Juca Fogo O Diário de Um Pé de Cana

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    lcione lvez

    Juca FogoO Dirio de um P de Cana

    1 Edio

    It poranga SC

    2015

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    Contato com o autor:[email protected]

    ALVEZ, Alcione

    Juca Fogo: O Dirio de um P de Cana.Ituporanga, SC:

    produo independente, 2015.

    Bibliografia:

    1.B869.7 - Humor e stiras brasileiras

    Todos os direitos reservados

    Permitida a reproduo desde que citada a autoria

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    Eu no vim para explicar.

    Vim para confundir

    Jos Abelardo BarbosaMedeiros- Chacrinha -

    A todos aqueles quenunca esquecem dos amigos!

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    V para:

    Por u!" ######################### pg# $

    %eu uerido dirio ####pg# &'

    (nt)o t* ####################pg# +,

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    Por u! "Quem no conhece um bebum de carteirinha? Toda cidade do interior, assimcomo todo bairro de periferia das grandes cidades do Brasil, tem seu pinguo

    famoso. No mesmo?

    Geralmente acaba virando uma figura folclrica na regio onde mora.Dificilmente chamado pelo nome, mas sim por algum apelido. Todos o

    conhecem. Tem mais amigos e conhecidos do que muitos polticos famosos.

    So pessoas que, em geral, no admitem sua condio de cachaceiros.

    Porm, qualquer fato torna-se um motivo para tomarem uma e, se motivo

    no existir, o jeito beber pra espantar o tdio.

    Alguns costumam dizer: eu bebo pouco, mas o pouco que bebo me

    transforma em outra pessoa e essa pessoa que bebe pra caramba.

    Defendem seu direito de beber acima de qualquer outro. Como canta Zeca

    Pagodinho: Se eu quiser fumar eu fumo, se eu quiser beber eu bebo. Pagotudo o que eu consumo, com o suor do meu emprego 1.

    O bebum costuma ser uma pessoa relativamente inteligente. Afinal de

    contas, Galileu, quando afirmou que o mundo girava, apenas confirmou o

    que os bbados j sabiam.

    1Trecho da msica Maneiras de Zeca Pagodinho..

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    Quando so questionados do porqu da paixo pela cana, frases feitas

    oriundas da cultura popular vm tona para auxiliar suas defesas:

    melhor ser um bbado conhecido, do que um alcolatra annimo.

    Quem bebe morre, quem no bebe morre tambm. Ento vamos beber!

    A bebida a pior inimiga do homem: mas o homem que foge do seu inimigo

    um covarde!

    Essas e outras afirmativas fazem parte de um repertrio que d suporte ao

    bbado, na sua rdua trajetria de se livrar dos chatos sbrios que o

    importunam.

    Discutir com um bebum intil. Livre da barreira moral que a conscincia

    impe aos que resistem ao lcool, o bbado tem resposta pra tudo, pois no

    mede palavras e no admite ficar sem dizer a ltima frase. Geralmente suas

    respostas a questes embaraosas acabam virando anedotas, pois como

    fogem aos padres da boa normalidade, costumam ser muito engraadas.

    No precisamos nem ir muito longe para encontrarmos brasileiros ilustres econhecidos, com fama de biriteiros. Lembremos do saudoso Jnio Quadros,

    figura pitoresca e polmica que, segundo dizem, no passava um dia sem

    tomar um gole. O nosso ex-presidente Lula tambm ganhou destaque nesse

    quesito. Ele mesmo admitiu em entrevistas que, quando era operrio, a

    lanchonete prxima da fbrica em que trabalhava mantinha alguns litros de

    aguardente guardados, cada qual com o nome do cliente que o comprava e odeixava l, para beber um pouco todo dia, antes ou aps o almoo. E ele

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    sempre tinha um litro reservado naquele local, com o seu nome escrito no

    rtulo.

    Queremos deixar claro que este livro no tem como objetivo fazer apologia

    ao uso das bebidas alcolicas, nem criticar ou rotular figuras importantes do

    nosso pas como alcolatras.

    Em um pas em que os acidentes de trnsito e outros problemas causados

    pelo uso de bebidas alcolicas consomem boa parte dos recursos destinados

    sade (a outra parte vai para o bolso dos corruptos), mantermos uma

    postura responsvel quanto a essa questo fundamental para a

    manuteno da vida, com qualidade e longevidade.

    Por falar nisso, o Ministrio da Sade adverte: o fgado faz mal bebida.

    Abstinncia alcolica uma boa, desde que praticada com moderao e,

    pensando bem, mal por mal, prefiro o de Alzheimer do que o de Parkinson...

    Prefiro esquecer onde deixei o meu usque do que derram-lo no cho...

    Mas, voltando a falar srio (como diria um bbado conhecido meu: fora de

    pinga), o contedo dessa obra busca apresentar apenas uma viso bem

    humorada de um universo desconhecido por muitos, mas que para outros,

    por motivos diversos, constitui rotina: o alcoolismo.

    O humor constitui uma ferramenta que o brasileiro costuma utilizar para

    driblar as dificuldades e frustraes da vida. Centenas de personagens que

    fazem parte de programas humorsticos do rdio, da TV e da mdia impressa,

    buscam na realidade poltica, social e econmica do pas a matria-prima

    para suas apresentaes.

    Tudo isso acaba funcionando como uma vlvula de escape, uma fuga, para

    que as presses que sofremos ao viver em sociedade no nos sufoquem.

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    Principalmente em uma sociedade como a do nosso pas, ainda

    caracteristicamente injusta, social e economicamente falando.

    Este livro traz a estria de Juca Fogo: um brasileiro, trabalhador, pai de

    famlia, com grande apreo pela cachaa. So anedotas, casos e frases

    conhecidas sobre bbados, colecionadas a partir de fontes diversas,

    organizadas em forma de obra de fico.

    Na verdade, o que fiz foi recolher anedotas pertencentes cultura popular e

    orden-las de uma maneira que, de forma divertida, pudessem materializar

    em nossas mentes a rotina de um personagem bebum, com suas confuses,

    trapalhadas e dificuldades em funo das bebedeiras.

    Juca Fogoabre algumas pginas de seu dirio e nos permite viajar na sua

    rotina, suas lembranas, seus sentimentos e sua filosofia de vida.

    Durante a leitura voc ver que Juca Fogo um legtimo representante do

    esteretipo do bebum que traamos acima: um sujeito muitas vezes atrevido,

    intrometido, conhecido por todos, petulante e sem papas na lngua.

    Juca Fogo, como todo pinguo, aproxima-se muito dos loucos em suas

    atitudes. Tudo isso porque a bebedeira, assim como a loucura, em geral,

    retira de seus portadores a responsabilidade moral de tomar cuidado comaquilo que dizem e fazem. Eles esto moralmente livres para pr pra fora o

    que realmente sentem ou pensam, mesmo que as conseqncias dessa

    exteriorizao, muitas vezes, lhes sejam desfavorveis.

    Mas enfim, algo me leva a acreditar que os loucos e os bbados, ao contrrio

    do que a nossa sbria e sadia conscincia insiste em afirmar, so maisfelizes, pois...

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    Pra voc, que no um pinguo profissional, veja abaixo algumas regras de

    como agir quando j bebeu demais e est com os seguintes sintomas:

    Ps frios e midos.

    Causa: Voc est segurando o copo pelo lado errado.

    Soluo: Gire o copo at que a parte aberta esteja virada para cima.

    Ps quentes e midos.

    Causa: Voc fez xixi nos ps.

    Soluo: V se secar no banheiro mais prximo.

    A parede a sua frente est cheia de luzes.

    Causa: Voc caiu de costas no cho.

    Soluo: Coloque seu corpo a 90 graus do solo.

    O cho est embaado.

    Causa: Voc est olhando para o cho atravs do fundo do seu copo vazio.

    Soluo: Compre outra cachaa.

    O cho est se movendo.

    Causa: Voc est sendo carregado ou arrastado.

    Soluo: Pergunte se esto te levando para outro bar.

    O local ficou completamente escuro.

    Causa: O bar fechou.

    Soluo: Pergunte ao garom o endereo de sua casa, ou de outro boteco.

    O motorista do txi um elefante rosa.

    Causa: Voc bebeu muitssimo.Soluo: Pea ao elefante que o leve para o hospital mais prximo.

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    As pessoas falam produzindo um misterioso eco.

    Causa: Voc est com a garrafa de cerveja ou com o copo na orelha.

    Soluo:Deixe de ser palhao.

    O boteco se move muito e a msica muito repetitiva.

    Causa: Voc est em uma ambulncia.

    Soluo: No se mova. Voc pode cair da maca.

    A fortssima luz do boteco est cegando seus olhos.

    Causa: Voc est na rua e j dia.

    Soluo: Tente encontrar o caminho de volta para casa ou compre culos

    escuros e continue bebendo na rua.

    Seu amigo no liga para o que voc fala.

    Causa: Voc est falando com um poste, uma caixa de correios ou coisa

    parecida.

    Soluo: Ligue pra casa e pea pra algum vir te buscar.

    O importante no confiar em pessoas que passam mais de uma semana

    sem beber. Afinal de contas, no se pode confiar em camelos. Tambm no

    d ouvidos a quem nos aconselha a no beber de estmago vazio, porque o

    problema de beber cachaa enquanto comemos, a comida.

    Um conselho que deixo a todos, para que mantenham um bom

    relacionamento com os donos de bares, amigos e os servios de proteo ao

    crdito :

    Aos que bebem para esquecer, favor pagar adiantado.

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    %eu uerido dirio###

    Meu nome Juca Fogo.

    Juca, por causa do meu nome: Joo Carlos.

    Jooem homenagem ao meu av e Carlosem homenagem ao meu pai.

    Fogo, em funo de minha constante condio: sempre bbado, de fogo.

    Sou daqueles que quando chega o boteco inteiro cumprimenta e chama pelo

    apelido. Minha vida um litro aberto. Sou o verdadeiro homem DNA: Dia e

    Noite Alcoolizado.

    Tenho mulher e dois filhos. Um adolescente, que a esposa chama de nosso

    menino, e o outro j mecnico de profisso (e bebum, igual a mim).

    A prefeitura me cobra o aluguel pelo banco da praa. O fabricante de

    anticido aparece mensalmente na minha casa com dez caixas do produto.

    Meu chefe me d dez litros de pinga como cesta bsica.

    Trabalho na construo civil. Ningum faz um reboco igual aos que eu fao:

    retinho, lisinho e sem falhas. Nas nicas vezes em que reboquei uma parede

    e ela ficou torta, eu estava praticamente sbrio.

    Hoje de manh acordei. Tomei uma mercedinha2pra regular a lenta. Afinal, a

    nica maneira que conheo de evitar a ressaca ficar sempre bbado.

    2Mercedinha: nome dado a uma pequena dose de cachaa em algumas regies do Brasil.

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    Ajoelhei e rezei a Orao do Bebum:

    Usque e Vodka que esto no bar

    Alcoolatrado seja o nosso fgado

    Venha a ns o copo cheio, nunca apenas pelo meio

    Seja feita a nossa cachaada

    Assim no boteco como na calada

    O m nosso de cada dia nos dai hoje

    Perdoai as nossas bebedeiras

    Assim como ns perdoamos

    A quem no tenha bebido

    No nos deixai cair no refri diet

    E livrai-nos da gua gasosa

    Barman!

    No foi preciso vestir a roupa de trabalho. Cheguei de fogo ontem e fui direto

    pra cama. mais prtico.

    Atravessei a rua para esperar a conduo e no percebi que vinha um carro

    ladeira abaixo. Era um fusca velho que teve que frear para no bater em

    mim. O abusado do motorista meteu a mo na buzina e o carrinho berrou:

    bibiiiii.....

    Ento eu respondi:

    - Cala boca! Eu j bibiii muito mais que voc!!

    Fiquei l no ponto de nibus esperando o lato chegar. Quando ele chegou,

    eu me preparei pra entrar e uma senhora que estava do meu lado falou:

    - Que Deus te acompanhe!

    Quando ia subindo no nibus tropecei, virei pra senhorinha e falei:

    - Se ele quiser me acompanhar, tudo bem, mas pede pra no ficar me

    empurrando.

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    Entrei no nibus. Encontrei uma mulher que no gostava de depilar as

    axilas, e disse:

    - Bailarina, oh bailarina!

    A mulher no entendeu nada, mas eu continuei a chamar:

    - Oh bailarina, bailariiiiinaaaa, olha pra mim bailarina.

    Depois de algum tempo, a mulher j doida da vida disse:

    - Que bailarina, onde que o senhor esta vendo bailarina??

    E eu respondi:

    - Se a senhora no bailarina, como que consegue botar o p a em cima,

    no corrimo do nibus ??

    Pra no apanhar da bailarina, sentei ao lado de uma moa, mais feia que

    "filhote de cruis credo", e disse:

    - Mas como voc feia! Voc a coisa mais horrvel que eu j vi !! Quando

    voc nasceu o mdico deve ter te olhado e dito pra sua me: Vamos pr de

    volta porque ainda no t bem pronta!.

    A moa muito brava me respondeu:

    - E voc seu bbado nojento !!!

    claro que eu retruquei na hora:

    - , mas se eu parar de beber eu estarei curado !!! J voc....

    Ento a moa falou assim:

    - Maldito! Se voc fosse meu marido, eu colocaria veneno no seu caf...Eu respondi:

    - Se eu fosse seu marido, tomaria com todo prazer !!!

    A moa comeou a me bater e eu tive que levantar. Acho que preciso deixar

    de ser to sincero.

    O motorista teve que frear o nibus. Como eu estava de p, levandolambada da moa e meio tonto como sempre, acabei caindo no colo de uma

    freira, que me olhou e esbravejou:

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    - Sabia que o senhor vai pro inferno?!!

    Levantei rpido, puxei a cordinha da campainha do nibus e gritei:

    - Ento para que eu peguei o nibus errado !!!!

    Os outros passageiros, muito intrometidos, comearam a rir de mim e a me

    dizer palavras que considerei grosseiras. Irritado, virei pra trs e gritei:

    - Nesse nibus, quem t sentado no lado direito corno e quem t do lado

    esquerdo gay.

    Um cidado irritado reclamou:

    - Eu no sou gay coisa nenhuma!

    E eu disse:

    - Ento vai pro outro lado!

    O motorista, que j no estava no melhor de seus dias, ouvindo aquela

    conversa, enfiou o p no breque. O nibus parou de repente, jogando as

    pessoas de um lado pro outro.

    Ento o motorista esbravejou:

    - Quem corno e quem gay aqui??!!

    Confuso, eu respondi:

    - Agora j no sei mais, o senhor misturou tudo !!!

    J que escapei de apanhar, porque Deus protege os bbados, sentei e

    comecei a falar sozinho, em voz alta, pra me acalmar:

    - Se meu pai fosse um pato e minha me uma pata, eu seria um patinho...- Se meu pai fosse um cachorro e minha me uma cadela, eu seria um

    cachorrinho...

    - Se meu pai fosse um gato e minha me uma gata, eu seria um gatinho...

    - Se meu pai fosse um...

    O motorista que j estava realmente muito irritado esbravejou:

    - Escuta aqui, o bebum! E se teu pai fosse uma frutinha e tua me umaprostituta?

    J que ele perguntou, respondi:

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    - Ai eu seria motorista de nibus!

    claro que desta vez fui jogado pra fora do nibus em movimento.

    Ento, cado l na sarjeta, comecei a pensar: hoje eu ando de nibus todo

    dia, mas eu j tive um Corcel3.

    Um dia entrei na contramo, o guarda me parou e perguntou:

    - Onde que o senhor pensa que vai?

    Meio tonto eu disse:

    - Bom. . . eu ia pra uma festa, mas parece que ela j acabou... T todo

    mundo voltando.

    Outra vez eu vinha pelo estacionamento, cutucando a porta de cada carro

    com minha chave. Veio o guarda e perguntou:

    - Qual o problema, meu amigo?

    E eu disse:

    - Perdi meu carro...

    Ento o guarda falou:

    - Onde foi que voc viu o carro pela ultima vez?

    E eu, puxando pela memria, respondi:

    - Foi aqui mesmo, na pontinha desta chave...

    Lembro que, no mesmo dia, voltando para casa, capotei com o carro e fiquei

    pendurado numa rvore, sobre um precipcio de 150 metros. Logo apschega um mascarado todo vestido de preto, num cavalo preto, usando uma

    espada.

    Ele me salvou, pegou a espada, fez um Z na minha barriga e perguntou:

    - Sabes quem eu sou?

    Eu tava meio confuso, mas quando vi o Z respondi:

    - Pois claro! Zuperman...

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    Minha carta de motorista me foi injustamente usurpada em um dia em que

    um guarda me parou, quando eu voltava de uma festa, a 125 Km/h.

    O guarda me parou, olhou invejoso pro meu Corcel e disse:

    - O senhor vinha bem ligeirinho!

    E eu falei:

    - E o senhor estava bem escondidinho!

    E o guarda continuou:

    - Bonito n ??!!!

    - !!! E anda bem !!! eu respondi.

    Ento ele perguntou:

    - O senhor no viu que estava em alta velocidade?

    Com toda sinceridade respondi:

    - Olha seu guarda! Que eu estava em alta velocidade eu vi! O que eu no vi

    foi o senhor a parado!

    - O senhor no percebeu que a placa diz que o limite de velocidade de 40

    Km/h? indagou o homem da lei.

    Eu respondi:

    - A mais de 120 Km/h, o senhor acha que eu ia conseguir enxergar alguma

    placa?

    O guarda no gostou muito da minha resposta (no sei o porqu, fui honesto

    com ele), olhou pra minha patroa e perguntou:

    - Ele sempre engraadinho assim?

    E ela disse muito sincera:- No senhor, s quando ele bebe.

    Ento ele pegou um objeto que chamou de bafmetro e disse:

    - Toma a.

    Eu virei, no tinha nada. Ento falei:

    - No tem mais nada, o senhor j tomou tudo!

    O homem ficou vermelho e me perguntou:- E o cinto de segurana, onde est?

    3Antigo carro da FORD.

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    Como no sou de mentir pras autoridade eu disse:

    - T l no porta-malas, ajudando a segurar o bujo de gs!

    Ento eu perguntei:

    - Nesta estrada tem pinguim ??!

    E o guarda respondeu:

    - Claro que no !!

    Assustado eu falei:

    - Xiii! Ento acho atropelei uma freira !!

    Ele respirou fundo, contou at dez e disse:

    - Infelizmente, desse jeito, eu vou ter que tirar a sua carta de motorista !!!

    E eu prontamente respondi:

    - No precisa no seu guarda. Eu acabei de tirar. Ficou pronta faz um ms...

    Depois de tantas lembranas, levantei e fui pra obra em que estava

    trabalhando. Cheguei ao trabalho todo de porre e trocando as pernas. O

    chefe chegou e falou:

    - Que negcio este que te aconteceu pra voc estar neste estado?

    Respondi:

    - A culpa do doutor... Foi o doutor que fez isso...

    - Mas como assim? O mdico? perguntou o homem.

    - ! Eu fui no doutor semana passada. Ele me examinou e disse pra eu

    comprar uns negcios. Escreveu num papel. Eu no entendi muita coisa...

    era uma letra ruim! Mas li l embaixo dos garranchos: E pinga trs vezes aodia.....

    Falando no mdico em que eu fui, lembro que ele tentava me examinar, mas

    minha tonteira estava atrapalhando. Ele perguntou:

    - O senhor bebe?

    Eu respondi:- Aceito um golinho, pra te acompanhar.

    E ele falou:

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    - Eu quis dizer: o senhor toma muito lcool?

    Eu que sou bbado, mas no sou doido, respondi:

    - No, doutor! Muito difcil... s mesmo quando no tem uma cachacinha por

    perto! Eu gostei mesmo foi quando apareceu aquela tal de gripe suna.

    Ele perguntou:

    - Mas por qu?

    Ento eu falei:

    - Porque aquele lcool em gel que inventaram dava pra passar at no po e

    era gostoso.

    J com de saco cheio, o doutor falou:

    - No seu exame de sangue consta que o senhor JB Positivo. No consigo

    encontrar o motivo das suas dores, meu caro. S pode ser por causa da

    bebida.

    Pacientemente eu falei:

    - No tem importncia, doutor! Eu volto outro dia, quando o senhor estiver

    sbrio!

    Mas, deixando as lembranas de lado e voltando ao tempo presente, j l

    pelo meio da tarde da segunda-feira, o patro me encontrou com a boca no

    gargalo de um litro de cachaa:

    - Por acaso voc no sabe que proibido beber durante o trabalho?

    Ento eu respondi:- Mas eu no estou trabalhando. T tomando cachaa...

    Acabou o expediente. Como hoje segunda-feira, tenho que manter a

    tradio. Vou at o bar mais prximo do meu trabalho e peo trs pingas ao

    mesmo tempo. Tomo uma, a outra, a terceira, pago a conta, levanto e saio.

    Outro dia, o garom, j intrigado com essa minha mania, perguntou:- Desculpe minha curiosidade, mas porque o senhor toma trs pingas toda

    segunda, mais ou menos no mesmo horrio?

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    Ento eu expliquei pra ele:

    - Porque tenho dois irmos e moramos longe uns dos outros. Assim, toda

    segunda, quando a gente sai do trabalho, cada um de ns entra em um bar e

    pede trs pingas. Tomamos uma por cada um de ns. o nosso modo de

    manter contato e pensarmos um nos outros.

    O pior que dias atrs entrei no bar e o garom perguntou:

    - Trs pingas, como sempre?

    Meio desanimado, respondi:

    - No. Hoje s quero duas.

    Ele trouxe duas pingas e perguntou:

    - Desculpe-me amigo, mas... que sempre so trs pingas... Aconteceu

    alguma coisa com um dos seus irmos?

    A eu disse:

    - No, eles esto todos bem... que eu t tentando parar de beber!

    Isso tudo porque minha mulher vive me torrando a pacincia, pra eu no

    beber mais. Eu tinha l em casa dez garrafas de cachaa, da boa. Mas a

    lazarenta vive dizendo que eu bebo demais e me obrigou a jogar tudo fora.

    Peguei a primeira garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.

    Peguei a segunda garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.

    Peguei a terceira garrafa bebi o resto e joguei o copo na pia.

    Peguei a quarta garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.

    Pequei o quinto copo joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.Peguei a sexta pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.

    A stima garrafa eu peguei no resto e bebi a pia.

    Peguei no copo, bebi no resto e joguei a pia na oitava garrafa.

    Joguei a nona pia no copo, peguei na garrafa e bebi o resto.

    O dcimo copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.

    Fui pro boteco ao lado, no qual eu bebia com frequncia. O dono do

    estabelecimento estava de saco cheio comigo. S porque toda semana eu ia

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    l encher a cara. Na semana passada, quando pedi pra botar mais uma, ele

    despejou gua com um pouco de soda custica no meu copo. Eu tomei, fiz

    uma careta e disse:

    - Esta forte, hein?

    Fiquei uns dias sem ir l. O dono do bar at ficou preocupado, pensando que

    tinha me matado.

    Fui l outra vez, j trocando as pernas, e pedi uma pinga.

    O dono do bar serviu a cachaa, eu tomei, fiz careta, e disse:

    - Essa aqui no! Eu quero aquela que quando a gente faz xixi enche a

    calada de buraquinho...

    Consegui chegar em casa com muito custo, apertado. Abri a porta e fui

    correndo para o banheiro.

    Assustado, corri para o quarto e acordei a patroa:

    - mulher.... Essa casa t mal assombrada! Eu abri a porta do banheiro e a

    luz acendeu sozinha. Depois, fechei a porta e a luz apagou sozinha. Sem

    falar que l dentro t frio pra caramba....

    A mulher, doida da vida, reclamou comigo:

    - Desgraado !!! Voc mijou na geladeira outra vez !!!!

    Ento eu fui tomar um copo dgua. Porm, devido ao meu estado etlico,

    no vi que no copo havia um pequeno rato vivo, o qual acabei engolindo. Ao

    notar o que havia acontecido, fiquei quase bom e sa apressado pro primeirohospital que encontrei.

    O pior que eu entrei no hospcio, no num hospital, e me dirigi ao primeiro

    mdico que encontrei (que no era mdico, era um maluco vestido de

    branco). Ento, ainda apavorado, expliquei o que aconteceu ao mdico

    louco.

    Ele pegou um pedao de papel, escreveu uma receita e devolveu pra mim.Fui direto a uma farmcia para comprar o medicamento prescrito. O

    farmacutico, ao ler a receita, perguntou qual era o meu problema. Aps a

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    25/9325

    minha explicao o homem riu e disse que a receita fazia sentido. O doido

    havia escrito:

    Tomar um gato de duas em duas horas e sentar numa ratoeira.

    Quando acordei, no dia seguinte, minha patroa olhava pela janela para o

    vizinho, que se despedia da esposa. Meio chorona ela me falou:

    - Viu s os nossos vizinhos. Vivem como se fossem um casal de namorados.

    Todos os dias ele chega cedo do trabalho, traz flores ou chocolates pra ela, a

    leva pra jantar fora de vez em quando e a trata muito bem. Por que voc no

    faz o mesmo?

    Meio confuso respondi:

    - Mas querida! Eu mal conheo aquela mulher !!!!

    Isso me fez lembrar de uma conversa que tive com um amigo, no boteco,

    outro dia. Ele me disse:

    - Nunca transei com minha mulher antes do casamento. E voc?

    Constrangido respondi:

    - No me lembro... Qual mesmo o nome dela?

    Coitado desse meu amigo.Todo dia ele entrava no bar e falava:

    - Seu Joo, uma pra mim, uma pra voc, e pra todo mundo aqui.

    E saa sem pagar.

    Isso aconteceu durante uma semana. Num certo dia o seu Joo, o dono dobar, disse:

    - Se o bbado fizer isso de novo, vou cobrir ele de porrada.

    Ento, no mesmo dia, o bbado fez de novo:

    - Seu Joo, uma pra mim, uma pra voc e pra todo mundo aqui.

    E quando ele ia saindo do bar, o homem lhe cobriu de porrada.

    Na outra semana apareceu o bbado outra vez:- Seu Joo...

    E ele interrompeu:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    26/9326

    - J sei, uma pra mim, uma pra ......

    E o tonto falou:

    - No, uma pra mim e pra todo mundo aqui. Pra voc no, porque voc fica

    muito violento quando bebe.

    Outro dia eu e esse meu amigo vnhamos caminhando pela linha do trem

    depois de muita manguaa.

    A ele disse:

    - Ei compadre! Essa escada rolante no acaba nunca!

    E eu respondi:

    - Isso no nada! O pior que o homem que a construiu deixou o corrimo

    muito baixo.

    Esse amigo me props certa vez:

    - Que tal irmos para uma casa de shows, daquelas s pra maiores?

    - Boa ideia- respondi.

    Mas o meu amigo caiu de cara no cho de to bbado.

    Ao ver o seu lamentvel estado, conclui que ele jamais teria foras para fazer

    sexo com uma mulher e decidi lev-lo para sua casa.

    Ao bater porta, fomos atendidos por uma senhora mal-encarada.

    - Que prostituta mais feia! ele comentou.

    - Essa a sua sogra eu respondi.

    Ele arregalou os olhos e disse:- Aaaahh !!! Ento eu vou pegar s por considerao!

    Era gente muito boa esse meu amigo. Pena que j morreu! No dia do velrio

    eu falei pra patroa dele:

    - Ele era to bom... Uma pessoa maravilhosa...

    E ela me perguntou:- O senhor conhecia meu marido?

    E eu disse:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - No s conhecia, como fui a ltima pessoa com quem ele conversou!

    A viva, espantada, perguntou com os olhos cheios de lgrimas:

    - E quais foram suas ltimas palavras?

    - No mexe no andaime, seno eu caio !!!!!! respondi.

    Outros dois amigos bbados olharam pro caixo e um deles comentou:

    - Puxa, voc viu a cara dele? Est com uma aparncia horrvel!

    - Tambm pudera!- disse o outro. J faz meio dia que ele no bebe!

    Ento, um desses dois bbados reclamou:

    - Onde que t a pinga?

    E o outro disse:

    - Aqui no tem pinga. um velrio!

    E ele disse:

    - Como no tem pinga! Eu no vou ficar nesse velrio sem pinga! Vamos l

    gente fina, d um real, d cinquenta centavos !!!

    Todos foram contribuindo. A viva teve pena do bbado, botou a mo na

    sacola e tirou um real. O bbado disse:

    - A senhora no precisa contribuir. A senhora j entrou com o defunto !!!

    Terminado o velrio, os agentes da funerria comearam a fechar o caixo.

    Desesperada, a viva se atirou sobre o corpo do marido e comeou a

    soluar:- Ai, meu querido! Eles vo te levar para onde no h luz, no h comida,

    no h gua, no h nada.

    Naquele momento, um outro bbado amigo nosso resmungou:

    - No que vo levar esse desgraado pra minha casa!!

    No enterro, todos os amigos estavam lamentando a morte dele, quando umteve uma brilhante ideia:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Deveramos abrir um bar neste cemitrio. S assim poderamos nos

    despedir dos amigos como se deve!

    Um sbrio que estava presente perguntou:

    - E como se chamaria o bar?

    E o bebum respondeu:

    - A Saideira!

    Depois desses pensamentos todos sobre meu amigo, percebi minha esposa

    me olhando indignada e dizendo que ia fazer um caf pro nosso menino mais

    novo.

    Esse nosso filho, quando era pequeno, mijava na cama. Uma vizinha

    ensinou uma simpatia pra minha patroa:

    Coloque uma medalhinha no pnis do guri que tiro e queda. Nunca mais

    ele mija na cama.

    A mulher, mais do que ligeiro, achou uma medalhinha. Fez a simpatia e

    pronto, o guri no mijou mais na cama.

    Um dia, cheguei tarde, podre de bbado e acabei mijando na cama.

    A minha patroa, louca da vida, lembrou da simpatia e procurou uma

    medalhinha para usar em mim. Como no encontrou, pegou uma medalha

    que eu ganhei em um concurso de chope em metro e amarrou no meu

    instrumento.

    Quando eu acordei, fiquei olhando intrigado para aquele negcio. Minhamulher entrou no quarto muito louca e perguntou:

    - Seu canalha, onde voc andou a noite toda? Safado!

    E eu, olhando para aquela medalha pendurada, respondi:

    - Olha mulher, onde eu andei eu no sei. S sei que eu tirei o 1 lugar em

    alguma coisa!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Por falar em filho, quando minha patroa estava grvida, inventou certa noite

    que queria comer caranguejo. Disse que, se no comece, o nosso menino

    nasceria com a cara do crustceo em questo.

    L fui atrs de caranguejo, s dez horas da noite. Encontrei o produto

    solicitado em uma lanchonete no muito longe de casa. Porm, l tambm

    estavam alguns amigos de cachaada e resolvi tomar umas com eles.

    Quando me dei conta eram cinco horas da manh.

    Fui correndo pra casa e, ao chegar perto da nossa residncia, joguei os

    bichinhos na escada da porta da frente. Quando minha esposa abriu a porta

    eu comecei a empurrar os caranguejos escada acima e falava:

    - Vamos bichinhos! Vamos bichinhos! Vamos que a gente t quase

    chegando!

    J era noite de tera-feira. Cheguei em casa, comi alguma coisa, tomei uma

    mercedinha e fui no bar conversar com uns amigos. Logo depois, a mulher

    mandou o nosso filho me buscar no boteco.

    -Pai! A me mandou te chamar, porque voc j deve estar bbado.

    Irritado com o comentrio eu disse:

    -Bbado? Eu? Toma jeito guri! Olha l na porta do bar aquele cachorro que

    t entrando. Se eu estivesse bbado, ia ver um bicho de quatro olhos. E eu

    tenho certeza que s estou vendo os dois!

    Ento o garoto respondeu:

    -Mas pai, aquele cachorro no t entrando, t saindo.

    Depois dessa, tive que ir embora. Chegando em casa a patroa me disse que

    eu ainda precisava encontrar um supermercado aberto para comprar uns

    mantimentos.

    Encontrei. Na fila do caixa, fiquei examinando os produtos que uma mulher

    comprou:2 caixas de leite desnatado

    1 dzia de ovos

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    1 litro de suco de laranja

    1 alface

    1 kg de caf

    1 pacote de bolacha.

    Enquanto o caixa registrava as compras da moa, eu disse a ela:

    - Voc deve ser solteira.

    A mulher ficou espantada com o que eu disse. Estava intrigada com a minha

    intuio, j que, de fato, era solteira. Ela olhou os seis itens sobre a esteira e

    nada viu de particular, em sua seleo, que pudesse me sugerir seu estado

    civil.

    Ento, ela disse, curiosa:

    - O senhor est absolutamente correto. Mas como conseguiu descobrir isso?

    A eu respondi:

    - porque voc feia pra diabo!

    Voltei, entreguei as compras pra esposa e estava indo pro boteco outra vez,

    quando escutei a conversa de duas senhoras que iam na minha frente:

    - Meu marido no anda mais bebendo!

    A outra disse:

    - Que maravilha, transmita-lhe meus parabns!

    E ela perguntou:

    - Parabns? Por qu?

    - U! Ele no parou de beber? disse a amiga.E a outra resmungou:

    - No, agora ele s bebe sentado!

    Quando estava perto do boteco encontrei dois amigos meus, bebendo perto

    de um morro. Fiquei ali com eles. A cachaa acabou, a gente fez uma

    vaquinha e eu subi o morro para comprar mais cachaa no barzinho.Comprei a canha e coloquei a garrafa no bolso traseiro da cala.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Na hora de descer o morro, escorreguei e fui rolando, at l em baixo.

    Quando parei, senti aquele frio na bunda e desesperado eu disse:

    - DEUS QUEIRA QUE SEJA SANGUE!

    Infelizmente no era.

    J sem cachaa e sem dinheiro pra comprar mais, eu e um dos bebuns que

    estavam l fomos pra casa. Ele me perguntou:

    - Onde que voc mora?

    - Eu moro aqui na rua do lado...

    - Poxa! Eu tambm...

    - Minha casa a da esquina.

    - Poxa! A minha tambm!

    - A minha aquela verde. Nmero dezessete.

    - Opa! Mas essa a minha casa, p!

    - No senhor! a minha!

    Pra resolver a questo, fomos os dois na direo da tal casa. O outro bebum

    disse:

    - aqui que eu moro!

    - Sem chances! Quem mora aqui sou eu!

    - Seu bbado burro! Se eu t falando que moro aqui porque moro mesmo!

    - De jeito nenhum! T me chamando de mentiroso?

    - T sim, essa casa minha!

    - No, minha!E fomos pro soco, nos rolamos na calada na maior luta, at que a porta da

    casa se abriu. Uma senhora apareceu doida da vida e gritou:

    - Que lindo, n?! Pai e filho bbados, discutindo no porto!

    S de castigo a patroa no me deixou entrar em casa e acabei dormindo no

    cho, na calada de um beco. Acabaram me roubando o relgio.No dia seguinte, estava andando pela rua, vi um cara usando o meu relgio e

    me aproximei dele dizendo:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Hei cara, esse relgio meu!

    E ele falou:

    - Que seu, que nada. Esse relgio eu peguei de um bbado que eu comi

    ontem l no beco.

    A eu disse:

    -Tem razo, no meu mesmo. Mas que parece, parece!!!!

    J era noite de quarta-feira. Meio entediado fui no bar, conversar e beber

    umas. Olhei pra rua e estava passando uma procisso. Fui at a porta do

    boteco e gritei:

    - OLHA A MANGUEIRA AI GENTE !!!!

    O pessoal caiu de porrada encima de mim dizendo:

    - No respeita a santa?

    A procisso continuou. Chegando na curva da rua, a procisso esbarrou

    numa mangueira dgua esticada no cho e deixaram a santa cair.

    A eu dei risada e gritei:

    - EU NO FALEI??

    O pior que naquele dia tinha um outro bbado, dormindo numa mesa do

    bar. De vinte em vinte minutos o dono do bar chegava no tonto, dava uma

    chacoalhada no infeliz e gritava:

    - ACORDAAA!

    Depois da terceira ou quarta vez, eu no agentei e chamei o dono:- Que sacanagem essa? Por que voc t acordando o cara de vez em

    quando e depois deixa ele continuar dormindo na mesa?

    O dono respondeu:

    - No nada pessoal, no. que o cara, apesar de ser chato, paga a conta

    toda vez que eu o acordo...

    Coitado do cara. De repente, ele acordou. Veio conversar comigo e falou:

    - Perdi minha mulher por causa da bebida!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Curioso eu perguntei:

    - Ela te largou?

    - No, foi atropelada por um caminho que transportava cachaa! ele

    disse.

    Um terceiro bebum, que andava por l, se aproximou e disse pra esse

    bbado:

    - Ento, que bom! Voc ficou vivo.

    E eu perguntei:

    - E voc casado?

    Ele disse:

    - Vivo. Vivo trs vezes.

    Perguntei:

    - De que morreu tua primeira mulher?

    - Tomou um copo de formicida - ele disse.

    Solidrio eu disse:

    - Que coisa triste. E a segunda?

    - Tomou um copo de formicida repetiu o homem.

    - Putz! E a terceira? De que ela morreu? perguntei.

    E ele respondeu:

    - Caiu do quinto andar... No quis tomar o copo de formicida!

    Ento ele perguntou:- E voc casado?

    - Sou sim respondi.

    E ele me indagou:

    - E como tua sogra.

    - um anjo.Respondi s de sacanagem.

    E ele falou:- Voc tem sorte, a minha ainda t viva.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    L apareceu tambm um outro bebum, que j havia entrado no bar pela

    dcima vez no dia e pedido uma cachaa. O dono, j no agentando mais,

    porm no podendo perder a freguesia, pegou o primeiro copo que viu e foi

    servir o tonto.

    Assim que comeou a despejar a caninha, percebeu que no copo tinha uma

    barata. No se importou e mandou ver.

    O sujeito pegou o copo e tomou a bebida de uma vez.

    A cana ainda estava descendo pela goela e ele percebeu alguma coisa

    diferente na boca. Deu uma parada, uma mordida, sentiu o gostinho meio

    amargo e engoliu tudo de vez.

    Depois que fez a cara feia, virou pro dono do bar e gritou:

    - Bota outra aeh!... E capricha na azeitona desta vez, viu !?

    Vendo aquilo, eu resolvi fazer uma experincia cientfica. Pedi pro dono do

    bar:

    - Coloca a dez pingas pra mim!

    O dono obedeceu e colocou dez pingas. Eu bebi todas. Pedi outra vez:

    - Coloca agora cinco pingas!

    O dono serviu. Eu bebi todas e disse:

    - Agora coloca s trs, viu?

    Bebi as trs num gole s, fiz aquela careta tpica de pingaiada e pedi:

    - ZZZZZZs uma agora! ZZZZZZs maisss uma!

    Bebi aquela, dei uma cambaleada e conclui:Eu num to enZenZendo... Quanto menossss eu bebo, maisss eu fico tonto!

    Em seguida, entraram no bar duas gmeas idnticas. Espantado, comentei:

    - Ih! Acho que bebi demais!

    As garotas simpaticamente respondem:

    - No! Ns somos gmeas!E eu perguntei:

    - As quatro?!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    S pra no perder a oportunidade eu falei:

    - Se eu um dia tiver filhas gmeas, uma vou chamar de gua e a outra de

    Ardente.

    Depois comecei a conversar com o barman:

    - Rapaz, quer apostar comigo R$ 100,00 como acerto uma mijada naquele

    copo bem ali, sem nem me mexer. Daqui mesmo tiro o pinto pra fora e encho

    aquele copo sem pingar nada no cho.

    O barman falou:

    - Quer me dizer que voc, daqui desse lugar, sem andar nem um passo pra

    frente, consegue mijar direto naquele copo, sem espirrar nenhum pingo para

    fora? E ainda me d os R$ 100,00 se perder?

    Eu respondi:

    - Exatamente!

    O garom topou a aposta e disse:

    - Mas s aceito se voc me deixar segurar os R$ 100,00 agora, pois se no

    conseguir, sei que voc vai tentar fugir.

    - Certo. Toma aqui! Posso comear?

    - Pode - ele disse.

    Tirei o pinto pra fora das calas, fiz uma pontaria de bbado e pisssssssss.

    Joguei mijo pra todo lado, no cho, no balco, no barman, enfim, em todos

    os lugares, menos no copo.O barman delirou. Comeou a rir e me chamar de idiota. Chamou-me de

    porcalho e mandou ir embora dali.

    Eu disse:

    - T certo, mas primeiro deixa eu ir ali falar com aquele pessoa na mesa do

    cantol.

    Fui falar com uns cinco caras em uma mesa. Logo depois, peguei um pacotee me afastei da mesa todo contente.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    O barman ficou intrigado e, quando o pessoal estava saindo, chamou um

    deles e perguntou:

    - Ei, o que aquele bbado queria com vocs?

    O homem respondeu:

    - que ele tinha feito uma aposta de R$ 200,00 com cada um de ns, que

    mijaria no seu bar inteiro, no cho, no balco e at em sua cara. Voc no

    iria fazer nada com ele e no final ainda ia ficar rindo.

    Antes de ir embora eu pedi um mao de cigarros.

    Estava escrito na lateral: O MINISTRIO DA SADE ADVERTE: Cigarro

    pode Causar impotncia sexual. Assustado, eu gritei pro garom:

    - NO. Esse aqui no!!! Me d aquele que s causa cncer.

    Sa na calada e perguntei a um sujeito:

    - Que horas so?

    Ele respondeu:

    - Trs e meia.

    Da eu pensei:

    Que coisa estranha. Cada vez que eu fao essa pergunta algum me d

    uma resposta diferente.

    No caminho pra casa, resolvi aprontar uma pra um morador chato, de uma

    rua prxima da minha. No gosto muito daquele sujeito.Comecei a bater palmas na frente de sua casa. O homem levantou da cama

    e pela janela perguntou:

    - O que voc quer? Onde voc est?

    Eu respondi:

    - Ol, eu sei que tarde, mas preciso que algum me empurre e sua casa

    a nica nesta regio. Voc precisa me empurrar!Louco da vida, o recm-acordado replica:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Eu no te conheo, so quatro horas da manh e me pede para te ajudar?

    Aaahhh... V te catar!

    E ele voltou pra cama. Sua mulher, que tambm acordou, no gostou da

    atitude do marido:

    - Voc exagerou. Voc j ficou sem bateria antes! Voc bem que poderia

    ajudar esse cara.

    - Mas ele est bbado- desculpa-se o marido.

    - Mais um motivo pra ajud-lo! - insiste a mulher - Ele no vai conseguir

    sozinho. Voc que sempre foi to prestativo...

    Tomado por remorsos, o marido se veste e vai para a rua. Ao me procurar

    ele diz:

    - Hei, cara, vou te ajudar! Vou empurrar! Onde que voc est?

    E eu gritei:

    - Aqui!!! No balano do jardim!...

    Sa correndo pra no levar uma surra do cara! Hehehehehe!

    Para minha felicidade um boteco do qual no gosto muito, l perto da minha

    casa, estava aberto. Pra no ficar na secura, parei pra tomar mais uma.

    Houve uma confuso l e fui parar na delegacia.

    O delegado comeou a me interrogar:

    - Quer dizer que o senhor estava envolvido na briga desses pilantras?

    E eu disse:- Quem? Eu? De jeito nenhum, doutor delegado. Eu sou da paz!

    E ele me interrogou:

    - Ento por que os policiais trouxeram o senhor pra c?

    - Eles no me trouxeram no! Fui eu quem quis vir respondi.

    - No entendi! disse o homem da lei.

    Ento eu expliquei:- Tava a maior briga no bar! A encostou o camburo e um policial gritou:

    " CANA PRA TODO MUNDO!".A eu falei:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    -T dentro!

    O delegado me deu um sermo e disse que devia cuidar pra no ficar to

    bbado. Contou que ele mesmo tambm tomava umas e outras, mas quando

    percebia que estava ficando ruim, parava de beber e ia pra casa. Ento ele

    perguntou:

    - O senhor consegue perceber quando est ficando bbado?

    Eu respondi:

    - Olha doutor, na verdade o meu problema no perceber quando estou

    ficando bbado, mas sentir quando estou ficando bom. Me d um mal estar

    danado! Mas, respondendo a sua pergunta: sim senhor! Eu percebo que

    estou bbado quando no consigo mais argumentar nem com objetos

    inanimados, quando o mdico encontra sinais de sangue na bebida que

    corre pelas minhas veias, quando os mosquitos ficam chapados depois de

    me picarem, ou quando meus amigos pedem para eu assoprar no isqueiro

    deles porque o gs acabou.

    O homem da lei acabou ficando meu amigo. Agora estou podendo!

    Ento eu contei pra ele daquela vez que eu fui viajar para Itu, em So Paulo.

    Caraca! Tudo grande naquela cidade!

    Entrei no hotel, tive curiosidade em conhecer o bar do estabelecimento. Pedi

    uma dose pequena de pinga e o garom me trouxe um copo cheio, que mais

    parecia um balde. Bebi tudo rapidinho, pois estava apertado pra fazer xixi.Apesar de ter intimidade com a marvada pinga, todo aquele volume de canha

    me deixou meio tonto.

    Pedi para o garom me ensinar o caminho at o banheiro e ele disse que era

    s entrar na primeira porta direita. Na condio que eu estava, acabei

    entrando esquerda e cai na piscina.

    Desesperado, comecei a gritar:- PELO AMOR DE DEUS!!! NINGUM PUXA A DESCARGA AGORA!!!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Ento o delegado comeou a filosofar. Puxou uma garrafinha de usque que

    levava no bolso, tomou um gole e deixou eu dar uma beiada tambm. Entre

    conversas sobre crimes, pecados, prises e liberdade, ele me disse:

    - Sabe Juca. O homem foi expulso do paraso porque pecou. O pecado foi

    uma inveno do homem, pois ao comer a ma proibida ele passou a

    perceber a diferena entre o bem e o mal, o certo e o errado. At ento o

    paraso estava livre destes problemas. Ao ser expulso do den o homem

    caiu em uma espcie de priso, pois passou a ser escravo do trabalho e de

    outras coisas e comeou a ter que decidir entre agir de uma forma ou de

    outra. Acontece que a porta de entrada da priso tambm a porta de sada.

    Se foi pelo pecado que o homem entrou na priso e saiu do paraso, s

    retornar e se libertar fazendo o caminho de volta. Logo, se foi pelo pecado

    que ele caiu na priso, ser pelo pecado que ele sair. Ento, Juca, s o

    pecado liberta. E se beber pecado, vamos tomar mais um gole pra nos

    sentirmos mais livres.

    O delegado me liberou (depois de se liberar). Fui pra casa, dormi e sonhei

    que tinha morrido. Tudo aconteceu assim:

    Eu estava conversando com um sujeito vestido todo de azul, com uma capa

    vermelha, bbado que s ele, em cima de um prdio em que eu estava

    trabalhando. Ele falou para mim:

    - Voc duvida que consigo pular daqui de cima, fazer um oito no ar e pousar

    l embaixo?- Duvido! Voc vai se quebrar todo!!! eu duvidei.

    A o bbado azulo pulou, fez um oito no ar e pousou so e salvo.

    Ento eu pensei: Se ele que t mais bbado que eu consegue, tambm

    consigo!!

    Pulei, no consegui fazer o oito e me espatifei no cho. S me lembro que o

    mestre de obras chegou e disse:- P, a! O Superman quando t bbado s faz merda!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    40/9340

    Outro sonho que tive foi que eu era um playboy e estava em um cruzeiro

    pelo mundo.

    O barco afundou. Depois de nadar muito, cheguei em uma ilhazinha deserta.

    Logo encontrei uma garrafinha e fui abrindo atrs de canha. Mas ao invs de

    cachaa, l dentro havia um gnio. Ele saiu da garrafa e disse:

    - Tens direito a trs desejos, meu amo.

    Eu pedi na hora, correndo:

    - Quero uma garrafa de cachaa, que nunca esvazie!!!

    O gnio disse assim:

    - Seu desejo uma ordem! - e apareceu a garrafa.

    Eu no acreditei e comecei a beber para ver se era verdade. Por mais que

    eu bebesse, a garrafa continuava cheia.

    - Putz! No acredito! verdade mesmo.E continuei bebendo.

    O gnio j cansado de esperar, disse zangado:

    - Faa logo seus outros dois pedidos, para que eu possa ser livre!!!

    Eu no tive dvida e pedi:

    - Ento me v mais duas iguais a essa, que da boa...

    Tambm nunca vou esquecer daquela vez em que eu sonhei que tinha

    morrido, mas quando cheguei no cu o anjo me disse que havia um engano.

    Ainda no era minha hora. Pra voltar e terminar minha misso na terra, eu

    poderia escolher entre encarnar no corpo de uma cadela, de uma porca ou

    de uma pata.Sem pensar muito, achei que a melhor opo seria voltar no corpo de uma

    pata. S quando j estava de volta na terra que lembrei que patas pem

    ovos.

    Suei frio. No demorou e o meu organismo comeo a querer pr os ovos pra

    fora. Segurei o mximo que pude, com medo da dor que poderia sentir ao

    expelir aqueles negcios.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Mas, pra minha surpresa, tive uma sensao agradvel, de alvio, quando o

    primeiro ovo saiu. Foi to bom que comecei a fazer fora, pra ver se saia

    mais um. Fui interrompido por uma voz que vinha l do fundo e me dizia:

    - Juca! Juca seu desgraado! Acorda, sai desse sof e vai pro banheiro.

    Voc est fazendo coc nas calas!!!

    Quinta-feira. Fui convidado para uma reunio com a galera e disse pra minha

    mulher que estaria de volta cedo.

    Prometi! Mas as horas passaram rpido: o assunto rendendo, o som legal, a

    mesa de sinuca liberada e as bebidas rolando soltas. Por volta das trs da

    manh, bbado feito um gamb, nem sei como, fui pra casa.

    Mal entrei e fechei a porta, o relgio cuco disparou e cantou trs vezes.

    Rapidamente, percebendo que a patroa poderia acordar, eu fiz cuco mais

    nove vezes, pois assim ela pensaria que era s meia noite.

    Fiquei realmente orgulhoso de mim mesmo por ter uma ideia to brilhante e

    rpida, para evitar um possvel conflito com a esposa.

    Na manh seguinte, ela perguntou a que horas eu havia chegado e eu disse

    a ela:

    - Meia noite.

    Ela no pareceu nem um pouquinho desconfiada. Ufa!! Daquela eu tinha

    escapado! Ento, ela disse:

    - Ns precisamos de um novo relgio cuco.

    Quando eu perguntei por que, ela respondeu:- Bom, esta noite nosso relgio fez cuco trs vezes. Ento disse: PUTZ!!!.

    Fez cuco mais quatro vezes, riu , cantou mais trs vezes, riu de novo,

    cantou mais duas vezes, tropeou no gato, chutou a mesinha da sala,

    arrotou forte e deu uma vomitada no tapete.

    Cheguei tarde em casa na sexta-feira tambm e bati na porta:- Mulher, abra essa porta!

    - No abro! ele respondeu

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    42/9342

    E eu continuei:

    - Abra esta porta!

    Ela insistiu:

    - No.

    - Te dou uma rosa!- arrisquei

    Ento eu recitei um versinho e disse:

    - Uma linda rosa para uma linda mulher!

    A mulher abriu a porta sorridente e olhou nas minhas mos:

    - Cad a rosa?

    E eu:

    - Cad a linda mulher?

    Furiosa ela pegou o relgio de parede, colocou bem pertinho da minha cara

    e gritou:

    - BONITO N! CINCO E QUARENTA E CINCO!

    Eu respondi:

    - Tem razo, bonito mesmo! E pode comprar mais um que t barato!

    Pior mesmo foi na noite de sbado pra domingo, quando eu cheguei s seis

    e meia da manh.

    Com medo que minha mulher acordasse e brigasse comigo, entrei no quarto

    de r. Se ela acordasse, eu diria que j havia me levantado, vestido a roupa

    e estava pronto pra ir missa.Fui de p em p, bem quietinho. Consegui sentar na cama e j estava

    vestindo o pijama quando ela acordou.

    Me assustei. Comecei a me recompor e vestir as roupas que encontrava pela

    frente.

    Minha mulher me olhou assustada e perguntou:

    - Aonde voc vai, Superman?No entendi e perguntei, at meio orgulhoso:

    - Por que me chamou de Superman?

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    43/9343

    E ela me detonou:

    - Porque o nico cara que eu conheo que usa uma cueca vermelha por

    cima da cala.

    Bom. J que ela acordou, s me restava mesmo ir missa. Chegando l,

    meio confuso, agarrei o sacristo pelo brao e pedi:

    - Me v uma pinga!

    - Aqui no vendemos pinga, meu senhor respondeu o homem.

    - Ento, me d um conhaque supliquei.

    E ele disse:

    - Tambm no temos conhaque.

    Ento, desesperado por um gole, perguntei:

    - Como no tem? Afinal, que tipo de bar esse?

    E ele:

    - Isso aqui no um bar, uma igreja! Um templo de santos!

    Da pedi:

    - Ah.... Ento me d um San Raphael!

    Sentei-me e comecei a ouvir o sermo do padre, que falava dos males do

    alcoolismo. De repente ele disse:

    - Quem costuma beber cachaa todos os dias fique de p agora!

    Levantei, olhei ao redor e falei:

    - S ns dois ento, n seu padre!!

    A missa seguiu. Mais tarde entrou uma moa que escorregou e caiu, com o

    vestido levantado. O padre sentenciou:

    - Irmos, aquele que olhar ficar cego!

    Todos esconderam o rosto, mas eu tirei uma das mos e disse:

    - Vou arriscar s um olho...

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Na seqncia o sacerdote veio de fila em fila, perguntando a alguns fiis

    qual era o santo de sua devoo. O desgraado no podia deixar de me

    importunar e veio perguntar qual era o santo a quem eu era devoto. Eu

    respondi:

    - Neste exato momento, eu queria mesmo era ter pra mim um So Duche,

    que eu t com bastante fome e um So Risal, porque t me dando uma

    gastura danada.

    No demorou, passou a imagem de so Benedito com uma bandeja

    recheada de dinheiro. Peguei uma nota e falei pro santo:

    - Empresta ai, amigo! Depois te pago.

    Quando dei por mim, o padre estava l na frente levantando uma taa. Eu j

    doido por uma beiada de canha pedi:

    - Pra mim pode ser uma dose dupla!!

    Um padre que estava dentro de uma casinha, no canto da igreja, ps a

    cabea pra fora, querendo saber o que estava acontecendo, e eu completei:

    - E pra aquele que est ali cagando, pode trazer uma cerveja que eu pago.

    O padre ento comeou a falar da vez em que Jesus perdoou Maria

    Madalena. Para dramatizar seu sermo, ele pediu que uma das fiis

    presentes fosse para o altar. Ento, ps a mo do ombro da moa e disse:

    - Quem nunca errou, atire a primeira pedra!Como eu no suporto ser desafiado, levantei. No tinha nenhuma pedra por

    ali, por isso mandei o livrinho de cantos na cabea da coitada.

    O padre, assustado, perguntou:

    - Juca! Voc nunca errou??

    Fui sincero:

    - Dessa distncia nunca seu padre...

    Ento o padre me perguntou:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    45/9345

    - Por que voc bebe ?

    - Para afogar as minhas magoas ! eu disse.

    - E isso resolve ? perguntou o homem.

    E eu respondi:

    - No, elas j aprenderam a nadar !!

    E ele continuou:

    - Voc sabia que pinga veneno?

    Eu respondi:

    - Bobagem! A gua j matou muito mais gente!

    Assustado ele disse:

    - O qu! Ficou maluco?

    E eu expliquei:

    - No, quantas pessoas morreram no dilvio?

    Na hora da distribuio da Santa Hstia, entrei no ltimo lugar da fila. O

    padre estava distribuindo e falando:

    - O Corpo de Cristo, o Corpo de Cristo...

    Quando chegou a minha vez, o padre olhou no clice, viu que tinha acabado

    a Santa Hstia e pensou: Este bbado vai me encher a pacincia.

    Ento ele lembrou que tinha um chiclete em seu bolso, descascou rapidinho

    debaixo da mesa e ps na minha boca.

    Sentei. Estava l mascando o chiclete. Observei que ningum mastigavanada e perguntei para um fiel que estava do meu lado:

    - h! O que esse negcio que o padre deu pra ns?

    E o fiel falou:

    - o corpo de Cristo!

    Ento eu disse:

    - Ah! T explicado. Eu era o ltimo da fila. Quando cheguei l s me restou apele do calcanhar!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Falando em igreja, me lembrei do dia em que entrei em um nibus e

    encontrei uma freirinha. Cozido da cachaa, no me contive e comecei a

    fazer elogios ao corpo escultural da freira:

    - Freira gostosa, cheirosa, teux crno shows. Vou te fazer mulher. Voc vai

    esquecer a religio depois que me conhecer. Me chama de silicone e diz que

    eu preencho um vazio no teu peito. Me chama de Receita Federal e te

    declara pra mim...

    A freira se manteve indiferente durante toda a viajem. Quando ela desceu, o

    trocador, que observou aquela situao, me disse:

    - Ficou interessado na freira? Mulhero n? Eu tambm j fiquei apaixonado.

    Se quiser alguma coisa, ela desce aqui todos os dias, s 19:00 horas e vai

    para frente do cemitrio, esperar que Jesus se revele a ela.

    No dia seguinte no pensei duas vezes. Vesti-me a carter e fui para frente

    do cemitrio, s 19:00 horas. Chegando l, a freirinha j estava esperando

    Jesus.

    Aproximei-me e me identifiquei:

    - Freirinha, seus dias de espera terminaram. Estou aqui para purific-la de

    seus pecados.

    Emocionada ela diz:

    - No acredito. Depois de tanto tempo me resguardando para voc,

    finalmente me aparece. Mas como vou saber que voc mesmo?

    Maliciosamente respondi:

    - Voc se lembra daquele bbado, que ontem lhe importunava no nibus?Pois , fui eu quem evitou que ele lhe fizesse mal.

    A freirinha no se conteve de emoo. Declarou seu amor ao 'Jesus' e se

    entregou.

    E eu, cheio de mim, fiz a festa. Entrelaamos-nos por duas horas.

    Quando terminei no me aguentava de rir:

    - Freirinha burra. Voc muito inocente. Voc se lembra do bbado deontem noite? Pois . Sou eu. Fiquei te esperando vestido de Jesus e voc

    acreditou.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    47/9347

    A freirinha, emendando a minha risada, respondeu:

    - Burro voc. Eu no sou freira. Eu sou o trocador do nibus.

    No final da missa o padre convidou pra quermesse da prxima semana.

    Ento eu me lembrei da ltima que eu participei, quando fui at uma senhora

    de preto e perguntei:

    - A madame me d o prazer desta dana?

    - No! ela respondeu.

    - Mas por que no? insisti.

    - Primeiro, porque o senhor est bbado; segundo, porque no se dana o

    Hino Nacional; e terceiro, porque eu no sou mulher, eu sou o vigrio da

    parquia.

    Lembro tambm que, no tendo sucesso na dana com o vigrio, vi que

    restava uma nica mulher do estabelecimento, sentada, tomando um

    refrigerante.

    Fui at l, pus a mo sobre a perna dela e comecei a abra-la.

    Imediatamente a mulher virou um tapa na minha cara.

    Assustado, me defendi:

    - Desculpe, moa! Eu pensei que fosse a minha mulher! Voc igualzinha a

    minha mulher!

    Irritada ela xingou:

    - Sai daqui, seu bbado! Vagabundo, desgraado!Ento me defendi:

    - T vendo? Voc tambm fala igualzinho a ela!

    Aproveitando o ensejo pra me fazer uma reprimenda ela disse:

    - O senhor sabia que o Brasil o segundo pais do mundo em consumo de

    lcool?Eu respondi:

    - culpa desses padres.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Ela no concordou:

    - Como assim, culpa dos padres? Os coitados bebem apenas um pouco de

    vinho!

    Ento expliquei:

    - Pois , se eles bebessem um pouquinho mais, ns estaramos em primeiro.

    Acabou a reza. Eu estava apertado e entrei na casinha que havia no canto

    da igreja.

    Tava sentado l, quieto. O padre que ps a cabea pra fora antes ainda

    estava l tambm (o homem devia estar com dor de barriga), do outro lado

    da parede, que por acaso era cheia de furinhos. O padre comeou a tossir

    discretamente, para chamar a minha ateno.

    De repente, ele parou de tossir e resolveu bater trs vezes na parede de

    madeira que nos separava. Ento eu falei:

    - , cidado! No adianta bater! Aqui tambm no tem papel!!!!

    J que l no deu pra me aliviar naquele lugar, sai da igreja e entrei no

    banheiro pblico, com uma vontade doida de mijar. Fui abrindo a cala e no

    percebi que segurei o cinto, em vez do pinto.

    Mijei, mijei e da que percebi:

    - Putz, me molhei todo!!!!!!

    O outro bbado que estava ao meu lado, vendo a cena, disse:

    - Tambm, seu pinto t todo cheio de furinhos.

    De repente, ouvi uma senhora de idade pedindo ajuda no banheiro feminino.

    Ela me disse:

    - Socorro! Me ajuda! Dois moleques roubaram a minha roupa, trancaram a

    porta do banheiro e jogaram a chave fora. Arruma alguma coisa para eu

    cobrir as minhas partes ntimas e chama algum pra arrombar a porta.A nica coisa que encontrei por ali foi um capacete de motoqueiro. Fechei a

    viseira e entreguei pela janela, pra velha cobrir as partes.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    O bombeiro foi chamado, conseguiu abrir a porta e, ao ver a mulher se

    cobrindo com o capacete, falou:

    - Bom! A mulher foi fcil de resgatar. Mas o motoqueiro eu acho que j era!

    Quando sa do banheiro vi dois tontos conversando perto do salo da igreja:

    - Escuta, que festa foi aquela que teve aqui ontem?

    - Ah, foi um casamento...

    - Que bom! E os noivos, esto bem?

    - O noivo est no cemitrio, e a noiva no hospital.

    - Que horror! O que houve? Muita bebida, acidente?

    - No. O noivo coveiro e a noiva, enfermeira.

    J voltando pra casa vi um amontoado de gente bem vestida na beira do rio.

    Dentro da gua estava um homem de terno a quem todos chamavam de

    pastor. De vez enquanto entrava algum com o pastor na gua, ele afundava

    a cabea do cidado dentro do rio e perguntava:

    - Viste Jesus irmo?

    Todo mundo respondia:

    - Siiiimmm!

    Curioso que sou, desci l, entrei na gua e encarei o tal pastor.

    Sem me dizer nada ele me agarrou pelo pescoo, afundou minha cabea na

    gua, quase me afogou e quando eu consegui levantar ele perguntou:

    - Viste Jesus, irmo?Eu, que no gosto de mentir, respondi:

    - Nooo!

    Sem que eu pudesse dizer mais nada o desgraado afundou a minha cabea

    na gua outra vez e quando eu levantei ele insistiu:

    Viste Jesus irmo!!??

    Eu que estava tentando tomar flego nem consegui falar nada e s balanceia cabea. O maluco pegou e tentou me afogar mais uma vez. Me segurou l

    embaixo um tempo. Quando eu tirei a cabea da gua ele perguntou:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - E agora, viste Jesus irmo??!!!

    Antes que ele me afogasse outra vez eu dei um safano no cara e gritei:

    - NO VI NO!! TEM CERTEZA QUE FOI AQUI QUE ELE CAIU????

    No demorou, aquele pastor se ps a falar e o povo que estava perto dele

    comeou numa gritaria s. Fiquei assustado e perguntei pra uma senhora o

    que estava acontecendo. Ela me respondeu:

    - o Senhor operando!

    Arregalei os olhos e disse:

    - U! Mas ento ele deve ter esquecido de dar a anestesia!

    Chegando em casa, a patroa convidou pra irmos almoar na residncia da

    minha cunhada. Chegamos no prdio pra onde a patroa achava que a

    mulher tinha mudado, mas eu no tinha certeza que era ali e no lembrava o

    nmero do apartamento. Vi um sujeito numa sacada l no alto e perguntei:

    - Oh!! Eih!!! A Maria mora aqui?

    O cara perguntou:

    - Qual o andar dela?

    Eu respondi:

    - Ah! Ela meio manca da perna esquerda!

    Sem sabermos se era ali que ela morava, entramos e fomos para o elevador.

    Um cidado que apertava uns botes na parede perguntou:- Qual o nmero senhor?

    Eu respondi:

    - Tanto faz, eu nem sei se t no prdio certo mesmo!

    O elevador estava subindo. Eu estava com uma barulheira danada na barriga

    e de repente soltei um pum. O homem que estava do meu lado reclamou:- Oh cara! Para de peidar, ainda mais em um lugar fechado como este.

    Olhei para ele e disse:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Oh compadre! Garanto que voc no segura um peido.

    - claro que seguro- Respondeu o camarada.

    - Ento segura esse!!!- E mandei mais um bem caprichado!!

    O homem azulou de raiva e reclamou outra vez:

    - Voc no tem vergonha de peidar na frente da minha esposa e da sua?

    Como eu sou educado, respondi:

    - Desculpe!! Eu no sabia que era a vez delas!

    Chegamos no apartamento da chata da minha cunhada. Ela, que no pode

    me ver sossegado bebendo uma, repetiu a velha pergunta:

    - Por que voc bebe?

    Respirei fundo, refleti um pouco e respondi:

    1 Na verdade eu bebo pouco. S que quando eu bebo me transformo em

    outra pessoa e essa pessoa bebe pra caramba!

    2 Mas enfim, bebo porque lquido. Se fosse slido eu comia.

    3 Eu bebo porque eu prefiro ser um bbado conhecido, a ser um alcolatra

    annimo.

    4 Eu bebo porque gosto que o mundo gire s em torno de mim!

    5 Eu bebo porque sou exigente. Quando estou bbado, s vejo mulheres

    bonitas! Porque pra bbado no tem mulher feia.

    6 Bebo at cair!!! E depois... continuo bebendo deitado!!!

    7 Eu bebo porque sou solidrio. Me preocupo muito com o sustento dosmilhes de funcionrios das empresas de bebidas alcolicas e de suas

    pobres famlias, ao invs de ser egosta e me preocupar s com meu fgado.

    8 Eu bebo pra esquecer. S no me pergunte o qu, porque eu j esqueci!

    Viu?!

    9 Dizem que a bebida mata lentamente. E da, eu no estou com pressa de

    morrer.10 Minha mulher me traiu e eu bebo pra me 'des-trair'! Sai, chifre! Sai,

    chifre!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    11 Bebo pra ficar ruim. Se fosse pra ficar bom eu tomava remdio.

    12 Bebo porque adoro futebol. E pra agentar o meu Vasco, s bebendo

    mesmo!

    13 Ontem eu bebi para esquecer. Bebi tanto que esqueci. Hoje estou

    bebendo para lembrar!

    14 Eu bebo por recomendao mdica. Ele disse pra eu no judiar do meu

    estmago. E o coitadinho fica to triste quando eu no bebo. S vendo...

    Pra tentar me convencer a parar de beber, ela me contou a desgraa que

    tinha acontecido com um vizinho chins. Ele vivia no ltimo andar daquele

    edifcio de quinze pavimentos, no qual ela morava.

    Este chins tinha uma estranha e peculiar mania: todos os dias - em vrios

    momentos - ele ia at a janela, cuspia, se atirava na cama e dava

    gargalhadas.

    Era sempre assim: ia at a janela, cuspia, se atirava na cama e dava

    gargalhadas. Ia at a janela, cuspia, se atirava na cama e dava

    gargalhadas...

    Um dia ele chegou em casa bbado, cuspiu na cama e se atirou pela

    janela...

    Da eu pensei: No dia em que eu parar de beber, vou tomar um porre pra

    comemorar.

    Na volta pra casa, a minha mulher ficou chamando minha ateno para os

    perigos na estrada:

    - Juca, olha o cachorro!

    Pra zoar com ela eu falei:

    - Desviando!

    - Juca! Olha a vaca.E eu falei:

    - Desviando...

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Olha o carro.

    - Desviando...

    - Juca, olha a ponte.

    - Desviando...

    J em casa, minha patroa foi pra cama. Eu fiquei assistindo TV e tomando

    umas. Comeou a passar umas cenas erticas em um filme e aquilo foi me

    dando umas ideias.

    Tomei um banho, escovei os dentes, fiz a barba e fui pro quarto. Cutuquei

    nas cotas da esposa e disse, todo romntico:

    - Querida, hoje eu quero am-la..

    Ela, meio acordada, meio dormindo, respondeu:

    - Sei l de mala... Acho que emprestei a nossa mala pra tua me...

    - No querida, voc no entendeu. Esta noite eu quero amar-te...

    - Ah Juca!! Voc pode ir pra marte, pra lua ou at pro boteco, mas me deixa

    dormir que eu t com sono!

    por isso que eu digo: Se a bebida est atrapalhando seu casamento:

    separe-se.

    J era noite de segunda-feira outra vez. Depois de cumprir a minha tradio

    de famlia,eu e o Z Dois Dedinho fomos beber na pracinha perto de casa e

    j estvamos pra l de Bagd4quando ele falou pra mim:- Vamos toma um porre?

    - Vamos ? Quanto voc tem a?

    - Cinqenta centavos

    - E voc, quanto voc tem? - Tenho um e vinte!

    - No vai dar...

    - , no vai...Ns dois continuamos cambaleando at que tive uma ideia e falei:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Olha s! A gente compra uma linguia com o dinheiro que temos, vamos

    para o bar e tomamos um monte. Depois, voc se abaixa eu ponho a lingia

    pendurada na braguilha da minha cala. Voc comea a chupar a linguia. O

    dono do bar vai ficar to puto com a cena, que nos expulsar do bar e ns

    no vamos pagar...

    - T bom, ento vamos...

    Compramos a linguia e fomos para o bar. Tomamos at sair pela orelha.

    Ento ele se abaixou e comeou a chupar o embutido.

    O dono do bar ficou furioso com aquela cena e nos expulsou. Samos sem

    pagar...

    - Beleza!! Vamos pra outro bar ! ele disse

    - Agora !

    E assim fomos, uns quantos bares.

    De repente, o Z falou:

    - Oh, no por nada, mas ser que d pra gente ir embora? T ficando

    cansado de chupar. Meus joelhos esto doendo. J no aguento mais

    cachaa!!! T ficando ruim!!

    Eu respondi:

    - Ichhh! Se voc acha que t ruim, imagina eu, que nem lembro mais em qual

    foi o boteco que eu esqueci a linguia.

    O Z dois Dedinho outro dia foi preso injustamente, acusado de molestar

    uma moa. Tambm, olha s o que aconteceu:

    Um rapaz estava com a namorada numa praia meio deserta, no maior

    romance. De repente ela disse:

    - Amor, est entrando areia no meu corpo.

    O rapaz colocou por baixo dela uma canga. Ento ela reclamou:

    - Amor, as pontas dessa canga esto batendo no meu rosto.

    Prontamente, ele pegou quatro latas de Coca Cola na caixa de isopor,colocando-as sobre as quatro pontas da canga.

    4Pra l de Bagd: expresso usada para quem j est de porre.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Problema resolvido. Quando a situao comeou a esquentar, a moa, j

    toda peladona, reclamou:

    - Amor, sem camisinha, no!

    Ele ento saiu correndo pra buscar uma camisinha no carro, que havia ficado

    um pouco longe dali...

    A moa pegou sua camiseta e ps sobre o rosto, pois o vento a incomodava.

    Nesse momento, meu amigo estava passando. Viu aquela moa deitada,

    nua! Com o rosto coberto. No teve dvida. Foi l e traou a bonitona, que

    pensou que estava fazendo amor com seu namorado.

    O Z ento abriu as latas de Coca, misturou com a cachaa que estava

    levando, bebeu tudo, arrotou e, emocionado, declarou:

    - Tinha que ser a Coca mesmo!! Duvido que outra marca de refrigerante faa

    uma promoo melhor que essa!

    Ento o Z me perguntou:

    - Voc gosta de mulher de peito cado?

    - Eu no, t louco? respondi.

    E ele tornou a perguntar:

    - E de mulher de mau hlito?

    - Claro que no! eu disse.

    - Com plo na perna e olho de peixe morto? ele questionou.

    E j irritado eu respondi:

    - Eu no, cara!Furioso ele concluiu:

    - Ento v se para de cantar a minha mulher, p!!!!

    Depois ele me questionou:

    - Se por exemplo, eu pegasse a tua mulher, continuaramos amigos?

    - No!- respondi.- Bem, mas ficaramos companheiros, no? insistiu ele.

    - No! repeti.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    E ele outra vez:

    - Hum... Ficaramos inimigos?

    - No! reclamei.

    E o chato continuou:

    - Deixaramos de nos falar, assim?

    - No! disse quase pulando no pescoo dele.

    - P, caramba! Ento ficaramos como? ele perguntou.

    E eu reposndi:

    - Quites! Ficaramos quites!

    Chegamos mamados de madrugada na frente da casa dele. A mulher saiu

    na janela e comeou a despejar xingamentos diversos.

    Da eu interrompi e disse:

    - Dona, v logo qual o seu marido que o outro quer ir embora...

    Deixei o Z em frente a sua casa, mas ele se agarrou num poste que havia

    na calada, olhou pra cima e falou:

    - Fica tranqilo amigo! Enquanto voc no melhorar eu no te largo!

    No caminho para minha residncia, acabei parando num boteco cheio de

    luzes vermelhas, no qual eu nunca tinha ido antes. De repente, chegou um

    cidado muito assustado e perguntou pro dono do bar:

    - Eu gastei R$ 4.000,00 ontem noite aqui com bebidas e mulheres? Eratodo o meu pagamento do ms.

    O dono respondeu:

    - Sim. Gastou todinho. Por qu?

    O outro respirou aliviado:

    - Ufa!!! Ainda bem! Pensei que tivesse perdido o dinheiro.

    Comecei a conversar com o cidado e ele me contou que era soldado. Todos

    os dias retornava para o quartel tarde da noite e caindo de bbado. Ele

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    sempre levava uma bronca do sargento, que era muito rigoroso com sua

    tropa. Mas ele no conseguia ficar sem tomar um cangebrina5.

    Um dia o sargento, para incentivar o rapaz a parar de beber tanto, deu uma

    bronca:

    - Soldado, voc um beberro. Se no bebesse tanto, j teria sido

    promovido a cabo.

    E ele respondeu:

    - Ah Sargento! Eu no me importo. Quando bebo, me sinto um general.

    Ento ele me contou a histria de um bbado amigo seu, que aps

    problemas no bar onde bebia, se meteu em uma briga e acabou sendo

    castrado.

    Ele rapidamente foi a um mdico e chegando l disse:

    - Doutor, doutor! Eu estava em uma briga quando, de repente, me caparam!

    Me ajuda doutor, por favor!!!!

    - Calma amigo, s voc me entregar o seu rgo que lhe direi se temos ou

    no condies de coloc-lo de volta.

    - Calma, calma...

    O bbado colocou as mos no bolso e disse:

    - Achei, achei!! Est aqui.

    Aps o bbado tirar o membro castrado do bolso, o mdico percebeu que

    no era bem o que ele imaginava.

    - Mas amigo, isso aqui um pedao de charuto!!O bbado bateu na testa e disse:

    - Putz, fumei meu pinto!!!!

    Depois, chegou na boate um bbado fazendo panca de magnata e foi logo

    dizendo pro gerente do estabelecimento:

    - Ai camarada, vou subir pro quarto. V se me manda a melhor da casa, quehoje no tem pra ningum.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    58/9358

    O gerente, sabendo que no ia receber pelo servio, disse ao subordinado:

    - Hoje vamos zoar esse man!

    Pegou uma boneca inflvel, toda popozuda, e mandou entregar no quarto do

    bbado.

    Depois de uns quinze minutos ele desceu gritando, todo apavorado:

    - SOCORRO, SOCORRO, ME AJUDEM POR FAVOR! ESSA MULHER

    LOUCA!!!

    - O que foi meu amigo, no gostou da gatinha que mandei?- disse o gerente

    ao bbado, todo debochado.

    O bbado respondeu:

    - Gostar at que gostei. S que a mulher louca! Dei uma mordidinha na

    bunda dela, ela soltou um pum, deu duas piruetas e se jogou pela janela.

    Logo depois, pedi ao garom :

    - Traz uma cerveja, por favor! Ouvi dizer que cerveja pode ajudar a fortalecer

    os ossos. Por isso que meu tio tinha ossos fortes. Nunca quebrou nenhum

    osso do corpo, mas morreu cedo!!!

    O garom perguntou:

    - Do que ele morreu?

    - Cirrose respondi.

    Mais uma vez voltei pra casa, s cinco da manh. A mulher j de saco cheio

    comeou a me xingar:- Canalha bbado! Isso so horas?

    - Eu queria... tentei argumentar, mas ela no deu trgua:

    - Cala a boca! Voc um imprestvel! Gostaria de no v-lo nunca mais! Pra

    que volta para casa? Afinal, o que vem fazer aqui a essa hora?

    Ento tive que me justificar:

    - Bem querida! Alm de ser minha casa, geralmente o nico lugar aberto aessa hora!

    5Cangebrina: cachaa.

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Deitei na cama com as pernas bem abertas. A patroa j zangada comigo

    perguntou:

    - O que h? Est com fogo no rabo!

    Eu falei:

    - No! que da ltima vez que fiz exame de sangue meu colesterol estava

    alto. Ento o mdico mandou eu ficar o mximo possvel afastado dos ovos.

    Ela aproveitou pra me incomodar e perguntou por que eu no estava

    tomando mais os remdios que comprei. Eu disse:

    - No posso tomar! Est escrito na caixa que pra manter o frasco sempre

    bem fechado. Alm disso, a bula diz que enquanto estiver tomando o

    remdio no posso ingerir bebida alcolica. A demais n?!!!

    Ela foi loucura!

    Olhei aquela mulher, que s fazia me criticar, e ento comecei a entender a

    atitude de um amigo que conheci outro dia.

    O sujeito estava no boteco tomando umas cachaas, jogando uma partida de

    domin com a gente, quando viu um enterro passando pela rua.

    Mais que depressa ele interrompeu o jogo, levantou, foi at porta, tirou o

    chapu e ficou observando o cortejo, durante vrios minutos, em silncio,

    com semblante visivelmente entristecido.

    Quando a comitiva terminou de passar, ele recolocou o chapu na cabea evoltou a sentar-se.

    Eu falei pra ele:

    - Esse foi o gesto mais comovente que eu j vi em toda a minha vida! Acho

    que todos deviam seguir o seu exemplo.

    E ele respondeu com voz solene.

    - Bem, depois de quinze anos de casado, acho que era o mnimo que eupodia fazer!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

    60/9360

    Na noite de tera sa feliz do meu servio. Ganhei uma gorjeta de R$ 80,00

    do dono da obra, pois ele ficou satisfeito com meu trabalho. Encontrei meu

    amigo Z e ele perguntou:

    - Cara!!! O que que voc vai fazer com isso tudo?

    - Vou comprar, dez litros de pinga e dois pezinhos!!!.

    - No acredito!

    - No acredita, em que?

    - Que voc esteja com tanta fome assim!

    Pegamos um nibus pra chegar ao boteco. Os dois j meio tontos, de p no

    corredor. Quando o nibus parava a gente ia at l na frente cambaleando e,

    quando o carro andava, a gente ia l atrs. Isso se repetiu a cada parada do

    coletivo. Quando chegamos ao nosso ponto a gente ia descendo e o

    cobrador disse:

    - Vocs no vo pagar a passagem?!

    Eu retruquei:

    - Pagar o que? A gente veio caminhando at aqui!

    J no boteco, o garom perguntou:

    - O senhor bebe cachaa, catuaba, usque, conhaque, vinho, ponche,

    champanhe, cerveja, gim, rum, campari, batida, caipirinha, licor ou rabo de

    galo?

    E eu respondi:- Sim!

    Depois de muitos goles, meu amigo comeou a filosofar. Ento ele falou:

    - Quando bebemos, ficamos bbados. Quando estamos bbados, dormimos.

    Quando dormimos, no cometemos pecados. Quando no cometemos

    pecados, vamos para o cu. Ento, vamos beber para ir pro cu!

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    Ento eu pensei: Dizem que cada cigarro nos roupa um minuto da nossa

    vida. J me falaram que cada copo de cachaa tambm nos faz viver menos,

    pois nos rouba 30 segundos do nosso tempo de vida. No entanto, o trabalho

    nos rouba, no mnimo, oito horas por dia. Logo, mais vantagem ficar

    bebendo e fumando, do que encurtar a vida trabalhando.

    De repente, um pastor entrou no bar e pediu um copo de cachaa.

    Tirou uns vermes que estavam num vidro, jogou-os dentro do copo e pouco

    depois todos tinham morrido.

    Virou-se para os cachaceiros e perguntou:

    - Irmos, o que isso prova?

    E eu respondi:

    - Se voc tem vermes, beba cachaa?!

    Entramos em mais um boteco e eu, pra ser simptico, comecei a gritar:

    - FELIZ ANO NOVO! FELIZ ANO NOVO!

    - Voc est maluco?! - perguntou o dono do bar - Ns estamos em fevereiro!

    A eu fiquei assustado e falei:

    - J fevereiro?! Puxa .... dessa vez que eu apanho quando chegar em

    casa!

    Chegamos perto do balco e pedimos uma cachaa. Aguardando o pedido,

    vimos sobre ele um pote de vidro repleto de notas de R$ 50,00. Quando odono do bar veio com a cachaa, eu perguntei:

    - Qual o motivo do pote?

    O dono respondeu:

    - A estria desse pote o seguinte: se voc fizer trs coisas que eu mandar,

    voc o leva com tudo dentro. Se voc no conseguir, deixa uma nota de R$

    50,00 dentro dele.Eu retruquei:

    - Ah! Deve ser uma misso impossvel de se cumprir! O que para fazer?

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    O sujeito explicou:

    - assim: primeiro voc tem que beber, de uma vez, meia garrafa de pinga.

    Depois voc vai l fora e arranca um dente do meu cachorro com as mos.

    Em seguida, voc sobe no primeiro andar desta casa, logo em cima do bar.

    L tem uma velha de 70 anos, j enferrujada pelo tempo, com quem voc

    tem que fazer amor. Se fizer isso, ganha...

    Pensei, olhei pro pote, calculei que deveria ter umas mil e quinhentas pratas

    l dentro. Falei:

    - Ento, t dentro!

    Coloquei R$ 50,00 no pote e o dono do bar me deu a meia garrafa de

    cachaa. Tomei tudo sem tirar a garrafa da boca. Fui para fora do boteco.

    O dono escutou uns gritos da velha, cama arrastando, latidos do co

    seguidos de ganidos tristes...

    Cheguei todo machucado, com um dente na mo. O dono, espantado disse:

    - Caramba! Voc conseguiu? Como?!!!

    Ofegante, eu falei:

    - Olha! Arrancar o dente da velha at que foi fcil. O problema foi comer o

    maldito cachorro...

    Eu e o meu amigo fomos pra casa e, de repente, vimos uma multido de

    curiosos aglomerados. Sem conseguir enxergar nada, resolvi perguntar pra

    algum o que aconteceu.

    - Foi batida!- disse um dos curiosos, impaciente.

    - Batida? eu falei - T vendo s? por isso que eu s tomo pinga pura!

    Deixei o Z na casa dele, deitado na calada, e fui tentar achar a minha

    residncia.

    Bati na porta da primeira casa que achei e disse:

    - Oh dona, seu marido t em casa?

    L de dentro uma voz feminina respondeu :

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Sim! Est.

    Segui em frente...

    Depois de vrias casas, apertei a campainha de uma residncia. L de

    dentro da casa uma voz feminina perguntou:

    - Quem ?

    Eu, l fora, falei:

    - Oh dona, seu marido t em casa?

    - T no! Aquele bbado sem vergonha ainda no chegou ela respondeu.

    Da eu disse:

    - A senhora ento no podia vir aqui fora ver se o seu marido sou eu?

    Entrei em casa cambaleando, errei a porta e fui direto pro banheiro. Minha

    mulher me jogou debaixo do chuveiro e comeou a me xingar de tudo quanto

    nome.

    Eu j tava todo ensopado e disse:

    Tudo bem, tudo bem! Eu sou tudo isso que voc t falando, mas, pelo

    amor de Deus, me deixa entrar que t chovendo pra caramba aqui fora e eu

    t com frio!

    Na quarta-feira noite, depois de j ter passado por trs botecos, eu

    procurava um lugar pra beber sossegado. Comprei uma garrafa de pinga e

    fui caminhando. Estava passando na frente do cemitrio. Acontece que dois

    malandros tinham entrado no campo santo pra roubar os figos de umafigueira que tinha l dentro.

    Eles pularam o muro, subiram na rvore com as sacolas penduradas no

    ombro e comearam a distribuir os figos.

    - Um pra mim, um pra voc.

    - Um pra mim, um pra voc.

    - Mais um pra mim, um pra voc.Durante a diviso, deixaram cair dois figos pra fora do muro, mas resolveram

    catar depois.

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    Quando eu escutei aquele negcio de "um pra mim e um pra voc", sai

    correndo para a delegacia.

    Chegando l, eu disse pro delegado:

    - Vem comigo! Deus e o diabo esto no cemitrio dividindo as almas dos

    mortos!

    - Ah, cala a boca. Voc t bbado disse o homem da lei.

    - Juro que verdade, vem comigo eu insisti.

    Como ele estava sem fazer nada e j tinha ficado meu amigo outro dia, topou

    ir comigo at l. Quando chegamos, ele tambm escutou:

    - Um para mim, um para voc.

    - Um para mim, um para voc.

    O delegado comeou a ficar assustado e continuamos a ouvir:

    - Um para mim, um para voc... Pronto, acabamos aqui. E agora?

    - Agora a gente vai l fora e pega os dois que esto do outro lado do muro...

    E o delegado berrou:

    - Cooooorreeeee!!!!!

    Pior que neste mesmo cemitrio, outro dia, duas amigas casadas,

    totalmente bbadas, sentiram uma vontade irresistvel de fazer xixi.

    Apavoradas e bbadas, sem alternativa, pararam o carro e decidiram fazer

    xixi no cemitrio mesmo.

    A primeira foi, urinou e ento se lembrou de que no tinha nada para se

    secar. Pegou a calcinha, secou-se com ela e a jogou fora.A segunda, que tambm no tinha nada para se secar, pensou:

    Eu no vou jogar fora esta calcinha carssima e linda.

    Pegou a fita de uma coroa de flores, que estava em cima de um tmulo, e

    usou para no molhar a calcinha.

    Eu soube que, no dia seguinte, um dos maridos ligou para o outro e disse:

    - A minha mulher chegou ontem bbada e sem calcinha... Terminei ocasamento...

    E o outro:

  • 7/21/2019 Juca Fogo O Dirio de Um P de Cana

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    - Voc tem sorte, a minha chegou com uma fita presa na bunda com a

    inscrio: Jamais te esqueceremos: Antnio, Juarez, Ronaldo e toda a

    turma da faculdade. Enchi ela de porrada!

    Continuei andando. Quando cheguei perto da linha do trem, perguntei para o

    vigia da ferrovia:

    - A que horas passa o trem para o leste?

    - Daqui a uma hora.

    - E para o oeste?

    - Daqui a trs horas.

    - Para o norte?

    - Daqui a cinco horas.

    - E para o sul?

    - S amanh, s 8:00 horas.

    Da eu disse:

    - Hamm!! Ento eu acho que d pra comear a atravessar a linha agora!

    Ento, o vigia me perguntou se quando eu estava vindo havia dobrando a

    esquina.

    Ento eu falei:

    - No senhor! Quando eu cheguei aqui ela j estava dobrada!

    Com dificuldade pra encontrar a minha casa, como sempre, nessassituaes, subi num poste. Um policial me viu l e gritou:

    - Desce j da!

    - Ainda no seu guarda! respondi.

    - Desce se no eu te derrubo, seu bbado!

    Desci e o guarda perguntou:

    - Quem voc?Da eu falei:

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    - Oh seu guarda! No t lembrado de mim? Eu sou aquele cara que estava

    em cima do poste h cinco minutos atrs...

    Outro bebum que toca viola num boteco, no qual costumo beber, vinha pela

    calada. Quando me viu conversando com o policial ele gritou:

    - Daeh Juca! O que t acontecendo?!

    Ele se aproximou de ns e o guarda falou:

    - Silncio bbado! Quer acordar todo mundo aqui na rua!! Olha a hora...

    O bebum disse:

    - Tudo bem seu guarda, me desculpe...

    E o guarda continuou:

    - Se vocs dois aprontarem mais alguma, vo ter que me acompanhar.

    O bebum ps a viola na posio e disse:

    - Ento vamos l. s o senhor me dar o tom...

    O policial ento meteu a mo no p da orelha do homem, que caiu no cho

    rolando.

    Eu disse:

    - Se fosse comigo, eu no aguentava uma dessas!

    O guarda veio e me enfiou a mo no p da orelha tambm. Cai e rolei. Olhei

    pra cima e disse:

    - Ta vendo! Eu falei que no aguentava uma dessas!

    Confuso resolvida, me despedi dos dois e continuei a jornada, rumo a

    minha residncia. Esbarrei em um poste que no olhava por onde andava.

    Resmunguei com ele e continuei. Outro poste, outro esbarro. E mais uma

    vez...

    Cansado daquela palhaada pensei: melhor eu sentar aqui na calada e

    esperar essa procisso passar.

    Eu ali sentado, o mundo girando, chegou um vigia noturno e perguntou:

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    - Tudo bem?

    E eu reclamei:

    - Tudo bem o que! T com o p firme aqui e o mundo no quer parar de

    girar.

    E ele sugeriu:

    - Por que o senhor no levanta e tenta ir pra casa?

    E eu conclui:

    - Porque, no estado que eu estou, acho melhor deixar tudo girando e esperar

    a minha casa passar por aqui...

    Quando cheguei em casa, no quis acordar ningum. Por isso, tirei os

    sapatos e subi as escadas na ponta do ps.

    No meio da escada, ca e rolei igual a um saco de batatas.

    No teria sido to mau se no tivesse uma garrafa de ping