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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
LAVANDERIA E SUA INFLUÊNCIA NO CONTROLE DA INFECÇÃOHOSPITALAR
Por: ANDERSON MIANA CATER
Orientador: MARCO ANTONIO CHAVES
Rio de Janeiro, RJ, setembro/2001
II
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
LAVANDERIA E SUA INFLUÊNCIA NOCONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR
Por: Anderson Miana Cater
Trabalho Monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção do Graude Especialista em Gestão dos Serviçosde Saúde.
Rio de Janeiro, RJ, setembro de 2001
III
Agradecimentos
Agradeço a minha Mãe, que sem ela este trabalho não existiria.
Ao professor Marco Antônio Chaves, meu orientador.
Ao amigo de Landa, grande facilitador.
Ao amigo Enrique, que esteve sempre presente nesta etapa.
Aos meus irmãos que estão sempre presente na minha vida.
A todos que torcem por mim o meus mais sinceros agradecimentos.
IV
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha mãe, grande
incentivadora na minha vida acadêmica. Mãe
sem você nada disso existiria. Todo meu amor
e gratidão.
V
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas e símbolos
Resumo
Introdução ........................................................................................................1
Organização do serviço ...................................................................................3
Distribuição física ............................................................................................3
Planejamento físico .........................................................................................4
Divisão do serviço ............................................................................................5
Instalações ........................................................................................................6
Pisos ..................................................................................................................7
Manutenção das instalações ...........................................................................7
Acabamento .....................................................................................................8
Equipamentos ..................................................................................................9
Processamento da roupa ...............................................................................10
Procedimentos com a roupa .........................................................................11
Área suja ........................................................................................................11
Área limpa .....................................................................................................13
Evasão da roupa ............................................................................................14
Terceirização dos serviços ............................................................................14
Considerações finais .....................................................................................15
Bibliografia ....................................................................................................17
Anexos
VI
Lista de Abreviaturas e Símbolos
CCIH – Comissão de Controle de Infecção HospitalarEAS – Estabelecimentos assistenciais de saúdeEPI – Equipamento de proteção industrial
VII
Resumo
O presente trabalho monográfico se propõe a avaliar o esforço empregadopara a reutilização de roupas hospitalares no Hospital de Clínicas Marquês de Valença.Avalia ainda, o bom desempenho da lavanderia no cumprimento de seu principalobjetivo: transformar roupa suja e contaminada em roupa limpa, no tempo adequado, naquantidade necessária e com segurança e qualidade desejados, a lavagem também deveser realizada de forma a garantir a manutenção das características físicas da roupa e,ainda, assegurar a eliminação de substâncias irritantes ou alergênicas, incluindo todos osprodutos necessários para limpeza e remoção das impurezas existentes na roupa. Paraque este objetivo seja alcançado é necessário utilizar produtos de boa qualidade ecomposição confiável, além de maquinário condizente com o porte e tipo deatendimento realizado no hospital, necessário se faz também que os funcionários dalavanderia sejam treinados e reciclados constantemente. Em conjunto com CCIH, alavanderia deve atualizar as rotinas periodicamente e desenvolver e aplicar normas deprevenção de acidentes e transmissão de doenças. Ao longo deste trabalho, analisa-se deforma clara e objetiva, os aspectos diretamente ligados ao processo de lavagem, comoárea física necessária, produtos utilizados na desinfecção das roupas contaminadas,manuseio e transporte da roupa contaminada. Ao final deste trabalho monográfico,espera-se ter reunido as principais idéias sobre as melhores técnicas de transporte,lavagem e armazenamento das roupas e, a partir delas, se produzam mudanças julgadasnecessárias. Finalmente deseja-se que as informações aqui reunidas possam de algumaforma contribuir para um melhor processo de lavagem das roupas utilizadas noshospitais.
1
INTRODUÇÃO
No terceiro século antes de Cristo, Characa, médico indiano, entre os
atributos de um bom hospital, recomendava um método para purificar lençóis e
cobertores de pacientes com vapor de água e fumigações. Em 1854, já se tem notícia de
alguns cuidados com a roupa hospitalar, no Barrack Hospital, onde Florence
Nightingale, a dama da lanterna, durante a guerra da Criméia:
“... estabelece uma lavanderia para o hospital, pois antes da sua
chegada, o serviço de lavagem estava entregue a civis que não
atendiam com dignidade os compromissos assumidos, devolvendo a
roupa mais suja, além de muito demorar. Muitas vezes, a roupa era
trazida de tal forma que era necessário destruí-la a fogo, para evitar
prejuízos aos doentes. Assim, Florence resolveu dar fim a tais
contratos e, com o auxílio dos engenheiros militares, organizou um
bom serviço de lavanderia com a instalação de uma caldeira. Com tal
medida, deu solução a um outro problema: o das mulheres dos
soldados que acompanhavam os seus maridos na guerra, conforme
facultavam os regulamentos e que se encontravam desocupadas.
Ocupou-as na lavanderia, pagando-lhes salários que retirava da verba
antes destinada ao pagamento dos contratos fraudulentos com civis.
As esposas ficavam felizes por ganhar algum dinheiro e as
enfermeiras por terem roupa limpa e abundante” (Rebelo, s/d).
Semmelweis, detectou mais um surto, desta vez relacionado com a
reutilização da roupa suja por diferentes pacientes. Recomendou, então, a sua lavagem e
cloração. Dada a coerência das experiências realizadas, tais conceitos tiveram grande
papel no desenvolvimento das lavanderias hospitalares e são mantidos até hoje.
O ser humano elimina em torno de 3.000 a 60.000 bactérias por minuto, que
aderem às fibras de tecidos e se agitados podem dispersar-se pela poeira contaminante.
Existem relados com contagens que vão de 106 a 108 bactérias por cm2 de tecido. Sendo
assim, dois princípios norteiam o controle de infecções em lavanderia hospitalar: não
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agitar, pois, agitando a roupa contamina-se o ar através da suspensão de partículas e
remover ou destruir os microrganismos contaminantes. O contado direto com estas
roupas podem contaminar também equipamentos, as mãos e os uniformes dos
profissionais de saúde.
Com isso, o Serviço de lavanderia passou a ter cuidado mais específicos
com os critérios de prevenção das infecções:
“A área bacteriana, aprofundada por Lister, revolucionou a forma de
preparo dos instrumentais e produtos utilizados nas cirurgias e
curativos. Isso porque Pasteur provou que as infecções são causadas
por micróbios. A partir disso, os hospitais foram instados a dar um
tratamento especial a tudo o que era utilizado no serviço aos doentes.
Surgiram, assim, dois serviços específicos que hoje recebem um
tratamento diferenciado: o de esterilização dos materiais e o de
lavanderia hospitalar” (Cherubin; Santos, 1997).
Hoje em dia muitos hospitais buscam novas tecnologia e profissionais mais
especializados para assumirem funções administrativas e técnicas, em função do avanço
dos estudos científicos. Embora muito se tenha avançado no sentido da melhora dos
processos e rotinas, existe ainda um certo despreparo por parte das chefias para o
exercício das funções. Mesmo no que diz respeito às especificações de arquitetura e
engenharia,
“a falta de conhecimentos específicos de lavanderia leva os
construtores e instaladores a cometerem erros... uma inadequada
localização de equipamento e instaladores não condizentes com o
serviço levam a desperdício de tempo, aumento de fadiga e
conseqüente baixo rendimento” (Mezzomo, 1992).
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ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
Os EAS determinam que as lavanderias hospitalares devem ter dois
ambientes distintos: área contaminada ou suja, para recebimento e manipulação de
roupas sujas, e área limpa, para tratamento da roupa limpa.
Faz-se necessário que a área suja tenha pressão negativa, ou seja, que a
pressão interna seja menor que a externa, evitando assim a propagação de
contaminação, pois, sempre que a porta é aberta, o ar entra no ambiente contaminado e
não o contrário.
Trata-se de uma área hospitalar considerada critica, de acordo com as
Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde:
“Áreas críticas são os ambientes onde existe risco aumentado de
transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco ou
onde se encontram pacientes com seu sistema imunológico deprimido.
São eles os que abrigam procedimentos cirúrgicos e de parto;
internação em regime de terapia intensiva; desenvolvimento de
atividades hemoterápicas; procedimentos relacionados ao preparo e
cocção de alimentos e mamadeiras; e lavagem de roupas” (1995).
A diferença encontrada entre as máquinas de lavar, personaliza-se pelo
critério da “barreira física”, que é a separação das áreas de processamento da roupa por
uma parede. O Ministério da Saúde conceitua:
“Barreiras físicas são aqueles ambientes que minimizam a entrada de
microrganismos externos, o que pode ser realizado por condutas junto
a soluções arquitetônicas. São absolutamente necessárias nas áreas
críticas e semicríticas e desejáveis nas áreas não-críticas” (2001).
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Com relação à estrutura hospitalar, a lavanderia deve estar afastada dos
locais de cuidados dos pacientes, das áreas de preparo de alimentos e da central de
esterilização.
PLANEJAMENTO FÍSICO
A área física da lavanderia depende do cumprimento de normas técnicas e
legais do Ministério da Saúde (Portaria nº 1.884/GM de 11/11/94) e os cuidados
voltam-se, sempre, para combater a infecção cruzada, minimizar o custo operacional e
assegurar boas condições de trabalho aos funcionários.
Considerado como um serviço de apoio logístico pelo Ministério da Saúde,
incorpora três áreas, respectivamente: lavanderia, costura e rouparia.
O fluxo de trabalho segue o seguinte esquema:
Recepção separação/pesagem lavagem/centrifugação seleção
de manchas (tratamento e relavagem, se necessário) secagem/calandragem pas-
sagem/prensagem seleção para costura (conserto e relavagem ou baixa, se for o
caso) dobragem estocagem e distribuição.
Sendo, a lavanderia dividida em duas áreas: suja e limpa. Na área suja,
considerada contaminada, as roupas usadas são recebidas, pesadas, separadas pelo grau
de sujidade, pelo tipo de tecido e estocadas até o início do processo de lavagem. Na área
limpa as roupas lavadas são centrifugadas, secas, passadas e armazenadas até o
momento de sua distribuição.
De acordo com o Ministério da Saúde (1995), “as duas primeiras atividades
são consideradas sujas e, portanto, têm de ser, obrigatoriamente, realizadas em
ambientes próprios e exclusivos e com paramentação apropriada”.
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A barreira física entre as áreas evita a contaminação do ambiente no
restante da lavanderia e das roupas já lavadas. Esta separação pode ser conseguida de
forma mais eficaz com o uso de lavadoras de barreira, com dupla abertura.
Assim, por ser um Serviço que possui estreito relacionamento com os
pacientes de todas as unidades, pela roupa suja recolhida e a limpa distribuída, deve-se
evitar fluxo de cruzamento, a fim de combater as infecções hospitalares.
DIVISÃO DO SERVIÇO
As dimensões mínimas exigidas na construção de uma lavanderia são as
seguintes:
• até 50 leitos = 1,2m2 por leito, com mínimo de 60m2
• de 51 a 149 leitos = 1,0m2 por leito
• mais de 150 leitos = 0,8m2 por leito com mínimo de 150m2
O Ministério da Saúde quantificou as áreas considerando: 25% da área total
à sala de recepção, separação, pesagem e lavagem; 45% da área total para secagem,
passagem e dobragem; 30% da área total para armazenamento e distribuição.
Embora exista uma determinação ministerial, não significa, que exista uma
divisão física correta em todos os hospitais, pois a aplicação das normas de arquitetura
nos edifícios hospitalares é recente e adaptada à medida que as necessidades de reforma
e expansão vão surgindo e, também, a partir dos recursos financeiros. Não é raro
encontrar lavanderias hospitalares do tipo convencional, ou seja, com as áreas de
processamento concentradas num só ambiente. Sendo assim, nestas lavanderias há o
risco de disseminação de infecções pelo cruzamento das roupas sujas e limpas.
No passado, as lavanderias de serviços de saúde eram parecidas com as
lavanderias convencionais, não havendo separação entre área suja e limpa. Os
funcionários não eram específicos para as atividades com roupas sujas e limpas.
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INSTALAÇÕES
Seu maquinário deverá ser dimensionado de acordo com o porte e as
necessidades do hospital. Deverá estar dentro do planejamento para uma eventual
melhora ou ampliação. Em virtude da manutenção preventiva e corretiva das máquinas
e dos equipamentos
“deve-se prever unidades sobressalentes, a fim de que os serviços não
entrem em colapso. (...) As canalizações devem ficar completamente
livres, com fácil acesso e pintadas nas cores convencionais ou com
símbolos adequados segundo a ABNT a fim de facilitar sua
manutenção e aumentar a segurança. As linhas de vapor e água quente
são cuidadosamente isoladas, visando à proteção do pessoal, à
diminuição dos custos operacionais e à redução do calor transmitido no
meio ambiente”.
Os pontos de água são utilizados não só para o abastecimento das máquinas
de lavar e dos sanitários, mas também, para a desinfecção do ambiente e dos carros de
transporte das roupas. O sistema de distribuição de água quente pode ser obtido “através
de um recipiente fechado, provido de serpentinas, pelas quais circula o vapor gerado
pela caldeira; é o boiler ou fervedor” (Mezzomo, 1992). Dos 100% de água utilizada na
lavanderia, 75 a 85% é fria; em 15 a 25%, a temperatura atingida é de 90 a 95ºC, o
necessário a termodesinfecçao.
O Ministério da Saúde ainda estabelece como base de calculo a quantidade
de roupa, assim distribuída:
Tipo do hospital Carga de roupa
Hospital de longa permanência p/ os pacientes crônicos 2kg/leito/dia
Hospital geral, estimando-se uma troca diária de lençóis 4kg/leito/dia
Hospital geral de rotatividade, com unidades diversas 6kg/leito/dia
Hospital especializado de alto padrão 8kg/leito/dia
Hospital-escola 8 a 15kg/leito/dia
Fonte: Manual de Lavanderia, ANVISA/MS, 2001.
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O Ministério da Saúde determina que:
“caso a região onde o EAS estiver localizado tenha rede pública de
coleta e tratamento de esgoto, todo o esgoto resultante desse pode ser
lançado nessa rede sem tratamento. Não havendo rede, todo esgoto
terá que receber tratamento antes de ser lançado em rios, lagos etc. (se
for o caso)”.
PISOS
Os hospitais exigem das indústrias que fabricam piso, cada vez mais
pesquisas para atender às específicas necessidades requeridas pelos diferentes ambientes
hospitalares.
Nas lavanderias hospitalares distinguimos duas áreas: a molhada que se
refere a área contaminada e a seca que se refere a área limpa.
MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES
Hoje em dia sabe-se que a manutenção preventiva gera menor ônus a
empresa que a manutenção corretiva.
As instalações subdividem-se em patrimoniais e de apoio operacional.
Conforme relaciona Corrêa (1991), as patrimoniais englobam:
“Instalações civis: pisos, paredes de alvenaria e divisórias,
revestimentos, forros, esquadrias, hidráulica de água fria e esgoto.
Instalações elétricas: luminárias, tomadas, quadros elétricos, pára-
raio, aterramento, prumadas de distribuição, transformadores, baterias,
geradores.
Instalações eletrônicas: sistema de alarme, controles de acesso ao
edifício.
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Instalações de comunicações: sistema paciente-enfermagem, sistema
telefônico, interfone.”
Cabe ao administrador manter as instalações da lavanderia em pleno
funcionamento, efetuando manutenção preventiva em cada um desses itens. O trabalho
realizado na lavanderia depende diretamente das boas condições dos equipamentos.
Corrêa (1991) define:
“São considerados como apoio operacional todos os sistemas que, não
necessariamente, teríamos em um prédio convencional como, por
exemplo: sistema de ar condicionado e exaustão, sistemas de ar
comprimido industrial e medicinal, sistemas de gases, caldeira e rede
de vapor, sistema de vácuo etc.”
As instalações de apoio operacional envolvem os serviços de manutenção
voltados para o atendimento do paciente.
ACABAMENTO
O pé direito “deverá ser estudado de acordo com o equipamento a ser
instalado, não devendo ser inferior a 4m” (Pinto, 1996).
O piso precisa ser durável, liso, com queda direcionada aos ralos, nas áreas
de separação e lavagem, sendo de superfície antiescorregadia. Richter (1976) aconselha
que:
“o calculista do piso da lavanderia precisa receber em tempo hábil a
especificação exata do peso das máquinas carregadas e da localização
das centrífugas. Cuidados especiais e relativamente simples na fixação
das máquinas ao piso podem diminuir sensivelmente a transmissão
das vibrações, proporcionando melhores condições de
funcionamento.”
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Os vidros das portas, janelas ou painéis que atingem até 50cm do piso
necessitam ser do tipo não estilhaçável. As portas devem ter visores. As janelas
precisam ser teladas, em altura de 1,50m do piso.
EQUIPAMENTOS
São as maquinas e equipamento que compõem a área física ocupada pela
lavanderia.
Segundo Richter (1976):
“a seleção do equipamento adequado baseia-se nos seguintes dados
indispensáveis:
• estimativa do peso a ser processado por dia e por hora.
• Tecido utilizados no hospital
• Tamanho dos artigos em uso no hospital.
• Composição percentual do volume de roupa segundo:
- o processo de lavagem (grau e tipo de sujidade);
- o acabamento necessário ou desejado”.
O Manual de Lavanderia Hospitalar acrescenta que:
“Para efeito de cálculo da capacidade do equipamento a ser instalado,
pode-se tomar como base as seguintes estimativas de utilização de
roupa:
- hospital geral: 4kg/leito/dia.
- Hospital de pronto-socorro: 6kg/leito/dia.
- Hospital especializado: 8kg/leito/dia.”
Os equipamentos necessários para o funcionamento da lavanderia são:
- Lavadora.
- Centrífuga ou extratora.
- Calandra.
- Secadora.
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- Prensa.
- Ferro elétrico (se necessário).
- Balança.
- Máquina de costura.
- Carros de transporte.
Os critérios de fabricação, terminologia, instalação, níveis de ruído,
segurança das máquinas encontram amparo nas normas da ABNT. Deve-se sempre
observar a qualidade e segurança dos equipamentos adquiridos para utilização na
lavanderia.
PROCESSAMENTO DA ROUPA
A água é o elemento mais importante no processamento. Sendo, sua análise
fator indispensável para o sucesso do serviço. Necessita atender três requisitos:
Não conter sais de cálcio e de magnésio.
Não conter ferro ou manganês, pois são elementos que amarelam o tecido e
danificam os equipamentos. A eliminação é feita pela filtragem.
Não conter matéria orgânica, podendo ser destruída pela filtragem.
Condições ideais da água de alimentação para lavanderia
Aspecto Límpida e s/ matérias em suspensão
Teor de sólidos totais 700mg/l, máximo
Teor de sólidos em suspensão inferior a 15mg/l
Dureza até 18 ppm
Alcalinidade livre nula
Alcalinidade total 250mg/l, máximo CaCO3
Matéria orgânica (DCO) 20mg/l permanganato de potássio
Cloretos 250mg/l, máximo
Sulfatos 250mg/l, máximo
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pH 6 8,2
Ferro 0,1ppm, máximo
Manganês 0,05mg/l, máximo
Cloro < 0,05mg/l (água de abastecimento)
Cobre < 0,05mg/l
(Fonte: diverseylever)
PROCEDIMENTOS COM A ROUPA
ÁREA SUJA
Coleta
Deve ser recolhida em horários predeterminados, a fim de reduzir a
circulação da roupa suja pelo hospital evitando as infecções cruzadas. O princípio
básico é o de:
“que a roupa suja deve ser manuseada e sacudida o mínimo possível.
Após sua retirada do leito, do paciente, da sala de cirurgia ou de
exame, precisa ser imediatamente colocada em sacos, onde deve
permanecer até sua chegada à lavanderia” (Richter, 1976).
Os sacos usados na coleta devem ser impermeáveis, precisando ser fechados
logo que estiverem completos.
Segundo o Manual de Lavanderia Hospitalar (2001):
“... podem ser caracterizados por cores ou sinais, para identificar a
unidade de procedência da roupa como, por exemplo, azul para o
centro cirúrgico e verde para o centro obstétrico. Devem, ainda, conter
o nome da unidade e a data da coleta.”
O transporte pode ser realizado da seguinte forma:
- horizontal, feito em carrinhos por elevador de serviço.
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- Por monta-cargas.
- Pelo “chute” – tubo de queda.
O tubo de queda é bastante questionado tendo em vistas as seguintes
desvantagens na colocação de Karman (1973): “fonte de aerossóis; dificuldade de
limpeza e odores; perigo de incêndios e acidentes; estrago dos envoltórios e dificuldade
de controle de roupa”.
Não devem misturar os carros utilizados no transporte de roupa suja com os
que transportam roupa limpa.
A instalação de monta-cargas apresenta alto custo de manutenção e pessoal,
tornando-se muitas vezes inviável.
Os sacos de roupa suja,quando chegam à lavanderia, são pesados e o
resultado do peso registrado em impresso próprio. É importante a pesagem para não
danificar as máquinas com excesso de peso.
Após essa operação, as peças são abertas, retirando-se os instrumentos
cirúrgicos e agrupando-se de acordo com o tipo e grau de sujidade e tipo de tecido.
Conforme demonstra Mezzomo (1992):
“roupa com sangue, com fezes, levemente suja, sujidade média,
sujidade pesada, de cores firmes, de cores desbotáveis, de fibras
sintéticas e de lã. A roupa de alta contaminação nunca deverá ser
separada, para não manuseá-la; depois de pesada, é colocada na
máquina dentro do próprio saco.”
A lavagem “é o processo que consiste na eliminação da sujeira fixada na
roupa, deixando-a com aspecto e cheiro agradável, nível bacteriológico reduzido ao
mínimo e confortável para o uso” (Manual de Lavanderia Hospitalar, 2001)
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Não houve grandes alterações na lavagem de roupa, mas as máquinas foram
modernizadas, junto com o avanço tecnológico.
Os métodos e as técnicas de lavagem estão associados a alguns princípios
no processo de lavagem: ordem física (mecânica, temperatura e tempo) e química
(divergência, alvejamento, acidulação, amaciamento, desinfecção).
Após as operações de recepção, separação, pesagem e lavagem, toda a area
suja deve ser lavada e desinfetada. Finalmente, os funcionários, ao término dos
trabalhos, não poderão sair do local sem tomar banho de chuveiro e trocar as roupas.
ÁREA LIMPA
Terminada a operação ou ciclo de lavagem, a roupa passa por um processo
que consta de:
- Centrifugação
- Calandragem (operação que seca e passa ao mesmo tempo)
- Secagem (em secadora)
- Prensagem
- Passagem a ferro (uso eventual).
A adoção de máquinas extratoras elimina o uso de centrífuga, além de ter a
vantagem de, sendo bem instalada, evita que o ambiente fique úmido nas proximidades
dessas máquinas.
O processamento na rouparia complementa o trabalho na área limpa e
centraliza o movimento da roupa hospitalar. Na rouparia faz-se a estocagem ou repouso
da roupa, distribuição, costura, conserto, marcação, baixa e reaproveitamento. Cada
hospital possui sua realidade e, assim, adapta esses processos às necessidades
encontradas.
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A quantidade de roupa necessária dependerá do número de trocas (de 3 a 6)
e do tipo de hospital.
EVASÃO DA ROUPA
A falta de controles administrativos são os principais causadores da evasão
da roupa do hospital. O desvio acontece por alguns motivos: remoção, necrotério, furtos
pelos clientes internos e externos, danos e desgaste natural.
Alguns procedimentos podem minimizar este problema:
• Controle na entrada e saída do paciente, denominados “check-in e
check-out”, respectivamente.
• Compromisso e colaboração da equipe obtidos pelo treinamento e
pela conscientização dos funcionários.
• Utilização de código de barras nas roupas.
A montagem de pacotes, pela lavanderia, garante o controle da roupa no
hospital bem como a personalização da roupa, como exemplo, a apresentação do
logotipo do hospital. A utilização de impressos de recebimento e entrega de roupa
minimiza, também a evasão (rol de roupa).
TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
Com o intuito de agilizar e modernizar as formas convencionais de
administração as organizações buscam novas parcerias. A nova regra é criar um
conceito de organização que acompanhe os critérios da modernidade.
Segundo o conceito de Queiroz:
“é uma técnica administrativa que possibilita o estabelecimento de um
processo gerenciado de transferência, a terceiros, das atividades
acessórias e de apoio ao escopo das empresas que sua atividade-fim,
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permitindo a esta concentra-se no seu negócio, ou seja, no objetivo
final” (1992).
É uma estratégia utilizada geralmente nas atividades de apoio, deixando os
EAS voltado para sua atividade-fim: o atendimento com qualidade.
Na lavanderia, as vantagens são as seguintes:
• Liberação do espaço físico.
• Diminuição de encargos com a folha de pagamento.
• Menor manipulação da roupa nas organizações de saúde.
Caso não haja eficiente administração do contrato, as desvantagens podem
ser:
• Falta da qualidade no processamento da roupa.
• Demora no prazo de entrega.
• Inobservância das ações preventivas e controladoras das infecções
hospitalares.
Para que haja sucesso na terceirização, a administração deve estar
consciente dos riscos e oportunidades existentes. A avaliação dos ganhos de qualidade e
eficiência é um ponto importante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que a importância da compreensão e do estudo da relação
trabalho-saúde, de forma mais totalizadora, é que permite propor políticas institucionais
e estratégias que verdadeiramente possam transformar a realidade de trabalho, no
sentido de favorecer a saúde dos trabalhadores. Novas formas de organização desse
trabalho podem ser propostas, novas tecnologias podem ser adquiridas para poupar os
trabalhadores do alto consumo calórico do trabalho que realizam, novas formas e
estratégias de qualificação dessa força de trabalho devem ser induzidas, extrapolando a
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simples orientação e investindo no conhecimento do processo de trabalho como um
todo.
A qualidade da água utilizada na lavanderia é de fundamental importância
para o processo de lavagem de roupas, afinal, ela é o produto químico mais importante
em um processo de lavagem.
Por outro lado, o contínuo processo de modernização e a procura da melhor
eficiência operacional aliados a ganhos de produtividade e qualidade são cada vez mais
exigidos pelo mercado. Somente aqueles bem aparelhados e em dia com as modernas
tecnologias poderão sobreviver.
As lavanderias dispõem hoje de uma alternativa tecnológica avançada e
economicamente viável, engajada nos aspectos essenciais da qualidade e com a
preservação dos recursos naturais.
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Bibliografia
Couto, R. C., et. al. Infecção Hospitalar – Epidemiologia e Controle. Ed.
Médica e Cientifica Ltda., Rio de Janeiro, 1999.
Fernandes, A. T., et. al. Infecção Hospitalar e Suas Interfaces na área de
Saúde II. Ed. Ateheneu, São Paulo, 2000.
Brasil. Ministério da Saúde, Manual de Lavanderia Hospitalar. Brasília,
1986.
Borba, V. R., Administração Hospitalar: Princípios Básicos. 2ª ed., São
Paulo, CEDAS, 1988.
Richter, H. B., Moderna Lavanderia Hospitalar. 2ª ed., São Paulo,
Sociedade Beneficente São Camilo, 1976.