Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

48
269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Mais de 320 crianças foram raptadas por um dos pais desde 2010 Portugal registou 326 pedidos para o regresso de menores raptados por um dos progenitores, uma média de um pedido por semana. França, Reino Unido e Brasil são os principais destinos desses menores Portugal, 10 Portugal não tem profissionais qualificados em número suficiente em sectores como o turismo, engenharias ligadas à indústria e Tecnologias de Informação Economia, 14 Pela primeira vez, a bienal de Design de Lisboa transfere-se para mais duas cidades, a norte. Nona edição arranca a 12 de Novembro, no Porto p28 Passos dá sinal de não querer acelerar processo de formação de Governo. Presidente do PS, que hoje será eleito líder da bancada, critica “a demora” p2 a 4 ExperimentaDesign leva bienal para Porto e Matosinhos Impasse político reforça incerteza orçamental SAÚDE ENCHIDOS E SALSICHAS SÃO TÃO CANCERÍGENOS COMO O TABACO Ciência, 25 HEINO KALIS/REUTERS TER 27 OUT 2015 EDIÇÃO LISBOA Áreas que geram mais emprego têm falta de trabalhadores qualificados EDUCAÇÃO E SE 4% DOS PIORES PROFESSORES FOSSEM AFASTADOS DAS ESCOLAS? Portugal, 8/9 Ano XXVI | n.º 9326 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL HOJE Descobrimentos: 600 Anos do Início da Expansão Portuguesa 2.º vol: O Progresso dos Descobrimentos no Tempo de D. Afonso V e D. João II inclui uma assinatura semanal digital do Público Por + 6,90€ o P gal, 8/9

description

Jornal Diário "Público" de 27 de Outubro de 2015 - Portugal

Transcript of Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

Page 1: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Mais de 320 crianças foram raptadas por um dos pais desde 2010Portugal registou 326 pedidos para o regresso de menores raptados por um dos progenitores, uma média de um pedido por semana. França, Reino Unido e Brasil são os principais destinos desses menores Portugal, 10

Portugal não tem profi ssionais qualifi cados em número sufi ciente em sectores como o turismo, engenharias ligadas à indústria e Tecnologias de Informação Economia, 14

Pela primeira vez, a bienal de Design de Lisboa transfere-se para mais duas cidades, a norte. Nona edição arranca a 12 de Novembro, no Porto p28

Passos dá sinal de não querer acelerar processo de formação de Governo. Presidente do PS, que hoje será eleito líder da bancada, critica “a demora” p2 a 4

ExperimentaDesign leva bienal para Porto e Matosinhos

Impasse político reforça incerteza orçamental

SAÚDEENCHIDOS E SALSICHAS SÃO TÃO CANCERÍGENOS COMO O TABACO Ciência, 25

HEINO KALIS/REUTERS

TER 27 OUT 2015EDIÇÃO LISBOA

Áreas que geram mais emprego têm falta de trabalhadores qualificados

EDUCAÇÃOE SE 4% DOS PIORES PROFESSORES FOSSEM AFASTADOS DAS ESCOLAS?Portugal, 8/9

Ano XXVI | n.º 9326 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

HOJE Descobrimentos: 600 Anos do Início da Expansão Portuguesa2.º vol: O Progresso dos Descobrimentos no Tempo de D. Afonso V e D. João II inclui uma assinatura semanal digital do Público Por + 6,90€o P

gal, 8/9

Page 2: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

NOVA LEGISLATURA

Coligação e PS fazem jogos de (im)paciência

As negociações entre o PS

e os dois partidos à sua es-

querda, PCP e BE, prosse-

guem, discretamente, entre

as equipas de negociadores,

no Parlamento. Ainda não

há um documento fi nal, assinado

pelos três partidos, mas existe uma

plataforma comum que permite a

António Costa contar com a aprova-

ção do Orçamento para 2016. Muito

centrada na política de rendimentos,

a negociação permite, também, criar

condições para que os próximos or-

çamentos obtenham o voto favorável

da maioria dos deputados. “Impedir

que as medidas de austeridade in-

cidam sobre salários e pensões” é,

para simplifi car, o objectivo desse

acordo.

Mas a iniciativa, agora, está do lado

da coligação PSD/CDS-PP. É Pedro

Passos Coelho que tem de formar

Governo, apresentá-lo ao Presidente

da República e, de seguida, mostrar

o seu programa no Parlamento. Aí,

como já foi assumido por PS, PCP e

BE, será muito provavelmente rejei-

tado. O que implica a demissão do

primeiro-ministro.

Isso ajuda a explicar este “jogo de

paciência” que Passos e Costa estão

a jogar e a ausência de novidades,

quer de um lado quer do outro. O ac-

tual primeiro-ministro indigitado dá

sinais de não querer acelerar o pro-

cesso de formação do seu Governo.

Passos prefere manter a pressão so-

bre o PS, deixando que as notícias e

os comentários sobre as linhas gerais

do acordo da esquerda desgastem o

seu adversário — por não haver ainda

nenhum acordo ofi cial e por serem

divulgadas medidas que podem im-

plicar aumento da despesa —, em vez

de sujeitar o seu próprio programa

Presidente do PS protesta que Passos tarda a apresentar o novo executivo e programa, que a maioria de esquerda no Parlamento promete chumbar. Esquerda e direita tentam moldar o tempo aos seus interesses

Paulo Pena Lei dá ao PSD a presidência do conselho de administração do Parlamento

Os representantes dos partidos no conselho de administração da Assembleia da República

vão ser eleitos amanhã, mas o PSD assegura, por lei, a presidência deste órgão, por ter o maior grupo parlamentar.

Depois de ter perdido a presidência da Assembleia da República para o socialista Eduardo Ferro Rodrigues, o PSD conseguirá assegurar a presidência do conselho de administração, o órgão de consulta e de gestão do Parlamento. A lei orgânica da Assembleia da República e o regulamento interno estabelecem que o conselho de administração é presidido por um deputado do “maior grupo parlamentar”, que é o PSD, com 89 deputados (seguido pelo PS, com 86). A situação é diferente da da eleição do presidente da Assembleia da República que tem de ser garantida pela maioria absoluta de votos (no mínimo, 116 deputados).

O conselho de administração, ao qual compete, por exemplo,

definir as orientações orçamentais da assembleia, é composto por um deputado de cada bancada — PSD, CDS, PS, PCP, BE e Verdes (o PAN tem apenas um deputado e não constitui grupo parlamentar) — e um representante dos funcionários (que já foi eleito pelos trabalhadores), além do secretário-geral do Parlamento. Na legislatura que terminou, a presidência foi exercida pelo social-democrata Couto dos Santos. Amanhã, os deputados, reunidos em plenário, dispõem de um boletim de voto com os nomes do presidente e dos restantes representantes das bancadas parlamentares, por ordem decrescente de representatividade, propostos para integrar o conselho de administração. A eleição é feita por voto secreto no hemiciclo. O mesmo procedimento será feito para os restantes membros da mesa, vice-presidentes (quatro) e secretários. Os nomes propostos só deverão ser revelados hoje.Sofia Rodrigues

a um chumbo quase garantido pela

maioria de esquerda no Parlamento.

António Costa, por seu lado, tem

repetido que não quer que aconteça

a este acordo com os partidos de es-

querda o que aconteceu ao seu pro-

grama eleitoral para as legislativas

de 4 de Outubro: estar no centro das

críticas. Para o PS, o momento certo

para apresentar o eventual acordo

que está a negociar com Jerónimo de

Sousa e Catarina Martins é depois de

ser conhecido o programa do Gover-

no de Passos Coelho.

“Demora” incompreensívelE exaspera-se por esse processo pa-

recer não avançar. Numa nota ontem

enviada à agência Lusa, o presidente

do PS, Carlos César, considera incom-

preensível “a demora” do primeiro-

ministro indigitado Passos Coelho

em “apresentar a composição do

Governo para tomar posse e apres-

sar a apreciação do programa do Go-

verno. Temos que passar adiante”,

enfatiza Carlos César, que, amanhã,

deverá ser eleito pelos outros depu-

tados socialistas para suceder a Ferro

Rodrigues nas funções de líder par-

lamentar socialista.

O presidente do PS considera que,

na actual conjuntura, o país “não po-

de perder tanto tempo e não deve

fi car com um Governo que não

governa e que só quer concluir

uns quantos negócios à pressa,

e consolidar por toda a parte e

A afirmação do presidente do PS denota, de forma muito nítida, ambição de poder, sede de poder, fome de poderPaulo Portaslíder do CDS-PP

Page 3: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | DESTAQUE | 3

Ainda nem se sabe se o défi ce

público fi ca abaixo de 3%

este ano, mas a incerteza

orçamental já está centrada

naquilo que irá acontecer

em 2016, especialmente nos

primeiros meses.

Com Pedro Passos Coelho encar-

regado de formar um Governo que

pode cair assim que o programa for

apresentado no Parlamento, já é cer-

to que 2016 irá iniciar-se sem que um

novo Orçamento do Estado seja apro-

vado. Mas as certezas fi cam por aqui.

Não se sabe por quanto tempo irá

viver o país sem orçamento e subsis-

tem as dúvidas em relação às medi-

das do Orçamento de 2015 que vão

continuar a ser aplicadas a partir de

1 de Janeiro. Perante isto, fazer pre-

visões em relação ao défi ce público,

que o Governo queria que fosse de

1,8%, é tarefa, no mínimo, arriscada.

A primeira dúvida é o impacto de

uma execução orçamental feita em

regime de duodécimos. O que isto

signifi ca é que, iniciando-se 2016

sem orçamento, cada um dos servi-

ços do Estado fi ca apenas autoriza-

do a gastar durante um mês o valor

correspondente ao orçamento anual

do ano anterior dividido por 12. Isto,

só por si, não signifi ca que haja uma

derrapagem orçamental. Olhando

para o Programa de Estabilidade

apresentado pelo Governo, a des-

pesa pública projectada para 2016

num cenário de redução do défi ce

para 1,8% até seria, em termos no-

minais, superior em cerca de 400

milhões de euros ao valor de 2015.

Deste modo, tal como aconteceu no

passado, limitar os gastos ao valor do

ano anterior até poderia representar

uma contenção da despesa. O pro-

blema coloca-se sobretudo no corte

da despesa e no reforço da receita,

aplicados em 2015 e que agora não é

certo que continuassem, num regime

de duodécimos.

Não havendo novo orçamento, o

que acontece é a prorrogação da lei

do OE do ano anterior. Mas a apli-

cação não acontece com todas as

medidas. De fora fi cam, de acordo

com a Lei de Enquadramento Or-

çamental, aquelas que apenas vigo-

rariam no ano a que diz respeito o

orçamento.

Impasse político acentua incerteza orçamental

Podem estar em causa várias me-

didas. Em primeiro, os cortes sala-

riais na função pública. Estes não

constam do OE, tendo sido postos

em prática através de uma lei autó-

noma que afi rma que vigoram “no

ano 2014 a partir da data da entra-

da em vigor da presente lei e no ano

seguinte”, não havendo referência a

2016. A diferença entre aquilo que o

Governo previa de despesa e um ce-

nário de desaparecimento dos cortes

é de 459 milhões de euros. Depois há

a sobretaxa do IRS, prevista no OE,

sem que seja feita referência explícita

a 2016. Neste caso, a diferença entre

o cenário de reversão progressiva do

Governo e o da anulação da medida

é de uma redução da receita de 570

milhões de euros. Ameaçado está

ainda o congelamento do montante

da actualização do valor nominal das

pensões, que tem vindo a ser reno-

vado sucessivamente em cada novo

orçamento. O impacto neste caso é

de 400 milhões de euros.

Há ainda outras medidas de me-

nor dimensão, como a Contribuição

Extraordinária de Solidariedade, em

que se coloca a dúvida sobre a con-

tinuação da vigência. As opiniões

dividem-se em relação ao que pode

acontecer a todas estas medidas,

quando se chegar a 2016. O ministro

da Presidência e dos Assuntos Par-

lamentares, Luís Marques Guedes,

referiu-se recentemente a esta ma-

téria, reconhecendo que o princípio

da prorrogação das medidas do OE

tem excepções, mas afi rmando que

esse “não é necessariamente o caso

da sobretaxa”.

Guilherme Waldemar de Oliveira

Martins, professor da Faculdade de

Direito da Universidade de Lisboa

que coordenou o grupo de trabalho

para a revisão da Lei de Enquadra-

mento Orçamental, defendeu no

Jornal de Negócios que medidas co-

mo a sobretaxa ou o congelamento

das pensões devem ser considera-

das como excepção. “Todas as me-

didas destinadas a vigorar apenas

MIGUEL MANSO

Sérgio Aníbalnum determinado ano económico,

que têm natureza transitória, cadu-

cam”. Nuno Cunha Rodrigues, outro

professor da Faculdade de Direito da

Universidade de Lisboa, tem menos

certezas. “É uma questão de inter-

pretação da lei e ambas as leituras fa-

zem sentido”, diz, antecipando que

aquilo que pode vir a acontecer é “o

Governo fazer a sua interpretação

da lei e, depois, no limite, a questão

será decidida pelo Tribunal Consti-

tucional”.

No caso de anulação de todas es-

tas medidas, o impacto orçamental

imediato pode ser signifi cativo, de-

pendendo do número de meses em

que o país venha a viver sem novo

Orçamento e dos efeitos indirectos

positivos que se possam estimar por

causa do aumento do rendimento dis-

ponível dos portugueses. De acordo

com as projecções do Conselho das

Finanças Públicas, num cenário de

políticas inalteradas, sem novas me-

didas nem as medidas de 2015 como

o corte salarial, a sobretaxa, o conge-

lamento das pensões e a CES, o au-

mento da despesa pública face a este

ano seria em 2016 de 2595 milhões de

euros, o que contribuiria para que o

défi ce fi cassem em 3,2%.

E um Governo de gestão não po-

deria fazer nada em relação a isso?

Também aqui não há muitas cer-

tezas, mas parece existir um certo

espaço de manobra. “Um Governo

em gestão não é um Governo para-

lisado. É um Governo limitado, mas

tem também alguns poderes orça-

mentais”, afi rma Nuno Cunha Rodri-

gues. O professor de Direito assinala

que, num cenário em que é preciso

executar mais despesa do que aque-

la que está prevista no Orçamento,

poderia ser possível a um executivo

desse tipo avançar com alterações

orçamentais. Não poderiam ser me-

didas novas, tinham de ser medidas

que caíssem dentro do objectivo de

cumprir a lei do orçamento que tinha

sido prorrogada.

E depois, há sempre a possibilida-

de de o Parlamento, por proposta de

uma força partidária, aprovar novas

medidas com impacto na despesa e

na receita. Marques Guedes fez ques-

tão de assinalar este facto, afi rman-

do que a Assembleia da República

“tem iniciativa legislativa em todos

os domínios fi scais com impacto or-

çamental”.

César defende que Cavaco já devia ter instado a coligação a apresentar o Governo: “Para uns efeitos, o Presidente da República fala a mais e, para outros, a menos”, critica

à socapa centenas de nomeações

para controlo partidário futuro da

administração” — uma acusação re-

futada por Marques Guedes, ministro

da Presidência, que garantiu que o

Governo não teve “qualquer tipo de

intervenção e responsabilidade” na

nomeação de cargos intermédios na

administração pública que resultam,

sobretudo, de concursos públicos re-

alizados no primeiro semestre.

Carlos César também apontou o

dedo ao silêncio do Presidente da

República, Cavaco Silva, em relação

ao que (não) se está a passar. “Nem

se compreende que o Presidente da

República o permita”, lê-se. “Para

uns efeitos, o Presidente da Repú-

blica fala a mais e, para outros, a

menos. Assim não”, acrescenta.

A iniciativa de Carlos César foi logo

criticada pelo líder do CDS-PP, Paulo

Portas, que acusou o presidente do

PS de revelar “sede de poder”. “O

Presidente da República indigitou

o dr. Pedro Passos Coelho, que eu

saiba, na quinta-feira à noite da pas-

sada semana. Estamos, portanto, no

segundo dia útil. Essa afi rmação do

presidente do PS denota, de forma

muito nítida, ambição de poder, se-

de de poder, fome de poder. Esta-

mos no segundo dia útil”, afi rmou

Paulo Portas aos jornalistas, à mar-

gem de uma reunião com a UGT.

A escolha de Carlos César para lí-

der parlamentar foi justifi cada por

António Costa durante a reunião que

fez na semana passada, no Parlamen-

to, com os novos deputados do PS,

com a visão do secretário-geral so-

bre os próximos quatro anos. Costa

explicou que via o líder parlamentar

como o “n.º 2 do Governo” devido à

“forte incidência parlamentar” que

um eventual Governo por si liderado

teria de ter. Nesse ambiente, concre-

tizou Costa, o líder da bancada teria

de ter uma “função completamente

diferente” da dos mandatos anterio-

res, muito mais focado em negocia-

ções com as outras forças políticas

representadas no Parlamento.

Do lado do PSD, o deputado social-

democrata Luís Montenegro decidiu

recandidatar-se à liderança do gru-

po parlamentar e já transmitiu essa

decisão a Passos Coelho e aos depu-

tados da sua bancada, que elegem

hoje o líder.

Também num comunicado envia-

do à Lusa, Luís Montenegro escreve

que, nos últimos dias, foi “instado por

vários deputados a dar continuidade

ao trabalho feito nos últimos quatro

anos e meio”, mantendo-se à frente

da bancada do PSD neste “momen-

to parlamentar mais complexo”.

“Reclamaremos de todos os grupos

parlamentares o mesmo sentido de

compromisso e abertura que impore-

mos a nós próprios e não calaremos

a nossa voz na denúncia de qual-

quer ataque aos valores e princípios

da democracia de Abril”, garante.

com N.S.L. e Lusa

As opiniões dividem-se, mas um orçamento em duodécimos pode levar o défice de 2016 para os 3,2%

Page 4: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

É a primeira iniciativa que toma

como deputado eleito pelo

Pessoas-Animais-Natureza

(PAN). Ontem, pouco depois

das 9h, André Silva assinou

na Assembleia da República

(AR) um requerimento para que a

Iniciativa Legislativa de Cidadãos

(ILC) pelo fi m dos canis de abate, que

já tinha dado entrada na anterior le-

gislatura, seja recuperada e discutida.

A ILC tinha já sido avançada pelo

PAN na passada legislatura, recolhen-

do 43 mil assinaturas. Mas não che-

gou a ser discutida e, como não tran-

sita de uma legislatura para outra, é

necessário entregar um requerimen-

to para que volte a dar entrada na

AR. A ILC permite que um grupo de

cidadãos apresente projectos de lei,

subscritos por um mínimo de 35 mil

pessoas. Enquanto deputado, André

Silva já não precisava deste instru-

mento legal, mas decidiu fazê-lo para

que as pessoas que recolheram as as-

sinaturas, e as que assinaram, sintam

que o seu trabalho não foi em vão.

No documento, defende-se a proi-

bição do “abate indiscriminado de

animais pelas câmaras”; uma “polí-

tica de controlo das populações de

animais errantes” que inclua a este-

rilização e encaminhamento para

adopção; e a instituição de “condi-

ções adicionais para a criação e ven-

da de animais de companhia”, proi-

bindo a venda nas lojas de animais e

impondo condições “especialmente

exigentes para a criação”.

O deputado do PAN continua ainda

sem tomar posição sobre as negocia-

ções entre o PS, PCP e BE, nem diz

como votará as anunciadas moções

de rejeição ao programa de Governo

da coligação de direita. Esses assun-

tos estarão hoje em discussão na co-

missão política permanente do parti-

do. Esta semana decorrerão também

reuniões entre o PS e o PAN. Embora

ache que o Presidente da República

deve indigitar o líder que considere

ter mais condições para dar estabili-

dade governativa ao país, André Silva

não tem dúvidas de que o discurso de

Cavaco Silva podia ter sido “menos

crispado” e polarizador. M.J.L.

PAN insiste em levar o fim dos canis de abate ao Parlamento

Governo de iniciativa presidencial é viável mas pouco operativo

Um executivo presidencial, embora viável, é considerado pouco operativo pelos

constitucionalistas Jorge Reis Novais, Manuel Monteiro e Tiago Duarte. O crivo do hemiciclo de São Bento não garante a sobrevivência. Jorge Miranda admite tal solução, no limite.

Na história do constitucionalismo português, recordam os quatro peritos ouvidos pelo PÚBLICO, há um antes e depois: a linha de demarcação é a revisão constitucional de 1982. E esta ocorreu na sequência dos governos de iniciativa do então Presidente da República, general António Ramalho Eanes, sucessivamente liderados por Nobre da Costa, Mota Pinto e Maria de Lurdes Pintasilgo.

Reis NovaisSem viabilidade“Teoricamente é sempre possível, não há limites constitucionais e cabe à vontade do Presidente da República”, afirma Jorge Reis Novais, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, especialista de Direito Constitucional e antigo assessor de Jorge Sampaio em Belém, entre 1996 e 2006. “O problema é que, nas actuais circunstâncias, um Governo de iniciativa presidencial tem a mesma viabilidade de um executivo da coligação PSD e CDS-PP. Em princípio não passa na Assembleia da República devido à maioria [do PS, BE e PCP] que se está a formar”, destaca. “Em termos constitucionais, o Presidente pode fazê-lo como, em tempos, o fez o general Ramalho Eanes, mas a solução não tem viabilidade, não é operativa, porque só pode ser viável se o Parlamento quiser”, conclui.

Jorge MirandaAté Maio/Junho de 2016“Se, porventura, não passar o novo executivo de Passos Coelho e se, eventualmente, o Governo António Costa não for constituído, a única possibilidade é um executivo

de iniciativa presidencial que terá de passar na Assembleia da República”, admite Jorge Miranda. O catedrático de Direito Constitucional nas faculdades da Universidade de Lisboa e da Universidade Católica, deputado à Constituinte, recorda o recurso a executivos promovidos por Belém com as nomeações pelo general Eanes de Nobre da Costa, Mota Pinto e Lurdes Pintasilgo como primeiros-ministros. “Depois da revisão constitucional de 1982, qualquer Governo tem de passar pela Assembleia da República, é no limite das possibilidades”, reconhece Jorge Miranda. A este propósito, recorda que tal solução aconteceu em Itália com o gabinete liderado por Mário Draghi sob o impulso do Presidente Giorgio Napolitano e, mais recentemente, na Grécia, até às últimas eleições, com o executivo de Alexis Tsipras.

“Tendo em conta a falta de maioria absoluta, o Presidente em fim de mandato e uma eleição presidencial em Janeiro, o Governo de iniciativa presidencial duraria alguns meses, até às novas eleições, em Maio/Junho de 2016”, antevê. “Poderia ser uma via de contornar a crispação, seria um executivo com base de independentes, de pessoas sem compromissos muito marcados com os partidos, com distanciamento das tricas partidárias, com o objectivo de aprovar o Orçamento e dar resposta a exigências da União Europeia, como a crise dos refugiados”, termina.

Tiago DuarteFórmula deixou de existir“Há que esclarecer que nunca na Constituição estava inscrita a norma de um Governo de iniciativa presidencial, mas até à revisão de 1982 os governos respondiam perante e a Assembleia da República e o Presidente”, refere Tiago Duarte, professor de Direito Constitucional da Universidade Nova de Lisboa. “Os executivos de iniciativa presidencial ocorreram em cenários muito

específicos, quando não havia maioria”, assinala: “A partir do momento em que os governos não têm de ter o apoio político do Presidente, esta fórmula deixa de existir.” “Qualquer executivo tem de apresentar o seu programa no Parlamento, pelo que, nas actuais circunstâncias, em termos políticos tal solução deixou de ter viabilidade”, sentencia.

Manuel MonteiroVantagem do presidencialismo“Embora constitucionalmente seja possível [executivo de iniciativa presidencial], a revisão de 1982 diminuiu consideravelmente o papel político do Presidente, como os partidos então quiseram, tendo em conta o que se passou com o general Ramalho Eanes”, recorda Manuel Monteiro, constitucionalista e antigo líder do Partido Popular. “Pelo que um Governo de iniciativa presidencial está esvaziado de conteúdo face à nova realidade constitucional”, sublinha.

“De qualquer forma, o Governo tem de ter aprovado o seu programa no Parlamento, o executivo pode ser de gestão mas o Parlamento não está em gestão, mas sim em plenitude de funções”, refere. “Independentemente da legítima questão sobre a ética do comportamento e da prática política, o sistema de governo em Portugal permite um Governo de maioria parlamentar que não corresponda aos partidos que ficaram à frente no acto eleito eleitoral; assim, não há nenhum impedimento para um executivo com maioria de esquerda”, analisa. “O sistema de governo foi montado na base de uma lógica de transversalidade de interesses, de alternância entre os mesmos como até agora”, prossegue. “Esta situação tem o mérito de, 40 anos depois, fazer compreender aos portugueses o sistema de governo que têm, criado com o pressuposto de quem perde deixa governar, razão pela qual prefiro um sistema presidencialista”, conclui. Nuno Ribeiro

NOVA LEGISLATURA

Page 5: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

ARTE NA SUA CARTEIRA.

* TAEG de 18,4 %, na linha de crédito suplementar de pagamentos fracionados, para um montante de 1.500 € com reembolso a 12 meses à TAN de 14,65%.** TAEG de 17,2%, para um montante de€ 1.500, com reembolso a 12 meses, à TAN de 15,30%.

Novos Cartões da Caixa

www.cgd.pt | 707 24 24 24 | 24h todos os dias do ano | Informe-se na Caixa.

HÁ UM BANCO QUE AJUDA A DAR CERTEZAS AO FUTURO.A CAIXA. COM CERTEZA.

TAEG de 17,2%**

do seu dia-a-dia ao permitirem arredondar o valor das suas compras, aumentando automaticamente a sua poupança. Com os cartões de crédito de particulares da Caixa tem ainda acesso a uma linha de crédito suplementar de pagamentos fracionados (TAEG de 18,4%*) que permite fracionar os seus pagamentos em prestações constantes. Porque ajudá-lo a gerir o seu orçamento é a nossa arte.

Page 6: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

6 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Portugueses ajudam a reunir famílias de refugiados separadas pela guerra

ELVIS BARUKCIC/AFP

O ACNUR estima que pelo menos 10 mil crianças tenham chegado à Europa sem os pais

Há mais de 20 anos, Marta Moita ar-

ranjou um trabalho de Verão nas lim-

pezas de um hospital na Alemanha.

Foi lá que a agora investigadora prin-

cipal do Programa Champalimaud de

Neurociências conheceu uma mãe e

duas fi lhas. A história da vida dessa

família cruza-se com o presente da

Europa. Eram refugiadas da Bósnia

e, pelo caminho da guerra, tinham

perdido o rasto ao pai. Perante a no-

va crise de refugiados (ver página 22),

Marta Moita sentiu necessidade de

criar um projecto de apoio. Não fez

uma ligação directa ao caso da famí-

lia da Bósnia, mas reconhece que “se

calhar implicitamente” esteve sem-

pre na sua cabeça. Hoje nasce ofi cial-

mente uma plataforma de crowdfun-

ding que pretende reunir verbas para

voltar a juntar famílias separadas pela

crise humanitária. Chama-se Recon-

nect — Help refugees fi nd their families.

“O que me fez a mim passar à ac-

ção foi sentir que há uma solução

para este problema dos refugiados,

pelo menos em parte. A Europa tem

capacidade para lidar com esta cri-

se humanitária de refugiados e não

o está a fazer. Foi isso que me vez

avançar”, explica ao PÚBLICO a in-

vestigadora de 43 anos. “Às vezes a

solução é muito complicada. Mas,

apesar de ser complicada, acho que

existem meios para lidar com isto. A

Europa só tinha a ganhar com lidar

com esta crise e achei que com cer-

teza não era a única a pensar assim

e que se devia dar voz aos cidadãos

que acham que se deve e que se pode

actuar”, acrescenta.

O projecto Reconnect, que saiu da

cabeça de Marta Moita, arranca ofi -

cialmente hoje, mas o entusiasmo foi

tal que já está online na plataforma

de crowdfunding Indiegogo e rece-

beu vários donativos. Pelo caminho

contou com o apoio da ilustradora

Madalena Matoso — para dar cor e

vida à imagem do projecto — e ainda

com um artista, um músico e uma

professora de Literatura. O objecti-

vo é conseguir reunir 25 mil euros,

que se estima serem sufi cientes para

ajudar 100 crianças a recuperarem

as suas famílias. A investigadora

conta também com o apoio do Al-

to Comissariado das Nações Uni-

das para os Refugiados (ACNUR).

Aliás, as verbas doadas na platafor-

ma através de um simples pagamen-

to com cartão de crédito vão directa-

mente para a conta do ACNUR, que

ajudou a fazer algumas das contas.

Nos últimos tempos o alto comis-

sariado estima que mais de 10 mil

crianças possam ter entrado sozi-

nhas em Itália e Malta e aponta para

que sejam necessários, em média,

250 dólares para as manter seguras

e reencontrar as famílias. “Contac-

tei várias pessoas que sabia estarem

ligadas a estas questões dos refugia-

dos. Contactei também directamente

António Guterres, do ACNUR, e tive

logo resposta”, adianta Marta Moita,

lembrando que o alto comissariado

tem precisamente um programa de-

dicado a juntar de novo as famílias.

“Quis perceber como é que o pro-

grama funcionava. Foi através do di-

álogo que consegui ir dando forma

à campanha porque nunca fi z nada

disto”, conta, esperando que este

projecto seja mais uma ajuda “numa

crise de proporções enormes”. Afi r-

mando que a dimensão das notícias

e a passividade das autoridades a in-

centivaram a agir, explica: “Claro que

não é a única crise, mas é aqui muito

próxima e, sobretudo, é num sítio

em que eu acho que há capacidade

para agir e essa inércia e resistência

que se vê fez-me actuar”. Acredita,

também, que a Europa não só pode

como deve dar uma resposta a estas

pessoas: “A Europa tem a capacida-

de de lidar, absorver e integrar estas

pessoas até que haja condições para

quem quiser voltar”.

A investigadora da Champalimaud

encoraja mais cidadãos a apoiarem

o projecto, até por considerar que é

um forte sinal para as autoridades.

“Na Europa, vive-se uma espécie de

crise de valores e é importante que

a Europa se redeclare como um sítio

onde se valoriza a solidariedade so-

cial. Ao mesmo tempo que há imen-

sas iniciativas de cidadãos, com bas-

tante demonstração de vontade de

serem solidários, isso não é acom-

panhado pelos decisores e grandes

agentes que podem realmente fa-

zer a mudança”, diz, lamentando

que “dois terços do dinheiro que a

Comissão Europeia mobilizou seja

para as fronteiras” e não para inte-

grar pessoas.

Verbas reunidas em plataforma online de crowdfunding revertem directamente para programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados que se dedica a procurar familiares perdidos

Crise dos refugiadosRomana Borja-Santos

Ver vídeo emwww.publico.pt

Page 7: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | PORTUGAL | 7

A chegada dos “refugiados vindos

do Egipto decorre no âmbito de um

processo diferente, denominado

de reinstalação, e constitui a quota

que o Alto Comissariado das Nações

Unidas para os Refugiados (AC-

NUR) atribuiu a Portugal em 2014,

não tendo qualquer relação com o

processo de recolocação dos 4500

requerentes de protecção interna-

cional, conforme decisão da União

Europeia”, explica o comunicado

do Serviço de Estrangeiros e Fron-

teiras (SEF), citado pela Lusa.

O SEF adianta que os 45 refugia-

dos deviam ter chegado a Portugal

em Setembro, mas “uma situação

burocrática no Egipto” impediu a

saída do grupo do campo de refu-

giados do Cairo, tendo aquele servi-

ço de segurança recebido indicação

do ACNUR de que “a situação está

ultrapassada e será expectável” que

cheguem ao país no início de No-

vembro. Segundo o SEF, a maioria

dos 45 refugiados é da Síria, existin-

do também cidadãos da Eritreia e

Sudão, encontrando-se no Cairo já

há algum tempo, sob mandado do

ACNUR, e chegam a Portugal com

o estatuto de refugiados reinstala-

dos.

Os 45 refugiados são maioritaria-

mente famílias com crianças peque-

nas e vão fi car instalados em Penela

e na área de Lisboa, refere aquele

serviço de segurança, sublinhando

que a reinstalação está a ser pre-

parada com a cooperação de orga-

nizações não governamentais tais

como o Conselho Português para

os Refugiados, o Serviço Jesuíta aos

Refugiados e a Fundação Assistên-

cia, Desenvolvimento e Formação

Profi ssional. Em Penela, vão fi car

a morar em apartamentos autóno-

mos cinco famílias, num total de 21

pessoas.

Sobre os 4500 refugiados defi ni-

dos pela Comissão Europeia, o SEF

refere que a calendarização da che-

gada do primeiro grupo está depen-

dente das entidades que organizam

e tratam os pedidos de protecção

internacional, em Itália e na Grécia,

de modo a serem posteriormente

recolocados pelos Estados-mem-

bros, incluindo em Portugal.

A confi rmação da chegada des-

tas pessoas surge no mesmo dia em

que o Conselho Português para os

Refugiados voltou a lamentar “a

Na próxima semana chegam 45 refugiados

lentidão com que está a ser condu-

zido o processo” de acolhimento de

migrantes, considerando que mais

importante do que enviar tropas pa-

ra as fronteiras seria reforçar os ins-

trumentos de protecção. “Estamos

a acompanhar com preocupação,

porque a lentidão com que está a

ser conduzido o processo é confran-

gedora”, disse à Lusa a presidente

daquele organismo, Teresa Tito de

Morais.

A responsável reclamou “acções

rápidas” dos líderes europeus, fri-

sando que ainda não foi distribuí-

do o primeiro grupo de refugiados:

“Temo que não se concretize rapi-

damente esta necessidade urgente

de as pessoas serem acolhidas”. Te-

resa Tito de Morais falava depois do

presidente da Comissão Europeia,

Jean-Claude Juncker, ter anuncia-

do que um total de 400 guardas

fronteiriços vai ser enviado para a

fronteira da Eslovénia com a Croá-

cia para ajudar a gerir o afl uxo de

refugiados na região dos Balcãs. Os

líderes europeus comprometeram-

se também a reforçar a capacidade

de acolhimento de refugiados, com

a criação de mais 100 mil lugares,

dos quais metade na Grécia.

“Em vez de serem reforçados os

mecanismos de controlo das fron-

teiras externas, era preciso reforçar

os instrumentos locais de acolhi-

mento”, contrapôs a responsável

pelo Conselho Português para os

Refugiados. “Ainda mais preocu-

pante, face à lentidão da tomada

de medidas, é termos conhecimen-

to do agravamento das condições

climatéricas e do que isso signifi ca

para a vida das pessoas”, acrescen-

tou.

Também o representante da Pla-

taforma de Apoio aos Refugiados

(PAR), Rui Marques, defendeu a

“necessidade urgente de se passar à

acção”. “Creio que é sempre positi-

vo sinalizar o aumento da capacida-

de formal de acolhimento e poder

haver consenso na União Europeia

(UE) e em particular num conjun-

to de países onde é muito difícil o

trabalho, mas continuo a sublinhar

que, mais do que declarações, é pre-

ciso acções”, salientou.

No entender do representante da

PAR, os líderes da UE “não podem

continuar sucessivamente a fazer

acordos e nada acontecer no terre-

no”. “Desde há mais de um mês que

aconteceu o Conselho Europeu em

que foi possível fazer o acordo para

a recolocação de 160 mil refugiados

e soube-se há poucos dias que só

foram recolocados 86 refugiados”,

frisou. PÚBLICO/Lusa

ENRIC VIVES-RUBIO

Rui Marques diz que “é urgente passar à acção”

O presidente da Cresap, João Bilhim,

defendeu ontem que o Governo deve-

ria estar impedido de nomear dirigen-

tes intermédios a partir do momento

em que são marcadas eleições até à

tomada de posse do novo executivo.

“Do meu ponto de vista, tratando-

se de dirigentes, é difícil explicar à

população a diferença entre dirigen-

te superior e dirigente intermédio.

Tratando-se de dirigentes, deve ser

como a ‘mulher de César’: aconselha-

va a que a mesma norma que proíbe

a designação de dirigentes superio-

res neste interregno também fosse

aplicada aos dirigentes intermédios

e, assim, deixava de haver esta confu-

são que se está a registar”, defendeu

ontem o presidente da Comissão de

Recrutamento e Selecção para a Ad-

ministração Pública (Cresap).

Cresap defende que Governo não deve nomear dirigentes intermédios em período eleitoral

João Bilhim comentava, assim, à

agência Lusa as notícias recentes da

RTP e do Jornal de Notícias que dão

conta da nomeação de várias deze-

nas de dirigentes para cargos inter-

médios na administração pública

em vésperas de eleições, bem como

a respectiva publicação em Diário da

República depois das legislativas de

4 de Outubro. De acordo com a Lei

n.º 128/2015, que altera o Estatuto do

Pessoal Dirigente e que entrou em vi-

gor a 1 de Outubro, “não pode ocorrer

a designação de cargos de direcção

superior entre a convocação de elei-

ções para a Assembleia da República

ou a demissão do Governo e a investi-

dura parlamentar do novo Governo”.

Questionado sobre se o Governo

PSD/CDS ainda em funções pode-

ria ter ido mais longe na alteração

ao Estatuto do Pessoal Dirigente, o

presidente da Cresap admitiu: “Cla-

ramente que sim”.

Administração pública

PUBLICIDADE

Grupo está no Egipto e deveria ter chegado a Portugal em Setembro. Maior parte das pessoas é da Síria

4500Sobre os 4500 refugiados definidos pela CE, o SEF refere que a chegada do primeiro grupo está dependente das entidades organizadoras internacionais

Conferência Internacional

CRISE E GÉNEROOLHARES FEMINISTAS SOBRE DESIGUALDADES

CRESCENTES E NOVAS OPORTUNIDADESDE SOLIDARIEDADE

Universidade Nova de Lisboa, 29 de Outubro de 2015Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Auditório 1, Avenida de Berna

PROGRAMA10h00 Abertura Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa) Christine Auer (Fundação Friedrich Ebert, Lisboa)10h10 A crise numa perspectiva feminista: Quem ganha e quem perde com as divergências na UE? Brigitte Young (Universidade de Münster)10h45 Debate / Moderador: Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa)11h15 Who cares? Crise, redução do estado social e as consequências para mulheres e homens Anália Torres (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP, Universidade de

Lisboa) Mechthild Rawert (Deutscher Bundestag, Berlim)12h15 Debate / Moderadora: Sara Falcão Casaca (Instituto Superior de Economia e Gestão - ISEG,

Lisboa)13h00 Pausa14h30 Crise e violência na relação entre géneros I Helena Ewalds (Instituto Nacional de Saúde e Bem Estar, Helsínquia) Davina James-Hanman (Against Violence and Abuse - AVA, Lisboa) 15h15 Debate / Moderadora: Dalila Cerejo (Universidade de Lisboa)15h45 Pausa16h00 Crise e violência na relação entre géneros II Elisabete Brasil (União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, Lisboa) Renate Klein (European Network on Gender and Violence - ENGV, Universidade do

Maine)16h45 Debate / Moderador: Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa)17h15 Encerramento

A entrada é gratuita. Haverá tradução simultânea (inglês - alemão - português)Inscrições: Fundação Friedrich Ebert, Tel. 21 357 33 75, e-mail: [email protected]

Page 8: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

8 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

E se 4% dos piores professores fossem afastados das escolas?

Ordenem-se todos os professores

portugueses, do “mais efi caz” para

o “menos efi caz”. “Depois pensem

em substituir os menos efi cazes por

professores médios.” Não precisam

de ser excepcionais, para o impac-

to ser grande. O desafi o é do norte-

americano Eric Hanushek, especia-

lista em Economia da Educação, que

esteve ontem na Fundação Calouste

Gulbenkian, em Lisboa.

As contas estão feitas para países

como os Estados Unidos ou a Ingla-

terra. E Hanushek apresentou vários

gráfi cos: substituir apenas 4% dos

professores — os “menos efi cazes”

— signifi caria um ganho, em termos

dos resultados dos estudantes de 15

anos, a Matemática e Ciências, que

colocaria os Estados Unidos (que,

em termos de performance dos alu-

nos desta idade, não se tem afastado

de Portugal) ao nível da Polónia. No

ranking internacional das competên-

cias dos alunos, a Polónia está, como

se verá à frente, bem acima quer de

Portugal, quer dos Estados Unidos.

Um dos gráfi cos mostra mais: o

impacto de afastar entre 6% e 10%

dos professores “menos efi cazes”

colocaria o país deste investigador

do Instituto Hoover, na Universida-

de de Stanford, ao nível da Finlân-

dia, uma das nações ou regiões que

têm melhores resultados educativos

do mundo (só atrás da Coreia do Sul,

Hong Kong, Singapura e Xangai).

E, em Portugal, também seria

assim como mostram os gráfi cos?

Eric Hanushek sorri quando se lhe

pergunta, no fi nal da sessão na Gul-

benkian. “Também em Portugal os

professores são muito diferentes uns

dos outros”, responde. Mas as con-

tas apresentadas, diz, são apenas

um “incentivo” para que se pense

se não faria sentido saber, tal como

nos EUA, na Inglaterra e noutros paí-

ses, qual a composição do corpo do-

cente, tendo “no pensamento” esta

questão do impacto nos alunos.

E quais seriam os efeitos econó-

micos da melhoria dos resultados

dos alunos? O norte-americano va-

le-se uma vez mais dos testes PISA

(o estudo da Organização para a Co-

operação e Desenvolvimento Eco-

nómico que regularmente avalia os

conhecimentos e competências dos

jovens de 15 anos, nomeadamente a

Matemática e Ciências, e os compara

cerca de 60 países).

Se Portugal conseguisse que os

seus alunos atingissem, nos próxi-

mos 15 anos, mais 25 pontos, em mé-

dia, nesses testes do que nas últimas

duas avaliações internacionais, feitas

em 2009 e 2012, aproximando-se as-

sim dos resultados da Polónia, isso

refl ectir-se-ia numa “taxa de cresci-

mento [do PIB] 0,5% mais alta a cada

ano”. E “0,5% é muito, a longo pra-

zo”, diz o norte-americano.

Mais examesOs trabalhos daquele que é consi-

derado “um grande especialista em

análise de desenvolvimento econó-

mico de questões educativas”, como

o apresenta a Gulbenkian no progra-

ma da sua Conferência Internacional

sobre Educação de 2015, que ontem

aconteceu, têm sido bastante deba-

tidos nos últimos anos, em vários

países.

Eric Hanushek considera que a

qualidade e a efi cácia dos professores

devem ser avaliadas através da aná-

lise da progressão do desempenho

escolar dos seus estudantes e pelo

“valor acrescentado” que introdu-

zem. Tem ainda defendido que a qua-

lidade de quem ensina é mais impor-

tante do que o tamanho das turmas,

por exemplo — na verdade, sustenta,

se se reduzir o tamanho das turmas,

isso terá pouco impacto.

Para isso, na visão de Hanushek, é

preciso, desde logo, ter sistemas edu-

cativos onde os alunos sejam avalia-

dos com exames centralizados — para

que se tenha noção do que sabem

“à entrada de um ciclo de ensino e,

depois, à saída do ciclo de ensino”

—, de forma a medir a efi cácia dos

professores. Sugestão para Portugal:

“Manter e até aumentar o sistema de

exames.”

Na Gulbenkian, sublinhou ainda

a importância de valorizar os direc-

tores de escola, dando-lhes margem

para escolher o corpo docente. “Se

A qualidade de quem ensina é mais importante do que o tamanho das turmas

Em conferência da Gulbenkian, Eric Hanushek, especialista em Economia da Educação, apresentou cálculos sobre o impacto que teria afastar os professores “menos efi cazes”

EducaçãoAndreia Sanches

sempenho de maus professores”.

Hanushek é antes partidário dos

“incentivos directos ao desempe-

nho”, recompensando quem se sai

melhor. E de uma maior autonomia

dos estabelecimentos de ensino —

que só pode existir se houver “pres-

tação de contas”.

Regresso ao PISA. Nos cálculos do

investigador, com base nos resulta-

dos das avaliações feitas em 2009 e

2012, ao nível das competências dos

alunos a Matemática e Ciências, Por-

tugal está em 30.º lugar, em 63 paí-

ses. Os EUA estão em 28.º. A Polónia

— um dos escolhidos para a compa-

ração feita na Gulbenkian — em 12.º.

E a Finlândia em 5.º.

Portugal tem melhorado, diz,

mas mais é possível — e desejável,

já que “o crescimento económico

está intimamente relacionado com

as competências da população”.

Hanushek recomenda, assim, ao

país que “continue” a promover

a melhoria da qualidade das esco-

las, tarefa “que requer compro-

missos que durem algum tempo”.

Terminada a sua intervenção,

seguiu-se uma mesa-redonda com

a cientista Maria de Sousa, a artista

plástica Ângela Ferreira e o escritor

Mário de Carvalho. Todos convida-

dos a falar do seu percurso formati-

vo. Mário de Carvalho lembrou um

seu professor de Inglês que tinha

“uma pronúncia que não seria a de

Oxford”, mas que conseguiu pôr os

alunos, mesmo os mais fracos, “a ler

textos complexos”, a “interessarem-

se” e a melhorar as notas. “Tem-se

instalado uma visão técnico-burocrá-

tica do ensino”, criticou, uma “obses-

são pelas quantifi cações, os mapas,

os gráfi cos”, quando “a cidadania é

o conceito-chave”. E defendeu: “A

nobre profi ssão de professor” deve

ser “prestigiada”.

Na parte da tarde, Miguel St.

Aubyn, catedrático do Instituto

Superior de Economia e Gestão da

Universidade de Lisboa, era um dos

outros convidados. A ideia central

da sua intervenção: “A educação e a

o salário dos directores não tiver a

ver com o desempenho dos alunos,

eles não têm que se preocupar com

a escolha dos professores. No Méxi-

co, até se pode comprar o cargo de

professor.”

Compromissos precisam-seEntão e os outros factores que su-

postamente também infl uenciam

a qualidade da educação — a pre-

caridade laboral dos docentes ou a

forma como são pagos, por exem-

plo? Foi a pergunta de uma das

participantes na conferência. Res-

posta: “Se aumentarem os salários

dos professores em Portugal, vão

ter 120 mil pessoas [número apro-

ximado de docentes no ensino não-

superior público] a sorrir, mas os

que não são efi cazes vão continuar a

dar aulas.” E, como já garantia numa

entrevista ao PÚBLICO em 2013 —

feita a propósito da sua participação

numa conferência do Ministério da

Educação português —, Hanushek

diz que “é difícil melhorar o de-

Page 9: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | PORTUGAL | 9

formação em capital humano surgem

não tanto como causa imediata do

crescimento [económico], mas como

a sua condição necessária.”

Acrescentou, no fi nal, um breve

retrato dos professores portugueses

— os tais que Mário de Carvalho quer

ver “prestigiados” — e sintetizou as-

sim o que se passa. “A percentagem

de professores com menos de trinta

anos diminuiu de 15% em 2000/2001

para 1,1% em 2013/14. Ou seja, não se

encontram praticamente jovens pro-

fessores na escola, com tudo o que

isso signifi ca na falta de renovação

em termos das práticas científi cas e

pedagógicas. Um professor do ensino

básico ou secundário ganhava, em

média, um pouco menos de 2000

euros brutos em Outubro de 2014.”

No seu conjunto, diz, esta caracteri-

zação da profi ssão, “cada vez menos

e mais velhos, sem possibilidade de

progressão na carreira, sofrivelmente

remunerados, faz temer pela evolu-

ção qualitativa do sistema educativo

português”.

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Dois sindicatos integrados na Fede-

ração Nacional dos Médicos (Fnam)

avançaram para os tribunais contra

o Ministério da Saúde (MS) e vários

centros hospitalares para os obrigar

a permitir que os médicos usufruam

do chamado “descanso compensató-

rio” quando fazem turnos superiores

Sindicatos levam hospitais a tribunal para evitar que médicos trabalhem 30 horas seguidas

contra o MS, a Administração Central

do Sistema de Saúde (ACSS), o Centro

Hospitalar de Lisboa Central, o IPO

de Lisboa e o Hospital Garcia de Orta,

enumera Jorge Mata, advogado do

sindicato. Pretende-se que o tribunal

“diga, de uma vez por todas, qual é a

interpretação correcta” do que está

escrito na lei, precisa. Em Setembro,

o sindicato da Zona Centro avançou

com acções do mesmo teor, mas

no Tribunal do Trabalho, segundo

adiantou o Diário de Notícias.

O Ministério da Saúde anunciou

entretanto a intenção de contestar

estas acções, sublinhando que já pe-

diu um parecer ao conselho consulti-

a oito horas. Depois de urgências de

24 horas, os médicos podem ter que

trabalhar no dia seguinte, cumprindo

“mais de 30 horas seguidas”, o que

potencia a possibilidade de erro e de

burnout (exaustão), justifi ca Mário

Jorge Neves, da Fnam.

Para hoje está marcada uma reu-

nião para fazer um “diagnóstico mais

rigoroso” dos hospitais da Zona Sul e

dos serviços que não “cumprem” a

lei, adianta, avisando que se poderá

avançar com mais acções judiciais.

O primeiro sindicato a avançar foi

o do Sul, que, em “Abril ou Maio”,

instaurou uma acção no Tribunal

Administrativo do Círculo de Lisboa

SaúdeAlexandra Campos

Ministério da Saúde anunciou que vai contestar as acções interpostas pelos sindicatos médicos

vo da Procuradoria-Geral da Repúbli-

ca e que aguarda “a deliberação das

comissões paritárias, que integram

os sindicatos e entidades empregado-

ras”. Já o secretário-geral do Sindica-

to Independente dos Médicos (SIM),

Roque da Cunha, fez saber que não

concorda com este tipo de estratégia,

ainda que defenda o direito ao des-

canso compensatório. Lembrando

que este direito foi reconhecido pelo

ministério, Roque da Cunha lembra

que os médicos podem exigi-lo, com

um mês de antecedência, informan-

do por escrito a administração do

hospital. O SIM até tem uma minuta

para este efeito, diz.

PUBLICIDADE

NUNCA A 1.A LIGAFOI TÃO EMOCIONANTE

FUTEBOL TÉNIS BASquETEBOLMais informações em www.jogossantacasa.pt | App PLACARD

Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h)É proibida a venda de jogo a menores de 18 anos

Page 10: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Mais de 320 crianças foram raptadas por um dos pais desde 2010

JOÃO CORDEIRO

Só este ano, e até 30 de Setembro, tinha havido 46 casos de raptos parentais, mas estimativa aponta para 61 casos até ao final do ano

Um pai que fi que bruscamente im-

pedido de estar com o fi lho porque

este foi levado pela mãe para um ou-

tro país pode fazer um pedido para

o regresso da criança; na situação

inversa, uma mãe que subitamente

seja surpreendida com o rapto do

fi lho, pelo pai, fará o mesmo, desen-

cadeando um processo, primeiro

nas autoridades centrais, e depois

no tribunal, que conduz a um proto-

colo de cooperação judicial entre os

dois países envolvidos para permitir

o regresso do fi lho. Este protocolo

para permitir o regresso imediato da

criança está previsto na Convenção

de Haia, de 1980, que ontem esteve

em discussão em Lisboa. Mas esse

processo pode demorar entre pou-

cas semanas a vários meses.

Entre 2010 e Setembro de 2015,

passaram pelas autoridades centrais

em Portugal 326 pedidos para o re-

gresso a Portugal de fi lhos raptados

para o estrangeiro pelo pai ou pela

mãe. Nos últimos seis anos, houve

mais de 50 situações por ano, em

média. Ou seja: mais de um rapto

por semana, de acordo com os dados

da Direcção-Geral da Reinserção e

Serviços Prisionais (DGRSP) — a au-

toridade central designada pelo Go-

verno como entidade competente

para avançar com os procedimentos

e a cooperação judicial com vista ao

regresso da criança, prevista na Con-

venção de Haia.

Em mais de 58% dos casos em que

Portugal interveio, as crianças foram

levadas para Estados da União Euro-

peia (UE), sendo a França e o Reino

Unidos os países de destino mais

frequentes com mais de metade dos

casos. Alemanha, Espanha e Bélgica

também estão representados, com

8% dos casos cada, havendo no con-

junto, mas menos representados,

outros Estados, como Itália, Polónia,

Holanda e Luxemburgo.

A convenção foi subscrita por 93

países, incluindo Portugal e Brasil,

o país fora da UE para onde seguem

mais pedidos de pais portugueses

para o regresso dos seus fi lhos leva-

dos pelo outro progenitor. Mas ne-

nhum outro país da Comunidade dos

Países de Língua Portuguesa o fez,

foi realçado na Conferência Luso-

Africana sobre os Aspectos Civis do

30 de Setembro, tinha havido 46 ca-

sos. “Considerando que no último

trimestre de cada ano surgem geral-

mente mais pedidos de regresso, é

expectável que se chegue a um valor

semelhante ao ano de 2013”, quando

houve 66 casos, disse João de Olivei-

ra Cóias, técnico superior da DGRSP,

que apresentou as estatísticas mais

recentes disponíveis.

Uma explicação possível para uma

“maior frequência de casos”, diz San-

dra Feitor, será “a fi scalização insí-

pida nas fronteiras”. A criança pode

sair do país com um dos progenito-

res com uma autorização escrita do

outro, mas essa declaração nem sem-

pre é solicitada à saída de Portugal,

diz a investigadora. “Não tem sido

feita uma boa fi scalização nas fron-

teiras”, afi rmou ao PÚBLICO depois

da sua intervenção na conferência.

O evento juntou juízes, académi-

cos, advogados, psicólogos, e teve

na sua abertura o presidente da Co-

missão Nacional de Crianças e Jovens

em Risco, Armando Leandro, para

quem uma das formas de zelar pelo

superior interesse da criança será

“optar pela interpretação da lei que

for mais favorável à criança”. Em res-

posta a uma pergunta da assistência,

acrescentou: “Considerando todas

as circunstâncias, deve dar-se prio-

ridade ao interesse da criança.”

Sandra Feitor enfatizou a realida-

de, porém, mostra que é frequente o

incumprimento de acordos de regula-

ção parental “relegando as necessida-

des da criança para segundo plano”.

“A questão do rapto parental é

uma prática que tem sido constan-

te em sede de confl ito parental” e

constitui “uma violação dos direitos

fundamentais da criança, enquan-

to factor de ruptura abrupta com os

elos de ligação familiar”, afi rmou a

investigadora.

França, Reino Unido e Brasil são principais destinos de crianças raptadas. Investigadora afi rma que “o rapto parental é uma prática que tem sido constante em sede de confl ito parental”

Justiça Ana Dias Cordeiro

Rapto Internacional de Crianças,

que decorreu ontem no novo edi-

fício da PJ.

Ainda de acordo com os dados

ofi ciais das autoridades centrais, as

crianças foram raptadas para países

fora da UE em 42% das situações de-

tectadas. E, neste universo, o Brasil

foi o país para onde foram levadas

as crianças em mais de metade das

situações (57%). Na Suíça, foram re-

gistados 17% dos casos registados

entre os países fora da UE.

Cada caso é um caso, e será difícil

generalizar, disse ao PÚBLICO San-

dra Inês Feitor, jurista e investigado-

ra, mestre em Direito com uma tese

em alienação parental, que, por isso,

não avança uma estimativa para um

prazo em que a maioria das situações

se resolve. Podem ser semanas, se

for encontrada uma solução amigá-

vel entre os pais. Mas o mais comum

é estes processos demorarem meses

a serem resolvidos, acrescentou.

“Na maior parte dos casos, a fa-

mília sabe onde a criança está. Ou-

tras vezes, tem uma ideia de onde é

provável a criança estar”, disse João

Cóias. “Mas também há situações em

que a pessoa que desencadeia o pro-

cesso não tem a mínima ideia onde a

criança pode estar.” Estas situações

extremas podem não ser resolvidas

em meses, mas sim em anos.

Pico em 2012O número de pedidos feitos em Por-

tugal para regressos atingiu o pico

em 2012, ano em que as autoridades

portuguesas registaram 71. Desde en-

tão, os números mantiveram-se aci-

ma dos registados em 2010, quando

tinha havido 35 situações, e em 2011,

quando se registaram 53 casos.

Em 2013, foram 66 pedidos e em

2014 foram 55. A estimativa será pa-

ra 2015 terminar com 61 casos. Até

Page 11: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 11

O antigo chefe das secretas Jorge Silva

Carvalho, a ser julgado por violação

do segredo de Estado e corrupção,

entre outros crimes, lamentou on-

tem em tribunal que tivesse sido en-

contrado no seu computador pelas

autoridades um relatório sobre a vida

privada de Francisco Pinto Balsemão.

Mas negou ter tido qualquer respon-

sabilidade nisso: assegurou aos juí-

zes que não foi ele a encomendar a

terceiros e muito menos a escrever

um documento que classifi cou como

sendo “lixo”.

Quando o relatório foi descoberto

em 2012 no seu correio electrónico,

já Silva Carvalho tinha saído do Ser-

viço de Informações Estratégicas de

Defesa (SIED) e ingressado no grupo

privado Ongoing, que tentava apo-

derar-se na altura da Impresa lide-

rada por Balsemão. Silva Carvalho

disse em tribunal que era habitual

a Ongoing encomendar relatórios

sobre outras empresas, de modo a

estar bem informada sobre as mes-

mas, quando quisesse entrar no seu

capital ou estabelecer negócios com

elas. Foi o que sucedeu.

Acontece que o documento em

questão — partes do qual acabaram

por ser publicadas na Internet e nal-

guns jornais — continha as mais va-

riadas informações sobre a vida pú-

blica mas também privada do antigo

primeiro-ministro: nome dos fi lhos,

dos amigos e até dos inimigos, entre

outros dados — incluindo rumores

com pormenores sórdidos. Balsemão

processou Silva Carvalho por devas-

sa da vida privada e exige-lhe uma

indemnização de 50 mil euros, que

entregará a uma instituição de solida-

riedade, caso a Justiça lhe dê razão.

“Esse relatório era tipo lixo. Era

acintoso e fraco, do ponto de vista

da sua utilidade, e tinha um certo as-

pecto manhoso. O que mais me cus-

ta é ter sido encontrado na minha

posse”, observou ontem o arguido,

em resposta a uma pergunta do ad-

vogado de Balsemão, Rui Patrício. Na

sua versão dos factos, foi-lhe parar

às mãos como iam tantos outros do

mesmo género, vindos de fi rmas con-

tratadas para os produzir que tinham

“jornalistas a trabalhar para elas”.

Encaminhou o documento para

Silva Carvalho lamenta relatório sobre vida privada de Balsemão mas nega responsabilidade

um colega e não terá pensado mais

nisso senão quando o caso se tornou

público. Nas palavras de Silva Car-

valho, só a parte que dizia respeito

aos amigos e às relações de poder de

Balsemão podia ter algum interesse

para a Ongoing — e nunca as alusões,

mencionadas como sendo de fonte

segura, à suposta dependência do ex-

primeiro-ministro da cocaína.

Usando uma prerrogativa decor-

rente do facto de ser conselheiro de

Estado, Balsemão não foi ao tribunal,

tendo feito chegar aos juízes um de-

poimento escrito no qual afi rma que

a estratégia da Ongoing passava por

“debilitar as sociedades do univer-

so Impresa e degradar o [seu] bom

nome”, por forma a pressioná-lo a

vender as suas acções. “Vivi dias de

particular ansiedade, desconforto

e abalo emocional nos dias subse-

quentes à divulgação do relatório”,

descreve. “A minha família, particu-

larmente os meus fi lhos, viram-se

confrontados com afi rmações pro-

fundamente ofensivas do meu bom

nome e devassadoras da minha vida

pessoal, familiar, sexual e política.”

Não havendo forma de determi-

nar em tribunal a autoria do docu-

mento, que Silva Carvalho afi ança

ter sido encomendado por um cole-

ga seu a uma das empresas avença-

das da Ongoing que lhe costumavam

fornecer este tipo de serviço, resta-

rá saber se a sua mera posse será

ilícita. Para o patrão da Impresa, o

argumento segundo o qual gravar

um documento no computador não

ofende ninguém “não cola”, uma

vez que o relatório foi objecto de

ampla divulgação na blogosfera e

na imprensa escrita.

Ontem foi a primeira vez que Silva

Carvalho depôs em tribunal no cha-

mado “julgamento das secretas”, a

cujo processo foi apensa a queixa-

crime de Balsemão. Tanto o ex-es-

pião como outros arguidos têm-se

recusado a falar dos restantes factos

de que são acusados por entende-

rem que isso pode violar o segredo

de Estado no que respeita aos actos

que praticaram quando estavam no

Serviço de Informações Estratégicas

de Defesa.

O tribunal está à espera que o pri-

meiro-ministro levante o segredo de

Estado nestas matérias.

JustiçaAna Henriques

“Esse relatório era tipo lixo. O que mais me custa é ter sido encontrado na minha posse”, diz ex-espião

Além de violação do segredo de Estado e de corrupção, o ex-espião é acusado de devassa da vida privada

Page 12: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

12 | LOCAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

CML continua sem solução para perda de estacionamento no eixo central

FILIPE ARRUDA

Fernando Medina, presidente da câmara, diz que proposta do CDS para as Avenidas Novas está ultrapassada há muito

Prometia ser caloroso o debate na

Assembleia Municipal de Lisboa

(AML), ontem ao fi m do dia, sobre

o projecto camarário para a zona

entre o Marquês de Pombal e Entre-

campos, o chamado “eixo central”,

mas acabaram por ser três horas de

discussão tímida, que pouco acres-

centou ao que já se sabia. Houve al-

gumas palmas, muitos “parabéns”

dirigidos ao vereador do Urbanis-

mo por ter chamado a população

a ouvir a sua proposta, mas poucas

respostas à questão que nos últimos

dias tem dominado a polémica em

torno do projecto: que soluções há

para a perda de estacionamento?

No plenário de moradores de-

corrido há cerca de três semanas,

Manuel Salgado garantiu estar a

negociar com os proprietários dos

parques de estacionamento público

existentes nas Avenidas Novas “aven-

ças compatíveis” para os residentes.

Quem foi ontem à AML à procura do

resultado dessas negociações — hou-

ve 30 cidadãos inscritos para inter-

vir — saiu de lá como entrou. “Isto

não é imediato”, justifi cou Salgado

aos jornalistas no fi nal do debate,

reiterando que está a tentar chegar

a um preço “razoável” que “não é

certamente os 70 ou 120 euros que

se praticam actualmente”.

Enquanto não chega a acordo com

os parques, Salgado está a estudar a

dimensão do problema: encomen-

dou contagens nocturnas ao número

de lugares de estacionamento livres

na Avenida da República e verifi cou

“um pequeno défi ce” em dois quar-

teirões às 23h, sendo que às 2h “há

sempre lugares disponíveis”. “Is-

to não signifi ca que não exista um

problema complicado de estaciona-

mento de residentes nas Avenidas

Novas”, ressalvou. Mas além dos

272 lugares que, segundo ele, irão

manter-se no eixo central depois das

obras, existem na envolvente 6900

lugares em parques privados de uso

público. E é para aí que a câmara

está a apontar baterias.

O presidente da câmara, Fernan-

do Medina, também considera que

“o estacionamento subterrâneo de-

ve servir para compensar eventuais

falhas do estacionamento à super-

fície”. Mas prometeu monitorizar a

nossos especialistas entendem que

[uma ciclovia de cada lado das ave-

nidas] é a melhor solução”, afi rmou

aos jornalistas. Também o túnel sob

a Praça do Saldanha “não faz senti-

do” para o autarca socialista, que

quer evitar construir mais “trinchei-

ras” no centro da cidade. O projec-

to da maioria prevê um túnel para

Entrecampos, mas “isso ainda está

em estudo”, afi rmou.

Modelo de há 40 anosFernando Medina sublinhou a “di-

vergência de fundo” que o execu-

tivo municipal tem com a visão

defendida pelo CDS, que consi-

dera ser datada de “há 40 anos”.

“Rejeitamos soluções do passado

relativamente à rede viária da ci-

dade”, afi rmou, explicando que

as avenidas Fontes Pereira de Me-

lo e da República não constituem

“um eixo distribuidor de tráfego”.

Esse é o papel do Eixo Norte-Sul.

O presidente da câmara diz que o

projecto, que deverá demorar um

ano a concretizar e estará pronto

em 2017, “nasce do inconformismo

com a situação actual”, em que, por

exemplo, “é preciso uma grande

dose de confi ança para atravessar

a Avenida da República”. Já uma

cidadã inscrita para falar durante

o debate o tinha dito, dando outro

exemplo: “Desafi o qualquer presi-

dente de câmara, actual ou futuro,

a descer a Fontes Pereira de Melo

com um carrinho de bebé.”

Mas Medina também disse que a

obra prevista não chega para con-

cretizar a sua visão de cidade. O

autarca socialista prometeu “con-

tinuar a pugnar, junto do próximo

Governo, pela devolução à cidade

da gestão dos transportes públicos”,

uma intenção que arrancou aplau-

sos aos presentes.

Presidente da Câmara de Lisboa disse no debate público realizado na assembleia municipal que vai pugnar junto do próximo Governo pela devolução da gestão dos transportes públicos à autarquia

Mobilidade Marisa Soares

a construção de um túnel de Picoas

até à Avenida da República, para fa-

cilitar o escoamento do tráfego.

“Este debate é feito existindo uma

guilhotina política, uma vez que a

câmara não quis suspender este

processo”, afi rmou Gonçalves Pe-

reira, referindo-se ao concurso da

empreitada de obra, que termina a

18 de Novembro. As coisas estão a

ser feitas “ao contrário”, argumen-

tou. Em resposta, o vereador do Ur-

banismo argumentou que o valor da

obra não depende tanto do tipo de

intervenção, mas sim da extensão

da superfície a ser requalifi cada —

quase três quilómetros —, desvalo-

rizando a necessidade de suspender

o concurso.

Sobre a construção de uma ciclo-

via bidireccional, proposta pelo CDS

e defendida por alguns cidadãos que

se inscreveram para falar no deba-

te, Salgado parece irredutível. “Os

situação dos residentes e também

dos comerciantes, representados no

debate pelo presidente da AHRESP.

“Estamos muito escaldados”, afi r-

mou José Esteves, pedindo uma so-

lução para as cargas e descargas que

não repita os pesadelos de outros

tempos — nomeadamente durante

as obras na Avenida João XXI e na

Duque de Ávila.

Embora tenha dito anteriormente

que o projecto, orçado em 9,4 mi-

lhões de euros, não é “irreversível”,

e de ter reiterado ontem que a pro-

gramação da obra “está a ser feita ao

mesmo tempo que [esta] é projec-

tada”, Salgado não acolheu as pro-

postas do CDS. O vereador centrista

na câmara, João Gonçalves Pereira,

apresentou no debate um projecto

alternativo, que entre outras medi-

das propõe a manutenção de mais

lugares na via pública, a criação de

uma única ciclovia bidireccional e

Page 13: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | LOCAL | 13

PUBLICIDADE

Os elefantes a passear pelos ver-

des prados do Sotavento algarvio é

uma das imagens em destaque na

exposição que evoca o trabalho de

Alfredo da Conceição — mestre do

desenho biológico — inaugurada no

passado fi m-de-semana, na biblio-

teca da Fundação Manuel Viegas

Guerreiro, em Querença. O artista,

que morreu há quatro anos, deu

cor e traço científi co a uma vasta

colecção de obras sobre a fauna e

fl ora. Um dos exemplos é a série de

borboletas para o trabalho Insectos

Querença expõe a obra de um dos grandes mestres do desenho biológico

da Arrábida, da autoria de Passos

de Carvalho.

O artista, que se destacou na pin-

tura realista e naturalista — ilustrou

vários livros científi cos de etnologia,

mamíferos, aves e fl ora —, foi ainda

o autor de quatro aguarelas que re-

constituem os mais recuados perío-

dos geológicos do Algarve, na zona

de Castro Marim. A mostra recria o

ambiente de uma região, de clima

tropical, recuando 8 milhões de eu-

ros. Mas esta é apenas uma das faces

(pintura da paisagem) do pintor, que

se destacou na área do desenho bio-

lógico. Alfredo da Conceição traba-

lhou para o então Serviço Nacional

de Parques, Reservas e Património

Paisagístico (SNPRPP, hoje Instituto

da Conservação da Natureza e Flo-

restas — ICNF) na altura em que foi

secretário de Estado do Ambiente

Manuel Gomes Guerreiro, primeiro

reitor da Universidade do Algarve.

Numa primeira fase da carreira, em

NaturezaIdálio Revez

Alfredo da Conceição, o pintor que desenhou bichos à lupa, colocava 15 pontinhos coloridos num centímetro quadrado

elementos anatómicos. “Chegava a

fazer 15 pontinhos dentro de um mi-

límetro quadrado”, sublinhou.

O levantamento da obra de Al-

fredo, como assinava os trabalhos,

está por fazer, embora o Museu da

História Natural, em Lisboa, dispo-

nha de uma parte dos seus trabalhos

que estavam na posse do ICNF. Na

função de ilustrador no SNPRN re-

tratou várias áreas protegidas — da

reprodução fi el dos seres vivos que

aí habitavam até às paisagens natu-

rais e humanizadas. Trabalhou com

académicos algarvios, nas áreas do

ambiente e antropologia, como Go-

mes Guerreiro — com quem colabo-

rou ainda em Moçambique — e com

Manuel Viegas Guerreiro. De resto,

as imagens do livro Esboço de Mono-

grafi a Etnográfi ca Pitões das Júnias,

da autoria do antropólogo, têm a sua

assinatura. A exposição pode ser visi-

tada até 31 de Dezembro, de segunda

a sexta, das 10h as 17h.

Breves

Sintra

Plano da Praia Grande prevê restrição de carros no VerãoA Câmara de Sintra vai colocar em discussão pública o Plano de Pormenor da Praia Grande (PPPG), que prevê um empreendimento turístico na antiga colónia de férias da CUF e a restrição automóvel na frente marítima na época balnear. A proposta do PPPG prevê dois parques de estacionamento, a recuperação do parque de campismo e um empreendimento turístico na Quinta do Mar (ex-CUF), na estrada que liga a Almoçageme.

Moçambique, onde viveu durante 33

anos, trabalhou como desenhador

do Serviço de Indústria, Geologia e

Minas e no Museu de História Natu-

ral Álvaro de Castro.

O director do SNPRPP naquela

altura, Fernando Pessoa, lembrou,

durante a inauguração da exposi-

ção, que foi ele quem o incentivou

a enveredar pela pintura mais abs-

tracta para poupar a vista que lhe

restava. Perdeu a visão, recordou,

em consequência das décadas a de-

senhar, com tanto rigor que tinha de

socorrer-se de uma lupa para não

deixar escapar os mais pequenos

Alfredo da Conceição desenhou centenas de espécies da fauna e flora portuguesas e moçambicanas

5*Exce

pto

o c

apít

ulo

“Hul

k: T

he E

nd”

do

volu

me

14 “

Hul

k: F

utur

o Im

per

feit

o”.

15 li

vros

. PV

P un

itár

io:

8,9

0€

. Pr

eço

tota

l Por

tug

al C

onti

nent

al:

133,

50€

. D

ata

iníc

io:

23 d

e Ju

lho

a 29

de

Out

ubro

. D

ia d

a se

man

a: Q

uint

a-fe

ira.

A a

qui

siçã

o d

o p

rod

uto

imp

lica

a co

mp

ra d

o jo

rnal

. Li

mit

ado

ao s

tock

exi

sten

te.

I n é d i to e m p o r t u g u ê s

QUINTA, 29 OUTCOM O PÚBLICO

+8,9€

I n é d i to e m p o

QUINTA, 29 OUTCOM O PÚBLICO

+8,9€

ortuguêsI n é d i to e m p o

Page 14: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

14 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Áreas que geram mais emprego têm falta de trabalhadores qualifi cados

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

A engenharia é uma das áreas em que as empresas estão a ter dificuldade em encontrar pessoal com elevada formação

Portugal não está a conseguir formar

profi ssionais qualifi cados em núme-

ro sufi ciente para responder às ne-

cessidades das empresas, sobretudo

no turismo, nas tecnologias da infor-

mação e nas engenharias associadas

à indústria. Esta escassez de trabalha-

dores para as áreas que estão a gerar

mais emprego, alerta a Hays (uma

consultora de recursos humanos),

está a travar o desenvolvimento do

mercado de trabalho nacional.

Num relatório divulgado ontem, a

Hays coloca Portugal entre os países

com maiores problemas de ajusta-

mento entre as competências dos tra-

balhadores e as necessidades das em-

presas — ao lado de Espanha, Irlanda,

Japão e Estados Unidos — e onde a

pressão para os empregadores paga-

rem salários acima da média é mais

elevada, porque só assim conseguem

recrutar e reter os melhores.

Para Carlos Maia, director regional

da Hays em Portugal, este problema

“continua a ser o grande travão do

dinamismo no mercado de trabalho

português, impedindo as empresas

de aumentar as suas estruturas de

acordo com os seus planos de expan-

são e crescimento”. “A falta de diá-

logo entre as instituições de ensino

e os empregadores tem gerado, nos

últimos anos, um enorme exceden-

te de profi ssionais qualifi cados em

áreas de pouca empregabilidade,

enquanto milhares de vagas de em-

prego permanecem em aberto por

falta de candidatos”, acrescenta em

declarações ao PÚBLICO. O resulta-

do é que nas áreas que estão a criar

mais emprego — tecnologias da infor-

mação, engenharia e turismo — “não

estão a ser formados profi ssionais su-

fi cientes para o nível de procura”.

Carlos Maia reconhece que a “fuga

de profi ssionais para o estrangeiro

veio agravar o problema”, mas essa

saída “será mais uma consequên-

cia do que uma causa deste dese-

quilíbrio de competências”. “Se é

verdade que muitos destes profi s-

sionais são atraídos pelos valores

salariais e condições oferecidas

noutros países, também é um fac-

to que muitos dos que emigraram

fi zeram-no por não encontrarem

oportunidades na área onde se for-

maram e onde esperavam poder

pressões salariais globais; as pressões

salariais nas ocupações altamente

qualifi cadas e na indústria que ne-

cessita dessa mão-de-obra.

O relatório destaca os desenvolvi-

mentos positivos registados em qua-

tro países entre 2014 e 2015. Portugal

é um deles (ao lado da Austrália, do

México e do Chile). A Hays realça o

ligeiro crescimento económico, a di-

minuição do desemprego e a melho-

ria dos indicadores relacionados com

a fl exibilidade do sistema de ensino

e do mercado de trabalho.

Contudo, essas melhorias não fo-

ram sufi cientes para anular o facto de

o país ter uma pontuação máxima no

desajustamento entre oferta e procu-

ra e na pressão salarial registada nas

ocupações altamente qualifi cadas. É

isso que faz com que, no índice glo-

bal da Hays, Portugal continue com

5,9 pontos tal como em 2014 e que

seja um dos 11 países com uma pon-

tuação mais negativa. Pior do que

Portugal estão, por exemplo, os Es-

tados Unidos, a Suécia, a Espanha

ou a Alemanha. Os melhores são a

Bélgica, a Itália e Hong Kong.

O desajustamento entre a oferta

e a procura é de resto um problema

patente nos relatórios mensais do

Instituto do Emprego e Formação

Profi ssional (IEFP). A maioria dos

desempregados inscritos nos centros

de emprego (86%) tem baixas quali-

fi cações, mas quando se olha para

o número de colocações efectuadas

e as ofertas de emprego que fi cam

desertas, também aqui parece não

haver casamento entre as competên-

cias dos candidatos a emprego e as

necessidades das empresas.

Os dados mais recentes mostram

que, em Setembro, os centros de em-

prego receberam um pouco mais de

17 mil ofertas de emprego, mas só

colocaram 11.757 desempregados.

Estudo da Hays diz que Portugal é um dos cinco países onde as empresas têm mais difi culdade em encontrar os recursos de que necessitam. Turismo, tecnologia e engenharia são as áreas mais afectadas

TrabalhoRaquel Martins

ensino e, sobretudo, nos emprega-

dores, que precisam de recrutar com

urgência. Na prática, as empresas

estão neste momento à procura de

competências que, na melhor das hi-

póteses, se encontram ainda em fase

de formação ou de requalifi cação”,

lamenta.

O desajustamento entre as quali-

fi cações dos trabalhadores e as ne-

cessidades das empresas é uma das

componentes do Hays Global Skills

Index, um indicador que mede as

difi culdades do mercado de mão-

de-obra qualifi cada em 31 países,

atribuindo-lhes uma pontuação de

zero a dez (em que dez é a nota mais

negativa). Este indicador resulta da

análise de outras seis componentes,

como a fl exibilidade do sistema de

educação para se adaptar às neces-

sidades das empresas; o nível de par-

ticipação no mercado de trabalho; a

fl exibilidade da legislação laboral; as

construir uma carreira”, refere.

A Hays alerta ainda que o desajus-

tamento de competências pode ser

agravado pelo elevado desemprego

de longa duração, que no segundo

trimestre de 2015 afectava 64% dos

620 mil desempregados.

Para o director regional da empre-

sa, “algo está errado num mercado

de trabalho em que tantos desempre-

gados de longa duração coexistem

com milhares de vagas de emprego

por preencher”. E tenta encontrar

algumas explicações para isso: “De

algum modo, estes profi ssionais no

desemprego parecem não ter as

competências específicas que os

empregadores procuram neste mo-

mento”.

A aposta tem de ser na requalifi -

cação, mas esse “será um processo

longo, e nunca fácil”. “Até lá, o de-

sequilíbrio mantém-se e coloca uma

enorme pressão nas instituições de

Page 15: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | ECONOMIA | 15

Os contratos a prazo que atinjam a

sua duração máxima (três renova-

ções, com o máximo de três anos

para a generalidade dos casos) a 8

de Novembro já não poderão bene-

fi ciar do regime de renovação extra-

ordinária que está em vigor desde

2013. A notícia, avançada pelo Jornal

de Negócios, é confi rmada por vários

especialistas, que alertam que as em-

presas que ignorem esta mudança se

arriscam a ter de integrar esses traba-

lhadores no seu quadro de pessoal.

Actualmente, está em vigor um

regime que permite estender a du-

ração dos contratos por mais 12 me-

ses do que prevê o Código do Tra-

balho, desde que essa extensão não

vá para lá de Dezembro de 2016.

A lei que previa esta possibilidade

entrou em vigor a 8 de Novembro de

2013 e estabelece que “podem ser

objecto de duas renovações extraor-

dinárias os contratos de trabalho a

termo certo que, até dois anos após

a entrada em vigor da presente lei,

atinjam os limites máximos de du-

ração estabelecidos (...) no Código

do Trabalho”.

Ora, a 8/11/2015 passam dois anos

desde que a Lei 76/2013 entrou em

vigor, pelo que, na opinião dos advo-

gados Pedro Furtado Martins e Inês

Arruda, todos os contratos a termo

que atinjam o limite máximo nesta

data já não poderão benefi ciar da

Contratos a prazo voltam a ter, no máximo, três anos

extensão e passam a regular-se pe-

lo que está previsto no Código do

Trabalho. Isto leva a que, por exem-

plo, um contrato a prazo que atinja

o limite máximo a 7 de Novembro

ainda possa benefi ciar da extensão

por mais 12 meses. Mas se os limites

máximos forem alcançados de 8 de

Novembro em diante já não será pos-

sível e aplica-se o regime geral.

O Código do Trabalho prevê que,

depois de o contrato ter sido reno-

vado por três vezes (no máximo de

três anos para a generalidade dos

casos; de 18 meses, quando se tra-

ta de pessoa à procura do primeiro

emprego; ou de dois anos, quando se

trata de contratar trabalhadores para

o lançamento de nova actividade de

duração incerta ou no início de labo-

ração de empresas com menos 750

trabalhadores), a entidade patronal

comunica ao trabalhador a caduci-

dade do contrato ou então terá que

o integrar no quadro.

Quando, em 2013, apresentou

a proposta aos parceiros sociais, o

ministro do Emprego e da Segurança

Social, Pedro Mota Soares, justifi cou

a medida devido à situação que o pa-

ís atravessa. “Tempos excepcionais

exigem medidas excepcionais. É por

isso que o Governo propõe uma re-

novação transitória e excepcional

dos contratos a termo. Entre uma

situação de contrato a termo e uma

situação de desemprego, é sempre

preferível defender uma situação de

emprego”, justifi cou.

Raquel Martins

RUI SOARES

Contrato que atinja o limite a 7 de Novembro pode ainda ter extensão

PAULO RICCA

Ainda não foi definida a quota de pesca de sardinha para 2016

As organizações de produtores de

Sesimbra e de Setúbal, as únicas que

ainda têm quota disponível para pes-

car sardinha, vão poder fazer as cap-

turas até 31 de Dezembro, mais dois

meses do que estava inicialmente

previsto. De acordo com a Secreta-

ria de Estado do Mar restam apenas

150 toneladas para pescar e um des-

pacho publicado na passada quarta-

feira veio aumentar o prazo admitido

para as capturas.

A medida apanhou de surpresa

a Associação Nacional das Organi-

zações de Produtores da Pesca do

Cerco (Anopcerco). Humberto Lo-

pes, presidente daquela associação

que representa sete organizações de

produtores, lança duras críticas à se-

cretaria de Estado garantindo que,

ao contrário do que é mencionado

no Diário da República, a Anopcerco

não foi ouvida sobre o prolongamen-

to do prazo.

Além disso, argumenta, Dezem-

bro já é um mês de desova intenso e

prolongar a pesca até essa altura não

benefi cia a preservação da espécie.

“Neste momento, não se pode dizer

que a pesca da sardinha está parada

em Portugal. [A interrupção] seria

o rumo certo se estivéssemos preo-

cupados com o estado do recurso”,

disse ao PÚBLICO. Há apenas duas

organizações com quota de sardi-

nha disponível para pescar e, com o

aumento do prazo, “torna-se difícil

explicar aos restantes pescadores o

sacrifício que têm de fazer ao esta-

rem parados”.

Contactada, a Secretaria de Estado

do Mar explica que “a dilatação do

prazo de captura de sardinha decorre

da portaria em vigor e visou apenas

garantir que toda a quota disponível

seria sempre capturada”. Fonte ofi -

cial diz ainda as 150 toneladas que

sobram representam “pouco mais

de 1% do total”. “Ao ritmo a que tem

estado a decorrer, a captura da tota-

lidade da quota deve acontecer nas

próximas semanas”, esclarece.

Este ano, foi defi nido um limite to-

tal de 13 mil toneladas para as artes

de cerco, repartidas por dois perío-

dos (4000 toneladas entre Março e

Maio e 9000 toneladas entre Junho

Pescadores só têm mais 150 toneladas de sardinha para pescar até final do ano

transformadora, nomeadamente da

indústria conserveira”. As capturas

estão a apresentar “um bom rendi-

mento em algumas zonas da costa on-

de a pesca ainda decorre”, justifi ca.

No fi nal de Agosto, a Organização

de Produtores do Centro (Nazaré

e Peniche) esgotou a sua quota e a

pesca foi interdita naquelas zonas.

Também os armadores de Portimão

fi caram impedidos de sair para o

mar, porque esgotaram a quota local

anual de 700 toneladas de captura

de sardinha.

Ainda não se sabe qual o limite de

pesca para 2016. O Conselho Interna-

cional para a Exploração dos Mares

(ICES na sigla inglesa) recomendou

que a captura de sardinha em águas

ibéricas não deve ultrapassar as 1587

toneladas. Assunção Cristas, ministra

da Agricultura, disse que o parecer

não será seguido “porque parte de

um pressuposto errado de metodo-

logia”. Humberto Lopes lembra que

foi prometida, até fi nal de Outubro,

uma análise científi ca à espécie, o

que ainda não se concretizou.

e Outubro) e atribuídas às organi-

zações de produtores. Cerca de 3%

foram reservadas para armadores

independentes.

Com o prazo a aproximar-se do

fi m, o executivo decidiu “ajustar”

os limites diários fi xados para as

embarcações, “aumentando-os na

medida do necessário para melhor

corresponderem ao contexto em que

actualmente a pescaria se desenvol-

ve”. Assim, as embarcações com

comprimento igual ou inferior a nove

metros não podem descarregar mais

de 2,5 toneladas de sardinha por dia.

Os barcos com mais de nove metros

e menos de 16 têm como limite 4,5

toneladas diárias; os de dimensão su-

perior a 16 metros têm seis toneladas.

A Anopcerco deu o seu aval quanto

ao aumento destes limites, mas não

se pronunciou sobre o alargamento

do prazo.

De acordo com o despacho publi-

cado quarta-feira, nesta altura do

ano a maior parte do peixe captura-

do destina-se “de forma mais acen-

tuada ao abastecimento da indústria

PescasAna Rute Silva

Prazo permitido para a pesca foi prolongado dois meses. Anopcerco diz que a medida não ajuda a preservar a espécie

Page 16: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

16 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Oligarca russo quer investir 3,6 mil milhões na Oi e na fusão com a TIM

A Oi, que tem uma dívida de mais de seis mil milhões de euros, há muito que procura uma aproximação à TIM

O segundo homem mais rico da

Rússia apontou baterias ao Brasil.

O fundo de investimento de Mikhail

Fridman, que segundo a Forbes tem

uma fortuna de 14,7 mil milhões de

dólares, avançou com uma propos-

ta formal de interesse na Oi, desde

que a empresa que já foi dona da PT

Portugal consiga fundir-se com a TIM

Brasil.

Há um cheque de quatro mil mi-

lhões de dólares (3,8 mil milhões de

euros) que chegará aos cofres da

Oi sobreendividada (dívida de 34,6

mil milhões de reais ou oito mil mi-

lhões de euros no fi nal do primeiro

semestre), se a sua gestão conseguir

convencer a Telecom Itália (que tem

como maior accionista a Vivendi)

de que a fusão das duas empresas

é um bom negócio. A Oi explicou

em comunicado que o seu assessor

fi nanceiro, o BTG Pactual, recebeu a

indicação de que “a Letter One esta-

ria disposta a realizar um aporte de

até quatro bilhões de dólares na Oi,

condicionada à operação de conso-

lidação [com a TIM]”.

A Letter One é o grupo encabeçado

por Mikhail Fridman, que nos seus

órgãos de administração tem outros

bilionários russos (German Khan e

Andrei Kosogov, por exemplo), um

ex-ministro russo (Petr Aven), um

ex-ministro britânico (Lord Davies

of Abersoch) e um antigo primeiro-

ministro da Suécia (Carl Bildt), en-

tre outros notáveis. Os seus fundos

investem essencialmente nas áreas

da energia (a empresa de petróleo

e gás DEA) e telecomunicações (a lí-

der de mercado turca Turkcell e a

VimpleCom, que está sedeada em

Amesterdão e tem actividades em

14 países).

Fridman nasceu na Ucrânia, em

1964. Reza a sua biografi a no site da

Letter One que se estreou como em-

preendedor em 1988, na companhia

de alguns amigos da universidade,

com um negócio de lavagem de jane-

las. Hoje é dono do grupo Alfa, que

controla um dos maiores bancos pri-

vados da Rússia, o Alfa Bank, e tem

presença em sectores de actividade

como o retalho. Criou a Letter One

em 2013 com dinheiro que ganhou

com a venda da petrolífera TNK-BP

à petrolífera estatal Rosneft para in-

(controlada pela Telecom Italia) e

depois repartir os seus activos com

as rivais Claro e Vivo.

Nessa época, a Oi ainda era presidi-

da por Zeinal Bava (que foi demitido

em Outubro do ano passado), mas as

ondas de choque do escândalo do

papel comercial da Rioforte já se fa-

ziam sentir, pondo em evidência as

difi culdades fi nanceiras da empresa,

sobreendividada e sem capacidade

de crescimento. Cedo se levantaram

dúvidas sobre a capacidade da Oi em

liderar uma operação dessa nature-

za, havendo quem sugerisse que se-

ria esta operadora que acabaria, mais

tarde ou mais cedo, por ser integrada

numa rival.

Para já, a Oi, que tem como maior

accionista a Pharol SGPS (27,5% do

capital), a sociedade presidida por

Luís Palha da Silva que reúne ex-ac-

cionistas da antiga PT, como o No-

vo Banco, diz que está a analisar a

proposta da Letter One com os seus

assessores legais e fi nanceiros. Com

o anúncio da operação, as acções da

Pharol subiram 13% em bolsa, para

0,382 euros.

A TIM, como já tinha feito no ano

passado quando se falou na possibi-

lidade de vir a ser retalhada às postas

pelas rivais, veio pôr água na fervura

e garantiu em comunicado “que não

tem nenhuma negociação em cur-

so” nem com a Oi, nem com o fun-

do russo, tendo em vista “qualquer

potencial consolidação no mercado

brasileiro”.

A TIM é a segunda maior opera-

dora móvel do Brasil, mas não tem

oportunidades de crescimento no

fi xo e na televisão. Já a Oi tem uma

posição forte no fi xo, mas é a quarta

no móvel e só com a compra da TIM

poderia competir com a Vivo e a Cla-

ro. No fi nal de 2014 tinham cada uma

cerca de 75 milhões de clientes.

Mikhail Fridman quer criar novo gigante das telecomunicações no Brasil. Acções da Pharol, onde estão ex-accionistas da antiga Portugal Telecom, como o Novo Banco, disparam mais de 13% em bolsa

TelecomunicaçõesAna Brito

vestir em projectos internacionais.

Desde Agosto do ano passado que

a Oi andava activamente a procurar

de uma forma participar numa ope-

ração de consolidação no mercado

brasileiro de telecomunicações. Uma

das possibilidades que chegou a ser

noticiada foi a de comprar a TIM

RUI GUADÊNCIO

Fonte: Reuters/empresas PÚBLICO

Quem está no capital das duas empresas

Peso no capital (%)

BNDES1,83

BTGPactual

2,57

Telemar3,74

Ontario TeachersPension Plan5,89

TIMOi

Outros58,48

Pharol SGPS27,49

Minoritários33

Telecom Itália67

Page 17: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | ECONOMIA | 17

O investimento de Mikhail Fridman nas telecomunicações ficou marcado por um braço-

-de-ferro com a companhia norueguesa Telenor, em 2011. Quer a operadora nórdica, quer o grupo Alfa, do bilionário russo, eram accionistas da empresa de telecomunicações russa VimpelCom, mas ambos tinha ideias diferentes sobre o futuro do negócio.

E foi Fridman que levou a melhor quando conseguiu fazer aprovar a compra da Weather Investments, sociedade onde estavam concentrados activos de telecomunicações do bilionário egípcio Naguib Sawiris, num negócio de mais de 6 mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros). A Altimo, do grupo Alfa, tinha 45% dos direitos de voto da VimpleCom e a Telenor apenas 36%.

A VimpelCom, que é actualmente gerida através do fundo L1Technology, da Letter One, conseguiu transformar-se naquilo que a Forbes diz ser a sexta maior empresa de telecomunicações do mundo. Com sede em Amesterdão, tem operações em 14 países (Rússia, Itália, Ucrânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Arménia, Quirgiquistão, Laos, Bangladesh, Paquistão e Zimbabwe) e oferece serviços de voz e dados fixos e móveis. Um modelo de desenvolvimento regional semelhante ao da Turkcell, que a Letter One diz ser a empresa líder de telecomunicações da Turquia, com 67,9 milhões de clientes na Turquia e em várias ex-repúblicas soviéticas.

A aposta nas telecomunicações

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Fraude montada pelo moldavo Andrey Ghinkul assentava num software malicioso chamado Dridex

No mundo da informação a alta velo-

cidade, as fraudes informáticas não

são casos rápidos de resolver. Em

Agosto, quando as autoridades de

Chipre prenderam o moldavo Andrey

Ghinkul, o software malicioso que es-

te espalhava para roubar dados ban-

cários já tinha há vários meses caído

nos radares de empresas e organis-

mos de segurança informática.

O esquema de Ghincul (de 30 anos,

também conhecido online como

“Smilex”) era operado com a ajuda

de vários cúmplices. Afectou vários

países, embora não haja registo de

que a fraude, que desviou dinheiro

sobretudo de contas de empresas,

tenha tido consequências em Portu-

gal. Nos EUA, o grupo conseguiu des-

viar cerca de dez milhões de dólares,

segundo informação divulgada este

mês pelo FBI. No Reino Unido, foram

20 milhões de libras.

O esquema fraudulento assentava

num software malicioso chamado Dri-

dex, que é uma variante de um outro,

identifi cado há vários anos, e de que

foram entretanto descobertas várias

mutações. A empresa espanhola de

segurança informática S21Sec, uma

Na Internet, um vírus pode ter vida longa e roubar dinheiro

das várias que colaboraram com as

autoridades na detecção do esquema

fraudulento (e propriedade da Sona-

ecom, dona do PÚBLICO), tinha dado

conta da existência desta nova varian-

te já no ano passado. “Todos os dias

analisamos 40 mil casos de malwa-

re”, explica Igor Unanue, director

de tecnologia da empresa. “Quando

são situações mais graves, avisamos

as autoridades de cada país”. Tam-

bém no fi nal de 2014, a Proofpoint,

outra empresa de segurança, alerta-

va no seu site que o Dridex estava a

ser distribuído por email, através de

fi cheiros Word.

A descoberta do esquema, a deten-

ção de Ghincul (que os EUA estão a

tentar que seja extraditado) e o des-

mantelamento da rede informática

em que a fraude assentava envolveu

o FBI, a Europol, a Agência de Crime

Nacional do Reino Unido, as autori-

dades moldavas e várias empresas de

segurança informática.

O Dridex era distribuído sobretudo

através de emails fraudulentos, que

tentavam enganar os destinatários

apresentando-se como mensagens

semelhantes às de instituições ver-

dadeiras. É a chamada técnica de

phishing. Para que este primeiro pas-

so tenha sucesso, era preciso que os

utilizadores abrissem documentos do

Word ou Excel. Se as confi gurações

destes programas o permitissem, o

documento fazia então com que o

software malicioso fosse descarrega-

do e este passava a registar dados de

acesso a contas bancárias. Uma vez

obtidos os dados, eram feitas transfe-

rências de dinheiro para as contas das

chamadas “mulas de dinheiro”, que

tipicamente são pessoas com contas

do mesmo banco visado pelos crimi-

nosos, de forma a que a transferência

seja imediata. Estas “mulas” pode ser

recrutadas via anúncios de emprego

e não sabem que estão a participar

num crime.

Como é típico nos ataques infor-

máticos, mesmo quando o objectivo

é roubar dados bancários, há outras

fontes de negócio que os atacantes

podem explorar. Os computadores

infectados com o Dridex podiam tam-

bém ser usados como parte de uma

rede de computadores controlada pe-

los atacantes e que podia servir para

enviar spam, para espalhar o próprio

Dridex ou para levar a cabo ataques

de negação de serviço, que inundam

um site com pedidos de acesso até

que este deixe de responder. No sub-

mundo do cibercrime, este género de

redes é um recurso importante e po-

dem até ser alugadas a quem queira

fazer ataques específi cos.

Os países mais afectados em ter-

mos de número de infecções foram o

Reino Unido (com 115 mil casos identi-

fi cados entre Agosto de 2014 e o mes-

mo mês deste ano), França e EUA, de

acordo com dados fornecidos pela

S21Sec. “Acompanhámos de perto

como é que isto ia evoluir em Por-

tugal”, recorda o vice-presidente da

empresa para o mercado português,

Pedro Leite. “Esta ameaça apanhou

credenciais de bancos portugueses,

mas não houve nenhum ataque diri-

gido à banca nacional.”

TecnologiaJoão Pedro Pereira

Esquema que roubava dados de contas bancárias foi desmantelado pelas autoridades, com apoio de empresas como a S21Sec

A Metro do Porto e a STCP assinaram

ontem com as empresas Transdev e

Alsa (respectivamente), os contra-

tos de subconcessão da exploração

e manutenção dos seus sistemas de

transportes por um período de dez

anos. Os contratos deverão agora ser

submetidos ao Tribunal de Contas

para a necessária obtenção de vis-

to prévio. Tal como foi feito com os

contratos de subconcessão referen-

tes aos transportes de Lisboa — Me-

tropolitano de Lisboa e Carris — a

assinatura foi feita em cerimónia

privada e, desta vez, sem prévia di-

vulgação.

A entrada da acção popular patro-

cinada pelo Bloco de Esquerda não

teve nenhuma decisão judicial que

difi cultasse o avanço do processo,

pelo que, apurou o PÚBLICO junto

de fonte da Metro do Porto, o tempo

que passou desde que foram conhe-

cidos os resultados do ajuste directo

decidido pelo Governo (e que deu

um prazo de 12 dias para que novos

concorrentes apresentassem uma

proposta) e que deu lugar à entrada

de sete propostas combinadas às sub-

concessões do Metro do Porto e da

STCP) é justifi cado pela normal de-

mora na tramitação para a redacção

das minutas do contrato. O anúncio

da Alsa e da Transdev como vence-

dores do concurso foi feito já a 4 de

Setembro, pelo que esse processo

demorou quase dois meses.

Os dois contratos vão ser agora

analisados pelo Tribunal de Contas,

que tem um prazo de 30 dias úteis

para se pronunciar sobre eles, em se-

de de análise de visto prévio. O prazo

é interrompido de cada vez que há

pedidos de esclarecimento, não se

sabendo, para já, se o organismo que

fi scaliza as contas do Estado tirou já

muitas das suas dúvidas quando

analisou o contrato que esteve para

ser assinado com o consórcio TMB/

Aventis, liderado pelo Metro de Bar-

celona — num concurso que acabou

cancelado, para dar lugar ao proce-

dimento de ajuste directo.

O concurso fi cou resolvido em ple-

na campanha eleitoral, tendo o PS, o

Bloco de Esquerda e o PCP esgrimido

o cancelamento destas concessões

como bandeiras de campanha. Numa

altura em que ainda não se conhece

a composição do Governo que vai to-

mar posse na próxima legislatura,

certo é que os contratos agora assi-

nados ainda não estão em condições

de entrar em vigor.

Contratos do Metro do Porto e STCP assinados

Subconcessões Luísa Pinto

Page 18: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

TOSHIFUMI KITAMURA/AFP

Escândalo de emissões da VW pode beneficiar a concorrência

Na luta pelo topo das tabelas de

vendas, a Toyota, que no primeiro

semestre do ano tinha perdido a po-

sição para a Volkswagen, voltou a

assumir o primeiro lugar. Os dados

de vendas dos primeiros nove meses

de 2015 publicados ontem mostram

que o construtor japonês ultrapas-

sou o concorrente alemão.

No total, entre Janeiro e Setembro,

a Toyota vendeu 7,498 milhões de

viaturas a nível global, contra 7,430

milhões da Volkswagen. Apesar da

ultrapassagem, está ainda por per-

ceber o impacto que a manipulação

de emissões do grupo germânico te-

rá nas vendas. O escândalo só veio a

público no fi nal de Setembro, pelo

que só quando forem conhecidas as

vendas do quarto trimestre será pos-

sível analisar a extensão dos danos

nas vendas da Volkswagen.

Apesar de a Toyota ter vendido

mais do que a Volkswagen, ambas

as empresas viram as vendas cair

a nível global em igual proporção.

Em comparação com igual perío-

do do ano anterior, as vendas de

cada grupo recuaram 1,5% em ter-

mos de unidades. Para a Volkswa-

gen, o crescimento dos mercados

europeu e norte-americano não

conseguiu compensar as quedas

em países como China e Brasil. Na

Europa, o grupo cresceu 3,2%, um

ritmo semelhante ao verifi cado nos

Estados Unidos, onde a subida foi

de 3,6%.

No entanto, o abrandamento

da economia chinesa levou a uma

perda de 5,2%. O mesmo aconteceu

no Brasil, mas de forma mais acen-

tuada, com as vendas a recuarem

33,4%, em linha com o mercado sul-

americano (-25%). As sanções eco-

nómicas impostas à Rússia ajudam

a explicar que, em termos percentu-

ais, foi neste mercado que o grupo

alemão mais perdeu, com um recuo

de 37,6%.

O fraco desempenho da econo-

mia japonesa contribui para queda

nas vendas naquele mercado, que

caiu 7,8% nos primeiros nove meses

do ano. Fora do Japão, verifi cou-se

um ligeiro aumento neste indicador,

com as vendas a subir 0,4%. Ao con-

trário da concorrente, a Toyota não

Toyota ultrapassa Volkswagen nas vendas e volta a ser o maior construtor mundial

discrimina os resultados por região,

fazendo apenas a divisão entre ven-

das no Japão e no estrangeiro.

O fi m-de-semana trouxe novida-

des diferentes para os dois grupos

que disputam o primeiro lugar da

tabela de vendas. A Toyota apresen-

tou o Mirai, um modelo híbrido com

motor eléctrico movido a hidrogé-

nio que representa mais um passo

na estratégia da companhia em fa-

bricar veículos mais ecológicos.

Para a VW, as notícias continuam

pouco animadoras. O Financial Ti-

mes revela que a Comissão Europeia

sabia da manipulação dos testes des-

de 2013 (ver caixa) e dá conta de que

pelo menos dez responsáveis da em-

presa foram suspensos na sequência

da investigação interna do grupo.

EmpresasCamilo Soldado

Impacto da manipulação de emissões ainda não se reflecte nas vendas do grupo germânico

Comissão Europeia sabia de manipulação de testes de emissões desde 2013

A Comissão Europeia sabia da existência da manipulação de testes de emissão de gases nocivos desde 2013.

A notícia foi avançada pelo jornal britânico Financial Times, que revela correspondência entre comissários europeus, na qual o responsável pelo ambiente expressa “preocupações generalizadas” sobre a manipulação dos testes. Os documentos datam de 2013, ou seja, dois anos antes de as autoridades norte-americanas tornarem público que a Volkswagen tinha contornado os testes. Na carta que data de Fevereiro de 2013, o então comissário europeu do Ambiente, Janez Potocnik, escrevia ao comissário da Indústria, Antonio Tajani, que vários ministros da União Europeia acreditavam haver “discrepâncias significativas” entre as emissões verificadas nos testes em laboratório e as registadas em condução

real. Potocnik acrescentava ainda que esta seria a “razão principal” para que os padrões de qualidade do ar não encaixassem nos requeridos pela legislação comunitária. Entre as medidas para aplicar à indústria automóvel sugeridas pelo comissário do Ambiente a Antonio Tajani estavam a retirada de aprovação de emissões a vários modelos de automóveis e a exigência de medidas de correcção aos seus construtores. Apesar dos avisos do comissário Potocnik (que não quis comentar o assunto ao FT), Bruxelas não tomou medidas imediatas, permitindo à indústria automóvel manter os mecanismos de contorno dos testes até 2017. As discrepâncias entre emissões em laboratório e emissões em condução de estrada foram detectadas em 2011 pelo Centro de Investigação Conjunta da Comissão Europeia, escreve o jornal.

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 -0,21 5411,52 672771162 5394,73 5424,69 5365,20 0,64 12,76ALTRI 2,29 4,33 774485 4,24 4,35 4,24 6,33 74,39BANIF -7,14 0,00 321049715 0,00 0,00 0,00 -22,22 -54,39BPI -2,41 1,09 1853177 1,13 1,13 1,08 5,75 6,63BCP -4,92 0,05 281840790 0,05 0,05 0,05 -7,21 -23,59CTT CORREIOS 2,14 10,28 357701 10,03 10,29 10,02 0,55 28,23EDP 0,47 3,43 4588341 3,41 3,43 3,38 0,38 6,53EDP RENOVÁVEIS -1,15 6,20 226779 6,26 6,26 6,16 1,69 14,66GALP ENERGIA -2,42 9,62 1478571 9,95 9,95 9,56 0,61 14,13IMPRESA -1,1 0,63 32657 0,64 0,65 0,63 -6,75 -20,30J. MARTINS -0,12 12,84 1491114 12,58 13,00 12,47 2,15 53,99MOTA-ENGIL 7,63 2,36 4250837 2,25 2,38 2,20 3,45 -11,50NOS 0,92 7,47 602833 7,39 7,47 7,33 3,27 42,63PHAROL 13,35 0,38 50768127 0,34 0,39 0,33 -1,46 -55,79PORTUCEL 0,88 3,68 788447 3,65 3,71 3,62 3,67 19,29REN -0,82 2,77 527910 2,79 2,80 2,75 -0,29 14,96SEMAPA 3,27 12,64 98151 12,37 12,68 12,33 2,38 26,08TEIXEIRA DUARTE -1,13 0,44 12750 0,44 0,44 0,44 -1,78 -38,68SONAE 0,36 1,13 2028777 1,12 1,14 1,12 -0,09 10,25

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BANIF 321.049.715BCP 281.840.790PHAROL 50.768.127EDP 4.588.341MOTA-ENGIL 4.250.837

PHAROL 13,35%MOTA-ENGIL 7,63%SEMAPA 3,27%

BANIF -7,14%BCP -4,92%GALP ENERGIA -2,42%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

2,000

2,375

2,750

3,125

1,10490,7197133,694,31841,0862

-0,061%0,01%

46,221162,95

0,295%2,455%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

3000

3200

3400

3600

3800

4700

4950

5200

5450

5700

0,0100

0,0225

0,0350

0,0475

0,0600

-0,21%-0,33%-0,13%

Page 19: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

AGORA��AO�ASSINAR�O�PÚBLICO�DIGITAL��OFERECEMOS�����DE�DESCONTO

EM�CARTÃO�CONTINENTE�

TRAZEMOS�BOAS�NOTÍCIAS�

Assine já em assinaturas.publico.ptASSINATURA DIGITAL SEMESTRAL

Cam

pan

ha

válid

a p

ara

no

vas

assi

nat

ura

s n

a lo

ja P

úb

lico

, em

ass

inat

ura

s.p

ub

lico

.pt,

até

21

de

De

zem

bro

de

20

15. P

agam

en

to d

isp

on

íve

l atr

avé

s d

e m

ult

iban

co

ou

de

vis

a/p

ayp

al/d

éb

ito

dir

ect

o, c

om

re

no

vaçã

o a

uto

mát

ica.

Fin

aliz

ada

a ca

mp

anh

a, o

val

or

da

ren

ova

ção

é d

e 5

9,9

9€

/se

me

stre

.

www.continente.pt

ACUMULE

29,€ 99

€59,99UNID.

Page 20: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

20 | MUNDO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Segunda volta presidencial enterra o kirchnerismo na Argentina

As sondagens à boca das urnas já

prenunciavam a realização de uma

segunda volta, inédita na história

eleitoral do país, para a escolha do

futuro Presidente da Argentina. Mas

o curto intervalo na votação que se-

parou o candidato “ofi cialista” Daniel

Scioli, o herdeiro político de Cristina

Fernández de Kirchner, do principal

líder da oposição, Mauricio Macri,

foi uma verdadeira surpresa — e de

tal maneira que já se começam a

escrever os epitáfi os do chamado

“kirchnerismo”, que parece ter cum-

prido o seu ciclo de vida e entrado

em extinção independentemente do

desfecho fi nal marcado para 22 de

Novembro.

A diferença de dois pontos entre

os dois concorrentes mais votados,

que na linguagem dos inquéritos de

opinião seria classifi cada como um

“empate técnico”, operou uma re-

viravolta inesperada no panorama

eleitoral, transformando Mauricio

Macri no favorito à vitória. O conser-

vador chefe do governo da cidade de

Buenos Aires, além do eleitorado de

centro-direita, representa a aspira-

ção de uma mudança de rumo após

12 anos de kirchnerismo: se na corri-

da a seis, conseguiu atrair 34,5% dos

votos, quem sabe quanto valerá ago-

ra a sua candidatura agregadora do

descontentamento contra o regime

de Kirchner, chamada simplesmente

“Mudemos”?

“O que aconteceu hoje muda a po-

lítica deste país”, exultou Macri, as-

sim que se tornou claro o curto inter-

valo que o separava de Daniel Scioli,

o homem que esteve sempre à frente

nas sondagens (e no início da longuís-

sima noite eleitoral ainda chegou a

acreditar na vitória à primeira volta).

Não é preciso fazer contas complica-

das para perceber como a aritmética

eleitoral favorece agora o candidato

da oposição: 65% dos eleitores ar-

gentinos votaram pela mudança, e

um entusiástico Macri apelou a todos

os que “se dispuseram a apostar no

futuro” e àqueles que votaram por

hábito ou tradição e não por con-

vicção, “até mesmo em Scioli”, a

continuar a “olhar para a frente”.

A campanha de Daniel Scioli, co-

meça a absorver o choque e a deline-

ar a estratégia para a segunda volta,

para a qual parte atordoada e vulne-

rável. Numa primeira reacção, o can-

didato do Governo convidou os inde-

cisos e os independentes a “juntar-

se à causa” e acompanhá-lo “até ao

fi m”. As suas palavras presumem o

apoio da máquina peronista, que em

democracia só não conseguiu eleger

dois dos 11 presidentes da Argentina.

O problema para o putativo sucessor

de Cristina é que, aparentemente, a

máquina “engasgou-se”, incapaz de

resolver o dilema que é a “continui-

dade com mudanças” — no fundo,

um problema de identidade.

Além de transformar Mauricio Ma-

cri no favorito, a surpresa eleitoral

teve o condão de aproximar Daniel

Scioli do populismo da Presidente.

Na noite de domingo, o candidato

falou nos progressos económicos

e sociais da última década, desde a

campanha de privatizações à justiça

para as vítimas da ditadura; ontem

foi mais longe e, rompendo com a

sua imagem de afabilidade, atirou-se

duramente ao seu adversário, que

defi niu como o “candidato do ajuste

e da austeridade”. “A palavra mudan-

ça pode parecer sedutora, mas temos

de debater que tipo de mudança é

que a direita quer. Principalmente,

precisamos de garantir as nossas con-

quistas, de cuidar do trabalho, da in-

dústria e da soberania energética”,

sublinhou, num discurso dirigido aos

trabalhadores que poderia ter sido

escrito pessoalmente por Cristina

Kirchner.

“Cumpri a nossa promessa. Dei-

xamos [aos argentinos] um país

normal”, afi rmou a Presidente no

domingo, à entrada para a assem-

bleia de voto. A declaração, com a

inevitável evocação do legado do

seu marido, que morreu em 2010,

remetia para a “década dourada” da

Argentina com os Kirchner: Néstor,

que governou entre 2003 e 2007, e

supervisionou o “milagre económi-

co” que retirou o país da recessão e

da bancarrota; Cristina aprofundou

os benefícios sociais e subiu a parada

da política externa, tornando-se uma

fi gura central do eixo regional latino-

O candidato conservador Mauricio Macri agrega o descontentamento com as políticas de Kirchner

O candidato da oposição, Mauricio Macri, torna-se o favorito à vitória e força o movimento peronista a procurar uma nova identidade

Eleições Rita Siza

americano contra a hegemonia dos

Estados Unidos.

Hoje, os comentadores e analistas

questionam-se (e desentendem-se)

quanto à capacidade de resistência

do peronismo, mas começam a con-

vergir na opinião de que a era kirch-

nerista se esgotará com a saída de

Cristina da Casa Rosada — mesmo se

esta deixa o poder com uma “inve-

jável” taxa de popularidade de 50%,

que pelo menos teoricamente man-

tém a porta aberta para o seu regres-

so. O modelo kirchnerista, populista,

heterodoxo e autoritário já só fun-

cionava graças à personalidade (ao

carisma?) de Cristina, argumentam.

E a “receita” kirchnerista, que efec-

tivamente retirou do desemprego e

da pobreza milhões de argentinos,

começou a ruir perante um quadro

económico global desfavorável.

Se a candidatura de Mauricio

Macri, um conservador nas ques-

tões sociais e um liberal nas eco-

nómicas, era aquela que oferecia a

maior ruptura com a via peronista

na disputa presidencial, a verdade é

que as propostas de “continuidade

com mudança” de Daniel Scioli já

representam um corte com o pas-

sado kirchnerista. A candidatura do

actual governador da província de

Buenos Aires, muito criticado pela

sua “ligeireza” ideológica, assenta

numa plataforma bastante mais

moderada do que a de Cristina,

principalmente na economia: os

resultados da primeira volta pare-

cem indicar, porém, que em vez de

alargar a base eleitoral, a infl exão ao

centro tornou a campanha de Scioli

menos “competitiva”.

Mas não foi só a desilusão eleitoral

de Scioli que desmoralizou os pero-

nistas da ala kirchnerista na noite

de domingo. A Frente para a Vitória

(que integra o Partido Justicialista)

também perdeu a sua maioria na

Câmara de Deputados, e viu a sua

infl uência regional diminuída — além

do novo Presidente, os argentinos

também elegeram 11 governadores,

metade dos deputados e um terço

dos senadores, centenas de autarcas

e, pela primeira vez, os 45 deputa-

“A palavra mudança pode parecer sedutora, mas temos de debater que tipo de mudança é que a direita quer”

Daniel ScioliCandidato da Frente para a Vitória

niel Sciolindidato da Frente para aória

Page 21: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | MUNDO | 21

dos argentinos no Parlamento do

Mercosul.

Uma derrota especialmente aziaga

aconteceu em Buenos Aires, bastião

do peronismo: o candidato à substi-

tuição de Daniel Scioli à frente do go-

verno da maior província do país era

nada mais do que o chefe de gabinete

de Cristina Kirchner, Aníbal Fernan-

dez, batido pela candidata apoiada

pelo Mudemos, María Eugenia Vidal,

uma relativa desconhecida na cena

política argentina. Outra foi a perda

da província de Jujuy, sempre nas

mãos dos peronistas desde o regres-

so da democracia, em 1983.

Mas também a recomposição do

Parlamento, no qual deixou de exis-

tir uma maioria absoluta, representa

um desafi o para os peronistas, que

obrigatoriamente terão de negociar

alianças políticas, mesmo no caso de

uma vitória de Scioli. Certo é que, de-

pois de 22 de Novembro, o movimen-

to peronista entrará num processo

de recomposição e redefi nição polí-

tica — no qual Kirchner difi cilmente

terá algo a dizer.

EITAN ABRAMOVICH/AFP

Cansados da corrupção que mina a

classe política — ao ponto de o ante-

rior Presidente ter sido formalmente

acusado e forçado à demissão —, os

eleitores da Guatemala elegeram pa-

ra a chefi a de Estado um homem sem

experiência de governação: Jimmy

Morales, um popular humorista. O

candidato conservador, que é um

homem profundamente religioso,

terá como missão reconciliar o país

e devolver credibilidade às institui-

ções democráticas, atingidas por um

escândalo sem precedentes.

Morales, o líder da Frente de Con-

vergência Nacional, obteve 68,5% dos

votos, conseguindo mais um milhão

de votos do que a outra candidata

que passara à segunda volta das pre-

sidenciais, Sandra Torres. Com 33%,

a antiga primeira-dama (ex-mulher

do Presidente Álvaro Colom) e líder

da Unidade Nacional da Esperança,

formação de centro-esquerda, nem

esperou pelo fi m da contagem para

reconhecer a derrota e “desejar o

maior êxito” ao Presidente eleito.

Morales, que se tornou o candida-

to mais votado de sempre desde a

instauração da democracia, em 1985,

venceu em 21 dos 23 distritos eleito-

rais da Guatemala, diz o jornal local

El Periódico, que referia na edição

de ontem que a equipa governativa

(a Guatemala é um regime presiden-

cialista) só deverá ser conhecida em

Dezembro, uma vez que Morales e

Humorista vence presidenciais na Guatemala

pelo seu vice-presidente, Jafeth Ca-

brera, nada disseram ainda sobre

quem chefi ará que sector.

Quanto ao programa de governo,

também pouco é conhecido: durante

a campanha eleitoral, Morales disse

que as suas prioridades são a saúde,

a educação e o desenvolvimento eco-

nómico, além da tolerância zero para

com a corrupção. Ainda assim, falta-

ram propostas concretas. O manifes-

to eleitoral da Frente Convergência

Nacional, de apenas seis páginas, era

notoriamente vago. “Foi o triunfo da

antipolítica”, decretaram os comen-

tadores.

A má governação, mas sobretudo

a corrupção, é considerada a grande

responsável pelo triunfo deste polí-

tico de fora do sistema — não é total-

mente um novato: o actor, realizador

e produtor de 46 anos foi, em 2011,

candidato derrotado à presidência

do município de Mixco pelo partido

Acção de Desenvolvimento Nacional

e era desde há dois anos o secretário-

-geral da Convergência Nacional. O

seu movimento só dispõe de 7% dos

assentos da Câmara de Deputados —

os analistas antecipam uma governa-

ção conturbada, uma vez que o novo

Presidente não conta com uma base

de apoio parlamentar sólida.

No mês passado, o então Presiden-

te Otto Perez foi forçado a demitir-

se, depois de ter sido formalmente

acusado pela Justiça no âmbito de

um esquema de corrupção, lavagem

de dinheiro e fraude fi scal que en-

volve os serviços alfandegários — tal

como a sua vice-presidente, encon-

tra-se detido a aguardar julgamento.

“Como Presidente eleito, recebi um

mandato do povo da Guatemala para

combater a corrupção que nos está a

consumir”, disse Morales, que toma

possa a 14 de Janeiro.

Eleições

Jimmy Morales tem por missão devolver a credibilidade às instituições democráticas e ao próprio país

JOHAN ORDONEZ/AFP

A vitória de Jimmy Morales foi a vitória da antipolítica

Luaty quer que detidos esperem julgamento em liberdade

Os serviços prisionais angolanos li-

mitaram à mãe, à mulher e ao “ir-

mão espiritual” — o também músico

Pedro Coquenão — as visitas a Luaty

Beirão, o activista angolano que on-

tem cumpriu o trigésimo sexto dia

de greve de fome.

“É uma coisa um bocado estra-

nha, não consigo perceber”, disse

ontem à noite ao PÚBLICO, por tele-

fone, a mulher. Mónica Almeida não

compreende que Luaty não possa

sequer ser visitado pelos “irmãos

de sangue”.

A indicação de que as visitas pas-

savam a ser restringidas foi dada

“pelas pessoas da clínica” onde o

activista luso-angolano está interna-

do, mas foi uma decisão dos serviços

prisionais — afi rmou. Não foi possí-

vel obter explicações dos serviços

prisionais.

A restrição começou no domingo

e ontem à noite não havia indicações

de que pudesse terminar. Já ante-

riormente tinha havido uma instru-

ção para as visitas serem limitadas,

mas a situação foi corrigida e inter-

pretada pelos mais próximos como

um mal-entendido.

Nos últimos dias, para além de

familiares e amigos, Luaty Beirão,

detido desde 20 de Junho e em greve

de fome desde 21 de Setembro, foi

visitado por muita gente — do advo-

gado a activistas como o jornalista

Rafael Marques e representantes di-

plomáticos em Luanda, entre eles o

embaixador de Portugal.

Nas visitas que ontem lhe fez, Mó-

nica Almeida não notou alterações

visíveis no estado do marido, que

reclama para ele e para os outros 14

detidos o direito a esperarem o jul-

gamento em liberdade. “Está igual,

não há nada de novo”, afi rmou. “Fi-

zeram-lhe exames, mas ainda não

nos deram os resultados.”

Os 15 detidos, e duas outras acti-

vistas que não estão presas, são acu-

sados de rebelião e tentativa de as-

sassinar o Presidente de Angola, José

Eduardo dos Santos. Têm julgamento

marcado para dia 16 de Novembro.

A tese de insurreição foi reafi r-

mada pelo vice-procurador-geral,

Hélder Pita Grós, em declarações à

Serviços prisionais limitam visitas a Luaty à mãe, à mulher e a um amigo

Televisão Pública de Angola repro-

duzidas ontem pelo Jornal de Ango-

la. “Eles queriam alterar o quadro

actual, quer o Presidente da Repú-

blica, a Assembleia Nacional e, por-

tanto, houve de facto a necessidade

de intervenção para não permitir

que houvesse uma insurreição.”

“As consequências de uma even-

tual rebelião seriam incalculáveis.

Isso teria um efeito de bola de ne-

ve. Inicialmente, podia parecer que

nada acontecesse, mas na verdade

tudo podia acontecer e, como se diz,

mais vale prevenir do que remediar

e, às tantas, não teríamos como re-

mediar.”

No mesmo texto, de que fez man-

chete, com o título “Poder judicial é

soberano”, o Jornal de Angola publi-

ca declarações do número dois do

MPLA, partido governamental, em

Luanda, Jesuíno Silva, que qualifi ca

os apelos à libertação como pressões

para que José Eduardo dos Santos in-

terfi ra no trabalho dos tribunais.

“São os mesmos que volta e meia

questionam sem razão a indepen-

dência dos tribunais angolanos, mas

hoje, porque lhes convém, já acham

normal que o titular do poder exe-

cutivo interfi ra no judicial”, afi rma,

citado num texto que tem como sub-

título: “Dirigente do MPLA responde

aos ataques vindos de Portugal”.

“Em Angola, tal como em Portu-

gal ou em qualquer outro país eu-

ropeu, o Presidente da República

não manda nos tribunais. Isso seria

violar a Constituição e os princípios

republicanos”, diz também.

No domingo, em editorial, o jor-

nal classifi cou a visita do embaixa-

dor português a Luaty Beirão como

“um precedente grave” e falou em

“ingerência desabrida”.

A situação dos detidos levou um

grupo de académicos e artistas cabo-

-verdianos a divulgarem uma “car-

ta aberta” a Eduardo dos Santos, na

qual exigem “libertação imediata”.

Direitos humanosJoão Manuel Rocha

A restrição começou no domingo. Nem os irmãos estão autorizados a visitaro activista angolano que está em greve de fome

Page 22: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

22 | MUNDO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

ARIS MESSINIS/AFP

Na última semana, chegaram diariamente à Grécia nove mil pessoas

A minicimeira de líderes europeus

convocada de emergência por Ange-

la Merkel e Jean-Claude Juncker no

domingo conseguiu um acordo para

a criação de cem mil novos lugares

para refugiados, repartidos entre

centros de acolhimento na Grécia e

rota dos Balcãs, num momento em

que o frio e as chuvas de Outono atin-

gem com severidade a principal rota

migratória na Europa.

O encontro estava a ser negociado

há semanas entre a chanceler alemã

e o presidente da Comissão Euro-

peia, que encaram com preocupação

a desordem na resposta dos países

do extremo oriental à crise dos refu-

giados. Acabaram por conseguir que

países de costas voltadas concordas-

sem em abrir canais de informação

sobre o fl uxo de refugiados e, num

momento em que se atinge o pico de

novas chegadas à Europa, consegui-

ram também um frágil entendimento

para que os países nos Balcãs deixem

de facilitar a passagem de pessoas

sem documentação para as frontei-

Bruxelas cria mais cem mil lugares para refugiados na Grécia e Balcãs

ras vizinhas sem antes o anunciarem.

“A política de deixar passar refu-

giados sem informar um país vizinho

não é aceitável”, lê-se no comunica-

do conjunto, publicado já na manhã

de ontem.

A Grécia, que abrirá 30 mil novos

lugares para crianças refugiadas e ou-

tros 20 mil com a ajuda do gabinete

de refugiados das Nações Unidas,

esteve no centro das atenções. É o

principal ponto de entrada na União

Europeia, além da Turquia, e tem si-

do acusada de fazer pouco para fazer

a triagem dos pedidos de asilo.

Pouco mais de 800 refugiados fo-

ram distribuídos pelos países euro-

peus, de uma fatia de 160 mil (Portu-

gal recebe 45 na próxima semana, ver

pp. 6/7), e, nos Balcãs, o caos político

e humanitário agrava-se. As tempera-

turas cada vez mais baixas e as chu-

vas de Outono pioram as condições

de vida dos refugiados e imigrantes

naquela que é a principal rota de

trânsito até ao Norte da Europa, mas

não impedem a chegada de cada vez

mais pessoas à Grécia. Atenas contou

mais de nove mil novas chegadas to-

dos os dias da última semana, mais

do que em qualquer outro momento

deste ano. São 157 mil novas entradas

desde o início do mês. Mais de 500

mil desde Janeiro.

A norte encontram os muros do

Sul da Hungria, que os obrigam a

contornar o país através dos con-

trolos fronteiriços já impostos pela

Croácia. Dezenas de milhares de pes-

soas esperam por autorização para

seguirem o seu caminho para nor-

te, muitos sem abrigo e com pouco

apoio humanitário, vítimas de polí-

ticas que, no extremo oriental euro-

peu, têm oscilado entre o proibir a

marcha dos refugiados e acelerar a

sua viagem para os países vizinhos.

“Cada dia conta”, disse Juncker an-

tes da cimeira de domingo. “Caso

contrário, veremos em breve famí-

lias perecendo miseravelmente nos

rios frios dos Balcãs.”

Cada país terá agora que aprovar

medidas específi cas para ir ao encon-

tro do que foi decidido em Bruxelas.

Mas nada garante que isso aconte-

ça. O primeiro-ministro croata disse,

no início do encontro, que não iria

obedecer ao compromisso de não

acelerar a viagem de refugiados para

outros países. “Quem escreveu isto,

não compreende como as coisas fun-

cionam e deve ter acabado de acor-

dar de um sono de vários meses”,

afi rmou Zoran Milanovic.

Algo que não caiu bem na vizinha

Eslovénia, país de dois milhões de ha-

bitantes que, nos últimos dez dias, viu

passar 60 mil refugiados e imigrantes

pelas suas fronteiras, vindos da Cro-

ácia. O encontro, disse o primeiro-

ministro de Liubliana, Miro Cerar,

foi um “passo na direcção correcta”,

mas, acrescenta, é agora “crucial que

os Estados vizinhos, designadamente

a Croácia, os cumpram”.

Crise na EuropaFélix Ribeiro

Merkel e Juncker arrancaram um compromisso frágil para o fim da política de empurrar pessoas para os vizinhos

O Governo turco anunciou o desman-

telamento de uma célula do Estado

Islâmico (EI) na cidade de Diyarbakir,

tendo na operação morrido dois po-

lícias e sete jihadistas. Foi o primeiro

confronto das autoridades com jiha-

distas em solo turco desde que o país

se juntou, em Julho, à coligação que

combate o EI na Síria.

Segundo as informações da agên-

cia noticiosa ofi cial, Anatolia, a polí-

cia antiterrorismo tomou de assalto

vários esconderijos do EI ao início

da manhã de ontem. Houve troca

de tiros nas ruas e os polícias mor-

reram devido ao rebentamento de

uma bomba. Outros cinco elemen-

tos da brigada fi caram feridos e 12

suspeitos foram presos.

“Podemos dizer que uma impor-

tante célula do Daesh [o acrónimo

árabe do EI] foi neutralizada”, dis-

se o vice-primeiro-ministro, Numan

Kurtulmus.

Foi o Estado Islâmico que o Go-

verno responsabilizou pelo atenta-

do de há duas semanas no centro

de Ancara, que matou cem pessoas.

Porém, a operação de ontem tem

um pano de fundo mais alargado —

dentro de uma semana, repetem-se

as legislativas na Turquia e, depois

do atentado, com o argumento de

combater o terrorismo, o Governo

reacendeu a luta contra as forças

curdas. O partido no poder, o Par-

tido da Justiça e Desenvolvimento

(AKH, do Presidente Recep Erdo-

gan), ambiciona recuperar a maioria

Ancara realiza operação contra o Estado Islâmico em território turco

Terrorismo que perdeu em Junho. O AKH não

conseguiu formar uma coligação

governativa e viu conseguir a sua

primeira representação parlamen-

tar o Partido Democrático do Povo

(HDP), pró-curdo — muito bem im-

plantado em Diyarbakir, uma gran-

de metrópole do Sudeste habitada

por uma maioria curda.

A operação contra o EI surge,

assim, num ambiente de grande

suspeição política, com Governo e

oposição a acusarem-se mutuamen-

te de acções visando a manipulação

eleitoral.

O duplo atentado de Ancara teve

lugar antes do arranque de uma ma-

nifestação convocada por sindicatos

e forças de esquerda e pró-curdas,

em protesto pelo confl ito do exér-

cito e da guerrilha do Partido dos

Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Na altura, o primeiro-ministro disse

que se tinha tratado de uma “tentati-

va de infl uenciar os resultados” das

eleições. A seguir, já com o EI como

suspeito, pediu à oposição o cance-

lamento da campanha eleitoral para

“evitar provocações”.

O Governo fez também saber que

iria fazer guerra a todos os tipos de

terrorismo: EI, rebeldes do PKK, mi-

lícias curdas da Síria e serviços de

espionagem de Damasco. O atentado

de Ancara, sentenciou Erdogan na

semana passada, foi um “acto terro-

rista colectivo”.

A oposição acusa Erdogan de estar

a jogar em duas frentes, realizando

raides contra os jihadistas para justifi -

car os ataques aos curdos quando, na

verdade, “protege” o Estado Islâmico

inimigo dos curdos. “Meus amigos,

olhem bem para mim, olhem-me nos

olhos, escutem os meus discursos.

Tenho mesmo cara de quem apoia o

EI?”, perguntou ontem o primeiro-

ministro turco num encontro com

estudantes em Istambul.

SERTAC KAYAR/REUTERS

Polícia antiterrorismo em frente a uma casa suspeita em Diyarbakir

Governo atacou célula jihadista em cidade de maioria curda. A uma semana das legislativas, vive-se clima de suspeição

Page 23: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | MUNDO | 23

Sismo de magnitude 7,5 mata centenas de pessoas no Afeganistão e Paquistão

SHAHID BUKHARI/AFP

O abalo derrubou casas e deixou sem comunicações regiões inteiras

A terra voltou a mexer-se nas impo-

nentes montanhas do Hindu Kush,

num sismo de magnitude 7,5 na es-

cala de Richter que provocou pelo

menos 230 mortos nas zonas de fron-

teira entre o Afeganistão e o Paquis-

tão. Sentido de Cabul a Nova Deli,

na Índia, o abalo derrubou casas e

deixou sem comunicações regiões in-

teiras, fazendo temer que o balanço

fi nal de vítimas seja muito superior.

“Nunca senti um tremor de terra

tão forte em toda a minha vida”, ga-

rantiu à AFP Mohammad Rehman,

um habitante de 87 anos de Pesha-

war, a grande cidade do Norte do Pa-

quistão, onde duas pessoas morre-

ram e mais de 150 fi caram feridas.

O sismo aconteceu às 13h39 (9h09

em Portugal continental), com epi-

centro na remota província de Ba-

dakhshan, no Nordeste do Afeganis-

tão. Teve origem a 213,5 quilómetros

da crosta terrestre, uma profundida-

de média que habitualmente reduz

os danos à superfície, mas que faz

com que o sismo seja sentido a gran-

des distâncias, diz o Instituto Geoló-

gico dos Estados Unidos (USGS).

Foi o que aconteceu ontem. O aba-

lo fez tremer violentamente edifícios

na capital afegã, a mais de 250km

de distância, tendo sido sentido com

igual força no Norte do Paquistão e

da Índia, e de forma menos inten-

sa em Nova Deli. Um vídeo amador

divulgado nas redes sociais mostra

um viaduto do metro de Rawalpindi,

cidade a sul de Islamabad, a abanar

de forma violenta durante alguns se-

gundos. “Estava no meu carro, parei-

o e ele continuou a abanar como se

alguém o estivesse a empurrar para a

frente e para trás”, contou à Reuters

o jornalista paquistanês Zubair Khan,

residente no vale de Swat, a noroeste

da capital.

A região abalada é das de maior

actividade sísmica em todo o mundo,

resultado da confl uência das placas

tectónicas euroasiática e indiana,

causadora de abalos de grande inten-

sidade — só nos 250km que rodeiam

o epicentro do sismo de ontem há re-

gisto de outros sete com magnitude

superior a 7, adianta o USGS.

Ao anoitecer, as autoridades afegãs

diziam ter contabilizado 52 mortos.

Entre as vítimas contavam-se 12 me-

mas neste cálculo não entram ainda

zonas remotas próximas do epicen-

tro, onde a situação de segurança é

complicada pelos frequentes comba-

tes entre o Exército e os taliban.

Os números mais pesados che-

gavam, por isso, do outro lado da

fronteira. A província de Khyber

Pakhtunkhwa, de que Peshawar é

a capital, foi a mais afectada e, ao

anoitecer, havia já confirmação

de 167 mortos e mais de um milhar

de feridos. “Toda a província está em

alerta, os hospitais estão em estado

de prontidão, mas ainda é muito

cedo para adiantar um balanço de-

fi nitivo”, disse à AFP o governador,

Pervez Khattak.

O Exército foi mobilizado e esta-

vam a ser ultimados os preparativos

para enviar helicópteros com equipas

de resgate para as zonas mais remo-

tas, quer da província, quer das vizi-

nhas regiões autónomas tribais, onde

há registo de vários deslizamentos de

terra e de aldeias isoladas.

A muitas centenas de quilómetros,

milhares de pessoas saíram para as

ruas de Islamabad. “Foi terrível, pa-

recia que estávamos em 2005 outra

vez”, contou à AFP um residente na

capital paquistanesa, recordando o

abalo de magnitude 7,6 que há dez

anos abalou Caxemira, região no

sopé dos Himalaias dividida entre o

Paquistão e a Índia, provocando mais

de 75 mil mortos.

Ao contrário do sismo de ontem, o

de então teve origem a 26km de pro-

fundidade, o que leva as autoridades

a esperar que o balanço do número

de vítimas desta vez não seja tão ele-

vado. Também o sismo que há seis

meses abalou o Nepal, provocando

a morte de nove mil pessoas e a des-

truição de quase um milhão de casas,

teve origem a apenas oito quilóme-

tros da crosta terrestre.

Abalo nas montanhas do Hindu Kush foi sentido de Cabul a Nova Deli. Entre as vítimas estão 12 meninas que morreram esmagadas numa escola afegã. Governo fala no sismo “mais forte das últimas décadas”

ÁsiaAna Fonseca Pereira

Fonte: Reuters PÚBLICO

Sismo no Afeganistão

100 km

Feyzabad Khorog

Dushanbe

Peshawar

EpicentroHora: 9h09 GMTMagnitude: 7,5Profundidade: 213 km

Cabul

AFEGANISTÃO

PAQUISTÃO

Islamabad

TAJIQUISTÃO

De magnitude 7,5, o abalo foi tambémsentido no Paquistão e na Índia

ninas que fi caram esmagadas entre a

multidão de alunos que tentava sair

de uma escola de Taloqan, cidade

na província de Takhar (Nordeste).

Outras 35 crianças fi caram feridas

no acidente.

“Este foi o sismo mais forte das úl-

timas décadas”, escreveu no Twitter

Abdullah Abdullah, chefe do execu-

tivo afegão, numa altura em que o

Governo estava ainda a recolher in-

formações sobre as zonas mais afec-

tadas. Além de Takhar havia notícia

de 40 mortos noutras quatro provín-

cias do Nordeste, mas as autoridades

reconheciam que os números eram

ainda inferiores ao que a força do

abalo deixa antever.

O sismo deixou sem comunicações

parte da região, muito montanhosa

e com aldeias de difícil acesso. Só na

província de Badakhshan o governa-

dor tinha contabilizado 1500 casas

destruídas ou danifi cadas pelo abalo,

Page 24: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

A colheita deste ano já terminou e os cestos da vindima estão arrumados,

chega agora a altura dos enólogos aplicarem a sua arte.

O Público traz até si o que de melhor se produz em Portugal, com uma selecção

de alguns dos melhores produtores vitivinícolas nacionais,

do Douro ao Alentejo, passando pelo Dão e pela Bairrada.

A região em destaque é o Dão, directamente da Quinta dos Roques, com um vinho branco

produzido totalmente a partir de Encruzado, uma casta praticamente exclusiva desta região.

Um vinho que apresenta uma frescura fantástica e boa intensidade aromática, onde ressaltam

notas de limão e frutos tropicais, a que se junta o tostado das barricas, fino e agradável.

Limitado ao stock existente. A compra do produto implica a aquisição do jornal. É proibida a venda de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação.

SEXTA, 30 OUTCOM O PÚBLICO

+12,50€

Quinta dos Roques Branco 2014 Encruzado

Ponha à provaos seus sentidos

Page 25: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CIÊNCIA | 25

OMS: salsichas, bacon e outras carnes processadas são cancerígenas

RUI SOARES

Enchidos, fumados e carnes processadas de todo o tipo passam a constar da lista de substâncias cancerígenas da OMS

A ingestão de carne processada é

cancerígena e a de carne vermelha

provavelmente também, alertou

ontem um relatório da Organiza-

ção Mundial da Saúde (OMS). Atra-

vés da sua Agência Internacional

de Investigação do Cancro (IARC),

a OMS coloca assim as salsichas,

o bacon ou o presunto no mesmo

grupo de substâncias cancerígenas

(“grupo 1”) que o tabaco, o amianto

e os gases de escape dos motores a

gasóleo. A decisão prende-se com a

existência de “provas sufi cientes de

que, nos humanos, o consumo de

carnes processadas provoca cancro

colo-rectal”, diz a IARC num comu-

nicado. Também foi detectada uma

associação entre consumo de carne

processada e cancro do estômago.

Mas não só: segundo o relatório,

a carne vermelha (vaca, borrego,

porco) foi classifi cada como sendo

“provavelmente cancerígena nos

humanos” (“grupo 2A”), passando

a integrar a mesma lista que o glifo-

sato, substância contida em muitos

herbicidas. A associação entre o con-

sumo de carne vermelha e o cancro

foi observada sobretudo em relação

ao cancro colo-rectal, mas também

aos do pâncreas e da próstata.

A avaliação foi feita a partir da

massa de resultados publicados ao

longo dos últimos 20 anos. A IARC

reuniu 22 especialistas de dez países

e estes concluíram que, por cada 50

gramas de carne processada ingeri-

da diariamente, o risco de cancro

colo-rectal aumenta 18%.

“O risco de uma pessoa desenvol-

ver cancro colo-rectal por consumir

carne processada é pequeno, mas

aumenta à medida que aumenta a

quantidade de carne consumida”,

diz Kurt Straif, citado no comuni-

cado da IARC. “E, dado o elevado

número de pessoas que consumem

carne processada, o impacto global

na incidência do cancro é importan-

te para a saúde pública.”

A classifi cação menos gravosa das

carnes vermelhas traduz o facto de

as provas de que este tipo de carne

provoca cancro serem mais “limi-

tadas”. Posto isto, a conclusão da

IARC é que, por cada 100 gramas

de carne vermelha ingerida diaria-

mente, o risco de cancro aumenta

EUA. “Se esta for mesmo a decisão

da IARC, simplesmente não pode ser

aplicada à saúde das pessoas, por-

que só considera uma das peças do

puzzle: os perigos teóricos”, decla-

rou Barry Carpenter, presidente do

Instituto Norte-Americano da Carne,

citado pela agência Reuters.

Já em Portugal, noticiou a agência

Lusa, a bastonária da Ordem dos Nu-

tricionistas considera que a decisão

da IARC é uma oportunidade para

aumentar o consumo de hortofru-

tícolas no país.

Segundo o relatório Alimenta-

ção Saudável em Números 2014 da

Direcção-Geral da Saúde (DGS), a

tendência para o consumo de car-

ne de vaca e de porco tem vindo a

diminuir em Portugal desde 2008, a

favor da carne de aves. Mas “mesmo

assim, a proporção de proteína de

origem animal ainda está acima do

desejável”, refere o relatório.

“A novidade é o grau do reforço”

do alerta, explicou Pedro Graça, di-

rector do Programa Nacional para a

Promoção da Alimentação Saudável

da DGS, para quem as indicações da

DGS nesta matéria vão manter-se e

apontam no sentido do consumo

moderado deste tipo de alimentos.

Citado pela Lusa, o responsável re-

agia assim, ontem a meio da tarde,

à decisão da OMS,

“Não é um bife de vaca que, ape-

sar de dever ser consumido de for-

ma moderada, vai provocar o can-

cro. Agora, o seu consumo deve

manter-se ou ser reduzido para até

500 gramas por semana, o que equi-

vale a quatro ou cinco refeições de

carne por semana”, explicou.

“Continuamos a comer mais ou

menos a mesma coisa, apesar dos

alertas”, lamentou, lembrando que

“a alimentação inadequada é dos

factores que mais rouba anos de vi-

da às pessoas, nomeadamente aos

portugueses”.

Além do rótulo de cancerígeno aplicado às carnes processadas, a Organização Mundial da Saúde também qualifi ca a carne vermelha como “provavelmente” cancerígena após decisão de painel de peritos

SaúdeAna Gerschenfeld

contém proteínas de alto valor bioló-

gico e importantes micronutrientes,

como vitamina B, ferro e zinco”.

Todavia, escrevem, é sabido que

o fumado e outros tratamentos “po-

dem resultar na formação de com-

postos químicos cancerígenos”, algo

que também pode acontecer quan-

do a carne vermelha é cozinhada. “A

cozedura a altas temperaturas, na

frigideira, na grelha ou no churrasco

produzem as maiores quantidades

destes químicos”, lê-se no artigo.

Porém, explica a IARC no seu site,

“não existem dados sufi cientes para

se concluir se a forma de cozinhar a

carne afecta o risco de cancro”.

As conclusões agora apresentadas

“confi rmam as recomendações actu-

ais de saúde pública para se limitar o

consumo de carne”, comenta Chris-

topher Wild, director da IARC.

Seja como for, o anúncio dos

resultados gerou logo críticas por

parte dos industriais da carne nos

17%, lê-se num artigo, também pu-

blicado ontem, na revista The Lan-

cet Oncology por nove dos peritos.

Foram avaliados mais de 800 estu-

dos epidemiológicos de potenciais

ligações entre o consumo de carne

e o cancro, feitos “em muitos países,

em vários continentes, com várias

etnicidades e dietas”, explicam.

A carne vermelha é, salientam, o

tecido muscular de mamíferos tais

como vacas, vitelas, porcos, borre-

gos, cavalos ou cabras e “é habitual-

mente consumida após cozedura”.

Quanto à carne processada, pode

ter sido “salgada, curada, fermen-

tada, fumada ou de alguma forma

tratada para realçar o seu sabor ou

melhorar a sua conservação”. A

maior parte da carne processada

contém porco ou vaca, mas pode

conter outras carnes vermelhas,

aves, miudezas ou sangue.

Os peritos não deixam, contudo,

de lembrar que “a carne vermelha

Page 26: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

26 | CIÊNCIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Segundo uma investigação da sua universidade, o astrónomo Geoff rey Marcy assediou várias mulheres entre 2001 e 2010. O caso tornou-se público agora, coincidindo com o 20.º aniversário — a 6 de Outubro — da descoberta do primeiro planeta extra-solar

Na história da descober-

ta de planetas noutros

sistemas solares para

lá do nosso, o nome

do astrónomo norte-

americano Geoff rey

Marcy é incontor-

nável: ao fim de 20

anos de ascensão co-

mo um dos principais

caçadores de planetas, tornando-se

uma estrela da ciência, Marcy viu

agora o seu nome envolvido num

escândalo de assédio sexual de pelo

menos quatro antigas alunas suas

na Universidade da Califórnia em

Berkeley, nos Estados Unidos, o que o

obrigou a demitir-se tanto do cargo de

professor como de investigador prin-

cipal de um projecto multimilionário

de procura de vida fora da Terra.

As quatro alunas apresentaram

queixa formal no ano passado, de-

sencadeando uma investigação con-

fi dencial da Universidade da Califór-

nia em Berkeley ao comportamento

de Geoff rey Marcy. Em Junho deste

ano, segundo o jornal The New York

Times, a universidade tinha concluí-

do que o astrónomo se envolveu em

comportamentos impróprios, como

beijos, apalpadelas, toques e massa-

gens nas alunas, entre 2001 e 2010.

Duas das mulheres abandonaram a

astronomia.

A universidade decidiu que não

despediria o astrónomo e que o ad-

vertiria de que não haveria tolerância

para novos comportamentos do mes-

mo género, pelo que se tal voltasse a

acontecer seria imediatamente sus-

penso ou despedido.

Só que o caso veio entretanto a

público este mês, quando o site Bu-

zzFeed News noticiou a investigação

da universidade. A notícia desenca-

deou uma série de reacções, a come-

çar pela do próprio Geoff rey Marcy,

de 61 anos, que publicou na sua pá-

gina pessoal no site da universidade

uma carta aberta que enviou para a

comunidade astronómica. Ainda que

diga discordar de alguns aspectos das

queixas apresentadas, “pede descul-

pa pelos erros” que cometeu.

“Embora não concorde com to-

das as queixas apresentadas, é cla-

Teresa Firminoro que o meu comportamento não

foi bem acolhido por algumas mu-

lheres. Assumo a responsabilidade

total e considero-me completamente

responsável pelas minhas acções e

pelo impacto que tiveram. Por isso

e às mulheres afectadas, as minhas

sinceras desculpas”, lê-se. “Espero

que esta carta transmita as minhas

desculpas e o meu desejo sincero de

mudar.”

Mas a ausência de sanções para

o comportamento passado de Ge-

off rey Marcy indignou vários as-

trónomos, que, ainda segundo o

The New York Times, consideraram

que a universidade “se preocupou

mais em defender a sua vedeta do

que com o sofrimento das vítimas

de assédio sexual”. Quase todos os

membros actuais e reformados do

Departamento de Astronomia da

Universidade da Califórnia assina-

ram uma carta, a 12 de Outubro, a

pedir a Marcy para se demitir, refere

uma notícia da revista Nature.

Alunos já licenciados do departa-

mento também emitiram um comu-

nicado, no qual pediram que o astró-

nomo deixasse de ter contacto com

Geoff rey MarcyCasos de assédio sexual levam à queda do caçador de planetas

Page 27: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CIÊNCIA | 27

tir: “Butler sentia-se cada vez mais

marginalizado à medida que os re-

pórteres se aglomeravam à volta de

um eloquente e disponível Marcy”,

escrevia o The New York Times num

perfi l sobre o astrónomo no ano

passado, intitulado Descobridor de

Novos Mundos. “Os media gostam

de mim”, disse certa vez, segundo

o mesmo artigo.

As tensões cresceram quando Ge-

off rey Marcy partilhou com Michel

Mayor um prémio de um milhão

de dólares (880 mil euros), como

reconhecimento pelo pioneirismo

de ambos, atribuído pelo já falecido

magnata da indústria cinematográ-

fi ca de Hong Kong Run Run Shaw, e

não disse nada antes à sua equipa.

Não tardaria muito a que alguns

cientistas da sua equipa a abando-

nassem, incluindo Paul Butler.

De há dez anos para cá, a polari-

zação inicial entre a equipa de Ge-

off rey Marcy e a de Michel Mayor

e Didier Queloz estilhaçou-se, à

medida que entraram em campo

muitas outras equipas espalhadas

pelo mundo e as descobertas de

planetas extra-solares se torna-

ram corriqueiras, ao ponto de já

só serem notícia se algum deles ti-

ver alguma particularidade — como

aconteceu em Julho último com o

planeta Kepler-452b, a super-Terra

que mais se aproxima do nosso pla-

neta, uma vez que se encontra a

uma distância da sua estrela que

permite a existência de água líqui-

da. A área dos exoplanetas envolve

agora milhares de investigadores,

desde a sua descoberta até à sua ca-

racterização. E, entretanto, Michel

Mayor reformou-se, e Didier Queloz

mudou-se para uma universidade

no Reino Unido.

O número actual de planetas

extra-solares está quase a chegar

aos 2000, incluindo desde gigan-

tes gasosos até mundos rochosos

semelhantes à Terra, descober-

tos por métodos indirectos — que

detectam ou as variações de ve-

locidade de uma estrela devido à

atracção gravítica exercida por um

planeta em órbita dela ou, segundo

a outra técnica principal designada

por método dos trânsitos, que de-

tectam diminuições regulares na

luminosidade de uma estrela devi-

do à passagem de um corpo à sua

frente. Geoff rey Marcy descobriu

muitos deles.

Resta agora saber que caminho

seguirá e o que acontecerá aos

projectos de investigação em que

estava envolvido. Inclui-se aqui o

telescópio robotizado Automated

Planet Finder, instalado no Obser-

vatório Lick para procurar planetas

rochosos, e a missão do Telescópio

Kepler, da NASA, lançado no espa-

ço em 2009 e que deixou entre-

tanto de funcionar, mas os dados

recolhidos continuam a ser analisa-

dos e a dar origem à publicação de

descobertas, como a da super-Terra

Kepler-452b.

Berkeley, também cessou agora, por

vontade da instituição, noticiou a re-

vista Nature.

A ascensãoO astrónomo tornou-se famoso mun-

dialmente e o seu nome era aponta-

do como um possível vencedor do

Prémio Nobel, salientou o The New

York Times. Esta visibilidade iniciou-

se pouco depois de os astrónomos

suíços Michel Mayor e Didier Queloz,

do Observatório de Genebra, terem

anunciado, a 6 de Outubro de 1995,

que em volta da estrela Pégaso 51, a

50 anos-luz de nós, existia um pla-

neta gasoso gigante. Era o primeiro

planeta extra-solar, ou exoplaneta,

descoberto. O nosso sistema solar

deixava de ser único no Universo. E

talvez houvesse por aí outras Terras,

talvez até tivessem vida, talvez mes-

mo vida inteligente.

Uma semana após o anúncio histó-

rico da descoberta do primeiro pla-

neta extra-solar pela dupla suíça, a

equipa de Geoff rey Marcy confi rma-

va esse resultado, com observações

no Observatório Lick, da Universida-

de da Califórnia. Oito anos antes, em

1987, Marcy e Paul Butler, então in-

vestigador de pós-doutoramento na

equipa daquele astrónomo, tinham

iniciado juntos a jornada da busca

de planetas extra-solares, através do

método das velocidades radiais — o

mesmo usado pela equipa suíça —,

que detecta pequenas variações peri-

ódicas na velocidade de uma estrela,

denunciado dessa forma a existência

de um planeta em sua órbita.

Alguns meses depois, em Janeiro

de 1996, a equipa de Geoff rey Marcy

estava ela própria a anunciar a detec-

ção de dois novos planetas em órbi-

ta de duas estrelas distintas — um à

volta da Virgem 70 e outro da Ursa

Maior 47. “Depois da descoberta de

Pégaso 51 toda a gente se perguntou

se era uma aberração, se era uma

possibilidade num milhão”, dizia na

época o astrónomo em comunicado.

“A resposta é não. Afi nal, os planetas

não são assim tão raros”, acrescen-

tava. “Estas novas descobertas são

importantes porque criam um novo

subcampo da astrofísica — o estudo

de sistemas planetários. Podemos

agora investigar as características

desses planetas, como as suas órbi-

tas e massas.”

Estavam em campo as duas prin-

cipais equipas de caçadores de pla-

netas, que, depois de um período

inicial de cooperação, entraram em

forte competição, o que conduziu a

desentendimentos. No décimo ani-

versário da descoberta do primeiro

planeta extra-solar, as duas equipas

já se tinham desentendido e a cor-

rida aos planetas extra-solares, bas-

tante polarizada naqueles tempos,

ia com cerca de 100 planetas para

a equipa norte-americana e 70 a 80

para a equipa suíça. Por esta altura,

Geoff rey Marcy já era uma estrela

mediática e as dissensões dentro da

sua própria equipa já se faziam sen-

portamentais que ultrapassam o que

está proibido pelos regulamentos e

regras da universidade.”

Geoff rey Marcy não resistiu ao es-

cândalo e demitiu-se da universida-

de. “Acreditamos que este resultado

é totalmente apropriado e aceitámos

imediatamente a sua demissão”, con-

siderou a universidade no mesmo co-

municado.

Geoffrey Marcy também aban-

donou o seu cargo de investigador

principal do Breakthrough Listen, um

projecto anunciado em Julho desti-

nado à procura de sinais de vida ex-

traterrestre e com um fi nanciamento

de 100 milhões de dólares (cerca de

88 milhões de euros), para os próxi-

mos dez anos, dados pelo multimi-

lionário russo Iuri Milner à Universi-

dade da Califórnia em Berkeley e a

outras instituições. E a ligação que

ainda mantinha com a Universida-

de Estadual de São Francisco, onde

começou por se tornar professor de

Astronomia antes de se mudar para

alunos de licenciatura. “O falhanço

da universidade em impor sanções

signifi cativas a Geoff rey Marcy — pro-

pondo, em vez disso, a vaga ameaça

de sanções futuras se esse compor-

tamento continuar — sugere que a

administração de Berkeley valoriza

mais o prestígio e a atribuição de fi -

nanciamentos do que o bem-estar de

jovens cientistas cuja formação tem

a seu cargo”, lê-se nessa declaração,

a que se juntou outra emitida por in-

vestigadores de pós-doutoramento

e ainda uma petição online de apoio

às mulheres que apresentaram as

queixas.

Aliás, um antigo estudante de Geo-

ff rey Marcy, John Asher Johnson, que

trabalhou com ele durante 13 anos

e actualmente é professor de Astro-

nomia na Universidade de Harvard,

escreveu agora no seu blogue que o

comportamento do astrónomo era

conhecido: “As acções impróprias

de Geoff em relação às mulheres é

um dos segredos mais mal guardados

em qualquer reunião sobre exopla-

netas ou da Associação Americana

de Astronomia. Redes ‘clandestinas’

de mulheres passavam informações

sobre Geoff a investigadoras juniores

na tentativa de as manter em segu-

rança. Algumas vezes funcionava.”

Ao mesmo tempo, John Asher John-

son admitiu que nunca denunciou

publicamente Geoff rey Marcy: “Sim,

benefi ciei bastante das cartas [de re-

comendação] de Geoff . Mas o seu re-

gisto de publicações também mostra

que benefi ciou da minha produtivi-

dade científi ca. Em 2013, achei que

estávamos quites e terminei a minha

colaboração de 13 anos. Tenho vergo-

nha de não ter falado antes.”

A Universidade da Califórnia to-

mou uma posição pública sobre o

caso, dizendo, em comunicado de

14 de Outubro, que “a conduta do

professor Geoff rey Marcy, tal como

determinou a investigação, foi des-

prezível e indesculpável”. E, em se-

guida, justifi ca a decisão inicial: “Um

processo disciplinar de um membro

da universidade é longo e incerto.

(...) O nosso objectivo era proteger

imediatamente as estudantes, evitan-

do a repetição do comportamento

descrito no relatório da investigação.

Por isso, estabelecemos, por escrito,

um conjunto estrito de padrões com-

Ilustração artística de um planeta extra-solar a passar à frente da estrela que orbita

ESO/L. CALÇADA

Page 28: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Pela primeira vez, a Experimenta em Lisboa, Porto e Matosinhos

MIGUEL MANSO

Hoje há “uma recuperação muito boa do passivo”, disse ao PÚBLICO a presidente da ExperimentaDesign, Guta Moura Guedes

A 9.ª edição da ExperimentaDesign

vai estar em Lisboa, mas também em

Matosinhos e no Porto. A “descentra-

lização”, diz a organização, apoiada

em autarquias com forte concen-

tração empresarial e do ensino de

design, inaugura-se na Área Metro-

politana do Porto a 12 de Novembro

com foco nos designers portugueses.

Depois, e sempre sob o tema As Far

As the Mind Can See, em Lisboa, olha

ainda para África e fala com designers

que criam imagens com David Bowie,

que apostam tudo no poster ou na

tipografi a persa moderna.

Este ano, a bienal Experimenta

quis “perceber como é que, no sé-

culo XXI, na disciplina do design,

cada um pode contribuir para uma

alteração dos paradigmas”, explicou

ontem em Lisboa Guta Moura Gue-

des, presidente da ExperimentaDe-

sign. São quatro grandes exposições

entre as três cidades e conferencistas

“com forte pendor político” no seu

trabalho entre Lisboa e Porto.

Vêm às Conferências de Lisboa

o iraniano Reza Abedini e a sua ti-

pografi a persa moderna no design

gráfi co, o croata-bósnio Mirko Ilic,

ilustrador e designer na imprensa e

nas identidades gráfi cas de marcas

e o britânico Jonathan Barnbrook,

colaborador da Adbusters, do artista

plástico Damien Hirst e de Bowie (a

campanha do último álbum é sua).

Juntam-se o cipriota especializado

em luz Michael Anastassiades (repre-

sentado nas colecções do MoMA ou

do Victoria&Albert) e o bielorusso

Peter Bankov, para quem os posters

“são o género mais interessante no

design gráfi co moderno”. A 13 e 14

de Novembro, em Lisboa, no Museu

Nacional dos Coches e na Faculdade

de Belas-Artes, e, no fecho do evento,

a 12 de Dezembro, no Porto, as con-

ferências têm entrada livre.

Mirko Ilic é também comissário

de uma das exposições, a única que

faz com que a geografi a desta Expe-

rimenta se toque: As Far As the Mind

Can See está desde 12 de Novembro

no Palácio dos Correios do Porto e a

sua irmã As Far As the Eye Can’t See

no Picadeiro Real do Museu dos Co-

ches. Ambas, até 20 de Dezembro,

mostram mais de 60 trabalhos de 28

designers de comunicação de todo o

ra de Lisboa, Porto e Matosinhos —

Catarina Vaz Pinto, Paulo Cunha e

Silva e Fernando Rocha (autarquia

que vê o design como “área estra-

tégica”). A expansão geográfi ca al-

terou o protocolo com que, entre

2009 e 2013, operava a bienal. De

uma articulação com as tutelas da

Cultura e da Economia e Câmara

de Lisboa, passou-se para protoco-

los individuais com as autarquias e

Governo, e, diz Moura Guedes, para

um orçamento em que o fi nancia-

mento público era “de 35%” para

“cerca de 30%”.

O orçamento, que diz ser de “con-

tenção”, é de 1,8 milhões de euros

para esta edição (em 2009 era de 2,6

milhões, em 2013 de 1,6 milhões).

A Associação ExperimentaDesign

organiza a bienal e em 2013 foi ques-

tionada a sua sustentabilidade e dí-

vidas a funcionários e fornecedo-

res. Na altura, disse Moura Guedes

à Visão, o seu passivo era de 350 mil

euros. Hoje há “uma recuperação

muito boa do passivo”, disse ao PÚ-

BLICO. Mas não precisa números,

exemplifi cando que a “prestação de

serviços de consultoria” e o reforço

da “componente mais empresarial”

da associação contribuíram para o

equilíbrio.

Entre os 45 eventos (com 27 expo-

sições Tangenciais) há ainda Open

Talks no Teatro São Carlos, que pas-

sam a focar os temas das exposições,

com os comissários como oradores,

e o Serviço Educativo terá cursos

para “jovens adultos ou agentes no

terreno”, diz Moura Guedes.

Em Lisboa, mostram-se ainda Un-

derground Images — School of Visual

Arts Subway Posters. No Palácio do

Príncipe Real, cerca de 50 cartazes

de 29 professores da conceituada es-

cola de Nova Iorque que há décadas

fazem publicidade no metro, mas

também tentam iluminar a ida para

o trabalho de milhões de pessoas.

As Far As the Mind Can See, design português em destaque, um olhar sobre África e exposições exclusivas para cada cidade a partir de 12 de Novembro

DesignJoana Amaral Cardoso

vários, relações entre design e o Esta-

do Novo, logótipos, tipos de letra ou

desenho humorístico. Está em Mato-

sinhos até 12 de Março de 2016.

Em Lisboa, é do Torreão Poente da

Cordoaria que se vai começar — por-

que a investigação está no início — a

perguntar e a experienciar “o que é

o design em África?”. From Hands to

Mind será, desde 14 de Novembro até

Dezembro, um “espaço vivencial de

passagem de informação”, segundo

os comissários. Na presença de de-

signers, refl exão sobre a “artesania”

nos primeiros três países do projec-

to da angolana Paula Nascimento e

do italiano Stefano Rabolli Pansera

(os Beyond Entropy) — São Tomé

e Príncipe, Angola e Moçambique.

1,8 milhões para a bienal“Pela primeira vez”, a bienal está

“não só em Lisboa mas em três ci-

dades”, sublinhou Moura Guedes,

ladeada pelos vereadores da Cultu-

mundo em resposta ao desafi o dos

comissários (Ilic,Marco Balesteros e

João Castro): obras sobre a relação

do indivíduo, mente e criatividade ou

peças de comunicação sobre como

transmitir o tema ao público.

Mas é Desejo, Tensão, Transição

— Percursos do Design Português, na

Galeria Nave, na Câmara de Matosi-

nhos, a exposição “com carácter mais

ambicioso”, por reunir “tantos prota-

gonistas nacionais” num olhar sobre

cem anos de design português, diz

Moura Guedes. Dos 268 participantes

da bienal em 2015, 218 são portugue-

ses. José Bártolo, professor e investi-

gador da Escola Superior de Artes e

Design de Matosinhos, é o curador

geral da mostra que quer contar as

muitas histórias do design português

em 16 módulos — projectos contem-

porâneos ou geometrias das cores,

produtos recentes da Vista Alegre ou

a evolução da cerâmica portuguesa,

mobiliário da Fábrica Olaio, assentos

Page 29: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CULTURA | 29

Crítica de teatro

Ricardo III

Teatro Nacional D. Maria II

23 de Outubro

Casa cheia

Jorge Louraço Figueira

mmmMM

Nas mesmas semanas em que, nos

jornais e nas televisões, nos cafés

e nos transportes públicos, no Par-

lamento e nas sedes partidárias, se

discutem fervorosamente os desti-

nos do país, na Grande Lisboa estão

em cartaz quatro versões de peças

de Shakespeare (talvez haja mais,

não sei): um Hamlet, da Cornucó-

pia e da Companhia de Teatro de

Almada, no Teatro Municipal Joa-

quim Benite; outro Hamlet, da Mala

Voadora, no Teatro Municipal São

Luiz (este já do ano passado); uma

Tempestade, do Teatro Griot, no

Teatro do Bairro; e um Ricardo III,

dirigido por Tónan Quito, no Tea-

tro Nacional D. Maria II. Poderá o

país mediático, o país real e o país

político ter algo a ver com o país

teatral — em especial com esta mos-

tra shakespeareana que aconteceu

por acaso?

No caso de Ricardo III, sim, mas

sem fazer alusão directa a qualquer

tipo de evento. O cenário represen-

ta a devastação. O palco da sala Al-

meida Garrett é uma vasta caixa de

terra negra, onde os actores vão ca-

vando sepulturas e cobrindo covas

à pazada, deixando em cena peque-

nos montes encimados por espadas

a fazer de cruz. Os assassinatos co-

metidos a mando de Gloucester

vão-se amontoando neste cenário

de guerra. O palco é um campo de

batalha que se revela aos poucos

até que, na cena fi nal, em contra-

luz, quase engole a plateia. É nesta

terra de ninguém que, ao longo da

peça, os vários actores assumem

o papel da diabólica personagem,

como se estivessem a jogar aos reis.

A desagregação causada por esse

movimento exemplifi ca a desagre-

gação na corte britânica. A sucessi-

va tomada do lugar de protagonis-

ta pelos vários membros do elenco

dá a ver múltiplas encarnações de

Ricardos e expõe a trajectória de

Gloucester como um assunto que

diz respeito a todos.

O assunto é o da tomada do poder

através da ilusão e do fi ngimento.

Quando melhor for a representa-

ção da parte, de acordo com o que

se espera do papel, maior será a

aclamação do poderoso por parte

O poder imita-se a si próprio

dos fracos. Os súbditos, como os

espectadores, pagam para ser en-

ganados. É assim que os príncipes

mais disformes se tornam perfeitos

aos olhos de quem não quer ver. O

jogo dos actores, desde a malotinha

que põem para assumir o papel de

Ricardo, até à maneira como inte-

gram a plateia no fi ngimento da

peça, expõe a ilusão. O modo co-

mo o elenco mostra o fi ngimento

das personagens dá gozo de ver e

materializa um dos muitos sentidos

do texto.

A vertigem do duque para chegar

a rei e, uma vez coroado, para se

manter no trono a qualquer custo,

revela-se um abismo sem fi m, quan-

do as forças que ele combateu, já

sem caírem em qualquer logro, têm

fi nalmente tempo para se organizar

e, comandadas por outro príncipe,

ainda mais persuasivo, marchar so-

bre o corpo do soberano. É nesse

ponto que Ricardo tenta salvar a

vida, trocando o reino por um ca-

valo, como se o reino ainda fosse

dele. Tarde de mais. A Ricardo III

nada mais resta senão imitar-se a si

próprio. A emergência desse poder

alternativo não fi ca clara, na marcha

do espectáculo, a não ser quando

já é inevitável. O tirano não dá par-

te de fraco e tenta manter a ilusão

até ao último momento. Como fi -

guração dos tempos que correm, é

quase perfeita. O espectáculo não

se esgota nessa função, porém. Age

directamente sobre a cultura e o re-

al, da mesma maneira que os media,

os taxistas, os políticos, segundo os

seus próprios termos e fi ns, neste

caso poéticos, dramáticos, teatrais.

É um refl exo, nos dois sentidos da

palavra: uma imagem refl ectida e

um movimento involuntário dos

músculos.

JOÃO MESSIAS/ CASA DA MÚSICA

Uma sala cheia para ouvir um con-

certo de música de tradição erudita

com menos de 50 anos é um fenó-

meno, não apenas em Portugal. No

Porto, quinze anos de um insisten-

te trabalho e inteligentes estratégias

de marketing conseguiram encher a

sala para ouvir música de tradição

erudita com menos de 50 anos no

concerto com que o Remix Ensem-

ble (RE), que celebrou o seu 15.º ani-

versário, na Casa da Música (CdM).

O jovem compositor português em

residência na CdM ao longo de 2015

é Nuno da Rocha (1986). A estreia

absoluta da sua Passacaglia (enco-

menda da CdM) abriu de forma enér-

gica este concerto comemorativo.

Antes de prosseguir com o progra-

ma, Peter Rundel pegou no microfo-

ne como anfi trião de uma festa que

assumiria um carácter mais persona-

lizado, não disfarçando a emoção ao

explicar que a inclusão do terceiro

andamento de um arranjo de Klaus

Simon da Sinfonia n.º 1 de Mahler se

devia ao gosto do compositor Emma-

nuel Nunes (1941-2012) pela música

daquele compositor austríaco. Para

além do arranjo em questão não ser

particularmente interessante, o RE

não empenhou o melhor de si na sua

interpretação, exceptuando o caso

dos violinos, fagote e fl auta que se

destacaram pela positiva. Seguir-se-

ia o momento mais aguardado do

evento: a estreia mundial póstuma

de uma das obras de juventude de

Emmanuel Nunes, com uma parti-

tura preparada pelo seu discípulo

mais próximo, o compositor João Ra-

fael. Un Calendrier Révolu — Parte I

(que até pouco antes da sua morte o

compositor não autorizava que fosse

tocada) tanto denuncia os caminhos

que trilhou nos anos 60 (em partitu-

ras como Degrés e Esquisses, a que o

O agrupamento e a Casa que trouxeram mudança

esboço deixado por Nunes assumi-

damente recorre) como aponta para

uma sensualidade mais explícita que

já neste milénio Emmanuel Nunes

viria a exibir. Este momento musical

foi uma bonita homenagem do RE ao

compositor que se associou ao agru-

pamento e com o qual partilhou um

trabalho próximo e continuado.

A segunda parte do concerto seria

dedicada a uma outra forma de pen-

sar a música, com uma convincente

interpretação de Concertini (2005),

de Helmut Lachenmann. Nesta ce-

lebração, o RE sintetizou alguns as-

pectos que têm caracterizado o seu

trabalho: fomentar a criação musical

portuguesa, interpretar (e divulgar)

os compositores que verdadeiramen-

te importam (e Lachenmann é um

dos melhores exemplos do que de

melhor o RE tem divulgado), man-

ter uma certa ligação com a tradi-

ção, sem esquecer a fi gura de um

dos compositores mais presentes no

trabalho do agrupamento.

Também inteligente é o cruzamen-

to de linhas de programação num

mesmo concerto da Orquestra Sin-

fónica do Porto Casa da Música (OSP-

CM). Nuno da Rocha (jovem compo-

sitor português em residência) volta

a contracenar com Helmut Lachen-

mann (compositor em residência

— Ano Alemanha), na mesma sala

cheia, desta vez não aliciada com

alargados convites, mas para ouvir

Pedro Burmester (Ano Alemanha—

integral dos concertos para piano de

Beethoven por Burmester).

Após uma mudança de palco de

duração superior à Abertura de Così

fan Tutte — com que, sem alguns dos

seus mais destacados músicos, a or-

questra se havia apresentado cum-

pridora da tarefa de executar sem

erros a partitura (excepção notória

para os oboés, que iniciaram de for-

ma belíssima prometendo um pou-

Crítica de música

Remix Ensemble

Peter Rundel, direcção. Porto, Casa

da Música – Sala Suggia. Terça-feira,

20 de Outubro, 19h30. Sala cheia

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música

Baldur Brönnimann, direcção

Pedro Burmester, piano

Shizuyo Oka, clarinete

Porto, Casa da Música – Sala Suggia

Sábado, 24 de Outubro, 18h00

Sala cheia

Diana Ferreira

co mais do que a orquestra acabou

por dar) — Lachenmann conseguiu

inquietar algum do público que,

apesar de muito educado, não en-

tende ainda que a audição musical

pressupõe, antes de mais, o respeito

pelos músicos e pelo público que re-

almente pretende escutar. É que há

música tão subtil que o único ruído

que permite ao público é o da respi-

ração. Accanto, para clarinete e pia-

no, nem sequer é um caso extremo

de subtileza, mas o desconforto de

alguma plateia, que não encontrava

posição perante música tão desafi a-

dora, acabou por impedir uma frui-

ção mais solta de uma obra já de si

menos “exuberante” do que o Con-

certini que o RE havia apresentado

quatro dias antes.

Nuno da Rocha soma a segunda

estreia mundial da semana, com PI-

TCH (também encomenda da CdM),

e confi rma alguns traços que havia

esboçado com o RE: ambas as parti-

turas são bastante efi cazes do ponto

de vista da audição, porém, a sua só-

lida relação com a tradição musical

tê-lo-á ainda impedido de transpor a

imitação do rico imaginário sonoro

que bebe nos seus antecessores.

Quase com a mesma impassibili-

dade do início do espectáculo, uma

orquestra certinha, sem maiores si-

nais de vitalidade (será esta a mar-

ca do maestro Brönnimann para a

OSPCM?), acompanhou o pianista

Pedro Burmester, cuja prestação foi

bastante mais convincente. Quando,

a meio do Adagio do Concerto n.º 2

para piano e orquestra em Si bemol

maior, de Beethoven, se começava

fi nalmente a fugir para o domínio do

inefável, eis que se revela um pianista

com muito bom feitio, prosseguindo

o seu trabalho o melhor possível após

um indisfarçável toque de telemóvel

com que a plateia o desafi ou.

mmmMM

mmmMM

Page 30: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

RISO E LÁGRIMASEdição de coleccionador com capa dura

Proibiram-lhe tudo. De subir aos palcos de Nova Iorque. Internaram-na em sanatórios e prisões. Mas nunca conseguiram impedir o seu riso e, acima de tudo, calar a sua voz. Inédita em português, Billie Holiday é uma banda desenhada da dupla Muñoz e Sampayo, que conta a traço duro a biografia tumultuosa

desta voz lendária do jazz, agora no seu 100º aniversário.

LIMITA

DO AO

STOC

K EX

ISTEN

TE. A

AQUI

SIÇÃO

DO

PROD

UTO

IMPL

ICA A

COMP

RA D

O JO

RNAL

.

Page 31: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 19 de Novem-bro de 2015, pelas 10.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, devendo as mesmas ser entregues até às 14.00 horas da véspera, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Fracção autónoma designada pelas letra AE, correspondente ao sétimo andar B, destinado a habitação, do prédio urbano, sito em Avenida Em-baixador Aristides de Sousa Mendes, n.º 4; Praceta Francisco Ramos da Costa n.º 7 e Rua Professor Rui Luís Gomes n.º 40, Tapada das Mercês, freguesia de Algueirão - Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra, sob o n.º 3515/19891019-AE, da freguesia de Algueirão-Mem Mar-

tins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 7987.O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 65.000,00 euros (sessenta e cinco mil euros), ou seja, 55.250,00 euros (cinquenta e cinco mil duzentos e cinquenta euros). São fi éis depositários os executados Ana Maria Ricardo Miguel Frazão Reis e Vítor Ma-nuel Frazão Reis, que a pedido devem mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de ExecuçãoHelena Chagas

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal

Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]

Público, 27/10/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621

ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada

Processo 15230/13.7T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.

Executados: Ana Maria Ricardo Miguel Frazão Reis e Vítor Manuel Frazão Reis

P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A

P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A

Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 21 de Janeiro de 2016, pelas 14.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entre-gues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Sec-ção de Execução - J3, pelos interessa-dos na compra do seguinte imóvel:Fracção autónoma designada pela letra O, correspondente ao terceiro andar direito, destinado a habitação, com arrecadação no vão do telhado, do prédio urbano, sito em Rua Rama-lho Ortigão, n.º 21 e Rua Tenente Co-ronel Salgueiro Maia n.ºs 2, 4 e 6, de-nominado ant. desc. Agualva-Cacém, freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra, concelho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Agualva-Cacém, sob o n.º 945/20040318-O, da fregue-sia de Agualva, e inscrito na respectiva matriz predial urbana da freguesia de

União das freguesias de Agualva e Mi-ra-Sintra sob o n.º 2521 (teve origem no art.º 2306, freguesia de Agualva)O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 75.000,00 euros (setenta e cinco mil euros), ou seja, 63.750,00 euros (sessenta e três mil setecentos e cinquenta euros).É fi el depositário o executado Aristides Gomes Pereira, que a pedido deve mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de ExecuçãoHelena Chagas

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal

Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]

Público, 27/10/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621

ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada

Processo 10339/13.0T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.

Executado: Aristides Gomes Pereira

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J22

Processo: 28184/15.6T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: José Carlos Caia-no GonçalvesFaz-se saber que foi distribuí-da neste tribunal, a ação de In-terdição / Inabilitação em que é requerido José Carlos Caia-no Gonçalves, com residência em domicílio: Vila Paulo Jorge, N.º 15 - 1.º, Galinheiras, 1750-194 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 340352231

Lisboa, 20-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Maria Emília Nunes

CharroA Ofi cial de Justiça

Maria Filomena Ambrósio

Público, 27/10/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J17

Processo: 26149/15.7T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoIncapaz: Maria Noémia Inácio Gambôa NicolauFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Noémia Inácio Gambôa Nicolau, viúva, nascida a 28.02.1943, com re-sidência na Rua General Silva Freire, Lote N.º 37 - 1.º Frente, 1800-208 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 340339102

Lisboa, 20-10-2015.

O Juiz de DireitoDr. Rui Afonso Lince de Faria

A Ofi cial de JustiçaAna Maria Gonçalves

Público, 27/10/2015

P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A

P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A

P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A

2

COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1

Processo: 292/15.0T8FTR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Fernanda Fernandes CunhaFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Fernanda Fernandes Cunha, com residência na Rua Francisco Velez do Peso, Assumar, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi -xados.

N/ Referência: 26531565

Fronteira, 26-10-2015.

A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa Gomes

O Ofi cial de JustiçaLuís Oliveira

Público, 27/10/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 321/15.8T8MFR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comarca de Lisboa Oeste - Instância Local de Mafra - Secção Cí-vel - J1Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de In-terdição em que é requerida Paulina Maria Franco Rosa Inácio, fi lha de Marcelino Tomás Inácio e de Maria de Lurdes Franco Rosa, nascida a 08-11-1959, nacional de Portugal, BI - 13718478, com residência na R. da Escola Primária, 18, 2640-629 Sobral da Abelheira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 93495713

Mafra, 19-10-2015.

A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça

Fernanda Silva

Público, 27/10/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 303/15.0T8MFR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comar-ca de Lisboa Oeste - Instân-cia Local de Mafra - Secção Cível - J1Faz saber que foi distribuída neste tribunal, ação de Inter-dição em que é requerida Natália da Piedade Maleites Maduro Cardoso, com resi-dência na Fundação Cebi - Rua dos Castanheiros, N.º 7, Fonte Boa dos Nabos, 2655-405 Ericeira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 93437057

Mafra, 16-10-2015.

A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça

Fernanda Silva

Público, 27/10/2015

COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1

Processo: 294/15.7T8FTR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Elsa Isabel Ra-malhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Elsa Isabel Ramalho, com residência na Rua Francisco Velez de Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anoma-lia psíquica.

N/ Referência: 26531569

Fronteira, 26-10-2015.

A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa

GomesO Ofi cial de Justiça

Luís Oliveira

Público, 27/10/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J14

Processo: 28060/15.2T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a acção de In-terdição / Inabilitação em que é requerida Maria Helena das Neves Ganito de Oliveira, com domicílio: Rua Filipe da Mata, Lote N.º 41 - R/C Esquerdo, Lisboa, 1600-069 Lisboa, B.I. 189377 7 para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi -xados.

N/ Referência: 340354452

Lisboa, 20-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Raquel Massena

A Escrivã-AdjuntaMaria Elisa Coutinho

Público, 27/10/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J11

Processo: 28027/15.0T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoIncapaz: Helena Tavares RodriguesA Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Graça Madalena Carvalho, do(a) Lisboa - Inst. Local - Secção Cível - J11 - Comarca de Lisboa:Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida HELENA TAVARES RODRIGUES, nascida a 31-10-1993, solteira, por-tadora do BI n.º 145201196, NIF: 221450696, fi lha de Edna Maria Ta-vares Rodrigues, com residência na Fundação D. Pedro IV - Instituição Particular de Solidariedade Social, sita na Mansão de Santa Maria de Marvila, Rua Direita de Marvila, N.º 9, 1950-071 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 340364885Lisboa, 20-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Graça Madalena Carvalho

A Ofi cial de JustiçaMaria Aurora Almeida

Público, 27/10/2015

31PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 CLASSIFICADOSEdif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 [email protected]

Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

Mensagens CENTRO10 MASSAGISTAS -Prof. e sensuais.Av. Berna, C. Peq.www.relax-corpo.comTelm.: 964 842 005

TÂNIA RUSSINHA -Benf. Meiga e carente.Louca por oral, completa,nas calminhas.Telm: 929 309 449

ANNE THERAPY -Consultório de massa-gens de relaxamento."The fire of thepleasure"a 4 mãos.Tel.:918 047 446

PARA DESVENDARO MISTÉRIO DOTANTRA...www.tantricmoments.ptTelfs: 924 425 094 213 545 249

BELA 50TONAPORTUGUESA -Elegante, sensual,c/dificuldades,n/atende nrs priv.Telm: 920 180 787

ENTRECAMPOSMASSAGISTALEONOR, maisinformações emwww.somassagens.comTelm.: 961 050 412 INFO: 210 111 010

CENTRO COMERCIAL COLOMBOAVENIDA DAS ÍNDIAS (PISO 0, JUNTO À PRAÇA CENTRAL)HORÁRIO: 2.ª FEIRA – DOMINGO: 10H – 24H

Page 32: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

LUÍSA TENREIRO ATAÍDE DA COSTA GOMES

15-10-1970_27-10-2009

Saudade maior

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J21

Processo: 28026/15.2T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoIncapaz: Maria Fernanda Rosa Ferreira de CarvalhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a acção de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Fernan-da Rosa Ferreira de Carvalho, com residência em domicílio: Rua Luís Monteiro, N.º 42 - R/c Dt.º, 1900-310 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 340229226

Lisboa, 16-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Sandra CarvalhoA Ofi cial de Justiça

Maria Filomena Ambrósio

Público, 27/10/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J22

Processo: 28185/15.4T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Luís Carlos Martins Pimentel PossoloFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Luís Carlos Martins Pimentel Possolo, com residência em domicílio: Rua dos Arneiros, 50 - 4.º Dt.º, 1500-000 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 340348858

Lisboa, 20-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Maria Emília Nunes

CharroA Ofi cial de Justiça

Maria Filomena Ambrósio

Público, 27/10/2015

COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1

Processo: 293/15.9T8FTR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Francisca Maria Pereira FreixoFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Francis-ca Maria Pereira Freixo, com residência na Rua Francisco Velez do Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 26531567

Fronteira, 26-10-2015.

A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa

GomesO Ofi cial de Justiça

Luís Oliveira

Público, 27/10/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 299/15.8T8MFR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comarca de Lisboa Oeste - Instância Local de Mafra - Secção Cível - J1Faz saber que foi distribuída nes-te tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Eduardo dos Santos, Advogado, fi lho de Ismael dos Santos e de Concei-ção de Jesus dos Santos, nasci-do em 07-04-1930, freguesia de Moimenta da Serra (Gouveia), nacional de Portugal, NIF - 130302252, BI - 2485598, Cartão Profi ssional - 3536L, residente na Casa de Repouso Lar S. Pedro, Rua do Pinhal, N.º 1, Malveira, 2665-263 Malveira, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 93437439

Mafra, 16-10-2015.

A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça

Fernanda Silva

Público, 27/10/2015

COMARCADE LISBOA

Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J10

Processo: 28174/15.9T8LSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria das Dores SantosFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria das Dores Santos, com do-micílio no Centro de Reabi-litação e de Repouso Santa Rita, Rua do Cabo, n.º 43, 45 e 47, Lisboa, 1250-053 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 340338183

Lisboa, 20-10-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Mariana Santos Capote

A Ofi cial de JustiçaAna Paula Moreira

Público, 27/10/2015

15h00

32 PÚBLICO, TERCLASSIFICADOS

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1988. É a única organização em Portugal especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através

de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais, com experiência na Doença de Alzheimer.Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.

www.alzheimerportugal.orgContactos

Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: [email protected] de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00

Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 EstorilTel. 214 525 145 - E-mail: [email protected]

Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 LavraTel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]

Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 PombalTel. 236 219 469 - E-mail: [email protected]

Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHALTel. 291 772 021 - E-mail: [email protected]

Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: [email protected]úcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro

Tel. 23 494 04 80 - E-mail: [email protected]

Page 33: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

9h30 - INSOLVÊNCIA PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS BALROA

E CÁTIA ALEXANDRA TAVEIRA FERNANDESCOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO

COMÉRCIO – J4 – PROCESS0 1929/14.4T8BRRCOMARCA DE LISBOA - INSTÂNCIA CENTRAL – 1.ª SECÇÃO COMÉRCIO – J2

– PROCESSO 20.000/15.5T8LSB

LISBOA – T3 - 42.600€Rua da Margem n.º 3 – 1.º Dto

9h45 – INSOLVÊNCIA JOSÉ ANTONIO DE JESUS AVELINO

E MARIA ADELAIDE DE ALMEIDA AVELINOCOMARCA DE LISBOA NORTE – VILA FRANCA DE XIRA – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO COMÉRCIO – J3 – PROCESSO 88/14.7TBALQ-A

ALENQUER – T3 - 58.000€Rua Jorge da Cunha e Carmo Lote 16 – RC Dtº

10h00 – INSOLVÊNCIA PACHECOS , LDACOMARCA DE LISBOA – INSTÂNCIA CENTRAL – 1.ª SECÇÃO DO COMÉRCIO –

J5- 1924/13.0TYLSB

SETÚBAL – PRÉDIOS 3 PISOS - 150.000€Rua Luis de Camões 25 e 27

10h30 – INSOLVÊNCIA CARLOS MANUEL PINHEIRO HENRIQUES

SILVA e ISABEL MARIA PEREIRA CARDOSO QUEIROZ DA SILVACOMARCA DE SANTARÉM – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO DO COMÉRCIO

– J2 – PROCESSO N.º 324/14.0TBVNO

OURÉM – PRÉDIO URBANO - 274.236,00€Rua Manuel Henriques (ALVEGA) Lote 5, MILHEIRA

OURÉM – T2 (50%) - 22.980€Rua Doutor António Justiniano da Luz Preto 46-3.º Dtº

10h45 – INSOLVÊNCIA ANTÓNIO MANUEL MARQUES MONTEIRO

CORREIA e MARIA ADELAIDE ROMANEIRO FERNANDESCOMARCA DE LISBOA OESTE – SINTRA – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO

DO COMÉRCIO – J3 – PROCESSO N.º 26025/12.5T2SNT

RINCHOA – T2 - 46.999,99€Avenida de Fitares 41-5.º A

11h00 – INSOLVÊNCIA LUIS JOSÉ FRANCO ATALAIACOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO

COMÉRCIO – J2 – PROCESS0 436/14.0T8BRR

ARMAÇÃO DE PERA – T2 (50%) - 44.800€C/PISCINA e 2 CAMPOS DE TÉNIS (1/395)

Urbanização Vila Nova n.º 8-1.º FRAÇÃO “M”

ALCOCHETE – PRÉDIO RÚSTICO (50%) 5.000m2 - 86.500€

Lagoa do Láparo

ALCOCHETE – PRÉDIO URBANO (50%) -24.760€Rua Doutor José Dias da Cruz

ALCOCHETE – PRÉDIO MISTO (50%) 2.600m2 - 50.050€

Vale João Gomes ou Lagoa da Lapa

ALCOCHETE – LOJA (50%) - 52.500€Rua Rui Sousa Vinagre 42-A RC ESQ

ALCOCHETE – T2 (50%) -29.750€Rua Rui Sousa Vinagre 42-A 2.º ESQ

11h30 – INS. RICARDO MANUEL DE MENDONÇA DIAS GONÇALVESCOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO

COMÉRCIO – J4 – PROCESS0 2436/15.3T8BRR

PAIO PIRES – T2 (50%) - 49.000€Rua Alda Nogueira n.º 2 – R/C FTE.

11h45 – INSOLVÊNCIA VÍTOR MANUEL RODRIGUES FERREIRA e

MARIA MANUELA ANASTÁCIO MOREIRA FERREIRACOMARCA DE SETÚBAL – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO DO COMÉRCIO –

J2 – PROCESSO N.º 5227/15.8T8STB

SETÚBAL – T2 - 57.600€Praceta Maria Lamas 5-3.º B

DIA

20

IMÓVEIS EM LISBOA, NA RINCHOA, ALENQUER,SETÚBAL, PAIO PIRES, ALCOCHETE E OURÉM

PEÇA-NOS OS CATÁLOGOSAbertura de propostas na Rua Manuel Tiago 81, Montijo

Page 34: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

34 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Homem Irracional M12. 13h25, 15h20, 17h15 20h; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 17h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20; Um Momento de Perdição 13h20, 15h25, 21h55; Perdido em Marte M12. 21h35; Praia do Futuro M12. 19h45; O Prodígio M12. 13h, 15h15, 17h30, 21h50; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h10 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Johnny Guitar M12. 16h; Doclisboa 2015 18h, 22h15; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h45; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 20h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer do CP Pequeno. T. 217981420Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h25, 15h25, 17h25 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h30, 17h50, 21h45, 00h20; Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 19h40, 22h, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h20, 23h50; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h35, 15h10, 17h30 (V.Port.), 19h25, 00h15 (V.Orig.); Um Momento de Perdição 13h10, 20h10, 22h10; Perdido em Marte M12. 15h45, 21h25, 00h15 (2D), 18h35 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h35, 17h30 (V.Port.); Evereste M12. 13h15, 21h50; À Procura de Uma Estrela M12. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h55, 00h05; The Walk - O Desafio M12. 19h30, 00h10 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cp Grande. T. 16996O Estagiário M12. 15h30, 18h20, 21h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 16h, 18h45, 21h30; Evereste M12. 16h05, 18h45, 21h25; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h50, 18h30, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20 (V.Port./2D), 18h55 (V.Port./3D), 21h40 (V.Orig./2D); Sicario - Infiltrado M12. 15h55, 18h35, 21h15; Perdido em Marte M12. 16h50, 21h; À Procura de Uma Estrela M12. 16h30, 19h10, 21h45; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h40, 18h (V.Port.); The Walk - O Desafio M12. 20h50; Sem Compromissos M16. 16h40, 19h, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 16h10 (V.Port.); A Visita M16. 18h25, 22h; Maze Runner: Provas de Fogo 17h, 21h35 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; Sicario - Infiltrado M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20; O Estagiário M12. 12h40, 15h20, 18h, 21h, 23h40; Um Momento de Perdição 16h30, 19h, 21h50; Adama M12. 13h50; Homem Irracional M12. Sala VIP3 ? 18h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h15; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h50, 15h30, 18h10 (V.Port.), 20h50, 23h50 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h10, 15h50, 21h10, 24h Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h25, 18h10, 21h15, 00h15; O Prodígio M12. 13h,

15h35, 18h20, 21h10, 23h55; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h45, 21h25, 00h30; Um Momento de Perdição 18h50; Sicario - Infiltrado M12. 12h55, 15h40, 18h25, 21h30, 00h15; O Estagiário M12. 24h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h25, 16h10, 21h35, 00h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. Sala IMAX ? 13h15, 16h, 18h45 21h40, 00h25; Sem Compromissos M16. 18h55; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20, 15h55, 18h30 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h20, 24h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; O Estagiário M12. 21h20, 00h10; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h40; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30, 16h10, 18h50 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 24h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h10, 15h50, 19h, 21h50, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h40, 14h55, 17h10, 19h25, 21h40; Heimat - Crónica de Uma Nostalgia (1ª parte) M12. 13h; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 15h, 17h, 19h, 21h30; Sicario - Infiltrado M12. 12h10, 14h30, 16h50, 21h50; Perdido em Marte M12. 19h10; Johnny Guitar M12. 17h35; João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas Que Eu Amei M12. 16h05; Homem Irracional M12. 12h15, 14h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h40, 22h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362As Mil e Uma Noites: Volume 1, O InquietoM12. 16h30; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h; As Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado M12. 14h, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221A Família Bélier M12. 18h50; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 14h05; Sem Compromissos M16. 16h35, 21h35, 23h55; ‘71 M12. 19h15; Por Aqui e Por Ali M12. 14h20, 16h50, 21h35, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h40 (V.Port.), 19h15, 21h45 (V.Orig.), 00h15 (V.Orig./3D); As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h50; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 16h25; The Walk - O Desafio M12. 19h15; Perdido em Marte M12. 15h, 21h20 (3D), 18h, 00h20 (2D); O Estagiário M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h50, 00h30; Um Momento de Perdição 14h10, 16h50, 19h20, 21h40, 24h; Homem Irracional M12. 14h10, 16h40; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h50, 16h35, 19h10, 21h50, 00h25; A Hora do Lobo M12. 13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h05; O Prodígio M12. 13h55, 16h25, 19h, 21h35, 00h10; À Procura de Uma Estrela M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h15; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Sicario - Infiltrado M12. 13h40, 16h25, 19h15, 21h50, 00h30

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 . T. 16996Perdido em Marte M12. 13h25, 17h, 20h55, 24h; À Procura de Uma Estrela M12. 12h55, 15h30, 18h10, 21h05, 00h15; Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h35, 18h20,

21h40, 00h25; O Estagiário M12. 13h10, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h25, 16h, 18h10 (V.Port.); Evereste M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h05, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 12h40, 15h25, 18h15, 21h05, 23h55; Sem Compromissos M16. 13h05, 15h35, 21h, 23h30; Um Momento de Perdição 18h15; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h15, 15h40, 17h55 (V.Port.); Por Aqui e Por Ali M12. 21h45, 00h15; A Hora do Lobo M12. 12h55, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Maze Runner: Provas de Fogo 12h45, 15h40, 21h05, 00h10; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 18h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h40, 16h20, 19h (V.Port.), 21h40, 00h20 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h, 15h50, 18h35, 21h15, 24h

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 13h35, 15h40, 17h50, 19h50, 21h50 24h; Mínimos M6. 15h55 (V.Port.); O Estagiário M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h40, 00h10; Evereste M12. 13h20, 18h50, 23h55; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h40, 19h, 21h35, 00h10; The Walk - O Desafio M12. 19h20, 21h25; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30, 15h20, 17h20 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h40, 15h15, 17h35 (V.Port.), 13h05, 16h10, 19h45, 21h55, 00h15 (V.Orig.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 17h40 (V.Port.); Maze Runner: Provas de Fogo 21h45, 00h25; O Prodígio M12. 13h10, 15h25, 19h35, 21h55, 00h20; Perdido em Marte M12. 15h50, 18h40, 21h30, 00h20;Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 17h50 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 15h30, 19h40, 22h, 00h30 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 21h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h35h (V.Port./2D), 21h35 (V.Orig./2D), 00h05 (V.Orig./3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h05, 16h35, 19h10, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 18h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h10 (V.Port.); Evereste M12. 21h25; ‘71 M12. 18h55; Sem Compromissos M16. 13h55, 16h15, 21h30; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 14h, 16h20 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h50, 16h25, 19h10, 21h45;The Walk - O Desafio M12. 18h30, 21h25 (2D); O Estagiário M12. 13h45, 16h30, 19h05,21h45; Perdido em Marte M12. 14h15, 21h15(2D), 17h35 (3D); À Procura de Uma EstrelaM12. 13h55, 16h30, 19h, 21h40; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h05, 16h40, 19h15, 21h55

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h40, 20h50, 23h30; Sem Compromissos M16. 18h30; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h20; A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h10, 23h50; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h (V.Port.); O Estagiário M12. 15h05, 17h50, 21h15, 23h55; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h30, 15h20, 18h, 21h, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20, 15h50, 18h20 (V.Port.), 21h05, 23h40

A Hora do LoboDe Jean-Jacques Annaud. Com Shaofeng Feng, Shawn Dou, Ankhnyam Ragchaa. FRA/China. 2015. 121m. Aventura. M12. Ano de 1967. Chen Zhen é um

jovem estudante de Pequim

(China) que é enviado para uma

zona rural da Mongólia para

educar uma tribo de pastores

nómadas. Ali vai descobrir uma

ligação antiga entre os pastores,

o seu gado e os lobos selvagens

que vagueiam pelas estepes.

Para os mongóis, o lobo é uma

criatura quase mítica que é parte

integrante da sua comunidade

e os liga à natureza. Quando o

Governo cria uma nova lei que

obriga a população a eliminar

os lobos da região, o equilíbrio

entre todos é ameaçado...

À Procura de Uma EstrelaDe John Wells. Com Bradley Cooper, Sienna Miller, Omar Sy. EUA. 2015. 100m. Comédia Dramática. M12. O “chef“ Adam Jones

conheceu a fama, a fortuna e o

reconhecimento internacional.

Mas a sua carreira colapsou

quando, por fraqueza e excesso

de vaidade, se deixou levar pelo

consumo de drogas. Agora,

para refazer a sua vida pessoal

e profi ssional, decide começar

do zero em Londres (Inglaterra),

na esperança de abrir um

restaurante que arrebate os

clientes e o faça ser merecedor

de mais uma estrela Michelin.

Mas, para que isso se torne

realidade, precisa de uma equipa

de sonho...

AdamaDe Simon Rouby. Com Pascal N’Zonzi (Voz), Oxmo Puccino (Voz), Azize Diabaté (Voz). FRA. 2015. 95m. Drama, Animação. M12. Adama, de 12 anos, vive

numa aldeia remota na África

Ocidental. Quando o seu irmão

mais velho desaparece sem

deixar rasto, ele decide partir

em sua busca. Movido pelo

amor, enceta assim uma corajosa

viagem de iniciação à idade

adulta, enquanto percorre um

longo caminho que o levará até

Verdun (França), cenário da

batalha mais longa - e uma das

mais devastadoras - da I Guerra

Mundial.

Crimson Peak: A Colina VermelhaDe Guillermo del Toro. Com Charlie Hunnam, Jessica Chastain, Tom Hiddleston. EUA. 2015. 119m. Drama, Terror, Fantasia. M12. Inglaterra, séc. XIX. A jovem

Edith Cushing apaixona-se por

Sir Thomas Sharpe, um homem

misterioso que, tal como ela,

se interessa pelo sobrenatural.

Apesar dos avisos de alguns

amigos próximos, que temem

aquela união, Edith e Thomas

casam-se. Ela muda-se para a

casa de família do marido, uma

mansão em ruínas numa região

montanhosa no Norte do país.

E depressa descobre que a sua

nova família guarda segredos

aterradores...

O ProdígioDe Edward Zwick. Com Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard. EUA. 2014. 114m. Drama, Biografia. M12. Bobby Fischer nasceu em

Chicago (EUA) a 9 de Março

de 1943 e atraiu a atenção do

público norte-americano para

o xadrez quando, com apenas

15 anos de idade, se tornou

o mais jovem Grande Mestre

internacional da história da

modalidade. Considerado um

dos melhores jogadores de

sempre, Fischer ganhou fama

mundial quando, em 1972,

derrotou o russo Boris Spassky,

na altura campeão mundial,

num confronto memorável

em Reiquejavique (Islândia),

em plena Guerra Fria. Com

realização de Edward Zwick, esta

é a sua história.

Em [email protected]@publico.pt

A Hora do Lobo

Page 35: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 35

Depois da estreia em Portugal com o colectivo da série humorística brasileira Porta dos Fundos, Gregório Duvivier está de regresso com mais uma comédia. A solo, em monólogo, apresenta-se com a história de um escritor sem obra publicada em luta para conseguir terminar uma peça sobre um homem solitário. Com Uma Noite na Lua, da autoria do dramaturgo e

encenador João Falcão, Duvivier ganhou o prémio para melhor actor da APTR – Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, em 2013. A peça sobe ao palco do Teatro Tivoli, em Lisboa, hoje e amanhã às 21h (bilhetes de 10€ a 24€). Leiria (dia 29), Figueira da Foz (30) e Porto (31 de Outubro e 1 de Novembro) são as cidades que se seguem.

Uma Noite na LuaDR

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

A Hora do Lobo mmmmm – –Johnny Guitar mmmmm mmmmm mmmmm

Crimson Peak mmmmm – –Praia do Futuro mmmmm – mmmmm

Perdido em Marte mmmmm – mmmmm

O Prodígio mmmmm mmmmm –Sicario- Infiltrado mmmmm mmmmm –‘71 mmmmm mmmmm –A Uma Hora Incerta A – –The Walk-O Desafio mmmmm mmmmm mmmmm

(V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h10, 17h40, 21h30, 00h10 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311Sicario - Infiltrado M12. 14h, 16h20, 18h45, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h10, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h15 (V.Port.); O Prodígio M12. 15h, 17h20, 19h45, 22h

Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h20, 17h45 (V.Port.), 15h30, 19h45, 21h55 (V.Orig.); Evereste M12. 22h; Por Aqui e Por Ali M12. 19h55; Homem Irracional M12. 19h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h40, 17h40 (V.Port.); O Prodígio M12. 15h55, 18h40, 21h30; O Estagiário M12. 15h45, 21h35; A Hora do Lobo M12. 16h, 18h50, 21h40; Um Momento de Perdição 15h25, 17h30, 21h55; A Família Bélier M12. 17h40; Perdido em Marte M12. 18h30, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 19h35; À Procura de Uma Estrela M12. 15h35, 17h50, 19h50, 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Sicario - Infiltrado M12. 18h50, 21h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h, 17h (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 21h10 (2D), 18h30 (3D); Maze Runner: Provas de Fogo 15h30, 18h10, 21h15; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 16h, 18h40, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h45, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 18h15; O Estagiário M12. 18h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h50 (V.Port.), 21h20 (V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 15h15, 17h20, 19h30, 21h40

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. À Procura de Uma Estrela M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h40, 19h20, 21h50; Por Aqui e Por Ali M12. 17h10; Maze Runner: Provas de Fogo 18h30; O Estagiário M12. 16h, 21h10; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 16h20 (V.Port.); Perdido em Marte M12. 18h20, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h10, 18h40 (V.Port./2D), 21h20 (V.Orig./3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h, 16h30,19h, 21h30; The Walk - O Desafio M12.14h30, 19h20 (2D); Sem CompromissosM16. 17h, 22h

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 15h50, 18h40, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h40 (V.Port.); O Estagiário M12. 21h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 12h50, 15h40, 18h20, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30, 16h,18h30 (V.Port.); À Procura de Uma EstrelaM12. 13h, 15h30, 18h10, 21h10; Sicario - Infiltrado M12. 16h10, 18h50, 21h40; Perdido em Marte M12. 14h30, 217h30, 21h50

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Perdido em Marte M12. 15h, 18h, 20h50;Crimson Peak: A Colina Vermelha M12.

15h30, 18h10, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h10, 17h50 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h50, 18h30 (V.Port.), 21h10 (V.Orig.); Evereste M12. 21h20; Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h40, 18h20, 21h

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h50, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h35, 15h10, 18h (V.Port.); Um Momento de Perdição 18h35; Um Momento de Perdição 21h10, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h15, 24h; O Prodígio M12. 12h30, 15h15, 18h05, 21h05, 23h55; O Estagiário M12. 12h45, 15h30, 21h25; Perdido em Marte M12. 18h15, 00h15; A Hora do Lobo M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h40, 00h25

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMASininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h10 (V.Port.); Homem Irracional M12. 17h50, 20h50; À Procura de Uma Estrela M12. 15h30, 18h30, 21h30; O Estagiário M12. 15h20, 18h20, 21h20; Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h, 21h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h (V.Port.)

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h40; O Estagiário M12. 13h, 15h30, 18h20, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h10, 15h40 (V.Port.), 18h40 (V.Orig.)

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Perdido em Marte M12. 17h40, 21h; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 16h, 18h45, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h15, 19h (V.Port.); Evereste M12. 21h45; Black Mass - Jogo Sujo M16.

21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 15h45, 18h30, 21h15

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789The Walk - O Desafio M12. 18h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h40 (V.Port.), 21h (V.Orig.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 14h45, 16h50 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h50, 21h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h50, 18h40, 21h30; Perdido em Marte M12. 15h30, 21h10 (2D), 18h20 (3D); O Estagiário M12. 15h45, 18h30, 21h25; À Procura de Uma Estrela M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446O Prodígio M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Maze Runner: Provas de Fogo 16h30;Evereste M12. 13h55, 19h10, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h20, 19h40, 22h,00h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h45, 00h15 (V.Port.), 17h35, 21h55 (V.Orig.), ; Um Momento de Perdição 13h30, 17h30, 19h35, 21h45; À Procura de Uma Estrela M12. 13h30, 15h30, 17h40, 19h40, 21h50, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h35 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h35, 00h20; O Estagiário M12. 15h45, 18h20, 21h25, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h40, 00h15; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h45 (V.Port.) ; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30, 15h30 (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 18h30, 21h20, 00h10;Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h25, 16h, 18h40, 21h30, 00h05

Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20, 18h40 (V.Port./2D), 21h (V.Orig./3D); À Procura de Uma Estrela M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (2D); Perdido em Marte M12. 15h40, 18h30, 21h20; Maze

Runner: Provas de Fogo 16h, 21h10; O Estagiário M12. 16h10, 21h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h40; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Evereste M12. 18h40; The Walk - O Desafio M12. 19h, 21h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h, 17h (V.Port.)

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h, 23h40;Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20,15h50, 18h20 (V.Port.); Sicario - InfiltradoM12. 12h40, 15h30, 21h10, 23h50; Um Momento de Perdição 18h10; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h15; À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h35, 24h; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h25, 00h05

TEATROLisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Os Improváveis De 6/10 a 24/11. 3ª às 21h30 (no Auditório dos Oceanos). M/16. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h. 3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Hamlet De William Shakespeare. Comp.: Mala Voadora. Enc. Jorge Andrade. De 27/10 a 1/11. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Uma Noite na Lua De João Falcão. Enc. João Falcão. Com Gregório Duvivier. De 27/10 a 28/10. 3ª e 4ª às 21h. M/12.

BatalhaAuditório Municipal da BatalhaR. Infante D. Fernando. T. 244769110 Depois de Darwin Enc. Ana Nave. Hoje às 14h30 (20.º Acaso - Festival de Teatro). M/12.

EXPOSIÇÕESLisboa Appleton SquareRua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 O Peso das Coisas. Leveza e Claridade. De Carlos Nogueira. De 1/10 a 29/10. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Arquivo Nacional da Torre do TomboAlameda da Universidade. T. 217811500 Anões às Costas dos Grandes Gigantes do Passado. Poder, Mitos, Memórias na Sociedade Medieval: Contributos de Luís Krus De 1/10 a 31/10. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 12h30. Documental. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Aldo Manuzio (ca 1450-1515): o inventor do itálico De 22/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Outros. Arte de ser português De 1/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30.

Documental, Objectos. Da Inquietude à Transgressão: eis Bocage... De 17/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Imprensa Empresarial em Portugal: 145 Anos de Jornais de Empresa (1869-2014) De 6/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Ramalho Ortigão. Um publicista em fim de século De 25/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Documental. Chiado 8 - Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8. T. 213237335 Ângela Ferreira e Fernanda Fragateiro De 24/7 a 30/10. 2ª a 6ª das 12h às 20h. Escultura. CulturgestRua Arco do Cego. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Escultura, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação, Performance, Outros.

PUBLICIDADE

Page 36: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

36 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Os Girls Names vêm a Portugal com Arms Around a Vision na bagagem

DR

SAIRFundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria 111Campo Grande, 113. T. 217977418 Do Fundo De Pedro A.H. Paixão. De 19/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 10h às 19h. Desenho. Galeria Bessa PereiraRua de São Bento, 426. T. 935167270 Duas Mesas Uma Consola De José Pedro Croft. De 24/9 a 2/11. 3ª a Sáb das 14h30 às 19h30. Desenho, Objectos. Galeria Graça BrandãoR. dos Caetanos, 26A (B. Alto). T. 213469183 Entre o Boné e os Ténis De Tiago Alexandre. De 17/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 11h às 19h. Escultura, Instalação, Outros. Sonhos De Luiza Fortes. De 17/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 11h às 19h. Fotografia. Galeria Quadrado AzulR. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 Make do De Paulo Nozolino. De 2/10 a 24/12. 2ª a Sáb das 15h às 19h30. Fotografia. Galeria RattonR. da Academia das Ciências. T. 213460948 O Azulejo e a Palavra De Andreas Stöcklein, Pedro Proença. De 17/9 a 15/11. 2ª a 6ª das 10h às 13h e das 15h às 19h30. Cerâmica. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 Friso das Consequências da Noite De Fala Miriam. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Pintura Recente De Manuel Salinas. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Documental. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às

23/10 a 31/1. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação, Outros. Por vezes, Certas Vezes, Outras vezes De Bruno Castro Santos. De 8/10 a 8/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Desenho, Pintura. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Alguma Mezinha lá dessa Terra do Cabo do Mundo De 20/6 a 30/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Ciência. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Ricordo di Venezia. Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa De vários autores. De 21/7 a 29/11. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. Sociedade Nacional de Belas ArtesR. Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Índios e Outras Gentes De Ema Berta. De 6/10 a 27/10. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos.

Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Die Wiederherstellung des Geistes De André Guedes. De 25/9 a 7/11. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Performance, Desenho. Performances aos Sábados, às 15h e às 17h (dias 3, 10 e 24 de Outubro e 7 de Novembro).

MÚSICALisboaHot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Andrea dos Guimarães Hoje às 22h30 e 24h. Apresentação de “Desvelo”. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Girls Names Hoje às 22h30. Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Madama Butterfly Com Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Orq.: Orquestra Sinfónica Portuguesa. Enc. Tim Albery. Mús. Giacomo Puccini. De 20/10 a 1/11. Todos os dias às 20h (dia 28 Outubro). Dom às 16h (dia 1 Novembro). Tragédia japonesa em 2 actos.

DANÇALisboaLisboa Matilda Carlota Com Jonas Lopes, Lander Patrick. Coreog. Jonas Lopes, Lander Patrick. De 27/10 a 28/10. 3ª e 4ª às 21h30 (na Rua das Gaivotas n.º 6, Festival Temps d’Images 2015). M/10. Duração: 45m.

Praia da RochaHotel Algarve CasinoPraia da Rocha. T. 282402000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 6/10 a 27/10. 3ª às 22h30.

SAIR18h. Pintura. Progresso De Ana Cardoso. De 23/10 a 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Sousa Lopes 1879-1944. Efeitos de Luz De Adriano Sousa Lopes. De 18/7 a 8/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. De 15/10 a 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da CervejaAla Nascente, 62. T. 210987656 Contos Murais De Júlio Pomar. A partir de 3/4. Todos os dias das 12h às 23h. Pintura. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília - Edifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros.

Museu da FarmáciaRua Marechal Saldanha, 1. T. 213400680 Arte e Ciência em Luís Dourdil De 21/3 a 14/11. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Pintura. Museu de Lisboa – Santo AntónioLg de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Objectos, Outros. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 A Aventura da Terra: um Planeta em Evolução A partir de 19/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h (última admissão às 16h). Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Outros. A Hora do Lobo De 9/10 a 29/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros. Cuidar e Curar De 14/9 a 30/6. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Objectos. De Raiz, A Radice De Margarida Jardim. De 25/9 a 31/10. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros. Francisco Arruda Furtado (1854-1887), Discípulo de Darwin De 6/3 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Objectos, Desenho. Imaginar a Cidade 1995-2015 De João Santa-Rita. De 8/10 a 1/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Desenho, Arquitectura. Jóias da Terra - O Minério da Panasqueira A partir de 1/8. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência. Memórias da Politécnica - Quatro séculos de Educação, Ciência e Cultura De 16/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Outros. Palácio da Memória De João Ó. De

FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteIdeal (Areeiro) - Av. Almirante Gago Coutinho, 49 - A - Tel. 218492803 Nicolau (Lumiar) - Calçada de Carriche, Lote 4 Lj. Esq. - Tel. 217588727 Olivais (Olivais Velho) - Rua Alves Gouveia, 19 - Tel. 218511237 Pinheiro (Campo de Ourique) - Rua Campo Ourique, 131 - Tel. 213844313 Fontes Pereira de Melo (São Sebastião da Pedreira) - Av. Fontes Pereira de Melo, 15 - Tel. 213139190/2131213139290 /213139290

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Magalhães Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Matos Coelho Aljustrel - Pereira Almada - Magalhães Herd. , Central - Trafaria (Trafaria) Almeirim - Barreto do Carmo Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)

Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Campos , Guizo Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Fidalguinhos Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Central Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens , Mendes (Porto Alto) Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Central Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Fontes Rocha , Luz (Alcabideche), de Birre (Birre), São João (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Rodrigues dos Santos

(Sarzedas) Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - S. Pedro Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Crespo Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - António Lucas Estremoz - Godinho Évora - Central Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Serra Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - A Lacobrigense Leiria - Dulce Caçador (Bidoeira de Cima) Loulé - Miguel Calçada , Chagas, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Saraiva , Varela (S. Cosme) Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa) , Liberal (Reguengo Grande) Mação - Catarino Mafra - Marques (Azueira) , Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande

- Moderna Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Gusmão (Alhos Vedros) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Do Altinho , Joleni Oeiras - Central Park (Linda-a-Velha) , Pargana (Paço de Arcos) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Pacheco Ourém - Pastorinhos (Fátima) , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Barros Ponte de Sor - Matos Fernandes Portel - Fialho Portimão - Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Candido Barbosa

Salvaterra de Magos - Martins Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Jerónimo São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Moura Carneiro (Amora) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Louro , Viso Silves - Sousa Coelho Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Caldeira , Queluz (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas - Aliança (Lamarosa/Torres Novas) Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Valentim LDA. , Central de Alverca (Alverca), Central Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia Oeiras - Progresso (Tagus Park)

Page 37: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 37

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.21 Os Nossos Dias 15.52 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.12 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.10 Bem-vindos a Beirais 21.55 Treze - Talk-show 23.28 5 para a Meia-Noite 00.38 The Flash 1.25 Os Números do Dinheiro 2.27 Os Nossos Dias

RTP 27.00 Zig Zag 11.06 Desalinhado 13.05 Diagnóstico: Divas 14.00 Sociedade Civil 15.05 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 15.55 Zig Zag 20.03 Pais Desesperados 21.00 Jornal 2 21.49 Página 2 22.07 Mad Men 22.55 Literatura Aqui 23.30 Peru, País de Extremos 00.28 Eurodeputados 00.57 E2 - Escola Superior de Comunicação Social 1.29 Sociedade Civil 2.30 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Dancin Days 15.20 Duas Caras 16.00 Grande Tarde 18.40 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.30 Poderosas 23.55 A Regra do Jogo 00.55 Investigação Criminal 1.55 Investigação Criminal Los Angeles 2.50 Podia Acabar o Mundo

TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 16.00 A Tarde É Sua 19.15 A Quinta 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.24 Santa Bárbara 23.00 A Quinta - Nomeações 00.00 A Quinta - Extra 1.00 Os Irmãos Donnelly 1.57 Ora Acerta 3.00 Fascínios 3.45 Dr. House 4.32 Sonhos Traídos

TVC110.15 Matem o Mensageiro 12.10 Éden 14.25 Palavrões 15.55 Noite de Folga 17.35 Serena 19.25 A Viagem dos Cem Passos 21.30 Rouxinol 22.55 Matem o Mensageiro 1.50 Serena 3.40 Oceanos 5.25 Rouxinol

FOX MOVIES9.12 Os Miseráveis 11.22 Ágora 13.21 Icarus, Máquina de Guerra 14.51

D-Tox 16.22 Academia de Polícia 4 - A Patrulha do Cidadão 17.47 O Casamento de Rachel 19.37 Olhos de Anjo 21.15 Soldado Universal: O Regresso 22.34 Soldado Universal: Regeneração 1.06 Blood: O Último Vampiro 2.29 Jogos de Poder 4.03 21 Gramas

HOLLYWOOD9.35 Em Nome da Amizade 11.35 Contacto 14.00 Prom - A Primeira Noite do Resto da Tua Vida 15.45 Tombstone 17.55 O Último Viking 19.40 Norbit 21.30 Impostor 00.10 P2 - Zona de Risco 1.55 Resident Evil 3.35 Vigilante 5.10 Perseguido pelo Passado

AXN13.39 Mentes Criminosas 14.25 Inesquecível 15.56 Castle 17.30 Mentes Criminosas 19.06 Inesquecível 20.39 Castle 22.15 C.S.I. 23.58 Mentes Criminosas 1.47 Perception 3.13 Inesquecível 4.39 C.S.I.

AXN BLACK13.46 Gangster Americano 16.20 Resistentes 18.26 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 20.16 Rápida e Mortal 22.00 Tara Road - Vidas Trocadas 23.43 África dos Meus Sonhos 1.39 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 3.29 Rápida e Mortal

AXN WHITE14.22 Trocadas à Nascença 15.54 Filme: Boas Vibrações 17.30 Era Uma Vez 19.04 Descobrindo Nina 20.40 Franklin e Bash 21.30 Filme: Boas Vibrações 23.06 Filme: Amor ao acaso 00.44 Franklin e Bash 1.28 Traição 2.15 Pequenas Mentirosas 3.47 Trocadas à Nascença

FOX13.01 Os Simpsons 13.44 Hawai Força Especial 15.22 Investigação Criminal: Los Angeles 16.57 Sob Suspeita 18.38 Hawai Força Especial 20.27 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Gotham 23.10 Sob Suspeita 00.06 Investigação Criminal: Los Angeles 00.57 Hawai Força Especial 1.49 Sob Suspeita 3.22 Spartacus, Sangue e Arena

FOX LIFE13.11 A Patologista 13.59 Filme: The Good Mother 15.28 A Patologista

17.10 Filme: The Perfect Boss 18.45 Rizzoli & Isles 19.37 A Patologista 21.26 Rizzoli & Isles 23.10 Mr. Selfridge 00.11 Filme: A Nanny’s Revenge 1.48 Masterchef USA 2.32 Em Contacto 4.07 Ossos 4.57 Twisted

DISNEY15.00 Aladdin 15.50 Galáxia Wander 16.05 Gravity Falls 16.30 Phineas e Ferb 16.55 Os 7A 17.30 The Next Step 17.52 Videoclip Remix Sofia Carson 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 Riley e o Mundo 19.45 Shake It Up 20.07 The Next Step 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.50 A Minha Babysitter É Um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 00.20 Casper - O Fantasminha 00.45 Randy Cunningham: Ninja Total 1.10 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 1.33 Casper - O Fantasminha 1.57 Rekkit Rabbit 2.45 Randy Cunningham: Ninja Total 3.30 Casper - O Fantasminha 4.20 W.I.T.C.H. 5.04 Casper - O Fantasminha 5.53 Rekkit Rabbit

DISCOVERY17.20 Pesca Radical 18.15 A Febre do Ouro 21.00 Território Desconhecido com Ed Stafford 22.55 Em Terra de Ninguém 00.50 Aventura à Flor da Pele 1.40 Território Desconhecido com Ed Stafford 3.20 Alasca, Batalha no Mar 4.50 Os Caçadores de Mitos 5.35 Caçadores de Leilões

HISTÓRIA17.36 Alienígenas 18.20 Em Busca de Extraterrestres 19.02 Caça Tesouros 21.17 O Preço da História 00.26 Restauradores 2.30 O Preço da História 3.13 Treblinka 4.00 Os Libertadores 4.55 Mistérios Enterrados

ODISSEIA17.39 Abutres, a Beleza da Fera 18.29 Ilhas e Homens com Karembeu 19.22 Medicina do Mundo 20.16 DEA 21.00 A Origem das Coisas 21.45 Rude Tube 22.30 O Último Voo do Concorde 00.42 Car Matchmaker 1.26 A Origem das Coisas 2.11 Rude Tube 2.36 Car Matchmaker 3.20 O Último Voo do Concorde 4.37 McConkey

[email protected]

FICAR

DOCUMENTÁRIOAlentejo, AlentejoTVC2, 22h00Através deste documentário,

Sérgio Tréfaut leva o espectador

numa viagem ao interior do

Alentejo onde se descobrem as

paisagens, tradições e modo de

vida dos seus habitantes. Uma

das mais interessantes tradições

nascidas a sul do Tejo está

no cante alentejano, um coro

polifónico entoado habitualmente

por grupos de homens de todas as

idades, embora existam também

alguns grupos femininos. Criado

nas tabernas ou nos campos de

cultivo, atravessou as fronteiras da

região que lhe deu origem. Com o

passar do tempo, também devido

à diáspora alentejana, apareceram

novos grupos na periferia de

Lisboa, acentuando o cante como

a expressão de uma identidade

própria e de uma vontade de

regressar às origens. Alentejo,

Alentejo ganhou o Prémio Melhor

Filme Português e Prémio TAP

Melhor Documentário do Festival

IndieLisboa 2014.

CINEMA

A Viagem dos Cem Passos[The Hundred-Foot Journey]TVC1, 19h25Depois de ser obrigada a deixar a

Índia, a família Kadam instala-se

numa pequena e pitoresca aldeia

francesa. O local parece perfeito

para abrir um restaurante de

sabores exóticos... Até aparecer

a sofi sticada e pouco amistosa

Madame Mallory. Proprietária

de um elegantíssimo restaurante

de alta cozinha galardoado com

uma estrela Michelin — e situado

a cem passos dali —, ela não está

nada interessada em partilhar a

clientela. O problema agudiza-se

quando Mallory descobre que o

fi lho mais velho dos Kadam tem

realmente um talento nato para

a arte culinária... Com Helen

Mirren, Om Puri, Manish Dayal

e Charlotte Le Bom a apimentar

o elenco, o fi lme adapta a obra

homónima, escrita por Richard

C. Morais em 2010, que se tornou

um best-seller internacional.

Impostor [Impostor]Hollywood, 21h30Ano de 2079. A Terra está em

guerra há mais de uma década

contra uma força alienígena.

Várias cidades foram destruídas

e as que restam estão protegidas

por cúpulas. Spencer Olham

(Gary Sinise) é um cientista

que trabalha para o Governo,

dirigindo um projecto que talvez

permita vencer os extraterrestres.

Mas, repentinamente, Spencer

é acusado de ser um andróide,

introduzido na Terra ao serviço

do inimigo. O cientista é então

confrontado com duas difíceis

tarefas: provar a sua inocência a

tempo de salvar o mundo e provar

a si próprio que a sua identidade

não é uma mera ilusão.

Tara Road – Vidas Trocadas [Tara Road]AXN Black, 22h00A vida de Marilyn Vine (Andy

MacDowell) é devastada

pela morte acidental do seu

único fi lho, Dale, durante a

comemoração do seu 15.º

aniversário. Do outro lado do

Atlântico, em Dublin, Irlanda, o

casamento de Ria Lynch (Olivia

Williams) termina quando o seu

marido lhe revela que a vai deixar

pela amante que está grávida,

Bernadette. Um telefonema

acidental junta estas duas

mulheres que acabam por decidir

trocar de casa durante dois

meses. Nesta permuta de lares,

ambas aprendem gradualmente a

aceitar a nova realidade das suas

vidas alteradas.

Reino dos Céus [Kingdom of Heaven]AMC, 22h30Realizado por Ridley Scott,

conta a história de Balian, um

jovem ferreiro que acaba por se

tornar num dos mais honrados e

heróicos cavaleiros e defensores

da paz na Terra Santa durante as

Cruzadas. Desgostoso pela morte

da sua mulher e fi lho, Balian é

procurado por Godfrey de Ibelin,

um nobre do reino de Jerusalém

profundamente comprometido

em manter a paz na Terra Santa.

Quando Godfrey lhe confessa

ser seu pai, Balian une-se a ele

na sua sagrada missão. Após a

morte prematura do pai, herda

a sua própria terra e um título

em Jerusalém, uma cidade

onde cristãos, muçulmanos e

judeus se esforçam por coexistir

pacifi camente durante o breve

interlúdio de tréguas entre a

segunda e a terceira cruzadas, no

ano de 1186.

Rouxinol, TVC1, 21h30

Os mais vistos da TVDomingo, 25

FONTE: CAEM

RTP1TVITVISICSIC

12,512,09,99,88,7

Aud.% Share

26,023,322,619,026,2

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

15,4%%

1,8

13,7

20,2

36,5

The Voice PortugalJornal das 8A Quinta - GalaJornal da NoitePrimeiro Jornal

Page 38: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

38 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

JOGOSCRUZADAS 9326

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

20º

Viana do Castelo

Braga10º 17º

Porto12º 16º

Vila Real9º 13º

11º 17º

Bragança7º 12º

Guarda6º 9º

Penhas Douradas4º 8º

Viseu8º 11º

Aveiro12º 18º

Coimbra11º 15º

Leiria12º 17º

Santarém11º 18º

Portalegre9º 14º

Lisboa14º 18º

Setúbal12º 19º Évora

10º 17º

Beja11º 18º

Castelo Branco10º 15º

Sines14º 18º

Sagres15º 20º

Faro14º 20º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

15º 21º

14º 20º

Flores

Terceira14º 19º

16º 22º

16º 23º

15º 19º

20º

20º

06h58

Cheia

17h43

12h0527 Out.

1-1,5m

5m

21º

2-3m

23º1-1,5m

22º4-4,5m

14h29 3,802h51* 3,8

08h15 0,320h38 0,2

14h04 3,802h27* 3,8

07h49 0,420h12 0,4

14h12 3,702h35* 3,7

07h46 0,320h10 0,2

4-5m

4-5m

4-5m

18º

19º

*de amanhã

Horizontais: 1. Estrato. Grande onda. 2. Peça transversal do arado em que o lavrador assenta as mãos. Recitar. 3. Unidade monetária do Japão. Que tem má fama. 4. Perverso. Terreno cheio de árvores silvestres. Prefixo que exprime a ideia de privação. 5. Porco (regional) ou pato (Beira). International Business Machines. 6. Sacerdote budista tibe-tano. Estilo musical desenvolvido nas ruas de Nova Iorque, em meados da década de 70. 7. A unidade. Desgraça. 8. Sistema que não é sólido nem líqui-do. Esmalte preto. 9. Composição po-ética de assunto elevado e destinada ao canto. Um certo. Redução de maior. 10. Música executada só por orquestra. Cálcio (s.q.). 11. Rezar. Pregador.

Verticais: 1. De acordo com o Antigo Testamento, foi o primeiro filho de Adão e Eva. Que tem rugas. 2. Limpar com areia, cinza, etc. Ponderar (fig.). 3. D. (...) II, último rei de Portugal, par-tiu da Ericeira para a Inglaterra com a restante família real, ficando aí a viver no exílio. Alcoviteira. 4. Eu te saúdo! (interj.). Confederação da Agricultura Portuguesa. Abreviatura de frei. 5. Preposição que designa posse. Instante. 6. Agrupa. Sectário do arianismo. 7. Prefixo (oposição). Dissolver em líquido. 8. Relativo a fábrica. Autores (abrev.). 9. Fileira. Membro da maçonaria (pedreiro-livre). 10. A parte amarela do ovo. Na mitologia grega, deus dos rebanhos, das campinas e dos bosques. Vazio. 11. Campo de liça. Enfeitar com oiro.

Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Vincent Cassel (4 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Loa. Assoar. 2. ÁRVORE. CAEM. 3. Bendito. DA. 4. Cento. Sal. 5. Tera. Aura. 6. Atum. Afro. 7. Cor. Irra. Lo. 8. Arado. Urso. 9. Edita. NS. 10. NÃO. Ano. Ego. 11. Dosar. Sáxeo.Verticais: 1. Lá. Craca. Nd. 2. Orbe. Torrão. 3. Aventura. OS. 4. Ontem. De. 5. Ardor. Iodar. 6. Sei. Aar. In. 7. Tu. FRUTOS. 8. Oco. Arara. 8. Aa. Suo. Ex. 10. Redar. LONGE. 11. Malato. Soo.Provérbio: Os frutos não caem longe da árvore.

Oeste Norte Este Sul 2♦ (1)passo 2♥ (2) passo 2♠

passo 2ST passo 3♦

passo 5♦ passo 6♦

Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Forcing de partida (2) Nega ases, dois reis ou 8 pontos

Carteio: Saída: K♣. Depois de cortar o Rei de paus com o 5 de ouros, tira o Ás de ouros ao qual todos assistem. Como continuaria?

Solução: Neste momento existem nove vazas ganhantes (um corte, cinco trun-fos, Ás de copas e Ás e Rei de espadas). Três vazas suplementares a espadas serão suficientes para cumprir, pode conceder a Dama. Mas, nesse caso será necessário impedir a defesa de encaixar uma vaza a paus. É fácil, se conseguir baldar os paus do morto. O desenrolar do jogo: Rei de paus cortado, Ás, Rei e Dama de ouros, Ás, Rei e Valete de espa-das sobre o qual balda o 8 e o Valete de paus.

Dador: SulVul: EO

Problema 6426 Dificuldade: fácil

Problema 6427 Dificuldade: difícil

Solução do problema 6424

Solução do problema 6425

NORTE♠ 8♥ 10754♦ Q6432♣ J82

SUL♠ AKJ1095♥ AQ6♦ AK105♣ -

OESTE♠ Q732♥ K82♦ 9♣ KQ976

ESTE♠ 64♥ J93♦ J87♣ A10543

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

“C’est fini”, já tem asseguradas as doze vazas sem o mínimo risco de cabidar.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♦ 1♠ ?

O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠J4 ♥Q1083 ♦943 ♣K972 2. ♠842 ♥Q107 ♦A432 ♣KQ23. ♠83 ♥K1092 ♦A5 ♣AQ1092 4. ♠KJ1082 ♥92 ♦J1094 ♣AJ

Respostas: 1. Passe – É necessário um mínimo de 7/8 pontos para poder dobrar, caso não tenha fit no naipe do parceiro (nesse caso já poderá dobrar com menos de 7 pontos).2. 2♠ – O cue-bid, após uma abertura em naipe menor, promete um mínimo de 11 pontos. Para além disso, interroga o abridor sobre uma possível defesa no naipe do adversário, numa tentativa de alcançar o contrato de 3ST.3. 2♣ – Tendo um bom naipe quinto e força suficiente para jogar partida, co-mece por anunciar os paus e na volta seguinte poderá referir as copas. Assim, não só explica a sua força como comple-ta a descrição da sua mão.4. Passe – E sobre o provável dobre de reabertura do parceiro passe!

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 39: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

EXISTE UM LIVRO QUE OS RESUME.Vol. 8: A Grécia na Europa.Celebre os 50 anos das publicações D. Quixote com uma edição inédita de8 livros com os mais marcantes temas da actualidade internacional.Nesta edição saiba tudo sobre a Grécia que colheu a Europa de surpresaem 2009 e nunca mais saiu do centro da agenda europeia, polarizando aopinião pública que acabou por ganhar uma dimensão inesperada. Um tema analisado ao pormenor para lhe dar o essencial.

cadernos d. quixoteo essencial sobre a actualidade internacional

SÁBADO, 31 OUTCOM O PÚBLICO

+4,95€

Existem milharesde comentadores

e centenas deinvestigadores que

falam sobre acrise da Grécia.

Col

ecçã

o d

e 8

Livr

os. P

VP

un

itár

io: 4

,95€

. Pre

ço to

tal d

a co

lecç

ão: 3

9,60

€. P

erio

dic

idad

e se

man

al a

o sá

bad

o. D

e 12

de

Sete

mb

ro a

31

de

Ou

tub

ro d

e 20

15. L

imit

ado

ao s

tock

exi

sten

te. A

com

pra

do

pro

du

to im

plic

a a

aqu

isiç

ão d

o jo

rnal

.

Page 40: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Entre a dinastia de Steph Curry e a felicidade caseira de LeBron

Não há muitas equipas na história da

Liga Norte-Americana de Basquete-

bol profi ssional (NBA) que tenham

tido uma época tão boa como a que

os Golden State Warriors tiveram em

2014-15. Tiveram o sexto melhor re-

gisto de sempre numa época regu-

lar (67-15), uma carreira com poucos

sobressaltos nos play-off (16-5) que

terminou na conquista do título de

campeão, o MVP da temporada (Ste-

ph Curry) e o MVP da fi nal (Andre

Iguodala) e, no entanto, há muita

gente que desconfi a da equipa cali-

forniana. Numa palavra, quase toda

a NBA acha que os Warriors tiveram

sorte. E que a tempestade perfeita

não vai acontecer na nova tempo-

rada que hoje se inicia.

Um inquérito aos general mana-

gers das 30 equipas da NBA não

coloca os Warriors como princi-

pais candidatos ao título, nem co-

mo segundos. O que os donos das

equipas dizem é que os Cleveland

Cavaliers são, de longe (53,6%), os

grandes candidatos, seguidos dos

San Antonio Spurs (25%). Só depois

aparece a equipa de Oakland (17,9%).

O inquérito ainda cita os Oklahoma

City Thunder como um candidato,

embora com uma percentagem qua-

se residual (3,6%).

Os argumentos andam à volta dis-

to. Os Warriors não sofreram com le-

sões incapacitantes, benefi ciaram de

fraca oposição nos play-off e tiveram

um adversário com pouca profun-

didade na rotação durante a fi nal.

A tudo isto, Steph Curry responde

desta maneira, e não sem uma boa

dose de ironia: “Peço desculpa por

sermos saudáveis. Peço desculpa por

jogarmos contra quem nos apare-

cia pela frente. Peço desculpa por

todas as distinções que recebemos,

individualmente e como equipa. Pe-

ço muita, muita desculpa, e vamos

tentar rectifi car este ano.”

Para a nova temporada, os cam-

peões Warriors continuam com tu-

do no lugar. Nove dos dez jogadores

mais utilizados mantêm-se na equipa

e o treinador é o mesmo, Steve Kerr,

que cometeu a proeza de ser cam-

peão no seu ano de estreia como téc-

nico principal — o último a fazê-lo foi

Pat Riley, com os Los Angeles Lakers

de 1982. Curry quer mostrar que po-

de ser líder de uma nova dinastia na

NBA e conquistar um segundo título

com os Warriors será o sufi ciente pa-

ra calar os críticos.

Se não será justo colocar os War-

riors num lugar tão secundário da

lista de candidatos como fi zeram os

donos das equipas, também é ver-

dade que há muitos outros preten-

dentes com aspirações legítimas a

chegar ao título. A encabeçar esta

lista estão os Cleveland Cavaliers, de

LeBron James, os fi nalistas vencidos

da última fi nal e, no papel, a única

equipa da Conferência Este que po-

derá verdadeiramente lutar pelo tí-

tulo. Na temporada passada, os Cavs

viveram muito (talvez demasiado)

do “one man show” que é LeBron Ja-

mes e disso se ressentiram quando

chegaram à fi nal com uma rotação

limitada por muitas lesões.

LeBron em busca do títuloLeBron continua à procura de um

título pela equipa da sua cidade natal

e foi isso que prometeu aos adeptos

quando deixou os Miami Heat (onde

foi duas vezes campeão) para regres-

sar a Cleveland, uma cidade em eter-

na depressão desportiva pela falta

de conquistas das suas equipas pro-

fi ssionais. Se jogadores como Kyrie

Irving e Kevin Love (que falharam as

fi nais) estiverem saudáveis, então os

Cavs serão não apenas os melhores

da Este, mas talvez os melhores da

NBA.

Se o líder de Este é razoavelmente

fácil de prever, com os Cavs a gran-

de distância de equipas como os

Chicago Bulls, os Atlanta Hawks, o

Oeste está recheado de equipas que

podem causar muitos problemas. E é

difícil não voltar a colocar neste lote

os San Antonio Spurs, que mantêm o

lote de veteranos todos um ano mais

velhos (Tim Duncan, Manu Ginobili e

Tony Parker), mas que se reforçaram

com aquele que era o free agent mais

desejado da NBA, o extremo-poste

LaMarcus Aldrigde, alguém que po-

de verdadeiramente fazer a diferen-

ça — 23,4 pontos e 10,2 ressaltos de

média por jogo em 2014-15.

Só os Cleveland Cavaliers parecem ter, na Conferência Este, capacidade para se intrometerem numa NBA que continua muito inclinada para o Oeste

NBAMarco Vaza

Outra dos grandes pretendentes

ao título está, tal como os Warriors,

na Califórnia e na Divisão Pacífi co.

Defi nitivamente estabelecidos co-

mo a melhor equipa de Los Angeles,

os Clippers irão querer esquecer o

fracasso da última temporada, em

que foram eliminados na segunda

ronda dos play-off . O técnico Doc Ri-

vers continua com o seu núcleo de

“estrelas” (DeAndre Jordan, Chris

Paul, Blake Griffi th e J. J. Reddick) e

passou a contar com o veterano Paul

Pierce para dar mais profundidade

à rotação.

Equipas como os Oklahoma Ci-

ty Thunder ou os Houston Rockets

estarão sempre dependentes do es-

A despedida de Kobe Bryant?

Os Lakers são uma das equipas mais tituladas da história da NBA, mas, em 2015-16, estarão

condenados à irrelevância. Mas haverá um forte motivo para seguir a época dos californianos: saber o que vai acontecer com Kobe Bryant, que entra hoje na sua 20.ª época como profissional. Para já, não é claro que Kobe esteja, sequer, apto para a noite de abertura no Staples Center,

em Los Angeles, com mais uma lesão a limitar a sua actividade durante as últimas semanas da pré-época. Ninguém dos Lakers, nem o próprio Kobe diz que esta será a sua despedida, mas os adeptos estarão mais preparados para uma época parecida com as duas últimas (41 jogos entre 2013 e 2015) do que qualquer uma das cinco épocas em que Kobe foi determinante para o título de campeão.

Page 41: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | DESPORTO | 41

tado físico das suas superestrelas,

Kevin Durant e James Harden, res-

pectivamente, enquanto Anthony

Davis pode, a qualquer momento,

transformar os New Orleans Pelicans

numa força a ter em conta. O estado

físico de Derrick Rose também irá

condicionar a época dos Bulls, ele

que apenas esteve em 61 jogos nas

últimas três temporadas, enquanto

os Atlanta Hawks tentarão, pelo me-

nos, igualar o que fi zeram em 2014-

15, a sua melhor época de sempre

(60 vitórias e 22 derrotas).

Para muitas equipas, esta será

mais uma época de reconstrução

e tentar não ser a anedota da NBA.

As previsões apontam para que os

Os Warriors bateram os Cavaliers na final da temporada passada e conquistaram o seu primeiro título em 40 anos

DAVID RICHARD-USA TODAY SPORTS

Philadelphia 76’ers e os Minnesota

Timberwolves sejam, respectiva-

mente, os piores de Este e Oeste,

equipas sem plano de reconstru-

ção e a tentar fazer o pior possível

para terem sorte no draft da época

seguinte. Já os New York Knicks, a

entrar no segundo ano do plano de

Phil Jackson, espera-se que haja um

salto qualitativo em relação a 2014-

15, a pior época de sempre da histó-

ria da equipa. Se Carmelo Anthony

voltar a ser a “estrela” que já foi em

tempos e se o tiro no escuro que

foi a selecção do lituano Kristaps

Porzingis no draft der resultado, os

Knicks vão andar perto de um lugar

nos play-off .

MANAN VATSYAYANA/AFP

A relação entre Valentino Rossi e Marc Márquez azedou na Malásia

A fotografi a só tem sete anos, mas

parece que foi tirada há uma eterni-

dade, especialmente depois do que

se passou no fi m-de-semana, duran-

te o Grande Prémio da Malásia em

MotoGP. Na imagem, vê-se Valentino

Rossi, então com 29 anos e já sete

títulos mundiais no currículo (cinco

deles na categoria rainha), a envol-

ver com o braço esquerdo os ombros

de Marc Márquez, na altura um jo-

vem de 15 anos que se estreava nas

125cc. Vêem-se sorrisos estampados

nos rostos de ambos, e a fotografi a

foi durante algum tempo um teste-

munho da admiração e respeito que

nutriam mutuamente.

Nutriam, assim mesmo no preté-

rito imperfeito, porque difi cilmente

continuarão a nutrir. Os dois prota-

gonistas da fotografi a de 2008 são,

desde 2013, adversários no Mundial

de MotoGP. No princípio, os papéis

eram de ídolo e admirador — Már-

quez chegou a confessar que tinha

um poster de Rossi no quarto. Mas

a relação entre Rossi e Márquez não

voltará a ser a mesma após o inci-

dente deste fi m-de-semana em Se-

pang. O espanhol, campeão em títu-

lo, queixa-se de ter sido empurrado

para fora de pista pelo italiano. Rossi

acusa Márquez de querer impedi-lo

de chegar ao título, em benefício do

seu compatriota Jorge Lorenzo.

Nenhuma imagem esclarece a si-

tuação por inteiro. Os dois pilotos

protagonizaram uma intensa bata-

lha, com as manobras arrojadas a

sucederem-se. Houve ultrapassagens

em que fi caram separados por escas-

sos milímetros, e outras em que nem

isso. Foi o caso na curva 14, quando

Marc Márquez foi ao chão e teve de

abandonar. Houve contacto físico

entre os dois, com o espanhol apa-

rentemente a encostar o capacete

ao joelho do italiano. Rossi diz que

perdeu o apoio do pé e tentou reco-

locá-lo, afastando a perna esquerda

da moto. Nesse movimento, teria to-

cado no manípulo direito da moto de

Márquez, desequilibrando-o.

“Ele tinha-me ultrapassado por

dentro. Levantou a moto, olhou pa-

ra mim, abrandou e afastou-me com

a perna, atingindo-me no braço e no

Valentino Rossi é acusado de pontapear Márquez e isso pode custar-lhe o Mundial

seria terceiro e subiu ao pódio, ter-

minando atrás do companheiro de

equipa (e rival) Jorge Lorenzo. O

resultado na Malásia deixa os dois

pilotos separados por apenas sete

pontos na classifi cação do Mundial.

A derradeira etapa do campeonato,

no dia 8 de Novembro, na Comuni-

dade Valenciana, promete ser escal-

dante. Não só pela hostilidade para

com Rossi, mas também porque o

italiano viu confi rmado pelos stewar-

ds o castigo aplicado pela direcção da

corrida: três pontos de penalização,

que o obrigam a partir do último lu-

gar da grelha de partida.

Ao longo de quase 20 anos de

carreira no motociclismo, Valenti-

no Rossi protagonizou vários outros

episódios, mas nenhum tão polémico

quanto este. A rivalidade com Jorge

Lorenzo conheceu altos e baixos, e

antes tinha sido o australiano Casey

Stoner. Os dois travaram uma dura

batalha em Laguna Seca, nos EUA,

em 2008, após a qual Stoner diria:

“Perdi o respeito por um dos maiores

pilotos da história”. Houve muita gen-

te a condenar Rossi pelo que aconte-

ceu em Sepang, mas também quem

apontasse o dedo a Márquez: “Os co-

missários deviam indagar o porquê

do que aconteceu. Sei do que falo e

a atitude de Márquez é merecedora

de uma sanção ainda mais grave”,

apontou o argentino Sebastián Porto,

vice-campeão mundial de 250cc em

2004, questionando a atitude “pro-

vocadora” de Márquez.

Resta a Valentino Rossi um ano de

contrato com a Yamaha. “Quero mui-

to experimentar as motos de 2016. O

MotoGP vai mudar muito após 2015.

Será uma espécie de ano zero”, afi r-

mava, há um ano, quando renovou

o vínculo. Nem imaginava a situação

em que viria a encontrar-se.

manípulo. Não consigo conceber o

que passará pela cabeça de um piloto

que deliberadamente faz cair outro.

Arriscamos a vida nas corridas”, acu-

sou o espanhol. “O Márquez sabe que

isso não é verdade, e fi ca muito claro

nas imagens que não quero atirá-lo

ao chão. Ele tocou com a manete

na minha perna e perdi o apoio do

pé, mas, se analisarem as imagens,

vêem que, quando isso acontece, o

Márquez já tinha perdido o controlo

da moto. Não quis pontapeá-lo. Até

porque uma moto destas não cai com

um pontapé”, reagiu o italiano.

A controvérsia está instalada. Rossi

MotociclismoTiago Pimentel

Marc Márquez diz que italiano o empurrou de propósito. Italiano nega e acusa espanhol de querer impedi-lo de ser campeão

Três vitórias em quatro corridas deixaram o português Miguel Oliveira na posição de ser o único

a poder impedir Danny Kent de conquistar o título em Moto 3. A missão do piloto de Almada é difícil (tem de vencer a última corrida e esperar que o rival não pontue), mas Oliveira está confiante: “Foi uma vitória muito importante [na Malásia], que mantém o título em aberto”, frisou ontem, à chegada ao aeroporto de Lisboa. “Em Agosto, tinha 110 pontos de desvantagem e agora estou a 24, a uma prova do fim. Terei de ganhar e esperar que um azar aconteça ao Danny Kent. É bastante improvável que aconteça alguma coisa, mas não vou desistir”, prometeu.

Miguel Oliveira quer lutar até ao fim

Page 42: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Breves

Futebol

Futebol

Ténis

UEFA anuncia apoio a Gianni Infantino para a presidência da FIFA

Rússia joga particular com Portugal a 13 de Novembro

João Sousa desce uma posição no ranking ATP

O comité executivo da UEFA manifestou ontem o seu apoio unânime à candidatura de Gianni Infantino, actual secretário-geral da UEFA, à presidência da FIFA. Numa comunicação publicada no seu site, aquele organismo anunciou Gianni Infantino como a nova escolha da UEFA, após o impedimento de que foi alvo Michel Platini, em resultado da investigação em curso em torno dos actuais administradores da FIFA.

A selecção portuguesa vai defrontar a Rússia, num encontro particular, a 13 de Novembro, às 19h45, em Londres, anunciou ontem a Federação Russa de Futebol no seu sítio oficial na Internet. De acordo com o organismo russo, o encontro com Portugal vai ser jogado em Craven Cottage, estádio do Fulham, quatro dias antes de o conjunto de Leste jogar outro particular com a Croácia, em Krasnodar.

João Sousa desceu uma posição na classificação ATP e é agora 46.º, após uma semana em que foi eliminado na primeira ronda do torneio de Moscovo. O português não resistiu na última segunda-feira ao espanhol Daniel Gimeno Traver, 95.º colocado do ranking, perdendo o encontro em três sets. Esta semana o tenista vimaranense competirá no ATP 250 de Valência.

CLASSIFICAÇÃOI LIGAJornada 8Nacional-Boavista 0-0Marítimo-Paços de Ferreira 0-2Estoril-Rio Ave 2-2V. Guimarães-Académica 1-1Arouca-Tondela 1-1Moreirense-V. Setúbal 0-2Benfica-Sporting 0-3FC Porto-Sp. Braga 0-0Belenenses-U. Madeira 1-0

J V E D M-S P1. Sporting 8 6 2 0 17-5 202. FC Porto 8 5 3 0 16-4 183. Rio Ave 8 4 3 1 14-9 154. Sp. Braga 8 4 2 2 12-4 145. Paços de Ferreira 8 4 2 2 9-9 146. Estoril 8 4 1 3 8-10 137. V. Setúbal 8 3 4 1 16-12 138. Benfica 7 4 0 3 16-7 129. Arouca 8 2 5 1 8-7 1110. Belenenses 8 2 4 2 10-17 1011. Boavista 8 2 3 3 5-8 912. Marítimo 8 2 2 4 10-14 813. Nacional 8 2 2 4 6-8 814. V. Guimarães 8 1 4 3 6-13 715. União da Madeira 7 1 3 3 3-5 616. Tondela 8 1 2 5 4-8 517. Académica 8 1 1 6 3-14 418. Moreirense 8 0 3 5 5-14 3

Próxima jornada Tondela-Benfica, Sp. Braga-Belenenses, União Madeira-FC Porto, Sporting-Estoril, Académica-Moreirense, V. Setúbal-Arouca, Rio Ave-Nacional, Boavista-Marítimo, P. Ferreira-V. Guimarães

II LIGAJornada 12Leixões-Sp. Braga B 2-3Atlético -Desp. Aves 0-1Olhanense-Ac. Viseu 2-2Oriental-Portimonense 1-2Santa Clara-Sporting B 2-3FC Porto B-Oliveirense 2-2Famalicão-Farense 2-1Freamunde-Mafra 1-0Varzim-Desp. Chaves 3-0Penafiel-Sp. Covilhã 2-2V. Guimarães B-Gil Vicente 1-0Benfica B-Feirense 1-2

J V E D M-S P1. FC Porto B 12 8 2 2 25-14 262. Portimonense 12 6 5 1 20-14 233. Sporting B 12 6 3 3 17-12 214. Atlético 12 6 2 4 14-11 205. Desp. Chaves 12 5 4 3 14-10 196. Sp. Braga B 12 5 4 3 15-13 197. Desp. Aves 12 5 4 3 13-11 198. Ac. Viseu 12 5 4 3 12-11 199. Benfica B 12 5 2 5 16-14 1710. Feirense 12 3 8 1 16-15 1711. Olhanense 12 4 4 4 12-12 1612. Famalicão 12 3 7 2 15-15 1613. Varzim 12 5 1 6 15-18 1614. Penafiel 12 4 4 4 13-14 1615. Gil Vicente 12 4 3 5 13-12 1516. Freamunde 12 4 3 5 11-10 1517. Farense 12 4 2 6 14-15 1418. Santa Clara 12 4 2 6 13-14 1419. V. Guimarães B 12 3 5 4 13-16 1420. Sp. Covilhã 12 3 5 4 11-16 1421. Mafra 12 3 4 5 10-11 1322. Oriental 12 2 3 7 15-22 923. Leixões 12 2 3 7 10-17 924. Oliveirense 12 1 4 7 8-18 7

Próxima jornada Sp. Braga B-Penafiel. Desp. Chaves-FC Porto B, Desp. Aves-V. Guimarães B, Sp. Covilhã-Freamunde, Feirense-Santa Clara, Gil Vicente-Olhanense, Mafra-Oriental, Sporting B-Varzim, Oliveirense-Atlético, Ac. Viseu-Leixões, Farense-Benfica B, Portimonense-Famalicão

MELHORES MARCADORESI Liga7 golos Jonas (Benfica)6 golos Slimani (Sporting) 5 golos Suk (V. Setúbal) , André Claro (V. Setúbal)

II Liga9 golos André Silva (FC Porto B)6 golos Pires (Portimonense), Platiny (Feirense)5 golos Stanley (Varzim), Denis (V. Guimarães B), Carlos Fortes (Sp. Braga B)

Depois do brilharete na Liga Europa,

na última semana, ao vencer o Basi-

leia, na Suíça, por 2-1, o Belenenses al-

cançou esta segunda-feira uma vitória

difícil, na recepção ao União da Ma-

deira, no jogo de encerramento da oi-

tava jornada da Liga. Um golo de Tia-

go Caeiro já nos instantes fi nais valeu

o segundo triunfo da temporada no

campeonato à equipa orientada por

Ricardo Sá Pinto no campeonato, que

subiu ao 10.º lugar da classifi cação.

A equipa da casa entrou melhor

no encontro e criou uma boa opor-

tunidade para se adiantar no mar-

cador logo aos 2’, com um remate

de André Sousa a tocar no poste e a

sair. O União não demorou a reagir

e conseguiu empurrar o adversário

para o seu meio-campo. E, mesmo

em cima do intervalo, Breitner falhou

por pouco o golo dos madeirenses.

O segundo tempo foi menos emo-

tivo e quando o nulo do marcador

já parecia uma inevitabilidade, um

canto de Carlos Martins foi desviado

por Luís Leal para defesa de André,

com Tiago Caeiro a surgir para fi na-

lizar, à segunda tentativa. O União

acabou derrotado quando já não o

esperava, mantendo-se a equipa no

15.º lugar da classifi cação, mas com

menos um jogo disputado.

Tiago Caeiro garante triunfo ao Belenenses

Futebol

Equipa do Restelo somou o segundo triunfo no campeonato e subiu ao décimo lugar da classificaçãoBenfica somou frente ao Sporting a terceira derrota na Liga

A pré-época foi desastrosa, o pri-

meiro jogo ofi cial (Supertaça) trau-

matizante e quando se está prestes

a ultrapassar o primeiro quarto do

campeonato, o trajecto do Benfi ca

tem sido decepcionante. No en-

tanto, este não é um cenário novo

para Luís Filipe Vieira. Desde que

assumiu, em Novembro de 2003, a

liderança dos “encarnados”, esta é a

segunda vez que o presidente benfi -

quista vê as “águias” chegarem à oi-

tava jornada com três derrotas e, há

duas temporadas, o Benfi ca de Jorge

Jesus tinha cinco pontos de atraso

para o FC Porto de Paulo Fonseca ao

fi m de oito partidas. No entanto, no

fi nal, os lisboetas foram campeões

com 13 pontos de vantagem sobre

o Sporting.

Três derrotas (duas contra o Spor-

ting e uma frente ao FC Porto) contra

os dois grandes rivais em apenas 78

dias fi zeram soar os alarmes no Está-

dio da Luz, mas nos 12 anos que Luís

Filipe Vieira leva como presidente

do Benfi ca, não é novidade ver os

“encarnados” iniciaram as tempo-

radas com muita turbulência. Par-

tindo do princípio que as “águias”

vão derrotar o União na Madeira,

um cenário que está longe de ser um

dado adquirido, Rui Vitória deixou

fugir nove pontos em oito jornadas

do campeonato, registo idêntico ao

de Jorge Jesus em 2010-11, quando

Na era de Vieira, o Benfica já esteve igual e foi campeão

o Benfi ca, que defendia o título, foi

batido no mesmo número de jogos

pela Académica, Nacional e V. Gui-

marães — o FC Porto, de André Villas-

Boas, foi campeão com 21 pontos de

vantagem.

Uma vitória “encarnada” no jogo

em atraso colocaria os benfi quistas

a cinco pontos do primeiro lugar,

exactamente a mesma diferença

de pontos que separavam os lisbo-

etas do FC Porto há duas épocas. A

almofada acabou, porém, por ser

insufi ciente para os “dragões”, que

acabariam a temporada no 3.º lugar,

a 13 pontos do Benfi ca. No entanto,

este é um caso isolado: em 2007-

08 (oito pontos) e 2010-11 (sete pon-

tos), o atraso para o líder (FC Porto)

acabou por revelar-se fatal para as

“águias”.

Sporting bem melhorHá, porém, um dado novo que altera

todas estas equações. Embora nas úl-

timas 12 temporadas tenham surgido

alguns corpos estranhos à hegemonia

de FC Porto e Benfi ca — V. Setúbal, Sp.

Braga e Leixões foram primeiros ao

fi m de oito jogos —, nunca o Sporting

chegou a esta fase do campeonato

com tantos pontos e na posição de

líder isolado desde que, em 2001-02,

os “leões” foram campeões pela mão

do romeno Laszlo Bölöni.

Com vários arranques de época

desastrosos — em 2005-06, 2007-08,

2008-09, 2009-10, 2010-11, 2011-12

e 2012-13, os sportinguistas tinham

seis ou mais pontos de atraso para

os líderes na 8.ª jornada —, o Spor-

ting, neste século, apenas na tem-

porada passada tinha cumprido os

oito primeiros jogos sem derrotas,

no entanto Marco Silva já tinha per-

dido oito pontos, mais quatro do que

Jorge Jesus.

FRANCISCO LEONG/AFP

FutebolDavid Andrade

O mau arranque não é uma raridade para as “águias” nos últimos 12 anos; ser líder à 8.ª ronda é novidade para os “leões” neste século

Belenenses 1Tiago Caeiro 90’

União 0

Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa

Assistência Cerca de mil espectadores

Belenenses Ventura, João Amorim a 41’, João Afonso, Gonçalo Brandão (Gonçalo Silva, 81’), Filipe Ferreira, André Sousa, Rúben Pinto, Tiago Silva (Carlos Martins, 63’), Kuca (Tiago Caeiro, 73’), Luís Leal e Fábio Sturgeon. Treinador Sá Pinto

União André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro a 5’, Diego Galo, Joãozinho a

55’(Carlos Manuel, 65’ a 75’), Soares, Gian Martins, Amilton, Breitner (Miguel Fidalgo 90’), Danilo Dias (Cádiz, 81’) e Edder Farías. Treinador Norton de Matos

Árbitro Tiago Antunes (AF Coimbra)

Page 43: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 43

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

Pragmáticos, aflitos, românticos e cínicos

A visita a Luaty e as queixas do regime

Entre o alarmismo da Eslovénia,

o romantismo da Alemanha e a

indiferença de países como a Hungria

fez-se mais uma minicimeira que, a não

servir para mais nada, pelo menos pôs

os líderes da região dos Balcãs a falarem uns

com os outros. À entrada para a reunião,

Miro Cerar da Eslovénia colocava a fasquia

alta: “Se não promovermos acções imediatas

e concretas no terreno nos próximos dias,

acho que toda a UE vai começar a afundar-

se.” Angela Merkel colocava o problema

no plano dos valores: “A Europa precisa de

demonstrar que é um continente de valores

e de solidariedade.” Viktor Orbán colocou o

problema onde ele actualmente se encontra,

que é fora das fronteiras da Hungria.

Depois de fechar a fronteira com a Sérvia

e com a Croácia, Orbán apareceu na mini-

A cimeira serviu pelo menos para pôr os países que estão na rota da migração a falar uns com os outros

cimeira, segundo o próprio, com o estatuto

de “observador”. Que é como quem diz:

“Resolvi o meu problema à minha maneira,

agora resolvam o vosso.”

É precisamente para evitar este tipo

de comportamento, de tentar passar o

problema para o quintal do vizinho, que

Merkel e Juncker chamaram a Bruxelas os

países que estão na rota dos refugiados

dos Balcãs para tentar encontrar a melhor

forma de lidar com o crescente número

de refugiados. Uma situação que tenderá

a assumir contornos mais dramáticos à

medida que se aproxima o Inverno.

Não se tentou ensaiar discursos

ambiciosos sobre a política comum de

imigração, mas tão-só tentar resolver

problemas práticos. Ficou decidido,

por exemplo, aumentar em 100 mil a

capacidade de acolhimento dos refugiados

à procura de asilo, tendo a Grécia fi cado

responsável por albergar metade. Números

que nos habituámos a olhar com algum

cepticismo. Basta recordar que na última

grande cimeira sobre o tema foi decidido

redistribuir 160 mil refugiados pelos

diferentes países da União, e até agora só

foram realocados 854.

O regime angolano tem por péssimo

hábito dirigir recados ao poder

político português através do Jornal

de Angola (JA). Antes o fi zesse às

claras, em lugar de fi ngir reserva

em público e depois, sub-repticiamente,

patrocinar a ameaças veladas no seu

jornal ofi cial. Pois bem: o crime, diz

o JA, terá sido a visita do embaixador

português em Luanda ao activista Luaty

Beirão, detido e em greve de fome. O JA

fala em “precedente grave” e “ingerência

desabrida” que “ultrapassa todos os

limites”. Mas porque não protestam contra

a União Europeia, Espanha, Reino Unido

ou Suécia, que também visitaram Luaty,

através de diplomatas seus? É simples:

porque se acham em condições de mandar

em Portugal, gritando-lhe insultos.

Desenganem-se. Luaty, como se sabe,

tem também nacionalidade portuguesa.

Só isso justifi caria a visita. Mas há outras

razões: humanitárias, aquelas que o regime

angolano miseravelmente desconhece.

A vez e a voz da RTP

No passado dia 11 de outubro, a

RTP viveu um momento único, mas

perfeitamente legítimo: o programa

de entretenimento The Voice teve

uma audiência colossal, tendo

fi cado à frente dos reality shows que

à mesma hora eram exibidos na

TVI e na SIC. E este facto serve de

refl exão e ao mesmo tempo para

nos questionarmos se o The Voice

é um programa que se encaixa ou

não na matriz de um serviço público

de televisão. A minha resposta

é: claramente sim! E porque não

seria? Por ter tido uma audiência

brutal bastante superior a um

milhão de telespetadores? Por ser

um programa de música em que os

concorrentes cantam, mostrando

os seus dotes e dons musicais? Por

continuar a ser um programa de

talentos? Por ter uma plateia com

público a aplaudir as excelentes

performances que ali aconteceram?

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

Eu sei que estes programas são

sempre muito criticados, quando

aparecem na RTP, porque, dizem

alguns, só fazem sentido nas

televisões privadas. Não vejo

qualquer lógica nisso. A menos que

seja a lógica que alguns preconizam

para o serviço público de televisão

que apenas deve exibir aquilo que

os outros não podem, por questões

comerciais, claro. A RTP deve

rejeitar na sua grelha este tipo de

programas e manter-se num registo

muito sóbrio, austero, cinzento,

pobrezinho (...) Nunca estarei desse

lado. Isso seria reservar a RTP para

um nicho, para um pequeno grupo

de cidadãos. Então e os outros?

Não têm direito a querer ter e ver

os seus programas na RTP? A RTP,

enquanto estação global de serviço

público de televisão e rádio, deve

ser o mais transversal possível,

moderna, criativa, diferente,

atrevida, audaciosa, ousada e de

preferência com audiências. É

assim que eu entendo que deve ser.

A RTP pode e deve fazer ouvir bem

alto a sua voz.

José Manuel Pina, Lisboa

Angola e os seus presos políticos

Parece-me estranha e absurda

a existência dos presos políticos em

Angola, acusados de preparar um

golpe de Estado contra o regime

de José Eduardo dos Santos. E a

situação agrava-se, quando se trata

de um governo cujos membros na

sua maioria foram acusados das

piores infâmias pelo regime colonial

português, inclusive a de terroristas,

quando o seu fi m era lutar pela

libertação do seu país e do seu povo.

Estou convencido de que o que

aconteceu foi um acto de mau gosto,

ou, no mínimo, excesso de zelo por

parte de alguma justiça de prática

questionável quanto à legalidade

dos seus actos. E será bom fazer

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

a comparação desta ocorrência

com algumas práticas no regime de

que fazemos parte, no Ocidente:

quando discordamos de decisões,

contestamos, mas — pelo menos,

por enquanto — ninguém vai preso.

Sempre constou que em Angola

havia falta de liberdade, e tal

não deveria acontecer, porque a

guerra de libertação, que levou à

independência, deveria dar lugar a

um processo democrático de livre

expressão, em que todos, mesmo

com ideias e opiniões diferentes,

deveriam ser respeitados. Mas o

que aconteceu foi uma posição de

força por parte de membros de um

regime que estão a usufruir dos

benefícios da riqueza criada no país,

quando a maioria da população vive

em condições penosas do ponto de

vista dos seus meios mínimos de

subsistência, e uma pequena elite

tem retirado para si os melhores

proveitos, e isso é injusto.

Dinis Evangelista, Lisboa

Page 44: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

44 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Muitos do que agora criticam o Presidente serão, dentro de alguns meses, os primeiros a lembrar que ele avisou

O Presidente tem razão

1. Depois do coro estridente de

reacções ao discurso presidencial,

é tempo de olhar serenamente

para a realidade. É espantoso

como tantos observadores,

jornalistas, comentadores

e políticos verberaram tão

violentamente o teor da mensagem

presidencial. Não merece sequer

a pena falar das tiradas barrocas,

românticas e tonitruantes de Manuel Alegre,

no melhor estilo do que já só se pode apodar

de “nacional-alegrismo”, em que o próprio

se arroga o papel de grande (e quase único)

patriota e ataca o Presidente com um

sectarismo e um facciosismo lamentáveis.

Mas vale o esforço refl ectir sobre o conteúdo

e o sentido da mensagem de Cavaco Silva.

2. Ao invés do que se propalou, na boca e

na caneta de muita gente que se tem — e bem

— por sensata, o Presidente fez um discurso

judicioso e responsável. Estamos hoje a 27

de Outubro e ainda não há qualquer sinal de

um acordo minimamente sólido do PS com

as esquerdas extremas e radicais. Basta ter

assistido à entrevista de Jerónimo de Sousa

à TVI para perceber quão evanescente é

a perspectiva desse acordo. Por um lado,

escapou a qualquer garantia temporal de

suporte de um governo PS, refugiando-se

na incapacidade para fazer “futurologia”

(sic). Por outro, nesta e noutras ocasiões,

incluindo na letra escrita do Avante!, termina

sempre a dizer que o PCP apoiará todas as

medidas que sejam benéfi cas para as classes

trabalhadoras e estará contra todas as que

sejam prejudiciais a essas mesmas classes

— ou seja, o PCP só apoiará as políticas e as

medidas que entender. Com um critério

deste jaez, que depende de um juízo

unilateral, não haverá decerto qualquer

garantia de estabilidade. Que se esperaria

então do Presidente? Que dissesse que havia

um acordo fi rme e consistente? Ou que

fazia fé no bom e profi ciente desenrolar das

negociações em curso? Mesmo e sobretudo

quando uma das partes — pelo menos, essa,

o PCP — declara urbi et orbi que não alinha

em garantias temporais e que subordina

qualquer apoio ao critério dos efeitos

benéfi cos para as classes laborais?

3. Mais gritante ainda é o “rasgar das

vestes” e o “esventrar de corpos” com a

ideia de que o Presidente ostracizou dois

partidos, pôs de lado um milhão de eleitores,

excluiu do “direito à governação” centenas

de milhares de cidadãos. O Presidente

teria excomungado o PCP e o BE, teria

ressuscitado o PREC e a linha divisória de

Rio Maior, leu-se e tresleu-se por aí.

Estes dois partidos foram sempre contra o

Tratado de Lisboa e o Tratado Orçamental,

dois pilares incontornáveis da nossa

inserção europeia (pelo menos, no quadro

actual). E, no caso do PCP, foi sempre

adversário da pertença à União Europeia,

da adopção da moeda única e da integração

na NATO. Enquanto, no caso do BE, embora

advogando uma permanência no euro e na

UE, tem sistematicamente feito a defesa de

um perdão unilateral e radical da dívida que

é, pura e simplesmente, incompatível com

essa permanência — para lá de reivindicar,

à semelhança do PCP, uma saída imediata

da NATO. Estas ideias-chave do programa

político destes partidos foram reiteradas em

plena campanha eleitoral e estavam inscritas

no coração dos respectivos programas.

Conhecendo-se

a proximidade

destes partidos

aos fenómenos

populistas de

extrema-esquerda

do tipo do Podemos

ou do Syriza (versão

de Janeiro-Julho de

2015), que confi ança

pode gerar um

governo de que

façam parte ou que

seja sustentado

e condicionado

por eles? Não será

de esperar uma

reacção impiedosa

dos investidores

potenciais e dos

mercados? Não

será de aguardar

uma inversão da

tendência de descida das taxas de juro?

Não será de contar com a desconfi ança

generalizada dos credores e dos nossos

parceiros europeus? E isso não terá

consequências maléfi cas sobre a vida

concreta dos portugueses? Acaso se pode

advogar que o Presidente deveria ter fi cado

quedo e mudo ante esta realidade? Não

deveria ele prevenir e chamar a atenção

dos seus concidadãos para os riscos e

perigos de trazer para a esfera de governo

partidos radicais e populistas que sempre se

conservaram fora dela? Que dizer então dos

fenómenos de extrema-direita em França

ou na Suécia, em que os partidos do centro-

direita e do centro-esquerda claramente

assumem uma zona de exclusão? Serão a

França e a Suécia democracias musculadas,

imaturas e insensatas, a roçar a ditadura?

4. Tendo estes partidos aventado que

Ainda não há sinal de acordo minimamente sólido do PS com as esquerdas

Luaty Beirão. A coragem inabalável que tem demonstrado faz dele um arauto da luta pela democracia e pelos direitos humanos. Precisa, mais do que nunca, que cidadãos e autoridades tenham a coragem de o apoiar.

Estado angolano. No caso Luaty e demais activistas, a inércia da Justiça e do Governo é grave. Uma prisão preventiva ilegalmente prolongada, baseada na simples leitura e divulgação de um livro, põe em causa o respeito pelos direitos humanos.

Eurodeputado (PSD). Escreve à terç[email protected]

nada exigiriam quanto à saída do euro,

da UE e da NATO ou à reestruturação da

dívida, é ainda mais tortuosa a circunstância

de continuarem na esfera europeia a tudo

fazer para levar adiante essas bandeiras.

Como é possível estarem à mesa das

negociações com um aparente abandono

ou uma suspensão dessas exigências e

actuar, simultaneamente, em Bruxelas, com

propostas concretas em sentido contrário?

Enquanto o PCP conversa com o PS, os seus

três deputados europeus convidaram todos

os restantes (portugueses incluídos) a assinar

uma proposta de emenda ao orçamento

europeu para constituir uma linha fi nanceira

de apoio a uma saída negociada do euro. Em

Lisboa o PCP aceita fi car no euro, mas em

Bruxelas tudo faz para que Portugal saia da

zona euro. E, por sua vez, o BE, pela mão

da sua candidata à presidência e também

deputada europeia, co-assina com aqueles

três deputados, uma emenda orçamental (a

emenda 29) em que defende abertamente

a revogação do Tratado Orçamental e de

outros instrumentos da actual governação

económica. Este comportamento dúplice

do PCP e do BE mina ainda mais a

confi ança de parceiros europeus, credores,

investidores e mercados. E obriga o PS a

dar uma explicação cabal. Como pode o PS

negociar na base de uma suposta “trégua

pró-europeia” e, ao mesmo tempo, ver estes

partidos a torpedearem de todo o vezo e

maneira os pilares do projecto europeu?

Neste preciso contexto, o que se espera do

Presidente? Que cale e consinta, não dando

nota aos portugueses do que está em jogo?

Muitos do que agora criticam o Presidente

serão, dentro de alguns meses, os primeiros

a lembrar que ele avisou. Bastará ler

editoriais e artigos de opinião.

PEDRO NUNES

Paulo RangelPalavra e Poder

Page 45: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

Coisas simples que Cavaco não percebe

José Vítor Malheiros

O princípio que afi rma

“quem ganha as eleições

deve governar” tem sido

repetidamente enunciado,

glosado, gritado e guinchado

pela direita nos últimos dias.

E, dito assim, e ouvido com

o sentido crítico em ponto

morto, parece fazer sentido.

Mas, neste particular como em

tudo, convém distinguir a opinião dos factos

e acontece que a norma constitucional ou

o princípio jurídico ou a tradição política

que afi rma “quem ganha as eleições deve

governar” não existe. E, quando alguém

afi rma que ele existe, mente.

Se alguém quiser dizer “eu acho que quem

ganha as eleições deve governar” tem todo o

direito de o fazer, mas trata-se aqui de uma

expressão de vontade pessoal, que não tem

(e, verdade seja dita, não exige) nenhuma

ancoragem na realidade da lei ou da política.

Da mesma maneira, é aceitável que se diga

“em princípio, quem ganha as eleições deve

governar”, mas, como todas as frases que

começam com esta fórmula de caução, isso

quer dizer que, em muitas circunstâncias,

não acontece como “em princípio”.

De facto, se “quem ganhasse as eleições

devesse governar” e se esse tivesse sido o

entendimento dos constituintes, teria sido

fácil incluir o preceito na Constituição. Mas o

que lá está escrito é que “o primeiro-ministro

é nomeado pelo Presidente da República,

ouvidos os partidos representados na

Assembleia da República e tendo em conta

os resultados eleitorais” (artigo 187.º) e

que o novo governo, para governar, não

pode ver o seu programa rejeitado pelo

Parlamento (artigo 195.º). Ou seja, para

nomear um primeiro-ministro é preciso que

o Presidente da República o queira fazer,

que ouça previamente os partidos políticos

e que a sua nomeação “tenha em conta os

resultados eleitorais”, o que é, convenha-

se, uma norma algo vaga, que apela

fundamentalmente ao bom senso. E, para

que um novo governo entre efectivamente

em funções basta que o seu programa não

seja rejeitado pelo Parlamento.

Por que é que quem ganha as eleições

(entenda-se por esta expressão “o partido

ou coligação que tenha obtido mais votos”)

não adquire, por esse simples facto, o

direito a governar, sem mais considerações?

Porque um partido pode ter mais votos

que qualquer um dos outros e não ter,

por esse facto, um apoio sufi ciente no

Parlamento para garantir a governabilidade

e estabilidade (como acontece com a

coligação PSD-CDS neste momento). Assim,

sabiamente, a Constituição impõe ao

Presidente da República que use do bom

senso (uma imposição que Cavaco Silva

considera intolerável) e faça o seu melhor

para, sem violar o sentimento expresso

nas urnas pela maioria dos portugueses,

encontrar uma solução governativa não só

funcional mas tão estável quanto possível.

No máximo, poderia defender-se que

“quem ganha as eleições deve ser indigitado

primeiro-ministro” e apresentar-se ao

Parlamento e ver se consegue um apoio

maioritário ou não — mas a Constituição nem

sequer isso exige.

Uma das razões por que o princípio

“quem ganha as eleições deve governar”

ou “o partido que tem mais votos deve

governar” não faz sentido é porque, a existir,

ele implicaria que, no caso de uma maioria

relativa (como a que tem a coligação PSD-

CDS neste momento), outros partidos fossem

obrigados a deixar passar o programa de

governo, de forma a viabilizar o governo

minoritário, ainda que tivessem de ir contra

a sua consciência e trair o seu eleitorado,

os seus programas, princípios e promessas.

Não faria sentido. Os fanáticos da direita

que gritam que o PSD deve poder governar,

porque teve mais votos do que o PS estão de

facto a dizer, forçosamente, que o PS devia

deixar passar o programa do PSD, por muito

que aqueles o considerem antipatriótico,

antidemocrático, socialmente injusto,

empobrecedor, irrealista e destruidor de

riqueza. Não faz sentido e é evidente que se

trata de uma argumentação desonesta, que

os próprios nunca aplicariam se a situação

fosse ao contrário.

Por que razão, então, houve no passado

governos minoritários? Porque não foram

rejeitados pela maioria do Parlamento.

A Constituição, note-se, obriga o

Presidente da República a “ter em conta os

resultados eleitorais”, globalmente, e não

apenas os votos do partido mais votado. Se

Cavaco insistir, de forma sectária, em apenas

indigitar e empossar um governo se ele for

encabeçado pelo

seu próprio parti-

do, ainda que seja

minoritário e tenha

contra si a maioria

do Parlamento, e se

se recusar a indigi-

tar e empossar um

governo dirigido por

António Costa, ainda

que ele tenha a su-

portá-lo a maioria do

Parlamento, estará a

ignorar este impera-

tivo constitucional.

Será uma decisão de

uma extrema gra-

vidade, inaceitável

num regime demo-

crático e incompatí-

vel com um regime

democrático.

Há quem vocifere, à direita que, se é

assim, então passa a ser impossível ter

governos minoritários e vai ser muito

mais difícil ter governos estáveis. Não é

verdade. Um governo minoritário pode ser

respeitável, o que o actual Governo PSD-CDS

não é e o próximo também não será. Não

é o facto de esta coligação não conseguir

gerar um governo que seja minimamente

respeitável que signifi ca que outro governo

minoritário não o possa ser.

[email protected] à terça-feira

Um governo minoritário pode ser respeitável, mas o governo PSD-CDS não o é

Ricardo Mealha

Tive a sorte de conhecer Ricardo

Mealha. Era um génio e sabia-o.

Sendo também inteligente

e generoso, fazia tudo para

esconder o génio dele dos outros.

Nunca trabalhei com ele.

Apenas me entregou o projecto

gráfi co, lindo e completo até

ao último pormenor, da revista

A Preguiça. Mas fez-me sentir

que eu estava tão envolvido no resultado

fi nal como ele. Mentira. Foi ele que fez

tudo à volta das fotografi as da igualmente

genial Inês Gonçalves, amiga minha, que o

recomendou e convenceu.

Estou tão triste. Não consigo imaginar a

tristeza dos muitos, verdadeiros amigos dele,

dentro e fora da família dele. Mas se a dor de

quem apenas o conheceu duas vezes é esta

toda, então sim, imagino a dor de quem teve

a sorte de conhecê-lo melhor, de ser amigo

ou amiga dele ou amá-lo.

Na quinta-feira passada, dia 22, Ricardo

Mealha fez 47 anos. Estava a morrer com

um cancro no cérebro. Como é que aquela

cabeça tão luzidia e alegre, tão esfuziante

e criadora, tão sábia e desobediente, foi

apagada tão cedo?

As notícias falam dos trabalhos dele, todos

eles, sem falta, perfeitos. Ricardo Mealha

empenhava-se em tudo. É um dos vícios do

génio: não conseguir reprimir-se ou escolher.

O único sinal humano veio de outro génio

da comunicação: Manuel Reis, do Lux, que

trabalhou mais de 20 anos com ele. Disse

ele que talvez a qualidade mais importante

de Ricardo Mealha era a capacidade dele

“de arriscar, de experimentar e de fazer

diferente”.

É isso. É.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

Page 46: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

46 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015

Nuremberga: o julgamento que podia não ter acontecido

O valor do sexo

Em 28 de Março de 1945, o deputado

trabalhista Ivor Thomas perguntou, na

Câmara dos Comuns, ao ministro inglês

dos Negócios Estrangeiros, Anthony Eden,

o seguinte: se um soldado britânico se

encontrasse com Hitler, deveria fuzilá-

lo ou fazê-lo prisioneiro? O ministro

britânico, que minutos antes tinha

considerado Adolf Hitler o principal

criminoso de guerra, respondeu: “Essa

decisão compete, única e exclusivamente, ao soldado

britânico que o encontrasse nessa situação.”

De facto, havia muito pouca vontade dos Aliados de

levar os criminosos de guerra a um julgamento formal,

dada a dimensão apocalíptica, e sem precedentes, da

violência e dos crimes nazis.

Conforme relembrou Boris Johnson, um recente e

excelente biógrafo de Winston Churchill, na Conferência

de Teerão, em 1943, perante a afi rmação de Estaline:

“Têm de ser mortos 50.000 alemães e o ofi cialato tem

de desaparecer”, Churchill terá respondido: “Não

participarei em nenhum massacre a sangue-frio. O que

acontece a quente é outra coisa.” O primeiro-ministro

britânico sublinhou, muito veementemente, a sua

vontade de identifi car e fuzilar os criminosos de guerra,

mas depois de os levar a julgamento.

Em 1 de Novembro de 1943, foi produzida a

declaração de Moscovo, assinada por Roosevelt,

Churchill e Estaline, que determinava o julgamento, a

ser realizado na Alemanha, mas com juízes designados

pelos vencedores. Seriam julgados os alemães, autores

materiais, cúmplices e autores morais dos crimes,

as chefi as políticas do Estado e do partido nazi, as

organizações criminosas, a Gestapo e as SS e as chefi as

militares alemãs comprometidas com crimes de guerra

e de genocídio.

Uma questão prévia e melindrosa a decidir foi

como lidar com os crimes de guerra cometidos no

Leste europeu. Segundo os números de Michael

Jones, “em Janeiro de 1945 a União Soviética tinha

perdido na guerra mais de 26 milhões de soldados e

civis. Os alemães tinham deixado em ruínas mais de

1700 cidades e 70.000 aldeias, tinham destruído mais

de 6 milhões de edifícios, 84.000 escolas, 43.000

bibliotecas, 40.000 hospitais e 400 museus. Soldados

soviéticos tinham sido mortos na linha da frente,

executados ou deixados morrer à fome quando eram

feitos prisioneiros; os civis eram abatidos a tiro e

queimados vivos ou gaseados nos campos de extermínio

do Terceiro Reich”.

Como sublinha Ian Kershaw, “a barbaridade da

guerra na frente oriental signifi cava, como bem sabiam

os nazis, que não podiam contar com misericórdia, se

caíssem nas mãos dos soviéticos”.

Por seu turno os Aliados também tinham um

calcanhar de Aquiles: os bombardeamentos aéreos de

populações civis.

Segundo Martin Gilbert, o bombardeamento aéreo

anglo-americano sobre a Alemanha entre 1943 e 1945

provocou a morte de 550.000 civis alemães. Mas os

bombardeamentos aéreos não seriam tema no tribunal

que julgaria os criminosos.

Por exigência soviética, a sede ofi cial do Tribunal

Militar Internacional fi cou em Berlim, mas o julgamento

Numa entrevista recente que deu à plataforma

Maria Capaz, Leonor Beleza conta a

história de uma neurocientista, Barbara

Barres, que mudou de sexo, passando a

ser Ben Barres. Quando lhe perguntam

qual a principal diferença que notou

com a mudança de sexo, a sua resposta

é surpreendente: fi nalmente consegue

terminar uma frase sem ser interrompido

por algum homem. O caso é mesmo mais

caricato: durante uns tempos havia quem comentasse

que Ben Barres era bastante melhor comunicador do

que a sua irmã Barbara Barres, desconhecendo que,

de facto, se tratava da mesma pessoa.

Estudar se as mulheres são ou não discriminadas no

mercado de trabalho é uma tarefa necessariamente

difícil. E é difícil, porque é metodologicamente

complicado destrinçar umas causas das outras. É

um facto que, em regra, os homens ganham mais e

progridem mais rapidamente na carreira do que as

mulheres. Mas como ter a certeza de que isso se deve

a uma discriminação no local de trabalho e não por

qualquer outro motivo? Se calhar as mulheres dão mais

importância à família e estão mais dispostas a sacrifi car a

carreira. Se calhar as mulheres são inerentemente menos

competitivas. Pode haver até quem defenda que os

homens são, simplesmente, profi ssionalmente melhores.

Há técnicas estatísticas que nos ajudam a diferenciar

os diversos motivos que podem explicar o fosso salarial,

mas todas elas são imperfeitas. O ideal seria mesmo

conseguir comparar a performance profi ssional de

duas pessoas que são iguais em tudo, excepto no sexo.

Imaginem dois gémeos monozigóticos (verdadeiros,

portanto) que, no entanto, têm sexos diferentes. É,

evidentemente, impossível. Mas a existência de pessoas

que mudaram de sexo ao longo da sua vida permite

precisamente fazer esta comparação.

Alguém que muda de sexo é exactamente a mesma

pessoa que era antes. Tem as mesmas capacidades,

a mesma educação, as mesmas competências, os

mesmos genes. É como se estivéssemos na presença de

duas incarnações da mesma pessoa. Uma incarnação

feminina e outra masculina e podemos compará-las.

Foi exactamente isso que Kristen Schilt (professora na

Universidade de Chicago) e Matthew Wiswall (professor

na Universidade de Nova Iorque) fi zeram. Tendo tido

acesso aos dados profi ssionais de diversas pessoas

transgénero, puderam ver como a mudança de sexo

infl uenciou as suas experiências no local de trabalho.

A que conclusões chegaram? Em média, um homem

ao se transformar em mulher vê o seu salário cair 33%.

Já uma mulher que se transforma em homem vê o seu

salário aumentar 10%.

Deirdre McCloskey, professora de Economia na

Universidade de Chicago, no seu livro Crossing: A

Memoir, descreve as difi culdades que teve para se

transformar numa mulher. Conta que, quando deixou

de ser Donald e passou a ser Deirdre, falou com o

presidente da sua universidade que, na brincadeira,

lhe disse: “Para a universidade é óptimo que tenhas

mudado de sexo, dado que agora podemos reduzir o

teu salário.” Deirdre não se riu.

Jurista Professor de Economia na Universidade do Minho

dos principais criminosos decorreu em Nuremberga.

No dia 23 de Maio de 1945, o almirante Doenitz

e outros proeminentes nazis foram presos pela

11.ª Divisão Blindada americana. Revistados e

humilhantemente alinhados num pátio, a coberto

de metralhadoras, são fotografados por mais de 60

repórteres. De malas na mão, foram despachados para

Mondorf-Les-Bains no Luxemburgo, onde os recebeu

um “comité de boas-vindas” composto por soldados

fortemente armados e por impropérios de aldeões

furiosos (...). Para os soldados americanos, este local era

coloquialmente conhecido como “o Caixote do Lixo”,

segundo escreve Mark Mazower.

A paranóia dos detidos era tal, que fi caram magoados

por não serem tratados como chefes de Estado.

Queixaram-se inclusive a Eisenhower. Em 1953, Doenitz,

quando já cumpria a sua pena como criminoso de

guerra, continuava a insistir que era o legítimo chefe de

Estado da Alemanha.

Reclamações de mordomias postas de parte, no dia

10 de Agosto, os criminosos foram enviados para o

julgamento que se iniciaria em Novembro de 1945.

Alguns optaram pelo suicídio. Ian Kershaw fez as

contas: “Oito dos 41 Gauleiter [governadores]; sete dos

47 líderes das SS e da Polícia; 53 dos 554 generais do

Exército; 14 dos 898 generais da Luftwaff e e 11 dos 53

almirantes optaram pelo suicídio.”

Em 18 de Outubro de 1945, foi assinada em Berlim a

acta de constituição do tribunal com as acusações de

conspiração; crimes contra a paz; crimes de guerra

e crimes contra a humanidade. Um documento com

25.000 palavras, cujos pormenores são tão incríveis

e tão horríveis que ultrapassam qualquer fantasia por

mais doentia que seja.

As sessões do tribunal tiveram início em 20 de

Novembro de 1945 e o processo demorou 218 dias. No

fi nal, dos 22 acusados presentes, 12 foram condenados

à morte e 11 destes de imediato enforcados, tendo-lhes

sido recusado o direito ao fuzilamento. Para a história

fi cam o nome dos juízes: o soviético Iola Nikitschenko;

o americano Francis Biddle; o inglês Sir Geoff rey

Lawrence e o francês Henri Donnedieu de Vabres. O

acusador foi o juiz norte-americano Robert H. Jackson.

Apesar do julgamento e da condenação de muitos

dos principais líderes nazis, ainda hoje e provavelmente

sempre se discutirá a chamada “culpa colectiva do

povo alemão”. É uma matéria sensível que ainda hoje

persegue de facto a Alemanha e os alemães. Talvez,

por isso, não seja estranho que a Alemanha seja hoje

o Estado de direito mais garantístico da Europa e o

país onde as leis antifascistas e anti-racistas são mais

rigorosas. De tal modo que a extrema-direita é, desde o

fi nal da guerra, politicamente irrelevante.

Nos dias de hoje, existe um Tribunal Penal

Internacional permanente (TPI), desde 2002, com sede

em Haia, cuja função é exactamente julgar os autores de

actos criminosos, entre os quais os crimes de guerra e o

genocídio.

Curiosamente, ou talvez não, mas seguramente por

alguma razão, entre os 120 países signatários do TPI

não se encontram os EUA, a Rússia, a China, a Índia,

o Paquistão e Israel, ou seja, quase todas as potências

nucleares.

De facto, 70 anos depois do julgamento de

Nuremberga, o direito penal internacional ainda é uma

criança.

Debate Crimes de guerra e genocídio Debate Discriminação no trabalhoJosé Manuel Oliveira Antunes Luís Aguiar-Conraria

Nos dias de hoje, existe um Tribunal Penal Inter-nacional permanente (TPI), com sede em Haia, cuja função é julgar os autores de actos como crimes de guerra e genocídio. Entre os 120 países signatários não se encontram os EUA, a Rússia, a China, a Índia, o Paquistão e Israel

Page 47: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 47

PEDRO ELIAS

Sobre a aliança à esquerda

Farmácias: um compromisso

Apossibilidade de um acordo entre o

PS, o BE e o PCP para a formação de

um governo com apoio parlamentar

à esquerda foi considerada pelos seus

críticos, numa primeira fase, como

ilegal e inconstitucional, depois como

ilegítima do ponto de vista político.

Mais recentemente, têm surgido no

debate público novos argumentos

invocando a necessidade de (1) respeitar

as tradições de funcionamento do nosso regime

democrático, (2) proteger a participação de Portugal

na União Europeia e na NATO e (3) proteger a

democracia e a liberdade ameaçadas pela natureza

antidemocrática e antiliberal do PCP e do BE.

1. Devo confessar que não costumo ter grande

respeito pelo argumento da tradição, quando usado

independentemente da avaliação da sua bondade.

A tradição de termos apenas governos apoiados

pelo PS, o PSD e o CDS e a tradição de empossar

governos sem apoio parlamentar maioritário

não eram boas práticas. É preciso lembrar e

compreender a sua origem e as razões por que estão

a mudar. Os acordos não escritos que vigoraram,

desde os primeiros governos constitucionais, entre

o PS e o PSD, foram necessários para proteger a

governabilidade do país sem a qual teriam sido

muito mais difíceis a construção da democracia e

do Estado social e o desenvolvimento do país nos

40 anos que se seguiram ao 25 de Abril. Contudo,

esses acordos têm estado a ser violados desde 2009.

Os vários episódios de convergência negativa que

culminaram com o chumbo do PEC IV e a queda do

Governo minoritário do PS foram o primeiro sinal

de que a utilidade daqueles acordos estava esgotada.

O segundo e mais defi nitivo sinal foi o abandono do

estatuto de partido de protesto pelo BE e pelo PCP.

2. O PS é um partido europeísta e esteve na linha

da frente de todos os passos que demos para a

integração plena na Europa. Foi uma integração

não só política e económica como social, com

expressão no aumento dos níveis educacionais dos

jovens, no desenvolvimento científi co, na melhoria

das condições de vida, na proteção do emprego

e nos cuidados de saúde. Uma longa história de

políticas públicas democráticas, demasiadas vezes

subestimada, tornou Portugal e os portugueses mais

europeus. Numa aliança liderada pelo PS não estão

em causa nem aqueles desenvolvimentos, nem a

saída da NATO, da União Europeia ou do euro. É

verdade que BE e PCP têm propostas programáticas

críticas em relação à União Europeia, nas quais

a maioria dos portugueses provavelmente não

se revê. Contudo, os próprios dirigentes do BE

e do PCP declararam já, por diversas vezes, que

estes temas não estão em causa numa coligação

de esquerda. E a possibilidade de coabitação

de orientações europeístas e eurocéticas numa

coligação de governo não é uma ilusão: no Reino

Unido permitiu quatro anos de governação pela

aliança entre conservadores e liberais. A questão

não é essa. O que nos deveria preocupar não são

os riscos de virmos a sair da União Europeia ou do

euro por pressão da esquerda, mas os riscos das

O último acto eleitoral gerou dúvidas

em vez de certezas. O sistema político

parece bloqueado, incapaz de gerar

soluções governativas estáveis e

coerentes. Sem um rumo certo à vista,

os portugueses olham uns para os

outros, apreensivos, à espera do que vai

acontecer.

Num quadro como este, ganham nova

força valores como o compromisso,

o diálogo e a fl exibilidade negocial. O nosso

desenvolvimento económico depende de uma lógica

de uns com os outros — e não de uns contra os outros.

Portugal reclama compromisso, diálogo e

fl exibilidade entre as forças políticas — e entre

estas e os parceiros sociais. O país está cansado de

soluções impostas, maniqueístas e inconsequentes. A

sociedade portuguesa, martirizada por anos de crise

e austeridade, merece uma oportunidade.

As farmácias têm demonstrado a sua

disponibilidade para o diálogo e para o compromisso.

Apesar da crise profunda e da austeridade desmedida

de que foram alvo, mantiveram

sempre, sem interrupções, uma

atitude de compromisso com os

governos da nação.

A rede de farmácias saúda, com

esperança, as afi rmações em favor

do diálogo e do compromisso

vindas de diferentes quadrantes da sociedade

portuguesa. Com esse espírito, daremos mais uma

vez a nossa colaboração ao governo do país.

Mas este espírito tem de ser correspondido. Os

partidos e os governos não se podem lembrar de

Santa Bárbara apenas quando troveja. Quem declara

que a rede de farmácias é indispensável ao sistema

de saúde deve ser consequente nos actos. Quem

celebra com as farmácias um contrato social deve

respeitá-lo.

O Estado celebrou connosco acordos que não

está a cumprir. Ora, assim não podemos continuar.

Queremos conhecer os princípios, as regras e os

objectivos de quem governa. As farmácias são o único

sector da saúde que é remunerado sem critério.

Foram muitas vezes vítimas de decisões casuísticas

dos governantes. Esta vulnerabilidade é injusta e

insuportável.

É urgente o compromisso dos governantes quanto

aos serviços que as farmácias devem disponibilizar

aos portugueses. Existe evidência internacional de

que podem oferecer grandes poupanças orçamentais

ao Estado e anos de vida saudável aos cidadãos. Mas

isso depende da implementação séria de programas

de prevenção da doença e promoção da saúde.

Portugal é caso único no mundo desenvolvido de

desperdício da rede de serviços de saúde mais

próxima da população.

Temos de perder o hábito dos acordos de papel.

Não vale a pena carpir mágoas pela fragilidade

do Estado social e impedir os projectos que, na

realidade, o defendem e desenvolvem.

Ex-ministra da EducaçãoPresidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF)

mudanças que nos últimos tempos estiveram na

origem de uma nova Europa que exclui, trata mal e

desvaloriza uma parte dos seus Estados-membros.

Cresce, também por isso, o número de cidadãos

que não se reconhecem nas instituições europeias,

como crescem sentimentos difusos de rejeição de

uma Europa mais nacionalista e desigual, também

em Portugal. Devia fazer-nos refl etir o facto de um

milhão de portugueses terem votado no PCP e no

BE, isto é, em partidos que têm posições críticas

sobre a União Europeia.

3. No debate sobre alianças à esquerda, têm

sido lembrados episódios da história da nossa

democracia dos tempos do PREC, como a

intervenção de Melo Antunes contra a ilegalização

do PCP ou o comício do PS na Alameda. Em

1974 e 1975 estiveram em causa a liberdade e a

democraticidade do regime. Hoje, a liberdade não

está em causa em Portugal. O contexto internacional

mudou, a União Soviética desapareceu, integramos

a União Europeia, a nossa democracia está

consolidada. O que hoje está em causa em Portugal

é a igualdade como valor social. Igualdade que é

posta em causa por um modelo de desenvolvimento

económico assente em baixos salários e na

desqualifi cação dos recursos humanos, bem

como na degradação das condições de trabalho

de milhões de portugueses e na destruição de

serviços públicos e de prestações sociais. O que

está em causa é a necessidade de diminuir as

desigualdades sociais e económicas. O que está em

causa é a defesa do Estado social, construído com

o esforço de muitas gerações de portugueses e que,

pela mão da coligação de direita, está em risco de

desmantelamento.

A agenda das políticas de defesa do Estado social

opõe hoje, como nunca no nosso passado recente,

esquerda e direita. É a recusa daquela agenda pela

direita que torna impossível qualquer entendimento

entre PS e PSD. E é a necessidade de a concretizar

que torna desejável e urgente a aliança à esquerda

hoje possível.

Debate Nova legislatura Debate Nova legislaturaMaria de Lurdes Rodrigues Paulo Cleto Duarte

A agenda das políticas de defesa do Estado social opõe hoje, como nunca no nosso passado recente, esquerda e direita. É a recusa daquela agenda pela direita que torna impossível qualquer entendi-mento entre PS e PSD

Page 48: Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015

269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

PUBLICIDADE

ESCRITO NA PEDRA

“Uma coisa é mostrar a um homem que ele está errado e outra coisa é instruí-lo com a Verdade” John Locke (1632-1704), filósofo inglês

TER 27 OUT 2015

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Setembro 33.895 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Verbas reunidas em plataforma de crowdfunding revertem para a ONU p6/7

Governo afegão fala no sismo (magnitude 7,5) “mais forte das últimas décadas” p23

NBA continua muito inclinada para o Oeste. Só os Cavaliers poderão contrariá-lo p40/41

Portugueses ajudam a reunir famíliasde refugiados

Sismo mata centenas no Afeganistão e no Paquistão

Entre a dinastia de Curry e a felicidade caseira de LeBron

Lotaria clássica

1 3 8 2 8

600.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Toyota

A empresa nipónica recuperou a liderança do mercado mundial

de construtores de automóveis, posição que tinha perdido no primeiro semestre do ano para o grupo Volkswagen. A mudança operou-se no terceiro trimestre e é até possível que a Toyota não tenha esta posição em perigo tão cedo, já que só no quarto trimestre se vai perceber que impacto teve, nas vendas do grupo alemão, o escândalo que resultou da manipulação de emissões de gases nocivos. (Pág. 18)

Mauricio Macri

O líder da oposição na Argentina conseguiu levar as eleições

presidenciais para uma segunda volta e com um curto intervalo na votação em relação ao

herdeiro político de Cristina Kirchner, Daniel Scioli. Essa foi a grande surpresa do dia e revela um grande

descontentamento dos eleitores face às políticas da Presidente. Há já quem prognostique o fim do kirchnerismo face à curta diferença de votos e ao facto de a aritmética eleitoral favorecer Macri. (Pág. 20/21)

Sá Pinto

A culminar uma semana que começou com uma boa vitória na Liga

Europa na casa do Basileia, o Belenenses venceu o União da Madeira para a Liga portuguesa e passou a respirar melhor na classificação, onde estava numa posição pouco tranquila. No entanto, não foi fácil transportar

para o Restelo o bom jogo da Suíça: o golo que deu o segundo triunfo no campeonato só surgiu no fim. (Pág. 42)

Jimmy Morales

Os eleitores da Guatelama não hesitaram em eleger para

a chefia do Estado um humorista sem experiência de governação, tal é o seu descrédito em relação aos políticos e aos sucessivos Governos marcados pela corrupção. Morales, um conservador, disse que as suas prioridades serão a saúde, a educação, o desenvolvimento económico e o combate à corrupção, mas não apresentou nenhuma proposta concreta. Para os comentadores, Morales representou o triunfo da antipolítica. (Pág. 21)Jornalista

[email protected]

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

António Costa anda a aldrabar-nos

Na sua caminhada para

primeiro-ministro, António

Costa começou por pedir

uma maioria absoluta.

Como a maioria absoluta

estava difícil, chegava

maioria relativa. Como a maioria

relativa estava difícil, chegava

ao PS ter mais deputados do

que o PSD. Como o PS não teve

mais deputados do que o PSD,

chegava um acordo de legislatura

com o Bloco e com o PCP. Como

o Bloco e o PCP não falam um

com o outro, chega um acordo

de legislatura com o Bloco e um

outro com o PCP. Como o PCP

não quer acordos de legislatura,

é possível que chegue um acordo

de investidura. E se o PCP nem

um acordo de investidura quiser,

António Costa há-de contentar-

se com um acordo verbal e um

bacalhau.

A seriedade deste procedimento

é nula. Quase toda a gente achou

que Cavaco foi excessivo na sua

intervenção, mas parece-me que

quase toda a gente desvalorizou

a passagem mais importante

do seu discurso. O Presidente

falou de forma muito directa

de uma “alternativa claramente

inconsistente sugerida por outras

João Miguel Tavares

forças políticas”, acrescentando

de seguida: “É signifi cativo que

não tenham sido apresentadas,

por essas forças políticas,

garantias de uma solução

alternativa estável, duradoura e

credível.”

Convém olhar bem para os

adjectivos usados por Cavaco

e compará-los com aqueles

que polvilhavam a frase mais

importante proferida por António

Costa após o encontro entre

ambos no dia 12 de Outubro.

Disse então o líder do PS: “Tive

ocasião de informar o Presidente

da República sobre a criação de

condições para podermos ter em

Portugal um Governo que seja

estável, credível e consistente

para os próximos quatro anos.”

Por muito limitado que seja

o vocabulário de Cavaco, não

terá sido por milagre que os

adjectivos que ele escolheu na

sua comunicação encaixam na

perfeição nos adjectivos que

António Costa utilizou à saída de

Belém. Costa falou em Governo

estável, Cavaco disse que não

havia solução estável. Costa falou

em Governo credível, Cavaco

disse que não havia solução

credível. Costa falou em Governo

consistente, Cavaco disse que

a alternativa era “claramente

inconsistente”. Costa falou em

Governo “para os próximos quatro

anos”, Cavaco disse que não havia

uma solução “duradoura”.

É fácil adivinhar o que se

passou: ao verifi car a espantosa

discrepância entre aquilo que

ouviu da boca de António Costa

e aquilo que António Costa

resolveu comunicar ao país à

saída do encontro entre ambos,

Cavaco sentiu-se aldrabado.

Pouco dotado de sentido de

humor, não achou nenhuma

piada aos malabarismos retóricos

de Costa e optou por lançar um

agressivo aviso ao país, a ver

se conseguia acordar algumas

consciências. Que o efeito da sua

comunicação tenha sido unir

o PS, como alguns socialistas

se apressaram a celebrar, diz

menos sobre a falta de jeito do

Presidente da República do que

sobre o estado miserável em que

se encontra o PS.

Vale a pena recordar que o

último socialista com o qual

Cavaco Silva teve de coabitar

se chamava José Sócrates, e o

resultado de tão bonito convívio

foi aquele que conhecemos.

Como é óbvio, o Presidente não

pode assistir impávido àquilo

que considera ser uma golpada

parlamentar, só possível porque

os seus poderes se encontram

diminuídos, e a faltas de lealdade

de um candidato a primeiro-

ministro que ainda nem sequer

tomou posse. Cavaco só falhou

numa coisa: sugeriu que o

problema estava no PCP e no

Bloco. Ora, o problema está,

evidentemente, no PS.

ESPECIAL

DOCLISBOA’15Siga o Festival Internacional de Cinema em: publico.pt/doclisboa15

269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E