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    “A EDUCAÇÃO ANARQUISTA E A EDUCAÇÃO PÚBLICA ESTATAL

    BRASILEIRA: O ENCONTRO DE DOIS PARADIGMAS”1

    Juliana Guedes dos Santos Marconi

    Prof. Dr. Luiz ezerra Neto

    !ni"ersidade #ederal de S$o Carlos % !#SCar

    Discutir os problemas da educação libertária no Brasil é algo bastante complexo,

    quer pela escassez de material a respeito do tema, quer pelo fato de que essa forma de

    educação nunca foi pública, no sentido de que tenha atendido a grandes parcelas da

     população, mas sempre esteve ligada ao aparelho sindical, comandado pelos anarquistas que

    eram constantemente perseguidos pelas forças repressivas do stado brasileiro!

    "ara entender melhor esta discussão devemos levar em consideração o fato de que

    apesar de escolas públicas estatais existirem desde muito tempo, foi durante a década de #$%&

    que passou a existir também as escolas libertárias financiadas pelos pr'prios trabalhadores

    que as criavam e usufru(am delas! ste trabalho procura refletir sobre este paradigma

    educacional, buscando verificar se entre elas existem semelhanças e diferenças que possam

    fazer com que consideremos a exist)ncia de duas modalidades de ensino!

    *presentar+se+á, portanto, uma discussão sobre essas modalidades de ensino

    educação pública estatal nos séculos -.- e -- e educação libertária /suas idéias diretrizes e

    sua aplicação na primeira metade do século --0 com o ob1etivo de compreender as escolas

    anarquistas e apontar suas principais semelhanças e diferenças com relação 2s escolas

     públicas estatais, quer na forma de organização3administração, quer nas metodologias e

    conteúdos a( trabalhados!

    *s leituras realizadas sobre o tema sugerem a exist)ncia de uma ampla área de

     pesquisa 1á que as parece haver grandes diferenças entre estas modalidades de ensino e que

     precisam ser estudadas! *s diferenças que observamos, aparecem desde a base da educação,

    dos princ(pios, do conceito de educação arraigado 2 modalidade a cada uma das modalidades

    em discussão, ou se1a, educação pública estatal, educação libertária e educação anarquista!

     4um primeiro momento, buscaremos apresentar as principais iniciativas

    educacionais por parte do stado no decorrer da hist'ria 2 t(tulo de contextualização hist'rica

    da educação pública estatal no Brasil desde o século -.-, passando pelo recente século -- bem como as diretrizes apontadas para o século --.!

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    "ara o desenvolvimento deste trabalho procuramos apresentar uma idéia geral do

    anarquismo enquanto organização pol(tica e social para que se compreenda a idéia motriz da

    educação libertária!

    "or fim, procuramos destacar alguns pontos em que as modalidades de ensino

    expostas se aproximam além de se fazer uma breve discussão a partir do que foi estudado e a

    educação que vemos ho1e em dia! speramos, portanto, que nesta fase os ob1etivos propostos

     para o trabalho se1am atingidos!

    5obre a literatura utilizada, foram selecionadas leituras que tratam da ideologia

    anarquista e da hist'ria da educação, em que são contempladas sua organização e

    desenvolvimento através dos tempos, sobretudo com relação a educação pública estatal! 5ão

    livros e artigos que tratam de todo o per(odo estudado, ou se1a, tais literaturas foram

     produzidas ao longo dos anos e não representam o reflexo de apenas um per(odo hist'rico!

    * literatura que trata sobre o assunto no per(odo, via de regra, busca elucidar as

    caracter(sticas de cada modalidade de ensino a ser tratada neste trabalho cabendo+nos traçar 

    um paradigma comparativo entre elas!

     4esse sentido, entendemos que a reflexão acerca da educação brasileira ao se

    considerar as idéias da educação libertária e dos ideais anarquistas que, ao contrário do que

    muitos podem pensar, não remetia de forma alguma 2 idéia de desordem, podem contribuir 

     para a compreensão de um rico per(odo de debates sobre o ideário libertário e as lutas

    desenvolvidas pelos trabalhadores que buscavam a construção de uma sociedade igualitária

    naquele per(odo!

    "ara a reflexão inicial acerca da educação pública estatal brasileira e, sem a

     pretensão de dar conta de toda a hist'ria da educação ou de resumir aqui a ducação

    Brasileira, destacaremos as principais medidas tomadas pelos dirigentes do stado em

     benef(cio da educação escolar, para que possamos, mais a frente, analisar as poss(veis

    semelhanças e diferenças entre a ducação "ública statal Brasileira e as iniciativaseducacionais tomadas pelos anarquistas!

    De acordo com Dermeval 5aviani, em seu artigo 67 legado educacional do 8breve

    século -.-9 brasileiro:, a primeira iniciativa de uma educação pública estatal brasileira deu+

    se, inicialmente, com a independ)ncia do Brasil em #;%%, dado que naquele momento

    impunha+se organizar como stado a nova nação, o que implicava a promulgação de uma

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    legislação especial sobre instrução pública /5*?.*4., %&&@, p! ##0!

    5aviani afirma ainda que uma

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     patri'ticas, nacionalistas, onde a questão da difusão da escola popular, a escola primária,

    aparecia de forma relevante: /HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p! %J0 originando um verdadeiro

    6entusiasmo pela educação:%!

    5egundo "aulo Hhiraldelli Cr!, não houve intervençEes práticas que alterassem o

    cenário, mas um 6vigoroso movimento de idéias: que denunciava a realidade nada animadora

    de uma situação de insufici)ncia no ensino básico em todos os estados brasileiros!

    m #$#$ a >iga 4acionalista do Brasil inclu(a em seus ob1etivos a difusão do ensino

     popular e, em #$%, com a penetração do imperialismo americano através de empréstimos

     públicos e instalaçEes de empresas subsidiárias /como a Heneral Aotors0 veio também o

    imperialismo cultural! 5egundo Hhiraldelli Cr!, 6na educação as idéias da "edagogia 4ova, sob

    o regrário dos escritos de DeKeL, MilpatricG e outros, ganharam força nos anos %&, chegando

    a direcionar os intelectuais liberais: /HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p! =&0!

    *ssim, no final da década de #$%&

    a questão da alfabetização das massas parecia querer ceder um lugar  para um movimento que considerava mais relevante a reestruturaçãointerna das escolas, as mudanças dos conteúdos e métodos

     pedag'gicos, a introdução de técnicas pedag'gicas com a moderna psicologia /HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p! =#0!

    .sso porque ainda segundo esse autor, durante a década de #$#&, o 6entusiasmo pela

    educação: caracterizava uma preocupação quantitativa com a educação! Cá nos anos de #$%&,

    com o tal 6otimismo pedag'gico:=, a preocupação com a educação passava a ser mais

    qualitativa!

    "aulo Hhiraldelli Cr! ressalta ainda que

    as teses inspiradas na "edagogia 4ova vinham mescladas com umaexcessiva preocupação com as questEes da higiene, da sexualidade, dasaúdeN além disso, também estavam presentes os tradicionais temasreferentes 2 educação c(vica, educação moral, patriotismo, etc!/HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p! =0!

    m #$=%, o Aanifesto dos "ioneiros da ducação 4ova viria documentar esses

    ideais como resposta 2 solicitação por parte de Hetúlio ?argas, durante a .?

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    durante a ditadura militar, sobretudo através dos acordos ADB através da lei de número J!@$% de #$#, que ampliou o

    ensino primário de quatro para oito anos como com a nova

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    nação! /!!!0 "ara isso faz+se necessária uma proposta educacional quetenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos osestudantes! 7 ensino de qualidade que a sociedade demandaatualmente expressa+se aqui como a possibilidade de o sistemaeducacional vir a propor uma prática educativa adequada 2s

    necessidades sociais, pol(ticas, econRmicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivaçEes dos alunos egaranta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãosautRnomos, cr(ticos e participativos, capazes de atuar comcompet)ncia, dignidade e responsabilidade na sociedade em quevivem /BF*5.>, %&&, p! %0!

    "orém, não nos cabe neste trabalho, discutir se o texto dos "arPmetros

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     portanto, sendo capaz de atuar em n(veis de interlocução maiscomplexos e diferenciados /BF*5.>, %&&, p! %;0!

    7utro documento bastante discutido no in(cio deste século foi o relat'rio da

    O45, %&&B, p! %0! * 1ustificativa para tal alteração /explicada anteriormente no pr'prio

    documento0 baseia+se no fato de que um aluno entrar na escola aos seis anos é 6padrão na

    grande maioria dos sistemas, inclusive nos demais pa(ses da *mérica >atina! , %&&B, p! %%0!

    ?emos, portanto, que a educação no Brasil sofreu importantes modificaçEes no

    decorrer dos séculos desde a chegada dos 1esu(tas até o in(cio do século --.!

    ntretanto, acreditamos que antes de pensarmos e analisarmos as iniciativas por parte

    dos anarquistas e, assim, buscarmos as semelhanças e diferenças, seria de fundamental

    importPncia que entend)ssemos de uma forma geral as idéias do anarquismo enquanto

    organização pol(tica e social para que se compreenda mais tarde a idéia motriz da educaçãolibertária!

    5egundo o dicionário de *urélio Buarque de Iolanda Serreira, 6anarquia: significa

    6#! Salta de governo ou de chefeN %!

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    vai restabelecer o equil(brio necessário 2 sociedade! Quem fala em equil(brio não pensa em

    caos: /

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    *inda foi fator de impedimento a criação de uma lei que proibia esse tráfico interno de

    escravos! * abolição da escravatura encaminhava+se para a sua proclamação e os grandes

     produtores se viam na condição de remediá+la antes de sua concretização! * solução

    encontrada foi a da imigração européia!

     4a bagagem dos imigrantes italianos e espanh'is ligados 2s lutas sociais européias

    que vieram 6suprir as necessidades da expansão cafeeira e fornecer mão+de+obra para as

    indústrias que se desenvolviam nos centros urbanos: /A7F*5, #$$$, p!$0 chegaram as

    idéias anarquistas!

     4o entanto, esse movimento precisava de um instrumento de propaganda e, não há

    dúvidas de que o maior instrumento utilizado para difundir o anarquismo eram seus 1ornais e

     peri'dicos! 7s representantes do anarquismo procuravam a conscientização do povo através

    da imprensa que foi de grande valia para adesão de novos militantes, a comunicação entre eles

    e a divulgação dos ideais! 7s 1ornais que mais se destacaram foram 6* ?oz do Trabalhador:,

    6* "lebe: e 6* >anterna:, entre outros!

    ntretanto, o alto (ndice de analfabetismo entre os trabalhadores dificultava essa

    comunicação, por isso, a questão educacional sempre esteve presente nos ideais dos

    anarquistas, mas no Brasil a educação estava nas mãos da .gre1a, do stado, e da iniciativa

     privada /em forma de escolas particulares e professores particulares que lecionavam nas casas

    dos filhos daqueles que compunham a elite0 que eram inimigos declarados dos libertários!

    Dessa forma, cabe ao aparelho estatal tomar as principais iniciativas com respeito a

    educação, sobretudo porque a escola pública estatal poderia servir para combater as idéias

    anarquistas e as libertárias! .déias que passaremos a fazer uma breve exposição, mormente no

    que toca a educação libertária e suas idéias diretrizes para que possamos estabelecer os

     paradigmas de semelhanças e diferenças entre as modalidades de ensino apresentadas!

    De acordo com os anarquistas, somente através da educação é que se poderia

    construir a sociedade futura que segundo seus ideais seria igualitária, para tanto, deveria haver superação de classes definidas a partir da autoridade, passando as relaçEes a serem apoiadas

    no princ(pio de liberdade! >iberdade esta a ser atingida como um fim, nunca servindo como

    meio para se atingir os ob1etivos educacionais!

    Soi, inicialmente, com o ob1etivo de aumentar a participação nas organizaçEes

    sociais e sindicais e alfabetizar os trabalhadores que os libertários encetaram a criação de

    iniciativas educacionais como as escolas e os centros de cultura que serão discutidos mais

    adiante!

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    7 fato de na época ter+se como única opção de educação o modelo liberal, tradicional

    capitalista, nas escolas público+estatais ou nas instituiçEes privadas que, segundo 5ilvio Hallo

    eram 6normalmente mantidas e geridas por ordens religiosas: /H*>>7, %&&@, p! %0 foi

    motivo fundamental para que o movimento anarquista criasse iniciativas pr'prias de educação

    uma vez que os libertários enxergavam a .gre1a como aliada do stado na tarefa de sustentar o

     poder nas mãos da burguesia!

    Tal acusação sobre o caráter ideol'gico da educação oferecida busca 6mostrar que as

    escolas dedicam+se a reproduir   a estrutura da sociedade de exploração e dominação:

    /H*>>7, %&&@, p! % U grifo do autor0 e acrescentaria e!clusão, uma vez que o acesso a tal

    educação era limitado 2 elite!

    .nicialmente, a imprensa foi utilizada como meio pedag'gico proporcionando aos

    trabalhadores o contato com os textos escritos! Cá como instrumento de comunicação, a

    imprensa anarquista a1udou na divulgação de eventos para a angariação de fundos para a

    construção de vários tipos de iniciativas educacionais, como por exemplo, as bibliotecas que,

    além de serem mantidas pelos pr'prios trabalhadores, funcionavam no per(odo da noite para

    facilitar o acesso dos interessados!

    "aulo Hhiraldelli Cr! nos conta que a iniciativa mais instintiva e produtiva foi a

    criação dos

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    ssa metodologia da educação que tem por ob1etivo a liberdade pode gerar certos

    equ(vocos! Qualquer um ao ler que o ob1etivo da educação anarquista é a liberdade, pode

     pensar numa educação onde, ao invés de liberdade, há libertinagem, uma instituição sem

    regras onde se faz o que bem entender sem que conseqV)ncias se1am medidas! ntretanto,

    5ilvio Hallo explica que a educação para os libertários deve ter a liberdade como fim, e não

    como meio! 4esse sentido, entende+se que a disciplina constitui+se em elemento fundamental

     para a aprendizagem!

    Dessa forma, através da educação, busca+se a liberdade no processo de

    desestruturação da autoridade, contando para isso, com a conscientização dos alunos! Aesmo

    apelando para a consci)ncia dos alunos, os libertários sabem que se não se colocar regras,

    estabelecer limites e se deixar que todos façam tudo o que quiserem, acaba+se por criar 

    alguém que não poderia sequer viver na sociedade como é, quiçá modificá+la! 7s alunos

    devem entender que a sociedade como está não permite a participação do povo excluindo+o da

     pr'pria sociedade! W importante que entendam também, que cabe ao pr'prio povo a mudança,

     porém a educação que lhes é dada pelo estado, não permite a esse povo que se tome

    consci)ncia da realidade!

    *o contrário, analisando+se as idéias que direcionaram a criação de tal educação e os

    escritos de intelectuais libertários acerca da educação, pode+se concluir que, na educação

    libertária, o aluno não s' é agente de seu aprendizado como é agente participativo de todo o

     processo educativo! "ode+se inclusive aplicar isso a questEes comuns a qualquer instituição de

    ensino, libertária ou não, como a construção das regras, organização de horários, distribuição

    de aulas, e outros fatores que caracterizam uma escola podendo ser decididos por todas as

     pessoas que a freqVentam /se1a como aluno ou funcionário0 em assembléias onde não há

    diferenciação de valores para os votos! Tratar as pessoas como iguais! W uma importante

    caracter(stica da educação libertária! ntretanto, tais ideais foram inicialmente apresentados

     por alguns importantes te'ricos da educação libertária, que chegaram ao pa(s, como ditoanteriormente, pela bagagem de imigrantes europeus!

    5egundo Cosé Damiro de Aoraes, as principais idéias que nortearam as iniciativas

    educacionais anarquistas no Brasil foras as de 6Aiguel BaGunin /#;#+#;@0, liseX Feclus

    /#;=&+#$&J0, "aul Fobin /#;=+#$#%0 e Srancisco Serrer /#;J$+#$&$0: /A7F*5, #$$$! p!

    #;0! ntretanto, como Srancisco Serrer L Huard(a teve até prorrogação de sua obra no Brasil,

    nos ateremos mais a ele!

    Serrer L Huard(a escreveu uma obra intitulada “"a #scuela $oderna” indispensável para um amplo conhecimento da educação libertária! 4esse livro, o autor descreve inclusive o

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     processo de idealização e fundação da scola Aoderna bem como seus preceitos e um pouco

    de seu desenvolvimento!

    Serrer L Huard(a, ao longo de sua obra, baseado nos preceitos libertários anteriores a

    ele, entende que a criança nasce sem idéia pré+concebida e constr'i suas idéias a partir da

    conviv)ncia com as pessoas ao seu redor e as leituras que faz disso! ssa é a idéia diretriz do

    autor a educação pela experi)ncia, pela viv)ncia, pelo contato com as coisas!

    * obra de Serrer L Huard(a retrata uma profunda preocupação com fatores que estão

     presentes na conviv)ncia em sociedade e na viv)ncia escolar como a desigualdade social, o

    ensino religioso, a co+educação dos sexos, o cuidado com a higiene e a presença das fam(lias

    na escola! sse autor discute tais pontos como sendo fundamentais na educação em artigos

     publicados no 6Boletim da scola Aoderna: /e posteriormente colocados no livro “"a

     #scuela $oderna”), peri'dico destinado a noticiar os acontecimentos da instituição e

    dissertar acerca de assuntos ligados 2 educação proferida na escola!

    * necessidade da co%educa($o de a)*os os se+os  foi 1ustificada por Serrer L

    Huard(a a partir da situação da mulher na sociedade patriarcal! 5egundo ele, embora durante a

    cerimRnia do casamento se diga ao homem que a mulher é sua companheira, ela acaba por 

    viver sub1ugada 2s açEes do marido não podendo exercer ação benéfica para a sociedade! ,

     para que a mulher possa exercer tais açEes, ela precisa ser educada, informada, tanto quanto

    os homens!

    * questão da ,i&iene é tratada a fim de conscientizar os alunos de que a su1eira pode

    trazer doenças além de um pre1u(zo de socialização uma vez que se repugna qualquer ob1eto,

    animal ou pessoa, su1a! * importPncia dessa consci)ncia, segundo o autor é a repercussão que

    se dá nas casas dos alunos que chegam a mudar a rotina da fam(lia! * higiene do ambiente

    escolar era fundamental para a conscientização dos alunos e é explicada como 6proteção da

    escola: que 6persigue um fin eminentemente social, la condici'n fundamental e indispensable

     para que la educaci'n intelectual sea eficaz:! /SFFF L Huard(a, %&&J, p! %%0!Quanto ao ensino reli&ioso, Serrer L Huard(a explica que a contrariedade perante tal

    ensino se deve ao fato de que

    la ciencia ha demostrado que la creaci'n es uma leLenda L que losdioses son mitos, L por conseguiente se abusa de la ignorancia de los

     padres L de la credulidad de los niYos, perpetuando la crencia en unser sobrenatural, creador del mundo, L al que puede acudirse conruegos L plegarias para alcanzar toda clase de favores /SFFF LHuard(a, %&&J, p! %3=0!

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    7utro fator que vai contra o ensino religioso é a questão que diz respeito aos pr)mios

    e castigos abominada pelos libertários e muito presente na religião como forma de garantia de

     boa conduta das pessoas!

    Om último fator que se considera fundamental e, principalmente atual é a questão do

    )ulticulturalis)o! Io1e muito se fala no tema, mas na concepção libertária a educação deve

    ser fundada 6no princ(pio da igualdade natural dos homens, de que se deriva a exig)ncia do

    desenvolvimento de todas as suas possibilidades e que pretende formar na criança uma

     personalidade equilibrada e afastada de todo preconceito e de todo dogmatismo: /BF4*>,

    %&&@, p! #J0!

    7bviamente, o stado espanhol e a .gre1a não viam com bons olhos as iniciativas de

    Serrer L Huard(a, sendo inclusive preso acusado de iniciar um levante antimilitar do qual nem

     participou! Serrer L Huard(a foi fuzilado em #$&$!

    ALGUMAS CONSIDERAÇÕES, NÃO CONCLUSIVAS

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    *o contrário, no ideário anarquista, a educação seria também uma ferramenta

    fundamental de modernização e crescimento do pa(s, s' que através da construção de uma

    sociedade igualitária! * educação para os anarquistas serviria para educar as crianças para,

    quando crescidos, romper com a sociedade dominante e, num ideal futuro, administrar a

    sociedade ideal, onde não haveria distinçEes de classe, sexo, raça, nem autoridade!

    .númeras vezes, durante a hist'ria da educação brasileira, vimos a intervenção de

    alguns te'ricos no sentido de propor um ensino mais igualitário! ntretanto, tais iniciativas

    nunca vão além das idéias! Om exemplo disso foi o breve ministério de Ben1amin

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    ntretanto, quando o pa(s voltou a se encher de Pnimo para a educação, começaram a

    surgir idéias que aparentemente aproximavam+se dos ideais libertários tão brutalmente

    interrompidos! W sobre isso que "aulo Hhiraldelli Cr!, afirma que, durante as décadas de #$#&

    e #$%&, enquanto o Brasil viveu a novidade da "edagogia nova a qual serviu de base para que

    intelectuais das elites dirigentes voltassem seus olhares para a educação, ao apontar que

    não está fora de prop'sito afirmar que o discurso das vanguardaslibertárias refletia, em boa parte, as diretrizes do pensamentodesenvolvido pelos intelectuais ligados 2s elites dirigentes/HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p! ##&3###0!

    ssa proximidade está nas teses expostas pela "edagogia 4ova que, segundo

    Hhiraldelli Cr!, 6vinham mescladas com uma excessiva preocupação com as questEes da

    higiene, da sexualidade, da saúde: /HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p!=0! "reocupaçEes estas que,

    como vimos, são expostas como fundamentais para a educação anarquista na obra de Serrer L

    Huard(a! ntretanto, continua Hhiraldelli Cr, 6além disso, também estavam presentes os

    tradicionais temas referentes 2 educação c(vica, educação moral, patriotismo, etc!:

    /HI.F*>D>>. Cr!, #$;, p!=0! Cá tais preocupaçEes não são vistas com bons olhos por 

     parte dos anarquistas!

    m #$=%, mais uma vez vemos uma proximidade das idéias anarquistas com as

     propagadas em discursos dispostos a uma mudança no cenário educacional brasileiro! 4o

    Aanifesto dos "ioneiros da ducação 4ova buscava+se um sistema nacional de educação e a

    articulação entre os n(veis de ensino 6baseado nos princ(pios da laicidade, gratuidade,

    obrigatoriedade, co+educação e unicidade da escola: /5*?.*4., %&&@B, p! ==0!

    ?emos novamente presentes temas considerados fundamentais na concepção

    educacional anarquista laicidade, gratuidade, obrigatoriedade, co+educação e unicidade da

    escola! ntretanto, as mudanças efetivas demoraram a aparecer e quando o fizeram foi de

    forma lenta, um exemplo é o fato de a função de fixar as diretrizes e bases da educação s'

     passar a ser de responsabilidade da Onião com a

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     4o Brasil, a >ei de Diretrizes e Bases da educação passou por muitas mudanças e s'

    em #$$@, é que podemos dizer que se instituiu uma diretriz mais pr'xima dos ideais

    democráticos preconizados pelos defensores da educação libertária!

    "odemos dizer que a educação proferida até então, era extremamente individual,

    livresca e com pouca relação com o real, além da quase aus)ncia de est(mulos a atividades em

    grupos ou contatos com materiais diversificados para uma aula!

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    dispostos a diferenciar o ensino, a melhorar a educação proferida ho1e, a elevar o n(vel de

    aprendizagem dos alunos e adquirir melhores resultados não apenas de cunho estat(stico, mas

    resultados humanos que nos encheriam de orgulho!

     4otas

    #! Trabalho baseado na pesquisa acerca do tema 6ducação *narquista: sob o t(tulo 6* ducação*narquista e a ducação "ública statal Brasileira semelhanças e diferenças:, realizada pela alunaCuliana Huedes dos 5antos Aarconi com a orientação do "rof! Dr! >uiz Bezerra 4eto professor doDepartamento de ducação da Oniversidade Sederal de 5ão !  %ar&metros 'urriculares acionais Documento .ntrodut'rio! #$$! .nhttp33portal!mec!gov!br3seb3arquivos3pdf3livro!pdf ! !  %lano acional de educação Bras(lia,

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    5*?.*4., Dermeval! * legado educacional do “breve s+culo 232” brasileiro .n 5*?.*4.,DermevalN *>A.D*, Cane 5oares deN 57O*, Fosa Sátima deN ?*>DA*F.4, ?eraTeresa! 7 >egado ducacional do 5éculo -.-! %Zed! %&&@! p! ;+=#!

    5*?.*4., Dermeval! * legado educacional do “longo s+culo 22” brasileiro .n 5*?.*4.,

    DermevalN *>A.D*, Cane 5oares deN 57O*, Fosa Sátima deN ?*>DA*F.4, ?eraTeresa! 7 >egado ducacional do 5éculo -- no Brasil! %Zed! %&&@B! p! $+J!

    ?*>DA*F.4, ?era Teresa! * m+todo intuitivo1 os sentidos como .anelas e portas que seabrem para um mundo interpretado! .n 5*?.*4., DermevalN *>A.D*, Cane 5oares deN57O*, Fosa Sátima deN ?*>DA*F.4, ?era Teresa! 7 >egado ducacional do 5éculo-.-! %Zed! %&&@! p! ;J+#=%!HI.F*>D>>. Cr!, "aulo!  #ducação e movimento oper,rio 5ão "aulo