K. Venkataraman - editoranobel.com.br · dia e noite para concluir toda a consolidação da...

21
K. Venkataraman RACIOCÍNIO RÁPIDO Como fazer contas de cabeça

Transcript of K. Venkataraman - editoranobel.com.br · dia e noite para concluir toda a consolidação da...

K. Venkataraman

RACIOCÍNIO RÁPIDOComo fazer contas de cabeça

SUMÁRIO

1Com o devido respeito pela caneta ..................................................... 1

A mente acima da matéria? .................................................................. 5

TWI é divertida .................................................................................... 6

A caneta é Deus! ................................................................................... 7

TWI e andar de bicicleta ...................................................................... 7

2TWI e testes de aptidão ..................................................................... 9

O que é TWI? ....................................................................................... 12

Desenvolver a aptidão para TWI .......................................................... 15

3Aquecimento ........................................................................................ 21

4TWI e cálculos .................................................................................... 27

Adição e subtração ............................................................................... 28

Multiplicação ........................................................................................ 30

Como lembrar quadrados de números ................................................. 35

Divisão .................................................................................................. 40

Frações ................................................................................................. 45

Raiz quadrada por aproximações ......................................................... 46

Mais aplicações ..................................................................................... 48

5Princípios de TWI ............................................................................... 51

Princípio 1: Estique sua imaginação .................................................... 52

Princípio 2: Simplifique o problema, não complique........................... 61

Princípio 3: Avalie exaustivamente ...................................................... 71

Princípio 4: Identifique a origem do problema .................................... 81

Princípio 5: Pegue uma referência por vez ........................................... 95

6Ferramentas de TWI .......................................................................... 101

Ferramenta 1: Porcentagem ................................................................. 102

Ferramenta 2: Proporcionalidade ......................................................... 108

Ferramenta 3: Substituição de valores convenientes ........................... 119

Ferramenta 4: Suporte de alternativas de resposta ............................... 125

Ferramenta 5: Ferramenta “de baixo para cima” ................................. 130

Ferramenta 6: Eliminação de opções de resposta ................................ 135

Ferramenta 7: Posicionamento virtual ................................................. 139

7Revisitando fundamentos ................................................................... 147

Sistema de números.............................................................................. 149

Frações e porcentagens ........................................................................ 167

Relação e proporção ............................................................................. 177

Tempo, trabalho, velocidade e distância .............................................. 193

Álgebra ................................................................................................. 238

Geometria ............................................................................................. 262

8Razões para fracasso ........................................................................... 285

Como evitar erros tolos? ...................................................................... 289

Erros de cálculo .................................................................................... 289

Gerenciamento ineficiente do tempo ................................................... 289

Falta de confiança ................................................................................ 289

9Conclusão ............................................................................................ 291

Onde a mente é livre .......................................................................... 295

DO ATO DE “INSPIRAÇÃO”

Da lenda indiana

Choo-Bhana era um festival anual comemorado pelos aldeões de Nupur

para venerar a deusa Bhagawati, cujo templo ficava nas profundezas da selva.

Nupur foi uma aldeia obscura que existiu nos dias do passado distante no meio

de uma densa floresta. Seus habitantes eram pessoas trabalhadoras e tementes a

Deus. Os aldeões viviam em casas feitas de pedra que pareciam cavernas e de-

pendiam, para viver, das frutas abundantes à sua disposição na floresta. A aldeia

tinha suas próprias tradições e sua história.

Durante as comemorações do Choo-Bhana, havia uma prática peculiar

seguida há muito tempo pelos aldeões. A trilha que conduzia até a deusa era

coberta por carvão em brasa e era decretado que quem quisesse receber sua

graça e suas bênçãos teria de caminhar descalço pela trilha, que tinha cerca de

trinta metros de extensão, e tocar os pés da deusa. Os aldeões haviam visto mui-

tas coisas melhorarem no destino das pessoas que tinham conseguido realizar

aquele difícil feito e havia milhares e milhares deles dispostos a fazer uma tenta-

tiva. Mas era muito comum se ver muitas pessoas desistirem na metade do cami-

nho, muitas outras se ferindo seriamente e assim por diante.

Havia um grupo de bravos, Sambha, Abhi, Parasa e Shantana, que haviam

realizado aquela rara proeza e assumido a tarefa de motivar e guiar os outros

habitantes da vila na tentativa de concluí-la. Sambha, com sua grande experiência

de guiar milhares de pessoas nas suas tentativas, concluiu que a façanha exigia

muito mais do que força mental e física para ter sucesso no Choo-Bhana. Ele com-

preendeu que algumas estratégias, como preparar os pés, planejar a velocidade

da caminhada, focalizar a abordagem certa e não apenas a meta etc., ajudavam

a chegar ao sucesso sem qualquer ferimento. Ele também constatou que aqueles

que se preparavam para a caminhada com essas estratégias se tornavam mental

e fisicamente muito mais fortes, mesmo antes de receberem as bênçãos da deusa.

Abhi e Shantana sugeriram a Sambha que ele preparasse um conjunto de diretri-

zes claras para aquelas estratégias de uma forma que pudesse ser compreendida

pelas massas. E também encorajaram e inspiraram Sambha a pesquisá-las de

forma mais profunda. Ele sabia que aquilo exigiria tempo retirado da sua rotina,

a qual consistia não só do cumprimento das suas responsabilidades como prove-

dor de uma família, mas também de realizar seu trabalho de aconselhamento e

atendimento a seus compromissos sociais. Vasudha, a mulher de Sambha, ofere-

ceu todo o seu apoio e alimentou suas inspirações.

Abhi também estava realizando um trabalho semelhante de orientação em

conjunto com Sambha. Tendo compreendido o dilema de Sambha, Abhi lhe disse

que assumiria responsabilidades adicionais por alguns meses, enquanto Sambha

trabalhava no desenvolvimento do seu “Segredo do Sucesso” para as massas.

Assim, Abhi convenceu Sambha a não se preocupar com suas responsabilidades

durante o período. Finalmente, Sambha decidiu enfrentar o desafio. Durante sua

longa jornada de exploração de estratégias e princípios vitoriosos, Sambha bus-

cou continuamente a orientação de Shantanu. Ele sacrificava todo o tempo livre

que tinha e orientava o trabalho do amigo sempre com um sorriso na face. Sambha

também recorria a Mitasu, um outro amigo. Este sugeria mudanças ou melhoras

com base na sua experiência de passeatas, em que havia conduzido milhares de

devotos. Sambha necessitava de ajuda para combinar as constatações da sua pes-

quisa e a recebia dos seus vizinhos Kerash e Nakash.

Sambha sabia que tinha de se apressar e concluir sua pesquisa e sua tese

rapidamente, pois o festival anual de Choo-Bhana se aproximava. Ele trabalhava

dia e noite para concluir toda a consolidação da pesquisa e das suas constatações.

Para garantir que o trabalho fosse compreendido facilmente por todos, Sambha

queria que fossem feitos modelos de argila representando várias estratégias.

Devasi, da mesma aldeia, possuía todas as habilidades para construir os mo-

delos. Tendo entendido a santidade e a urgência do seu trabalho, Devasi deixou de

lado seu trabalho rotineiro para terminar em tempo modelos perfeitos em argila.

Sawanth ajudou a pintar toda a obra. Samathi Mutt aceitou a responsabilidade de

criar a nova filosofia para que ela pudesse atingir todos os devotos que se prepara-

vam para o ritual de caminhar sobre o fogo do Choo-Bhana daquele ano. O tempo

passou e finalmente a obra compilada, intitulada “Paadha-Sara”, foi publicada.

Sambha sabia que, sem o incentivo e o apoio da família e dos amigos, seus esforços

teriam sido um grande fracasso.

AO FATO

Da realidade

Estou certo de que qualquer projeto feito por uma pessoa ou uma orga-nização requer inspiração e apoio de simpatizantes. A história anterior tem muita semelhança com meu trabalho neste livro. Posso encontrar Abhi, Parasu, Shantanu etc., mesmo nesta minha humilde obra. Meu vocabulário impede que eu lhes agradeça. Tudo o que fiz aqui é relacionar as pessoas que me ajudaram neste projeto. E devo minha obra, em termos deste livro, a todas elas.

Este livro fala a respeito de ser não-convencional em todos os seus

capítulos. Espero que os leitores se inspirem para ter sucesso na sua busca pelo

“darshan” (palavra em sânscrito que significa encontro ou visão de Deus) da

mesma maneira eu o fiz para escrever este livro.

NOTA PARA OS LEITORES

A respeito do livro

Passamos pela vida em busca de soluções fáceis para nossos problemas.

Por mais irônico que possa parecer, todo o impulso no sentido de maior efi-

ciência em qualquer coisa que fazemos resulta diretamente da nossa pregui-

ça inata. O homem pré-histórico descobriu que a comida cozida não só tinha

melhor sabor, mas também lhe poupava tempo, que ele podia usar com algo

melhor do que mastigar carne crua durante horas. A domesticação do gado foi

outra onda cerebral que deve ter passado pelas cabeças dos nossos ancestrais

enquanto eles arrastavam cargas pesadas de um lado para outro. Analoga-

mente, nos tempos modernos, temos visto inovações como o controle remoto,

o aspirador de pó e a poltrona de massagem. Todas elas resultam de gente

preguiçosa pedir mais produção com o mínimo possível de energia (leia-se

eficiência!).

Como ler este livro?

Ao ler este livro, é provável que você busque o mesmo tipo de eficiência.

Você poderá se perguntar — “Será que posso ler este livro e obter respostas

para o máximo possível de perguntas?” É normal, para uma pessoa que está

investindo um certo volume de recursos (dinheiro, tempo e concentração!),

buscar retornos mais altos e mais rápidos. Lendo este livro, você irá desco-

brir que a ênfase de TWI é exatamente a mesma — conseguir que as coisas

sejam feitas de forma inteligente e rápida para que você possa passar tem-

po consigo mesmo e com seus entes queridos. Como muitos leitores deste

livro podem achar que o TWI tem um foco muito estreito (de resolver pro-

blemas quantitativos em provas competitivas como a CAT), estou dando

uma calculadora que explica como o leitor pode obter muito mais deste

livro. Em essência, quando estamos referenciando entidades específicas

neste livro, não estamos impedindo a aplicação desses princípios em outras

entidades genéricas. Se você ler o livro e se relacionar aos conceitos usando

a tabela abaixo, irá constatar que está obtendo dele mais do que esperava.

E essa, senhoras e senhores, é a premissa básica de toda a felicidade humana,

certo?

Entidade SignificadoO que pode representar na vida real

TWI Pensar Sem Tinta Uma mentalidade de solucionador de proble-mas, uma abordagem criativa à análise e reso-lução dos dilemas sem-pre presentes na vida.

CAT Teste de AdmissãoComum

Representa todos os exa-mes competitivos que testam o examinado em termos de aptidão, ori-ginalidade, criatividade etc. Também expandido para representar todos os desafios da vida real que exigem pensamento crítico e presença de es-pírito sob severas restri-ções de recursos.

Entidade SignificadoO que pode representar na vida real

Problema Quantitativo Problemas envolvendo conceitos matemáticos

Representa qualquer situa-ção em que o solucionador de problemas precisa apli-car seu conhecimento fun-damental, assim como pen-samento inovador, para criar um resultado desejá-vel (a solução). O proble-ma pode ser enunciado de forma explícita, ou pode precisar ser inferido a par-tir do estado da situação e/ou da vizinhança.

Examinador Alguém que apresenta um problema para ser resolvido

Pode representar seu pro-fessor, gerente, líder de equipe, cliente ou qual-quer entidade que requer que você aplique sua mente para chegar a uma solução de qualidade e efi-caz em relação ao custo.

Aluno Pessoa em busca deconhecimento e aptidões

Representa não só alunos prestando exames como o CAT, mas também tra-balhadores, gerentes (re-portando-se aos seus Exa-minadores), funcionários públicos ou mesmo pro-fessores aprendendo no-vas maneiras para melhor resolver problemas.

Tempo Recurso não-renovável Representa qualquer re-curso que precisa sergerenciado com atenção — dinheiro, mão-de-obra, materiais etc. — enquan-to um aluno (ou trabalha-dor, ou gerente) está resol-vendo um problema.

Recomendo que os leitores leiam o livro prestando atenção às seme-

lhanças entre as entidades anteriormente descritas e suas representações na

vida real. Isto irá tornar a aplicação do TWI mais significativa e produtiva.

A respeito da estrutura do livro

Este livro tem nove capítulos. O primeiro, intitulado “Com o devido res-

peito pela caneta”, explica o conceito de TWI. O capítulo 2 explica, com exem-

plos, a relevância do TWI para os testes de aptidão. O “Aquecimento” é uma

técnica importante para elevar a eficiência na resolução de problemas e é dis-

cutida extensamente no capítulo 3. Achei que a melhor maneira de começar

com aplicações de TWI para a resolução de problemas quantitativos é explicar

o cálculo mental. O capítulo 4, “TWI e Cálculos”, trata das diferentes aborda-

gens aos cálculos mentais. TWI tem cinco fortes princípios que atuam como

pilares para o conceito. Esses princípios são cobertos com numerosos exem-

plos no capítulo intitulado “Princípios de TWI”. Diversas ferramentas para a

resolução de problemas são explicadas no capítulo seguinte com exemplos

relevantes. Os fundamentos são essenciais para a resolução de qualquer pro-

blema e fiz uma tentativa honesta de expor estudantes aos itens básicos em

tópicos de habilidade quantitativa. Há muitas razões simples para erros na

resolução de problemas e estes se tornam muito dispendiosos, uma vez que,

em qualquer teste, a avaliação é feita com base na resposta final. O capítulo

sobre “Razões para fracassos” focaliza esses erros e os métodos para superá-los.

Como olhar para os problemas?

Quero que fique claro que o objetivo deste livro é conduzi-lo através de

uma abordagem única à resolução de problemas denominada TWI, mas não

expô-lo a espécies diferentes de problemas. Ficarei mais satisfeito quando

você for capaz de resolver novas espécies de problemas em qualquer teste

através da aplicação de abordagens de TWI do que quando resolver os mes-

mos problemas dados neste livro. Tenha em mente que os “heróis” deste li-

vro não são “os problemas”, mas as “abordagens explicadas”! Os problemas

selecionados neste livro estão apenas desempenhando o papel de exemplos

para as abordagens descritas.

Os problemas quantitativos introduzidos neste livro estão impressos

em itálico para facilitar sua identificação. Sua análise vem a seguir. Sugiro

que você feche o livro tão logo leia um problema e o resolva antes de ler a

análise dada no livro. Isto não só irá fazer com que você compreenda seu

próprio quadro mental, mas também o ajudará a desenvolver a capacidade

de olhar para o problema de uma maneira diferente. Por favor, mantenha à

mão um bloco de anotações e uma caneta para resolver o problema à sua

maneira. Embora a melhor maneira para resolver um problema seja sem

escrever nada em papel, é essencial que antes você o resolva da maneira com

a qual está mais acostumado (digamos, usando caneta e papel). Isto fará

com que você avalie, aplique e aprenda melhor os princípios e as ferramentas

de TWI.

1

COM O DEVIDO RESPEITO PELA CANETA...

“Quanto custam estas bananas?” pergunta um cliente bem vestido e aparentemente bem-educado a um vendedor ambulante que vende bananas à beira da estrada, perto de um mercado repleto. “Dezesseis rúpias a dúzia”, diz o ambulante, que pode nunca ter entrado numa escola. O cliente começa a barganhar e finalmente pergunta: “Qual é o seu último preço?”

O ambulante escolhe uma penca de bananas, conta-as e diz instantanea-mente ao cliente: “Vamos fazer uma coisa. Há 16 bananas nesta penca. Dê-me 19 rúpias”. O cliente, que poderia ter mestrado em Matemática, suspeita da contra-oferta e fica incerto por um instante. Ele não sabe se, a R$ 19,00 por 16 bananas, está pagando MAIS ou MENOS em comparação a R$ 16,00 por uma dúzia. Isto porque ele provavelmente não consegue fazer os cálculos tão depressa quanto o esperto vendedor ambulante!

“Dê-me 250 g de feijão, meio quilo de berinjelas, dois pepinos e 2 quilos de cebolas”, diz outro cliente da elite a uma aldeã que vende legumes. Ela imedia-tamente calcula o valor total para tudo junto e pede o pagamento. O pobre cliente

gasta uns dois minutos para verificar que os cálculos dela estavam certos!

Vejamos agora um pequeno restaurante self-service em Bangalore. O salão

está totalmente lotado. As pessoas carregam pratos e os reabastecem no balcão

1

2

até ficarem satisfeitas. O “proprietário-garçom-caixa” não tem uma caixa-regis-

tradora nem cobra adiantado. Mas, logo depois que uma pessoa ou grupo termina

sua refeição, ele calcula o valor total apenas com o incrível poder da memória,

observação e cálculo mental!

Sempre fui um bom observador. Fico espantado com os inúmeros casos

como os acima e me pergunto se o sistema de ensino indiano está fazendo

tudo certo. Em minha pouca experiência de viajar ao exterior, percebi que

esta espécie de “trabalho mental mágico” é mais comum na Índia do que em

outros países. Este tipo de trabalho mental é o poder latente e não utilizado

que nós indianos temos e fico triste pelo fato do nosso sistema de ensino, que

é provavelmente uma cópia do sistema ocidental, nos ter feito abrir mão

desses talentos extraordinários para estados e bloqueios mentais.

Em todas as situações de problemas na vida real, o mais importante é a

solução final. A solução ou meta pode ser fixa, mas pode haver muitas ma-

neiras de chegar até ela. A missão da nossa vida deveria ser continuamente

improvisar e aperfeiçoar nossa abordagem à resolução de problemas. Para

representar esse tipo de missão, cunhei a expressão “TWI”. TWI significa

“Pense Sem Tinta” [Think Without Ink], que, em essência, sugere que deve-

mos evitar a excessiva dependência de dispositivos modernos para encontrar

as melhores soluções. Devemos evitar nos tornar escravos desses dispositivos

para que possamos fazer o melhor uso da nossa mente, um recurso altamente

subutilizado.

Com alguma curiosidade na cabeça, fui uma vez a um Guru para

aprender os Vedas para poder fazer versos a partir deles. Fiquei espantado

quando o Guru me contou que a maneira ideal de aprender os Vedas não é

usando livros, mas através da prática. Ele contou que os Vedas nunca foram

escritos, nem mesmo depois da invenção da escrita e eram passados de gera-

ção a geração somente através de cânticos! Ele também disse que é impossí-

3

vel aprender a cantar se nos tornamos escravos dos livros. Esta revelação me

convenceu de que o TWI já era praticado no passado no nosso sistema de

ensino!

Acho que no atual sistema de ensino indiano há demasiada ênfase em

abordagens convencionais fixas e pouco espaço para o uso criativo da mente.

Isto pode ser compreensível até certo ponto, uma vez que o sistema é orien-

tado para ensinar mentes mais jovens a avaliar os itens básicos e prover um

sistema para que um examinador avalie se o aluno compreendeu de fato os

fundamentos. Neste sistema, o único risco não-auditado é o desenvolvimento

de um obstáculo denominado bloqueio mental, que os alunos adquirem com

o passar do tempo. Esse tipo de sistema reduz o poder de criatividade dos

alunos na resolução de problemas, tornando-os dependentes de métodos

convencionais e fixos de resolução de problemas.

Nesse sistema, o único risco não-auditado é odesenvolvimento de um obstáculo denominado bloqueiomental, que os alunos adquirem com o passar do tempo.

O efeito do nosso sistema de ensino pode ser visto nos testes de aptidão

que são concebidos para testar a capacidade de pensar de forma inteligente

dos alunos. Eles se esforçam para escapar dos seus bloqueios mentais e su-

cumbem às estratégias do examinador. Em minha experiência de mais de

quatorze anos aconselhando estudantes de várias disciplinas em diversas

partes do mundo, tenho visto a capacidade de pensar de forma inteligente

deles ser seriamente prejudicada devido à sua incapacidade de superar os

estados mentais desenvolvidos nas suas escolas. Para disseminar o “movi-

mento TWI”, pensei que a melhor abordagem seria começar com exemplos

tirados de testes de aptidão concebidos para reproduzir, de maneira estraté-

gica, situações da vida real. Em testes de aptidão, a pessoa sente-se quase

como um caçador caminhando pela selva — é claro que muitos diriam que

4

se sentem mais como uma presa — tentando pensar mais rápido e de forma

mais inteligente do que um forte oponente. Tenho muito respeito pelas pessoas

que criam as perguntas encontradas nesses testes. Qualquer um que tenha

suado por duas horas para responder a um CAT atestará o fato de que é pre-

ciso muito mais capacidade intelectual para criar as perguntas do que para

respondê-las! Portanto, achei que seria melhor explicar a abordagem TWI

através desses exemplos bem concebidos.

Esses testes de aptidão nos fazem compreender a necessidade de nos

concentrarmos na nossa aptidão mental. Na maior parte do tempo, a reso-

lução de problemas nesses testes de aptidão requer abordagens não-conven-

cionais, semelhantes às situações da vida real que enfrentamos todos os

dias. Porém, os estudantes não são expostos a esses métodos não-conven-

cionais no seu currículo escolar. Neste livro, meu objetivo foi de levar o

leitor através do conceito único de TWI aplicado à resolução de problemas.

TWI quer dizer “Think Without Ink” [Pense Sem Tinta] e, como o nome

indica, a abordagem o ajuda a resolver problemas sem o uso de caneta,

papel e calculadora. Os grandes sábios indianos, os Rishis, foram provavel-

mente os primeiros a usar esses métodos e um exemplo clássico disto é a

área de “matemática védica”, na qual grandes cálculos são executados sem

o uso de caneta e papel. Esses sábios visionários concluíram cedo em suas

vidas que os complementos materiais só os tornavam ineficientes e excessi-

vamente dependentes e usavam apenas suas mentes para solucionar os mais

difíceis problemas!

Espero convencer os leitores de que exigimos mais raciocínio para re-

solver problemas matemáticos do que a própria matemática pura! Em última

análise, a vida é um quebra-cabeças de relações interligadas e difíceis de en-

tender. No caso da matemática, a relação é apenas entre números ou símbo-

los. E exigimos abordagens de raciocínio para entender as relações.

5

Espero convencer os leitores de que exigimosmais raciocínio para resolver problemas matemáticos

do que a própria matemática pura!

Para entender melhor, considere como exemplo o problema a seguir. Há

10 caixas, cada uma contendo 10 bolas de ferro. Sabemos que todas as bolas

nas caixas pesam 10 g cada uma, com exceção de uma caixa cujas bolas

pesam 9 g. Mas as dez caixas são iguais. Você abre a caixa e vê as bolas de

ferro, mas não consegue distinguir visualmente as bolas de 10 g daquelas

de 9 g. Você recebe uma balança que pode pesar uma caixa por vez e indicar

o peso correto. Quantas caixas você pesará antes de achar aquela que con-

tém as bolas mais leves? Este problema requer a compreensão da relação entre

as caixas para se determinar a solução. Os leitores que resolveram o proble-

ma tendo em mente o conceito de relação obtêm a resposta certa, que é “1”.

Sabemos que as caixas pesam 100 g cada, exceto uma que pesa 90 g. A

melhor abordagem seria alinhar as caixas e numerá-las. A seguir pegue

a primeira caixa com 10 bolas e acrescente 9 bolas da segunda caixa, 8 da

terceira e assim por diante, até acrescentar apenas uma bola da última

caixa. Agora a primeira caixa contém 55 bolas e seu peso seria de 550 g se

todas elas pesassem 10 g. Como uma das caixas contém bolas mais leves, o

peso total da primeira caixa será inferior a 550 g. Agora você pode identificar

a caixa mais leve, dependendo de “quantos gramas a menos” pesa a primeira

caixa em relação a 550 g.

A mente acima da matéria?

A TWI requer exercício mental. Quando se trata de fortalecimento, toni-

ficação e desenvolvimento, a mente humana não difere dos nossos músculos.

6

É preciso exercício constante para desenvolvê-la e mantê-la. Jogos ou pro-

blemas interessantes fazem você pensar e o ajudam a tonificar suas células

cerebrais. Canetas e calculadoras são para a mente humana aquilo que fast-

food e a televisão são para o corpo humano!

Quando se trata de fortalecimento, tonifi caçãoe desenvolvimento, a mente humana não difere dos nossos músculos. É preciso exercício constante para desenvolvê-la

e mantê-la. Jogos ou problemas interessantes fazemvocê pensar e o ajudam a tonifi car suas células

cerebrais. Canetas e calculadoras são para a mentehumana aquilo que fast-food é para o corpo humano!

TWI é divertida

TWI é divertida. Quanto mais você adotá-la, mais se divertirá com este

“jogo” entre o examinador e o solucionador de problemas. O lado belo é que

a TWI não se limita necessariamente à resolução de problemas quantitativos.

Podemos usá-la em toda parte, em nossos afazeres do dia-a-dia. Hoje, os

gerentes e líderes mais inteligentes não são aqueles que pensam de forma

convencional e perdem tempo atolados em problemas. Eles usam a abordagem

mais inteligente contida na filosofia TWI — veja de maneira diferente; pense

de forma mais inteligente. Eles usam conceitos fundamentais que adqui-

riram na sua educação regular; porém, mais importante, eles vão além

do convencional e encontram soluções criativas que escapam ao homem

comum.

7

Certa vez, um pescador inteligente perguntou a Bernard Shaw: “Quan-

tos peixes, colocados um atrás do outro, são necessários para unir a terra ao

céu?” Bernard Shaw não tinha régua nem calculadora nem começou a escre-

ver equações para responder à pergunta. Mas ele usou sua famosa presença

de espírito e respondeu instantaneamente: “Basta um, se for comprido o

suficiente!” Este é um exemplo de TWI!

A caneta é Deus!

Quando digo TWI, não devo ser interpretado como opositor do uso da

caneta. É fato conhecido que a caneta é mais poderosa do que a espada e

venceu mais batalhas! A tinta é apenas tomada como exemplo para representar

a dependência desnecessária de dispositivos para a resolução de problemas.

O objetivo é eliminar o uso de todos os dispositivos e utilizar o pleno poder

da mente. Tenho muito respeito pela caneta e outros dispositivos. Mas, no

que tange à resolução de problemas, minha sugestão é tratá-los como deuses;

mantenha-os na sua frente para inspiração, mas evite usá-los. Quando virem

sua devoção — e não dependência — a eles, esses deuses-dispositivos certa-

mente irão abençoá-lo com maior poder mental.

TWI e andar de bicicleta

Aprender a abordagem TWI não é fácil. Ela requer muito empenho e

dedicação. É muito parecido com aprender a andar de bicicleta, algo que a

maioria das pessoas fez na juventude. O começo é desafiador, mas você se

diverte. Você cai muitas vezes enquanto aprende, mas não desiste. Você

se diverte com todo o processo de aprendizado e, uma vez que tenha aper-

feiçoado a arte do ciclismo, você o praticará com tanta facilidade que nem

8

precisará pensar em como o faz. Andar de bicicleta torna-se uma segunda

natureza. Analogamente, a TWI, uma vez aperfeiçoada, faz as outras pessoas

se admirarem com seus poderes. Você parece um mágico quando está resol-

vendo problemas difíceis em segundos, enquanto pessoas aparentemente mais

qualificadas, educadas e sofisticadas à sua volta estão pegando suas canetas

e calculadoras. Aos poucos, você passará a ser visto como um homem-deus!

Ou um gerente esperto que gosta do seu trabalho.

A TWI, uma vez aperfeiçoada, faz as outras pessoasse admirarem com seus poderes. Você pareceum mágico quando está resolvendo problemas

difíceis em segundos.