Karl Marx - A Mercadoria

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    KARL MARX

    ( ,

    Prof!! Anselmo AlfredoFLG263 - Geograf ia Econ6mica IITexto / ~ ':y C a p i a s3 1 1 ,

    J I .e" _ _ . k : . . r l

    CRfTICA DA ECONOMIA POLfTICA

    Livro Primeiroo PROCESSO DE PRODW;XO DO CAPITAL

    Volume I-,,-~-,~---~-------

    T('adu~fio deREGINALDO SANT'ANNA

    civilizacaobrasileira

    l,i':~;:.-..~ .. ..i

    CAPITULO I

    A Mercadoria .~.. .:~~

    1. Os DOIS FATORES DA MERCADORIA: VALOR-DE-USO E VALOR(SUBSrANCIA E QUANTIDADE DO VALOR)

    A RIQUEZA das sociedades onde rege a producao capita lis ta I...configura-se em "imensa acumulacao de mercadoriasv.! e a mer- Jcadoria, isoladamente considerada, e a forma elementar dessa ri- iqueza. Por isso, nossa investigacao comeca COm a anaJise da! mercadoria.A mercadoria e , antes de mais Dada, urn objeto externo, uma \.,'colsa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas,~"

    seja qual for a natureza, a origem idelas, provenham do estomago )au da fantasia.s Nao importa a rnaneira como a colsa satisfaz. ' . t~~. - ;.

    1- Karl Marx;- "Contribul(:B.o a CriticR da Economla Polit ics" , Berlim.1859, p. 3.2 "Desejo envolve necessidade; e q", apetite do espfrlto e tio~na~como a fame para a corpo.. . A maloria (daa cofsas) tem...!J.alor por;' , ';..s, ' l : . . 4 / i: y ; , ; '*

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    C1,1?t~.

    .:"

    a necessidade humana, se di ret amente, como meio de subsistencla,,_ objeto de consume, au indiretamente, como meio de prod~ao./'t Cada coisa util, como ferro, papel etc., pode ser considerada ): sob duplo aspecto, segundo qualidade e quantidade. Carla urn \I desses objetos e urn conjunto demuitas propriedades e pode ser I,util de diferentes modes. Constituern fatos historlcos a descoberta \,'

    dos diferentes modos, das divers a s maneiras de usar as eolsas.t Ie a invencao das medidas, socialmente aceitas, para quantificar .'/

    :: as coisas uteis. A variedade dos padr6es de medida das mercado-rias decorre da natureza diversa dos objetos a medir e tambemde convencao. "A utilidade de uma coisa faz dela urn r ; a l o r wdewuso.1 Mas _ . . /,__ - ~ , ,essa utilidade nao e alga aereo, Determinada pelas propriedades

    rnaterialmente inerentes a mercadoria, s o existe atraves delas. . A.propria mercadoria, como ferro, trigo, diamante, etc., e , por isso,ur n valor-de-use, ur n bern. Esse carater da mercador ia na o depen-de da quantidade de trabalho empregado para obter suas quall-dades uteis. Ao se considerarem valores-de-uso," sempre se pres- L '.supo em quantidades definidas, como uma dtizia de r ek ig ioa , runmetro de Iinho, uma tonelada de. ferro etc. Os valdres-de-uso for-necem material para uma disciplina especifica, a mer.ceologia.15o valor-de-use so se realiza com a utiliza~iio QU Q consumo. Osvalores-de-uso constituem 0, conteudo material: da riqueza, qual-quer que seja a forma social dela, Na forma de sociedade queque sat i.sfaz as necesstdades do espi rl to". (Nicholas Barbon, "A DIs-course on coining the new money lighter. 1n answer to Mr .. Locke'sConsiderations etc.", Londres, 1696, pag~. '2 e 3.) .8 "As. coisas possuem uma virtude intrinseca (como Barbon designavalor-de-uso) , Igual em tOda parte, cornoa propriedade do fina. deatrair 0 ferro" (ob , cit. p. 6). A propriedade do im. s6 se tomonutll. depots de se descobri r, par me.io dela, a polaridade magnetl ca.4 "0 valor natural de qualquer coisa constste em sua capaeidadede prover as necessidades .ou de servtr a s comodldades da vida. nu-mana" (John Locke, "Some Oonsidera t iona on

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    , . """"1 ', 1 T.fd'ifd~ ~"""" .l

    { . e xpre ssao intelramente diversa de sua figura vislvel - a metadedo produto da base pela altura. Do mesmo modo tem os val8res~de-troca de ser reduziveis a uma coisa comum, da qual represen-tam uma quanti dade maier ou menor.~ssa coisa comum nao pede ser uma propriedade das mer-'cadorias, geometrica, fisica, quimica ou de qualquer outra natu-

    . :1r~za. ,As propriedades materials s6 interessam pela utiUdade que.dao ,as mercadonas, por fazerem destas valores-de-uso. POem-se. de lado os vatores-de-uso das mercadorias, quando se trata da re-, l ar ;a o de troca entre elas. a 0 que evidentemente caracteriza essa\ rel~~ao. Nela, urn valor-de-use, vale tanto quanta outro, quandoesta presente na proporcao adequada, Ou como diz 0 velhoBarbon:

    "

    " p m tipo de mercadoria e ' tao born quanto outre, se e igual, .0 valor-de-troca. Nac M diferenc;a oil distincao em eeisas de:"" i~1 valofdetrqca".!If

    , 1 I f(\f: .edDio valores-de-uso, as(mercadorias sa,o; antes de mais na-,da,.de qualida?e difere~nte; como valores-de-troca, 86 podem di-. ferir na quantidade, nao eontendo portanto nenhum atomo de'a lo r sd e - us o .. . ...~~e prescindirmos do valor-de-use da mercadoria, s6 lhe res-ta'Snda urna propriedade, a de ser produto do trabalho. Masknta~o produto do trabalho ja tera passado por urii"iitfansmuta:"~ao.ljWondo de Iado seu Walor.de-uso, abstrafmos, tambem, dasformas e elementos materiais que fazem dele urn valor-de-uso ,na o e . mais mesa, casa, fio ou qualquer outra coisa n t i l . .~Slunirrurn\ltodas as suas-qualidades materials. Tambern 'D a O e maiso produto do trahalho do marceneiro, do pedreiro, do fiandeiro-ou de ,qual~u~r outra forma de trabalho produtivo. Ao desaparecer-j .:o carate: .util dos produtos do trabalho, tambern desaparece 0;. ca~ater util ~os trabalhos neles eorporificados, desvanecem-se, i'portanto, as dlferentes {drmas de trabalho concreto, elas nao mais'8 i~ne , : S d ' of wares are as gOOd~ as another, if the value be equal._, There. is no difference or distinction in th:lngs of equal v.attte". Bar-bon acreseenta: "Cem Iibrasesterlinas de chumbo au de ferro valelll."tanto quanto cern tibras esterUnas de ouro ou de prata" (N. Barbon~~~:.l.c., pags. qa e 7).,..

    '}"~:.~:\'i~ i'~~:

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    se distinguem umas-jlas outras, mas reduzein-se., tOda~. a.ltna'rinica especie de trabalho, 0 tlabalho humano ~~~~~Q.'- "Vejamos 0 que e esse residue dos produtos do trabalho. Na-da deles resta a nao ser a mesma objetividade impalpavel, a mas-sa pura e simples do' trabalho humano em geral, do dispendiode fCir!; a de trabalho bumana, sem consideracao pela formacomo foi despendida. Bsses produtos passam a representar apenas a for~a de trabalhohumana, gasta em sua' producao, 0 traba Ihohumano que neles se arrnazenou. Como conf iguracao dessa'sub8tancia social que lhes e comum , sao valores, valores-merca-dorias, ,

    _Na propria rela~aq de permuta das mercadorias, seu valor-.de-troca revela-se , de todo, independente de' seu valor-de-nso .Pondo-se de lado 0 valor-de-usc dos produtos do trabalho, obtem- ~se seu valor como acaba de ser definido , 0 que se evidenciacomum. naiela

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    o que" determina agrandeza do valor, portanto, 'e a quan-tidade de trabalho sociaImente necessaria OU 0 tempo de traba-lho socialmente necessario para a producao de urn valor-de-usc."Cada mercadoria individual e " considerada aqui exemplar medic, de sua especie.J? Mercadorias que contem iguais quantidades detrabalho, ou 'que podem ser produzidas nornesmo tempo de traba-lho, possuem, conseqtientemente, valor da mesma magnitude. 9.,-'valor de uma mercadoria esta para 0 valor de qualquer outra,assim como 0 t empo' de t rabalho necessario a producao de umaesta para 0 tempo de trabalho necessario a producao de outra."Como valores, if S mercadorias sao apenas dimensoes def inidasdo tempo de trabalho que nelas se cristaliza"~l1_'"'" A grandeza do valor de umarnercadorla permapece r ia , por-

    i/ tanto, invariavel , se fOsse."constante o; 'tempo' l do t rabalho requeri-{' do pa~a. sua pro~U9\~. Mas . ~st.ltmuda com q_uaIquer v~r.ia~ao: ~a.

    ,f ~l. . produtividade (for9a produtiva) 'do trabalho. 1 \ . , ' prodntividade do,, . ~

    : I * .\ ~ II Nota da 2.9. edillao. "The value of ' them (the. necessaries of 1tfe)1~', ' ) j ~ ~ . when they aFJ: : exchanged thlt. one for another, is regulated by the~, "'quantity of labour necessarily "required, and. commonly taken in pro-

    fil ,dUCl1+g them".;~ "0 valor das objetos, quando se permutam, e de-. ,terminado' pel&' quantidade de trabalho necessa r lamente exiglda e, comumente g1l$ta .para produst -los '' ("Some Thoughts on the Interestof :Money in ""general, 'and particularly in the ~blic Funds etc. ",Londres, pags. 36 e 37) . N a o traz data esse nota.vei trabalho anOnimodo,seculo passado, ,De seu conteudo inrere-se que apareceu no tempode Jorge II, por volta de 1739 OU 1740.,'10 '''Todos os produtos da mesma especle f umas6 massa, cujo prello e le'tlU"em conta clrcunstanclas" (Le ',,11 K. Marx, ob. cit. p~, 6.' .

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    de\uma mercadoria. Tempo de trabalho socialmente necessa r loe o, ,' t' empo de t rabalho requerido para produzir-se urn valor-de-usa q ualquer, nas condicdes de producao socialmente normais, exis-tentes, ,e com 0grau social medio de destreza e intensidade dotrabalho . Na Inglaterra, apos a introducao do tear a vapor. 0tempo empregado para transformer determinada quantidade defio em tecido diminuiu aproximadamente de metade, 0 tecelaoingtes que entao utilizasse 0 tear manual, continuaria gastando,nessa transformacao, 0 mesmo tempo que despendia antes, maso produto de sua hera individual de trabalho s6 represent ariameia hora de trabalho social, ficando a valor anterior de seuproduto reduzido a metade.

    .,,",. .

    trabalho e determinada pelas mais diversas circunstancias, entreelas a destreza media dos trabalhadores , a grau de desenvojvimen-to da ciencia e sua aplicacao tecnologica, a organizacao socialdo processo de producao, 0 volume e a eficacia dos meios deproducao, e as condicoes naturais. A mesma quantidade , de traba-lho, nas quadras favoraveis, se incorpora em 8 toneladas de tri-go e, nas desfavoraveis, em apenas 4/ A mesma quantidade de'trabalho extrai mais metal de uma mina rica que de uma pobre,Diamantes dificilmente se acham a flor do solo e encontra-Ios'custa, em media, multo tempo de trabalho. Em conseqiiencia,materializam, em volume diminuto, multo trabalho, William Jacobduvida que 0 ouro tenha, em algum tempo, pago 0 seu valor,por inteiro. Para a diamante , essa o p i t H 1 t y , ainda e mais valida,Segundo Eschwege, em 1823, a. prod~~~9 global, durante oitenta,.anos, das minas de diamante, no Brasilt nao atingira, ainda, 0importe do produto medic de ano e meio dos epgenhos deacucar e das plantacoes de cafe, naquele pais, embora ela custassemuito mais trabalho e representasse, portanto, mais valor.' Comminas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho incorporar-se-ia ;aem mais diamantes e 0 valor destes cairia, Se se conseguisse, com ".~~pouco trabalho, transformar carvao em diamante, este poderia fi-c a r mais barato do que tijolo, Generalizar.do: quanta maior a

    ) : d i c I prod~tividade do tra~alho, tanto men.or 0 tempo de trabalho r e- ~'uWf ,quendo para produzir uma mercadoria, e quanta menor a quan-:r ' tidade de trabalho que nela se cristaliza, tanto menor seu valor.: . I nversamente, quanta menor a produtividade do ..trabalho, tanto maior 0 tempo de trabalho necessap,o para produzir urn ar~ig2; e

    "tanto maior seu valor. A grandeza do valor de uma mercadoria,+varia na tazao direta da quanti dade. e na lnversa da produtiv idade ,":do trabalho q ue nela se apliia.I' l ~

    Uma coisa pode set valor-de-use, sem ser valO~.. 'S o'~. sucede quando sua utilidade para 0 ser humane naoo " ' t rabalho Exemplos: 0 ar, a terra virgern, seus pastos naturais,"madeira que cresce espontanea na selva etc. Uma coisa pode ser'util e produto do trabalho humane, sem ser mercadotia, Quem, ~

    'com seu produto, sati sfaz a propria necessidade gera valor-de-usc,

    .46

    edic ;ao continua: Conhecemos, agora, a substdncta do valor.trs~ba1b.I).i:Conhecemos a medida de sua magnitude. :I t 0 tempot . t' R , h a . :I h C l I" : " " Rests analisar' sua. torma, 0 smete que se imprime s~brevalor-de-troca. e miSter desenvolver, ma.1s,p :g rnt~~~1Zlu: '1amel i te , as *-,',

    '1',

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    :'~~asna o mercadoria~ Para criar mercadoria, e mister ~io 86 pro -.duzir valor-de-use, mas produzi-lo para outros, dar ongem a va-lor-de-uso social.Ii [E mais. 0 campones medieval produzia 0 trigo do tributepara 0 senhor feudal, 0 trigo do dizimo p~ra 0 cur~. Mas, emborafossem produzidcs para te rcei ros, nero 0 trigo do tributo nero 0 ?Odizimo eram mercadoria. 0 produto, para se tornar mercadoria,.tem de ser transferido a quem vai servir como valor-de-uso pormeio de troca.l+" Finalmente, nenhuma coisa pode ser valor senao e objeto util, Se nao e util, tampouco 0 sera o. trabal~o ne~acontido, 0 qual nao conta como trabalho e, por ISS0, nao cnanenhum valor.

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    equivalente ou com ele permutavel- Nessa rela~iio, 0 casaco re -presenta a forma de existencia do valor. e afigura do valor, pois,somente nessa qualidade, e identico ao linho, Por out ro lado, 0.,. valor proprio do Iinho se revela au recebe uma expressao preci-sa, pois somente como ~ pode 0 l inho . relacionar-se com 0casacc, que the antep5e igual valor e e com ate permutavel. Umexernplo analogico. o acido butir ico e urn corpo diferente doforrniato de propilo. Ambos, entretanto, sao constituidos das mes- .mas substancias quimicas, carbono (C), hidrogenio (H) e oxi-genic ( 0 ) , combinadas em propor~6es iguais, de acordo com aformula C.HS02 Igualar icido hutirico e formiate de propilo sig-nifica, primeiro, considerar formiato de propilo' apenas forma deexistencia de C4Hs02 e, segundo, afirmar que acido butirico .erambem composto de 'C 4Hg02 Atraves da equipara~ao de. for-rniato de propilo com 0 ;icido butirico expressa-se sua igual subs- .tancia quimica, deixando-se de lado sua forma flsica.

    Ao dizerrnos que, como valores, as mercadorias saO traba-lho humano cristalizado, nossa analise as reduz a uma abstra~ao,a valor mas nao lhes da forma para esse valor. distinta de suaforma fisica. A questiio muda quando se trata da relacao de va-lor entre duas mercadorias. Ai a condlcao de "Valor de uma se re -vela na propria relacao que estabelece com a outra.. Quando 0 casaco, como figura do valor, e equiparado ao li-nho, iguala-se 0 trabalho inserido naquele com 0 contido nes te.Sem diivida, 0 trabalho concreto do alfaiate, que faz 0 casaco,

    1-difere do executado pelo tecelao, que faz 0 l inho. Mas , equipara-do ao do recelao, reduz-seo. trabalho. do... a1{81.. at~ _aqui lo que erealmente igual em ambos as trabalhos, sua condicao .comum detrabalhe humane. Por esse meio indireto, diz-se que 0 trabalhodo recelao, ao tecer valor, nao possui nenJwma ,caracteristica queo diferencie do rrabalho do alfaiate, sendo, portanto, trabalhohumano abstrato." S o a expressao dl\ equiva lenc ia de mercadoriasdlsnmas poe a mostra a condicao especifica do trabalho criadorde valor, porque ela realmente reduz a substanc ia comum, a traba-lho humane simplesmente , os traba lhos.di~e~~~tes Incorporados ~mmercadorias diferentes.1'1a . .,' i ~ ; , , : . : ' . . .

    . . _ _ r ~ ~176 Nota da 2.'" edi~. Urn dos primeiros ..~ec, mistas que, depotsde William Petty, examinoua natureza do ' ' ' ~ 9 r ; 0 famosoBenjamlnFranklin, diz: "Uma vez que 0 ~mercio. na.~'FJllaise que II. permuts.de um trabalho por outre, e ..(j'''''trabalho a,4~!'l~da. mats, adeq,uadat i c , ' . . . . .

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    Nao basta, porern, expressar 0 carater especifico do traba-s.tho que cna 0 valor do linho, A for~a humana de trabalho e ma~i io au 0 trabalho hurnano cria valor, mas nao e valor. Vern ase~ valor, torna-se valor, quando se se cristaliza na forma de urnobjeto, Para expressar 0 valor do Iinho como rnassa de trabalhohumane, temos de expressa-lo como algo que tem existencia ma-terial diversa do proprio linho e, ao mesmo tempo e comum a~l Ad 'e..e e a to as as outras mercadorias. Fica assim resolvido nossoproblema .. Na relacao d: v:uor com 0 Iinho, considera-se 0 casaco, porser urn valor, qualitativamente igual ao Iinho, coisa da mesrna na-tureza. ,0 casaco, nessa relacao, passa por coisa atraves da qualse manifesta 0 valor, ou que representa o valor por meio de SUaf~rma fis ica palpavel. 0 casaco, 0 corpo dessa mercadoria, e urnsimples valor-de-usc, 0 casaco , como qualquer quantidade do me-lhor Iinho, tampouco expressa valor. Isto demonstra que 0 casacodentro da sua rela~ao com 0 linho, significa mais do que fora. dela, como certos seres humanos que se torn am mais importantesquando se metem num casaco agaloado. .

    Na producao do casaco gastou-se, realmente, for~a de traba-lho humano, sob a forma de trabalho do alfaiate. NHe acemulou-se, portanto, trabalho humano. Dai ser ele "depositario de va-lor", e~bor~ nao se consiga entrever essa qualidade nern mesmo~o ma~s puido dos casacos. E, na relacso de valor com 0 lioho,'e conslder~~o apenas sob esse ponto de vista, au seja, como va-lor corporificado, como encarnacao do valor. 0 linho reconheceno casaco, mesmo abotoado, a alma igual it sua atraves do valor. IMas, .0 casaco nao po de representar valor' para 0 Iinho se ma~sumlf ao~ olhos dele a figura de um casaco, Assim, 0 indi-vlduo A n~o pode reconhecer em B um rei, se aos olhos de Aa realeza nao assume 0 aspec to corporeo de B, - traces fisionomi-cos,cabelo~ e outras caracteristicas, aspecto que muda com 0soberano remante.

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    .Na rela~ao de valor, em.que 0 casaco constitui 0 equiva-wnte - d o linho, a figura do casaco e considerada a materialize-';~o6 .valor. 0 valor da mercadoria linho e expressa pelo corpo. da mercadoriacasaco, '-yalor d~....uma mercadoria pelo valor-de-Y, ,C2 e . outra, Como ..valor"de;,!ls'h;:0 Iinho revela-se , aos nossossentidos, coisa diferente do casaco; como valor, is igual ao casaco,passa a fer a fei~ao de urn casaeo, Assim, recebe 0 Hobo umaforma de valor' diferente da forma natural que possu i. Sua condiJ!;aO de valor aparece ao igualar-se com 0 casaco, do rnesmo mo-. do que a Indole de carneiro do cristae se manifesta ao assimilar-seele ao cordeiro de Deus.

    Como se ve, a mesma coisa que nos disse, antes, a analisedo valor das mercadorias, diz-nos, agora, 0 Iinbo, ao entrar emcontato com Dutra mercadoria, 0 casaeo. Transmite seu pensa-" mente nurna linguagem peculiar, a das mercadorlas, Para -revelarque 0 trabalho humano abstrato cria seu valor, diz que 0 casaco,ao ser equivalente a et e e, portanto, um valor , e constituldo por. trabalho identico ao que 0 fez. Para expressar que sua sublimeobjetiva~ao de valor difere da sua tessitura material, diz ele que.I) .valor se apresenta sob a figura de um casaco e,por isso, e l e ,rnesmo, como valor, iguala-sq a um casaco, como se ambos fos~t'se~produtos identicos. Observe-se, de passagem, que, alem dohebraico, possui a Hnguagem das mercadorias muitos outros dia-letos, mais ou menos precisos. A palavra alema "Wertsein", porexemplo, ao indicar que B e a equivalente de A, exprime, de mo-do menos contundente que os verbos neolatinos valere, valer,valoir, que essa equiparacao e a propria expressao do valor de A~Paris vale bem uma missa. '

    Por meio da relacao de valor, a . .formanature! da mereado..ria B torna-se a forma dQ v a l o r da mercadori~ A, ou 0 corpo damercadoria B transforma-se no espe1ho do valor da mercado-.ria A.lS Ao relacionar-se 'com a mercadoria B ; como figura dovalor, rnaterializacao de trabalho humane, a mercadoria A faz do18 0 que sucede a . mercadorta, ocorre.:de certo modo, ao ser h u m a . ;no. 0 homem se v e ese reconhece prtmelro em sen semeIhlmte;'~a n!i,o ser que ja venha ao mundo com urn espelho na rolo au como\ ..om fi16sofa ficht ia .no para. quem basta 0 "eu sou eu." AtrB.v~Sde.>:: :rela{lao com 0 homem Paulo. na condl~ti.o de ae u semelhante, tom.a.;~"o homem Pedro consclenela de yesmo:.o homero. Passa. entlo.".>a consldsrar Paulo, - com' pel~.f&:belos , e m sua mater lal ldade pau . .rHna, ~ a forma em que se manifests. o. g!nero homem. ..60

    ~.\ va lor -de-usc B 0materlaljae,sua propria expressao de valor. 0valor da mercadoria A, ao ser expresso pelo valor-de-usc da mer-cadoria B, assume a forma relativa,

    b) Determina~liOqUantit~I~da forma relativa. do. valor.'~\ .. ; " ' .

    Para expresser 0, valor de qualquer mercadoria, aludimos sem-pre a dada qu~da~~~,!e~~_~~~!J, 15 toneladas de trigo, 100quilos de .cafe etc. E s . ~a quantidade dada de mercadoria, contem1~~;:~;~!!rt:~~~Y~C:~~~r!~:a~~~torf~~~ti1~i::~""m~l1te2t : . tc?! . l :pm.~do,_ou"~aDitud.~ de valor, Na rel~ao de valor(fa mercadoria A com a mercadoria B, do Iinho com 0 casaco,a mercadoriaeasaco como encarnacao de valor, equipara-se aoJ~nho,n.ao s6pqualitativamente, mas tambem em termos quantita-tlvOs;:,a 20. metros de linho iguala-se determinada quantidade docorpo do valor ou do:~equivalente, 1 casaco.

    A ' e.9.~a~a~::20;mehos de H o o d ' = . 3 _ 1 casacO'oilio metros de.HnhpVileniT ..castco, pr~sup&~e 'em i c a ~ ~ c o;b:CsubsUiiCia~e. valor em por~ao igual a que existe em 20"metros' de linho que as duasquantidades de mercadorias custam o vmesmo traba-- lho au igual tempo de trabalho . .0 'tempo de trabalho necessariapara a . ,prod~io de 20. metros de linho au de 1 casaco se alterac?m.q~alquer variacao ..na produtividade dos respectivos trabalhos~spe~lalizados\::- 0 do . .~ea:lao e 0 do alfaiate. ~ mister, por issoanalisar mais_de perto )j[lflu~n~ia"del>sa vad~ao sobre a expres-sao da magnitude do valor.- (y- ,Va;i~',()val~;~;.~li~l1o.!l~ficando constante 0 do casaco.Se:se ...~upliear 0 tempo d e . trabalho"-necessai-jo a prod~ao do Ii-nho, em virtude, admitamos, de se. terem esgotado, prcgressiva-mente, as terras das planta~6es quefornecem a fibra 0valor do ~Jin!t0~uplicar-se"a tambem, Em vez de 20 metros de Iinho = 1casaco, teriamos 20 metros delinho = 2 casacos, uma vez que1 casaco contem apenas metade do trabalho encerrado em 20 me-tros de-Iinho, Se, ao cQntrario. reduzir-se-a metade 0 tempo detrabalho necessario a , produ\ tao. de linho, em conseqiiencia, perexemplo; de melhores caini tambem it metade 0seu va-. .

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    1lor, Agora, portanto, 20 metros de linho = = casaco , 0 valor

    2! relativo da mercadoria A, isto e , sen valor expresso na mercado-ai-'i("aumenta au diminui na razao dire,!~do valor da mercado-

    i ria A, desde que permane~~"ccUlstani:e~~'yalor da mercadoria B.' . z t u - Constante .a valor. do .!inho; vaoavel,. 0 do casaco. Do-brando-se,' nessas circunstancias, 0 tempo de trabalho necessariopara a iproducao do casaco, em virtude.: imaginemos, de tosquiadesfavoravel, teriarnos em vez de 20 metros de linho = 1 casaco,120 metros de linho = - casaco. Se, ao contrario, 0 valor do2casaco caisse a metade, entao, 20 metros de' linho :::: 2 casaeos ,

    Permanecendo constante valor da rnercadoria A,. aumentaou .diminui seu valor relative, seu valor' expressO" na mercadoria B,narazao tnversa da variacao do valor de Ii.'COII1p~~;.jo-se os casos compreendidos nos Itens I e II, ve-seque ,a mesma variacao de magnitude.

    1valor dos casacos; 2) a equacao 20 metros de linho = - casaco,. 2 .au par se ter reduzido a meta de 0 valor do Iinho ou p o l o ter do-.brado 0 valor do casaco. '

    , 111/ -:: , .As quant idades de t)"abaU:lO_I1eres ,sarias para a pro-d_I!~ij.o_1lolinhoe" .do casaco ..:taf~am siI.1]Jll~~neap1e!lte no mesmosentido ena mesma proporcao, Nessa hipotese, temos, inalteravel-mente, 20 metros de linho = 1 casaco, quaisquer que sejam asvariacoes dos valores, Descobre-se a alteracao : d os seus valores,ao compara-los com uma terceira mercadoria cujo valor. tenhapermanecido constante. Se os valores das mercadorias sobem oudescem, ao mesmo tempo e na mesrna proporcao, permaneceraoconstantes seus valores relativos, Sua verdadeira varia~ao de vallor e inferida de produzir-se, em geral, no mesmo tempo de traba- \ Ilho, quanti dade de mercadorias maior QU menor que antes. X

    IV -_ Os tempos para produzir,pectivamente, liDho:.e .'.multflneamente, na .ccc.-.=.:.-::o:::-"

    62

    sentidos opostos etc. Para descobri r a influencia de tMas as combi-'nar;oes possiveis dessas variacoes sobre 0 valor relative de umamercadoria, basta utilizar as hipoteses compreendidas nos Hens I,II e III.

    A verdadeira variacao da magnitude do valor nao se reflete,portanto, clara e completa em sua expressio, isto e,na equaeao

    "que express a a magnitude do valor relativo, E' 0valor relativode uma mercadoria pode variar, embora seu valor permaneca-constante. Seu valor relativo pode permanecer constante, embora"seu valor' vade e, finalmente, nao e mister que sejam coincidentes.,as variacdes simultaneas ocorrentes na magnitude do valor e na, .,e. !pressao da magnitude do valor rela tivo.203. A forma de equlvalenteJ a vimos que a mercadoria A (0 linho), ao exprimir seu va-tor por meio do valor-de-use de mercadoria diferente, a mercado-ria B (0 casaco) , imprime a esta ultima forma de valor peculiar ta forma de equivalertte .. 0 linho revela sua condicao de valor, ao

    20 Nota da 2." edlcao. Os economistas vulgares exploraram, com ahabitual sagacidade, essa discordancia entre a magnitude e a expres-sao relat lva do valor. Par exemplo: "Admlta, que A baixa, por subir B,com 0 qual se permuta, embora, na ocasiao, nlio decresca 0 trabalhoempregado em A, e sua lei geral do valor cal por terra ... Se se admiteque, ao subir a valor de A em relaciio ao de B, 0 valor de B calrelativamente ao de A, fica destrufda, pela base, a grande proposl-99.0 de Ricardo, de ser 0 valor de uma mercadoria sempre determi-nado pelo trabalho nela encerrado; pols, se mudanea no custo de Aalters na.o s6 0 pr6prio valor em rela . .a o a B, com que se troca,mas tambem 0 valor de B relatlvamente ao de A, sem ter oeorrldonenhuma varia lli io na quantidade de t rabalho para produzir B, entaa. desmcronam-se duas doutrlnas: a que assevera ser 0 valor de urnartigo regulado pelo trabalho nele contido, e a que anrma ser 0valor de um srUgo regulado pelo seu custo" (5. Broadhurst, "PoliticalEconomy", Londres, 1842, pags. 11 e 14).Racioclnando do mesmo modo, poderia . 0 Sr. BroadhUrst dizer:10 10 10Considere as fraeoes --, --, _- etc. 0numero 10 permanece

    20 50 100Invar1a.vel, mas, spesar dfsso, decresce sempresua magnitude pro-poretonal, em relac!i.o aos denomlnadoras 20, 50, 100. Logo, desmorona-se 0 grande principio de ser a grandezs,de um numero inteiro comodez, por exemplo, '''regulada'' pela quantldade de unidades nMecontld8.1l. "1~'\

    i}~. 1 , 1 63

    :: '

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    igualar-se ao casaco, semque 8ste adote uma forma de valor di-fereute de sua forma corp6rea. Na realidade, 0 linho expressasua propria condicao de valor por ser 0 casaco por ele diretamen-te perrnutavel. Assim, ~!ll~r~adoria assume a forma de equivaJ~nt~"p

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    lor. Isto s6 vigora na relacao de valor em que a mercadoria casa-" co ocupa a posicao de equivalente em face da mercadoria linho.s!Ora,

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    "0/a s u bs ta n ci a comum q ue a casa r e pr e se n t a perante a e a m a Oi l e x", pressao do valor da eama? Tal coisa "nao pede, em verdade, exis-~: tir", diz Aristoteles, Por que? A casa representa perantea cama. uma coisa que a iguala a cama, desde que represente 0 que erealmente igual em ambas . O trabalho humane,Aristoteles, porem, nao podia descobrir, partindo da formado valor, que todos os trabalhos sao expresses, na forma dos

    valores das rn ercadorias, como urn so e mesmo trabalho humano,como trabalho de igual qualidade. : que a sociedade grega re-pousava sobre a escravatura, tendo, por fundamento, "a des igual-dade dos hom ens e de suas for9as de trabalho, Ao adquirir ai'ideia da igualdade humana a consistencia de uma conviccao po~pular, e q ue se pode decifrar segredo da expressao do valor. aigualdade e a equivalencia de todos os trabalhos, por que sa o eenquanto sao trabalho humano em geral, E mais, essa descoberta

    ; s6 e possivel numa sociedade em que a forma mercadoria 6 a'jQnna geral do produto do trabalho, e , em consequencia , a relR9ao., ','dos homens entre si COmo possuidores de mercadorias e a rela9io'social dominante. Ogenio de Arist6teles resplandece [ustamentena sua descoberta da rela9ao de igualdade, existente na expressaodo valor das mercadorias, Somen te as llmitacoes historicas da so-ciedade em que viveu impediram-no de descobrir em que consis-"tia, "ve rdadei ramente", essa relayao de igualdade,

    4. A forma simples do valor, em seu coniuntoA forma simples do' valor de uma mercadoria se contem em

    sua relac;:ao de valor ou de troca com outra mercadoria diferente.

    )

    " 0 . . valor d . a. mere..adoria A expressa-se qua lita tivamente por meioda permutabilidade diret a da mercadoria B com a rnereadoria A.~ expresso quantitativamente atraves da permutabilldade de de- .t erminada quantidade de mercadoria B com quantidade dada da

    I mercadoria A. Em outras palavras, 0 valor de uma mercador iaassume expressao fora dela, ao manifestar-se como valor-de-trees.'De acordo com .habito consagrado, se disse, no comeco destecapitulo, que a mercadoria e valor-de-usc e valor-de-troca, Mas,isto, a rigor, n a o e verdadeiro. A mercadoria e valor-de-usc auobjeto (jill e "valor", Ela revela seu duplo carater, 0 que ela erealmente , quando, como valor , dispbe de uma forma de manifes-ta9ao propria, diferente da forma natural dela, a forma "de valor-fte-troea; e ela nunca possui essa fon.na~isolaQlgIlente,.considera-68

    da, mas !ip~1)~LnILW5aO!'4~!l!!~,.~~,!~~t:~.,~QQL,1l1!l~ segundamercador ia diferente, Sabido isto, oao causa prejuizo aquela ma-' n e i r a de exprimir-se, servindo, antes, para poupar tempo.Nessa analise demonstrou que a forma ou a expressao dovalorda mercador ia decorre da D a t u r e z ; - ' a o ~ va!.or'tramercadoria,

    'nao'sendo'verdade' que o valor e sua magnitude se originem daexpressao do valor da .mercadoria, do valor-de-troca, Apegaram-se, entretanto, a essa quimera os mercantilistas, seus discipulosmodernos, omo Ferrier, Ganilh ete.,22 e os antipodas, os moder-'nos caixeiros-viajantes do livre-cambismo, como Bastiat e qu e -[andos. Os mereantilistascpOem em relevo 0 as:pecto g~!llitativo. da expresii~(;' ' ' 'd 'O\ai6i';a J~rma de equivalenteassumida pela mer-" cadori

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    III a forma elementar de manlfestar-se a oposicao nela existente, en-tre valor-de-use e valor.Em todos os estagios sociais, 0 produto do trabalho e valor-de-uso; mas, so urn periodo determinado do desenvolvimento histo-rico, em que se representa 0 trabalho despendido na producaode urna coisa uti! como propriedade "objetiva", inerente a essacoisa, is to e , como seu valor, e que transforrna 0 produto dotrabalho em mercadoria. Em conseqiiencia, a forma simples. devalor da rnercadoriae tambem a forma-mercadoria elementar doproduto do trabalho, coincidindo, portanto, 0 desenvolvimento daIorma-mercadoria com 0 desenvolvimento da forma do valor.I ( Percebe-se, a primeira vista, a insuficiencia da forma simplesi l ; > do valor, forma embrionaria que atravessa uma serie de meta-, morfoses para chegar a forma preco." ' A expressao do valor da mercadoria A atraves de uma mer-eadoria B qualquer, serve apenas para distinguir 0 valor de A dose l l proprio valor-de-usc, colocando A em re lacao de troea ex-clusiva com outra mercadoria particular qualquer dele diferente;nao traduz sua igualdade qualitativa e proporcionalidade quanti-tativa com tadas as outras mercadorias. A forma relativa simples. do valor de uma mercadoria corresponde a forma de equivalentesingular de outra. Assim, 0 casaco, na expressao do valor relati-vo do linho, possui forma de equivalente au forma de permuta-bilidade direta apenas em relacao a esse unlco tipo de mercadoria,o linho. "i.

    Toda~ia, a forma simples do valor converte-se, por si mes-rna, numa forma rnais completa. Na verdade, ela expressa 0 va-lor de uma rnercadoria A apenas numa mercadoria de outra especie ,Pouco importa qual seja a especie dessa segunda mercadoria, seeasaeo, ferro, ou trigo etc. A medida que estabelece relacao devalor com esta au aquela especie de rnercadoria, A adquire diver-sas expressoes simples de valor.22a 0 mimero das possiveis ex-pressees de valor dessa unica rnercadoria s6 e I lmitado pelo mime-TO das mercadorias que Ihe sao diferentes, Sua expressao singularde valor converte-se numa serie de expressoes simples de valor,sempre arnpliavel,22& Nota da 2." edicao. Romero, por exemplo, expressa valor d euma cotsa numa serte de cotsas diferentes.70

    B) FORMA TOTAL OU EXTENSIVA DO VALORz da mercadoria A = u da rnercadoria B, ou = v da mer-cadoria C, ou = w d d .a merea ona D, ou = oX da mercadoria E,ou = etc,(20 metros de linho = 1 casaco Oll - 10 quil d h''1 d' ,- Ios e c a au - 40qUI os e cafe, au = 1 quarter de trigo ou - 2 ' d -1 ' - oncas e Duro,ou = - tonelada de fer ro ou =

    2 ,etc.),

    1. Forma extensiva do valor relativoo valor de uma mercadoria d Ii hexpresso em inumeros outros e]e~e~to~n d~' !~:deoxedmaslo , e 9!< ldag?rao corpo d I rnerca orias.reflete 0 V:I~~ad~u~~nhou~: nm,:,ercadoridato~na-se 0 espelho onde se- . I;sse mo 0 esse- valo 1 '.vez, se revela efetivamente 'massa de trab . r, pe a pn~elrao trabalho qu' ~JJI q Jh Q humano hornogeneo,J ~ ~ ~ ~ . :~:~, :~o c;p~~~e:e1~r:~r~~:~;::e ~;~~i:a~~~u~;a~::

    t o r ~ a : x ' e n S i v ~ U : ~ ( ~ ~ e: : n " f i e : ~ g ~ ; : : ' : o ' r : : ' ~ U ~O I J ~ ~ ~ ,~ :; : : : : )23 Par Isso, fala-se do valor do Iinhexprilni-l0 em casaeo, ou do se 10 em cas~eo, quando se querexprimi-Io em trlgo etc. Cada : x va o~ em trIgo, quando se quere 0 que se manifesta nos va!ores PJ'es.sao dessss diz que seu valortando a valor de cada mere - e-USa cas~eo, trlgo etc. "Deno-Jcharna-Io de valor em trigo ;~lorla sua rela~o de troca, podeznos icadorts com que se com - a , ; or em pano, de aeordo com a mer- idiferentes de valor, tanta; ua e, por lsso, ha. milhares de .Species Jessas espeeles sao igualmenie ant~s as mercadonas eXiBtentes, e tOdascal Dissertation on the N /eall'J e igualmente nominais" ("A Critj~chiefly in reference to th Wal~re. Measures,. and Causes of Value;By the Author of Essa se 0 : ngs of Mrs. Ricardo and his followers.drss, 1825,p. 39). S YEaIe the Formation etc. of Opinions". Lon~

    seu tempo, levantou 'muifa Y~el~uutor .dessa obra an~nima, que, aapontar as variegadas expressoes ~a n~ Ing]at~l'a, ltnaglnava, aocadoria, ter provado a im 0 va or relabvo da mesma mer-conceito de valor. A acr!~:~~bmdade de qualquer determina.!;ao dodiana, na "Westminster Revfe:" com. que atacou a escora rtear-apesar des suas linlfta!;oes t ,POl' examplo, demonat ra que ele.de Ricardo. .' ocou em pontos vulnerave.is da teorfa7 1

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    ".. ,: s : . . _ '.. ;1e ;}f.ieI5i O _ S O , C i aL,, i i , 0 " s6 . & Q m . .J.lQlil.Illc::r(;~dofia isolada de e s p e c i e dUefiente, mas tambem com todo 0 Mundo das mercadorias , Como-inercadoria, e cidadao do mundo. Ao mesmo tempo, da serie infin-davel das expressoes da forma extensiva se infere que ao valor nao " .irnporta a forma especiflca do valor-de-usc em que se rnanifesta,, .. Na primeira forma, 20 metros de linho = 1 casaco poderiaser fortuito 0 fato de essas duas rnercadorias serem permutaveis emdeterminada relacao quantitativa .. ~~. s~g~n4~,.se percebe irnedia-tarnente urn fundo que essencialmente difere dessa ocorrencia ca-sual, deterrninando-a, Continua 0 mesmo 0 valor do Iinho, sejatHe expresso em casaco, em cafe ou ferro etc., nao importando 0. mimero das diferentes mercadorias nem 0 de seus don os. Desa- .. rarec,e a,'r,,~!~~a,'o eventual de ~ O ,i ,s donO s, individuals de m e r C ; d o ~ J " '~I'_ \1ri~~: Evi~~!lt~:s~que na g e . . .a troca que regula a .magnitude dOi I .-v iu ~ E , C ia mercadoria , mas, ao contrario, e ' a magnitude do valor r .da mercadoria que regula as relacoes de troca. :,:,---'--,_, -.-" ..~------.-----'

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