora, Louis XIII morreu e
foi sucedido pelo seu cruel
herdeiro (Leonardo DiCaprio)...
SÉRIE
Falling SkiesSyfy, 22h10Estreia da quinta temporada.
Nos últimos episódios da série de
fi cção científi ca criada por Robert
Rodat e produzida por Steven
Spielberg, revela-se o destino
fi nal de toda a Humanidade. A
série segue Tom Mason (Noah
Wyle), um ex-professor de
História da Universidade de
Boston, que se torna comandante
de um grupo militar a lutar
contra os inimigos alienígenas,
após a Terra ter sido arrasada por
uma invasão. Os objectivos deles
não são claros, mas sabe-se que
capturam crianças e adolescentes
para os escravizar.
Literatura Aqui, RTP2, 22.54
ra Aqui,2.54
Os mais vistos da TVDomingo, 20
FONTE: CAEM
TVITVISICSICSIC
12,911,39,99,67,8
Aud.% Share
29,327,522,229,619,1
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
10,0%%
2,1
16,9
22,1
37,4
Pequenos GigantesJornal das 8Peso Pesado TeenPrimeiro JornalJornal da Noite
38 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
JOGOSCRUZADAS 9292
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Açores
Madeira
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NascentePoente
Marés
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Leixões Cascais Faro
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Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
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22º
Viana do Castelo
Braga10º 23º
Porto13º 20º
Vila Real10º 24º
12º 21º
Bragança9º 24º
Guarda10º 20º
Penhas Douradas10º 17º
Viseu10º 21º
Aveiro15º 21º
Coimbra15º 22º
Leiria13º 22º
Santarém14º 25º
Portalegre13º 25º
Lisboa16º 24º
Setúbal14º 26º Évora
13º 28º
Beja15º 28º
Castelo Branco13º 28º
Sines15º 22º
Sagres18º 24º
Faro20º 27º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
18º 23º
18º 24º
Flores
Terceira17º 23º
21º 26º
22º 27º
17º 24º
22º
20º
07h24
Cheia
19h34
03h5028 Set.
0,5-1m
1-2m
23º
1-2m
24º0,5-1m
24º1,5-2m
10h06 2,722h51 2,6
16h29 1,405h06* 1,4
09h43 2,722h29 2,6
16h09 1,504h43* 1,5
09h49 2,622h36 2,6
16h01 1,404h36* 1,4
1,5-2,5m
1,5-2,5m
2m
18º
19º
*de amanhã
Horizontais: 1. Desloca. Pequena face ou superfície lisa de alguma coisa. 2. Esquivo (fig.). Perfume. 3. Campeonato profissional norte-americano de bas-quetebol. Sono provocado artificial-mente. 4. Preposição que designa pos-se. Filho de burro e égua ou de cavalo e burra. Elas. Autores (abrev.). 5. Tempo imediato a um período chuvoso. 6. Consente. Unha de solípede ou rumi-nante. 7. No qual lugar. O lado do pão. 8. Lento. Rede tecida pelas aranhas. 9. Possuir. Indivíduo pertencente a uma casta nobre, na Índia. Escândio (s.q.). 10. Suspirar. Batráquio. Face inferior do pão. 11. Todavia. Ovário dos peixes.
Verticais: 1. Ordem escrita de au-toridade judicial ou administrativa. Transportes Aéreos Portugueses. 2. Globo. Confusão. 3. Caminho. Dirigir. 4. Einstêinio (s.q.). Agitar. Segunda no-ta musical. 5. Água que cai em gotas da atmosfera. Doutor (abrev.). 6. Caminhou para lá. Filtrar. 7. Tara (fig.). Partícula de negação. 8. Que não muda. 9. Ligação (fig.). Ponto cardeal. Los Angeles (abrev.). 10. Operação de tosar a lã ou de aparar a felpa. Algo que não se quer ou não se pode nomear. 11. Esfregado com areia ou outro pó. Avinagrado. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (7 pala-vras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Fiar. Dotal. 2. Arroio. Roca. 3. ALDEIA. Dr. 4. NA. Dormir. 5. Arcas. Preto. 6. Genoma. Noz. 7. Mera. Arfar. 8. Ola. Ml. Esta. 9. Rio. Escol. 10. HÁ. Invite. 11. Estio. Sargo.Verticais: 1. Fauna. Molhe. 2. Ir. Argel. Ás. 3. Ara. Cerar. 4. Roldana. III. 5. Idoso. Mono. 6. Doer. Mal. 7. Impar. Eis. 8. Trair. FESTA. 9. Ao. Renascer. 10. LCD. Torto. 11. Arroz. Algo.Título do filme: Há festa na aldeia.
Oeste Norte Este Sul 1 ♠2 ♣ 3 ♣ passo 3 ♦passo 3 ♥ passo 3 ♠passo 4 ♠ Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre.
Carteio: Saída: K ♣. Como jogaria esta partida?
Solução: Com o cue-bid em 3 paus do parceiro, o contrato de partida passou a ser obrigatório. Uma breve descrição de mãos ao nível de 3 serviu apenas para determinar se poderiam ir mais além.Após ter feito a primeira vaza com o Ás de paus, enumera dez vazas potenciais se explorar as copas. Mas atenção! Se a passagem ao Rei de copas falhar, a de-fesa passará a dispor de quatro vazas: o Rei de copas, Ás e Dama de ouros e a Dama de paus. Nessa eventualidade, é necessário manobrar com cautela, há que evitar dar a mão a Este. É exequível, se baldar uma copa no Valete de paus apurado.O bom “timing”: Tirar três voltas de trun-fo, jogar um pau em direção ao Valete, entrar com o Ás de copas quando Oeste
Dador: SulVul: Ninguém
Problema 6356 Dificuldade: Fácil
Problema 6357 Dificuldade: Difícil
Solução do problema 6354
Solução do problema 5355
NORTE♠ A732♥ AQ109♦ J6♣ J53
SUL♠ KQ954♥ J5♦ K1094♣ A4
OESTE♠ 6♥ 863♦ AQ5♣ KQ10976
ESTE♠ J108♥ K742♦ 8732♣ 82
João Fanha/Pedro Morbey([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
atacar o naipe (depois de fazer a Dama de paus), baldar o Valete de copas so-bre o Valete de paus, apresentar a Dama de copas e deixar correr se Este assistir com uma pequena baldando um ou-ro (se Oeste fizer a vaza, o Rei de ouros está protegido), e insistir nas copas até cortar o Rei de Este. Ir ao morto através do 7 de espadas para encaixar alguma copa apurada que ainda sobre.Qualquer outra linha de jogo conduzirá ao cabide.
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2 ♣ X ?
O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?
1. ♠ AJ8 ♥ KQ5 ♦ AQ54 ♣ 10822. ♠ 62 ♥ K962 ♦ AQ43 ♣ AQ23. ♠ AJ10 ♥ AK2 ♦ 10872 ♣ AJ94. ♠ K2 ♥ AJ4 ♦ AJ1087 ♣ K82
Respostas: 1. Passe – Um sistema simples consiste em: marcar 2 ouros com 5 cartas; passar sem rico de quatro cartas e sem defe-sa a paus; responder 2 em rico se tiver quatro cartas desse rico; marcar 2ST ou 3ST com defesa a paus e sem ricos de 4; cue-bidar em 3 paus com os dois ricos; redobrar com cinco bons paus. Com a mão 1, sem ricos, sem cinco ouros e sem defesa a paus, o passe é a voz indicada.2. 2 ♥ – Simples, quatro cartas de copas sem mais informações adicionais (nega quatro espadas).3. 3ST – Sem ricos, mas máximo com boa defesa a paus.4. 2 ♦ – Natural, promete cinco cartas. O parceiro pode ainda perguntar se defen-demos paus se recorrer ao cue-bid em 3 paus.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
"ÁGUIAS" VENDEM AVANÇADO.
"DRAGÕES" CONTRATAM GUARDA-REDES.
"LEÕES" CONTRATAM AVANÇADO.
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40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
Carlos Mané entrou na segunda parte e esteve no lance do golo de Montero, que deu o triunfo aos “leões”
PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
A liderança do Sportingsaiu do banco de suplentes
Estava em jogo a liderança do campe-
onato, uma competição que é, como
Jorge Jesus diz, a grande prioridade
do Sporting. Foi por isso que poupou
na Liga Europa, para se poder apre-
sentar na máxima força no segundo
jogo da época em Alvalade para a
Liga, frente ao Nacional da Madei-
ra, para a quinta jornada. Com o seu
melhor “onze”, o Sporting esperou e
desesperou (embora tenha tido quei-
xas da arbitragem), mas acabou por
vencer por 1-0 graças a um golo de
Freddy Montero já perto do fi m e
frente a um adversário em inferiori-
dade numérica desde o minuto 32.
Como havia dado a entender, Jesus
mudou metade da equipa em relação
ao jogo com o Lokomotiv, com alte-
rações em todos os sectores, numa
versão muito aproximada daquele
que tem sido o “onze” base da tem-
porada — sem Carrillo, mais uma vez
afastado da convocatória. Do lado
Nacional, apenas um avançado, Soa-
res, e um meio-campo reforçado.
A estratégia de Jesus para este Spor-
ting implica risco. Muita gente a ata-
car e pouca gente a defender. Algum
passe falhado e sai um contra-ataque.
Os adversários já apanharam esta fa-
lha e o Nacional, mesmo não tendo
criado nenhuma grande situação de
golo, fê-lo por várias vezes.
O jogo praticamente só teve um senti-
do, a baliza do Nacional, com o Spor-
ting a exercer um domínio, diga-se,
consentido pelo adversário, mas a
mostrar pouco acerto. Aos 15’, Gel-
son esteve bem perto do golo, mas
atirou ao lado. Aos 27’, foi o argelino
a atirar ao lado.
Aos 32’, as coisas complicaram-se
para o Nacional, com a expulsão de
Sequeira, que viu o segundo cartão
amarelo na sequência de um con-
tacto com Slimani. Não parece ha-
ver falta do defesa português, mas
o árbitro Fábio Veríssimo achou que
sim e condenou a equipa de Manuel
Machado a jogar uma hora com dez.
Isto podia ser um bom sinal para os
“leões”, mas a verdade é que o tem-
po foi passando e nada aconteceu.
Os madeirenses eram solidários na
defesa, os “leões” sôfregos na busca
do golo. Com muita posse de bola e
jogo vistoso, mas sem grande efec-
tividade.
Jesus foi lançando tudo aquilo que
tinha no banco. Primeiro Montero,
depois Carlos Mané e André Martins.
Alvalade já se começava a enervar,
a perspectivar mais um empate ca-
seiro para o campeonato, mas o que
aconteceu aos 86’ validou por com-
pleto as opções de recurso de Jesus.
Montero iniciou a jogada, meteu a
bola em Mané, que a devolveu ao co-
lombiano, que atirou à baliza fora do
alcance do guardião Rui Silva.
REACÇÕES
“ O Sporting ganhou porque jogou bem. O importante era ganhar. [Sobre Carrillo] É uma decisão do presidente”
“A equipa esteve bem a defender, jogando uma hora em inferioridade numérica. Hoje foi preciso mais do que o Sporting para que o Nacional saísse daqui vencido”
Jorge Jesus Sporting
Manuel Machado Nacional
Crónica de jogoMarco Vaza
A equipa “leonina” derrotou o Nacional da Madeira, em Alvalade, e junta-se ao FC Portono topo da classifi cação, deixando o Benfi ca à distância de quatro pontos
Sporting 1Montero 86’
Nacional 0
Positivo/Negativo
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Assistência Cerca de 25.000 espectadores
Sporting Rui Patrício, Ricardo Esgaio, Paulo Oliveira a62’, Naldo, Jeff erson, Adrien, João Mário (André Martins, 77’), Gelson, Bryan Ruiz (Carlos Mané, 65’), Teo Gutierrez (Montero, 54’) e Slimani a45’+1’. Treinador Jorge Jesus.
Nacional Rui Silva a72’, Campos, Rui Correia, Zainadine, Sequeira a27’ e 32’ a32’, Aly Ghazal a90’+2’, Luís Aurélio (Nenê Bonilha, 66’ a75’), Washington, João Aurélio a66’, Soares (Gustavo, 85’) e Salvador Agra (Willyan, 66’). Treinador Manuel Machado.
Árbitro Fábio Veríssimo (Leiria)
MonteroConseguiu fazer o que nem Slimani, nem Gutiérrez conseguiram: marcar um golo. Foi ele que iniciou e terminou a jogada.
Gelson MartinsSem Carrillo, cujo regresso à equipa continua a ser uma incógnita, o jovem da formação vai ganhando o seu espaço. Foi o que mais vezes tentou desequilibrar e esteve perto do golo.
Aly GhazalFoi o pilar do Nacional, especialmente após a expulsão de Sequeira. Quase perfeito.
Ataque do NacionalMesmo a jogar com 11, o Nacional revelou uma tremenda falta de ambição. Talvez Manuel Machado estivesse à espera da segunda parte para arriscar, mas a expulsão de Sequeira esvaziou-lhe os planos.
GutiérrezLento e complicativo. Foi o primeiro sacrificado.
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESPORTO | 41
O Belenenses conquistou ontem a
sua primeira vitória na I Liga, ao ba-
ter o Moreirense, por 2-0, no Estádio
do Restelo, em jogo da quinta jorna-
da da prova e que esteve interrom-
pido por 15 minutos já na sua ponta
fi nal devido a uma falha de energia.
Depois de três empates e uma der-
rota nas rondas anteriores, a equipa
lisboeta conquistou, fi nalmente, três
pontos. Já o Moreirense mantém-
se na zona de despromoção, sem
qualquer triunfo até ao momento e
apenas um ponto somado em cinco
encontros.
Uma semana depois da goleada so-
frida no Estádio da Luz, os “azuis”
entraram determinados em ofere-
cer uma recompensa aos adeptos
e, à passagem dos nove minutos, o
Belenenses inaugurou o marcador,
por intermédio de Luís Leal, que se
estreou a marcar com a camisola da
Cruz de Cristo.
Apesar do golo sofrido, os visi-
tantes discutiram o jogo de forma
aberta, obrigando Ventura a inter-
venções complicadas, mas os “azuis”
voltaram a demonstrar efi cácia na
hora de atirar à baliza e ampliaram
a vantagem, graças à fi nalização de
Miguel Rosa. E o resultado podia ser
ainda mais dilatado se Carlos Martins
tivesse convertido um penálti.
Falha de luz não impediu o primeiro triunfo “azul”
Futebol
Belenenses ainda falhou um penálti. Moreirense continua sem saber o que é ganhar no campeonato
Belenenses 2Luís Leal 9’, Miguel Rosa 23’
Moreirense 0
Sporting de Braga 5Stojiljkovic 7’, Stojiljkovic 35’, Rafa 60’, Alan (g.p.) 76’, Rui Fonte 89’
Marítimo 1Dyego Sousa 38’
Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa.
Assistência Cerca de 2000 espectadores
Belenenses Ventura, André Geraldes, Tonel, Gonçalo Brandão, Filipe Ferreira, Rúben Pinto, André Sousa a68’ (Ricardo Dias, 73’), Kuca, Carlos Martins (Fábio Sturgeon, 64’), Miguel Rosa a73’ e Luís Leal (Tiago Caeiro, 90’+16’). Treinador Sá Pinto.
Moreirense Stefanovic, Sagna, Marcelo Oliveira a90’+22’, Danielson a36’, Evaldo, Filipe Gonçalves (Palhinha, 34’), Battaglia a27’, Vítor Gomes (Luís Carlos, 85’), Iuri Medeiros, Ernest (Fati, 34’) e Ramón Cardozo a60’. Treinador Miguel Leal.
Árbitro Duarte Gomes (Lisboa)
Jogo no Estádio Municipal de Braga, em Braga.
Assistência 8991 espectadores
Sp. Braga Kritciuk, Baiano, Ricardo Ferreira, André Pinto, Djavan, Vukcevic a33’ (Filipe Augusto, 70’), Luiz Carlos, Pedro Santos, Rafa (Alan, 65’), Rui Fonte e Stojiljkovic (Wilson Eduardo, 79’). Treinador Paulo Fonseca.
Marítimo Salin, Patrick (Tiago Rodrigues, 46’), Dirceu, Raul Silva a36’ e 68’ a68’, Ruben Ferreira a75’, Fransérgio, João Diogo a66’, Ghazaryan (Deyvison, 70’), Alex Soares, Edgar Costa e Dyego Sousa (Xavier, 46’). Treinador Ivo Vieira.
Árbitro Carlos Xistra (Castelo Branco)
Os bracarenses festejaram cinco vezes frente ao Marítimo
Jogar no seu estádio tem sido um
porto seguro para o Sporting de
Braga e ontam a equipa bracarense
goleou o Marítimo (5-1) para obter a
sua terceira vitória em outros tantos
jogos em casa, onde conseguiu todos
os pontos que tem no campeonato.
Com o triunfo, igualou Benfi ca e Es-
toril na classifi cação.
Nikola Stojiljkovic foi a grande fi gu-
ra do encontro. O reforço sérvio foi
pela primeira vez titular e justifi cou
plenamente a aposta de Paulo Fon-
seca, ao apontar os dois primeiros
golos da sua formação e, depois, a
participar decisivamente no terceiro,
numa altura em que o Marítimo ain-
da acreditava na recuperação. Mais
tarde, já com os visitantes reduzidos
a nove elementos, o Sp. Braga apro-
veitou para aumentar a vantagem.
O avançado de 23 anos esteve
sempre muito bem acompanhado
por Rafa, Pedro Santos e Vukcevic,
autor de duas assistências, mas para
inaugurar o marcador não precisou
de muita ajuda. Com a bola a saltar
à sua frente, disparou de longe, de
pé esquerdo, para um grande golo,
logo aos 7’. Salin, um dos melhores
em campo, não conseguiu fazer nada
para impedir os festejos do sérvio,
que voltou a marcar — e a mostrar
qualidade — aos 34’, depois de bem
servido pelo colega montenegrino,
que fez a recuperação e a assistência.
O Marítimo nunca baixou os braços
Stojiljkovic quer que fixem o seu nome em Braga
na primeira metade, embora as suas
intenções só tenham servido para re-
duzir, aos 38’, com Dyego Sousa a con-
cretizar o trabalho de Edgar Costa.
Na segunda parte, foi sempre mais
perigoso o Sp. Braga, que chegou ao
3-1, através de Rafa (60’), após uma
recuperação de Stojiljkovic e novo
passe decisivo de Vukcevic. Depois,
no intervalo de três minutos, as coi-
sas fi caram muito piores para o Marí-
timo. João Diogo foi expulso por fazer
penálti sobre o avançado sérvio (Rui
Fonte permitiu a defesa de Salin no
castigo máximo) e Raúl Silva porque
o árbitro entendeu (mal) que cortou
uma bola com o braço.
Com menos dois, o Marítimo mos-
trou-se impotente e sofreu mais dois
golos (Alan, de grande penalidade,
aos 76’, e Rui Fonte, aos 89’).
FutebolManuel Assunção
Sérvio marcou os dois primeiros golos no triunfo folgado dos bracarenses sobre o Marítimo
No domingo, depois de sofrer a sexta
derrota da época (cinco para o cam-
peonato e uma para a Taça da Liga),
José Viterbo anunciou a sua saída
do comando técnico da Académica.
Ontem, da parte da manhã, foi a vez
do V. Guimarães comunicar que José
Evangelista vai deixar de ser o treina-
dor principal dos vimaranenses. Os
minhotos, no entanto, não perderam
tempo e devem anunciar hoje Sérgio
Conceição como novo treinador.
“Por ter entendido que não esta-
vam reunidas as condições neces-
sárias para se manter no comando
técnico, o treinador Armando Evan-
gelista solicitou a rescisão do con-
trato. Por entender as justifi cações
apresentadas, e admitindo que nesta
altura esta é a decisão que melhor
defende os interesses do clube, a ad-
ministração da SAD vitoriana aceitou
a sua solicitação.” Foi desta forma
que, em comunicado, o V. Guima-
rães anunciou a saída do antigo trei-
nador da equipa B minhota, ao fi m
de apenas cinco jornadas à frente da
formação vitoriana.
Evangelista, que já não orientou o
treino de ontem, deixa os vimaranen-
ses na 11.ª posição, com seis pontos,
e foi afastado pelo Altach, da Áustria,
na terceira pré-eliminatória da Liga
Europa, depois de o V. Guimarães
perder por 2-1, fora, e 4-1, no Estádio
D. Afonso Henriques.
Para o lugar de Evangelista deverá
entrar Sérgio Conceição. Segundo o
PÚBLICO apurou, o treinador que na
época passada esteve em Braga será
apresentado hoje.
A “chicotada psicólogica” em Gui-
marães foi a segunda entre treinado-
res da I Liga que a quinta jornada do
campeonato originou. No domingo,
José Viterbo foi o primeiro a aban-
donar o cargo. “Tomei a liberdade
de pedir a demissão no fi nal do jogo
porque acho que é o melhor para a
Académica”, disse o técnico no fi nal
da partida frente ao Boavista.
Na época passada, no fi nal da 5.ª
jornada, já tinham despedido os seus
treinadores os dois clubes que viriam
a ser despromovidos: o Gil Vicente
trocou José Mota por João de Deus
logo à 3.ª ronda, enquanto o Penafi el
contratou Rui Quinta para o lugar de
Ricardo Chéu, na ronda seguinte.
Depois de Viterbo, Evangelista também sai
Futebol
Sérgio Conceição deve ser anunciado hoje como novo treinador dos vimaranenses
CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 5V. Setúbal-V. Guimarães 2-2Tondela-Estoril 0-1P. Ferreira-Rio Ave 0-3Académica-Boavista 0-2U. Madeira-Arouca 0-0FC Porto-Benfica 1-0Belenenses-Moreirense 2-0Sp. Braga-Marítimo 5-1Sporting-Nacional 1-0
J V E D M-S PFC Porto 5 4 1 0 10-2 13Sporting 5 4 1 0 9-4 13Benfica 5 3 0 2 13-4 9Sp. Braga 5 3 0 2 11-4 9Estoril 5 3 0 2 4-6 9Rio Ave 5 2 2 1 10-7 8Arouca 5 2 2 1 5-4 8Paços de Ferreira 5 2 2 1 4-5 8Boavista 5 2 1 2 5-7 7V. Setúbal 5 1 3 1 12-11 6Nacional 5 2 0 3 4-4 6União da Madeira 5 1 3 1 2-2 6Vitória de Guimarães 5 1 3 1 4-6 6Belenenses 5 1 3 1 7-11 6Marítimo 5 1 2 2 9-11 5Tondela 5 1 0 4 2-5 3Moreirense 5 0 1 4 2-9 1Académica 5 0 0 5 1-12 0
Próxima jornada Moreirense-FC Porto, Benfica-P.Ferreira, Boavista-Sporting, Marítimo-Tondela, Nacional-V. Setúbal, Arouca-Belenenses, Estoril-U. Madeira, V. Guimarães-Sp. Braga, Rio Ave-Académica
Próxima jornada Desp. Aves-Leixões, Farense-Portimonense, Gil Vicente-Oriental, V. Guimarães B-Penafiel, Mafra-Santa Clara, FC Porto B-Varzim, Ac. Viseu-Atlético, Desp. Chaves-Benfica B, Sp. Covilhã-Sp. Braga B, Feirense-Famalicão, Oliveirense-Freamunde, Sporting B-Olhanense.
MELHORES MARCADORESI LigaJonas (Benfica) 5 Aboubakar (FC Porto) 4II LigaAndré Silva (FC Porto B) 8
II LIGA Jornada 8 Atlético-FC Porto B 2-3 Olhanense-Oliveirense 2-0Benfica B-Gil Vicente 1-0Sp. Braga B-Feirense 1-1Leixões-Mafra 1-1Oriental-Desp. Aves 0-2Portimonense-Sp. Covilhã 1-1Santa Clara-Farense 2-0Famalicão-Ac. Viseu 0-0Freamunde-Sporting B 1-2Penafiel-Desp. Chaves 1-0Varzim-V. Guimarães B 1-0
J V E D M-S P
FC Porto B 8 6 0 2 17-12 18Sporting B 8 5 2 1 12-5 17Sp. Braga B 8 4 3 1 10-7 15D. Chaves 8 4 2 2 10-6 14Ac. Viseu 8 4 2 2 6-6 14Atlético 8 4 1 3 11-9 13Benfica B 8 4 1 3 11-9 13Varzim 8 4 1 3 10-9 13Santa Clara 8 4 0 4 9-8 12Farense 8 3 2 3 9-9 11Olhanense 8 3 2 3 7-7 11Portimonense 8 2 5 1 12-10 11Famalicão 8 2 5 1 11-11 11Penafiel 8 3 2 3 8-9 11Gil Vicente 8 2 3 3 10-9 9D. Aves 8 2 3 3 9-10 9Freamunde 8 2 2 4 8-8 8V. Guimarães B 8 1 5 2 9-10 8Oriental 8 2 2 4 13-16 8Mafra 7 2 2 3 7-7 8Feirense 8 0 7 1 9-11 7Leixões 8 1 3 4 5-10 6Sp. Covilhã 7 1 3 3 4-9 6Oliveirense 8 0 2 6 5-15 2
MILAN KAMMERMAYER/AFP
42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
REUTERS
Victor Valdés numa das poucas ocasiões em que vestiu a camisola do Manchester United
26 de Março de 2014 — era apenas
mais um jogo na carreira de Victor
Valdés. O Barcelona defrontava, em
casa, o Celta de Vigo e a partida de-
corria com normalidade até que sur-
giu o minuto 22, fatídico para Victor
Valdés. Num lance aparentemente
controlado, o guarda-redes apoiou
mal o pé no relvado e, segundos de-
pois, não conseguiu aguentar as do-
res e caiu estatelado. O diagnóstico
dos médicos foi claro: rotura do li-
gamento cruzado anterior do joelho
direito. Entre seis e oito meses de
baixa. Os culés até venceram a par-
tida por 3-0, dois golos de Neymar
e um de Messi, mas esses três pon-
tos fi caram relegados para segundo
plano.
Além de falhar os últimos jogos da
época do Barça, o guardião iria per-
der a fase fi nal do Mundial, prova em
que iria assumir a titularidade, rele-
gando Iker Casillas para o banco.
Valdés, que meses antes anuncia-
ra que não iria prorrogar o vínculo
com o Barcelona, despedia-se, as-
sim, sem glória, do clube do cora-
ção. Nos blaugrana, o internacional
espanhol construiu um palmarés de
impor respeito: foram mais de 500
O calvário interminável de Victor Valdés
partidas ofi ciais, conquistando três
Ligas dos Campeões, dois mundiais
de clubes, seis campeonatos es-
panhóis, duas Taças do Rei, cinco
supertaças espanholas e duas euro-
peias. Ao serviço da roja venceu o
Mundial da África do Sul em 2010
e o Europeu dois anos mais tarde.
Todas estas conquistas fi zeram do
guardião um dos mais titulados a
nível mundial.
Mas a carreira desportiva de Val-
dés mudou e não mais voltou a ser
a mesma. Uma espécie de calvário.
sem fi m. O pré-acordo que tinha
com o Mónaco não foi cumprido e
o jogador fi cou sem clube. Isolou-se
dos fl ashes mediáticos e embarcou
para a cidade alemã de Augsburgo,
onde recuperou da grave lesão. Pelo
meio, recusou uma oferta para reno-
var contrato e dessa forma regressar
ao “seu” Barcelona.
Meses depois, o guarda-redes es-
tava novamente a 100%, mas sem
clube. Com todas as portas fechadas,
Louis Van Gaal convidou-o a assinar
pelo Manchester United. Valdés não
pestanejou e vinculou-se até ao Ve-
rão de 2016 com os red devils. Mas a
estadia do espanhol em Old Traff ord
não está a correr de feição. Apenas
foi utilizado em duas partidas ofi -
ciais, na temporada passada, e en-
trou na “lista negra” do treinador
holandês, que tinha sido responsá-
vel por o lançar na equipa principal
do Barcelona quando ainda era um
adolescente.
No United, seria a “sombra” do
compatriota David De Gea, mas a
aposta tem redundado em falhan-
ço. Recentemente, foi afastado dos
planos de Van Gaal — tudo começou
num episódio que remonta à época
passada — e nem integrou o lote de
jogadores chamados para a digres-
são que decorreu nos EUA.
“O ano passado ele recusou jogar
nas reservas. Há certos princípios
que se têm de seguir para ser guarda-
redes no Manchester United. Quan-
do não se seguem, só há uma saída.
Ele não foi escolhido porque não se-
gue a nossa fi losofi a. Quando assim
é, não há um lugar para esse jogador.
Sim, o Victor Valdés será vendido. É
tudo uma questão de ritmo, ritmo
de jogo”, afi rmou, a 15 de Julho, o
treinador holandês.
Mas o jogador de 33 anos não foi
vendido. Recusou transferir-se para
o Besiktas, clube com o qual tinha tu-
do acertado, e para o Marselha. Sem
alternativa, o manager da formação
inglesa não teve alternativa que não
fosse inscrevê-lo na Premier League,
mas, fi cou de fora dos jogadores ins-
critos para a fase de grupos da Liga
dos Campeões. Estes sucessivos con-
tratempos, contudo, parecem não
abalar o espanhol.
“Não importa o que aconteça. A
única forma que conheço é traba-
lhar duro todos os dias”, escreveu
Valdés, na sua conta na rede social
Twitter.
Riscado das opções de Van Gaal,
o guarda-redes irá manter a força na
equipa de reservas no Manchester
United até Janeiro, mês em que rea-
bre a janela de transferências.
Futebol internacionalLeonel Lopes Gomes
A vida do guarda-redes nunca mais foi a mesma desde que se lesionou com gravidade no joelho direito
Garrafas de vidro, moedas e uma boa
variedade de outros objectos voaram
anteontem das bancadas do Estádio
do Marselha para o relvado, levando
à interrupção do jogo entre os marse-
lheses e o Lyon, da Liga francesa de
futebol, durante 20 minutos. O caso
levou já o ministro do Desporto fran-
cês a classifi car como “inaceitáveis”
os incidentes e a Liga gaulesa anun-
ciou que se vai reunir de emergência
para analisar o sucedido.
Na origem de tudo, um jogador:
Mathieu Valbuena. Ídolo do Mar-
selha, tendo vestido a camisola do
clube durante oito temporadas, Val-
buena era de tal forma idolatrado pe-
los adeptos e tão considerado pelo
emblema marselhês que quando se
transferiu para o Dínamo de Mosco-
vo, há dois anos, o Marselha decidiu
retirar a camisola 28 para que mais
nenhum jogador a usasse.
Só que Valbuena “traiu” toda esta
devoção e aceitou regressar a França
e vestir outra camisola, a do Lyon.
A desfeita levou o Marselha a voltar
atrás com a decisão e motivou uma
recepção no mínimo hostil, com di-
reito a um boneco enforcado exibido
numa das bancadas do estádio e a
uma camisola com o nome do joga-
dor queimada ainda antes do início
da partida.
Durante o jogo, Valbuena foi alvo
de várias entradas duras de adversá-
rios. Uma delas, protagonizada por
Alessandrini, motivou até a expulsão
deste (44’). Os ânimos continuaram
bem exaltados e aos 60’, quando o
Lyon vencia por 1-0 e jogava em in-
ferioridade numérica, o árbitro or-
denou que os jogadores abandonas-
sem o relvado, numa altura em que
o internacional português Anthony
Lopes, guarda-redes do Lyon, se pre-
parava para marcar um pontapé de
baliza e, subitamente, começaram a
“chover” vários objectos.
Após mais de 20 minutos de in-
terrupção, o encontro foi retomado
e Rekik acabou por fazer o golo do
empate, aos 68 minutos.
O jogador comentou o que viveu
no Vélodrome no fi nal da partida:
“Claro que estou desapontado com
esta recepção. Não merecia os asso-
bios. É uma pena apagar oito anos só
porque assinei pelo Lyon. É estúpido.
Nunca pensei viver este dia. Penso
que marquei a história do Marselha
e isso justifi caria outro respeito, mas
já passou”, concluiu o jogador.
“Estava um ambiente muito hostil.
Estou no futebol há 28 anos e nun-
ca vivi nada assim. O que aconteceu
foi vingança contra Valbuena. A sua
integridade física esteve em perigo”,
comentou o presidente do Lyon.
O ministro do Desporto francês
classifi cou como “inaceitáveis” os
incidentes e lembrou que o país
vai organizar o Europeu de fute-
bol. “Estamos a meses de organi-
zar o Euro 2016. Peço a todos que
avaliem o que aconteceu”, afi rmou
Thierry Braillard, em declarações
à rádio RTL, considerando que os
“incidentes são inaceitáveis” e de-
fendendo “controlos mais fi rmes”.
No sábado, no encontro entre o
Bastia e o Nice (3-1) também se verifi -
caram incidentes nas bancadas e, em
Reims, adeptos do PSG provocaram
distúrbios no fi nal do encontro.
Futebol internacionalJorge Miguel Matias
Liga francesa de futebol vai reunir-se de emergência para analisar os incidentes ocorridos durante o jogo de domingo
Valbuena escapa ao arremesso de um isqueiro no jogo com o Marselha
PHILIPPE LAURENSON/REUTERS
A “traição” de um jogador levou à interrupção do Marselha-Lyon
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 43
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA
O PÚBLICO ERROU
Teste aos humores do eleitorado
As sete vidasde Alexis Tsipras
O PÚBLICO inicia hoje a divulgação
de uma tracking poll, ou seja, a
evolução diária das intenções de voto
dos portugueses. A iniciativa, que
resulta de uma parceria com a TVI
e a Intercampus, não deve ser encarada
tanto como uma sondagem quotidiana,
mas sobretudo como a tradução da forma
como os eleitores avaliam o dia-a-dia dos
partidos durante a campanha e como essa
avaliação se refl ecte na sua vontade de
votar nesta ou naquela organização política.
Nessa medida, o que será importante reter
é o ritmo das tendências e verifi car o que
realmente determina eventuais oscilações
para cima e para baixo, quando as há. Vale
a pena acentuar que o inquérito com que
hoje abrimos esta tracking poll se inicia com
os resultados de 750 entrevistas telefónicas,
às quais se somam mais 250 no dia seguinte.
As mil entrevistas mantêm-se até 29 de
Setembro, mas todos os dias são retiradas
as 250 mais antigas e somadas outras tantas
mais recentes. Na data atrás referida, será
publicada uma grande sondagem com
simulação de voto em urna, justamente dois
dias antes do encerramento da campanha,
marcado para 2 de Outubro.
O que este primeiro inquérito hoje indica
é que não há praticamente alterações nas
grandes tendências até agora reveladas nas
sondagens publicadas depois da rentrée. Um
empate técnico entre os dois grandes blocos
bipolarizadores, que se têm revezado ora na
primeira, ora na segunda posição entre os
vários estudos de opinião. Como curiosidade,
registe-se que os trabalhos de campo da
tracking poll da Intercampus decorreram
entre 18 e 20 de Setembro, já depois do
debate que Passos Coelho e António Costa
protagonizaram através das antenas de TSF,
Rádio Renascença e Antena 1 no dia 17 e que
a maioria dos observadores considerou ter
sido mais favorável ao líder da coligação
PSD/CDS. Será que esse acontecimento
teve infl uência decisiva na opinião dos
inquiridos? Os próximos dias ajudarão a
perceber a resposta a esta pergunta.
Olíder do Syriza conseguiu sobreviver
politicamente a todas as suas
contradições, e já foram algumas.
Ganhou eleições em Janeiro com um
programa que nunca cumpriu; em
Julho convocou um referendo em que ele
próprio e a maioria dos gregos rejeitaram
a austeridade; em Agosto chegou a acordo
com os credores para aplicar essa mesma
austeridade; e em Setembro antecipou
eleições e voltou a ganhar. Tsipras já provou
que é um hábil sobrevivente e agora tem pela
frente um mandato com um longo caderno
de encargos que vai ter de executar com
uma maioria mais curta (155 deputados do
Syriza e dos Gregos Independentes, contra
os 162 da coligação em Janeiro). A próxima
batalha será tentar renegociar a dívida, em
contrapartida de uma execução zelosa do
memorando da troika, conseguindo assim
trunfos para agradar a gregos, troianos,
devedores e credores e, naturalmente, a sua
própria sobrevivência política.
As lições de Tsipras para toda a esquerda!...Alexis Tsipras voltou a ganhar as
eleições na Grécia, praticamente
com a mesma percentagem de
votos e de deputados. Mostrou ser
um grande líder e um exemplo para
toda a esquerda europeia. Quem
pensa que deixou de ter os mesmos
objetivos que tinham nas anteriores
eleições engana-se. Tsipras não
traiu a esquerda; ele, como grande
político que é, apenas mudou
a tática para atingir os mesmos
objetivos. Perante a realidade que
encontrou na Europa, perante a
chantagem que a União Europeia
lhe fez, Tsipras refl etiu, estudou
cenários alternativos de saída do
euro e concluiu que devia, apenas,
mudar de tática política. Pensou
acima de tudo no seu povo e
chegou à conclusão que para seu
benefício devia manter a Grécia
no euro, mesmo que para isso
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
tenha que fazer um recuo a curto
e médio prazo, não deixando de
pugnar por uma renegociação da
dívida nos próximos meses. Era
bom que a esquerda portuguesa
refl etisse nas opções do Syriza,
neste momento histórico, e
deixasse de vez o seu discurso
radical em relação às opções que
o próximo Governo deve tomar a
nível interno e europeu. Não vale
a pena exigir tudo de uma só vez,
romper compromissos e tratados,
lutar contra moinhos de vento. É
preciso aprender com os gregos
que, percebendo que a primeira
opção do Syriza não deu resultado,
deram a Tsipras a oportunidade de
escolher outro caminho que leve —
embora com mais sacrifícios e mais
tempo — aos mesmos objetivos.
Tsipras sabe que há eleições
em Portugal e Espanha e que a
correlação de forças na Europa
pode mudar paulatinamente.
(...) Tenho esperança que
Na edição de ontem, no texto
com o título JS coloca na agenda
a prostituição e a produção de
drogas leves (página 4), foi escrito
que “Não é o Estado que tem de
garantir os serviços de educação
e de saúde”, declarado por Simão
Ribeiro, líder da JSD. A citação
correcta é: “O Estado tem que
garantir a educação e saúde para
todos, mas não tem que ser sempre
o prestador do serviço. Pode e deve
contratualizar”. Pelo erro, as nossas
desculpas aos leitores e ao visado.
a esquerda mais radical, que
olha, agora, para Tsipras com
desconfi ança, venha ainda a refl etir
e não queira entregar, de mão
beijada, de novo, o Governo do
país à direita minoritária. É tempo,
afi nal, de ainda ter esperança!
José Carlos Palha, Gaia
Despesas das refeições em escolas particulares
Assediadas por escolas particulares
e por jornalistas e por estarmos
em campanha eleitoral, as
Finanças decidiram agora que
as refeições escolares passassem
a despesas de educação, dando
assim mais dedução no IRS. Mas
os medicamentos — receitados por
médico — só porque pagam IVA
de 23% (apenas por o Infarmed
não ter chegado a acordo com
o seu fabricante para lhes dar
comparticipação) continuam e
continuarão a ser considerados
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
“despesas gerais” e não de “saúde”.
Penalizando duplamente o IRS dos
doentes. Que não têm poder de
reivindicação e, para este Governo,
são por isso lixo a que procuram
sacar o mais possível. Nas pensões,
nos impostos, na saúde.
António J. M. Nunes da Silva, Oeiras
Como vamos de votos? Vamos ficar a saber a partir de hoje
44 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
MANUEL ROBERTO
A FCT, a avaliação, a avaliadora e os avaliados
Já muito se falou sobre os últimos
anos de atuação da FCT e das
políticas deste Governo em I&D:
por um lado, assumindo sem
pudor draconianas medidas
de austeridade, com cortes
discricionários que quase
destruíram o sistema científi co
nacional, particularmente
nas ciências sociais; por outro
lado, tentando dourar essas decisões com
um mantra ideológico assente na aura
da procura da “excelência”, espécie de
quinta essência do discurso meritocrático,
que esquece como são importantes
comunidades científi cas sólidas, maduras,
bem apetrechadas e com forte ambiente de
aprendizagem coletiva.
Uma recente comunicação apresentada
no Instituto Superior de Economia e Gestão
pela responsável pelo painel de avaliação
das ciências sociais, a britânica Rosemary
Deem [1], põe a nu as inúmeras falhas de
todo o processo, mas revela também como
os avaliadores (supostamente também
cientistas) desenvolvem impressões e
preconceitos.
Vamos à primeira parte. Num exercício
de comparação entre os processos de
avaliação das unidades de I&D levados
a cabo no Reino Unido e em Portugal, a
avaliadora aponta problemas graves de
conceção e de execução no nosso país:
— a maior parte dos avaliadores fez o seu
trabalho à distância, sem contacto entre si
(apenas estiveram juntos duas vezes por um
período de 48 horas);
— não existiu formação sufi ciente sobre
a sociedade portuguesa, o contexto de
recessão e de cortes nos serviços públicos,
nem tampouco sobre a confi guração e
história do sistema científi co português;
— as visitas às unidades duravam três
escassas horas, impedindo um contacto
aprofundado com as realidades sob
apreciação;
— as avaliações e os resultados da
primeira etapa de avaliação estavam já
previamente defi nidos, uma vez que a
Fundação Europeia da Ciência fi rmou
um contrato com a FCT que estipulava,
à partida, que 50% dos centros de
investigação não seriam fi nanciados;
— o staff da FCT era reduzido, sofrendo
com os cortes em recursos humanos
qualifi cados e revelando grandes
difi culdades no acompanhamento técnico e
logístico do processo;
— os painéis (apenas sete!) não sabiam
como trabalhar com as especifi cidades
disciplinares e a vastidão de áreas do
conhecimento (basta ver que existia apenas
um painel para todas as ciências sociais);
— durante a avaliação, multiplicaram-se
as incongruências entre as orientações do
ex-presidente da
FCT Manuel Seabra
e o staff técnico,
gerando confusão
entre os avaliadores;
— o regulamento
permitia grande
variação de
fi nanciamento
entre unidades
com a mesma
classifi cação, uma
vez que a FCT não
estabeleceu valores
máximos para cada
item de avaliação;
— a falta de
coordenação e
de “calibração”
entre os sete
gigantescos painéis
levou, segundo a
avaliadora, a que
não houvesse um
único centro em ciências sociais classifi cado
como excecional;
— as regras de fi nanciamento nunca
foram devidamente explicadas, nem
aos avaliadores, nem aos centros, o que
originou falta de transparência no processo;
— os próprios avaliadores foram
Perante os clamorosos erros apontados pela própria avaliadora, surgem até como moderados e sensatos os ecos da contestação
erroneamente informados pelo primeiro-
ministro, que, numa conferência europeia
sobre o Futuro da Ciência, considerou
que as anteriores avaliações tinham sido
parciais e subjetivas.
Percebe-se bem o caldo de erros
subjacente a todo este processo que, pura
e simplesmente, deveria ter sido anulado,
houvesse um mínimo sentido ofi cial de
justiça e responsabilidade.
No entanto, a comunicação da avaliadora
revela ainda outras preocupantes questões,
nomeadamente uma questão ética
fundamental: dado este rol de constatações,
não se compreende que tenha aceitado
manter-se como avaliadora e coordenadora
de painel, tanto mais que tudo se
desenrolou sob a égide da desprestigiada
Fundação Europeia para a Ciência. Mas,
pior ainda, exala uma certa irritação
com o sistema democrático português
(que permite contestações jurídicas a
procedimentos incorretos e injustos...),
a imprensa e os seus profi ssionais (em
particular com o jornal PÚBLICO) e insinua
que os avaliadores fi caram negativamente
impressionados com a forte reação da
comunidade científi ca face aos resultados
da avaliação.
Perante os clamorosos erros apontados
pela própria avaliadora (e que constituem
Debate Investigação científica
uma espécie de manual do que nunca se
deve fazer num processo de avaliação),
surgem até como moderados e sensatos os
ecos da contestação.
Avaliar é conhecer para retifi car
e melhorar, não para punir e cortar
cegamente. O sistema científi co
português merece outro rigor, o que
signifi ca, também, melhores avaliadores.
A credibilidade das instituições passa
forçosamente pela credibilidade das suas
acções. Face ao conteúdo da comunicação
apresentada pela avaliadora supracitada,
a um governo e a uma instituição sérios,
não restaria outra coisa que não fosse pedir
desculpa e anular todo o processo.
[1] Rosemary Deem, “Recent research evaluations
in the UK and Portugal: methodologies,
processes, controversies, responses and
consequences”. Comunicação apresentada na
CHER annual conference, ISEG, Universidade de
Lisboa, 7-9 de Setembro de 2015.
Pedro Abrantes, Maria José Casa-Nova, Fernando Diogo, Carlos Estêvão, Rafaela Ganga, João Teixeira Lopes, Benedita Portugal, Sofia Marques da SilvaMembros do Núcleo do Manifesto para Um Mundo Melhor (Manifesto Internacional de Cientistas Sociais)
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
A cultura e a incerteza europeia
AEuropa está cansada e sem
respostas. A inefi cácia do
seu modelo governativo
tem agravado tensões e
incertezas. Muitos milhares
de refugiados de diversas
origens continuam a procurar
na Grécia ou em Itália a
entrada num continente que,
supostamente, lhes pode
assegurar pão, tecto e direitos sociais,
embora os países em geral dispensem este
reforço demográfi co.
A crise recente que se encontra
longe de estar superada continua a não
dar garantias de estabilidade e de um
futuro tranquilo. A Europa, pela força
do elemento económico e fi nanceiro e
pela fragilidade da componente política,
continua germanizada quando a vontade
da maioria aponta para a necessidade
de vermos esse país europeizado e não o
contrário, ainda com as feridas abertas por
duas guerras mundiais que a Alemanha
perdeu mas que deixaram muitas dívidas
materiais e morais latentes. E ninguém
pode esperar que seja a cultura, com
a complexa diversidade que tem neste
continente, a apaziguar confl itos e atenuar
ódios enraizados e antigos.
Em entrevista recente ao jornal
Guardian, o fi lósofo alemão Jürgen
Habermas, professor da Universidade
Goethe em Frankfurt, declarou: “A
presente crise pode ser explicada com
as causas económicas e com o fracasso
fi nanceiro”. E acrescentou: “Nenhuma
comunidade política é capaz de suportar
esta tensão durante tanto tempo. Ao
mesmo tempo, focando e evitando um
confl ito aberto, as instituições europeias
têm evitado tomar iniciativas. Apenas os
dirigentes de governos com assento na
Comissão Europeia estão em posição de
actuar, mas são precisamente os que se
mostram incapazes de agir na defesa do
interesse de uma comunidade europeia
unida, porque pensam demasiado nos
seus eleitorados nacionais. E nós estamos
presos nesta armadilha.”
Com ou sem Alexis Tsipras na liderança
do Governo grego, a Grécia deixou de ser
a causa central desta crise e passou a ser
uma das suas mais amargas consequências,
sem que ninguém saiba quais serão as
etapas seguintes.
O anúncio vindo de François Hollande
de que pretende estabilizar a Europa
e a gestão dos seus assuntos com
um directório político que envolva e
comprometa as nações fundadoras do
projecto da União, introduziu, mesmo
com o inevitável aval alemão, um novo e
forte factor de perturbação e incerteza que
ninguém sabe como irá ser superado.
E tem razão de sobra Jürgen Habermas
para afi rmar que “o projecto de união deve
ter capacidade bastante para funcionar
ao nível supranacional. Tendo em vista
o caótico processo agravado pela crise
grega não podemos continuar a ignorar os
limites efectivos do presente método de
compromisso intergovernamental”.
Entretanto, os muros aparecem e
multiplicam-se. Depois da queda do Muro
de Berlim em 1989 e do crescimento dos
muros de outras vergonhas que separam
israelitas de palestinianos, temos um
novo muro na fronteira da Hungria com a
Sérvia, temos o muro que separa a cidade
de Ceuta do resto do território marroquino
e temos também a promessa de um novo
muro em Calais. O mundo cresceu, evoluiu
muito em termos tecnológicos, mas o
ser humano não se transformou e não
superou os fantasmas e as ambições que
fi zeram dele o beco sem saída das grandes
angústias milenares que nunca as religiões
e as utopias conseguiram superar.
Vasco Graça Moura, grande poeta e
político que integrou como deputado o
Parlamento Europeu, escreveu o livro A
Identidade Cultural Europeia (Fundação
Francisco Manuel dos Santos), um dos seus
derradeiros títulos, em que afi rma com
sábia serenidade: “Torna-se delicado falar
em integração cultural. As questões ligadas
à identidade cultural não podem resolver-
se nem regulamentar-se como as relativas à
produção de manteiga ou à exploração dos
recursos do mar. Supõem aproximações e
distâncias, possibilidades de coordenação
e parentescos, similitudes de estruturação
política (hoje em dia) e também uma certa
visão do mundo que acaba por ser comum
a partir de ópticas
que não coincidem
necessariamente
em todos os
pontos. E tem
de se respeitar
e preservar
essas diferenças,
prevendo antes
modalidades e
mecanismos de
cooperação”.
As diferenças
culturais e a
impressionante
riqueza da
diversidade não
tiveram qualquer
peso nas duas
guerras mundiais
do século XX, não
desmantelaram
trincheiras,
não afundaram
esquadras, nem declararam vencedores.
Nos dois lados das guerras, estiveram
sempre alguns dos melhores poetas,
pintores e músicos das suas gerações,
incapazes de comunicarem uns com os
outros. Mas foram eles e as suas obras que
permitiram ao realizador alemão Wim
Wenders afi rmar há meses, num canal
de televisão em França, que a cultura é
o único verdadeiro capital que a Europa
deve aproveitar e desenvolver. A Europa
José Vítor Malheiros interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral
Escritor, jornalista e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores
A Europa conhece a força mobilizadora desse capital, a cultura, mas não o usa em seu favor
Miguel Esteves Cardoso interrompe a sua crónica durante o mês de Setembro, para férias, voltando ao espaço habitual em Outubro
Debate Europa e culturaJosé Jorge Letria
conhece a força mobilizadora desse capital
mas não o usa em seu favor, nem faz com
que ele tenha uma expressão vital na
vida da Comissão que tão cara sai a esta
Europa.
Agora trata-se de evitar que a incerteza
e a desigualdade abram as portas para
níveis de crispação, tensão e crítica
que já abriram portas a confl itos graves
e prolongados. E que fi que claro que
não há maniqueísmo que permita dizer
que os do Norte são bons e os do Sul os
incontornáveis culpados. Se formos por
aí vamos muito mal e tudo pode terminar
da pior maneira sem que o esperemos ou
possamos racionalmente prever.
YANNIS BEHRAKIS/REUTERS
46 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015
O futebol da ciência
No início do seu mandato,
dizia o ex-presidente da
FCT, perante um auditório
de sábios, que era preciso
introduzir na ciência em
Portugal regras idênticas
às que vigoravam no
estrangeiro. Como no futebol.
Se não podíamos “competir”
no futebol usando campos,
balizas ou equipas com dimensões
diferentes das praticadas por esse mundo
fora, também nas arenas da ciência
teríamos de “jogar” segundo regras
universalmente aceites.
Que regras seriam essas? Não dizia
quais. Mas era evidente que tinham
de ser diferentes das regras de
avaliação internacional que já tinham
sido introduzidas havia muito pelas
reformas — essas, sim, estruturais — de
José Mariano Gago. Para o porta-voz
da política científi ca do Governo da
direita, era evidente que o enorme salto
nos indicadores do potencial científi co
nacional e da sua internacionalização
em todos os domínios resultava de
uma espécie de batota que o Estado
se permitira introduzir no sistema
para vencer um atraso secular e nos
aproximar da Europa. Por isso, já depois
do inenarrável caos nas avaliações, em
fi nais de julho de 2014, a presidência da
FCT ainda clamava, qual rana rupta antes
do estoiro fi nal: “É verdade que este é o
primeiro exercício de avaliação em que
todas as unidades de I&D são avaliadas de
forma competitiva.” É preciso ter lata!
A equiparação entre ciência e
futebol (a eureka! deste Governo) não
passava de uma fórmula vazia que
varria para debaixo do tapete o lixo
estrutural do país. Basta lembrar os
milhões que sobram à iniciativa privada
para investir em clubes de futebol e a
escassez dos meios que a mesma investe
em “modernização”, inovação ou
recrutamento de mão de obra qualifi cada
e bem paga — isto é, paga pelo seu justo
valor (nada de excessivo, certamente,
quando cotejado com salários de
jogadores e treinadores). Um estudo
comparativo deste tipo de correlação na
OCDE talvez levasse à conclusão de que a
iniciativa privada, em Portugal, por tanto
querer “competir” no futebol, pouco se
tem esforçado por “competir” em esferas
estruturantes e estratégicas da economia.
Eis o que até parece ser incentivado pelo
Governo, ao pretender diminuir agora
ainda mais os “custos” do trabalho: mais
lixo estrutural, em vez de uma economia
verdadeiramente “competitiva” na
sociedade do conhecimento!
Como se viu, porém, ao longo deste
penoso consulado, o futebol de que
falava o presidente da FCT não tinha
paralelo nos anais do desporto. Mudava-
se de regras a meio do jogo, entregava-
se a arbitragem a quem desconhecia a
matéria em competição, alteravam-se
por decisão administrativa — enfatizo —
resultados cientifi camente validados por
painéis internacionais, cometiam-se,
enfi m, inomináveis atropelos às mais
elementares regras de transparência e
isenção. Já para não falar da legalidade —
coisa que nunca preocupou esta direção
da FCT, useira e vezeira em ignorar
recursos de decisões de avaliação (ou,
após muita insistência, em recusar-se a
fundamentar cientifi camente o seu não-
provimento), em desrespeitar prazos
para responder a reclamações e em
dispensar-se de corrigir erros informáticos
e outros lapsos grosseiros mesmo
quando estes inquinavam o processo de
avaliação. Marcas
de uma gestão
discricionária, à
margem do Estado
de direito.
As
consequências
estão à vista.
No futebol
continuamos,
mais ou menos,
na mesma. Na
ciência fi cámos
com equipas
enfraquecidas
ou destruídas.
Antes altamente
internacionalizadas,
atrativas para
investigadores
de excelência em
todos os domínios
científi cos,
perderam centenas
dos seus melhores
elementos,
forçados a emigrar, a regressar
ao estrangeiro ou a desbaratar no
desemprego e subemprego o seu saber e
capital de experiência.
Por fi m, na despedida, o árbitro inventou
a regra de que também podia jogar numa
das equipas: e marcou um golo!
Espanta-nos que um cientista
reconhecido pela sua investigação
em cegueira tenha demonstrado uma
tão confrangedora falta de visão em
matéria de política científi ca! Mas é um
facto — mais uma vez comprovado pela
experiência de quatro anos de governo da
direita — que a cegueira ideológica cega
mais do que a visual.
Professor catedrático jubilado(FCSH-UNL)
No futebol continuamos, mais ou menos, na mesma. Na ciência ficámos com equipas enfraquecidas ou destruídas
Debate Política científicaMário Vieira de Carvalho
Devbhumi
Amiséria existe sob muitas
formas. Há a miséria material.
Há a intelectual. Pode existir
miséria nas relações sociais. E,
apesar de muitos a negarem, há
também a miséria moral. Qual é
a mais miserável?
O Uttarakhand, um estado no
Norte da Índia, nos Himalaias,
é também conhecido como
Devbhumi, literalmente, o País dos Deuses.
A paisagem montanhosa e arborizada é
magnífi ca, a urbana é deprimentemente
pobre e suja. O grosso da população é
constituído por castas baixas, “os vencidos”
na designação usada, até há bem pouco, na
língua local. Sem terra nem capital, e ainda
por cima analfabetos, viveram durante
séculos na dependência dos brahmins
[brâmanes], a casta dos proprietários,
endinheirados e intelectuais. Os seus reis e
caciques eram mais que os representantes
dos deuses, eram alter-egos dos próprios
deuses, na sua natureza um 16 avos divinos,
no restante, humanos.
Curiosamente para uma economia
agrária, e ainda por cima com uma diferença
tão marcante entre os que têm tudo e os
que não têm nada, no País dos Deuses não
havia assalariados: um costume peculiar não
permita um homem receber de outro salário
em troca de trabalho. No entanto, era
permitido que se trabalhasse para outrem
se fosse para saldar uma dívida. Assim, para
subsistir, os vencidos tinham de contrair
um empréstimo, ainda que simbólico.
Depois trabalhavam como camponeses e
cozinheiros, pedreiros e carpinteiros para
os seus credores, recebendo não dinheiro,
mas abrigo e alimentação para si e para suas
famílias pelo período que levavam a saldar
a dívida: uma vida.
O curioso deste arranjo social era de os
pobres não precisarem de dinheiro para
viver: bastava-lhes terem uma dívida para
arranjar trabalho e comida. Só precisavam
de dinheiro numa situação: para casar
uma fi lha. O costume imemorável do
dote impunha que os vencidos, sempre
impecuniosos, tivessem de pedir
emprestado a um brahmin a quantia
necessária, que nunca era simbólica. Nestes
casos era-lhes exigido penhora. À falta de
melhor alternativa, era a própria noiva que
era penhorada: era esperado que no dia a
seguir ao seu casamento se apresentasse
na residência do credor. Aí servir-lhe-ia
de concubina até que ele se fartasse; era
depois enviada para os acampamentos
de madeireiros como prostituta até
que a obrigação familiar fosse saldada.
Recuperava então a sua “liberdade” e
regressava para o seu marido para começar
a vida familiar, trabalhando ambos para
outrem sob um arranjo creditício.
O que choca mais nesta sociedade? As
relações laborais? A sistematização da
imoralidade sexual? A estrutura fi nanceira
primitiva mas cruel e que tudo permeia? A
condição feminina? A instituição familiar,
com o binómio dote-prostituição para
pagar dote? A injustiça social ou a pobreza
material? Curiosamente, sociólogos e
antropólogos que estudavam a sociedade
do País dos Deuses reportavam que não
se notava entre a população qualquer
sentimento de injustiça e, à parte o
esporádico panfl eto maoísta afi xado numa
árvore, não se vislumbrava qualquer
movimento de
revolta entre os
vencidos contra
as relações sociais
instituídas.
Relativistas
culturais, as
suas conclusões
resumiam-se a um
“se eles gostam,
quem somos nós
para julgar?”
Indira Gandhi
(1917-1984), no
entanto, não era
uma relativista
cultural: era uma
moralista que
julgava que esta
estrutura social
era injusta e
indigna de seres
humanos. Em 1975,
quando primeira-
ministra, e durante
o período de
O que será mais importante numa revolução? A alteração da estrutura de propriedade ou a mudança de mentalidade?
Debate Economia e sociedadeJosé Miguel Pinto dos Santos
PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 47
Uma terceira força política a 4 de Outubro
Aleitura do belo e comovente
artigo escrito por J. Pacheco
Pereira aqui no PÚBLICO no
passado dia 5 de Setembro —
“Dói-me Portugal” — acendeu
em mim um enorme desejo de
voltar ao tema da abstenção,
que acredito será expressiva,
emergindo como terceira força
política no próximo dia 4 de
Outubro. E não necessariamente por conta
dos jogos de futebol dos três principais
clubes portugueses nesse dia.
E fez-me refl ectir em como é possível que
os responsáveis pelas campanhas das duas
principais forças políticas em presença — e
mesmo das restantes — estejam a pensar,
se não apenas, pelo menos sobretudo, em
como se poderá captar votos do centro/de
moderados, em como poderão retirar-se
mutuamente votos, e não considerem os
milhares (digo bem, milhares) de eleitores
que se vão seguramente perder entre 2011
e 2015, por via da abstenção ou de votos
desperdiçados.
Talvez importe aqui fazer um pequeno
exercício numa perspectiva diferente do
que é habitual.
No ano de 2011 quantos eleitores votaram
no PSD?
Foram 2.159.181. E em 2009, já quase
no fi m do tempo de Sócrates, tinham sido
1.653.665.
Saldo: Mais 505.516 eleitores.
Nesse mesmo ano de 2011 quantos
eleitores votaram no PS?
Foram 1.566.347. Em 2009, tinham sido
2.077.238.
Saldo: Menos 510.891 eleitores
E quantos eleitores, em 2011, votaram no
CDS?
Foram 653.888. Em 2009 tinham sido
592.778.
Saldo: Mais 61.110
Estes resultados não são, como é
óbvio, directamente comparáveis com
os resultados das eleições que se lhes
seguiram: com os das autárquicas (2013)
porque nelas as personalidades dos vários
candidatos infl uenciam, mais do que
em legislativas, as contagens fi nais, mas
também porque nestas últimas já houve
coligações com especial peso; com os das
europeias (2014) porque, tradicionalmente,
nelas se regista um número de abstenções
muitíssimo superior ao de outras eleições.
Por outro lado, também não é facilmente
explicável a razão das aparentes migrações
entre partidos, que responderam pelas
mudanças de 2009 para 2011. Infelizmente
não existe entre nós a prática de realizar
estudos pós-eleitorais — ou, se existe,
os resultados desses estudos não são
conhecidos ou estarão limitados por
vários tipos de
constrangimentos.
Mas, seguindo
a fi losofi a do
exercício iniciado
atrás, observa-se
que:
— Nas autárquicas
de 2013 o PSD
perdeu uma
faixa substantiva
de eleitores —
concorrendo
sozinho, averbou
um número de
834.455 eleitores,
valor ao qual deverá
ser adicionado o
número de 736.146,
em coligação
com o CDS. Total:
1.570.601. Saldo
face a 2011: Menos
588.580 eleitores,
em termos
mínimos, por assim
dizer.
Opostamente, nas
autárquicas o PS
cresce em número
de eleitores, mesmo quando sozinho, tendo
registado o valor de 1.812.029 nesta situação
e mais 23.259 em coligações diversas. Total:
1.835.288. Saldo face a 2011: mais 268.941
eleitores — apenas, diria eu.
Ainda nas autárquicas parece evidente
que o CDS sozinho deveria ter fi cado
bastante longe do valor de 2011 e que ele
terá sido o grande benefi ciário da coligação,
talvez não tanto quanto os valores
registados sugerem: 152.973, sozinho;
888.219, no total. Ou seja, considerando os
valores partilhados com o PSD.
— Nas Europeias, a coligaçã0 PSD/
CDS registou 909.937 eleitores — quase
1/3 do valor atingido pelos dois partidos
isoladamente no início desta legislatura —
isto é, do seu possível potencial ao tempo.
Mas também o PS perderia uma elevada
proporção dos seus votantes nessas
eleições: de 1.566.347 passou para 1.033.158
— cerca de 1/3 do potencial anterior.
E acresce que, em paralelo, o número de
votantes no PCP se manteria praticamente
Consultora de marketing e estudosde opiniãoProfessor de Finanças, AESE
AMIT DAVE/REUTERS
Debate LegislativasMaria Eugénia Retorta
estado de emergência, fez implementar
um conjunto de reformas económicas que,
dizia-se, seriam de grande alcance: reforma
agrária, dando título de propriedade de
pequenas parcelas de terra a todas as
famílias, distribuição de gado pelos mais
pobres, e acesso a crédito bonifi cado aos
mais desfavorecidos. Com a alteração da
estrutura de propriedade e libertação
dos pobres do domínio dos agiotas
locais, Gandhi esperava eliminar a abjeta
submissão secular das castas mais baixas.
Também no País dos Deuses estas
reformas foram implementadas: os
vencidos receberam terras e gados e
foram informados de que créditos obtidos
nalguns dos bancos nas principais cidades
seriam bonifi cados. Uma revolução? Sem
dúvida. Mas o que será mais importante
numa revolução? A alteração da estrutura
de propriedade ou a mudança de
mentalidade? A contrarrevolução não se
fez tardar. Quem eram os reacionários? Aos
poucos, mas inexoravelmente, os novos
proprietários alienaram, voluntariamente
e sem necessidade aparente, terras e gados
e voltaram ao antigo sistema de devedor-
credor. No início dos anos 80, uma equipa
de antropólogos franceses que estudou
o efeito das reformas no País dos Deuses
concluía: a reversão à situação anterior
permitia ao grosso das castas baixas reavivar
um relacionamento social com signifi cado
cultural nas suas vidas: na Índia em geral, e
no Devbhumi em particular, a vida material
é mais uma expressão de um modo de estar
relacional do que uma fonte de autonomia
individual. Voilà.
Qual é a miséria mais miserável?
inalterado entre 2011 (de 441.147 para
416.446) — o que dirá muito das diferenças
entre os respectivos eleitorados, em termos
do nível de fi xação de cada um.
Estes movimentos, apoiados por
conversas de natureza qualitativa com
eleitores e pela evolução dos resultados das
sondagens, sugerem-me duas refl exões,
que vêm ao encontro do muito que se
tem especulado em meios políticos e
de comunicação social: primeiro, que
a coligação perdeu grande parte do seu
suporte de início, e por certo de forma
irrecuperável em muitos casos; segundo,
que o PS não tem conseguido capitalizar,
pelo menos sufi cientemente, os eleitores
mais profundamente descontentes.
Em qualquer dos casos, situações que
descartam a possibilidade de uma maioria
absoluta nas próximas eleições.
Por que razão começo por referir o
texto de Pacheco Pereira a este propósito?
Porque penso que é no segundo Portugal
— o dos mais infelizes com a sua vida
actual, o dos desesperançados, o dos
que não conseguem sair do estado de
miserabilismo em que sempre viveram,
e o dos que emigraram e não encontram
motivos para regressar e isto apesar dos
“excelentes resultados” macroeconómicos
apresentados para o país — que em grande
parte se encontram os eleitores que
permanecem desperdiçados pelas forças
políticas, sobretudo pelas principais.
O segundo Portugal é o que está
escondido, que é invisível — não é
seguramente aquele que sai para a rua,
em manifestações de ainda alguma
esperança, porque é capaz de encontrar
nos discursos dos políticos a reafi rmação
das suas ansiosas expectativas pessoais. Ou
porque receia a instabilidade que pode ser
arrastada por mudanças, pela emergência
do que não se conhece, ou conhece mal.
O segundo Portugal é o dos que não se
conseguem rever nos discursos feitos,
nem nos argumentos apresentados,
nem nas abordagens realizadas. Dos que
não atribuem qualquer signifi cado, no
quadro das suas existências presentes,
às referências a reduções do défi ce ou
a melhorias da balança de pagamentos,
ou ao fomento das exportações e muito
menos aos plafonamentos — se é que estes
conceitos lhes dizem alguma coisa.
O que os resultados das sondagens
recentemente publicados — e que tanta
polémica têm suscitado, gerando ondas
de euforia nuns grupos e de desânimo
noutros — espelham hoje é o modo como a
abstenção no segundo Portugal deverá vir a
afectar os comportamentos eleitorais a 4 de
Outubro.
E, em última instância, a deixar o país
sem uma alternativa governativa aceitável.
O segundo Portugal é o dos que não conseguem rever-se nos discursos feitos, nem nos argumentos apresentados, nem nas abordagens realizadas
NUNO FERREIRA SANTOS
269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e
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ESCRITO NA PEDRA
“Um general vitorioso nunca cometeu erros aos olhos do público, ao passo que um general vencido só fez asneiras, por mais sensato que tenha sido o seu procedimento” Voltaire (1694-1778), filósofo francês
TER 22 SET 2015
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Agosto 35.268 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem
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O psiquiatra Pedro Afonso lança hoje o livro Quando a Mente Adoece p14/15
O calvário interminável de Victor Valdés
A grande noited’A Guerra dos Tronos nos Emmys
“Prescrição médica: uma noite por semana à luz da vela”
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600.000€1.º Prémio
O RESPEITINHO NÃO É BONITO
Vitor Silva Tavares (1937-2015)
Conheci Vitor Silva Tavares
há dois anos e meio,
quando fui bater à porta
do seu subterrâneo na Rua
da Emenda, sede mítica
da mítica &etc, para com
ele conversar sobre João César
Monteiro. Não era uma entrevista
formal, mas uma auscultação: eu
estava decidido a escrever uma
biografi a sobre João César e queria
saber o que é que ele pensava do
assunto e se tinha disponibilidade
para falar comigo. O Vitor tinha
disponibilidade, claro, e era uma
disponibilidade torrencial, com
as histórias a empilharem-se em
cima umas das outras, atilhadas
com anedotas e dichotes, como
é próprio de uma geração que
cresceu a conversar em cafés,
e que não só leu bastante mais
do que a minha geração como,
sobretudo, falou e conviveu muito
mais do que ela.
Diante de mim, eu tinha um
arquivo vivo de quase tudo o
que de melhor a cultura lisboeta
conseguiu produzir na segunda
metade do século XX, e ao fi m
de poucos minutos já estava
arrependidíssimo de não ter
levado um gravador para registar
aquilo que era suposto ser apenas
João Miguel Tavares
uma conversa de apresentação.
Foi a investigação em torno do
João César Monteiro que me levou
a Vitor Silva Tavares e, em boa
medida, foi Vitor Silva Tavares
que me levou ao pequeno mas
luxuriante mundo da edição
independente portuguesa, onde
o livro continua rodeado de uma
aura sagrada e permanece um
trabalho de artesanato, amoroso e
resistente às regras do “mercado”,
mesmo quando é transaccionado
aos sábados entre os alfarrabistas
da Rua Anchieta.
Ainda assim, aquilo que mais
me fascinava em Vitor Silva
Tavares não era o seu trabalho de
editor atento, idiossincrático e de
princípios inabaláveis, que fez da
&etc a editora exemplar que ainda
hoje é, nem sequer o homem
que enfrentou corajosamente a
censura do Estado Novo. Tudo
isso são qualidades admiráveis,
com certeza, mas em ambos
os casos é possível encontrar
outros nomes que as partilharam.
Contudo, havia um facto muito
particular que era para mim
surpreendente e desconcertante;
um traço de carácter que Vitor
Silva Tavares pareceu repartir com
mais ninguém: a capacidade que
teve para se manter amigo de Luiz
Pacheco e de João César Monteiro
ao longo de toda uma vida.
Pacheco e João César tinham
feitios impossíveis, e as suas
vidas são uma longa estrada
de amizades crucifi cadas pelos
seus temperamentos; gente que,
mais tarde ou mais cedo, acabou
por não aguentar e afastar-se.
Contudo, nessa terrível lista de
amigos caídos, o nome de Vitor
Silva Tavares fi cou sempre por
riscar — e é nesta perseverança
que reside o seu mistério. Não
sendo ele propriamente o mais
manso dos homens, como a
integridade do seu percurso bem
demonstra, como justifi car essa
paciência de Job? Que estranha
qualidade o fez permanecer
sempre ao lado de quem tanto
pedia e tão pouco dava em troca?
Não vou fi ngir que encontrei
uma boa resposta para essa
pergunta, até porque a longa
entrevista sobre João César
Monteiro nunca chegou a ser
realizada, por minha culpa:
a biografi a tem vindo a fazer
caminho, mas demasiado devagar,
como se vê. E, no entanto, a
atitude de Vitor Silva Tavares
perante os mais excêntricos de
entre os excêntricos tem sido,
desde a minha visita à Rua da
Emenda, não só um enigma, mas
também uma inspiração. Há na
sua postura uma grandeza de
carácter que se sobrepôs à sua
obra, um apagamento assumido
de si — até como escritor e poeta
— para outros brilharem. E essa é
uma forma absolutamente radical
de entrega aos outros, em tudo
digna do nosso espanto e da nossa
admiração.
Dois adultos e duas crianças morre-
ram ontem à noite num embate que
envolveu dois carros e uma carroça
na Estrada Nacional n.º 2, à entrada
de Castro Verde, no distrito de Beja,
avançou ao PÚBLICO o capitão Sou-
sa, da GNR de Beja. Um bebé de 18
meses fi cou ferido com gravidade no
acidente, tendo sido transportado
de helicóptero para o Hospital de
Santa Maria, em Lisboa, adiantou
Ivone Ferreira, assessora de impren-
sa do Instituto Nacional de Emer-
gência Médica (INEM). A mesma
fonte acrescentou que uma outra
criança, de 15 anos, que também
viajava na carroça, fi cou ferida sem
gravidade, tendo sido transportada
para o hospital de Beja. As vítimas
mortais seguiam todas na carroça,
que transportava vários elementos
da mesma família.
O acidente ocorreu por volta das
20h, tendo sido activados vários
meios de socorro, incluindo um
helicóptero e uma viatura médica
de emergência e reanimação, am-
bos do INEM. A Estrada Nacional n.º
2 está cortada ao trânsito desde o
acidente, prevendo o capitão Sousa
que seja reaberta ao trânsito até às
23h. “Ainda estamos a averiguar as
circunstâncias do acidente, mas tu-
do indica que a falta de visibilidade
terá estado na origem do acidente”,
Dois adultos e duas crianças que viajavamem carroça mortosem acidente com carros
afi rmou o militar da GNR de Beja.
“As duas viaturas e a carroça, que
não estava sinalizada, seguiam no
sentido norte-sul. O primeiro veí-
culo ligeiro ainda se tentou desviar
da carroça, mas acabou por embater
nela. Já a segunda viatura colidiu to-
talmente com a carroça à retaguar-
da”, descreveu o capitão.
Contactado pelo PÚBLICO, o
assessor de imprensa do Hospital
de Santa Maria recusou-se a adian-
tar informações sobre o estado de
saúde do bebé, justifi cando que é
política da unidade não dar escla-
recimentos sobre menores.
Segundo o militar da GNR de Be-
ja, que corrigiu os dados avançados
inicialmente, os dois adultos que
morreram no acidente seriam um
casal e teriam entre os 30 e os 45
anos. Ainda há informações contra-
ditórias sobre as idades dos envolvi-
dos. As crianças falecidas, um rapaz
e uma rapariga, teriam sete e oito
anos, segundo Ivone Ferreira. Os
condutores dos dois automóveis,
um suíço de 74 anos e um portu-
guês de 66, terão fi cado feridos sem
gravidade, tendo sido transferidos
para um centro de saúde.
No local estiveram viaturas e ele-
mentos de três corporações de bom-
beiros (Castro Verde, Ourique e Al-
justrel), além de uma ambulância da
Cruz Vermelha de Castro Verde.
O animal que puxava a carroça,
um cavalo, sobreviveu ao aciden-
te.
AcidenteMariana Oliveira
Todos os dias os nossos conteúdos especiais e a cobertura da campanha eleitoral no terrenovão estar no site especial que o Público desenvolveu
SAIBA TUDO EM publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E