Jornal "Público" de 27 de Outubro de 2015
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Mais de 320 crianças foram raptadas por um dos pais desde 2010Portugal registou 326 pedidos para o regresso de menores raptados por um dos progenitores, uma média de um pedido por semana. França, Reino Unido e Brasil são os principais destinos desses menores Portugal, 10
Portugal não tem profi ssionais qualifi cados em número sufi ciente em sectores como o turismo, engenharias ligadas à indústria e Tecnologias de Informação Economia, 14
Pela primeira vez, a bienal de Design de Lisboa transfere-se para mais duas cidades, a norte. Nona edição arranca a 12 de Novembro, no Porto p28
Passos dá sinal de não querer acelerar processo de formação de Governo. Presidente do PS, que hoje será eleito líder da bancada, critica “a demora” p2 a 4
ExperimentaDesign leva bienal para Porto e Matosinhos
Impasse político reforça incerteza orçamental
SAÚDEENCHIDOS E SALSICHAS SÃO TÃO CANCERÍGENOS COMO O TABACO Ciência, 25
HEINO KALIS/REUTERS
TER 27 OUT 2015EDIÇÃO LISBOA
Áreas que geram mais emprego têm falta de trabalhadores qualificados
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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
NOVA LEGISLATURA
Coligação e PS fazem jogos de (im)paciência
As negociações entre o PS
e os dois partidos à sua es-
querda, PCP e BE, prosse-
guem, discretamente, entre
as equipas de negociadores,
no Parlamento. Ainda não
há um documento fi nal, assinado
pelos três partidos, mas existe uma
plataforma comum que permite a
António Costa contar com a aprova-
ção do Orçamento para 2016. Muito
centrada na política de rendimentos,
a negociação permite, também, criar
condições para que os próximos or-
çamentos obtenham o voto favorável
da maioria dos deputados. “Impedir
que as medidas de austeridade in-
cidam sobre salários e pensões” é,
para simplifi car, o objectivo desse
acordo.
Mas a iniciativa, agora, está do lado
da coligação PSD/CDS-PP. É Pedro
Passos Coelho que tem de formar
Governo, apresentá-lo ao Presidente
da República e, de seguida, mostrar
o seu programa no Parlamento. Aí,
como já foi assumido por PS, PCP e
BE, será muito provavelmente rejei-
tado. O que implica a demissão do
primeiro-ministro.
Isso ajuda a explicar este “jogo de
paciência” que Passos e Costa estão
a jogar e a ausência de novidades,
quer de um lado quer do outro. O ac-
tual primeiro-ministro indigitado dá
sinais de não querer acelerar o pro-
cesso de formação do seu Governo.
Passos prefere manter a pressão so-
bre o PS, deixando que as notícias e
os comentários sobre as linhas gerais
do acordo da esquerda desgastem o
seu adversário — por não haver ainda
nenhum acordo ofi cial e por serem
divulgadas medidas que podem im-
plicar aumento da despesa —, em vez
de sujeitar o seu próprio programa
Presidente do PS protesta que Passos tarda a apresentar o novo executivo e programa, que a maioria de esquerda no Parlamento promete chumbar. Esquerda e direita tentam moldar o tempo aos seus interesses
Paulo Pena Lei dá ao PSD a presidência do conselho de administração do Parlamento
Os representantes dos partidos no conselho de administração da Assembleia da República
vão ser eleitos amanhã, mas o PSD assegura, por lei, a presidência deste órgão, por ter o maior grupo parlamentar.
Depois de ter perdido a presidência da Assembleia da República para o socialista Eduardo Ferro Rodrigues, o PSD conseguirá assegurar a presidência do conselho de administração, o órgão de consulta e de gestão do Parlamento. A lei orgânica da Assembleia da República e o regulamento interno estabelecem que o conselho de administração é presidido por um deputado do “maior grupo parlamentar”, que é o PSD, com 89 deputados (seguido pelo PS, com 86). A situação é diferente da da eleição do presidente da Assembleia da República que tem de ser garantida pela maioria absoluta de votos (no mínimo, 116 deputados).
O conselho de administração, ao qual compete, por exemplo,
definir as orientações orçamentais da assembleia, é composto por um deputado de cada bancada — PSD, CDS, PS, PCP, BE e Verdes (o PAN tem apenas um deputado e não constitui grupo parlamentar) — e um representante dos funcionários (que já foi eleito pelos trabalhadores), além do secretário-geral do Parlamento. Na legislatura que terminou, a presidência foi exercida pelo social-democrata Couto dos Santos. Amanhã, os deputados, reunidos em plenário, dispõem de um boletim de voto com os nomes do presidente e dos restantes representantes das bancadas parlamentares, por ordem decrescente de representatividade, propostos para integrar o conselho de administração. A eleição é feita por voto secreto no hemiciclo. O mesmo procedimento será feito para os restantes membros da mesa, vice-presidentes (quatro) e secretários. Os nomes propostos só deverão ser revelados hoje.Sofia Rodrigues
a um chumbo quase garantido pela
maioria de esquerda no Parlamento.
António Costa, por seu lado, tem
repetido que não quer que aconteça
a este acordo com os partidos de es-
querda o que aconteceu ao seu pro-
grama eleitoral para as legislativas
de 4 de Outubro: estar no centro das
críticas. Para o PS, o momento certo
para apresentar o eventual acordo
que está a negociar com Jerónimo de
Sousa e Catarina Martins é depois de
ser conhecido o programa do Gover-
no de Passos Coelho.
“Demora” incompreensívelE exaspera-se por esse processo pa-
recer não avançar. Numa nota ontem
enviada à agência Lusa, o presidente
do PS, Carlos César, considera incom-
preensível “a demora” do primeiro-
ministro indigitado Passos Coelho
em “apresentar a composição do
Governo para tomar posse e apres-
sar a apreciação do programa do Go-
verno. Temos que passar adiante”,
enfatiza Carlos César, que, amanhã,
deverá ser eleito pelos outros depu-
tados socialistas para suceder a Ferro
Rodrigues nas funções de líder par-
lamentar socialista.
O presidente do PS considera que,
na actual conjuntura, o país “não po-
de perder tanto tempo e não deve
fi car com um Governo que não
governa e que só quer concluir
uns quantos negócios à pressa,
e consolidar por toda a parte e
A afirmação do presidente do PS denota, de forma muito nítida, ambição de poder, sede de poder, fome de poderPaulo Portaslíder do CDS-PP
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | DESTAQUE | 3
Ainda nem se sabe se o défi ce
público fi ca abaixo de 3%
este ano, mas a incerteza
orçamental já está centrada
naquilo que irá acontecer
em 2016, especialmente nos
primeiros meses.
Com Pedro Passos Coelho encar-
regado de formar um Governo que
pode cair assim que o programa for
apresentado no Parlamento, já é cer-
to que 2016 irá iniciar-se sem que um
novo Orçamento do Estado seja apro-
vado. Mas as certezas fi cam por aqui.
Não se sabe por quanto tempo irá
viver o país sem orçamento e subsis-
tem as dúvidas em relação às medi-
das do Orçamento de 2015 que vão
continuar a ser aplicadas a partir de
1 de Janeiro. Perante isto, fazer pre-
visões em relação ao défi ce público,
que o Governo queria que fosse de
1,8%, é tarefa, no mínimo, arriscada.
A primeira dúvida é o impacto de
uma execução orçamental feita em
regime de duodécimos. O que isto
signifi ca é que, iniciando-se 2016
sem orçamento, cada um dos servi-
ços do Estado fi ca apenas autoriza-
do a gastar durante um mês o valor
correspondente ao orçamento anual
do ano anterior dividido por 12. Isto,
só por si, não signifi ca que haja uma
derrapagem orçamental. Olhando
para o Programa de Estabilidade
apresentado pelo Governo, a des-
pesa pública projectada para 2016
num cenário de redução do défi ce
para 1,8% até seria, em termos no-
minais, superior em cerca de 400
milhões de euros ao valor de 2015.
Deste modo, tal como aconteceu no
passado, limitar os gastos ao valor do
ano anterior até poderia representar
uma contenção da despesa. O pro-
blema coloca-se sobretudo no corte
da despesa e no reforço da receita,
aplicados em 2015 e que agora não é
certo que continuassem, num regime
de duodécimos.
Não havendo novo orçamento, o
que acontece é a prorrogação da lei
do OE do ano anterior. Mas a apli-
cação não acontece com todas as
medidas. De fora fi cam, de acordo
com a Lei de Enquadramento Or-
çamental, aquelas que apenas vigo-
rariam no ano a que diz respeito o
orçamento.
Impasse político acentua incerteza orçamental
Podem estar em causa várias me-
didas. Em primeiro, os cortes sala-
riais na função pública. Estes não
constam do OE, tendo sido postos
em prática através de uma lei autó-
noma que afi rma que vigoram “no
ano 2014 a partir da data da entra-
da em vigor da presente lei e no ano
seguinte”, não havendo referência a
2016. A diferença entre aquilo que o
Governo previa de despesa e um ce-
nário de desaparecimento dos cortes
é de 459 milhões de euros. Depois há
a sobretaxa do IRS, prevista no OE,
sem que seja feita referência explícita
a 2016. Neste caso, a diferença entre
o cenário de reversão progressiva do
Governo e o da anulação da medida
é de uma redução da receita de 570
milhões de euros. Ameaçado está
ainda o congelamento do montante
da actualização do valor nominal das
pensões, que tem vindo a ser reno-
vado sucessivamente em cada novo
orçamento. O impacto neste caso é
de 400 milhões de euros.
Há ainda outras medidas de me-
nor dimensão, como a Contribuição
Extraordinária de Solidariedade, em
que se coloca a dúvida sobre a con-
tinuação da vigência. As opiniões
dividem-se em relação ao que pode
acontecer a todas estas medidas,
quando se chegar a 2016. O ministro
da Presidência e dos Assuntos Par-
lamentares, Luís Marques Guedes,
referiu-se recentemente a esta ma-
téria, reconhecendo que o princípio
da prorrogação das medidas do OE
tem excepções, mas afi rmando que
esse “não é necessariamente o caso
da sobretaxa”.
Guilherme Waldemar de Oliveira
Martins, professor da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa
que coordenou o grupo de trabalho
para a revisão da Lei de Enquadra-
mento Orçamental, defendeu no
Jornal de Negócios que medidas co-
mo a sobretaxa ou o congelamento
das pensões devem ser considera-
das como excepção. “Todas as me-
didas destinadas a vigorar apenas
MIGUEL MANSO
Sérgio Aníbalnum determinado ano económico,
que têm natureza transitória, cadu-
cam”. Nuno Cunha Rodrigues, outro
professor da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, tem menos
certezas. “É uma questão de inter-
pretação da lei e ambas as leituras fa-
zem sentido”, diz, antecipando que
aquilo que pode vir a acontecer é “o
Governo fazer a sua interpretação
da lei e, depois, no limite, a questão
será decidida pelo Tribunal Consti-
tucional”.
No caso de anulação de todas es-
tas medidas, o impacto orçamental
imediato pode ser signifi cativo, de-
pendendo do número de meses em
que o país venha a viver sem novo
Orçamento e dos efeitos indirectos
positivos que se possam estimar por
causa do aumento do rendimento dis-
ponível dos portugueses. De acordo
com as projecções do Conselho das
Finanças Públicas, num cenário de
políticas inalteradas, sem novas me-
didas nem as medidas de 2015 como
o corte salarial, a sobretaxa, o conge-
lamento das pensões e a CES, o au-
mento da despesa pública face a este
ano seria em 2016 de 2595 milhões de
euros, o que contribuiria para que o
défi ce fi cassem em 3,2%.
E um Governo de gestão não po-
deria fazer nada em relação a isso?
Também aqui não há muitas cer-
tezas, mas parece existir um certo
espaço de manobra. “Um Governo
em gestão não é um Governo para-
lisado. É um Governo limitado, mas
tem também alguns poderes orça-
mentais”, afi rma Nuno Cunha Rodri-
gues. O professor de Direito assinala
que, num cenário em que é preciso
executar mais despesa do que aque-
la que está prevista no Orçamento,
poderia ser possível a um executivo
desse tipo avançar com alterações
orçamentais. Não poderiam ser me-
didas novas, tinham de ser medidas
que caíssem dentro do objectivo de
cumprir a lei do orçamento que tinha
sido prorrogada.
E depois, há sempre a possibilida-
de de o Parlamento, por proposta de
uma força partidária, aprovar novas
medidas com impacto na despesa e
na receita. Marques Guedes fez ques-
tão de assinalar este facto, afi rman-
do que a Assembleia da República
“tem iniciativa legislativa em todos
os domínios fi scais com impacto or-
çamental”.
César defende que Cavaco já devia ter instado a coligação a apresentar o Governo: “Para uns efeitos, o Presidente da República fala a mais e, para outros, a menos”, critica
à socapa centenas de nomeações
para controlo partidário futuro da
administração” — uma acusação re-
futada por Marques Guedes, ministro
da Presidência, que garantiu que o
Governo não teve “qualquer tipo de
intervenção e responsabilidade” na
nomeação de cargos intermédios na
administração pública que resultam,
sobretudo, de concursos públicos re-
alizados no primeiro semestre.
Carlos César também apontou o
dedo ao silêncio do Presidente da
República, Cavaco Silva, em relação
ao que (não) se está a passar. “Nem
se compreende que o Presidente da
República o permita”, lê-se. “Para
uns efeitos, o Presidente da Repú-
blica fala a mais e, para outros, a
menos. Assim não”, acrescenta.
A iniciativa de Carlos César foi logo
criticada pelo líder do CDS-PP, Paulo
Portas, que acusou o presidente do
PS de revelar “sede de poder”. “O
Presidente da República indigitou
o dr. Pedro Passos Coelho, que eu
saiba, na quinta-feira à noite da pas-
sada semana. Estamos, portanto, no
segundo dia útil. Essa afi rmação do
presidente do PS denota, de forma
muito nítida, ambição de poder, se-
de de poder, fome de poder. Esta-
mos no segundo dia útil”, afi rmou
Paulo Portas aos jornalistas, à mar-
gem de uma reunião com a UGT.
A escolha de Carlos César para lí-
der parlamentar foi justifi cada por
António Costa durante a reunião que
fez na semana passada, no Parlamen-
to, com os novos deputados do PS,
com a visão do secretário-geral so-
bre os próximos quatro anos. Costa
explicou que via o líder parlamentar
como o “n.º 2 do Governo” devido à
“forte incidência parlamentar” que
um eventual Governo por si liderado
teria de ter. Nesse ambiente, concre-
tizou Costa, o líder da bancada teria
de ter uma “função completamente
diferente” da dos mandatos anterio-
res, muito mais focado em negocia-
ções com as outras forças políticas
representadas no Parlamento.
Do lado do PSD, o deputado social-
democrata Luís Montenegro decidiu
recandidatar-se à liderança do gru-
po parlamentar e já transmitiu essa
decisão a Passos Coelho e aos depu-
tados da sua bancada, que elegem
hoje o líder.
Também num comunicado envia-
do à Lusa, Luís Montenegro escreve
que, nos últimos dias, foi “instado por
vários deputados a dar continuidade
ao trabalho feito nos últimos quatro
anos e meio”, mantendo-se à frente
da bancada do PSD neste “momen-
to parlamentar mais complexo”.
“Reclamaremos de todos os grupos
parlamentares o mesmo sentido de
compromisso e abertura que impore-
mos a nós próprios e não calaremos
a nossa voz na denúncia de qual-
quer ataque aos valores e princípios
da democracia de Abril”, garante.
com N.S.L. e Lusa
As opiniões dividem-se, mas um orçamento em duodécimos pode levar o défice de 2016 para os 3,2%
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
É a primeira iniciativa que toma
como deputado eleito pelo
Pessoas-Animais-Natureza
(PAN). Ontem, pouco depois
das 9h, André Silva assinou
na Assembleia da República
(AR) um requerimento para que a
Iniciativa Legislativa de Cidadãos
(ILC) pelo fi m dos canis de abate, que
já tinha dado entrada na anterior le-
gislatura, seja recuperada e discutida.
A ILC tinha já sido avançada pelo
PAN na passada legislatura, recolhen-
do 43 mil assinaturas. Mas não che-
gou a ser discutida e, como não tran-
sita de uma legislatura para outra, é
necessário entregar um requerimen-
to para que volte a dar entrada na
AR. A ILC permite que um grupo de
cidadãos apresente projectos de lei,
subscritos por um mínimo de 35 mil
pessoas. Enquanto deputado, André
Silva já não precisava deste instru-
mento legal, mas decidiu fazê-lo para
que as pessoas que recolheram as as-
sinaturas, e as que assinaram, sintam
que o seu trabalho não foi em vão.
No documento, defende-se a proi-
bição do “abate indiscriminado de
animais pelas câmaras”; uma “polí-
tica de controlo das populações de
animais errantes” que inclua a este-
rilização e encaminhamento para
adopção; e a instituição de “condi-
ções adicionais para a criação e ven-
da de animais de companhia”, proi-
bindo a venda nas lojas de animais e
impondo condições “especialmente
exigentes para a criação”.
O deputado do PAN continua ainda
sem tomar posição sobre as negocia-
ções entre o PS, PCP e BE, nem diz
como votará as anunciadas moções
de rejeição ao programa de Governo
da coligação de direita. Esses assun-
tos estarão hoje em discussão na co-
missão política permanente do parti-
do. Esta semana decorrerão também
reuniões entre o PS e o PAN. Embora
ache que o Presidente da República
deve indigitar o líder que considere
ter mais condições para dar estabili-
dade governativa ao país, André Silva
não tem dúvidas de que o discurso de
Cavaco Silva podia ter sido “menos
crispado” e polarizador. M.J.L.
PAN insiste em levar o fim dos canis de abate ao Parlamento
Governo de iniciativa presidencial é viável mas pouco operativo
Um executivo presidencial, embora viável, é considerado pouco operativo pelos
constitucionalistas Jorge Reis Novais, Manuel Monteiro e Tiago Duarte. O crivo do hemiciclo de São Bento não garante a sobrevivência. Jorge Miranda admite tal solução, no limite.
Na história do constitucionalismo português, recordam os quatro peritos ouvidos pelo PÚBLICO, há um antes e depois: a linha de demarcação é a revisão constitucional de 1982. E esta ocorreu na sequência dos governos de iniciativa do então Presidente da República, general António Ramalho Eanes, sucessivamente liderados por Nobre da Costa, Mota Pinto e Maria de Lurdes Pintasilgo.
Reis NovaisSem viabilidade“Teoricamente é sempre possível, não há limites constitucionais e cabe à vontade do Presidente da República”, afirma Jorge Reis Novais, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, especialista de Direito Constitucional e antigo assessor de Jorge Sampaio em Belém, entre 1996 e 2006. “O problema é que, nas actuais circunstâncias, um Governo de iniciativa presidencial tem a mesma viabilidade de um executivo da coligação PSD e CDS-PP. Em princípio não passa na Assembleia da República devido à maioria [do PS, BE e PCP] que se está a formar”, destaca. “Em termos constitucionais, o Presidente pode fazê-lo como, em tempos, o fez o general Ramalho Eanes, mas a solução não tem viabilidade, não é operativa, porque só pode ser viável se o Parlamento quiser”, conclui.
Jorge MirandaAté Maio/Junho de 2016“Se, porventura, não passar o novo executivo de Passos Coelho e se, eventualmente, o Governo António Costa não for constituído, a única possibilidade é um executivo
de iniciativa presidencial que terá de passar na Assembleia da República”, admite Jorge Miranda. O catedrático de Direito Constitucional nas faculdades da Universidade de Lisboa e da Universidade Católica, deputado à Constituinte, recorda o recurso a executivos promovidos por Belém com as nomeações pelo general Eanes de Nobre da Costa, Mota Pinto e Lurdes Pintasilgo como primeiros-ministros. “Depois da revisão constitucional de 1982, qualquer Governo tem de passar pela Assembleia da República, é no limite das possibilidades”, reconhece Jorge Miranda. A este propósito, recorda que tal solução aconteceu em Itália com o gabinete liderado por Mário Draghi sob o impulso do Presidente Giorgio Napolitano e, mais recentemente, na Grécia, até às últimas eleições, com o executivo de Alexis Tsipras.
“Tendo em conta a falta de maioria absoluta, o Presidente em fim de mandato e uma eleição presidencial em Janeiro, o Governo de iniciativa presidencial duraria alguns meses, até às novas eleições, em Maio/Junho de 2016”, antevê. “Poderia ser uma via de contornar a crispação, seria um executivo com base de independentes, de pessoas sem compromissos muito marcados com os partidos, com distanciamento das tricas partidárias, com o objectivo de aprovar o Orçamento e dar resposta a exigências da União Europeia, como a crise dos refugiados”, termina.
Tiago DuarteFórmula deixou de existir“Há que esclarecer que nunca na Constituição estava inscrita a norma de um Governo de iniciativa presidencial, mas até à revisão de 1982 os governos respondiam perante e a Assembleia da República e o Presidente”, refere Tiago Duarte, professor de Direito Constitucional da Universidade Nova de Lisboa. “Os executivos de iniciativa presidencial ocorreram em cenários muito
específicos, quando não havia maioria”, assinala: “A partir do momento em que os governos não têm de ter o apoio político do Presidente, esta fórmula deixa de existir.” “Qualquer executivo tem de apresentar o seu programa no Parlamento, pelo que, nas actuais circunstâncias, em termos políticos tal solução deixou de ter viabilidade”, sentencia.
Manuel MonteiroVantagem do presidencialismo“Embora constitucionalmente seja possível [executivo de iniciativa presidencial], a revisão de 1982 diminuiu consideravelmente o papel político do Presidente, como os partidos então quiseram, tendo em conta o que se passou com o general Ramalho Eanes”, recorda Manuel Monteiro, constitucionalista e antigo líder do Partido Popular. “Pelo que um Governo de iniciativa presidencial está esvaziado de conteúdo face à nova realidade constitucional”, sublinha.
“De qualquer forma, o Governo tem de ter aprovado o seu programa no Parlamento, o executivo pode ser de gestão mas o Parlamento não está em gestão, mas sim em plenitude de funções”, refere. “Independentemente da legítima questão sobre a ética do comportamento e da prática política, o sistema de governo em Portugal permite um Governo de maioria parlamentar que não corresponda aos partidos que ficaram à frente no acto eleito eleitoral; assim, não há nenhum impedimento para um executivo com maioria de esquerda”, analisa. “O sistema de governo foi montado na base de uma lógica de transversalidade de interesses, de alternância entre os mesmos como até agora”, prossegue. “Esta situação tem o mérito de, 40 anos depois, fazer compreender aos portugueses o sistema de governo que têm, criado com o pressuposto de quem perde deixa governar, razão pela qual prefiro um sistema presidencialista”, conclui. Nuno Ribeiro
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6 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Portugueses ajudam a reunir famílias de refugiados separadas pela guerra
ELVIS BARUKCIC/AFP
O ACNUR estima que pelo menos 10 mil crianças tenham chegado à Europa sem os pais
Há mais de 20 anos, Marta Moita ar-
ranjou um trabalho de Verão nas lim-
pezas de um hospital na Alemanha.
Foi lá que a agora investigadora prin-
cipal do Programa Champalimaud de
Neurociências conheceu uma mãe e
duas fi lhas. A história da vida dessa
família cruza-se com o presente da
Europa. Eram refugiadas da Bósnia
e, pelo caminho da guerra, tinham
perdido o rasto ao pai. Perante a no-
va crise de refugiados (ver página 22),
Marta Moita sentiu necessidade de
criar um projecto de apoio. Não fez
uma ligação directa ao caso da famí-
lia da Bósnia, mas reconhece que “se
calhar implicitamente” esteve sem-
pre na sua cabeça. Hoje nasce ofi cial-
mente uma plataforma de crowdfun-
ding que pretende reunir verbas para
voltar a juntar famílias separadas pela
crise humanitária. Chama-se Recon-
nect — Help refugees fi nd their families.
“O que me fez a mim passar à ac-
ção foi sentir que há uma solução
para este problema dos refugiados,
pelo menos em parte. A Europa tem
capacidade para lidar com esta cri-
se humanitária de refugiados e não
o está a fazer. Foi isso que me vez
avançar”, explica ao PÚBLICO a in-
vestigadora de 43 anos. “Às vezes a
solução é muito complicada. Mas,
apesar de ser complicada, acho que
existem meios para lidar com isto. A
Europa só tinha a ganhar com lidar
com esta crise e achei que com cer-
teza não era a única a pensar assim
e que se devia dar voz aos cidadãos
que acham que se deve e que se pode
actuar”, acrescenta.
O projecto Reconnect, que saiu da
cabeça de Marta Moita, arranca ofi -
cialmente hoje, mas o entusiasmo foi
tal que já está online na plataforma
de crowdfunding Indiegogo e rece-
beu vários donativos. Pelo caminho
contou com o apoio da ilustradora
Madalena Matoso — para dar cor e
vida à imagem do projecto — e ainda
com um artista, um músico e uma
professora de Literatura. O objecti-
vo é conseguir reunir 25 mil euros,
que se estima serem sufi cientes para
ajudar 100 crianças a recuperarem
as suas famílias. A investigadora
conta também com o apoio do Al-
to Comissariado das Nações Uni-
das para os Refugiados (ACNUR).
Aliás, as verbas doadas na platafor-
ma através de um simples pagamen-
to com cartão de crédito vão directa-
mente para a conta do ACNUR, que
ajudou a fazer algumas das contas.
Nos últimos tempos o alto comis-
sariado estima que mais de 10 mil
crianças possam ter entrado sozi-
nhas em Itália e Malta e aponta para
que sejam necessários, em média,
250 dólares para as manter seguras
e reencontrar as famílias. “Contac-
tei várias pessoas que sabia estarem
ligadas a estas questões dos refugia-
dos. Contactei também directamente
António Guterres, do ACNUR, e tive
logo resposta”, adianta Marta Moita,
lembrando que o alto comissariado
tem precisamente um programa de-
dicado a juntar de novo as famílias.
“Quis perceber como é que o pro-
grama funcionava. Foi através do di-
álogo que consegui ir dando forma
à campanha porque nunca fi z nada
disto”, conta, esperando que este
projecto seja mais uma ajuda “numa
crise de proporções enormes”. Afi r-
mando que a dimensão das notícias
e a passividade das autoridades a in-
centivaram a agir, explica: “Claro que
não é a única crise, mas é aqui muito
próxima e, sobretudo, é num sítio
em que eu acho que há capacidade
para agir e essa inércia e resistência
que se vê fez-me actuar”. Acredita,
também, que a Europa não só pode
como deve dar uma resposta a estas
pessoas: “A Europa tem a capacida-
de de lidar, absorver e integrar estas
pessoas até que haja condições para
quem quiser voltar”.
A investigadora da Champalimaud
encoraja mais cidadãos a apoiarem
o projecto, até por considerar que é
um forte sinal para as autoridades.
“Na Europa, vive-se uma espécie de
crise de valores e é importante que
a Europa se redeclare como um sítio
onde se valoriza a solidariedade so-
cial. Ao mesmo tempo que há imen-
sas iniciativas de cidadãos, com bas-
tante demonstração de vontade de
serem solidários, isso não é acom-
panhado pelos decisores e grandes
agentes que podem realmente fa-
zer a mudança”, diz, lamentando
que “dois terços do dinheiro que a
Comissão Europeia mobilizou seja
para as fronteiras” e não para inte-
grar pessoas.
Verbas reunidas em plataforma online de crowdfunding revertem directamente para programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados que se dedica a procurar familiares perdidos
Crise dos refugiadosRomana Borja-Santos
Ver vídeo emwww.publico.pt
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | PORTUGAL | 7
A chegada dos “refugiados vindos
do Egipto decorre no âmbito de um
processo diferente, denominado
de reinstalação, e constitui a quota
que o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (AC-
NUR) atribuiu a Portugal em 2014,
não tendo qualquer relação com o
processo de recolocação dos 4500
requerentes de protecção interna-
cional, conforme decisão da União
Europeia”, explica o comunicado
do Serviço de Estrangeiros e Fron-
teiras (SEF), citado pela Lusa.
O SEF adianta que os 45 refugia-
dos deviam ter chegado a Portugal
em Setembro, mas “uma situação
burocrática no Egipto” impediu a
saída do grupo do campo de refu-
giados do Cairo, tendo aquele servi-
ço de segurança recebido indicação
do ACNUR de que “a situação está
ultrapassada e será expectável” que
cheguem ao país no início de No-
vembro. Segundo o SEF, a maioria
dos 45 refugiados é da Síria, existin-
do também cidadãos da Eritreia e
Sudão, encontrando-se no Cairo já
há algum tempo, sob mandado do
ACNUR, e chegam a Portugal com
o estatuto de refugiados reinstala-
dos.
Os 45 refugiados são maioritaria-
mente famílias com crianças peque-
nas e vão fi car instalados em Penela
e na área de Lisboa, refere aquele
serviço de segurança, sublinhando
que a reinstalação está a ser pre-
parada com a cooperação de orga-
nizações não governamentais tais
como o Conselho Português para
os Refugiados, o Serviço Jesuíta aos
Refugiados e a Fundação Assistên-
cia, Desenvolvimento e Formação
Profi ssional. Em Penela, vão fi car
a morar em apartamentos autóno-
mos cinco famílias, num total de 21
pessoas.
Sobre os 4500 refugiados defi ni-
dos pela Comissão Europeia, o SEF
refere que a calendarização da che-
gada do primeiro grupo está depen-
dente das entidades que organizam
e tratam os pedidos de protecção
internacional, em Itália e na Grécia,
de modo a serem posteriormente
recolocados pelos Estados-mem-
bros, incluindo em Portugal.
A confi rmação da chegada des-
tas pessoas surge no mesmo dia em
que o Conselho Português para os
Refugiados voltou a lamentar “a
Na próxima semana chegam 45 refugiados
lentidão com que está a ser condu-
zido o processo” de acolhimento de
migrantes, considerando que mais
importante do que enviar tropas pa-
ra as fronteiras seria reforçar os ins-
trumentos de protecção. “Estamos
a acompanhar com preocupação,
porque a lentidão com que está a
ser conduzido o processo é confran-
gedora”, disse à Lusa a presidente
daquele organismo, Teresa Tito de
Morais.
A responsável reclamou “acções
rápidas” dos líderes europeus, fri-
sando que ainda não foi distribuí-
do o primeiro grupo de refugiados:
“Temo que não se concretize rapi-
damente esta necessidade urgente
de as pessoas serem acolhidas”. Te-
resa Tito de Morais falava depois do
presidente da Comissão Europeia,
Jean-Claude Juncker, ter anuncia-
do que um total de 400 guardas
fronteiriços vai ser enviado para a
fronteira da Eslovénia com a Croá-
cia para ajudar a gerir o afl uxo de
refugiados na região dos Balcãs. Os
líderes europeus comprometeram-
se também a reforçar a capacidade
de acolhimento de refugiados, com
a criação de mais 100 mil lugares,
dos quais metade na Grécia.
“Em vez de serem reforçados os
mecanismos de controlo das fron-
teiras externas, era preciso reforçar
os instrumentos locais de acolhi-
mento”, contrapôs a responsável
pelo Conselho Português para os
Refugiados. “Ainda mais preocu-
pante, face à lentidão da tomada
de medidas, é termos conhecimen-
to do agravamento das condições
climatéricas e do que isso signifi ca
para a vida das pessoas”, acrescen-
tou.
Também o representante da Pla-
taforma de Apoio aos Refugiados
(PAR), Rui Marques, defendeu a
“necessidade urgente de se passar à
acção”. “Creio que é sempre positi-
vo sinalizar o aumento da capacida-
de formal de acolhimento e poder
haver consenso na União Europeia
(UE) e em particular num conjun-
to de países onde é muito difícil o
trabalho, mas continuo a sublinhar
que, mais do que declarações, é pre-
ciso acções”, salientou.
No entender do representante da
PAR, os líderes da UE “não podem
continuar sucessivamente a fazer
acordos e nada acontecer no terre-
no”. “Desde há mais de um mês que
aconteceu o Conselho Europeu em
que foi possível fazer o acordo para
a recolocação de 160 mil refugiados
e soube-se há poucos dias que só
foram recolocados 86 refugiados”,
frisou. PÚBLICO/Lusa
ENRIC VIVES-RUBIO
Rui Marques diz que “é urgente passar à acção”
O presidente da Cresap, João Bilhim,
defendeu ontem que o Governo deve-
ria estar impedido de nomear dirigen-
tes intermédios a partir do momento
em que são marcadas eleições até à
tomada de posse do novo executivo.
“Do meu ponto de vista, tratando-
se de dirigentes, é difícil explicar à
população a diferença entre dirigen-
te superior e dirigente intermédio.
Tratando-se de dirigentes, deve ser
como a ‘mulher de César’: aconselha-
va a que a mesma norma que proíbe
a designação de dirigentes superio-
res neste interregno também fosse
aplicada aos dirigentes intermédios
e, assim, deixava de haver esta confu-
são que se está a registar”, defendeu
ontem o presidente da Comissão de
Recrutamento e Selecção para a Ad-
ministração Pública (Cresap).
Cresap defende que Governo não deve nomear dirigentes intermédios em período eleitoral
João Bilhim comentava, assim, à
agência Lusa as notícias recentes da
RTP e do Jornal de Notícias que dão
conta da nomeação de várias deze-
nas de dirigentes para cargos inter-
médios na administração pública
em vésperas de eleições, bem como
a respectiva publicação em Diário da
República depois das legislativas de
4 de Outubro. De acordo com a Lei
n.º 128/2015, que altera o Estatuto do
Pessoal Dirigente e que entrou em vi-
gor a 1 de Outubro, “não pode ocorrer
a designação de cargos de direcção
superior entre a convocação de elei-
ções para a Assembleia da República
ou a demissão do Governo e a investi-
dura parlamentar do novo Governo”.
Questionado sobre se o Governo
PSD/CDS ainda em funções pode-
ria ter ido mais longe na alteração
ao Estatuto do Pessoal Dirigente, o
presidente da Cresap admitiu: “Cla-
ramente que sim”.
Administração pública
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Grupo está no Egipto e deveria ter chegado a Portugal em Setembro. Maior parte das pessoas é da Síria
4500Sobre os 4500 refugiados definidos pela CE, o SEF refere que a chegada do primeiro grupo está dependente das entidades organizadoras internacionais
Conferência Internacional
CRISE E GÉNEROOLHARES FEMINISTAS SOBRE DESIGUALDADES
CRESCENTES E NOVAS OPORTUNIDADESDE SOLIDARIEDADE
Universidade Nova de Lisboa, 29 de Outubro de 2015Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Auditório 1, Avenida de Berna
PROGRAMA10h00 Abertura Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa) Christine Auer (Fundação Friedrich Ebert, Lisboa)10h10 A crise numa perspectiva feminista: Quem ganha e quem perde com as divergências na UE? Brigitte Young (Universidade de Münster)10h45 Debate / Moderador: Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa)11h15 Who cares? Crise, redução do estado social e as consequências para mulheres e homens Anália Torres (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP, Universidade de
Lisboa) Mechthild Rawert (Deutscher Bundestag, Berlim)12h15 Debate / Moderadora: Sara Falcão Casaca (Instituto Superior de Economia e Gestão - ISEG,
Lisboa)13h00 Pausa14h30 Crise e violência na relação entre géneros I Helena Ewalds (Instituto Nacional de Saúde e Bem Estar, Helsínquia) Davina James-Hanman (Against Violence and Abuse - AVA, Lisboa) 15h15 Debate / Moderadora: Dalila Cerejo (Universidade de Lisboa)15h45 Pausa16h00 Crise e violência na relação entre géneros II Elisabete Brasil (União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, Lisboa) Renate Klein (European Network on Gender and Violence - ENGV, Universidade do
Maine)16h45 Debate / Moderador: Manuel Lisboa (Universidade Nova de Lisboa)17h15 Encerramento
A entrada é gratuita. Haverá tradução simultânea (inglês - alemão - português)Inscrições: Fundação Friedrich Ebert, Tel. 21 357 33 75, e-mail: [email protected]
8 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
E se 4% dos piores professores fossem afastados das escolas?
Ordenem-se todos os professores
portugueses, do “mais efi caz” para
o “menos efi caz”. “Depois pensem
em substituir os menos efi cazes por
professores médios.” Não precisam
de ser excepcionais, para o impac-
to ser grande. O desafi o é do norte-
americano Eric Hanushek, especia-
lista em Economia da Educação, que
esteve ontem na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
As contas estão feitas para países
como os Estados Unidos ou a Ingla-
terra. E Hanushek apresentou vários
gráfi cos: substituir apenas 4% dos
professores — os “menos efi cazes”
— signifi caria um ganho, em termos
dos resultados dos estudantes de 15
anos, a Matemática e Ciências, que
colocaria os Estados Unidos (que,
em termos de performance dos alu-
nos desta idade, não se tem afastado
de Portugal) ao nível da Polónia. No
ranking internacional das competên-
cias dos alunos, a Polónia está, como
se verá à frente, bem acima quer de
Portugal, quer dos Estados Unidos.
Um dos gráfi cos mostra mais: o
impacto de afastar entre 6% e 10%
dos professores “menos efi cazes”
colocaria o país deste investigador
do Instituto Hoover, na Universida-
de de Stanford, ao nível da Finlân-
dia, uma das nações ou regiões que
têm melhores resultados educativos
do mundo (só atrás da Coreia do Sul,
Hong Kong, Singapura e Xangai).
E, em Portugal, também seria
assim como mostram os gráfi cos?
Eric Hanushek sorri quando se lhe
pergunta, no fi nal da sessão na Gul-
benkian. “Também em Portugal os
professores são muito diferentes uns
dos outros”, responde. Mas as con-
tas apresentadas, diz, são apenas
um “incentivo” para que se pense
se não faria sentido saber, tal como
nos EUA, na Inglaterra e noutros paí-
ses, qual a composição do corpo do-
cente, tendo “no pensamento” esta
questão do impacto nos alunos.
E quais seriam os efeitos econó-
micos da melhoria dos resultados
dos alunos? O norte-americano va-
le-se uma vez mais dos testes PISA
(o estudo da Organização para a Co-
operação e Desenvolvimento Eco-
nómico que regularmente avalia os
conhecimentos e competências dos
jovens de 15 anos, nomeadamente a
Matemática e Ciências, e os compara
cerca de 60 países).
Se Portugal conseguisse que os
seus alunos atingissem, nos próxi-
mos 15 anos, mais 25 pontos, em mé-
dia, nesses testes do que nas últimas
duas avaliações internacionais, feitas
em 2009 e 2012, aproximando-se as-
sim dos resultados da Polónia, isso
refl ectir-se-ia numa “taxa de cresci-
mento [do PIB] 0,5% mais alta a cada
ano”. E “0,5% é muito, a longo pra-
zo”, diz o norte-americano.
Mais examesOs trabalhos daquele que é consi-
derado “um grande especialista em
análise de desenvolvimento econó-
mico de questões educativas”, como
o apresenta a Gulbenkian no progra-
ma da sua Conferência Internacional
sobre Educação de 2015, que ontem
aconteceu, têm sido bastante deba-
tidos nos últimos anos, em vários
países.
Eric Hanushek considera que a
qualidade e a efi cácia dos professores
devem ser avaliadas através da aná-
lise da progressão do desempenho
escolar dos seus estudantes e pelo
“valor acrescentado” que introdu-
zem. Tem ainda defendido que a qua-
lidade de quem ensina é mais impor-
tante do que o tamanho das turmas,
por exemplo — na verdade, sustenta,
se se reduzir o tamanho das turmas,
isso terá pouco impacto.
Para isso, na visão de Hanushek, é
preciso, desde logo, ter sistemas edu-
cativos onde os alunos sejam avalia-
dos com exames centralizados — para
que se tenha noção do que sabem
“à entrada de um ciclo de ensino e,
depois, à saída do ciclo de ensino”
—, de forma a medir a efi cácia dos
professores. Sugestão para Portugal:
“Manter e até aumentar o sistema de
exames.”
Na Gulbenkian, sublinhou ainda
a importância de valorizar os direc-
tores de escola, dando-lhes margem
para escolher o corpo docente. “Se
A qualidade de quem ensina é mais importante do que o tamanho das turmas
Em conferência da Gulbenkian, Eric Hanushek, especialista em Economia da Educação, apresentou cálculos sobre o impacto que teria afastar os professores “menos efi cazes”
EducaçãoAndreia Sanches
sempenho de maus professores”.
Hanushek é antes partidário dos
“incentivos directos ao desempe-
nho”, recompensando quem se sai
melhor. E de uma maior autonomia
dos estabelecimentos de ensino —
que só pode existir se houver “pres-
tação de contas”.
Regresso ao PISA. Nos cálculos do
investigador, com base nos resulta-
dos das avaliações feitas em 2009 e
2012, ao nível das competências dos
alunos a Matemática e Ciências, Por-
tugal está em 30.º lugar, em 63 paí-
ses. Os EUA estão em 28.º. A Polónia
— um dos escolhidos para a compa-
ração feita na Gulbenkian — em 12.º.
E a Finlândia em 5.º.
Portugal tem melhorado, diz,
mas mais é possível — e desejável,
já que “o crescimento económico
está intimamente relacionado com
as competências da população”.
Hanushek recomenda, assim, ao
país que “continue” a promover
a melhoria da qualidade das esco-
las, tarefa “que requer compro-
missos que durem algum tempo”.
Terminada a sua intervenção,
seguiu-se uma mesa-redonda com
a cientista Maria de Sousa, a artista
plástica Ângela Ferreira e o escritor
Mário de Carvalho. Todos convida-
dos a falar do seu percurso formati-
vo. Mário de Carvalho lembrou um
seu professor de Inglês que tinha
“uma pronúncia que não seria a de
Oxford”, mas que conseguiu pôr os
alunos, mesmo os mais fracos, “a ler
textos complexos”, a “interessarem-
se” e a melhorar as notas. “Tem-se
instalado uma visão técnico-burocrá-
tica do ensino”, criticou, uma “obses-
são pelas quantifi cações, os mapas,
os gráfi cos”, quando “a cidadania é
o conceito-chave”. E defendeu: “A
nobre profi ssão de professor” deve
ser “prestigiada”.
Na parte da tarde, Miguel St.
Aubyn, catedrático do Instituto
Superior de Economia e Gestão da
Universidade de Lisboa, era um dos
outros convidados. A ideia central
da sua intervenção: “A educação e a
o salário dos directores não tiver a
ver com o desempenho dos alunos,
eles não têm que se preocupar com
a escolha dos professores. No Méxi-
co, até se pode comprar o cargo de
professor.”
Compromissos precisam-seEntão e os outros factores que su-
postamente também infl uenciam
a qualidade da educação — a pre-
caridade laboral dos docentes ou a
forma como são pagos, por exem-
plo? Foi a pergunta de uma das
participantes na conferência. Res-
posta: “Se aumentarem os salários
dos professores em Portugal, vão
ter 120 mil pessoas [número apro-
ximado de docentes no ensino não-
superior público] a sorrir, mas os
que não são efi cazes vão continuar a
dar aulas.” E, como já garantia numa
entrevista ao PÚBLICO em 2013 —
feita a propósito da sua participação
numa conferência do Ministério da
Educação português —, Hanushek
diz que “é difícil melhorar o de-
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | PORTUGAL | 9
formação em capital humano surgem
não tanto como causa imediata do
crescimento [económico], mas como
a sua condição necessária.”
Acrescentou, no fi nal, um breve
retrato dos professores portugueses
— os tais que Mário de Carvalho quer
ver “prestigiados” — e sintetizou as-
sim o que se passa. “A percentagem
de professores com menos de trinta
anos diminuiu de 15% em 2000/2001
para 1,1% em 2013/14. Ou seja, não se
encontram praticamente jovens pro-
fessores na escola, com tudo o que
isso signifi ca na falta de renovação
em termos das práticas científi cas e
pedagógicas. Um professor do ensino
básico ou secundário ganhava, em
média, um pouco menos de 2000
euros brutos em Outubro de 2014.”
No seu conjunto, diz, esta caracteri-
zação da profi ssão, “cada vez menos
e mais velhos, sem possibilidade de
progressão na carreira, sofrivelmente
remunerados, faz temer pela evolu-
ção qualitativa do sistema educativo
português”.
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Dois sindicatos integrados na Fede-
ração Nacional dos Médicos (Fnam)
avançaram para os tribunais contra
o Ministério da Saúde (MS) e vários
centros hospitalares para os obrigar
a permitir que os médicos usufruam
do chamado “descanso compensató-
rio” quando fazem turnos superiores
Sindicatos levam hospitais a tribunal para evitar que médicos trabalhem 30 horas seguidas
contra o MS, a Administração Central
do Sistema de Saúde (ACSS), o Centro
Hospitalar de Lisboa Central, o IPO
de Lisboa e o Hospital Garcia de Orta,
enumera Jorge Mata, advogado do
sindicato. Pretende-se que o tribunal
“diga, de uma vez por todas, qual é a
interpretação correcta” do que está
escrito na lei, precisa. Em Setembro,
o sindicato da Zona Centro avançou
com acções do mesmo teor, mas
no Tribunal do Trabalho, segundo
adiantou o Diário de Notícias.
O Ministério da Saúde anunciou
entretanto a intenção de contestar
estas acções, sublinhando que já pe-
diu um parecer ao conselho consulti-
a oito horas. Depois de urgências de
24 horas, os médicos podem ter que
trabalhar no dia seguinte, cumprindo
“mais de 30 horas seguidas”, o que
potencia a possibilidade de erro e de
burnout (exaustão), justifi ca Mário
Jorge Neves, da Fnam.
Para hoje está marcada uma reu-
nião para fazer um “diagnóstico mais
rigoroso” dos hospitais da Zona Sul e
dos serviços que não “cumprem” a
lei, adianta, avisando que se poderá
avançar com mais acções judiciais.
O primeiro sindicato a avançar foi
o do Sul, que, em “Abril ou Maio”,
instaurou uma acção no Tribunal
Administrativo do Círculo de Lisboa
SaúdeAlexandra Campos
Ministério da Saúde anunciou que vai contestar as acções interpostas pelos sindicatos médicos
vo da Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca e que aguarda “a deliberação das
comissões paritárias, que integram
os sindicatos e entidades empregado-
ras”. Já o secretário-geral do Sindica-
to Independente dos Médicos (SIM),
Roque da Cunha, fez saber que não
concorda com este tipo de estratégia,
ainda que defenda o direito ao des-
canso compensatório. Lembrando
que este direito foi reconhecido pelo
ministério, Roque da Cunha lembra
que os médicos podem exigi-lo, com
um mês de antecedência, informan-
do por escrito a administração do
hospital. O SIM até tem uma minuta
para este efeito, diz.
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10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Mais de 320 crianças foram raptadas por um dos pais desde 2010
JOÃO CORDEIRO
Só este ano, e até 30 de Setembro, tinha havido 46 casos de raptos parentais, mas estimativa aponta para 61 casos até ao final do ano
Um pai que fi que bruscamente im-
pedido de estar com o fi lho porque
este foi levado pela mãe para um ou-
tro país pode fazer um pedido para
o regresso da criança; na situação
inversa, uma mãe que subitamente
seja surpreendida com o rapto do
fi lho, pelo pai, fará o mesmo, desen-
cadeando um processo, primeiro
nas autoridades centrais, e depois
no tribunal, que conduz a um proto-
colo de cooperação judicial entre os
dois países envolvidos para permitir
o regresso do fi lho. Este protocolo
para permitir o regresso imediato da
criança está previsto na Convenção
de Haia, de 1980, que ontem esteve
em discussão em Lisboa. Mas esse
processo pode demorar entre pou-
cas semanas a vários meses.
Entre 2010 e Setembro de 2015,
passaram pelas autoridades centrais
em Portugal 326 pedidos para o re-
gresso a Portugal de fi lhos raptados
para o estrangeiro pelo pai ou pela
mãe. Nos últimos seis anos, houve
mais de 50 situações por ano, em
média. Ou seja: mais de um rapto
por semana, de acordo com os dados
da Direcção-Geral da Reinserção e
Serviços Prisionais (DGRSP) — a au-
toridade central designada pelo Go-
verno como entidade competente
para avançar com os procedimentos
e a cooperação judicial com vista ao
regresso da criança, prevista na Con-
venção de Haia.
Em mais de 58% dos casos em que
Portugal interveio, as crianças foram
levadas para Estados da União Euro-
peia (UE), sendo a França e o Reino
Unidos os países de destino mais
frequentes com mais de metade dos
casos. Alemanha, Espanha e Bélgica
também estão representados, com
8% dos casos cada, havendo no con-
junto, mas menos representados,
outros Estados, como Itália, Polónia,
Holanda e Luxemburgo.
A convenção foi subscrita por 93
países, incluindo Portugal e Brasil,
o país fora da UE para onde seguem
mais pedidos de pais portugueses
para o regresso dos seus fi lhos leva-
dos pelo outro progenitor. Mas ne-
nhum outro país da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa o fez,
foi realçado na Conferência Luso-
Africana sobre os Aspectos Civis do
30 de Setembro, tinha havido 46 ca-
sos. “Considerando que no último
trimestre de cada ano surgem geral-
mente mais pedidos de regresso, é
expectável que se chegue a um valor
semelhante ao ano de 2013”, quando
houve 66 casos, disse João de Olivei-
ra Cóias, técnico superior da DGRSP,
que apresentou as estatísticas mais
recentes disponíveis.
Uma explicação possível para uma
“maior frequência de casos”, diz San-
dra Feitor, será “a fi scalização insí-
pida nas fronteiras”. A criança pode
sair do país com um dos progenito-
res com uma autorização escrita do
outro, mas essa declaração nem sem-
pre é solicitada à saída de Portugal,
diz a investigadora. “Não tem sido
feita uma boa fi scalização nas fron-
teiras”, afi rmou ao PÚBLICO depois
da sua intervenção na conferência.
O evento juntou juízes, académi-
cos, advogados, psicólogos, e teve
na sua abertura o presidente da Co-
missão Nacional de Crianças e Jovens
em Risco, Armando Leandro, para
quem uma das formas de zelar pelo
superior interesse da criança será
“optar pela interpretação da lei que
for mais favorável à criança”. Em res-
posta a uma pergunta da assistência,
acrescentou: “Considerando todas
as circunstâncias, deve dar-se prio-
ridade ao interesse da criança.”
Sandra Feitor enfatizou a realida-
de, porém, mostra que é frequente o
incumprimento de acordos de regula-
ção parental “relegando as necessida-
des da criança para segundo plano”.
“A questão do rapto parental é
uma prática que tem sido constan-
te em sede de confl ito parental” e
constitui “uma violação dos direitos
fundamentais da criança, enquan-
to factor de ruptura abrupta com os
elos de ligação familiar”, afi rmou a
investigadora.
França, Reino Unido e Brasil são principais destinos de crianças raptadas. Investigadora afi rma que “o rapto parental é uma prática que tem sido constante em sede de confl ito parental”
Justiça Ana Dias Cordeiro
Rapto Internacional de Crianças,
que decorreu ontem no novo edi-
fício da PJ.
Ainda de acordo com os dados
ofi ciais das autoridades centrais, as
crianças foram raptadas para países
fora da UE em 42% das situações de-
tectadas. E, neste universo, o Brasil
foi o país para onde foram levadas
as crianças em mais de metade das
situações (57%). Na Suíça, foram re-
gistados 17% dos casos registados
entre os países fora da UE.
Cada caso é um caso, e será difícil
generalizar, disse ao PÚBLICO San-
dra Inês Feitor, jurista e investigado-
ra, mestre em Direito com uma tese
em alienação parental, que, por isso,
não avança uma estimativa para um
prazo em que a maioria das situações
se resolve. Podem ser semanas, se
for encontrada uma solução amigá-
vel entre os pais. Mas o mais comum
é estes processos demorarem meses
a serem resolvidos, acrescentou.
“Na maior parte dos casos, a fa-
mília sabe onde a criança está. Ou-
tras vezes, tem uma ideia de onde é
provável a criança estar”, disse João
Cóias. “Mas também há situações em
que a pessoa que desencadeia o pro-
cesso não tem a mínima ideia onde a
criança pode estar.” Estas situações
extremas podem não ser resolvidas
em meses, mas sim em anos.
Pico em 2012O número de pedidos feitos em Por-
tugal para regressos atingiu o pico
em 2012, ano em que as autoridades
portuguesas registaram 71. Desde en-
tão, os números mantiveram-se aci-
ma dos registados em 2010, quando
tinha havido 35 situações, e em 2011,
quando se registaram 53 casos.
Em 2013, foram 66 pedidos e em
2014 foram 55. A estimativa será pa-
ra 2015 terminar com 61 casos. Até
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 11
O antigo chefe das secretas Jorge Silva
Carvalho, a ser julgado por violação
do segredo de Estado e corrupção,
entre outros crimes, lamentou on-
tem em tribunal que tivesse sido en-
contrado no seu computador pelas
autoridades um relatório sobre a vida
privada de Francisco Pinto Balsemão.
Mas negou ter tido qualquer respon-
sabilidade nisso: assegurou aos juí-
zes que não foi ele a encomendar a
terceiros e muito menos a escrever
um documento que classifi cou como
sendo “lixo”.
Quando o relatório foi descoberto
em 2012 no seu correio electrónico,
já Silva Carvalho tinha saído do Ser-
viço de Informações Estratégicas de
Defesa (SIED) e ingressado no grupo
privado Ongoing, que tentava apo-
derar-se na altura da Impresa lide-
rada por Balsemão. Silva Carvalho
disse em tribunal que era habitual
a Ongoing encomendar relatórios
sobre outras empresas, de modo a
estar bem informada sobre as mes-
mas, quando quisesse entrar no seu
capital ou estabelecer negócios com
elas. Foi o que sucedeu.
Acontece que o documento em
questão — partes do qual acabaram
por ser publicadas na Internet e nal-
guns jornais — continha as mais va-
riadas informações sobre a vida pú-
blica mas também privada do antigo
primeiro-ministro: nome dos fi lhos,
dos amigos e até dos inimigos, entre
outros dados — incluindo rumores
com pormenores sórdidos. Balsemão
processou Silva Carvalho por devas-
sa da vida privada e exige-lhe uma
indemnização de 50 mil euros, que
entregará a uma instituição de solida-
riedade, caso a Justiça lhe dê razão.
“Esse relatório era tipo lixo. Era
acintoso e fraco, do ponto de vista
da sua utilidade, e tinha um certo as-
pecto manhoso. O que mais me cus-
ta é ter sido encontrado na minha
posse”, observou ontem o arguido,
em resposta a uma pergunta do ad-
vogado de Balsemão, Rui Patrício. Na
sua versão dos factos, foi-lhe parar
às mãos como iam tantos outros do
mesmo género, vindos de fi rmas con-
tratadas para os produzir que tinham
“jornalistas a trabalhar para elas”.
Encaminhou o documento para
Silva Carvalho lamenta relatório sobre vida privada de Balsemão mas nega responsabilidade
um colega e não terá pensado mais
nisso senão quando o caso se tornou
público. Nas palavras de Silva Car-
valho, só a parte que dizia respeito
aos amigos e às relações de poder de
Balsemão podia ter algum interesse
para a Ongoing — e nunca as alusões,
mencionadas como sendo de fonte
segura, à suposta dependência do ex-
primeiro-ministro da cocaína.
Usando uma prerrogativa decor-
rente do facto de ser conselheiro de
Estado, Balsemão não foi ao tribunal,
tendo feito chegar aos juízes um de-
poimento escrito no qual afi rma que
a estratégia da Ongoing passava por
“debilitar as sociedades do univer-
so Impresa e degradar o [seu] bom
nome”, por forma a pressioná-lo a
vender as suas acções. “Vivi dias de
particular ansiedade, desconforto
e abalo emocional nos dias subse-
quentes à divulgação do relatório”,
descreve. “A minha família, particu-
larmente os meus fi lhos, viram-se
confrontados com afi rmações pro-
fundamente ofensivas do meu bom
nome e devassadoras da minha vida
pessoal, familiar, sexual e política.”
Não havendo forma de determi-
nar em tribunal a autoria do docu-
mento, que Silva Carvalho afi ança
ter sido encomendado por um cole-
ga seu a uma das empresas avença-
das da Ongoing que lhe costumavam
fornecer este tipo de serviço, resta-
rá saber se a sua mera posse será
ilícita. Para o patrão da Impresa, o
argumento segundo o qual gravar
um documento no computador não
ofende ninguém “não cola”, uma
vez que o relatório foi objecto de
ampla divulgação na blogosfera e
na imprensa escrita.
Ontem foi a primeira vez que Silva
Carvalho depôs em tribunal no cha-
mado “julgamento das secretas”, a
cujo processo foi apensa a queixa-
crime de Balsemão. Tanto o ex-es-
pião como outros arguidos têm-se
recusado a falar dos restantes factos
de que são acusados por entende-
rem que isso pode violar o segredo
de Estado no que respeita aos actos
que praticaram quando estavam no
Serviço de Informações Estratégicas
de Defesa.
O tribunal está à espera que o pri-
meiro-ministro levante o segredo de
Estado nestas matérias.
JustiçaAna Henriques
“Esse relatório era tipo lixo. O que mais me custa é ter sido encontrado na minha posse”, diz ex-espião
Além de violação do segredo de Estado e de corrupção, o ex-espião é acusado de devassa da vida privada
12 | LOCAL | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
CML continua sem solução para perda de estacionamento no eixo central
FILIPE ARRUDA
Fernando Medina, presidente da câmara, diz que proposta do CDS para as Avenidas Novas está ultrapassada há muito
Prometia ser caloroso o debate na
Assembleia Municipal de Lisboa
(AML), ontem ao fi m do dia, sobre
o projecto camarário para a zona
entre o Marquês de Pombal e Entre-
campos, o chamado “eixo central”,
mas acabaram por ser três horas de
discussão tímida, que pouco acres-
centou ao que já se sabia. Houve al-
gumas palmas, muitos “parabéns”
dirigidos ao vereador do Urbanis-
mo por ter chamado a população
a ouvir a sua proposta, mas poucas
respostas à questão que nos últimos
dias tem dominado a polémica em
torno do projecto: que soluções há
para a perda de estacionamento?
No plenário de moradores de-
corrido há cerca de três semanas,
Manuel Salgado garantiu estar a
negociar com os proprietários dos
parques de estacionamento público
existentes nas Avenidas Novas “aven-
ças compatíveis” para os residentes.
Quem foi ontem à AML à procura do
resultado dessas negociações — hou-
ve 30 cidadãos inscritos para inter-
vir — saiu de lá como entrou. “Isto
não é imediato”, justifi cou Salgado
aos jornalistas no fi nal do debate,
reiterando que está a tentar chegar
a um preço “razoável” que “não é
certamente os 70 ou 120 euros que
se praticam actualmente”.
Enquanto não chega a acordo com
os parques, Salgado está a estudar a
dimensão do problema: encomen-
dou contagens nocturnas ao número
de lugares de estacionamento livres
na Avenida da República e verifi cou
“um pequeno défi ce” em dois quar-
teirões às 23h, sendo que às 2h “há
sempre lugares disponíveis”. “Is-
to não signifi ca que não exista um
problema complicado de estaciona-
mento de residentes nas Avenidas
Novas”, ressalvou. Mas além dos
272 lugares que, segundo ele, irão
manter-se no eixo central depois das
obras, existem na envolvente 6900
lugares em parques privados de uso
público. E é para aí que a câmara
está a apontar baterias.
O presidente da câmara, Fernan-
do Medina, também considera que
“o estacionamento subterrâneo de-
ve servir para compensar eventuais
falhas do estacionamento à super-
fície”. Mas prometeu monitorizar a
nossos especialistas entendem que
[uma ciclovia de cada lado das ave-
nidas] é a melhor solução”, afi rmou
aos jornalistas. Também o túnel sob
a Praça do Saldanha “não faz senti-
do” para o autarca socialista, que
quer evitar construir mais “trinchei-
ras” no centro da cidade. O projec-
to da maioria prevê um túnel para
Entrecampos, mas “isso ainda está
em estudo”, afi rmou.
Modelo de há 40 anosFernando Medina sublinhou a “di-
vergência de fundo” que o execu-
tivo municipal tem com a visão
defendida pelo CDS, que consi-
dera ser datada de “há 40 anos”.
“Rejeitamos soluções do passado
relativamente à rede viária da ci-
dade”, afi rmou, explicando que
as avenidas Fontes Pereira de Me-
lo e da República não constituem
“um eixo distribuidor de tráfego”.
Esse é o papel do Eixo Norte-Sul.
O presidente da câmara diz que o
projecto, que deverá demorar um
ano a concretizar e estará pronto
em 2017, “nasce do inconformismo
com a situação actual”, em que, por
exemplo, “é preciso uma grande
dose de confi ança para atravessar
a Avenida da República”. Já uma
cidadã inscrita para falar durante
o debate o tinha dito, dando outro
exemplo: “Desafi o qualquer presi-
dente de câmara, actual ou futuro,
a descer a Fontes Pereira de Melo
com um carrinho de bebé.”
Mas Medina também disse que a
obra prevista não chega para con-
cretizar a sua visão de cidade. O
autarca socialista prometeu “con-
tinuar a pugnar, junto do próximo
Governo, pela devolução à cidade
da gestão dos transportes públicos”,
uma intenção que arrancou aplau-
sos aos presentes.
Presidente da Câmara de Lisboa disse no debate público realizado na assembleia municipal que vai pugnar junto do próximo Governo pela devolução da gestão dos transportes públicos à autarquia
Mobilidade Marisa Soares
a construção de um túnel de Picoas
até à Avenida da República, para fa-
cilitar o escoamento do tráfego.
“Este debate é feito existindo uma
guilhotina política, uma vez que a
câmara não quis suspender este
processo”, afi rmou Gonçalves Pe-
reira, referindo-se ao concurso da
empreitada de obra, que termina a
18 de Novembro. As coisas estão a
ser feitas “ao contrário”, argumen-
tou. Em resposta, o vereador do Ur-
banismo argumentou que o valor da
obra não depende tanto do tipo de
intervenção, mas sim da extensão
da superfície a ser requalifi cada —
quase três quilómetros —, desvalo-
rizando a necessidade de suspender
o concurso.
Sobre a construção de uma ciclo-
via bidireccional, proposta pelo CDS
e defendida por alguns cidadãos que
se inscreveram para falar no deba-
te, Salgado parece irredutível. “Os
situação dos residentes e também
dos comerciantes, representados no
debate pelo presidente da AHRESP.
“Estamos muito escaldados”, afi r-
mou José Esteves, pedindo uma so-
lução para as cargas e descargas que
não repita os pesadelos de outros
tempos — nomeadamente durante
as obras na Avenida João XXI e na
Duque de Ávila.
Embora tenha dito anteriormente
que o projecto, orçado em 9,4 mi-
lhões de euros, não é “irreversível”,
e de ter reiterado ontem que a pro-
gramação da obra “está a ser feita ao
mesmo tempo que [esta] é projec-
tada”, Salgado não acolheu as pro-
postas do CDS. O vereador centrista
na câmara, João Gonçalves Pereira,
apresentou no debate um projecto
alternativo, que entre outras medi-
das propõe a manutenção de mais
lugares na via pública, a criação de
uma única ciclovia bidireccional e
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | LOCAL | 13
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Os elefantes a passear pelos ver-
des prados do Sotavento algarvio é
uma das imagens em destaque na
exposição que evoca o trabalho de
Alfredo da Conceição — mestre do
desenho biológico — inaugurada no
passado fi m-de-semana, na biblio-
teca da Fundação Manuel Viegas
Guerreiro, em Querença. O artista,
que morreu há quatro anos, deu
cor e traço científi co a uma vasta
colecção de obras sobre a fauna e
fl ora. Um dos exemplos é a série de
borboletas para o trabalho Insectos
Querença expõe a obra de um dos grandes mestres do desenho biológico
da Arrábida, da autoria de Passos
de Carvalho.
O artista, que se destacou na pin-
tura realista e naturalista — ilustrou
vários livros científi cos de etnologia,
mamíferos, aves e fl ora —, foi ainda
o autor de quatro aguarelas que re-
constituem os mais recuados perío-
dos geológicos do Algarve, na zona
de Castro Marim. A mostra recria o
ambiente de uma região, de clima
tropical, recuando 8 milhões de eu-
ros. Mas esta é apenas uma das faces
(pintura da paisagem) do pintor, que
se destacou na área do desenho bio-
lógico. Alfredo da Conceição traba-
lhou para o então Serviço Nacional
de Parques, Reservas e Património
Paisagístico (SNPRPP, hoje Instituto
da Conservação da Natureza e Flo-
restas — ICNF) na altura em que foi
secretário de Estado do Ambiente
Manuel Gomes Guerreiro, primeiro
reitor da Universidade do Algarve.
Numa primeira fase da carreira, em
NaturezaIdálio Revez
Alfredo da Conceição, o pintor que desenhou bichos à lupa, colocava 15 pontinhos coloridos num centímetro quadrado
elementos anatómicos. “Chegava a
fazer 15 pontinhos dentro de um mi-
límetro quadrado”, sublinhou.
O levantamento da obra de Al-
fredo, como assinava os trabalhos,
está por fazer, embora o Museu da
História Natural, em Lisboa, dispo-
nha de uma parte dos seus trabalhos
que estavam na posse do ICNF. Na
função de ilustrador no SNPRN re-
tratou várias áreas protegidas — da
reprodução fi el dos seres vivos que
aí habitavam até às paisagens natu-
rais e humanizadas. Trabalhou com
académicos algarvios, nas áreas do
ambiente e antropologia, como Go-
mes Guerreiro — com quem colabo-
rou ainda em Moçambique — e com
Manuel Viegas Guerreiro. De resto,
as imagens do livro Esboço de Mono-
grafi a Etnográfi ca Pitões das Júnias,
da autoria do antropólogo, têm a sua
assinatura. A exposição pode ser visi-
tada até 31 de Dezembro, de segunda
a sexta, das 10h as 17h.
Breves
Sintra
Plano da Praia Grande prevê restrição de carros no VerãoA Câmara de Sintra vai colocar em discussão pública o Plano de Pormenor da Praia Grande (PPPG), que prevê um empreendimento turístico na antiga colónia de férias da CUF e a restrição automóvel na frente marítima na época balnear. A proposta do PPPG prevê dois parques de estacionamento, a recuperação do parque de campismo e um empreendimento turístico na Quinta do Mar (ex-CUF), na estrada que liga a Almoçageme.
Moçambique, onde viveu durante 33
anos, trabalhou como desenhador
do Serviço de Indústria, Geologia e
Minas e no Museu de História Natu-
ral Álvaro de Castro.
O director do SNPRPP naquela
altura, Fernando Pessoa, lembrou,
durante a inauguração da exposi-
ção, que foi ele quem o incentivou
a enveredar pela pintura mais abs-
tracta para poupar a vista que lhe
restava. Perdeu a visão, recordou,
em consequência das décadas a de-
senhar, com tanto rigor que tinha de
socorrer-se de uma lupa para não
deixar escapar os mais pequenos
Alfredo da Conceição desenhou centenas de espécies da fauna e flora portuguesas e moçambicanas
5*Exce
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14 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Áreas que geram mais emprego têm falta de trabalhadores qualifi cados
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
A engenharia é uma das áreas em que as empresas estão a ter dificuldade em encontrar pessoal com elevada formação
Portugal não está a conseguir formar
profi ssionais qualifi cados em núme-
ro sufi ciente para responder às ne-
cessidades das empresas, sobretudo
no turismo, nas tecnologias da infor-
mação e nas engenharias associadas
à indústria. Esta escassez de trabalha-
dores para as áreas que estão a gerar
mais emprego, alerta a Hays (uma
consultora de recursos humanos),
está a travar o desenvolvimento do
mercado de trabalho nacional.
Num relatório divulgado ontem, a
Hays coloca Portugal entre os países
com maiores problemas de ajusta-
mento entre as competências dos tra-
balhadores e as necessidades das em-
presas — ao lado de Espanha, Irlanda,
Japão e Estados Unidos — e onde a
pressão para os empregadores paga-
rem salários acima da média é mais
elevada, porque só assim conseguem
recrutar e reter os melhores.
Para Carlos Maia, director regional
da Hays em Portugal, este problema
“continua a ser o grande travão do
dinamismo no mercado de trabalho
português, impedindo as empresas
de aumentar as suas estruturas de
acordo com os seus planos de expan-
são e crescimento”. “A falta de diá-
logo entre as instituições de ensino
e os empregadores tem gerado, nos
últimos anos, um enorme exceden-
te de profi ssionais qualifi cados em
áreas de pouca empregabilidade,
enquanto milhares de vagas de em-
prego permanecem em aberto por
falta de candidatos”, acrescenta em
declarações ao PÚBLICO. O resulta-
do é que nas áreas que estão a criar
mais emprego — tecnologias da infor-
mação, engenharia e turismo — “não
estão a ser formados profi ssionais su-
fi cientes para o nível de procura”.
Carlos Maia reconhece que a “fuga
de profi ssionais para o estrangeiro
veio agravar o problema”, mas essa
saída “será mais uma consequên-
cia do que uma causa deste dese-
quilíbrio de competências”. “Se é
verdade que muitos destes profi s-
sionais são atraídos pelos valores
salariais e condições oferecidas
noutros países, também é um fac-
to que muitos dos que emigraram
fi zeram-no por não encontrarem
oportunidades na área onde se for-
maram e onde esperavam poder
pressões salariais globais; as pressões
salariais nas ocupações altamente
qualifi cadas e na indústria que ne-
cessita dessa mão-de-obra.
O relatório destaca os desenvolvi-
mentos positivos registados em qua-
tro países entre 2014 e 2015. Portugal
é um deles (ao lado da Austrália, do
México e do Chile). A Hays realça o
ligeiro crescimento económico, a di-
minuição do desemprego e a melho-
ria dos indicadores relacionados com
a fl exibilidade do sistema de ensino
e do mercado de trabalho.
Contudo, essas melhorias não fo-
ram sufi cientes para anular o facto de
o país ter uma pontuação máxima no
desajustamento entre oferta e procu-
ra e na pressão salarial registada nas
ocupações altamente qualifi cadas. É
isso que faz com que, no índice glo-
bal da Hays, Portugal continue com
5,9 pontos tal como em 2014 e que
seja um dos 11 países com uma pon-
tuação mais negativa. Pior do que
Portugal estão, por exemplo, os Es-
tados Unidos, a Suécia, a Espanha
ou a Alemanha. Os melhores são a
Bélgica, a Itália e Hong Kong.
O desajustamento entre a oferta
e a procura é de resto um problema
patente nos relatórios mensais do
Instituto do Emprego e Formação
Profi ssional (IEFP). A maioria dos
desempregados inscritos nos centros
de emprego (86%) tem baixas quali-
fi cações, mas quando se olha para
o número de colocações efectuadas
e as ofertas de emprego que fi cam
desertas, também aqui parece não
haver casamento entre as competên-
cias dos candidatos a emprego e as
necessidades das empresas.
Os dados mais recentes mostram
que, em Setembro, os centros de em-
prego receberam um pouco mais de
17 mil ofertas de emprego, mas só
colocaram 11.757 desempregados.
Estudo da Hays diz que Portugal é um dos cinco países onde as empresas têm mais difi culdade em encontrar os recursos de que necessitam. Turismo, tecnologia e engenharia são as áreas mais afectadas
TrabalhoRaquel Martins
ensino e, sobretudo, nos emprega-
dores, que precisam de recrutar com
urgência. Na prática, as empresas
estão neste momento à procura de
competências que, na melhor das hi-
póteses, se encontram ainda em fase
de formação ou de requalifi cação”,
lamenta.
O desajustamento entre as quali-
fi cações dos trabalhadores e as ne-
cessidades das empresas é uma das
componentes do Hays Global Skills
Index, um indicador que mede as
difi culdades do mercado de mão-
de-obra qualifi cada em 31 países,
atribuindo-lhes uma pontuação de
zero a dez (em que dez é a nota mais
negativa). Este indicador resulta da
análise de outras seis componentes,
como a fl exibilidade do sistema de
educação para se adaptar às neces-
sidades das empresas; o nível de par-
ticipação no mercado de trabalho; a
fl exibilidade da legislação laboral; as
construir uma carreira”, refere.
A Hays alerta ainda que o desajus-
tamento de competências pode ser
agravado pelo elevado desemprego
de longa duração, que no segundo
trimestre de 2015 afectava 64% dos
620 mil desempregados.
Para o director regional da empre-
sa, “algo está errado num mercado
de trabalho em que tantos desempre-
gados de longa duração coexistem
com milhares de vagas de emprego
por preencher”. E tenta encontrar
algumas explicações para isso: “De
algum modo, estes profi ssionais no
desemprego parecem não ter as
competências específicas que os
empregadores procuram neste mo-
mento”.
A aposta tem de ser na requalifi -
cação, mas esse “será um processo
longo, e nunca fácil”. “Até lá, o de-
sequilíbrio mantém-se e coloca uma
enorme pressão nas instituições de
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | ECONOMIA | 15
Os contratos a prazo que atinjam a
sua duração máxima (três renova-
ções, com o máximo de três anos
para a generalidade dos casos) a 8
de Novembro já não poderão bene-
fi ciar do regime de renovação extra-
ordinária que está em vigor desde
2013. A notícia, avançada pelo Jornal
de Negócios, é confi rmada por vários
especialistas, que alertam que as em-
presas que ignorem esta mudança se
arriscam a ter de integrar esses traba-
lhadores no seu quadro de pessoal.
Actualmente, está em vigor um
regime que permite estender a du-
ração dos contratos por mais 12 me-
ses do que prevê o Código do Tra-
balho, desde que essa extensão não
vá para lá de Dezembro de 2016.
A lei que previa esta possibilidade
entrou em vigor a 8 de Novembro de
2013 e estabelece que “podem ser
objecto de duas renovações extraor-
dinárias os contratos de trabalho a
termo certo que, até dois anos após
a entrada em vigor da presente lei,
atinjam os limites máximos de du-
ração estabelecidos (...) no Código
do Trabalho”.
Ora, a 8/11/2015 passam dois anos
desde que a Lei 76/2013 entrou em
vigor, pelo que, na opinião dos advo-
gados Pedro Furtado Martins e Inês
Arruda, todos os contratos a termo
que atinjam o limite máximo nesta
data já não poderão benefi ciar da
Contratos a prazo voltam a ter, no máximo, três anos
extensão e passam a regular-se pe-
lo que está previsto no Código do
Trabalho. Isto leva a que, por exem-
plo, um contrato a prazo que atinja
o limite máximo a 7 de Novembro
ainda possa benefi ciar da extensão
por mais 12 meses. Mas se os limites
máximos forem alcançados de 8 de
Novembro em diante já não será pos-
sível e aplica-se o regime geral.
O Código do Trabalho prevê que,
depois de o contrato ter sido reno-
vado por três vezes (no máximo de
três anos para a generalidade dos
casos; de 18 meses, quando se tra-
ta de pessoa à procura do primeiro
emprego; ou de dois anos, quando se
trata de contratar trabalhadores para
o lançamento de nova actividade de
duração incerta ou no início de labo-
ração de empresas com menos 750
trabalhadores), a entidade patronal
comunica ao trabalhador a caduci-
dade do contrato ou então terá que
o integrar no quadro.
Quando, em 2013, apresentou
a proposta aos parceiros sociais, o
ministro do Emprego e da Segurança
Social, Pedro Mota Soares, justifi cou
a medida devido à situação que o pa-
ís atravessa. “Tempos excepcionais
exigem medidas excepcionais. É por
isso que o Governo propõe uma re-
novação transitória e excepcional
dos contratos a termo. Entre uma
situação de contrato a termo e uma
situação de desemprego, é sempre
preferível defender uma situação de
emprego”, justifi cou.
Raquel Martins
RUI SOARES
Contrato que atinja o limite a 7 de Novembro pode ainda ter extensão
PAULO RICCA
Ainda não foi definida a quota de pesca de sardinha para 2016
As organizações de produtores de
Sesimbra e de Setúbal, as únicas que
ainda têm quota disponível para pes-
car sardinha, vão poder fazer as cap-
turas até 31 de Dezembro, mais dois
meses do que estava inicialmente
previsto. De acordo com a Secreta-
ria de Estado do Mar restam apenas
150 toneladas para pescar e um des-
pacho publicado na passada quarta-
feira veio aumentar o prazo admitido
para as capturas.
A medida apanhou de surpresa
a Associação Nacional das Organi-
zações de Produtores da Pesca do
Cerco (Anopcerco). Humberto Lo-
pes, presidente daquela associação
que representa sete organizações de
produtores, lança duras críticas à se-
cretaria de Estado garantindo que,
ao contrário do que é mencionado
no Diário da República, a Anopcerco
não foi ouvida sobre o prolongamen-
to do prazo.
Além disso, argumenta, Dezem-
bro já é um mês de desova intenso e
prolongar a pesca até essa altura não
benefi cia a preservação da espécie.
“Neste momento, não se pode dizer
que a pesca da sardinha está parada
em Portugal. [A interrupção] seria
o rumo certo se estivéssemos preo-
cupados com o estado do recurso”,
disse ao PÚBLICO. Há apenas duas
organizações com quota de sardi-
nha disponível para pescar e, com o
aumento do prazo, “torna-se difícil
explicar aos restantes pescadores o
sacrifício que têm de fazer ao esta-
rem parados”.
Contactada, a Secretaria de Estado
do Mar explica que “a dilatação do
prazo de captura de sardinha decorre
da portaria em vigor e visou apenas
garantir que toda a quota disponível
seria sempre capturada”. Fonte ofi -
cial diz ainda as 150 toneladas que
sobram representam “pouco mais
de 1% do total”. “Ao ritmo a que tem
estado a decorrer, a captura da tota-
lidade da quota deve acontecer nas
próximas semanas”, esclarece.
Este ano, foi defi nido um limite to-
tal de 13 mil toneladas para as artes
de cerco, repartidas por dois perío-
dos (4000 toneladas entre Março e
Maio e 9000 toneladas entre Junho
Pescadores só têm mais 150 toneladas de sardinha para pescar até final do ano
transformadora, nomeadamente da
indústria conserveira”. As capturas
estão a apresentar “um bom rendi-
mento em algumas zonas da costa on-
de a pesca ainda decorre”, justifi ca.
No fi nal de Agosto, a Organização
de Produtores do Centro (Nazaré
e Peniche) esgotou a sua quota e a
pesca foi interdita naquelas zonas.
Também os armadores de Portimão
fi caram impedidos de sair para o
mar, porque esgotaram a quota local
anual de 700 toneladas de captura
de sardinha.
Ainda não se sabe qual o limite de
pesca para 2016. O Conselho Interna-
cional para a Exploração dos Mares
(ICES na sigla inglesa) recomendou
que a captura de sardinha em águas
ibéricas não deve ultrapassar as 1587
toneladas. Assunção Cristas, ministra
da Agricultura, disse que o parecer
não será seguido “porque parte de
um pressuposto errado de metodo-
logia”. Humberto Lopes lembra que
foi prometida, até fi nal de Outubro,
uma análise científi ca à espécie, o
que ainda não se concretizou.
e Outubro) e atribuídas às organi-
zações de produtores. Cerca de 3%
foram reservadas para armadores
independentes.
Com o prazo a aproximar-se do
fi m, o executivo decidiu “ajustar”
os limites diários fi xados para as
embarcações, “aumentando-os na
medida do necessário para melhor
corresponderem ao contexto em que
actualmente a pescaria se desenvol-
ve”. Assim, as embarcações com
comprimento igual ou inferior a nove
metros não podem descarregar mais
de 2,5 toneladas de sardinha por dia.
Os barcos com mais de nove metros
e menos de 16 têm como limite 4,5
toneladas diárias; os de dimensão su-
perior a 16 metros têm seis toneladas.
A Anopcerco deu o seu aval quanto
ao aumento destes limites, mas não
se pronunciou sobre o alargamento
do prazo.
De acordo com o despacho publi-
cado quarta-feira, nesta altura do
ano a maior parte do peixe captura-
do destina-se “de forma mais acen-
tuada ao abastecimento da indústria
PescasAna Rute Silva
Prazo permitido para a pesca foi prolongado dois meses. Anopcerco diz que a medida não ajuda a preservar a espécie
16 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Oligarca russo quer investir 3,6 mil milhões na Oi e na fusão com a TIM
A Oi, que tem uma dívida de mais de seis mil milhões de euros, há muito que procura uma aproximação à TIM
O segundo homem mais rico da
Rússia apontou baterias ao Brasil.
O fundo de investimento de Mikhail
Fridman, que segundo a Forbes tem
uma fortuna de 14,7 mil milhões de
dólares, avançou com uma propos-
ta formal de interesse na Oi, desde
que a empresa que já foi dona da PT
Portugal consiga fundir-se com a TIM
Brasil.
Há um cheque de quatro mil mi-
lhões de dólares (3,8 mil milhões de
euros) que chegará aos cofres da
Oi sobreendividada (dívida de 34,6
mil milhões de reais ou oito mil mi-
lhões de euros no fi nal do primeiro
semestre), se a sua gestão conseguir
convencer a Telecom Itália (que tem
como maior accionista a Vivendi)
de que a fusão das duas empresas
é um bom negócio. A Oi explicou
em comunicado que o seu assessor
fi nanceiro, o BTG Pactual, recebeu a
indicação de que “a Letter One esta-
ria disposta a realizar um aporte de
até quatro bilhões de dólares na Oi,
condicionada à operação de conso-
lidação [com a TIM]”.
A Letter One é o grupo encabeçado
por Mikhail Fridman, que nos seus
órgãos de administração tem outros
bilionários russos (German Khan e
Andrei Kosogov, por exemplo), um
ex-ministro russo (Petr Aven), um
ex-ministro britânico (Lord Davies
of Abersoch) e um antigo primeiro-
ministro da Suécia (Carl Bildt), en-
tre outros notáveis. Os seus fundos
investem essencialmente nas áreas
da energia (a empresa de petróleo
e gás DEA) e telecomunicações (a lí-
der de mercado turca Turkcell e a
VimpleCom, que está sedeada em
Amesterdão e tem actividades em
14 países).
Fridman nasceu na Ucrânia, em
1964. Reza a sua biografi a no site da
Letter One que se estreou como em-
preendedor em 1988, na companhia
de alguns amigos da universidade,
com um negócio de lavagem de jane-
las. Hoje é dono do grupo Alfa, que
controla um dos maiores bancos pri-
vados da Rússia, o Alfa Bank, e tem
presença em sectores de actividade
como o retalho. Criou a Letter One
em 2013 com dinheiro que ganhou
com a venda da petrolífera TNK-BP
à petrolífera estatal Rosneft para in-
(controlada pela Telecom Italia) e
depois repartir os seus activos com
as rivais Claro e Vivo.
Nessa época, a Oi ainda era presidi-
da por Zeinal Bava (que foi demitido
em Outubro do ano passado), mas as
ondas de choque do escândalo do
papel comercial da Rioforte já se fa-
ziam sentir, pondo em evidência as
difi culdades fi nanceiras da empresa,
sobreendividada e sem capacidade
de crescimento. Cedo se levantaram
dúvidas sobre a capacidade da Oi em
liderar uma operação dessa nature-
za, havendo quem sugerisse que se-
ria esta operadora que acabaria, mais
tarde ou mais cedo, por ser integrada
numa rival.
Para já, a Oi, que tem como maior
accionista a Pharol SGPS (27,5% do
capital), a sociedade presidida por
Luís Palha da Silva que reúne ex-ac-
cionistas da antiga PT, como o No-
vo Banco, diz que está a analisar a
proposta da Letter One com os seus
assessores legais e fi nanceiros. Com
o anúncio da operação, as acções da
Pharol subiram 13% em bolsa, para
0,382 euros.
A TIM, como já tinha feito no ano
passado quando se falou na possibi-
lidade de vir a ser retalhada às postas
pelas rivais, veio pôr água na fervura
e garantiu em comunicado “que não
tem nenhuma negociação em cur-
so” nem com a Oi, nem com o fun-
do russo, tendo em vista “qualquer
potencial consolidação no mercado
brasileiro”.
A TIM é a segunda maior opera-
dora móvel do Brasil, mas não tem
oportunidades de crescimento no
fi xo e na televisão. Já a Oi tem uma
posição forte no fi xo, mas é a quarta
no móvel e só com a compra da TIM
poderia competir com a Vivo e a Cla-
ro. No fi nal de 2014 tinham cada uma
cerca de 75 milhões de clientes.
Mikhail Fridman quer criar novo gigante das telecomunicações no Brasil. Acções da Pharol, onde estão ex-accionistas da antiga Portugal Telecom, como o Novo Banco, disparam mais de 13% em bolsa
TelecomunicaçõesAna Brito
vestir em projectos internacionais.
Desde Agosto do ano passado que
a Oi andava activamente a procurar
de uma forma participar numa ope-
ração de consolidação no mercado
brasileiro de telecomunicações. Uma
das possibilidades que chegou a ser
noticiada foi a de comprar a TIM
RUI GUADÊNCIO
Fonte: Reuters/empresas PÚBLICO
Quem está no capital das duas empresas
Peso no capital (%)
BNDES1,83
BTGPactual
2,57
Telemar3,74
Ontario TeachersPension Plan5,89
TIMOi
Outros58,48
Pharol SGPS27,49
Minoritários33
Telecom Itália67
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | ECONOMIA | 17
O investimento de Mikhail Fridman nas telecomunicações ficou marcado por um braço-
-de-ferro com a companhia norueguesa Telenor, em 2011. Quer a operadora nórdica, quer o grupo Alfa, do bilionário russo, eram accionistas da empresa de telecomunicações russa VimpelCom, mas ambos tinha ideias diferentes sobre o futuro do negócio.
E foi Fridman que levou a melhor quando conseguiu fazer aprovar a compra da Weather Investments, sociedade onde estavam concentrados activos de telecomunicações do bilionário egípcio Naguib Sawiris, num negócio de mais de 6 mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros). A Altimo, do grupo Alfa, tinha 45% dos direitos de voto da VimpleCom e a Telenor apenas 36%.
A VimpelCom, que é actualmente gerida através do fundo L1Technology, da Letter One, conseguiu transformar-se naquilo que a Forbes diz ser a sexta maior empresa de telecomunicações do mundo. Com sede em Amesterdão, tem operações em 14 países (Rússia, Itália, Ucrânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Arménia, Quirgiquistão, Laos, Bangladesh, Paquistão e Zimbabwe) e oferece serviços de voz e dados fixos e móveis. Um modelo de desenvolvimento regional semelhante ao da Turkcell, que a Letter One diz ser a empresa líder de telecomunicações da Turquia, com 67,9 milhões de clientes na Turquia e em várias ex-repúblicas soviéticas.
A aposta nas telecomunicações
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Fraude montada pelo moldavo Andrey Ghinkul assentava num software malicioso chamado Dridex
No mundo da informação a alta velo-
cidade, as fraudes informáticas não
são casos rápidos de resolver. Em
Agosto, quando as autoridades de
Chipre prenderam o moldavo Andrey
Ghinkul, o software malicioso que es-
te espalhava para roubar dados ban-
cários já tinha há vários meses caído
nos radares de empresas e organis-
mos de segurança informática.
O esquema de Ghincul (de 30 anos,
também conhecido online como
“Smilex”) era operado com a ajuda
de vários cúmplices. Afectou vários
países, embora não haja registo de
que a fraude, que desviou dinheiro
sobretudo de contas de empresas,
tenha tido consequências em Portu-
gal. Nos EUA, o grupo conseguiu des-
viar cerca de dez milhões de dólares,
segundo informação divulgada este
mês pelo FBI. No Reino Unido, foram
20 milhões de libras.
O esquema fraudulento assentava
num software malicioso chamado Dri-
dex, que é uma variante de um outro,
identifi cado há vários anos, e de que
foram entretanto descobertas várias
mutações. A empresa espanhola de
segurança informática S21Sec, uma
Na Internet, um vírus pode ter vida longa e roubar dinheiro
das várias que colaboraram com as
autoridades na detecção do esquema
fraudulento (e propriedade da Sona-
ecom, dona do PÚBLICO), tinha dado
conta da existência desta nova varian-
te já no ano passado. “Todos os dias
analisamos 40 mil casos de malwa-
re”, explica Igor Unanue, director
de tecnologia da empresa. “Quando
são situações mais graves, avisamos
as autoridades de cada país”. Tam-
bém no fi nal de 2014, a Proofpoint,
outra empresa de segurança, alerta-
va no seu site que o Dridex estava a
ser distribuído por email, através de
fi cheiros Word.
A descoberta do esquema, a deten-
ção de Ghincul (que os EUA estão a
tentar que seja extraditado) e o des-
mantelamento da rede informática
em que a fraude assentava envolveu
o FBI, a Europol, a Agência de Crime
Nacional do Reino Unido, as autori-
dades moldavas e várias empresas de
segurança informática.
O Dridex era distribuído sobretudo
através de emails fraudulentos, que
tentavam enganar os destinatários
apresentando-se como mensagens
semelhantes às de instituições ver-
dadeiras. É a chamada técnica de
phishing. Para que este primeiro pas-
so tenha sucesso, era preciso que os
utilizadores abrissem documentos do
Word ou Excel. Se as confi gurações
destes programas o permitissem, o
documento fazia então com que o
software malicioso fosse descarrega-
do e este passava a registar dados de
acesso a contas bancárias. Uma vez
obtidos os dados, eram feitas transfe-
rências de dinheiro para as contas das
chamadas “mulas de dinheiro”, que
tipicamente são pessoas com contas
do mesmo banco visado pelos crimi-
nosos, de forma a que a transferência
seja imediata. Estas “mulas” pode ser
recrutadas via anúncios de emprego
e não sabem que estão a participar
num crime.
Como é típico nos ataques infor-
máticos, mesmo quando o objectivo
é roubar dados bancários, há outras
fontes de negócio que os atacantes
podem explorar. Os computadores
infectados com o Dridex podiam tam-
bém ser usados como parte de uma
rede de computadores controlada pe-
los atacantes e que podia servir para
enviar spam, para espalhar o próprio
Dridex ou para levar a cabo ataques
de negação de serviço, que inundam
um site com pedidos de acesso até
que este deixe de responder. No sub-
mundo do cibercrime, este género de
redes é um recurso importante e po-
dem até ser alugadas a quem queira
fazer ataques específi cos.
Os países mais afectados em ter-
mos de número de infecções foram o
Reino Unido (com 115 mil casos identi-
fi cados entre Agosto de 2014 e o mes-
mo mês deste ano), França e EUA, de
acordo com dados fornecidos pela
S21Sec. “Acompanhámos de perto
como é que isto ia evoluir em Por-
tugal”, recorda o vice-presidente da
empresa para o mercado português,
Pedro Leite. “Esta ameaça apanhou
credenciais de bancos portugueses,
mas não houve nenhum ataque diri-
gido à banca nacional.”
TecnologiaJoão Pedro Pereira
Esquema que roubava dados de contas bancárias foi desmantelado pelas autoridades, com apoio de empresas como a S21Sec
A Metro do Porto e a STCP assinaram
ontem com as empresas Transdev e
Alsa (respectivamente), os contra-
tos de subconcessão da exploração
e manutenção dos seus sistemas de
transportes por um período de dez
anos. Os contratos deverão agora ser
submetidos ao Tribunal de Contas
para a necessária obtenção de vis-
to prévio. Tal como foi feito com os
contratos de subconcessão referen-
tes aos transportes de Lisboa — Me-
tropolitano de Lisboa e Carris — a
assinatura foi feita em cerimónia
privada e, desta vez, sem prévia di-
vulgação.
A entrada da acção popular patro-
cinada pelo Bloco de Esquerda não
teve nenhuma decisão judicial que
difi cultasse o avanço do processo,
pelo que, apurou o PÚBLICO junto
de fonte da Metro do Porto, o tempo
que passou desde que foram conhe-
cidos os resultados do ajuste directo
decidido pelo Governo (e que deu
um prazo de 12 dias para que novos
concorrentes apresentassem uma
proposta) e que deu lugar à entrada
de sete propostas combinadas às sub-
concessões do Metro do Porto e da
STCP) é justifi cado pela normal de-
mora na tramitação para a redacção
das minutas do contrato. O anúncio
da Alsa e da Transdev como vence-
dores do concurso foi feito já a 4 de
Setembro, pelo que esse processo
demorou quase dois meses.
Os dois contratos vão ser agora
analisados pelo Tribunal de Contas,
que tem um prazo de 30 dias úteis
para se pronunciar sobre eles, em se-
de de análise de visto prévio. O prazo
é interrompido de cada vez que há
pedidos de esclarecimento, não se
sabendo, para já, se o organismo que
fi scaliza as contas do Estado tirou já
muitas das suas dúvidas quando
analisou o contrato que esteve para
ser assinado com o consórcio TMB/
Aventis, liderado pelo Metro de Bar-
celona — num concurso que acabou
cancelado, para dar lugar ao proce-
dimento de ajuste directo.
O concurso fi cou resolvido em ple-
na campanha eleitoral, tendo o PS, o
Bloco de Esquerda e o PCP esgrimido
o cancelamento destas concessões
como bandeiras de campanha. Numa
altura em que ainda não se conhece
a composição do Governo que vai to-
mar posse na próxima legislatura,
certo é que os contratos agora assi-
nados ainda não estão em condições
de entrar em vigor.
Contratos do Metro do Porto e STCP assinados
Subconcessões Luísa Pinto
18 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
TOSHIFUMI KITAMURA/AFP
Escândalo de emissões da VW pode beneficiar a concorrência
Na luta pelo topo das tabelas de
vendas, a Toyota, que no primeiro
semestre do ano tinha perdido a po-
sição para a Volkswagen, voltou a
assumir o primeiro lugar. Os dados
de vendas dos primeiros nove meses
de 2015 publicados ontem mostram
que o construtor japonês ultrapas-
sou o concorrente alemão.
No total, entre Janeiro e Setembro,
a Toyota vendeu 7,498 milhões de
viaturas a nível global, contra 7,430
milhões da Volkswagen. Apesar da
ultrapassagem, está ainda por per-
ceber o impacto que a manipulação
de emissões do grupo germânico te-
rá nas vendas. O escândalo só veio a
público no fi nal de Setembro, pelo
que só quando forem conhecidas as
vendas do quarto trimestre será pos-
sível analisar a extensão dos danos
nas vendas da Volkswagen.
Apesar de a Toyota ter vendido
mais do que a Volkswagen, ambas
as empresas viram as vendas cair
a nível global em igual proporção.
Em comparação com igual perío-
do do ano anterior, as vendas de
cada grupo recuaram 1,5% em ter-
mos de unidades. Para a Volkswa-
gen, o crescimento dos mercados
europeu e norte-americano não
conseguiu compensar as quedas
em países como China e Brasil. Na
Europa, o grupo cresceu 3,2%, um
ritmo semelhante ao verifi cado nos
Estados Unidos, onde a subida foi
de 3,6%.
No entanto, o abrandamento
da economia chinesa levou a uma
perda de 5,2%. O mesmo aconteceu
no Brasil, mas de forma mais acen-
tuada, com as vendas a recuarem
33,4%, em linha com o mercado sul-
americano (-25%). As sanções eco-
nómicas impostas à Rússia ajudam
a explicar que, em termos percentu-
ais, foi neste mercado que o grupo
alemão mais perdeu, com um recuo
de 37,6%.
O fraco desempenho da econo-
mia japonesa contribui para queda
nas vendas naquele mercado, que
caiu 7,8% nos primeiros nove meses
do ano. Fora do Japão, verifi cou-se
um ligeiro aumento neste indicador,
com as vendas a subir 0,4%. Ao con-
trário da concorrente, a Toyota não
Toyota ultrapassa Volkswagen nas vendas e volta a ser o maior construtor mundial
discrimina os resultados por região,
fazendo apenas a divisão entre ven-
das no Japão e no estrangeiro.
O fi m-de-semana trouxe novida-
des diferentes para os dois grupos
que disputam o primeiro lugar da
tabela de vendas. A Toyota apresen-
tou o Mirai, um modelo híbrido com
motor eléctrico movido a hidrogé-
nio que representa mais um passo
na estratégia da companhia em fa-
bricar veículos mais ecológicos.
Para a VW, as notícias continuam
pouco animadoras. O Financial Ti-
mes revela que a Comissão Europeia
sabia da manipulação dos testes des-
de 2013 (ver caixa) e dá conta de que
pelo menos dez responsáveis da em-
presa foram suspensos na sequência
da investigação interna do grupo.
EmpresasCamilo Soldado
Impacto da manipulação de emissões ainda não se reflecte nas vendas do grupo germânico
Comissão Europeia sabia de manipulação de testes de emissões desde 2013
A Comissão Europeia sabia da existência da manipulação de testes de emissão de gases nocivos desde 2013.
A notícia foi avançada pelo jornal britânico Financial Times, que revela correspondência entre comissários europeus, na qual o responsável pelo ambiente expressa “preocupações generalizadas” sobre a manipulação dos testes. Os documentos datam de 2013, ou seja, dois anos antes de as autoridades norte-americanas tornarem público que a Volkswagen tinha contornado os testes. Na carta que data de Fevereiro de 2013, o então comissário europeu do Ambiente, Janez Potocnik, escrevia ao comissário da Indústria, Antonio Tajani, que vários ministros da União Europeia acreditavam haver “discrepâncias significativas” entre as emissões verificadas nos testes em laboratório e as registadas em condução
real. Potocnik acrescentava ainda que esta seria a “razão principal” para que os padrões de qualidade do ar não encaixassem nos requeridos pela legislação comunitária. Entre as medidas para aplicar à indústria automóvel sugeridas pelo comissário do Ambiente a Antonio Tajani estavam a retirada de aprovação de emissões a vários modelos de automóveis e a exigência de medidas de correcção aos seus construtores. Apesar dos avisos do comissário Potocnik (que não quis comentar o assunto ao FT), Bruxelas não tomou medidas imediatas, permitindo à indústria automóvel manter os mecanismos de contorno dos testes até 2017. As discrepâncias entre emissões em laboratório e emissões em condução de estrada foram detectadas em 2011 pelo Centro de Investigação Conjunta da Comissão Europeia, escreve o jornal.
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015
PSI 20 -0,21 5411,52 672771162 5394,73 5424,69 5365,20 0,64 12,76ALTRI 2,29 4,33 774485 4,24 4,35 4,24 6,33 74,39BANIF -7,14 0,00 321049715 0,00 0,00 0,00 -22,22 -54,39BPI -2,41 1,09 1853177 1,13 1,13 1,08 5,75 6,63BCP -4,92 0,05 281840790 0,05 0,05 0,05 -7,21 -23,59CTT CORREIOS 2,14 10,28 357701 10,03 10,29 10,02 0,55 28,23EDP 0,47 3,43 4588341 3,41 3,43 3,38 0,38 6,53EDP RENOVÁVEIS -1,15 6,20 226779 6,26 6,26 6,16 1,69 14,66GALP ENERGIA -2,42 9,62 1478571 9,95 9,95 9,56 0,61 14,13IMPRESA -1,1 0,63 32657 0,64 0,65 0,63 -6,75 -20,30J. MARTINS -0,12 12,84 1491114 12,58 13,00 12,47 2,15 53,99MOTA-ENGIL 7,63 2,36 4250837 2,25 2,38 2,20 3,45 -11,50NOS 0,92 7,47 602833 7,39 7,47 7,33 3,27 42,63PHAROL 13,35 0,38 50768127 0,34 0,39 0,33 -1,46 -55,79PORTUCEL 0,88 3,68 788447 3,65 3,71 3,62 3,67 19,29REN -0,82 2,77 527910 2,79 2,80 2,75 -0,29 14,96SEMAPA 3,27 12,64 98151 12,37 12,68 12,33 2,38 26,08TEIXEIRA DUARTE -1,13 0,44 12750 0,44 0,44 0,44 -1,78 -38,68SONAE 0,36 1,13 2028777 1,12 1,14 1,12 -0,09 10,25
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BANIF 321.049.715BCP 281.840.790PHAROL 50.768.127EDP 4.588.341MOTA-ENGIL 4.250.837
PHAROL 13,35%MOTA-ENGIL 7,63%SEMAPA 3,27%
BANIF -7,14%BCP -4,92%GALP ENERGIA -2,42%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
2,000
2,375
2,750
3,125
1,10490,7197133,694,31841,0862
-0,061%0,01%
46,221162,95
0,295%2,455%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
3000
3200
3400
3600
3800
4700
4950
5200
5450
5700
0,0100
0,0225
0,0350
0,0475
0,0600
-0,21%-0,33%-0,13%
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€59,99UNID.
20 | MUNDO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Segunda volta presidencial enterra o kirchnerismo na Argentina
As sondagens à boca das urnas já
prenunciavam a realização de uma
segunda volta, inédita na história
eleitoral do país, para a escolha do
futuro Presidente da Argentina. Mas
o curto intervalo na votação que se-
parou o candidato “ofi cialista” Daniel
Scioli, o herdeiro político de Cristina
Fernández de Kirchner, do principal
líder da oposição, Mauricio Macri,
foi uma verdadeira surpresa — e de
tal maneira que já se começam a
escrever os epitáfi os do chamado
“kirchnerismo”, que parece ter cum-
prido o seu ciclo de vida e entrado
em extinção independentemente do
desfecho fi nal marcado para 22 de
Novembro.
A diferença de dois pontos entre
os dois concorrentes mais votados,
que na linguagem dos inquéritos de
opinião seria classifi cada como um
“empate técnico”, operou uma re-
viravolta inesperada no panorama
eleitoral, transformando Mauricio
Macri no favorito à vitória. O conser-
vador chefe do governo da cidade de
Buenos Aires, além do eleitorado de
centro-direita, representa a aspira-
ção de uma mudança de rumo após
12 anos de kirchnerismo: se na corri-
da a seis, conseguiu atrair 34,5% dos
votos, quem sabe quanto valerá ago-
ra a sua candidatura agregadora do
descontentamento contra o regime
de Kirchner, chamada simplesmente
“Mudemos”?
“O que aconteceu hoje muda a po-
lítica deste país”, exultou Macri, as-
sim que se tornou claro o curto inter-
valo que o separava de Daniel Scioli,
o homem que esteve sempre à frente
nas sondagens (e no início da longuís-
sima noite eleitoral ainda chegou a
acreditar na vitória à primeira volta).
Não é preciso fazer contas complica-
das para perceber como a aritmética
eleitoral favorece agora o candidato
da oposição: 65% dos eleitores ar-
gentinos votaram pela mudança, e
um entusiástico Macri apelou a todos
os que “se dispuseram a apostar no
futuro” e àqueles que votaram por
hábito ou tradição e não por con-
vicção, “até mesmo em Scioli”, a
continuar a “olhar para a frente”.
A campanha de Daniel Scioli, co-
meça a absorver o choque e a deline-
ar a estratégia para a segunda volta,
para a qual parte atordoada e vulne-
rável. Numa primeira reacção, o can-
didato do Governo convidou os inde-
cisos e os independentes a “juntar-
se à causa” e acompanhá-lo “até ao
fi m”. As suas palavras presumem o
apoio da máquina peronista, que em
democracia só não conseguiu eleger
dois dos 11 presidentes da Argentina.
O problema para o putativo sucessor
de Cristina é que, aparentemente, a
máquina “engasgou-se”, incapaz de
resolver o dilema que é a “continui-
dade com mudanças” — no fundo,
um problema de identidade.
Além de transformar Mauricio Ma-
cri no favorito, a surpresa eleitoral
teve o condão de aproximar Daniel
Scioli do populismo da Presidente.
Na noite de domingo, o candidato
falou nos progressos económicos
e sociais da última década, desde a
campanha de privatizações à justiça
para as vítimas da ditadura; ontem
foi mais longe e, rompendo com a
sua imagem de afabilidade, atirou-se
duramente ao seu adversário, que
defi niu como o “candidato do ajuste
e da austeridade”. “A palavra mudan-
ça pode parecer sedutora, mas temos
de debater que tipo de mudança é
que a direita quer. Principalmente,
precisamos de garantir as nossas con-
quistas, de cuidar do trabalho, da in-
dústria e da soberania energética”,
sublinhou, num discurso dirigido aos
trabalhadores que poderia ter sido
escrito pessoalmente por Cristina
Kirchner.
“Cumpri a nossa promessa. Dei-
xamos [aos argentinos] um país
normal”, afi rmou a Presidente no
domingo, à entrada para a assem-
bleia de voto. A declaração, com a
inevitável evocação do legado do
seu marido, que morreu em 2010,
remetia para a “década dourada” da
Argentina com os Kirchner: Néstor,
que governou entre 2003 e 2007, e
supervisionou o “milagre económi-
co” que retirou o país da recessão e
da bancarrota; Cristina aprofundou
os benefícios sociais e subiu a parada
da política externa, tornando-se uma
fi gura central do eixo regional latino-
O candidato conservador Mauricio Macri agrega o descontentamento com as políticas de Kirchner
O candidato da oposição, Mauricio Macri, torna-se o favorito à vitória e força o movimento peronista a procurar uma nova identidade
Eleições Rita Siza
americano contra a hegemonia dos
Estados Unidos.
Hoje, os comentadores e analistas
questionam-se (e desentendem-se)
quanto à capacidade de resistência
do peronismo, mas começam a con-
vergir na opinião de que a era kirch-
nerista se esgotará com a saída de
Cristina da Casa Rosada — mesmo se
esta deixa o poder com uma “inve-
jável” taxa de popularidade de 50%,
que pelo menos teoricamente man-
tém a porta aberta para o seu regres-
so. O modelo kirchnerista, populista,
heterodoxo e autoritário já só fun-
cionava graças à personalidade (ao
carisma?) de Cristina, argumentam.
E a “receita” kirchnerista, que efec-
tivamente retirou do desemprego e
da pobreza milhões de argentinos,
começou a ruir perante um quadro
económico global desfavorável.
Se a candidatura de Mauricio
Macri, um conservador nas ques-
tões sociais e um liberal nas eco-
nómicas, era aquela que oferecia a
maior ruptura com a via peronista
na disputa presidencial, a verdade é
que as propostas de “continuidade
com mudança” de Daniel Scioli já
representam um corte com o pas-
sado kirchnerista. A candidatura do
actual governador da província de
Buenos Aires, muito criticado pela
sua “ligeireza” ideológica, assenta
numa plataforma bastante mais
moderada do que a de Cristina,
principalmente na economia: os
resultados da primeira volta pare-
cem indicar, porém, que em vez de
alargar a base eleitoral, a infl exão ao
centro tornou a campanha de Scioli
menos “competitiva”.
Mas não foi só a desilusão eleitoral
de Scioli que desmoralizou os pero-
nistas da ala kirchnerista na noite
de domingo. A Frente para a Vitória
(que integra o Partido Justicialista)
também perdeu a sua maioria na
Câmara de Deputados, e viu a sua
infl uência regional diminuída — além
do novo Presidente, os argentinos
também elegeram 11 governadores,
metade dos deputados e um terço
dos senadores, centenas de autarcas
e, pela primeira vez, os 45 deputa-
“A palavra mudança pode parecer sedutora, mas temos de debater que tipo de mudança é que a direita quer”
Daniel ScioliCandidato da Frente para a Vitória
niel Sciolindidato da Frente para aória
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | MUNDO | 21
dos argentinos no Parlamento do
Mercosul.
Uma derrota especialmente aziaga
aconteceu em Buenos Aires, bastião
do peronismo: o candidato à substi-
tuição de Daniel Scioli à frente do go-
verno da maior província do país era
nada mais do que o chefe de gabinete
de Cristina Kirchner, Aníbal Fernan-
dez, batido pela candidata apoiada
pelo Mudemos, María Eugenia Vidal,
uma relativa desconhecida na cena
política argentina. Outra foi a perda
da província de Jujuy, sempre nas
mãos dos peronistas desde o regres-
so da democracia, em 1983.
Mas também a recomposição do
Parlamento, no qual deixou de exis-
tir uma maioria absoluta, representa
um desafi o para os peronistas, que
obrigatoriamente terão de negociar
alianças políticas, mesmo no caso de
uma vitória de Scioli. Certo é que, de-
pois de 22 de Novembro, o movimen-
to peronista entrará num processo
de recomposição e redefi nição polí-
tica — no qual Kirchner difi cilmente
terá algo a dizer.
EITAN ABRAMOVICH/AFP
Cansados da corrupção que mina a
classe política — ao ponto de o ante-
rior Presidente ter sido formalmente
acusado e forçado à demissão —, os
eleitores da Guatemala elegeram pa-
ra a chefi a de Estado um homem sem
experiência de governação: Jimmy
Morales, um popular humorista. O
candidato conservador, que é um
homem profundamente religioso,
terá como missão reconciliar o país
e devolver credibilidade às institui-
ções democráticas, atingidas por um
escândalo sem precedentes.
Morales, o líder da Frente de Con-
vergência Nacional, obteve 68,5% dos
votos, conseguindo mais um milhão
de votos do que a outra candidata
que passara à segunda volta das pre-
sidenciais, Sandra Torres. Com 33%,
a antiga primeira-dama (ex-mulher
do Presidente Álvaro Colom) e líder
da Unidade Nacional da Esperança,
formação de centro-esquerda, nem
esperou pelo fi m da contagem para
reconhecer a derrota e “desejar o
maior êxito” ao Presidente eleito.
Morales, que se tornou o candida-
to mais votado de sempre desde a
instauração da democracia, em 1985,
venceu em 21 dos 23 distritos eleito-
rais da Guatemala, diz o jornal local
El Periódico, que referia na edição
de ontem que a equipa governativa
(a Guatemala é um regime presiden-
cialista) só deverá ser conhecida em
Dezembro, uma vez que Morales e
Humorista vence presidenciais na Guatemala
pelo seu vice-presidente, Jafeth Ca-
brera, nada disseram ainda sobre
quem chefi ará que sector.
Quanto ao programa de governo,
também pouco é conhecido: durante
a campanha eleitoral, Morales disse
que as suas prioridades são a saúde,
a educação e o desenvolvimento eco-
nómico, além da tolerância zero para
com a corrupção. Ainda assim, falta-
ram propostas concretas. O manifes-
to eleitoral da Frente Convergência
Nacional, de apenas seis páginas, era
notoriamente vago. “Foi o triunfo da
antipolítica”, decretaram os comen-
tadores.
A má governação, mas sobretudo
a corrupção, é considerada a grande
responsável pelo triunfo deste polí-
tico de fora do sistema — não é total-
mente um novato: o actor, realizador
e produtor de 46 anos foi, em 2011,
candidato derrotado à presidência
do município de Mixco pelo partido
Acção de Desenvolvimento Nacional
e era desde há dois anos o secretário-
-geral da Convergência Nacional. O
seu movimento só dispõe de 7% dos
assentos da Câmara de Deputados —
os analistas antecipam uma governa-
ção conturbada, uma vez que o novo
Presidente não conta com uma base
de apoio parlamentar sólida.
No mês passado, o então Presiden-
te Otto Perez foi forçado a demitir-
se, depois de ter sido formalmente
acusado pela Justiça no âmbito de
um esquema de corrupção, lavagem
de dinheiro e fraude fi scal que en-
volve os serviços alfandegários — tal
como a sua vice-presidente, encon-
tra-se detido a aguardar julgamento.
“Como Presidente eleito, recebi um
mandato do povo da Guatemala para
combater a corrupção que nos está a
consumir”, disse Morales, que toma
possa a 14 de Janeiro.
Eleições
Jimmy Morales tem por missão devolver a credibilidade às instituições democráticas e ao próprio país
JOHAN ORDONEZ/AFP
A vitória de Jimmy Morales foi a vitória da antipolítica
Luaty quer que detidos esperem julgamento em liberdade
Os serviços prisionais angolanos li-
mitaram à mãe, à mulher e ao “ir-
mão espiritual” — o também músico
Pedro Coquenão — as visitas a Luaty
Beirão, o activista angolano que on-
tem cumpriu o trigésimo sexto dia
de greve de fome.
“É uma coisa um bocado estra-
nha, não consigo perceber”, disse
ontem à noite ao PÚBLICO, por tele-
fone, a mulher. Mónica Almeida não
compreende que Luaty não possa
sequer ser visitado pelos “irmãos
de sangue”.
A indicação de que as visitas pas-
savam a ser restringidas foi dada
“pelas pessoas da clínica” onde o
activista luso-angolano está interna-
do, mas foi uma decisão dos serviços
prisionais — afi rmou. Não foi possí-
vel obter explicações dos serviços
prisionais.
A restrição começou no domingo
e ontem à noite não havia indicações
de que pudesse terminar. Já ante-
riormente tinha havido uma instru-
ção para as visitas serem limitadas,
mas a situação foi corrigida e inter-
pretada pelos mais próximos como
um mal-entendido.
Nos últimos dias, para além de
familiares e amigos, Luaty Beirão,
detido desde 20 de Junho e em greve
de fome desde 21 de Setembro, foi
visitado por muita gente — do advo-
gado a activistas como o jornalista
Rafael Marques e representantes di-
plomáticos em Luanda, entre eles o
embaixador de Portugal.
Nas visitas que ontem lhe fez, Mó-
nica Almeida não notou alterações
visíveis no estado do marido, que
reclama para ele e para os outros 14
detidos o direito a esperarem o jul-
gamento em liberdade. “Está igual,
não há nada de novo”, afi rmou. “Fi-
zeram-lhe exames, mas ainda não
nos deram os resultados.”
Os 15 detidos, e duas outras acti-
vistas que não estão presas, são acu-
sados de rebelião e tentativa de as-
sassinar o Presidente de Angola, José
Eduardo dos Santos. Têm julgamento
marcado para dia 16 de Novembro.
A tese de insurreição foi reafi r-
mada pelo vice-procurador-geral,
Hélder Pita Grós, em declarações à
Serviços prisionais limitam visitas a Luaty à mãe, à mulher e a um amigo
Televisão Pública de Angola repro-
duzidas ontem pelo Jornal de Ango-
la. “Eles queriam alterar o quadro
actual, quer o Presidente da Repú-
blica, a Assembleia Nacional e, por-
tanto, houve de facto a necessidade
de intervenção para não permitir
que houvesse uma insurreição.”
“As consequências de uma even-
tual rebelião seriam incalculáveis.
Isso teria um efeito de bola de ne-
ve. Inicialmente, podia parecer que
nada acontecesse, mas na verdade
tudo podia acontecer e, como se diz,
mais vale prevenir do que remediar
e, às tantas, não teríamos como re-
mediar.”
No mesmo texto, de que fez man-
chete, com o título “Poder judicial é
soberano”, o Jornal de Angola publi-
ca declarações do número dois do
MPLA, partido governamental, em
Luanda, Jesuíno Silva, que qualifi ca
os apelos à libertação como pressões
para que José Eduardo dos Santos in-
terfi ra no trabalho dos tribunais.
“São os mesmos que volta e meia
questionam sem razão a indepen-
dência dos tribunais angolanos, mas
hoje, porque lhes convém, já acham
normal que o titular do poder exe-
cutivo interfi ra no judicial”, afi rma,
citado num texto que tem como sub-
título: “Dirigente do MPLA responde
aos ataques vindos de Portugal”.
“Em Angola, tal como em Portu-
gal ou em qualquer outro país eu-
ropeu, o Presidente da República
não manda nos tribunais. Isso seria
violar a Constituição e os princípios
republicanos”, diz também.
No domingo, em editorial, o jor-
nal classifi cou a visita do embaixa-
dor português a Luaty Beirão como
“um precedente grave” e falou em
“ingerência desabrida”.
A situação dos detidos levou um
grupo de académicos e artistas cabo-
-verdianos a divulgarem uma “car-
ta aberta” a Eduardo dos Santos, na
qual exigem “libertação imediata”.
Direitos humanosJoão Manuel Rocha
A restrição começou no domingo. Nem os irmãos estão autorizados a visitaro activista angolano que está em greve de fome
22 | MUNDO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
ARIS MESSINIS/AFP
Na última semana, chegaram diariamente à Grécia nove mil pessoas
A minicimeira de líderes europeus
convocada de emergência por Ange-
la Merkel e Jean-Claude Juncker no
domingo conseguiu um acordo para
a criação de cem mil novos lugares
para refugiados, repartidos entre
centros de acolhimento na Grécia e
rota dos Balcãs, num momento em
que o frio e as chuvas de Outono atin-
gem com severidade a principal rota
migratória na Europa.
O encontro estava a ser negociado
há semanas entre a chanceler alemã
e o presidente da Comissão Euro-
peia, que encaram com preocupação
a desordem na resposta dos países
do extremo oriental à crise dos refu-
giados. Acabaram por conseguir que
países de costas voltadas concordas-
sem em abrir canais de informação
sobre o fl uxo de refugiados e, num
momento em que se atinge o pico de
novas chegadas à Europa, consegui-
ram também um frágil entendimento
para que os países nos Balcãs deixem
de facilitar a passagem de pessoas
sem documentação para as frontei-
Bruxelas cria mais cem mil lugares para refugiados na Grécia e Balcãs
ras vizinhas sem antes o anunciarem.
“A política de deixar passar refu-
giados sem informar um país vizinho
não é aceitável”, lê-se no comunica-
do conjunto, publicado já na manhã
de ontem.
A Grécia, que abrirá 30 mil novos
lugares para crianças refugiadas e ou-
tros 20 mil com a ajuda do gabinete
de refugiados das Nações Unidas,
esteve no centro das atenções. É o
principal ponto de entrada na União
Europeia, além da Turquia, e tem si-
do acusada de fazer pouco para fazer
a triagem dos pedidos de asilo.
Pouco mais de 800 refugiados fo-
ram distribuídos pelos países euro-
peus, de uma fatia de 160 mil (Portu-
gal recebe 45 na próxima semana, ver
pp. 6/7), e, nos Balcãs, o caos político
e humanitário agrava-se. As tempera-
turas cada vez mais baixas e as chu-
vas de Outono pioram as condições
de vida dos refugiados e imigrantes
naquela que é a principal rota de
trânsito até ao Norte da Europa, mas
não impedem a chegada de cada vez
mais pessoas à Grécia. Atenas contou
mais de nove mil novas chegadas to-
dos os dias da última semana, mais
do que em qualquer outro momento
deste ano. São 157 mil novas entradas
desde o início do mês. Mais de 500
mil desde Janeiro.
A norte encontram os muros do
Sul da Hungria, que os obrigam a
contornar o país através dos con-
trolos fronteiriços já impostos pela
Croácia. Dezenas de milhares de pes-
soas esperam por autorização para
seguirem o seu caminho para nor-
te, muitos sem abrigo e com pouco
apoio humanitário, vítimas de polí-
ticas que, no extremo oriental euro-
peu, têm oscilado entre o proibir a
marcha dos refugiados e acelerar a
sua viagem para os países vizinhos.
“Cada dia conta”, disse Juncker an-
tes da cimeira de domingo. “Caso
contrário, veremos em breve famí-
lias perecendo miseravelmente nos
rios frios dos Balcãs.”
Cada país terá agora que aprovar
medidas específi cas para ir ao encon-
tro do que foi decidido em Bruxelas.
Mas nada garante que isso aconte-
ça. O primeiro-ministro croata disse,
no início do encontro, que não iria
obedecer ao compromisso de não
acelerar a viagem de refugiados para
outros países. “Quem escreveu isto,
não compreende como as coisas fun-
cionam e deve ter acabado de acor-
dar de um sono de vários meses”,
afi rmou Zoran Milanovic.
Algo que não caiu bem na vizinha
Eslovénia, país de dois milhões de ha-
bitantes que, nos últimos dez dias, viu
passar 60 mil refugiados e imigrantes
pelas suas fronteiras, vindos da Cro-
ácia. O encontro, disse o primeiro-
ministro de Liubliana, Miro Cerar,
foi um “passo na direcção correcta”,
mas, acrescenta, é agora “crucial que
os Estados vizinhos, designadamente
a Croácia, os cumpram”.
Crise na EuropaFélix Ribeiro
Merkel e Juncker arrancaram um compromisso frágil para o fim da política de empurrar pessoas para os vizinhos
O Governo turco anunciou o desman-
telamento de uma célula do Estado
Islâmico (EI) na cidade de Diyarbakir,
tendo na operação morrido dois po-
lícias e sete jihadistas. Foi o primeiro
confronto das autoridades com jiha-
distas em solo turco desde que o país
se juntou, em Julho, à coligação que
combate o EI na Síria.
Segundo as informações da agên-
cia noticiosa ofi cial, Anatolia, a polí-
cia antiterrorismo tomou de assalto
vários esconderijos do EI ao início
da manhã de ontem. Houve troca
de tiros nas ruas e os polícias mor-
reram devido ao rebentamento de
uma bomba. Outros cinco elemen-
tos da brigada fi caram feridos e 12
suspeitos foram presos.
“Podemos dizer que uma impor-
tante célula do Daesh [o acrónimo
árabe do EI] foi neutralizada”, dis-
se o vice-primeiro-ministro, Numan
Kurtulmus.
Foi o Estado Islâmico que o Go-
verno responsabilizou pelo atenta-
do de há duas semanas no centro
de Ancara, que matou cem pessoas.
Porém, a operação de ontem tem
um pano de fundo mais alargado —
dentro de uma semana, repetem-se
as legislativas na Turquia e, depois
do atentado, com o argumento de
combater o terrorismo, o Governo
reacendeu a luta contra as forças
curdas. O partido no poder, o Par-
tido da Justiça e Desenvolvimento
(AKH, do Presidente Recep Erdo-
gan), ambiciona recuperar a maioria
Ancara realiza operação contra o Estado Islâmico em território turco
Terrorismo que perdeu em Junho. O AKH não
conseguiu formar uma coligação
governativa e viu conseguir a sua
primeira representação parlamen-
tar o Partido Democrático do Povo
(HDP), pró-curdo — muito bem im-
plantado em Diyarbakir, uma gran-
de metrópole do Sudeste habitada
por uma maioria curda.
A operação contra o EI surge,
assim, num ambiente de grande
suspeição política, com Governo e
oposição a acusarem-se mutuamen-
te de acções visando a manipulação
eleitoral.
O duplo atentado de Ancara teve
lugar antes do arranque de uma ma-
nifestação convocada por sindicatos
e forças de esquerda e pró-curdas,
em protesto pelo confl ito do exér-
cito e da guerrilha do Partido dos
Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Na altura, o primeiro-ministro disse
que se tinha tratado de uma “tentati-
va de infl uenciar os resultados” das
eleições. A seguir, já com o EI como
suspeito, pediu à oposição o cance-
lamento da campanha eleitoral para
“evitar provocações”.
O Governo fez também saber que
iria fazer guerra a todos os tipos de
terrorismo: EI, rebeldes do PKK, mi-
lícias curdas da Síria e serviços de
espionagem de Damasco. O atentado
de Ancara, sentenciou Erdogan na
semana passada, foi um “acto terro-
rista colectivo”.
A oposição acusa Erdogan de estar
a jogar em duas frentes, realizando
raides contra os jihadistas para justifi -
car os ataques aos curdos quando, na
verdade, “protege” o Estado Islâmico
inimigo dos curdos. “Meus amigos,
olhem bem para mim, olhem-me nos
olhos, escutem os meus discursos.
Tenho mesmo cara de quem apoia o
EI?”, perguntou ontem o primeiro-
ministro turco num encontro com
estudantes em Istambul.
SERTAC KAYAR/REUTERS
Polícia antiterrorismo em frente a uma casa suspeita em Diyarbakir
Governo atacou célula jihadista em cidade de maioria curda. A uma semana das legislativas, vive-se clima de suspeição
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | MUNDO | 23
Sismo de magnitude 7,5 mata centenas de pessoas no Afeganistão e Paquistão
SHAHID BUKHARI/AFP
O abalo derrubou casas e deixou sem comunicações regiões inteiras
A terra voltou a mexer-se nas impo-
nentes montanhas do Hindu Kush,
num sismo de magnitude 7,5 na es-
cala de Richter que provocou pelo
menos 230 mortos nas zonas de fron-
teira entre o Afeganistão e o Paquis-
tão. Sentido de Cabul a Nova Deli,
na Índia, o abalo derrubou casas e
deixou sem comunicações regiões in-
teiras, fazendo temer que o balanço
fi nal de vítimas seja muito superior.
“Nunca senti um tremor de terra
tão forte em toda a minha vida”, ga-
rantiu à AFP Mohammad Rehman,
um habitante de 87 anos de Pesha-
war, a grande cidade do Norte do Pa-
quistão, onde duas pessoas morre-
ram e mais de 150 fi caram feridas.
O sismo aconteceu às 13h39 (9h09
em Portugal continental), com epi-
centro na remota província de Ba-
dakhshan, no Nordeste do Afeganis-
tão. Teve origem a 213,5 quilómetros
da crosta terrestre, uma profundida-
de média que habitualmente reduz
os danos à superfície, mas que faz
com que o sismo seja sentido a gran-
des distâncias, diz o Instituto Geoló-
gico dos Estados Unidos (USGS).
Foi o que aconteceu ontem. O aba-
lo fez tremer violentamente edifícios
na capital afegã, a mais de 250km
de distância, tendo sido sentido com
igual força no Norte do Paquistão e
da Índia, e de forma menos inten-
sa em Nova Deli. Um vídeo amador
divulgado nas redes sociais mostra
um viaduto do metro de Rawalpindi,
cidade a sul de Islamabad, a abanar
de forma violenta durante alguns se-
gundos. “Estava no meu carro, parei-
o e ele continuou a abanar como se
alguém o estivesse a empurrar para a
frente e para trás”, contou à Reuters
o jornalista paquistanês Zubair Khan,
residente no vale de Swat, a noroeste
da capital.
A região abalada é das de maior
actividade sísmica em todo o mundo,
resultado da confl uência das placas
tectónicas euroasiática e indiana,
causadora de abalos de grande inten-
sidade — só nos 250km que rodeiam
o epicentro do sismo de ontem há re-
gisto de outros sete com magnitude
superior a 7, adianta o USGS.
Ao anoitecer, as autoridades afegãs
diziam ter contabilizado 52 mortos.
Entre as vítimas contavam-se 12 me-
mas neste cálculo não entram ainda
zonas remotas próximas do epicen-
tro, onde a situação de segurança é
complicada pelos frequentes comba-
tes entre o Exército e os taliban.
Os números mais pesados che-
gavam, por isso, do outro lado da
fronteira. A província de Khyber
Pakhtunkhwa, de que Peshawar é
a capital, foi a mais afectada e, ao
anoitecer, havia já confirmação
de 167 mortos e mais de um milhar
de feridos. “Toda a província está em
alerta, os hospitais estão em estado
de prontidão, mas ainda é muito
cedo para adiantar um balanço de-
fi nitivo”, disse à AFP o governador,
Pervez Khattak.
O Exército foi mobilizado e esta-
vam a ser ultimados os preparativos
para enviar helicópteros com equipas
de resgate para as zonas mais remo-
tas, quer da província, quer das vizi-
nhas regiões autónomas tribais, onde
há registo de vários deslizamentos de
terra e de aldeias isoladas.
A muitas centenas de quilómetros,
milhares de pessoas saíram para as
ruas de Islamabad. “Foi terrível, pa-
recia que estávamos em 2005 outra
vez”, contou à AFP um residente na
capital paquistanesa, recordando o
abalo de magnitude 7,6 que há dez
anos abalou Caxemira, região no
sopé dos Himalaias dividida entre o
Paquistão e a Índia, provocando mais
de 75 mil mortos.
Ao contrário do sismo de ontem, o
de então teve origem a 26km de pro-
fundidade, o que leva as autoridades
a esperar que o balanço do número
de vítimas desta vez não seja tão ele-
vado. Também o sismo que há seis
meses abalou o Nepal, provocando
a morte de nove mil pessoas e a des-
truição de quase um milhão de casas,
teve origem a apenas oito quilóme-
tros da crosta terrestre.
Abalo nas montanhas do Hindu Kush foi sentido de Cabul a Nova Deli. Entre as vítimas estão 12 meninas que morreram esmagadas numa escola afegã. Governo fala no sismo “mais forte das últimas décadas”
ÁsiaAna Fonseca Pereira
Fonte: Reuters PÚBLICO
Sismo no Afeganistão
100 km
Feyzabad Khorog
Dushanbe
Peshawar
EpicentroHora: 9h09 GMTMagnitude: 7,5Profundidade: 213 km
Cabul
AFEGANISTÃO
PAQUISTÃO
Islamabad
TAJIQUISTÃO
De magnitude 7,5, o abalo foi tambémsentido no Paquistão e na Índia
ninas que fi caram esmagadas entre a
multidão de alunos que tentava sair
de uma escola de Taloqan, cidade
na província de Takhar (Nordeste).
Outras 35 crianças fi caram feridas
no acidente.
“Este foi o sismo mais forte das úl-
timas décadas”, escreveu no Twitter
Abdullah Abdullah, chefe do execu-
tivo afegão, numa altura em que o
Governo estava ainda a recolher in-
formações sobre as zonas mais afec-
tadas. Além de Takhar havia notícia
de 40 mortos noutras quatro provín-
cias do Nordeste, mas as autoridades
reconheciam que os números eram
ainda inferiores ao que a força do
abalo deixa antever.
O sismo deixou sem comunicações
parte da região, muito montanhosa
e com aldeias de difícil acesso. Só na
província de Badakhshan o governa-
dor tinha contabilizado 1500 casas
destruídas ou danifi cadas pelo abalo,
A colheita deste ano já terminou e os cestos da vindima estão arrumados,
chega agora a altura dos enólogos aplicarem a sua arte.
O Público traz até si o que de melhor se produz em Portugal, com uma selecção
de alguns dos melhores produtores vitivinícolas nacionais,
do Douro ao Alentejo, passando pelo Dão e pela Bairrada.
A região em destaque é o Dão, directamente da Quinta dos Roques, com um vinho branco
produzido totalmente a partir de Encruzado, uma casta praticamente exclusiva desta região.
Um vinho que apresenta uma frescura fantástica e boa intensidade aromática, onde ressaltam
notas de limão e frutos tropicais, a que se junta o tostado das barricas, fino e agradável.
Limitado ao stock existente. A compra do produto implica a aquisição do jornal. É proibida a venda de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação.
SEXTA, 30 OUTCOM O PÚBLICO
+12,50€
Quinta dos Roques Branco 2014 Encruzado
Ponha à provaos seus sentidos
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CIÊNCIA | 25
OMS: salsichas, bacon e outras carnes processadas são cancerígenas
RUI SOARES
Enchidos, fumados e carnes processadas de todo o tipo passam a constar da lista de substâncias cancerígenas da OMS
A ingestão de carne processada é
cancerígena e a de carne vermelha
provavelmente também, alertou
ontem um relatório da Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS). Atra-
vés da sua Agência Internacional
de Investigação do Cancro (IARC),
a OMS coloca assim as salsichas,
o bacon ou o presunto no mesmo
grupo de substâncias cancerígenas
(“grupo 1”) que o tabaco, o amianto
e os gases de escape dos motores a
gasóleo. A decisão prende-se com a
existência de “provas sufi cientes de
que, nos humanos, o consumo de
carnes processadas provoca cancro
colo-rectal”, diz a IARC num comu-
nicado. Também foi detectada uma
associação entre consumo de carne
processada e cancro do estômago.
Mas não só: segundo o relatório,
a carne vermelha (vaca, borrego,
porco) foi classifi cada como sendo
“provavelmente cancerígena nos
humanos” (“grupo 2A”), passando
a integrar a mesma lista que o glifo-
sato, substância contida em muitos
herbicidas. A associação entre o con-
sumo de carne vermelha e o cancro
foi observada sobretudo em relação
ao cancro colo-rectal, mas também
aos do pâncreas e da próstata.
A avaliação foi feita a partir da
massa de resultados publicados ao
longo dos últimos 20 anos. A IARC
reuniu 22 especialistas de dez países
e estes concluíram que, por cada 50
gramas de carne processada ingeri-
da diariamente, o risco de cancro
colo-rectal aumenta 18%.
“O risco de uma pessoa desenvol-
ver cancro colo-rectal por consumir
carne processada é pequeno, mas
aumenta à medida que aumenta a
quantidade de carne consumida”,
diz Kurt Straif, citado no comuni-
cado da IARC. “E, dado o elevado
número de pessoas que consumem
carne processada, o impacto global
na incidência do cancro é importan-
te para a saúde pública.”
A classifi cação menos gravosa das
carnes vermelhas traduz o facto de
as provas de que este tipo de carne
provoca cancro serem mais “limi-
tadas”. Posto isto, a conclusão da
IARC é que, por cada 100 gramas
de carne vermelha ingerida diaria-
mente, o risco de cancro aumenta
EUA. “Se esta for mesmo a decisão
da IARC, simplesmente não pode ser
aplicada à saúde das pessoas, por-
que só considera uma das peças do
puzzle: os perigos teóricos”, decla-
rou Barry Carpenter, presidente do
Instituto Norte-Americano da Carne,
citado pela agência Reuters.
Já em Portugal, noticiou a agência
Lusa, a bastonária da Ordem dos Nu-
tricionistas considera que a decisão
da IARC é uma oportunidade para
aumentar o consumo de hortofru-
tícolas no país.
Segundo o relatório Alimenta-
ção Saudável em Números 2014 da
Direcção-Geral da Saúde (DGS), a
tendência para o consumo de car-
ne de vaca e de porco tem vindo a
diminuir em Portugal desde 2008, a
favor da carne de aves. Mas “mesmo
assim, a proporção de proteína de
origem animal ainda está acima do
desejável”, refere o relatório.
“A novidade é o grau do reforço”
do alerta, explicou Pedro Graça, di-
rector do Programa Nacional para a
Promoção da Alimentação Saudável
da DGS, para quem as indicações da
DGS nesta matéria vão manter-se e
apontam no sentido do consumo
moderado deste tipo de alimentos.
Citado pela Lusa, o responsável re-
agia assim, ontem a meio da tarde,
à decisão da OMS,
“Não é um bife de vaca que, ape-
sar de dever ser consumido de for-
ma moderada, vai provocar o can-
cro. Agora, o seu consumo deve
manter-se ou ser reduzido para até
500 gramas por semana, o que equi-
vale a quatro ou cinco refeições de
carne por semana”, explicou.
“Continuamos a comer mais ou
menos a mesma coisa, apesar dos
alertas”, lamentou, lembrando que
“a alimentação inadequada é dos
factores que mais rouba anos de vi-
da às pessoas, nomeadamente aos
portugueses”.
Além do rótulo de cancerígeno aplicado às carnes processadas, a Organização Mundial da Saúde também qualifi ca a carne vermelha como “provavelmente” cancerígena após decisão de painel de peritos
SaúdeAna Gerschenfeld
contém proteínas de alto valor bioló-
gico e importantes micronutrientes,
como vitamina B, ferro e zinco”.
Todavia, escrevem, é sabido que
o fumado e outros tratamentos “po-
dem resultar na formação de com-
postos químicos cancerígenos”, algo
que também pode acontecer quan-
do a carne vermelha é cozinhada. “A
cozedura a altas temperaturas, na
frigideira, na grelha ou no churrasco
produzem as maiores quantidades
destes químicos”, lê-se no artigo.
Porém, explica a IARC no seu site,
“não existem dados sufi cientes para
se concluir se a forma de cozinhar a
carne afecta o risco de cancro”.
As conclusões agora apresentadas
“confi rmam as recomendações actu-
ais de saúde pública para se limitar o
consumo de carne”, comenta Chris-
topher Wild, director da IARC.
Seja como for, o anúncio dos
resultados gerou logo críticas por
parte dos industriais da carne nos
17%, lê-se num artigo, também pu-
blicado ontem, na revista The Lan-
cet Oncology por nove dos peritos.
Foram avaliados mais de 800 estu-
dos epidemiológicos de potenciais
ligações entre o consumo de carne
e o cancro, feitos “em muitos países,
em vários continentes, com várias
etnicidades e dietas”, explicam.
A carne vermelha é, salientam, o
tecido muscular de mamíferos tais
como vacas, vitelas, porcos, borre-
gos, cavalos ou cabras e “é habitual-
mente consumida após cozedura”.
Quanto à carne processada, pode
ter sido “salgada, curada, fermen-
tada, fumada ou de alguma forma
tratada para realçar o seu sabor ou
melhorar a sua conservação”. A
maior parte da carne processada
contém porco ou vaca, mas pode
conter outras carnes vermelhas,
aves, miudezas ou sangue.
Os peritos não deixam, contudo,
de lembrar que “a carne vermelha
26 | CIÊNCIA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Segundo uma investigação da sua universidade, o astrónomo Geoff rey Marcy assediou várias mulheres entre 2001 e 2010. O caso tornou-se público agora, coincidindo com o 20.º aniversário — a 6 de Outubro — da descoberta do primeiro planeta extra-solar
Na história da descober-
ta de planetas noutros
sistemas solares para
lá do nosso, o nome
do astrónomo norte-
americano Geoff rey
Marcy é incontor-
nável: ao fim de 20
anos de ascensão co-
mo um dos principais
caçadores de planetas, tornando-se
uma estrela da ciência, Marcy viu
agora o seu nome envolvido num
escândalo de assédio sexual de pelo
menos quatro antigas alunas suas
na Universidade da Califórnia em
Berkeley, nos Estados Unidos, o que o
obrigou a demitir-se tanto do cargo de
professor como de investigador prin-
cipal de um projecto multimilionário
de procura de vida fora da Terra.
As quatro alunas apresentaram
queixa formal no ano passado, de-
sencadeando uma investigação con-
fi dencial da Universidade da Califór-
nia em Berkeley ao comportamento
de Geoff rey Marcy. Em Junho deste
ano, segundo o jornal The New York
Times, a universidade tinha concluí-
do que o astrónomo se envolveu em
comportamentos impróprios, como
beijos, apalpadelas, toques e massa-
gens nas alunas, entre 2001 e 2010.
Duas das mulheres abandonaram a
astronomia.
A universidade decidiu que não
despediria o astrónomo e que o ad-
vertiria de que não haveria tolerância
para novos comportamentos do mes-
mo género, pelo que se tal voltasse a
acontecer seria imediatamente sus-
penso ou despedido.
Só que o caso veio entretanto a
público este mês, quando o site Bu-
zzFeed News noticiou a investigação
da universidade. A notícia desenca-
deou uma série de reacções, a come-
çar pela do próprio Geoff rey Marcy,
de 61 anos, que publicou na sua pá-
gina pessoal no site da universidade
uma carta aberta que enviou para a
comunidade astronómica. Ainda que
diga discordar de alguns aspectos das
queixas apresentadas, “pede descul-
pa pelos erros” que cometeu.
“Embora não concorde com to-
das as queixas apresentadas, é cla-
Teresa Firminoro que o meu comportamento não
foi bem acolhido por algumas mu-
lheres. Assumo a responsabilidade
total e considero-me completamente
responsável pelas minhas acções e
pelo impacto que tiveram. Por isso
e às mulheres afectadas, as minhas
sinceras desculpas”, lê-se. “Espero
que esta carta transmita as minhas
desculpas e o meu desejo sincero de
mudar.”
Mas a ausência de sanções para
o comportamento passado de Ge-
off rey Marcy indignou vários as-
trónomos, que, ainda segundo o
The New York Times, consideraram
que a universidade “se preocupou
mais em defender a sua vedeta do
que com o sofrimento das vítimas
de assédio sexual”. Quase todos os
membros actuais e reformados do
Departamento de Astronomia da
Universidade da Califórnia assina-
ram uma carta, a 12 de Outubro, a
pedir a Marcy para se demitir, refere
uma notícia da revista Nature.
Alunos já licenciados do departa-
mento também emitiram um comu-
nicado, no qual pediram que o astró-
nomo deixasse de ter contacto com
Geoff rey MarcyCasos de assédio sexual levam à queda do caçador de planetas
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CIÊNCIA | 27
tir: “Butler sentia-se cada vez mais
marginalizado à medida que os re-
pórteres se aglomeravam à volta de
um eloquente e disponível Marcy”,
escrevia o The New York Times num
perfi l sobre o astrónomo no ano
passado, intitulado Descobridor de
Novos Mundos. “Os media gostam
de mim”, disse certa vez, segundo
o mesmo artigo.
As tensões cresceram quando Ge-
off rey Marcy partilhou com Michel
Mayor um prémio de um milhão
de dólares (880 mil euros), como
reconhecimento pelo pioneirismo
de ambos, atribuído pelo já falecido
magnata da indústria cinematográ-
fi ca de Hong Kong Run Run Shaw, e
não disse nada antes à sua equipa.
Não tardaria muito a que alguns
cientistas da sua equipa a abando-
nassem, incluindo Paul Butler.
De há dez anos para cá, a polari-
zação inicial entre a equipa de Ge-
off rey Marcy e a de Michel Mayor
e Didier Queloz estilhaçou-se, à
medida que entraram em campo
muitas outras equipas espalhadas
pelo mundo e as descobertas de
planetas extra-solares se torna-
ram corriqueiras, ao ponto de já
só serem notícia se algum deles ti-
ver alguma particularidade — como
aconteceu em Julho último com o
planeta Kepler-452b, a super-Terra
que mais se aproxima do nosso pla-
neta, uma vez que se encontra a
uma distância da sua estrela que
permite a existência de água líqui-
da. A área dos exoplanetas envolve
agora milhares de investigadores,
desde a sua descoberta até à sua ca-
racterização. E, entretanto, Michel
Mayor reformou-se, e Didier Queloz
mudou-se para uma universidade
no Reino Unido.
O número actual de planetas
extra-solares está quase a chegar
aos 2000, incluindo desde gigan-
tes gasosos até mundos rochosos
semelhantes à Terra, descober-
tos por métodos indirectos — que
detectam ou as variações de ve-
locidade de uma estrela devido à
atracção gravítica exercida por um
planeta em órbita dela ou, segundo
a outra técnica principal designada
por método dos trânsitos, que de-
tectam diminuições regulares na
luminosidade de uma estrela devi-
do à passagem de um corpo à sua
frente. Geoff rey Marcy descobriu
muitos deles.
Resta agora saber que caminho
seguirá e o que acontecerá aos
projectos de investigação em que
estava envolvido. Inclui-se aqui o
telescópio robotizado Automated
Planet Finder, instalado no Obser-
vatório Lick para procurar planetas
rochosos, e a missão do Telescópio
Kepler, da NASA, lançado no espa-
ço em 2009 e que deixou entre-
tanto de funcionar, mas os dados
recolhidos continuam a ser analisa-
dos e a dar origem à publicação de
descobertas, como a da super-Terra
Kepler-452b.
Berkeley, também cessou agora, por
vontade da instituição, noticiou a re-
vista Nature.
A ascensãoO astrónomo tornou-se famoso mun-
dialmente e o seu nome era aponta-
do como um possível vencedor do
Prémio Nobel, salientou o The New
York Times. Esta visibilidade iniciou-
se pouco depois de os astrónomos
suíços Michel Mayor e Didier Queloz,
do Observatório de Genebra, terem
anunciado, a 6 de Outubro de 1995,
que em volta da estrela Pégaso 51, a
50 anos-luz de nós, existia um pla-
neta gasoso gigante. Era o primeiro
planeta extra-solar, ou exoplaneta,
descoberto. O nosso sistema solar
deixava de ser único no Universo. E
talvez houvesse por aí outras Terras,
talvez até tivessem vida, talvez mes-
mo vida inteligente.
Uma semana após o anúncio histó-
rico da descoberta do primeiro pla-
neta extra-solar pela dupla suíça, a
equipa de Geoff rey Marcy confi rma-
va esse resultado, com observações
no Observatório Lick, da Universida-
de da Califórnia. Oito anos antes, em
1987, Marcy e Paul Butler, então in-
vestigador de pós-doutoramento na
equipa daquele astrónomo, tinham
iniciado juntos a jornada da busca
de planetas extra-solares, através do
método das velocidades radiais — o
mesmo usado pela equipa suíça —,
que detecta pequenas variações peri-
ódicas na velocidade de uma estrela,
denunciado dessa forma a existência
de um planeta em sua órbita.
Alguns meses depois, em Janeiro
de 1996, a equipa de Geoff rey Marcy
estava ela própria a anunciar a detec-
ção de dois novos planetas em órbi-
ta de duas estrelas distintas — um à
volta da Virgem 70 e outro da Ursa
Maior 47. “Depois da descoberta de
Pégaso 51 toda a gente se perguntou
se era uma aberração, se era uma
possibilidade num milhão”, dizia na
época o astrónomo em comunicado.
“A resposta é não. Afi nal, os planetas
não são assim tão raros”, acrescen-
tava. “Estas novas descobertas são
importantes porque criam um novo
subcampo da astrofísica — o estudo
de sistemas planetários. Podemos
agora investigar as características
desses planetas, como as suas órbi-
tas e massas.”
Estavam em campo as duas prin-
cipais equipas de caçadores de pla-
netas, que, depois de um período
inicial de cooperação, entraram em
forte competição, o que conduziu a
desentendimentos. No décimo ani-
versário da descoberta do primeiro
planeta extra-solar, as duas equipas
já se tinham desentendido e a cor-
rida aos planetas extra-solares, bas-
tante polarizada naqueles tempos,
ia com cerca de 100 planetas para
a equipa norte-americana e 70 a 80
para a equipa suíça. Por esta altura,
Geoff rey Marcy já era uma estrela
mediática e as dissensões dentro da
sua própria equipa já se faziam sen-
portamentais que ultrapassam o que
está proibido pelos regulamentos e
regras da universidade.”
Geoff rey Marcy não resistiu ao es-
cândalo e demitiu-se da universida-
de. “Acreditamos que este resultado
é totalmente apropriado e aceitámos
imediatamente a sua demissão”, con-
siderou a universidade no mesmo co-
municado.
Geoffrey Marcy também aban-
donou o seu cargo de investigador
principal do Breakthrough Listen, um
projecto anunciado em Julho desti-
nado à procura de sinais de vida ex-
traterrestre e com um fi nanciamento
de 100 milhões de dólares (cerca de
88 milhões de euros), para os próxi-
mos dez anos, dados pelo multimi-
lionário russo Iuri Milner à Universi-
dade da Califórnia em Berkeley e a
outras instituições. E a ligação que
ainda mantinha com a Universida-
de Estadual de São Francisco, onde
começou por se tornar professor de
Astronomia antes de se mudar para
alunos de licenciatura. “O falhanço
da universidade em impor sanções
signifi cativas a Geoff rey Marcy — pro-
pondo, em vez disso, a vaga ameaça
de sanções futuras se esse compor-
tamento continuar — sugere que a
administração de Berkeley valoriza
mais o prestígio e a atribuição de fi -
nanciamentos do que o bem-estar de
jovens cientistas cuja formação tem
a seu cargo”, lê-se nessa declaração,
a que se juntou outra emitida por in-
vestigadores de pós-doutoramento
e ainda uma petição online de apoio
às mulheres que apresentaram as
queixas.
Aliás, um antigo estudante de Geo-
ff rey Marcy, John Asher Johnson, que
trabalhou com ele durante 13 anos
e actualmente é professor de Astro-
nomia na Universidade de Harvard,
escreveu agora no seu blogue que o
comportamento do astrónomo era
conhecido: “As acções impróprias
de Geoff em relação às mulheres é
um dos segredos mais mal guardados
em qualquer reunião sobre exopla-
netas ou da Associação Americana
de Astronomia. Redes ‘clandestinas’
de mulheres passavam informações
sobre Geoff a investigadoras juniores
na tentativa de as manter em segu-
rança. Algumas vezes funcionava.”
Ao mesmo tempo, John Asher John-
son admitiu que nunca denunciou
publicamente Geoff rey Marcy: “Sim,
benefi ciei bastante das cartas [de re-
comendação] de Geoff . Mas o seu re-
gisto de publicações também mostra
que benefi ciou da minha produtivi-
dade científi ca. Em 2013, achei que
estávamos quites e terminei a minha
colaboração de 13 anos. Tenho vergo-
nha de não ter falado antes.”
A Universidade da Califórnia to-
mou uma posição pública sobre o
caso, dizendo, em comunicado de
14 de Outubro, que “a conduta do
professor Geoff rey Marcy, tal como
determinou a investigação, foi des-
prezível e indesculpável”. E, em se-
guida, justifi ca a decisão inicial: “Um
processo disciplinar de um membro
da universidade é longo e incerto.
(...) O nosso objectivo era proteger
imediatamente as estudantes, evitan-
do a repetição do comportamento
descrito no relatório da investigação.
Por isso, estabelecemos, por escrito,
um conjunto estrito de padrões com-
Ilustração artística de um planeta extra-solar a passar à frente da estrela que orbita
ESO/L. CALÇADA
28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Pela primeira vez, a Experimenta em Lisboa, Porto e Matosinhos
MIGUEL MANSO
Hoje há “uma recuperação muito boa do passivo”, disse ao PÚBLICO a presidente da ExperimentaDesign, Guta Moura Guedes
A 9.ª edição da ExperimentaDesign
vai estar em Lisboa, mas também em
Matosinhos e no Porto. A “descentra-
lização”, diz a organização, apoiada
em autarquias com forte concen-
tração empresarial e do ensino de
design, inaugura-se na Área Metro-
politana do Porto a 12 de Novembro
com foco nos designers portugueses.
Depois, e sempre sob o tema As Far
As the Mind Can See, em Lisboa, olha
ainda para África e fala com designers
que criam imagens com David Bowie,
que apostam tudo no poster ou na
tipografi a persa moderna.
Este ano, a bienal Experimenta
quis “perceber como é que, no sé-
culo XXI, na disciplina do design,
cada um pode contribuir para uma
alteração dos paradigmas”, explicou
ontem em Lisboa Guta Moura Gue-
des, presidente da ExperimentaDe-
sign. São quatro grandes exposições
entre as três cidades e conferencistas
“com forte pendor político” no seu
trabalho entre Lisboa e Porto.
Vêm às Conferências de Lisboa
o iraniano Reza Abedini e a sua ti-
pografi a persa moderna no design
gráfi co, o croata-bósnio Mirko Ilic,
ilustrador e designer na imprensa e
nas identidades gráfi cas de marcas
e o britânico Jonathan Barnbrook,
colaborador da Adbusters, do artista
plástico Damien Hirst e de Bowie (a
campanha do último álbum é sua).
Juntam-se o cipriota especializado
em luz Michael Anastassiades (repre-
sentado nas colecções do MoMA ou
do Victoria&Albert) e o bielorusso
Peter Bankov, para quem os posters
“são o género mais interessante no
design gráfi co moderno”. A 13 e 14
de Novembro, em Lisboa, no Museu
Nacional dos Coches e na Faculdade
de Belas-Artes, e, no fecho do evento,
a 12 de Dezembro, no Porto, as con-
ferências têm entrada livre.
Mirko Ilic é também comissário
de uma das exposições, a única que
faz com que a geografi a desta Expe-
rimenta se toque: As Far As the Mind
Can See está desde 12 de Novembro
no Palácio dos Correios do Porto e a
sua irmã As Far As the Eye Can’t See
no Picadeiro Real do Museu dos Co-
ches. Ambas, até 20 de Dezembro,
mostram mais de 60 trabalhos de 28
designers de comunicação de todo o
ra de Lisboa, Porto e Matosinhos —
Catarina Vaz Pinto, Paulo Cunha e
Silva e Fernando Rocha (autarquia
que vê o design como “área estra-
tégica”). A expansão geográfi ca al-
terou o protocolo com que, entre
2009 e 2013, operava a bienal. De
uma articulação com as tutelas da
Cultura e da Economia e Câmara
de Lisboa, passou-se para protoco-
los individuais com as autarquias e
Governo, e, diz Moura Guedes, para
um orçamento em que o fi nancia-
mento público era “de 35%” para
“cerca de 30%”.
O orçamento, que diz ser de “con-
tenção”, é de 1,8 milhões de euros
para esta edição (em 2009 era de 2,6
milhões, em 2013 de 1,6 milhões).
A Associação ExperimentaDesign
organiza a bienal e em 2013 foi ques-
tionada a sua sustentabilidade e dí-
vidas a funcionários e fornecedo-
res. Na altura, disse Moura Guedes
à Visão, o seu passivo era de 350 mil
euros. Hoje há “uma recuperação
muito boa do passivo”, disse ao PÚ-
BLICO. Mas não precisa números,
exemplifi cando que a “prestação de
serviços de consultoria” e o reforço
da “componente mais empresarial”
da associação contribuíram para o
equilíbrio.
Entre os 45 eventos (com 27 expo-
sições Tangenciais) há ainda Open
Talks no Teatro São Carlos, que pas-
sam a focar os temas das exposições,
com os comissários como oradores,
e o Serviço Educativo terá cursos
para “jovens adultos ou agentes no
terreno”, diz Moura Guedes.
Em Lisboa, mostram-se ainda Un-
derground Images — School of Visual
Arts Subway Posters. No Palácio do
Príncipe Real, cerca de 50 cartazes
de 29 professores da conceituada es-
cola de Nova Iorque que há décadas
fazem publicidade no metro, mas
também tentam iluminar a ida para
o trabalho de milhões de pessoas.
As Far As the Mind Can See, design português em destaque, um olhar sobre África e exposições exclusivas para cada cidade a partir de 12 de Novembro
DesignJoana Amaral Cardoso
vários, relações entre design e o Esta-
do Novo, logótipos, tipos de letra ou
desenho humorístico. Está em Mato-
sinhos até 12 de Março de 2016.
Em Lisboa, é do Torreão Poente da
Cordoaria que se vai começar — por-
que a investigação está no início — a
perguntar e a experienciar “o que é
o design em África?”. From Hands to
Mind será, desde 14 de Novembro até
Dezembro, um “espaço vivencial de
passagem de informação”, segundo
os comissários. Na presença de de-
signers, refl exão sobre a “artesania”
nos primeiros três países do projec-
to da angolana Paula Nascimento e
do italiano Stefano Rabolli Pansera
(os Beyond Entropy) — São Tomé
e Príncipe, Angola e Moçambique.
1,8 milhões para a bienal“Pela primeira vez”, a bienal está
“não só em Lisboa mas em três ci-
dades”, sublinhou Moura Guedes,
ladeada pelos vereadores da Cultu-
mundo em resposta ao desafi o dos
comissários (Ilic,Marco Balesteros e
João Castro): obras sobre a relação
do indivíduo, mente e criatividade ou
peças de comunicação sobre como
transmitir o tema ao público.
Mas é Desejo, Tensão, Transição
— Percursos do Design Português, na
Galeria Nave, na Câmara de Matosi-
nhos, a exposição “com carácter mais
ambicioso”, por reunir “tantos prota-
gonistas nacionais” num olhar sobre
cem anos de design português, diz
Moura Guedes. Dos 268 participantes
da bienal em 2015, 218 são portugue-
ses. José Bártolo, professor e investi-
gador da Escola Superior de Artes e
Design de Matosinhos, é o curador
geral da mostra que quer contar as
muitas histórias do design português
em 16 módulos — projectos contem-
porâneos ou geometrias das cores,
produtos recentes da Vista Alegre ou
a evolução da cerâmica portuguesa,
mobiliário da Fábrica Olaio, assentos
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | CULTURA | 29
Crítica de teatro
Ricardo III
Teatro Nacional D. Maria II
23 de Outubro
Casa cheia
Jorge Louraço Figueira
mmmMM
Nas mesmas semanas em que, nos
jornais e nas televisões, nos cafés
e nos transportes públicos, no Par-
lamento e nas sedes partidárias, se
discutem fervorosamente os desti-
nos do país, na Grande Lisboa estão
em cartaz quatro versões de peças
de Shakespeare (talvez haja mais,
não sei): um Hamlet, da Cornucó-
pia e da Companhia de Teatro de
Almada, no Teatro Municipal Joa-
quim Benite; outro Hamlet, da Mala
Voadora, no Teatro Municipal São
Luiz (este já do ano passado); uma
Tempestade, do Teatro Griot, no
Teatro do Bairro; e um Ricardo III,
dirigido por Tónan Quito, no Tea-
tro Nacional D. Maria II. Poderá o
país mediático, o país real e o país
político ter algo a ver com o país
teatral — em especial com esta mos-
tra shakespeareana que aconteceu
por acaso?
No caso de Ricardo III, sim, mas
sem fazer alusão directa a qualquer
tipo de evento. O cenário represen-
ta a devastação. O palco da sala Al-
meida Garrett é uma vasta caixa de
terra negra, onde os actores vão ca-
vando sepulturas e cobrindo covas
à pazada, deixando em cena peque-
nos montes encimados por espadas
a fazer de cruz. Os assassinatos co-
metidos a mando de Gloucester
vão-se amontoando neste cenário
de guerra. O palco é um campo de
batalha que se revela aos poucos
até que, na cena fi nal, em contra-
luz, quase engole a plateia. É nesta
terra de ninguém que, ao longo da
peça, os vários actores assumem
o papel da diabólica personagem,
como se estivessem a jogar aos reis.
A desagregação causada por esse
movimento exemplifi ca a desagre-
gação na corte britânica. A sucessi-
va tomada do lugar de protagonis-
ta pelos vários membros do elenco
dá a ver múltiplas encarnações de
Ricardos e expõe a trajectória de
Gloucester como um assunto que
diz respeito a todos.
O assunto é o da tomada do poder
através da ilusão e do fi ngimento.
Quando melhor for a representa-
ção da parte, de acordo com o que
se espera do papel, maior será a
aclamação do poderoso por parte
O poder imita-se a si próprio
dos fracos. Os súbditos, como os
espectadores, pagam para ser en-
ganados. É assim que os príncipes
mais disformes se tornam perfeitos
aos olhos de quem não quer ver. O
jogo dos actores, desde a malotinha
que põem para assumir o papel de
Ricardo, até à maneira como inte-
gram a plateia no fi ngimento da
peça, expõe a ilusão. O modo co-
mo o elenco mostra o fi ngimento
das personagens dá gozo de ver e
materializa um dos muitos sentidos
do texto.
A vertigem do duque para chegar
a rei e, uma vez coroado, para se
manter no trono a qualquer custo,
revela-se um abismo sem fi m, quan-
do as forças que ele combateu, já
sem caírem em qualquer logro, têm
fi nalmente tempo para se organizar
e, comandadas por outro príncipe,
ainda mais persuasivo, marchar so-
bre o corpo do soberano. É nesse
ponto que Ricardo tenta salvar a
vida, trocando o reino por um ca-
valo, como se o reino ainda fosse
dele. Tarde de mais. A Ricardo III
nada mais resta senão imitar-se a si
próprio. A emergência desse poder
alternativo não fi ca clara, na marcha
do espectáculo, a não ser quando
já é inevitável. O tirano não dá par-
te de fraco e tenta manter a ilusão
até ao último momento. Como fi -
guração dos tempos que correm, é
quase perfeita. O espectáculo não
se esgota nessa função, porém. Age
directamente sobre a cultura e o re-
al, da mesma maneira que os media,
os taxistas, os políticos, segundo os
seus próprios termos e fi ns, neste
caso poéticos, dramáticos, teatrais.
É um refl exo, nos dois sentidos da
palavra: uma imagem refl ectida e
um movimento involuntário dos
músculos.
JOÃO MESSIAS/ CASA DA MÚSICA
Uma sala cheia para ouvir um con-
certo de música de tradição erudita
com menos de 50 anos é um fenó-
meno, não apenas em Portugal. No
Porto, quinze anos de um insisten-
te trabalho e inteligentes estratégias
de marketing conseguiram encher a
sala para ouvir música de tradição
erudita com menos de 50 anos no
concerto com que o Remix Ensem-
ble (RE), que celebrou o seu 15.º ani-
versário, na Casa da Música (CdM).
O jovem compositor português em
residência na CdM ao longo de 2015
é Nuno da Rocha (1986). A estreia
absoluta da sua Passacaglia (enco-
menda da CdM) abriu de forma enér-
gica este concerto comemorativo.
Antes de prosseguir com o progra-
ma, Peter Rundel pegou no microfo-
ne como anfi trião de uma festa que
assumiria um carácter mais persona-
lizado, não disfarçando a emoção ao
explicar que a inclusão do terceiro
andamento de um arranjo de Klaus
Simon da Sinfonia n.º 1 de Mahler se
devia ao gosto do compositor Emma-
nuel Nunes (1941-2012) pela música
daquele compositor austríaco. Para
além do arranjo em questão não ser
particularmente interessante, o RE
não empenhou o melhor de si na sua
interpretação, exceptuando o caso
dos violinos, fagote e fl auta que se
destacaram pela positiva. Seguir-se-
ia o momento mais aguardado do
evento: a estreia mundial póstuma
de uma das obras de juventude de
Emmanuel Nunes, com uma parti-
tura preparada pelo seu discípulo
mais próximo, o compositor João Ra-
fael. Un Calendrier Révolu — Parte I
(que até pouco antes da sua morte o
compositor não autorizava que fosse
tocada) tanto denuncia os caminhos
que trilhou nos anos 60 (em partitu-
ras como Degrés e Esquisses, a que o
O agrupamento e a Casa que trouxeram mudança
esboço deixado por Nunes assumi-
damente recorre) como aponta para
uma sensualidade mais explícita que
já neste milénio Emmanuel Nunes
viria a exibir. Este momento musical
foi uma bonita homenagem do RE ao
compositor que se associou ao agru-
pamento e com o qual partilhou um
trabalho próximo e continuado.
A segunda parte do concerto seria
dedicada a uma outra forma de pen-
sar a música, com uma convincente
interpretação de Concertini (2005),
de Helmut Lachenmann. Nesta ce-
lebração, o RE sintetizou alguns as-
pectos que têm caracterizado o seu
trabalho: fomentar a criação musical
portuguesa, interpretar (e divulgar)
os compositores que verdadeiramen-
te importam (e Lachenmann é um
dos melhores exemplos do que de
melhor o RE tem divulgado), man-
ter uma certa ligação com a tradi-
ção, sem esquecer a fi gura de um
dos compositores mais presentes no
trabalho do agrupamento.
Também inteligente é o cruzamen-
to de linhas de programação num
mesmo concerto da Orquestra Sin-
fónica do Porto Casa da Música (OSP-
CM). Nuno da Rocha (jovem compo-
sitor português em residência) volta
a contracenar com Helmut Lachen-
mann (compositor em residência
— Ano Alemanha), na mesma sala
cheia, desta vez não aliciada com
alargados convites, mas para ouvir
Pedro Burmester (Ano Alemanha—
integral dos concertos para piano de
Beethoven por Burmester).
Após uma mudança de palco de
duração superior à Abertura de Così
fan Tutte — com que, sem alguns dos
seus mais destacados músicos, a or-
questra se havia apresentado cum-
pridora da tarefa de executar sem
erros a partitura (excepção notória
para os oboés, que iniciaram de for-
ma belíssima prometendo um pou-
Crítica de música
Remix Ensemble
Peter Rundel, direcção. Porto, Casa
da Música – Sala Suggia. Terça-feira,
20 de Outubro, 19h30. Sala cheia
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
Baldur Brönnimann, direcção
Pedro Burmester, piano
Shizuyo Oka, clarinete
Porto, Casa da Música – Sala Suggia
Sábado, 24 de Outubro, 18h00
Sala cheia
Diana Ferreira
co mais do que a orquestra acabou
por dar) — Lachenmann conseguiu
inquietar algum do público que,
apesar de muito educado, não en-
tende ainda que a audição musical
pressupõe, antes de mais, o respeito
pelos músicos e pelo público que re-
almente pretende escutar. É que há
música tão subtil que o único ruído
que permite ao público é o da respi-
ração. Accanto, para clarinete e pia-
no, nem sequer é um caso extremo
de subtileza, mas o desconforto de
alguma plateia, que não encontrava
posição perante música tão desafi a-
dora, acabou por impedir uma frui-
ção mais solta de uma obra já de si
menos “exuberante” do que o Con-
certini que o RE havia apresentado
quatro dias antes.
Nuno da Rocha soma a segunda
estreia mundial da semana, com PI-
TCH (também encomenda da CdM),
e confi rma alguns traços que havia
esboçado com o RE: ambas as parti-
turas são bastante efi cazes do ponto
de vista da audição, porém, a sua só-
lida relação com a tradição musical
tê-lo-á ainda impedido de transpor a
imitação do rico imaginário sonoro
que bebe nos seus antecessores.
Quase com a mesma impassibili-
dade do início do espectáculo, uma
orquestra certinha, sem maiores si-
nais de vitalidade (será esta a mar-
ca do maestro Brönnimann para a
OSPCM?), acompanhou o pianista
Pedro Burmester, cuja prestação foi
bastante mais convincente. Quando,
a meio do Adagio do Concerto n.º 2
para piano e orquestra em Si bemol
maior, de Beethoven, se começava
fi nalmente a fugir para o domínio do
inefável, eis que se revela um pianista
com muito bom feitio, prosseguindo
o seu trabalho o melhor possível após
um indisfarçável toque de telemóvel
com que a plateia o desafi ou.
mmmMM
mmmMM
RISO E LÁGRIMASEdição de coleccionador com capa dura
Proibiram-lhe tudo. De subir aos palcos de Nova Iorque. Internaram-na em sanatórios e prisões. Mas nunca conseguiram impedir o seu riso e, acima de tudo, calar a sua voz. Inédita em português, Billie Holiday é uma banda desenhada da dupla Muñoz e Sampayo, que conta a traço duro a biografia tumultuosa
desta voz lendária do jazz, agora no seu 100º aniversário.
LIMITA
DO AO
STOC
K EX
ISTEN
TE. A
AQUI
SIÇÃO
DO
PROD
UTO
IMPL
ICA A
COMP
RA D
O JO
RNAL
.
Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 19 de Novem-bro de 2015, pelas 10.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, devendo as mesmas ser entregues até às 14.00 horas da véspera, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Fracção autónoma designada pelas letra AE, correspondente ao sétimo andar B, destinado a habitação, do prédio urbano, sito em Avenida Em-baixador Aristides de Sousa Mendes, n.º 4; Praceta Francisco Ramos da Costa n.º 7 e Rua Professor Rui Luís Gomes n.º 40, Tapada das Mercês, freguesia de Algueirão - Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra, sob o n.º 3515/19891019-AE, da freguesia de Algueirão-Mem Mar-
tins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 7987.O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 65.000,00 euros (sessenta e cinco mil euros), ou seja, 55.250,00 euros (cinquenta e cinco mil duzentos e cinquenta euros). São fi éis depositários os executados Ana Maria Ricardo Miguel Frazão Reis e Vítor Ma-nuel Frazão Reis, que a pedido devem mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de ExecuçãoHelena Chagas
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal
Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]
Público, 27/10/2015 - 1.ª Pub.
COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621
ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada
Processo 15230/13.7T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
Executados: Ana Maria Ricardo Miguel Frazão Reis e Vítor Manuel Frazão Reis
P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A
€
P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A
Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 21 de Janeiro de 2016, pelas 14.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entre-gues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Sec-ção de Execução - J3, pelos interessa-dos na compra do seguinte imóvel:Fracção autónoma designada pela letra O, correspondente ao terceiro andar direito, destinado a habitação, com arrecadação no vão do telhado, do prédio urbano, sito em Rua Rama-lho Ortigão, n.º 21 e Rua Tenente Co-ronel Salgueiro Maia n.ºs 2, 4 e 6, de-nominado ant. desc. Agualva-Cacém, freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra, concelho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Agualva-Cacém, sob o n.º 945/20040318-O, da fregue-sia de Agualva, e inscrito na respectiva matriz predial urbana da freguesia de
União das freguesias de Agualva e Mi-ra-Sintra sob o n.º 2521 (teve origem no art.º 2306, freguesia de Agualva)O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 75.000,00 euros (setenta e cinco mil euros), ou seja, 63.750,00 euros (sessenta e três mil setecentos e cinquenta euros).É fi el depositário o executado Aristides Gomes Pereira, que a pedido deve mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de ExecuçãoHelena Chagas
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal
Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]
Público, 27/10/2015 - 1.ª Pub.
COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621
ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada
Processo 10339/13.0T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
Executado: Aristides Gomes Pereira
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J22
Processo: 28184/15.6T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: José Carlos Caia-no GonçalvesFaz-se saber que foi distribuí-da neste tribunal, a ação de In-terdição / Inabilitação em que é requerido José Carlos Caia-no Gonçalves, com residência em domicílio: Vila Paulo Jorge, N.º 15 - 1.º, Galinheiras, 1750-194 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 340352231
Lisboa, 20-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Maria Emília Nunes
CharroA Ofi cial de Justiça
Maria Filomena Ambrósio
Público, 27/10/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J17
Processo: 26149/15.7T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoIncapaz: Maria Noémia Inácio Gambôa NicolauFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Noémia Inácio Gambôa Nicolau, viúva, nascida a 28.02.1943, com re-sidência na Rua General Silva Freire, Lote N.º 37 - 1.º Frente, 1800-208 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 340339102
Lisboa, 20-10-2015.
O Juiz de DireitoDr. Rui Afonso Lince de Faria
A Ofi cial de JustiçaAna Maria Gonçalves
Público, 27/10/2015
P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A
P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A
P R O P O S T A SE M C A R T A F E C H A D A
2
COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1
Processo: 292/15.0T8FTR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Fernanda Fernandes CunhaFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Fernanda Fernandes Cunha, com residência na Rua Francisco Velez do Peso, Assumar, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi -xados.
N/ Referência: 26531565
Fronteira, 26-10-2015.
A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa Gomes
O Ofi cial de JustiçaLuís Oliveira
Público, 27/10/2015
COMARCA DE LISBOA OESTE
Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 321/15.8T8MFR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comarca de Lisboa Oeste - Instância Local de Mafra - Secção Cí-vel - J1Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de In-terdição em que é requerida Paulina Maria Franco Rosa Inácio, fi lha de Marcelino Tomás Inácio e de Maria de Lurdes Franco Rosa, nascida a 08-11-1959, nacional de Portugal, BI - 13718478, com residência na R. da Escola Primária, 18, 2640-629 Sobral da Abelheira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 93495713
Mafra, 19-10-2015.
A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça
Fernanda Silva
Público, 27/10/2015
COMARCA DE LISBOA OESTE
Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 303/15.0T8MFR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comar-ca de Lisboa Oeste - Instân-cia Local de Mafra - Secção Cível - J1Faz saber que foi distribuída neste tribunal, ação de Inter-dição em que é requerida Natália da Piedade Maleites Maduro Cardoso, com resi-dência na Fundação Cebi - Rua dos Castanheiros, N.º 7, Fonte Boa dos Nabos, 2655-405 Ericeira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 93437057
Mafra, 16-10-2015.
A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça
Fernanda Silva
Público, 27/10/2015
COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1
Processo: 294/15.7T8FTR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Elsa Isabel Ra-malhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Elsa Isabel Ramalho, com residência na Rua Francisco Velez de Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anoma-lia psíquica.
N/ Referência: 26531569
Fronteira, 26-10-2015.
A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa
GomesO Ofi cial de Justiça
Luís Oliveira
Público, 27/10/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J14
Processo: 28060/15.2T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a acção de In-terdição / Inabilitação em que é requerida Maria Helena das Neves Ganito de Oliveira, com domicílio: Rua Filipe da Mata, Lote N.º 41 - R/C Esquerdo, Lisboa, 1600-069 Lisboa, B.I. 189377 7 para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi -xados.
N/ Referência: 340354452
Lisboa, 20-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Raquel Massena
A Escrivã-AdjuntaMaria Elisa Coutinho
Público, 27/10/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J11
Processo: 28027/15.0T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoIncapaz: Helena Tavares RodriguesA Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Graça Madalena Carvalho, do(a) Lisboa - Inst. Local - Secção Cível - J11 - Comarca de Lisboa:Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida HELENA TAVARES RODRIGUES, nascida a 31-10-1993, solteira, por-tadora do BI n.º 145201196, NIF: 221450696, fi lha de Edna Maria Ta-vares Rodrigues, com residência na Fundação D. Pedro IV - Instituição Particular de Solidariedade Social, sita na Mansão de Santa Maria de Marvila, Rua Direita de Marvila, N.º 9, 1950-071 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 340364885Lisboa, 20-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Graça Madalena Carvalho
A Ofi cial de JustiçaMaria Aurora Almeida
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COMARCADE LISBOA
Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J21
Processo: 28026/15.2T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoIncapaz: Maria Fernanda Rosa Ferreira de CarvalhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a acção de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Fernan-da Rosa Ferreira de Carvalho, com residência em domicílio: Rua Luís Monteiro, N.º 42 - R/c Dt.º, 1900-310 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 340229226
Lisboa, 16-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Sandra CarvalhoA Ofi cial de Justiça
Maria Filomena Ambrósio
Público, 27/10/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Instância Local- Secção Cível - J22
Processo: 28185/15.4T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Luís Carlos Martins Pimentel PossoloFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Luís Carlos Martins Pimentel Possolo, com residência em domicílio: Rua dos Arneiros, 50 - 4.º Dt.º, 1500-000 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 340348858
Lisboa, 20-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Maria Emília Nunes
CharroA Ofi cial de Justiça
Maria Filomena Ambrósio
Público, 27/10/2015
COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen - J1
Processo: 293/15.9T8FTR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Francisca Maria Pereira FreixoFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Francis-ca Maria Pereira Freixo, com residência na Rua Francisco Velez do Peso, 7450-030 Assumar, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 26531567
Fronteira, 26-10-2015.
A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa
GomesO Ofi cial de Justiça
Luís Oliveira
Público, 27/10/2015
COMARCA DE LISBOA OESTE
Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 299/15.8T8MFR
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Juíza de Direito da Comarca de Lisboa Oeste - Instância Local de Mafra - Secção Cível - J1Faz saber que foi distribuída nes-te tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Eduardo dos Santos, Advogado, fi lho de Ismael dos Santos e de Concei-ção de Jesus dos Santos, nasci-do em 07-04-1930, freguesia de Moimenta da Serra (Gouveia), nacional de Portugal, NIF - 130302252, BI - 2485598, Cartão Profi ssional - 3536L, residente na Casa de Repouso Lar S. Pedro, Rua do Pinhal, N.º 1, Malveira, 2665-263 Malveira, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 93437439
Mafra, 16-10-2015.
A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoA Ofi cial de Justiça
Fernanda Silva
Público, 27/10/2015
COMARCADE LISBOA
Lisboa - Inst. Local- Secção Cível - J10
Processo: 28174/15.9T8LSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria das Dores SantosFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria das Dores Santos, com do-micílio no Centro de Reabi-litação e de Repouso Santa Rita, Rua do Cabo, n.º 43, 45 e 47, Lisboa, 1250-053 Lisboa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 340338183
Lisboa, 20-10-2015.
A Juíza de DireitoDr.ª Mariana Santos Capote
A Ofi cial de JustiçaAna Paula Moreira
Público, 27/10/2015
15h00
32 PÚBLICO, TERCLASSIFICADOS
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1988. É a única organização em Portugal especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através
de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais, com experiência na Doença de Alzheimer.Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.
www.alzheimerportugal.orgContactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: [email protected] de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 EstorilTel. 214 525 145 - E-mail: [email protected]
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 LavraTel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 PombalTel. 236 219 469 - E-mail: [email protected]
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHALTel. 291 772 021 - E-mail: [email protected]
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: [email protected]úcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro
Tel. 23 494 04 80 - E-mail: [email protected]
9h30 - INSOLVÊNCIA PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS BALROA
E CÁTIA ALEXANDRA TAVEIRA FERNANDESCOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO
COMÉRCIO – J4 – PROCESS0 1929/14.4T8BRRCOMARCA DE LISBOA - INSTÂNCIA CENTRAL – 1.ª SECÇÃO COMÉRCIO – J2
– PROCESSO 20.000/15.5T8LSB
LISBOA – T3 - 42.600€Rua da Margem n.º 3 – 1.º Dto
9h45 – INSOLVÊNCIA JOSÉ ANTONIO DE JESUS AVELINO
E MARIA ADELAIDE DE ALMEIDA AVELINOCOMARCA DE LISBOA NORTE – VILA FRANCA DE XIRA – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO COMÉRCIO – J3 – PROCESSO 88/14.7TBALQ-A
ALENQUER – T3 - 58.000€Rua Jorge da Cunha e Carmo Lote 16 – RC Dtº
10h00 – INSOLVÊNCIA PACHECOS , LDACOMARCA DE LISBOA – INSTÂNCIA CENTRAL – 1.ª SECÇÃO DO COMÉRCIO –
J5- 1924/13.0TYLSB
SETÚBAL – PRÉDIOS 3 PISOS - 150.000€Rua Luis de Camões 25 e 27
10h30 – INSOLVÊNCIA CARLOS MANUEL PINHEIRO HENRIQUES
SILVA e ISABEL MARIA PEREIRA CARDOSO QUEIROZ DA SILVACOMARCA DE SANTARÉM – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO DO COMÉRCIO
– J2 – PROCESSO N.º 324/14.0TBVNO
OURÉM – PRÉDIO URBANO - 274.236,00€Rua Manuel Henriques (ALVEGA) Lote 5, MILHEIRA
OURÉM – T2 (50%) - 22.980€Rua Doutor António Justiniano da Luz Preto 46-3.º Dtº
10h45 – INSOLVÊNCIA ANTÓNIO MANUEL MARQUES MONTEIRO
CORREIA e MARIA ADELAIDE ROMANEIRO FERNANDESCOMARCA DE LISBOA OESTE – SINTRA – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO
DO COMÉRCIO – J3 – PROCESSO N.º 26025/12.5T2SNT
RINCHOA – T2 - 46.999,99€Avenida de Fitares 41-5.º A
11h00 – INSOLVÊNCIA LUIS JOSÉ FRANCO ATALAIACOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO
COMÉRCIO – J2 – PROCESS0 436/14.0T8BRR
ARMAÇÃO DE PERA – T2 (50%) - 44.800€C/PISCINA e 2 CAMPOS DE TÉNIS (1/395)
Urbanização Vila Nova n.º 8-1.º FRAÇÃO “M”
ALCOCHETE – PRÉDIO RÚSTICO (50%) 5.000m2 - 86.500€
Lagoa do Láparo
ALCOCHETE – PRÉDIO URBANO (50%) -24.760€Rua Doutor José Dias da Cruz
ALCOCHETE – PRÉDIO MISTO (50%) 2.600m2 - 50.050€
Vale João Gomes ou Lagoa da Lapa
ALCOCHETE – LOJA (50%) - 52.500€Rua Rui Sousa Vinagre 42-A RC ESQ
ALCOCHETE – T2 (50%) -29.750€Rua Rui Sousa Vinagre 42-A 2.º ESQ
11h30 – INS. RICARDO MANUEL DE MENDONÇA DIAS GONÇALVESCOMARCA DE LISBOA – BARREIRO – INSTÂNCIA CENTRAL – 2.ª SECÇÃO
COMÉRCIO – J4 – PROCESS0 2436/15.3T8BRR
PAIO PIRES – T2 (50%) - 49.000€Rua Alda Nogueira n.º 2 – R/C FTE.
11h45 – INSOLVÊNCIA VÍTOR MANUEL RODRIGUES FERREIRA e
MARIA MANUELA ANASTÁCIO MOREIRA FERREIRACOMARCA DE SETÚBAL – INSTÂNCIA CENTRAL – SECÇÃO DO COMÉRCIO –
J2 – PROCESSO N.º 5227/15.8T8STB
SETÚBAL – T2 - 57.600€Praceta Maria Lamas 5-3.º B
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34 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
SAIR
CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Homem Irracional M12. 13h25, 15h20, 17h15 20h; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 17h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20; Um Momento de Perdição 13h20, 15h25, 21h55; Perdido em Marte M12. 21h35; Praia do Futuro M12. 19h45; O Prodígio M12. 13h, 15h15, 17h30, 21h50; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h10 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Johnny Guitar M12. 16h; Doclisboa 2015 18h, 22h15; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h45; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 20h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer do CP Pequeno. T. 217981420Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h25, 15h25, 17h25 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h30, 17h50, 21h45, 00h20; Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 19h40, 22h, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h20, 23h50; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h35, 15h10, 17h30 (V.Port.), 19h25, 00h15 (V.Orig.); Um Momento de Perdição 13h10, 20h10, 22h10; Perdido em Marte M12. 15h45, 21h25, 00h15 (2D), 18h35 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h35, 17h30 (V.Port.); Evereste M12. 13h15, 21h50; À Procura de Uma Estrela M12. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h55, 00h05; The Walk - O Desafio M12. 19h30, 00h10 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cp Grande. T. 16996O Estagiário M12. 15h30, 18h20, 21h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 16h, 18h45, 21h30; Evereste M12. 16h05, 18h45, 21h25; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h50, 18h30, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20 (V.Port./2D), 18h55 (V.Port./3D), 21h40 (V.Orig./2D); Sicario - Infiltrado M12. 15h55, 18h35, 21h15; Perdido em Marte M12. 16h50, 21h; À Procura de Uma Estrela M12. 16h30, 19h10, 21h45; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h40, 18h (V.Port.); The Walk - O Desafio M12. 20h50; Sem Compromissos M16. 16h40, 19h, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 16h10 (V.Port.); A Visita M16. 18h25, 22h; Maze Runner: Provas de Fogo 17h, 21h35 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; Sicario - Infiltrado M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20; O Estagiário M12. 12h40, 15h20, 18h, 21h, 23h40; Um Momento de Perdição 16h30, 19h, 21h50; Adama M12. 13h50; Homem Irracional M12. Sala VIP3 ? 18h30; A Hora do Lobo M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h15; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h50, 15h30, 18h10 (V.Port.), 20h50, 23h50 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h10, 15h50, 21h10, 24h Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h25, 18h10, 21h15, 00h15; O Prodígio M12. 13h,
15h35, 18h20, 21h10, 23h55; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h45, 21h25, 00h30; Um Momento de Perdição 18h50; Sicario - Infiltrado M12. 12h55, 15h40, 18h25, 21h30, 00h15; O Estagiário M12. 24h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h25, 16h10, 21h35, 00h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. Sala IMAX ? 13h15, 16h, 18h45 21h40, 00h25; Sem Compromissos M16. 18h55; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20, 15h55, 18h30 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h20, 24h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; O Estagiário M12. 21h20, 00h10; Perdido em Marte M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h40; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30, 16h10, 18h50 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 24h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h10, 15h50, 19h, 21h50, 00h30; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h40, 14h55, 17h10, 19h25, 21h40; Heimat - Crónica de Uma Nostalgia (1ª parte) M12. 13h; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 15h, 17h, 19h, 21h30; Sicario - Infiltrado M12. 12h10, 14h30, 16h50, 21h50; Perdido em Marte M12. 19h10; Johnny Guitar M12. 17h35; João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas Que Eu Amei M12. 16h05; Homem Irracional M12. 12h15, 14h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h40, 22h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362As Mil e Uma Noites: Volume 1, O InquietoM12. 16h30; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 19h; As Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado M12. 14h, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221A Família Bélier M12. 18h50; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 14h05; Sem Compromissos M16. 16h35, 21h35, 23h55; ‘71 M12. 19h15; Por Aqui e Por Ali M12. 14h20, 16h50, 21h35, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h40 (V.Port.), 19h15, 21h45 (V.Orig.), 00h15 (V.Orig./3D); As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h50; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 16h25; The Walk - O Desafio M12. 19h15; Perdido em Marte M12. 15h, 21h20 (3D), 18h, 00h20 (2D); O Estagiário M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h50, 00h30; Um Momento de Perdição 14h10, 16h50, 19h20, 21h40, 24h; Homem Irracional M12. 14h10, 16h40; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h50, 16h35, 19h10, 21h50, 00h25; A Hora do Lobo M12. 13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h05; O Prodígio M12. 13h55, 16h25, 19h, 21h35, 00h10; À Procura de Uma Estrela M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h15; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Sicario - Infiltrado M12. 13h40, 16h25, 19h15, 21h50, 00h30
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 . T. 16996Perdido em Marte M12. 13h25, 17h, 20h55, 24h; À Procura de Uma Estrela M12. 12h55, 15h30, 18h10, 21h05, 00h15; Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h35, 18h20,
21h40, 00h25; O Estagiário M12. 13h10, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h25, 16h, 18h10 (V.Port.); Evereste M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h05, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 12h40, 15h25, 18h15, 21h05, 23h55; Sem Compromissos M16. 13h05, 15h35, 21h, 23h30; Um Momento de Perdição 18h15; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h15, 15h40, 17h55 (V.Port.); Por Aqui e Por Ali M12. 21h45, 00h15; A Hora do Lobo M12. 12h55, 15h45, 18h30, 21h20, 00h10; Maze Runner: Provas de Fogo 12h45, 15h40, 21h05, 00h10; A Uma Hora Incerta + Coro dos Amantes 18h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h40, 16h20, 19h (V.Port.), 21h40, 00h20 (V.Orig.); O Prodígio M12. 13h, 15h50, 18h35, 21h15, 24h
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 13h35, 15h40, 17h50, 19h50, 21h50 24h; Mínimos M6. 15h55 (V.Port.); O Estagiário M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h40, 00h10; Evereste M12. 13h20, 18h50, 23h55; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h40, 19h, 21h35, 00h10; The Walk - O Desafio M12. 19h20, 21h25; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30, 15h20, 17h20 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h40, 15h15, 17h35 (V.Port.), 13h05, 16h10, 19h45, 21h55, 00h15 (V.Orig.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 17h40 (V.Port.); Maze Runner: Provas de Fogo 21h45, 00h25; O Prodígio M12. 13h10, 15h25, 19h35, 21h55, 00h20; Perdido em Marte M12. 15h50, 18h40, 21h30, 00h20;Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 17h50 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h10, 15h30, 19h40, 22h, 00h30 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 21h45; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h35h (V.Port./2D), 21h35 (V.Orig./2D), 00h05 (V.Orig./3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h05, 16h35, 19h10, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 18h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h10 (V.Port.); Evereste M12. 21h25; ‘71 M12. 18h55; Sem Compromissos M16. 13h55, 16h15, 21h30; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 14h, 16h20 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h50, 16h25, 19h10, 21h45;The Walk - O Desafio M12. 18h30, 21h25 (2D); O Estagiário M12. 13h45, 16h30, 19h05,21h45; Perdido em Marte M12. 14h15, 21h15(2D), 17h35 (3D); À Procura de Uma EstrelaM12. 13h55, 16h30, 19h, 21h40; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h05, 16h40, 19h15, 21h55
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h40, 20h50, 23h30; Sem Compromissos M16. 18h30; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h20; A Hora do Lobo M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h10, 23h50; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h (V.Port.); O Estagiário M12. 15h05, 17h50, 21h15, 23h55; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h30, 15h20, 18h, 21h, 24h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20, 15h50, 18h20 (V.Port.), 21h05, 23h40
A Hora do LoboDe Jean-Jacques Annaud. Com Shaofeng Feng, Shawn Dou, Ankhnyam Ragchaa. FRA/China. 2015. 121m. Aventura. M12. Ano de 1967. Chen Zhen é um
jovem estudante de Pequim
(China) que é enviado para uma
zona rural da Mongólia para
educar uma tribo de pastores
nómadas. Ali vai descobrir uma
ligação antiga entre os pastores,
o seu gado e os lobos selvagens
que vagueiam pelas estepes.
Para os mongóis, o lobo é uma
criatura quase mítica que é parte
integrante da sua comunidade
e os liga à natureza. Quando o
Governo cria uma nova lei que
obriga a população a eliminar
os lobos da região, o equilíbrio
entre todos é ameaçado...
À Procura de Uma EstrelaDe John Wells. Com Bradley Cooper, Sienna Miller, Omar Sy. EUA. 2015. 100m. Comédia Dramática. M12. O “chef“ Adam Jones
conheceu a fama, a fortuna e o
reconhecimento internacional.
Mas a sua carreira colapsou
quando, por fraqueza e excesso
de vaidade, se deixou levar pelo
consumo de drogas. Agora,
para refazer a sua vida pessoal
e profi ssional, decide começar
do zero em Londres (Inglaterra),
na esperança de abrir um
restaurante que arrebate os
clientes e o faça ser merecedor
de mais uma estrela Michelin.
Mas, para que isso se torne
realidade, precisa de uma equipa
de sonho...
AdamaDe Simon Rouby. Com Pascal N’Zonzi (Voz), Oxmo Puccino (Voz), Azize Diabaté (Voz). FRA. 2015. 95m. Drama, Animação. M12. Adama, de 12 anos, vive
numa aldeia remota na África
Ocidental. Quando o seu irmão
mais velho desaparece sem
deixar rasto, ele decide partir
em sua busca. Movido pelo
amor, enceta assim uma corajosa
viagem de iniciação à idade
adulta, enquanto percorre um
longo caminho que o levará até
Verdun (França), cenário da
batalha mais longa - e uma das
mais devastadoras - da I Guerra
Mundial.
Crimson Peak: A Colina VermelhaDe Guillermo del Toro. Com Charlie Hunnam, Jessica Chastain, Tom Hiddleston. EUA. 2015. 119m. Drama, Terror, Fantasia. M12. Inglaterra, séc. XIX. A jovem
Edith Cushing apaixona-se por
Sir Thomas Sharpe, um homem
misterioso que, tal como ela,
se interessa pelo sobrenatural.
Apesar dos avisos de alguns
amigos próximos, que temem
aquela união, Edith e Thomas
casam-se. Ela muda-se para a
casa de família do marido, uma
mansão em ruínas numa região
montanhosa no Norte do país.
E depressa descobre que a sua
nova família guarda segredos
aterradores...
O ProdígioDe Edward Zwick. Com Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard. EUA. 2014. 114m. Drama, Biografia. M12. Bobby Fischer nasceu em
Chicago (EUA) a 9 de Março
de 1943 e atraiu a atenção do
público norte-americano para
o xadrez quando, com apenas
15 anos de idade, se tornou
o mais jovem Grande Mestre
internacional da história da
modalidade. Considerado um
dos melhores jogadores de
sempre, Fischer ganhou fama
mundial quando, em 1972,
derrotou o russo Boris Spassky,
na altura campeão mundial,
num confronto memorável
em Reiquejavique (Islândia),
em plena Guerra Fria. Com
realização de Edward Zwick, esta
é a sua história.
Em [email protected]@publico.pt
A Hora do Lobo
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 35
Depois da estreia em Portugal com o colectivo da série humorística brasileira Porta dos Fundos, Gregório Duvivier está de regresso com mais uma comédia. A solo, em monólogo, apresenta-se com a história de um escritor sem obra publicada em luta para conseguir terminar uma peça sobre um homem solitário. Com Uma Noite na Lua, da autoria do dramaturgo e
encenador João Falcão, Duvivier ganhou o prémio para melhor actor da APTR – Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, em 2013. A peça sobe ao palco do Teatro Tivoli, em Lisboa, hoje e amanhã às 21h (bilhetes de 10€ a 24€). Leiria (dia 29), Figueira da Foz (30) e Porto (31 de Outubro e 1 de Novembro) são as cidades que se seguem.
Uma Noite na LuaDR
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
A Hora do Lobo mmmmm – –Johnny Guitar mmmmm mmmmm mmmmm
Crimson Peak mmmmm – –Praia do Futuro mmmmm – mmmmm
Perdido em Marte mmmmm – mmmmm
O Prodígio mmmmm mmmmm –Sicario- Infiltrado mmmmm mmmmm –‘71 mmmmm mmmmm –A Uma Hora Incerta A – –The Walk-O Desafio mmmmm mmmmm mmmmm
(V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h10, 17h40, 21h30, 00h10 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311Sicario - Infiltrado M12. 14h, 16h20, 18h45, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 19h10, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h, 16h15 (V.Port.); O Prodígio M12. 15h, 17h20, 19h45, 22h
Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h20, 17h45 (V.Port.), 15h30, 19h45, 21h55 (V.Orig.); Evereste M12. 22h; Por Aqui e Por Ali M12. 19h55; Homem Irracional M12. 19h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h40, 17h40 (V.Port.); O Prodígio M12. 15h55, 18h40, 21h30; O Estagiário M12. 15h45, 21h35; A Hora do Lobo M12. 16h, 18h50, 21h40; Um Momento de Perdição 15h25, 17h30, 21h55; A Família Bélier M12. 17h40; Perdido em Marte M12. 18h30, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 19h35; À Procura de Uma Estrela M12. 15h35, 17h50, 19h50, 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Sicario - Infiltrado M12. 18h50, 21h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h, 17h (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 21h10 (2D), 18h30 (3D); Maze Runner: Provas de Fogo 15h30, 18h10, 21h15; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 16h, 18h40, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h45, 21h20; The Walk - O Desafio M12. 18h15; O Estagiário M12. 18h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h50 (V.Port.), 21h20 (V.Orig.); À Procura de Uma Estrela M12. 15h15, 17h20, 19h30, 21h40
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. À Procura de Uma Estrela M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Black Mass - Jogo Sujo M16. 14h40, 19h20, 21h50; Por Aqui e Por Ali M12. 17h10; Maze Runner: Provas de Fogo 18h30; O Estagiário M12. 16h, 21h10; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 16h20 (V.Port.); Perdido em Marte M12. 18h20, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h10, 18h40 (V.Port./2D), 21h20 (V.Orig./3D); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h, 16h30,19h, 21h30; The Walk - O Desafio M12.14h30, 19h20 (2D); Sem CompromissosM16. 17h, 22h
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 15h50, 18h40, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h40 (V.Port.); O Estagiário M12. 21h; Black Mass - Jogo Sujo M16. 12h50, 15h40, 18h20, 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h30, 16h,18h30 (V.Port.); À Procura de Uma EstrelaM12. 13h, 15h30, 18h10, 21h10; Sicario - Infiltrado M12. 16h10, 18h50, 21h40; Perdido em Marte M12. 14h30, 217h30, 21h50
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Perdido em Marte M12. 15h, 18h, 20h50;Crimson Peak: A Colina Vermelha M12.
15h30, 18h10, 21h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h10, 17h50 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h50, 18h30 (V.Port.), 21h10 (V.Orig.); Evereste M12. 21h20; Black Mass - Jogo Sujo M16. 15h40, 18h20, 21h
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Sicario - Infiltrado M12. 13h, 15h50, 21h20, 00h10; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 12h35, 15h10, 18h (V.Port.); Um Momento de Perdição 18h35; Um Momento de Perdição 21h10, 23h50; À Procura de Uma Estrela M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h15, 24h; O Prodígio M12. 12h30, 15h15, 18h05, 21h05, 23h55; O Estagiário M12. 12h45, 15h30, 21h25; Perdido em Marte M12. 18h15, 00h15; A Hora do Lobo M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h40, 00h25
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMASininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h10 (V.Port.); Homem Irracional M12. 17h50, 20h50; À Procura de Uma Estrela M12. 15h30, 18h30, 21h30; O Estagiário M12. 15h20, 18h20, 21h20; Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h, 21h; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h (V.Port.)
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h40; O Estagiário M12. 13h, 15h30, 18h20, 21h30; Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h20; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h10, 15h40 (V.Port.), 18h40 (V.Orig.)
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Perdido em Marte M12. 17h40, 21h; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 16h, 18h45, 21h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h15, 19h (V.Port.); Evereste M12. 21h45; Black Mass - Jogo Sujo M16.
21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20 (V.Port.); À Procura de Uma Estrela M12. 15h45, 18h30, 21h15
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789The Walk - O Desafio M12. 18h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 15h40 (V.Port.), 21h (V.Orig.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 14h45, 16h50 (V.Port.); Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h50, 21h20; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 15h50, 18h40, 21h30; Perdido em Marte M12. 15h30, 21h10 (2D), 18h20 (3D); O Estagiário M12. 15h45, 18h30, 21h25; À Procura de Uma Estrela M12. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446O Prodígio M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Maze Runner: Provas de Fogo 16h30;Evereste M12. 13h55, 19h10, 23h50; Black Mass - Jogo Sujo M16. 13h20, 19h40, 22h,00h30; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h45, 00h15 (V.Port.), 17h35, 21h55 (V.Orig.), ; Um Momento de Perdição 13h30, 17h30, 19h35, 21h45; À Procura de Uma Estrela M12. 13h30, 15h30, 17h40, 19h40, 21h50, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h35 (V.Port.); Sicario - Infiltrado M12. 13h40, 16h10, 18h50, 21h35, 00h20; O Estagiário M12. 15h45, 18h20, 21h25, 23h55; The Walk - O Desafio M12. 21h40, 00h15; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h45 (V.Port.) ; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 13h30, 15h30 (V.Port.); Perdido em Marte M12. 15h40, 18h30, 21h20, 00h10;Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h25, 16h, 18h40, 21h30, 00h05
Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 16h20, 18h40 (V.Port./2D), 21h (V.Orig./3D); À Procura de Uma Estrela M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (2D); Perdido em Marte M12. 15h40, 18h30, 21h20; Maze
Runner: Provas de Fogo 16h, 21h10; O Estagiário M12. 16h10, 21h10; Black Mass - Jogo Sujo M16. 18h40; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Evereste M12. 18h40; The Walk - O Desafio M12. 19h, 21h40; Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 15h, 17h (V.Port.)
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Black Mass - Jogo Sujo M16. 21h, 23h40;Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h20,15h50, 18h20 (V.Port.); Sicario - InfiltradoM12. 12h40, 15h30, 21h10, 23h50; Um Momento de Perdição 18h10; Perdido em Marte M12. 12h25, 15h25, 18h25, 21h20, 00h15; À Procura de Uma Estrela M12. 13h10, 15h55, 18h40, 21h35, 24h; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h25, 00h05
TEATROLisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Os Improváveis De 6/10 a 24/11. 3ª às 21h30 (no Auditório dos Oceanos). M/16. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h. 3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Hamlet De William Shakespeare. Comp.: Mala Voadora. Enc. Jorge Andrade. De 27/10 a 1/11. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Uma Noite na Lua De João Falcão. Enc. João Falcão. Com Gregório Duvivier. De 27/10 a 28/10. 3ª e 4ª às 21h. M/12.
BatalhaAuditório Municipal da BatalhaR. Infante D. Fernando. T. 244769110 Depois de Darwin Enc. Ana Nave. Hoje às 14h30 (20.º Acaso - Festival de Teatro). M/12.
EXPOSIÇÕESLisboa Appleton SquareRua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 O Peso das Coisas. Leveza e Claridade. De Carlos Nogueira. De 1/10 a 29/10. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Arquivo Nacional da Torre do TomboAlameda da Universidade. T. 217811500 Anões às Costas dos Grandes Gigantes do Passado. Poder, Mitos, Memórias na Sociedade Medieval: Contributos de Luís Krus De 1/10 a 31/10. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 12h30. Documental. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Aldo Manuzio (ca 1450-1515): o inventor do itálico De 22/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Outros. Arte de ser português De 1/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30.
Documental, Objectos. Da Inquietude à Transgressão: eis Bocage... De 17/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Imprensa Empresarial em Portugal: 145 Anos de Jornais de Empresa (1869-2014) De 6/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Ramalho Ortigão. Um publicista em fim de século De 25/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Documental. Chiado 8 - Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8. T. 213237335 Ângela Ferreira e Fernanda Fragateiro De 24/7 a 30/10. 2ª a 6ª das 12h às 20h. Escultura. CulturgestRua Arco do Cego. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Escultura, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação, Performance, Outros.
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36 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Os Girls Names vêm a Portugal com Arms Around a Vision na bagagem
DR
SAIRFundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria 111Campo Grande, 113. T. 217977418 Do Fundo De Pedro A.H. Paixão. De 19/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 10h às 19h. Desenho. Galeria Bessa PereiraRua de São Bento, 426. T. 935167270 Duas Mesas Uma Consola De José Pedro Croft. De 24/9 a 2/11. 3ª a Sáb das 14h30 às 19h30. Desenho, Objectos. Galeria Graça BrandãoR. dos Caetanos, 26A (B. Alto). T. 213469183 Entre o Boné e os Ténis De Tiago Alexandre. De 17/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 11h às 19h. Escultura, Instalação, Outros. Sonhos De Luiza Fortes. De 17/9 a 31/10. 3ª a Sáb das 11h às 19h. Fotografia. Galeria Quadrado AzulR. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 Make do De Paulo Nozolino. De 2/10 a 24/12. 2ª a Sáb das 15h às 19h30. Fotografia. Galeria RattonR. da Academia das Ciências. T. 213460948 O Azulejo e a Palavra De Andreas Stöcklein, Pedro Proença. De 17/9 a 15/11. 2ª a 6ª das 10h às 13h e das 15h às 19h30. Cerâmica. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 Friso das Consequências da Noite De Fala Miriam. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Pintura Recente De Manuel Salinas. De 15/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Documental. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às
23/10 a 31/1. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação, Outros. Por vezes, Certas Vezes, Outras vezes De Bruno Castro Santos. De 8/10 a 8/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Desenho, Pintura. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Alguma Mezinha lá dessa Terra do Cabo do Mundo De 20/6 a 30/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Ciência. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Ricordo di Venezia. Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa De vários autores. De 21/7 a 29/11. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. Sociedade Nacional de Belas ArtesR. Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Índios e Outras Gentes De Ema Berta. De 6/10 a 27/10. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos.
Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Die Wiederherstellung des Geistes De André Guedes. De 25/9 a 7/11. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Performance, Desenho. Performances aos Sábados, às 15h e às 17h (dias 3, 10 e 24 de Outubro e 7 de Novembro).
MÚSICALisboaHot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Andrea dos Guimarães Hoje às 22h30 e 24h. Apresentação de “Desvelo”. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Girls Names Hoje às 22h30. Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Madama Butterfly Com Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Orq.: Orquestra Sinfónica Portuguesa. Enc. Tim Albery. Mús. Giacomo Puccini. De 20/10 a 1/11. Todos os dias às 20h (dia 28 Outubro). Dom às 16h (dia 1 Novembro). Tragédia japonesa em 2 actos.
DANÇALisboaLisboa Matilda Carlota Com Jonas Lopes, Lander Patrick. Coreog. Jonas Lopes, Lander Patrick. De 27/10 a 28/10. 3ª e 4ª às 21h30 (na Rua das Gaivotas n.º 6, Festival Temps d’Images 2015). M/10. Duração: 45m.
Praia da RochaHotel Algarve CasinoPraia da Rocha. T. 282402000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 6/10 a 27/10. 3ª às 22h30.
SAIR18h. Pintura. Progresso De Ana Cardoso. De 23/10 a 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Sousa Lopes 1879-1944. Efeitos de Luz De Adriano Sousa Lopes. De 18/7 a 8/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. De 15/10 a 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da CervejaAla Nascente, 62. T. 210987656 Contos Murais De Júlio Pomar. A partir de 3/4. Todos os dias das 12h às 23h. Pintura. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília - Edifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros.
Museu da FarmáciaRua Marechal Saldanha, 1. T. 213400680 Arte e Ciência em Luís Dourdil De 21/3 a 14/11. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Pintura. Museu de Lisboa – Santo AntónioLg de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Objectos, Outros. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 A Aventura da Terra: um Planeta em Evolução A partir de 19/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h (última admissão às 16h). Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Outros. A Hora do Lobo De 9/10 a 29/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros. Cuidar e Curar De 14/9 a 30/6. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Objectos. De Raiz, A Radice De Margarida Jardim. De 25/9 a 31/10. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros. Francisco Arruda Furtado (1854-1887), Discípulo de Darwin De 6/3 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Objectos, Desenho. Imaginar a Cidade 1995-2015 De João Santa-Rita. De 8/10 a 1/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Desenho, Arquitectura. Jóias da Terra - O Minério da Panasqueira A partir de 1/8. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência. Memórias da Politécnica - Quatro séculos de Educação, Ciência e Cultura De 16/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Outros. Palácio da Memória De João Ó. De
FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteIdeal (Areeiro) - Av. Almirante Gago Coutinho, 49 - A - Tel. 218492803 Nicolau (Lumiar) - Calçada de Carriche, Lote 4 Lj. Esq. - Tel. 217588727 Olivais (Olivais Velho) - Rua Alves Gouveia, 19 - Tel. 218511237 Pinheiro (Campo de Ourique) - Rua Campo Ourique, 131 - Tel. 213844313 Fontes Pereira de Melo (São Sebastião da Pedreira) - Av. Fontes Pereira de Melo, 15 - Tel. 213139190/2131213139290 /213139290
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Magalhães Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Matos Coelho Aljustrel - Pereira Almada - Magalhães Herd. , Central - Trafaria (Trafaria) Almeirim - Barreto do Carmo Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)
Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Campos , Guizo Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Fidalguinhos Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Central Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens , Mendes (Porto Alto) Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Central Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Fontes Rocha , Luz (Alcabideche), de Birre (Birre), São João (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Rodrigues dos Santos
(Sarzedas) Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - S. Pedro Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Crespo Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - António Lucas Estremoz - Godinho Évora - Central Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Serra Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - A Lacobrigense Leiria - Dulce Caçador (Bidoeira de Cima) Loulé - Miguel Calçada , Chagas, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Saraiva , Varela (S. Cosme) Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa) , Liberal (Reguengo Grande) Mação - Catarino Mafra - Marques (Azueira) , Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande
- Moderna Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Gusmão (Alhos Vedros) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Do Altinho , Joleni Oeiras - Central Park (Linda-a-Velha) , Pargana (Paço de Arcos) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Pacheco Ourém - Pastorinhos (Fátima) , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Barros Ponte de Sor - Matos Fernandes Portel - Fialho Portimão - Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Candido Barbosa
Salvaterra de Magos - Martins Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Jerónimo São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Moura Carneiro (Amora) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Louro , Viso Silves - Sousa Coelho Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Caldeira , Queluz (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas - Aliança (Lamarosa/Torres Novas) Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Valentim LDA. , Central de Alverca (Alverca), Central Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia Oeiras - Progresso (Tagus Park)
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 37
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.21 Os Nossos Dias 15.52 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.12 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.10 Bem-vindos a Beirais 21.55 Treze - Talk-show 23.28 5 para a Meia-Noite 00.38 The Flash 1.25 Os Números do Dinheiro 2.27 Os Nossos Dias
RTP 27.00 Zig Zag 11.06 Desalinhado 13.05 Diagnóstico: Divas 14.00 Sociedade Civil 15.05 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 15.55 Zig Zag 20.03 Pais Desesperados 21.00 Jornal 2 21.49 Página 2 22.07 Mad Men 22.55 Literatura Aqui 23.30 Peru, País de Extremos 00.28 Eurodeputados 00.57 E2 - Escola Superior de Comunicação Social 1.29 Sociedade Civil 2.30 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Dancin Days 15.20 Duas Caras 16.00 Grande Tarde 18.40 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.30 Poderosas 23.55 A Regra do Jogo 00.55 Investigação Criminal 1.55 Investigação Criminal Los Angeles 2.50 Podia Acabar o Mundo
TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 16.00 A Tarde É Sua 19.15 A Quinta 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.24 Santa Bárbara 23.00 A Quinta - Nomeações 00.00 A Quinta - Extra 1.00 Os Irmãos Donnelly 1.57 Ora Acerta 3.00 Fascínios 3.45 Dr. House 4.32 Sonhos Traídos
TVC110.15 Matem o Mensageiro 12.10 Éden 14.25 Palavrões 15.55 Noite de Folga 17.35 Serena 19.25 A Viagem dos Cem Passos 21.30 Rouxinol 22.55 Matem o Mensageiro 1.50 Serena 3.40 Oceanos 5.25 Rouxinol
FOX MOVIES9.12 Os Miseráveis 11.22 Ágora 13.21 Icarus, Máquina de Guerra 14.51
D-Tox 16.22 Academia de Polícia 4 - A Patrulha do Cidadão 17.47 O Casamento de Rachel 19.37 Olhos de Anjo 21.15 Soldado Universal: O Regresso 22.34 Soldado Universal: Regeneração 1.06 Blood: O Último Vampiro 2.29 Jogos de Poder 4.03 21 Gramas
HOLLYWOOD9.35 Em Nome da Amizade 11.35 Contacto 14.00 Prom - A Primeira Noite do Resto da Tua Vida 15.45 Tombstone 17.55 O Último Viking 19.40 Norbit 21.30 Impostor 00.10 P2 - Zona de Risco 1.55 Resident Evil 3.35 Vigilante 5.10 Perseguido pelo Passado
AXN13.39 Mentes Criminosas 14.25 Inesquecível 15.56 Castle 17.30 Mentes Criminosas 19.06 Inesquecível 20.39 Castle 22.15 C.S.I. 23.58 Mentes Criminosas 1.47 Perception 3.13 Inesquecível 4.39 C.S.I.
AXN BLACK13.46 Gangster Americano 16.20 Resistentes 18.26 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 20.16 Rápida e Mortal 22.00 Tara Road - Vidas Trocadas 23.43 África dos Meus Sonhos 1.39 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 3.29 Rápida e Mortal
AXN WHITE14.22 Trocadas à Nascença 15.54 Filme: Boas Vibrações 17.30 Era Uma Vez 19.04 Descobrindo Nina 20.40 Franklin e Bash 21.30 Filme: Boas Vibrações 23.06 Filme: Amor ao acaso 00.44 Franklin e Bash 1.28 Traição 2.15 Pequenas Mentirosas 3.47 Trocadas à Nascença
FOX13.01 Os Simpsons 13.44 Hawai Força Especial 15.22 Investigação Criminal: Los Angeles 16.57 Sob Suspeita 18.38 Hawai Força Especial 20.27 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Gotham 23.10 Sob Suspeita 00.06 Investigação Criminal: Los Angeles 00.57 Hawai Força Especial 1.49 Sob Suspeita 3.22 Spartacus, Sangue e Arena
FOX LIFE13.11 A Patologista 13.59 Filme: The Good Mother 15.28 A Patologista
17.10 Filme: The Perfect Boss 18.45 Rizzoli & Isles 19.37 A Patologista 21.26 Rizzoli & Isles 23.10 Mr. Selfridge 00.11 Filme: A Nanny’s Revenge 1.48 Masterchef USA 2.32 Em Contacto 4.07 Ossos 4.57 Twisted
DISNEY15.00 Aladdin 15.50 Galáxia Wander 16.05 Gravity Falls 16.30 Phineas e Ferb 16.55 Os 7A 17.30 The Next Step 17.52 Videoclip Remix Sofia Carson 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 Riley e o Mundo 19.45 Shake It Up 20.07 The Next Step 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.50 A Minha Babysitter É Um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 00.20 Casper - O Fantasminha 00.45 Randy Cunningham: Ninja Total 1.10 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 1.33 Casper - O Fantasminha 1.57 Rekkit Rabbit 2.45 Randy Cunningham: Ninja Total 3.30 Casper - O Fantasminha 4.20 W.I.T.C.H. 5.04 Casper - O Fantasminha 5.53 Rekkit Rabbit
DISCOVERY17.20 Pesca Radical 18.15 A Febre do Ouro 21.00 Território Desconhecido com Ed Stafford 22.55 Em Terra de Ninguém 00.50 Aventura à Flor da Pele 1.40 Território Desconhecido com Ed Stafford 3.20 Alasca, Batalha no Mar 4.50 Os Caçadores de Mitos 5.35 Caçadores de Leilões
HISTÓRIA17.36 Alienígenas 18.20 Em Busca de Extraterrestres 19.02 Caça Tesouros 21.17 O Preço da História 00.26 Restauradores 2.30 O Preço da História 3.13 Treblinka 4.00 Os Libertadores 4.55 Mistérios Enterrados
ODISSEIA17.39 Abutres, a Beleza da Fera 18.29 Ilhas e Homens com Karembeu 19.22 Medicina do Mundo 20.16 DEA 21.00 A Origem das Coisas 21.45 Rude Tube 22.30 O Último Voo do Concorde 00.42 Car Matchmaker 1.26 A Origem das Coisas 2.11 Rude Tube 2.36 Car Matchmaker 3.20 O Último Voo do Concorde 4.37 McConkey
FICAR
DOCUMENTÁRIOAlentejo, AlentejoTVC2, 22h00Através deste documentário,
Sérgio Tréfaut leva o espectador
numa viagem ao interior do
Alentejo onde se descobrem as
paisagens, tradições e modo de
vida dos seus habitantes. Uma
das mais interessantes tradições
nascidas a sul do Tejo está
no cante alentejano, um coro
polifónico entoado habitualmente
por grupos de homens de todas as
idades, embora existam também
alguns grupos femininos. Criado
nas tabernas ou nos campos de
cultivo, atravessou as fronteiras da
região que lhe deu origem. Com o
passar do tempo, também devido
à diáspora alentejana, apareceram
novos grupos na periferia de
Lisboa, acentuando o cante como
a expressão de uma identidade
própria e de uma vontade de
regressar às origens. Alentejo,
Alentejo ganhou o Prémio Melhor
Filme Português e Prémio TAP
Melhor Documentário do Festival
IndieLisboa 2014.
CINEMA
A Viagem dos Cem Passos[The Hundred-Foot Journey]TVC1, 19h25Depois de ser obrigada a deixar a
Índia, a família Kadam instala-se
numa pequena e pitoresca aldeia
francesa. O local parece perfeito
para abrir um restaurante de
sabores exóticos... Até aparecer
a sofi sticada e pouco amistosa
Madame Mallory. Proprietária
de um elegantíssimo restaurante
de alta cozinha galardoado com
uma estrela Michelin — e situado
a cem passos dali —, ela não está
nada interessada em partilhar a
clientela. O problema agudiza-se
quando Mallory descobre que o
fi lho mais velho dos Kadam tem
realmente um talento nato para
a arte culinária... Com Helen
Mirren, Om Puri, Manish Dayal
e Charlotte Le Bom a apimentar
o elenco, o fi lme adapta a obra
homónima, escrita por Richard
C. Morais em 2010, que se tornou
um best-seller internacional.
Impostor [Impostor]Hollywood, 21h30Ano de 2079. A Terra está em
guerra há mais de uma década
contra uma força alienígena.
Várias cidades foram destruídas
e as que restam estão protegidas
por cúpulas. Spencer Olham
(Gary Sinise) é um cientista
que trabalha para o Governo,
dirigindo um projecto que talvez
permita vencer os extraterrestres.
Mas, repentinamente, Spencer
é acusado de ser um andróide,
introduzido na Terra ao serviço
do inimigo. O cientista é então
confrontado com duas difíceis
tarefas: provar a sua inocência a
tempo de salvar o mundo e provar
a si próprio que a sua identidade
não é uma mera ilusão.
Tara Road – Vidas Trocadas [Tara Road]AXN Black, 22h00A vida de Marilyn Vine (Andy
MacDowell) é devastada
pela morte acidental do seu
único fi lho, Dale, durante a
comemoração do seu 15.º
aniversário. Do outro lado do
Atlântico, em Dublin, Irlanda, o
casamento de Ria Lynch (Olivia
Williams) termina quando o seu
marido lhe revela que a vai deixar
pela amante que está grávida,
Bernadette. Um telefonema
acidental junta estas duas
mulheres que acabam por decidir
trocar de casa durante dois
meses. Nesta permuta de lares,
ambas aprendem gradualmente a
aceitar a nova realidade das suas
vidas alteradas.
Reino dos Céus [Kingdom of Heaven]AMC, 22h30Realizado por Ridley Scott,
conta a história de Balian, um
jovem ferreiro que acaba por se
tornar num dos mais honrados e
heróicos cavaleiros e defensores
da paz na Terra Santa durante as
Cruzadas. Desgostoso pela morte
da sua mulher e fi lho, Balian é
procurado por Godfrey de Ibelin,
um nobre do reino de Jerusalém
profundamente comprometido
em manter a paz na Terra Santa.
Quando Godfrey lhe confessa
ser seu pai, Balian une-se a ele
na sua sagrada missão. Após a
morte prematura do pai, herda
a sua própria terra e um título
em Jerusalém, uma cidade
onde cristãos, muçulmanos e
judeus se esforçam por coexistir
pacifi camente durante o breve
interlúdio de tréguas entre a
segunda e a terceira cruzadas, no
ano de 1186.
Rouxinol, TVC1, 21h30
Os mais vistos da TVDomingo, 25
FONTE: CAEM
RTP1TVITVISICSIC
12,512,09,99,88,7
Aud.% Share
26,023,322,619,026,2
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
15,4%%
1,8
13,7
20,2
36,5
The Voice PortugalJornal das 8A Quinta - GalaJornal da NoitePrimeiro Jornal
38 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
JOGOSCRUZADAS 9326
BRIDGE SUDOKU
TEMPO PARA HOJE
A M A N H Ã
Açores
Madeira
Lua
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
Sol
20º
Viana do Castelo
Braga10º 17º
Porto12º 16º
Vila Real9º 13º
11º 17º
Bragança7º 12º
Guarda6º 9º
Penhas Douradas4º 8º
Viseu8º 11º
Aveiro12º 18º
Coimbra11º 15º
Leiria12º 17º
Santarém11º 18º
Portalegre9º 14º
Lisboa14º 18º
Setúbal12º 19º Évora
10º 17º
Beja11º 18º
Castelo Branco10º 15º
Sines14º 18º
Sagres15º 20º
Faro14º 20º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
15º 21º
14º 20º
Flores
Terceira14º 19º
16º 22º
16º 23º
15º 19º
20º
20º
06h58
Cheia
17h43
12h0527 Out.
1-1,5m
5m
21º
2-3m
23º1-1,5m
22º4-4,5m
14h29 3,802h51* 3,8
08h15 0,320h38 0,2
14h04 3,802h27* 3,8
07h49 0,420h12 0,4
14h12 3,702h35* 3,7
07h46 0,320h10 0,2
4-5m
4-5m
4-5m
18º
19º
*de amanhã
Horizontais: 1. Estrato. Grande onda. 2. Peça transversal do arado em que o lavrador assenta as mãos. Recitar. 3. Unidade monetária do Japão. Que tem má fama. 4. Perverso. Terreno cheio de árvores silvestres. Prefixo que exprime a ideia de privação. 5. Porco (regional) ou pato (Beira). International Business Machines. 6. Sacerdote budista tibe-tano. Estilo musical desenvolvido nas ruas de Nova Iorque, em meados da década de 70. 7. A unidade. Desgraça. 8. Sistema que não é sólido nem líqui-do. Esmalte preto. 9. Composição po-ética de assunto elevado e destinada ao canto. Um certo. Redução de maior. 10. Música executada só por orquestra. Cálcio (s.q.). 11. Rezar. Pregador.
Verticais: 1. De acordo com o Antigo Testamento, foi o primeiro filho de Adão e Eva. Que tem rugas. 2. Limpar com areia, cinza, etc. Ponderar (fig.). 3. D. (...) II, último rei de Portugal, par-tiu da Ericeira para a Inglaterra com a restante família real, ficando aí a viver no exílio. Alcoviteira. 4. Eu te saúdo! (interj.). Confederação da Agricultura Portuguesa. Abreviatura de frei. 5. Preposição que designa posse. Instante. 6. Agrupa. Sectário do arianismo. 7. Prefixo (oposição). Dissolver em líquido. 8. Relativo a fábrica. Autores (abrev.). 9. Fileira. Membro da maçonaria (pedreiro-livre). 10. A parte amarela do ovo. Na mitologia grega, deus dos rebanhos, das campinas e dos bosques. Vazio. 11. Campo de liça. Enfeitar com oiro.
Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Vincent Cassel (4 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Loa. Assoar. 2. ÁRVORE. CAEM. 3. Bendito. DA. 4. Cento. Sal. 5. Tera. Aura. 6. Atum. Afro. 7. Cor. Irra. Lo. 8. Arado. Urso. 9. Edita. NS. 10. NÃO. Ano. Ego. 11. Dosar. Sáxeo.Verticais: 1. Lá. Craca. Nd. 2. Orbe. Torrão. 3. Aventura. OS. 4. Ontem. De. 5. Ardor. Iodar. 6. Sei. Aar. In. 7. Tu. FRUTOS. 8. Oco. Arara. 8. Aa. Suo. Ex. 10. Redar. LONGE. 11. Malato. Soo.Provérbio: Os frutos não caem longe da árvore.
Oeste Norte Este Sul 2♦ (1)passo 2♥ (2) passo 2♠
passo 2ST passo 3♦
passo 5♦ passo 6♦
Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Forcing de partida (2) Nega ases, dois reis ou 8 pontos
Carteio: Saída: K♣. Depois de cortar o Rei de paus com o 5 de ouros, tira o Ás de ouros ao qual todos assistem. Como continuaria?
Solução: Neste momento existem nove vazas ganhantes (um corte, cinco trun-fos, Ás de copas e Ás e Rei de espadas). Três vazas suplementares a espadas serão suficientes para cumprir, pode conceder a Dama. Mas, nesse caso será necessário impedir a defesa de encaixar uma vaza a paus. É fácil, se conseguir baldar os paus do morto. O desenrolar do jogo: Rei de paus cortado, Ás, Rei e Dama de ouros, Ás, Rei e Valete de espa-das sobre o qual balda o 8 e o Valete de paus.
Dador: SulVul: EO
Problema 6426 Dificuldade: fácil
Problema 6427 Dificuldade: difícil
Solução do problema 6424
Solução do problema 6425
NORTE♠ 8♥ 10754♦ Q6432♣ J82
SUL♠ AKJ1095♥ AQ6♦ AK105♣ -
OESTE♠ Q732♥ K82♦ 9♣ KQ976
ESTE♠ 64♥ J93♦ J87♣ A10543
João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
“C’est fini”, já tem asseguradas as doze vazas sem o mínimo risco de cabidar.
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♦ 1♠ ?
O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠J4 ♥Q1083 ♦943 ♣K972 2. ♠842 ♥Q107 ♦A432 ♣KQ23. ♠83 ♥K1092 ♦A5 ♣AQ1092 4. ♠KJ1082 ♥92 ♦J1094 ♣AJ
Respostas: 1. Passe – É necessário um mínimo de 7/8 pontos para poder dobrar, caso não tenha fit no naipe do parceiro (nesse caso já poderá dobrar com menos de 7 pontos).2. 2♠ – O cue-bid, após uma abertura em naipe menor, promete um mínimo de 11 pontos. Para além disso, interroga o abridor sobre uma possível defesa no naipe do adversário, numa tentativa de alcançar o contrato de 3ST.3. 2♣ – Tendo um bom naipe quinto e força suficiente para jogar partida, co-mece por anunciar os paus e na volta seguinte poderá referir as copas. Assim, não só explica a sua força como comple-ta a descrição da sua mão.4. Passe – E sobre o provável dobre de reabertura do parceiro passe!
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40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Entre a dinastia de Steph Curry e a felicidade caseira de LeBron
Não há muitas equipas na história da
Liga Norte-Americana de Basquete-
bol profi ssional (NBA) que tenham
tido uma época tão boa como a que
os Golden State Warriors tiveram em
2014-15. Tiveram o sexto melhor re-
gisto de sempre numa época regu-
lar (67-15), uma carreira com poucos
sobressaltos nos play-off (16-5) que
terminou na conquista do título de
campeão, o MVP da temporada (Ste-
ph Curry) e o MVP da fi nal (Andre
Iguodala) e, no entanto, há muita
gente que desconfi a da equipa cali-
forniana. Numa palavra, quase toda
a NBA acha que os Warriors tiveram
sorte. E que a tempestade perfeita
não vai acontecer na nova tempo-
rada que hoje se inicia.
Um inquérito aos general mana-
gers das 30 equipas da NBA não
coloca os Warriors como princi-
pais candidatos ao título, nem co-
mo segundos. O que os donos das
equipas dizem é que os Cleveland
Cavaliers são, de longe (53,6%), os
grandes candidatos, seguidos dos
San Antonio Spurs (25%). Só depois
aparece a equipa de Oakland (17,9%).
O inquérito ainda cita os Oklahoma
City Thunder como um candidato,
embora com uma percentagem qua-
se residual (3,6%).
Os argumentos andam à volta dis-
to. Os Warriors não sofreram com le-
sões incapacitantes, benefi ciaram de
fraca oposição nos play-off e tiveram
um adversário com pouca profun-
didade na rotação durante a fi nal.
A tudo isto, Steph Curry responde
desta maneira, e não sem uma boa
dose de ironia: “Peço desculpa por
sermos saudáveis. Peço desculpa por
jogarmos contra quem nos apare-
cia pela frente. Peço desculpa por
todas as distinções que recebemos,
individualmente e como equipa. Pe-
ço muita, muita desculpa, e vamos
tentar rectifi car este ano.”
Para a nova temporada, os cam-
peões Warriors continuam com tu-
do no lugar. Nove dos dez jogadores
mais utilizados mantêm-se na equipa
e o treinador é o mesmo, Steve Kerr,
que cometeu a proeza de ser cam-
peão no seu ano de estreia como téc-
nico principal — o último a fazê-lo foi
Pat Riley, com os Los Angeles Lakers
de 1982. Curry quer mostrar que po-
de ser líder de uma nova dinastia na
NBA e conquistar um segundo título
com os Warriors será o sufi ciente pa-
ra calar os críticos.
Se não será justo colocar os War-
riors num lugar tão secundário da
lista de candidatos como fi zeram os
donos das equipas, também é ver-
dade que há muitos outros preten-
dentes com aspirações legítimas a
chegar ao título. A encabeçar esta
lista estão os Cleveland Cavaliers, de
LeBron James, os fi nalistas vencidos
da última fi nal e, no papel, a única
equipa da Conferência Este que po-
derá verdadeiramente lutar pelo tí-
tulo. Na temporada passada, os Cavs
viveram muito (talvez demasiado)
do “one man show” que é LeBron Ja-
mes e disso se ressentiram quando
chegaram à fi nal com uma rotação
limitada por muitas lesões.
LeBron em busca do títuloLeBron continua à procura de um
título pela equipa da sua cidade natal
e foi isso que prometeu aos adeptos
quando deixou os Miami Heat (onde
foi duas vezes campeão) para regres-
sar a Cleveland, uma cidade em eter-
na depressão desportiva pela falta
de conquistas das suas equipas pro-
fi ssionais. Se jogadores como Kyrie
Irving e Kevin Love (que falharam as
fi nais) estiverem saudáveis, então os
Cavs serão não apenas os melhores
da Este, mas talvez os melhores da
NBA.
Se o líder de Este é razoavelmente
fácil de prever, com os Cavs a gran-
de distância de equipas como os
Chicago Bulls, os Atlanta Hawks, o
Oeste está recheado de equipas que
podem causar muitos problemas. E é
difícil não voltar a colocar neste lote
os San Antonio Spurs, que mantêm o
lote de veteranos todos um ano mais
velhos (Tim Duncan, Manu Ginobili e
Tony Parker), mas que se reforçaram
com aquele que era o free agent mais
desejado da NBA, o extremo-poste
LaMarcus Aldrigde, alguém que po-
de verdadeiramente fazer a diferen-
ça — 23,4 pontos e 10,2 ressaltos de
média por jogo em 2014-15.
Só os Cleveland Cavaliers parecem ter, na Conferência Este, capacidade para se intrometerem numa NBA que continua muito inclinada para o Oeste
NBAMarco Vaza
Outra dos grandes pretendentes
ao título está, tal como os Warriors,
na Califórnia e na Divisão Pacífi co.
Defi nitivamente estabelecidos co-
mo a melhor equipa de Los Angeles,
os Clippers irão querer esquecer o
fracasso da última temporada, em
que foram eliminados na segunda
ronda dos play-off . O técnico Doc Ri-
vers continua com o seu núcleo de
“estrelas” (DeAndre Jordan, Chris
Paul, Blake Griffi th e J. J. Reddick) e
passou a contar com o veterano Paul
Pierce para dar mais profundidade
à rotação.
Equipas como os Oklahoma Ci-
ty Thunder ou os Houston Rockets
estarão sempre dependentes do es-
A despedida de Kobe Bryant?
Os Lakers são uma das equipas mais tituladas da história da NBA, mas, em 2015-16, estarão
condenados à irrelevância. Mas haverá um forte motivo para seguir a época dos californianos: saber o que vai acontecer com Kobe Bryant, que entra hoje na sua 20.ª época como profissional. Para já, não é claro que Kobe esteja, sequer, apto para a noite de abertura no Staples Center,
em Los Angeles, com mais uma lesão a limitar a sua actividade durante as últimas semanas da pré-época. Ninguém dos Lakers, nem o próprio Kobe diz que esta será a sua despedida, mas os adeptos estarão mais preparados para uma época parecida com as duas últimas (41 jogos entre 2013 e 2015) do que qualquer uma das cinco épocas em que Kobe foi determinante para o título de campeão.
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | DESPORTO | 41
tado físico das suas superestrelas,
Kevin Durant e James Harden, res-
pectivamente, enquanto Anthony
Davis pode, a qualquer momento,
transformar os New Orleans Pelicans
numa força a ter em conta. O estado
físico de Derrick Rose também irá
condicionar a época dos Bulls, ele
que apenas esteve em 61 jogos nas
últimas três temporadas, enquanto
os Atlanta Hawks tentarão, pelo me-
nos, igualar o que fi zeram em 2014-
15, a sua melhor época de sempre
(60 vitórias e 22 derrotas).
Para muitas equipas, esta será
mais uma época de reconstrução
e tentar não ser a anedota da NBA.
As previsões apontam para que os
Os Warriors bateram os Cavaliers na final da temporada passada e conquistaram o seu primeiro título em 40 anos
DAVID RICHARD-USA TODAY SPORTS
Philadelphia 76’ers e os Minnesota
Timberwolves sejam, respectiva-
mente, os piores de Este e Oeste,
equipas sem plano de reconstru-
ção e a tentar fazer o pior possível
para terem sorte no draft da época
seguinte. Já os New York Knicks, a
entrar no segundo ano do plano de
Phil Jackson, espera-se que haja um
salto qualitativo em relação a 2014-
15, a pior época de sempre da histó-
ria da equipa. Se Carmelo Anthony
voltar a ser a “estrela” que já foi em
tempos e se o tiro no escuro que
foi a selecção do lituano Kristaps
Porzingis no draft der resultado, os
Knicks vão andar perto de um lugar
nos play-off .
MANAN VATSYAYANA/AFP
A relação entre Valentino Rossi e Marc Márquez azedou na Malásia
A fotografi a só tem sete anos, mas
parece que foi tirada há uma eterni-
dade, especialmente depois do que
se passou no fi m-de-semana, duran-
te o Grande Prémio da Malásia em
MotoGP. Na imagem, vê-se Valentino
Rossi, então com 29 anos e já sete
títulos mundiais no currículo (cinco
deles na categoria rainha), a envol-
ver com o braço esquerdo os ombros
de Marc Márquez, na altura um jo-
vem de 15 anos que se estreava nas
125cc. Vêem-se sorrisos estampados
nos rostos de ambos, e a fotografi a
foi durante algum tempo um teste-
munho da admiração e respeito que
nutriam mutuamente.
Nutriam, assim mesmo no preté-
rito imperfeito, porque difi cilmente
continuarão a nutrir. Os dois prota-
gonistas da fotografi a de 2008 são,
desde 2013, adversários no Mundial
de MotoGP. No princípio, os papéis
eram de ídolo e admirador — Már-
quez chegou a confessar que tinha
um poster de Rossi no quarto. Mas
a relação entre Rossi e Márquez não
voltará a ser a mesma após o inci-
dente deste fi m-de-semana em Se-
pang. O espanhol, campeão em títu-
lo, queixa-se de ter sido empurrado
para fora de pista pelo italiano. Rossi
acusa Márquez de querer impedi-lo
de chegar ao título, em benefício do
seu compatriota Jorge Lorenzo.
Nenhuma imagem esclarece a si-
tuação por inteiro. Os dois pilotos
protagonizaram uma intensa bata-
lha, com as manobras arrojadas a
sucederem-se. Houve ultrapassagens
em que fi caram separados por escas-
sos milímetros, e outras em que nem
isso. Foi o caso na curva 14, quando
Marc Márquez foi ao chão e teve de
abandonar. Houve contacto físico
entre os dois, com o espanhol apa-
rentemente a encostar o capacete
ao joelho do italiano. Rossi diz que
perdeu o apoio do pé e tentou reco-
locá-lo, afastando a perna esquerda
da moto. Nesse movimento, teria to-
cado no manípulo direito da moto de
Márquez, desequilibrando-o.
“Ele tinha-me ultrapassado por
dentro. Levantou a moto, olhou pa-
ra mim, abrandou e afastou-me com
a perna, atingindo-me no braço e no
Valentino Rossi é acusado de pontapear Márquez e isso pode custar-lhe o Mundial
seria terceiro e subiu ao pódio, ter-
minando atrás do companheiro de
equipa (e rival) Jorge Lorenzo. O
resultado na Malásia deixa os dois
pilotos separados por apenas sete
pontos na classifi cação do Mundial.
A derradeira etapa do campeonato,
no dia 8 de Novembro, na Comuni-
dade Valenciana, promete ser escal-
dante. Não só pela hostilidade para
com Rossi, mas também porque o
italiano viu confi rmado pelos stewar-
ds o castigo aplicado pela direcção da
corrida: três pontos de penalização,
que o obrigam a partir do último lu-
gar da grelha de partida.
Ao longo de quase 20 anos de
carreira no motociclismo, Valenti-
no Rossi protagonizou vários outros
episódios, mas nenhum tão polémico
quanto este. A rivalidade com Jorge
Lorenzo conheceu altos e baixos, e
antes tinha sido o australiano Casey
Stoner. Os dois travaram uma dura
batalha em Laguna Seca, nos EUA,
em 2008, após a qual Stoner diria:
“Perdi o respeito por um dos maiores
pilotos da história”. Houve muita gen-
te a condenar Rossi pelo que aconte-
ceu em Sepang, mas também quem
apontasse o dedo a Márquez: “Os co-
missários deviam indagar o porquê
do que aconteceu. Sei do que falo e
a atitude de Márquez é merecedora
de uma sanção ainda mais grave”,
apontou o argentino Sebastián Porto,
vice-campeão mundial de 250cc em
2004, questionando a atitude “pro-
vocadora” de Márquez.
Resta a Valentino Rossi um ano de
contrato com a Yamaha. “Quero mui-
to experimentar as motos de 2016. O
MotoGP vai mudar muito após 2015.
Será uma espécie de ano zero”, afi r-
mava, há um ano, quando renovou
o vínculo. Nem imaginava a situação
em que viria a encontrar-se.
manípulo. Não consigo conceber o
que passará pela cabeça de um piloto
que deliberadamente faz cair outro.
Arriscamos a vida nas corridas”, acu-
sou o espanhol. “O Márquez sabe que
isso não é verdade, e fi ca muito claro
nas imagens que não quero atirá-lo
ao chão. Ele tocou com a manete
na minha perna e perdi o apoio do
pé, mas, se analisarem as imagens,
vêem que, quando isso acontece, o
Márquez já tinha perdido o controlo
da moto. Não quis pontapeá-lo. Até
porque uma moto destas não cai com
um pontapé”, reagiu o italiano.
A controvérsia está instalada. Rossi
MotociclismoTiago Pimentel
Marc Márquez diz que italiano o empurrou de propósito. Italiano nega e acusa espanhol de querer impedi-lo de ser campeão
Três vitórias em quatro corridas deixaram o português Miguel Oliveira na posição de ser o único
a poder impedir Danny Kent de conquistar o título em Moto 3. A missão do piloto de Almada é difícil (tem de vencer a última corrida e esperar que o rival não pontue), mas Oliveira está confiante: “Foi uma vitória muito importante [na Malásia], que mantém o título em aberto”, frisou ontem, à chegada ao aeroporto de Lisboa. “Em Agosto, tinha 110 pontos de desvantagem e agora estou a 24, a uma prova do fim. Terei de ganhar e esperar que um azar aconteça ao Danny Kent. É bastante improvável que aconteça alguma coisa, mas não vou desistir”, prometeu.
Miguel Oliveira quer lutar até ao fim
42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Breves
Futebol
Futebol
Ténis
UEFA anuncia apoio a Gianni Infantino para a presidência da FIFA
Rússia joga particular com Portugal a 13 de Novembro
João Sousa desce uma posição no ranking ATP
O comité executivo da UEFA manifestou ontem o seu apoio unânime à candidatura de Gianni Infantino, actual secretário-geral da UEFA, à presidência da FIFA. Numa comunicação publicada no seu site, aquele organismo anunciou Gianni Infantino como a nova escolha da UEFA, após o impedimento de que foi alvo Michel Platini, em resultado da investigação em curso em torno dos actuais administradores da FIFA.
A selecção portuguesa vai defrontar a Rússia, num encontro particular, a 13 de Novembro, às 19h45, em Londres, anunciou ontem a Federação Russa de Futebol no seu sítio oficial na Internet. De acordo com o organismo russo, o encontro com Portugal vai ser jogado em Craven Cottage, estádio do Fulham, quatro dias antes de o conjunto de Leste jogar outro particular com a Croácia, em Krasnodar.
João Sousa desceu uma posição na classificação ATP e é agora 46.º, após uma semana em que foi eliminado na primeira ronda do torneio de Moscovo. O português não resistiu na última segunda-feira ao espanhol Daniel Gimeno Traver, 95.º colocado do ranking, perdendo o encontro em três sets. Esta semana o tenista vimaranense competirá no ATP 250 de Valência.
CLASSIFICAÇÃOI LIGAJornada 8Nacional-Boavista 0-0Marítimo-Paços de Ferreira 0-2Estoril-Rio Ave 2-2V. Guimarães-Académica 1-1Arouca-Tondela 1-1Moreirense-V. Setúbal 0-2Benfica-Sporting 0-3FC Porto-Sp. Braga 0-0Belenenses-U. Madeira 1-0
J V E D M-S P1. Sporting 8 6 2 0 17-5 202. FC Porto 8 5 3 0 16-4 183. Rio Ave 8 4 3 1 14-9 154. Sp. Braga 8 4 2 2 12-4 145. Paços de Ferreira 8 4 2 2 9-9 146. Estoril 8 4 1 3 8-10 137. V. Setúbal 8 3 4 1 16-12 138. Benfica 7 4 0 3 16-7 129. Arouca 8 2 5 1 8-7 1110. Belenenses 8 2 4 2 10-17 1011. Boavista 8 2 3 3 5-8 912. Marítimo 8 2 2 4 10-14 813. Nacional 8 2 2 4 6-8 814. V. Guimarães 8 1 4 3 6-13 715. União da Madeira 7 1 3 3 3-5 616. Tondela 8 1 2 5 4-8 517. Académica 8 1 1 6 3-14 418. Moreirense 8 0 3 5 5-14 3
Próxima jornada Tondela-Benfica, Sp. Braga-Belenenses, União Madeira-FC Porto, Sporting-Estoril, Académica-Moreirense, V. Setúbal-Arouca, Rio Ave-Nacional, Boavista-Marítimo, P. Ferreira-V. Guimarães
II LIGAJornada 12Leixões-Sp. Braga B 2-3Atlético -Desp. Aves 0-1Olhanense-Ac. Viseu 2-2Oriental-Portimonense 1-2Santa Clara-Sporting B 2-3FC Porto B-Oliveirense 2-2Famalicão-Farense 2-1Freamunde-Mafra 1-0Varzim-Desp. Chaves 3-0Penafiel-Sp. Covilhã 2-2V. Guimarães B-Gil Vicente 1-0Benfica B-Feirense 1-2
J V E D M-S P1. FC Porto B 12 8 2 2 25-14 262. Portimonense 12 6 5 1 20-14 233. Sporting B 12 6 3 3 17-12 214. Atlético 12 6 2 4 14-11 205. Desp. Chaves 12 5 4 3 14-10 196. Sp. Braga B 12 5 4 3 15-13 197. Desp. Aves 12 5 4 3 13-11 198. Ac. Viseu 12 5 4 3 12-11 199. Benfica B 12 5 2 5 16-14 1710. Feirense 12 3 8 1 16-15 1711. Olhanense 12 4 4 4 12-12 1612. Famalicão 12 3 7 2 15-15 1613. Varzim 12 5 1 6 15-18 1614. Penafiel 12 4 4 4 13-14 1615. Gil Vicente 12 4 3 5 13-12 1516. Freamunde 12 4 3 5 11-10 1517. Farense 12 4 2 6 14-15 1418. Santa Clara 12 4 2 6 13-14 1419. V. Guimarães B 12 3 5 4 13-16 1420. Sp. Covilhã 12 3 5 4 11-16 1421. Mafra 12 3 4 5 10-11 1322. Oriental 12 2 3 7 15-22 923. Leixões 12 2 3 7 10-17 924. Oliveirense 12 1 4 7 8-18 7
Próxima jornada Sp. Braga B-Penafiel. Desp. Chaves-FC Porto B, Desp. Aves-V. Guimarães B, Sp. Covilhã-Freamunde, Feirense-Santa Clara, Gil Vicente-Olhanense, Mafra-Oriental, Sporting B-Varzim, Oliveirense-Atlético, Ac. Viseu-Leixões, Farense-Benfica B, Portimonense-Famalicão
MELHORES MARCADORESI Liga7 golos Jonas (Benfica)6 golos Slimani (Sporting) 5 golos Suk (V. Setúbal) , André Claro (V. Setúbal)
II Liga9 golos André Silva (FC Porto B)6 golos Pires (Portimonense), Platiny (Feirense)5 golos Stanley (Varzim), Denis (V. Guimarães B), Carlos Fortes (Sp. Braga B)
Depois do brilharete na Liga Europa,
na última semana, ao vencer o Basi-
leia, na Suíça, por 2-1, o Belenenses al-
cançou esta segunda-feira uma vitória
difícil, na recepção ao União da Ma-
deira, no jogo de encerramento da oi-
tava jornada da Liga. Um golo de Tia-
go Caeiro já nos instantes fi nais valeu
o segundo triunfo da temporada no
campeonato à equipa orientada por
Ricardo Sá Pinto no campeonato, que
subiu ao 10.º lugar da classifi cação.
A equipa da casa entrou melhor
no encontro e criou uma boa opor-
tunidade para se adiantar no mar-
cador logo aos 2’, com um remate
de André Sousa a tocar no poste e a
sair. O União não demorou a reagir
e conseguiu empurrar o adversário
para o seu meio-campo. E, mesmo
em cima do intervalo, Breitner falhou
por pouco o golo dos madeirenses.
O segundo tempo foi menos emo-
tivo e quando o nulo do marcador
já parecia uma inevitabilidade, um
canto de Carlos Martins foi desviado
por Luís Leal para defesa de André,
com Tiago Caeiro a surgir para fi na-
lizar, à segunda tentativa. O União
acabou derrotado quando já não o
esperava, mantendo-se a equipa no
15.º lugar da classifi cação, mas com
menos um jogo disputado.
Tiago Caeiro garante triunfo ao Belenenses
Futebol
Equipa do Restelo somou o segundo triunfo no campeonato e subiu ao décimo lugar da classificaçãoBenfica somou frente ao Sporting a terceira derrota na Liga
A pré-época foi desastrosa, o pri-
meiro jogo ofi cial (Supertaça) trau-
matizante e quando se está prestes
a ultrapassar o primeiro quarto do
campeonato, o trajecto do Benfi ca
tem sido decepcionante. No en-
tanto, este não é um cenário novo
para Luís Filipe Vieira. Desde que
assumiu, em Novembro de 2003, a
liderança dos “encarnados”, esta é a
segunda vez que o presidente benfi -
quista vê as “águias” chegarem à oi-
tava jornada com três derrotas e, há
duas temporadas, o Benfi ca de Jorge
Jesus tinha cinco pontos de atraso
para o FC Porto de Paulo Fonseca ao
fi m de oito partidas. No entanto, no
fi nal, os lisboetas foram campeões
com 13 pontos de vantagem sobre
o Sporting.
Três derrotas (duas contra o Spor-
ting e uma frente ao FC Porto) contra
os dois grandes rivais em apenas 78
dias fi zeram soar os alarmes no Está-
dio da Luz, mas nos 12 anos que Luís
Filipe Vieira leva como presidente
do Benfi ca, não é novidade ver os
“encarnados” iniciaram as tempo-
radas com muita turbulência. Par-
tindo do princípio que as “águias”
vão derrotar o União na Madeira,
um cenário que está longe de ser um
dado adquirido, Rui Vitória deixou
fugir nove pontos em oito jornadas
do campeonato, registo idêntico ao
de Jorge Jesus em 2010-11, quando
Na era de Vieira, o Benfica já esteve igual e foi campeão
o Benfi ca, que defendia o título, foi
batido no mesmo número de jogos
pela Académica, Nacional e V. Gui-
marães — o FC Porto, de André Villas-
Boas, foi campeão com 21 pontos de
vantagem.
Uma vitória “encarnada” no jogo
em atraso colocaria os benfi quistas
a cinco pontos do primeiro lugar,
exactamente a mesma diferença
de pontos que separavam os lisbo-
etas do FC Porto há duas épocas. A
almofada acabou, porém, por ser
insufi ciente para os “dragões”, que
acabariam a temporada no 3.º lugar,
a 13 pontos do Benfi ca. No entanto,
este é um caso isolado: em 2007-
08 (oito pontos) e 2010-11 (sete pon-
tos), o atraso para o líder (FC Porto)
acabou por revelar-se fatal para as
“águias”.
Sporting bem melhorHá, porém, um dado novo que altera
todas estas equações. Embora nas úl-
timas 12 temporadas tenham surgido
alguns corpos estranhos à hegemonia
de FC Porto e Benfi ca — V. Setúbal, Sp.
Braga e Leixões foram primeiros ao
fi m de oito jogos —, nunca o Sporting
chegou a esta fase do campeonato
com tantos pontos e na posição de
líder isolado desde que, em 2001-02,
os “leões” foram campeões pela mão
do romeno Laszlo Bölöni.
Com vários arranques de época
desastrosos — em 2005-06, 2007-08,
2008-09, 2009-10, 2010-11, 2011-12
e 2012-13, os sportinguistas tinham
seis ou mais pontos de atraso para
os líderes na 8.ª jornada —, o Spor-
ting, neste século, apenas na tem-
porada passada tinha cumprido os
oito primeiros jogos sem derrotas,
no entanto Marco Silva já tinha per-
dido oito pontos, mais quatro do que
Jorge Jesus.
FRANCISCO LEONG/AFP
FutebolDavid Andrade
O mau arranque não é uma raridade para as “águias” nos últimos 12 anos; ser líder à 8.ª ronda é novidade para os “leões” neste século
Belenenses 1Tiago Caeiro 90’
União 0
Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa
Assistência Cerca de mil espectadores
Belenenses Ventura, João Amorim a 41’, João Afonso, Gonçalo Brandão (Gonçalo Silva, 81’), Filipe Ferreira, André Sousa, Rúben Pinto, Tiago Silva (Carlos Martins, 63’), Kuca (Tiago Caeiro, 73’), Luís Leal e Fábio Sturgeon. Treinador Sá Pinto
União André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro a 5’, Diego Galo, Joãozinho a
55’(Carlos Manuel, 65’ a 75’), Soares, Gian Martins, Amilton, Breitner (Miguel Fidalgo 90’), Danilo Dias (Cádiz, 81’) e Edder Farías. Treinador Norton de Matos
Árbitro Tiago Antunes (AF Coimbra)
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 43
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA
Pragmáticos, aflitos, românticos e cínicos
A visita a Luaty e as queixas do regime
Entre o alarmismo da Eslovénia,
o romantismo da Alemanha e a
indiferença de países como a Hungria
fez-se mais uma minicimeira que, a não
servir para mais nada, pelo menos pôs
os líderes da região dos Balcãs a falarem uns
com os outros. À entrada para a reunião,
Miro Cerar da Eslovénia colocava a fasquia
alta: “Se não promovermos acções imediatas
e concretas no terreno nos próximos dias,
acho que toda a UE vai começar a afundar-
se.” Angela Merkel colocava o problema
no plano dos valores: “A Europa precisa de
demonstrar que é um continente de valores
e de solidariedade.” Viktor Orbán colocou o
problema onde ele actualmente se encontra,
que é fora das fronteiras da Hungria.
Depois de fechar a fronteira com a Sérvia
e com a Croácia, Orbán apareceu na mini-
A cimeira serviu pelo menos para pôr os países que estão na rota da migração a falar uns com os outros
cimeira, segundo o próprio, com o estatuto
de “observador”. Que é como quem diz:
“Resolvi o meu problema à minha maneira,
agora resolvam o vosso.”
É precisamente para evitar este tipo
de comportamento, de tentar passar o
problema para o quintal do vizinho, que
Merkel e Juncker chamaram a Bruxelas os
países que estão na rota dos refugiados
dos Balcãs para tentar encontrar a melhor
forma de lidar com o crescente número
de refugiados. Uma situação que tenderá
a assumir contornos mais dramáticos à
medida que se aproxima o Inverno.
Não se tentou ensaiar discursos
ambiciosos sobre a política comum de
imigração, mas tão-só tentar resolver
problemas práticos. Ficou decidido,
por exemplo, aumentar em 100 mil a
capacidade de acolhimento dos refugiados
à procura de asilo, tendo a Grécia fi cado
responsável por albergar metade. Números
que nos habituámos a olhar com algum
cepticismo. Basta recordar que na última
grande cimeira sobre o tema foi decidido
redistribuir 160 mil refugiados pelos
diferentes países da União, e até agora só
foram realocados 854.
O regime angolano tem por péssimo
hábito dirigir recados ao poder
político português através do Jornal
de Angola (JA). Antes o fi zesse às
claras, em lugar de fi ngir reserva
em público e depois, sub-repticiamente,
patrocinar a ameaças veladas no seu
jornal ofi cial. Pois bem: o crime, diz
o JA, terá sido a visita do embaixador
português em Luanda ao activista Luaty
Beirão, detido e em greve de fome. O JA
fala em “precedente grave” e “ingerência
desabrida” que “ultrapassa todos os
limites”. Mas porque não protestam contra
a União Europeia, Espanha, Reino Unido
ou Suécia, que também visitaram Luaty,
através de diplomatas seus? É simples:
porque se acham em condições de mandar
em Portugal, gritando-lhe insultos.
Desenganem-se. Luaty, como se sabe,
tem também nacionalidade portuguesa.
Só isso justifi caria a visita. Mas há outras
razões: humanitárias, aquelas que o regime
angolano miseravelmente desconhece.
A vez e a voz da RTP
No passado dia 11 de outubro, a
RTP viveu um momento único, mas
perfeitamente legítimo: o programa
de entretenimento The Voice teve
uma audiência colossal, tendo
fi cado à frente dos reality shows que
à mesma hora eram exibidos na
TVI e na SIC. E este facto serve de
refl exão e ao mesmo tempo para
nos questionarmos se o The Voice
é um programa que se encaixa ou
não na matriz de um serviço público
de televisão. A minha resposta
é: claramente sim! E porque não
seria? Por ter tido uma audiência
brutal bastante superior a um
milhão de telespetadores? Por ser
um programa de música em que os
concorrentes cantam, mostrando
os seus dotes e dons musicais? Por
continuar a ser um programa de
talentos? Por ter uma plateia com
público a aplaudir as excelentes
performances que ali aconteceram?
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
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Contactos do provedor do Leitor
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Telefone: 210 111 000
Eu sei que estes programas são
sempre muito criticados, quando
aparecem na RTP, porque, dizem
alguns, só fazem sentido nas
televisões privadas. Não vejo
qualquer lógica nisso. A menos que
seja a lógica que alguns preconizam
para o serviço público de televisão
que apenas deve exibir aquilo que
os outros não podem, por questões
comerciais, claro. A RTP deve
rejeitar na sua grelha este tipo de
programas e manter-se num registo
muito sóbrio, austero, cinzento,
pobrezinho (...) Nunca estarei desse
lado. Isso seria reservar a RTP para
um nicho, para um pequeno grupo
de cidadãos. Então e os outros?
Não têm direito a querer ter e ver
os seus programas na RTP? A RTP,
enquanto estação global de serviço
público de televisão e rádio, deve
ser o mais transversal possível,
moderna, criativa, diferente,
atrevida, audaciosa, ousada e de
preferência com audiências. É
assim que eu entendo que deve ser.
A RTP pode e deve fazer ouvir bem
alto a sua voz.
José Manuel Pina, Lisboa
Angola e os seus presos políticos
Parece-me estranha e absurda
a existência dos presos políticos em
Angola, acusados de preparar um
golpe de Estado contra o regime
de José Eduardo dos Santos. E a
situação agrava-se, quando se trata
de um governo cujos membros na
sua maioria foram acusados das
piores infâmias pelo regime colonial
português, inclusive a de terroristas,
quando o seu fi m era lutar pela
libertação do seu país e do seu povo.
Estou convencido de que o que
aconteceu foi um acto de mau gosto,
ou, no mínimo, excesso de zelo por
parte de alguma justiça de prática
questionável quanto à legalidade
dos seus actos. E será bom fazer
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
a comparação desta ocorrência
com algumas práticas no regime de
que fazemos parte, no Ocidente:
quando discordamos de decisões,
contestamos, mas — pelo menos,
por enquanto — ninguém vai preso.
Sempre constou que em Angola
havia falta de liberdade, e tal
não deveria acontecer, porque a
guerra de libertação, que levou à
independência, deveria dar lugar a
um processo democrático de livre
expressão, em que todos, mesmo
com ideias e opiniões diferentes,
deveriam ser respeitados. Mas o
que aconteceu foi uma posição de
força por parte de membros de um
regime que estão a usufruir dos
benefícios da riqueza criada no país,
quando a maioria da população vive
em condições penosas do ponto de
vista dos seus meios mínimos de
subsistência, e uma pequena elite
tem retirado para si os melhores
proveitos, e isso é injusto.
Dinis Evangelista, Lisboa
44 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Muitos do que agora criticam o Presidente serão, dentro de alguns meses, os primeiros a lembrar que ele avisou
O Presidente tem razão
1. Depois do coro estridente de
reacções ao discurso presidencial,
é tempo de olhar serenamente
para a realidade. É espantoso
como tantos observadores,
jornalistas, comentadores
e políticos verberaram tão
violentamente o teor da mensagem
presidencial. Não merece sequer
a pena falar das tiradas barrocas,
românticas e tonitruantes de Manuel Alegre,
no melhor estilo do que já só se pode apodar
de “nacional-alegrismo”, em que o próprio
se arroga o papel de grande (e quase único)
patriota e ataca o Presidente com um
sectarismo e um facciosismo lamentáveis.
Mas vale o esforço refl ectir sobre o conteúdo
e o sentido da mensagem de Cavaco Silva.
2. Ao invés do que se propalou, na boca e
na caneta de muita gente que se tem — e bem
— por sensata, o Presidente fez um discurso
judicioso e responsável. Estamos hoje a 27
de Outubro e ainda não há qualquer sinal de
um acordo minimamente sólido do PS com
as esquerdas extremas e radicais. Basta ter
assistido à entrevista de Jerónimo de Sousa
à TVI para perceber quão evanescente é
a perspectiva desse acordo. Por um lado,
escapou a qualquer garantia temporal de
suporte de um governo PS, refugiando-se
na incapacidade para fazer “futurologia”
(sic). Por outro, nesta e noutras ocasiões,
incluindo na letra escrita do Avante!, termina
sempre a dizer que o PCP apoiará todas as
medidas que sejam benéfi cas para as classes
trabalhadoras e estará contra todas as que
sejam prejudiciais a essas mesmas classes
— ou seja, o PCP só apoiará as políticas e as
medidas que entender. Com um critério
deste jaez, que depende de um juízo
unilateral, não haverá decerto qualquer
garantia de estabilidade. Que se esperaria
então do Presidente? Que dissesse que havia
um acordo fi rme e consistente? Ou que
fazia fé no bom e profi ciente desenrolar das
negociações em curso? Mesmo e sobretudo
quando uma das partes — pelo menos, essa,
o PCP — declara urbi et orbi que não alinha
em garantias temporais e que subordina
qualquer apoio ao critério dos efeitos
benéfi cos para as classes laborais?
3. Mais gritante ainda é o “rasgar das
vestes” e o “esventrar de corpos” com a
ideia de que o Presidente ostracizou dois
partidos, pôs de lado um milhão de eleitores,
excluiu do “direito à governação” centenas
de milhares de cidadãos. O Presidente
teria excomungado o PCP e o BE, teria
ressuscitado o PREC e a linha divisória de
Rio Maior, leu-se e tresleu-se por aí.
Estes dois partidos foram sempre contra o
Tratado de Lisboa e o Tratado Orçamental,
dois pilares incontornáveis da nossa
inserção europeia (pelo menos, no quadro
actual). E, no caso do PCP, foi sempre
adversário da pertença à União Europeia,
da adopção da moeda única e da integração
na NATO. Enquanto, no caso do BE, embora
advogando uma permanência no euro e na
UE, tem sistematicamente feito a defesa de
um perdão unilateral e radical da dívida que
é, pura e simplesmente, incompatível com
essa permanência — para lá de reivindicar,
à semelhança do PCP, uma saída imediata
da NATO. Estas ideias-chave do programa
político destes partidos foram reiteradas em
plena campanha eleitoral e estavam inscritas
no coração dos respectivos programas.
Conhecendo-se
a proximidade
destes partidos
aos fenómenos
populistas de
extrema-esquerda
do tipo do Podemos
ou do Syriza (versão
de Janeiro-Julho de
2015), que confi ança
pode gerar um
governo de que
façam parte ou que
seja sustentado
e condicionado
por eles? Não será
de esperar uma
reacção impiedosa
dos investidores
potenciais e dos
mercados? Não
será de aguardar
uma inversão da
tendência de descida das taxas de juro?
Não será de contar com a desconfi ança
generalizada dos credores e dos nossos
parceiros europeus? E isso não terá
consequências maléfi cas sobre a vida
concreta dos portugueses? Acaso se pode
advogar que o Presidente deveria ter fi cado
quedo e mudo ante esta realidade? Não
deveria ele prevenir e chamar a atenção
dos seus concidadãos para os riscos e
perigos de trazer para a esfera de governo
partidos radicais e populistas que sempre se
conservaram fora dela? Que dizer então dos
fenómenos de extrema-direita em França
ou na Suécia, em que os partidos do centro-
direita e do centro-esquerda claramente
assumem uma zona de exclusão? Serão a
França e a Suécia democracias musculadas,
imaturas e insensatas, a roçar a ditadura?
4. Tendo estes partidos aventado que
Ainda não há sinal de acordo minimamente sólido do PS com as esquerdas
Luaty Beirão. A coragem inabalável que tem demonstrado faz dele um arauto da luta pela democracia e pelos direitos humanos. Precisa, mais do que nunca, que cidadãos e autoridades tenham a coragem de o apoiar.
Estado angolano. No caso Luaty e demais activistas, a inércia da Justiça e do Governo é grave. Uma prisão preventiva ilegalmente prolongada, baseada na simples leitura e divulgação de um livro, põe em causa o respeito pelos direitos humanos.
Eurodeputado (PSD). Escreve à terç[email protected]
nada exigiriam quanto à saída do euro,
da UE e da NATO ou à reestruturação da
dívida, é ainda mais tortuosa a circunstância
de continuarem na esfera europeia a tudo
fazer para levar adiante essas bandeiras.
Como é possível estarem à mesa das
negociações com um aparente abandono
ou uma suspensão dessas exigências e
actuar, simultaneamente, em Bruxelas, com
propostas concretas em sentido contrário?
Enquanto o PCP conversa com o PS, os seus
três deputados europeus convidaram todos
os restantes (portugueses incluídos) a assinar
uma proposta de emenda ao orçamento
europeu para constituir uma linha fi nanceira
de apoio a uma saída negociada do euro. Em
Lisboa o PCP aceita fi car no euro, mas em
Bruxelas tudo faz para que Portugal saia da
zona euro. E, por sua vez, o BE, pela mão
da sua candidata à presidência e também
deputada europeia, co-assina com aqueles
três deputados, uma emenda orçamental (a
emenda 29) em que defende abertamente
a revogação do Tratado Orçamental e de
outros instrumentos da actual governação
económica. Este comportamento dúplice
do PCP e do BE mina ainda mais a
confi ança de parceiros europeus, credores,
investidores e mercados. E obriga o PS a
dar uma explicação cabal. Como pode o PS
negociar na base de uma suposta “trégua
pró-europeia” e, ao mesmo tempo, ver estes
partidos a torpedearem de todo o vezo e
maneira os pilares do projecto europeu?
Neste preciso contexto, o que se espera do
Presidente? Que cale e consinta, não dando
nota aos portugueses do que está em jogo?
Muitos do que agora criticam o Presidente
serão, dentro de alguns meses, os primeiros
a lembrar que ele avisou. Bastará ler
editoriais e artigos de opinião.
PEDRO NUNES
Paulo RangelPalavra e Poder
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
Coisas simples que Cavaco não percebe
José Vítor Malheiros
O princípio que afi rma
“quem ganha as eleições
deve governar” tem sido
repetidamente enunciado,
glosado, gritado e guinchado
pela direita nos últimos dias.
E, dito assim, e ouvido com
o sentido crítico em ponto
morto, parece fazer sentido.
Mas, neste particular como em
tudo, convém distinguir a opinião dos factos
e acontece que a norma constitucional ou
o princípio jurídico ou a tradição política
que afi rma “quem ganha as eleições deve
governar” não existe. E, quando alguém
afi rma que ele existe, mente.
Se alguém quiser dizer “eu acho que quem
ganha as eleições deve governar” tem todo o
direito de o fazer, mas trata-se aqui de uma
expressão de vontade pessoal, que não tem
(e, verdade seja dita, não exige) nenhuma
ancoragem na realidade da lei ou da política.
Da mesma maneira, é aceitável que se diga
“em princípio, quem ganha as eleições deve
governar”, mas, como todas as frases que
começam com esta fórmula de caução, isso
quer dizer que, em muitas circunstâncias,
não acontece como “em princípio”.
De facto, se “quem ganhasse as eleições
devesse governar” e se esse tivesse sido o
entendimento dos constituintes, teria sido
fácil incluir o preceito na Constituição. Mas o
que lá está escrito é que “o primeiro-ministro
é nomeado pelo Presidente da República,
ouvidos os partidos representados na
Assembleia da República e tendo em conta
os resultados eleitorais” (artigo 187.º) e
que o novo governo, para governar, não
pode ver o seu programa rejeitado pelo
Parlamento (artigo 195.º). Ou seja, para
nomear um primeiro-ministro é preciso que
o Presidente da República o queira fazer,
que ouça previamente os partidos políticos
e que a sua nomeação “tenha em conta os
resultados eleitorais”, o que é, convenha-
se, uma norma algo vaga, que apela
fundamentalmente ao bom senso. E, para
que um novo governo entre efectivamente
em funções basta que o seu programa não
seja rejeitado pelo Parlamento.
Por que é que quem ganha as eleições
(entenda-se por esta expressão “o partido
ou coligação que tenha obtido mais votos”)
não adquire, por esse simples facto, o
direito a governar, sem mais considerações?
Porque um partido pode ter mais votos
que qualquer um dos outros e não ter,
por esse facto, um apoio sufi ciente no
Parlamento para garantir a governabilidade
e estabilidade (como acontece com a
coligação PSD-CDS neste momento). Assim,
sabiamente, a Constituição impõe ao
Presidente da República que use do bom
senso (uma imposição que Cavaco Silva
considera intolerável) e faça o seu melhor
para, sem violar o sentimento expresso
nas urnas pela maioria dos portugueses,
encontrar uma solução governativa não só
funcional mas tão estável quanto possível.
No máximo, poderia defender-se que
“quem ganha as eleições deve ser indigitado
primeiro-ministro” e apresentar-se ao
Parlamento e ver se consegue um apoio
maioritário ou não — mas a Constituição nem
sequer isso exige.
Uma das razões por que o princípio
“quem ganha as eleições deve governar”
ou “o partido que tem mais votos deve
governar” não faz sentido é porque, a existir,
ele implicaria que, no caso de uma maioria
relativa (como a que tem a coligação PSD-
CDS neste momento), outros partidos fossem
obrigados a deixar passar o programa de
governo, de forma a viabilizar o governo
minoritário, ainda que tivessem de ir contra
a sua consciência e trair o seu eleitorado,
os seus programas, princípios e promessas.
Não faria sentido. Os fanáticos da direita
que gritam que o PSD deve poder governar,
porque teve mais votos do que o PS estão de
facto a dizer, forçosamente, que o PS devia
deixar passar o programa do PSD, por muito
que aqueles o considerem antipatriótico,
antidemocrático, socialmente injusto,
empobrecedor, irrealista e destruidor de
riqueza. Não faz sentido e é evidente que se
trata de uma argumentação desonesta, que
os próprios nunca aplicariam se a situação
fosse ao contrário.
Por que razão, então, houve no passado
governos minoritários? Porque não foram
rejeitados pela maioria do Parlamento.
A Constituição, note-se, obriga o
Presidente da República a “ter em conta os
resultados eleitorais”, globalmente, e não
apenas os votos do partido mais votado. Se
Cavaco insistir, de forma sectária, em apenas
indigitar e empossar um governo se ele for
encabeçado pelo
seu próprio parti-
do, ainda que seja
minoritário e tenha
contra si a maioria
do Parlamento, e se
se recusar a indigi-
tar e empossar um
governo dirigido por
António Costa, ainda
que ele tenha a su-
portá-lo a maioria do
Parlamento, estará a
ignorar este impera-
tivo constitucional.
Será uma decisão de
uma extrema gra-
vidade, inaceitável
num regime demo-
crático e incompatí-
vel com um regime
democrático.
Há quem vocifere, à direita que, se é
assim, então passa a ser impossível ter
governos minoritários e vai ser muito
mais difícil ter governos estáveis. Não é
verdade. Um governo minoritário pode ser
respeitável, o que o actual Governo PSD-CDS
não é e o próximo também não será. Não
é o facto de esta coligação não conseguir
gerar um governo que seja minimamente
respeitável que signifi ca que outro governo
minoritário não o possa ser.
[email protected] à terça-feira
Um governo minoritário pode ser respeitável, mas o governo PSD-CDS não o é
Ricardo Mealha
Tive a sorte de conhecer Ricardo
Mealha. Era um génio e sabia-o.
Sendo também inteligente
e generoso, fazia tudo para
esconder o génio dele dos outros.
Nunca trabalhei com ele.
Apenas me entregou o projecto
gráfi co, lindo e completo até
ao último pormenor, da revista
A Preguiça. Mas fez-me sentir
que eu estava tão envolvido no resultado
fi nal como ele. Mentira. Foi ele que fez
tudo à volta das fotografi as da igualmente
genial Inês Gonçalves, amiga minha, que o
recomendou e convenceu.
Estou tão triste. Não consigo imaginar a
tristeza dos muitos, verdadeiros amigos dele,
dentro e fora da família dele. Mas se a dor de
quem apenas o conheceu duas vezes é esta
toda, então sim, imagino a dor de quem teve
a sorte de conhecê-lo melhor, de ser amigo
ou amiga dele ou amá-lo.
Na quinta-feira passada, dia 22, Ricardo
Mealha fez 47 anos. Estava a morrer com
um cancro no cérebro. Como é que aquela
cabeça tão luzidia e alegre, tão esfuziante
e criadora, tão sábia e desobediente, foi
apagada tão cedo?
As notícias falam dos trabalhos dele, todos
eles, sem falta, perfeitos. Ricardo Mealha
empenhava-se em tudo. É um dos vícios do
génio: não conseguir reprimir-se ou escolher.
O único sinal humano veio de outro génio
da comunicação: Manuel Reis, do Lux, que
trabalhou mais de 20 anos com ele. Disse
ele que talvez a qualidade mais importante
de Ricardo Mealha era a capacidade dele
“de arriscar, de experimentar e de fazer
diferente”.
É isso. É.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
46 | PÚBLICO, TER 27 OUT 2015
Nuremberga: o julgamento que podia não ter acontecido
O valor do sexo
Em 28 de Março de 1945, o deputado
trabalhista Ivor Thomas perguntou, na
Câmara dos Comuns, ao ministro inglês
dos Negócios Estrangeiros, Anthony Eden,
o seguinte: se um soldado britânico se
encontrasse com Hitler, deveria fuzilá-
lo ou fazê-lo prisioneiro? O ministro
britânico, que minutos antes tinha
considerado Adolf Hitler o principal
criminoso de guerra, respondeu: “Essa
decisão compete, única e exclusivamente, ao soldado
britânico que o encontrasse nessa situação.”
De facto, havia muito pouca vontade dos Aliados de
levar os criminosos de guerra a um julgamento formal,
dada a dimensão apocalíptica, e sem precedentes, da
violência e dos crimes nazis.
Conforme relembrou Boris Johnson, um recente e
excelente biógrafo de Winston Churchill, na Conferência
de Teerão, em 1943, perante a afi rmação de Estaline:
“Têm de ser mortos 50.000 alemães e o ofi cialato tem
de desaparecer”, Churchill terá respondido: “Não
participarei em nenhum massacre a sangue-frio. O que
acontece a quente é outra coisa.” O primeiro-ministro
britânico sublinhou, muito veementemente, a sua
vontade de identifi car e fuzilar os criminosos de guerra,
mas depois de os levar a julgamento.
Em 1 de Novembro de 1943, foi produzida a
declaração de Moscovo, assinada por Roosevelt,
Churchill e Estaline, que determinava o julgamento, a
ser realizado na Alemanha, mas com juízes designados
pelos vencedores. Seriam julgados os alemães, autores
materiais, cúmplices e autores morais dos crimes,
as chefi as políticas do Estado e do partido nazi, as
organizações criminosas, a Gestapo e as SS e as chefi as
militares alemãs comprometidas com crimes de guerra
e de genocídio.
Uma questão prévia e melindrosa a decidir foi
como lidar com os crimes de guerra cometidos no
Leste europeu. Segundo os números de Michael
Jones, “em Janeiro de 1945 a União Soviética tinha
perdido na guerra mais de 26 milhões de soldados e
civis. Os alemães tinham deixado em ruínas mais de
1700 cidades e 70.000 aldeias, tinham destruído mais
de 6 milhões de edifícios, 84.000 escolas, 43.000
bibliotecas, 40.000 hospitais e 400 museus. Soldados
soviéticos tinham sido mortos na linha da frente,
executados ou deixados morrer à fome quando eram
feitos prisioneiros; os civis eram abatidos a tiro e
queimados vivos ou gaseados nos campos de extermínio
do Terceiro Reich”.
Como sublinha Ian Kershaw, “a barbaridade da
guerra na frente oriental signifi cava, como bem sabiam
os nazis, que não podiam contar com misericórdia, se
caíssem nas mãos dos soviéticos”.
Por seu turno os Aliados também tinham um
calcanhar de Aquiles: os bombardeamentos aéreos de
populações civis.
Segundo Martin Gilbert, o bombardeamento aéreo
anglo-americano sobre a Alemanha entre 1943 e 1945
provocou a morte de 550.000 civis alemães. Mas os
bombardeamentos aéreos não seriam tema no tribunal
que julgaria os criminosos.
Por exigência soviética, a sede ofi cial do Tribunal
Militar Internacional fi cou em Berlim, mas o julgamento
Numa entrevista recente que deu à plataforma
Maria Capaz, Leonor Beleza conta a
história de uma neurocientista, Barbara
Barres, que mudou de sexo, passando a
ser Ben Barres. Quando lhe perguntam
qual a principal diferença que notou
com a mudança de sexo, a sua resposta
é surpreendente: fi nalmente consegue
terminar uma frase sem ser interrompido
por algum homem. O caso é mesmo mais
caricato: durante uns tempos havia quem comentasse
que Ben Barres era bastante melhor comunicador do
que a sua irmã Barbara Barres, desconhecendo que,
de facto, se tratava da mesma pessoa.
Estudar se as mulheres são ou não discriminadas no
mercado de trabalho é uma tarefa necessariamente
difícil. E é difícil, porque é metodologicamente
complicado destrinçar umas causas das outras. É
um facto que, em regra, os homens ganham mais e
progridem mais rapidamente na carreira do que as
mulheres. Mas como ter a certeza de que isso se deve
a uma discriminação no local de trabalho e não por
qualquer outro motivo? Se calhar as mulheres dão mais
importância à família e estão mais dispostas a sacrifi car a
carreira. Se calhar as mulheres são inerentemente menos
competitivas. Pode haver até quem defenda que os
homens são, simplesmente, profi ssionalmente melhores.
Há técnicas estatísticas que nos ajudam a diferenciar
os diversos motivos que podem explicar o fosso salarial,
mas todas elas são imperfeitas. O ideal seria mesmo
conseguir comparar a performance profi ssional de
duas pessoas que são iguais em tudo, excepto no sexo.
Imaginem dois gémeos monozigóticos (verdadeiros,
portanto) que, no entanto, têm sexos diferentes. É,
evidentemente, impossível. Mas a existência de pessoas
que mudaram de sexo ao longo da sua vida permite
precisamente fazer esta comparação.
Alguém que muda de sexo é exactamente a mesma
pessoa que era antes. Tem as mesmas capacidades,
a mesma educação, as mesmas competências, os
mesmos genes. É como se estivéssemos na presença de
duas incarnações da mesma pessoa. Uma incarnação
feminina e outra masculina e podemos compará-las.
Foi exactamente isso que Kristen Schilt (professora na
Universidade de Chicago) e Matthew Wiswall (professor
na Universidade de Nova Iorque) fi zeram. Tendo tido
acesso aos dados profi ssionais de diversas pessoas
transgénero, puderam ver como a mudança de sexo
infl uenciou as suas experiências no local de trabalho.
A que conclusões chegaram? Em média, um homem
ao se transformar em mulher vê o seu salário cair 33%.
Já uma mulher que se transforma em homem vê o seu
salário aumentar 10%.
Deirdre McCloskey, professora de Economia na
Universidade de Chicago, no seu livro Crossing: A
Memoir, descreve as difi culdades que teve para se
transformar numa mulher. Conta que, quando deixou
de ser Donald e passou a ser Deirdre, falou com o
presidente da sua universidade que, na brincadeira,
lhe disse: “Para a universidade é óptimo que tenhas
mudado de sexo, dado que agora podemos reduzir o
teu salário.” Deirdre não se riu.
Jurista Professor de Economia na Universidade do Minho
dos principais criminosos decorreu em Nuremberga.
No dia 23 de Maio de 1945, o almirante Doenitz
e outros proeminentes nazis foram presos pela
11.ª Divisão Blindada americana. Revistados e
humilhantemente alinhados num pátio, a coberto
de metralhadoras, são fotografados por mais de 60
repórteres. De malas na mão, foram despachados para
Mondorf-Les-Bains no Luxemburgo, onde os recebeu
um “comité de boas-vindas” composto por soldados
fortemente armados e por impropérios de aldeões
furiosos (...). Para os soldados americanos, este local era
coloquialmente conhecido como “o Caixote do Lixo”,
segundo escreve Mark Mazower.
A paranóia dos detidos era tal, que fi caram magoados
por não serem tratados como chefes de Estado.
Queixaram-se inclusive a Eisenhower. Em 1953, Doenitz,
quando já cumpria a sua pena como criminoso de
guerra, continuava a insistir que era o legítimo chefe de
Estado da Alemanha.
Reclamações de mordomias postas de parte, no dia
10 de Agosto, os criminosos foram enviados para o
julgamento que se iniciaria em Novembro de 1945.
Alguns optaram pelo suicídio. Ian Kershaw fez as
contas: “Oito dos 41 Gauleiter [governadores]; sete dos
47 líderes das SS e da Polícia; 53 dos 554 generais do
Exército; 14 dos 898 generais da Luftwaff e e 11 dos 53
almirantes optaram pelo suicídio.”
Em 18 de Outubro de 1945, foi assinada em Berlim a
acta de constituição do tribunal com as acusações de
conspiração; crimes contra a paz; crimes de guerra
e crimes contra a humanidade. Um documento com
25.000 palavras, cujos pormenores são tão incríveis
e tão horríveis que ultrapassam qualquer fantasia por
mais doentia que seja.
As sessões do tribunal tiveram início em 20 de
Novembro de 1945 e o processo demorou 218 dias. No
fi nal, dos 22 acusados presentes, 12 foram condenados
à morte e 11 destes de imediato enforcados, tendo-lhes
sido recusado o direito ao fuzilamento. Para a história
fi cam o nome dos juízes: o soviético Iola Nikitschenko;
o americano Francis Biddle; o inglês Sir Geoff rey
Lawrence e o francês Henri Donnedieu de Vabres. O
acusador foi o juiz norte-americano Robert H. Jackson.
Apesar do julgamento e da condenação de muitos
dos principais líderes nazis, ainda hoje e provavelmente
sempre se discutirá a chamada “culpa colectiva do
povo alemão”. É uma matéria sensível que ainda hoje
persegue de facto a Alemanha e os alemães. Talvez,
por isso, não seja estranho que a Alemanha seja hoje
o Estado de direito mais garantístico da Europa e o
país onde as leis antifascistas e anti-racistas são mais
rigorosas. De tal modo que a extrema-direita é, desde o
fi nal da guerra, politicamente irrelevante.
Nos dias de hoje, existe um Tribunal Penal
Internacional permanente (TPI), desde 2002, com sede
em Haia, cuja função é exactamente julgar os autores de
actos criminosos, entre os quais os crimes de guerra e o
genocídio.
Curiosamente, ou talvez não, mas seguramente por
alguma razão, entre os 120 países signatários do TPI
não se encontram os EUA, a Rússia, a China, a Índia,
o Paquistão e Israel, ou seja, quase todas as potências
nucleares.
De facto, 70 anos depois do julgamento de
Nuremberga, o direito penal internacional ainda é uma
criança.
Debate Crimes de guerra e genocídio Debate Discriminação no trabalhoJosé Manuel Oliveira Antunes Luís Aguiar-Conraria
Nos dias de hoje, existe um Tribunal Penal Inter-nacional permanente (TPI), com sede em Haia, cuja função é julgar os autores de actos como crimes de guerra e genocídio. Entre os 120 países signatários não se encontram os EUA, a Rússia, a China, a Índia, o Paquistão e Israel
PÚBLICO, TER 27 OUT 2015 | 47
PEDRO ELIAS
Sobre a aliança à esquerda
Farmácias: um compromisso
Apossibilidade de um acordo entre o
PS, o BE e o PCP para a formação de
um governo com apoio parlamentar
à esquerda foi considerada pelos seus
críticos, numa primeira fase, como
ilegal e inconstitucional, depois como
ilegítima do ponto de vista político.
Mais recentemente, têm surgido no
debate público novos argumentos
invocando a necessidade de (1) respeitar
as tradições de funcionamento do nosso regime
democrático, (2) proteger a participação de Portugal
na União Europeia e na NATO e (3) proteger a
democracia e a liberdade ameaçadas pela natureza
antidemocrática e antiliberal do PCP e do BE.
1. Devo confessar que não costumo ter grande
respeito pelo argumento da tradição, quando usado
independentemente da avaliação da sua bondade.
A tradição de termos apenas governos apoiados
pelo PS, o PSD e o CDS e a tradição de empossar
governos sem apoio parlamentar maioritário
não eram boas práticas. É preciso lembrar e
compreender a sua origem e as razões por que estão
a mudar. Os acordos não escritos que vigoraram,
desde os primeiros governos constitucionais, entre
o PS e o PSD, foram necessários para proteger a
governabilidade do país sem a qual teriam sido
muito mais difíceis a construção da democracia e
do Estado social e o desenvolvimento do país nos
40 anos que se seguiram ao 25 de Abril. Contudo,
esses acordos têm estado a ser violados desde 2009.
Os vários episódios de convergência negativa que
culminaram com o chumbo do PEC IV e a queda do
Governo minoritário do PS foram o primeiro sinal
de que a utilidade daqueles acordos estava esgotada.
O segundo e mais defi nitivo sinal foi o abandono do
estatuto de partido de protesto pelo BE e pelo PCP.
2. O PS é um partido europeísta e esteve na linha
da frente de todos os passos que demos para a
integração plena na Europa. Foi uma integração
não só política e económica como social, com
expressão no aumento dos níveis educacionais dos
jovens, no desenvolvimento científi co, na melhoria
das condições de vida, na proteção do emprego
e nos cuidados de saúde. Uma longa história de
políticas públicas democráticas, demasiadas vezes
subestimada, tornou Portugal e os portugueses mais
europeus. Numa aliança liderada pelo PS não estão
em causa nem aqueles desenvolvimentos, nem a
saída da NATO, da União Europeia ou do euro. É
verdade que BE e PCP têm propostas programáticas
críticas em relação à União Europeia, nas quais
a maioria dos portugueses provavelmente não
se revê. Contudo, os próprios dirigentes do BE
e do PCP declararam já, por diversas vezes, que
estes temas não estão em causa numa coligação
de esquerda. E a possibilidade de coabitação
de orientações europeístas e eurocéticas numa
coligação de governo não é uma ilusão: no Reino
Unido permitiu quatro anos de governação pela
aliança entre conservadores e liberais. A questão
não é essa. O que nos deveria preocupar não são
os riscos de virmos a sair da União Europeia ou do
euro por pressão da esquerda, mas os riscos das
O último acto eleitoral gerou dúvidas
em vez de certezas. O sistema político
parece bloqueado, incapaz de gerar
soluções governativas estáveis e
coerentes. Sem um rumo certo à vista,
os portugueses olham uns para os
outros, apreensivos, à espera do que vai
acontecer.
Num quadro como este, ganham nova
força valores como o compromisso,
o diálogo e a fl exibilidade negocial. O nosso
desenvolvimento económico depende de uma lógica
de uns com os outros — e não de uns contra os outros.
Portugal reclama compromisso, diálogo e
fl exibilidade entre as forças políticas — e entre
estas e os parceiros sociais. O país está cansado de
soluções impostas, maniqueístas e inconsequentes. A
sociedade portuguesa, martirizada por anos de crise
e austeridade, merece uma oportunidade.
As farmácias têm demonstrado a sua
disponibilidade para o diálogo e para o compromisso.
Apesar da crise profunda e da austeridade desmedida
de que foram alvo, mantiveram
sempre, sem interrupções, uma
atitude de compromisso com os
governos da nação.
A rede de farmácias saúda, com
esperança, as afi rmações em favor
do diálogo e do compromisso
vindas de diferentes quadrantes da sociedade
portuguesa. Com esse espírito, daremos mais uma
vez a nossa colaboração ao governo do país.
Mas este espírito tem de ser correspondido. Os
partidos e os governos não se podem lembrar de
Santa Bárbara apenas quando troveja. Quem declara
que a rede de farmácias é indispensável ao sistema
de saúde deve ser consequente nos actos. Quem
celebra com as farmácias um contrato social deve
respeitá-lo.
O Estado celebrou connosco acordos que não
está a cumprir. Ora, assim não podemos continuar.
Queremos conhecer os princípios, as regras e os
objectivos de quem governa. As farmácias são o único
sector da saúde que é remunerado sem critério.
Foram muitas vezes vítimas de decisões casuísticas
dos governantes. Esta vulnerabilidade é injusta e
insuportável.
É urgente o compromisso dos governantes quanto
aos serviços que as farmácias devem disponibilizar
aos portugueses. Existe evidência internacional de
que podem oferecer grandes poupanças orçamentais
ao Estado e anos de vida saudável aos cidadãos. Mas
isso depende da implementação séria de programas
de prevenção da doença e promoção da saúde.
Portugal é caso único no mundo desenvolvido de
desperdício da rede de serviços de saúde mais
próxima da população.
Temos de perder o hábito dos acordos de papel.
Não vale a pena carpir mágoas pela fragilidade
do Estado social e impedir os projectos que, na
realidade, o defendem e desenvolvem.
Ex-ministra da EducaçãoPresidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF)
mudanças que nos últimos tempos estiveram na
origem de uma nova Europa que exclui, trata mal e
desvaloriza uma parte dos seus Estados-membros.
Cresce, também por isso, o número de cidadãos
que não se reconhecem nas instituições europeias,
como crescem sentimentos difusos de rejeição de
uma Europa mais nacionalista e desigual, também
em Portugal. Devia fazer-nos refl etir o facto de um
milhão de portugueses terem votado no PCP e no
BE, isto é, em partidos que têm posições críticas
sobre a União Europeia.
3. No debate sobre alianças à esquerda, têm
sido lembrados episódios da história da nossa
democracia dos tempos do PREC, como a
intervenção de Melo Antunes contra a ilegalização
do PCP ou o comício do PS na Alameda. Em
1974 e 1975 estiveram em causa a liberdade e a
democraticidade do regime. Hoje, a liberdade não
está em causa em Portugal. O contexto internacional
mudou, a União Soviética desapareceu, integramos
a União Europeia, a nossa democracia está
consolidada. O que hoje está em causa em Portugal
é a igualdade como valor social. Igualdade que é
posta em causa por um modelo de desenvolvimento
económico assente em baixos salários e na
desqualifi cação dos recursos humanos, bem
como na degradação das condições de trabalho
de milhões de portugueses e na destruição de
serviços públicos e de prestações sociais. O que
está em causa é a necessidade de diminuir as
desigualdades sociais e económicas. O que está em
causa é a defesa do Estado social, construído com
o esforço de muitas gerações de portugueses e que,
pela mão da coligação de direita, está em risco de
desmantelamento.
A agenda das políticas de defesa do Estado social
opõe hoje, como nunca no nosso passado recente,
esquerda e direita. É a recusa daquela agenda pela
direita que torna impossível qualquer entendimento
entre PS e PSD. E é a necessidade de a concretizar
que torna desejável e urgente a aliança à esquerda
hoje possível.
Debate Nova legislatura Debate Nova legislaturaMaria de Lurdes Rodrigues Paulo Cleto Duarte
A agenda das políticas de defesa do Estado social opõe hoje, como nunca no nosso passado recente, esquerda e direita. É a recusa daquela agenda pela direita que torna impossível qualquer entendi-mento entre PS e PSD
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ESCRITO NA PEDRA
“Uma coisa é mostrar a um homem que ele está errado e outra coisa é instruí-lo com a Verdade” John Locke (1632-1704), filósofo inglês
TER 27 OUT 2015
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Verbas reunidas em plataforma de crowdfunding revertem para a ONU p6/7
Governo afegão fala no sismo (magnitude 7,5) “mais forte das últimas décadas” p23
NBA continua muito inclinada para o Oeste. Só os Cavaliers poderão contrariá-lo p40/41
Portugueses ajudam a reunir famíliasde refugiados
Sismo mata centenas no Afeganistão e no Paquistão
Entre a dinastia de Curry e a felicidade caseira de LeBron
Lotaria clássica
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600.000€1.º Prémio
SOBE E DESCE
Toyota
A empresa nipónica recuperou a liderança do mercado mundial
de construtores de automóveis, posição que tinha perdido no primeiro semestre do ano para o grupo Volkswagen. A mudança operou-se no terceiro trimestre e é até possível que a Toyota não tenha esta posição em perigo tão cedo, já que só no quarto trimestre se vai perceber que impacto teve, nas vendas do grupo alemão, o escândalo que resultou da manipulação de emissões de gases nocivos. (Pág. 18)
Mauricio Macri
O líder da oposição na Argentina conseguiu levar as eleições
presidenciais para uma segunda volta e com um curto intervalo na votação em relação ao
herdeiro político de Cristina Kirchner, Daniel Scioli. Essa foi a grande surpresa do dia e revela um grande
descontentamento dos eleitores face às políticas da Presidente. Há já quem prognostique o fim do kirchnerismo face à curta diferença de votos e ao facto de a aritmética eleitoral favorecer Macri. (Pág. 20/21)
Sá Pinto
A culminar uma semana que começou com uma boa vitória na Liga
Europa na casa do Basileia, o Belenenses venceu o União da Madeira para a Liga portuguesa e passou a respirar melhor na classificação, onde estava numa posição pouco tranquila. No entanto, não foi fácil transportar
para o Restelo o bom jogo da Suíça: o golo que deu o segundo triunfo no campeonato só surgiu no fim. (Pág. 42)
Jimmy Morales
Os eleitores da Guatelama não hesitaram em eleger para
a chefia do Estado um humorista sem experiência de governação, tal é o seu descrédito em relação aos políticos e aos sucessivos Governos marcados pela corrupção. Morales, um conservador, disse que as suas prioridades serão a saúde, a educação, o desenvolvimento económico e o combate à corrupção, mas não apresentou nenhuma proposta concreta. Para os comentadores, Morales representou o triunfo da antipolítica. (Pág. 21)Jornalista
O RESPEITINHO NÃO É BONITO
António Costa anda a aldrabar-nos
Na sua caminhada para
primeiro-ministro, António
Costa começou por pedir
uma maioria absoluta.
Como a maioria absoluta
estava difícil, chegava
maioria relativa. Como a maioria
relativa estava difícil, chegava
ao PS ter mais deputados do
que o PSD. Como o PS não teve
mais deputados do que o PSD,
chegava um acordo de legislatura
com o Bloco e com o PCP. Como
o Bloco e o PCP não falam um
com o outro, chega um acordo
de legislatura com o Bloco e um
outro com o PCP. Como o PCP
não quer acordos de legislatura,
é possível que chegue um acordo
de investidura. E se o PCP nem
um acordo de investidura quiser,
António Costa há-de contentar-
se com um acordo verbal e um
bacalhau.
A seriedade deste procedimento
é nula. Quase toda a gente achou
que Cavaco foi excessivo na sua
intervenção, mas parece-me que
quase toda a gente desvalorizou
a passagem mais importante
do seu discurso. O Presidente
falou de forma muito directa
de uma “alternativa claramente
inconsistente sugerida por outras
João Miguel Tavares
forças políticas”, acrescentando
de seguida: “É signifi cativo que
não tenham sido apresentadas,
por essas forças políticas,
garantias de uma solução
alternativa estável, duradoura e
credível.”
Convém olhar bem para os
adjectivos usados por Cavaco
e compará-los com aqueles
que polvilhavam a frase mais
importante proferida por António
Costa após o encontro entre
ambos no dia 12 de Outubro.
Disse então o líder do PS: “Tive
ocasião de informar o Presidente
da República sobre a criação de
condições para podermos ter em
Portugal um Governo que seja
estável, credível e consistente
para os próximos quatro anos.”
Por muito limitado que seja
o vocabulário de Cavaco, não
terá sido por milagre que os
adjectivos que ele escolheu na
sua comunicação encaixam na
perfeição nos adjectivos que
António Costa utilizou à saída de
Belém. Costa falou em Governo
estável, Cavaco disse que não
havia solução estável. Costa falou
em Governo credível, Cavaco
disse que não havia solução
credível. Costa falou em Governo
consistente, Cavaco disse que
a alternativa era “claramente
inconsistente”. Costa falou em
Governo “para os próximos quatro
anos”, Cavaco disse que não havia
uma solução “duradoura”.
É fácil adivinhar o que se
passou: ao verifi car a espantosa
discrepância entre aquilo que
ouviu da boca de António Costa
e aquilo que António Costa
resolveu comunicar ao país à
saída do encontro entre ambos,
Cavaco sentiu-se aldrabado.
Pouco dotado de sentido de
humor, não achou nenhuma
piada aos malabarismos retóricos
de Costa e optou por lançar um
agressivo aviso ao país, a ver
se conseguia acordar algumas
consciências. Que o efeito da sua
comunicação tenha sido unir
o PS, como alguns socialistas
se apressaram a celebrar, diz
menos sobre a falta de jeito do
Presidente da República do que
sobre o estado miserável em que
se encontra o PS.
Vale a pena recordar que o
último socialista com o qual
Cavaco Silva teve de coabitar
se chamava José Sócrates, e o
resultado de tão bonito convívio
foi aquele que conhecemos.
Como é óbvio, o Presidente não
pode assistir impávido àquilo
que considera ser uma golpada
parlamentar, só possível porque
os seus poderes se encontram
diminuídos, e a faltas de lealdade
de um candidato a primeiro-
ministro que ainda nem sequer
tomou posse. Cavaco só falhou
numa coisa: sugeriu que o
problema estava no PCP e no
Bloco. Ora, o problema está,
evidentemente, no PS.
ESPECIAL
DOCLISBOA’15Siga o Festival Internacional de Cinema em: publico.pt/doclisboa15
269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E