Karen Horney _ PsicoArtigos

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16/5/2014 Karen Horney | PsicoArtigos http://psicologadrumond.wordpress.com/2013/08/15/karen-horney/ 1/6 PsicoArtigos AGOSTO 15, 2013 · 4:43 PM Karen Horney Horney é considerada uma neopsicanalista, formada em medicina e psicanálise, entretanto utilizou a base psicanalítica para formar sua própria teoria da personalidade, divergindo de Freud em vários fatores. As características principais da sua teoria pousam na fundamental ênfase dos fatores culturais e sociais no desenvolvimento da personalidade, e baseado nisso, a diferença entre as psicologias masculinas e femininas. Horney também explorou as minúcias das relações maritais. Podemos estabelecer os seguintes pontos principais da teoria de Horney : 1. Fundamental importância à cultura no desenvolvimento da neurose; 2. A característica central da neurose é a alienação do eu real causado pelas forças opressivas no ambiente; 3. O somatório das experiências na infância é responsável pelo desenvolvimento neurótico. É importante ressaltar os fundamentos pelos quais levaram Horney a conferir tanta ênfase no fenômeno cultural no desenvolvimento da personalidade. Foram basicamente três fatores principais, e outras considerações que a psicanalista observou em sua prática clínica, os quais veremos no decorrer do texto. 1. A observação das diferenças na estrutura da personalidade entre seus pacientes na Europa e EUA. 2. As diferenças nas concepções do que é masculino e feminino, socialmente construídos e difundidos. 3. Sua associação com Erich Fromm, que ampliou sua percepção sobre fatores sociais e culturais. PONTOS DE DISCORDÂNCIA COM A TEORIA FREUDIANA Horney discordava com vários pontos da teoria freudiana, que sintetizamos aqui: 1. Inveja do pênis. Horney não acreditava que a inveja do pênis seria fator dominante da psicologia feminina, que teria por base uma ênfase exagerada no relacionamento amoroso e na falta de auto- confiança; 2. Caráter sexual-agressivo do Complexo de Édipo. A psicanalista via este conflito como a vivência de uma ansiedade decorrente de perturbações básicas como rejeição, superproteção e punição no relacionamento da criança com o pai e a mãe. 3. Agressividade inata . A agressividade não seria um sentimento inato, como pressupunha o pai da psicanálise, mas apenas um modo pelo qual os seres humanos tentam garantir sua segurança. 4. Narcisismo como auto-amor . O narcisismo seria o resultado decorrentes do sentimento de insegurança, levando à auto-inflação e a supervalorização defensivos. SÍNTESE DA TEORIA DE HORNEY Os indivíduos internalizam os estereótipos culturais negativos na forma de ansiedade básica e conflitos

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Este artigo é sobre a autora Karen Horney, teorica culturalista. Este texto auxilia o estudante de psicologia!

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    A GOSTO 1 5 , 2 01 3 4 :4 3 PM

    Karen Horney

    Horney considerada uma neopsicanalista, formada em medicina e psicanlise, entretanto utilizou a base

    psicanaltica para formar sua prpria teoria da personalidade, div ergindo de Freud em v rios fatores.

    As caractersticas principais da sua teoria pousam na fundamental nfase dos fatores culturais e sociais no

    desenv olv imento da personalidade, e baseado nisso, a diferena entre as psicologias masculinas e femininas.

    Horney tambm explorou as mincias das relaes maritais.

    Podemos estabelecer os seguintes pontos principais da teoria de Horney :

    1 . Fundamental importncia cultura no desenv olv imento da neurose;

    2. A caracterstica central da neurose a alienao do eu real causado pelas foras opressiv as no

    ambiente;

    3 . O somatrio das experincias na infncia responsv el pelo desenv olv imento neurtico.

    importante ressaltar os fundamentos pelos quais lev aram Horney a conferir tanta nfase no fenmeno

    cultural no desenv olv imento da personalidade. Foram basicamente trs fatores principais, e outras

    consideraes que a psicanalista observ ou em sua prtica clnica, os quais v eremos no decorrer do texto.

    1 . A observ ao das diferenas na estrutura da personalidade entre seus pacientes na Europa e EUA.

    2. As diferenas nas concepes do que masculino e feminino, socialmente construdos e difundidos.

    3 . Sua associao com Erich Fromm, que ampliou sua percepo sobre fatores sociais e culturais.

    PONTOS DE DISCORDNCIA COM A TEORIA FREUDIANA

    Horney discordav a com v rios pontos da teoria freudiana, que sintetizamos aqui:

    1 . Inveja do pnis. Horney no acreditav a que a inv eja do pnis seria fator dominante da psicologia

    feminina, que teria por base uma nfase exagerada no relacionamento amoroso e na falta de auto-

    confiana;

    2. Carter sexual-agressivo do Complexo de dipo. A psicanalista v ia este conflito como a v iv ncia

    de uma ansiedade decorrente de perturbaes bsicas como rejeio, superproteo e punio no

    relacionamento da criana com o pai e a me.

    3 . Agressividade inata. A agressiv idade no seria um sentimento inato, como pressupunha o pai da

    psicanlise, mas apenas um modo pelo qual os seres humanos tentam garantir sua segurana.

    4. Narcisismo como auto-amor. O narcisismo seria o resultado decorrentes do sentimento de

    insegurana, lev ando auto-inflao e a superv alorizao defensiv os.

    SNTESE DA TEORIA DE HORNEY

    Os indiv duos internalizam os esteretipos culturais negativ os na forma de ansiedade bsica e conflitos

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    internos. As preocupaes com segurana, a alienao intrapsquica e as preocupaes interpessoais

    compem as motiv aes primrias da personalidade. No cerne das perturbaes mentais esto as tentativ as

    inconscientes de lidar com a v ida, apesar do medo, do desamparo e do isolamento.

    TEORIA DA PERSONALIDADE

    Para Horney , o desenv olv imento da personalidade ocorre pela influncia mtua de foras biolgicas e

    psicossociais. O centro de personalidade denominado Self real, cujo conceito se assemelha ao ego freudiano,

    posto que combina escolha, v ontade, espontaneidade, responsabilidade, identidade e v iv acidade. H no

    organismo humano uma tendncia para a autorrealizao, que impulsiona o desenv olv imento psicolgico

    do indiv duo em 3 direes:

    1 . Em direo aos outros: na expresso de amor e confiana;

    2. Contra os outros: para a expresso de uma oposio sadia;

    3 . Para longe dos outros: em direo autossuficincia;

    Horney acreditav a que as condies durante a infncia podem bloquear o desenv olv imento psicolgico, que

    pode seguir seu rumo de desenv olv imento normal quando os bloqueios so remov idos. Para explicar,

    desenv olv eu uma teoria da neurose.

    TEORIA DA NEUROSE

    A neurose no considerada uma perturbao apenas do relacionamento com os outros, mas tambm do

    relacionamento com ns mesmos. Dessa forma, a neurose foi definida tanto em termos intrapsquicos como

    interpessoais. Horney baseou-se, para tanto,em sua prpria experincia clnica, ao v erificar que seus

    pacientes no se queixav am das neuroses sintomticas (como fobias e compulses, apesar de recorrentes),

    mas de infelicidade, de falta de sentido no trabalho e na inabilidade de estabelecer ou manter

    relacionamentos. Horney definiu esses sintomas como complexos sistemas de padres defensiv os,

    autoperpetuantes contra a ansiedade basca que tev e incio na primeira infncia (neuroses de carter, busca

    de segurana).

    A Teoria da Neurose pressupe a existncia de tendncias neurticas, que so compreendidas como o

    resultado do enrijecimento de padres de comportamento e de crescentes bloqueios ao crescimento. A origem

    dessas tendncias neurticas seriam a combinao entre as condies ambientais desfav orv eis e os

    sentimentos conflitantes no inconsciente, que geram na criana um senso de desconforto, apreenso,

    ansiedade e uma sensao de Self inseguro.

    ANSIEDADE BSICA

    De acordo com Horney , as crianas experimentam espontaneamente ansiedade, desamparo e

    v ulnerabilidade decorrentes das ameaas impostas pela sociedade. Caso a criana no tenha uma orientao

    amorosa que possa lhe ajudar a lidar com esses temores, ela pode desenv olv er a ansiedade bsica, que pode

    ser definida como o temor da criana em estar sozinha e desamparada num mundo hostil.

    A ansiedade bsica impede a criana de se relacionar com os outros com a espontaneidade de seus

    sentimentos reais, forando-a a desenv olv er estratgias defensiv as.

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    Tudo o que perturba a segurana da criana em relao aos pais prov oca ansiedade bsica. Horney chama

    esses fatores de mal bsico e so eles: indiferena, falta de respeito s suas necessidades, dominao direta

    ou indireta, atitudes depreciativ as, falta de orientao, admirao excessiv a ou falta de admirao,

    inconsistncia no carinho, responsabilidade exagerada ou insuficiente, superproteo,injustia,

    discriminao, tendncia para tomar partido nas discusses parentais, isolamento de outras crianas,

    promessas no cumpridas, etc. (Hall, Lindzey e Campbell).

    O mal bsico v iv enciado pela criana prov oca espontaneamente ressentimento ou hostilidade bsica. Isto

    fonte de conflito para a criana, pois a expresso dessa agressiv idade pode se v oltar contra ela, ao entender

    que dessa forma pode colocar em risco o amor dos pais por ela.

    A criana reprime a hostilidade independente da causa. A represso amplia o conflito e conduz a um ciclo

    v icioso, pois a ansiedade produz uma necessidade excessiv a de afeio que se no satisfeita, causa sentimento

    de rejeio, aumentando a ansiedade e hostilidade. Assim, a criana e, posteriormente, o adulto, fica

    aprisionado neste ciclo de angustia cada v ez mais intenso.

    Para aliv iar sua ansiedade, a criana mov e-se psicologicamente em trs direes:

    1 . Busca de afeto e aprov ao;

    2. Tornam-se hostis;

    3 . Elas se retraem;

    1 0 PADRES DE NECESSIDADES NEURTICAS

    Horney designou 1 0 necessidades neurticas, as quais so baseados em coisas que todos ns precisamos, mas

    que se tornam distorcidas em sua manifestao pelas dificuldades enfrentadas pelo indiv duo. Todas as

    necessidades neurticas so irrealistas, na medida em que esto na origem dos conflitos internos.

    1 . NECESSIDADE NEURTICA DE AFEIO E APROVAO. Caracteriza-se por um desejo

    indiscriminado em agradar os outros e cumprir suas expectativ as.s, mas que se tornam distorcidas em

    sua manifestao pelas dificuldades enfrentadas pelo indiv duo. Todas as necessidades neurticas so

    irrealistas, na medida em que esto na origem dos conflitos internos.

  • 16/5/2014 Karen Horney | PsicoArtigos

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    2. NECESSIDADE NEURTICA DE UM PARCEIRO QUE ASSUMA A VIDA DA PESSOA. Baseado na

    fantasia de que ir surgir um amor e que dessa forma todos os seus problemas estaro resolv idos. A

    pessoa desenv olv e um pav or imenso de ser abandonada.

    3 . NECESSIDADE NEURTICA DE RESTRINGIR A VIDA A LIMITES ESTREITOS. Indiv iduos que se

    contentam com pouco, sem exigncias, prefere a modstia acima de tudo e prefere v iv er na

    obscuridade.

    4. NECESSIDADE NEURTICA DE PODER. Desespero pelo poder. Necessita do domnio para seu prprio

    bem, geralmente acompanhado pelo desrespeito pelos outros, glorificao indiscriminada pela fora.

    5. NECESSIDADE NEURTICA DE EXPLORAR OS OUTROS. Consiste em manipular os outros para tirar

    benefcios prprios. Esta neurose tambm pode env olv er medo de ser manipulado pelos outros.

    6. NECESSIDADE NEURTICA DE PRESTGIO. So pessoas que necessitam de superv alorizao,

    reconhecimento pblico e popularidade. Temem serem ignoradas ou sentirem-se deslocadas.

    7 . NECESSIDADE NEURTICA DE ADMIRAO PESSOAL. Com uma autoimagem superv alo

    rizada de si prprios, essas pessoas exigem ser admiradas nesta mesma proporo, sentindo-se

    desesperadas caso outros no a v ejam nesta mesma posio.

    8. AMBIO NEURTICA DE REALIZAO PESSOAL. uma obsesso pela realizao pessoal. Essas

    pessoas obrigam-se a realizaes cada v ez maiores, como resultado de uma insegurana bsica.

    9. NECESSIDADES NEURTICAS DEAUTOSSUFICIENCIA E INDEPENDENCIA. So pessoas que tendem a

    recusar ajuda. Muitas v ezes tornam-se pessoas solitrias,afastando-se e recusando-se a formar v nculos

    como uma forma de proteo.

    1 0. NECESSIDADE NEURTICA DE PERFEIO E NO VULNERABILIDADE. Essas pessoas tem pav or de

    reconhecer seus erros, por isso esto em constante busca para tornar-se infalv eis.

    Cada uma dessas tendncias superenfatizam um dos elementos env olv idos na ansiedade bsica, e por isso so

    classificadas nestes trs grupos:

    1 . Desamparo nabusca de aproximar-se das pessoas;

    2. Isolamento ao afastar-se das pessoas;

    3 . Hostilidade ir contra as pessoas;

    Os principais tipos de carter preconizado por Horney foram estabelecidos segundo a forma que um

    indiv duo lida com a ansiedade bsica, o que estabelece padres de personalidade. So eles:

    TIPO SELF-APEGADO

    Resulta na operao defensiv a de agarrar-se aos outros. So pessoas que tentam obter o fav or dos outros

    atrav s de lisonja, tendem a subordinar-se aos outros e so relutantes em discordar deles por medo de perder

    o fav or. Podemos observ ar neste tipo a tentativ a de lidar com a insegurana atrav s da ideia de que ser

    amado a garantia de que no ser abandonado. (desamparo)

    TIPO EXPANSIVO

    So as pessoas agressiv as. Resulta da tentativ a do sujeito utilizar manobras contra outros indiv duos, bem

    como uso do poder e do domnio para obter segurana. A soluo v ista como agresso resultante da crena

    do sujeito de que,detendo o poder, ningum conseguir mago-lo. (hostilidade)

    TIPO DESAPEGADO

    Com resignao, o indiv iduo resolv e afastar-se dos outros para ev itar tanto a dependncia como o conflito.

    Esta busca de afastamento dos outros representa a tentativ a neurtica de solucionar o conflito a partir da

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    crena de que se afastando de todos, ningum poder mago-lo. (isolamento)

    Dentro destas trs formas predominantes de lidar com o mundo, o indiv duo desenv olv e meios

    complementares para aliv iar a tenso interna. Sendo assim, uma harmonia artificial pode ser obtida

    atrav s do uso de mecanismos psicolgicos. O superdesenv olv imento de um dos trs estilos bsicos suprime

    os outros dois, que, entretanto, continuam ativ os e produzindo conflitos.

    A consequncia mais sria do desenv olv imento neurtico a alienao do self, que resulta da combinao

    entre a negao repetida da realidade externa e a represso dos contedos genunos. Com o av ano contnuo

    do processo de alienao, o indiv duo perde o contato com o cerne do seu ser e no podem determinar ou agir

    sobre o que o certo para elas.

    PRTICA CLNICA

    Segundo a v iso de Horney , a psicanlise um empreendimento cooperativ o que capacita os pacientes a

    liberarem-se de suas estruturas neurticas, podendo assim se mobilizar em direo autorrealizao. A

    funo principal do analista ajudar os pacientes de seus bloqueios e das foras que os impedem o

    crescimento saudv el.

    Inicialmente, dois tipos de bloqueios so identificados e examinados: o primeiro grupo de bloqueios esto

    orientados segurana, que ajudam a ev itar a ansiedade causada pela autopercepo;o segundo grupo de

    bloqueios so os protetores, incluem o silncio, o atraso, a depreciao da pessoa do analista, o uso de drogas e

    at mesmo a autoacusao. Este processo de percepo dos bloqueios denominado processo de desiluso.

    Os bloqueios de v alor positiv o reforam a satisfao dos pacientes consigo mesmos e apoiam seus eus

    idealizados. No processo de desiluso, o analista identifica ambos tipos de bloqueio, expondo os bloqueios

    protetores antes de expor os bloqueios que defendem a imagem idealizada, pois analisar os bloqueios de v alor

    positiv o primeiro causaria medo excessiv o.

    Seus mtodos de trabalho so baseados na anlise de sonhos e na explorao do relacionamento

    paciente- Horney acreditav a que as mudanas fundamentais so o melhor meio para mudar

    comportamentos autoalienantes. Ento ela criou um cenrio no qual os pacientes podiam av aliar a si

    mesmos, em segurana, afim que possam descobrir e escolher v alores pessoais que se encaixam com seus

    eus reais. Este tipo de reorientao era realizado aps a fase de desiluso. Dessa forma, os sonhos so

    utilizados para lev ar os pacientes a entrarem em um melhor contato com seus eus reais.

    Na medida em que os pacientes mobilizam suas foras construtiv as, eles experimentam a luta entre o

    sistema de orgulho e o eu real, somado aos sentimentos de incerteza, dor psquica, e auto-dio. Quando o

    conflito central resolv ido com xito, os pacientes passam para a fase final do tratamento, a descoberta e o

    uso dos seus eus internos reais.

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