JOSÉ EURANIO DE AGUIAR MATERIAIS NANOPOROSOS … · A Dra. Diana Cristina Silva de Azevedo pela...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
JOSÉ EURANIO DE AGUIAR
MATERIAIS NANOPOROSOS PARA APLICAÇÃO AMBIENTAL COM
ENFASE NA ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES – ESTUDOS
EXPERIMENTAL E TEÓRICO
FORTALEZA
2016
JOSÉ EURANIO DE AGUIAR
MATERIAIS NANOPOROSOS PARA APLICAÇÃO AMBIENTAL COM
ENFASE NA ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES – ESTUDOS
EXPERIMENTAL E TEÓRICO
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química. Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos.
Orientador: Prof. Dr. Ivanildo José da Silva
Júnior
Coorientador: Prof. Dr. Sebastião Mardônio
Pereira de Lucena
FORTALEZA
2016
JOSE EURANIO DE AGUIAR
MATERIAIS NANOPOROSOS PARA APLICAÇÃO AMBIENTAL COM ENFASE
NA ADSORÇÃO DE CONTAMINANTES – ESTUDOS EXPERIMENTAL E
TEÓRICO
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química. Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos.
Aprovada em 12 de Agosto de 2016.
BANCA EXAMINADORA
Ivanildo José da Silva Junior (Orientador – DEQ - UFC)
Diana Cristina Silva de Azevedo (DEQ-UFC)
Ronaldo Ferreira do Nascimento (DQA – UFC)
Hugo Leonardo de Brito Buarque (DQMA – IFCE)
Amaro Gomes Barreto Junior (EQ – UFRJ)
AGRADECIMENTOS
A Deus por apontar os caminhos que trilhei em minha vida, mesmo com as
dificuldades, pois elas só realçaram o prazer das vitórias.
À minha mãe, Eliza, por ser simplesmente essencial em todos os meus passos e
decisões, por cuidar com tanto zelo e amor de minha vida e por me apoiar e ajudar nos
momentos de dúvida e medo. Aos meus irmãos, que mesmo distantes, oraram por mim.
A CAPES – DS pela bolsa de pesquisa.
Ao projeto MYNCIT pelo recurso financeiro concedido nas missões de estudo
fora do Brasil.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Ivanildo José da Silva Junior, Dr. Sebastião
Mardônio Pereira de Lucena, pelas orientações e sugestões nos trabalhos, por serem mestres e
amigos, pela confiança em todos os momentos, pelos conhecimentos repassados e
oportunidades.
A Dra. Diana Cristina Silva de Azevedo pela confiança na minha primeira missão
fora do país, pelas contribuições neste trabalho;
Aos orientadores estrangeiros Dr. Raúl Horácio Lopes, Dr. Enrique Rodriguez
Castellon e Dr. Karim Sapag,
Ao Dr. José Capelo Neto, pela parceria.
Aos membros externos da banca examinadora: Ronaldo Ferreira do Nascimento
(DQA – UFC), Hugo Leonardo de Brito Buarque (DQMA – IFCE), Amaro Gomes Barreto
Junior (EQ – UFRJ)
A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química,
pelo o conhecimento concedido.
A todos os funcionários do Departamento de Engenharia Química: NPL, LPA,
Laboratório de Simulação 3D.
A todos do laboratório SELAQUA do DEHA-UFC pela colaboração e pela
parceria.
Aos Departamentos de Química, Departamento de Engenharia Hidráulica e
Ambiental e a Universidade de Málaga, pelo auxílio nas análises e resultados.
A todos da família GPSA pela vivência, auxílios, pela troca de conhecimentos,
diversão, apoio e amizade.
Aos amigos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho,
cujos nomes não serão citados por receio de esquecer algum.
A todos os colegas estrangeiros que contribuíram na obtenção dos dados e
realização deste estudo.
A todos os meus alunos de iniciação científica, que não foram poucos e que
contribuíram imensamente para obtenção deste título. Para não ser injusto com qualquer que
seja, citarei apena o início (Bruna Taciana Cavalcante Bezerra) e o final (Pedro Augusto
Tavares).
À Universidade Federal do Ceará e ao Departamento de Engenharia Química, por
possibilitar a realização desse trabalho e obtenção do título de Doutor.
“Não há lugar para a sabedoria onde não há
paciência e Fé. Fé é assinar uma folha em branco e
deixar que Deus nela escreva o que quiser”.
Santo Agostinho
“Eu não falhei! Apenas encontrei as maneiras que
não funcionam.
Thomas Edson”.
RESUMO
O descarte de efluentes sem qualquer tratamento contendo contaminantes pode acarretar sérios problemas ambientais. No caso dos corantes, pode ser altamente tóxicos para sistemas aquáticos e ainda carrear um alto teor de nutrientes favorecendo o processo de eutrofização e contribuindo para floração de cianobactérias que podem liberar toxinas prejudiciais à saúde dos seres vivos. Este estudo avaliou materiais nonoporosos como adsorventes, sendo um Hidróxido Duplo Lamelar (HDL), duas Heteroestrutura Porosa Lamelar (HPL), uma argila com pilares de alumínio a partir de argila natural e cinco carbonos ativados comercial na adsorção e remoção de corantes e neurotóxinas. Os materiais foram caracterizados por DRX, Adsorção-dessorção de N2, FTIR, XPS, MEV, análises elementares e DTP, a fim de se obter informação sobre suas caracteristicas químicas, texturais e estruturais. Experimentos em batelada utilizando um sistema de tanques agitados foram realizados para averiguar o efeito do pH, do tempo de contato e da concentração inicial na adsorção dos contaminantes. Dois materiais do tipo HPL foram avaliados quanto a sua capacidade na adsorção de misturas binárias de corantes. Três dos carbonos ativados foram avaliados na adsorção de uma neurotoxina (STX). Para os ensaios em tanques agitados foi utilizado um sistema de agitação rotatório com tubos de acrílico contendo um volume predefinido de soluções de corantes e toxina em contato com uma massa pré-estabelecida dos adsorventes. As concentrações das moléculas foram determinadas em espectrofotômetro para os corantes e HPLC para as toxinas com o auxílio de um balanço de massa da fase fluída e adsorvida. A fim de descrever o comportamento das isotermas de adsorção, os dados de equilíbrio foram correlacionados com os modelos de Langmuir (L), Langmuir-Freundlich (LF), Redlich-Peterson (RP) e Henry para os corantes e toxinas, respectivamente. Para o sistema multicomponente foram utilizados os modelos de Langmuir Estendido (LE), Langmuir Fator de Interação (LFI), Langmuir-Freundlich Estendido (LFE), Redlich-Peterson Fator de Interação (RPFI) e o modelo da Teória da Solução Adsorvida Ideal (IAST). O mecanismo de adsorção de corantes em HDL e carbonos foi avaliado utilizando a abordagem de Monte Carlo. A influencia do pH do meio, do tempo de contato e da concentração inical foram de suma importância para o entendimento dos processos de adsorção nos respectivos materiais para cada contaminante e cada sistema analisado. Os modelos de isotermas implementados foram adequados para representar os dados de adsorção dos contaminantes no sistema monocomponente. Para o sistema binário envolvendo corantes os modelos não foram satisfatórios. As quantidades adsorvidas dos contaminantes foram bastante significativas para todos os materiais avaliados nos sistemas mono e multicomponente, o que sugere serem promissores nos processos de tratamento de água e efluentes. Os resultados sugerem ainda que a simulação molecular pode ser usada como uma ferramenta útil para a caracterização de materiais e a elucidação dos mecanismos da adsorção de contaminantes. Palavras chave: Materiais nanoporosos. Contaminantes. Corantes. Toxinas. Simulação molecular.
ABSTRACT
Improper disposal of effluents containing contaminants can cause serious environmental problems. The dye can be highly toxic to aquatic systems; still in its composition may carries a high nutrient content can thus promote the process of eutrophication contributing to cyanobacterial bloom that can release toxins harmful to health of living beings. This study evaluated nanoporous materials as adsorbents, one Lamellar Double Hydroxide (LDH) two heterostructure Porous Lamellar (HPL), one pilarred clay the natural clay and five commercial activated carbon for adsorption and removal of dyes and neurotoxins. The materials were characterized by XRD, N2 adsorption-desorption, FTIR, XPS, SEM, elemental analysis, TPD to obtain information on their chemical, structural and textural characteristics. Experiments using a batch system of stirred tanks were performed to determine the effect of pH, contact time and the initial concentration in the adsorption of contaminants. The materials HPL type was evaluated for their ability adsorption of binary mixtures of dyes. Three of the activated carbons were evaluated in the adsorption of a neurotoxin (STX). For the tests in stirred tanks was used a rotary agitation system with acrylic tubes containing a predefined volume of dye and toxin solution in contact with a predetermined mass of adsorbent. The concentrations of the molecules were determined by spectrofotometric and HPLC methods for the dyes and toxins respectively with the aid of a mass balance of the initial phase and the fluid phase. In order to describe the behavior of adsorption isotherms, equilibrium data were correlated with the Langmuir (L), Langmuir-Freundlich (LF), Redlich-Peterson (RP) and Henry model for the dyes and toxins, respectively. For the multicomponent system were used Extended Langmuir (EL), Langmuir Interaction Factor (LIF), Extended Langmuir-Freundlich (ELF), Redlich-Peterson Interaction Factor (RPIF) models and the Ideal Adsorbed Solution Theory (IAST) model. The dye adsorption mechanism in the LDH and carbons were evaluated using Monte Carlo approach. The influence of pH, contact time and initial concentration were of extreme importance for the understanding of adsorption processes in the respective materials for each contaminant and each analyzed system. The implemented isotherm models were suitable for adsorption of contaminants represent the data in the single system. For the binary system involving dyes models were unsatisfactory. The quantities of absorbed contaminants were very representative for all materials evaluated in single and multicomponent systems, which suggests that promising in water and wastewater treatment processes. The results suggest that the molecular simulation can be used as a useful tool for material characterization and elucidation of the quantitative adsorption of contaminants. Keywords: Nanoporous materials. Contaminants. Dyes. Toxins. Molecular simulation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Célula de HDL obtida por simulação molecular................................................. 37 Figura 2.2 Moléculas de corantes utilizadas: (a) Ácido Azul 25; (b) Reativo Azul 4 e (c)
Azul de Metileno................................................................................................. 40
Figura 2.3 Estrutura química dos corantes (a) RV120 e (b) PVMX-5B............................... 41 Figura 2.4 Simulação do modelo das lamelas do HDL e seus componentes........................ 46
Figura 2.5 Estrutura atômica dos corantes............................................................................ 46 Figura 2.6 Modelo do poro de fenda....................................................................................... 47 Figura 2.7 Representação geométrica optimizada das moléculas de corante: (a) AA25
(Massa molar = 416.38 g/mol); (b) PVMX-5B (MW = 615 g/mol) e (c) RV120 (MW = 1469.98 g/mol). Representação dos componentes químicos: Enxofre-amarelo, Carbono-cinza, Nitrogênio-azul, Oxigênio-vermelho, Hydrogen- branco e Cloro-verde.............................................................................................
48
Figura 2.8 Difração de raios X obtida para o HDL............................................................... 49 Figura 2.9 Micrografia Eletrônica de Varredura (MEV) do HDL........................................ 50 Figura 2.10 Isoterma de adsorção-dessorção de N2 a 77K obtido para o HDL não
calcinado.............................................................................................................. 51
Figura 2.11 Distribuição do Tamanho de Poro do Hidróxido Duplo Lamelar....................... 51 Figura 2.12 Isotermas de N2 experimentais e simuladas obtidas a baixas pressões para os
carbonos Maxsorb (a), WV 1050 (b), Norit (c)..................................................... 53 Figura 2.13 PSD dos carbonos ativado (a) Maxsorb, (b) WV1050 e (c) Norit R1.
Representam os diâmetros de poros (rosa [8.9Å]; verde [18.5Å] e cinza [27.9Å])................................................................................................................ 54
Figura 2.14 -
Efeito do pH na quantidade adsorvida (linha azul) e removida (linha preta) de (a) AA25, (b) RA4 e (c) AM em LDH. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de HDL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22................... 56
Figura 2.15 Influência do tempo de contato na adsorção dos corantes: (�) AM, (�) RA4 e () AA25. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de HDL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22............................................................................
58
Figura 2.16 Isotermas de adsorção de corantes em HDL: (a) AM, (b) RA4 and (c) AA25. Ajustes não linear de Langmuir (—) e Lagmuir-Freudlinch (----). Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de HDL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22................................................................................................................... 60
Figura 2.17 Isotermas de adsorção dos corantes em CA (∆ AA25; □ PRMX5R; ∇ RR120) nos carbonos Maxsorb (a), WV 1050 (b) e (c) Norit 1240. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de CA; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22; pH=7..............................................................................................................
62
Figura 2.18 Posição dos corantes aniônicos em superfície do HDL: (a) Ácido Azul 25; (b) Reativo Azul 4. Simbologia: branco – H, vermelho – O, rosa – Al, verde – Mg, cinza - C, amarelo - S, verde claro - Cl........................................................ 64
Figura 2.19 Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa para tamanho de poro de até 8.9Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B. Legenda: Grupo sulfônico (amarelo), Carbono (cinza), Nitrogenio (azul), Oxigenio (vermelho), 66
Hidrogenio (branco) e Cloro (verde)................................................................... Figura 2.20 Representação das quantidades de moléculas adsorvidas para cada diâmetro de
poro predeterminado....................................................................................... 66 Figura 2.21 Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa para tamanho de
poro de até 18.5Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B e (c) RV120. Legenda: similar a Figura 2.21........................................................................................................... 67
Figura 2.22 Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa para tamanho de poro de até 27.9Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B e (c) RV120. Legenda: similar a Figura 2.21........................................................................................................... 68
Figura 2.23 PSD do carbono ativado sintético a partir de caroço de pêssego......................... 71 Figura 2.24 Isoterma de equilíbrio experimental obtida para o corante RV120 em carbono
sintético a base de caroço de pêssego. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de CA; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22................................ 72
Figura 3.1 Estrutura de uma montimorilonita natural........................................................... 85 Figura 3.2 Formação de pilares em argilas naturais por inserção do Íon Keggin de
alumínio................................................................................................................. 86 Figura 3.3 Funcionalização e moldagem para formação de heteroestrutra porosa a base de
argila natural..........................................................................................................
87 Figura 3.4 Mecanismo de formação de HPL a base de argilas: (A) Material formado por
intercalação e (B) Material formado por esfoliação.............................................. 88 Figura 3.5 Mecanismos de formação de argilas orgânicas por intercalação de sufactantes... 89 Figura 3.6 Estrutura do corante Reativo Violeta 5R (RV5R)................................................. 91 Figura 3.7 Tetramo do cátion de zircônio intercalado no domínio interlamelar dos HPL..... 92 Figura 3.8 Comportamento das concentrações de ácido azul 25 (a) reativo violeta 5R (b)... 95 Figura 3.9 Difratogramas de DRX obtidos para a argila bruta............................................... 99 Figura 3.10 DRX de baixo ângulo (a) e DRX de alto ângulo (b) para os materiais Si-HPL e
SiZr-HPL. 100 Figura 3.11 Analises Termogravimetricas dos materiais bentonita (linha preta), Si-HPL
(linha vermelha) e SiZr-HPL (linha verde)........................................................... 101 Figura 3.12 (a) Isotermas de N2 a -196 ºC e (b) distribuição de tamanho de Pore: bentonita
(linha preta), Si-HPL (linha vermelha) e SiZr-HPL (linha verde). 103 Figura 3.13 Espectros FT-IR da bentonita (linha preta), Si-HPL (linha vermelha) e SiZr-
HPL (linha verde) obtidos na região entre 4000-2800 cm-1 (a) and 2000-450 cm-1 (b).................................................................................................................. 105
Figura 3.14 Efeito do pH na adsorção de RV5R e AA25 em Si-HPL: (a) pH para RV5R (o) e monitoramento do pH ( * ); (b) pH para AA25 (●) e monitoramento do pH (*). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22................................................................................... 109
Figura 3.15 Efeito do pH na adsorção de RV5R e AA25 em SiZr-HPL: (a) pH para RV5R (□) e monitoramento do pH ( ▲); (b) pH para AA25 (■) e monitoramento do pH (▲).Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22........................................................................ 110
Figura 3.16 Influência do tempo de contato para os corantes RV5R e AA25 em Si-HPL: (a) RV5R; (b) AA25 para concentrações: (□) 100 mg/L (○) 200 mg/L and (∆) 300 mg/L. Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22............................................................................ 111
Figura 3.17 Influência do tempo de contato para os corantes RV5R e AA25 on SiZz-HPL: (a) RV5R; (b) AA25 para concentrações: (□) 100 mg/L (○) 200 mg/L and (∆) 300 mg/L. Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22............................................................... 112
Figura 3.18 Dados de equilíbrio em BN (a) Si-HPL (b) e SiZr-HPL (c): (◄) BN-RV5R; BN-AB25 (►); (■) Si-HPL-RV5R; (●) Si-HPL-AB25; (▲) SiZr-HPL-RV5R; and (♦) SiZr-HPL-AB25. Linhas representam os modelos de L (linha vermelha), LF (linha preta) e RP (linha verde). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22....... 113
Figura 3.19 Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares estão representadas pelo modelo de Langmuir Estendido (LE). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22....................................................................................................... 116
Figura 3.20 Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL(b). Regressões não lineares estão representadas pelo modelo de Langmuir Fator de Interação (LFI). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22.................................................................................... 116
Figura 3.21 Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL(b). Regressões não lineares estão representadas pelo modelo de Langmuir Freundlich Estendido (LFE). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22.................................................................................... 117
Figura 3.22 Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares estão representadas pelo modelo de Redlich Peterson Fator de Interação (RPFI). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22............................................................................ 117
Figura 3.23 Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e (b) com regressões não lineares representadas pelo modelo de Langmuir (a) e (c); Langmuir-Freundlich (b) e (d) e ajuste preditivo do modelo IAST (linha pontilhada). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22........................................................................................................................ 118
Figura 3.24 Dados de equilíbrio em SiZr-HPL (a) e (b) com regressões não lineares representadas pelo modelo de Langmuir (a) e (c); Langmuir-Freundlich (b) e (d) e ajuste preditivo do modelo IAST (linha pontilhada). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22........................................................................................................................ 118
Figura 3.25 FTIR dos materiais após adsorção dos corantes................................................... 123 Figura 4.1 Estrutura molecular da saxitoxina......................................................................... 135 Figura 4.2 Estrutura do ion de Keggin intercalado no domínio interlamelar de argilas
naturais. As esferas rosa representam os átomos de alumínio e as esferas vermelhas os átomos de oxigênio......................................................................... 138
Figura 4.3 Difratogramas da argila Al-PILC.......................................................................... 142 Figura 4.4 Micrografias (MEV) dos materiais naturais (a) e Al-PILC (b)............................. 143 Figura 4.5 Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para os materiais natural e
pilarizada: Al-PILC (linha preta); Argila Natural (linha vermelha). 143 Figura 4.6 Distribuição de tamanho de poro obtida pelo modelo da Teoria Funcional da
Densidade (DFT) para os materiais....................................................................... 144 Figura 4.7 Isotermas de Adsorção-desorção de N2 a 77K para os carbonos: (▲)WV1050;
(■) Carbomafra; (●) alphacarbon and Norit (▼).................................................. 145
Figura 4.8 Distribuição do tamanho médio de poro dos carbonos: (linha vernelha) Alphacarbon; (linha preta) Carbomafra; (linha azul) WV1050 e (linha verde) Norit....................................................................................................................... 146
Figura 4.9 Spectros da DTP dos carbonos: (a) dessorção de CO2; (b) dessorção CO............ 147 Figura 4.10 Cromatogramas dos Lotes 1, 2, 3, 4 oxidados via peróxido por HPLC................ 149 Figura 4.11 Influência do tempo de contato de adsorção de saxitoxina: (a) Alphacarbo; (b)
Carbomafra; (c) Norit and (d) WV1050 e (e) Al-PILC. Condições: volume total 12 mL; 0,003g Al-PILC; C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38 rpm; T oC 22.................................................................................................................. 150
Figura 4.12 Percentual de remoção obtido para os materiais: (a) CA; (b) Al-PILC. Condições: volume total 12 mL; 0,003g PILC; C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38 rpm; T oC 22............................................................................... 151
Figura 4.13 Perfil das isotermas de adsorção de saxitoxina com ajustes dos modelos de Henry para os carbonos: (a) alphacarbon; (b) carbomafra; (c) Norit and (d) WV1050 e ajuste de Langmuir para o material pilarizado (e). Condições: volume total 12 mL; 0,003g PILC; C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38 rpm; T oC 22......................................................................................................... 152
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Características texturais do HDL não calcinado................................................ 51 Tabela 2.2 - Propriedades texturais dos carbonos ativado obtidas por adsorção-dessorção
de N2 experimental............................................................................................ 52 Tabela 2.3 - Parâmetros dos modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich......................... 60 Tabela 2.4 - Quantidades máximas adsorvidas de corante nos três carbonos analisados e
os parâmetros de ajuste correlacionados com o modelo de Langmuir (L) e Langmuir-Freundlich (LF)................................................................................. 62
Tabela 2.5 - Preenchimento de poros em número de moléculas, previsto por simulação molecular no conjunto NVT para todos os carbonos......................................... 65
Tabela 2.6 - Volume de poros relacionado com os diâmetros de poro característicos para cada carbono ativado.......................................................................................... 69
Tabela 3.1 - Equações de Regressões não lineares para obtenção de dados de equilíbrio dos sistemas monocomponentes e binário......................................................... 96
Tabela 3.2 - Propriedades texturais da bentonite natural e Si-HPL and SiZr-HPL................ 102 Tabela 3.3 - Energia de ligação dos materiais montmorilonite, Si-HPL e SiZr-HPL antes e
após o processo de adsorção.............................................................................. 106 Tabela 3.4 - Concentrações atômicas dos materiais montmorilonite, Si-HPL e SiZr-HPL
antes e após o processo de adsorção.................................................................. 108 Tabela 3.5 - Parâmetros de ajuste dos modelos no sistema monocomponente para
adsorção de AA25 e RV5R em Si-HPL e SiZr-HPL......................................... 114 Tabela 3.6 - Parâmetros de ajuste dos modelos no sistema binário para adsorção de AA25
e RV5R em Si-HPL e SiZr-HPL........................................................................ 119 Tabela 3.7 - Parâmetros de erro para adsorção de corantes em Si-HPL e SiZr-HPL a partir
dos dados Langmuir-IAST e Langmuir-Freundlich-IAST................................ 120 Tabela 3.8 - Analises elementar (CHNS) dos materiais: bentonita natural, Si-HPL e SiZr-
HPL antes e depois da adsorção dos corantes.................................................... 130 Tabela 4.1 - Faixa de concentração das curvas de calibração da saxitoxina, dc-saxitoxina
e neosaxitoxina................................................................................................... 136 Tabela 4.2 - Analise elementar da argila natural.................................................................... 141 Tabela 4.3 - Características texturais da argila natural e Al-PILC......................................... 143 Tabela 4.4 - Características texturais dos carbonos ativados................................................. 145 Tabela 4.5 - Grupos oxigenados dos carbonos ativados obtidos por DTP............................. 147 Tabela 4.6 - Quantitativo da dessorção programada dos grupos oxigenados nas amostras
de carbonos......................................................................................................... 148 Tabela 4.7 - Concentrações encontradas para saxitoxina e dc-saxitoxina nos quatro lotes
de estudo............................................................................................................. 149 Tabela 4.8 - Parâmetros de ajuste usando os modelos de Langmuir e Henry................. 153
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AM Azul de Metileno AA25 Ácido Azul 25 RA4 Reativo Azul 4 RV120 Reativo Vermelho 120 PVMX-5B Procion Vermelho MX-5B RV5R Remazol Violeta 5R DBO5 Demanda Bioquímic de Oxigênio DQO Demanda Química de Oxigênio BDDT Braunauer – Deming – Deming – Teller BET Brunauer – Emmett - Teller BJH Barret – Joyner – Halenda GK Gibbs Kelvin DR Dubinin Radushkevich CAG Carbono Ativado Granular CTC Capacidade de Troca Catiônica DTP Dessorção a Temperatura Programada DTP Distribuição do Tamanho de Poro PSD Pore Size Distribuition Vp Volume de poro Dp Diâmetro de poro DRX Difração de Raios X FTIR Espectroscopia na Região do Infravermelho por Transformada de Fourier SM Simulação Molecular GCMC Gran Canônic Mont Carl MEV Microscopia Eletrônica de Varredura DTA Análise Térmica Diferencial TGA Análise Termogravimétrica CHNS Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Enxofre XPS Spectroscopia de Fotoetrons de Raios X HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência FLD Detector de Fluorescência ICP-OES Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma HDL Hidróxido Duplo Lamelar HTLC Hydrotalcite Like Compounds HPL Heteroestrutura Porosa Lamelar PCH Porous Clay Heterostructure MCM 41 Mobil Composition of Matter No. 41 IAST Ideal Adsorbed Solution Theory SQE Somatório dos Quadrados dos Erros SEA Soma dos Erros Absolutos MRE Média Relativa dos Erros ICSD Inorganic Crystal Structure Database IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry DFT Teoria Funcional da Densidade nm Nanômetro PILC Pillared Interlayer Clay
pH Potencial Hidrogeniônico PZC Ponto de Carga Zero POA Processo Oxidativo Avançado rpm Rotação Por Minuto λmax Comprimento de onda de máxima absorbância d001 Espaçamento basal pKa Cosntante de ácidez MPV Máximo Permissível por Volume STX Saxitoxina MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial de Saúde VOC Volatile Organic Compounds CTMB Cetil-Trimetil-Amônio - Brometo TEOS Orto-silicato de Tetra-Etilo
SUMÁRIO
CAPITULO I – INTRODUÇÃO GERAL
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 21
1.1 Objeto Geral................................................................................................. 26
1.1.1 Objetivos Específicos................................................................................... 26
1.2 Organização da Tese................................................................................... 27
REFERÊNCIAS........................................................................................... 29
CAPITULO II – MECANISMOS DE ADSORÇÃO DE CORANTES EM DIFERENTES
MATERIAIS POROSOS – ESTUDOS EXPERIMENTAL E TEÓRICO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 36
2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 40
2.1 Corantes........................................................................................................ 40
2.2 Hidróxido Duplo Lamelar.......................................................................... 42
2.2.1 Síntese.................................................................................................... 42
2.3 Carbonos Ativado....................................................................................... 42
2.4 Análises dos Materiais.................................................................................. 43
2.5 Estudo Experimental de Adsorção............................................................... 44
2.6 Estudo Teórico.............................................................................................. 45
2.6.1 Hidróxido Duplo Lamelar............................................................................ 45
2.6.2 Carbonos Ativados....................................................................................... 47
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 49
3.1 Análise do Material...................................................................................... 49
3.1.2 Distribuição do Tamanho de Poro DTP............................................... 54
3.2 Estudo Experimental de Adsorção – Hidróxido Duplo Lamelar.................. 55
3.3 Estudo Experimental de Adsorção – Carbonos Ativados............................. 60
3.4 Estudo Teórico - Hidróxido Duplo Lamelar................................................. 63
3.5 Estudo Teórico – Carbonos Ativados........................................................... 65
3.6 Mecanismos de Adsorção............................................................................. 69
3.6.1 Mecanismo de Adsorção – Ácido Azul 25............................................. 69
3.6.2 Mecanismo de Adsorção – Procion Vermelho MX-5R.......................... 70
3.6.3 Mecanismo de Adsorção – Reativo Vermelho 120................................ 70
4 CONCLUSÃO................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS………………………………..……………………………... 74
CAPITULO III – HETEROESTRUTURA POROSA LAMELAR PARA ADSORÇÃO
BINÁRIA DE CORANTES TÊXTEIS.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 83
1.1 Heteroestruturada Porosa Lamelar (HPL).............................................. 87
2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 91
2.1 Corantes....................................................................................................... 91
2.2 Heteroestruturada Porosa Lamelar (HPL).............................................. 91
2.2.1 Síntese.................................................................................................... 91
2.3 Análise dos Materiais................................................................................... 93
2.4 Estudo Experimental de Adsorção............................................................... 94
2.3.1 Modelagem das Isotermas de Equilíbrio............................................... 96
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 99
3.1 Análise dos Materiais................................................................................... 99
3.4 Estudo Experimental de Adsorção Monocomponente................................. 108
3.5 Estudo Experimental de Adsorção Binária................................................... 115
3.6 Análise dos Materiais Após Adsorção.......................................................... 122
4 CONCLUSÃO................................................................................................... 125
REFERÊNCIAS…………………..…………………………………………... 126
CAPITULO IV – REMOÇÃO DE NEUROTOXINAS DE ÁGUAS NATU RAIS EM
ESTRUTURA POROSA DE PILARES E DIFERENTES CARBONOS ATIVADOS
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 132
2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 135
2.1 Neurotoxina.................................................................................................. 135
2.2 Argila Natural e Pilarizada........................................................................... 137
2.2.1 Síntese.................................................................................................... 137
2.3 Análises dos Materiais.................................................................................. 138
2.4 Estudo Experimental de Adsorção............................................................... 139
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 141
3.1 Análises dos Materiais.................................................................................. 141
3.2 Análises de STX........................................................................................... 148
3.5 Estudo Experimental de Adsorção............................................................... 150
4 CONCLUSÃO................................................................................................... 154
REFERÊNCIAS................................................................................................. 155
CAPITULO V – SUGESTÕES GERAIS
1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................. 158
21
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
CAPITULO I
1. INTRODUÇÃO GERAL
O desenvolvimento de novos produtos trouxe muitos benefícios para os seres
humanos. Contudo, um aspecto que deve ser considerado é que após o seu uso, ou mesmo nas
etapas associadas à sua produção, esses subprodutos acabam atingindo o meio ambiente, seja
na forma de resíduos sólidos, efluentes líquidos, emissões gasosas e, até mesmo, durante a sua
utilização ou pelo lançamento acidental ou indiscriminado no meio ambiente. Muitos destes
produtos e substâncias químicas utilizadas pelos seres humanos, quando presentes no meio
ambiente, são potencialmente prejudiciais à fauna, à flora e ao próprio homem, o que constitui
um grande fator de risco. Por exemplo, estima-se que cerca de 20% do total dos corantes
têxteis, utilizado são perdidos durante o processo e liberados para o meio ambiente como
efluentes (VERMA, DASH, BHUNIA, 2012).
Outro fator agravante é o crescimento da poluição, aliados às precárias condições
de saneamento, que acarretaram o aumento de lançamento de efluentes ricos em nutrientes em
mananciais de abastecimento público. Esses processos contribuem para acelerar o processo de
eutrofização e ocasionando a proliferação de determinadas espécies de cianobactérias, por
possuírem alta capacidade adaptativa e, por vezes, de liberação de toxinas, passando a
dominar estes reservatórios, criando a necessidade de um maior controle da qualidade da
água.
Ambos os contaminantes (corantes e toxinas) são prioritários e requerem uma
atenção especial no que concerne aos seus tratamentos e remoção. No caso das toxinas podem
comprometer os sistemas de tratamento e podem aparecer em pequenas quantidades em águas
de consumo. Os corantes, uma vez lançados em estado bruto ou tratados parcialmente podem
comprometer a biota aquática modificando suas características físicas, químicas, biológicas e
organolépticas, assim como sua dinâmica natural.
Os corantes sintéticos apresentam estruturas moleculares complexas que podem
envolver, durante o seu processo de síntese, até 500 reações intermediárias. São compostos
químicos orgânicos que possuem a propriedade de absorver luz visível seletivamente devido à
22
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
presença de grupos cromóforos, tais como nitro, nitroso, azo e carbonilo. A cor destes
compostos é intensificada e/ou modificada por grupos auxocromos, tais como etilo, nitro,
amino, sulfônico, hidroxilo, metóxi, etóxi, cloro e bromo. Entre as muitas variedades
estruturais de corantes estão os tipos catiônico, não iônico, aniônico, corantes diretos, ácidos e
reativos (DASGUPTA et al., 2015).
A degradação desses corantes e seus produtos derivados podem levar a
substâncias tóxicas e cancerígenas, mesmo em baixas concentrações (EL MOUZDAHIR et
al., 2010). A maioria dos corantes comercialmente usados é resistente à biodegradação, à
fotodegradação e à ação de agentes oxidantes. Outros problemas são: afetam
significantemente a atividade fotossintética pela redução da penetração da luz solar; podem
ser tóxicos à vida aquática pela presença de metais; interferem em certos procedimentos
operacionais dos tratamentos de águas residuárias (DASGUPTA et al., 2015).
Já as cianobactérias são microrganismos aquáticos capazes de liberar toxinas que
podem ocasionar doenças graves aos seres vivos caso estejam presentes em certas quantidades
em águas naturais e de consumo. As biotoxinas liberadas são responsáveis pelas intoxicações
agudas e crônicas de animais e de seres humanos (CATHERINE et al., 2013). As
cianotoxinas biotóxicas de água doce e salobra pertencem a três grandes grupos de estrutura
química, a saber: os peptídeos cíclicos (incluindo as microcistinas hepatotóxicas e nodulárias),
os alcalóides incluindo a hepatotóxica cilindrospermopsinas, as anatoxinas (anatoxina S) e
saxitoxinas neurotóxicas (STX), que são potencialmente irritantes (podem afetar qualquer
tecido exposto) (CATHERINE et al., 2013). Devido à necessidade de atender às novas
exigências determinadas pela Portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da
Saúde (MS), tornou-se imperativo desenvolver metodologias de detecção e remoção de
cianotoxinas em água de abastecimento, uma vez que os sistemas convencionais não são
totalmente efetivos.
Os sistemas atuais de tratamento de efluentes devem considerar um fator
primordial. A maioria das águas residuais têxteis industriais contem vários componentes,
capazes de gerar soluções multicomponentes destes poluentes prioritários em uma mistura
(KÖRBAHTI et al., 2011). Em aplicações reais, o sistema a ser tratado provavelmente conterá
mais do que um único contaminante em solução. Assim, sistemas com vários componentes
são úteis para exemplificar as situações práticas, porque efluentes industriais geralmente
23
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
contêm vários poluentes, que podem apresentar diferentes propriedades físicas e químicas
(ERTO, LANCIA, MUSMARRA, 2012). Por exemplo, as águas residuais da indústria têxtil
contêm uma variedade de poluentes orgânicos e inorgânicos incluindo corantes e metais
pesados, que são gerados a partir de diferentes operações do processamento têxtil (OZTURK
et al., 2009). Portanto, o conhecimento sobre o processo de adsorção competitiva é uma forte
estratégia para a concepção de um sistema adequado (NOROOZI, SORIAL, 2013).
Estações de tratamento de águas são projetadas para remover/diminuir parâmetros
convencionais de poluição (Demanda Bioquímica de Oxigênio-DBO, Demanda Qquímica de
Oxigênio-DQO, sólidos suspensos totais, macro e microcontaminantes, etc), de modo que a
água tratada não constitua uma nova fonte de contaminação. No entanto, sabe-se que na carga
orgânica de águas residuais e em águas de superfície, estão incluídos níveis elevados de uma
variedade de poluentes orgânicos perigosos e nutrientes, o que contribui para quantidades de
microcontaminantes remanescentes em águas de consumo. Portanto, etapas de tratamento
adicionais e medidas de controle tornaram-se necessárias.
A adsorção é uma das várias técnicas que tem sido usada com êxito para a
remoção de contaminantes remanescentes. O uso de adsorventes de baixo custo para remoção
de corantes e contaminantes de efluentes tem recebido uma considerável atenção e diversos
tipos de adsorventes têm sido estudados para esta e outras finalidades, tais como adsorventes a
base de quitosana (TRAN et al.; TORRES, BEPPU, SANTANA, 2007; CHEUNG, SZETO,
MCKAY, 2009; ELWAKEEL, 2009; KYZAS, LAZARIDIS, 2009; SINGH et al., 2009),
carbono ativado (CALVETE et al., 2009; IP, BARFORD, MCKAY, 2009a; IP, BARFORD,
MCKAY, 2010b; NUITHITIKUL, SRIKHUN, HIRUNPRADITKOON, 2010; LUNA et al.,
2011; MACHADO et al., 2011; CHAN, CHEUNG, MCKAY, 2012; DELGADO et al., 2012;
SHARMA E UMA, 2009; AL-DEGS et al., 2007), argilas naturais (MORRIS et al., 2000;
GALEANO, GIL, VICENTE, 2011a; GALEANO et al., 2012b), argilas ativadas (EL
MOUZDAHIR et al., 2010; DOĞAN, KARAOĞLU, ALKAN, 2009a; KARAOĞLU,
DOĞAN, ALKAN, 2010b) e pilarizadas (URRUCHURTO et al.; TOMUL, BALCI, 2009;
LEZEHARI et al., 2010; CHMIELARZ et al., 2011; GIL et al., 2011; ZUO, ZHOU, QI,
2011; BANKOVIĆ et al., 2012; CABRERA-LAFAURIE, ROMÁN, HERNÁNDEZ-
MALDONADO, 2012; CARRIAZO, 2012; GALEANO et al., 2012; ÁLVAREZ et al., 2012;
AGUIAR, J. E. et al., 2013a; AGUIAR, J. E. et al., 2013b).
24
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Muitos trabalhos reportam o uso de carbonos ativados para remoção de
contaminantes em efluentes industriais principalmente devido a sua elevada capacidade de
adsorção. Este material tem sido empregado satisfatoriamente para remoção de diversos tipos
de corantes, tais como os reativos, os básicos e os ácidos (CALVETE et al., 2009; IP,
BARFORD, MCKAY, 2009; PALANISAMY, SIVAKUMAR, 2009; IP, BARFORD,
MCKAY, 2010; NUITHITIKUL, SRIKHUN, HIRUNPRADITKOON, 2010; LUNA et al.,
2011; MACHADO et al., 2011; CHAN, CHEUNG, MCKAy, 2012; DELGADO et al., 2012).
No entanto, são escassos os dados disponíveis na literatura sobre adsorção de toxinas devido a
complexidade de remoção e detecção. Assim, este estudo pode contribuir para a remediação
dos problemas associados com a adsorção de saxitoxinas de água natural.
O uso de materiais argilosos sintéticos ou modificados a partir de um precursor
natural em detrimento aos adsorventes comerciais disponíveis tem se tornado popular devido
a sua disponibilidade, ausência de toxicidade e potencial elevado para troca iônica. Uma
variedade de materiais argilosos, tais como sepiolita, kaolinita, montmorilonita, smectita,
bentonita, hidrotalcita e zeólita têm sido investigados para remoção de corantes. Estes
materiais possuem uma variedade de propriedades superficiais e estruturais tais como
estabilidade química, pronunciada área superficial e significativa capacidade de adsorção
(URRUCHURTO et al.; TOMUL, BALCI, 2009; VIMONSES, JIN, et al., 2009;
VIMONSES, LEI, et al., 2009; LEZEHARI et al., 2010; VIMONSES, CHONG, JIN, 2010;
VIMONSES, JIN, CHOW, 2010; VIMONSES et al., 2010; CHMIELARZ et al., 2011; GIL et
al., 2011; ZUO, ZHOU, QI, 2011; BANKOVIĆ et al., 2012; CABRERA-LAFAURIE,
ROMÁN, HERNÁNDEZ-MALDONADO, 2012; CARRIAZO, 2012; GALEANO et al.,
2012; ÁLVAREZ et al., 2012; AGUIAR, J. E. et al., 2013).
Entre os materiais implementados em estudos recentes que podem ser utilizado
com a finalidade de remoção de poluentes, as argilas pilarizadas (PILC) têm recebido uma
atenção especial devido ao fato de formarem uma família bem conhecida de materiais
mesoporosos e microporosos. A inserção de agentes pilarizantes (complexos orgânicos,
organometálicos ou inorgânicos) expande o espaço entre as camadas que conduz a um sistema
de canal bidimensional com estruturas porosas comparáveis às zeólitas (CECILIA, GARCÍA-
SANCHO, FRANCO, 2013). Estes materiais possuem maior acidez e menor hidrofilicidade
em relação às argilas naturais, o qual melhora o rendimento em processos de adsorção e
25
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
catálise, gerando assim sua ampla utilização na remoção de diferentes compostos (ROCA
JALIL et al., 2013).
Cecilia, García-Sancho e Franco, (2013) estudaram um processo para a síntese de
um novo tipo de sólido poroso à base de argilas em camadas catiônicas. Estes materiais
compósitos consistem em colunas de sílica intercaladas entre camadas de argila. Este processo
de intercalação dá origem a uma nova família de materiais denotados “Porous Clay
Heterostructure (PCH)" modulada e com maior porosidade, que podem ser obtidas com
pilarização comum, conferindo ao material maior estabilidade térmica e hidrotérmica, acidez
superficial significativa e propriedades de troca iônica.
A literatura relata o uso desses materiais para algumas aplicações específicas
como adsorção de metais (TASSANAPAYAK, MAGARAPHAN, MANUSPIYA, 2008;
ARELLANO-CÁRDENAS et al., 2010) compostos orgânicos voláteis (VOC) (QU, ZHU,
YANG, 2009) entre outras aplicações de interesse tecnológico e industrial. Porém, nada tem
sido feito para remoção de corantes de efluentes têxteis.
Outro material que tem recebido destaque em processos tecnológicos são as
nanoetruturas inorgânicas de Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL). Esses materiais
representam uma nova classe de materiais que exibem um desempenho melhorado, quando
modificado e comparado com os seus homólogos de partida (KANGO et al., 2013). Os
compostos preparados permitem obter tamanhos de partículas homogêneos, com formas
hexagonais bem definidas (KUANG et al., 2010; XU et al., 2011; WANG et al., 2013), que
pode ser muito interessantes do ponto de vista da nanotecnologia.
Esses materiais têm sido amplamente estudados para a sua potencial utilização
em uma gama de áreas importantes, ou seja, captura de CO2 (WANG et al., 2013), catálise
(WANG et al., 2012), polimerização fotoquímica e eletroquímica (MARETTI et al., 2009;
LONKAR et al., 2010; MORIMOTo et al., 2011; TANAKA et al., 2011), magnetização,
polímero e nanocompósito (LEROUX, ILLAIK, VERNEY, 2009; LV et al., 2009; ZHOU et
al., 2010; HERRERO et al., 2011; TANAKA et al., 2011; ZHAO et al., 2011; CHIANG,
CHEN, WU, 2012; LI et al., 2012), ciências biomédicas (CAO et al., 2011), liberação
controlada de drogas (ZHANG et al., 2010), como aditivos de cimento (PLANK et al., 2010)
e aplicação ambiental (tratamento de águas) (CHEN, GUNAWAN, XU, 2011).
26
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Tendo como consideração de partida que a adsorção simultânea de corantes em
misturas usando novos materiais adsorventes tem sido pouco elucidada e que poucos intentos
têm sido feitos para a remoção de microcontaminantes de águas naturais, pretende-se neste
estudo obter uma metodologia de síntese e modificação de argila natural para aplicação e
avaliação da capacidade de adsorção de corantes orgânicos e remoção de neurotoxinas. Com
os dados obtidos da caracterização da estrutura porosa, a heterogeneidade superficial
comumente presentes nos materiais adsorventes e capacidade de adsorção medida através de
cinética e isotermas de adsorção, será possível predizer o nível de remoção de cor em águas
residuais têxteis e toxinas de águas naturais, assim como obter informações a cerca dos
fenômenos da adsorção que permitirão estabelecer conclusões que possam orientar a
preparação de novos adsorventes para este fim viabilizando a implementação de novos
processos tecnológicos eficazes.
1.1. Objetivo Geral
Síntetizar, caracterizar e averigur da capacidade de adsorção de Heteroestruturas
Porosa Lamelar (HPL) a base de argila natural e Nanoestrutura de Hidróxidos Duplos
Lamelares para obtenção de dados fundamentais de adsorção mono e multicomponente
(isotermas de equilíbrio e curvas de cinéticas) de corantes de efluentes têxteis e cianotoxinas
de águas naturais em um sistema de tanques agitados a fim de estabelecer níveis de remoção e
seletividade desses materiais comparados a materiais comerciais (carbonos ativados).
1.1.1. Objetivos Específicos
• Modificar adsorventes de origem argilo-mineral a fim de conferir-lhe estrutura porosa
e química superficial adequada;
• Aplicação de técnicas para caracterizar os adsorventes quanto às suas propriedades
químicas, físicas e morfológicas;
• Investigar a influencia do pH do meio, do tempo de contato e da concentração inicial,
na capacidade máxima de adsorção de corantes comerciais e suas misturas;
27
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
• Investigar a influencia do tempo de contato e da concentração inicial na capacidade
máxima de remoção de neurotoxinas, utilizando cianotoxinas oriundas de uma cepa pura
cultivada em laboratório;
• Comparar os dados de adsorção obtidos com materiais comerciais (carbonos ativados);
• Modelar os dados de cinética e de equilíbrio de adsorção utilizando modelos da
literatura;
• Simulação molecular de Monte Carlo com o objetivo de averiguar as energias de
interação diferenciada e o mecanismo de adsorção de corantes para fins de comparação e
calibração dos sistemas.
1.2. Organização da Tese
Este documento está composto de cinco capítulos: uma introdução (Capítulo I)
sobre a problemática, escopo e relevância do estudo. Os capítulos (II; III; IV e V) seguirão a
seguinte sequência:
Capítulo II – Mecanismos De Adsorção De Corantes Em Diferentes Materiais Porosos –
Estudo Experimental e Teórico
Este capítulo está baseado nos trabalhos publicado nas revistas: “Separation
Science and Technology; Volume 48, Edição 15” intitulado “Adsorption of Anionic and
Cationic Dyes from Aqueous Solution on Non-Calcined Mg-Al Layered Double Hydroxide:
Experimental and Theoretical Study, p. 2307-2316, 2013 e “Colloids and Surfaces A:
Physicochemical and Engineering Aspects, intitulado “Correlation Between PSD And
Adsorption Of Anionic Dyes With Different Molecular Weigth On Activated Carbon
Neste capitulo é tratado com particularidade o mecanismo de adsorção de corantes
de diferentes classes em Hidróxidos Duplos Lamelares e a influência de diferentes diâmetros
de poros contidos em diferentes carbonos ativados para adsorção de corantes com diferentes
massas molares. Este estudo comprovará por simulação molecular, a influência das
características texturais dos materiais para assimilação de determinadas moléculas no
processo de adsorção.
28
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar para Adsorção Binária de Corantes Têxteis.
Nesta etapa, deu-se inicio uma nova abordagem por meio da síntese, modificação
e caracterização de um material obtido a partir de argila natural, assim como sua aplicação na
adsorção de corantes têxteis. Esse novo estudo foi realizado a fim de avaliar a capacidade
desses materiais na assimilação de misturas binárias de corantes, uma vez que esse tipo de
sólido poroso à partir de argilas tem como principal característica a expansão das lamelas por
pilares de silício e zircônio intercalados entre as camadas a partir de delaminação por
surfactantes direcionadores, conferindo ao material maior estabilidade térmica e hidrotérmica,
acidez superficial significativa e as propriedades de troca iônica. Para tanto, técnicas
analíticas de caracterização como FTIR, espectroscopia de fotoelétrons por raios-X antes e
após o processo, adsorção de N2 a 77 K, e a Difração de Raios-X foram realizadas com a
finalidade de caracterizar os materiais sintetizados.
O estudo em sistema monocomponente foi publicado no periódico “Applied Clay
Science” com o título “Adsorption Study Of Reactive Dyes Onto Porous Clay
Heterostructures” e o sistema binário apresentado ao “II Iberoamericano de Adsorcion
(Cartagena-2015)” e ao “VIII Congresso Brasileiro de Termodinâmica Aplicada (Aracajú –
2015)” e pré-selecionado para os periódicos “Adsorption” e “Brazilian Journal of Chemical
Engineering”, respectivamente.
Capítulo IV – Remoção de Neurotoxinas de Águas Naturais em Estrutura Porosa de
Pilares e Diferentes Carbonos Ativados.
Este capítulo aborda o início do estudo de remoção de neurotoxinas de águas
naturais. As cianobactérias foram cultivadas e as toxinas extraídas em meio específico para
posterior experimentação da adsorção (cinéticas e isotermas) em carbonos ativados
comerciais e em uma argila com pilares de alumínio. Os materiais foram caracterizados para
fins de obtenção das características físicas, químicas e morfológicas.
29
Capítulo I – Introdução Geral Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Capítulo V
O Capítulo V deste estudo trará recomendações para trabalhos futuros, uma vez
que os capítulos antecedentes apresentam suas respectivas conclusões.
REFERÊNCIAS
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Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
CAPITULO II
MECANISMOS DE ADSORÇÃO DE CORANTES EM DIFERENTES
MATERIAIS POROSOS – ESTUDO ESPERIMENTAL E TEÓRICO
1. INTRODUÇÃO
Os materiais porosos têm atraído ampla atenção devido à sua forma e
propriedades físicas e químicas. Até agora, muito esforço tem sido dedicado a alcançar o
controle sobre sua morfologia, obtenção e modificação (ZOU, 2012).
Materiais lamelares, não só provaram ser tecnológicamente importântes em uma
variedade de aplicações médicas (KONG et al., 2010) e industriais (YOON et al., 2014)
incluindo catálise, separações moleculares e liberação controlada de droga (RIVES, DEL
ARCO, MARTÍN, 2014), como são fundamentais para aplicações ambientais (PETERSEN et
al., 2014) envolvendo o destino de contaminantes (THEISS et al., 2014) e qualidade de águas
(CYGAN et al., 2009).
Como um tipo de material em camadas, os Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL),
são uma classe de argilas aniônicas com estrutura de base de brucite (Mg (OH)2) (LV et al.,
2012) como camadas, no qual alguns dos cátions bivalentes foram substituídos por cátions
trivalentes produzindo folhas carregadas positivamente (KUANG et al., 2010; Xu et al.,
2011). As identidades dos cátions bivalentes e trivalentes (MII e MIII , respectivamente) e o
ânion intercalar (An-), em conjunto com o valor do coeficiente estequiométrico (x), podem ser
variadas numa vasta gama, dando origem a uma grande classe de materiais isoestruturais
(ROEFFAERS et al., 2006; Wang e Ohare, 2012).
Nos hidróxidos duplos lamelares (Mg6Al 2(OH)16(CO3).4H2O), os cátions Mg2+ e
Al 3+ estão rodeados octaedricamente por seis átomos de oxigênio na forma de íons hidróxido.
Os octaedros se encontram ligados por meio das arestas, formando lamelas ou camadas
bidimensionais infinitas, empilhadas face a face e ligadas por pontes de hidrogênio conforme
mostra a Figura 2.1 (LV et al., 2012; AGUIAR, J. et al., 2013a). A camada bidimensional de
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Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
hidróxido de magnésio e alumínio resultante apresenta uma carga positiva por cada átomo de
alumínio, sendo a neutralidade elétrica desta estrutura garantida pela presença de ânions de
compensação localizados no espaço interlamelar, juntamente com a água de cristalização
(MILLS et al., 2012).
Figura 2.1 – Célula de HDL obtida por simulação molecular. Fonte: (CYGAN et al., 2009).
O pouco conhecimento sobre a natureza estrutural de materiais em camadas,
particularmente as características que ocorrem naturalmente em minerais de argila, limita o
conhecimento de sua cristalinidade. A baixa simetria, composição e deformações em argilas
necessitam do estudo de métodos para o melhor conhecimento (LV et al., 2012).
Para entender e melhor predizer as propriedades dos HDL é importante
compreender, a nível molecular, os fenômenos de superfície que resultam nas propriedades
macroscópicas de interesse para engenharia. Técnicas experimentais possuem um alcance
limitado para esclarecer estes fenômenos, permitindo apenas resolução parcial da estrutura,
em parte, devido à desordem do material no espaço interlamelar (COLA et al., 2013).
Portanto, a compreensão em escala molecular da estrutura e das propriedades dos HDL, assim
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Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
como os mecanismos moleculares responsáveis pela intercalação do ânion, hidratação e a
delaminação são bastante complexo, porque esses materiais têm tipicamente tamanhos de
partícula da ordem de micrômetros e muitas vezes não são bem avaliados por análise
convencional, necessitando a utilização de técnicas com resolução em escala atômica
(KALINICHEV, PADMA KUMAR, JAMES KIRKPATRICK, 2010).
Um hidróxido duplo lamelar com carbonato como ânion interlamelar, raramente
intercala moléculas orgânicas (NEJATI et al., 2011; ZHANG, P. et al., 2012) tendo ainda sua
intercalação prejudicada por moléculas com grandes massas molares (AGUIAR, J. et al.,
2013a). A modelagem molecular computacional tem sido uma técnica muito bem sucedida no
melhor entendimento a nível molecular dos aspectos estruturais, termodinâmicos e cinéticos
das interações dos ânions e água em HDL, assim como sua dinâmica com moléculas
orgânicas (KALINICHEV, PADMA KUMAR, JAMES KIRKPATRICK, 2010).
Carbonos ativados de diferentes fontes também têm sido extensivamente
investigados para adsorção de corantes. Porém a maioria desses estudos não abrange a
importância da distribuição de tamanho de poros (DTP) para a interpretação dos resultados
(SINGH et al., 2009; DOTTO, PINTO, 2012) (CARDOSO et al., 2011; MACHADO et al.,
2011; ERTO, LANCIA, MUSMARRA, 2012; LEYVA-RAMOS, OCAMPO-PEREZ,
MENDOZA-BARRON, 2012; AGUIAR, J. E. et al., 2013; HU et al., 2015). Poucos estudos
são dedicados à contribuição da DTP (PELEKANI, SNOEYINK, 2000; 2001; Li,
QUINLIVAN, KNAPPE, 2002; VELTEN et al., 2011). Os estudos de (PELEKANI,
SNOEYINK, 2000; 2001; LI, QUINLIVAN, KNAPPE, 2002), investigaram a adsorção de
corantes em uma série de carbonos ativados, os quais foram produzidos para que as
distribuições de poros permanecessem unimodais e revelassem o efeito na adsorção de
corantes. Assim, a DTP é uma propriedade do adsorvente que pode controlar a adsorção de
corantes em materiais carbonosos, mesmo sem distribuição de poros uniforme. Neste
contexto, características importantes da estrutura interna como distribuição do tamanho de
poros, bem como química de superfície e heterogeneidade da estrutura se mostram de grande
relevância nos estudos de adsorção (COLA et al., 2013).
A caracterização da estrutura de poros não é feita de forma direta; esse processo
necessita de uma sondagem experimental eficaz do sólido poroso e um modelo teórico ou
numérico apropriado para interpretar os dados experimentais (LANDERS, GOR. NEIMARK,
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Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
2013). A principal técnica experimental utilizada para sondar a estrutura do material poroso é
a adsorção de gás (NGUYEN, DO, NICHOLSON, 2013); apesar de várias técnicas
experimentais terem sido propostos como alternativas, tais como calorimetria de imersão
(SILVESTRE-ALBERO et al., 2001), aniquilação de pósitrons e dispersão de neutrons
(KULLMANN et al., 2010; LANDERS, GOR, NEIMARK, 2013), a adsorção de gás continua
a ser a técnica mais utilizada. Dentro da relevância científica e técnica, o desenvolvimento de
métodos consistentes para a interpretação das isotermas de adsorção tem sido objeto de várias
pesquisas (FARAMARZI et al., 2015; ZHAO et al., 2015). Os métodos mais usuais se
baseiam na abordagem clássica de Brunauer, Emmet e Teller (BET), o método de Gibbs-
Kelvin (GK), Dubinin e Radushkevich (DR), e suas alterações, com base em hipóteses
fenomenológicas (SILVESTRE-ALBERO et al., 2012). Desta forma, o estudo de métodos
para a caracterização de materiais porosos continua a ser motivador (SILVESTRE-ALBERO
et al., 2012), especialmente para materiais com uma vasta gama de tamanhos e formas de
poros e uma superfície heterogênea.
A mecânica estatística oferece uma abordagem alternativa atraente para
caracterizar materiais porosos (ZHANG, T. et al., 2012). Dois métodos estão em destaque
para obter as isotermas de adsorção: a teoria funcional da densidade (DFT) (LANDERS,
GOR, NEIMARK, 2013) e simulações moleculares (SM). As isotermas de adsorção são
obtidas por estas técnicas utilizando um conjunto de métodos matemáticos. Os métodos DFT
e SM têm sido aplicados, com sucesso, a uma ampla variedade de materiais, tornando estes
métodos uma ferramenta confiável para a interpretação dos dados de adsorção. Em especial, o
método DFT tem sido amplamente utilizado para caracterizar materiais, com abordagem
focada em carbonos. Porém, a aplicação da teoria para fluidos polares e superfícies
homogêneas não é simples (LANDERS, GOR, NEIMARK, 2013), no caso dos corantes falta
alguns parâmetros como a pressão de vaporização. Para tanto, a SM tem sido cada vez mais
investigada.
Apesar de ser um método mais caro do ponto de vista computacional, a alta
velocidade de computadores disponíveis atualmente, faz da simulação uma ferramenta
praticável para a geração das isotermas de adsorção individuais, bem como para estudos de
adsorção mais complexos, incluindo modelos atomisticos de materiais desordenados (LIU, Z.
et al., 2014). Além disso, a SM oferece a vantagem da resolução das equações da mecânica
40
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
estatística exatamente para o modelo prescrito da geometria do poro e interações
intermoleculares, uma vez que a sua versatilidade permite a incorporação da heterogeneidade
de superfície da estrutura e, uma variação das geometrias e irregularidades dos poros
(NGUYEN, DO, NICHOLSON, 2013; GHOLAMPOUR, YEGANEGI, 2014; SENGUPTA,
BEHERA, ADHIKARI, 2014).
Atualmente a Simulação de Monte Carlo no Ensemble Canônico tem sido
utilizada por vários autores para a caracterização de materiais porosos, principalmente
carbonos ativados (LUCENA, FRUTUOSO, et al., 2010; LUCENA, PAIVA, et al., 2010;
LUCENA et al., 2013) e nos últimos estudos também foi aplicado a outros materiais,
incluindo sílicas mesoporosas hexagonais (Barrera et al., 2013; Landers, Gor e Neimark,
2013) e materiais lamelares (AGUIAR, J. E. et al., 2013a). Essa ferramenta pode ainda
auxiliar na obtenção de dados para reproduzir a estrutura do material comparando-a com a
estrutura natural. Tais materiais modelo podem ainda ser caracterizados por meio de SM, na
qual, inclusive sua DTP pode ser obtida para sondagem de diferentes moléculas (LUCENA et
al., 2013). Neste estudo, resultados obtidos da aplicação de métodos de simulação molecular
foram utilizados para auxiliar a interpretação dos dados experimentais da adsorção de
corantes em diferentes materiais porosos.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Corantes
No estudo de adsorção em HDL foram utilizados os corantes Ácido Azul 25
(AA25); Reativo Azul 4 (RA4) e Azul de Metileno (AM) conforme ilustra a Figura 2.2.
(a)
41
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Figura 2.2 - Moléculas de corantes utilizadas no estudo com HDL: (a) Ácido Azul 25; (b)
Reativo Azul 4 e (c) Azul de Metileno.
O corante catiônico azul de metileno (C16H18N3SCl) possui massa molar 319,8
g/mol e comprimento de onda de 650 nm. Os corantes aniônicos ácido azul 25
(C20H13N2NaO5S) possui massa molar 416,4 g/mol e comprimento de onda 605nm, enquanto
que o corante reativo azul 4 (C23H14Cl2N6O8S2) possui massa molar 637,4 g/mol e
comprimento de onda 600 nm (Sigma-Aldrich Chemical Co. (USA).
Para o estudo em carbonos ativados foram utilizados como moléculas o Reativo
Vermelho 120 (RV120), Procion Vermelho MX5R (PVMX-5B) e o Azul Ácido 25 (AA25)
que são corantes reativos de diferentes massas molares, os quais foram adquiridos da Sigma-
Aldrich Chemical Co. (EUA). A Figura 2.3 mostra as estruturas moleculares dos corantes
RV120 de fórmula molecular C44Cl2H24N14Na6O20S6, massa molar 1469.98 g/mol e
comprimento de onda de 583 nm e do corante PVMX-5B de fórmula molecular
C19H10Cl2N6Na2O7S2, massa molar 615.33 g/mol e comprimento de onda de 539 nm.
(b)
(c)
(a)
42
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Figura 2.3 – Moléculas de corantes utilizadas no estudo com CA: (a) RV120 e (b) PVMX-
5B.
2.2. Hidróxido Duplo Lamelar
2.2.1. Síntese
O hidróxido duplo lamelar Mg/Al ([Mg6Al 2(OH)16]CO3. 4H2O) na proporção 3:1
foi preparado pelo método de co-precipitação de sais de nitrato a pH variável segundo a
metodologia de Allmann, Jepsen, (1969) com adaptações de Aguiar, J. E. et al., (2013a).
Uma solução composta por Mg(NO3)2.6H2O 0,0996 mol/L e Al(NO3)3.9H2O
0,0332 mol/L foi preparada obtendo-se uma solução aquosa bication a qual foi adicionada
gota a gota a 100 mL de uma solução contendo 0,249 mol/L de NaHCO3. O sistema foi
mantido em agitação vigorosa e temperatua controlada de 60 °C. Após o total gotejamento a
solução foi mantida por mais uma hora em agitação e temperatura controlada, seguido por
tratamento hidrotérmico a 80 °C para retirada do excesso de umidade. O material cristalino
foi, em seguida, recuperado por filtração, lavado com água deionizada até pH próximo de 7,0
e finalmente seco a 80 ° C por 96 h. Neste estudo o material obtido não foi calcinado.
2.3. Carbonos Ativados
Os carbonos ativados NORIT R1, MAXSORB e WV1050 foram comercializados
das empresas Norit Inc. (Netherlands), Kansai Coque e Produtos Químicos (Japão) e Mead
Westvaco (EUA), respectivamente. WV1050 é um carbono fabricado a partir de madeira,
(b)
43
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Norit GAC 1240 é um carbono granular a base de betume com ativação ácida. MAXSORB é
um carbono peletizado e feito a partir de casca de coco.
2.4. Análises dos Materiais
A análise morfológica foi realizada por microscópia eletrônica de varredura
(MEV), Philips XL-30 (EUA), com amostras fixadas em um suporte e um evaporador de
vácuo Bal-Tec.
A amostra de HDL obtida foi caracterizada por difração de raios-X em um
difratômetro Philips X’Pert X-ray Diffraction System com tubo de cobre CuKα ( λ=
0,1542nm) operando com uma voltagem de 40 kV e uma corrente de 40 mA. Para realização
das análises, as amostras foram colocadas na cavidade de um suporte utilizado como porta
amostra. Os espectros obtidos varreram a faixa de 10º a 70º. A velocidade de varredura foi de
0,5º por minuto. A identificação das fases das amostras foi realizado através do programa
X’Pert Highscore Plus versão 2.0a e do banco de dados Inorganic Crystal Structure Database
(ICSD). As análises quantitativas de fases foram executadas pelo método de refinamento
Rietveld (Program DBWS Tools 2.3 Beta).
Nesta etapa foram realizadas análises de adsorção-dessorção de N2 a 77K em um
equipamento modelo Autosorb 1 da Quantachrome Instrument (EUA) visando obter as
propriedades texturais dos materiais argilosos. A área específica foi determinada usando o
método de BET (Brunauer, Emmett e Teller).
As distribuições dos diâmetros de poros foram obtidas correlacionando os valores
de volume dessorvido em função da pressão relativa (P/Po) através do algoritmo proposto por
Barret-Joyner-Halenda (BJH). Os diâmetros médios de poros foram estimados através das
curvas de distribuição de poros obtidas pelo método BJH.
As propriedades texturais experimentais dos carbonos ativados foram obtidas
através de adsorção-desorção de N2 a 77 K usando o Autosorb 1 C (Quantachome, USA) e um
equipamento ASAP 2000 (Micromeritics,) a baixas pressão para fins de obtenção de uma
ampla faixa de microporo. A área especifica foi calculada usando o modelo de BET e o
volume de microporo foi determinado usando a equação de Dubinin–Radushkevich (DR),
conforme procedimento descrito por Gregg, (1982); Robens, (1999) que melhor representou
44
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
os dados. O volume total de poro foi obtido a partir do volume de N2 adsorvido a uma pressão
relativa de 0,95. O volume de mesoporos foi obtido pela subtração do volume de microporo
do volume total de poro. A distribuição do tamanho médio de poro foi calculada aplicando a
Teoria do Funcional de Densidade (Density Functional Theory - DFT), utilizando os dados de
adsorção de N2.
2.5. Estudo Experimental de Adsorção
Os ensaios de adsorção foram realizados em um agitador rotativo (Tecnal TE-165,
Brasil) usando tubos cônicos com 20 mL de solução de corante em contato com 0,015 g de
HDL à temperatura ambiente (±22 oC). Ao final do processo, foram recolhidas alíquotas do
sobrenadante e estas foram centrifugadas durante 10 min a 10000 rpm em uma micro
centrífuga refrigerada (Cientec CT - 15000R).
A absorbância inicial e final das soluções de corante foi determinada em um
espectrofotômetro UV/Vis (Thermo Scientific Biomate 3 - EUA) a partir do comprimento de
onda de máxima absorbância de cada molécula em cubeta de quartzo de 3 cm . Por meio de
uma curva de calibração com concentrações na faixa de 0,1 a 1,0 mg/mL obtida para cada
corante, foi possível determinar as concentrações.
Para a avaliação do efeito do pH em HDL foram preparadas soluções (100 mg.L-1)
com pH 2, 4, 7, 9 e 12. O pH das soluções de corantes foram ajustados para o valor requerido
a partir da adição de HCl concentrado e de soluções de NaOH. Para o sistema de adsorção de
corantes em carbonos ativados o pH do meio foi mantido neutro (pH 7). De acordo com o
estudo de Aguiar, J. E. et al., (2013b) o pH do meio não interfere no processo de adsorção
destas moléculas em carbonos.
Os ensaios de cinética de adsorção foram realizados com as mesmas soluções
utilizadas na investigação do pH. Os pH foram ajustados a pH 2 para os corantes aniônicos e
pH 12 para o corante catiônico. Em intervalos de tempo pré-determinados (5 – 120 min),
amostras do sobrenadante foram coletadas dos tubos. No estudo de adsorção de corantes em
carbonos, as curvas cinéticas não foram determinadas. O tempo de contato total dos ensaios
foi de 2 horas.
45
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
As isotermas de adsorção foram obtidas pela análise da variação (25 a 300 mg.L-1)
da concentração de corante residuais presente na solução aquosa. A quantidade de corante
adsorvido da fase fluída foi determinada por meio de um balanço de massa a partir do
conhecimento da concentração inicial adicionada a cada frasco e da concentração final do
sobrenadante, conforme expresso na Equação 2.1:
ads
eq
m
)cc(Vq
−= 0 (2.1)
Onde: q a quantidade adsorvida (mg/g), Ceq a concentração no equilíbrio (mg/mL), C0 a
concentração inicial (mg/mL), mads a massa de adsorvente (g) e V o volume da solução (mL)
corante.
Para descrever o comportamento das isotermas de equilíbrio de adsorção, os
dados foram ajustados pelos modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich (Equações 2.2 e
2.3).
eqL
eqLmax
ck
ckqq
+=
1 (2.2)
( )( )b
eqLF
b
eqLFmax
ck
ckqq
+=
1 (2.3)
Em que qmax a capacidade máxima de adsorção (mg/g), kL a constante de equilíbrio de
Langmuir (mL/mg), kLF a constante de Langmuir-Freundlich e b o fator de heterogeneidade
da equação de Langmuir-Freundlich.
2.6. Estudo Teórico
2.6.1. Hidróxido Duplo Lamelar
Para avaliar se a adsorção ocorre na superfície ou intercalada entre as camadas de
brucita, um modelo de célula unitária de HDL foi elaborado pó SM de forma semelhante ao
apresentado na Figura 2.1 trocando o cátion Mg2+ por Al3+ até a obtenção da proporção 3:1
46
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
conforme ilustra a Figura 2.4. Os dados cristalograficos foram utilizados na SM do modelo
de estrutura do HDL conforme o método de (BELLOTTO et al., 1996).
Figura 2.4 – Simulação do modelo das lamelas do HDL e seus componentes. Fonte:
Adaptado de (AGUIAR, J. et al., 2013).
As moléculas dos corantes mostrada na Figura 2.5 foram otimizadas a partir do
campo de força UFF e o sistema corante/célula unitaria HDL foi simulado utilizando o
método de Monte Carlo.
Figura 2.5 – Estrutura atômica dos corantes: (a) AA25 e (b) RA4. Fonte: (AGUIAR, J. et al.,
2013).
(a) (b)
47
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
2.6.2. Carbonos Ativados
Um método atualmente confiavel para caracterizacão de carbono ativado em
termos de distribuicão de tamanho de poros (DTP), baseia-se na simulacão molecular.
Computacionalmente a DTP foi determinada através da deconvolução de um conjunto de
isotermas simuladas utilizando como referência isotermas experimentais de nitrogênio a 77,4.
Também se utilizou simulação molecular para determinar a compatibilidade entre
o tamanho da molécula do corante e três tamanhos de poros típicos em carbonos ativados: 8,9;
18,5 e 27,9 Å.
Os poros dos carbonos ativados foram modelados com uma célula de simulação
em forma de fenda com paredes feitas de duas camadas de folhas de grafeno paralelas
perfeitas como mostrado na Figura 2.6.
Figura 2.6 - Modelo do poro de fenda (LUCENA, FRUTUOSO, et al., 2010; LUCENA et
al., 2013).
As moléculas de corante foram minimizadas utilizando o mesmo método utilizado
para o sistema corante/HDL conforme ilustra a Figura 2.7.
48
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
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Figura 2.7 - Representação geométrica optimizada das moléculas de corante: (a) AA25
(Massa molar = 416.38 g/mol); (b) PVMX-5B (Massa molar = 615 g/mol) e (c) RV120
(Massa molar = 1469.98 g/mol). Representação dos componentes químicos: Enxofre-amarelo,
Carbono-cinza, Nitrogênio-azul, Oxigênio-vermelho, Hydrogen- branco e Cloro-verde.
(a)
(b)
(c)
49
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Análises dos Materiais
A difração de raios X obtida para o HDL é mostrada na Figura 2.8. A análise de
DRX mostrou um difratograma típico de HDL Mg/Al. Verificou-se a presença de picos de
difração referentes aos planos (003), (012), (015), (018), (110) e (112), característicos de
materiais do tipo hidrotalcita, indicando que o método de co-precipitação a pH variável e
tratamento hidrotérmico, proporcionou a obtenção do material conforme a estrutura padrão de
Reichle, Kang, Everhardt, (1986); Cavani, Trifirò, Vaccari, (1991); Vaccari, (1999).
10 20 30 40 50 60 70
Inte
nsi
dad
e (u
.a)
2θ
Figura 2.8 - Difração de raios X obtida para o HDL. Fonte: (AGUIAR, J. et al., 2013;
REICHLE, KANG, EVERHARDT, 1986; CAVANI, TRIFIRÒ, VACCARI, 1991;
VACCARI, 1999).
Após refinamento pelo método Rietveld, obteve-se os seguintes parâmetros de
rede em Å (a = 3,05; b = 3,05 e c = 22,91), concordando com o padrão disponível no ICSD
(Allmann e Jepsen, 1969) cujos parâmetros foram 3,05; 3,05; 22,81 Å (AGUIAR, J. E. et al.,
2013). O DRX do Mg/Al mostra picos característicos das fases de hidróxido de dupla camada
em acordo com dados de Aguiar, J. et al., (2013); Mallakpour, Dinari, (2013); Lucrédio,
Assaf, Assaf, (2014), confirmando que o método de síntese foi eficaz.
50
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
As micrografias do HDL são mostradas na Figura 2.9. De acordo com
microscopia eletrônica de varredura (MEV), a hidrotalcita é formada por partículas
imperfeitas sem uma morfologia bem definida. Provavelmente, um tratamento a alta
temperatura melhoraria a morfologia do cristal. Porém não foi realizado por motivos de
otimização de custos. É possível ver detalhes de macroporosidade (manchas escuras) na
imagem de MEV com amplificação 5.000x (Figura 2.9A) e 10.000x (Figura 2.9B).
Figura 2.9 – Micrografia Eletrônica de Varredura do HDL. Fonte: (AGUIAR, J. et al., 2013).
A Figura 2.9 ilustra claramente a forma influenciada pela preparação. A
precipitação leva à agregação de partículas grandes (250-500 nm), o que permite a formação
de uma rede porosa desordenada. Uma vez que os experimentos de adsorção de nitrogênio
não podem evidenciar poros maiores, esses resultados podem ajudar na elucidação dos
fenômenos de formação da rede porosa. Géraud et al., (2007) observaram comportamento
semelhante.
A Figura 2.10 representa a isoterma de adsorção de N2 a 77 K obtida para HDL
Mg/Al. Esta se assemelha a uma isoterma do tipo IIb de acordo com a classificação da IUPAC
(ROUQUEROL et al., 2014). Uma inclinação acentuada, para pequenos valores de P/Po
indica a presença de microporos associados aos mesoporos. A presença de histerese do tipo
H3 é característica de materiais cujos poros são irregulares, formados a partir de agregados
que apresentam formato misto de poliédro com extremidades abertas e fendas (ANGELESCU
et al., 2008; GARCÍA-SANCHO et al., 2011). A Tabela 2.1 apresenta os dados obtidos para
51
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
as características texturais do HDL Mg/Al. A Figura 2.11 mostra a distribuição de tamanho
de poro obtido pelo modelo DFT.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.00
50
100
150
200
250
300
350
400
Vol
ume
adso
rvid
o (c
m3 /g
)
Pressão Relativa (P/P0)
Figura 2.10 – Isoterma de adsorção-dessorção de N2 a 77K obtido para o HDL não calcinado.
(AGUIAR, J. et al., 2013).
Tabela 2.1 – Características texturais do HDL não calcinado.
SBET (m2/g) VP (cm3/g) DP ( Å ) Referência
125 0,56 17,9 Este trabalho
123 0,82 26,6 (WANG et al., 2000)
100 0,50 30,0 (AUXILIO et al., 2009)
0 20 40 60 80 100 120 140
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
dV(W
)[cm
3 /A/g
]
Diâmetro de poro (Å)
Figura 2.11 – Distribuição do Tamanho de Poro (DFT) do Hidróxido Duplo Lamelar.
52
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Pode-se observar uma distribuição com maior ocorrência de mesoporos com
valores que variaram de 22 a 50 Å. A distribuição mostrou ainda que existem poros que se
encontram distribuídos em uma faixa de 60 até 100 Å onde predomina os mesoporos maiores.
Comportamento semelhante foi observado por Zaghouane-Boudiaf, Boutahaula, Arab, (2012)
que encontraram poros da ordem de 23 a 30 Å. Zhou et al., (2011), relataram que a ocorrência
de poros menores reflete poros nas nanofolhas.
As características texturais dos carbonos são mostradas na Tabela 2.2. As
isotermas logarítmicas experimentais de N2 a 77 K a baixas pressões para os três carbonos são
mostradas na Figura 2.12.
Tabela 2.2 – Propriedades texturais dos carbonos ativado obtidas por adsorção-dessorção de
N2 experimental.
Carbonos SBET (m2/g) VP (cm3/g) Vµ (cm3/g)
NORIT 688 0,62 0,31
WV1050 1615 1,03 0,76
MAXSORB 3250 1,65 1,35
Com base nas isotermas de N2 e suas características (Tipo I) pode-se inferir que os
três carbonos ativados são diferenciados, apresentando um elevado grau de microporosidade a
baixas pressões. Esse comportamento pode ser ainda notado a partir da máxima adsorção de
N2 na ordem dos materiais: Maxsorb> WV1050> Norit. As isotermas de N2 simulada a 77,4
K, obtidas por SM com os parâmetros ajustados em um modelo de largura de poro tipo fenda
e placas perfeitas, representam bem os dados experimentais para os três carbonos, mostrando
uma similaridade das características experimentais e simuladas. Esse tipo de desvio das
isotermas experimentais pode ser devido a diferenças entre a superfície real e a superfície
modelo considerando o efeito da heterogeneidade das matérias-primas dos carbonos, se
comparados com caracteristicas de uma amostra padrão (SWEATMAN, QUIRKE, 2005;
KANEKO, 2000; KOWALCZYK et al., 2014).
53
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10 1000
10
20
30
40
50MAXSORBN
2 77K
Experiment Fit (GCMC)
mm
ol/g
Pressure [kPa]
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10 1000
5
10
15
20
25
30
35 WV-1050N
2 77K
Ex periment Fit (GCMC)
mm
ol/g
Pressure [kPa]
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10 1000
4
8
12
16
20Norit R1N
2 77K
Experiment Fit (GCMC)
mm
ol/g
Pressure [kPa]
Figuras 2.12 - Isotermas de N2 experimentais e simuladas obtidas a baixas pressões para os
carbonos Maxsorb (a), WV 1050 (b), Norit (c).
□ Experimental
___ Simulada (GCMC)
Pressão [kPa]
(a)
(b)
Pressão [kPa]
□ Experimental
___ Simulada (GCMC)
(c)
Pressão [kPa]
□ Experimental
___ Simulada (GCMC)
54
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
3.1.2. Distribuição de Tamanho de Poro – DTP
A DTP dos carbonos Norit, WV1050 e Maxsorb, são mostradas na Figura 2.14.
0 10 20 30 40 50 600,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50 (a)
PS
D /
cm3 .g
-1.Å
-1
Tamanho de poro (Å)
42%43%15%
0 10 20 30 40 50 600,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Tamanho de poro (Å)
25%10%
PS
D /
cm3 .g
-1.Å
-1
(b)
65%
0 10 20 30 40 50 600,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Tamanho de poro (Å)
(c)
PS
D /
cm3 .g
-1.Å
-1 16%44%40%
Figura 2.13 - PSD dos carbonos (a) Maxsorb, (b) WV1050 e (c) Norit R1. Representam os
diâmetros de poros: rosa [8,9Å]; verde [18,5Å] e cinza [27,9Å].
55
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Analisando a Figura 2.13 é possível observar na distribuição de poros dos três
carbonos, que em termos percentuais de volume de poros total de cada material associado a
cada faixa de tamanho de poro, que o carbono WV 1050 apresentou o maior percentual de
poros na faixa de mesoporos (20 a 50 Å) o que corresponde a 65%, enquanto que em termos
de microporo alcançou um percentual de 10%, sendo predominante uma maior faixa desses
microporos (<20 Å) no carbono ativado Norit com 40% e apenas 16% de mesoporos. O
carbono ativado Maxsorb apresentou uma distribuição equilibrada de poros nas faixas de
microporo e mesoporos com 15% e 42%, respectivamente. Ambos os carbonos apresentaram
uma PSD bimodal dentro do intervalo de 10 e 20 Å representando um percentual de 44%,
43% e 25% para o Maxsorb, WV1050 e Norit, respectivamente. A distribuição bimodal é
caracterizada por uma pequena tendência na faixa menor do que 10 Å (barra rosa) e uma
banda maior do que 20 Å (barras cinza), e a ausência de poros na gama de 13 Å. Contudo, o
Maxsorb tem uma vantagem em relação aos outros carbonos, pois apresenta o maior volume
de poro na faixa de 8,9 a 18,5 Å comparado aos outros carbonos analisados.
3.2. Estudo Experimental de Adsorção – Hidróxido Duplo Lamelar
O pH da solução é um parâmetro operacional importante e deve ser considerado,
porque pode influenciar as cargas de superfície do adsorvente e também o grau de ionização
da espécie em solução (KARAOĞLU, DOĞAN, ALKAN, 2010a; KARAOǦLU, DOǦAN,
ALKAN, 2010b). Assim, neste estudo foi avaliado o efeito do pH na adsorção de AA25,
RA4, e AM. A Figura 2.14 mostra a quantidade adsorvida expressa em mg/g de adsorvente e
em percentagem de remoção de AA25, RA4 e AM em função do pH.
Como pode ser visto, a adsorção máxima ocorre a pH 2 para AA25 e RA4
conforme mostra a Figura 2.14(a) e 2.14(b), onde predominam cargas positivas no HDL.
Este efeito pode ser justificado pela protonação da molécula de corante a baixos pH (EL
QADA, ALLEN, WALKER, 2008). Para estas condições e corantes, o percentual de remoção
foi bastante elevado, próximo de 100% e diminuindo com o aumento do pH inicial.
56
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
2 4 6 8 10 12 140
30
60
90
120
150
180(a)
pH
q (
mg
/g)
0
20
40
60
80
100
(%) R
emo
vido
2 4 6 8 10 12 140
30
60
90
120
150
180
pH
q (
mg
/g)
0
20
40
60
80
100(b)
(%) R
emo
vido
2 4 6 8 10 12 140
30
60
90
120
150
180(c)
pH
q (
mg
/g)
0
20
40
60
80
100
(%) R
emo
vido
Figura 2.14 - Efeito do pH na quantidade adsorvida (linha azul) e removida (linha preta) de
(a) AA25, (b) RA4 e (c) AM em HDL. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de HDL;
C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
57
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A quantidade adsorvida e removida de AM mostrada na Figura 2.14(c) tem uma
leve variação com o pH e o percentual de remoção e adsorvido do AM foi inferior aos valores
obtidos para AA25 e RA4. Com o aumento do pH, a competição entre os corantes e os
grupamentos OH- aumentam, interferindo na adsorção. Além disso, com o aumento do pH, a
desprotonação tem um efeito adverso, através da rápida neutralização das cargas superficiais
do HDL, o que permite inferir que o corante AM está em um ambiente desfavorável para
adsorção e que mesmo as alterações do pH não são capazes de melhorar a sua afinidade com a
superfície do HDL. Isso também reforça a sugestão de que a carga de superfície positiva do
HDL será sempre mais eficiente para a adsorção de corantes aniônicos. Para o corante azul de
metileno, essa evidência justifica quão desfavorável é, para os corantes catiônicos, a presença
de cargas positivas na superfície do HDL. Enquanto a concentração na solução dos corantes
aniônicos tende a zero ao final do processo, quase 90% da concentração inicial do azul de
metileno permanecem em solução.
Os perfis cinéticos de adsorção para os corantes azul ácido 25, reativo azul 4 e
azul de metileno são apresentados na Figura 2.15.
Figura 2.15 – Influência do tempo contato na adsorção dos corantes: (�) AM, (�) RA4 e
() AA25. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de HDL; C0=100 mg/L; 2 h de contato;
20 rpm; T = 22 °C; pH 2 para AA25 e RA4; pH 12 para AM.
0 20 40 60 80 100 120 1400,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/C
o
Tempo (min)
58
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Experimental e Teórico.
A partir de uma análise da Figura 2.15, pode-se notar um comportamento
semelhante nos perfis de concentração dos corantes azul ácido 25 e reativo azul 4,
apresentando uma queda moderada de concentração inicial e que a saturação ocorre em cerca
de 80 min, o que se pode considerar uma cinética rápida e fenômenos de superfície.
A rápida cinética e as quantidades adsorvidas podem ser explicadas pela
difusividade em HDL que pode limitar as taxas de adsorção mostrando valores diferenciados
para cada molécula. Esse comportamento é justificado pelo mecanismo de adsorção
envolvendo adsorbatos de grande massa molar e/ou com grupos funcionais com alta carga,
onde a etapa controladora é a difusão das moléculas na superfície externa, devido à
dificuldade de mobilidade de tais moléculas impossibilitando a difusão intrapartícula
(AGUIAR, J. et al., 2013).
As isotermas de adsorção obtidas para os corantes azul ácido 25, azul de metileno
e reativo azul 4 estão expressas na Figura 2.16. Conforme se pode observar, para baixas
concentrações, essas isotermas são quase verticais apresentando um comportamento linear
conforme a lei de Henry para baixas concentrações, ou seja, à medida que a concentração
aumenta, a inclinação da isoterma diminui e atinge um patamar, comportamento este típico de
uma isoterma de Langmuir.
Os modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich foram empregados para ajuste
dos dados experimentais a partir de um algoritmo não linear (Origin Lab. 6.0). Os resultados
dos ajustes realizados são mostrados na Tabela 2.3. Comparando-se os dados experimentais
com os ajustes feitos a partir das equações, observa-se que ambos os modelos de isoterma
descrevem bem o comportamento da adsorção dos corantes em HDL. No entanto, com base
em uma análise estatística dos resultados apresentados na Tabela 2.3, pode-se averiguar que a
equação de Langmuir-Freundlich apresenta uma melhor adequação aos dados experimentais,
por ser mais abrangente em termos de parâmetros. Os resultados mostram que os corantes
aniônicos tiveram uma alta adsorção em HDL (328,90 para RA4 e 246,10 mg/g para AA25,
respectivamente). Enquanto, o corante AM apresentou quantidade adsorvida de apenas 43,48
mg de corante por grama de HDL. Esse fato está ligado à baixa afinidade existente entre o
AM e o HDL, exatamente o oposto do que ocorre com os corantes aniônicos AA25 e RA4.
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0 50 100 150 200 250 300 3500
50
100
150
200
250
300
q (
mg
/g)
Ceq (mg/L)
(a)
0 10 20 30 40 50 60 70 800
50
100
150
200
250
300(b)
q (
mg
/g)
Ceq(mg/L)
0 5 10 15 20 25 30 350
50
100
150
200
250
300(c)
q (
mg
/g)
Ceq(mg/L)
Figura 2.16 – Isotermas de adsorção de corantes: (a) AM, (b) RA4 e (c) AA25. Ajustes não
linear de Langmuir (—) e Lagmuir-Freudlinch (----). Condições: volume total=20 mL; 0,015
g de HDL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C; pH 2 para AA25 e RA4; pH 12
para AM.
60
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Tabela 2.3 – Parâmetros dos modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich.
Parâmetros Corantes
AM RA4 AA25
Langmuir
qmax (mg/g) 48,64 281,50 260,70
kL (L/mg) 0,02 0,54 0,87
R2 0,993 0,968 0,960
χ2 1,96 425,4 403,9
Langmuir-Freudlinch
qmax (mg/g) 43,48 328,90 246,10
kLF (L/mg) 151,12 2,25 0,83
b 1,353 0,66 1,66
R2 0,998 0,983 0,972
χ2 0,57 247,5 351,8
Estes dados permitem sugerir que o HDL é um material promissor e ainda mais se
considerarmos que os HDL podem ser modificados e a afinidade de corantes aumentada
(WANG et al., 2000; YU, SCHMIDT, 2011a; YU, SCHMIDT, 2011b), além de apresentar
excelente reprodutibilidade na síntese.
3.3. Estudo Experimental de Adsorção – Carbonos Ativados
As isotermas de equilíbrio de adsorção para RV120, PVMX-5R e AA25 nos
carbonos Norit, WV1050 e Maxsorb são mostradas na Figura 2.17. Na região inicial de todas
as isotermas, a quantidade adsorvida é bastante elevada para as concentrações iniciais de
corante até um aumento muito rápido no declive da isoterma. No entanto, o declive da
isoterma diminui drasticamente à medida que a concentração inicial de corante aumenta
atingindo a saturação em altas concentrações. Este é um comportamento típico de isotérma de
adsorção favorável e caracteristica de curvas não lineares. Porém as isotermas obtidas para o
carbono Norit, um comportamento diferenciado é observado, a região inicial obedece a lei de
Henry para baixas concentrações de corante, o que sugere uma conduta linear.
61
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0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,50
50
100
150
200
250
300(a)
q(m
g/g
)
Ceq (mg/mL)
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50
50
100
150
200
250
300(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50
50
100
150
200
250
300(c)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
Figura 2.17 - Isotermas experimentais dos corantes (∆ AA25; □ PVMX5R; ∇ RR120) nos
carbonos Maxsorb (a), WV 1050 (b) e (c) Norit 1240. Condições: volume total=20 mL; 0,015
g de CA; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C; pH=7.
62
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A Tabela 2.4 relaciona as quantidades adsorvidas de corante nos três carbonos
analisados os parâmetros correlacionados com o modelo de Langmuir e Langmuir-Freundlich.
Tabela 2.4 - Quantidades máximas adsorvidas de corante nos três carbonos analisados e os
parâmetros de ajuste correlacionados com o modelo de Langmuir (L) e Langmuir-Freundlich
(LF).
AA25
Maxsorb WV1050 Norit
Parâmetetros/Modelo LF L LF L LF L
q (mg/g) 385,02 544,03 267,85 292,04 130,84 122,63
K (mL/mg) 0,104 2,709 0,029 20,65 0,016 24,77
b 1,373 - 1,098 - 0,547 -
R2 0,998 0,994 0,998 0,998 0,991 0,989
χ2 34,45 74,82 9,739 10,49 24,92 50,37
RVMX-5B
q (mg/g) 199,21 223,57 149,52 172,57 89,62 89,01
k (mL/mg) 95,16 0,016 0,010 19,90 0,002 10,39
b 1,166 - 1,375 - 0,907 -
R2 0,998 0,997 0,999 0,993 0,992 0,992
χ2 8,325 12,20 1,784 21,88 10,62 9,195
RV120
q (mg/g) 40,98 47,82 46,45 59,77 40,73 38,85
k (mL/L) 0,004 20,62 0,035 7,019 0,043 40,68
b 1,689 - 1,367 - 0,867 -
R2 0,996 0,986 0,992 0,988 0,995 0,997
χ2 0,862 2,896 1,903 2,645 0,845 0,817
De acordo com estes resultados, o corante AA25 de menor massa molecular
apresentou a capacidade de adsorção mais elevada, seguido por PVMX-5R e, finalmente, para
RR120, a molécula de corante maior. É possível que o corante menor tenha maior
63
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Experimental e Teórico.
acessibilidade aos poros do carbono ativado com baixo impedimento estérico. A menor
quantidade adsorvida de RV120 nos três carbonos provavelmente deva-se a um grande
tamanho molecular. Moleculas com elevada massa molar, anéis aromáticos e grupos
sulfônicos e azo, como RV120, podem bloquear alguns locais ativos da superfície e os poros
disponíveis para a adsorção. Esse mesmo comportamento foi relato por (WONG et al., 2003;
ATTIA, RASHWAN, KHEDR, 2006; HODA, BAYRAM, AYRANCI, 2006; CHAN,
CHEUNG, MCKAY, 2012).
O pH do sistema é considerado um aspecto operacional importante que deve ser
tomado em consideração porque pode afetar a carga superficial do adsorvente e também o
grau de ionização influenciando na acidez ou alcalinidade do meio (ROYER et al., 2009;
VAGHETTI et al., 2009; KARAOĞLU, DOĞAN, ALKAN, 2010; KARAOǦLU, DOǦAN,
ALKAN, 2010), efeitos de aglomeração e precipitação das espécies. Os resultados alcançados
foram obtidos a pH neutro para evitar fenômenos adicionais. Desta forma, acredita-se que o
principal mecanismo envolvido no processo de adsorção foram interações entre os eletrons
nos planos da superfície dos carbonos e os electrons livres das moléculas de corante,
principalmente pelos anéis aromáticos e ligações de hidrogénio, o que permite inferir que
interações eletrostáticas não foi o único mecanismo.
3.4. Estudo Teórico – Hidróxido Duplo Lamelar
As simulações de Monte Carlo para os corantes RA4n- e AA25n- mostra o
comportamento do posicionamento das moléculas na superfície do HDL. As moléculas de
sorbato foram inseridas aleatóriamente no HDL simulado até atingir a carga espcífica
permitida. O processo de simulação foi iniciado com uma molécula em superfície até à
saturação total do HDL conforme ilustra a Figura 2.18. Observou-se que as moléculas de
AA25 favorecem um empacotamento mais denso (1 molécula/61.5 Å2) do que o RA4 (1
molécula/93.5 Å2).
Assumindo uma superfície de 125 m2g-1 de HDL obtiveram-se valores adsorvidos
experimentais de 0,48 x 10-25 mol/Å2 e 0,33x10-25 mol/Å2 para AA25 e RB4, respectivamente.
A quantidade adsorvida na saturação da superfície do HDL por simulação atingiu valores de
0,26x10-25 mol/Å2 e 0,17x10-25 mol/Å2 para AA25 e RA4, respectivamente. A principal fonte
64
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de imprecisão no cálculo experimental foi a área de superfície do HDL. Assumindo um erro
de 20% nesta medição, e se uma área de 150 m2/g-1 for atribuída ao HDL, os valores
experimentais e simulados se assemelham. O estudo permitiu averiguar que as interações de
AA25 e RA4 em HDL são essencialmente coulombica.
Figura 2.18 – Posição dos corantes aniônicos em superfície do HDL: (a) Ácido Azul 25; (b)
Reativo Azul 4. Simbologia: branco – H, vermelho – O, rosa – Al, verde – Mg, cinza - C,
amarelo - S, verde claro - Cl.
Sendo os valores simulados da ordem de grandeza dos experimentais obteve-se
confirmação da predominância da adsorção superficial e da importância das forças
eletrostáticas que são responsáveis pelo posicionamento vertical das moléculas que ocorre por
(a)
(b)
65
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cargas negativas dos corantes aniônicos. A simulação e o nível de energia de interação sugere
que outro posicionamento das moléculas na superfície do material não seja possível de ocorer.
3.5. Estudo Teórico – Carbonos Ativados
Uma vez obtido a distribuição do tamanho de poros dos carbonos para os três
volumes de poros representativos e as isotermas experimentais dos corantes, foi realizada uma
série de simulações moleculares entre cada corante e tamanho de poro, por inserção aleatória
das moléculas nos poros até saturação e equilíbrio dos sistemas. A Tabela 2.5 relaciona a
quantidade compatível de moléculas para preenchimento de poros, previsto por simulação
molecular. De acordo com o teste de compatibilidade corante-poro, verificou-se que o RV120
corante não acessa poros de até 8,9 Å, como mostra a Figura 2.19. Enquanto os outros dois
corantes são compatíveis e podem acessar este tamanho de poro.
Tabela 2.5 - Preenchimento de poros por número de moléculas, previsto por simulação
molecular para todos os carbonos.
Moléculas Tamanho do Poro
8.9 Å 18.5 Å 27.9 Å
AA25 (416.38 g/mol) 2 7 13
PRMX-5R (615 g/mol) 1 5 10
RV120 (1469.98 g/mol) 0 1 3
A análise do gráfico ilustrado pela Figura 2.20 permite inferir que embora o
corante RV120 seja compatível com os poros 18,5 e 27,9 Å, 1 a 3 moléculas/800 Å2 são
suficientes para a total saturação dos poros do material e equílibrio do sistema, devido a sua
massa molar, como pode ser visto na Figura 2.21 e 2.22. Comportamento similar ocorre para
o corante PVMX-5R na rapida saturação do poro 8,9 Å com apenas 1 moléculas/800 Å2.
Desta forma, a simulação confirmou o que os estudos previam que as moléculas com menor
66
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massa molar seriam mais adsorvidas e os de maiores extensão seriam menos adsorvido, neste
caso os corantes AB25 e RR120, respectivamente.
Figura 2.19 – Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa para tamanho de
poro de até 8.9Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B em carbonos. Legenda: Grupo sulfônico
(amarelo), Carbono (cinza), Nitrogenio (azul), Oxigenio (vermelho), Hidrogenio (branco) e
Cloro (verde).
8,9 Å 18,5 Å 27;9 Å0
2
4
6
8
10
12
14
No d
e M
oléc
ulas
Tamanho de Poro (Å)
AA25 PVMX-5B RV120
Figura 2.20 – Representação das quantidades de moléculas adsorvidas para cada diâmetro de
poro em carbonos ativados.
(a) (b)
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Figura 2.21 – Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa nos carbonos
ativados para tamanho de poro de até 18.5Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B e (c) RV120. Legenda:
similar a Figura 2.21.
(a) (b)
(c)
68
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Figura 2.22 – Capacidade simulada da adsorção dos corantes em carga fixa nos carbonos
ativados para tamanho de poro de até 27.9Å: (a) AA25; (b) PVMX-5B e (c) RV120. Legenda:
similar a Figura 2.21.
A Tabela 2.6 relaciona o volume de poros para cada faixa de diâmetro de poro
estabelecidos na simulação para os três carbonos estudados.
(a) (b)
(c)
69
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Tabela 2.6 – Volume de poros relacionado com os diâmetros de poro característicos para
cada carbono ativado.
Volume de Poro (cm3/g)
Tamanho de Poro (Å) Norit R1 WV1050 Maxsorb
8.9 0.25 0.12 0.25
18.5 0.27 0.28 0.72
27.9 0.09 0.74 0.69
3.6. Mecanismos de Adsorção
3.6.1. Mecanismo de Adsorção - Ácido Azul 25
Apesar dos valores mais elevados obtidos por simulação, a proporção de
quantidades adsorvidas entre os carbonos ativados são razoavelmente mantidas
experimentalmente após replica dos ensaios. Experimentalmente encontramos a razão da
quantidade adsorvida como 2,5 e 1,6 para Maxsorb:Norit e WV 1050:Norit, respectivamente.
Os carbonos Norit e WV 1050 adsorvem quantidades semelhantes do corante AA25 (187 e
188 mg/g, respectivamente). Outra diferença notável foi no declive das isotermas mostradas
na Figura 2.17. Estas duas características podem ser explicadas pela DTP. Observa-se na
Tabela 2.6 que o Norit R1 tem o dobro do volume de poro do carbono WV 1050 na gama de
8,9 Å poros, o que corresponde aos microporos. O Norit também apresentou o mesmo volume
de poro na faixa de 18,5 Â, o que lhe confere bimodalidade, enquanto que o carbono WV
1050 apresenta um maior volume de poro na gama de 27,9 Á. Assim, o corante AA25 foi
consideravelmente mais adsorvido no carbono Norit comparado ao WV1050, o que explica a
ampla e diferenciada inclinação da isoterma. Pode-se perceber que o carbono WV1050
apresenta maior volume de poro na faixa de tamanho de poro maior, o que resultou em suave
declive da isoterma.
A diferença de volume de poros nas faixas mais baixas obtida para o Norit e os
volumes nas faixas mais elevadas do WV1050, é eventualmente compensada resultando em
quantidades máximas de adsorção pouco diferenciada. Esta análise é reforçada quando
70
Capítulo II – Hidróxido Duplo Lamelar & Carbonos Ativados Aguiar, J. E.
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comparamos a isoterma do carbono Maxsorb. Os carbonos Maxsorb e Norit apresentam a
mesma quantidade de poros na faixa de 8,9 Å, porém no Maxsorb o volume de poro é
compensado nas demais faixas de diâmetro, o que justifica a maior quantidade de AA25
adsorvida neste carbono (288 mg/g).
3.6.2. Mecanismo de Adsorção - Procion Vermelho MX-5R
Esta molécula apresentou um comportamento semelhante ao ocorrido com AA25,
em relação as quantidades máximas adsorvidas. A razão Maxsorb:Norit e WV 1050:Norit
experimental foi de 2,5 e 1,7, respectivamente o que proporcionou um maior declive na
isoterma do Norit, comportamento similar ao do sistema anterior.
Para o Maxsorb uma quantidade consideravelmente superior foi adsorvido (162
mg/g), como determinado pelos ensaios e confirmado pelas DTP. Com base nos dados de
simulação molecular para as faixas de poros selecionada, esperava-se que os carbonos
apresentassem uma adsorção similar para o corante PVMX-5B. No entanto, os carbonos
adsorveram aproximadamente 30% menos (Maxsorb com 40% menos).
Como hipótese para explicar esse resultado é que PVMX-5B tem dois grupos
sulfônicos, enquanto AA25 tem apenas um. Por conseguinte, PVMX-5B tem maior tendência
para formação de dímeros superiores comparados à molécula de AA25 (HAMLIN,
PHILLIPS, WHITING, 1999). Os dímeros ou trímeros são propensos ao bloqueio dos poros e
isto explicaria a diminuição da quantidade adsorvida. Neste contexto, vale ressaltar ainda que
a conexão entre redes poros não foi considerada neste estudo, uma vez que Pelekani,
Snoeyink, (2000; 2001) em seu estudo mostraram evidências da influência da rede de poros
na de adsorção corantes.
3.6.3. Mecanismo de Adsorção - Reativo Vermelho 120
O corante RV120 apresentou quantidades adsortivas semelhantes para todos os
carbonos analisados com qmax de 31, 34 e 35 mg/g para o Norit R1, WV1050 e Maxsorb,
respectivamente. De posso do conhecimento da geometria de poros e conforme relatado
anteriormente, esperava-se que os carbonos WV1050 e Maxsorb adsorvessem quantidades
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superiores. Surpreendentemente o uso dessa molécula veio confirmar a influência da extensão
molecular no processo de adsorção em carbonos. Os resultados permitem inferir que estas
moléculas não acessam qualquer gama de poros e a adsorção ocorre somente na superfície
externa do carbono ativado. Além destes fenômenos de superfície os dados de adsorção
obtidos, permitem a hipótese de que a molécula de RV120 tem uma maior tendência para
aglomeração e formação de dímeros e possíveis trimeros em solução (HAMLIN, PHILLIPS,
WHITING, 1999). Deve-se considerar ainda que o corante RV120 possui tamanho próximo
ao tamanho do maior poro dos carbonos somado aos fenômenos de agregação, impossibilita
qualquer difusão no interior dos poros. Segundo dados de Chan, Cheung, Mckay, (2012) para
adsorção de moléculas de grande massa molar, geralmente o tamanho de poro do adsorvente
deve ser de 1,7 a 2 vezes a dimensão do adsorbato. Assim, os resultados deste estudo indicam
que os carbonos ativados analisados não são adequados para a adsorção de moléculas no
intervalo de tamanho do RV120.
Para validação dos fenômenos, um carbono a partir de caroço de pêssego
sintetizado por Soares Maia et al., (2010) foi utilizada na capacidade de adsorção molécula
maior para fins de averiguação da ascessibilidade da molécula aos poros do material. Na
síntese do carbono, o caroço de pêssego foi pré-lavada com uma solução de ácido sulfúrico a
10% em peso e submetido a carbonização a 450 °C sob fluxo de ar. Como resultado obteve-se
um carbono com uma baixa área superficial (apenas 288 m2/g) e com uma DTP apresentando
um baixo volume de poros como mostra a Figura 2.23.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 600,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
PS
D /
cm3 .g
-11-إ.
Tamanho de poro (Å)
Figura 2.23 - DTP do carbono ativado sintético a partir de caroço de pêssego.
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Ensaios de adsorção em batelada foram realizados nas mesmas condições e
constatou-se uma baixa adsorção (30 mg/g) para esse material conforme mostra a Figura
2.24. Pode-se perceber que a quantidade de adsorção se assemelha à encontrada para os
carbonos comerciais Norit, WV1050 e Maxsorb, confirmando que o corante RV120 adsorve
apenas na superfície dos carbonos.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,300
50
100
150
200
250
300
350
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
Figura 2.24- Isoterma de equilíbrio experimental obtida para o corante RV120 em carbono
sintético a base de caroço de pêssego. Condições: volume total=20 mL; 0,015 g de CA;
C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T °C = 22.
4. CONCLUSÃO
A partir do estudo em batelada para os corantes azul ácido 25, reativo azul 4 e
azul de metileno em HDL, pôde-se constatar que o sistema atinge o equilíbrio em 80 minutos.
Aproximadamente 100% dos corantes aniônicos e apenas 10% do catiônico azul de metileno
foram removidos durante esse tempo, mostrando o efeito adverso do HDL para corantes
catiônicos.
As isotermas de adsorção foram bem representadas pelo modelo de Langmuir-
Freundlich, apresentando uma capacidade de adsorção máxima estimada para corantes
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aniônicos de 328,90 e 246,10 mg/g respectivamente, para o reativo azul 4 e azul ácido 25,
enquanto que para o corante azul de metileno apenas 43,48 mg/g foi adsorvido.
A coleção de dados experimentais de adsorção de corantes de tamanhos
diferenciados em carbonos ativados de características conhecidos variadas para verificar a
relação entre DTP e capacidade de adsorção das moléculas de corantes, somado aos dados
experimentais foram importantes para interpretar o comportamento da adsorção das moléculas
de corante, enfatizando a importância dos resultados de DTP para prever a capacidade de
adsorção.
Os resultados permitem concluir que pequenas moléculas de corante como AA25,
pode ter acesso a toda a gama de poros encontrados em carbonos ativado convencionais. Para
estas moléculas, a correlação entre a capacidade de adsorção e a DTP dos carbonos parece ser
independente de outros fatores, tais como a geometria da rede de poros comunicantes ou
química de superfície. Para moléculas de tamanho intermediário, como PVMX-5R há uma
forte correlação com as DTP e outros fatores, tais como alguma influência da interação
indivídual e potencial entre o poro e o corante. Por fim, para moléculas de tamanho maiores
como RV120, a DTP parece irrelevante para prever adsorção. Neste caso, os fatores
geométricos como a rede de poros devem ser considerados.
A investigação do mecanismo de adsorção dos corantes na superfície de HDL
utilizando simulação de Monte Carlo permitiu concluir que as moléculas de corantes
aniônicos adsorvem perpendicularmente à superfície do material com predominância de
interação eletrostática. Os resultados simulados mostraram concordância quantitativa na
proporção dos dados experimentais de adsorção de AA25 e de RA4, permitindo concluir que
os estudos de simulação molecular envolvendo corantes e materiais são promissores para o
conhecimento dos mecanismos de adsorção.
A análise de DTP de carbonos com auxílio de SM pode beneficiar a elucidação da
adsorção de moléculas de corante em carbonos ativados.
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
CAPÍTULO III
HETEROESTRUTURA POROSA LAMELAR PARA ADSORÇÃO
BINÁRIA DE CORANTES TÊXTEIS.
1. INTRODUÇÃO
Argilas podem ser definidas como um produto natural, que consiste de
componentes muito pequenos, incluindo, minerais argilosos. Em uma definição mais
científica, considera-se uma rocha composta principalmente de minerais de argila, que podem
ser encontrados com outros minerais, tais como quartzo, feldspato, mica, calcite, material
orgânico e outras impurezas. Pode ser caracterizada fisicamente pelo alto teor de partículas
com um diâmetro equivalente a 2 µm. Quimicamente, minerais de argila são compostos de
alumínio, silicatos, magnésio e podem conter outros elementos tais como ferro, cálcio, sódio,
potássio em sua estrutura cristalina em camadas (PINNAVAIA et al., 1984; KOMADEL,
MADEJOVÁ, 2013).
As argilas podem ser divididas em dois grandes grupos: argilas catiônicas,
difundidas na natureza, e argilas aniônicas, mais raras na natureza, mas relativamente simples
de sintetizar. As argilas catiônicas são negativamente carregadas em camadas de alumino-
silicato e possui cátions no espaço intercalar para equilibrar as cargas. Estruturalmente, as
argilas estão formadas principalmente por dois grupos: tetraédricos: - principalmente Si4+ e
ocasionalmente Al3+, Fe3+ e Fe2+; e octaédricos: - principalmente Al3+ e ocasionalmente Mg2+,
Fe2+, Fe3+, Cr3+, Mn2+, Zn2+ com certo grau de substituição isomórfica (VICENTE, GIL,
BERGAYA, 2013). Já as argilas aniônicas têm carga positiva com hidróxidos metalícos nas
camadas e ânions e moléculas de água de equilíbrio localizada intersticialmente. Entre as mais
comuns estão os HTLC (Hydrotalcite Like Compounds), pertencentes a uma ampla classe de
argilas aniônicas, com fórmula geral: (M2+1-x M
3+x (OH)2)
x+ (Amx/m). nH2O, em que M2+ são
cátions bivalentes; Mg2+, Ca2+, Zn2+, Ni2+, Fe2+ Co2+ Cu2+ Mn2+; M3+ corresponde aos cátions
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
trivalentes; Al3+, Fe3+, Cr3+, Co3+ Mn3+ Ni3+ Sc3+ Ga3+; A são ânions de compensação com
formação OH-, Cl-, NO3-, CO32-, SO4
2-; x pode assumir valores entre 0,17 e 0,33, que
representa a composição molar (FORANO, 2004). Em sua fórmula natural
(Mg6Al 2(OH)16(CO3).4H2O), os cátions Mg2+ e Al3+ estão rodeados octaedricamente por seis
átomos de oxigênio na forma de íons hidróxido. Os octaedros encontram-se ligados através
das arestas, formando lamelas ou camadas bidimensionais infinitas, empilhadas face a face e
ligadas por pontes de hidrogênio. Argilas catiônicas são preparadas a partir de minerais,
enquanto as argilas aniônicas usadas industrialmente são sintéticas (REICHLE, KANG,
EVERHARDT, 1986; CAVANI, TRIFIRÒ, VACCARI, 1991; VACCARI, 1999). O Capítulo
II desta tese contempla uma abordagem mais ampla sobre Hidróxidos Duplos Lamelares, sua
estrutura e aplicação.
Com o aumento dos preços do petróleo em 1973, um grande esforço foi feito para
o desenvolvimento de materiais catalíticos que pudessem processar frações pesadas de
petróleo. No entanto, estas frações pesadas não podiam penetrar entre as lamelas das argilas
utilizadas nas altas temperaturas do craqueamento. Assim, precisava-se promover a
acessibilidade, estabilidade estrutural e a atividade catalítica no espaço entre as camadas. Nos
anos 90, surgem os primeiros estudos para a síntese de materiais com estrutura porosa na
faixa de mesoporos. Os primeiros materiais desse tipo foram chamados MCM41 pelo grupo
Mobil Oil Co em 1992. Esta descoberta incrível empregando tensoativos iônicos que
interagem com os ions inorgânicos formando uma rede mesoporosa ordenada, abriu novos
campos na área de engenharia de materiais (CHAL et al., 2011). O uso de agentes tensoativos
iônicos, juntamente com os iões inorgânicos para promover a mesoporosidade ordenada
também passou a ser empregado nas argilas.
Para uma melhor eficiência das argilas naturais na adsorção, outras modificações
estratégicas são necessárias com o objetivo claro de melhorar a acidez, a porosidade, a
estabilidade térmica, resistência mecânica, para as mais variadas aplicações. Entre os vários
minerais de argila a família das esmectitas, são geralmente, as mais comumente modificadas
para diversos fins devido as suas cargas no domínio intercamada e sua alta capacidade de
inchamento. Entre as esmectitas, a montmorilonita mostrada na Figura 3.1 é a mais estudada
devido à sua elevada abundância, capacidade de troca de cátions, a capacidade de inchamento,
acidez intrínseca e área superficial relativamente elevada. Para tanto modificações
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
importantes tais como: a ativação ácida, troca iônica, intercalação, funcionalização e
pilarização.
Figura 3.1 – Estrutura de uma montimorilonita natural.
A pilarização (PILC) em materiais nanocompósitos com estrutura aberta e rígida é
um processo obtido ligando uma espécie robusta para formação de um material tridimensional
em camadas, como ilustra o mecanismo de formação de pilares da Figura 3.2. O controle do
processo de pilarização é um meio muito promissor para a obtenção de sólidos, com área de
superfície elevada (até 600 m2/g); um amplo espectro de propriedades (estrutural, química,
catalítica, iônica, etc.) e controlada estrutura interna, podendo ser escolhidas espécies para
coincidir com aplicações específicas (AZNÁREZ et al., 2015; DING, ZUO, QI, 2015;
KHANKHASAEVA et al., 2015; MICHALIK-ZYM et al., 2015; PIZARRO et al., 2015;
ZUO et al., 2015).
Como mostra a Figura 3.2, o processo de pilarização pode ser realizado
utilizando uma argila natural com uma densidade relativamente baixa de carga negativa e uma
substância química com carga positiva, neste caso o ion Keggin de alumínio, o que aumenta a
acidez de Bronsted em relação a argila natural. Após calcinação ocorre a desidroxilação e a
formação dos pilares Al2O3 aumentando a acidez de Lewis.
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
Figura 3.2 – Formação de pilares em argilas naturais por inserção do Íon Keggin de alumínio.
Adaptado de (KYEONG-WON, 2012).
No entanto, para criar microporosidade, um tamanho de poro de pelo menos 0,7
nm é necessário (LIU, S. et al., 2014; DING, ZUO, QI, 2015). Sob as condições de que as
espécies hóspedes serão distribuídas homogeneamente, as folhas da argila são rígidas e não se
dobram, todas as folhas comportam pilares, e a adsorção das moléculas do agente pilarizante
sobre a superfície externa é desprezível, um sistema bidimensional de canais é gerado, ao
contrário de zeólitas em que os sistemas de canais tridimensionais estão presentes (LEE et al.,
2015). Com base nesta abordagem uma série de novos materiais foi surgindo com suas mais
diversas características para as mais diversas aplicações, e entre estes as argilas porosas
heteroestruturada formada por galerias sintéticas (GALARNEAU, BARODAWALLA,
PINNAVAIA, 1995).
Troca de íons
Argila natural Cátions interlamelar
Intercalação do agente pilarizante
Argila intercalada Polications
Argila pilarizada
Estrutura Porosa
Calcinação
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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1.1. Heteroestruturada Porosa Lamelar (HPL)
Heteroestrutura Porosa Lamelar a base de argilas ou Porous Clays
Heterostructured foram sintetizados por (GALARNEAU, BARODAWALLA, PINNAVAIA,
1995) utilizando uma esmectita fluorohectorita com pilares de lítio. A Figura 3.3 mostra o
mecanismo de formação dos HPL.
Figura 3.3 – Funcionalização e moldagem para formação de heteroestrutra porosa a base de
argila natural. Adaptado de (GALARNEAU, BARODAWALLA, PINNAVAIA, 1995;
KYEONG-WON, 2012).
Neste processo, as cadeias longas do agente tensioativo catiônico de quaternário
de amónio, (Q+ = CnH2n+1N(CH3)3+, em que n varia de 10 a 16, são introduzidos no espaço
interlamelar da argila pela troca catiônica de ions presentes no dominio interlamelar da argila
compesando as cargas negativas nas nanofolhas. Depois um cosurfactante neutro a base de
aminas de cadeias com n variando entre 6 a 16 (CnH2n+ 1NH2) são adicionados, e um conjunto
de micelas modelos são formadas na região intercalar. Uma vez adicionada à fonte de silício,
o que provoca um deslocamento parcial da amina neutra, espécies de silicatos polimerizados
são formados na superfície externa dos cilindros análogos às micelas formadas no mecanismo
de moldagem da MCM -41 formando uma densa rede de silício (QIN et al., 2015). A fração
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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de agente tensoativo na micela é determinada pelas cargas contidas nas lamelas da argila, que
pode ser quantificadas pela análise de capacidade troca catiônica. O processo de calcinação
para remover o modelo orgânico resulta em uma rede de sílica porosa interposta entre as
lamelas. É digno de nota que a formação de argilas porosas heteroestruturada baseia-se no
mecanismo de moldagem e não um mecanismo de pilarização (GALARNEAU,
BARODAWALLA, PINNAVAIA, 1995) devido a que o sistema de poros gerado no espaço
interlamelar é promovido pelo uso do surfactante (CTMB) e co-surfactante (TEOS), que
determinam o tamanho dos poros, e cujos valores variam entre 1,4 e 4,0 nm (GÓMEZ-
AVILÉS et al., 2013). Uma das principais vantagens da utilização de HPL em comparação
com outros materiais tais como argilas pilarizadas é que a densidade interespacial do material
é controlada pelo mecanismo de moldagem, o que requer a quantidade inicial ideal de sílica
(CAO, 2004; MELDE, JOHNSON, 2010).
O tipo de argila influência a síntese de HPL. Dependendo da argila utilizada e das
suas dimensões, dois tipos de mecanismos podem ocorrer. Em argilas naturais, o
empilhamento de camadas de tamanho médio de 1 µm paralelo com a rede de silica situada
entres as lamela, gera uma estrutura porosa bidimensional ou material do tipo intercalado
como mostrado a Figura 3.4A. Para argilas sintéticas, hidrólise e polimerização de TEOS em
torno das micelas não ocorrem necessariamente no espaço interlamelar da argila, devido ao
pequeno tamanho das nanofolhas de até 50 nm, gerando bordas de ponta mútua e de ponta
soltas para interacções, resultando em um tipo de empilhamento de lamelas ancoradas pelo
crescimento da rede de silicato numa estrutura tridimensional ou material esfoliado, tal como
mostrado na Figura 3.4B (CLEARFIELD, PERRY, GAGNON, 2013).
Figura 3.4 – Mecanismo de formação de HPLs a base de argilas: (A) Material formado por
intercalação e (B) Material formado por esfoliação.
(A) (B)
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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O surfactante tem um papel importante como responsável na compensação das
cargas negativas das lamelas, permitindo o acesso à região interlamelar e controlando o
tamanho dos cilindros mesoporosos formados na região das intra galerias (PIRES et al.,
2004). De um modo geral, para a síntese de HPL, a quantidade de sufactante utilizado deve
está acima da Capacidade de Troca Catiônica (CTC) da argila. Controlando a concentração de
sufactante, podem-se prever conformações diferentes destes surfactantes na região intercalar
como mostram a Figura 3.5 (GUEGAN, 2013).
Figura 3.5 – Mecanismos de formação de argilas orgânicas por intercalação de sufactantes.
Adaptado de (PINNAVAIA et al., 1984; GALARNEAU, BARODAWALLA, PINNAVAIA,
1995).
Na síntese de HPL, são preferidos os íons quaternário de amônio com pelo menos
seis átomos de carbono na cadeia. Íons secundários e terciários podem também ser utilizados,
porém íons primários não são eficazes na formação de HPL. Isto é devido ao tamanho da
cadeia carbônica, que precisa ser grande para formar micelas (SCHACHT, VOIGT-MARTIN,
SCHÜTH, 1997). Tanto o sufactante como o co-sufactante, irão auxiliar na formação da rede
de sílica por interações eletrostáticas e pontes de hidrogênio entre o surfactante iônico, amina
neutra e o precursor (LUO, SASAKI, HIRAJIMA, 2015).
Na sintese de HPL, o precursor inorgânico é de preferência uma fonte de silício,
neste caso o ortossilicato de tetraetilo (TEOS). Porém óxidos metálicos, tais como alumina,
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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zircônia e titânio podem também ser utilizados sozinhos ou misturados (GALARNEAU,
BARODAWALLA, PINNAVAIA, 1995). No caso da adição de TEOS na síntese, este é
hidrolisado e condensado sucessivas vezes para formar espécies poliméricas com ligações Si-
O-Si (ZHU et al., 2014).
A água tem um papel importante na síntese de HPL. Uma vez que a concentração
de água nas galérias é demasiado baixo, a base de TEOS hidrolisada é catalisada mais rápida
na região interlamelar e isto minimiza a formação das galerias de sílica. Mesmo que para
favorecer parte da hidrólise, a remoção de água presente no interior das lamelas é promovida
(WEI, TANG, HUANG, 2004). Em contrapartida, em praticamente todos os procedimentos
para a síntese de HPL, as argilas expandidas com cátions quaternário de amônio (NH4+ -
Argila) são secas à temperatura ambiente, porém, se a água for completamente removida, o
TEOS não é hidrolisado e a sílica não será intercalada (HAO et al., 2011).
Para a remoção do surfactante uma das vias usuais é a calcinação, assim como
para a remoção da estrutura de direcionamento da estrutura, os quais são muito semelhantes
aos da MCM-41. Importante salientar que, outros métodos também têm sido utilizados para a
possível recuperaração do agente tensioativo e sua reutilização. Entre estes estudos destacam-
se os trabalhos de (BECK ET AL., 1992; KRESGE ET AL., 1992; KAWI, 1998; T. J. KEENE,
DENOYEL, L. LLEWELLYN, 1998; HOZUMI et al., 2000; GOWOREK, KIERYS,
KUSAK, 2007; LIU et al., 2010; JABARIYAN, ZANJANCHI, 2012), os quais podem ser
considerados uma alternativa menos destrutiva (ALOTHMAN, 2012).
Como visto o campo de estudo para HPL, em comparação com outros materiais
porosos, ainda necessita de uma maior atenção e pode embasar e incentivar diversos estudos
futuros. Desta forma, a presente pesquisa teve como objetivo a síntese e caracterização de
Heteroestruturas Porosas Lamelares (HPL) com pilares de sílica e sílica-zircônia a partir de
uma bentonita naturail. Estes materiais foram avaliados como adsorventes na adsorção de
corantes em sistemas monosoluto e binário, utilizando corantes azos em soluções aquosas e
um sistema de adsorção em batelada.
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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2. MATERIAS E MÉTODOS
2.1. Corantes
Foram utilizados neste estudo os corantes Remazol Violeta 5R-RV5R
(C20H16N3Na3O15S4) com massa molar de 735,6 g/mol e comprimento de ondade 562 nm e o
corante Ácido Azul 25-AA25 (C20H13O5N2SNa) com massa molar de 416,4 g/mol e
comprimento de ondade 605 nm. Os corantes utilizados foram obtidos da Sigma-Aldrich com
alto grau de pureza. A estrutura do corante AA25 foi mostrada no Capítulo II desta tese. A
estrutura molecular do corante RV5R está representada pela Figura 3.6. O RV5R foi utlizado
como molécula de extensão molecular intermidiária entre as moléculas utilizadas nos estudos
anteriores juntamente com o AA25 de menor extensão.
Figure 3.6 – Estruturas do corante Reativo Violeta 5R (RV5R).
2.2. Heteroestruturada Porosa Lamelar (HPL)
2.2.1. Sintese
Nesse estudo foi empregada uma argila natural da região de "La Serrata de Níjar"
(Espanha). O principal componente mineralógico (> 90%) foi detectado como sendo
montmorilonita. As argilas naturais foram sintetizadas conforme a metodologia de Galarneau,
Barodawalla, Pinnavaia, (1995); Cecilia, García-Sancho, Franco, (2013).
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Organofuncionalização: A argila foi purificada por meio de um processo de
sedimentação. Depois, foi convertido no material homoiônico (Na-Mont) por agitação em
uma solução de NaCl 1M.
No primeiro passo do processo de síntese, 5 g de Na-Mont foram tratada com uma
solução de 18 g de brometo de cetiltrimetilamônio (CTMBr) (Aldrich) em 200 ml de n-
propanol puro (anidro, 99,9% VWR). Após três dias sob agitação, o sólido foi filtrado e
lavado para remover os resíduos de CTMBr. Em seguida, o sólido foi recuperado e
redissolvido em 500 ml de H2O durante 24 h. Após este tempo, uma solução de 1,76 g de
hexadecilamina (Aldrich), foi utilizada como co-sufactante, em 50 ml de solução de n-
propanol e agitou-se durante 24 h.
Pilarização com Silício-Zircônio: A incorporação de pilares de sílica-zircônio
ocorre por um processo de polimerização em torno do cátion com uma longa cadeia
localizado entre as folhas da montmorilonite. A Figura 3.7 representa o tetramo do cátion de
zircônio intercalado no domínio interlamelar dos HPL. Este processo foi realizado pela adição
de ortossilicato de tetraetilo (TEOS) (Aldrich) e de zircónio (IV) propóxido (solução a 70%
em 1-propanol) (Aldrich) puro diluído em n-propanol (50 wt.%). O gel foi agitado durante
três dias e depois foi filtrado e lavado com água e etanol.
Figura 3.7 - Tetramo do cátion de zircônio intercalado no domínio interlamelar dos HPL.
Finalmente, o gel foi seco durante a noite e calcinado a 550 °C durante 6 h, com
uma velocidade de 1 °C min-1 para remover as moléculas de surfactante (CECILIA,
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Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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GARCIA-SANCHO, FRANCO, 2013). O esquema da Figura 3.3 mostra o mecanismo de
formação dos HPL.
2.3. Análise dos Materiais
Padrões de raios X do pó das amostras foram obtidos em difractômetro X'Pert Pro
MPD automatizado (PANalytical BV) equipado com um monocromador primário Ge (111)
(radiação monocromática CuKα1) e um detector X'Celerator de 0,017 º. Os padrões em pó
foram registados entre 10º e 70º em ângulo de 2θ com um tempo total de medição de 30
minutos. Medidas de baixo ângulo foram obtidos com a mesma configuração mantendo a
abertura divergente e anti-divergente em 1/16º e com Soller de 0,02 rad. As medições foram
realizadas entre 0,5-10º em ângulo 2θ com 0.017º.
Análise térmica diferencial (DTA) e dados de termogravimetria (TGA) foram
obtidos em um analisador Mettler-Toledo (TGA/SDT) e um instrumento TA (New Castle,
DE). A variação da temperatura foi de 1000 °C a uma taxa de aquecimento de 5 ° C min-1. As
medições nas amostras foram realizadas em cadinhos de platina abertos sob fluxo de ar.
Os parâmetros texturais (SBET, VP e Dp) foram avaliados a partir das isotermas de
adsorção-dessorção a -196 ºC, por um sistema automático (2020 da Micromeritics). Antes das
medições, as amostras foram degaseificadas a 200 ◦C e 10-4 mbar durante toda a noite.
Superfícies foram determinadas usando a equação de Brunauer-Emmet-Teller (BET) e uma
molécula de N2 de seção transversal de 16.2Å2. O volume total dos poros foi calculado a
partir da isotérmica de adsorção na medida de P/P0 = 0,996.
Análise química elementar foi avaliada usando um analisador LECO CHNS 932.
As análises foram realizadas para determinar o teor de carbono presente após a calcinação do
molde do HPL e para avaliar a capacidade de adsorção de corantes nos adsorventes. A
determinação de carbono, de nitrogênio e de enxofre tem lugar após a combustão das
amostras a 1000 ºC em oxigénio puro para formar CO2, SO2 e NO2.
Espectros FTIR foram obtidos em uma célula Harrick HVC-DRP acoplado a um
espectrofotômetro Varian FT-IR 3100. Os interferogramas consistituem de 200 exames, e os
espectros foram coletados por meio de um espectro de KBr como um fundo. Cerca de 30 mg
de materiais a base de argila finamente moído foram colocados em porta-amostras. A amostra
94
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
foi aquecida sob um fluxo de ar de 60 mL min-1 a 200 °C (30 min) para remover a água e em
seguida a amostra foi seca à temperatura ambiente e os espectros foram recolhidos.
Espectros de fotoelétrons de raios-X foram obtidos usando um espectrômetro
Physical Electronics PHI 5700 com radiação não monocromática de Mg Kα (300 W, 15 kV e
1.486,6 eV) com um detector de multi-canal. Spectros das amostras peletizadas foram
registrados no modo de energia constante em 29,35 eV, utilizando uma área de análise de 720
mm de diâmetro.
Medidas de carga de referência foram obtido a partir do carbono (C1s em 284,8
eV) utilizando um pacote de software PHI ACCESS ESCA-V6.0 F para aquisição e análise de
dados. Os espectros foram ajustados utilizando curvas de Gaussiana de Lorentz, a fim de
determinar as energias de ligação dos diferentes níveis elementares de núcleo com mais
precisão. As amostras foram introduzidas na câmara de análise, e diretamente analisadas sem
tratamento prévio.
2.4. Estudo Experimental de Adsorção
O estudo da adsorção para poluentes individuais e na mistura foi realizado em
condições experimentais semelhantes às utilizadas no Capítulo II. As soluções foram
analisadas antes e após o contato com o adsorvente utilizando métodos espectrofotômetricos.
A conversão da absorbância em concentração foi realizada por meio de curvas de calibração
obtida previamente para cada corante. A concentração residual de corante no sistema binário
foi determinada por medidas dos corantes A e B em ambos os comprimentos de onda λA (562
nm) e λB (605 nm), respectivamente, para se obter densidades ópticas de dA e dB, como
descrito por Mckay, Al Duri, (1987); Chan, Cheung, Mckay, (2012) que utilizaram as
Equações 3.1 e 3.2, respectivamente.
Um balanço de massa para o cálculo das quantidades adsorvidas no sistema foi
utilizado conforme Equação 2.1 constante no Capítulo II.
(3.1)
1221
2112
BABA
BBA kkkk
dkdkC
−−−=
95
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
(3.2)
kA1, kB1, kA2 e kB2 são os coeficientes de regressão linear obtidos da curva de calibração para
componentes A e B nos dois comprimentos de onda λ1 e λ2, respectivamente. d1 e d2
correspondem as leituras de absorbâncias obtidas nos dois comprimentos de onda dos
componentes A e B. As equações foram utilizadas conforme preconiza a Lei de Lambert-
Beer.
Um ensaio de estabilidade da concentração de corantes foi feito com o objetivo de
averiguar a manutenção das concentrações estabelecidas no início dos testes, cujas soluções
foram fracionadas na proporção 1:1 para cada concentração de corantes (10 mL Ácido Azul +
10 mL Reativo Violeta) obtendo assim um volume final de 20 mL da concentração desejada.
A Figura 3.8 mostra o comportamento da concentração após a diluição fixada
próxima aos valores estabelecidos. Os testes de adsorção foram realizados 15 minutos após a
mistura dos corantes. A linha de tendência da curva mostrou um R2 da ordem de 0,999.
0 50 100 150 200 250 3000
50
100
150
200
250
300
350(a)
Co AA25 Inicial
Co AA25 Mistura
C0 O
bti
da
(mg
/L)
C0 Requerida (mg/L)
1221
1221
BABA
AAB kkkk
dkdkC
−−−=
96
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Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0 50 100 150 200 250 3000
50
100
150
200
250
300
350(b)
Co RV Inicial
Co RV mistura
C0 O
bti
do
(m
g/L
)
C0 requerido (mg/L)
Figura 3.8 – Comportamento das concentrações de ácido azul 25 (a) reativo violeta 5R (b).
2.4.1. Modelagem das Isotermas de Equilíbrio
Os dados experimentais dos sistemas monocomponente foram representados pelos
modelos de Langmuir (L), Langmuir-Freundlich (LF) e Redlich-Peterson (RP), enquanto que
os dados multicomponentes foram representados pelos modelos estendidos de Langmuir (LE),
Langmuir-Freundlich (LFE), pelos modelos de Langmuir (Lf) e Redlich-Peterson (RPf) com
fator de interação). A Tabela 3.1 relaciona todos os modelos clássicos de ajuste de dados de
adsorção utilizados neste estudo.
Tabela 3.1. Equações de Regressões não lineares para obtenção de dados de equilíbrio dos
sistemas monocomponentes e binário.
Modelos Monocomponente
Langmuir (L) eqL
eqLeq Ca
CKq
+=
1
(3.3)
Em que: L
L
a
Kq =max
Langmuir-Freundlich (LF) LF
LF
beqLF
beqLF
eqCk
Cqq
+= max
(3.4)
97
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Redlich Peterson (RP) βeqRP
eqRPeq
Ca
CKq
+=
1
(3.5)
Modelos Multicomponentes
Langmuir Estendida (LE) jeqjL
ieqiL
i Ca
CKq
∑+=
1
(3.6)
Langmuir Fator de Interação (LFI) )/(1
)/(
jLjeqjL
iLieqiL
i Ca
CKq
ηη
∑+=
(3.7)
Langmuir-Freundlich Estendida (LFE) j
i
b
jeqjLF
b
ieqiLFi
Ck
Cqq
∑+=
1
max
(3.8)
Redlich Peterson Fator de Interação (RPFI) )/(1
)/(
jRPjjRP
iRPiiRPi Ceqa
CeqKq
ηη
∑+=
(3.9)
em que: qeq (mg/g) é a quantidade adsorvida no equilíbrio, Ceq (mg/mL) é a concentração da
fase aquosa, qmax é a quantidade máxima em monocamada, KL (mL/g) e aL (mL/mg) são
constantes da isoterma de Langmuir, bLF é um expoente do modelo de Langmuir-Freundlich.
aRP e β é um expoente da isoterma de Redlich-Peterson em que β pode variar entre 0 e 1. Os
parâmetros P, ηL, b e ηRP são obtidos por regressão não linear das equações. Os demais
parâmetros são obtidos das regressões monocomponentes.
Modelo da Teoria da Solução Adsorvida Ideal (IAST)
O modelo IAST é caracterizado por cinco fundamentos a considerar: (1) o sólido
adsorvente é inerte, ou seja, as propriedades termodinâmicas de sua superfície não se alteram
com a presença dos adsorvatos; (2) o sistema é composto por duas fases homogêneas, a fase
fluida e a fase sólida, nas quais se aplicam as equações de equilíbrio; (3) a área específica de
adsorção para cada componente não se altera quando da adsorção binária; (4) considera-se
que no equilíbrio, a pressão de espalhamento (a diferença entre a tensão superficial da
interface sólido-solvente e da interface solução-sólido) de cada adsorvato é igual e (5) se
98
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assume as fases fluida e sólida como ideal (Myers e Prausnitz, 1965; Jossens et al., 1978).
Assim as equações fundamentais da metodologia IAST são:
0
00
0
ieq
c
ieq
ii dCC
q
RT
A i
∫=π
(3.10)
11
=∑=
N
iiz
(3.11)
0
ieqiieq CzC = (3.12)
∑=
=N
i i
i
T q
z
q 10
1
(3.13)
iTi zqq =
(4.14)
em que A é a área de adsorção, π é a pressão de espalhamento do componente i, zi é a fração
molar do componente i, Ceqi é a concentração do soluto i na solução na solução
multicomponente e Ceqi0 se refere a solução monosoluto, qi se refere a concentração do soluto
i na fase adsorvida em sistema multicomponente enquanto qi0 se refere ao sistema
monocomponente.
No termo da direita da Equação (3.10), deve-se conhecer o comportamento da
isoterma de adsorção do sistema monocomponente assim como os parâmetros de um modelo
de isoterma de adsorção, e utilizar esses parâmetros durante a execução da metodologia de
cálculo. O conjunto de equações que definem o modelo de isoterma IAST foi resumido de
acordo com (Myers e Prausnitz, 1965; Janssens et al, 1978) e ajustada aos dados
experimentais usando linguagem FORTRAN.
O erro entre os dados experimentais e os modelados foi calculado pelos métodos
da soma dos erros absolutos (SEA) somatorio quadrados dos erros (SQE) e media relativa dos
erros (MRE) a partir das Equações (3.11), (3.12) e (3.13), para avaliar o melhor método:
∑ −= || expmod ii qqSEA (3.11)
∑ −= 2expmod )( ii qqSQE (3.12)
99
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||100
1 exp
expmod∑
=
−=
p
i i
ii
q
pMRE
(3.13)
onde qexp refere-se ao dado experimental e qmod ao valor modelado em uma concentração da
fase fuida Ceq análoga.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Análise dos Materiais
Através da análise elementar da bentonita (Na-mont) obteve-se a seguinte fórmula
estrutural composta por (Na0.8)(Al 3.3Mg0.5Fe0.2)VI(Si7.7Al0.3)
IVO20(OH)4 em que a substituição
de silício por alumínio nas posições octaédricos (VI) e a substituição de alumínio por ferro e
magnésio nas posições tetraédricas (IV) são equilibradas com a presença de sódio no espaço
entre as camadas.
O padrão de DRX da argila bruta revela que a montimorilonita é a principal fase
mineralógica (Figura 3.9).
10 20 30 40 50 60
Montmorilonita
Quartzo
Plagioclasse
Cristobalita
Calcita
Inte
nsi
dad
e (a
.u.)
2θ (°)
Montmorilonita
Figura 3.9 – Difratogramas de DRX obtidos para a argila bruta.
100
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De acordo com a classificação de Schultz, (1969), a fórmula da bentonita obtida é
do tipo Wyoming em que as cargas por camadas são menor do que 0,85 de carga de eléctron
por célula unitária (e/u.c).Além disso, nota-se a presença de pequenas quantidades de
plagioclasse, calcita, cristobalita e algumas fases de quartzo (ZENT, HOWARD, QUINN,
2001; GARCÍA-SANCHO et al., 2011; CECILIA, GARCÍA-SANCHO, FRANCO, 2013).
Difractogramas do Si-HPL e SiZr-HPL são apresentados na Figura 3.10.
2 3 4 5 6
( a )
P C H - Z r
In
tens
idad
e (a
.u.)
2 θ ( º )
P C H
10 20 30 40 50 60 70
( b )
(060)
(130)(200)
(110)
Inte
nsid
ade
(a.u
.)
2θ ( ° )
(020)
Si-PCH
SiZr-PCH
Figure 3.10 – DRX de baixo ângulo (a) e DRX de alto ângulo (b) para os materiais Si-HPL e
SiZr-HPL.
101
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Experimental e Teórico.
A Figura 3.10a revela a presença de um pico largo localizado sobre 2θ = 2º,
atribuída à presença de reflexão d001, o que confirma a geração da expansão poroso da
estrutura da argila, onde os pilares de silício ou silício-zircónio separam as duas folhas
adjacentes (Galarneau, Barodawalla e Pinnavaia, 1995) comparado com o material de partida.
Além disso, os padrões de DRX refletem que a incorporação de zircônio nos
pilares produz uma diminuição da intensidade do pico de difração em baixo ângulo, sugerindo
uma possível delaminação do HPL o que conduz a uma estrutura mais desordenada denotada
como "estrutura de cartas" (Occelli, 1988).
Com relação aos difratogramas de alto ângulo (Figura 3.10b), as linhas de
difração basais de ambos os materiais a base de Si-HPL e SiZr-HPL desaparecem, enquanto
são detectados os picos não-basais de difração (020, 110, 200, 060), embora suas intensidades
diminuam em comparação com a bentonite bruta, o que confirma a modificação estrutural ao
longo do eixo c e um deslocamento aleatório no eixo a - b principalmente, no material de
SiZr-HPL, corroborando a formação de material delaminada.
A análise termogravimétrica da montmorilonite de partida e ambos os HPL são
mostrados na Figura 3.11.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
80
85
90
95
100
105
Per
da d
e M
assa
(%
)
Temperatura (°C)
Figure 3.11 – Analises Termogravimetricas dos materiais bentonita (linha preta), Si-HPL
(linha vermelha) e SiZr-HPL (linha verde).
A análise TG revela duas perdas de massa. A primeira, entre 30 e 150 ºC está
associada à perda progressiva de moléculas de água adsorvida na superfície do adsorvente.
102
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Este processo é mais evidente para o material de partida, uma vez que ambos os HPL contém
uma menor quantidade de água na superfície do material. Este fato pode está associado a uma
maior quantidade de grupamentos-OH disponível no material de partida que interage com a
água, como será demonstrado no espectro de FTIR.
A segunda perda de massa, localizado entre 400 e 750 ° C corresponde à
desidroxilação de grupos estruturais - OH localizados entre as folhas tetraédricas de 2:1 das
camadas da montmorilonite. Esta perda foi detectável somente para a montmorilonite bruta,
devido ao processo de calcinação, necessário para a síntese dos HPL onde é removida uma
maior proporção de grupos - OH. No entanto, os espectros FTIR de ambos HPLs revelam a
presença de grupos silanois provenientes da síntese e que os mesmos não são perdidos às
temperaturas os quais foram submetidos.
Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a -196 ºC foram realizadas para avaliar as
propriedades texturais da bentonita bruta e dos HPL (Tabela 3.2 e Figura 3.12).
Tabela 3.2 – Propriedades texturais da bentonite natural e Si-HPL and SiZr-HPL.
Conforme Tabela 3.2 a área de superfície específica da bentonita bruta apresentou
apenas de 49 m2g-1, enquanto que ambos os materiais a base de Si-HPL e SiZr-HPL
apresentaram uma maior SBET, 644 m2g-1 para o Si-HPL e 608 m2g-1 para o SiZr- HPL,
respectivamente. Este aumento confirma a incorporação de pilares 2: 1 entre as camadas da
bentonita que conduz a uma estrutura porosa bem definida exibindo micro e meso na sua
estrutura, como mostra as isotermas de ambos HPL.
Materiais SBET
[m2g-1]
t-plotMicrop
[m2g-1]
VP
[cm3g-1]
VP(Microp.)
[cm3g-1]
Bentonita Natural-BN 49 18 0.11 0.01
Si-HPL 644 460 0.77 0.28
SiZr-HPL 608 382 0.82 0.21
103
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Experimental e Teórico.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00
100
200
300
400
500
600(a)
Qua
ntid
ade
Ads
orvi
da (c
m3 g-1
)
(P/P0)
10 100 1000
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5(b)
Vol
ume
de P
oro
(cm
3 g-1
)
Diâmetro de Pore (Å)
Figura 3.12 - (a) Isotermas de N2 a -196 ºC e (b) distribuição de tamanho de Pore (DFT):
bentonita (linha preta), Si-HPL (linha vermelha) e SiZr-HPL (linha verde).
De acordo com a classificação IUPAC (ROUQUEROL et al., 2014), ambos os
HPL mostram uma combinação de isotérmas tipo I e tipo IIb que estão associadas à presença
de microporos e o último com adsorção mono e multicamadas sobre a superfície externa
(Figura 12a). Estas isotermas são típicas de agregados particulado do tipo placa, o que,
portanto, possuem poros não rígidos em forma de fenda. Além disso, ambos os HPL exibem
histerese tipo H3 típica de laços estreitos sem indicação de um planalto a alta pressão, que são
atribuídos à presença de aglomerados de partículas que formam poros em forma de fendas ou
placas em forma de partículas afiadas como cubos (ROBENS, 1999; ROUQUEROL et al.,
2014).
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A incorporação de uma pequena quantidade de zircónio nos pilares provoca um
ligeiro encolhimento no ciclo de histerese provavelmente devido a uma pequena delaminação
do material, levando à formação de poros cilíndricos, em forma de cunha e de cone, ou seja,
poros bimodais (SING, 1985) que foram descritos como estruturas em formato "castelo de
cartas" (OCCELLI, 1988).
Neste sentido, a distribuição de diâmetro de poro de Si-HPL e SiZr-HPL (Figura
3.12b) exibe alguns padrões similares, em particular no caso do material de Si-HPL que
apresentam uma distribuição mais estreita entre 2,5-3 nm. Além disso, o adsorvente SiZr-HPL
exibe uma distribuição mais elevada com a largura maior do poro. Este facto está de acordo
com as estabelecidas previamente em DRX, em que Si-HPL mostrou uma estrutura mais
ordenada e a presença de zircónio no pilar levou a uma delaminação do material.
A Figura 3.13a mostra a região de espectros de FTIR dos HPL com alongamento
- OH entre 4000 e 2800 cm-1. A bentonita bruta exibe um conjunto de bandas sobrepostas
entre 3760 e 3525 cm-1, com uma banda máxima em cerca de 3640 cm-1, que são atribuídas
aos modos de alongamento dos grupos OH localizados no interior das camadas 2: 1
(ZVIAGINA et al., 2004).
A formação de uma estrutura de pilares, utilizando sílica ou sílica-zircónia, leva
ao aparecimento de uma nova banda localizada a cerca de 3740 cm-1, que é atribuída ao modo
de vibração do aparecimento e alongamento dos grupos silanol (Si-OH) localizados entre as
camadas adjacentes (VILARRASA-GARCÍA et al., 2014), enquanto a banda com uma
intensidade máxima a 3635 cm-1 é atribuída à parte da bentonita que permanece inalterada.
De acordo com Farmer, (1998) as faixas de FTIR atribuídas aos grupos OH em
esmectitas dioctaédricas, exibe uma banda complexa com uma intensidade máxima localizada
a cerca de 1030 cm-1 e um ombro a 1116 cm-1 atribuído a assimetria de alongamento modo
de vibração dos grupos Si-O-Si. A banda localizada a cerca de 920 cm-1 é atribuído ao modo
de vibração flexível de Al-Al-OH. A banda localizada a cerca de 800 cm-1 é atribuída ao
estiramento simétrico do modo νs(Si-O-Si). A banda localizada a cerca de 620 cm-1 é
atribuído as vibrações Al-O e Si-O fora do plano vibracional, enquanto as bandas localizados
em 466 e 522 cm-1 é atribuído a Al-O-Si e Si-O- Si demvibração de flexão. No que diz
respeito à região entre 2000 e 500 cm-1 dos HPL, tanto Si-HPL e SiZr-HPL exibem uma faixa
mais ampla de 1300-1000 cm-1, em comparação com a bentonita bruta. Este fato é atribuído à
105
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formação de espécies de SiO2 ou ZrO2-SiO2 como pilares na montmorilonita em relação à
bentonita bruto (Pinto et al., 2014).
4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800
(a)
3740
Abs
orbâ
ncia
(a.
u.)
Número de onda (cm-1)
3635
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600
800
946
1300-1000
1630
466522
623
800
9161030
1116
(b)
Abs
orbâ
ncia
(a.
u.)
Número de onda (cm-1)
Figura 3.13 - Espectros FT-IR da bentonita (linha preta), Si-HPL (linha vermelha) e SiZr-
HPL (linha verde) obtidos na região entre 4000-2800 cm-1 (a) and 2000-450 cm-1 (b).
A banda localizada entre 975-930 cm-1 é atribuída a oscilação de grupamentos Si-
Od devido a ocorrências de Si-OH e Si-O (CHMEL, MAZURINA, SHASHKIN, 1990). A
banda localizada na região de 800 cm-1 (VILARRASA-GARCÍA et al., 2014), atribuída ao
modo de alongamento simétrico, são mais evidentes para os dois HPL e, principalmente, para
Si-HPL devido a este ter um superior teor de sílica. Finalmente, a banda localizada a cerca de
106
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1630 cm-1 é atribuída ao modo ν2 correspondente a bandas de água (H-O-H) duplas
(VILARRASA-GARCÍA et al., 2014).
A fim de analisar a composição química da bentonite bruta e as amostras de Si-
HPL e SiZr-HPL, medições de XPS foram realizadas. As Tabelas 3.3 e 3.4 relacionam as
energias de ligação e concentração atômica dos principais componentes nos adsorventes.
Tabela 3.3 - Energia de ligação dos materiais montmorilonite, Si-HPL e SiZr-HPL antes e
após o processo de adsorção.
Principais Componentes
Amostras Si 2p O 1s Al 2p Fe 2p Ca 2p Mg 2p Na 1s Zr 3d S 2p N 1s
BN 531,9 103,7 74,6 712,6 347,6 49,9 1072,4 - - -
BN-AA 531,9 102,7 74,6 712,6 347,6 49,6 1072,3 - 168,3 400,3
BN-RV 532,0 102,8 74,7 712,4 347,4 48,9 1072,7 - 168,4 401,0
Si-HPL 532,8 103,6 75,1 712,3 - 49,8 - - - -
Si-HPL-AA 532,8 103,4 74,9 712,3 - 49,8 - - 168,5 400,9
Si-HPL-RV 532,7 103,3 74,6 712,3 - 49,7 - 168,3 401,0
SiZr-HPL 532,8 103,1 75,2 712,4 - 49,6 - 183,1 - -
SiZr-HPL-AA 532,4 103,5 74,8 712,1 - 49,7 - 182,7 168,4 400,8
SiZr-HPL-RV 532,3 103,3 74,6 712,2 - 49,7 - 182,8 168,3 401,3
Os espectros XPS da bentonite bruta revela a presença de uma banda de cerca de
531,9 eV na região O 1s, uma banda de cerca de 102,8 eV na região de Si 2p e uma banda de
cerca de 74,6 eV na região de Al 2p que são atribuídos à presença de óxidos da formação da
montmorilonite (BARR, 1990). Na região Fe2p, é notável a presença de cerca de 712,6 eV,
atribuídos às espécies de óxido de ferro. No entanto, não é possível distinguir entre as
espécies Fe3+ Fe2+.
No entanto, a presença ou ausência perto do pico fotoeletron fornece informação
sobre o estado de oxidação do ferro (DESCOSTES et al., 2000). Assim, se o ferro está no
estado de oxidação (+ II), ocorre um ombro no pico de fotoeletron, ao passo que no caso do
estado de oxidação (+ III), o pico é discernível a cerca de 8 eV a partir do pico de
fotoeletron.Neste caso, a ausência do pico indicativo das formas (+II) e (+III) indica que o
107
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
ferro está na forma de FeO, de acordo com a foi mostrado na análise elementar em que o ferro
está na forma de Fe2+ nas posições tetraédricos.
Foi evidenciado também a presença de uma banda localizada a 49,9 eV na região
de Mg 2p atribuídos as espécies Mg2+ sob a forma de MgO (BRIGGS, EDS, 1993), que pode
esta localizado no espaço entre as camadas ou provavelmente também nas posições
tetraédricos.Finalmente, uma faixa localizada em 348,6 eV na região de Ca 2p e outra em
1072,4 eV na região 1s de Na foram identificadas para o material de partida, que foram
atribuídas ao Ca2+ e Na+, respectivamente, que situam-se no espaço entre as camadas
(MOULDER et al., 1992).
A incorporação de sílica ou de sílica-zircónia para obtenção dos pilares nos HPL
leva a mudanças nos espectros XPS. Em primeiro lugar, as bandas localizadas nas regiões O
1s e Si 2p sofrem um deslocamento de maior energia de ligação cerca de 532,8 eV e 103,2
eV, respectivamente, o que é atribuído as espécies de oxigénio ligadas a sílica, devido à
formação da estrutura de pilares.
Para o material SiZr-HPL, foi perceptível uma nova banda sobre 183,1 eV na
região Zr 3d o que é atribuída a espécie de ZrO2. No caso das regiões Al 2p, Fe 2p e Mg 2p,
essas bandas mantém sua energia de ligação que indica que a estrutura dae bentonita não foi
afetada. Finalmente, as bandas localizadas na região de Ca 2p e Na 1s desaparecem. Este fato
indica uma total troca catiônica de CTMB+ por Na+ e Ca2+ no processo de síntese do HPL.
No que se referem às concentrações atômicas (Tabela 3.4), pode observar que o
magnésio, ferro e alumínio diminuem e o conteúdo de cálcio e sódio desaparecem da
superfície do adsorvente quando os HPL são formados, o que confirma a modificação do
material. Além disso, é notório que o ferro, o magnésio e, sobretudo o teor de alumínio sobre
a superfície é mais elevado para o SiZr-HPL em comparação com o Si-HPL. Este fato confere
a maior delaminação da amostra SiZr-HPL pela presença de zircónio, dando maior
acessibilidade as camadas da bentonite e a superfície do adsorvente.
108
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Tabela 3.4 - Concentrações atômicas dos materiais montmorilonite, Si-HPL e SiZr-HPL
antes e após o processo de adsorção.
Concentração dos Principais Componentes
Amostras C 1s Si 2p O 1s Al
2p
Fe
2p
Ca
2p
Mg
2p
Na
1s
Zr
3d S 2p
N
1s
BN 11,26 19,53 57,22 8,74 0,51 0,35 1,38 1,01 - - -
BN-AA 10,99 19,60 56,52 8,93 0,47 0,19 1,81 0,50 - 0,46 0,59
BN-RV 10,22 20,20 56,20 9,53 0,39 0,20 1,71 0,40 - 0,43 0,41
Si-HPL 6,68 30,31 60,74 1,83 0,21 - 0,23 - - - -
Si-HPL-AA 6,60 30,25 60,30 1,63 0,16 - 0,17 - - 0,58 0,71
Si-HPL-RV 6,27 30,09 60,63 1,55 0,18 - 0,38 - - 0,46 0,58
SiZr-HPL 10,67 24,47 58,11 2,27 0,22 - 0,58 - 3,68 - -
SiZr-HPL-AA 10,27 24,06 58,12 2,16 0,21 - 0,54 - 3,37 0,56 0,81
SiZr-HPL-RV 9,89 24,44 58,64 1,96 0,16 - 0,39 - 3,59 0,38 0,60
3.4. Estudo Experimental de Adsorção - Monocomponente
As Figuras 3.14 e 3.15 mostram o efeito do pH na adsorção de RV5R e AA25 em
Si-HPL e SiZr-HPL, respectivamente. Em todos os casos, a quantidade máxima adsorvida
ocorreu a um pH 2 para ambos os corantes, devido à superfície da argila tornar-se
positivamente carregada, o que conduz a uma interacção electrostática com o corante aniónico
(Tabak et al., 2009). Pode-se observar como os pH mantiveram-se inalterados após o processo
de adsorção descartando a interação de espécies OH+- com as espécies aniónicas de AA25 e
RV5V. Assim, a interação entre o adsorvente e os corantes deve ser atribuída às ligações de
hidrogénio entre os grupos silanol do HPL e grupos funcionais com átomos eletronegativos
dos corantes. O aumento do pH inicial provoca uma desprotonação do -OH tanto do
adsorvente por interação com os corantes. A leve diminuição do pH após o processo de
adsorção conduz à geração de cargas negativas no material, o que causa uma repulsão
electroestática entre as espécies de adsorventes e corantes.
109
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
(a)
pH inicial
q (
mg
/g)
pH
fin
al
0 2 4 6 8 10 120
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 120
20
40
60
80
100
120
140
160
180
(b)
pH
fin
al
q (
mg
/g)
pH inicial
0
2
4
6
8
10
12
Figura 3.14 - Efeito do pH na adsorção de RV5R e AA25 em Si-HPL: (a) pH para RV5R (o)
e monitoramento do pH ( * ); (b) pH para AA25 (●) e monitoramento do pH ( * ). Condições:
volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
110
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0 2 4 6 8 10 120
20
40
60
80
100
120
140
160
180
pH
fin
al
q (
mg
/g)
pH inicial
(a)
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 120
20
40
60
80
100
120
140
160
pH
fin
al
q (
mg
/g)
pH inicial
(b)
0
2
4
6
8
10
12
Figura 3.15 - Efeito do pH na adsorção de RV5R e AA25 em SiZr-HPL: (a) pH para RV5R
(□) e monitoramento do pH ( ▲); (b) pH para AA25 (■) e monitoramento do pH
(▲).Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm;
T = 22 °C.
A influência do tempo de contato na adsorção dos corantes RV5R e AA25 em Si-
HPL e SiZr-HPL são mostrados nas Figuras 3.16 e 3.17, respectivamente.
111
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0 20 40 60 80 100 1200,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0(a)
C/C
0
Tempo (min)
0 20 40 60 80 100 1200,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0(b)
C/C
0
Tempo (min)
Figure 3.16 – Influência do tempo de contato na adsorção para os corantes RV5R e AA25 on
Si-HPL: (a) RV5R; (b) AA25 para concentrações: (□) 100 mg/L (○) 200 mg/L and (∆) 300
mg/L. Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 - 300 mg/L; 2 h de contato;
20 rpm; T °C = 22.
Ambas as figuras exibem uma diminuição rápida da concentração de corante nos
primeiros instantes de contato e a obtenção das condições de equilíbrio é alcançada entre 40 e
60 minutos.
112
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0 20 40 60 80 100 1200,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0(a)
C/C
0
Tempo (min)
0 20 40 60 80 100 1200,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0(b)
C/C
0
Tempo (min)
Figure 3.17 – Influência do tempo de contato na adsorção dos corantes RV5R e AA25 on
SiZr-HPL: (a) RV5R; (b) AA25 para concentrações: (□) 100 mg/L (○) 200 mg/L and (∆) 300
mg/L. Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0=100 - 300 mg/L; 2 h de contato;
20 rpm; T = 22 °C.
Além disso, ambas as figuras mostram como a quantidade adsorvida é
ligeiramente maior em SiZr-HPL de Si-HPL para RV5R AB25 e que a concentração de
corantes influência na cinética e na quantidade adsorvida.
A Figura 3.18 mostra o comportamento da adsorção monocomponente de AA25
e RV5R nos materiais.
113
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
40
80
120
160
200
240(a)
q (m
g/g
)
Ceq (mg/mL)
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
40
80
120
160
200
240(b)
q (m
g/g
)
Ceq (mg/mL)
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
40
80
120
160
200
240(c)
q (m
g/g
)
Ceq (mg/mL) Figura 3.18 – Isotermas de equilíbrio em BN (a) Si-HPL (b) e SiZr-HPL (c): (◄) BN-RV5R;
BN-AA25 (►); (■) Si-HPL-RV5R; (●) Si-HPL-AA25; (▲) SiZr-HPL-RV5R; and (♦) SiZr-
HPL-AA25. Linhas representam os modelos de L (linha vermelha), LF (linha preta) e RP
(linha verde). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de
contato; 20 rpm; T °C = 22.
114
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
A Tabela 3.5 relaciona os parâmetros encontrados para os modelos aplicados. A
bentonita natural teve a menor capacidade de adsorção comparada aos HPL. Com relação aos
HPL, pode-se observar que o corante RV5R exibe uma menor capacidade de adsorção para
ambos os HPL, possivelmente devido a efeitos estéricos e a sua maior extensão comparado ao
corante AA25. Figura 3.18c também revela que SiZr-HPL mostra uma capacidade de
adsorção superior a Si-HPL. Este fato pode ser atribuído à presença do zircónio incorporado
aos pilares proporcionando a modificação da química do adsorvente e uma delaminação do
material poroso, como foi constatado nas analíses físicas e químicas do material, o que levou
a uma maior quantidade de grupos silanol disponíveis para a adsorção das moléculas. Além
disso, pode-se observar que todas as isotermas de adsorção exibem um padrão semelhante. As
isotermas sugerem que o processo de adsorção ocorre principalmente por indução química,
principalmente pela interação electrostática entre os grupos silanol do material poroso e os
grupos funcionais dos corantes, o que descarta uma adsorção tipicamente física.
Tabela 3.5 - Parâmetros de ajuste dos modelos no sistema monocomponente para adsorção de
AA25 e RV5R em Si-HPL e SiZr-HPL.
Ácido azul 25 + BN
K a b β k qmax R2 X2
Models
L 14674.08 301.672 - - - 48.642 0.9825 5.8699
LF - - 0.4284 - 0.1095 61.022 0.9971 1.1363
RP 35306.33 600.465 - 0.9079 - 58.798 0.996 1.6112
Reativo Violeta + BN
L 2758.366 109.129 - - - 25.276 0.9898 0.8232
LF - - 1.8700 - 0.0002 23.628 0.9915 0.0352
RP 1829.606 88.2236 - 1.11641 - 20.738 0.9972 0.2647
Àcido Azul 25 + Si-HPL
Models
L 16371.40 84.7636 - - - 193.142 0.9955 22.856
LF - - 0.8067 - 0.0334 209.952 0.9985 8.7510
RP 20162.16 91.8069 - 0.9332 - 219.615 0.9970 17.856
115
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
Reativo Violeta + Si-HPL
L 13125.24 105.358 - - - 124.577 0.9937 13.685
LF - - 0.9243 - 0.0139 127.075 0.9941 14.821
RP 12533.22 103.240 - 1.01399 - 121.394 0.9937 15.758
Àcido Azul 25 + SiZr-HPL
L 18553.15 76.6316 - - - 242.108 0.9928 57.339
LF - - 0.7993 - 0.0382 265.944 0.9962 35.309
RP 22717.42 82.4894 - 0.93217 - 275.398 0.9940 55.084
Reativo Violeta + SiZr-HPL
L 15124.44 88.0703 - - - 171.731 0.9909 37.119
LF - - 0.8079 - 0.0315 185.702 0.9937 30.004
RP 16707.17 91.2677 - 0.96706 - 183.057 0.9912 41.860
Os dados experimentais de equilíbrio de adsorção foram bem representados pelos
modelos de Langmuir, Langmuir-Freunclich e Redlich-Peterson. A bentonita natural exibe
capacidades de adsorção mais baixas, devido à baixa área superficial específica e porosidade
em comparação com as HPL. No que diz respeito à constante KL dos modelos, que define a
interacção entre o adsorvente e adsorbato, é perceptível que o corante menos volumoso, ou
seja, AA25 apresenta valores mais elevados do que o corante RVR5. De acordo com os
argumentos apresentados anteriormente, o material com pilares de SiZr-HPL mostra uma
afinidade mais elevada pela adsorbato devido à maior delaminação das camadas adsorvente
na etapa de síntese que favorece o aumento de locais ativos disponíveis para o processo de
adsorção.
3.5. Estudo Experimental de Adsorção - Binária
As Figuras 3.19 – 3.22 mostram o comportamento da adsorção da mistura binária
de Ácido Azul 25 e Remazol Violeta 5R em Si-HPL e HPL-Zr com ajustes dos modelos
Langmuir Estendido, Langmuir Fator de Interação, Langmuir Freundlich Estendido e Redlich
Peterson Fator de Interação descritos na Tabela 3.1. A Tabela 3.6 relaciona os parâmetros
encontrados para os modelos aplicados.
116
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160 (b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.19 - Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares
estão representadas pelo modelo de Langmuir Estendido (LE). Condições: volume total=20
mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
0
20
40
60
80
100
120
140
160(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.20 - Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares
estão representadas pelo modelo de Langmuir Fator de Interação (LFI). Condições: volume
total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
117
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.21 - Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares
estão representadas pelo modelo de Langmuir Freundlich Estendido (LFE). Condições:
volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
20
40
60
80
100
120
140
160(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.22 - Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e SiZr-HPL (b). Regressões não lineares
estão representadas pelo modelo de Redlich Peterson Fator de Interação (RPFI). Condições:
volume total=20 mL; 0,02 g de HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
As Figuras 3.23 e 3.24 mostram o comportamento da adsorção binária de o AA25
e RV5R em Si-HPL com a predição do modelo IAST - Langmuir e IAST - LF.
118
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
30
60
90
120
150
180
210
240(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
30
60
90
120
150
180
210
240(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.23 - Dados de equilíbrio em Si-HPL (a) e (b) com regressões não lineares
representadas pelo modelo de Langmuir (a) e (c); Langmuir-Freundlich (b) e (d) e ajuste
preditivo do modelo IAST (linha pontilhada). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de
HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
30
60
90
120
150
180
210
240(a)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,250
30
60
90
120
150
180
210
240(b)
q (
mg
/g)
Ceq (mg/mL)
AA25 RV
Figura 3.24 - Dados de equilíbrio em SiZr-HPL (a) e (b) com regressões não lineares
representadas pelo modelo de Langmuir (a) e (c); Langmuir-Freundlich (b) e (d) e ajuste
preditivo do modelo IAST (linha pontilhada). Condições: volume total=20 mL; 0,02 g de
HPL; C0= 25 - 300 mg/L; 2 h de contato; 20 rpm; T = 22 °C.
119
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Todos os modelos praticamente mostram uma variação nos ajustes com uma
relevância para o modelo de Langmuir-Freundlich. A discrepância entre os dados
experimentais e os modelos para mais ou para menos na adsorção dos corantes mostrados na
Figura 3.23 e 3.24 permite averiguar que as previsões do modelo IAST e as medições
experimentais não são adequadas representadas pela modelação para este sistema binário,
uma vez que o modelo só pode ser aplicado a sistemas de adsorção em que o mecanismo
predominante de adsorção é fisiossorção (NOROOZI, SORIAL, 2013), o que confirma mais
de um mecanismo de adsorção. É interessante notar que os modelos Langmuir-IAST e
Langmuir-Freundlich-IAST sugere uma abordagem rápida para uma capacidade de
monocamada aparente para o corante azul no sistema binário, com um comportamento típico
de uma isotérmica de Langmuir, diferente dos modelos de Langmuir e Redlich-Peterson com
interação.
A Tabela 3.7 mostra os valores do erro (SSE) calculados a partir do modelo IAST
com parâmetros dos modelos (L) e (LF). Os valores dos erros obtidos na predição mostraram-
se de pouca significancia uma vez que foram relativamente elevados, principalmente para o
corante RV5R indicando que os adsorbatos em mistura comportam-se de forma independente
com uma possível interação e competição.
Tabela 3.6 - Parâmetros de ajuste dos modelos no sistema binário para adsorção de AA25 e
RV5R em Si-HPL e SiZr-HPL.
Àcido Azul 25 + Reativo Violeta + Si-HPL
Modelos K b η a R2 X2
LE 16483.6 - - 208.60 - -
LFI - - 0.512 - 0.668 647.25
LFE - 0.241 - - 0.909 176.45
RPFI - - 0.781 - 0.761 465.65
Reativo Violeta + Àcido Azul 25 + Si-HPL
LE 13200.9 - - 179.38 - -
LFI - - 1.317 - 0.668 647.25
LFE - 0.241 - - 0.909 176.45
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RPFI - - 0.781 - 0.761 465.65
Àcido Azul 25 + Reativo Violeta + SiZr-HPL
LE 18484.0 - - 175.42 - -
LFI - - 0.512 - 0.838 396.30
LFE - 0.298 - - 0.929 173.97
RPFI - - 1.898 - 0.905 232.09
Reativo Violeta + Àcido Azul 25 + SiZr-HPL
LE 14890.1 - - 153.14 - -
LFI - - 2.041 - 0.838 396.30
LFE - 0.305 - - 0.929 173.97
RPFI - - 2.612 - 0.905 232.09
Tabela 3.7. Parâmetros de erro para adsorção de corantes em Si-HPL e SiZr-HPL a partir dos
dados Langmuir-IAST e Langmuir-Freundlich-IAST.
Erros para Si-HPL
SEA SQE MRE
AA25 RV AA25 RV AA25 RV
Modelos
Langmuir 66,986 311,602 736,942 16066,716 9,75820 47,8477
Langmuir-Freundlich 65,877 311,474 770,592 15994,646 13,93791 50,0347
Erros para SiZr-HPL
Langmuir 138,202 202,277 2935,804 6300,559 29,88883 36,1762
Langmuir-Freundlich 138,742 193,595 3337,146 6322,102 32,87021 32,0405
Devido à semelhança das isotermas produzidas na forma geral dos modelos
empíricos e de previsão, o comportamento pode ser analisado em termos do conjunto de
distintos parâmetros obtidos. No que se refere aos modelos de interação é permitido prever a
uma hipótese de interação entre as moléculas e efeitos da heterogeneidade dos sistemas, onde
se podem observar esses fenômenos atarvés dos parâmetros de interação obtidos pelos
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modelos de LFI e RPI com valores de η que variaram de 1,3 até 2.6 para as isotermas do
RV5R.
Os parâmetros de equilíbrio de adsorção indicam que o corante AA25 foi mais
retido pelos adsorventes do que o corante RV5R. Considerando-se que a mistura tem 50% em
peso de cada componente, a adsorção do corante AA25 é maior, como consequência do
tamanho molecular que favoreceu a maior interação com os sítios -OH ativos dos materiais.
Como foi indicado anteriormente, o adsorvente a base de SiZr-HPL tem uma capacidade de
adsorção mais elevada para ambos os corantes do que a argila natural e Si-HPL, devido a
presença de uma maior quantidade destes sítios disponíveis.
A mistura mostra o domínio do corante AA25 sobre o RV5R com uma continua
desaceleração da quantidade adsorvida do corante RV5R evidenciando a máxima capacidade
do corante menor. A previsão da máxima adsorção e assim os deslocamentos nos resultados
dos modelos para o corante RV5R poderia ser justificado com base no impedimento estérico
devido á uma diferença significativa no tamanho molecular das espécies e suas características
químicas, uma vez que em coberturas de superfície elevadas, por baixo deslocamento e
empedimento da molécula maior, a molécula menor é entropicamente e estericamente
favorecida, levando a uma maxima adsorção no sistema binário (CHOY, PORTER, MCKAY,
2004). A associação da molécula ou íon corante com o substrato pode ocorrer também por
ligações de hidrogênio, interações eletrostáticas e força de van der Waal’s. Porém a interação
entre uma associação de corante-corante em solução, tembém ocorre por efeitos de agregação
(HAMLIN, PHILLIPS, WHITING, 1999). Na agregação de corantes, equilíbrios múltiplos
são considerados, entre esses agregados podendo formar dímeros (3.14), trímeros (3.15) e
agregados de maior ordem (3.16) (ALLEN, 1992).
n
K
n
K
K
DDD
DDD
DDD
n
⇔+
⇔+
⇔+
−1
32
2
3
2
(3.14)
(3.15)
(3.16)
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Outo fenômeno que se deve considerar é a ligação química simultânea de
cromóforos de corantes com compostos hidrófobos e hidrófilos levando a um novo tipo de
moléculas do tipo anfifílicas com a capacidade de autorganização espontânea em agregados
altamente ordenados de várias estruturas e morfologias (HAMLIN, PHILLIPS, WHITING,
1999; ZHANG et al., 2008). Outros fatores intervenientes é que agregados de ordem maiores
são influenciados por fatores como concentração, pH e temperatura (GHANADZADEH,
ZANJANCHI, TIRBANDPAY, 2002).
3.6. Análise dos Materiais Após Adsorção
A fim de auxiliar na elucidação dos mecanismos da adsorção dos corantes sobre
os materiais, análise elementar (CNHS), FTIR e XPS foram realizadas após os processos de
adsorção. Espectros de FTIR dos materiais após o processo de adsorção estão apresentados na
Figura 3.25.
4000 3800 3600 3400 3200 3000
(a)
Abs
orba
ncia
(u.
a.)
Número de onda (cm-1)
BN - BN/AA25 - BN/RV5R
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4000 3800 3600 3400 3200 3000
(b)
3740
Abs
orba
ncia
(u.
a.)
Número de onda (cm-1)
Si-HPL - Si-PCH/AA25 - Si-PCH/RV5R
4000 3800 3600 3400 3200 3000
(c)
Abs
orba
ncia
(u.
a.)
Número de onda (cm-1)
SiZr-PCH - SiZr-PCH/AA25 - SiZr-PCH/RV5R
3740
Figura 3.25 - FTIR dos materiais após adsorção dos corantes.
A Figura 3.25 evidencia que na região dos grupos silanol, cerca de 3740 cm-1,
ocorre o desaparecimento dessa banda após o processo de adsorção, confirmando que o
processo de adsorção entre HPL e corantes ocorre através da interação dos grupos silanol dos
HPL, enquanto as bandas atribuídas ao alongamento dos grupamentos - OH da
montmorilonite mantém a sua intensidade.
A Tabela 3.8 mostra os resultados da análise elementar (CHNS) realizada para
confirmar a presença de corantes sobre o adsorvente após o processo de adsorção. Os dados
CHNS revelam a existência de átomos de nitrogênio atribuídos aos grupos azóicos e aminas,
enquanto que os átomos de enxofre são atribuídos aos grupos sulfônicos adsorvidos sobre os
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adsorventes. A análise elementar mostra que tanto o Si-HPLcomo o SiZr-HPL tem uma maior
quantidade de nitrogênio e enxofre do que os materiais antes do processo, confirmando a
adsorção das moléculas. Além disso, tanto o conteúdo de enxofre e de nitrogênio retido no
adsorvente é mais elevado para o AA25, que está de acordo com os dados experimentais de
adsorção. Esses resultados são de grande importância para processos de tratamento de
efluentes têxteis, em especial efluentes pós-tratado por sistemas biológicos, os quais confere
baixa eficiência de remoção e geram uma considerável quantidade de aminas remanescentes.
Os resultados mostraram que os materiais aqui propostos são passíveis de retenção de grupos
amina.
Table 3.8 - Analises elementar (CHNS) dos materiais: bentonita natural, Si-HPL e SiZr-HPL
antes e depois da adsorção dos corantes.
Amostras C ( massa %) H ( massa %) N ( massa %) S ( massa %) BN 0,017 0,046 - -
BN-AA25 0,641 2,268 0,058 0,128 BN-RV5R 0,451 2,073 0,030 0,064
Si-HPL 0,021 0,041 - -
Si-HPL-AA25 1,031 2,449 0,143 0,287 Si-HPL-RV5R 0,936 2,456 0,114 0,224
SiZr-HPL 0,014 0,042 - -
SiZr-HPL-AA25 1,315 2,917 0,164 0,301 SiZr-HPL-RV5R 1,217 2,718 0,131 0,259
Os espectros XPS dos materiais após o processo de adsorção (Tabela 4.3 e 4.4)
mostram o aparecimento de novas bandas localizado a cerca de 401,0 eV, na região N 1s,
atribuída a grupos amina e outra banda localizada, embora com sinais ruidosos, a cerca de
168,4 eV, na região S 2p, atribuída à presença de enxofre advindo de grupos sulfónicos dos
corantes (MOULDER et al., 1992).
De acordo com o que foi relatado anteriormente, as quantidades atômicas de N e S
para Si-HPL e SiZr-HPL são mais elevadas do que o material de partida. Além disso, as
quantidades atômicas também mostram valores mais elevados de concentração de N e S,
quando da adsorção de AA25.
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4. CONCLUSÃO
O pH do sistema não afetou o processo, uma vez que o mesmo foi governado
pelas susbstâncias inseridas e pelo carater ácido dos materiais somados aos dos corantes.
Assim, os resultados obtidos nos experimentos mostraram que a disponibilidade de grupos
carregados negativamente na superfície adsorvente influenciou para a maior adsorção do
corante ácido azul 25. No entanto, o processo de adsorção pode ocorrer por uma interacção
entre os grupos silanol da montmorilonite e/ou dos HPL com grupos funcionais dos corantes,
tais como grupos amina, sulfonados ou hidroxiloados. Este mecanismo de adsorção pode ter
sido influenciado também pelo pH do sistema. Os resultados obtidos confirmam que a
adsorção dos corantes em HPL para ambos os sistemas individuais e binários foi maior para o
AA25.
O tempo de contato ótimo para o equilíbrio foi alcançado em 40 min. Resultados
da saturação dos sítios ativos da argila não permitiram uma adsorção adicional, após esse
tempo de contato. Também se pode conclui que o aumento da concentração de substâncias
aniônicas influência nas capacidades de adsorção, ou seja, aumentando a dose do corante
RV5R ocorre uma diminuição na capacidade de remoção de ácido azul 25.
O modelo preditivo IAST não representou satisfatoriamente a adsorção dos
corantes, assim como os demais modelos empíricos. No entanto, essa abordagem pode
fornecer informações para o desenvolvimento de métodos analíticos na determinação de
corantes em efluentes têxteis e otimização de sistemas de remoção de cor remanescente e um
incremento na modelação dos sistemas binários.
Os materiais mostraram-se promissores para a remoção de corantes reativos
permitindo concluir que podem remover cor remanescente de soluções aquosa. Em particular,
o material com pilares de zircônio foi mais significativo na remoção da espécie aniônica
AA25 no sistema monocomponente e no sistema binário.
Por fim, a argila natural utilizada neste trabalho mostrou potencial para
modificação e aplicação no tratamento de águas residuais têxteis.
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131
Capítulo III – Heteroestrutura Porosa Lamelar Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
ZHU, J. et al. Porous ice phases with VI and distorted VII structures constrained in nanoporous silica. Nano Letters, v. 14, n. 11, p. 6554-6558, 2014. ZUO, S. et al. Study on the preparation and characterization of a titanium-pillared clay-supported CrCe catalyst and its application to the degradation of a low concentration of chlorobenzene. Applied Clay Science, v. 105–106, p. 118-123, 2015. ZVIAGINA, B. B. et al. Interpretation of infrared spectra of dioctahedral smectites in the region of oh-stretching vibrations. Clays and Clay Minerals, v. 52, n. 4, p. 399-410, 2004.
132
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
CAPITULO IV
REMOÇÃO DE NEUROTOXINAS DE ÁGUAS NATURAIS EM
ESTRUTURA POROSA DE PILARES E DIFERENTES CARBONOS
ATIVADOS
1. INTRODUÇÃO
As cianobactérias constituem um grupo de organismos procariotas, fototróficos,
presente na natureza. Até agora, mais de 2500 espécies foram identificadas, encontradas em
quase todos os ambientes aquáticos como águas superficiais, marinhas e água doce
(CARREIRA et al., 2015; PANIAGUA-MICHEL, 2015). Eles podem ser encontrados em
ambientes extremo como águas antárticas e fontes termais onde poucos outros fotoautótrofos
(por exemplo, algas) podem sobreviver. Esses seres foram referidos por uma variedade de
nomes, incluindo cianobactérias, algas verde-azuladas, myxophyceans, cianófitas,
cyanophyceans e cyanoprokaryotes. Atualmente, elas são comumente conhecidas como
cianobactérias ou algas verde-azuladas. Elas são únicas em alguns aspectos, que incluem a sua
capacidade de reduzir nitrogênio e oxigênio, e também diferem de outros grupos de bactérias
que contêm pigmentos (clorofila), que ajudam a produzir energia através da fotossíntese
(OREN, 2011). Cianobactérias têm algumas aplicações potenciais interessantes e estão
atualmente a ser pesquisadas em vários campos científicos. Esses incluem fotoprodução de
bio-combustíveis e amônia (NELSON, WANG, LIN, 2011; FERRERA-LORENZO et al.,
2014), o consumo de CO2 atmosférico e produção de vários metabolitos secundários
(SANTOS et al., 2014; ZHAO et al., 2015). Todas as cianobactérias possuem pigmentos:
clorofila e ficocianina, enquanto outras incluem aloficocianina, carotenóides e ficoeritrina
(HESTIR et al., 2015).
As cianobactérias são os únicos organismos que podem sintetizar a sua
alimentação mediante fotossíntese. Muitas das linhagens de cianobactérias se especializaram
fixação de nitrogênio, sendo conhecidas como Heterocisto. Várias cepas também possuem
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Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
vesículas de gás, que regulam a sua flutuabilidade em corpos d'água (PANIAGUA-MICHEL,
2015).
Vários fatores ambientais são conhecidos por contribuírem para o crescimento de
cianobactérias. Os principais fatores necessários para a sua sobrevivência incluem a
disponibilidade de nutrientes, especialmente de nitrogênio e fósforo, que são os principais
nutrientes limitantes na maioria dos ecossistemas (KUDELA et al., 2015; PANIAGUA-
MICHEL, 2015). Níveis adequados de luz e de CO2 em conjunto com temperaturas ideais, são
igualmente importantes. Traços de metais incluindo Fe, Mn, Co, Cu e Zn, são também
necessários para o crescimento de cianobactérias (PANIAGUA-MICHEL, 2015).
A eutrofização tem um papel primordial no crescimento excessivo de
cianobactérias. É um processo natural ou induzido de degradação de lagos, causada por
enriquecimento de nutrientes nas águas (COSME, KOSKI, HAUSCHILD, 2015) que resulta
em problemas associados com macrofitas, crescimento excessivo de algas ou cianobactérias.
A proliferação de algas afeta negativamente o ambiente, a saúde animal ou de
plantas, que esta relacionada com a floração de algas nocivas (COSME, KOSKI,
HAUSCHILD, 2015). Estas florações comumente ocorrem em água salobra, marinha, lagos
de água doce, corpos d’água recreativos e de água potável. Corpos de água ricos em nutrientes
são os mais prováveis para sustentar florações de cianobactérias de superfície (PANIAGUA-
MICHEL, 2015).
A ocorrência de nutrientes suplementares a partir de atividades humanas pode
surgir descargas a partir de sistemas agrícolas ou carreados por águas pluviais, descargas de
esgotos e resíduos industriais, que são reconhecidos como uma das principais razões para o
crescimento excessivo de cianobactérias em corpos de água. A eutrofização oferece as
condições perfeitas para o crescimento de cianobactérias e leva à produção de toxinas.
Metabólitos secundários e toxinas produzidas por cianobactérias podem então estar na água
natural, portanto, poluindo o sistema aquático. É bem conhecido que estas toxinas podem
resultar em fatalidade tanto em animais como em humanos, por consumo direto ou indireto
através das águas de abastecimento com tratamento ineficiente (KUDELA et al., 2015;
TORBICK, CORBIERE, 2015).
Relatórios recentes indicam que estas toxinas constituem uma ameaça à vida
humana, principalmente. Devido a problemas de saúde pública advindo destas florações, o
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Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
tema tem atraído à atenção da comunidade pública, cientistas e órgãos ambientais e
governamentais. Desta forma, florações excessivas de cianobactérias de água doce são
passíveis da geração e liberação de toxinas e constituem uma ameaça à saúde pública, tendo
sido relatadas em diversos países (CATHERINE et al., 2013). A maior tragédia envolvendo
toxinas no Brasil ocorreu em 1996, quando 76 pacientes submetidos à diálise morreram por
contaminação de microcistina na água de abastecimento da clínica (CARMICHAEL et al.,
2001; YUAN, CARMICHAEL, HILBORN, 2006).
Cylindrospermopsis raciborskii é conhecida como uma toxina produzida a partir
de cianobactéria que pode acarretar perigo para a saúde humana devido à produção de
citotoxinas, cilindrospermopsina e saxitoxina (PANIAGUA-MICHEL, 2015). As pesquisas
apontam que a natureza e a vasta propagação desta espécie podem ser devido à tolerância
fisiológica de alta intensidade de luz e altas temperaturas, portanto, a sua ocorrência está
sendo favorecida pela maior incidência de grandes quantidades de águas com altas
temperaturas promovida pelo aquecimento do clima (BRIAND et al., 2004). Este organismo
normalmente possui entre 2 e 3 mm de largura com filamentos chamados tricomas, que são
irregulares e de comprimento entre 10 e 120 mm (PANIAGUA-MICHEL, 2015).
Saxitoxina e anatoxina-a produzidas por C. raciborskii são consideradas
neurotoxinas. A ocorrência dessas cianotoxina tem sido atribuída aos corpos d'água com
florações de espécies de cianobactérias Cylindrospermopsis raciborskii que ocorrem
principalmente em regiões tropicais e subtropicais (CATHERINE et al., 2013). Devido a lise
celular durante a florações de cianobactérias são produzidos compostos nocivos, As toxinas
produzidas podem causar mortes em massa de animais selvagens e domésticos, em criação de
peixes, crustáceos e moluscos, bem como doenças humanas que atingem principalmente o
sistema nervoso, danos ou lesões no fígado, e em casos extremos, morte.
Várias tecnologias tais como a coagulação (ZHU et al., 2015), cloração (GAD,
EL-TAWEL, 2015) e ozonização (ZAMYADI et al., 2015) têm sido investigadas para a
remoção de toxinas em águas de abastecimento, mas, normalmente, estes processos não são
eficazes para satisfazer as diretrizes da OMS ou resultam em outros desafios de tratamento
(por exemplo, subprodutos da desinfecção). Portanto, outras abordagens eficazes para a
remoção de toxinas no tratamento de água são necessárias, uma vez que são bastante escassos
os dados disponíveis na literatura sobre a adsorção de toxinas devido à complexidade de
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Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
detecção e obtenção de cepas puras, necessitando assim seu cultivo em laboratório, o que
consiste em processo bastante minunciosos. Assim, este estudo foi realizado para abordar os
problemas associados e possibilidade da adsorção de saxitoxinas de água natural, utilizando
materiais porosos estruturados sintéticos (material pilarizado) e comerciais (carbonos
ativados).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Neurotoxinas
Para realização do estudo, fez-se necessário a extração de saxitoxinas a partir das
células de Cylindrospermopsis raciborskii T3 (CR). Para tal, a espécie mostrada na Figura
4.1, foi cultivada em erlenmeyer com meio de cultivo ASM-1, em incubadora a 24ºC, por 15
dias.
N
N
O
NH
N
H
NH2
H
NH
HH
OH
OH
NH2
Figura 4.1 – Estrutura molecular da saxitoxina.
Posteriormente, foi realizada a concentração das células de CR utilizando
centrífuga a 4000 rpm. O extrato produzido foi submetido ao processo de
congelamento/descongelamento, por três vezes, para lise das células e possibilitar a
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Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
solubilização das saxitoxinas no meio. Adicionou-se ácido acético 0,1M até pH em torno de
4,0 de forma a garantir a maior estabilidade das toxinas. Os diversos extratos foram separados
em quatro lotes, de acordo com o período do ano em que foram produzidos, e mantidos a -20
ºC.
O processo de limpeza e pré-concentração de amostras foi baseado na
metodologia de Lawrence, Niedzwiadek e Menard, (2005). Os extratos, obtidos na etapa
anterior, foram submetidos à pré-purificação com cartucho C18. Os cartuchos foram
condicionados com metanol e água, seguido da passagem dos extratos pelo cartucho C18.
Após, os cartuchos foram igualmente recuperados com metanol e água para repetição do
processo.
As análises foram realizadas em Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência
(CLAE) da marca Agilent 1260 composto por bomba quaternária, coluna cromatográfica C18,
controlador automático do gradiente das fases móveis, dispositivo de injeção manual com um
loop de 20 µL, compartimento termostatizado para coluna, degaseificador e detector de
fluorescência (DF) (excitação de 340 nm e emissão de 390 nm), utilizando metodologia
adaptada de Lawrence, Niedzwiadek e Menard, (2005). Como fases móveis, foram utilizados
o formiato de amônio 0,05 M adicionado de 5% de acetonitrila grau HPLC e formiato de
amônio 0,1 M com vazão de 1,5 ml/min.
Uma curva de calibração foi construída a partir de padrões externos de saxitoxina,
dc-saxitoxina e neosaxitoxina, adquiridos da National Reasearch Council of Canadá, em
Halifax, Canadá. As faixas lineares de concentração das curvas de calibração para cada toxina
seguiram as concentrações que compõem a Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Faixa de concentração das curvas de calibração da saxitoxina, dc-saxitoxina e
neosaxitoxina.
Toxina Faixa de concentração (µg.L-1)
Saxitoxina 2,91 – 29,09
dc-Saxitoxina 0,85 – 17,08
Neosaxitoxina 0,51 – 13,54
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Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Essas concentrações foram definidas com base no limite imposto pela portaria
2914/11 do Ministério da Saúde (MS), que preconiza uma concentração limite de 3 µg/L em
água de abastecimento.
Para possibilitar a detecção da toxina pelo DF, foi necessário realizar oxidações
das amostras via peróxido e periodato, no intuito de adicionar grupos cromóforos à molécula
da toxina. Nas amostras oxidadas via peróxido, um volume de 100 µL da amostra foi
adicionado em frasco contendo 250 µL de hidróxido de sódio e 25 µL de peróxido de
hidrogênio 10% m/v. Posteriormente, o frasco foi homogeneizado e aguardou-se 2 minutos,
para então serem adicionados 20 µL de ácido acético glacial concentrado com objetivo de
parar a reação de oxidação. Foi injetada uma alíquota de 20 µL no HPLC para análise. Nas
amostras oxidadas via periodato, oxidou-se 100 µL da amostra em 500 µL de reagente
periodato – composto de 5 mL de ácido periódico 0,03 M, 5 mL de formiato de amônio 0,3 M
e 5 mL de fosfato de sódio dibásico 0,3 M, ajustado para pH 8,2 usando hidróxido de sódio
0,2 M. Aguardou-se 1 minuto e adicionou-se 5 µL de ácido acético glacial concentrado para à
reação. A leitura era feita 10 minutos após o fim da reação, com volume de injeção igual ao
da oxidação anterior.
2.2. Argila Natural e Pilarizada
2.2.1. Síntese
Nesse estudo foi empregada uma argila natural da região de Cuyo - San Juan –
Argentina por se tratar de um material de fácil síntese comparado aos HPL. O principal
componente mineralógico (> 90%) foi detectado como sendo montmorilonita no material
natural.
A pilarização da argila natural de origem Argentina obedeceu aos métodos
recomendados por Aguiar et al., (2013) e Roca Jalil et al., (2013).
O agente pilarizante foi obtido por hidrólise de uma solução 0,2 M de AlCl3.6H2O
com uma solução de NaOH 0,5 M mantendo uma relação OH‐/Al 3+ = 2. As soluções foram
agregadas lentamente a uma temperatura de 60 °C sob agitação constante durante 12 horas.
138
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
A incorporação da solução oligocatiônica foi realizada gota a gota sobre uma
suspensão de bentonita 5%. A amostra foi lavada em membranas de diálises (Cellu-Sep H1 18
mm) imersas em água destilada para retirada do excedente de sais de cloretos. O processo de
formação dos pilares por intercalação do ion Keggin é mostrado na Figura 4.2. O material
foi calcinado em forno mufla (Tecnal TE – 394/2) a 500 °C por 2 horas com uma rampa de
aquecimento de 10 °C/min.
Figura 4.2 – Estrutura do ion de Keggin intercalado no domínio interlamelar de argilas
naturais. As esferas rosa representam os átomos de alumínio e as esferas vermelhas os átomos
de oxigênio.
Neste estudo também foram utilizadas quatro carbonos ativados comerciais para
fins de comparação com o material sintético. Os carbonos utilizados foram o Norit 1240,
WV1050 (especificações no capítulo II) juntamente com dois carbonos das indústrias
Carbomafra e Alphacarbon.
2.3. Análise dos Materiais
As propriedades estruturais foram estudadas mediante difração de raios X (DRX),
em um equipamento do tipo RIGAKU – modelo Xpert Pro MPD com radiação CuKα, em
uma rampa de 2θ com variação de 2 a 70°, em intervalo de 0,05 e varredura de 1 °/min.
A morfologia da superfície das amostras de argilas natural e com pilares foi
observada por um microscópio eletrônico de varredura - SEM (LEO 1450VP).
139
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Os perfis de Dessorção a Temperatura Programada (DTP) de CO2 dos carbonos
foram obtidos em um micro reactor tubular em forma de U, disposto dentro de um forno
elétrico. A vazão massica do gás de arraste hélio (69 mg/s) e a taxa de aquecimento do forno
(5 K/min) foram controladas com dispositivos apropriados. As quantidades de CO e CO2
dessorvidas a partir das amostras de carbono (0,1 g) foram monitorados com um
espectrômetro de massa (SPECTRAMASS Dataquad quadripolar).
As propriedades texturais foram analisadas mediante adsorção-desorção de N2 a
77 K (Micromeritics, ASAP 2000). As amostras analisadas por adsorção-desorção de N2
foram desgaseificadas previamente a uma temperatura de 200 °C durante 12 h. A superfície
específica (SBET) foi estimada mediante o método de Brunauer, Emmet e Teller,
(ROUQUEROL et al., 2014) a pressões parciais entre 0,010 e 0,092; o volume total de poro
(VTP) foi obtido utilizando a regra de Gurvich (ROUQUEROL et al., 2014) a partir da
isoterma de adsorção a uma pressão relativa de 0,98. O volume de microporos (VµP) foi
obtido utilizando o método t-plot em uma faixa de pressões relativas parciais entre 0,2506 e
0,4490, e o volume de mesoporos mediante a diferença entre (VTP) e (VµP). As isotermas e os
ciclos de histerese presentes nos materiais estudados foram classificados de acordo com as
normas da IUPAC (ROUQUEROL et al., 2014).
As características texturais dos carbonos ativados foram determinadas conforme
metodologia constante no Capítulo II.
A análise química da argila natural se realizou mediante Plasma Acoplado por
Indução (ICP-OES). A amostra foi desgaseificada segundo a norma ISO 11466 e se calculou
sua quantidade na forma de óxido (Tabela 4.2). O elemento Si se determinou por gravimetria
e os elementos Na e K por fotometria de chama.
A partir dos dados da análise química elementar se determinou a Capacidade de
Troca Catiônica (CTC). Para quantificar a quantidade de Al, depois do processo de
pilarização, foi utilizada a Fluorescência de raios X.
2.4. Estudo Experimental de Adsorção
Para a obtenção da cinética e dados de isoterma de equilíbrio, 12 mL de solução
(1.5 mL saxitoxina + 9.3 mL H2O + 1.2 mL NaOH) foram adicionados em tubos de 15 mL
140
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
contendo 0,003 g de material. Soluções de concentração de aproximadamente 14µg/L foram
utilizadas e em intervalos de tempo pré-determinados, 1, 2, 4, 6 e 24 horas, alíquotas foram
retiradas do sobrenadante, filtradas e armazenadas em vials para análise da concentração.
Como o extrato de saxitosin apresentava-se ácido (pH 4,0), as soluções de saxitosina foram
ajustadas para o pH inicial (7,0), com soluções de NaOH em todos os experimentos.
Para obtenção das isotermas de equilíbrio, soluções de diferente concentração de
saxitoxina (8,5 –50µg/L) foram avaliadas. Os frascos permaneceram sob agitação durante 24h
em um agitador rotacional (Phoenix Luferco - AP 22) a 38 rpm e 22 º C. Após o tempo de
reação foram retiradas alíquotas do sobrenadante que também foram filtradas e armazenadas
em frascos de vidro. Para análise, as alíquotas armazenadas foram oxidadas pelo método de
derivatização conforme proposto por Lawrence, Niedzwiadek e Menard, (2005). As medições
de concentração ocorreram mediante uma curva de calibração obtida para saxitoxina
relacionando à área encontrada em um HPLC (Agilent 1260) composto de coluna
cromatográfica C18. O balanço de massa da fase fluída foi avaliado com base na Equação de
balanço disposta no Capítulo II.
Modelos de isotermas de adsorção de Henry e de Langmuir foram utilizados para
representar os dados de equilíbrio de adsorção neste estudo. Os modelos estão representados
pelas Equações 4.1 e 4.2.
eqkcq =
(4.1)
eqL
eqLmax
ck
ckqq
+=
1
(4.2)
Em que q (µg/g) é a máxima capacidade adsorvida no equilíbrio; k (mL/µg) é a constante de
equilíbrio da Lei de Henry da adsorção e de Langmuir para baixas concentrações; e Ceq é a
concentração na fase fluida (µg/L).
141
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Análises dos Materiais
Para a Capacidade de Troca Catiônica (CTC), encontrou-se um valor de CTC da
ordem de 0,62 meq/g. A fórmula estrutural da argila natural determinada a partir das análises
químicas (Tabela 4.2) apresentou-se como segue: (Al0.20 Si7.80)IV (Al2.69 Fe0.15 Mg1.11
Mn0.02)VI O20 (OH)4 M1.41. O conteúdo em forma de óxido apresentou 25,21% de Al2O3 e
58,2% de SiO2.
Tabela 4.2 – Analise elementar da argila natural.
Elementos Percentual em peso (%)
Fe2O3 1,24
K2O 0,30
CaO 0,90
TiO2 1,37
MnO 0,01
SiO2 59,4
Al 2O3 14,8
MgO 3,13
P2O5 0,06
ZrO2 0,07
Na2O 2,14
PPC* 15,0
Total 98,43
*PCP = Perda de Peso por Calcinação a 800 ºC
A Figura 4.3 mostra o difratograma de Raios-X da Al-PILC. Os difratogramas de
DRX obtidos para as amostras estudadas permitem observar que houve um substancial
aumento do espaçamento basal de d001 = 12,6 Å da argila natural para um valor de d001 = 18,6
142
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
Å para a Al-PILC, com o qual se comprova que o processo de pilarização foi adequado
(Aguiar et al., 2013).
Cabe destacar que o espaçamento basal d001, indica a distância de separação entre
uma lâmina e outra, onde especificamente se encontram os pilares. Esta separação depende da
natureza, conteúdo de cátions de troca e o estado de hidratação da mesma. A medida de
espaçamento basal obtida evidencia a modificação do material pelo uso do processo de
pilarização proposto sem alterar a estrutura básica da argila, indicando que a finalidade do
método foi alcançada, ou seja, obteve-se expansão das folhas melhorando suas propriedades.
0 10 20 30 40 50 60 70
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2θ
Figura 4.3 – Difratogramas da argila Al-PILC.
Micrografias do mineral de argila natural e Al-PILC são mostrados na Figura 4.4,
que exibem diferenças significativas nas características morfológicas. Na micrografia da
argila natural é possível observar agregações das camadas, que são arranjos clássicos para
smectitas. Já o material com pilares mostrou uma morfologia mais ordenada (KOMADEL,
MADEJOVÁ, 2013; VICENTE, GIL, BERGAYA, 2013).
As isotermas de N2 da Figura 4.5 mostram um comportamento típico de
montmorilonitas, com uma isoterma tipo IIb associada a arranjos de estruturas laminares e
histereses tipo H3, evidenciando associação de agregados de partículas laminares seguindo a
classificação da IUPAC (ROUQUEROL et al., 2014).
143
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
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Figure 4.4 – Micrografias (MEV) dos materiais: (a) argila natural e (b) Al-PILC.
A Tabela 4.3 apresenta os dados obtidos para as características texturais da argila
natural e da argila pilarizada de alumínio (Al-PILC).
Tabela 4.3 - Características texturais da argila natural e da Al-PILC.
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.00
20
40
60
80
100
120
Argila Pilarizada
Argila Natural
Pressão Relativa (P/P0)
Vol
ume
adso
rvid
o (c
m3 /
g)
Figura 4.5 - Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para o material natural e
pilarizado: Al-PILC (linha preta); Argila Natural (linha vermelha).
Amostras SBET
[m2/g]
VTP
[cm3/g]
DP
[nm]
AN 43 0,08 1,38
Al-PILC 306 0,17 1,43
(a) (b)
144
Capítulo IV – Remoção de Neurotixina Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
De acordo com a classificação BDDT e IUPAC, a isoterma de adsorção
correspondente à argila Al-PILC é uma isoterma do tipo IV. O volume adsorvido a baixos
valores de P/Po indica a presença de microporos. A presença de histerese tipo H4 caracteriza
a associação de poros gerados entre as lâminas.
Observa-se um incremento nas propriedades texturais da argila pilarizada em
comparação à argila natural. O incremento da superfície específica se deve ao aumento da
porosidade obtida pela inserção dos pilares. Por sua vez, o volume total de poros também foi
incrementado com o processo de pilarização.
A distribuição de tamanhos de poro obtida pelo modelo da Teoria Funcional da
Densidade (DFT) permitiu uma descrição mais detalhada das regiões microporosa e
mesoporosa da argila. Pode ser visto na Figura 4.6, que um pico máximo ocorre a 1,3 nm
como ocorrência de uma expressiva quantidade de microporos na estrutura do material com
pilares.
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,00,00
0,05
0,10
0,15
0,20 Argila Natural Pillared clay
dVP
/dw
P/ c
m3 ⋅n
m-1
⋅g-1
Diâmetro de poro (nm)
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014 Argila Natural
dVP/d
wP/ c
m3 ⋅n
m-1
⋅g-1
Diâmetro de poro (nm)
Figura 4.6 - Distribuição de tamanho de poro obtida pelo modelo da Teoria Funcional da
Densidade (DFT) para os materiais.
A Figura 4.7 mostra as isotermas de adsorção-dessorção de N2 para os carbonos
ativados. As curvas se assemelham a isoterma tipo I conforme classificação estabelecida pela
IUPAC e BBDT, sem a presença de histerese, o que caracteriza o domínio de microporos
145
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(Rouquerol et al., 2014). As propriedades texturais, obtidos por análise de BET, são
apresentadas na Tabela 4.4. O carbono WV1050 destaca-se pela maior área de superfície
(1615 m2/g), enquanto o Norit apresentou a menor área (688 m2/g). Os carbonos Carbomafra
e Alphacarbon apresentaram áreas de superfície intermediária com valores significativamente
semelhantes (1020 m2/g).
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.00
100
200
300
400
500
600
700
800
Vad
s (S
TP
) [c
m3 /g
]
P/P0
Figura 4.7 – Isotermas de Adsorção-desorção de N2 a 77K para os carbonos: (▲)WV1050;
(■) Carbomafra; (●) alphacarbon and Norit (▼).
Tabela 4.4 - Propriedades texturais dos carbonos ativados.
A distribuição de tamanho médio de poro obtido pelo modelo da Teoria Funcional
da Densidade (DFT) é mostrada na Figura 4.8. O maior diâmetro médio de poro foi
SBET
[m2/g]
DP
[nm]
VTP
[cm3/g]
Vµ
[cm3/g]
Vmeso
[cm3/g]
Alphacarbon 1005 1,3 0,51 0,48 0,03
Carbomafra 1033 1,1 0,46 0,42 0,04
WV1050 1615 1,3 1,04 0,76 0,28
Norit 688 1,7 0,43 0,31 0,12
146
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encontrado no Norit (1,7 nm) e o maior volume de poro para o WV1050 (1,04 cm3/g), devido
a sua bimodalidade de poros que abrange uma faixa de micro e mesoporos.
Conforme as análises podem ser averiguadas que os carbonos WV1050 e Norit
apresentam 27% de volumes de mesoporos relativos, indicativo de uma estrutura de poros
bimodal e do tipo "aberto", enquanto os carbonos Carbomafra e Alphacarbon não
apresentaram um percentual superior a 10%, mostrando uma estrutura mais fechada para a
estrutura de poros. Carbonos derivados de madeira tendem a ter maior área de superfície e
uma natureza mesoporosa, carbonos à base de lignina tendem a ter uma menor área de
superfície, com uma natureza microporosa, e carbonos a base de carvão tendem a ter áreas
mais baixas e uma dualidade intermediária de meso e microporos em comparação com
carbonos de madeira e à base de lenhite (JAIN, LUDLOW, ADAMS, 2004).
10 20 30 40 50
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
dV(W
) [c
m3 /Å
/g]
Diâmetro de poro (Å)
Figure 4.8 – Distribuição do tamanho médio de poro dos carbonos: (linha vernelha)
Alphacarbon; (linha preta) Carbomafra; (linha azul) WV1050 e (linha verde) Norit.
A Figura 4.9 mostra espectros da dessorção por temperatura programada (DTP),
dos carbonos ativados. A Tabela 4.5 relaciona os principais grupamentos passíveis de
ocorrência nos carbonos conforme os quantitativos da Tabela 4.6. Relevantes picos de
dessorção de CO2 ocorrem para todas as quatro amostras de CA a temperaturas de 200-250 °
C (grupos carboxílicos fortemente ácidos), a 350-400 ° C (grupos carboxílicos ácidos fracos),
e, exceto para o Norit, a 550-600 ° C (lactóis, lactonas, anidridos, e os grupos peróxido). Os
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picos de temperatura correspondentes para dessorção CO para WV1050 foi a 600-700 ° C
(grupos fenólicos e hidroquinona) e a 800-900 ° C (grupos carbonilas e quininas) para
Alphacarbon, Carbomafra, e Norit. Além disso, CO foi facilmente dessorvido no WV1050
GAC a temperaturas pouco abaixo de 1000 ° C, provavelmente devido à decomposição de
pironas e cromenos, conforme mostrado na Figura 4.9b. Os carbonos apresentaram
grupamentos típicos de carbonos ativados.
0 200 400 600 800 10000.0
4.0x10-5
8.0x10-5
1.2x10-4
1.6x10-4
mm
ol C
O2/
g
Temperatura (؛C)
Carbomafra Alphacarbo Norit WV1050
0 200 400 600 800 10000.0
2.0x10-4
4.0x10-4
6.0x10-4
8.0x10-4
1.0x10-3
Carbomafra Alphacarbo Norit WV1050
mm
ol C
O/g
Temperatura (؛C)
Figura 4.9 - Espectros da DTP dos carbonos: (a) dessorção de CO2; (b) dessorção CO.
Tabela 4.5 – Grupos oxigenados dos carbonos ativados obtidos por DTP.
Espécies Temperatura de
dessorção Grupos moleculares Grupos oxigenados
CO2
200 – 250 OHR
O
Carboxílico
350 – 400
O
O
Lactona
OR R
O O
Anidrido
OHR
O
Carboxílico
(a) (b)
148
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550 – 600 O O
R R
CO
400 – 450 OR R
O O
Anidrido
600 – 750
OH
Fenol
800 – 900 OH OH
Quinona
Tabela 4.6 – Quantitativo da dessorção programada dos grupos oxigenados nas amostras de
carbonos.
Amostra CO2 (mmol/g) CO (mmol/g)
Carbomafra 0,2401 0,3775
Alphacarbo 0,2341 0,3888
Norit 0,1699 0,5077
WV1050 0,3555 1,2403
3.2. Análises de Saxitoxina - STX
Na Figura 4.10 são apresentados os cromatogramas dos quatro lotes analisados
para identificação de STX cultivada em laboratório. Os cromatogramas indicaram a presença
de saxitoxina e dc-saxitoxina na amostra oxidada via peróxido nas concentrações de 500,40
µg.L-1 e 52,40 µg.L-1 respectivamente no lote 1, 969,96 µg.L-1 e 120,38 µg.L-1 no lote 2,
796,50 µg.L-1 e 38,12 µg.L-1 no lote 3 e 934,48 µg.L-1 e 109,19 µg.L-1 no lote 4 obtidos nas
rotinas laboratoriais, conforme mostrado na Tabela 4.7.
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Tabela 4.7 - Concentrações encontradas para saxitoxina e dc-saxitoxina nos quatro lotes
de estudo.
Lote Saxitoxina (µg.L-1) dc-Saxitoxina(µg.L-1)
1 500,40 52,40
2 969,96 120,38
3 796,50 38,12
4 934,48 109,19
Figura 4.10 - Cromatogramas dos Lotes 1, 2, 3, 4 oxidados via peróxido por HPLC.
150
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3.3. Estudo Experimental de Adsorção
A influência do tempo de contato na adsorção de saxitoxina no material com
pilares e carbonos ativados é mostrada na Figura 4.11.
0 5 10 15 20 25 300
10
20
30
40
50
60
70
C (
µg/L
)
Tempo (h)
0 5 10 15 20 25 300
10
20
30
40
50
60
70
C (
µg/L
)
Tempo (h)
0 5 10 15 20 25 30
0
4
8
12
16
C (
µg/L
)
Tempo (h)
Figura 4.11 – Influência do tempo de contato na adsorção de saxitoxina: (a) Alphacarbo; (b)
Carbomafra; (c) Norit and (d) WV1050 e (e) Al-PILC. Condições: volume total 12 mL;
0,003g Al-PILC; C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38 rpm; T = 22 oC.
(a) (b)
0 5 10 15 20 25 300
4
8
12
16
20
C (
µg/L
)
Tempo (h)0 5 10 15 20 25 30
0
4
8
12
16
20
C (
µg/L
)
Tempo (h)
(d) (c)
(e)
151
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Os resultados mostram que ocorre uma queda acentuada da concentração inicial
nas primeiras horas (10 h) de contato. Com base nos resultados obtidos no tempo de contato
para a adsorção no carbono Alphacarbo, que foi prorrogada por até 50 horas para fins de
averiguação, o equilíbrio pode ter sido alcançado em 24 horas. O tempo de contato da
adsorção foi considerado devido a que em processos convencionais o tempo de detenção
hidráulico é de suma importância para os processos. Entre 50 e 64% de remoção de STX foi
observada. Mesmo com um incremento na concentração inicial utilizada para os carbonos
alphacarbon e carbomafra, o tempo de equilíbrio parece ser praticamente o mesmo, incluindo
o material sintético (Al-PILC). O percentual de remoção para os cinco materiais não
apresentaram diferança significativa, quando os mesmos apresentaram 60% (Norit), 60%
(Carbomafra), 57% (Al-PILC), 55% (WV1050) e 45% (Alphacarbon) conforme mostra as
Figuras 4.12.
0 5 10 15 20 250
10
20
30
40
50
60
WV1050 Norit Carbomafra Alfa
(%)
Rem
ovid
o
Tempo (h)
0 5 10 15 20 250
10
20
30
40
50
60
(%)
Rem
ovid
o
Tempo (h)
Figura 4.12 – Percentual de remoção obtido para os materiais: (a) CA; (b) Al-PILC.
Condições: volume total 12 mL; 0,003g PILC; C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38
rpm; T = 22 oC. As linham representam a tendência.
As isotermas obtidas no sistema experimental são mostradas na Figura 4.13. Os
dados experimentais foram correlacionados com os modelos de isoterma de Henry para o
sistema utilizando carbonos, devido às baixas concentrações e o modelo de Langmuir para o
sistema utilizando material pilarizado.
(a) (b)
152
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Experimental e Teórico.
0 10 20 30 40 50 600,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
q ( µ
g/m
g)
Ceq (µg/mL)0 5 10 15 20 25
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
q (
µg/m
g)
Ceq (µg/mL)
0 2 4 6 8 10 12 14 160,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
q ( µ
g/m
g)
Ceq (µg/mL)0 2 4 6 8 10 12
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
q (
µg/m
g)
Ceq (µg/mL)
0 5 10 15 20 25 30 35 400,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
q ( µ
g/m
g)
Ceq
(µg/L)
Figura 4.13 – Perfil das isotermas de adsorção de saxitoxina com ajustes dos modelos de
Henry para os carbonos: (a) alphacarbon; (b) carbomafra; (c) Norit and (d) WV1050 e ajuste
de Langmuir para o material pilarizado (e). Condições: volume total 12 mL; 0,003g PILC;
C0 14 µg/L; tempos 1 – 24 horas; pH 7; 38 rpm; T oC 22.
(a) (b)
(c) (d)
(e)
153
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Os resultados obtidos para os ajustes em questão são apresentados na Tabela 4.8.
Em comparação com carbonos ativados, pode-se inferir uma difusão mais rápida da molécula
de saxitoxina nos domínios mesoporosos da argila pilarizada. Os resultados obtidos foram
próximos aos encontrados por (Donati et al., 1994) em seu estudo de remoção de
microcistinas em carbono ativado, os quais conseguiram um percentual de remoção de 58%
de remoção global após 72 horas de contato.
Apesar de ser uma molécula de pequeno tamanho (7,66 Å), teoricamente pode
acessar uma grande quantidade de microporos disponíveis em carbonos ativados. Porém sua
difusão é bastante lenta. Este fato reforça a viabilidade da utilização das argilas pilarizadas, as
quais, apesar de apresentar menor volume de microporos, apresenta uma cinética de adsorção
mais rápida, o que em termos de escala real seria menos oneroso por ser também um material
abundante e de fácil síntese. Com base na concentração residual (0,5 ug/L) calculada a partir
das quantidades máximas adsorvidas, os resultados indicam que os materiais podem ser
adsorventes promissores para o tratamento de água contaminada por STX, considerando-se o
que determina a legislação brasileira (MS 2914/11) no que diz respeito aos valores máximos
admissíveis (3,0 ug / L MPV) de saxitoxinas em água para consumo humano.
Tabela 4.8 - Parâmetros de ajuste usando os modelos de Langmuir e Henry.
Al-Pilc Carbomafra Alphacarbon Norit WV1050
Pârametros Langmuir Henry
qmáx (µg/mg) 0,17 - - - -
K (L/µg) 3,56
kH - 0,018 0,008 0,016 0,012
R2 0,76 0,85 0,96 0,99 0,99
χ2 0,00025 0,005 0,0009 0,0001 0,00002
Com base em uma análise estatística dos valores obtidos para o χ² e R², podemos
considerar que os modelos apresentaram uma representação moderada em termos de
adequação aos dados experimentais. Os dados evidenciaram que a adsorção tem uma maior
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associação aos grupos funcionais de superfície dos adsorventes e a especiação de saxitoxina
em meio aquoso, quando a capacidade diminui para o carbono WV1050 a baixas
concentrações, comparado ao material com pilares, uma vez que o carbono possui maior
volume de poros. Em contrapartida o caráter microporoso dos carbonos Alphacarbon,
Carbomafra e Norit teve uma significativa importância no mecanismo de adsorção de STX
considerando que os carbonos são essencialmente microporosos. Somado a isso, os grupos
funcionais na superfície de carbonos são susceptíveis a uma variedade de interações inter e
intra-moleculares, contribuindo ainda, na maioria dos casos, domínios de pK diferenciados
por tais grupos quimicamente diferentes.
As saxitoxinas são moléculas tricíclicas e tem em suas estruturas dois
grupamento, guanidina e tetra hidropurina que podem apresentar diferentes valores de pKa
(Llewellyn, 2006) dependendo do pH do meio. Para a saxitoxina, o grupo 1.2.3-guanidina tem
pKa igual a 11,28 e carga positiva a pH 7,4, o que motivou o estudo de adsorção a pH 7.
Considera-se ainda que as saxitoxinas sejam instáveis e sujeitas à hidrólise química para
outras espécies, como previsto no presente estudo, quando da ocorrência da saxitoxina DC nas
identificações mostradas nos cromatogramas da Figura 4.12. Esse fenômeno pode ser em
decorrência do método de oxidação, no entanto essa espécie é considerada menos tóxica do
que a saxitoxina.
4. CONCLUSÃO
O método implementado para obtenção dos microrganismos mostrou-se eficaz,
assim como sua identificação e quantificação de forma efetiva.
O material sintético a base de argila modificada pela inserção de pilares, mostrou-
se eficaz na remoção de STX comparado com os carbonos ativados, considerando ainda o
baixo custo, fácil modificação e obtenção do material natural, a rápida cinética, o que
dispensaria altos tempos de detenção hidráulica.
Os dados permitem inferir que as capacidades de adsorção tiveram uma maior
associação aos grupos funcionais dos adsorventes e a especiação da saxitoxina em meio
aquoso.
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Os materiais podem ser utilizados como adsorvente para a remoção de
contaminantes e de purificação de água por implementação em sistemas de polimento após os
tratamentos convencionais, considerando a significativa percentagem de remoção obtida (40 a
60%), o que conferiu um residual de 0,5 µg/L apresentando um potencial para adequar a água
tratada à legislação brasileira (PORTARIA MS 2914/11) no diz respeito aos valores máximos
permitidos (VMP) de saxitoxinas (3.0 µg/LVMP) em água para consumo humano.
Tendo em vista o caráter inovador do estudo, poucos trabalhos dispostos na
literatura, é incentivador o estudo das argilas modificadas como adsorventes em sistemas
adicionais como filtros, colunas ou mesmo em argilas dispersas em tanques de mistura.
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Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
ROUQUEROL, F. et al. Adsorption by powders & porous solids - principles, methodology and applications. France: 2014. 631. SANTOS, C. A. et al. Dual-mode cultivation of Chlorella protothecoides applying inter-reactors gas transfer improves microalgae biodiesel production. Journal of Biotechnology, v. 184, p. 74-83, 2014. SHI, H. et al. pH effects on the adsorption of saxitoxin by powdered activated carbon. Harmful Algae, v. 19, n. 0, p. 61-67, 2012. TORBICK, N.; CORBIERE, M. A multiscale mapping assessment of lake champlain cyanobacterial harmful algal blooms. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 12, n. 9, p. 11560-11578, 2015. VICENTE, M. A.; GIL, A.; BERGAYA, F. Chapter 10.5 - Pillared Clays and Clay Minerals. In: FAÏZA BERGAYA AND GERHARD, L. (Ed.). Developments in Clay Science: Elsevier, v. 5, 2013. p.523-557. YUAN, M.; CARMICHAEL, W. W.; HILBORN, E. D. Microcystin analysis in human sera and liver from human fatalities in Caruaru, Brazil 1996. Toxicon, v. 48, n. 6, p. 627-640, 2006. ZAMYADI, A. et al. Fate of toxic cyanobacterial genera from natural bloom events during ozonation. Water Research, v. 73, p. 204-215, 2015. ZHAO, S. et al. Experimental and theoretical study on dissolution of a single mixed gas bubble in a microalgae suspension. RSC Advances, v. 5, n. 41, p. 32615-32625, 2015. ZHU, C. et al. Experimental study on the safe removal of cyanobacteria with dynamic ultrasound enhanced coagulation. Huanjing Kexue Xuebao/Acta Scientiae Circumstantiae, v. 35, n. 8, p. 2429-2434, 2015. ÓRFÃO, J. J. M. et al. Adsorption of a reactive dye on chemically modified activated carbons—Influence of pH. Journal of Colloid and Interface Science, v. 296, n. 2, p. 480-489, 4/15/ 2006. ISSN 0021-9797. Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0021979705010088 >.
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Capitulo VI – Sugestões Gerais Aguiar, J. E.
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Experimental e Teórico.
CAPITULO VI SUGESTÕES GERAIS
1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Após as conclusões constantes em cada capítulo as seguintes recomendações
podem ser consideradas:
• Estudo de síntese, modificação dos materiais avaliados na obtenção de outros
materiais adsorventes derivados como: argilas pilarizadas com variações na proporção
argila/alumínio, argilas ativadas, organofílicas, HDL calcinados, HDL intercalados
com outros cátions e com variações nas razões molares, HDL com pilares, avaliação
do processo de sonificação dos materiais, HDL organofuncionalizados;
• Estudo da utilização de materiais adsorventes a base de resíduos, visando à
minimização destes no meio ambiente, materiais de baixo custo para a viabilidade
econômica do processo tais como resíduos da agroindústria e biomassa;
• Uso dos materiais sintéticos pós-adsorção como templates para obtenção de outros
materiais e minimização dos resíduos do processo de tratamento;
• Avaliar os carbonos ativados por regeneração em adsorção-dessorção de N2, assim
como reavaliar suas características e sua capacidade de adsorção das moléculas
contaminante;
• Determinação do potencial zeta dos adsorventes para melhor elucidar os mecanismos
que regem os fenômenos de adsorção;
• Estudar a aplicação do processo de adsorção para outros corantes de diferentes classes
e de diferentes massas molares;
• Estudos mais abrangentes de simulção molecular e modelagem matemática
envolvendo a adsorção de corantes mono e multicomponente e toxinas nos materiais
estudados, assim como também outros materiais;
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Capitulo VI – Sugestões Gerais Aguiar, J. E.
Materiais Nanoporosos para Aplicação Ambiental com Ênfase na Adsorção de Contaminantes – Estudos
Experimental e Teórico.
• Avaliar outros métodos de quantificação dos corantes comparados com os métodos
estudados;
• Realizar estudo de adsorção de efluentes reais provenientes dos processos têxteis ou
efluentes advindos de outros sistemas de tratamento com cor remanescente;
• Estudar o sistema dinâmico através de leitos fixos adsorvedores na remoção de cor de
soluções aquosas e posterior estudo de efluentes reais da indústria têxtil, com os
adsorventes estudados no presente trabalho;
• Realizar estudo de viabilidade técnico – econômico do uso e da obtenção dos materiais
adsorventes contemplando as regenerações dos mesmos assim como o destino final
quando da impossibilidade de regeneração;
• Avaliar a combinação entre processos de tratamento de efluentes têxteis e os processos
de adsorção como etapa de polimento.