Jornal Público de 22.09.2015

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Coligação de direita acima de 40% mas ainda com empate técnico Portugal à Frente com intenção de voto de 40,1%, contra 37,1% do PS, na tracking poll da Intercampus. Diferença entre os dois concorrentes está no intervalo de erro do estudo, que é de 3,6% Destaque, 2 a 8 e Editorial Após um fim-de-semana de pesadelo, o grupo alemão teve um dia de desastre. Cotação em Frankfurt caiu 19%, depois de o grupo ter admitido que enganou autoridades dos EUA p20 União Europeia pressionada para obter acordo para receber 120 mil refugiados. Nova versão do plano Juncker prevê que sejam os Estados a decidir quantos refugiados vão realojar p26 Escolas com ensino artístico especializado alertaram para falta de verbas, que deixaria muitos alunos de fora. Ministro diz que ouviu protestos e por isso “teve de encontrar” mais dinheiro p10 Em Julho, poupanças em depósitos à ordem atingiram novo recorde, de 36.051 milhões de euros p18 Volkswagen cai na bolsa após fraude em teste de emissões UE desiste das quotas obrigatórias para refugiados Nuno Crato dá mais quatro milhões ao ensino artístico Nunca houve tanto dinheiro em depósitos à ordem NOVO GOVERNO GREGO SYRIZA DEIXOU CAIR O “RADICAL” NA SEGUNDA VIDA DE TSIPRAS Maria João Guimarães, em Atenas. Comentário de Teresa de Sousa, Mundo, 24/25 e Editorial LOUISA GOULIAMAKI/AFP Sporting sofre para bater Nacional e iguala FC Porto na classificação p40 TER 22 SET 2015 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9291 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL Alexis Tsipras tomou posse ontem, em Atenas, após a vitória nas eleições de domingo, que ficam marcadas por uma elevada abstenção 1937-2015 MORREU VITOR SILVA TAVARES, UM EDITOR RADICAL E O ÚLTIMO DOS RESISTENTES Cultura, 28/29 PUBLICIDADE

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Publicação periódica diária portuguesa: Público de 22.09.2015

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Coligação de direita acima de 40% mas ainda com empate técnicoPortugal à Frente com intenção de voto de 40,1%, contra 37,1% do PS, na tracking poll da Intercampus. Diferença entre os dois concorrentes está no intervalo de erro do estudo, que é de 3,6% Destaque, 2 a 8 e Editorial

Após um fi m-de-semana de pesadelo, o grupo alemão teve um dia de desastre. Cotação em Frankfurt caiu 19%, depois de o grupo ter admitido que enganou autoridades dos EUA p20

União Europeia pressionada para obter acordo para receber 120 mil refugiados. Nova versão do plano Juncker prevê que sejam os Estados a decidir quantos refugiados vão realojar p26

Escolas com ensino artístico especializado alertaram para falta de verbas, que deixaria muitos alunos de fora. Ministro diz que ouviu protestos e por isso “teve de encontrar” mais dinheiro p10

Em Julho, poupanças em depósitos à ordem atingiram novo recorde, de 36.051 milhões de euros p18

Volkswagen cai na bolsa após fraude em teste de emissões

UE desiste das quotas obrigatórias para refugiados

Nuno Crato dá mais quatro milhões ao ensino artístico

Nunca houve tanto dinheiro em depósitos à ordem

NOVO GOVERNO GREGOSYRIZA DEIXOU CAIR O “RADICAL” NA SEGUNDA VIDA DE TSIPRASMaria João Guimarães, em Atenas. Comentário de Teresa de Sousa, Mundo, 24/25 e Editorial

LOUISA GOULIAMAKI/AFP

Sporting sofre para bater Nacional e iguala FC Porto na classificação p40TER 22 SET 2015EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9291 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

Alexis Tsipras tomou posse ontem, em Atenas, após a vitória nas eleições de domingo, que ficam marcadas por uma elevada abstenção

1937-2015MORREU VITOR SILVA TAVARES, UM EDITOR RADICAL E O ÚLTIMO DOS RESISTENTESCultura, 28/29

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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Coligação de direitaacima dos 40%mas mantém-se o empate técnicoPrimeira sondagem diária do PÚBLICO e TVI dá vantagem a PSD e CDS, com três pontos percentuais de avanço sobre o PS. Eleitorado feminino prefere os socialistas

Portugal à Frente (PaF)

tem uma intenção de voto

acima dos 40% na tracking

poll da Intercampus para

o PÚBLICO e a TVI. Os 753

entrevistados entre 18 e

20 de Setembro dão à coligação

de Pedro Passos Coelho e Paulo

Portas 40,1% contra 37,1% do PS

de António Costa. O erro máximo

da amostragem, para um intervalo

de confi ança de 95%, é de 3,6%.

Ou seja, a diferença entre as duas

principais forças concorrentes às

legislativas de 4 de Outubro está no

intervalo de erro do estudo.

A coligação dá, assim, um pas-

so simbólico ao virar a margem

dos 40%, mas ainda pode es-

tar longe da maioria absoluta.

Recorde-se que, em 2005, José

Sócrates teve a primeira maio-

ria absoluta do PS com 45,3%.

Segundo esta projecção diária

com distribuição de indecisos, en-

tre os partidos que actualmente

têm representação parlamentar,

a Coligação Democrática Unitária

(CDU) do PCP com Os Verdes al-

cança 6,3%, seguida do Bloco de

Esquerda (BE) com 4%. Outros par-

tidos obterão 3,5% e os votos bran-

cos e nulos totalizam 9%.

Embora a metodologia deste

Nuno Ribeiroestudo seja diferente da utilizada

nas sondagens — estas últimas de-

correm em entrevistas presenciais

com simulação de voto em urna,

enquanto na tracking poll o contac-

to é telefónico —, a comparação do

estudo com a sondagem da Inter-

campus publicada no PÚBLICO em

8 de Julho revela uma subida acen-

tuada da coligação PaF. De 32,7 pa-

ra 40,1%, enquanto o PS se mantém

nos 37%. Já a CDU e o BE baixam,

respectivamente, de 11 para 6,3% e

de 6 para 4%.

“Este é um estudo da observação

diária das percepções dos portu-

gueses a partir de uma amostra em

permanente renovação”, explica

António Salvador, director-geral

da Intercampus ao PÚBLICO. As-

sim, se no estudo agora divulgado

foram considerados 753 entrevis-

tados, na tracking poll de amanhã

serão mil. A partir de então, serão

retiradas 250 entrevistas e coloca-

das outras 250 num processo de

actualização que pretende evitar

a diluição da avaliação diária das

intenções de voto, num processo

sucessivo, mantendo, sempre, os

mil entrevistados.

Este tipo de estudos, um exercí-

cio com longa tradição nos Estados

Unidos e que ganha relevância num

cenário de grande imprevisibilida-

de de resultados, será divulgado

pelo PÚBLICO e TVI até 29 de Se-

Tracking poll diária

Fonte: Intercampus

As intenções de voto

Sondagem realizada pela Intercampus para TVI e PÚBLICO com o objectivo de conhecer a opinião dosportugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximaseleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos deidade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 753entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estratificação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos).Os trabalhos de campo decorreram entre 18 e 20 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,6%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 57,6%.

FICHA TÉCNICA

Em 8 Julho Em 21 Setembro

40,1%37,1%

6,3%4,0%

BE – Blocode Esquerda

CDU – ColigaçãoDemocrática Unitária

PS – PartidoSocialista

Portugal à Frente(coligação

PSD/CDS-PP)

32,7%37,6%

11,0%6,0%

Resultados

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

tembro. A 1 de Outubro, a três dias

das eleições, será conhecida uma

sondagem de simulação de voto

em urna.

Em resultados absolutos, o estu-

do que hoje divulgamos reserva à

coligação governamental 30,3% e

aos socialistas 28%, enquanto 13 em

cada cem dos inquiridos ainda não

decidiram. Do mesmo modo, o PAN

é dos partidos pequenos o preferi-

do, com 0,8% das intenções abso-

lutas de voto, enquanto o Partido

Livre/Tempo de Avançar, liderado

por Rui Tavares, e o o PCTP/MRPP

de Garcia Pereira obtêm o mesmo

resultado: a preferência, em termos

absolutos, de três dos entrevistados

(0,4%), aliás a mesma percentagem

que o PNR.

Preferências à lupaA análise permitida pelo universo

das 753 entrevistas revela que o

eleitorado feminino é mais adepto

da mensagem dos socialistas do que

da PaF: 30,9 contra 24%. A prefe-

rência do masculino vai, com uma

diferença de 12 pontos (37,1 face a

24,9%), para a coligação de Passos

e Portas.

Por faixa etária, a mensagem dos

socialistas é a preferida pelos elei-

tores de 55 e mais anos (31,8%) e

tem uma representação idêntica

de 25 pontos nos outros dois esca-

lões considerados: 18 a 34 e 35 a 54

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PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 3

A perguntaO Serviço Nacional de Saúde nunca esteve tão capitalizado?

A frase“Nunca tivemos um SNS que estivesse tão capitalizado, tão pronto a responder aos portugueses”Pedro Passos Coelho, jantar-comício da pré-campanha em Santarém, 19/9/2015

O contextoPerante uma plateia de 1500 pessoas, durante um jantar-comício da pré-campanha, em Santarém, Pedro Passos Coelho garantiu que o país está a recuperar. O líder da coligação Portugal à Frente admitiu que não gostou de implementar algumas das medidas de austeridade tomadas nos últimos quatro anos. Mas, concretamente sobre o lado da receita, frisou que as mudanças foram necessárias para “pagar as dívidas dos outros e arrumar a casa”.

Contudo, o social-democrata negou que as medidas tenham fragilizado o Estado social e deu até alguns exemplos de melhoria: “Nunca tivemos um SNS tão capitalizado, tão pronto a responder aos portugueses, e uma educação que estivesse tão ao serviço dos jovens e da formação e nunca tivemos um apoio social tão reforçado”.

Os factosEm 2011, o Orçamento do Estado (OE) foi aprovado pelo Governo de José Sócrates e parcialmente executado por Passos Coelho, pelo que fica de fora destas contas. Tendo em consideração o período de 2012 a 2014, o Governo da coligação PSD/CDS transferiu nestes três anos um total de 25.298,4 milhões de euros para o SNS. Já o executivo do PS, entre 2008 e 2010, disponibilizou

ao todo 24.798,7 milhões de euros — o que significa quase menos 500 milhões em três anos.

Para 2015, o OE prevê que o SNS receba 7874,2 milhões de euros, um valor ligeiramente superior aos 7720,1 milhões de 2014, mas mesmo assim abaixo do que foi gasto em 2013 e 2012. Aliás, é preciso recuar a 2007 para encontrar um valor tão baixo no executivo de José Sócrates. Quanto ao défice do SNS, tem existido uma recuperação. Em 2010 o valor chegou perto dos 800 milhões de euros e foi caindo até aos 272 milhões em 2014, indicam os dados do Programa Orçamental da Saúde. Para 2015 prevê-se um buraco final de 30 milhões de euros.

Contudo, é preciso salientar que um conjunto de verbas significativas não foi gasto pelo actual executivo na prestação de cuidados mas no plano de regularização de dívidas e aumento de capital dos hospitais do sector empresarial do Estado, que representam a maior parte do parque hospitalar português. O plano custou perto de 3000 milhões de euros nestes quatro anos, o que significa que boa parte do reforço foi destinado ao pagamento de dívidas. Só de 2013 para 2014 a dívida global do SNS aos fornecedores registou uma redução de 102 milhões, de 1841 milhões de euros para 1739 milhões — mas a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica tem denunciado que os prazos estão de novo a derrapar.

Comparámos as verbas transferidas para o Serviço Nacional de Saúdenos últimos três anos e no anterior Governo de José Sócrates

PROVA DOS FACTOS

Por outro lado, a despesa privada das famílias com a área da saúde tem subido. No total, no final de 2014, as famílias já suportavam directamente quase 28% do total do dinheiro que é gasto na área da saúde, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística, que mostram, pelo contrário, que o peso da despesa pública em percentagem do PIB tem vindo a cair.

Mesmo assim, quanto à actividade assistencial, os dados da Administração Central do Sistema de Saúde relativos ao 1.º semestre indicam que tanto as cirurgias programadas como as consultas externas cresceram nos hospitais públicos. Pelo contrário, o número de consultas médicas realizadas nos cuidados de saúde primários diminuiu 0,4%. Olhando para um período mais alargado, de 2011 até 2014 as consultas nos hospitais também subiram, assim como as cirurgias. Mas nos centros de saúde o número caiu de 30,6 milhões em 2011 para 28,7 milhões em 2014. A derrapagem ainda é mais considerável se tivermos em conta só as consultas presenciais, já que parte da queda foi compensada pela criação das chamadas consultas de enfermagem e das consultas sem a presença do utente.

Em resumoO Governo de Passos Coelho, no total, colocou de facto mais dinheiro no SNS do que o executivo de José Sócrates. No entanto, não é verdade que este seja o maior orçamento da coligação PSD/CDS para a saúde, já que tanto em 2012 como em 2013 o OE transferiu mais dinheiro para o SNS do que em 2014 e do que está previsto para este ano. Além disso, uma boa parte do reforço de verbas destinou-se ao pagamento de dívidas em atraso e não à prestação de cuidados aos doentes — o que se reflecte noutros dados como o aumento da despesa directa das famílias com a área da saúde. Romana Borja-SantosPÚBLICO

A tracking poll diária que o PÚBLICO começa hoje a divulgar tem uma metodologia e um universo diferente da sondagem de 8 de Julho. Nesta sondagem, as entrevistas foram feitas presencialmente, com simulação de voto em urna, a uma amostra de 1014 eleitores, enquanto o estudo de opinião de hoje foi feito telefonicamente a um universo de 753 pessoas. A próxima sondagem presencial será publicada a 1 de Outubro.

Nota:

3,5%9,0%

Brancos/nulosOutrospartidos

6,7% 5,9%

anos. Neste estudo e à esquerda,

o mesmo fenómeno é identifi cado

no comportamento do eleitorado

da CDU, mais expressivo na faixa

etária mais elevada, a de 55 e mais

anos (6,6%), no que da dos 18 aos

34 (2,3%) ou de 35 a 54 anos, que

é de 4,3%. Pelo contrário, o Bloco

de Esquerda concentra os seus elei-

tores nas faixas etárias de 18 a 34 e

35 a 54, respectivamente quatro e

4,7%, sendo apenas de um ponto a

preferência acima dos 55 anos.

Por seu lado, a coligação do

PSD e CDS-PP tem uma distri-

buição de eleitorado por idades

mais equilibrada: 29,7 nas duas

primeiras faixas (18 a 34 e 35 a 54

anos), e 31,1 acima dos 55 anos.

Por região, Passos Coelho e Pau-

lo Portas têm os seus pontos fortes

no Algarve e Centro (38,7 e 34,3%),

seguidos do Norte, com 32,1. Lisboa

é o seu ponto débil, com 24,2%, en-

quanto no Alentejo têm 24,5.

Já o PS tem os seus melhores

scores no Alentejo (35,8%) e Nor-

te, com 28,6. Em Lisboa, obtém

27,8 e no Centro 26,5%, sendo o

pior resultado considerado neste

estudo o do Algarve: 19,4%. Com-

parando as duas principais forças,

a coligação ganha a Norte, Centro e

Algarve, enquanto os socialistas de

António Costa lideram em Lisboa,

com três pontos de vantagem, e no

Alentejo.

MIGUEL MANSO

A coligação Portugal à Frente está na dianteira desta primeira tracking poll

Page 4: Jornal Público de 22.09.2015

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

LEGISLATIVAS 2015

A fórmula de Costa no interior: um pêssego por um voto

Desde sempre que o

interior luta para tirar

proveito do que a terra

lhe dá. E no terceiro

dia de passagem pelas

regiões mais deprimidas

do país, o secretário-geral do

PS fez o mesmo. António Costa

espremeu das suas visitas os

recados e apelos dos eleitores

locais para defender as propostas

eleitorais socialistas.

Nem todos os frutos

transmontanos foram fáceis

PAULO PIMENTA

António Costa distribuiu beijinhos e palavras de incentivo ao voto no PS

O PS chama às arruadas contactos com a população. Mas o percurso de uma rua pedonal em Mirandela viu muito pouca população

Partida: Seia

Acontecimento do dia:

Chegada: Vila Real

Líder do PS prometeu empenho pessoal na defesa das regiões agrícolas e uma unidade de missão para territórios deprimidos

Reportagem Nuno Sá Lourenço

CONTA KM

752 km

1256 km

de colher, no entanto. Alguns

estavam ali mesmo à mão

de semear, enquanto outros

exigiam um laborioso trabalho

de transformação. Foi em Santa

Comba de Vilariça que a comitiva

iniciou a campanha do dia,

para fazer render a bandeira

da articulação da agricultura

com a inovação. Costa andou

por estradas de terra batida

a ver canalizações de rega

monitorizadas por computadores,

lançadas pelo projecto de

Automação e Telegestão para

Aproveitamento Hidroagrícola.

O projecto era o exemplo

perfeito para aquilo que o

PS propunha no interior. E o

testemunho dos produtores

ajudou ao discurso do candidato.

Até mesmo sobre temas mais

abrangentes do que a agricultura.

Logo pela manhã, Costa

apanhou boleia de um idoso que

Horas antes, em Bragança,

adequara o discurso à plateia.

Depois de ouvir um dirigente

local queixar-se do abandono

a que estava votada a região, o

secretário-geral prometeu criar

uma Unidade de Missão para

a Valorização do Interior no

seio de um seu futuro governo.

“Directamente dependente do

primeiro-ministro”, acrescentou

antes de comprometer o seu

“empenho pessoal” para

garantir a “mobilização de todos

os ministérios” no apoio ao

desenvolvimento regional.

Esse empenho pessoal foi a

“fórmula” a que recorrera já em

Vilariça para tentar convencer

um produtor de azeite e pêssegos.

Luciano Camelo estava à espera

de Costa para o “ouvir”. “Eu

não acredito na política e nos

políticos”, começou por dizer

ao candidato. Costa garantiu-lhe

que, no PS, o que estava “escrito

era para cumprir”. E apontou os

autarcas para dar o exemplo.

Como o produtor não parecia

convencido, puxou da sua

arma secreta, o humor: “Eu

experimento os seus pêssegos,

e você experimenta o meu

Governo.” No fi nal, quando Costa

partia para Bragança, Luciano

Camelo confessava-se ainda “no

meio da ponte”. “Vou ter de ouvir

o outro lado”, concluiu.

lhe pediu para não ir atrás da

“façanha” da coligação nos cortes

nas pensões. Pôs a mão no ombro

do eleitor para o tranquilizar. “Ele

sabe que, para cortar 600 milhões

de euros, precisa de uma revisão

da Constituição, mas não vai ter

acordo nenhum do PS.” Ouviram-

se palmas e Costa seguiu em frente.

A situação repetiu-se em

Mirandela, onde o PS tentou

uma arruada durante a tarde.

Compensou, não tanto pelo

banho de multidão, que não

aconteceu, mas devido àqueles

momentos que parecem ensaiados

de tão convenientes. Numa das

esplanadas da rua pedonal que

Costa percorreu, duas amigas

esperavam pacientemente que o

candidato se aproximasse. Uma

delas pôs uma expressão séria

quando atirou a pergunta. “Você

garante que não vai haver mais

cortes?” Quando o socialista

lhe estendeu a mão, anuindo, a

eleitora insistiu. “Esse aperto de

mão quer dizer isso?” “Com o PS

não haverá mais cortes”, garantiu.

Na mesma localidade, uma mãe

parou Costa para lhe dar conta

da injustiça que testemunhava

em casa. “Tenho um fi lho que

trabalha há sete anos a recibos

verdes”, denunciou. Também

para esta interpelação Costa

tinha a resposta pronta. “Vamos

reforçar a fi scalização e facilitar

o reconhecimento dos contratos

sem ter de ir para os tribunais”,

disparou Costa de pronto.

Outro transeunte dirigiu-se

ao líder do PS para lhe sugerir

um chavão contra o Governo:

“Temos de seguir os Passos

ao Coelho e metê-lo dentro

de Portas.” Costa riu-se antes

de pedir direitos de autor.

“Posso citar a sua fórmula?”,

perguntou bem-disposto.

Page 5: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 5

De herdade em herdade, a coligação PSD/CDS passou no Alentejo e no Algarve

Entre um vasto olival e uma

estufa de framboesas, os

dois líderes da coligação

PSD/CDS passaram mais

um dia de campanha

dedicada à agricultura,

desta vez no Alentejo e no Algarve.

Pelo meio, Passos Coelho teve

de desfazer um equívoco seu

lançado na véspera e cometeu um

lapso sobre os pagamentos a que

o Estado está a obrigado a fazer,

que acabou por assumir à noite.

As contas do PS sobre a Segurança

Social continuam a ser a arma de

arremesso para atacar António

Costa.

A primeira e única paragem

no Alentejo aconteceu numa

herdade de produção de azeite,

que tem um investimento de 42

milhões de euros, e está virada

para a exportação. Passos chega

pontualmente às 11 horas e decide

não esperar alguns minutos por

Nuno Melo — vice do CDS em

substituição do líder que tinha

uma acção em paralelo em Setúbal

— para iniciar a visita.

O candidato a primeiro-ministro

mostra-se curioso, faz perguntas

sobre a capacidade de produção

ou o sistema de rega e espanta-

se com os preços de alguns

equipamentos que podem atingir

um milhão de euros. “Ó pá”,

reagiu. Mas também dá opinião,

assim em jeito de lição: “Deixem-

me dizer ao Nuno Melo, que ele

concerteza também sabe. Também

exportamos para Espanha muito

produto que é vendido em

Espanha como espanhol. É preciso

desenvolver o marketing.”

Logo na primeira acção do dia,

Passos Coelho fala aos jornalistas

para esclarecer que os “silêncios

ensurdecedores” de que tinha

Passos Coelho insiste em pedir explicações sobre as poupanças de 1660 milhões de euros previstas pelo PS no congelamento de pensões

Partida: Lisboa

Acontecimento do dia:

Chegada: Faro

Passos reconhece lapso sobre FMI e esclarece que “silêncio ensurdecedor” se referia à atitude do PS sobre Segurança Social

Reportagem Sofia Rodrigues

CONTA KM

870 km

1253 km

falado na véspera — e que foram

entendidos como sendo uma

referência ao BES — eram afi nal

sobre as contas mal explicadas de

António Costa nas propostas do PS

sobre Segurança Social.

Ao almoço em Beja, perante

450 apoiantes e ao qual já se

juntou Paulo Portas, o líder da

coligação voltou a pedir ao PS que

explique como é que pensa fazer

poupanças com as prestações

sociais não contributivas e

arrecadar 1660 milhões de euros

com o congelamento de pensões

— excepcionando as mínimas

— tendo em conta que essas

actualmente já estão congeladas.

“ A poupança vem de onde? O

que são estes 1660 milhões? Como

não há poupança nenhuma, este

silêncio ensurdecedor do líder do

PS não se compreende.”

No mesmo discurso, Passos

anunciou, com satisfação, que o

Estado se preparava para pagar,

no próximo dia 15 de Outubro,

mais 5400 milhões da ajuda

externa concedida pela troika (ver

Isso está no programa?

O PÚBLICO comparou os programas eleitorais e seleccionou algumas medidas que interessam a 10 perfis diferentes de eleitores

PSD/CDSAumentar a cobertura na rede de creches, nomeadamente através da rede social e solidária; discriminação positiva dos agregados com mais filhos nos programas de apoio à habitação, renda apoiada e habitação social; regime fiscal mais favorável para famílias que acolhem os ascendentes idosos

PS Aumentar abonos de família e pré-natal; repor Complemento Solidário para Idosos; alargar “Escola a Tempo Inteiro” a todo o ensino básico; garantir, nesta legislatura, pré-escolar para todas as crianças dos 3 aos 5 anos; eliminar discriminação no acesso à adopção e no apadrinhamento civil por casais do mesmo sexo

CDU Gratuitidade de todo o ensino público a atingir de forma progressiva, num prazo máximo de seis anos, com a distribuição gratuita dos manuais no ensino obrigatório; reposição da universalidade do abono de família para crianças e jovens

BEGratuitidade da escolaridade obrigatória, na matrícula, alimentação, manuais e material escolar; revogação dos programas de Português e de Matemática; reposição do abono de família e do Complemento Solidário para Idosos. Paulo Pena

Famílias

MIGUEL MANSO

Passos Coelho cometeu um lapso sobre o FMI mas continuou no ataque a António Costa

pág. 19). Mas, afi nal, trata-se de

um reembolso de uma obrigação

emitida em 2005. Este lapso já

assumido ofi cialmente — e que

assumiu directamente à noite

— pode ter estado na origem de

uma breve reunião de emergência

entre Passos Coelho, Paulo Portas

e Marco António Costa, vice-

presidente do PSD, numa sala da

Quinta da Campina da Luz, em

Tavira, em frente a 47 hectares de

estufas de frutos vermelhos, 90%

para exportação.

Momentos antes, Passos e Portas

tinham ouvido as difi culdades

em arranjar mão-de-obra

estrangeira, sobretudo fora do

espaço Schengen. Questionaram

por que razão não se recorria ao

trabalho dos portugueses. Não

chega ou não estão disponíveis

para trabalho no campo, justifi cou

o responsável. A resposta estaria

nos muitos trabalhadores asiáticos

que acompanhavam a comitiva:

são subcontratados e a receber um

salário muito mais baixo do que o

mínimo nacional.

Comício PúblicoUm blogue feito por dez políticos que vivem e acompanham por dentro o dia-a-dia da campanha eleitoral. Entre também e contribua para o debate de ideias!www.publico.pt/legislativas2015

Page 6: Jornal Público de 22.09.2015

6 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

A vida, o amor e as vacas vistas por Jerónimo de Sousa

Manuela apaixonou-

se por Pedro e pelas

vacas e agora não se

quer divorciar delas.

No entanto, se as

contas do negócio

continuarem afundar, é Pedro

quem dará o veredicto e tudo

acabará. Depois, há que pegar nos

dois corações partidos e procurar

outra vida. E isso, terá que ser

longe dali, de Cioga do Campo,

onde os pequenos terrenos ainda

se enchem de videiras, milho,

abóboras e couves, e as vistas

para Coimbra são cortadas pelos

eucaliptos. “Eu não me vejo a fazer

outra coisa. A minha vida é isto.

Gosto de trabalhar com os animais,

tocar-lhes quando as ordenho,

sentir-lhes o cheiro.” Se Manuela

Pimenta tiver que deixar tudo será

um “bocadinho” de si que também

morrerá – e ainda é cedo para isso,

mal entrou nos 40.

O marido, “mais frio”, já

desenhou lá no fundo da alma o

que poderá ter que fazer daqui

a meio ano. Amargurado com

os prejuízos de cerca de cinco

mil euros por mês que se vão

acumulando desde Maio, diz

que só se consegue aguentar,

no máximo, mais seis meses. E

depois? “Mando-as abater todas.”

“Ai, Pedro!”, sobressalta-se

Manuela, de mão no peito.

Em 2000, quando começaram

com 50 vacas vindas de França,

o leite era pago a 35 cêntimos o

litro e o custo de produção metade

disso. Agora são 90 a dar leite,

mais outras tantas ou em fase seca

ou ainda vitelas, que custam, cada,

5 euros/dia. Com o fi m das quotas

leiteiras decretado por Bruxelas

– com o voto contra do PCP, mas

o carimbo dos eurodeputados

do PS, PSD e CDS, fez questão de

vincar repetidamente Jerónimo -,

DANIEL ROCH

O líder da CDU visitou uma exploração leiteira e não comentou os desacatos da véspera em Lisboa

Jerónimo não comenta os desacatos envolvendo militantes depois do comício do Coliseu e prefere afirmar-se “empenhado” na corrida à Assembleia da República

Partida: Lisboa

Acontecimento do dia:

Chegada: Coimbra

CDU visitou uma exploração leiteira familiar para mostrar a agonia dos produtores nacionais com o fim das quotas leiteiras

Reportagem Maria Lopes

CONTA KM

834 km

1093km

o mercado foi invadido por leite da

Polónia, França e países nórdicos.

Soma-se a redução da procura com

o embargo russo, menos compras

da China, a “moda vegan e do leite

(chamam-lhe) de soja” - e o preço

pago ao produtor caiu dos 38

cêntimos para os 26, mas custa 33

a produzir. O casal afunda-se em

prejuízos e endivida-se em créditos

sucessivos, como muitos dos

actuais quase seis mil produtores

de leite em Portugal (só nos Açores

são 3000) – e já foram, quando

Portugal entrou na então CEE, 80

mil, lembrava Jerónimo.

A solução passa pelo regresso

das quotas? Pedro diz que sim, mas

também sabe que quando Bruxelas

decide é como um touro a inves-

tir sobre o forcado – não há volta

atrás. Por isso, sobe ao degrau se-

guinte: é preciso mudar de atitude,

encontrar medidas para promover

a qualidade (e a necessidade) do

leite nacional sobre o leite impor-

tado. Jerónimo de Sousa subscreve

a ideia mas não avança com pro-

messas de medidas a propor no

Parlamento. Embora diga que todo

“o empenho, esforço e atenção” da

CDU está na campanha, razão para

não falar sobre os desacatos na bai-

xa lisboeta depois do comício de

domingo, mas garante, a coligação

“está a apurar os factos”.

CDU analisa caso de apoiante agredido por skinheads

A CDU está a “apurar os contornos” do caso relativo à agressão de um dos seus apoiantes em Lisboa, no

domingo, por um alegado grupo de skinheads neonazis, pouco depois do comício no Coliseu dos Recreios. Ao PÚBLICO, o gabinete de imprensa do PCP acrescentou que irá a seu tempo “ponderar os procedimentos que se justifiquem nestas matérias”, mas o caso ficará sem qualquer desenvolvimento se o militante agredido não apresentar queixa à polícia. Está em causa um crime semi-público, pelo que a abertura de um inquérito-crime depende da participação da vítima. Até ao início da noite de ontem tal ainda não teria ocorrido, adiantou fonte policial.

A vítima é um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa que foi então transportada para o

Hospital de São José, em Lisboa, onde continua internado face às lesões que sofreu durante as agressões. O incidente ocorreu pelas 18h30 perto das Portas de Santo Antão, em Lisboa. O apoiante da CDU ter-se-á cruzado com o grupo de skinheads pouco depois de sair do comício. Os suspeitos viriam de uma manifestação contra refugiados e vestiam t-shirts onde se lia “refugiados não são bem-vindos”. Um troca de palavras mais acesa entre o militante da CDU e o grupo terá resultado nas agressões.

Quando os agentes da PSP chegaram, já os agressores tinham fugido do local, pelo que a polícia não identificou suspeitos do crime. No local, foi encontrada a carteira de um guarda prisional que mais tarde a reclamou numa esquadra próxima. Algumas

pessoas que testemunharam o incidente garantiram a órgãos de comunicação social que um dos suspeitos deixou cair a carteira e que teria voltado para trás para a tentar recuperar.

“Confirma-se que encontramos uma carteira, mas não temos qualquer indício de que possa ser de um dos agressores. Não há nada que aponte nesse sentido, pelo menos nesta altura. Pode apenas ter sido perdida”, disse o comissário Rui Costa, do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa. Certo é que esta suspeita lançado por testemunhas no local ficará sem qualquer investigação se não for apresentada queixa à polícia. De acordo com a lei, a participação pode ser apresentada durante um máximo de seis meses logo após a situação. Pedro Sales Dias

Page 7: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESTAQUE | 7

Pergunta do dia

“A procura interna é um indicador decisivo no comportamentos dos eleitores?”

Procura interna é um conceito, construído no âmbito da Macroeconomia. Respeita aos bens e

serviços que uma população compra durante um ano. Engloba a compra de bens de consumo pelas famílias, e pelo Estado, e a compra de bens de investimento pelas famílias, pelo Estado e pelas empresas. Rondará, em Portugal, os 170 mil milhões de euros por ano. É satisfeita em cerca de 40% por importações (bens, portanto, que os 10 milhões de portugueses compram mas não produzem); como exportamos um valor da mesma ordem de grandeza, acabamos por produzir também 170 mil milhões de Euros por ano — valor do PIB.

O conceito parece-me demasiado abstracto para poder influenciar o comportamento, leia-se o voto dos eleitores. Estes reagem mais, penso eu, a categorias mais empíricas, e mais próximas do seu quotidiano, como sejam o emprego (que têm ou não têm), o salário (que auferem ou não auferem), as pensões (que recebem ou não recebem), os preços dos bens e serviços (sobretudo quando sobem muito), os impostos que pagam (muitos ou poucos,

sempre quando se dão conta). Tudo isto, não saindo da economia, e deixando de lado outras realidades como o poderão ser o funcionamento das escolas, dos hospitais, a segurança, etc., etc.

A questão da procura interna ganha, no entanto, relevância política porque se pode actuar sobre o crescimento económico (e, portanto, sobre o PIB, e o emprego, e o rendimento das pessoas),

manipulando politicamente a procura interna. Ensina-se nas escolas (pelo menos nas que não são muito más) que esta manipulação faz tanto mais sentido, e se revela tanto mais eficaz, quanto mais fechada a

economia. Funcionou melhor no passado do que no presente; funciona, hoje, melhor numa economia grande do que numa economia pequena.

Numa economia tão pequena e tão aberta como a portuguesa, tentar fazer crescer, hoje, a procura interna para fazer crescer a economia, afigura-se-me um arcaísmo, e um erro; esvai-se em importações, sendo um excelente contributo para o crescimento do PIB ... espanhol, ou alemão. É um daqueles “actos de ternura” contra os quais é necessária a coragem de lutar, tanto mais quanto mais suportados por dívida (como será necessariamente o caso). Há quem pense que rende votos; não sei, talvez... Em minha opinião, rende sobretudo resgates, como se os que já tivemos, precisamente pelas mesmas razões, não tivessem sido suficientes.Daniel BessaEconomista

Chegaram os tempos de

antena à televisão pública.

É a versão minimalista

da propaganda. Sem

contraditório, com

ausência de trabalho de

edição independente e, mesmo,

sem imagens.

Os tradicionais monárquicos

do PPM, habituados às eleições

da República, os madeirenses de

Juntos Pelo Povo, bem-sucedidos

na ilha, e os recém-chegados do

Partido Unido dos Reformados e

Pensionistas falharam o primeiro

rendez-vous com os telespectadores

ao fi m da tarde de domingo. Ficou

um fundo azul com a indicação

em letras brancas que o espaço

legalmente concedido não tinha

sido preenchido. Por falta de

envio. Sem ironia: desconhece-se

se houve comoção

quando o povo —

monárquico ou

republicano ou

pensionista — estava

junto para ver o clássico.

Nada melhor que o tempo de

antena ofi cial para não ter dúvidas

sobre as intenções partidárias e o

perfi l dos protagonistas. Marinho

e Pinto, do PDR, falou para uma

câmara fi xa, ao mais puro estilo

one man show.

Já houve diversidade nos

minutos do AGIR, com, entre

outras, uma intervenção do

máximo responsável do Partido

Trabalhista Português. Destaque

para Joana Amaral Dias. A

propósito da expressão “ter a faca

e o queijo na mão”, a cabeça-de-

lista por Lisboa foi literal. Exibiu

um facalhão e um queijo de

denominação de origem anónima.

Se a explicitação continuasse e

fossem as eleições mais tarde, o

seu estado de esperanças teria

desenlace à boca das urnas.

Parto à boca das urnas

Câmara ocultaNuno Ribeiro

Com Eurico Figueiredo, o ca-

beça de lista no Porto, apa-

rentemente em forma — sem

mazelas da greve de fome,

através da qual protestou de

7 a 12 de Setembro, contra

o comportamento dos serviços da

Segurança Social —, o Movimento

partido da Terra (MPT) andou ontem

pela Baixa portuense, a passar a sua

mensagem “humanista, ecologista

e liberal”. Cerca de duas dezenas de

apoiantes do partido do trevo des-

ceram da Praça da Batalha à Rua de

Santa Catarina, para a partir daí rumar

ao incontornável Mercado do Bolhão.

“Para ir para o Céu tem que votar

no Partido da Terra”, disse aí Eurico

Figueiredo a uma vendedora, cuja

resposta — um “sim, senhor” mais

educado do que convicto — o mi-

crofone da TSF apanhou. Tal como

o comentário espontâneo do cidadão

que reconheceu logo Eurico Figuei-

redo: “ Eu conheço-o, o senhor já foi

do PS”.

Horas antes, o MPT, um dos par-

tidos que tentam, nestas legislativas

de 2015, conquistar a representação

parlamentar que nunca consegui-

ram, apresentou outdoors que, com

recurso à tecnologia da realidade au-

mentada, permitem a quem apontar

o smartphone para ele assistir a um

vídeo de propaganda do partido. O

MPT elege como prioridades melho-

rar a posição de Portugal nos rankin-

gs Índice de Felicidade Interna Bruta;

Índice de Desempenho Ambiental; e

Realidade aumentada e outros argumentos de partidos que querem ganhar expressão

Índice de Competitividade Global.

Em Lisboa, o cabeça de lista do

Partido Popular Monárquico (PPM)

por Lisboa, Gonçalo da Câmara Pe-

reira, anunciou que a sua campanha

eleitoral passa pela vindima na sua

herdade alentejana, sublinhando

que é um “homem de trabalho” e

da agricultura.

“Eu trabalho, não sou chulo do Es-

tado, não sou senhor deputado, não

ganho cinco mil euros para chular

os portugueses. Eu quero ir para lá

[Assembleia da República] e dizer

exactamente isto: ‘vão mas é traba-

lhar!’”, disse à Lusa.

“Façam a campanha a trabalhar,

na agricultura que abandonaram.

Agora andam com fantasias, com a

política agrícola toda desgraçada, te-

mos uma menina como ministra que

nunca cá pôs os pés e anda a cortar

fi tas, ponham um agricultor a tomar

conta da agricultura”, defendeu.

Gonçalo da Câmara Pereira dedi-

cou o dia de ontem às vindimas na

sua herdade em Arronches, no distri-

to de Portalegre, onde tem “planta-

das” várias bandeiras do PPM.

“O Presidente da República só aju-

da o poder económico, os pequeni-

nos é que não ajuda. Precisamos de

um Rei para ajudar os pequeninos,

porque o Rei sempre ajudou o povo

e o povo foi sempre defendido pelo

Rei contra o poder económico, con-

tra os senhores fi dalgos, alguns pre-

sos, mas muito poucos”, declarou..

PÚBLICO/Lusa

DIOGO BATISTA

MPT inaugurou outdoors com tecnologia de realidade aumentada

Para ir para o Céu tem que votar no Partido da TerraEurico FigueiredoMovimento Partido da Terra

Page 8: Jornal Público de 22.09.2015

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

A apropriação de géneros

jornalísticos pelas

campanhas não é uma

novidade, mas uma das

tendências deste ano é o

surgimento de iniciativas

de suposto fact-checking, com

socialistas e coligação a disputarem

nas redes um pingue-pongue de

“evidências” e “mentiras”. Ontem

referimos o artigo do diário de

campanha socialista intitulado

“Desmascarando as oito mentiras

de Passos no debate das rádios”.

Ontem veio a resposta da Portugal

à Frente: “Dez evidências que a

oposição insiste em negar.”

Um exemplo do confronto: a

coligação proclama a “recuperação

de mais de 220 mil postos de

trabalho”, sem indicar a fonte; o

PS contabiliza “menos 300 mil

empregos” desde o Documento de

Estratégia Orçamental de Agosto

de 2011. Diferenças

na forma: o PS

disponibiliza um

texto corrido; a

coligação apresenta

um conjunto de imagens

partilháveis no Facebook. Factos

para todos os gostos, todos a

exigirem verifi cação independente.

Nota ainda para a reacção da

CDU à afi rmação do Expresso de

que a campanha dos comunistas

se resume a Jerónimo. A página

sugerida pelo deputado Miguel

Tiago para agregar imagens das

acções de rua já está disponível no

Facebook.

Por fi m, um tributo à infi nita

memória da web. Ressurge nas

redes, pela mão de apoiantes da

coligação, um excerto de 2011 do

programa Quadratura do Círculo

(SIC Notícias) em que Costa

defende que, em alternativa ao

Bloco Central, PS e PSD se devem

abster de inviabilizar Orçamentos

do Estado, “independentemente

do seu conteúdo”.

Contra factos, os meus factos

Apanhados na redePedro Guerreiro

BE mantém: escritório de Aguiar-Branco lucrou um milhão com a Metro do Porto

O tema promete aquecer

a campanha eleitoral do

Bloco de Esquerda. O que

está em causa é a relação do

ministro e candidato pela

coligação Portugal à Frente,

Aguiar-Branco, sócio maioritário de

um escritório de advogados, com

a Metro do Porto, e de que forma

benefi ciou com essa relação.

No sábado, o número dois pelo

Porto do BE, José Soeiro, acusou:

“No Porto, Aguiar-Branco é a cara

deste processo de concessão dos

transportes do Metro e da STCP con-

tra a opinião dos utentes, contra a

opinião dos autarcas das várias cores

que existem, mas ele é também só-

cio maioritário do escritório de ad-

vogados [José Pedro Aguiar-Branco

& Associados, JPAB] que ganhou um

milhão de euros em pareceres e con-

sultorias feitas à Metro do Porto.” Al-

gumas notícias — entre as quais a do

PÚBLICO — avançaram que Soeiro

tinha acusado Aguiar-Branco de ser

sócio de um escritório que lucrou

um milhão com a subconcessão dos

transportes do Porto.

No dia seguinte, a Metro do Porto

desmentiu: “É totalmente falso que

tenha sido adjudicado ou pago qual-

quer valor à JPAB & Associados, no

âmbito do processo de subconces-

são em curso, seja de que natureza

for. É totalmente falso que a JPAB &

Associados tenha emitido qualquer

tipo de parecer ou prestado qualquer

consultoria à Metro do Porto S.A. no

âmbito do processo de subconces-

são.” Ou seja, o que a empresa negou

foi que esses pareceres tivessem sido

feitos no âmbito deste processo. Po-

rém, ainda que não sejam totalmen-

te claras, as declarações de Soeiro,

lidas com atenção, referem-se a um

milhão de euros pagos pela Metro do

Porto à sociedade de advogados.

Por isso, o BE reafi rma que desde

Maria João Lopes

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

A Metro do Porto é cliente da JPAB pelo menos desde 2004

2004 a Metro do Porto SA adjudicou

à JPAB serviços de consultoria e que

“o escritório de Aguiar-Branco rece-

beu” em cada ano “cerca de cem mil

euros por pareceres e consultorias

realizadas a esta empresa, perfazen-

do” o valor indicado. Acrescentam

que Luís Bianchi de Aguiar é “asses-

sor do conselho de administração e

funções de gestão e coordenação do

gabinete jurídico da sociedade Metro

do Porto, S.A., em representação da

sociedade JPAB” desde Julho de 2004

e que, “de acordo com os relatórios

da Metro do Porto, a JPAB recebeu,

só desde 2013” e até 2015 “175 mil

euros em pareceres e consultorias

realizados para a Metro”.

Esta “não é a única ligação de

Aguiar-Branco com a empresa”,

continuam: “Quando foi para o Go-

verno, Aguiar-Branco nomeou para

seu secretário de Estado nada mais

nada menos que Paulo Braga Lino

que, entre 2000 e 2006, foi director

administrativo e fi nanceiro da Me-

tro.” Trata-se de “um dos homens

próximos de Aguiar-Branco”, que

“foi responsável, com Juvenal Pe-

neda, pela celebração de contratos

de cobertura de fi nanciamentos na

Metro do Porto através de derivados

fi nanceiros, os chamados swaps, que

abriram um buraco que ascendeu a

mais de 800 milhões de euros nas

contas da transportadora”.

O “escândalo foi tão grande”, re-

cordam, “que o secretário de Esta-

do de Aguiar-Branco acabou por ter

de demitir-se do Governo”. Os blo-

quistas salientam também que “do

conselho de administração da Metro

do Porto que decidiu o recurso a es-

tes produtos fi nanceiros fazia ainda

parte Marco António Costa, o actu-

al número dois da lista do PSD”. O

Bloco remata: “A promiscuidade e a

circulação de responsáveis políticos

entre administrações de empresas,

escritórios de advogados e cargos go-

vernamentais, é uma das bases do

regime. É ela que assegura o exercí-

cio da infl uência e a reprodução dos

interesses.”

O PÚBLICO contactou o assessor

do candidato José Pedro Aguiar-Bran-

co, assim como a Metro do Porto, que

até agora não se pronunciaram sobre

o comunicado do BE.

O Bloco de Esquerda fala em “promiscuidade” entre administrações de empresas, advogados e cargos governamentais

Em Paris com emigrantes e lesados do BES

Criar emprego e condições de trabalho em Portugal para que as pessoas não tenham de emigrar. Se

emigrarem, assegurar que mantêm os laços com o país. Garantir que os lesados do BES/Novo Banco não são prejudicados uma segunda vez. Estas foram algumas das preocupações que levaram a porta-voz do BE, Catarina Martins, a apanhar ontem um avião para Paris e a reunir-se com emigrantes de diferentes gerações.

Na capital francesa, Catarina Martins esteve com associações de defesa dos direitos dos emigrantes portugueses, com responsáveis da Santa Casa da Misericórdia de Paris e ainda com representantes do Movimento dos Emigrantes Lesados do BES/Novo Banco.

Entre as preocupações abordadas nos encontros, está o facto, diz a porta-voz, de haver cada vez “menos apoio do Estado” a quem está fora. Outra preocupação é já sobejamente

conhecida: o número de jovens “obrigados a emigrar”. O Bloco de Esquerda vem defendendo que não é possível falar de sustentabilidade económica ou de Segurança Social sem enfrentar os problemas da quebra da natalidade e da emigração. Para Catarina Martins, é preciso criar condições em Portugal para que as pessoas possam voltar. E só se consegue “travar esta sangria da emigração” criando não só emprego, mas emprego com qualidade. Por isso, há muito que o BE promete combater os baixos salários e o trabalho precário.

Entre os lesados do BES, a porta-voz encontrou algumas pessoas “com muita idade e pouca literacia” — têm reformas baixas e perderam “as poupanças de uma vida” neste processo — e que continuam sem perceber exactamente o que está acontecer. Para Catarina Martins, é preciso garantir que estas pessoas não são novamente lesadas.

Page 9: Jornal Público de 22.09.2015

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Page 10: Jornal Público de 22.09.2015

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Crato dá mais quatro milhões de eurosao ensino artístico especializado

BRUNO LISITA

Dezenas de professores, pais e alunos protestaram sexta-feira contra os cortes no ensino artístico

O ministro da Educação, Nuno Cra-

to, anunciou ontem que serão dis-

ponibilizados mais quatro milhões

de euros para o fi nanciamento dos

conservatórios particulares que ga-

rantem as aulas do ensino especiali-

zado de música nas escolas públicas,

de forma gratuita.

O anúncio segue-se a vários protes-

tos e denúncias por parte das escolas

do ensino artístico especializado e de

responsáveis de agrupamentos, dan-

do conta de que o fi nanciamento ini-

cialmente atribuído pelo Ministério

da Educação e Ciência (MEC) deixa

de fora muitos dos alunos que apos-

taram numa formação musical mais

completa. Na sexta-feira, professo-

res, pais e alunos concentraram-se

frente às instalações do MEC para

contestar esta exclusão e as discre-

pâncias registadas no modo como as

escolas foram fi nanciadas.

Ontem de manhã, Nuno Crato e o

secretário de Estado do Ensino Bási-

co e Secundário, Egídio Reis, estive-

ram reunidos com a Associação de

Estabelecimentos do Ensino Parti-

cular e Cooperativo (AEEP) e com

representantes das escolas artísti-

cas para analisarem os resultados do

concurso para o fi nanciamento do

ensino artístico, que foram divulga-

dos no fi nal de Agosto. A AEEP já se

congratulou com a posição assumida

pelo ministério.

No fi nal do encontro, Nuno Cra-

to defendeu que o ensino artístico

tem hoje regras de fi nanciamento

mais transparentes e estáveis, mas

reconheceu que algumas mudanças

acabaram por ter “um efeito indese-

jado” em determinadas regiões. “Foi

apresentado um volume de queixas

superior ao expectável. Temos de

dialogar com as pessoas e fazer este

esforço adicional, por isso teve de se

encontrar esta verba”, declarou.

O MEC tem insistido que o fi nan-

ciamento inicialmente atribuído às

escolas do ensino artístico especia-

lizado (55 milhões de euros) é igual

ao do ano lectivo anterior, que agora

passa a ser assegurado na totalida-

de pelo Orçamento do Estado. Nos

últimos quatro anos esta oferta foi

paga por fundos comunitários nas

chamadas regiões de convergên-

cia (Norte, Centro e Alentejo). Mas

como as regras mudaram, nomea-

damente por via da uniformização

do valor atribuído por aluno, várias

escolas, nomeadamente da região

de Lisboa e do Algarve, acabaram

por sofrer cortes que chegaram aos

40%, inviabilizando assim a abertu-

ra de turmas, nomeadamente as do

ensino articulado do 5.º ano de es-

colaridade, o primeiro em que existe

nesta modalidade de aprendizagem.

A acontecer, tal signifi cará o esva-

ziamento desta formação porque

não havendo alunos no ano inicial

deixarão também de existir nos se-

guintes, alertaram vários responsá-

veis de escolas.

Os alunos do ensino articulado es-

tão dispensados de algumas discipli-

nas do plano de estudos normal, co-

mo Educação Visual ou Tecnológica,

que são substituídas por outras de

formação musical asseguradas pelos

professores dos conservatórios que,

na maior parte dos casos, se deslo-

cam para o efeito às escolas que os

alunos frequentam.

O director-executivo da Associa-

ção de Estabelecimentos do Ensino

Particular e Cooperativo (AEEP), Ro-

drigo Queirós e Melo, já classifi cou

como “muito positivo” este reforço,

adiantando que o suplemento de

quatro milhões de euros “é o valor

a que o ministério pode chegar”.

“Não resolverá todas as situações,

mas pensamos que dará resposta

às que eram mais graves e que para

nós eram essenciais resolver, ou seja,

garantir que todos os alunos que já

estão no ensino articulado possam

concluir o seu percurso, tanto no bá-

sico como no secundário; que em to-

das as escolas envolvidas exista pelo

menos uma turma de novos alunos

[no 5.º ano]; e atender ao proble-

ma das instituições em que os cortes

foram maiores”, especifi cou o res-

ponsável da AEEP em declarações

ao PÚBLICO.

Duarte Lamas, professor de mú-

sica e um dos animadores do Movi-

mento Reivindicativo do Ensino Ar-

tístico Especializado, que organizou

o protesto de sexta-feira, considera

também que o reforço anunciado

por Crato vai permitir uma “me-

lhoria”, mas frisa que ainda não é

possível saber se será sufi ciente para

garantir uma das reivindicações de

base do movimento: que nenhum

aluno inscrito no ensino articulado

fi que de fora. com Lusa

Escolas tinham alertado que a verba disponível iria deixar muitos alunos de fora. Houve protestos.O ministro da Educação diz que foram ouvidos e que “por isso teve de encontrar” mais dinheiro

Fenprof diz que arranque tardio das aulas só disfarça problemas

O ano lectivo começou ontem com os mesmos problemas que existiam no ano passado, mas sem

o erro técnico na fórmula de ordenação dos professores que causou a confusão na colocação dos docentes, denunciou a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), apontando, como exemplo, o facto de haver turmas que misturam alunos do 1.º, 3.º e 4.º anos.

Numa conferência de imprensa que decorreu no Porto, Mário Nogueira, do Secretariado Nacional da Fenprof, lembrou que a confusão na colocação de professores, em 2014, atingiu a “dimensão de tragédia”, com alguns a serem colocados quase só no final do primeiro período. Disse que, ainda assim, “nalguns casos o ano lectivo deste ano começa pior do que no ano passado”.

Mário Nogueira afirmou que a Fenprof identificou três problemas graves, que são a falta de professores para apoiar alunos com necessidades educativas especiais, a falta de assistentes operacionais (auxiliares de educação) e o atraso na colocação de docentes. “O problema da colocação de professores foi disfarçado com a abertura tardia das aulas”, disse o sindicalista, reiterando que se o ano lectivo tivesse iniciado dia 15 — como normalmente — Portugal teria vivido um problema semelhante ao do ano passado com a falta de professores nas escolas. “A prova de que, mais uma vez, as colocações se atrasaram foi que no dia 16 (...) ainda foram colocados 2404 professores, os quais, por só agora serem colocados, estão hoje a iniciar a sua actividade com os alunos sem terem podido participar em

todo o trabalho de preparação do ano lectivo”, apontou Mário Nogueira.

O sindicalista afirmou que hoje as escolas dão “menores” e “piores” respostas com o corte de três mil milhões de euros que o actual Governo realizou. Indicou, como exemplo, que no Agrupamento de Escolas Professor António Natividade, no município de Mesão Frio, há uma turma onde misturaram alunos do 1.º, 3.º e 4.º anos de escolaridade; e que em Penacova há uma turma com “sete alunos com necessidades educativas especiais (NEE), violando o limite máximo de dois. Por lei, as turmas com alunos com NEE não podem ir além dos 20 estudantes, nem ter mais de dois alunos com aquelas dificuldades, mas segundo Mário Nogueira aquele tipo de ilegalidade está a acontecer de forma “transversal” em Portugal.

EducaçãoClara Viana

Page 11: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 11

As mudanças climáticas podem, te-

oricamente, trazer as doenças tropi-

cais para zonas mais temperadas, in-

clusivamente para Portugal, embora

seja ainda cedo para avaliar o que

está em causa, disse o investigador

português Henrique Silveira.

Numa entrevista à agência Lusa,

o investigador do Instituto de Higie-

ne e Medicina Tropical (IHMT) de

Portugal lembrou os casos recentes

de dengue na Madeira (1079 casos

entre 2012 e 2014 sem óbitos) e em

Cabo Verde (mais de 21 casos, com

seis mortes, em 2009).

“É um risco teórico real. Se pen-

sarmos que os mosquitos têm uma

distribuição associada aos factores

climáticos, se os alterarmos, os

mosquitos podem expandir a sua

área geográfi ca”, sublinhou Henri-

que Silveira, admitindo, porém, que

ainda existe muita informação por

comprovar sobre as consequências

das alterações climáticas.

“Não me sinto capaz de respon-

der a isso. Mas a Madeira já teve

dengue. É o caso típico. Apareceu

o mosquito, que não existia na

região, e depois, por um acaso, o

mosquito picou alguém e começou a

transmissão”, realçou. Em Portugal,

lembrou, a malária, também conhe-

cida por paludismo, foi erradicada

em 1973 e os casos conhecidos são

todos importados, trazidos por pes-

soas que foram infectadas em países

tropicais.

A 17 deste mês, um relatório con-

junto da OMS e da Unicef indicou

que a taxa de mortalidade por ma-

lária baixou 60% desde 2000, mas

ainda existem mais de três mil mi-

lhões de pessoas em risco de con-

trair a doença. A queda de mortali-

dade traduziu-se por 6,2 milhões de

vidas poupadas nos últimos 15 anos,

perto de seis milhões dos quais são

crianças menores de cinco anos, o

grupo mais vulnerável à malária.

O relatório Achieving the Malaria

Millennium Development Goal Target

revela que a meta da malária — que

consta dos Objectivos de Desen-

volvimento do Milénio (ODM) — de

“reduzir para metade e começar a

inverter a incidência” desta doen-

ça até 2015, foi alcançada de uma

“maneira convincente”, com uma

descida de 37% dos novos casos em

15 anos. Entre 2000 e 2015, a taxa

de morte por malária dos menores

de cinco anos desceu 65%, o que

representa 5,9 milhões de vidas

salvas.

Mudanças climáticas transportam doenças

Saúde

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A partir de Outubro, os portugue-

ses que queiram vacinar-se contra

a gripe sazonal já vão poder fazê-lo.

Neste Inverno, Portugal vai contar

com mais de 1,2 milhões de doses

gratuitas desta vacina, que continu-

ará a ser oferecida a todas as pes-

soas com mais de 65 anos. Nestes

Mais de 1,2 milhões de vacinas gratuitas contra a gripe disponíveis em Outubro

casos não é necessária receita médi-

ca ou qualquer pagamento de taxa

moderadora.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS),

em comunicado, explica que a cam-

panha de vacinação arranca em Ou-

tubro e “decorrerá durante todo o

Outono e Inverno”. “Tal como em

anos anteriores, a vacina contra a

gripe é gratuita para os cidadãos com

65 ou mais anos de idade, bem como

para pessoas vulneráveis residentes

ou internadas em instituições, sem

necessidade de receita médica ou de

pagamento de taxa moderadora”,

explica a nota. Para receberem as

vacinas as pessoas devem dirigir-se

ao centro de saúde.

Saúde Romana Borja-Santos

Restantes pessoas podem comprar vacina na farmácia, desde que tenham receita médica

tuindo a vacina a melhor prevenção

para evitar estas complicações, a va-

cinação contra a gripe é fortemente

recomendada a pessoas com idade

igual ou superior a 65 anos, doentes

crónicos e imunodeprimidos (a par-

tir dos seis meses de idade), grávidas,

bem como a profi ssionais de saúde

e outros prestadores de cuidados,

por exemplo, em lares de idosos”,

reforça a nota.

As metas em termos de vacinação

contra a gripe ainda estão aquém do

previsto. A ideia era ter em 2015 um

total de 75% das pessoas com mais

de 65 anos imunizadas. Porém, no

último Inverno a cobertura fi cou-se

pelos 55%.

Neste Inverno, o número de doses

gratuitas disponíveis para Portugal

voltou a crescer e atingiu um núme-

ro-recorde de 1.223.624 vacinas. Em

2012 eram cerca de um milhão e o nú-

mero tem aumentado todos os anos.

Além destas doses, para os restantes

interessados há vacinas contra a gri-

pe à venda nas farmácias, mediante a

apresentação de receita médica.

A DGS apela a que os portugueses

adiram à vacinação, lembrando que

a gripe, apesar de muitas vezes se

curar espontaneamente, “pode de-

sencadear complicações, particular-

mente em pessoas com determina-

das doenças crónicas ou com idade

igual ou superior a 65 anos”. “Consti-

Page 12: Jornal Público de 22.09.2015

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Uma em cada seis empresas de saneamento longe das verbas da UE

ANA LUISA SILVA

Se uma câmara municipal estiver em dívida para com um sistema multimunicipal a quem compra água, não pode apresentar candidaturas

Uma em cada seis entidades que ge-

rem o saneamento em Portugal não

pode, por ora, candidatar-se aos mi-

lhões de euros de verbas europeias

disponíveis para o sector da água nos

próximos cinco anos.

Uma simulação realizada pela En-

tidade Reguladora dos Serviços de

Águas e Resíduos (ERSAR) encontrou

49 entidades gestoras do tratamento

de esgotos, num universo de 283 —

ou seja, 17% —, que não cumprem pe-

lo menos um dos critérios de acesso

aos fundos do Programa Operacional

Sustentabilidade e Efi ciência no Uso

de Recursos (POSEUR), um dos que

compõem o quadro de fi nanciamen-

to comunitário a Portugal até 2020.

Também nesta situação estão 32

entidades gestoras do abastecimento

de água (12% do total) e sete do tra-

tamento de resíduos urbanos (2,5%).

No total, 88 empresas ou autarquias,

cuja identifi cação a ERSAR não quis

revelar, estão longe dos quase mil mi-

lhões de euros da UE para estas três

áreas. São 10% de todas as entidades

existentes no país nestas áreas.

Em causa está o não cumprimento

de critérios que têm directamente a

ver com compromissos que as entida-

des gestoras têm para com a ERSAR.

O principal problema está na disponi-

bilização de indicadores da qualidade

do serviço prestado. A ERSAR exige

que lhe seja enviado um conjunto de

16 indicadores, por exemplo sobre a

acessibilidade ao serviço, as falhas

no abastecimento, as inundações ou

a existência de recursos humanos su-

fi cientes. Mas nem todas as entidades

respondem integralmente.

Para se candidatarem a um fi nan-

ciamento este ano, são admitidos

no máximo quatro indicadores sem

resposta. Cerca de 88% das entida-

des que gerem o abastecimento de

água e 80% das que são responsá-

veis pelo saneamento passam por

este crivo, de acordo com os dados

de 2013 validados pela ERSAR. Dos

20% restantes, uma parte já tem in-

formações de 2014 que satisfazem

o critério, mas que não estão vali-

dadas. Podem avançar, desde que

assinem uma declaração de respon-

sabilidade pelos números. Restam

14 entidades no abastecimento e 37

no saneamento que não se podem

Os maiores atrasos verifi cam-se na

área da drenagem e tratamento de

esgotos. Portugal tinha-se compro-

metido a chegar a uma taxa de 90%

de população servida até 2006. Mas

agora, nove anos depois do prazo,

ainda está em 82%.

O país enfrenta, neste momento,

um processo no Tribunal Europeu

de Justiça — relativo à situação de Ma-

tosinhos e Vila Real — por violação

da legislação comunitária que exige

um tratamento adequado de águas

residuais das aglomerações urbanas.

Se for condenado, terá de pagar uma

multa de 4,4 milhões de euros, mais

20 mil euros diários enquanto a situ-

ação não estiver resolvida.

As regras do POSEUR permitem

que, nos casos de contencioso com

Bruxelas, o cumprimento dos crité-

rios para as candidaturas possa ser

adiado por um ano.

Até agora, o POSEUR tem apenas

três candidaturas aprovadas, no va-

lor total de 40 milhões de euros.

Simulação realizada pela entidade reguladora revela que 88 entidades do sector da água e resíduos não cumprem critérios para ter acesso a quase mil milhões de euros de fi nanciamento comunitário

AmbienteRicardo Garcia

Entidades que cumprem critérios

Saneamento

Água

Quem pode pedir

Resíduos

234

243

49

32

2747

Sim Não

Fonte: ERSAR PÚBLICO

mesmo candidatar, segundo apenas

este critério.

Outro requisito a ser cumprido é o

da recuperação de custos dos servi-

ços. Para já, o que se exige é que 80%

sejam cobertos pela tarifa cobrada

aos cidadãos e empresas.

Também é preciso que as entida-

des tenham um conhecimento sufi -

ciente da sua infra-estrutura — como

as redes de abastecimento e sanea-

mento. “Ninguém consegue fazer

uma boa gestão daquilo que não co-

nhece”, justifi ca Orlando Borges, o

novo presidente da ERSAR, em fun-

ções desde Abril. As entidades que

não cumprem este critério têm, no

entanto, a possibilidade de pedir um

fi nanciamento para melhorar o ca-

dastro das suas infra-estruturas.

As exigências para acesso aos fun-

dos comunitários foram defi nidas

pelo POSEUR, em parte com a ajuda

da ERSAR. Segundo Orlando Bor-

ges, foi deliberadamente introduzi-

da alguma fl exibilidade nas regras.

“Teria havido condições para serem

mais restritivas”, afi rma. Mas se as-

sim fosse, praticamente só quem já

não tem grandes problemas é que

conseguiria fi nanciamento. “O que

para nós é importante é trazer as

entidades gestoras para o proces-

so”, diz o presidente da ERSAR.

O número de entidades que vai en-

contrar fechada a porta dos fundos

europeus pode ser maior. Um dos

requisitos para os fi nanciamentos

é não ter dívidas para com os servi-

ços chamados “em alta”. Ou seja, se

uma câmara municipal estiver em

dívida com um sistema multimu-

nicipal a quem compra água, não

pode apresentar candidaturas ao

POSEUR, a não ser que tenha acor-

dado um plano de pagamento. Em

2014, a holding pública Águas de

Portugal, que tem participação na

generalidade dos sistemas “em alta”,

registava 468 milhões de euros de

dívidas dos seus clientes, dos quais

413 milhões eram de municípios..

O POSEUR tem disponíveis 634

milhões de euros para o sector das

águas e 306 milhões para o dos re-

síduos até 2020. Este dinheiro será

essencial para Portugal cumprir as

metas dos seus planos estratégicos e

também directivas comunitárias.

Page 13: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 13

“Os trabalhadores do sexo” devem organizar-se

Hendrik Wagenaar, da Universidade

de Sheffi eld, apresenta o conceito

de “governança colaborativa” pa-

ra explicar que é possível trabalhar

em conjunto, que todos os actores

podem ter lugar à mesma mesa, so-

bretudo as populações mais vulne-

ráveis e menos visíveis, para deba-

terem problemas, aprenderem em

conjunto e desenharem políticas em

nome do bem comum. Esta “gover-

nança colaborativa” é possível na

prostituição? À pergunta segue-se a

resposta. “É possível, mas não é fá-

cil”, diz na conferência que faz par-

te do programa de um encontro que

reúne investigadores e profi ssionais

do sexo no Porto até sábado.

Esse processo que exige um di-

álogo constante, assente na since-

ridade e respeito, seria o caminho

ideal para que os trabalhadores do

sexo fossem, de facto, escutados.

No entanto, como Wagenaar admi-

te, as perspectivas nesta área “não

são muito boas”, até porque haverá

grupos que não querem trabalhar

fora da sua própria caixa. Não são

boas, mas há alternativas. “O que

devem fazer os trabalhadores do

sexo?” Organizarem-se, exigir um

lugar à mesa, exigir formas sérias

de colaborarem, envolver mediado-

res”. “Sejam proactivos, não sejam

Trabalhadores do sexoe políticos devem sentar-se à mesma mesa? Devem,mas não é fácil

tímidos”, sublinhou na conferência

que teve lugar na Casa do Infante,

no Porto.

Alexandra Oliveira, investigadora

da Universidade do Porto e organi-

zadora do encontro, doutorada no

assunto, abriu o debate lembrando

que em Portugal não há nenhuma

organização de profi ssionais do se-

xo. Da Nova Zelândia chega o exem-

plo da New Zealand Prostitute’s

Collective pela intervenção de um

dos seus membros, Catherine He-

aly, que fala de um país em que os

profi ssionais do sexo têm direitos

laborais, protecção na saúde e or-

ganizações interventivas nesta área.

Este “colectivo” surgiu em 1987 e

um ano depois estava a colaborar

com o Governo nas políticas de

prostituição, mantendo um papel

activo até aos dias de hoje.

Em 2003, a organização parti-

cipou na reforma da prostituição.

Healy lembrou os propósitos dessa

reforma que avançou para “salva-

guardar os direitos humanos dos

trabalhadores do sexo e protegê-

los da exploração”. “Promover o

bem-estar, a saúde e a segurança

dos trabalhadores do sexo, proi-

bir que pessoas com menos de 18

anos fossem usadas na prostitui-

ção”. Healy garante que o cami-

nho não foi fácil. Ver a prostitui-

ção não passar ao lado de várias

organizações e do poder políti-

co deu luta, mas valeu a pena.

Até sábado, 56 investigadores de

22 países e 11 trabalhadores do sexo

de 10 países estão no Porto a discu-

tirem políticas sobre prostituição

e os direitos dos trabalhadores do

sexo. Hoje, durante todo o dia, os

investigadores, divididos por vários

grupos de trabalho, expõem as suas

ideias na Faculdade de Psicologia e

Educação da Universidade do Porto

e, à noite, pelas 21h30, é exibido o

documentário Das 9 às 5: Trabalho

Sexual é Trabalho com a presença da

realizadora Rita Alcaire, no Espaço

Maus Hábitos. Amanhã, na Casa do

Infante, a partir das 10h, discutem-

se as políticas de prostituição em

Portugal e na Europa, com a partici-

pação da eurodeputada Marisa Ma-

tias, a investigadora Alexandra Oli-

veira e uma trabalhadora do sexo.

Este encontro acontece no âmbi-

to da Rede Europeia ProsPol (COST

— Action ProsPol Comparing Euro-

pean Prostitution Policies. Unders-

tanding Scales and Cultures of Go-

vernance), organização conjunta da

Faculdade de Psicologia e de Ciên-

cias da Educação da UP e da Univer-

sidade de Essex, no Reino Unido.

ProstituiçãoSara Dias Oliveira

Investigadores e profissionais do sexo de vários países estão reunidos no Porto para debater políticas

NELSON GARRIDO

Acção de sensibilização pela cibersegurança infantil tem como alvo 707 mil alunos desde os 6 aos 14 anos

Os militares da GNR que diariamente

desenvolvem o programa Escola Se-

gura vão passar a contar com a com-

panhia de personagens da Disney,

nas deslocações aos estabelecimen-

tos de ensino básico e secundário.

Na sequência de um protocolo com

a conhecida multinacional, a Guarda

começa, a partir de hoje, a dispor

de apresentações e vídeos nos quais

as personagens das séries Violetta,

Vingadores, Phineas e Ferb e Club

Penguin alertam para os perigos da

Internet, nomeadamente associados

ao uso das redes sociais.

A acção de sensibilização pela ci-

bersegurança infantil atingirá 5460

escolas do ensino básico e secundário

em todo o país, tendo como alvo 707

mil alunos desde os seis aos 14 anos,

adiantou ao PÚBLICO o major Bruno

Marques do Gabinete de Relações Pú-

blicas da GNR. No total, 311 militares

de todos os destacamentos da GNR,

integrados nas secções de programas

especiais da GNR, estarão envolvidos

neste projecto. “São militares que já

GNR e personagens da Disney lutam pela cibersegurançaem mais de cinco mil escolas

desenvolvem diariamente o progra-

ma Escola Segura e outros progra-

mas de sensibilização dirigidos aos

mais idosos e programas relativos

à temática da violência doméstica.

Com este programa, queremos pre-

venir questões como ciberbullying e a

violência no namoro. E para isso na-

da melhor do que as personagens da

Disney que os miúdos já conhecem

bem”, acrescentou o responsável.

O programa arranca hoje com a

assinatura do protocolo de coopera-

ção entre a GNR e a The Walt Disney

Company Portugal na Escola Básica

dos 2.º e 3.º ciclos com ensino se-

cundário da Sarrazola — Colares, em

Sintra. As duas entidades “unem es-

forços com o objectivo de proteger

os menores de condutas potencial-

mente lesivas que possam constituir

um risco para o desenvolvimento da

sua personalidade, bem como pro-

porcionar e desenvolver actividades

dirigidas ao uso responsável e seguro

da Internet”, segundo a GNR.

O programa Escola Segura existe

desde 1992 e os militares da GNR já

sensibilizavam os alunos para estes

temas “mas com apresentações feitas

internamente na Guarda. Com o ma-

terial fornecido pela Disney, muda o

paradigma das acções de sensibiliza-

ção. Os miúdos já conheciam bem os

militares da GNR do Escola Segura e

agora terão verdadeiras aulas com

as personagens da Disney. Será mais

divertido para eles. Terá mais piada

e por isso terá mais impacto”, subli-

nhou o major Bruno Marques.

A ideia surgiu há cerca de quatro

meses. A GNR soube que a Guardia

Civil (congénere espanhola) tinha há

já ano um protocolo igual com a mul-

tinacional e manifestou aos colegas

espanhóis a vontade de também

colaborar. Foi depois a Disney, que

tem protocolos semelhantes com as

forças de segurança de outros países,

que contactou a GNR e a convidou

para este protocolo. “A Disney pre-

ocupa-se com estas questões e revela

assim uma atitude mais pedagógica

além da área natural do divertimen-

to associado às séries que criou”,

referiu Patrícia Reis, responsável

pelo marketing na Disney Portugal.

Após o contacto da multinacional, a

GNR aceitou de imediato o convite.

“Revelamos logo o nosso interes-

se. É uma forma de a nossa men-

sagem melhor chegar às crianças”,

contou o responsável da Guarda.

O programa conta já com duas

apresentações em powerpoint e cin-

co vídeos. Num dos episódios de Phi-

neas e Ferg, as personagens mostram

as “regras para navegar no ciberes-

paço”. “Cuidado com o que pões

online porque nunca desaparece”,

“nunca sabemos quem é que vai

ver”, “nem tudo é verdade só por-

que está online”, “nem toda a gente

é quem afi rma ser” e “se não o farias

pessoalmente, não o devias fazer on-

line”, são algumas das mensagens.

InternetPedro Sales Dias

Militares do programa Escola Segura passam a contar com personagens das séries para sensibilizar os alunos dos 6 aos 14 anos

Page 14: Jornal Público de 22.09.2015

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Saúde mental

“Prescrição médica: uma noite por semanaà luz da vela”

O psiquiatra Pedro Afonso lança hoje o livro Quando a Mente Adoece. Nele, olha com preocupação para “o endeusamento do trabalho” e defende que as escolas deveriam ter horas dedicadas ao voluntariado — para ensinar a empatia desde cedo

Tudo começou num

dia em que a electri-

cidade faltou. Nessa

noite não houve

Internet, televisão,

PlayStation. Pais e

fi lhos passaram o se-

rão em redor de uma

vela. Conversaram,

contaram histórias e

o tempo passou. A partir desse dia,

a família passou a ter uma vez por

semana uma noite sem luz. O psi-

quiatra e professor da Faculdade

de Medicina da Universidade de

Lisboa Pedro Afonso ouviu contar

esta experiência a um conhecido

e, no seu livro Quando a Mente

Adoece, transforma “uma noite por

semana à luz da vela” em “prescri-

ção médica”.

Prescrever a abstinência tecnoló-

gica durante uma noite por semana

pode ser visto como “uma provoca-

ção”, ou um conselho literal, mas o

que Pedro Afonso pretende é que seja

sobretudo uma chamada de atenção

contra o que chama hora do “(des)

encontro” familiar, com os “jantares

de tabuleiro” ou “jantares self servi-

ce”, em que os vários membros das

famílias terminam os seus dias “se-

questrados pelos vários ecrãs”.

No capítulo onde inclui indica-

ções para “melhorar a saúde men-

tal”, convida “a uma espécie de au-

todisciplina”, em que, em família,

se deve fazer por criar regularmente

um ambiente de diálogo que poten-

cie a partilha dos “pequenos acon-

tecimentos do dia, os momentos

maus, bons, as dúvidas, os desejos

e as frustrações que aconteceram

num espaço de um dia”. “Assim se

constrói intimidade”, diz.

Em sua casa, com os seus fi lhos,

há um cestinho onde todos os te-

lemóveis são colocados a seguir ao

jantar, porque se constata que, até

presença (...) O telemóvel é pobre.

Esquecemo-nos das chamadas que

fi zemos durante a semana, lembra-

mo-nos dos encontros, que envol-

vem a comunicação não-verbal,

que fi ca mais tempo na memória

e tem mais impacto”.

“Há pessoas que comunicam qua-

se exclusivamente por via electró-

nica, o presencial vai desaparecen-

do, para se tornar residual”, repara

ainda Pedro Afonso, acrescentando

que “telefonar ou mandar um SMS

quando algum amigo está a passar

por um momento difícil” alivia a

consciência. “Racionalizamos as-

sim as nossas ausências com a falta

de tempo”.

Ora, defende o psiquiatra, este ti-

po de amizades apenas à distância

têm “pouca vitalidade e por vezes

parecem estar em estado comatoso,

uma vez que só se mantêm vivas por

estarem ligadas à máquina: ou seja,

permanecem ligadas ao computa-

dor ou ao telemóvel.”

Catarina Gomesde luz apagada, os mais novos fi ca-

vam a trocar mensagens até altas ho-

ras da noite. “O cérebro precisa de

descansar. Há uma altura a partir da

qual é preciso desligar”, avisa.

O livro Quando a Mente Adoece —

Uma Introdução à Psiquiatria e à Saú-

de Mental (editado pela Principia),

pretende explicar, com linguagem

simples, quais os vários tipos de per-

turbações mentais que existem. O

último capítulo é dedicado a mapear

as muitas mudanças que as novas

tecnologias trouxeram à vida social

e como estas representam, muitas

vezes, ameaças à saúde mental.

“Temos de nos encontrar um dia

destes” — é uma frase costumeira

que se ouve cada vez mais, nota o

psiquiatra, normalmente no fi nal

de um telefonema, mas o encontro

vai sendo uma promessa adiada.

“Aceitamos amizades por telemó-

vel. Raramente nos visitamos e

tendemos a aceitar isso com con-

descendência (...) Nada substitui a

Pedro Afonso aborda também a

questão das redes sociais e a neces-

sidade do seu uso “com equilíbrio e

parcimónia”. Chama-lhe um mundo

Page 15: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | PORTUGAL | 15

com os falatórios, envie de vez em

quando um email para o escritório

por volta das 22h-23h. Assim, pelo

menos, dá a ideia de que continua a

trabalhar a partir de casa...”

Pedro Afonso diz que é recorrente

ouvir a ideia de que não interessa

a quantidade, mas a qualidade do

tempo que se passa com os fi lhos,

mas alerta que isso não é verdade.

“Torna-se impossível estabelecer

uma relação equilibrada entre o tra-

balho e a família quando se trabalha

10 a 12 horas”. Depois, preconiza,

é preciso combater a ideia de que

“presença prolongada no local de

trabalho é igual a produtividade e

compromisso laboral”, uma vez que

“a produtividade cai com o cansaço,

pois a nossa capacidade de concen-

tração é limitada”. E que é preciso

que os empregadores percebam que

esta sobrevalorização do trabalho,

que é transversal aos vários níveis

nas empresas, ainda mais quando

paira “o fantasma do desemprego”,

“tem um impacto enorme na vida

das pessoas, conduzindo a altera-

ções depressivas”. “A nossa energia

e tempo são limitados; se alocamos

tudo ao trabalho, não resta mais na-

da. Nós temos de ter lazer, tempo de

não fazer nada”. “Um dos erros é

considerar normal trabalhar du-

rante 10 a 12 horas”. “Se o trabalho

impede a conciliação com a vida

familiar, não devemos mudar de

família, mas de emprego.”

O livro vai ser lançado hoje, em

conjunto com um debate em torno

do tema O Excesso de Informação e

o Cérebro Humano, que se realiza

na AESE Business School, em Lis-

boa, onde Pedro Afonso dá aulas

de Desenvolvimento Pessoal.

Psiquiatra ou sacerdote?Para os mais novos, o médico de-

fende no seu livro que o voluntaria-

do — ressalvando que não deve ser

confundido com “um acto isolado,

com contornos folclóricos ou um

gesto de caridade” — devia ser ensi-

nado nas escolas através de acções

concretas. Na opinião do psiquia-

tra, “seria importante incluir nos

programas escolares um número

de horas dedicadas ao trabalho de

voluntariado em instituições de so-

lidariedade social”.

Esta seria uma forma de “criar

empatia e ensinar as crianças a co-

locarem-se no lugar do outro”. Pe-

dro Afonso diz que quando se ouve

na boca dos políticos expressões

como “os mais pobres, os mais

desfavorecidos, parecem palavras

desligadas do real, proferidas me-

canicamente”. “Só conseguimos

ajudar se criarmos empatia. Isso

aprende-se. Faz parte da formação

humana”. E deve começar cedo.

“O que noto é que as pessoas

com maior robustez psíquica são

as que fazem voluntariado e que

sempre o fi zeram. Dá saúde mental

fazer voluntariado”. Assim como

se passam horas no ginásio, diz,

deve haver um “ginásio de soli-

dariedade desde novos e depois

manter esses hábitos”.

O psiquiatra termina o livro

abordando as limitações da psi-

quiatria. Fala de pessoas que vão

bater à porta do psiquiatra mas

às quais os médicos devem, com

humildade, dizer que não podem

ajudar. Chegam-lhe com “crises

existenciais, às quais não cabe à

psiquiatria, nem tão-pouco a psica-

nálise, dar resposta”, pessoas que

“vão avançando na sua vida e que

não têm sentido para a vida”. Há

na vida “sofrimento saudável” que

não deve ser atenuado com anti-

depressivos, afi rma.

Se nota que já há sacerdotes

mais sensibilizados para as ques-

tões da saúde mental e que do

confessionário encaminham para

o psiquiatra, também há questões

“existenciais” que pertencem mais

ao mundo da religião e da fi losofi a

do que à medicina, porque é mui-

tas vezes “de ajuda espiritual e não

psíquica que as pessoas andam à

procura”. “Muitos pedidos de aju-

da que são dirigidos actualmente

ao psiquiatra seriam mais bem di-

reccionados a um sacerdote.”

DANIEL LECLAIR/REUTERS

DANIEL ROCHAPsiquiatra Pedro Afonso fala, no seu livro, das possíveis ameaças das novas tecnologias

nhecer dois lados que não se conju-

gam. Há pessoas com depressões e

problemas sociais graves escondi-

dos numa vida de aparência”, nota.

“Há uma busca da autovalorização

e uma necessidade exibicionista de

atenção e admiração”, escreve.

A advogada que saía cedoOutra das ameaças à saúde mental

vem do que chama “o endeusamen-

to do trabalho” e, no livro, conta a

história de uma competente jovem

advogada que começou a sair do

escritório às 19h, para estar com o

fi lho mais pequeno, que ia para ca-

ma às 21h30. Foi chamada à chefi a

por se ter criado desconforto por

andar a sair “tão cedo”.

A advogada tinha quebrado a re-

gra de estar no escritório 12 horas

por dia. Ela respondeu que tinha

a mesma produtividade que os co-

legas, mas que queria estar com o

fi lho e vê-lo crescer. O chefe respon-

deu: “Tem razão, mas, para acabar

onde se pratica “uma comunicação

pouco espessa”. Como psiquiatra,

conhece os dois lados da moeda, do

mundo rosa do que se posta na In-

ternet, e dos problemas e fracassos

que fi cam de fora. “O Facebook é

uma fábrica de ilusões. Como psi-

quiatra, tenho oportunidade de co-

Page 16: Jornal Público de 22.09.2015

16 | LOCAL | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

No antigo Convento do Desagravo nasceu uma escola “de excelência”

PATRICIA MARTINS

Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, pousou sorridente para a fotografia de grupo com os alunos da nova escola

Podia ser um condomínio ou um ho-

tel, com uma vista invejável sobre o

Tejo, ao lado de um dos monumentos

mais visitados de Lisboa, o Panteão

Nacional. Mas não foi aos turistas

que o antigo Convento do Desagravo

abriu as portas. Os novos inquilinos

são quase 400 alunos do jardim-de-

infância e do ensino básico, que es-

trearam ontem uma escola onde a

“excelência” vai desde as instalações

até à comida da cantina.

“Não há melhor forma de abrirmos

um ano lectivo do que vermos um

exemplo da excelência da nossa esco-

la pública”, declarou o presidente da

Câmara de Lisboa, Fernando Medi-

na, na inauguração da Escola Básica

Convento do Desagravo, um dos cin-

co estabelecimentos requalifi cados

ao abrigo do Programa Escola Nova,

cujas placas o autarca irá descerrar

nos próximos dias. Lançado em 2008

ainda pelo ex-presidente do muni-

cípio, António Costa, o programa

prevê 111 intervenções com um cus-

to estimado de 102 milhões de euros,

tendo já sido gastos 40 milhões.

A excelência da nova escola, que

substituiu cinco estabelecimentos

nas freguesias de Santa Maria Maior

e de São Vicente, é visível, antes de

mais, nas instalações. “Este é um

exemplo raro de uma construção que

transformou um local secular, que

estava degradado, num exemplo da

modernidade das construções esco-

lares”, sublinhou Medina. As obras,

iniciadas em Outubro de 2013 e con-

cluídas em Julho deste ano — depois

de algumas alterações ao projecto

inicial e de paragens forçadas devido

à descoberta de uma cisterna roma-

na dentro do convento — custaram

3,8 milhões de euros, fi nanciados

com verbas do Programa de Inves-

timentos Prioritários em Acções de

Reabilitação Urbana (PIPARU).

O antigo convento setecentista,

que pertencia à Ordem dos Frades

Menores, foi desactivado em 1901

e transitou depois para a Fazenda

Nacional. Desde então, teve vários

usos e sofreu alterações, tendo en-

cerrado por volta de 2007 quando

fechou o colégio da Casa Pia que ali

funcionava. Os arquitectos responsá-

veis pelo projecto de requalifi cação

conseguiram manter elementos ori-

funcionários municipais (e não com

recurso a empresas externas, como

é prática comum) com produtos na-

cionais. A vereadora da Educação,

Graça Fonseca, explica que o objec-

tivo é alargar este projecto a todas as

escolas básicas do município.

“Era um sonho que tinha há dez

anos, o de conseguir entrar nas esco-

las e provar que é possível comer co-

mida saudável mas cheia de sabor e

que as crianças conseguem comer os

espinafres num bechamel, por exem-

plo”, disse o chef, admitindo porém

que os “clientes” não são fáceis de

convencer. Basta uma sondagem rá-

pida no recreio para confi rmar que

as opiniões se dividem, não só em re-

lação à lasanha de peixe do almoço,

mas também no que toca à primeira

impressão sobre a escola. “Gostava

mais da anterior, a Marqueses de Tá-

vora, era mais pequenina”, lamenta

Adriana, olhos azul-céu e cabelo de

ouro, aluna do 1.º ciclo. Já a amiga

Sara está a gostar do espaço.

Fernando Medina elogiou também

a “qualidade do projecto educativo”,

levado a cabo por 17 professores (pa-

ra 13 turmas do 1.º ciclo) e três edu-

cadoras. O corpo docente transitou

dos estabelecimentos agora desacti-

vados, aos quais faltavam “condições

de funcionalidade”, segundo o presi-

dente da junta de Santa Maria Maior,

Miguel Coelho. A nova escola dispõe

também da Componente de Apoio à

Família e oferece o pequeno-almoço

mais cedo para que todas as crianças,

sobretudo as de famílias mais caren-

ciadas, possam ter uma alimentação

plena. “Esta escola tem meninos de

mais de 30 nacionalidades diferentes

e serve freguesias com uma grande

diversidade cultural e social, o que

torna o processo de aprendizagem

num desafi o extraordinário”, subli-

nhou o autarca.

Câmara de Lisboa assinalou início do ano lectivo com inauguração da Escola Básica do Convento do Desagravo, após obras no valor de 3,8 milhões. Quase 400 crianças têm agora mais espaço para aprender

Educação Marisa Soares

ginais como as escadas interiores de

pedra, painéis de azulejos, o claus-

tro com um pequeno lago e uma sala

com tecto abobadado e pinturas. No

edifício de dois pisos coexistem salas

de aula de grandes dimensões e pe-

quenas salas temáticas, como a sala

de expressão dramática, de cinema

ou de apoio a crianças com necessi-

dades especiais. No segundo piso,

uma biblioteca com janelas viradas

para o rio convida as crianças a ler

ou a usar os computadores.

Os alunos do primeiro ciclo do en-

sino básico e os do jardim-de-infân-

cia, eufóricos neste primeiro dia de

aulas, utilizam áreas independentes.

Mas cruzam-se na cantina, onde o

chef Nuno Queiroz Ribeiro conduz o

projecto-piloto das “Refeições Esco-

lares Saudáveis — TRINCA uma me-

lhor alimentação”, cujo objectivo é

oferecer às crianças refeições sau-

dáveis confeccionadas na escola por

“Esta escola tem meninos de mais de 30 nacionalidades diferentes e serve freguesias com uma grande diversidade cultural e social”, descreve Fernando Medina

Page 17: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | LOCAL | 17

PUBLICIDADE

O Tribunal Administrativo de Sin-

tra considerou “improcedente” a

providência cautelar interposta por

duas empresas de gestão imobiliá-

ria, que pedia a suspensão do Plano

Director Municipal (PDM) de Cas-

cais. O presidente desta autarquia,

Carlos Carreiras, considera que se

fez justiça.

A Quinta do Junqueiro e a Bras-

fer, duas empresas de gestão imobi-

liária do concelho de Cascais, apre-

sentaram uma acção conjunta para

pedir a suspensão, com “carácter

Tribunal de Sintra rejeita pretensões de imobiliárias contra PDM de Cascais

de urgência”, do PDM aprovado

em assembleia municipal a 25 de

Junho, por considerarem que os

seus interesses no ramo foram afec-

tados. O tribunal aceitou a acção

e suspendeu temporariamente a

aplicação do novo plano.

As empresas, com projectos pre-

vistos nos seus terrenos de Carcave-

los/Parede e Alcabideche, reclama-

ram ter fi cado impedidas de cons-

truir nestes locais, uma vez que o

documento de gestão urbanística

converteu esses solos urbanos (e,

portanto, edifi cáveis) em zonas

verdes.

Os autores da providência cau-

telar alegavam que a revisão do

Plano Director Municipal foi apro-

vada pela assembleia municipal a

25 de Junho e publicada em Diário

da República na segunda-feira se-

guinte, dia 29, duas semanas an-

tes da entrada em vigor do novo

Urbanismo

Duas empresas tinham apresentado providência cautelar contra o novo plano. Presidente da câmara satisfeito

ladas pelo novo PDM de Cascais”.

Segundo o despacho divulgado

na semana passada, citado pela

Lusa, o tribunal considerou “im-

procedente a excepção de incom-

petência material”, “improcedente

a excepção de impropriedade do

meio processual”, “improcedente

o pedido cautelar” e julgou ainda

“tempestiva a resolução fundamen-

tada apresentada pela entidade re-

querida”.

Em reunião pública de câmara

realizada ontem, o presidente do

executivo, Carlos Carreiras, mos-

trou-se satisfeito com a decisão

judicial.

“A Câmara de Cascais nunca se

irá subjugar a interesses económi-

cos, a especuladores imobiliários.

Fez-se justiça e fi camos muito sa-

tisfeitos. O PDM em vigor não este-

ve, não está, nem estará suspenso”,

afi rmou. com Lusa

Regime Jurídico dos Instrumentos

de Gestão Territorial, que ocorre

no dia 14 de Julho e que prevê, ao

contrário do que antes estava pre-

visto no regime anterior, o direito

à indemnização dos interessados.

Questionavam também o facto de o

novo plano director municipal ter

sido aprovado com 19 votos a favor

e 18 votos contra.

Porém, o tribunal considera que

“a evidência da ilegalidade não se

verifi ca” e que as requerentes “nem

tão-pouco indicam quais as nor-

mas jurídicas que teriam sido vio-

O PDM converteu terrenos das imobiliárias que eram solos urbanos (e, portanto, edificáveis) em zonas verdes

Breves

Hasta pública

Sintra prepara-se para vender antigo Hotel NettoA Câmara de Sintra está a preparar o lançamento de uma hasta pública para vender o antigo Hotel Netto, no centro histórico de Sintra, com vista à sua reabilitação. O edifício do século XIX, que se encontra em ruína há décadas, onde o escritor Ferreira de Castro escreveu parte da sua obra, foi adquirido pelo município em 2014, com o propósito de ser adaptado a hostel, mas o elevado custo de manutenção da fachada levou a autarquia a decidir vender o imóvel.

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Page 18: Jornal Público de 22.09.2015

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Portugueses nunca tiveram tanto dinheiro em depósitos à ordem

PEDRO CUNHA

O valor das contas à ordem, onde a movimentação de depósitos pode ser feita a qualquer altura, cresceu 10% em Julho em termos homólogos

Nunca os clientes particulares dos

bancos tiveram tanto dinheiro con-

fi ado em depósitos à ordem. Em Ju-

lho, a aplicação das poupanças nesta

modalidade de depósitos atingiu um

novo recorde, de 36.051 milhões de

euros. Dados do Boletim Estatístico

do Banco de Portugal (BdP), publi-

cado ontem, mostram que os depó-

sitos à ordem estão desde Março a

progredir a um ritmo de dois dígitos,

com crescimentos homólogos sem-

pre acima dos 10%. Em Abril e Junho,

chegaram mesmo a subir 12% e em

Julho voltaram a ter um crescimento

de 10,8%.

De Junho para Julho, houve um re-

forço de quase dois mil milhões de

euros (1921 milhões) nos depósitos à

vista, em linha com o aumento regis-

tado no período homólogo. Os 36.051

milhões de euros em depósitos à vista

são o valor mais alto em 26 anos (des-

de 1989, o primeiro ano em que o BdP

tem registo destes dados).

Apesar de os portugueses estarem

a canalizar dinheiro para os produtos

de poupança do Estado a um ritmo

mais acelerado, o valor ainda é baixo

face ao montante associado aos de-

pósitos à vista, que permitem movi-

mentações do dinheiro em qualquer

altura. Entre Certifi cados de Aforro e

Certifi cados do Tesouro, em Julho es-

tavam aplicados nestes instrumentos

de poupança 19.770 milhões. Este va-

lor é pouco mais de metade do mon-

tante dos depósitos à ordem e quase

sete vezes menos do que o valor dos

depósitos totais dos particulares, que

ascendem a 137.836 milhões.

Embora a larga maioria dos clientes

bancários continue a canalizar pou-

panças para os depósitos a prazo, as

contas de depósito à vista têm regis-

tado crescimentos muito superiores

nos últimos meses. A taxa anual de

crescimento dos depósitos a prazo,

de 3,1%, compara com os 10,8% da

modalidade à ordem.

Ao mesmo tempo, as poupanças

aplicadas pelos portugueses nos cer-

tifi cados do Estado têm vindo a cres-

cer, e a preferência vai claramente

para os Certifi cados do Tesouro Pou-

pança Mais (CTPM), que apresentam

uma taxa de juro incomparavelmente

mais alta que a média dos depósitos

dia, em 2,25%, para uma aplicação a

cinco anos. A taxa dos CA, que está

associada à evolução da Euribor a

três meses, actualmente em terreno

negativo, está em 0,971% brutos.

Apesar do corte na remuneração

dos produtos do Estado, decidida no

início do ano, a remuneração destes

produtos, especialmente dos CTPM,

está acima dos depósitos. A média

dos depósitos bancários a 12 meses,

para um montante de cinco mil eu-

ros, fi ca-se pelos 0,3% líquidos.

A diferença de rentabilidades torna

mais difícil de explicar o montante

elevado de depósitos a prazo, e mui-

to mais ainda o montante aplicado

nas contas à ordem, boa parte dele

sem qualquer remuneração. A média

dos depósitos à ordem situava-se em

0,04% em Julho, mas muitas institui-

ções só pagam alguns juros a partir

de certo montante. Isto signifi ca que

boa parte desse dinheiro representa

um empréstimo dos particulares aos

ro estar disponível, sendo mais fácil

de usar. Além da inércia que caracte-

riza a relação dos portugueses com

o sector bancário, e que é visível na

fraca predisposição para comparar

ofertas para procurar melhores al-

ternativas, o economista da Deco

Proteste também destaca a falta de

informação sobre aplicações mais

atractivas, como são os produtos do

Estado e campanhas promocionais

para captar novos clientes ou novos

depósitos, que oferecem taxas de re-

muneração muito superiores.

Numa análise recente publicada

pelo BPI, Teresa Gil Pinheiro lembra-

va que os depósitos continuam a ser a

principal fonte de fi nanciamento da

banca portuguesa, “representando

cerca de 60% dos activos totais”. Os

depósitos dos particulares, notava a

economista, representam cerca de

metade dos depósitos totais em Por-

tugal, bem acima da média da zona

euro onde o valor é de apenas 38%.

Poupanças aplicadas nos Certifi cados do Estado, onde as taxas são mais altas, aumentam mas estão longe dos 36 mil milhões depositados pelos particulares nas contas à ordem. Depósitos valem 60% dos activos da banca

PoupançaPedro Crisóstomo e Rosa Soares

a prazo. Ainda assim, o valor aplica-

do nos produtos do Estado não tem

comparação com os 36 mil milhões

de euros “estacionados” em Julho

nas contas à ordem dos portugueses,

boa parte com remuneração zero, ou

muito perto disso.

Juros baixos ajudamOs dados do BdP — neste caso, relati-

vos já a Agosto — revelam que os por-

tugueses aplicaram 169 milhões de

euros no último mês, mais 11,1% que

os 152 milhões de euros de Julho. A

clara preferência nas aplicações con-

fi adas ao Estado vai para os CTPM,

em detrimento dos tradicionais Cer-

tifi cados de Aforro (CA), que apenas

captaram cinco milhões de euros de

novas entradas de dinheiro.

A diferença entre a atractividade

dos dois produtos é explicada pelas

taxas de remuneração oferecidas.

Os CTPM oferecem uma taxa de ju-

ro mais elevada, que se situa, em mé-

bancos a taxa zero. Mas, afi nal, o que

explica um montante tão elevado de

dinheiro depositado à ordem? “Co-

mo as taxas estão muito baixas, pa-

rece haver uma menor apetência por

parte dos particulares para colocar

o dinheiro nos depósitos a prazo”,

enquadra Teresa Gil Pinheiro, do de-

partamento de estudos económicos

e fi nanceiros do BPI.

António Ribeiro, economista da

Deco Proteste, não tem dúvidas de

que “são as baixas taxas de juro dos

depósitos a prazo, mas também mui-

ta inércia e falta de informação”. Pe-

rante juros tão baixos nos depósitos

a prazo, “é natural que muitas pes-

soas não se sintam motivadas para

aplicar o dinheiro a prazo”, sustenta

António Ribeiro, que considera esta

decisão prejudicial por duas razões:

o facto de, embora actualmente em

valor ser muito baixo, a infl ação ser

positiva e, portanto, “roubar” valor

aos depósitos; e o facto de o dinhei-

Page 19: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | ECONOMIA | 19

O reembolso dos pagamentos ao FMI

parecia ter conhecido uma nova eta-

pa de aceleração quando, ontem, o

primeiro-ministro disse num almo-

ço de campanha em Beja que, a 15

de Outubro, iriam ser pagos “mais

de 5400 milhões de euros” do em-

préstimo da troika de credores (que

totalizou cerca de 78.000 milhões).

Mas à noite, Passos Coelho corrigiu

a informação dada horas antes: “Foi

um lapso, não me custa corrigir”, dis-

se aos apoiantes da coligação PSD/

CDS, num jantar em Faro. “Em Ou-

tubro, vamos pagar 5,4 mil milhões

de euros não é ao FMI, mas a uma

obrigação do anterior governo so-

cialista [uma linha de Obrigações

do Tesouro], de 2005, vejam lá, que

nós vamos agora amortizar à dívida

portuguesa”, afi rmou.

O certo é que o Governo tem dado

ritmo aos pagamentos ao FMI. Pri-

meiro, a ideia era aproveitar as con-

dições mais favoráveis dos mercados

para reembolsar 14 mil milhões de

euros ao FMI, em dois anos e meio, e

com isso poupar nos juros. Entretan-

to, e até agora, foram já pagos 8400

milhões de euros do empréstimo da

troika. A estes pagamentos, feitos em

Março e em Junho pelo IGCP (o orga-

nismo que gere a dívida pública), vai

juntar-se agora mais uma fatia.

Numa apresentação feita este mês

pelo IGCP a investidores explicava-

se que a ideia era reembolsar o FMI

Portugal vai pagar mais 2200 milhões de euros ao FMI até ao final do ano

em mais 2200 milhões até ao fi nal do

ano. Ao todo, serão assim 10.600 mi-

lhões a pagar só este ano. Na mesma

apresentação do IGCP, explicitava-se

que o plano de pagamentos anteci-

pados ao FMI previa o reembolso

de mais 7800 milhões no ano que

vem e de 6900 milhões em 2017.

De acordo com estes cálculos, a

dívida junto do FMI será paga den-

tro de cerca de dois anos e meio. A

maturidade média dos empréstimos

do FMI era a 7,2 anos, com uma taxa

média de 4,15%, bastante acima dos

empréstimos europeus e do valor a

que Portugal se está a conseguir fi -

nanciar nos mercados. Com o reem-

bolso antecipado, Portugal não só

consegue uma poupança dos juros,

como essa medida contribui para

um “alisamento” dos pagamentos.

De acordo com o IGCP, no fi nal de

2014 a dívida directa do Estado es-

tava nos 217.126 milhões, do quais

79.005 eram devidos à troika.

Dívida mais alta Em termos da dívida pública, na óp-

tica de Maastricht (a que conta para

Bruxelas, e que vai mais além do que

apenas a dívida emitida pelo Estado),

esta foi de 227.112 milhões de euros

em Julho, mais cerca de 1,7 mil mi-

lhões do que no mês anterior.

Descontando deste valor os depó-

sitos da administração pública, o

montante é de 212,269 mil milhões

de euros (mais 1,5 mil milhões de

euros).

O Governo estima que a dívida

pública se reduza para os 124,2% do

PIB no fi nal deste ano, uma previsão

mais optimista do que a da Comis-

são Europeia, que antecipa que o

endividamento público português

feche o ano nos 130,2% do PIB. S.R. com Lusa

Dívida pública

Passos Coelho falou em 5400 milhões, mas afinal foi um “lapso”, ligado à amortização de uma linha de Obrigações do Tesouro

SAUL LOEB/AFP

Reembolso antecipado vai chegar aos 10.600 milhões este ano

A Ford está obrigada a cumprir os

compromissos que assumiu com a

Autoridade da Concorrência (AdC)

em Julho, na sequência de um pro-

cesso de contra ordenação aberto

pela entidade em Janeiro.

A investigação iniciada pela AdC a

princípio concluiu que nos contra-

tos de extensão de garantia a Ford

incluía uma cláusula que impedia

os “consumidores de realizarem

operações de manutenção ou repa-

ração em ofi cinas independentes,

sob pena de perderem o direito à ga-

rantia do fabricante”. Na sequência

Ford obrigada a mudar política de garantias após investigação da AdC

do processo, a Ford apresentou em

Julho uma série de compromissos

para responder “às preocupações

jus-concorrenciais suscitadas pelas

limitações ao exercício da garantia

automóvel”.

Seguiu-se um prazo de 20 dias

úteis para que tivesse lugar a con-

sulta pública e, depois, uma análise

interna. A responsável pela comer-

cialização da marca norte-america-

na em Portugal fi ca obrigada a cum-

prir com os compromissos propos-

tos sob monitorização da AdC. Na

deliberação do dia 18 de Setembro,

publicada no seu site, a AdC entende

que “os compromissos apresentados

estão aptos a eliminar os potenciais

efeitos nocivos sobre a concorrên-

cia e a preservar os interesses dos

consumidores”. Entre os compro-

missos assumidos pela Ford conta-

se a alteração de todos os contratos

e documentos “dos quais constasse

o impedimento aos clientes de rea-

lizarem operações de manutenção

ou reparação em ofi cinas indepen-

dentes, sob pena de perderem o

direito à garantia do fabricante” e

a “difusão junto da sua rede de con-

cessionários e reparadores ofi ciais

da inexistência de restrições à possi-

bilidade de os clientes recorrerem a

reparadores independentes“.

No comunicado, a AdC explica

que, de acordo com a lei da con-

corrência, a entidade pode “acei-

tar compromissos propostos pelos

visados em processos de contra-or-

denação, que sejam aptos a eliminar

os potenciais efeitos nocivos sobre

a concorrência”.

Esta é a segunda investigação da

AdC à limitação de garantias apli-

cada por uma marca automóvel,

depois de, em Junho, ter aplicado

uma multa de 150 mil à Peugeot na

sequência de “prestação de infor-

mações falsas, inexactas ou incom-

pletas”.

EmpresasCamilo Soldado

Clientes que fizessem reparações em oficinas independentes perdiam a garantia do fabricante

Page 20: Jornal Público de 22.09.2015

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Fraude em teste de emissões leva Volkswagen a desastre na bolsa

SHANNON STAPLETON/REUTERS

O software instalado em carros a diesel enganava os testes de emissão de gases poluentes

Após um fi m-de-semana de pesade-

lo, o grupo Volkswagen acordou pa-

ra uma segunda-feira de desastre na

bolsa. A multinacional alemã viu a

cotação em Frankfurt derrapar 19%,

depois de ter admitido que enganou

as autoridades dos EUA em testes

de emissão de gases poluentes, ar-

riscando penalizações milionárias e

um sentimento de desconfi ança por

parte dos consumidores.

As acções do grupo — que é tam-

bém dono de marcas como a Audi,

a Skoda, a Seat e a Porsche — fe-

charam nos 132 euros, o valor mais

baixo em praticamente três anos. É

uma descida abrupta que veio acen-

tuar a queda que a cotação tem vin-

do a sofrer desde o pico de Março,

altura em que ultrapassou os 250

euros, antes de a desaceleração da

economia chinesa ter assustado os

investidores.

O escândalo que rebentou na sex-

ta-feira, quando a Agência de Protec-

ção Ambiental dos Estados Unidos

anunciou que a fabricante estava a

enganar as medições de emissões

tóxicas em alguns modelos a diesel,

acabou por dar origem a um pedido

de desculpas no domingo e ao anún-

cio de que a venda de alguns auto-

móveis seria suspensa. Inevitavel-

mente, as suspeitas estenderam-se

à Europa: ontem, as autoridades da

Alemanha exigiram que a empresa

prove que não manipulou os testes

semelhantes feitos neste país.

O episódio é um revés para os

planos da empresa alemã, que tem

uma presença relativamente peque-

na nos EUA, mas onde tinha ambi-

ções de crescimento. Em 2014, as

vendas de automóveis ligeiros de

passageiros fabricados pelo grupo

tinham caído 2% naquele país, para

cerca de 599 mil unidades — o que

correspondente a pouco mais de

6% das vendas totais. Nos primeiros

seis meses deste ano, tinha posto no

mercado 295 mil automóveis, mais

2,4% do que em igual período do

ano passado.

Os EUA são o segundo maior mer-

cado automóvel do mundo (atrás da

China) e são dominados pelos fabri-

cantes americanos e japoneses. A

Volkswagen e a Audi, as duas mais

populares marcas do grupo ale-

aos limites legais. O software está

instalado em 482 mil carros, comer-

cializados desde 2008, dos mode-

los Jetta, Beetle, Golf, Passat e Audi

A3. Estes automóveis serão agora

chamados às ofi cinas, mas poderão

continuar a circular e a ser vendidos

legalmente.

O grupo Volkswagen disputa com

a Toyota o lugar de maior fabrican-

te automóvel do mundo, um título

essencialmente simbólico, tendo

conseguido a dianteira, por uma

margem ligeira, no primeiro semes-

tre deste ano. Em Portugal, é dono

da fábrica portuguesa Autoeuropa,

que produz em Palmela quatro mo-

delos, nenhum dos quais faz parte

da lista identifi cada pela agência

americana.

A fraude fragiliza a liderança do

presidente executivo, Martin Win-

terkorn, que está no cargo há oito

anos e que recentemente sobreviveu

a uma luta de poder interna. “Pes-

soalmente, lamento profundamente

que tenhamos quebrado a confi an-

ça dos nossos consumidores e do

público. Faremos tudo o que for

necessário para reverter os danos

causados”, afi rmou Winterkorn,

num comunicado.

A empresa reconheceu a falha, diz

estar a colaborar com as autorida-

des e anunciou que vai simultane-

amente conduzir um processo de

averiguações levado a cabo por uma

entidade externa. Também suspen-

deu as vendas dos modelos de 2015

e 2016 de automóveis Volkswagen e

Audi com motores a diesel de qua-

tro cilindros, bem como as vendas

de veículos usados dos modelos em

que o software problemático está

instalado.

As autoridades dos EUA começa-

ram a investigar o assunto em Maio

do ano passado.

Acções caíram 19% em Frankfurt. Empresa pediu desculpa por ter enganado autoridades dos EUAe suspendeu a venda de alguns modelos naquele país. Quase meio milhão de carros chamados às ofi cinas

AutomóveisJoão Pedro Pereira

Fonte: Reuters PÚBLICO

A queda em bolsa

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set.

132,2

182,5

16 Mar.255,2

21 Set.

Valores em euros

250

200

225

150

125

mão naquele país, têm uma quota

de mercado de 2,7%. A maioria das

vendas são de veículos da marca

Volkswagen.

A fabricante instalou software em

carros a gasóleo que fazia com que

estes emitissem muito menos ga-

ses poluentes quando estavam a ser

testados do que quando estavam na

estrada. De acordo com a Agência

de Protecção Ambiental, as emis-

sões de um gás poluente associado

a asma e outras doenças pulmona-

res serão dez a 40 vezes superiores

Page 21: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | ECONOMIA | 21

A Internet é a montra do mercado

global, mas, na hora de comprar,

44% dos consumidores ainda pre-

ferem lojas online originárias do seu

próprio país e uma larga fatia dos

comerciantes (37%) vende a maio-

ria dos seus produtos no mercado

doméstico. Quase 60% nem sequer

têm negócio na Internet. Um estu-

do da Comissão Europeia sobre o

comércio electrónico divulgado on-

tem revela que apenas 12% dos reta-

lhistas têm clientes noutros merca-

dos. Ao mesmo tempo, apenas 15%

Mais de 40% dos consumidores preferem comprar onlineem lojas do seu próprio país

dos europeus compram online fora

de portas.

“As compras online domésticas

são feitas com maior frequência e

representam 70% das compras mais

recentes”, refere o Consumer Condi-

tions Scoreboard. Uma análise mais

fi na sugere, contudo, que a frequên-

cia das compras noutros países da

União Europeia está mal documen-

tada, já que, muitas vezes, os consu-

midores não sabem que estão a com-

prar numa loja de um comerciante

de outro país. E “o facto de fazerem

compras além-fronteiras pensando

que o estão a fazer a uma empresa

do seu mercado interno signifi ca que

não têm conhecimento dos termos

aplicáveis do contrato”, sublinha

a comissão, defendendo que este

comportamento limita a “pressão

competitiva” no Mercado Único Di-

gital, conceito inspirado no merca-

do comum da UE e que tem como

objectivo a supressão das barreiras

ComércioAna Rute Silva

Quase 60% dos retalhistas europeus não têm negócio na Internet. Roupa e artigos desportivos são os produtos mais vendidos

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físicas. “A presença de lojas físicas

é mais importante para os que com-

pram com frequência online e para

os que compram noutros países”, su-

blinha o documento. Em média, na

sua última compra, os consumidores

gastaram 3,1 horas na Internet. As

razões mais apontadas para escolher

um determinado site ou aplicação

é o preço (45%) e já ter tido antes

uma boa experiência com o retalhis-

ta (44%). Cerca de 80% compraram

através de um computador portá-

til, seguiu-se o computador (73%), o

smartphone (59%) e o tablet (52%) A

maioria (52%) paga as compras com

cartão de crédito ou sistemas de pa-

gamento como o PayPal (47%).

As entregas dos produtos são fei-

tas no local de trabalho ou em casa e

apenas 8% escolhem levantar a enco-

menda na loja física. A conveniência,

os preços mais baixos e o maior le-

que de produtos são as razões apon-

tadas para comprar online.

Os trabalhadores da Autoridade pa-

ra as Condições de Trabalho (ACT)

alertam para a “situação insusten-

tável” que se vive na instituição e

voltam a acusar a direcção de op-

tar por uma política “que põe em

risco a protecção dos direitos de

todos os trabalhadores” em Portu-

gal. As preocupações constam de

uma carta que será entregue hoje

ao ministro Pedro Mota Soares. Na

carta, a que o PÚBLICO teve acesso,

os trabalhadores lembram que as

suas preocupações não se prendem

com exigências salariais ou relativas

a promoções, mas sim “com o facto

de a actual direcção da ACT desvir-

tuar os verdadeiros papéis que lhe

estão cometidos, como sejam a pro-

moção da segurança nos locais de

trabalho e a inspecção”.

Inspectores da ACT protestam contra gestão

TrabalhoRaquel Martins

nacionais às transacções online.

No espaço europeu, as empresas

que oferecem serviços vendem mais

facilmente para fora do seu mercado

doméstico, em comparação com as

que vendem produtos. Entre os arti-

gos mais comprados estão o vestuá-

rio e os artigos desportivos. Seguem-

se as viagens e hotéis, produtos para

a casa, bilhetes para eventos e livros.

As vendas de conteúdos digitais e o

uso de serviços online estão a au-

mentar. Em média, os europeus

gastam entre 94 e 107 euros nestes

conteúdos, um valor muito inferior

aos 760 euros que despendem com

roupa ou bens tangíveis. Em termos

globais, o comércio online vale quase

2% do PIB da União Europeia.

O Consumer Conditions Scorebo-

ard traça ainda o retrato dos hábi-

tos de compra na Internet e conclui

que quatro em cada dez europeus

que adquiriram artigos (tangíveis)

preferem retalhistas que têm lojas

Page 22: Jornal Público de 22.09.2015

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Durante seis anos a CP Carga pagou

(ou deveria ter pago) 18 milhões de

euros anuais à CP pela utilização de

locomotivas que eram propriedade

desta. Mas pouco antes da privati-

zação, estes activos — avaliados em

88 milhões de euros — foram trans-

feridos para a CP Carga, vendida à

MSC. Desta forma, enquanto empre-

sa pública, a CP Carga pagava uma

renda à CP; enquanto privada, fi ca

isenta desse pagamento e ainda re-

cebe as locomotivas. Esta é uma das

denúncias que constam de um docu-

mento entregue ontem no Tribunal

de Contas (e também à ACT e Pro-

curadoria Geral da República) pela

comissão de trabalhadores da CP,

que contesta a venda da CP Carga à

multinacional MSC.

O documento diz ser falso que a

MSC tenha pago 53 milhões pela

transportadora ferroviária de merca-

dorias, porque o Estado só encaixa 2

milhões de euros, sendo os restantes

51 milhões destinados a capitalizar a

própria empresa. Ora, diz a comis-

são de trabalhadores, a CP possuía

em 31/12/2014 quase seis milhões de

euros em depósitos à ordem, uma

carteira de dívida de clientes a 90

dias de 11,1 milhões de euros e acti-

vos em material circulante no valor

de 60,9 milhões. O documento refere

ainda que, em 2014, a CP Carga re-

cebeu 28 milhões de euros da Refer

pela transferência dos terminais de

mercadorias para a empresa gestora

de infra-estruturas. Por tudo isto, os

trabalhadores afi rmam que a privati-

zação da CP Carga foi uma “doação”

e não uma “venda”.

Quanto à dívida da empresa, que

será assumida pelo comprador, o

documento entregue no Tribunal

de Contas diz que a CP Carga devia

120 milhões de euros em Dezembro

do ano passado, dos quais 31 milhões

eram de leasing do material circulan-

te da própria empresa e 71 milhões

eram dívidas à empresa-mãe, CP.

“A criação desta dívida foi comple-

tamente artifi cial”, acusa a comissão

de trabalhadores, justifi cando que tal

se deveu à opção de manter as loco-

motivas no balanço da CP e não da

CP Carga, obrigando esta a pagar

Comissão de trabalhadores diz que CP Carga foi doadae não vendida

rendas de 18 milhões de euros anuais

que, por incumprimento, ascende-

ram a juros no valor de 7,7 milhões.

“Com a venda da CP Carga, é o

próprio Estado que desmantela o

mecanismo de descapitalização da

CP Carga à custa da descapitalização

da CP”, diz o documento, referindo

que a empresa privatizada fi ca isenta

de pagar rendas e ganha os activos,

enquanto a empresa pública CP per-

de as rendas e as locomotivas.

É isso que leva a comissão de tra-

balhadores a dizer que “o processo

de oferta da CP Carga é criminoso e

lesivo do interesse público” e que este

mesmo processo visa “a descapitali-

zação da CP”.

Venda à porta fechada Ao PÚBLICO, fonte ofi cial do Tribunal

de Contas confi rmou a recepção de

uma exposição da comissão de tra-

balhadores, afi rmando que a mesma

vai ser “encaminhada para os depar-

tamentos competentes do tribunal”.

“Neste momento, desconhece-se o

contrato, pelo que nada se poderá

dizer, a não ser que se aguarda o seu

envio”, acrescentou a mesma fonte. O

Governo tinha marcado para ontem a

assinatura do contrato de compra e

venda da CP Carga, que ocorreu no

Ministério das Finanças. No entanto,

ao contrário do habitual, a cerimónia

decorreu à porta fechada.

Em comunicado enviado às redac-

ções, a MSC confi rma a assinatura do

contrato, afi rmando que “o negócio

foi fechado pelo valor de 53 milhões

de euros, dos quais 51 milhões de

euros serão usados para a recapita-

lização da empresa”. A conclusão do

negócio, diz a empresa, “está ainda

pendente do parecer da Autoridade

da Concorrência para que este seja

ofi cializado”. A MSC diz comprome-

ter-se a manter o Acordo de Empresa

em vigor. O investimento realizado,

diz Carlos Vasconcelos, director-geral

da MSC Portugal, citado no comuni-

cado, “pressupõe um plano de de-

senvolvimento a longo prazo que vai

melhorar e valorizar a infra-estrutura

da empresa”.

Já o Ministério das Finanças diz,

também em comunicado, que se

congratula “com a conclusão de um

processo que visa dotar a CP Carga

das condições necessárias para se

desenvolver através do investimento

privado como forma de criar maiores

sinergias e níveis de efi ciências”. E

recorda que faltam ainda os restantes

5% do capital da CP Carga, que estão

reservados aos seus trabalhadores.

Ontem, ocorreu também pequena

manifestação de funcionários da CP

Carga, que se concentraram no Largo

de Camões, em Lisboa, para protes-

tar contra a venda da empresa.

No primeiro semestre de 2015, e

segundo dados fornecidos pela pró-

pria empresa ao PÚBLICO, a CP Carga

tinha um prejuízo de 4,5 milhões de

euros, sendo que os seus resultados

operacionais eram de -2,5 milhões.

As receitas ascendiam a 35 milhões

de euros. Nos meses que antecede-

ram a privatização, e contrariando

uma política de comunicação habi-

tualmente mais discreta, a CP Carga

tornou públicos os seus resultados,

que “reforçavam uma trajectória de

melhoria de resultados”. Em Janeiro

deste ano o próprio presidente da CP,

numa reunião de quadros, sublinhou

que a CP Carga estava a caminho da

sustentabilidade.

Em 2013, a empresa teve prejuízos

de 23 milhões de euros, mas em 2014

teve lucros de 5,3 milhões. Nesse ano

transportou o número-recorde de 9,2

milhões de toneladas e aumentou a

sua receita em 16%. com Luísa Pinto e Luís Villalobos

Privatizações Carlos Cipriano

Queixa entregue no Tribunal de Contas denuncia transferência de activos. Assinatura de contrato foi feita à porta fechada

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 1,17 5134,58 271493590 5079,39 5153,30 5075,75 1,06 6,99ALTRI 2 3,77 477816 3,79 3,79 3,72 3,82 51,75BANIF 0 0,00 30470239 0,00 0,00 0,00 -2,44 -29,82BPI 4,62 0,95 8606934 0,90 0,98 0,90 7,70 -7,31BCP 0,2 0,05 201661403 0,05 0,05 0,05 -3,48 -23,90CTT 1,79 10,11 369764 9,93 10,12 9,90 5,10 26,11EDP 0,98 3,10 5470690 3,06 3,14 3,06 0,72 -3,73EDP RENOV. 1,44 5,98 297465 5,86 6,01 5,86 -0,79 10,58GALP ENERGIA -0,08 9,14 1636987 9,10 9,34 9,05 5,69 8,35IMPRESA 0,73 0,69 54192 0,68 0,69 0,66 -3,26 -12,82J. MARTINS 1,78 12,30 822895 12,08 12,32 12,01 -2,07 47,51MOTA-ENGIL -2,28 2,10 366041 2,12 2,15 2,08 6,81 -21,08NOS 1,18 7,22 525980 7,17 7,24 7,16 0,03 37,82PHAROL -4,11 0,28 16359372 0,29 0,30 0,28 19,18 -67,59PORTUCEL 3,58 3,15 830837 3,04 3,15 3,04 -2,53 2,24REN 0,6 2,67 428210 2,65 2,68 2,63 0,80 10,97SEMAPA 0,34 11,85 87081 12,08 12,08 11,66 -4,10 18,20TEIXEIRA DUARTE -1,33 0,45 17725 0,45 0,45 0,44 0,67 -37,41SONAE 1,94 1,11 3009959 1,08 1,11 1,07 2,94 7,91

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 201.661.403Banif 30.470.239Pharol 16.359.372BPI 8.606.934EDP 5.470.690

BPI 4,62%Portucel 3,58%Altri 2,00%

Pharol -4,11%Mota-Engil -2,28%Teixeira Duarte -1,33%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

1,120,72

134,824,4659

1,08

-0,037%0,036%

47,721131,41

0,45%2,58%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2800

3050

3300

3550

3800

4500

5000

5500

6000

6500

0,000

0,035

0,070

0,105

0,140

1,17%0,87%0,77%

BRUNO LISITA

Funcionários da CP Carga manifestaram-se ontem contra a venda

Page 23: Jornal Público de 22.09.2015

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Page 24: Jornal Público de 22.09.2015

24 | MUNDO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

O Syriza deixou cair o “radical” para a segunda vida de Alexis Tsipras

O resultado das eleições de domin-

go confi rmou que Alexis Tsipras é o

único jogador em campo na política

grega. Apesar de a abstenção ter sido

o principal vencedor, o seu partido,

o Syriza, fi cou a apenas um ponto

abaixo do que tinha obtido em Ja-

neiro. Junto com o seu parceiro de

coligação, os Gregos Independen-

tes (ANEL na sigla em grego), tem

sensivelmente o mesmo número

de deputados (menos sete do que

na anterior legislatura), ou seja, 155

entre 300.

Com jornalistas à espera de uma

declaração à porta da sede do Syri-

za, responsáveis do partido disseram

apenas que o novo chefe de Governo

anunciou que terá como objectivo

imediato “restaurar completamente

a estabilidade da economia grega e

dos bancos gregos”, quando ainda es-

tão em vigor alguns controlos de ca-

pitais. A sua primeira grande batalha,

sublinhou Tsipras aos responsáveis

do Syriza, é conseguir uma medida

de alívio da dívida, que o Fundo Mo-

netário Internacional tem defendido

mas que encontra enorme resistên-

cia em vários países europeus, sendo

rejeitada pela Alemanha.

Tsipras tinha apostado em eleições

antecipadas para lhe permitir conti-

nuar a governar com um partido sem

elementos radicais de esquerda que

difi cultassem a aprovação de medi-

das difíceis no Parlamento — as elei-

ções foram marcadas depois de ter

assinado um acordo para um tercei-

ro empréstimo e ter contado com o

apoio da oposição para aprovar esse

acordo no Parlamento.

Conseguiu-o, mantendo longe

do Parlamento o partido do seu ex-

ministro, Panagiotis Lafazanis, e da

antiga presidente do Parlamento,

Zoe Konstantopoulou, que saíram

do Syriza (o primeiro formou um no-

vo partido, a que a segunda se juntou

nestas eleições como independente).

A Unidade Popular, que defendia a

saída da Grécia do euro, obteve ape-

nas 2,8% (é necessário um mínimo de

3%). Candidatos do partido tinham

recebido, dias antes, o apoio do an-

tigo ministro das Finanças, Yanis

Varoufakis.

Resta ver se Tsipras, que foi muito

criticado dentro do Syriza pelo mo-

do como não ouviu os membros do

partido, vai ser visto como o homem

que vence eleições ou se haverá ain-

da potencial para ideias muito dife-

rentes das suas.

Cortar com o passadoA outra grande vitória do líder do

Syriza terá sido afi rmar este como o

partido que quer cortar com o passa-

do. O seu rival da Nova Democracia,

Evangelos Meimarakis, contava que o

seu modo de estar directo e popular

(há quem diga que ele é o tio que veio

da província para Atenas e fala calão

que todos os gregos têm) o ajudasse a

obter uma votação melhor, mas isso

não ajudou. Meimarakis é um líder

interino e a Nova Democracia deverá

agora escolher um novo, ou nova,

presidente.

O Governo não é o executivo alar-

gado que muitos esperavam. O Parti-

do Socialista (Pasok) conseguiu mais

do que o esperado e há quem já veja

o início da sua recuperação, mas re-

presenta o “antigo sistema” contra o

qual Tsipras garantiu que iria lutar.

E To Potami (O Rio), o partido visto

como não-ideológico, apostando em

tecnocratas e pró-europeu, teve uma

descida marcada e, com 4%, fi cou

em sexto lugar, atrás dos comunistas,

perdendo qualquer força que tivesse

tido em Janeiro, quando foi o quarto

partido mais votado.

No fundo, o Syriza parece ter to-

mado na política grega o lugar que

durante 40 anos foi o do Pasok. Ha-

via quem defendesse o voto no Syri-

za como um voto útil (discordando

do partido mas preferindo uma

formação de esquerda moderada a

um radical para evitar um governo

conservador), e havia mesmo quem

apontasse semelhanças entre o tom

de alguns discursos de Tsipras e os

de Andreas Papandreou.

A grande vitória foi da abstenção,

o que é digno de nota num país tão

politizado, embora explicado pelo

facto de o programa do Governo já

estar defi nido à partida pelo acordo

para um terceiro empréstimo de 86

A festa daqueles que voltaram a dar um mandato a Alexis Tsipras

O primeiro-ministro grego continua a enfrentar enormes e urgentes desafi os, depois de umas eleições em que a abstenção venceu

GréciaMaria João Guimarães, em Atenas

mil milhões para os próximos três

anos. A participação foi de 56,55%,

quando em Janeiro foi de 63,3%. O

Syriza conseguiu não descer signifi -

cativamente em percentagem, mas

perdeu uma enorme massa de elei-

tores, 300 mil votos.

Os sete meses anteriores serviram

para Tsipras argumentar que lutou

por algo melhor para o país, ao con-

trário dos seus antecessores — no fun-

do, enquanto os governos anteriores

disseram que não havia alternativa,

Tsipras mostrou-o, a não ser que a

alternativa fosse a saída do euro, o

que a maioria dos gregos não quer. A

oposição ao acordo com os credores

é neste momento representada no

Parlamento apenas pelos neonazis

do Aurora Dourada, que se manteve

o terceiro partido mais votado com

7%, e pelo Partido Comunista (em

quinto lugar, com 5,5%).

Segunda oportunidadeMas o que os eleitores lhe deram

foi uma espécie de segunda opor-

tunidade, e agora será julgado pelo

que fi zer, e no seu tempo no poder,

o Governo Syriza-ANEL foi fraco na

concretização de reformas, e mesmo

em questões que eram caras ao par-

tido de Tsipras, como os refugiados

(o Governo interino, que esteve em

funções desde a demissão de Tsipras

até às eleições, pôs a funcionar um

campo de acolhimento, aberto, e

anunciou mais três, para refugiados

que antes estavam num parque), ou

a luta contra a corrupção, em que

nada pareceu mover-se.

Uma pergunta em relação à de-

cisão de Tsipras manter a coliga-

ção com os Gregos Independentes

veio do presidente do Parlamento

Europeu, Martin Schulz, que disse

ter telefonado ao líder do Syriza per-

guntando por que continua “esta co-

ligação com este partido estranho de

extrema-direita”. O líder dos Gregos

Independentes, Panos Kammenos,

não gostou e acusou imediatamente

o alemão de “interferência nas ques-

tões internas de um país”.

É claro para todos que os desafi os

são enormes e que não está afastado

o perigo para a Grécia: o deputado

europeu do Syriza Kostas Chrysogo-

nos dizia que se o Governo não con-

cretizar as medidas do memorando,

o país será expulso da zona euro.

O que é esperado é tanto estabi-

lidade como acção, em desafi os tão

Page 25: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | MUNDO | 25

grandes como a crise dos refugiados

— a Grécia continua a ser o principal

destino dos refugiados que querem

passar para outros países europeus

— e a recapitalização dos bancos ou

os cortes nas prestações sociais. No

seu último discurso de campanha,

Tsipras prometeu que iria arregaçar

as mangas, e no discurso de vitória

disse que trabalharia a partir do dia

seguinte, embora avisasse que o ca-

minho não seria fácil.

Ontem, uma fonte do Syriza dizia

à Reuters que o novo Governo deve-

rá ter um organismo para a política

europeia que inclua representantes

de outros partidos, que aconselharia

o ministro das Finanças — espera-se

que Euclides Tsakalotos se mantenha

no cargo.

A primeira revisão do cumprimen-

to do programa será feita já no fi nal

do próximo mês, mas a maioria dos

gregos considera que o acordo não

vai ser concretizado: segundo uma

sondagem do centro de estudos

Bridging Europe, 64% dos inquiri-

dos acreditam que o terceiro acor-

do não será implementado, o que

mostra uma grande desconfi ança

em qualquer Governo para concre-

tizar o plano.

Enquanto Tsipras recebia o man-

dato para formar Governo do Pre-

sidente, uma tempestade violenta

abatia-se sobre Atenas. A mudança

repentina do tempo provocou pia-

das, desde o desagrado dos deuses

com o segundo Governo de esquer-

da na Grécia, até à ideia de que esta

foi mais uma cedência de Atenas aos

credores: até o clima será europeu.

LOUISA GOULIAMAKI/AFP

1. Na véspera das eleições gregas,

muita gente augurou o fi m de

Alexis Tsipras, o novo fenómeno

político europeu, acreditando

nas sondagens que lhe davam

um perigoso “empate técnico”

com a Nova Democracia. O

primeiro-ministro grego resolveu

arriscar tudo na convocação de

novas eleições para legitimar

a sua viragem de 180 graus em

Bruxelas. Os dissidentes do Syriza

formaram um novo partido

para o acusar de traição. A Nova

Democracia, com um novo líder,

parecia mais resistente do que

o previsto. Contados os votos,

a margem de vitória de Tsipras

foi inesperadamente grande.

Ganhou a legitimidade de que

precisa, com um brinde adicional:

a monumental derrota dos

dissidentes do Syriza.

As sondagens não conseguiram

refl ectir nada disto. Para além

de razões técnicas que não sei

explicar, o que parece óbvio hoje

é que a mudança da paisagem

política europeia (ainda) não

está a ser captada nos inquéritos

de opinião. Não é caso único.

No Reino Unido, vimos em

Maio o “empate técnico” entre

os conservadores e o Labour

transformado numa grande

vitória para David Cameron

e uma derrota histórica para

Ed Miliband. Na Espanha,

estamos igualmente perante um

“empate técnico” entre os dois

grandes partidos (PP e PSOE),

com os dois movimentos “anti-

sistema”, Podemos e Cidadãos,

a afi rmarem-se nas sondagens,

abrindo as portas para as mais

variadas surpresas nas eleições

de Novembro. Em Portugal, o

“empate técnico” é a crónica

diária destas eleições.

2. O caso da Grécia parece

resultar da conjugação de

dois factores: a resignação dos

gregos perante a troika, da qual

perceberam que ainda precisam;

a profunda desconfi ança nos

partidos que dominaram a

Grécia desde a reconquista

da democracia, clientelares e

corruptos numa escala pouco

comum. O curioso é que não é o

centro-direita que paga as favas,

é o centro-esquerda do PASOK,

remetido a pequeno partido,

dispensável. Uma ruptura da

mesma ordem apenas aconteceu

no início dos anos 90 na Itália, na

sequência do fi m da Guerra Fria.

Os socialistas desapareceram,

o Partido Comunista (que já era

“euro”, ou seja, mais brando)

transformou-se no Partido

Democrático de Esquerda, cujo

líder, Massimo d’Alema, quis

que fosse um partido social-

democrata. A democracia cristã

pagou o preço de décadas de

poder e de vícios. A implosão

abriu as portas a Silvio Berlusconi,

à direita, e a uma sucessão de

coligações à esquerda que nunca

se conseguiram entender, a não

ser agora com a liderança de

Matteo Renzi.

Em Atenas, Tsipras não se

converteu certamente à “terceira

via”. Elegeu o pragmatismo

como a única forma possível

de governar, aprendendo à sua

própria custa a diferença abissal

entre um partido de protesto e

um partido de Governo. Aceitou

as regras do jogo europeias para

garantir o lugar da Grécia no

euro. A renovação da aliança

com um partido nacionalista (os

Gregos Independentes) custa a

perceber, quando tinha o PASOK

e o To Potami, ambos de centro-

esquerda, à sua disposição. A

escolha pode ser vista como

o refl exo da sua desconfi ança

endémica da social-democracia,

cujo lugar quer ocupar. Citado

pelo Telegraph, Stathis Kalyavas,

cientista político em Yale, defi ne

o “incrível paradoxo”: “A Grécia

elegeu a mesma coligação de

Janeiro, mas para aplicar políticas

que são o seu exacto oposto”.

Admite que esta contradição

“não aguentará muito tempo”:

ou o Governo aplica as políticas

da troika, transformando-se num

partido de centro-esquerda, ou

não o faz, e acabará por perder o

poder. Mas não vale a pena tirar

grandes conclusões para o futuro.

Se há mudanças imprevistas, há

também uma enorme volatilidade

eleitoral.

3. Para Tsipras, a verdadeira

prova só começa agora. Os

gregos deram-lhe o benefício

da dúvida, à falta de melhor.

Mas, se não houver um mínimo

de justiça na distribuição dos

sacrifícios, a instabilidade

política pode regressar depressa.

A questão essencial será como

pôr a economia a crescer nestas

condições, porque é o único

caminho para aliviar o fardo

demasiado pesado que os gregos

suportam desde 2010. Uma das

alavancas possíveis é a redução

do peso da dívida. A questão

foi afastada nas negociações do

novo resgate com a promessa

vaga de ser tratada mais à frente.

Para Tsipras, o “mais à frente”

é agora. Irá na próxima quarta-

feira a Bruxelas para participar

no Conselho Europeu sobre

os refugiados. A sua simples

presença dirá aos seus parceiros

europeus: é mesmo comigo que

têm de tratar. “Há coisas que

podem correr melhor com alguma

indulgência dos credores”, lê-

se na coluna Charlemagne da

Economist. “Haverá fundos para

recapitalizar a banca, [o Governo]

pode benefi ciar do programa de

Quantitativ Easing do BCE e de

uma reestruturação da dívida,

mesmo que não se saiba sob

que forma”. Só falta desmentir a

maioria dos analistas: o interregno

da crise grega não passará do

Natal. Depende de Tsipras, mas

também de Berlim.

Os “empates técnicos” já não são o que eram

ComentárioTeresa de Sousa

O Governo terá como objectivo imediato “restaurar completamente a estabilidade da economia grega e dos bancos gregos”

Page 26: Jornal Público de 22.09.2015

26 | MUNDO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

UE desiste de quotas obrigatórias para dar resposta à crise dos refugiados

ANTONIO BRONIC/REUTERS

Refugiados à espera de comboio na Croácia, país aonde estão a chegar milhares de pessoas que querem seguir para a Alemanha

Não é certo que à segunda seja de

vez, mas há uma enorme pressão

para que a União Europeia chegue

hoje a um acordo para a distribuição

de 120 mil refugiados — uma fracção

cada vez mais pequena das centenas

de milhar que chegaram à Europa. O

atraso na defi nição de uma política

comum está a aumentar o desnorte

dos países na linha da frente desta

crise humanitária, com fronteiras ora

abertas ora fechadas e refugiados co-

locados à pressa em comboios para

destinos incertos e muitos outros

aguardando a sua vez em centros

de acolhimento a abarrotar.

“Nenhum país se pode isentar

[do acolhimento aos refugiados] ou

deixaremos de pertencer à mesma

união que foi fundada sobre valores e

princípios”, avisou François Hollan-

de, o Presidente francês, no arranque

de uma semana em que a diplomacia

europeia tentará recuperar algum do

atraso que tem para a realidade no

terreno. O ponto alto será a cimeira

europeia extraordinária convocada

para amanhã, mas Hollande disse

esperar que a questão “extrema-

mente delicada da distribuição dos

migrantes” seja resolvida na véspera,

durante a reunião dos ministros do

Interior e da Justiça.

O que vai estar em cima da mesa

não é uma proposta muito diferente

da que foi discutida, sem sucesso, na

reunião da semana passada. Mas o

jornal Financial Times (FT), que teve

acesso ao rascunho em discussão,

adianta que a fórmula de cálculo pa-

ra defi nir quantos refugiados cada

país teria de receber foi abandona-

da, estabelecendo-se o princípio de

que serão os Estados-membros, e

não a Comissão, a defi nir quantas

pessoas vão acolher.

Os países de Leste, pouco habitu-

ados a lidar com fl uxos migratórios,

insurgiram-se contra o “carácter

obrigatório” do plano apresentado

pelo presidente da Comissão Euro-

peia, Jean-Claude Juncker, chegando

a afi rmar (sem adiantar números)

que estariam disponíveis a acolher,

de forma voluntária, mais refugia-

dos do que aqueles que lhes tinham

sido destinados. Resta saber se a ce-

dência de Bruxelas é sufi ciente pa-

ra superar o bloqueio dos países de

adianta que entre as prioridades es-

tará o reforço da cooperação com a

Turquia — portão de saída da Síria

para a Europa —, a transformação da

Frontex numa verdadeira agência de

fronteiras, com meios e capacidade

de acção própria, e a criação de cen-

tros europeus de acolhimento nos

países de chegada. Numa tentativa

para estancar as chegadas às costas

europeias, a cimeira vai também dis-

cutir o reforço da ajuda aos países

vizinhos da Síria, onde vivem quatro

milhões de refugiados, e às agências

da ONU que aí trabalham.

“Esta é provavelmente a última

hipótese de a Europa encontrar uma

resposta unida e coerente” para

a crise, alertou o Alto Comissariado

das Nações Unidas para os Refugia-

dos, lembrando que “4.000 pessoas

continuam a chegar diariamente às

ilhas gregas”.

Segue-se uma odisseia pelos Bal-

cãs em direcção à Alemanha, destino

fi nal da grande maioria dos refugia-

dos. A Croácia disse já ter recebido 29

mil pessoas desde que, na semana

passada, a Hungria fechou a fronteira

com a Sérvia. A etapa seguinte seria

a Eslovénia, mas como aquela fron-

teira só a espaços tem sido aberta,

os refugiados estão a ser levados de

autocarro e comboio para a Hungria,

onde estão a ser rapidamente enca-

minhados para a Áustria.

Só durante o fi m-de-semana, mais

de 20 mil pessoas, sobretudo sírios,

chegaram à pequena vila austríaca

de Nickelsdorf, na fronteira com a

Hungria. A correspondente da BBC

conta que a estação de autocarros

local “se assemelha ao Apocalipse”.

Apesar das condições miseráveis,

Saeed, um jovem sírio ouvido pela

AFP, sentia-se recompensado: “Toda

a gente sabe: assim que estás na Áus-

tria, podes dizer que chegaste.”

Nova versão do plano Juncker prevê que sejam os Estados a decidir quantos refugiados vão realojar. A ONU sublinha a urgência da situação: “4000 pessoas continuam a chegar diariamente às ilhas gregas”

Crise humanitáriaAna Fonseca Pereira

A proposta de compromisso res-

ponde também às exigências da Hun-

gria, que não queria ser classifi cada

como “país benefi ciário” deste plano

de distribuição, dizendo que os refu-

giados que estão a atravessar o país

vêm da Grécia e da Itália — uma po-

sição que indica que Budapeste, ape-

sar da retórica anti-imigração e das

medidas securitárias, planeia enviar

para norte todos os que continuam

a chegar às suas fronteiras. O plano

original previa que os restantes Esta-

dos fossem à Hungria buscar 54 mil

refugiados, não sendo certo se essas

vagas vão ser preenchidas na Grécia

e Itália ou vão fi car de reserva.

Odisseia nos BalcãsArestas que os Vinte e Oito esperam

limar a tempo da reunião de ama-

nhã, libertando os líderes europeus

para a discussão de uma estratégia

de mais longo prazo. A Reuters

Leste, que reuniram ontem em Pra-

ga para defi nir uma posição comum.

No fi nal do encontro, o ministro che-

co dos Negócios Estrangeiros, Lu-

bomir Zaoralek, fez saber que os

intervenientes na reunião “estão

comprometidos com a ideia de a

UE chegar a uma posição comum

durante o dia de amanhã”.

A nova proposta, adianta o FT,

deverá ter pouco impacto na forma

como serão distribuídos os 120 mil

refugiados que a Comissão propôs

que fossem realojados, com os pa-

íses mais ricos a acolher mais gen-

te. Torna mais difícil, porém, que

o esquema que vier a ser adopta-

do sirva de base a um mecanismo

permanente que possa ser activado

no futuro — prevê-se que em 2016

o número de refugiados a chegar à

Europa não fi que abaixo dos 440 mil

que atravessaram este ano o Medi-

terrâneo.

Page 27: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | MUNDO | 27

Yukiya Amano foi recebido pelo Presidente Hassan Rouhani

A Agência Internacional da Energia

Atómica (AIEA) recebeu no domin-

go as primeiras amostras ambientais

recolhidas no complexo militar Par-

chin, há vários anos vedado a inspec-

tores estrangeiros e local onde se sus-

peita que o Governo iraniano possa

ter realizado testes a explosivos nu-

cleares. A agência quererá perceber,

através destas amostras, se há provas

de que Teerão tenha tentado desen-

volver uma bomba em Parchin.

Os indícios ambientais foram reco-

lhidos por especialistas iranianos e

entregues ao director-geral da AIEA,

Yukiya Amano, que esteve no vasto

complexo militar, a 30 quilómetros

de Teerão. Amano e uma equipa de

inspectores visitaram pela primeira

vez alguns edifícios da base que até

agora tinham sido apenas observados

através de imagens de satélite. A visita

a Parchin foi meramente simbólica, e

não uma inspecção ofi cial da AIEA.

O acordo sobre o nuclear no Irão

exige que a AIEA esclareça as “am-

biguidades” do programa iraniano

— palavras da própria agência — e

garanta que o programa cumpre

as exigências do acordo de Julho.

Se não houver provas de que o Irão

tentou no passado construir armas

nucleares, algo que há muito refuta,

as sanções ao país podem começar

a ser anuladas. As grandes suspeitas

recaem sobre os primeiros anos da

Teerão abre portas a base militar polémica e caminha para o fim das sanções

década de 2000, período em que se

julga que Parchin foi utilizado como

laboratório para explosivos atómicos.

Mas essa avaliação pode já ser

impossível. A agência internacional

afi rmou em Abril deste ano que as vá-

rias obras de remodelação operadas

na base desde 2012 “provavelmente

comprometeram a capacidade da

agência em conduzir verifi cações efi -

cazes”. O Governo iraniano fez novas

obras poucos dias depois de ter sido

assinado o acordo em Viena.

Teerão diz que as construções

mais recentes são apenas reparações

a uma estrada que sofreu uma inun-

dação. Mas, no Ocidente, as imagens

de veículos pesados em Parchin são

encaradas como mais uma tentativa

de “sanitização” de actividades nu-

cleares do passado.

O protocolo de recolha de amos-

tras em Parchin e em outras centrais

no Irão, para análise da AIEA, é con-

fi dencial e alvo de suspeitas no Oci-

dente. Os críticos ao acordo nuclear

dizem que não podem avaliar o grau

de transparência de Teerão se não

conhecerem o processo de troca de

provas. Em comunicado, Amano afi r-

mou que a agência garantia “a inte-

gridade do processo de recolha e a

autenticidade das amostras”. Foi um

“progresso signifi cativo”, disse.

Há dez anos que o Irão não per-

mite que inspectores internacionais

entrem em Parchin. A agência inter-

nacional disse em 2006 que a sua úl-

tima vistoria não encontrara provas

de “actividades irregulares”, embo-

ra já circulassem rumores de que o

país estaria a preparar a construção

de armas nucleares. O secretismo

do Governo iraniano e as imagens

de grandes remodelações no com-

plexo reforçaram as suspeitas no

Ocidente.

HANDOUT/REUTERS

IrãoFélix Ribeiro

Há dez anos que a AIEA não entrava em Parchin, onde se suspeita que possam ter sido feitos testes a explosivos nucleares

O Presidente da China, Xi Jinping,

chega hoje aos Estados Unidos pa-

ra uma visita de sete dias destinada

a clarifi car em que pé estão as rela-

ções estratégicas entre as duas po-

tências. Mas essas mesmas relações

estão num ponto tão intrincado que

o artigo que a revista The Diplomat

dedicou ao tema se chama “A cimeira

EUA-China: descodifi car uma Torre

de Babel”.

Barack Obama e Xi Jinping têm,

publicamente, um discurso de apro-

ximação e falam de relações de coo-

peração. Porém, a realidade mostra

que existe um clima de confronto.

E está de tal forma aguçado que a

mesma Diplomat, ao referir-se à ci-

meira Obama-Xi, marcada para quin-

ta-feira, diz que “o Feng Shui deste

encontro não é propício”.

Ao longo do ano, uma série de

acontecimentos perturbou as re-

lações bilaterais. Uns foram mais

mediáticos do que outros. No topo

desses mais visíveis esteve o de Ju-

nho, quando piratas informáticos

entraram na agência federal ameri-

cana de emprego e nos dados pes-

soais de quatro milhões de pessoas.

O ataque, disseram as fontes ofi ciais

de Washington, partiu da China — e

não foi apenas um. Antes e depois,

houve outros, dirigidos a empresas,

sobretudo de alta tecnologia.

No campo político, a desconfi ança

também cresce. Washington conti-

nua a contestar o crescimento da

presença chinesa no mar do Sul da

China, não apenas através da dispu-

ta de territórios que há muito fazem

parte de outro países — Japão, Bru-

nei, Filipinas, Malásia e Vietname

— como da construção de ilhas ar-

tifi ciais, algumas delas destinadas a

bases militares. Cinquenta por cento

das rotas comerciais marítimas pas-

sam por este mar (valendo cinco mil

milhões de dólares anuais), além de

que existe o potencial das reservas

de petróleo e gás natural. As Filipinas

já pediram ajuda aos EUA e anuncia-

ram que poderão abrir as suas bases

militares ao Exército americano para

equilibrar forças.

Na semana passada, um último fac-

tor colocou-se entre Washington e

Xi Jinping chega aos EUA mas o Feng Shui não é favorável

Pequim — a aprovação das alterações

na legislação japonesa, que permite

às forças de defesa combaterem no

estrangeiro, uma medida apoiada

pelos americanos e que reforça a

aliança de Defesa entre Washington

e Tóquio e que visa não só a segu-

rança do Japão, mas da região. Para

irritação da China, que pretende as-

sumir o papel de pivot no comércio

e na defesa do que considera o seu

território natural de infl uência.

Também neste Verão, a China so-

freu um golpe duro na imagem de

solidez da sua economia — cuja força

é tão grande que o seu desacelera-

mento, que todas as previsões dizem

ir aprofundar, vai afectar o mundo

inteiro. O sistema fi nanceiro foi aba-

lado e a queda da bolsa arrastou as

praças mundiais e infectou com des-

confi ança os investidores.

Xi Jinping, que quando esta viagem

de sete dias foi planeada era o líder

do país que se assumia como mais

forte do mundo, surge agora na posi-

ção mais desconfortável nesta visita

que começa em Seattle, onde terá de

esclarecer um grupo de empresários

quanto ao rumo da China. Seguem-

se visitas a várias empresas (Boeing

e Microsoft) e cidades, antes de che-

gar a Washington para a cimeira com

Obama, na quinta-feira, fechando a

viagem com um discurso nas Nações

Unidas, em Nova Iorque.

Xi necessita de encontrar argu-

mentos que, numa conjuntura des-

favorável, lhe permitam continuar

a sustentar o novo papel da China

no mundo. E precisa também de al-

cançar algum tipo de entendimento

com Obama, dando os dois líderes

sinais de que querem passar a tratar-

se mais como parceiros do que como

adversários e acabar com a ambigui-

dade — Xi mostrou-a bem na parada

militar com que celebrou o fi m da II

Guerra Mundial, ao exibir um pode-

roso arsenal bélico, ao mesmo tempo

que falava no desejo de um mundo

sem guerras e de cooperação.

“A não ser que os dois presidentes

se concentrem na resolução do pro-

blema, [a cimeira Obama-Xi] pode

fi car para a História como uma sim-

ples pausa numa viagem infeliz a ca-

minho de mais fricção e talvez de um

confl ito intenso”, diz a Diplomat.

DiplomaciaAna Gomes Ferreira

O Presidente chinês e Barack Obama falam em cooperação e paz, mas os dois países dão cada vez mais sinais de desconfiança

O ex-tesoureiro do Partido dos Traba-

lhadores (PT) do Brasil, João Vaccari,

foi ontem condenado a 15 anos de

prisão por participação no esquema

de corrupção à volta dos contratos

da empresa petrolífera nacional Pe-

trobras.

“Com os delitos de corrupção, la-

vagem de dinheiro, associação cri-

minosa (...) a pena totaliza 15 anos

e quatro meses de prisão”, disse o

juiz Sérgio Moro que conduz o in-

quérito ao escândalo da corrupção

na Petrobras, conhecido por Lava

Jato.

Vaccari foi tesoureiro do PT (o par-

tido da Presidente Dilma Rousseff ) até

Abril. Foi considerado culpado de ser

o responsável pela distribuição, den-

tro do partido, dos subornos pagos

pelas empresas que conseguiam con-

tratos com a Petrobras. Esta é a pri-

meira pena de Vaccari, que também é

alvo de outros processos judiciais.

O esquema esteve activo entre

2004 e 2014. Segundo a investigação,

as empresas repartiram os negócios

da companhia petrolífera pagando

subornos a responsáveis e directores.

Os contratos que obtinham estavam,

eles próprios, infl accionados entre

1% e 3%.

Uma parte das comissões destina-

vam-se a personalidades políticas, na

sua maioria deputados da coligação

de centro-esquerda no poder. Vacca-

ri recebia as suas comissões.

O ex-director de serviços da Pe-

trobras, Renato Duque, foi também

condenado a 28 anos de prisão.

Segundo o juiz, a corrupção “ge-

rou impacto no processo político

democrático, contaminando-o com

recursos criminosos”. Acrescentou

que a lavagem de dinheiro fez com

que recursos criminosos fossem

transformados em doações eleito-

rais registradas.

Na investigação que levou a estas

condenações incluiu-se a concessão

de um contrato entre a Petrobras e

a empresa Interpar, que fez entrar,

por via ofi cial, nos cofres do PT 4,26

milhões de reais (quase um milhão

de euros).

O juiz chamou ao processo um “es-

quema criminoso de maxipropina e

maxilavagem de dinheiro”.

15 anos de prisão para ex-tesoureiro do PT

Brasil

João Vaccari foi considerado culpado no processo de corrupção da Petrobras conhecido por Lava Jato

Presidente Xi Jinping surge agora numa posição mais desconfortável nesta visita de sete dias aos EUA

Page 28: Jornal Público de 22.09.2015

28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

O último dos resistentes

Os livros fi cam, o editor

desaparece. Era fácil fi car horas a

ouvir Vitor Silva Tavares porque

já ninguém fala como ele, um

português de língua afi ada e

refi nada, simultaneamente

elegante e pé-descalço (ele diria:

“do melhor Gil Vicente”), algo que

partilhava com o amigo João César

Monteiro, tanto quanto a magreza

e o espírito libertário.

No ano passado, quando

o PÚBLICO falou com ele a

propósito da edição da obra

escrita de César Monteiro, Vitor

Silva Tavares confessou que a

morte do cineasta, em 2003,

deixara um vazio que não tinha

sido preenchido. Silva Tavares

referia-se a um vazio pessoal,

naturalmente, mas também

estava implícito um vazio

colectivo.

O mesmo acontece agora, com a

morte de Silva Tavares, um dos

mais originais e radicais editores

portugueses. É toda uma geração,

de resistência cultural e política,

que tem os dias contados.

Vitor Silva Tavares, de 78

anos, morreu ontem de manhã

no Hospital de Santa Maria, em

Lisboa, onde tinha sido internado

uma semana antes devido a uma

infecção cardíaca.

“Perdemos o último dos

resistentes, o pai de gerações e

gerações de poetas. Há muita

gente que lhe vai sentir a falta.

Mesmo muita”, diz Paulo da

Costa Domingos, poeta e editor

da Frenesi, que se cruzou com

Vitor Silva Tavares no início da

década de 1970, quando o editor

o publicou pela primeira vez,

ainda na revista &etc que viria a

converter-se na lendária editora

com o mesmo nome.

Em 1974, ainda antes do 25

de Abril, Vitor Silva Tavares

criou a &etc, uma pequena

editora independente que se

distingue, até hoje, pelo formato

quadrado dos seus livros, pelo

seu catálogo de autores e títulos

Obituário

Vitor Silva Tavares, 1937-2015 Fundador da &etc, era um dos mais originais editores portugueses. Morreu aos 78 anos

Kathleen Gomes

raros e marginais e por se manter

praticamente inalterável ao longo

de mais de 40 anos de existência,

apesar das transformações do

negócio editorial. Sempre recusou

a ideia de publicar livros para

fazer lucro. Entre os autores

publicados pela &etc contam-se

Herberto Helder (Cobra, 1977),

Alberto Pimenta, João César

Monteiro, Antonin Artaud, Adília

Lopes, Henri Michaux, Sade,

Robert Walser, entre muitos

outros.

Era também escritor, mais

raro do que regular. “Escrevo

o que me apetece, quando me

apetece. E quase sempre não me

apetece”, disse numa entrevista à

revista Ler em 2012. Púsias, o seu

último livro, de poesia satírica, foi

publicado este ano numa edição

artesanal, pela 50Kg.

Do &etc à &etcNascido em 1937, Vitor Silva

Tavares era um “lisboeta da

Madragoa”, como fazia questão

de lembrar. E continuava a ser:

vivia na Rua das Madres e todos os

dias ia a pé para a &etc, uma cave

na Rua da Emenda, ao Chiado.

Começou como jornalista em

Angola, onde viveu entre 1959 e

1962, no jornal O Intransigente. Já

em Lisboa, fez crítica de cinema

na Flama e no Jornal de Letras e

dirigiu o suplemento literário do

Diário de Lisboa.

Tornou-se editor, como dizia,

“por mero acaso”. Surgiu o

convite para dirigir a Ulisseia,

onde publicou Os Condenados

da Terra, de Frantz Fanon,

livro anticolonialista, em plena

guerra colonial, os surrealistas

portugueses — que nenhuma

editora publicava — e o primeiro

livro de Luiz Pacheco, Crítica de

Circunstância, que é apreendido

pela PIDE.

A &etc começou por ser um

magazine de cultura do Jornal do

Fundão, onde José Cardoso Pires

também escrevia, e foi depois

uma revista, entre 1973 e 1974. Por

ter começado como magazine,

Vitor Silva Tavares continuou

sempre a falar da editora no

queimados no Tribunal da Boa

Hora durante o julgamento do

editor, acusado de abuso de

liberdade.

“Um editor solidário veio

propor-me uma co-edição de

cinco mil exemplares, o que

recusei imediatamente (não

queria explorar comercialmente

um escândalo desses). Tratava-se

de um caso político. A reedição é

uma reincidência, um desafi o às

autoridades”, contou em 2007 ao

jornal brasileiro K Jornal de Crítica.

Não fazia promoção dos livros,

nos quais imprimia um rigoroso

cuidado gráfi co — exemplares

encadernados à mão, o design

das capas infl uenciado pelo

construtivismo russo ou com

as ilustrações de Luís Manuel

Gaspar — que, a par do formato

de falso quadrado (15,5 por

17,5 centímetros), os tornavam

absolutamente reconhecíveis e

distintos no mercado editorial.

“Talvez fosse um dos últimos

editores que tinha uma relação de

paixão com as artes tipográfi cas,

absolutamente distinto dos

gerentes e gestores das editoras”,

diz Eduardo Sousa, editor e

livreiro da Letra Livre.

“Quando se diz que o Vitor

era um editor radical, não se

está só a falar em política ou

ideologia. O Vitor era um radical

no tratamento da obra gráfi ca,

um editor de livros, não de

fotocópias, como há muitos por

aí”, diz Paulo da Costa Domingos,

que trabalhou de perto com Silva

Tavares, a quem reconhece uma

“ética inabalável” que se refl ectia

em todos os aspectos da sua vida,

sobretudo no trabalho.

O editor da &etc fazia tudo

para não trair “o espírito e a

palavra” dos seus autores, diz o

poeta, que coordenou o livro de

homenagem aos 40 anos da &etc,

Uma Editora no Subterrâneo (Letra

Vitor Silva Tavares só publicava “coisas em que acreditava”, mesmo quando era o primeiro a acreditar num escritor

masculino, dizendo “o &etc”.

Fazia pequenas tiragens e não

reeditava as obras esgotadas,

preferindo lançar novos títulos.

A única excepção foi O Bispo de

Beja, de Homem-Pessoa, poema

satírico e anticlerical, que voltou

a editar depois de o livro ter

sido apreendido em 1980 — seis

anos depois do 25 de Abril — por

ordem do Ministério Público e

os seus exemplares terem sido

Page 29: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | CULTURA | 29

NUNO FERREIRA SANTOS

“O Vitor era um radical, um editor de livros, não de fotocópias, como há muitos

por aí”, diz Paulo da Costa Domingos

Livre, 2013). Nunca lhe passaria

pela cabeça publicar um texto de

alguém de quem não gostasse,

que não quisesse ter por perto.

“A &etc é como uma impressão

digital, é de um indivíduo. O que

se publicava na &etc não era

sujeito à apreciação de um colégio

editorial — o Vitor decidia e estava

decidido. Ele gostava ou não

gostava e não sentia necessidade

de explicar porquê.”

Um editor infl uente“Ele tinha uma grande abertura

para poetas muito diversos e

privilegiava os autores que iam

surgindo à margem do chamado

mainstream. Estava sempre muito

atento, desperto”, diz o poeta

Gastão Cruz, que foi publicado

pela primeira vez por Silva

Tavares em 1978 (Campânula).

Vitor Silva Tavares só publicava

“coisas em que acreditava”,

mesmo quando estava entre os

primeiros — se não era mesmo

o primeiro — a “acreditar” em

determinado autor, lembra.

A maneira de Silva Tavares

trabalhar deixa lastro noutros

projectos editoriais, a Frenesi

de Paulo da Costa Domingos, a

Averno de Manuel de Freitas,

a Fenda de Vasco Santos, ou

a Hiena de Rui Martiniano,

que nasceram à luz da &etc e

perpetuaram o seu “espírito”.

“É uma infl uência óbvia na

minha geração de editores

independentes, que trabalham

com a mesma visão que ele

tinha, do livro não como produto

comercial mas como objecto

cultural”, diz Eduardo Sousa, de

58 anos.

“O Vitor contava histórias

e ensinava a liberdade, a

rebeldia e o humor a quem o

rodeava. Desenhava projectos.

Concretizava muitos”, recorda

o editor Nelson de Matos, que

trabalhou com Silva Tavares no

suplemento literário do Diário de

Lisboa e no Jornal do Fundão.

“Muita coisa do que vivemos

hoje já não existe. Sobram os

livros, a editora a que ele deu vida

e prolongou até à actualidade.

Sobra também a sua escrita, por

aí dispersa, resistindo. À espera.”

Pedro Piedade Marques

conhecia Silva Tavares apenas há

três anos, mas é ao editor da &etc

e à sua “imensa generosidade”

que deve a monografi a que vai

lançar até ao fi nal do ano, sobre

Fernando Ribeiro de Mello,

“outro dos nomes esquecidos” do

mundo dos livros em Portugal.

“Não tinha um arquivo

organizado, mas tinha uma

memória fantástica. E a essa

memória devo muitas das

histórias que conto sobre o

Ribeiro de Mello, sobre aquela

Lisboa dos anos 1950”, diz o editor

deste volume que conta com dois

textos inéditos de Silva Tavares.

Piedade Marques tencionava

dedicar um outro livro aos três

anos e meio em que Silva Tavares

foi o responsável editorial pela

Ulisseia, na década de 60:

“Ele viveu aventuras incríveis

com o Luiz Pacheco e com os

surrealistas, editou muita coisa

proibida. Teve, por exemplo,

a coragem de publicar França,

a emigração dolorosa, do Nuno

Rocha, quando a emigração era

um tema completamente tabu,

em que ninguém tocava.”

com Lucinda Canelas

DR

Pedro Mestre: “É um canto do povo, espontâneo”

Não é todos os dias que o Grande Au-

ditório do CCB se abre a um canto

como este. Campaniça do Despique,

trabalho de Pedro Mestre, é pretexto

para fazer soar em Lisboa, a muitas

vozes, a força do cante alentejano,

que a UNESCO distinguiu como Patri-

mónio Imaterial da Humanidade.

Lançado em Fevereiro deste ano,

o disco motiva o espectáculo, mas

este irá mais além, como explica o

músico: “Quando se trata da tradi-

ção, de sentimentos, isso não se con-

segue transmitir integralmente num

disco. Por muito que queiramos, isso

não acontece. E o concerto, partin-

do do repertório do disco, vai mais

além. Cada um dos convidados fa-

rá uma cantiga comigo e depois fi -

cam em palco para apresentar mais

uma peça do seu próprio repertório.

Além disso, estará comigo um grupo

coral de trinta homens, o Rancho de

Cantadores da Aldeia Nova de São

Bento, a mostrar o cante com pe-

so, com força. Esta música, ao vivo,

nunca é feita da mesma maneira.”

Com Pedro Mestre, no CCB, esta-

rão, além do rancho de cantadores,

um outro coro, os Cantadores do

Sul; José Manuel David (integrante,

como Pedro Mestre, do grupo 4 Ao

Sul, com José Barros e Rui Vaz) no

piano, órgão de tubos, acordeão e

fl auta; Tânia Lopes, percussão; Vas-

co Sousa, viola baixo e contrabaixo;

Janita Salomé, voz; Fábia Rebordão,

voz; Jorge Fernando, voz e guitarra

clássica; Pedro Calado, voz; e Henri-

que Leitão, guitarra portuguesa.

“Vou tentar trazer o Alentejo à

capital através de um canto preo-

cupado com o futuro. Um canto que

tenciona evoluir”, diz Pedro Mes-

tre. Fazê-lo numa sala como o CCB,

que ao longo dos anos tem abrigado

múltiplos géneros musicais, “é uma

grande responsabilidade mas tam-

bém uma grande satisfação. Trazer

o cante, trazer a viola campaniça,

os cantadores, mas trazer também

a inovação. Mostrar às pessoas o

que temos em mente, e que é neste

caminho que está o futuro de uma

música que já não se identifi ca, no

seu todo, com o trabalho do campo

ou com a taberna”.

Levar o Alentejo à capital “através de um canto preocupado com o futuro”

que o canto tem a função de aliviar

a carga de trabalho, distrair as men-

tes e fazer o tempo passar mais de-

pressa. Como se diz: ‘mais depressa

passa o dia, mais depressa passa

a hora.’ Outra coisa é o canto na

taberna: aí transforma-se. É o habi-

tat natural do cante. Quando ele se

perder aí, pode também perder-se

nos outros lugares.”

Mas não se tem perdido, diz ele.

A raiz mantém-se intocada, mas o

resto evolui com o tempo: “Nós pre-

cisamos sempre da raiz, que é ainda

onde eu estou; uma árvore só con-

segue ter uma grande copa se tiver

uma grande raiz. E esse é o motivo

e a razão por que nós temos o cante

a renovar-se, com cantadores mais

jovens a aparecerem.” Esta é a sua

principal preocupação, agora. “O

cante alentejano sempre esteve li-

gado à terra e a um passado muito

sofrido, e o povo tem esse orgulho,

essa forma de estar. Mas isso vai evo-

luindo. O cante que se faz hoje é ac-

tual, está vivo. Não são réplicas de

modas antigas. E o Alentejo sempre

soube cantar as coisas do seu quo-

tidiano. Por isso, as novas gerações

estão a vir para o cante e a dar-lhe a

sua própria interpretação.”

O canto ao despique que dá no-

me ao disco é um canto alentejano

ao desafi o. Pedro Mestre, que ao

longo de duas décadas tem traba-

lhado em discos de tradição e de

recolha etnográfi ca, quis com este

seu trabalho assinalar que a tradi-

ção se renova sem pôr em causa a

raiz original do cante:

“É um canto do povo, espontâ-

neo. Cada cantador que canta, in-

terpreta o cante à sua maneira. E ao

recriá-lo, está a criar.” Mas o enqua-

dramento social do cante tem-se

alterado com os anos. “Uma coisa

é cantar no trabalho do campo, em

Música Nuno Pacheco

Pedro Mestre apresenta no CCB, em Lisboa, as canções de Campaniça do Despique e a atmosfera do Alentejo e do seu cante. Hoje, às 21h

“O cante que se faz hoje é actual, está vivo. Não são réplicas de modas antigas. Por isso as novas gerações estão a vir para o cante e a dar-lhe a sua própria interpretação”

Page 30: Jornal Público de 22.09.2015

30 | CULTURA | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Foi uma grande noitepara A Guerra dos Tronos

VALERIE MACON/AFP

MARIO ANZUONI/REUTERSVALERIE MACON/AFP

Surpresa para a vitória d’A Guerra dos Tronos. Viola Davis e Jon Hamm conquistaram na representação

São recordes atrás de recordes para

a série que já é um fenómeno à es-

cala global. A caminhar para a sexta

temporada, A Guerra dos Tronos foi

fi nalmente a grande premiada na

noite dos Emmys, cuja cerimónia

aconteceu em Los Angeles no do-

mingo. E fi nalmente porque o dra-

ma adaptado dos livros de George

R.R. Martin soma nomeações todos

os anos, mas no fi nal são poucos

os prémios recebidos — até à noite

de domingo, em que A Guerra dos

Tronos venceu nada mais nada me-

nos do que 12 estatuetas, incluindo

Melhor Série Dramática, Melhor Re-

alização e Melhor Argumento. Des-

taque também para Viola Davis, que

se tornou na primeira afro-ameri-

cana a vencer o Emmy de Melhor

Actriz numa série dramática.

Nunca uma série havia conquis-

tado tantos prémios numa só gala

dos Emmys. Foram 12 em 24 nome-

ações. O anterior recorde pertencia

a Os Homens do Presidente, que em

2000 venceu nove estatuetas. Foi

uma surpresa e a confi rmação de

que A Guerra dos Tronos (a passar

em Portugal no SyFy e as primeiras

temporadas no TVSéries) não será

uma série para se esquecer. A me-

gaprodução de David Benioff e D.B.

Weiss contribuiu também para que

a HBO fi zesse história. No fi nal da

noite dos prémios mais importan-

tes da televisão norte-americana, a

produtora somou 43 prémios, mais

do que qualquer outra.

Na hora de subir ao palco e rece-

ber os prémios, David Benioff não

esqueceu o homem que está na ori-

gem de tudo: George R.R. Martin. A

série é uma adaptação da fantasia

histórica As Crónicas de Gelo e Fo-

go, agora mundialmente conhecida

como A Guerra dos Tronos. “George

Martin, parabéns, e obrigado por

nos ter convidado a todos para o seu

sonho”, reagiu o produtor.

Além dos Emmys para Melhor

Série Dramática, Melhor Realiza-

ção e Melhor Argumento (com o

episódio Misericórdia da Mãe), Pe-

ter Dinklage venceu o prémio de

Melhor Actor Secundário pelo seu

Tyrion Lannister, que é hoje uma

das personagens mais adoradas e

também um dos grandes motivos de

produtores da série, como Shonda

Rhimes, por “redefi nirem o que sig-

nifi ca ser bonita, ser sexy, ser uma

líder, ser negra”.

Uzo Aduba de Orange Is The New

Black (Netfl ix) foi distinguida na ca-

tegoria de Melhor Actriz Secundária

e Regina King venceu na categoria

de Melhor Actriz Secundária numa

mini-série ou telefi lme com Ameri-

can Crime, série que perdeu para

Olive Kitteridge nas restantes catego-

rias para que estava nomeada.

A seguir à Guerra dos Tronos, foi a

mini-série também da HBO baseada

no romance homónimo de Elizabe-

th Strout que conquistou mais esta-

tuetas. Olive Kitteridge venceu oito

Emmys (Melhor Mini-Série, Melhor

Actor e Actriz e Melhor Actor Se-

cundário, Realização e Argumento

e mais dois prémios técnicos).

Na Comédia, foi Veep (TVSéries),

outra produção da HBO, a série ven-

cedora, deixando para trás a habi-

tual premiada Uma Família Muito

Moderna. Julia-Louis Dreyfus, a pro-

tagonista, somou mais um Emmy

e recebeu a sua sexta estatueta de

Melhor Actriz, e Tony Hale recebeu

o Emmy de Melhor Actor Secundá-

rio. Além de Melhor Série de Co-

média, Veep foi premiada ainda na

categoria de Melhor Argumento.

Jeff rey Tambor, o pai transgénero

de Transparent, recebeu o Emmy

de Melhor Actor. A série da Amazon

foi ainda distinguida com o prémio

de realização. O Emmy de melhor

actriz secundária foi para Allison

Janney pelo seu papel em Mom,

onde representa uma alcoólica em

recuperação.

Jon Stewart despediu-se do Dai-

ly Show em Agosto, mas neste do-

mingo voltou para receber os três

prémios que o programa recebeu

(Melhor Programa de Variedades/

Talk-Show, Melhor Realização e

Argumento). “Estou fora da tele-

visão há seis, sete semanas, ou se-

ja lá quanto for. Este é o primeiro

aplauso que oiço”, começou por

dizer Stewart.

Pela primeira vez este ano, a orga-

nização dos Emmys decidiu dividir

os prémios na categoria de Progra-

mas de Variedades, fazendo a sepa-

ração entre talk-shows e sketch. Amy

Schumer, nome de destaque da co-

média norte-americana, acabou por

levar para casa o Emmy de melhor

série nesta nova categoria.

Ao fi m de seis anos, A Guerra dos Tronos fi nalmente conquistou os Emmys. E conquistar é mesmo a palavra. A série da HBO bateu o recorde e foi a que mais estatuetas arrecadou na história dos Emmys

TelevisãoCláudia Lima Carvalho

Nacional, House of Cards, Downton

Abbey, Orange Is the New Black e Bet-

ter Call Saul.

Na despedida da televisão, Mad

Men estava nomeado nas principais

categorias, mas acabou por conquis-

tar apenas um prémio. À sétima e

última temporada, Jon Hamm ven-

ceu fi nalmente o Emmy de Melhor

Actor numa série dramática pelo seu

Don Draper. Há oito anos que o ac-

tor norte-americano era nomeado

nesta categoria, mas nunca tinha si-

do o escolhido, o que lhe valeu uma

ovação da sala. “Claramente, houve

aqui um erro terrível”, brincou o ac-

tor ao receber o prémio.

Para Melhor Actriz foi Viola Da-

vis a escolhida, tornando-se na pri-

meira afro-americana a vencer um

Emmy na categoria principal de re-

presentação numa série dramática.

Ao receber a estatueta, a actriz de

Como Defender um Assassino (AXN)

citou Harriet Tubman, uma escrava

negra que se tornou uma das fi gu-

ras centrais do movimento aboli-

cionista norte-americano, para afi r-

mar que ainda existe desigualdade

em Hollywood. “A única coisa que

separa as mulheres de cor de qual-

quer outra pessoa é a oportunida-

de. Não se pode vencer um Emmy

por papéis que simplesmente não

existem”, disse Viola Davis, agra-

decendo aos argumentistas e aos

“Não se pode vencer um Emmy por papéis que simplesmente não existem”, disse Viola Davis

sucesso da série. Personagem que

já em 2011 lhe tinha dado o Emmy

na mesma categoria. As restantes

oito estatuetas foram conquistadas

nas categorias técnicas (som, efeitos

visuais, etc.).

A Guerra dos Tronos estava nome-

ada ao lado de Mad Men, Segurança

Page 31: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | CIÊNCIA | 31

Micro-cérebros artifi ciais serviram para testar substâncias neurotóxicas

FOTOS: MICHAEL SCHWARTZ/UNIVERSIDADE DO WISCONSIN

Organóide visto ao microscópio: neurónios a verde, células da glia a vermelho e núcleos celulares a azul

Imagem mostra a glia a vermelho e células endoteliais a verde

Medicamentos, aditivos alimentares,

poluentes, estamos rodeados por

substâncias artifi ciais que interagem

connosco. Algumas delas podem ter

efeitos negativos na saúde. Uma das

formas de se compreender esses efei-

tos é testá-las em células, em animais,

e fi nalmente em ensaios clínicos em

pessoas, no caso dos fármacos. Mas

muitas vezes esses processos são

custosos e têm limitações. Por isso,

uma equipa de investigadores, que

inclui um português, desenvolveu

organóides a partir de células esta-

minais humanas que imitam parte da

complexidade do cérebro humano.

Com essas estruturas, os cientistas

conseguiram identifi car quase sem-

pre a neurotoxicidade de várias subs-

tâncias, mostra um estudo publicado

ontem na revista Proceedings of the

National Academy of Sciences.

O artigo começa por explicar as li-

mitações actuais dos modelos usados

para testar os fármacos. “As taxas de

sucesso da aprovação de fármacos

estão a diminuir apesar de haver

mais investigação e se gastar mais

dinheiro no seu desenvolvimento, e

os ensaios clínicos em pessoas muitas

vezes falham devido à toxicidade que

não tinha sido identifi cada durante os

testes em animais”, explica o artigo.

“Somado a isso, a maioria dos quími-

cos produzidos na actividade comer-

cial ainda não foi avaliada rigorosa-

mente para testar se são seguros.”

Medicamentos, aditivos alimenta-

res, produtos cosméticos, pesticidas,

químicos produzidos pela indústria,

são algumas das substâncias que po-

dem ser perigosas para a saúde men-

tal. “O cérebro humano é particular-

mente sensível a agressões tóxicas

durante o desenvolvimento e no iní-

cio da infância, e há uma preocupa-

ção cada vez maior entre a ligação de

problemas de neurodesenvolvimento

e a exposição a químicos que existem

no ambiente”, diz o artigo.

Para contornar as limitações dos

actuais modelos usados para testar

a neurotoxicidade, a equipa de Mi-

chael Schwartz, da Universidade de

Wisconsin, em Madison (EUA), criou

organóides com diferentes tipos de

células humanas do cérebro.

“Estes modelos de tecidos neuro-

nais capturam uma complexidade

tecido que dá suporte aos neurónios.

Esta sequência imitou o que se pas-

sa durante o desenvolvimento, em

que os tecidos vão sendo construídos

passo a passo. Ao fi m de 21 dias, os

organóides tinham uma grossura de

50 micrómetros no centro e de 350

micrómetros na periferia (1000 mi-

crómetros é um milímetro).

Depois, começaram os testes. A

equipa aplicou 60 substâncias quí-

micas diferentes nos organóides, em

que uma parte delas era neurotóxica

e a outra parte não era. De seguida,

foi analisar as alterações na activi-

dade genética que surgiam nas célu-

las de cada organóide submetido a

uma dada substância. Os cientistas

desenvolveram assim um perfi l da

reacção dos organóides às substân-

cias tóxicas e inócuas.

Desta forma, a equipa — que inclui

Vítor Santos Costa, da Faculdade de

Ciências da Universidade do Porto,

que trabalha em programação e em

bioinformática — criou um programa

de computador que permite prever a

neurotoxicidade de uma substância.

Em teoria, este algoritmo, ao anali-

sar a actividade genética de um orga-

nóide após este ter sido submetido a

uma substância, deveria identifi car

se aquela substância era ou não neu-

rotóxica. Para testar este sistema, os

cientistas aplicaram nos organóides

dez substâncias em que cinco eram

neurotóxicas. Depois de o programa

ler os resultados da actividade gené-

tica dos organóides, classifi cou cor-

rectamente nove das dez substâncias

quanto ao seu efeito neurotóxico.

Este modelo ainda é experimental,

e a própria equipa defende que é pre-

ciso aperfeiçoá-lo para ter em conta

mais características do cérebro, co-

mo a barreira hematoencefálica que

impede muitas substâncias de passar

do sangue para o tecido nervoso.

Mas Michael Schwartz está feliz

com o resultado. “Podermos aplicar

um algoritmo que consegue apren-

der e alcançar uma precisão de 90%

numa fase tão inicial é fantástico”,

diz. “Os testes actuais de toxicida-

de usam estudos multigeracionais

com ratos que custam cerca de um

milhão de dólares por cada substân-

cia química. Por isso, precisamos de

uma técnica de alto rendimento pa-

ra testar estes compostos, perceber

quais são os maus da fi ta, e a seguir

concentrar-nos nos bons usando mé-

todos mais tradicionais.”

Cientistas desenvolveram estruturas com neurónios, células de vasos sanguíneos e outras células, que se organizaram imitando um micro-cérebro humano. Organóides poderão testar a toxicidade de substâncias

SaúdeNicolau Ferreira

muito maior do que aquela que se

encontraria numa única camada de

células [neuronais]”, explica Michael

Schwartz, citado num comunicado

do Instituto de Investigação Morgrid-

ge, em Madison, onde também traba-

lha. “Além disso, eles também imitam

a fi siologia humana, e deverão ser

mais relevantes para prever a toxi-

cidade do que os modelos animais.”

Estes organóides foram criados de

uma forma engenhosa. Os cientistas

usaram uma matriz de gel onde co-

locavam as células, todas elas produ-

zidas a partir de células estaminais

humanas, que no desenvolvimento

do embrião podem diferenciar-se

em diferentes tipos de células.

Primeiro, os investigadores co-

locaram células progenitoras de

células nervosas, depois de células

vasculares — que formam os vasos

sanguíneos —, e fi nalmente coloca-

ram células progenitoras da glia, um

Page 32: Jornal Público de 22.09.2015

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Page 33: Jornal Público de 22.09.2015

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COMARCA DE LISBOA NORTE

Loures - Inst. Local- Secção Criminal - J3

Processo: 1827/11.3TALRS

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mma. Juiz de Direito Dra. Orlanda Marques, do Loures - Inst. Local - Secção Criminal - J3 - Comarca de Lisboa Norte:Faz saber que no Processo Comum (Tri-bunal Singular), n.º 1827/11.3TALRS, pendente neste Tribunal contra o(a) arguido(a) Diogo Daniel Simão António fi lho(a) de Daniel António e de Brabca Simão António natural de: Angola; nacional de Angola nascido em 05-07-1974 estado civil: Solteiro, profi ssão: Electricista, Passaporte - N0158529 do-micílio: Urbanizarão Quinta do Mocho, 71, 2.º Dt.º, 2685-000 Sacavém, por se encontrar acusado da prática do crime: de Furto simples, p.p. pelo art.º 203.º do C. Penal, praticado em 26-11-2010; foi o mesmo declarado contumaz, em 11-09-2015, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que caducará com a apresentação do(a) arguido(a) em juízo ou com a sua de-tenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou deten-ção do(a) arguido(a), sem prejuízo da realização de actos urgentes nos ter-mos do art.º 320.º do C. P. Penal;b) Anulabilidade dos negócios jurí-dicos de natureza patrimonial cele-brados pelo(a) arguido(a), após esta declaração;c) Proibição de obter quaisquer docu-mentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas.N/ Referência: 125206412Loures, 15-09-2015

A Juíza de DireitoDr.ª Orlanda MarquesO Escrivão-Adjunto

Luís BentoPúblico, 22/09/2015 - 2.ª Pub.

CÂMARA MUNICIPAL DE LOULÉ

AVISOPara os devidos efeitos se torna público que se encontra aberto, na Câmara Municipal de Loulé, o seguinte procedi-mento concursal:

Aviso n.º 10567/2015 - Procedimento concursal de seleção para provimento do cargo de direção intermédia de 3.º grau - Chefe de Unidade Operacional de Gestão da Habi-tação Social

O prazo de candidatura é de dez dias úteis, devendo os in-teressados consultar o aviso de abertura do procedimento concursal publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 181, de 16 de setembro de 2015, na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) e na página eletrónica da CML (www.cm-loule.pt).

Paços do Município de Loulé, 16 de setembro de 2015

A Vereadora,(com competências delegadas em 21/10/2013)Ana Isabel da Encarnação Carvalho Machado

ANNE THERAPY -Consultório de massa-gens terapêuticas derelaxamento. "Agora em novo espaço".Tel.: 918 047 456

AREEIRO - Meninaexótica, 27A, meiga, mtobonita. Recebe-o c/ mta.discrição. Acessór.Telm.: 962 623 185

AREEIRO - Sra. 49A.C/ nível, elegante.Atende 11 às 19. C/ mtadiscrição. Acessór.Telm.: 964 256 319

CENTRO10 MASSAGISTAS -Prof. e sensuais.Av. Berna, C. Peq.www.relax-corpo.comTelm.: 960 347 948

SALDANHA TERA-PEUTA DIPLOMADA -Massagem Terapeutica,Relaxamento,Corpo&Mente.Telm.: 920 408 316

Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa, Penafi el

Publicitação de Oferta de TrabalhoEncontra-se aberto, por Despacho de 3 de agosto de 2015, do Senhor Diretor-Geral dos Estabelecimentos Escolares, pelo prazo de 10 dias a contar da data da publicação do aviso no Diário da República, 2.ª Série - N.º 182, de 17 de setembro de 2015 (Aviso nº 10577/2015), o procedimento concursal comum de recrutamento para a ocupação de 2 postos de tra-balho para assistente operacional, de grau 1, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo a tempo parcial, com termo em 09 de junho de 2016.Local de trabalho: Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa.Horário: 4 horas/dia.Remuneração: Proporcional às horas diárias desempenha-das, sendo o valor da remuneração-base, para 40 horas semanais, de 505,00€, correspondente ao ordenado mínimo nacional.Requisitos Habilitacionais: Escolaridade obrigatória de acordo com a idade, que pode ser substituída por experiên-cia profi ssional comprovada.Método de seleção: Avaliação curricular.As condições de admissão a concurso e a formalização da candidatura devem ser consultadas na EB 2/3 de Paço de Sousa ou em www.agpsousa.pt.Nota: Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar 2015/2016.Agrupamento de Escolas de Paço de Sousa, 21 de Setembro de 2015

A Diretora, Irene Ramos Rocha

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIADireção-Geral dos Estabelecimentos Escolares

AGRUPAMENTO ESCOLAS COIMBRA SUL - 161251Procedimento Concursal:

Coimbra, 18 de setembro de 2015A Diretora - Margarida Girão

Tipo de oferta 4 contratos de trabalho em funções públicas a termo resolutivo certo, a tempo parcial. Serviço Escolas do Agrupamento Escolas Coimbra SulFunção Serviço de limpezaMétodos de Selecção Avaliação Curricular e EntrevistaRemuneração-base prevista De acordo com a legislação em vigor

Duração do Contrato Até 09 de junho de 2016Prazo de apresenta-ção da candidatura 10 dias úteis a contar da data de publicação do Aviso no Diário da República

Contactos Serviços de Administração Escolar do Agrupamento Telefone 239792770 Fax 239792779NOTA IMPORTANTE:Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar 2015/2016

COMARCA DE LISBOA NORTE

Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 9378/15.0T8LRS

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: António Raminhos Aleixo GodinhoFaz-se saber que foi distribuí-da nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido António Ra-minhos Aleixo Godinho, com domicílio na Praceta Filinto Elísio, 2, 3.º Esq.º, Odivelas, 2675-354 Odivelas, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 125075296

Loures, 03-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho

A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus

Pécurto Bilro

Público, 22/09/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J24

Processo: 24498/15.3T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Armando José Es-tevam Aires da CostaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Armando José Estevam Aires da Costa, residente na Casa de Repouso do Aeroporto, sita na Av. Almirante Gago Couti-nho, 140, 1700-033 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 338994079

Lisboa, 15-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Raquel Alves

O Ofi cial de JustiçaJoão Caleira

Público, 22/09/2015

COMARCA DE LISBOA NORTE

Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 9376/15.4T8LRS

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Cândida Custódio de BarrosFaz-se saber que foi distribuí-da nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Cândi-da Custódio de Barros, com residência na Rua Casais de Monte Gordo, n.º 23, 2670-745 Lousa, Loures, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 125088169

Loures, 04-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho

A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus

Pécurto Bilro

Público, 22/09/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J21

Processo: 19773/15.0T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Vitalina dos Reis Quitério do NascimentoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Vitalina dos Reis Quitério do Nasci-mento, com residência em Casa de Repouso, Av. Duque D’Ávila, n.º 41 - 1.º andar, 1050-083 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua inter-dição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 338656969

Lisboa, 04-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Sandra CarvalhoO Ofi cial de Justiça

José Carlos Paiva A. Álvaro

Público, 22/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Cascais - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 2667/15.6T8CSC

ANÚNCIOInterdição/InabilitaçãoRequerente: Comarca de Lisboa Oes-te - Ministério Público de CascaisRequerido: António Costa Gomes CarameloFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido António Costa Gomes Caramelo, fi lho de José Manuel Aze-vedo Caramelo e de Helena Maria Butle da Costa Gomes Caramelo, estado civil: solteiro, nascido em 23-03-1997, freguesia de Carcavelos (Cascais), BI - 15971794, domicílio: Rua Infante D. Henrique, n.º 94, Apar-tamento 411, 2775-584 Carcavelos, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 92528674

Cascais, 15-09-2015

A Juíza de DireitoDr.ª Sandra Raio Santos

A Ofi cial de JustiçaClara Martins

Público, 22/09/2015

Agrupamento de Escolas António Correia de OliveiraTorna-se público que, através do Aviso n.º 10610/2015, publica-do no Diário da República (2.ª Série), n.º 183, de 18 de setembro de 2015, se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis a contar da publicação no Diário da República, o procedimento concursal comum para preenchimento de 4 (quatro) postos de trabalho em regime de contrato a termo resolutivo certo, na modalidade de 40 horas semanais, para a carreira de assistente operacional, até 31 de agosto de 2016. Este concurso é válido para eventuais contrata-ções que ocorram durante o ano escolar de 2015/2016.

Esposende, 21 de setembro de 2015

O DiretorAlbino Casado Neiva

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 1556/15.9T8CSC

ANÚNCIOInterdiçãoRequerente: Comarca de Lisboa Oeste - Ministério Público de CascaisRequerida: Beatriz da Silva Mar-quesFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdi-ção em que é requerida Beatriz da Silva Marques, nascida em 10/04/1925, natural de Colares, Sintra, fi lha de Artur dos Santos Marques e de Idalina Nunes da Silva, com domicílio na Rua 25 de Abril, n.º 12, 2710 Linhó, para efeito de ser decretada a sua in-terdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 92552544

Sintra, 16-09-2015

A Juíza de DireitoDr.ª Susana Achemann

A Ofi cial de JustiçaDulce Sabino

Público, 22/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J4

Processo: 20113/15.3T8SNT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Noémia da Purifi ca-ção Inácio TrutaFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Noémia da Purifi ca-ção Inácio Truta, nascida a 2 de Junho de 1978, fi lha de Jacinto de Almeida Truta e de Inês da Purifi cação Inácio Truta, com residência em Instituto das Irmãs Hospitaleiras, Casa de Saúde da Idanha, Rua 25 de Abril, Belas, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.

N/ Referência: 92528407

Sintra, 15-09-2015

O Juiz de DireitoDr. Nuno Tomás Cardoso

O Ofi cial de JustiçaFernando Lopes

Público, 22/09/2015

MARIA MATILDE DE MENDONÇA

LINO NETTOSAMPAIO MAIA

FALECEUOs Sobrinhos e restante famí-lia cumprem o doloroso dever de participar o seu falecimen-to, e que o funeral se realiza hoje dia 22 às 15.00 horas, an-tecedido de Missa de Corpo Presente, da Igreja de Campo Grande, para o Cemitério de Olivais - Lisboa.

Agência AURINDO & GOUVEIA, Lda.Telefs. 217 163 599 / 217 160 889

Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profi ssional em Rua D. Sancho I, n.º 17 A/B, 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado:Bem em VendaTIPO DE BEM: ImóvelARTIGO MATRICIAL: 11685 - Urbano – Serviço de Finanças: 0728 – Coimbra 1 DESCRIÇÃO VERBA: Fração autónoma desig-nada pela letra D, correspondente ao 2.º andar A, destinada a habitação, do prédio em regime de propriedade horizontal, sito na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10 (atual n.º 309), Vale das Flores, Coimbra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o n.º 773, da freguesia de Santo António dos Olivais, inscrito na matriz sob o artigo n.º 11685, da mesma freguesia, concelho e distrito de Coimbra.PENHORADO EM: 2015/01/27INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: Jorge Manuel de Oliveira Lopes da Rosa e Flávia Silva Fernandes Lopes da Rosa, casados entre si no regime de comunhão de adquiridos, respetivamente com os con-tribuintes fi scais n.ºs 138172579 e 108236447, residentes na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10, 2.º – A, Vale das Flores, Coimbra.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entregues na Comarca de Coimbra – Coimbra – Inst.

Central – Secção de Execução - J1, sito no Palácio da Justiça – Rua São João de Deus, 3130-250 Soure, pelos interessados na compra, encontrando-se designada como data para abertura das propostas o dia 7 de Outubro de 2015, pelas 14:00 horas.VALOR-BASE DA VENDA: 190.000,00 euros Serão aceites propostas iguais ou superiores a 161.500,00 euros (valor que corresponde a 85% do valor-base). Devem os proponentes indicar o seu nome completo, estado civil e nome do cônjuge (se o houver), morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, devendo também juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do agente de execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente sentença de graduação de créditos: Não

A Agente de ExecuçãoAlexandra Gomes

Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 AlmadaE-mail: [email protected]

Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259

Público, 22/09/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE COIMBRACoimbra - Inst. Central - Secção de Execução - J1

ANÚNCIO DE VENDA

Processo 6223/14.8T8CBR - Execução ComumRef. Interna: PE/324/2014

Exequente: Caixa Económica Montepio GeralExecutados: Jorge Manuel de Oliveira Lopes Rosa e outra

ALEXANDRA GOMESAgente de Execução

CPN 4009

COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen. - J1

Processo: 259/15.9T8FTR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Açucena Paula Ra-miro MonteiroFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Açucena Paula Ra-miro Monteiro, com residência no Centro de Recuperação de Menores, Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Co-ração de Jesus, Rua Francis-co Velez do Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.N/ Referência: 26418830Fronteira, 21-09-2015.

A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa Gomes

O Ofi cial de JustiçaLuís Oliveira

Público, 22/09/2015

T. 210 111 010

CONCESSÃO COSTA DE PRATACondicionamentos de Tráfego | A17

A Ria Blades S.A. irá efetuar um transporte especial de grandes dimensões, sendo necessário efetuar alguns condicionamentos à circulação da autoestrada A17, nomeadamente o seu atravessamento que envolve a interrupção total do tráfego na autoestrada.

Assim, no dia 24/09 entre as 03.00H e as 04.00H, será realizado o corte total da autoestrada, ao quilómetro 107. Este corte estará devidamente sinalizado pela GNR e também através das carrinhas de assistência da Ascendi.

Pedimos a sua compreensão. www.riablades.pt

Page 34: Jornal Público de 22.09.2015

34 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

SAIR

CINEMALisboa @Cinema2Av. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Sem Saída 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Jackie e Ryan M12. 13h35; Ricki e os Flash M12. 15h25, 17h35, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 15h20, 17h30, 19h40; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 19h15, 21h50; O Presidente 19h35; Dior e Eu M12. 13h30, 17h25; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h35, 15h30 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h40, 15h35, 17h40, 19h45, 21h45, Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 14h, 18h; Homem Irracional M12. 16h15, 20h15, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mínimos M6. 17h45 (V.P.); A Ovelha Choné- O Filme M6. 13h25, 15h30, 17h25, 19h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h20, 17h35, 21h45, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 13h25, 19h50, 00h25; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h 18h45, 17h20, 19h20, 21h30, 21h50, 00h10, 00h30; Divertida-mente 15h35 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 17h45, 21h55; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30 (V.Port.); Ricki e os Flash M12. 13h35, 19h55, 00h15; Homem Irracional M12. 13h45, 15h40, 17h45, 19h40, 22h, 00h05; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 00h20; Hitman: Agente 47 13h40, 00h20; A Visita M16. 13h30, 15h25, 20h, 21h55, 24h; A Família Bélier M12. 15h25, 17h30, 21h50; Outro/Eu M12. 19h35 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Transporter: Potência Máxima M12. 16h, 18h20, 20h45; Homem Irracional M12. 16h40, 19h, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h40, 21h30; Sem Saída 16h20, 18h50, 21h20; A Família Bélier M12. 17h, 19h25, 21h55; Mínimos M6. 15h40, 18h (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h30, 17h40; A Visita M16. 16h50, 19h10, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h20 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h20, 21h30; Hitman: Agente 47 16h30, 21h45; Ricki e os Flash M12. 18h55; O Pátio das Cantigas M12. 16h10, 21h; Férias M12. 18h45; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 16h05 (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 18h10, 21h25 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Homem Irracional M12. 13h, 15h30, 18h, 21h20, 23h40; A Visita M16. 13h20, 15h50, 18h20, 23h55; Ricki e os Flash M12. 13h40, 16h10, 18h40, 21h, 23h20; A Família Bélier M12. 20h50, 23h35; Sexo, Amor e Terapia M12. 13h10, 15h20, 17h30; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h, 18h10 (V.P.); Dior e Eu M12. 18h50; Masaan M12. 12h50, 15h40, 21h30, 24h; O Rosto da Inocência M16. 13h30, 16h20, 21h50, 00h10; Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Hitman: Agente 47 21h50, 00h15 ; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h20, 17h25, 19h40 (V.P.); O Outro Lado do Sexo 13h25,

15h50, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 18h10; Homem Irracional M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45, 00h10; Sem Saída 12h55, 15h30, 18h, 21h20, 23h55; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h40, 18h35, 21h30, 00h30; A Visita M16. 15h15, 15h55, 18h20, 21h, 23h40; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h05, 15h45, 21h05, 00h20; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h30; Transporter: Potência Máxima M12. 13h, 15h35, 18h15, 21h10, 24h; Sala Imax: 13h30, 16h05, 18h45, 21h40, 00h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 19h50 ; Sem Saída 12h50, 15h20, 17h30, 22h, 00h30; Mínimos M6. 13h30 (V.P.); A Visita M16. 15h40, 18h20, 21h20, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 16h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h30, 17h40, 20h, 22h10, 00h40; Homem Irracional M12. 13h40, 16h10, 18h30, 21h, 23h40 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Terra Amarela 22h; O Rei dos Macacos e o Palácio Celeste 15h30; A Lenda da Montanha Tyanyun 21h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Homem Irracional M12. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Sonata de Outono M12. 13h; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 15h05, 17h20, 19h40, 22h; Dior e Eu M12. 19h45; O Rosto da Inocência M16. 11h40, 13h40, 15h40, 17h40, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h50; A Visita M16. 11h50, 13h50, 15h50, 17h50, 21h50 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Há Festa na Aldeia M6. 14h, 16h30, 19h, 21h30São JorgeAv. da Liberdade, 175. T. 213103402Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Jackie e Ryan M12. 19h25, 00h20; O Pátio das Cantigas M12. 14h15, 16h40, 21h50; Mínimos M6. 13h50 (V.P.); A Visita M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h25, 23h50; Transporter: Potência Máxima M12. 16h05, 19h20, 22h, 00h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h10, 16h25 (V.P.); Sexo, Amor e Terapia M12. 18h45,21h35, 23h45; A Família Bélier M12. 14h, 16h45, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h45, 00h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h55, 19h10, 21h45; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h45, 16h35, 21h40, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 16h50, 00h25; O Jovem Prodígio T.S. Spivet M12. 19h15; Rio Perdido M12. 14h25, 16h35, 19h20, 21h55, 00h05; O Rosto da Inocência M16. 14h05, 16h25, 18h50, 21h25, 23h45; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h35, 24h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h40, 16h20, 19h05, 21h50, 00h30; Sem Saída 13h50, 16h10, 18h55, 21h30, 23h50; Ricki e os Flash M12. 14h10, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996A Visita M16. 13h10, 15h35, 18h30, 21h40, 24h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h30, 23h50; Sem Saída 13h, 16h, 18h50, 21h50, 00h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h25, 18h20,

Homem IrracionalDe Woody Allen. Com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey. EUA. 2015. 95m. Drama, Thriller. M12. O professor de Filosofi a Abe

Lucas está numa fase difícil. Ao

mudar-se para uma nova cidade,

onde vai integrar o Departamento

de Filosofi a da Universidade

de Braylin, acaba por se ver

emocionalmente envolvido com

duas mulheres muito diferentes:

uma professora que apenas

deseja libertar-se da infelicidade

do casamento; e uma aluna

inteligente que se sente atraída

pela sua aura de sabedoria e

desespero algo existencialista. Mas

a vida de Abe muda quando ouve

a conversa de uma desconhecida...

MasaanDe Neeraj Ghaywan. Com Richa Chadda, Sanjay Mishra, Vicky Kaushal. FRA/Índia. 2015. 109m. Drama. M12. Personagens de diferentes castas

cruzam-se em Varanasi (Índia),

a cidade sagrada dos hindus.

Piyush e Devi estão num encontro

fortuito num quarto de hotel.

Deepak é um jovem que trabalha

na cremação de cadáveres

e que se sente inferiorizado

devido à condição social. Estas

duas histórias decorrem em

simultâneo com a de Jhonta, um

pequeno órfão que apenas deseja

encontrar uma família a que

possa chamar sua.

Maze Runner: Provas de FogoDe Wes Ball. Com Dylan O’Brien, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster. EUA. 2015. 131m. Thriller, Ficção Científica. Depois de conseguirem escapar

do labirinto onde se encontraram

presos sem explicação, Thomas

e os seus companheiros de

cativeiro têm de encarar uma

realidade diferente, mas nem por

isso menos assustadora...

O Outro Lado do SexoDe Josh Lawson. Com Bojana Novakovic, Damon Herriman, Josh Lawson. Austrália. 2014. 96m. Comédia. Cinco casais lutam por manter

acesa a chama da sua vida íntima:

Paul é um fetichista que descobre

que a mulher tem a fantasia de

ser violada por um estranho; Evie

e Dan tentam salvar o casamento

com jogos sexuais; Phil evita

qualquer tipo de aproximação

com a sua companheira de anos;

Rowena não consegue encontrar

prazer na sua relação com

Richard até ao dia em que o vê

chorar; e Sam é um artista surdo

que usa um serviço de tradução

de língua gestual para interpretar

uma chamada erótica...

O Rosto da InocênciaDe Michael Winterbottom. Com Cara Delevingne, Kate Beckinsale, Daniel Brühl. ITA/GB/ESP. 2014. 101m. Drama. M16. O cineasta Thomas Lang é

contratado para adaptar a obra da

jornalista Simone Ford que relata

o julgamento de Jessica Fuller pelo

homicídio de Elizabeth Pryce,

violada e esfaqueada numa casa

que partilhavam em Itália. Para que

ele se “situe“ no caso e na polémica

que gerou no mundo inteiro,

Simone leva-o ao lugar onde tudo

aconteceu. Mas, durante a visita,

Thomas começa a pôr em causa

não apenas as motivações de todos

os que o rodeiam, mas também as

suas próprias.

Rio PerdidoDe Ryan Gosling. Com Christina Hendricks, Iain De Caestecker, Matt Smith. EUA. 2015. 95m. Drama. M12. Numa cidade devastada, Billy

esforça-se por sobreviver com

os dois fi lhos. Para conseguir

dinheiro para manter a casa

de família, vê-se obrigada a

trabalhar numa discoteca

decadente, onde tem de dar vida

às fantasias mais grotescas dos

seus clientes. Revoltado, o fi lho

mais velho decide aventurar-se

na descoberta de uma mítica

cidade submersa...

Sem SaídaDe John Erick Dowdle. Com Pierce Brosnan, Owen Wilson. EUA. 2015. 103m. Thriller. Quando Jack é convidado para

um cargo numa empresa no

Sudeste da Ásia, encontra aí a

oportunidade por que ansiava

para iniciar uma nova vida com

a sua mulher e fi lhas. Porém,

pouco depois de se instalarem,

dão-se conta de que algo está para

acontecer. Quando, na manhã

seguinte, Jack vai à rua, vê-se

subitamente envolvido numa

insurreição chefi ada por rebeldes

armados que não se coíbem de

executar todos os estrangeiros...

Em [email protected]@publico.pt

21h15, 00h10; Férias M12. 20h50, 23h20; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h30, 16h10, 18h40; O Outro Lado do Sexo 12h50, 15h20, 17h45, 21h, 23h30; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; Ricki e os Flash M12. 12h50, 15h25, 17h55, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 12h40, 15h15, 18h, 20h50, 23h30; Homem Irracional M12. 13h05, 16h05, 18h45, 21h05, 23h55; A Família Bélier M12. 17h20, 20h45, 23h20; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h10, 15h15 (V.P.); Jackie e Ryan M12. 18h55; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h50, 21h25, 00h05; Mínimos M6. 13h20, 15h55, 18h20 (V.Port.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 20h45, 23h15; Hitman: Agente 47 12h55, 15h45,18h15, 21h10, 24h

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Quarteto Fantástico M12. 13h15; O Pátio das Cantigas M12. 15h15, 17h25, 19h35, 21h45, 00h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h30, 21h55, 00h20; Ricki e os Flash M12. 13h30, 17h45, 19h55, 21h55; Homem Irracional M12. 13h50, 15h50, 17h55, 19h55, 22h00, 00h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h20, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h30, 21h40; Hitman: Agente 47 15h35; A Visita M16. 20h, 22h10, 00h15; Transporter: Potência Máxima M12. 13h40, 17h35, 19h45, 21h50, 23h55; Férias M12. 00h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35, 15h30, 17h20 (V.P.); Mínimos M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.P.); Hitman: Agente 47 13h25, 00h05; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h25 (V.P.); Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 17h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 15h55, 17h50 (V.P.); Sem Saída 13h35, 15h40, 19h35, 21h35, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Transporter: Potência Máxima M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h45; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h35, 16h15, 21h45; Hitman: Agente 47 19h10; Sem Saída 14h15, 16h35, 19h15, 21h40; Rio Perdido M12. 13h45, 16h05, 18h50, 21h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h35, 15h50 (V.P.); Vontade de Vencer M12. 18h45; O Pátio das Cantigas M12. 19h05, 21h40; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h05, 16h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h30; A Visita M16. 14h10, 16h40, 19h15, 21h55; Mínimos M6. 13h40, 16h, 18h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h35; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 16h10, 18h45 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 21h25, 23h50; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h15; A Visita M16. 13h30, 16h, 21h40, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 20h50, 23h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h30, 17h40; Sem Saída 12h40, 15h10, 17h50, 21h10, 23h50; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h40, 18h, 21h, 23h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Mínimos M6. 13h20; Transporter: Potência Máxima M12. 23h40; Homem Irracional M12. 12h50, 15h05, 17h30, 21h30, 00h10

O Outro Lado do SexoO Outro Lado do Sexo

Page 35: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 35

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Bando de Raparigas mmmmm mmmmm mmmmm

Dior e Eu mmmmm – mmmmm

Homem Irracional mmmmm mmmmm –Dior e Eu mmmmm – mmmmm

Jackie & Ryan – mmmmm –As Mil e uma Noites: O Inquieto mmmmm mmmmm mmmmm

O Presidente mmmmm mmmmm mmmmm

O Rio Perdido mmmmm – –O Rosto da Inocência – mmmmm –A Visita mmmmm mmmmm –

Sintra

Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20, 17h15(V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 17h30, 16h, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50; A Família Bélier M12. 17h30, 19h35, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h35, 17h20 (V.P.); Homem Irracional M12. 15h30, 17h35, 19h30, 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05, 21h45; Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 20h10; Ricki e os Flash M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h55; Mínimos M6. 15h30 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50; Transporter: Potência Máxima M12. 15h55, 20h, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Homem Irracional M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h50; O Outro Lado do Sexo 15h20, 17h20, 21h45; Mínimos M6. 15h (V.P.); Hitman: Agente 47 21h10; A Ovelha Choné- O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h30, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 18h20, 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h15; Vontade de Vencer M12. 17h, 19h

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Transporter: Potência Máxima M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h, 16h50(V.P.); A Visita M16. 18h40, 21h; Mínimos M6. 14h30, 16h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 18h30; Ricki e os Flash M12. 21h10; Homem Irracional M12. 15h30, 17h40, 19h50, 22h; Sem Saída 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 16h10, 18h50, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 14h20, 19h, 21h20; Hitman: Agente 47 16h40

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h40, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h30, 18h10, 21h15; Mínimos M6. 14h, 16h20 (V.P.); Sem Saída 16h, 18h30, 21h; Transporter: Potência Máxima M12. 16h15, 18h50, 21h40

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Homem Irracional M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Missão Impossível: Nação Secreta M12. 17h20, 21h45, 00h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30, 15h25 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h30, 15h30, 17h35, 19h35, 21h40, 23h45; Hitman: Agente 47 13h45, 15h20, 19h50; Mínimos M6. 13h20, 17h20 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50, 19h40, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h40, 15h30 (V.P.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 19h55, 21h55; Vontade de Vencer M12. 13h35,23h55; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h15, 18h45, 19h20, 21h30, 00h10; Sem Saída 13h25, 15h25, 17h35, 19h35,

21h35, 23h50; Insidious: Capítulo 3 M16. 00h05; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 22h, 00h30; A Visita M16. 15h45, 20h, 21h55, 00h05; Transporter: Potência Máxima M12. 15h40, 17h45, 21h50, 24h

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Homem Irracional M12. 13h20, 15h50, 18h10, 21h30, 23h45; A Visita M16. 13h30, 16h, 18h30, 21h40, 23h50; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 23h55; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h40, 18h, 21h05, 23h35; Maze Runner: Provas de Fogo 12h40, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05, 15h50

TEATROLisboaEspaço KarnartAvenida da Índia, 168 (Belém). T. 213466411 Hermaphrodita De Eugénio de Castro (a partir). Comp.: Karnat. Com Catarina Côdea, Marcos Marques, Pedro Mendes. De 7/9 a 30/9. 2ª a 6ª às 16h. Sáb e Dom às 16h e 19h.

ÉvoraLargo do Chão das CovasLargo do Chão das Covas. Uma Menina Bem Guardada De Eugène Labiche. Comp.: Baal17. Enc. Rui Ramos. Com Anabela Mira, Filipe Seixas, Hugo Fernandes, Susana Gonçalves, Telma Saião. Dia 22/9 às 22h.

EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Inland View/ Vista para o Interior De Sérgio Carronha. De 12/9 a 11/10. Todos os dias 24h. Escultura, Instalação. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara - Negativo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. (Ante) Câmara -

Processo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Documental. Barbado GalleryRua Ferreira Borges, 109A. T. 910717676 A Place In The Sun - Martin Parr’’s Beach Photos 1985-2015 De 12/9 a 11/11. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 20h. Fotografia. Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho. Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Os Testamentos de Orpheu De Pedro Proença. De 26/3 a 26/9. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Pintura. Estação Roma-AreeiroAvenida Frey Miguel Contreiras. T. 0 A Ponte Que nos Liga De 4/9 a 30/9. 2ª a 6ª das 05h às 01h30. Sáb, Dom e feriados das 05h30 às 00h50. Fotografia. Galeria Torreão Nascente da Cordoaria NacionalAvenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 A ONU em Imagens - 70 Anos de História De 4/9 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fotografia. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Lisboa Story CentreTerreiro Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - Centro Cultural de Belém. T. 213612878 O Olhar do Coleccionador De vários autores. De 20/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Pintura, Escultura, Fotografia. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24

e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Exposição Interactiva. Museu de Lisboa – Santo AntónioLgo Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Namban De Luís Cohen Fusé. De 3/7 a 27/9. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Objectos, Outros. Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império - Edifício dos Jerónimos. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Quem nos Escreve Desde a Serra De 30/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Documental. Tesouros da Arqueologia Portuguesa A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro 2014). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes. T. 213912800 Aqua. Faianças da Colecção do MNAA De 18/6 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Cerâmica, Desenho. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. Escola Politécnica, 58/60. T. 213921800 Draperies De João Castro Silva. De 3/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Tempos de Dança. Evocação do Estúdio-Escola de Dança Clássica de Anna Mascolo De 29/4 a 30/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Fotografia. Museu Nacional dos CochesPraça Afonso de Albuquerque. T. 213610850 Exposição Permanente de Coches Reais A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Objectos, Documental. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Núcleo Museológico do Castelo de São JorgeCastelo de São Jorge. T. 218800620 Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge A partir de 18/12. Todos os dias das 09h às 18h (Horário de Inverno; última admissão às 17h30), das 09h às 21h (Horário de Verão; última admissão às 20h30). Arqueologia. Exposição Permanente. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. De 22/4 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h Horário de Verão. Última entrada às 19h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. A partir

de 22/4. Todos os dias das 10h às 19h Horário de Inverno. Última entrada às 18h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. Instalação, Ciência. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Ricordo di Venezia. Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa De vários autores. De 21/7 a 29/11. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Pavilhão de PortugalAlameda dos Oceanos - Parque das Nações. T. 218919898 A Cidade Imaginada De 28/5 a 30/9. Todos os dias das 10h às 18h. Documental, Arquitectura. Pavilhão do Conhecimento - Ciência VivaAlameda dos Oceanos, Lote 2.10.01 - Parque das Nações . T. 218917100 A Casa Inacabada De Cité des Sciences et de l Industrie de Paris. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Explora De Exploratorium de São Francisco. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Loucamente: uma exposição sobre o bem-estar da mente De 30/10 a 30/9. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Documental, Crianças, Objectos. Mulheres na Ciência De Luísa Ferreira. De 8/3 a 8/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Fotografia. Pordata Viva - o Poder dos Dados De 23/4 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Crianças, Documental. Vê, Faz, Aprende! De Techniquest e Heureka. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Perve Galeria de AlfamaR. Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 7+5=1 De vários autores. De 1/9 a 3/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura, Escultura. Antologia de Martins Correia De 17/9 a 24/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Escultura. Praça do Comércio (Terreiro do Paço) T. 0 A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. artEUSEBIOheart De Eugénio Silva. De 7/8 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h No Torreão Poente. Desenho, Ilustração. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos.

AlcanenaCentro Ciência Viva do Alviela - CarsoscópioPraia Fluvial dos Olhos d’Água do Alviela - Quinta do Alviela. T. 249881805 Exposição Interactiva A partir de 15/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 16h30; encerra 1/1, Dom de Páscoa, 24/12, 25/12 e 31/12). Ciência, Outros.

AlcocheteMuseu Municipal de Alcochete - Núcleo de Arte SacraIgreja da Misericórdia. T. 212348654

Dvorák, Ligeti e Piazzolla são os compositores escolhidos para a abertura – hoje, às 19h, no Goethe--Institut – do Festival Cantabile, que leva a vários locais de Lisboa vozes e instrumentos que têm um ponto em comum: a música de câmara. A sexta edição conta com o violinista Barnabás Kelemen, o clarinetista Sebastian Manz, o pianista Balász Szokolay, o

violoncelista Lászlo Fenyö e a violista Diemut Poppen (na foto), que também é directora artística do festival. É ela a responsável por um programa vasto, pautado por obras que vão do clássico ao contemporâneo, com destaque para o romantismo alemão do século XIX. O festival prolonga-se até dia 27, com entrada livre (mediante levantamento prévio do bilhete).

A arte da música de câmara em LisboaCLAUDIA BÖCHELMANN

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36 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Pedro Mestre leva ao CCB Campaniça do Despique, álbum que evoca o som do instrumento tradicional alentejano

MIGUEL MADEIRA

SAIRTrajes Quinhentistas De 21/3 a 27/9. 4ª, 5ª e 6ª das 10h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. 3ª das 14h às 17h30. Sáb das 14h30 às 18h30. Dom das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h30. Objectos. Museu Municipal de Alcochete - Núcleo SedeRua Dr. Ciprião de Figueiredo. T. 212348653 O Foral Manuelino de Alcochete De 31/7 a 31/1. 4ª, 5ª e 6ª das 10h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. 3ª das 14h às 17h30. Sáb das 14h30 às 18h30. Dom das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h30. Objectos.

AlmadaMuseu da Cidade de AlmadaPraça João Raimundo. T. 212734030 Ir a Banhos De 16/5 a 31/10. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Documental. Ver Almada Crescer A partir de 16/11. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Documental. Museu NavalOlho de Boi - Ginjal. T. 212724982 Na Rota do Progresso: a Indústria Naval em Almada A partir de 26/5. 2ª a Sáb das 09h30 às 13h e das 14h às 17h30. Documental.

AmadoraBiblioteca Municipal Fernando Piteira SantosAvenida Conde Castro Guimarães, 6. T. 214369054 As Viagens Portuguesas e o Encontro de Civilizações De 16/3 a 29/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. O Sonho ao Poder De 5/9 a 3/10. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. Quarto Interior De Francisco Sousa Lobo. De 24/7 a 26/9. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Desenho. Uninforme De Mao. De 3/9 a 26/9. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Desenho. Galeria Municipal Artur BualRua Luís de Camões, 2 (Casa Aprígio Gomes). T. 214369000 (Ext: 5190)

Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Fado no Oceanário A partir de 19/7. 3ª e 5ª das 20h15 às 21h (Verão), das 19h15 às 20h (Inverno). É necessária marcação (218917000, [email protected]). O evento decorre apenas com um número mínimo de 25 pessoas (máx. 40). Fado - Património Cultural Imaterial da Humanidade.

FESTIVAISLisboaGoethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Festival Cantabile 2015 - A Arte da Música de Câmara De 22/9 a 27/9. 3ª a Dom. 6.ª edição.

PêraPêraSilves. Fiesa 2015 - XIII Festival Internacional de Escultura em Areia De 16/9 a 20/10. Todos os dias às 10h. Informações e reservas: 969459259 / 282317084 / [email protected]

SantarémSantarémSantarém. FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude De 18/9 a 27/9. Todos os dias (em vários espaços). Informações: 914658455, 919898408 ou [email protected].

DANÇA Praia da RochaHotel Algarve CasinoPraia da Rocha. T. 282402000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 1/9 a 29/9. 3ª às 20h30 (jantar) e 22h30 (espectáculo).

SantarémTeatro Municipal Sá da BandeiraRua João Afonso, 7. T. 243309460 Falling Light in Liminal Spaces Com Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Comp.: Chhaya Colletive. Coreog. Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Dia 22/9 às 21h30 (FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude). M/6.

FESTAS E FEIRASLisboaMartim MonizLargo Martim Moniz. Mercado de Fusão do Martim Moniz A partir de 1/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 22h (food court). 6ª e Sáb das 10h às 00h (food court). Sáb e Dom das 10h às 19h (Feira/Mercado Fusão). Mais informações: [email protected] e [email protected]

Santa CruzSanta CruzTorres Vedras. Onda de Verão 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

TaviraTavira Verão em Tavira 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

SAIR0 Figura De 5/9 a 18/10. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura.

BarcarenaFábrica da Pólvora de BarcarenaEstrada das Fontaínhas. T. 214387460 Exposição Permanente de Arqueologia do Concelho de Oeiras A partir de 16/6. 2ª a 6ª das 14h às 17h. Arqueologia. Na Casa do Salitre.

CascaisCentro Cultural de CascaisAv. Rei Humberto II de Itália. T. 214848900 Sam Shaw: 60 Anos de Fotografia De 11/9 a 8/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia.

Castro VerdeMuseu da RuralidadeRua de Santa Madalena (Entradas). T. 286915329 Máquinas, Objectos e Memórias da Ruralidade A partir de 29/7. 3ª das 14h às 20h. 4ª a Dom das 10h às 20h. Documental, Objectos, Outros.

ComportaMuseu do ArrozEstrada Nacional 253, Km 1. T. 265499950 Espaço Museológico Museu do Arroz A partir de 30/6. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h30 às 19h30 (horário de Verão), das 10h às 13h e das 14h às 17h (horário de Inverno). Documental, Fotografia, Outros.

DafundoAquário Vasco da GamaRua Direita do Dafundo, 1. T. 214196337 Selvas da América Central – Diário Gráfico de Luísa Ferreira Nunes De 24/1 a 31/12. Todos os dias das 10h às 18h Bilheteira encerra às 17h45. Desenho, Ciência, Crianças.

EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPça José Teodoro dos Santos. T. 214667700

Arte Contemporânea 2015 De vários artistas. De 18/9 a 12/10. Todos os dias das 15h às 00h Maiores de 18 anos. Pintura, Escultura, Desenho, Outros.

OeirasCentro Cultural Palácio do EgiptoRua Álvaro António dos Santos. T. 214408781 Lanzarote a Janela de Saramago De João Vilhena. De 18/9 a 18/10. 3ª a Dom das 12h às 18h. Fotografia. Parque dos PoetasQuinta do Marquês. T. 214408300 A Viagem de Darwin De 18/7 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 19h No Templo da Poesia. Ciência, Documental.

Vila Franca de XiraMuseu Municipal de Vila Franca de Xira - Núcleo SedeR. Serpa Pinto, 65. T. 263280350 A Arte no Concelho de Vila Franca de Xira – Grandes Obras De vários autores. De 28/2 a 25/10. 3ª a Dom das 09h30 às 12h30 e das 14h às 17h30. Pintura, Escultura, Outros.

MÚSICALisboaCentro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Pedro Mestre Dia 22/9 às 21h (no Grande Auditório. M/6). Apresentação de “Campaniça do Despique”. Goethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Solistas do Estágio Gulbenkian para Orquestra Dia 22/9 às 19h (Festival Cantabile 2015).

FARMÁCIAS

Lisboa/Serviço PermanenteCastro Fonseca (Campo de Ourique) - Rua 4 de Infantaria, 28 - A - Tel. 213888857 Dalva (Saldanha) - Av. Duque D’Avila, 125 - Tel. 213545225 Do Largo (Charneca) - Largo dos Defensores da República, 21 - Tel. 217587542 Lemos (Olivais Sul) - Rua Cidade da Beira, 46 - C - Tel. 218531692 São João (Alto de S. João) - Rua Morais Soares, 56 - C - Tel. 218147708 Vera Cruz (Areeiro) - Praça Afrânio Peixoto, 2 - B - Tel. 218484941

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Ramaldinho, Vaz Carmona Almeirim - Mendonça Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge),

Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carmele, Vaz Martins Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Roldão Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J. Delgado (S. João Batista) Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Franca Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rosa Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Do Rosário, Ostende (Monte do Estoril), Rana (Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo de Vide - Roque

Castro Verde - Alentejana Chamusca - S. Pedro Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Central Faro - Crespo Santos Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - A Lacobrigense Leiria - Godinho Tomaz Loulé - Nobre Passos (Almancil), Pinto Loures - Sálvia, Santa Bárbara (Rio Tinto) Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Caré (Ericeira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha

Grande - Duarte Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Do Vale Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Borges da Cruz Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano, Nova de Odivelas Oeiras - Pinto (Linda-a-Velha), Leal Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Pastorinhos (Fátima), Leitão Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Paiva Ponte de Sor - Varela Dias Portel - Misericordia Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz

- Martins Rio Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Baptista Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Vale Bidarra (Fernão Ferro) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Cunha Pinheiro, Normal do Sul Silves - Dias Neves, Edite Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - São Francisco Xavier, Fidalgo (Algueirão - Mem Martins), Idanha (Idanha) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Pereira Martins (Pedrogão) Torres Vedras - Quintela Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Do Forte, Nova Alverca, Silva Carvalho Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia

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PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 37

RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.20 Os Nossos Dias 15.03 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 19.22 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.04 Bem-vindos a Beirais 21.53 Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão 22.49 Portugueses pelo Mundo - Darwin (Austrália) 23.38 Sob Suspeita 00.30 Os Seguidores 1.19 Jikulumessu 2.43 Os Nossos Dias

RTP 27.00 Zig Zag 10.55 Desalinhado 13.00 Nós Os Chineses 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.18 Zig Zag 20.38 Dois Homens e Meio 21.00 Jornal 2 21.41 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 22.00 Fortitude 22.54 Literatura Aqui 23.25 Vida Matemática 00.10 Campeonato do Mundo de Ciclismo de Estrada 1.25 E2 - Escola Superior de Comunicação Social 1.51 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 19.00 Tempo de Antena 19.30 Alto Astral 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.25 Poderosas 23.15 A Regra do Jogo - Estreia 00.00 Império 00.50 Investigação Criminal 1.30 Investigação Criminal Los Angeles 2.40 Podia Acabar o Mundo

TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 15.13 Feitiço de Amor 16.00 A Tarde é Sua 19.00 Campanha Eleitoral 19.27 Cristina 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.28 Jardins Proibidos 23.25 Fascínios 00.50 Ora Acerta 2.00 Filme: Um Coração Poderoso 3.45 Dr. House 4.39 Batanetes

TVC112.20 Nunca Digas Nunca 13.55 Drift - Surfar a Onda 15.50 Obsessão Ardente 17.30 A Viagem dos Cem Passos 19.35 A Boa Mentira 21.30 Um Santo Vizinho 23.15 Nunca Digas Nunca 00.50 A Viagem dos Cem Passos 2.55 Mentiras de Amor 4.25 Um Santo Vizinho

FOX MOVIES11.34 Snatch - Porcos e Diamantes 13.12 Uma Traição Fatal 14.39 Dragão Vermelho 16.39 Super-Homem: O Regresso 19.04 Os Miseráveis (1998) 21.15 O Primeiro Cavaleiro 23.22 O Homem da Máscara de Ferro 1.27 Mad Max 3 - Além da Cúpula do Trovão 3.08 Soldado Universal: O Regresso 4.27 Nem Guerra, Nem Paz

HOLLYWOOD11.45 Compromisso de Honra 13.50 Antártida - Da Sobrevivência ao Resgate 15.50 Dinheiro 17.40 Regresso ao Futuro II 19.30 Virgem aos 40 Anos 21.30 O Pacificador 23.38 A Casa de Campo 1.40 Frozen - Pânico Na Neve 3.10 Raia Miúda 5.00 Nunca é Tarde

AXN13.22 C.S.I. 14.09 Arrow 15.44 Forever 17.23 C.S.I. 19.05 Arrow 20.39 Forever 22.15 C.S.I. 1.55 Mentes Criminosas 3.28 Arrow 5.00 C.S.I.

AXN BLACK13.15 Sobrenatural 13.59 Filme: Um Perfeito Estranho 15.39 Filme: Basta 17.31 Sobrenatural 19.37 Filme: Um Perfeito Estranho 21.25 Filme: Basta 23.22 Filme: Vidas Roubadas 00.52 Filme: África dos Meus Sonhos 2.45 A Rainha das Sombras 3.33 Sangue Fresco 4.22 Crossing Lines 5.11 Sobrenatural

AXN WHITE13.52 Traição 14.36 Trocadas à Nascença 15.20 Filme: Os Produtores 17.30 Doutora no Alabama 20.40 Franklin e Bash 21.30 Filme: Os Produtores 23.42 Filme: Dança Feroz 1.47 Franklin e Bash 2.34 Gossip Girl 3.21 Mágoas de Grandeza 4.53 Trocadas à Nascença 5.39 Traição

FOX13.11 Os Simpsons 13.59 Investigação Criminal: Los Angeles 15.31 Hawai Força Especial 17.03 Sob Suspeita 18.44 Hawai Força Especial 20.29 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 The Strain 23.11 Sob Suspeita 00.05 Investigação Criminal: Los Angeles 00.56 Hawai Força Especial 1.46 Sob Suspeita 3.20 Spartacus, Os Deuses da Arena 4.29 Spartacus, A Vingança 5.29 Casos Arquivados

FOX LIFE13.00 Em Contacto 13.49 Filme: The Front 15.28 A Patologista 16.18 A Patologista 17.07 Filme: Nora Roberts: Luzes do Norte 18.43 Rizzoli & Isles 19.33 Em Contacto 21.19 Rizzoli & Isles 23.13 Mr. Selfridge 00.14 Filme: Nora Roberts: Tributo 1.53 My Kitchen Rules 2.57 A Patologista 4.36 Rush

DISNEY15.05 Aladdin 15.55 Galáxia Wander 16.20 Gravity Falls 16.45 Phineas e Ferb 17.10 Os 7A 17.35 O Meu Cão Tem um Blog 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.45 Austin & Ally 20.07 Jessie 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.45 Tsum Tsum 21.50 A Minha Babysitter é um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa

DISCOVERY17.20 Pesca Radical 19.10 A Febre do Ouro 21.00 Aventura à Flor da Pele 22.55 Duo de Sobreviventes: Brasil 23.50 Aventura à Flor da Pele 2.20 Os Dez Tubarões Mais Mortais 3.05 O Monstro de Cuba 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Guerra de Propriedades 5.00 Mestres do Restauro 5.45 Fast N’ Loud

HISTÓRIA17.33 Alienígenas 18.17 II Guerra Mundial a Cores 19.10 O Preço da História - Louisiana 21.17 O Preço da História 23.26 Restauradores 1.30 O Preço da História 2.13 Catástrofes Tecnológicas 3.41 Alienígenas 4.25 II Guerra Mundial a Cores 5.20 O Livro Dos Segredos

ODISSEIA17.39 A Busca do Tigre Russo 18.33 Babuínos Ladrões 19.24 Super Veterinário 20.12 Lugares Frenéticos 20.57 50 Formas de Matar a Tua Mamã 21.42 Rude Tube 22.30 Car Matchmaker 23.14 Porque se Despenham os Aviões? 23.57 Car Matchmaker 00.42 Porque se Despenham os Aviões? 1.25 Super Veterinário 2.14 Lugares Frenéticos 2.59 50 Formas de Matar a Tua Mamã 3.46 Rude Tube 4.35 Clima Extremo À Prova 4.58 Vida Nas Grandes Zonas Húmidas 5.51 Natureza Letal 360

[email protected]

FICAR

CINEMAIrmão, Onde Estás? [O Brother, Where Art Thou?]Cinemundo, 21h10Um projecto dos célebres

irmãos Coen que se seguiu a O

Grande Lebowski. O argumento

do fi lme, inspirado na clássica

Odisseia de Homero, decorre no

Sul dos Estados Unidos durante

os anos 1930, com a depressão

económica como pano de

fundo. George Clooney aparece

como Everett Ulysses, chefe

um grupo de condenados a

trabalhos forçados que se evade

da cadeia, num registo diferente

do habitual. Tem um plano

conjunto com Delmar ( John

Turturro) e Pete (Tim Blake

Nelson): recuperar um tesouro

escondido.

Basta [Enough]AXN Black, 21h25Slim ( Jennifer Lopez) é uma

empregada de café cuja vida

se transforma radicalmente

quando se apaixona por

Mitch (Billy Campbell), um

empreiteiro rico. Os dois

casam-se e a vida de Slim

parece perfeita: tem um marido

dedicado, uma casa bonita e

uma fi lha adorável de cinco

anos, Gracie. Mas esta vida

de sonho é destruída quando

ela descobre que Mitch afi nal

não é aquilo que parece. O

comportamento obsessivo do

marido obriga Slim a fugir com

a fi lha, e a decidir treinar-se

para enfrentar o marido.

O Pacificador [The Peacemaker]Hollywood, 21h30Dois comboios colidem

algures na Rússia, um deles

transportando armas nucleares.

A ameaça de um acidente com

material radioactivo põe o

mundo em estado de alerta.

Júlia Kelly (Nicole Kidman) é

uma cientista que trabalha para

a Casa Branca e vai investigar

o roubo de nove ogivas

nucleares, em colaboração

com o coronel Thomas Devoe

(George Clooney). Para Kelly,

a colisão dos comboios não

foi um acidente. Os dois são

envolvidos numa corrida contra

o tempo para evitar que o

material nuclear caia nas mãos

de terroristas.

Uma Outra Mulher [Another Woman]TVC3, 22h00Drama psicológico de Woody

Allen, escrito pelo próprio,

sem o cineasta como actor.

Gena Rowlands veste a pele de

Marion Post, uma professora de

fi losofi a certa de tudo o que a

rodeia e da sua felicidade. Até

que, inadvertidamente, ouve a

conversa entre uma perturbada

jovem grávida e o psiquiatra

desta. Isso dará origem a uma

necessidade de autocompreensão

e questionamento. Mais ainda

quando descobre a infi delidade

do marido. Um fi lme notável a

nível técnico (destaque para a

fotografi a de Sven Nykvist) e na

direcção de actores.

O Homem da Máscara de Ferro [The Man in the Iron Mask]FOX Movies, 23h22Decorre o ano de 1660 e em

França o povo morre à fome.

Já passou muito tempo desde

que os mosqueteiros Aramis,

Athos, Porthos e d’Artagnan

se tornaram lendários a lutar

pelo rei Louis XIII. Athos ( John

Malkovich) tem agora uma

vida calma, acompanhando

o crescimento do fi lho Raoul.

Porthos (Gérard Depardieu),

apesar de mais gordo e velho,

sente falta das grandes batalhas.

Aramis ( Jeremy Irons) é

agora padre. Só d’Artagnan

tem ligação ao passado como

capitão dos mosqueteiros.

Agora, Louis XIII morreu e

foi sucedido pelo seu cruel

herdeiro (Leonardo DiCaprio)...

SÉRIE

Falling SkiesSyfy, 22h10Estreia da quinta temporada.

Nos últimos episódios da série de

fi cção científi ca criada por Robert

Rodat e produzida por Steven

Spielberg, revela-se o destino

fi nal de toda a Humanidade. A

série segue Tom Mason (Noah

Wyle), um ex-professor de

História da Universidade de

Boston, que se torna comandante

de um grupo militar a lutar

contra os inimigos alienígenas,

após a Terra ter sido arrasada por

uma invasão. Os objectivos deles

não são claros, mas sabe-se que

capturam crianças e adolescentes

para os escravizar.

Literatura Aqui, RTP2, 22.54

ra Aqui,2.54

Os mais vistos da TVDomingo, 20

FONTE: CAEM

TVITVISICSICSIC

12,911,39,99,67,8

Aud.% Share

29,327,522,229,619,1

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

10,0%%

2,1

16,9

22,1

37,4

Pequenos GigantesJornal das 8Peso Pesado TeenPrimeiro JornalJornal da Noite

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38 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

JOGOSCRUZADAS 9292

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

22º

Viana do Castelo

Braga10º 23º

Porto13º 20º

Vila Real10º 24º

12º 21º

Bragança9º 24º

Guarda10º 20º

Penhas Douradas10º 17º

Viseu10º 21º

Aveiro15º 21º

Coimbra15º 22º

Leiria13º 22º

Santarém14º 25º

Portalegre13º 25º

Lisboa16º 24º

Setúbal14º 26º Évora

13º 28º

Beja15º 28º

Castelo Branco13º 28º

Sines15º 22º

Sagres18º 24º

Faro20º 27º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

18º 23º

18º 24º

Flores

Terceira17º 23º

21º 26º

22º 27º

17º 24º

22º

20º

07h24

Cheia

19h34

03h5028 Set.

0,5-1m

1-2m

23º

1-2m

24º0,5-1m

24º1,5-2m

10h06 2,722h51 2,6

16h29 1,405h06* 1,4

09h43 2,722h29 2,6

16h09 1,504h43* 1,5

09h49 2,622h36 2,6

16h01 1,404h36* 1,4

1,5-2,5m

1,5-2,5m

2m

18º

19º

*de amanhã

Horizontais: 1. Desloca. Pequena face ou superfície lisa de alguma coisa. 2. Esquivo (fig.). Perfume. 3. Campeonato profissional norte-americano de bas-quetebol. Sono provocado artificial-mente. 4. Preposição que designa pos-se. Filho de burro e égua ou de cavalo e burra. Elas. Autores (abrev.). 5. Tempo imediato a um período chuvoso. 6. Consente. Unha de solípede ou rumi-nante. 7. No qual lugar. O lado do pão. 8. Lento. Rede tecida pelas aranhas. 9. Possuir. Indivíduo pertencente a uma casta nobre, na Índia. Escândio (s.q.). 10. Suspirar. Batráquio. Face inferior do pão. 11. Todavia. Ovário dos peixes.

Verticais: 1. Ordem escrita de au-toridade judicial ou administrativa. Transportes Aéreos Portugueses. 2. Globo. Confusão. 3. Caminho. Dirigir. 4. Einstêinio (s.q.). Agitar. Segunda no-ta musical. 5. Água que cai em gotas da atmosfera. Doutor (abrev.). 6. Caminhou para lá. Filtrar. 7. Tara (fig.). Partícula de negação. 8. Que não muda. 9. Ligação (fig.). Ponto cardeal. Los Angeles (abrev.). 10. Operação de tosar a lã ou de aparar a felpa. Algo que não se quer ou não se pode nomear. 11. Esfregado com areia ou outro pó. Avinagrado. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (7 pala-vras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Fiar. Dotal. 2. Arroio. Roca. 3. ALDEIA. Dr. 4. NA. Dormir. 5. Arcas. Preto. 6. Genoma. Noz. 7. Mera. Arfar. 8. Ola. Ml. Esta. 9. Rio. Escol. 10. HÁ. Invite. 11. Estio. Sargo.Verticais: 1. Fauna. Molhe. 2. Ir. Argel. Ás. 3. Ara. Cerar. 4. Roldana. III. 5. Idoso. Mono. 6. Doer. Mal. 7. Impar. Eis. 8. Trair. FESTA. 9. Ao. Renascer. 10. LCD. Torto. 11. Arroz. Algo.Título do filme: Há festa na aldeia.

Oeste Norte Este Sul 1 ♠2 ♣ 3 ♣ passo 3 ♦passo 3 ♥ passo 3 ♠passo 4 ♠ Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: K ♣. Como jogaria esta partida?

Solução: Com o cue-bid em 3 paus do parceiro, o contrato de partida passou a ser obrigatório. Uma breve descrição de mãos ao nível de 3 serviu apenas para determinar se poderiam ir mais além.Após ter feito a primeira vaza com o Ás de paus, enumera dez vazas potenciais se explorar as copas. Mas atenção! Se a passagem ao Rei de copas falhar, a de-fesa passará a dispor de quatro vazas: o Rei de copas, Ás e Dama de ouros e a Dama de paus. Nessa eventualidade, é necessário manobrar com cautela, há que evitar dar a mão a Este. É exequível, se baldar uma copa no Valete de paus apurado.O bom “timing”: Tirar três voltas de trun-fo, jogar um pau em direção ao Valete, entrar com o Ás de copas quando Oeste

Dador: SulVul: Ninguém

Problema 6356 Dificuldade: Fácil

Problema 6357 Dificuldade: Difícil

Solução do problema 6354

Solução do problema 5355

NORTE♠ A732♥ AQ109♦ J6♣ J53

SUL♠ KQ954♥ J5♦ K1094♣ A4

OESTE♠ 6♥ 863♦ AQ5♣ KQ10976

ESTE♠ J108♥ K742♦ 8732♣ 82

João Fanha/Pedro Morbey([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

atacar o naipe (depois de fazer a Dama de paus), baldar o Valete de copas so-bre o Valete de paus, apresentar a Dama de copas e deixar correr se Este assistir com uma pequena baldando um ou-ro (se Oeste fizer a vaza, o Rei de ouros está protegido), e insistir nas copas até cortar o Rei de Este. Ir ao morto através do 7 de espadas para encaixar alguma copa apurada que ainda sobre.Qualquer outra linha de jogo conduzirá ao cabide.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2 ♣ X ?

O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?

1. ♠ AJ8 ♥ KQ5 ♦ AQ54 ♣ 10822. ♠ 62 ♥ K962 ♦ AQ43 ♣ AQ23. ♠ AJ10 ♥ AK2 ♦ 10872 ♣ AJ94. ♠ K2 ♥ AJ4 ♦ AJ1087 ♣ K82

Respostas: 1. Passe – Um sistema simples consiste em: marcar 2 ouros com 5 cartas; passar sem rico de quatro cartas e sem defe-sa a paus; responder 2 em rico se tiver quatro cartas desse rico; marcar 2ST ou 3ST com defesa a paus e sem ricos de 4; cue-bidar em 3 paus com os dois ricos; redobrar com cinco bons paus. Com a mão 1, sem ricos, sem cinco ouros e sem defesa a paus, o passe é a voz indicada.2. 2 ♥ – Simples, quatro cartas de copas sem mais informações adicionais (nega quatro espadas).3. 3ST – Sem ricos, mas máximo com boa defesa a paus.4. 2 ♦ – Natural, promete cinco cartas. O parceiro pode ainda perguntar se defen-demos paus se recorrer ao cue-bid em 3 paus.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 39: Jornal Público de 22.09.2015

"ÁGUIAS" VENDEM AVANÇADO.

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Page 40: Jornal Público de 22.09.2015

40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

Carlos Mané entrou na segunda parte e esteve no lance do golo de Montero, que deu o triunfo aos “leões”

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

A liderança do Sportingsaiu do banco de suplentes

Estava em jogo a liderança do campe-

onato, uma competição que é, como

Jorge Jesus diz, a grande prioridade

do Sporting. Foi por isso que poupou

na Liga Europa, para se poder apre-

sentar na máxima força no segundo

jogo da época em Alvalade para a

Liga, frente ao Nacional da Madei-

ra, para a quinta jornada. Com o seu

melhor “onze”, o Sporting esperou e

desesperou (embora tenha tido quei-

xas da arbitragem), mas acabou por

vencer por 1-0 graças a um golo de

Freddy Montero já perto do fi m e

frente a um adversário em inferiori-

dade numérica desde o minuto 32.

Como havia dado a entender, Jesus

mudou metade da equipa em relação

ao jogo com o Lokomotiv, com alte-

rações em todos os sectores, numa

versão muito aproximada daquele

que tem sido o “onze” base da tem-

porada — sem Carrillo, mais uma vez

afastado da convocatória. Do lado

Nacional, apenas um avançado, Soa-

res, e um meio-campo reforçado.

A estratégia de Jesus para este Spor-

ting implica risco. Muita gente a ata-

car e pouca gente a defender. Algum

passe falhado e sai um contra-ataque.

Os adversários já apanharam esta fa-

lha e o Nacional, mesmo não tendo

criado nenhuma grande situação de

golo, fê-lo por várias vezes.

O jogo praticamente só teve um senti-

do, a baliza do Nacional, com o Spor-

ting a exercer um domínio, diga-se,

consentido pelo adversário, mas a

mostrar pouco acerto. Aos 15’, Gel-

son esteve bem perto do golo, mas

atirou ao lado. Aos 27’, foi o argelino

a atirar ao lado.

Aos 32’, as coisas complicaram-se

para o Nacional, com a expulsão de

Sequeira, que viu o segundo cartão

amarelo na sequência de um con-

tacto com Slimani. Não parece ha-

ver falta do defesa português, mas

o árbitro Fábio Veríssimo achou que

sim e condenou a equipa de Manuel

Machado a jogar uma hora com dez.

Isto podia ser um bom sinal para os

“leões”, mas a verdade é que o tem-

po foi passando e nada aconteceu.

Os madeirenses eram solidários na

defesa, os “leões” sôfregos na busca

do golo. Com muita posse de bola e

jogo vistoso, mas sem grande efec-

tividade.

Jesus foi lançando tudo aquilo que

tinha no banco. Primeiro Montero,

depois Carlos Mané e André Martins.

Alvalade já se começava a enervar,

a perspectivar mais um empate ca-

seiro para o campeonato, mas o que

aconteceu aos 86’ validou por com-

pleto as opções de recurso de Jesus.

Montero iniciou a jogada, meteu a

bola em Mané, que a devolveu ao co-

lombiano, que atirou à baliza fora do

alcance do guardião Rui Silva.

REACÇÕES

“ O Sporting ganhou porque jogou bem. O importante era ganhar. [Sobre Carrillo] É uma decisão do presidente”

“A equipa esteve bem a defender, jogando uma hora em inferioridade numérica. Hoje foi preciso mais do que o Sporting para que o Nacional saísse daqui vencido”

Jorge Jesus Sporting

Manuel Machado Nacional

Crónica de jogoMarco Vaza

A equipa “leonina” derrotou o Nacional da Madeira, em Alvalade, e junta-se ao FC Portono topo da classifi cação, deixando o Benfi ca à distância de quatro pontos

Sporting 1Montero 86’

Nacional 0

Positivo/Negativo

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Assistência Cerca de 25.000 espectadores

Sporting Rui Patrício, Ricardo Esgaio, Paulo Oliveira a62’, Naldo, Jeff erson, Adrien, João Mário (André Martins, 77’), Gelson, Bryan Ruiz (Carlos Mané, 65’), Teo Gutierrez (Montero, 54’) e Slimani a45’+1’. Treinador Jorge Jesus.

Nacional Rui Silva a72’, Campos, Rui Correia, Zainadine, Sequeira a27’ e 32’ a32’, Aly Ghazal a90’+2’, Luís Aurélio (Nenê Bonilha, 66’ a75’), Washington, João Aurélio a66’, Soares (Gustavo, 85’) e Salvador Agra (Willyan, 66’). Treinador Manuel Machado.

Árbitro Fábio Veríssimo (Leiria)

MonteroConseguiu fazer o que nem Slimani, nem Gutiérrez conseguiram: marcar um golo. Foi ele que iniciou e terminou a jogada.

Gelson MartinsSem Carrillo, cujo regresso à equipa continua a ser uma incógnita, o jovem da formação vai ganhando o seu espaço. Foi o que mais vezes tentou desequilibrar e esteve perto do golo.

Aly GhazalFoi o pilar do Nacional, especialmente após a expulsão de Sequeira. Quase perfeito.

Ataque do NacionalMesmo a jogar com 11, o Nacional revelou uma tremenda falta de ambição. Talvez Manuel Machado estivesse à espera da segunda parte para arriscar, mas a expulsão de Sequeira esvaziou-lhe os planos.

GutiérrezLento e complicativo. Foi o primeiro sacrificado.

Page 41: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | DESPORTO | 41

O Belenenses conquistou ontem a

sua primeira vitória na I Liga, ao ba-

ter o Moreirense, por 2-0, no Estádio

do Restelo, em jogo da quinta jorna-

da da prova e que esteve interrom-

pido por 15 minutos já na sua ponta

fi nal devido a uma falha de energia.

Depois de três empates e uma der-

rota nas rondas anteriores, a equipa

lisboeta conquistou, fi nalmente, três

pontos. Já o Moreirense mantém-

se na zona de despromoção, sem

qualquer triunfo até ao momento e

apenas um ponto somado em cinco

encontros.

Uma semana depois da goleada so-

frida no Estádio da Luz, os “azuis”

entraram determinados em ofere-

cer uma recompensa aos adeptos

e, à passagem dos nove minutos, o

Belenenses inaugurou o marcador,

por intermédio de Luís Leal, que se

estreou a marcar com a camisola da

Cruz de Cristo.

Apesar do golo sofrido, os visi-

tantes discutiram o jogo de forma

aberta, obrigando Ventura a inter-

venções complicadas, mas os “azuis”

voltaram a demonstrar efi cácia na

hora de atirar à baliza e ampliaram

a vantagem, graças à fi nalização de

Miguel Rosa. E o resultado podia ser

ainda mais dilatado se Carlos Martins

tivesse convertido um penálti.

Falha de luz não impediu o primeiro triunfo “azul”

Futebol

Belenenses ainda falhou um penálti. Moreirense continua sem saber o que é ganhar no campeonato

Belenenses 2Luís Leal 9’, Miguel Rosa 23’

Moreirense 0

Sporting de Braga 5Stojiljkovic 7’, Stojiljkovic 35’, Rafa 60’, Alan (g.p.) 76’, Rui Fonte 89’

Marítimo 1Dyego Sousa 38’

Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa.

Assistência Cerca de 2000 espectadores

Belenenses Ventura, André Geraldes, Tonel, Gonçalo Brandão, Filipe Ferreira, Rúben Pinto, André Sousa a68’ (Ricardo Dias, 73’), Kuca, Carlos Martins (Fábio Sturgeon, 64’), Miguel Rosa a73’ e Luís Leal (Tiago Caeiro, 90’+16’). Treinador Sá Pinto.

Moreirense Stefanovic, Sagna, Marcelo Oliveira a90’+22’, Danielson a36’, Evaldo, Filipe Gonçalves (Palhinha, 34’), Battaglia a27’, Vítor Gomes (Luís Carlos, 85’), Iuri Medeiros, Ernest (Fati, 34’) e Ramón Cardozo a60’. Treinador Miguel Leal.

Árbitro Duarte Gomes (Lisboa)

Jogo no Estádio Municipal de Braga, em Braga.

Assistência 8991 espectadores

Sp. Braga Kritciuk, Baiano, Ricardo Ferreira, André Pinto, Djavan, Vukcevic a33’ (Filipe Augusto, 70’), Luiz Carlos, Pedro Santos, Rafa (Alan, 65’), Rui Fonte e Stojiljkovic (Wilson Eduardo, 79’). Treinador Paulo Fonseca.

Marítimo Salin, Patrick (Tiago Rodrigues, 46’), Dirceu, Raul Silva a36’ e 68’ a68’, Ruben Ferreira a75’, Fransérgio, João Diogo a66’, Ghazaryan (Deyvison, 70’), Alex Soares, Edgar Costa e Dyego Sousa (Xavier, 46’). Treinador Ivo Vieira.

Árbitro Carlos Xistra (Castelo Branco)

Os bracarenses festejaram cinco vezes frente ao Marítimo

Jogar no seu estádio tem sido um

porto seguro para o Sporting de

Braga e ontam a equipa bracarense

goleou o Marítimo (5-1) para obter a

sua terceira vitória em outros tantos

jogos em casa, onde conseguiu todos

os pontos que tem no campeonato.

Com o triunfo, igualou Benfi ca e Es-

toril na classifi cação.

Nikola Stojiljkovic foi a grande fi gu-

ra do encontro. O reforço sérvio foi

pela primeira vez titular e justifi cou

plenamente a aposta de Paulo Fon-

seca, ao apontar os dois primeiros

golos da sua formação e, depois, a

participar decisivamente no terceiro,

numa altura em que o Marítimo ain-

da acreditava na recuperação. Mais

tarde, já com os visitantes reduzidos

a nove elementos, o Sp. Braga apro-

veitou para aumentar a vantagem.

O avançado de 23 anos esteve

sempre muito bem acompanhado

por Rafa, Pedro Santos e Vukcevic,

autor de duas assistências, mas para

inaugurar o marcador não precisou

de muita ajuda. Com a bola a saltar

à sua frente, disparou de longe, de

pé esquerdo, para um grande golo,

logo aos 7’. Salin, um dos melhores

em campo, não conseguiu fazer nada

para impedir os festejos do sérvio,

que voltou a marcar — e a mostrar

qualidade — aos 34’, depois de bem

servido pelo colega montenegrino,

que fez a recuperação e a assistência.

O Marítimo nunca baixou os braços

Stojiljkovic quer que fixem o seu nome em Braga

na primeira metade, embora as suas

intenções só tenham servido para re-

duzir, aos 38’, com Dyego Sousa a con-

cretizar o trabalho de Edgar Costa.

Na segunda parte, foi sempre mais

perigoso o Sp. Braga, que chegou ao

3-1, através de Rafa (60’), após uma

recuperação de Stojiljkovic e novo

passe decisivo de Vukcevic. Depois,

no intervalo de três minutos, as coi-

sas fi caram muito piores para o Marí-

timo. João Diogo foi expulso por fazer

penálti sobre o avançado sérvio (Rui

Fonte permitiu a defesa de Salin no

castigo máximo) e Raúl Silva porque

o árbitro entendeu (mal) que cortou

uma bola com o braço.

Com menos dois, o Marítimo mos-

trou-se impotente e sofreu mais dois

golos (Alan, de grande penalidade,

aos 76’, e Rui Fonte, aos 89’).

FutebolManuel Assunção

Sérvio marcou os dois primeiros golos no triunfo folgado dos bracarenses sobre o Marítimo

No domingo, depois de sofrer a sexta

derrota da época (cinco para o cam-

peonato e uma para a Taça da Liga),

José Viterbo anunciou a sua saída

do comando técnico da Académica.

Ontem, da parte da manhã, foi a vez

do V. Guimarães comunicar que José

Evangelista vai deixar de ser o treina-

dor principal dos vimaranenses. Os

minhotos, no entanto, não perderam

tempo e devem anunciar hoje Sérgio

Conceição como novo treinador.

“Por ter entendido que não esta-

vam reunidas as condições neces-

sárias para se manter no comando

técnico, o treinador Armando Evan-

gelista solicitou a rescisão do con-

trato. Por entender as justifi cações

apresentadas, e admitindo que nesta

altura esta é a decisão que melhor

defende os interesses do clube, a ad-

ministração da SAD vitoriana aceitou

a sua solicitação.” Foi desta forma

que, em comunicado, o V. Guima-

rães anunciou a saída do antigo trei-

nador da equipa B minhota, ao fi m

de apenas cinco jornadas à frente da

formação vitoriana.

Evangelista, que já não orientou o

treino de ontem, deixa os vimaranen-

ses na 11.ª posição, com seis pontos,

e foi afastado pelo Altach, da Áustria,

na terceira pré-eliminatória da Liga

Europa, depois de o V. Guimarães

perder por 2-1, fora, e 4-1, no Estádio

D. Afonso Henriques.

Para o lugar de Evangelista deverá

entrar Sérgio Conceição. Segundo o

PÚBLICO apurou, o treinador que na

época passada esteve em Braga será

apresentado hoje.

A “chicotada psicólogica” em Gui-

marães foi a segunda entre treinado-

res da I Liga que a quinta jornada do

campeonato originou. No domingo,

José Viterbo foi o primeiro a aban-

donar o cargo. “Tomei a liberdade

de pedir a demissão no fi nal do jogo

porque acho que é o melhor para a

Académica”, disse o técnico no fi nal

da partida frente ao Boavista.

Na época passada, no fi nal da 5.ª

jornada, já tinham despedido os seus

treinadores os dois clubes que viriam

a ser despromovidos: o Gil Vicente

trocou José Mota por João de Deus

logo à 3.ª ronda, enquanto o Penafi el

contratou Rui Quinta para o lugar de

Ricardo Chéu, na ronda seguinte.

Depois de Viterbo, Evangelista também sai

Futebol

Sérgio Conceição deve ser anunciado hoje como novo treinador dos vimaranenses

CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 5V. Setúbal-V. Guimarães 2-2Tondela-Estoril 0-1P. Ferreira-Rio Ave 0-3Académica-Boavista 0-2U. Madeira-Arouca 0-0FC Porto-Benfica 1-0Belenenses-Moreirense 2-0Sp. Braga-Marítimo 5-1Sporting-Nacional 1-0

J V E D M-S PFC Porto 5 4 1 0 10-2 13Sporting 5 4 1 0 9-4 13Benfica 5 3 0 2 13-4 9Sp. Braga 5 3 0 2 11-4 9Estoril 5 3 0 2 4-6 9Rio Ave 5 2 2 1 10-7 8Arouca 5 2 2 1 5-4 8Paços de Ferreira 5 2 2 1 4-5 8Boavista 5 2 1 2 5-7 7V. Setúbal 5 1 3 1 12-11 6Nacional 5 2 0 3 4-4 6União da Madeira 5 1 3 1 2-2 6Vitória de Guimarães 5 1 3 1 4-6 6Belenenses 5 1 3 1 7-11 6Marítimo 5 1 2 2 9-11 5Tondela 5 1 0 4 2-5 3Moreirense 5 0 1 4 2-9 1Académica 5 0 0 5 1-12 0

Próxima jornada Moreirense-FC Porto, Benfica-P.Ferreira, Boavista-Sporting, Marítimo-Tondela, Nacional-V. Setúbal, Arouca-Belenenses, Estoril-U. Madeira, V. Guimarães-Sp. Braga, Rio Ave-Académica

Próxima jornada Desp. Aves-Leixões, Farense-Portimonense, Gil Vicente-Oriental, V. Guimarães B-Penafiel, Mafra-Santa Clara, FC Porto B-Varzim, Ac. Viseu-Atlético, Desp. Chaves-Benfica B, Sp. Covilhã-Sp. Braga B, Feirense-Famalicão, Oliveirense-Freamunde, Sporting B-Olhanense.

MELHORES MARCADORESI LigaJonas (Benfica) 5 Aboubakar (FC Porto) 4II LigaAndré Silva (FC Porto B) 8

II LIGA Jornada 8 Atlético-FC Porto B 2-3 Olhanense-Oliveirense 2-0Benfica B-Gil Vicente 1-0Sp. Braga B-Feirense 1-1Leixões-Mafra 1-1Oriental-Desp. Aves 0-2Portimonense-Sp. Covilhã 1-1Santa Clara-Farense 2-0Famalicão-Ac. Viseu 0-0Freamunde-Sporting B 1-2Penafiel-Desp. Chaves 1-0Varzim-V. Guimarães B 1-0

J V E D M-S P

FC Porto B 8 6 0 2 17-12 18Sporting B 8 5 2 1 12-5 17Sp. Braga B 8 4 3 1 10-7 15D. Chaves 8 4 2 2 10-6 14Ac. Viseu 8 4 2 2 6-6 14Atlético 8 4 1 3 11-9 13Benfica B 8 4 1 3 11-9 13Varzim 8 4 1 3 10-9 13Santa Clara 8 4 0 4 9-8 12Farense 8 3 2 3 9-9 11Olhanense 8 3 2 3 7-7 11Portimonense 8 2 5 1 12-10 11Famalicão 8 2 5 1 11-11 11Penafiel 8 3 2 3 8-9 11Gil Vicente 8 2 3 3 10-9 9D. Aves 8 2 3 3 9-10 9Freamunde 8 2 2 4 8-8 8V. Guimarães B 8 1 5 2 9-10 8Oriental 8 2 2 4 13-16 8Mafra 7 2 2 3 7-7 8Feirense 8 0 7 1 9-11 7Leixões 8 1 3 4 5-10 6Sp. Covilhã 7 1 3 3 4-9 6Oliveirense 8 0 2 6 5-15 2

MILAN KAMMERMAYER/AFP

Page 42: Jornal Público de 22.09.2015

42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

REUTERS

Victor Valdés numa das poucas ocasiões em que vestiu a camisola do Manchester United

26 de Março de 2014 — era apenas

mais um jogo na carreira de Victor

Valdés. O Barcelona defrontava, em

casa, o Celta de Vigo e a partida de-

corria com normalidade até que sur-

giu o minuto 22, fatídico para Victor

Valdés. Num lance aparentemente

controlado, o guarda-redes apoiou

mal o pé no relvado e, segundos de-

pois, não conseguiu aguentar as do-

res e caiu estatelado. O diagnóstico

dos médicos foi claro: rotura do li-

gamento cruzado anterior do joelho

direito. Entre seis e oito meses de

baixa. Os culés até venceram a par-

tida por 3-0, dois golos de Neymar

e um de Messi, mas esses três pon-

tos fi caram relegados para segundo

plano.

Além de falhar os últimos jogos da

época do Barça, o guardião iria per-

der a fase fi nal do Mundial, prova em

que iria assumir a titularidade, rele-

gando Iker Casillas para o banco.

Valdés, que meses antes anuncia-

ra que não iria prorrogar o vínculo

com o Barcelona, despedia-se, as-

sim, sem glória, do clube do cora-

ção. Nos blaugrana, o internacional

espanhol construiu um palmarés de

impor respeito: foram mais de 500

O calvário interminável de Victor Valdés

partidas ofi ciais, conquistando três

Ligas dos Campeões, dois mundiais

de clubes, seis campeonatos es-

panhóis, duas Taças do Rei, cinco

supertaças espanholas e duas euro-

peias. Ao serviço da roja venceu o

Mundial da África do Sul em 2010

e o Europeu dois anos mais tarde.

Todas estas conquistas fi zeram do

guardião um dos mais titulados a

nível mundial.

Mas a carreira desportiva de Val-

dés mudou e não mais voltou a ser

a mesma. Uma espécie de calvário.

sem fi m. O pré-acordo que tinha

com o Mónaco não foi cumprido e

o jogador fi cou sem clube. Isolou-se

dos fl ashes mediáticos e embarcou

para a cidade alemã de Augsburgo,

onde recuperou da grave lesão. Pelo

meio, recusou uma oferta para reno-

var contrato e dessa forma regressar

ao “seu” Barcelona.

Meses depois, o guarda-redes es-

tava novamente a 100%, mas sem

clube. Com todas as portas fechadas,

Louis Van Gaal convidou-o a assinar

pelo Manchester United. Valdés não

pestanejou e vinculou-se até ao Ve-

rão de 2016 com os red devils. Mas a

estadia do espanhol em Old Traff ord

não está a correr de feição. Apenas

foi utilizado em duas partidas ofi -

ciais, na temporada passada, e en-

trou na “lista negra” do treinador

holandês, que tinha sido responsá-

vel por o lançar na equipa principal

do Barcelona quando ainda era um

adolescente.

No United, seria a “sombra” do

compatriota David De Gea, mas a

aposta tem redundado em falhan-

ço. Recentemente, foi afastado dos

planos de Van Gaal — tudo começou

num episódio que remonta à época

passada — e nem integrou o lote de

jogadores chamados para a digres-

são que decorreu nos EUA.

“O ano passado ele recusou jogar

nas reservas. Há certos princípios

que se têm de seguir para ser guarda-

redes no Manchester United. Quan-

do não se seguem, só há uma saída.

Ele não foi escolhido porque não se-

gue a nossa fi losofi a. Quando assim

é, não há um lugar para esse jogador.

Sim, o Victor Valdés será vendido. É

tudo uma questão de ritmo, ritmo

de jogo”, afi rmou, a 15 de Julho, o

treinador holandês.

Mas o jogador de 33 anos não foi

vendido. Recusou transferir-se para

o Besiktas, clube com o qual tinha tu-

do acertado, e para o Marselha. Sem

alternativa, o manager da formação

inglesa não teve alternativa que não

fosse inscrevê-lo na Premier League,

mas, fi cou de fora dos jogadores ins-

critos para a fase de grupos da Liga

dos Campeões. Estes sucessivos con-

tratempos, contudo, parecem não

abalar o espanhol.

“Não importa o que aconteça. A

única forma que conheço é traba-

lhar duro todos os dias”, escreveu

Valdés, na sua conta na rede social

Twitter.

Riscado das opções de Van Gaal,

o guarda-redes irá manter a força na

equipa de reservas no Manchester

United até Janeiro, mês em que rea-

bre a janela de transferências.

Futebol internacionalLeonel Lopes Gomes

A vida do guarda-redes nunca mais foi a mesma desde que se lesionou com gravidade no joelho direito

Garrafas de vidro, moedas e uma boa

variedade de outros objectos voaram

anteontem das bancadas do Estádio

do Marselha para o relvado, levando

à interrupção do jogo entre os marse-

lheses e o Lyon, da Liga francesa de

futebol, durante 20 minutos. O caso

levou já o ministro do Desporto fran-

cês a classifi car como “inaceitáveis”

os incidentes e a Liga gaulesa anun-

ciou que se vai reunir de emergência

para analisar o sucedido.

Na origem de tudo, um jogador:

Mathieu Valbuena. Ídolo do Mar-

selha, tendo vestido a camisola do

clube durante oito temporadas, Val-

buena era de tal forma idolatrado pe-

los adeptos e tão considerado pelo

emblema marselhês que quando se

transferiu para o Dínamo de Mosco-

vo, há dois anos, o Marselha decidiu

retirar a camisola 28 para que mais

nenhum jogador a usasse.

Só que Valbuena “traiu” toda esta

devoção e aceitou regressar a França

e vestir outra camisola, a do Lyon.

A desfeita levou o Marselha a voltar

atrás com a decisão e motivou uma

recepção no mínimo hostil, com di-

reito a um boneco enforcado exibido

numa das bancadas do estádio e a

uma camisola com o nome do joga-

dor queimada ainda antes do início

da partida.

Durante o jogo, Valbuena foi alvo

de várias entradas duras de adversá-

rios. Uma delas, protagonizada por

Alessandrini, motivou até a expulsão

deste (44’). Os ânimos continuaram

bem exaltados e aos 60’, quando o

Lyon vencia por 1-0 e jogava em in-

ferioridade numérica, o árbitro or-

denou que os jogadores abandonas-

sem o relvado, numa altura em que

o internacional português Anthony

Lopes, guarda-redes do Lyon, se pre-

parava para marcar um pontapé de

baliza e, subitamente, começaram a

“chover” vários objectos.

Após mais de 20 minutos de in-

terrupção, o encontro foi retomado

e Rekik acabou por fazer o golo do

empate, aos 68 minutos.

O jogador comentou o que viveu

no Vélodrome no fi nal da partida:

“Claro que estou desapontado com

esta recepção. Não merecia os asso-

bios. É uma pena apagar oito anos só

porque assinei pelo Lyon. É estúpido.

Nunca pensei viver este dia. Penso

que marquei a história do Marselha

e isso justifi caria outro respeito, mas

já passou”, concluiu o jogador.

“Estava um ambiente muito hostil.

Estou no futebol há 28 anos e nun-

ca vivi nada assim. O que aconteceu

foi vingança contra Valbuena. A sua

integridade física esteve em perigo”,

comentou o presidente do Lyon.

O ministro do Desporto francês

classifi cou como “inaceitáveis” os

incidentes e lembrou que o país

vai organizar o Europeu de fute-

bol. “Estamos a meses de organi-

zar o Euro 2016. Peço a todos que

avaliem o que aconteceu”, afi rmou

Thierry Braillard, em declarações

à rádio RTL, considerando que os

“incidentes são inaceitáveis” e de-

fendendo “controlos mais fi rmes”.

No sábado, no encontro entre o

Bastia e o Nice (3-1) também se verifi -

caram incidentes nas bancadas e, em

Reims, adeptos do PSG provocaram

distúrbios no fi nal do encontro.

Futebol internacionalJorge Miguel Matias

Liga francesa de futebol vai reunir-se de emergência para analisar os incidentes ocorridos durante o jogo de domingo

Valbuena escapa ao arremesso de um isqueiro no jogo com o Marselha

PHILIPPE LAURENSON/REUTERS

A “traição” de um jogador levou à interrupção do Marselha-Lyon

Page 43: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 43

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

O PÚBLICO ERROU

Teste aos humores do eleitorado

As sete vidasde Alexis Tsipras

O PÚBLICO inicia hoje a divulgação

de uma tracking poll, ou seja, a

evolução diária das intenções de voto

dos portugueses. A iniciativa, que

resulta de uma parceria com a TVI

e a Intercampus, não deve ser encarada

tanto como uma sondagem quotidiana,

mas sobretudo como a tradução da forma

como os eleitores avaliam o dia-a-dia dos

partidos durante a campanha e como essa

avaliação se refl ecte na sua vontade de

votar nesta ou naquela organização política.

Nessa medida, o que será importante reter

é o ritmo das tendências e verifi car o que

realmente determina eventuais oscilações

para cima e para baixo, quando as há. Vale

a pena acentuar que o inquérito com que

hoje abrimos esta tracking poll se inicia com

os resultados de 750 entrevistas telefónicas,

às quais se somam mais 250 no dia seguinte.

As mil entrevistas mantêm-se até 29 de

Setembro, mas todos os dias são retiradas

as 250 mais antigas e somadas outras tantas

mais recentes. Na data atrás referida, será

publicada uma grande sondagem com

simulação de voto em urna, justamente dois

dias antes do encerramento da campanha,

marcado para 2 de Outubro.

O que este primeiro inquérito hoje indica

é que não há praticamente alterações nas

grandes tendências até agora reveladas nas

sondagens publicadas depois da rentrée. Um

empate técnico entre os dois grandes blocos

bipolarizadores, que se têm revezado ora na

primeira, ora na segunda posição entre os

vários estudos de opinião. Como curiosidade,

registe-se que os trabalhos de campo da

tracking poll da Intercampus decorreram

entre 18 e 20 de Setembro, já depois do

debate que Passos Coelho e António Costa

protagonizaram através das antenas de TSF,

Rádio Renascença e Antena 1 no dia 17 e que

a maioria dos observadores considerou ter

sido mais favorável ao líder da coligação

PSD/CDS. Será que esse acontecimento

teve infl uência decisiva na opinião dos

inquiridos? Os próximos dias ajudarão a

perceber a resposta a esta pergunta.

Olíder do Syriza conseguiu sobreviver

politicamente a todas as suas

contradições, e já foram algumas.

Ganhou eleições em Janeiro com um

programa que nunca cumpriu; em

Julho convocou um referendo em que ele

próprio e a maioria dos gregos rejeitaram

a austeridade; em Agosto chegou a acordo

com os credores para aplicar essa mesma

austeridade; e em Setembro antecipou

eleições e voltou a ganhar. Tsipras já provou

que é um hábil sobrevivente e agora tem pela

frente um mandato com um longo caderno

de encargos que vai ter de executar com

uma maioria mais curta (155 deputados do

Syriza e dos Gregos Independentes, contra

os 162 da coligação em Janeiro). A próxima

batalha será tentar renegociar a dívida, em

contrapartida de uma execução zelosa do

memorando da troika, conseguindo assim

trunfos para agradar a gregos, troianos,

devedores e credores e, naturalmente, a sua

própria sobrevivência política.

As lições de Tsipras para toda a esquerda!...Alexis Tsipras voltou a ganhar as

eleições na Grécia, praticamente

com a mesma percentagem de

votos e de deputados. Mostrou ser

um grande líder e um exemplo para

toda a esquerda europeia. Quem

pensa que deixou de ter os mesmos

objetivos que tinham nas anteriores

eleições engana-se. Tsipras não

traiu a esquerda; ele, como grande

político que é, apenas mudou

a tática para atingir os mesmos

objetivos. Perante a realidade que

encontrou na Europa, perante a

chantagem que a União Europeia

lhe fez, Tsipras refl etiu, estudou

cenários alternativos de saída do

euro e concluiu que devia, apenas,

mudar de tática política. Pensou

acima de tudo no seu povo e

chegou à conclusão que para seu

benefício devia manter a Grécia

no euro, mesmo que para isso

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

tenha que fazer um recuo a curto

e médio prazo, não deixando de

pugnar por uma renegociação da

dívida nos próximos meses. Era

bom que a esquerda portuguesa

refl etisse nas opções do Syriza,

neste momento histórico, e

deixasse de vez o seu discurso

radical em relação às opções que

o próximo Governo deve tomar a

nível interno e europeu. Não vale

a pena exigir tudo de uma só vez,

romper compromissos e tratados,

lutar contra moinhos de vento. É

preciso aprender com os gregos

que, percebendo que a primeira

opção do Syriza não deu resultado,

deram a Tsipras a oportunidade de

escolher outro caminho que leve —

embora com mais sacrifícios e mais

tempo — aos mesmos objetivos.

Tsipras sabe que há eleições

em Portugal e Espanha e que a

correlação de forças na Europa

pode mudar paulatinamente.

(...) Tenho esperança que

Na edição de ontem, no texto

com o título JS coloca na agenda

a prostituição e a produção de

drogas leves (página 4), foi escrito

que “Não é o Estado que tem de

garantir os serviços de educação

e de saúde”, declarado por Simão

Ribeiro, líder da JSD. A citação

correcta é: “O Estado tem que

garantir a educação e saúde para

todos, mas não tem que ser sempre

o prestador do serviço. Pode e deve

contratualizar”. Pelo erro, as nossas

desculpas aos leitores e ao visado.

a esquerda mais radical, que

olha, agora, para Tsipras com

desconfi ança, venha ainda a refl etir

e não queira entregar, de mão

beijada, de novo, o Governo do

país à direita minoritária. É tempo,

afi nal, de ainda ter esperança!

José Carlos Palha, Gaia

Despesas das refeições em escolas particulares

Assediadas por escolas particulares

e por jornalistas e por estarmos

em campanha eleitoral, as

Finanças decidiram agora que

as refeições escolares passassem

a despesas de educação, dando

assim mais dedução no IRS. Mas

os medicamentos — receitados por

médico — só porque pagam IVA

de 23% (apenas por o Infarmed

não ter chegado a acordo com

o seu fabricante para lhes dar

comparticipação) continuam e

continuarão a ser considerados

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

“despesas gerais” e não de “saúde”.

Penalizando duplamente o IRS dos

doentes. Que não têm poder de

reivindicação e, para este Governo,

são por isso lixo a que procuram

sacar o mais possível. Nas pensões,

nos impostos, na saúde.

António J. M. Nunes da Silva, Oeiras

Como vamos de votos? Vamos ficar a saber a partir de hoje

Page 44: Jornal Público de 22.09.2015

44 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

MANUEL ROBERTO

A FCT, a avaliação, a avaliadora e os avaliados

Já muito se falou sobre os últimos

anos de atuação da FCT e das

políticas deste Governo em I&D:

por um lado, assumindo sem

pudor draconianas medidas

de austeridade, com cortes

discricionários que quase

destruíram o sistema científi co

nacional, particularmente

nas ciências sociais; por outro

lado, tentando dourar essas decisões com

um mantra ideológico assente na aura

da procura da “excelência”, espécie de

quinta essência do discurso meritocrático,

que esquece como são importantes

comunidades científi cas sólidas, maduras,

bem apetrechadas e com forte ambiente de

aprendizagem coletiva.

Uma recente comunicação apresentada

no Instituto Superior de Economia e Gestão

pela responsável pelo painel de avaliação

das ciências sociais, a britânica Rosemary

Deem [1], põe a nu as inúmeras falhas de

todo o processo, mas revela também como

os avaliadores (supostamente também

cientistas) desenvolvem impressões e

preconceitos.

Vamos à primeira parte. Num exercício

de comparação entre os processos de

avaliação das unidades de I&D levados

a cabo no Reino Unido e em Portugal, a

avaliadora aponta problemas graves de

conceção e de execução no nosso país:

— a maior parte dos avaliadores fez o seu

trabalho à distância, sem contacto entre si

(apenas estiveram juntos duas vezes por um

período de 48 horas);

— não existiu formação sufi ciente sobre

a sociedade portuguesa, o contexto de

recessão e de cortes nos serviços públicos,

nem tampouco sobre a confi guração e

história do sistema científi co português;

— as visitas às unidades duravam três

escassas horas, impedindo um contacto

aprofundado com as realidades sob

apreciação;

— as avaliações e os resultados da

primeira etapa de avaliação estavam já

previamente defi nidos, uma vez que a

Fundação Europeia da Ciência fi rmou

um contrato com a FCT que estipulava,

à partida, que 50% dos centros de

investigação não seriam fi nanciados;

— o staff da FCT era reduzido, sofrendo

com os cortes em recursos humanos

qualifi cados e revelando grandes

difi culdades no acompanhamento técnico e

logístico do processo;

— os painéis (apenas sete!) não sabiam

como trabalhar com as especifi cidades

disciplinares e a vastidão de áreas do

conhecimento (basta ver que existia apenas

um painel para todas as ciências sociais);

— durante a avaliação, multiplicaram-se

as incongruências entre as orientações do

ex-presidente da

FCT Manuel Seabra

e o staff técnico,

gerando confusão

entre os avaliadores;

— o regulamento

permitia grande

variação de

fi nanciamento

entre unidades

com a mesma

classifi cação, uma

vez que a FCT não

estabeleceu valores

máximos para cada

item de avaliação;

— a falta de

coordenação e

de “calibração”

entre os sete

gigantescos painéis

levou, segundo a

avaliadora, a que

não houvesse um

único centro em ciências sociais classifi cado

como excecional;

— as regras de fi nanciamento nunca

foram devidamente explicadas, nem

aos avaliadores, nem aos centros, o que

originou falta de transparência no processo;

— os próprios avaliadores foram

Perante os clamorosos erros apontados pela própria avaliadora, surgem até como moderados e sensatos os ecos da contestação

erroneamente informados pelo primeiro-

ministro, que, numa conferência europeia

sobre o Futuro da Ciência, considerou

que as anteriores avaliações tinham sido

parciais e subjetivas.

Percebe-se bem o caldo de erros

subjacente a todo este processo que, pura

e simplesmente, deveria ter sido anulado,

houvesse um mínimo sentido ofi cial de

justiça e responsabilidade.

No entanto, a comunicação da avaliadora

revela ainda outras preocupantes questões,

nomeadamente uma questão ética

fundamental: dado este rol de constatações,

não se compreende que tenha aceitado

manter-se como avaliadora e coordenadora

de painel, tanto mais que tudo se

desenrolou sob a égide da desprestigiada

Fundação Europeia para a Ciência. Mas,

pior ainda, exala uma certa irritação

com o sistema democrático português

(que permite contestações jurídicas a

procedimentos incorretos e injustos...),

a imprensa e os seus profi ssionais (em

particular com o jornal PÚBLICO) e insinua

que os avaliadores fi caram negativamente

impressionados com a forte reação da

comunidade científi ca face aos resultados

da avaliação.

Perante os clamorosos erros apontados

pela própria avaliadora (e que constituem

Debate Investigação científica

uma espécie de manual do que nunca se

deve fazer num processo de avaliação),

surgem até como moderados e sensatos os

ecos da contestação.

Avaliar é conhecer para retifi car

e melhorar, não para punir e cortar

cegamente. O sistema científi co

português merece outro rigor, o que

signifi ca, também, melhores avaliadores.

A credibilidade das instituições passa

forçosamente pela credibilidade das suas

acções. Face ao conteúdo da comunicação

apresentada pela avaliadora supracitada,

a um governo e a uma instituição sérios,

não restaria outra coisa que não fosse pedir

desculpa e anular todo o processo.

[1] Rosemary Deem, “Recent research evaluations

in the UK and Portugal: methodologies,

processes, controversies, responses and

consequences”. Comunicação apresentada na

CHER annual conference, ISEG, Universidade de

Lisboa, 7-9 de Setembro de 2015.

Pedro Abrantes, Maria José Casa-Nova, Fernando Diogo, Carlos Estêvão, Rafaela Ganga, João Teixeira Lopes, Benedita Portugal, Sofia Marques da SilvaMembros do Núcleo do Manifesto para Um Mundo Melhor (Manifesto Internacional de Cientistas Sociais)

Page 45: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

A cultura e a incerteza europeia

AEuropa está cansada e sem

respostas. A inefi cácia do

seu modelo governativo

tem agravado tensões e

incertezas. Muitos milhares

de refugiados de diversas

origens continuam a procurar

na Grécia ou em Itália a

entrada num continente que,

supostamente, lhes pode

assegurar pão, tecto e direitos sociais,

embora os países em geral dispensem este

reforço demográfi co.

A crise recente que se encontra

longe de estar superada continua a não

dar garantias de estabilidade e de um

futuro tranquilo. A Europa, pela força

do elemento económico e fi nanceiro e

pela fragilidade da componente política,

continua germanizada quando a vontade

da maioria aponta para a necessidade

de vermos esse país europeizado e não o

contrário, ainda com as feridas abertas por

duas guerras mundiais que a Alemanha

perdeu mas que deixaram muitas dívidas

materiais e morais latentes. E ninguém

pode esperar que seja a cultura, com

a complexa diversidade que tem neste

continente, a apaziguar confl itos e atenuar

ódios enraizados e antigos.

Em entrevista recente ao jornal

Guardian, o fi lósofo alemão Jürgen

Habermas, professor da Universidade

Goethe em Frankfurt, declarou: “A

presente crise pode ser explicada com

as causas económicas e com o fracasso

fi nanceiro”. E acrescentou: “Nenhuma

comunidade política é capaz de suportar

esta tensão durante tanto tempo. Ao

mesmo tempo, focando e evitando um

confl ito aberto, as instituições europeias

têm evitado tomar iniciativas. Apenas os

dirigentes de governos com assento na

Comissão Europeia estão em posição de

actuar, mas são precisamente os que se

mostram incapazes de agir na defesa do

interesse de uma comunidade europeia

unida, porque pensam demasiado nos

seus eleitorados nacionais. E nós estamos

presos nesta armadilha.”

Com ou sem Alexis Tsipras na liderança

do Governo grego, a Grécia deixou de ser

a causa central desta crise e passou a ser

uma das suas mais amargas consequências,

sem que ninguém saiba quais serão as

etapas seguintes.

O anúncio vindo de François Hollande

de que pretende estabilizar a Europa

e a gestão dos seus assuntos com

um directório político que envolva e

comprometa as nações fundadoras do

projecto da União, introduziu, mesmo

com o inevitável aval alemão, um novo e

forte factor de perturbação e incerteza que

ninguém sabe como irá ser superado.

E tem razão de sobra Jürgen Habermas

para afi rmar que “o projecto de união deve

ter capacidade bastante para funcionar

ao nível supranacional. Tendo em vista

o caótico processo agravado pela crise

grega não podemos continuar a ignorar os

limites efectivos do presente método de

compromisso intergovernamental”.

Entretanto, os muros aparecem e

multiplicam-se. Depois da queda do Muro

de Berlim em 1989 e do crescimento dos

muros de outras vergonhas que separam

israelitas de palestinianos, temos um

novo muro na fronteira da Hungria com a

Sérvia, temos o muro que separa a cidade

de Ceuta do resto do território marroquino

e temos também a promessa de um novo

muro em Calais. O mundo cresceu, evoluiu

muito em termos tecnológicos, mas o

ser humano não se transformou e não

superou os fantasmas e as ambições que

fi zeram dele o beco sem saída das grandes

angústias milenares que nunca as religiões

e as utopias conseguiram superar.

Vasco Graça Moura, grande poeta e

político que integrou como deputado o

Parlamento Europeu, escreveu o livro A

Identidade Cultural Europeia (Fundação

Francisco Manuel dos Santos), um dos seus

derradeiros títulos, em que afi rma com

sábia serenidade: “Torna-se delicado falar

em integração cultural. As questões ligadas

à identidade cultural não podem resolver-

se nem regulamentar-se como as relativas à

produção de manteiga ou à exploração dos

recursos do mar. Supõem aproximações e

distâncias, possibilidades de coordenação

e parentescos, similitudes de estruturação

política (hoje em dia) e também uma certa

visão do mundo que acaba por ser comum

a partir de ópticas

que não coincidem

necessariamente

em todos os

pontos. E tem

de se respeitar

e preservar

essas diferenças,

prevendo antes

modalidades e

mecanismos de

cooperação”.

As diferenças

culturais e a

impressionante

riqueza da

diversidade não

tiveram qualquer

peso nas duas

guerras mundiais

do século XX, não

desmantelaram

trincheiras,

não afundaram

esquadras, nem declararam vencedores.

Nos dois lados das guerras, estiveram

sempre alguns dos melhores poetas,

pintores e músicos das suas gerações,

incapazes de comunicarem uns com os

outros. Mas foram eles e as suas obras que

permitiram ao realizador alemão Wim

Wenders afi rmar há meses, num canal

de televisão em França, que a cultura é

o único verdadeiro capital que a Europa

deve aproveitar e desenvolver. A Europa

José Vítor Malheiros interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral

Escritor, jornalista e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores

A Europa conhece a força mobilizadora desse capital, a cultura, mas não o usa em seu favor

Miguel Esteves Cardoso interrompe a sua crónica durante o mês de Setembro, para férias, voltando ao espaço habitual em Outubro

Debate Europa e culturaJosé Jorge Letria

conhece a força mobilizadora desse capital

mas não o usa em seu favor, nem faz com

que ele tenha uma expressão vital na

vida da Comissão que tão cara sai a esta

Europa.

Agora trata-se de evitar que a incerteza

e a desigualdade abram as portas para

níveis de crispação, tensão e crítica

que já abriram portas a confl itos graves

e prolongados. E que fi que claro que

não há maniqueísmo que permita dizer

que os do Norte são bons e os do Sul os

incontornáveis culpados. Se formos por

aí vamos muito mal e tudo pode terminar

da pior maneira sem que o esperemos ou

possamos racionalmente prever.

YANNIS BEHRAKIS/REUTERS

Page 46: Jornal Público de 22.09.2015

46 | PÚBLICO, TER 22 SET 2015

O futebol da ciência

No início do seu mandato,

dizia o ex-presidente da

FCT, perante um auditório

de sábios, que era preciso

introduzir na ciência em

Portugal regras idênticas

às que vigoravam no

estrangeiro. Como no futebol.

Se não podíamos “competir”

no futebol usando campos,

balizas ou equipas com dimensões

diferentes das praticadas por esse mundo

fora, também nas arenas da ciência

teríamos de “jogar” segundo regras

universalmente aceites.

Que regras seriam essas? Não dizia

quais. Mas era evidente que tinham

de ser diferentes das regras de

avaliação internacional que já tinham

sido introduzidas havia muito pelas

reformas — essas, sim, estruturais — de

José Mariano Gago. Para o porta-voz

da política científi ca do Governo da

direita, era evidente que o enorme salto

nos indicadores do potencial científi co

nacional e da sua internacionalização

em todos os domínios resultava de

uma espécie de batota que o Estado

se permitira introduzir no sistema

para vencer um atraso secular e nos

aproximar da Europa. Por isso, já depois

do inenarrável caos nas avaliações, em

fi nais de julho de 2014, a presidência da

FCT ainda clamava, qual rana rupta antes

do estoiro fi nal: “É verdade que este é o

primeiro exercício de avaliação em que

todas as unidades de I&D são avaliadas de

forma competitiva.” É preciso ter lata!

A equiparação entre ciência e

futebol (a eureka! deste Governo) não

passava de uma fórmula vazia que

varria para debaixo do tapete o lixo

estrutural do país. Basta lembrar os

milhões que sobram à iniciativa privada

para investir em clubes de futebol e a

escassez dos meios que a mesma investe

em “modernização”, inovação ou

recrutamento de mão de obra qualifi cada

e bem paga — isto é, paga pelo seu justo

valor (nada de excessivo, certamente,

quando cotejado com salários de

jogadores e treinadores). Um estudo

comparativo deste tipo de correlação na

OCDE talvez levasse à conclusão de que a

iniciativa privada, em Portugal, por tanto

querer “competir” no futebol, pouco se

tem esforçado por “competir” em esferas

estruturantes e estratégicas da economia.

Eis o que até parece ser incentivado pelo

Governo, ao pretender diminuir agora

ainda mais os “custos” do trabalho: mais

lixo estrutural, em vez de uma economia

verdadeiramente “competitiva” na

sociedade do conhecimento!

Como se viu, porém, ao longo deste

penoso consulado, o futebol de que

falava o presidente da FCT não tinha

paralelo nos anais do desporto. Mudava-

se de regras a meio do jogo, entregava-

se a arbitragem a quem desconhecia a

matéria em competição, alteravam-se

por decisão administrativa — enfatizo —

resultados cientifi camente validados por

painéis internacionais, cometiam-se,

enfi m, inomináveis atropelos às mais

elementares regras de transparência e

isenção. Já para não falar da legalidade —

coisa que nunca preocupou esta direção

da FCT, useira e vezeira em ignorar

recursos de decisões de avaliação (ou,

após muita insistência, em recusar-se a

fundamentar cientifi camente o seu não-

provimento), em desrespeitar prazos

para responder a reclamações e em

dispensar-se de corrigir erros informáticos

e outros lapsos grosseiros mesmo

quando estes inquinavam o processo de

avaliação. Marcas

de uma gestão

discricionária, à

margem do Estado

de direito.

As

consequências

estão à vista.

No futebol

continuamos,

mais ou menos,

na mesma. Na

ciência fi cámos

com equipas

enfraquecidas

ou destruídas.

Antes altamente

internacionalizadas,

atrativas para

investigadores

de excelência em

todos os domínios

científi cos,

perderam centenas

dos seus melhores

elementos,

forçados a emigrar, a regressar

ao estrangeiro ou a desbaratar no

desemprego e subemprego o seu saber e

capital de experiência.

Por fi m, na despedida, o árbitro inventou

a regra de que também podia jogar numa

das equipas: e marcou um golo!

Espanta-nos que um cientista

reconhecido pela sua investigação

em cegueira tenha demonstrado uma

tão confrangedora falta de visão em

matéria de política científi ca! Mas é um

facto — mais uma vez comprovado pela

experiência de quatro anos de governo da

direita — que a cegueira ideológica cega

mais do que a visual.

Professor catedrático jubilado(FCSH-UNL)

No futebol continuamos, mais ou menos, na mesma. Na ciência ficámos com equipas enfraquecidas ou destruídas

Debate Política científicaMário Vieira de Carvalho

Devbhumi

Amiséria existe sob muitas

formas. Há a miséria material.

Há a intelectual. Pode existir

miséria nas relações sociais. E,

apesar de muitos a negarem, há

também a miséria moral. Qual é

a mais miserável?

O Uttarakhand, um estado no

Norte da Índia, nos Himalaias,

é também conhecido como

Devbhumi, literalmente, o País dos Deuses.

A paisagem montanhosa e arborizada é

magnífi ca, a urbana é deprimentemente

pobre e suja. O grosso da população é

constituído por castas baixas, “os vencidos”

na designação usada, até há bem pouco, na

língua local. Sem terra nem capital, e ainda

por cima analfabetos, viveram durante

séculos na dependência dos brahmins

[brâmanes], a casta dos proprietários,

endinheirados e intelectuais. Os seus reis e

caciques eram mais que os representantes

dos deuses, eram alter-egos dos próprios

deuses, na sua natureza um 16 avos divinos,

no restante, humanos.

Curiosamente para uma economia

agrária, e ainda por cima com uma diferença

tão marcante entre os que têm tudo e os

que não têm nada, no País dos Deuses não

havia assalariados: um costume peculiar não

permita um homem receber de outro salário

em troca de trabalho. No entanto, era

permitido que se trabalhasse para outrem

se fosse para saldar uma dívida. Assim, para

subsistir, os vencidos tinham de contrair

um empréstimo, ainda que simbólico.

Depois trabalhavam como camponeses e

cozinheiros, pedreiros e carpinteiros para

os seus credores, recebendo não dinheiro,

mas abrigo e alimentação para si e para suas

famílias pelo período que levavam a saldar

a dívida: uma vida.

O curioso deste arranjo social era de os

pobres não precisarem de dinheiro para

viver: bastava-lhes terem uma dívida para

arranjar trabalho e comida. Só precisavam

de dinheiro numa situação: para casar

uma fi lha. O costume imemorável do

dote impunha que os vencidos, sempre

impecuniosos, tivessem de pedir

emprestado a um brahmin a quantia

necessária, que nunca era simbólica. Nestes

casos era-lhes exigido penhora. À falta de

melhor alternativa, era a própria noiva que

era penhorada: era esperado que no dia a

seguir ao seu casamento se apresentasse

na residência do credor. Aí servir-lhe-ia

de concubina até que ele se fartasse; era

depois enviada para os acampamentos

de madeireiros como prostituta até

que a obrigação familiar fosse saldada.

Recuperava então a sua “liberdade” e

regressava para o seu marido para começar

a vida familiar, trabalhando ambos para

outrem sob um arranjo creditício.

O que choca mais nesta sociedade? As

relações laborais? A sistematização da

imoralidade sexual? A estrutura fi nanceira

primitiva mas cruel e que tudo permeia? A

condição feminina? A instituição familiar,

com o binómio dote-prostituição para

pagar dote? A injustiça social ou a pobreza

material? Curiosamente, sociólogos e

antropólogos que estudavam a sociedade

do País dos Deuses reportavam que não

se notava entre a população qualquer

sentimento de injustiça e, à parte o

esporádico panfl eto maoísta afi xado numa

árvore, não se vislumbrava qualquer

movimento de

revolta entre os

vencidos contra

as relações sociais

instituídas.

Relativistas

culturais, as

suas conclusões

resumiam-se a um

“se eles gostam,

quem somos nós

para julgar?”

Indira Gandhi

(1917-1984), no

entanto, não era

uma relativista

cultural: era uma

moralista que

julgava que esta

estrutura social

era injusta e

indigna de seres

humanos. Em 1975,

quando primeira-

ministra, e durante

o período de

O que será mais importante numa revolução? A alteração da estrutura de propriedade ou a mudança de mentalidade?

Debate Economia e sociedadeJosé Miguel Pinto dos Santos

Page 47: Jornal Público de 22.09.2015

PÚBLICO, TER 22 SET 2015 | 47

Uma terceira força política a 4 de Outubro

Aleitura do belo e comovente

artigo escrito por J. Pacheco

Pereira aqui no PÚBLICO no

passado dia 5 de Setembro —

“Dói-me Portugal” — acendeu

em mim um enorme desejo de

voltar ao tema da abstenção,

que acredito será expressiva,

emergindo como terceira força

política no próximo dia 4 de

Outubro. E não necessariamente por conta

dos jogos de futebol dos três principais

clubes portugueses nesse dia.

E fez-me refl ectir em como é possível que

os responsáveis pelas campanhas das duas

principais forças políticas em presença — e

mesmo das restantes — estejam a pensar,

se não apenas, pelo menos sobretudo, em

como se poderá captar votos do centro/de

moderados, em como poderão retirar-se

mutuamente votos, e não considerem os

milhares (digo bem, milhares) de eleitores

que se vão seguramente perder entre 2011

e 2015, por via da abstenção ou de votos

desperdiçados.

Talvez importe aqui fazer um pequeno

exercício numa perspectiva diferente do

que é habitual.

No ano de 2011 quantos eleitores votaram

no PSD?

Foram 2.159.181. E em 2009, já quase

no fi m do tempo de Sócrates, tinham sido

1.653.665.

Saldo: Mais 505.516 eleitores.

Nesse mesmo ano de 2011 quantos

eleitores votaram no PS?

Foram 1.566.347. Em 2009, tinham sido

2.077.238.

Saldo: Menos 510.891 eleitores

E quantos eleitores, em 2011, votaram no

CDS?

Foram 653.888. Em 2009 tinham sido

592.778.

Saldo: Mais 61.110

Estes resultados não são, como é

óbvio, directamente comparáveis com

os resultados das eleições que se lhes

seguiram: com os das autárquicas (2013)

porque nelas as personalidades dos vários

candidatos infl uenciam, mais do que

em legislativas, as contagens fi nais, mas

também porque nestas últimas já houve

coligações com especial peso; com os das

europeias (2014) porque, tradicionalmente,

nelas se regista um número de abstenções

muitíssimo superior ao de outras eleições.

Por outro lado, também não é facilmente

explicável a razão das aparentes migrações

entre partidos, que responderam pelas

mudanças de 2009 para 2011. Infelizmente

não existe entre nós a prática de realizar

estudos pós-eleitorais — ou, se existe,

os resultados desses estudos não são

conhecidos ou estarão limitados por

vários tipos de

constrangimentos.

Mas, seguindo

a fi losofi a do

exercício iniciado

atrás, observa-se

que:

— Nas autárquicas

de 2013 o PSD

perdeu uma

faixa substantiva

de eleitores —

concorrendo

sozinho, averbou

um número de

834.455 eleitores,

valor ao qual deverá

ser adicionado o

número de 736.146,

em coligação

com o CDS. Total:

1.570.601. Saldo

face a 2011: Menos

588.580 eleitores,

em termos

mínimos, por assim

dizer.

Opostamente, nas

autárquicas o PS

cresce em número

de eleitores, mesmo quando sozinho, tendo

registado o valor de 1.812.029 nesta situação

e mais 23.259 em coligações diversas. Total:

1.835.288. Saldo face a 2011: mais 268.941

eleitores — apenas, diria eu.

Ainda nas autárquicas parece evidente

que o CDS sozinho deveria ter fi cado

bastante longe do valor de 2011 e que ele

terá sido o grande benefi ciário da coligação,

talvez não tanto quanto os valores

registados sugerem: 152.973, sozinho;

888.219, no total. Ou seja, considerando os

valores partilhados com o PSD.

— Nas Europeias, a coligaçã0 PSD/

CDS registou 909.937 eleitores — quase

1/3 do valor atingido pelos dois partidos

isoladamente no início desta legislatura —

isto é, do seu possível potencial ao tempo.

Mas também o PS perderia uma elevada

proporção dos seus votantes nessas

eleições: de 1.566.347 passou para 1.033.158

— cerca de 1/3 do potencial anterior.

E acresce que, em paralelo, o número de

votantes no PCP se manteria praticamente

Consultora de marketing e estudosde opiniãoProfessor de Finanças, AESE

AMIT DAVE/REUTERS

Debate LegislativasMaria Eugénia Retorta

estado de emergência, fez implementar

um conjunto de reformas económicas que,

dizia-se, seriam de grande alcance: reforma

agrária, dando título de propriedade de

pequenas parcelas de terra a todas as

famílias, distribuição de gado pelos mais

pobres, e acesso a crédito bonifi cado aos

mais desfavorecidos. Com a alteração da

estrutura de propriedade e libertação

dos pobres do domínio dos agiotas

locais, Gandhi esperava eliminar a abjeta

submissão secular das castas mais baixas.

Também no País dos Deuses estas

reformas foram implementadas: os

vencidos receberam terras e gados e

foram informados de que créditos obtidos

nalguns dos bancos nas principais cidades

seriam bonifi cados. Uma revolução? Sem

dúvida. Mas o que será mais importante

numa revolução? A alteração da estrutura

de propriedade ou a mudança de

mentalidade? A contrarrevolução não se

fez tardar. Quem eram os reacionários? Aos

poucos, mas inexoravelmente, os novos

proprietários alienaram, voluntariamente

e sem necessidade aparente, terras e gados

e voltaram ao antigo sistema de devedor-

credor. No início dos anos 80, uma equipa

de antropólogos franceses que estudou

o efeito das reformas no País dos Deuses

concluía: a reversão à situação anterior

permitia ao grosso das castas baixas reavivar

um relacionamento social com signifi cado

cultural nas suas vidas: na Índia em geral, e

no Devbhumi em particular, a vida material

é mais uma expressão de um modo de estar

relacional do que uma fonte de autonomia

individual. Voilà.

Qual é a miséria mais miserável?

inalterado entre 2011 (de 441.147 para

416.446) — o que dirá muito das diferenças

entre os respectivos eleitorados, em termos

do nível de fi xação de cada um.

Estes movimentos, apoiados por

conversas de natureza qualitativa com

eleitores e pela evolução dos resultados das

sondagens, sugerem-me duas refl exões,

que vêm ao encontro do muito que se

tem especulado em meios políticos e

de comunicação social: primeiro, que

a coligação perdeu grande parte do seu

suporte de início, e por certo de forma

irrecuperável em muitos casos; segundo,

que o PS não tem conseguido capitalizar,

pelo menos sufi cientemente, os eleitores

mais profundamente descontentes.

Em qualquer dos casos, situações que

descartam a possibilidade de uma maioria

absoluta nas próximas eleições.

Por que razão começo por referir o

texto de Pacheco Pereira a este propósito?

Porque penso que é no segundo Portugal

— o dos mais infelizes com a sua vida

actual, o dos desesperançados, o dos

que não conseguem sair do estado de

miserabilismo em que sempre viveram,

e o dos que emigraram e não encontram

motivos para regressar e isto apesar dos

“excelentes resultados” macroeconómicos

apresentados para o país — que em grande

parte se encontram os eleitores que

permanecem desperdiçados pelas forças

políticas, sobretudo pelas principais.

O segundo Portugal é o que está

escondido, que é invisível — não é

seguramente aquele que sai para a rua,

em manifestações de ainda alguma

esperança, porque é capaz de encontrar

nos discursos dos políticos a reafi rmação

das suas ansiosas expectativas pessoais. Ou

porque receia a instabilidade que pode ser

arrastada por mudanças, pela emergência

do que não se conhece, ou conhece mal.

O segundo Portugal é o dos que não se

conseguem rever nos discursos feitos,

nem nos argumentos apresentados,

nem nas abordagens realizadas. Dos que

não atribuem qualquer signifi cado, no

quadro das suas existências presentes,

às referências a reduções do défi ce ou

a melhorias da balança de pagamentos,

ou ao fomento das exportações e muito

menos aos plafonamentos — se é que estes

conceitos lhes dizem alguma coisa.

O que os resultados das sondagens

recentemente publicados — e que tanta

polémica têm suscitado, gerando ondas

de euforia nuns grupos e de desânimo

noutros — espelham hoje é o modo como a

abstenção no segundo Portugal deverá vir a

afectar os comportamentos eleitorais a 4 de

Outubro.

E, em última instância, a deixar o país

sem uma alternativa governativa aceitável.

O segundo Portugal é o dos que não conseguem rever-se nos discursos feitos, nem nos argumentos apresentados, nem nas abordagens realizadas

NUNO FERREIRA SANTOS

Page 48: Jornal Público de 22.09.2015

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ESCRITO NA PEDRA

“Um general vitorioso nunca cometeu erros aos olhos do público, ao passo que um general vencido só fez asneiras, por mais sensato que tenha sido o seu procedimento” Voltaire (1694-1778), filósofo francês

TER 22 SET 2015

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Agosto 35.268 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

A vida do guarda-redes nunca mais foi a mesma desde que se lesionou num joelho p42

A série da HBO arrecadou 12 estatuetas (12), novo recorde nos Emmys p30

O psiquiatra Pedro Afonso lança hoje o livro Quando a Mente Adoece p14/15

O calvário interminável de Victor Valdés

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O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Vitor Silva Tavares (1937-2015)

Conheci Vitor Silva Tavares

há dois anos e meio,

quando fui bater à porta

do seu subterrâneo na Rua

da Emenda, sede mítica

da mítica &etc, para com

ele conversar sobre João César

Monteiro. Não era uma entrevista

formal, mas uma auscultação: eu

estava decidido a escrever uma

biografi a sobre João César e queria

saber o que é que ele pensava do

assunto e se tinha disponibilidade

para falar comigo. O Vitor tinha

disponibilidade, claro, e era uma

disponibilidade torrencial, com

as histórias a empilharem-se em

cima umas das outras, atilhadas

com anedotas e dichotes, como

é próprio de uma geração que

cresceu a conversar em cafés,

e que não só leu bastante mais

do que a minha geração como,

sobretudo, falou e conviveu muito

mais do que ela.

Diante de mim, eu tinha um

arquivo vivo de quase tudo o

que de melhor a cultura lisboeta

conseguiu produzir na segunda

metade do século XX, e ao fi m

de poucos minutos já estava

arrependidíssimo de não ter

levado um gravador para registar

aquilo que era suposto ser apenas

João Miguel Tavares

uma conversa de apresentação.

Foi a investigação em torno do

João César Monteiro que me levou

a Vitor Silva Tavares e, em boa

medida, foi Vitor Silva Tavares

que me levou ao pequeno mas

luxuriante mundo da edição

independente portuguesa, onde

o livro continua rodeado de uma

aura sagrada e permanece um

trabalho de artesanato, amoroso e

resistente às regras do “mercado”,

mesmo quando é transaccionado

aos sábados entre os alfarrabistas

da Rua Anchieta.

Ainda assim, aquilo que mais

me fascinava em Vitor Silva

Tavares não era o seu trabalho de

editor atento, idiossincrático e de

princípios inabaláveis, que fez da

&etc a editora exemplar que ainda

hoje é, nem sequer o homem

que enfrentou corajosamente a

censura do Estado Novo. Tudo

isso são qualidades admiráveis,

com certeza, mas em ambos

os casos é possível encontrar

outros nomes que as partilharam.

Contudo, havia um facto muito

particular que era para mim

surpreendente e desconcertante;

um traço de carácter que Vitor

Silva Tavares pareceu repartir com

mais ninguém: a capacidade que

teve para se manter amigo de Luiz

Pacheco e de João César Monteiro

ao longo de toda uma vida.

Pacheco e João César tinham

feitios impossíveis, e as suas

vidas são uma longa estrada

de amizades crucifi cadas pelos

seus temperamentos; gente que,

mais tarde ou mais cedo, acabou

por não aguentar e afastar-se.

Contudo, nessa terrível lista de

amigos caídos, o nome de Vitor

Silva Tavares fi cou sempre por

riscar — e é nesta perseverança

que reside o seu mistério. Não

sendo ele propriamente o mais

manso dos homens, como a

integridade do seu percurso bem

demonstra, como justifi car essa

paciência de Job? Que estranha

qualidade o fez permanecer

sempre ao lado de quem tanto

pedia e tão pouco dava em troca?

Não vou fi ngir que encontrei

uma boa resposta para essa

pergunta, até porque a longa

entrevista sobre João César

Monteiro nunca chegou a ser

realizada, por minha culpa:

a biografi a tem vindo a fazer

caminho, mas demasiado devagar,

como se vê. E, no entanto, a

atitude de Vitor Silva Tavares

perante os mais excêntricos de

entre os excêntricos tem sido,

desde a minha visita à Rua da

Emenda, não só um enigma, mas

também uma inspiração. Há na

sua postura uma grandeza de

carácter que se sobrepôs à sua

obra, um apagamento assumido

de si — até como escritor e poeta

— para outros brilharem. E essa é

uma forma absolutamente radical

de entrega aos outros, em tudo

digna do nosso espanto e da nossa

admiração.

Dois adultos e duas crianças morre-

ram ontem à noite num embate que

envolveu dois carros e uma carroça

na Estrada Nacional n.º 2, à entrada

de Castro Verde, no distrito de Beja,

avançou ao PÚBLICO o capitão Sou-

sa, da GNR de Beja. Um bebé de 18

meses fi cou ferido com gravidade no

acidente, tendo sido transportado

de helicóptero para o Hospital de

Santa Maria, em Lisboa, adiantou

Ivone Ferreira, assessora de impren-

sa do Instituto Nacional de Emer-

gência Médica (INEM). A mesma

fonte acrescentou que uma outra

criança, de 15 anos, que também

viajava na carroça, fi cou ferida sem

gravidade, tendo sido transportada

para o hospital de Beja. As vítimas

mortais seguiam todas na carroça,

que transportava vários elementos

da mesma família.

O acidente ocorreu por volta das

20h, tendo sido activados vários

meios de socorro, incluindo um

helicóptero e uma viatura médica

de emergência e reanimação, am-

bos do INEM. A Estrada Nacional n.º

2 está cortada ao trânsito desde o

acidente, prevendo o capitão Sousa

que seja reaberta ao trânsito até às

23h. “Ainda estamos a averiguar as

circunstâncias do acidente, mas tu-

do indica que a falta de visibilidade

terá estado na origem do acidente”,

Dois adultos e duas crianças que viajavamem carroça mortosem acidente com carros

afi rmou o militar da GNR de Beja.

“As duas viaturas e a carroça, que

não estava sinalizada, seguiam no

sentido norte-sul. O primeiro veí-

culo ligeiro ainda se tentou desviar

da carroça, mas acabou por embater

nela. Já a segunda viatura colidiu to-

talmente com a carroça à retaguar-

da”, descreveu o capitão.

Contactado pelo PÚBLICO, o

assessor de imprensa do Hospital

de Santa Maria recusou-se a adian-

tar informações sobre o estado de

saúde do bebé, justifi cando que é

política da unidade não dar escla-

recimentos sobre menores.

Segundo o militar da GNR de Be-

ja, que corrigiu os dados avançados

inicialmente, os dois adultos que

morreram no acidente seriam um

casal e teriam entre os 30 e os 45

anos. Ainda há informações contra-

ditórias sobre as idades dos envolvi-

dos. As crianças falecidas, um rapaz

e uma rapariga, teriam sete e oito

anos, segundo Ivone Ferreira. Os

condutores dos dois automóveis,

um suíço de 74 anos e um portu-

guês de 66, terão fi cado feridos sem

gravidade, tendo sido transferidos

para um centro de saúde.

No local estiveram viaturas e ele-

mentos de três corporações de bom-

beiros (Castro Verde, Ourique e Al-

justrel), além de uma ambulância da

Cruz Vermelha de Castro Verde.

O animal que puxava a carroça,

um cavalo, sobreviveu ao aciden-

te.

AcidenteMariana Oliveira

Todos os dias os nossos conteúdos especiais e a cobertura da campanha eleitoral no terrenovão estar no site especial que o Público desenvolveu

SAIBA TUDO EM publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

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