Letrarte nº 1

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Ano I Nº 1 Julho 2013 Revista Digital Trimestral de Literatura e Arte ENTREVISTA Aline Negosseki Teixeira Viajando nas páginas de um livro: Por Falar em Disputa... nos leva até Cafeara CRIANÇAS E LIVROS Como despertar nas crianças o gosto pela leitura Edição de Lançamento!

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Revista de Literatura e Arte do Círculo de Escritores de São José dos Pinhais

Transcript of Letrarte nº 1

  • Ano IN 1

    Julho 2013

    Revista Digital Trimestral de Literatura e Arte

    ENTREVISTAAline Negosseki

    Teixeira

    Viajando naspginas de umlivro: Por Falarem Disputa...nos leva at

    Cafeara

    CRIANAS E LIVROSComo despertar nas crianaso gosto pela leitura

    Edio de Lanamento!

    Tudo sobre a fundao

    do Crculo de Escritores

    de So Jos dos Pinhais

    e os projetos que sero

    desenvolvidos

  • O ltimo Baile do ImprioDe Amor e DestinoPor falar em Disputa...Serenata

    Amando ao InimigoO Caminho de VoltaOs Encantos do Rio

    Encontro com o Passado

  • Talvez eu ainda estivesse em casa, dividindo apenas com os internautasminha vocao e dom, talvez eu ainda estivesse em casa, sem conhecer a

    fabulosa possibilidade de compartilhar. E de fazer acreditar... que comperseverana os ternos, relevantes trabalhos so realizveis.

    Ah, porm, sempre h um momento para a voz do destino chamar aqueleao qual um dom concedeu.

    Eu agradeo e dedico com meu corao e intelecto minha contribuio aoCrculo dos Escritores de So Jos dos Pinhais e Revista LetrArte

    bibliotecria Lucimri Nogueira, que desde que a conheci na adorvel eestimulante Biblioteca Pblica Municipal Schaffenberg de Quadros tenhovisto conjuntar os escritores e fomentar a atividade literria da melhor

    maneira possvel.O trabalho com amor, j no mais trabalho, se expande alm da

    obrigao, e uma vocao.

    Aline Negosseki Teixeira, 14.07.201322h34min

    1LETRARTEJul ho 201 3

    Com carinho para...

  • Nossos endereos:

    www.facebook.com/pages/CrculodeEscritoresdeSJP

    http://escritoressjp.blogspot.com.br/

    [email protected]

    issuu.com/escritoressjp

    Entre em contatoe d a sua opinio,

    ela muito importante para ns.

    Editorial

    Colaboraram nesta edio:

    Aline Negosseki Teixeirawww.alineteixeira.comfacebook.com/alinenegossekiteixeira

    Almir Almeidafacebook.com/almir.almeida.735

    Cristina Pereyrawww.cristinapereyra.comfacebook.com/cristina.pereyra.1485

    Dalton Luiz Gandinfacebook.com/daltonluiz.gandin

    LETRARTE

    2 LETRARTE Jul ho 201 3

    5

    ENTREVISTA

    Aline Negosseki Teixeira

    fala de sua vida, sua obra e

    seus projetos

    12

    AMBIENTAO

    O Brasil como palco de

    grandes histrias

    LEITURA

    Abismo de Rosas

    LEITURA

    Agora e Sempre

    LEITURA

    Amoras

    14

    15

    16

  • 3LETRARTEJul ho 201 3

    NESTA EDIOESPECIAL

    Crculo de Escritores de

    So Jos dos Pinhais, da

    origem fundao

    20

    POEMA ESCOLHIDO

    Quando a voz da liberdade

    encantou a uma adolescente

    CRIANAS E LIVROS

    O que fazer para que as

    crianas gostem de ler

    LEITURA

    As polentas da discrdia

    LEITURA

    Andando pela Praia

    INTERNET

    A revoluo no modo de

    publicar e no relacionamento

    com o leitor

    LEITURA

    Grito Calado

    LEITURA

    Geologia Potica

    AGENDA

    Programe-se

    VIAJANDO NAS

    PGINAS DE UM

    LIVRO

    Vamos conhecer Cafeara

    LEITURA

    Marcas de Amor

    CONHEA SO

    JOS DOS PINHAIS

    Imagens da cidade

    BA DE POESIAS

    A vida nos versos de

    Dalton Luiz Gandin e

    Aline Negosseki Teixeira

    NOTCIAS

    O que de mais importante

    aconteceu na vida cultural

    de So Jos dos Pinhais

    47

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  • LOCAL DE INSCRIO

    Secretaria Municipal de Cultura

    Bibl ioteca Pblica Municipal Scharffemberg de Quadros

    Praa 8 de Janeiro, 1 20

    83005-11 0 - So Jos dos Pinhais - PR

    Tel: (41 ) 3381 -5845

    E-mail [email protected]

    CATEGORIAS

    Conto

    Crnica

    Poesia

    Redao

    INSCRIES: 1 3 de maio at 1 3 de setembro de 201 3

    Trabalhos enviados pelo correio sero aceitos com data de postagem at 1 3 de setembro.

  • Entrevista

    Um dedo de prosa comAline Negosseki Teixeira

    5LETRARTEJul ho 201 3

  • 6 LETRARTE Jul ho 201 3

  • O livro um camafeu,no s a palavra que nele cabe,mas, um mundo de sentimentos.

    Ele guarda a relquia de uma facea um universo contemplar.

    Livro e Camafeu in Serenta. 2013Aline Negosseki Teixeira

    7LETRARTEJul ho 201 3

  • Cheiro de relva.

    mido orvalho no

    campo sulista.

    Haicai Para Crianas

    Um pouco mais de Aline

    Comeou a escrever na infncia e no

    parou mais. Passou a considerar-se

    "escritora" quando de sua primeira

    publicao, em dezembro de 2009:

    O ltimo Baile do Imprio.

    Gosta de tudo que

    potico, dotado de

    sensibi l idade e verdade.

    Verdade limpa, fresca e

    lapidada. E tambm a

    verdade lrica.

    Desde ento alm de escrever, distribuir e vender

    suas obras, ministra oficinas culturais de poesia e

    haicai em eventos culturais e principalmente em

    escolas de Ensino Fundamental. Dentre todas as

    atividades essa sua preferida.

    8 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Em conjunto com a escritora Cristina Pereyra fundou o

    Crculo dos Escritores de So Jos dos Pinhais que teve

    como ao inicial a instaurao de um encontro oficial

    mensal de escritores de So Jos dos Pinhais, que sempre

    ocorre na Bibl ioteca Municipal Schaffenberg de Quadros.

    Em conjunto com outras escritoras fundou o

    Letrissima, que um selo sem fins lucrativos que

    une profissionais de todo o pas - escritores,

    revisores, tradutores, divulgadores, artistas e outros

    colaboradores.

    Sua principal meta

    fomentar a atividade

    cultural, principalmente

    em rea de literatura,

    incentivar no s o ato de

    ler como o de escrever.

    Escritores preferidos:

    Eleanor Porter, Erico

    Verissimo, Jos de Alencar,

    Cora Coralina, Florbela

    Espanca, C. Flammarion,

    Rubem Alves, El izabeth

    Thornton e Gayle Wilson,

    os poetas do tempo da

    inconfidncia e o dos

    tempos romnticos do

    sculo XIX.

    Livros favoritos: A Moreninha, Poliana e Poliana Moa, Poemas dos becos de Gois e

    Histrias Mais, Vintm de Cobre, O Tempo e o vento, Olhai os Lrios do Campo, Solo de

    Clarineta I e I I , Clarissa, Msica ao Longe, Um Lugar ao Sol e Saga. Israel em Abril , Stel la

    (Camil le Flammarion).

    Mantm um blog onde

    expe sua obra, suas

    iniciativas e seu trabalho:

    www.al ineteixeira.com

    9LETRARTEJul ho 201 3

  • Oficinas de Criao Literria

    10 LETRARTE Jul ho 201 3

  • 11LETRARTEJul ho 201 3

  • Romance e a Ambientao no Cenrio Nacional

    Os grandes autores nacionais em suas maiores obrasretrataram o Brasil e o brasileiro.

    O texto literrio se no o mais, umdos mais pertinentes meios deexpresso e preservao da cultura,memria e histria de uma comunidade, povoou nao.

    Seja em prosa ou verso as geraes futuraspodem ler as imagens dos usos, costumes eformas de relacionar de seus antepassados.

    H o jargo popular Uma imagem vale maisque mil palavras. De fato, uma bela imagem,seja uma pintura ou fotografia enche a vista eemociona. Porm, quantas perguntas ela nodeixa em nosso interior? Um texto bemescrito, por outro lado, revela tantas coisas!Exemplo disso lembrarse que foi somente

    ao encontrar as famosas tabuinhas de argilana regio da antiqussima mesopotmia quefatos outrora tidos como mito, vieram a seraceitos pela civilizao presente. O ambientese modifica ao longo dos milnios ecatstrofes incompreensveis levaram parasempre civilizaes remotas que apenas oregistro escrito pode trazer at ns o relato docotidiano daqueles tempos imemoriais.

    Tnhamos imagens. Tnhamos esculturas eum monte de dedues.

    Foram as tabuinhas, rolos, pergaminhos,fosse argila, pele de animais, papiro ou asparedes das cavernas, o incompreensvel serevelou no decifrar dos caracteres. Dos maisrudimentares aos mais sofisticados.

    12 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Um texto, marcas e sinais grficos abstratossobre uma base, revelam exatamente o que oregistrador (ou escriba, escritor, relator) tinhapor inteno deixar registrado.

    Ou no. O motivo?

    As sociedades tm ao longo do tempo lanadomo de um de seus mais abrangentesatributos da inteligncia: a interpretao.

    Seja em verso ou prosa especulaes sobreespeculaes em volta de figuras que o passardas dcadas, sculos, mitificou, proliferam acada gerao.

    Alm do valor histrico de uma representaoartstica em forma de literatura, temos, portanto, um objeto imaterial de reflexo. Aliteratura, seja em qual forma ela seapresente, um vasto meio de fomento noapenas da situaes concretas e reais daexistncia, como um ato de lirismo da cruezados dias ou registro dos fragmentos de fatopoticos da vida.

    Nesse raciocnio, interessante a questo:qual a importncia do ambiente numanarrativa?

    Determinante!

    O romance de desenovela, se desenlaa, erevela, em mincia desconcertante noapenas atos, fatos e desencadeamento deaes, como sonda questionamentos mesmofilosficos dos costumes. Que variamconforme o lugar em que aconteceu!

    um veculo sem precedentes de cultura.

    Desde um campo branco, solitrio, inspito,infinito de um inverno eterno de uma obra deTolstoi, s matas calorosas e perfumadas dosromnticos autores indianistas, percebeseclaramente que o ambiente em que o romancese d, determina o que podemos esperar dahistria como um todo.

    Tais romances, altamente descritivos emrelao ao ambiente, contm detalhes desuma importncia para a compreenso decomo viveram as gentes antes de ns, do quenos importa deixar registrado, do que resgatarpara levar o leitor a uma reflexo dastransformaes que tempos e grandes

    acontecimentos trouxeram, como a reflexo decomo agir, do que plantar para a colheitafutura.

    Conforme o interesse e gosto do leitor, elepasseia talvez os olhos pela livraria, ou pelaspginas nas bookstores virtuais e quandobate o olho num perodo ou lugar que lhefascina, seu corao pulsa de modo diferente.

    O ambiente, creio, o primeiro ponto a serbem pensando pelo autor. Porque ambientarmeu romance nesse lugar e poca? Aconteceualgo importante a? O ambiente que eleescolhe para sua obra uma verdadeiraviagem para o leitor. E toda jornada melhorse acontece de modo empolgante einesquecvel.

    Qualquer coisa em qualquer lugar poder serimportante, desde que seja observado o modoque os acontecimentos naquele lugarescolhido sero contados. Despertar acuriosidade? Tocar os sentimentos do leitor?Paixo, medo, ternura, raiva, canseira... Oromance capaz disso tudo.

    O autor quando decidese por determinadoambiente ter duas opes para ofereclo aoleitor em forma que a grafia, de fato, se torneem imagens, cheiros, sons na fabulosatransmutao que a leitura faz.

    Primeiro, narrar uma histria ocorrida em umlugar que ele conhece, de fato. Se ele estevel, certamente sabe por prpria experinciasobre como o clima ali se regula, quaissensaes um ser humano sente exposto a talclima. Se ele tiver talento potico, saber fazeras metforas certas para descrever ambientesnaturais ou erguidos pelo ser humano. Se elefor minucioso, tambm certo que tenhaobservado os costumes dos habitantesdaquele lugar. Como os habitantes serelacionam com o ambiente que vivem? Modode falar, como e do que se alimentam, o quefazem para ganhar a vida, se divertir, suasexpectativas e valores. Por ter experimentadoaquilo tudo talvez possa com maiorpropriedade registrar.

    Ou o autor poder ser um apaixonado,aficionado por determinado lugar em quenunca esteve, mas, por tamanho amor e

    13LETRARTEJul ho 201 3

  • ABISMO DE ROSAS

    As rosas e versos servem para expressar o amor dos amantes, uma rosa, um verso podem dar vida a umagrande paixo.

    Paixo um sentimento gostoso que pe na boca dos amantes as mais lindas palavras de amor eloucuras que s possuem valor para quem ama.

    Foram as rosas, os versos que fizeram com que nos aproximssemos.

    Amor, a voc quem envio flores e para voc que dedico os versos que componho, foi pra voc queentreguei-me, e s voc quem tanto amo.

    Mas voc no obteve amor por mim e deixou-me s entre as rosas do jardim, hoje volto ao mesmo jardimpara relembrar voc vendo as rosas e me proponho a citar frases de amor como se voc ainda estivesse

    junto a mim, ouvindo minhas palavras de amor.

    Ainda hoje colho rosas para oferecer-lhe como antes, nas noites em que nos amvamos. Mas com suafalta, encontro-me neste abismo, junto com a rosas que a voc dediquei.

    Agora nada nos resta seno ptalas atiradas ao cho e parte dos versos que falavam do amor que a vocdediquei.

    Voc lanou ao vento todas as coisas que eu possua para oferecer-lhe, as rosas, os versos e todo meuamor.

    Hoje vejo-me como as ptalas das rosas que para voc no possuemnenhum valor, como parte dos versos que a voc escrevi e voc destruiu

    junto das rosas e tambm a mim.

    Hoje neste abismo vejo tantas rosas, tantos versos e coraesdesesperados e lanados na escurido. Aqui o sol no aquece, as

    estrelas no brilham e a lua no aparece.

    Almir Almeida.

    curiosidade, leu, pesquisou, averiguou tudoquanto soube ter disponvel. Far, ento, umcasamento de suas prprias experincias comas experincias de outras pessoas. Podese,ento, obter um texto rico.

    Li, certa vez, um romance ambientado narevoluo espanhola contra o ditador Franco.O autor no esteve l. Tinha, por referncia, odirio de algum que, de fato, esteve l,lutando e experimentando tudo que asituao oferecia. A partir disso, escreveuuma obra impressionante, magnfica. Nodeixei de notar, porm, que no interior dapersonagem principal viviam osquestionamentos e pontos de vistas de umestrangeiro.

    No a minha inteno fazer uma crtica, ouregistrar uma opinio formada sobre aquesto do autor que ambienta obras emlugares que nunca esteve. Pois, meupensamento conforme escrevo vai semodificando, e em trechos de livros meus,mesmo, personagens estiveram em lugaresque nunca fui. Esse um dos encantos da

    literatura para mim. Tornar possveisalegorias de maneira que as fronteiras fsicasquase sempre tornam intransponveis.

    A minha inteno deixar umquestionamento a respeito de nossa prprialiteratura, e nosso prprio pas.

    Enquanto nos pases desenvolvidos osartistas superestimam suas prpriasculturas, que tambm no deixam de seruma miscelnea deliciosa proveniente dasimigraes em massa, no nosso em viacontrria, deixamos de lado o que nosso, oque apreendemos e temos conhecimento decampo e conhecimento vasto para contribuircom no s a perpetuao, como ocrescimento do volume de registro dasociedade externa.

    O mundo, se pensarmos no contexto da arte,no tem fronteiras.

    Quando crio personagens frutos da terra deminha regio, sei que eles tm pernas epodero correr mundo. Se aventurar,experimentar, como assim o foi com ospersonagens da Histria real.

    14 LETRARTE Jul ho 201 3

  • No empolgante, no entanto, explorar ummundo vasto, rico, cheio de possibilidade que,vejam s, meus olhos alcanam e seesparrama alm das montanhas maisprximas e do vale presente? Acontece, ainda,entre os prdios em que posso chegar com afora de minhas pernas, com o valor de umsanduche?

    Depende da forma que eu o relatar, que eufizer lrico, poder encantar uns olhossedentos por um lugar adverso, uns olhosestrangeiros que habite o outro lado do globo,o lado que tanto me fascina, me pe curioso e,somente dessa forma o intercambio serpossvel. Pois se ele e eu contarmos a mesmahistria, no mesmo ambiente, que ser detodo o resto?

    A supervalorizao e propaganda de um grupodeterminado de cultura e sociedade no podecontinuar em plena era da interligao

    mundial em tempo real! Docompartilhamento cultural por toda a gente egente comum que relata espontaneamente avida no de forma premeditada e ensaiada.

    Desertos e grandes rios, praias sem fim,campos verdes de capim, trejeitos diversos,sonhos antigos, realizaes heroicas, notastristes e grandes horrores, dores profundas epaixes arrebatadoras, cadeiasmontanhosas, planaltos lendrios,desfiladeiros, cachoeiras, povoados emetrpoles. Mistrios inexplorados,sofrimentos insondados, sorrisos eternizadosnum pargrafo.

    Quando o brasileiro perceber que possui noregionalismo um tesouro inestimvel, fonteinfinita de gozo e riqueza no apenas culturalcomo econmica?

    O Brasil um universo literrio acontecendoo tempo todo.

    EVENTOS, NOTCIAS, PROMOES E MUITO MAIS

    www.alineteixeira.com

    Sua vida teria sido diferente se ela no tivesse ido igrejanaquele domingo. Se no tivesse olhado para a praa na sadada missa. Se no o tivesse visto sentado no banco. Se notivesse fitado aqueles olhos de cachorro sem dono. Se ele notivesse lhe sorrido. Se o seu corao no tivesse disparadocom esse sorriso. Se no o tivesse visto em outros domingos. Edepois tambm nas quartas e sbados. Depois, todos os dias.E agora, nunca mais. Isso tudo ela pensava diante dasepultura daquele que fora seu companheiro por mais decinquenta anos. Pensava sem lgrimas, pois fora feliz portempo demais para se lamentar agora. Breve o seguiria evoltariam a estar juntos. Pela eternidade.

    Agora e sempre

    Cristina Pereyra15LETRARTEJul ho 201 3

  • LEITURA

    Quem teve infncia gostava de amoras. Ou frutinha que valha.Mesmo que fosse aquelas coisinhas vermelhinhas e proibidas que sependuravam nos galhos que pendiam no porto ou muro de algumvizinho ranzinza.

    E quem teve uma infncia feliz com amoras, pitangas e ameixasamarelas sempre que v um p carregadinho se lembra dos sorrisose horas distradas na doce obstinao de comer amoras. Porquequando se comea, tornase um obstinado em comer e comer.

    Sempre que vem setembro, outubro com a safra de alegria me tornooutra vez na criana que fui e nisso h muito encanto. Porqueencanto algo prprio das crianas. Elas acreditam e sorriemverdadeiramente felizes com encanto, ou arregalam seus olhinhos,verdadeiramente empolgadas, com uma histria, causo, conto deencantadora imaginao...

    E qual o encanto de gostar de amoras?

    que em adorar gastar umas horas empanturrandose at entupirdelas reside a felicidade. Sim. Disse Jesus que se quisssemos entrarno reino do Pai, que fossemos como as criancinhas. As crianas tmo corao e mente limpos o suficiente para acreditar que subir nump de amoras a maior das felicidades possvel.

    Felicidade se resume em ter satisfao com as coisas saudveis,puras, simples e fceis de se ter. Uma satisfao no momentnea,mas, sim, uma satisfao que perdura.

    A felicidade de comer amoras perdura porque depois de entrar paradentro de casa satisfeito, voc sabe, amanh o p estarcarregadinho outra vez, as que hoje so verdes, amanh seromaduras e voc poder fazer tudo, tudo outra vez.

    Quando eu era criana em nossa casa havia duas amoreiras noquintal que no l muito grande, mas que, para mim, tinha otamanho de um universo inteiro. Quantas alegrias no tive eu alientre as poas de lama e os castelos de encantamento que constru,sozinha ou acompanhada? As amoreiras estavam junto do muro dofundo e tinham muitos galhos frondosos e outro esguios que, sempoda, tinham a aparncia, para a menina, de uma floresta. Passeimuitas horas de minha vida com o traseiro assentado no muro cinzacomendo e comendo amoras. Apertando essas coisinhas tenras, deminsculos gominhos e caldo que roxeia nossa boca e mos, eu novia as horas passarem e, s vezes, tambm, ficava em p paraalcanar minhas adoradas pretonas. s vezes, fazia subir l minha

    AmorasAline Negosseki Teixeira

    Felicidade pensar poeminhassobre amoras.

    Aline NegossekiTeixeira. HaicaiPara Crianas Sentidografias,

    2010

    16 LETRARTE Jul ho 201 3

  • irmzinha de quatro anos e, apesar de minha me confiar bastantena minha responsabilidade de mocinha de nove anos, no gostavamuito. Mas claro, ela no estava vendo, coitada, muito ocupada namquina de costura.

    Ns duas ouvamos os passarinhos nas laranjeiras que no estavamlonge de ns e conversvamos nossas histrias de fadas e, mais doceque nossas pretonas, eram as enganaes inocentes que eupregava na Manu. Se eu fazia haver a fada brilhantina que moravadentro da madeira da porta do banheiro para conversar com ela, nostroncos de cada rvore do nosso quintal vivia tambm um ou outroser mgico.

    Quando pegvamos amoras ramos somente crianas. Duas irmsque brigavam e se amavam muito e dividiam quase tudo. Sempensar no futuro, nem em problemas, nem em banho, nem emescola, ou em lgrimas de nossa me. Apenas ramos ou,empolgadas, dividamos nosso tesouro com alguma criana vizinha.

    O tempo passou, eu me tornei adolescente e ainda pegava amoras.Mas, um dia, nos mudamos daquela casa que, conquanto continuassenossa, outra pessoa foi ali morar. Ns morvamos j ento numacasa maior e um tanto melhor. Mas uma casa que ocupavapraticamente todo o terreno e no tinha uma rvore sequer. Tinha,sim, roseiras que embelezam a vista. S que ningum pode subirnelas e gastar algumas horas empanturrandose de coisinhas doces esaudveis e, melhor que isso, se empanturrar de sonhos ingnuos.

    Muitos anos se passaram, eu me casei e fui morar na mesma casaque experimentei minhas primeiras amoras. Mas que tristeza no foisaber j uns anos antes que o morador as cortara todas, cada umadas rvores. Desde o p de aucarados roms que tanto me curou asaftas, goiabeira que meu av plantara! Mudei para ali com a alegriade recmcasada. E era triste ver deserto do quintal de minhainfncia. Quase adulta, ele me pareceu to menor, to sem vida,como se uma bruxa malvada houvesse passado um borracha na lindailustrao do terreiro de minha infncia. E, ainda disse: Aquelasrvores enchiam o quintal de formiga! No me lembro de que asformigas disputassem comigo as amoras. Eu me lembraria decerto,visto que me lembro de que certa vez um formigueiro de savas serevoltou contra meu p que pisoteou seu reino esmeradamenteerguido.

    E o que me lembro delas, das formigas, que eu deitava no cho,muitas vezes, s para observlas carregar aqueles pedacinhosdisformes de folha, de fazer testes interrompendo o real caminhocom um graveto. Para, ento, vlas apesar de minha vilania decuriosa, contornar o obstculo que lhes impusera.

    As formigas podem derrubar uma casa, mas tambm podem muitonos ensinar.

    Do terreiro deserto, o Matheus e eu, fizemos um lindo jardim. Gramaverdinha, arbustos de flores coloridas, rosas (em especial um p de

    17LETRARTEJul ho 201 3

  • rosa da cor laranja) e, no centro de tudo, um lindo manac da serraque penso ter custado quinze reais e, em cinco anos estavaespantosamente alto, frondoso, e nos presenteava em sua poca deflorao com um tapete veludoso de flores brancas e lilases. Sepossvel fosse, teramos pagado at cem reais para trazlo para c.E se pudssemos, at mais. O lindo jardim foi um pouco diminudopor nossa ovelhinha Sabrina que comia tudo que via pela frente.Mas, quando ela passou a fazer mais coc que podamos limpar emandamola para a roa, tudo voltou a florir. At que mudamos.Sim, mudei daquela casa que criamos um lindo jardim de grberasfurtadas por passantes e palmeiras que refrescavam a fachada detijolos vermelhos de nosso primeiro ninho familiar.

    Viemos para c, para alm de ganhar muitas roseiras de variadascores que conhecia desde pequena xod de minha tiaav , ump de jabuticaba selvagem e, que alegria!, uma frondosa amoreiraque vale pelas duas de minha infncia.

    Fico muito feliz por Deus ter me restitudo a amoreira e que minhafilha possa viver tudo que vivi, e at mais!

    No resisto ir l fora e encontrla carregadinha e esperando pormim. Todo aquele verde salpicado de pontos pretos e vermelhos metentam e se pego da primeira quem diz que consigo parar? Volto aser a mesma menina de oito, nove anos e s saio de l quando ouelas me esto saindo pelas orelhas ou no alcano mais aspretonas que ainda restam galhos acima, e ainda assim, trago acumbuca cheia para geleia, suco...

    E como, apesar de esvaziar a mente nesses momentos, minhaimaginao no para, fiquei pensando no sentido da felicidade ser seentregar s amoras. Mas, como muitas vezes tambm existemcrianas felizes longe de um espao para se comportar umaamoreira, tambm vale eu atesto colorir desenhos com lpis decor, brincar de jquemp, palavra secreta, comer rosquinhas de cocomolhando no leite quentinho, olhar as estrelas no cu e dar a elas onome de cada um dos filhos que no vamos ter, mas gostaramos, seo mundo fosse diferente, ou apenas se entregar, deixandoseencantar por um clssico infantil na tev.

    Tudo isso ter outra infncia, mesmo que no possa ter a terapiadas amoras.

    Sobre a autora:

    Aline Negosseki Teixeira conta com seis livros publicados e membro-fundadora do Crculo de Escritores de So Jos dos Pinhais.

    Voc pode saber mais sobre ela na Entrevista desta edio e no blog:www.alineteixeira.com

    Chove e chove.Mas, no dourado estio,pretas amoras.

    Aline NegossekiTeixeira. HaicaiPara Crianas Sentidografias,

    2010

    18 LETRARTE Jul ho 201 3

  • www. facebook. com/dal tonl ui z. gandi n

    POR EL BI EN DE LA HUMANI DAD

    Barak Obama

    l i berar a l os ci nco cubanos

    si te gusta

    Dal ton Lui z Gandi n

  • ESPECIALFundao do Crculo de Escritores

    de So Jos dos Pinhais

    Escritores Dalton Luiz Gandin, Almir Almeida, Cristina Pereyra e Aline Negosseki Teixeira

    aps assinatura da Ata de fundao do Crculo de Escritores de So Jos dos Pinhais

    No dia 19 de junho de 2013 alguns escritores da cidade reuniram-see fundaram o Crculo de Escritores de So Jos dos Pinhais.

    TEXTO: CRISTINA PEREYRA E

    ALINE NEGOSSEKI TEIXEIRA

    Na noite do dia 19 de junho de 2013, alguns

    escritores da cidade reuniram-se para realizar o V

    Encontro de Escritores de So Jos dos Pinhais. Alm da

    troca de experincias pessoais na rea de literatura e

    uma descontrada conversa sobre atualidades, estiveram

    em pauta as aes para o prximo bimestre.

    Esse encontro marcou um novo momento na cena

    literria da cidade, pois desde ento o grupo de amigos

    escritores passa a ser uma Associao formal: o Crculo

    de Escritores de So Jos dos Pinhais.

    A fundao desta Associao aconteceu no transcurso

    do V encontro e encontra-se registrada em ata. O

    Estatuto foi aprovado por unanimidade pelos membros

    fundadores.

    Entre os objetivos do Crculo de Escritores de So Jos

    dos Pinhais esto:

    a) auxil iar seus scios no desenvolvimento de suas

    atividades literrias;

    b) promover a participao de seus scios em

    manifestaes literrias na cidade sede e,

    extraordinariamente, fora dela;

    c) fomentar a atividade literria na cidade;

    d) promover a integrao de seus scios com outras

    manifestaes artsticas da cidade sede e,

    extraordinariamente, fora dela;

    e) organizar manifestaes de carter l iterrio-cultural.

    A criao do Crculo uma resposta s inquietaes

    dos escritores, que muitas vezes se sentem sozinhos

    em seu labor em prol da literatura na cidade. O Crculo

    pretende ser mais que um elo de unio entre os

    escritores, deseja ser uma ponte entre o leitor e o

    autor, e tambm uma via de comunicao com o Poder

    Pblico, que o maior responsvel pela organizao

    das atividades culturais na cidade.

    Esta revista uma das primeiras aes do Crculo

    para fomentar a cultura na cidade.

    20 LETRARTE Jul ho 201 3

  • A histria do Crculo

    Toda histria tem um comeo, no mesmo? Pois a

    nossa tambm tem. Tudo comea com a coragem para

    fazer os sonhos acontecerem. Ou teria comeado com o

    sonho? Talvez.

    O sonho

    Ele nasceu numa bela tarde de sol de um dia de

    inverno. Era sbado. Cada um de ns chegou trazendo

    nas mos os calos de escrever e na mente as ideias.

    Vivamos ss e isolados. Naquela tarde nos conhecemos,

    juntos tecemos sonhos que foram registrados no papel

    com dedos trmulos de emoo. O eu de cada um dava

    espao ao ns.

    Em julho de 2012, com o objetivo de subsidiar a

    construo do Plano Municipal de Cultura, foi realizado o

    Frum Setorial de Cultura - Livro, Leitura e Literatura na

    Sede da Secretaria Municipal de Cultura, aberto a toda

    comunidade. Foi nesse evento que alguns dos escritores

    da cidade se conheceram, outros se reencontraram e

    todos compartilharam ideias e sonhos. Foram

    apresentadas propostas ao Poder Pblico, discutiu-se

    muitas possibil idades de incentivar a l iteratura, mas

    sempre com o olhar voltado para a participao do

    Municpio. Naquele momento, talvez pela circunstncia

    em que se realizava, no conseguimos ter outro olhar.

    Emails trocados, contatos estabelecidos, cada um

    retomou o rumo de sua vida. Mas j no ramos os

    mesmos.

    Do sonho ao projeto

    As ideias daquele sbado foram muitas, grandes e

    pequenas, fceis e difceis, todas com o objetivo de levar

    a leitura ao povo de nossa cidade. . . muitas com o desejo

    de dar voz a nossas palavras.

    Ento, era chegada a hora de peneirar as ideias, de

    unir esforos e dar vida a elas. Entre um e outro dia de

    desalento, prosseguimos. Algumas conversas por email,

    longas horas de reflexo. . . mais ideias no papel. Havia

    chegado o momento definitivo: a hora de realizar.

    Comeou com uma pequena ao. No futuro, temos

    certeza, ser um momento lembrado com carinho. O

    que plantamos, as prximas geraes iro colher.

    Estamos depositando a semente em solo frtil .

    Estaremos regando, e talvez at consigamos colher

    alguns frutos. Mas, certamente, os verdadeiros frutos,

    chegaro depois.

    Com a abertura de um blog demos incio

    existncia dos ESCRITORES DE SO JOS DOS PINHAIS

    como um conjunto de pessoas que desejam promover as

    letras em nossa cidade.

    I Encontro de Escritores de SJP

    No dia 9 de agosto, foi realizado o I Encontro de

    Escritores de So Jos dos Pinhais. O palco desse

    momento to especial para a literatura da cidade foi a

    Bibl ioteca Pblica Municipal Scharffenberg de Quadros.

    A sugesto de realizar encontros peridicos entre os

    escritores da cidade surgiu no Frum Setorial de Cultura

    - Livro, Leitura e Literatura realizado em 21 de julho pela

    Secretaria Municipal de Cultura. Depois disso alguns

    autores mantiveram contato entre si por email e

    decidiram organizar esse primeiro encontro.

    A proposta dos Encontros articular aes

    conjuntas dos escritores da cidade, trocar experincias

    e confratenizar-se. Deste primeiro momento nasceu a

    ideia do blog e algumas outras que aos poucos foram

    sendo realizadas.

    Os encontros continuaram acontecendo, ainda que

    no com a frequncia desejada. A vida cotidiana cobra

    seu preo, as dificuldades deste comeo de jornada se

    fizeram sentir. Em 2012 houve apenas mais um

    encontro oficial, dia 13 de setembro.

    Mostra Literria - Leitura no Parque

    No dia 9 de dezembro, com a chancela da

    Secretaria Municipal de Educao, aconteceu o evento

    "Mostra Literria: Leitura no Parque." & Comemorao

    do Centenrio de Nascimento de Helena Kolody.

    O dia estava nublado, o que parece ter desanimado

    um pouco as pessoas a comparecerem por talvez

    receio da chuva que cara no dia anterior. No entanto,

    quem no foi perdeu. . . contos, causos, msica,

    apresentaes artsticas, e adaptaes dramticas com

    direito a Emlia, Narizinho, Pedrinho e etc., sem falar na

    mostra l iterria de diferentes escolas da cidade,

    separadas por tendas e o lanamento do livro Recriando

    Histrias de So Jos dos Pinhais, produzido a partir de

    pesquisas, entrevistas, obras artsticas realizadas pelos

    alunos da rede pblica municipal que, num material

    muito atraente, vivo, cheio de imagens e belos textos,

    conta no s a histria da cidade, como fala dos

    sentimentos, expectativas e nostalgias de seus

    moradores. (O livro tem aquele cheirinho que s quem

    ama os livros compreende o efeito que provoca na

    gente! )

    "Havia uma tenda especial. Especial porque quem

    conta sou eu. A tenda dos autores de So Jos. . . L

    conheci pessoas muito legais, fs como eu do mundo

    das letras, troquei figurinhas literrias com o Dalton,

    colega de versos, dediquei l ivros para pessoas que

    foram ao evento prestigiar as letras, e at mesmo

    passeadores do Parque So Jos que nem imaginavam

    que o evento estaria acontecendo e foram l conferir.

    Aline Negosseki Teixeira e Cristina Pereyra

    21LETRARTEJul ho 201 3

  • Cada pedacinho de conversa, um pedacinho inestimvel

    do tesouro que guardo na memria, no corao,

    tesouro esse que abunda mais a cada dia. As crianas

    que participaram de outras atraes ficaram muito

    entusiasmadas por conhecerem uma "autora de

    verdade". Eu me surpreendi em como eu sempre me

    surpreendo em ser considerada uma "autora de

    verdade". At hoje ainda parece um sonho para "um

    dia, quando eu for escritora. . . ", aquele tempo em que

    no sabia que todo mundo j nasce um escritor", conta

    Aline.

    Mais tarde houve uma bela explanao da escritora

    Adlia Maria Woellner, que conviveu e esteve bem junto

    da to sensvel poetiza Helena Kolody, que muito

    frutificou entre os pinheirais desse planalto,

    homenageada do ano, na tenda esmerada e temtica

    organizada pelo pessoal da Educao.

    O ano de 2012 terminou com algumas decepes,

    planos no cumpridos e expectativas frustradas. Mas

    tambm com novos sonhos, esperanas e determinao

    de fazer muito mais em 2013. Mesmo com poucas

    aes concretas, o ano de 2012 marcou o incio do

    movimento dos Escritores de So Jos dos Pinhais.

    A pequena Raquel

    (filha da Aline) na

    tenda dos autores de

    So Jos dos Pinhais.

    A doce Sarah, que se divertiu muito no evento, orgulhosa dos livros

    da mame Aline.

    O primeiro encontro de 2013 aconteceu em

    fevereiro e nele comearam a ser desenhadas as aes

    que levaram criao do Crculo. Em viagem de

    pesquisa para seus livros, a escritora Cristina Pereyra

    entrou em contato com escritores de San Fernando

    (Argentina) e conheceu um pouco do trabalho

    desenvolvido por eles em prol da literatura local.

    Algumas aes so semelhantes s que os escritores de

    So Jos dos Pinhais j faziam e a troca de experincias

    permitiu o intercmbio cultural to necessrio para o

    desenvolvimento e aperfeioamento. Outras aes do

    grupo de San Fernando foram trazidas para discusso

    neste III Encontro e depois de adequadas e adaptadas

    realidade local, comearam a ser postas em prtica.

    IV Encontro de Escritores de SJP

    No dia 13 de maio, aconteceu mais um encontro

    dos escritores da cidade. A organizao do encontro

    esteve outra vez a cargo das escritoras Aline Negosseki

    Teixeira e Cristina Pereyra.

    Novamente a Biblioteca Pblica Municipal

    Scharffenberg de Quadros acolheu o encontro. Foi um

    fim de tarde produtivo, pois o encontro traou as metas

    do grupo para o segundo semestre e algumas aes que

    estaro movimentando a cena literria da cidade em

    breve.

    "Esse encontro de escritores muito importante

    para fomentar a produo literria da cidade, pois

    compartilhar experincias boas e ruins nos torna mais

    fortes e nos motiva a seguir em frente, pois no

    estamos sozinhos", disse Cristina Pereyra.

    " importante a unio dos autores para que todos

    cresam. Eu estou tendo uma experincia maravilhosa

    com a publicao do romance 'Graciosa' no meu blog. O

    retorno dos leitores muitas vezes emocionante e o

    alcance algumas vezes me surpreende, a cada dia mais

    leitores se somam e me fazem ter mais vontade de

    continuar contando a histria", declarou Aline Negosseki

    Teixeira, que tambm adiantou que essa histria

    formar uma trilogia.

    Neste encontro foi delineada a criao do Crculo de

    Escritores, ideia que vinha sendo gestada desde

    fevereiro. Com a definio de que havia chegado o

    momento de dar esse passo, as escritoras Aline

    Negosseki Teixeira e Cristina Pereyra aceitaram o desafio

    de conduzir os trmites burocrticos e organizar o que

    seria necessrio para efetivao da fundao do Crculo.

    Elas tambm ficaram incumbidas de visitar algumas

    livrarias para discutir a distribuio das obras dos

    autores de SJP. Estas visitas foram realizadas no final do

    ms de maio e resultaram em parceria imediata com as

    Livrarias Danbio e Letra & Arte, em Curitiba, que j

    dispem de exemplares dos nossos autores.

    No ano passado, a autora Cristina Pereyra j tinha

    firmado contrato de distribuio com as Livrarias

    Curitiba, e breve outros de nossos autores devero

    somar-se a estas prateleiras.

    Conferncia Municipal de Cultura - Reconvocao

    No dia 08 de junho de 2013 os escritores de So

    Jos dos Pinhais compareceram Cmara dos

    22 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Vereadores para assistir Reconvocao da Conferncia

    Municipal de Cultura de So Jos dos Pinhais: "Uma

    Poltica de Estado para a Cultura: Desafios do Sistema

    Nacional de Cultura."

    Estiveram presentes na Conferncia o Sr. Prefeito, o

    Sr. Sec. de Cultura, vereadores e outra autoridades

    interessadas em dialogar democraticamente sobre os

    desafios e possveis aes para o Sistema de Cultura em

    mbito municipal, estadual e nacional.

    Aps ao Frum Setorial de Cultura, ocorrido em

    2012, que resultou em vrias aes como a exposio

    das carncias e ideias na rea de Leitura, Livro e

    Literatura, a criao dos Encontros dos Escritores de

    So Jos dos Pinhais, representando Literatura de So

    Jos dos Pinhais, foi eleita Delegada para a posterior

    etapa Estadual, que anteceder a 3 Conferncia

    Nacional de Cultura, a escritora Aline Negosseki Teixeira.

    Vrias propostas na rea de literatura tm sido

    estudadas, discutidas e redigidas nos Encontros dos

    Escritores de So Jos dos Pinhais, que acontecem na

    Biblioteca Pblica Municipal Schaffenberg de Quadros,

    em frente Matriz.

    V Encontro de Escritores de SJP

    Quase um ano depois de iniciar o movimento de

    unir os escritores da cidade, surge o seu primeiro fruto

    concreto: o Crculo de Escritores de So Jos dos

    Pinhais.

    O principal assunto da pauta deste encontro era a

    criao do Crculo, efetivada no decorrer do Encontro e

    registrada na Ata de Fundao. Para a gesto

    temporria e conduo da primeira eleio da Mesa

    Diretiva foram eleitas Aline Negosseki Teixeira para o

    cargo de Presidente e Cristina Pereyra para o cargo de

    Secretria. Outro tema da pauta deste Encontro esse

    que est diante dos seus olhos: a edio de uma

    Revista Digital de literatura e arte, que ser editada

    trimestralmente pelo prprio Crculo.

    Esta a nossa histria, recente mas com muitos

    sonhos, projetos e lutas para conquistar um espao

    entre os leitores.

    Conselho Municipal de Cultura

    Espera-se que a partir deste ms de julho, o Crculo

    esteja oficialmente representado no CMC na pessoa de

    sua diretora, Aline Negosseki Teixeira. Na prxima

    reunio ela dever ser eleita como suplente, tendo j

    protocolado essa inteno junto Prefeitura Muncipal,

    que representa a do grupo. Aline esteve presente na

    reunio do ms de junho e apresentou aos membros do

    Conselho e ao Secretrio Municipal de Cultura, Amarildo

    Rosa, alm da trajetria e aes dos autores at o

    momento, os prximos eixos norteadores do trabalho do

    Crculo: fomentar a atividade literria na cidade e

    promover a integrao dos seus membros nas

    manifestaes artsticas da cidade. Todo o conjunto do

    discurso dos autores e, principalmente, a ideia de

    implantar oficinas de criao literria sensibil izou os

    presentes, que se mostraram to entusiasmados com a

    proposta quanto o Crculo. Alm disso, aguardamos as

    prximas reunies dos escritores para que novas

    propostas sejam apresentadas e dar seguimento a

    estas, sempre buscando a promoo da literatura.

    Delegados eleitos na Conferncia Municipal de Cultura -

    Reconvocao para representar So Jos dos Pinhais

    GEOLOGIA POTICApara Leopoldo Scherner

    o poeta se deslocoue lno firmamentomapeiaos mais belospoemas

    Dalton Luiz Gandin

    23LETRARTEJul ho 201 3

  • e-book gratuitodurante

    o ms de julhowww.smashwords.com

    Grito Calado

    Sonhava ser a brisa da noite para orvalhar seuscabelos, o vento para assanh-los, as estrelas paraserem admiradas pelo brilho do seu olhar.

    Sonhava ser o luar para com meu brilho tocar e sentir voc,ser o sol para acordar-lhe todas as manhs penetrando atravs do seu vitr eaquec-la.

    A chuva que desliza sobre seu corpo, ser como suas vestes que junto a voc encontram-se a todos os momentos, e como as flores com seus aromas e cores variadas eu amava-lhe mesmo sem que voc soubesse.

    Em uma noite calma sem estrelas, sem luar, junto a uma multido voc surgiu e meussonhos, meus ideais, ficaram pra trs, junto de seus astros, vi tudo o que sonhei todas asesperanas como se fossem ptalas de rosas sopradas pelo vento no outono.

    Voc de braos dados caminhava junto de seu amor perdido, junto multido, vagavajunto a dor.

    Almir Almeida

    24 LETRARTE Jul ho 201 3

  • A Revoluo Tecnolgica e a Revoluo Editorial

    A forma como as pessoas se relacionam mudou. No apenas na vidareal, mas tambm no ambiente virtual proporcionado pela presena

    da Internet no cotidiano das pessoas. Assim, as relaes entre o autore o seu leitor tambm esto mudando. E as Editoras esto no meio do

    caminho entre ambos. Ento, qual o papel delas nos dias de hoje?

    H 20 anos, quem controlava aproduo literria eram as editoras.Estava nas mos delas a publicaoou no de um livro. Ou seja, as editorastambm controlavam o que a maior parte dapopulao lia. No havia outro caminho parachegar a um grande nmerode leitores que pelas mosde uma editora.

    A autopublicao maisantiga que o mercadoeditorial. As primeiraspublicaes foram realizadaspelos prprios autores, atque empresrios viram nissoum mercado. Surgiram as editoras e todo omercado ao redor delas. Autopublicaopassou a ser considerado sinnimo defracasso e m qualidade. O que nunca foitotalmente certo. Pois bons autores noconseguiram espao nas editoras um clubefechado e voltado para o lucro de curto prazo e autopublicaram suas obras.

    Por muitos anos o sonho de todo escritor foi ode ter seu nome vinculado a uma editora. Aideia era de que s assim teria sucesso. E decerta forma era verdadeiro. At a chegada dainternet.

    A produo literria foi um dos camposalterados pela presena dainternet nos lares de todo omundo. E muito alterado.As relaes entre autor eeditora vem setransformandovertiginosamente nosltimos anos e em grandeparte pelo poder de

    comunicao que a presena onlineproporciona aos autores, consagrados ouiniciantes.

    Na publicao tradicional via editora eimpresso todo o risco da operao ficava porconta da editora. O autor investia seu tempoescrevendo. A editora investia dinheiro em umlivro antes de vendlo: correo, pr

    A autopublicaofoi a primeira

    forma de publicarum livro.

    25LETRARTEJul ho 201 3

  • produo grfica, impresso, distribuio erecolhimento, caso no fosse vendido. Nestalgica, natural que no ousassem, quebuscassem materiais com venda quase certae poucas vezes inovassem. Os caprichosvolveis do mercado so difceis de prever.

    A autopublicao envolvia exatamente osmesmos custos da publicao editorial. Ecomo era feita em escala menor, os custosunitrios eram muito mais altos. O trabalhodo autor empacava no pspublicao:dificuldade em chegar aos pontos de venda pelo preconceito , falta de recursos para omarketing e distribuio de pequeno alcance.Era comum vermos autores autopublicadoscom estoques encalhados de livros em suacasa. Afinal, havia a 'tiragem mnima', que demnima no tinha muita coisa ao menos naperspectiva do empreendedor individual.

    Essa a palavra que define o autorautopublicado na atualidade: empreendedorindividual. A nova viso de mercado,consequncia da falncia de mercadostradicionais e necessidade de novos modelos,trouxe para o centro das discusses essafigura individual em vrios setores daeconomia. Inclusive o da literatura.

    Hoje o autor no precisa de capital de riscopara publicar. Portanto ele no precisa daeditora. O desenvolvimento tecnolgico e aglobalizao de mercados facilitada pelaInternet possibilitou isso.

    As ferramentas do faavocmesmo na reada literatura esto disponveis gratuitamentena Internet. O autor tem a liberdade deescolher quantos exemplares deseja imprimire paga apenas por eles. Mesmo que seja ums.

    O caminho para ser um autor publicado estaberto. Porm isso no significa ser um autorlido. Aqui entra o segundo passo do faavocmesmo: a pspublicao. O marketing ea distribuio. E ambos so amplamentefacilitados pela Internet.

    A presena de autores na rede (facebook,twitter, tumblr, blogs, sites, entre outros)aumenta dia a dia. E no apenas para fazerpropaganda de seus livros, mas tambm paraconversar com os leitores. Esse o grandediferencial do modelo antigo de publicao. Enesse campo ainda vemos uma grandediferena entre os autores 'de editoras' e os'autopublicados'.

    Entre os autores que publicam com editoras, mais comum que tenham sites paraapresentar seu trabalho e pouco participemnas mdias sociais.

    J nos autores autopublicados, a situao inversa. Possuem blogs onde publicam textosde sua autoria para leitura online,apresentam trabalhos de outros autores queleram e gostaram e artigos de interesse geral,alm de contarem um pouco do seu diaadia.

    Hoje, o autor estmuito mais prximo

    de seu leitor.

    26 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Tambm so mais ativos nas mdias sociais,conversando constantemente com seusleitores.

    As consequncias destesmodelos distintos depresena no ciberespao so tempo ir mostrar, mas certo que os autoresautopublicados esto muitomais prximos do pblico.

    E no centro do furaco detodas estas mudanas est o maior vilo antieditoras: o ebook. Por suas caractersticas deproduo e distribuio de baixo custo, ele se

    tornou a maior ferramenta do autor paraempreender sozinho e alar voos na direo

    que desejar. Os ebooks soo carrochefe dos autoresautopublicados e, muitasvezes, o maior elo entreautor e leitor. A fortepresena online destesautores aliada vidaonline de seus leitores osaproxima e une. O novomodelo de relaes sociais

    est sendo transposto tambm para asrelaes comerciais, mas com uma novaroupagem, que as torna mais pessoais.

    Os ebooksmodificaram o

    mercado editoriale o continuaro

    fazendo por algumtempo.

    ANDANDO PELA PRAIA

    Um poemade estrelado mar.Poemade areia esperando as palavrasbrotarem dos nossos ps.Um poemade fogos no cudo novo milnio.Poemade homem,mulher e criana.Um poemade pedra,alga e peixe.Poemade osso,carne e sangue.Um poemavitimadopelas mars da morte.Poemade versos vaziospara ench-los com a vida.

    Dalton Luiz Gandin

    27LETRARTEJul ho 201 3

  • LEITURA

    Ele nem ergueu os olhos para ela. No precisava ver seu rosto para saber que ela

    estava furiosa. Muito furiosa. A intensidade da fria de sua esposa podia ser medida pelo som

    do salto de seus sapatos batendo no cho. Sofia olhava fixamente para frente, os olhos verdes,

    ocultos pelas lentes escuras dos culos de sol, soltavam fascas. O corpo rgido mantinha

    distncia do seu acompanhante.

    Em que tipo de confuso voc est nos metendo? ela perguntou, bel icosa.

    Ora, querida, um bom restaurante sempre movimentado.

    Ela varreu o grande estacionamento com o olhar. De cada carro, desciam trs, quatro,

    cinco mulheres. Um nibus estacionou e desceram.. . mulheres! Definitivamente, isso no era

    normal.

    Beretta, o que isso significa? O que voc est aprontando?

    Ele sentiu o olhar de Sofia sobre si, mas continuava sem coragem de fit-la. Assim como

    ela, Beretta se dera conta de que havia algo acontecendo ali , mas no tinha a mnima ideia do

    que seria.

    Eu no estou aprontando nada, apenas trouxe voc ao mais famoso restaurante

    ital iano da cidade defendeu-se Beretta, com o olhar fixo nos quadris ondulantes dentro de

    um jeans apertado que via sua frente.

    Vendo a expresso de seu marido, Sofia acompanhou-lhe o olhar. Imediatamente, ele se

    curvou por causa de uma forte dor nas costelas.

    Voc podia ser mais delicada queixou-se Beretta.

    Delicadeza um adjetivo que sempre esteve longe, muito longe, de mim replicou

    Sofia, sem tirar da mulher um olhar mortal. E voc sabia muito bem disso antes de casar.

    Pensei que o amor fosse te suavizar disse ele.

    Tolas i luses sobre o amor retrucou ela. Tambm tive as minhas. Pensei que

    voc fosse se tornar um homem menos sem-vergonha.

    Ele ficou quieto. Se tentasse continuar aquela discusso, ouviria coisas que no queria

    lembrar. Continuaram atravessando o estacionamento em silncio, acompanhando o fluxo de

    pessoas. Quando se aproximavam de uma escada que conduzia ao prdio, ela parou.

    Duvido que isso aqui seja um restaurante declarou Sofia. Viemos ao lugar

    errado.

    Claro que um restaurante, aonde todas estas pessoas estariam indo na hora do

    almoo se no fosse um restaurante? ele comeava a se irritar com ela.

    Sofia tinha que concordar com o argumento dele, mas ainda no estava totalmente

    convencida e sentiu necessidade de rebat-lo.

    grande demais para ser um restaurante.

    Voc est pensando assim porque est acostumada com a Europa, onde tudo

    apertado. Estamos no Brasil , Sofia, lembre-se que Silva sempre disse que aqui os lugares eram

    espaosos justificou Beretta Tudo no Brasil grande.

    Tudo? perguntou ela, com um sorriso travesso nos lbios.

    Sim. Veja o tamanho do Silva disse ele com inocncia.

    28 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Pois era exatamente nos homens que eu estava pensando disse ela

    Imaginando se tudo grande.

    Sofia! ele a fitou, furioso. No permito que tenha esse tipo de pensamento, e

    muito menos, ao meu lado!

    Ela gargalhou.

    Est com medo? perguntou Sofia com um sorriso provocante.

    Esquea essa conversa rosnou ele, tomando-a pelo brao para lev-la entrada.

    Continuo com a opinio de que esse lugar no um restaurante insistiu Sofia.

    Porque tanto movimento num sbado?

    Isso da, no sei Beretta deu de ombros. Talvez o costume local seja comer fora

    no sbado, e no no domingo.

    grande demais at para o Brasil . Nem em So Paulo tem um restaurante to

    grande. Isso daqui no um restaurante teimou ela.

    Esse o maior restaurante da Amrica, meu amor.

    Sofia arregalou os olhos, surpresa. Porm, no se deu por vencida.

    Diz isso s para tentar me convencer falou ela. Acabou de inventar essa lorota!

    Claro que no! ofendeu-se Beretta. Est no Guiness Book, pode ler para

    comprovar. Ou pergunte l dentro para um garom.

    A discusso era sussurrada, mas as pessoas ao redor sentiam o clima tenso e

    percebiam a nada genti l troca de olhares e sorrisos do casal. Sofia e Beretta acompanhavam a

    fi la escada acima. J estavam na metade dela quando ele se deu conta de que todas as

    pessoas tinham um convite em mos e o entregavam para uma mulher que estava na metade

    do segundo lance de escadas. Logo depois dela, j no patamar de entrada para o salo,

    haviam dois casais que cumprimentavam todos. Ele gelou, se precisavam de convite para

    entrar, e no tinham, seria formada uma confuso. Sofia no o perdoaria se isso acontecesse

    hoje. Precisava pensar em uma sada. E rpido.

    Parece nervoso, meu amor desta vez, Sofia falou em voz alta, com uma

    entonao suave, carregada de cinismo. Pelo menos para os ouvidos dele, que conheciam

    muito bem todas as inflexes da voz daquela mulher.

    Ele nem tentou respond-la, sua voz o delataria. A mulher

    acabara de pegar os convites das duas mulheres que estavam

    frente deles, eram os prximos da fi la e ele ainda no encontrara

    a soluo. A mulher se virou para falar com a mulher no patamar

    de entrada e o acompanhante daquela, aps cumprimentar a

    ltima mulher que entregara o convite, olhou, sorrindo, na direo

    deles. Era tudo que Beretta precisava. Com um puxo, trouxe

    Sofia consigo e antes que a mulher dos convites se virasse de volta para a fi la, eles j estavam

    diante do primeiro casal a ser cumprimentado. Ele usou todo o cavalheirismo que tinha

    aprendido com o capo e dedicou um sedutor sorriso dama antes de beijar sua mo. A mulher

    ficou surpresa, mas ele ignorou a reao e ocupou-se de cumprimentar o homem,

    provavelmente marido dela. Sofia sorriu sem-graa para a mulher ao cumpriment-la. Beretta

    cumprimentou o casal seguinte da mesma maneira, porm tanto o homem quanto a mulher

    eram mais descontrados, e ela pareceu lisonjeada com o cavalheirismo antiquado dele.

    Voc nos meteu em uma confuso, e nem tente negar sibi lou Sofia.

    No tem confuso nenhuma retrucou ele estamos no Brasil e aqui as coisas

    so diferentes da Europa.

    a terceira cidade do Brasil que visitamos, e no vi nada parecido nas outras.

    Lembre-se que Silva sempre diz que o Sul parece outro pas.

    Ah! Na hora de tentar me convencer de que esse monstro que mais parece um centro

    de convenes um restaurante, era Brasil ; agora que precisa disfarar sua trapalhada, j

    outro pas. Eu no sou boba, Beretta, e no admito que me tomem por tal advertiu Sofia.

    No estou lhe fazendo de boba replicou ele, ofendido.

    Quando ele comeava a se impacientar com aquela demora na entrada do salo do

    restaurante, a fi la voltou a andar. Beretta viu duas mulheres ali no hall e seu corao falhou uma

    batida. Uma delas sorriu amistosamente para o casal.

    29LETRARTEJul ho 201 3

  • Sejam bem vindos, guardem esse nmero para o sorteio.

    Sofia pegou os dois bilhetinhos que a mulher estendia e continuou caminhando com o

    marido para dentro do salo. Ambos olharam surpresos para o imenso lugar apinhado de mesas

    e pessoas, entre as quais garons circulavam com bandejas repletas de bebidas. Agora no

    havia como Sofia discutir, no restava mais dvida de que era um restaurante. Quatro teles

    estavam instalados no enorme salo, havia no centro uma grande mesa com plaquinhas de

    "reservado". Grandes, todas as mesas eram. Nada daquela tradicionais mesas para quatro ou

    seis pessoas, somente mesas enormes, vinte a trinta pessoas, calculou Sofia.

    Sorte sua que no havia me prometido um almoo romntico ironizou Sofia.

    Ele a fitou aborrecido, mas no retrucou. Levando-a pelo brao, procurou uma mesa

    vazia e sentaram-se os dois, frente a frente numa ponta. Logo o garom depositou duas

    garrafas de coca-cola diante deles e se foi.

    Por que no aproveitou e pediu a comida? provocou Sofia. Estou com fome,

    querido.

    Achei mais conveniente ver como a coisa funciona por aqui respondeu ele sem

    perceber, ou fingindo no perceber, a provocao dela. Ningum est comendo ainda, talvez

    seja melhor esperar.

    Ela soltou o ar dos pulmes com fora, mostrando sua impacincia. Com gestos

    galantes, ele serviu o refrigerante no copo dela e depois no seu. Pousou a garrafa na mesa com

    uma suavidade que no fazia parte de sua personalidade e ergueu o copo no ar.

    Vamos brindar? convidou ele com a voz macia, que fez Sofia arrepiar-se de cima a

    baixo.

    Com refrigerante? ela escarneceu. Voc est descendo ao ltimo nvel do

    ridculo hoje!

    Ela cruzou os braos sobre o peito e lanou-lhe um olhar desafiante. Beretta no se

    intimidou, conhecia aquela mulher, descobrira seus mais profundos segredos e entregara os

    seus a ela. Pertenciam-se, conheciam-se. Ele manteve o olhar sedutor e a voz aveludada.

    Estamos em lua-de-mel, nada ridculo ele falou, incl inando o copo para ela,

    numa repetio do convite que fizera verbalmente antes.

    Essa a primeira coisa ridcula. Estamos casados h um ano, a lua-de-mel j se foi.

    Aconteceu l na Sicl ia, e antes do casamento ela estreitou os olhos de forma perigosa.

    Ou j se esqueceu?

    30 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Algumas pessoas comearam a ocupar as cadeiras vazias a partir do outro extremo da

    mesa, mas eles ignoraram sua presena.

    Jamais esquecerei os momentos ao seu lado retrucou Beretta, adocicando ainda

    mais a voz. J faz um ano que nos casamos? quanto mais tempo a mantivesse ocupada

    discutindo, menos seria importunado pela demora da comida.

    Mais ou menos isso. Nem lembro direito que dia foi. S tenho certeza que foi no meio

    daquela confuso com os franceses e que o capo nem deixou a gente sair do reduto para

    comemorar.

    Eles estavam completamente alheios ao que acontecia ao seu redor, imersos na

    discusso boba que travavam, foram pegos de surpresa pela salva de palmas. Ele

    acompanhou a multido, ela manteve os braos cruzados e lanou um olhar vitorioso sobre ele.

    Ainda vai argumentar que isso um restaurante? Desde quando as pessoas

    irrompem em palmas nos restaurantes?

    Ele suspendeu a respirao enquanto seu crebro trabalhava forjando uma boa

    explicao.

    Talvez seja um costume local, ao invs de fazer uma orao as pessoas aplaudem

    como forma de agradecimento pelo al imento.

    Sofia voltou a exibir um sorriso vitorioso no rosto e virou-se para a mulher que sentara

    ao seu lado, tocando-lhe o brao levemente.

    Por que estavam aplaudindo? perguntou amavelmente.

    Beretta pensou que ela era um doce de pessoa quando o queria e isso o fez sorrir

    largamente. A mulher se virou para Sofia com um ar constrangido.

    Concordo que o discurso do Prefeito foi ruim e no temos muito o porque aplaudi-lo,

    mas seria mal-educado no faz-lo desculpou-se a mulher.

    Sofia e Beretta se entreolharam assustados, as mesmas ideias passando por ambas as

    mentes: discurso de prefeito. . . aquilo era um comcio? Reunio de partido? Encontro

    subversivo? Outro homem comeou a falar e Sofia j sentia ganas de derrubar o copo s para

    ver a coca-cola cair no colo de Beretta.

    Restaurante?! Olha bem no que nos meteu, homem!

    Apesar de no ser mais que um murmrio, a mensagem de Sofia estava carregada de

    raiva palpvel.

    Restaurante, sim teimou ele. Olhe l a comida!

    Ela virou a cabea na direo em que ele fizera um gesto aparentemente displ icente e

    viu garons com travessas de comidas.

    Finalmente! Meu estmago j ia fazer um protesto alto Sofia sorria para o garom

    que se aproximava.

    No precisa sorrir desse jeito para um estranho repreendeu-a Beretta.

    No estou sorrindo para o garom, e sim para a comida.

    Mas o rapaz vai pensar que para ele.

    Ela deu de ombros. O garom se aproximou e depositou

    frente deles uma travessa de radicchio com bacon. O olhar guloso

    de Sofia se desfez.

    Isso aqui um restaurante vegetariano?!

    Shhhh! No fale to alto, querida. Algum pode lhe ouvir.

    H barulho demais aqui, ningum vai nos ouvir. vegetariano?

    No, eu j lhe disse que um restaurante ital iano.

    Ela no lhe respondeu nada, pois de um lado veio uma travessa de polenta frita e de

    outro, uma de risoto. Sofia ainda estava ocupada com o primeiro pedao de polenta quando

    chegaram os fgados fritos, o frango passarinho e a escarola. Por alguns momentos ela

    ignorou o marido, ocupada em servir-se de todos aqueles pratos apetitosos, mas logo sua

    rabugice voltou.

    Espero que essa comida valha o incmodo que est me fazendo passar ela

    resmungou.

    Ele apenas sorriu. Logo os garons comearam a oferecer lasanha, nhoque, frango

    prensado, espagueti e caneloni, o que fez Sofia esquecer por completo seu marido. Vieram as

    31LETRARTEJul ho 201 3

  • jarras de vinho, e isso ps fim a qualquer possibi l idade de discusso entre eles. Comeram em

    silncio. Voltaram a falar nos microfones, mas nenhum dos dois prestou ateno. O vinho

    amansara a fera que habitava nela, e agora trocavam olhares apaixonados.

    Eu lhe prometi que esse era um excelente restaurante falou ele, acariciando a

    mo dela.

    Sofia retesou um pouco o corpo, o efeito do vinho no era total.

    J comi coisas melhores retrucou. tudo muito simples.

    Sim, um restaurante ital iano, sem frescura na comida. Bem feita e gostosa. Quase

    como comer na casa de nossas avs.

    A mulher ao lado de Sofia tocou seu brao para obter sua ateno.

    o nmero de vocs falou, apontando um daqueles papis que haviam recebido

    na entrada.

    Como? perguntou Sofia, confusa.

    Ficou sem resposta, a mulher gritava histericamente e agitava os braos

    freneticamente. Ento voltou sua ateno para eles outra vez.

    Vocs ganharam o prmio, vai l receber explicou e incentivou a desconhecida.

    Sofia fuzi lou o marido com o olhar.

    Voc nos meteu nessa confuso, vai l. Vai buscar o prmio.

    A voz dela tinha um tom de desafio que ele no ignorou. Furioso, pegou o bilhetinho

    numerado e dirigiu-se para o homem do microfone, ao lado do qual um outro estava parado,

    com um enorme buqu de rosas vermelhas. Beretta se aproximou e os dois o fitaram

    desconcertados. O homem do microfone logo se recomps.

    Sua esposa ou namorada ficar muito fel iz em receber estas flores.

    Beretta sorriu, Sofia no costumava ficar fel iz com flores. Preferia uma arma leve e

    precisa. Pegou o buqu e atravessou o salo, de volta ao seu lugar, segurando-o como um

    trofu. Parou ao lado da cadeira de Sofia, colocou o joelho esquerdo no cho e ofereceu-lhe as

    flores.

    Pra que isso? ela perguntou, furiosa.

    Hoje nosso aniversrio de casamento, Sofia. Faz um ano que eu me tornei o

    homem mais fel iz do mundo.

    Largue mo de ser ridculo! Esse comportamento no combina com voc!

    Ela se ps de p, pegou o buqu bruscamente e saiu, puxando o marido pela mo.

    Beretta, temendo um escndalo, s se atreveu a falar com ela quando estavam no

    estacionamento, sozinhos.

    Por que agiu assim? Eu queria comemorar esse dia,

    e voc estragou tudo.

    Ela parou bruscamente e se virou para ele.

    Voc sabe que eu no gosto de ficar emocionada na

    frente dos outros ela falou ainda furiosa. Odeio essas

    coisas malucas que voc faz para me expor.

    Ningum estava prestando ateno em ns

    defendeu-se ele.

    Estavam sim, vrias pessoas. Eu no gosto disso.

    Hmpf! As mulheres vivem reclamando que os homens

    no lembram das datas importantes do relacionamento, quando

    existe um que lembra, humilhado desse jeito!

    Ela riu da raiva infanti l dele.

    O problema, que eu tinha em mente uma

    comemorao mais ntima ela falou, ficando na ponta

    dos ps e beijando-o no canto da boca. Mas voc

    ainda est em tempo de no me decepcionar.

    O sorriso dele foi to malicioso quanto o dela.

    Beretta a segurou contra o prprio corpo de forma

    possessiva.

    No corao do Outbackaustraliano... uma

    promessa, um segredo eum grande amor.

    32 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Tenho horas o suficiente para faz-la arrepender-se desta provocao disse ele,

    arrebatando-lhe os lbios em um beijo selvagem.

    Logo depois deixavam o estacionamento. Na sada, ela o fez parar.

    Espere um pouco, quero ver o nome deste lugar disse ela, olhando atentamente

    para a placa do restaurante. Novo Madalosso. . . o que aconteceu com o velho?

    Est ali em frente, meu amor explicou Beretta, apontando a placa do outro lado da

    rua onde se lia Velho Madalosso.

    Ah! Pensei que algum capo ensandecido o tivesse posto abaixo procurando inimigos

    falou ela, acomodando-se no banco do acompanhante.

    Seguiram para o hotel, onde fizeram uma comemorao mais ntima do primeiro ano de

    casados. Nunca se sabe se no ano seguinte ainda haver o que comemorar. . .

    Sobre a autora:

    Cristina Pereyra j publicou mais de dez livros, possui edies emportugus e tambm em espanhol. Ela membro-fundadora do Crculode Escritores de So Jos dos Pinhais e da Unin Latinoamericana deEscritoras del Romance. Trabalha como professora em escolas pblicash mais de 20 anos.

    Que tal

    preencher

    estas

    prateleiras

    com as

    obras dos

    autores de

    So Jos

    dos Pinhais?

    Visite o blog e conhea os autores e suas obras:

    http://escritoressjp.blogspot.com.br

    33LETRARTEJul ho 201 3

  • Que muitas crianas no gostam de ler, todo

    mundo sabe, mas por qu?

    Claro que no h uma nica resposta, afinal cada

    pessoa nica em seus gostos e preferncias,

    mas certamente h alguns motivos

    comuns a estas crianas.

    Frequentemente a televiso, o

    vdeo-game e o computador so

    considerados os viles desta

    situao. Sem dvidas h uma

    grande parte de 'culpa' nesses veculos pela falta

    de leitura em nossas crianas. Para muitos dos

    pequenos, os livros so menos atrativos que o

    trio acima, e obviamente que eles buscam o que

    lhes d mais satisfao. Atitude saudvel. Ser

    feliz sempre bom, fazer o que se gosta,

    tambm.

    Por que os livros no encantam as crianas?

    Isso uma responsabilidade dos adultos.

    Achou uma afirmao pesada demais? Mas a

    pura verdade. papel dos adultos apresentar o

    mundo s crianas, e depende da viso que eles

    transmitem o olhar que a criana ter sobre algo.

    O mesmo se d na questo ler. Pais e

    professores, no af de querer ver as crianas

    lendo, cometem erros. E o tiro sai pela culatra.

    Crianas que no gostam de ler, de quem a culpa?

    O que no fazer com um futuro leitor?

    Ler um direito, no um dever. E assim deve

    ser apresentado s crianas. O adulto deve

    mostrar para elas que ao ler se

    alcana satisfao. A leitura

    jamais deve ser uma imposio.

    Isso nos leva a outro ponto: para

    mostrar que ler traz satisfao

    preciso senti-la. No ser um

    promotor de leitura quem no

    gosta de ler, quem no sente o 'vrus' da leitura

    dentro de si.

    Ler -com prazer- para uma criana uma

    maneira efetiva de despertar sua vocao para a

    leitura. Para a criana, muitas vezes a leitura

    demanda um grande esforo e por isso lhe

    mais prazeroso escutar um adulto ler para

    ela. Descoberta a satisfao da leitura, ela

    buscar aprimorar sua habilidade de leitura

    com o objetivo de poder encontrar a

    satisfao mesmo quando o adulto no

    tenha tempo para ler para ela.

    Leitura com prazer no necessariamente

    silenciosa. A prtica de ler para a criana

    mostra para ela o encanto sonoro, a

    harmonia das palavras, to presente na

    poesia. Leitura breve - se comparada a

    narrativas - e encantadora, a poesia pode

    ser a porta de entrada para o mundo da

    literatura. E o prazer de ouvir o ritmo da poesia

    deve ser permitido criana, ou seja: ela pode

    ler em voz alta. Difcil de aceitar para uma

    gerao que foi educada para a leitura

    silenciosa, mas a pura verdade. Desobrigar de

    ter que contar o que leu. Quer saber o que est

    escrito no livro? Leia! Questionar a criana

    sobre a leitura quebra o encanto, a magia. Se

    ela quiser contar, escute. Se quiser guardar

    silncio, respeite-a. No a faa sentir-se em

    uma prova oral. Voc gostava delas?

    Questionar a criana

    sobre a leitura quebra

    o encanto, a magia.

    Leitura deve ser desejo. Sempre.

    CRIANAS E LIVROS

    34 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Os clssicos no so uma obrigao. Os livros

    clssicos que encantaram outras geraes, talvez

    no encantem a esta. Talvez sim. Deixe que a

    criana decida se quer l-los ou no. Voc acha

    que preciso conhec-los para ter um bom nvel

    cultural? Espere a criana crescer e ter

    maturidade para compreender esse ponto de

    vista e ento discuta isso, argumente a favor de

    sua viso e seja o bastante convincente para que

    ele deseje ler os clssicos. Leitura deve ser

    desejo. Sempre.

    Ler no pode ser uma obrigao. Nunca

    condicione terminar uma leitura para fazer

    outra coisa. Ler precisa ser prazer. Quando

    acaba o prazer, hora de parar de ler. Pode ser

    na primeira pgina, pode ser na ltima. Isso

    depende do livro, do leitor e da interao entre

    os dois.

    Estas regras garantem a formao de um leitor?

    No, mas indicam um caminho.

    CRIANAS E LIVROS

    Bibl ioteca Pblica Municipal

    Scharffemberg de Quadros

    Horrio da

    bibl ioteca:

    2 a 6

    das 9h s 1 8h

    Era uma vez um

    livro que encontrou

    uma criana. To

    feliz ele ficou que se

    abriu em sorrisos,

    mostrando-lhe suas

    pginas coloridas. A

    criana ficou to

    encantada com a

    sua beleza que

    mergulhou naquele

    universo de imagens

    e letras e nunca

    mais saiu.

    35LETRARTEJul ho 201 3

  • Poema Escolhidopor Cristina Pereyra

    Tragdia no larCastro Alves

    Na Senzala, mida, estreita,Brilha a chama da candeia,No sap se esgueira o vento.E a luz da fogueira ateia.

    Junto ao fogo, uma africana,Sentada, o filho embalando,Vai lentamente cantandoUma tirana indolente,Repassada de aflio.E o menino ri contente...Mas treme e grita gelado,Se nas palhas do telhadoRuge o vento do serto.

    Se o canto pra um momento,Chora a criana imprudente ...Mas continua a cantiga ...E ri sem ver o tormentoDaquele amargo cantar.Ai! triste, que enxugas rindoOs prantos que vo caindoDo fundo, materno olhar,E nas mozinhas brilhantesAgitas como diamantesOs prantos do seu pensar ...

    E voz como um soluo laceranteContinua a cantar:

    "Eu sou como a gara triste"Que mora beira do rio,"As orvalhadas da noite"Me fazem tremer de frio.

    "Me fazem tremer de frio"Como os juncos da lagoa"Feliz da araponga errante"Que livre, que livre voa.

    "Que livre, que livre voa"Para as bandas do seu ninho,"E nas branas tarde"Canta longe do caminho.

    "Canta longe do caminho."Por onde o vaqueiro trilha,"Se quer descansar as asas"Tem a palmeira, a baunilha.

    36 LETRARTE Jul ho 201 3

  • "Tem a palmeira, a baunilha,"Tem o brejo, a lavadeira,"Tem as campinas, as flores,"Tem a relva, a trepadeira,

    "Tem a relva, a trepadeira,"Todas tm os seus amores,"Eu no tenho me nem filhos,"Nem irmo, nem lar, nem flores".

    A cantiga cessou. . . Vinha da estradaA trote largo, linda cavalhadaDe estranho viajor,Na porta da fazenda eles paravam,Das mulas boleadas apeavamE batiam na porta do senhor.

    Figuras pelo sol tisnadas, lbricas,Sorrisos sensuais, sinistro olhar,Os bigodes retorcidos,O cigarro a fumegar,O rebenque prateadoDo pulso dependurado,Largas chilenas luzidas,Que vo tinindo no cho,E as garruchas embebidasNo bordado cinturo.

    A porta da fazenda foi abertaEntraram no salo.

    Por que tremes mulher? A noite calma,Um bulcio remoto agita a palmaDo vasto coqueiral.Tem prolas o rio, a noite lumes,A mata sombras, o serto perfumes,Murmrio o bananal.

    Por que tremes, mulher? Que estranho crime,Que remorso cruel assim te oprimeE te curva a cerviz?O que nas dobras do vestido ocultas? um roubo talvez que a sepultas? seu filho ... Infeliz! ...

    Ser me um crime, ter um filho roubo!Amlo uma loucura! Alma de lodo,Para ti no h luz.Tens a noite no corpo, a noite na alma,Pedra que a humanidade pisa calma, Cristo que verga cruz!

    Na hiprbole do ousado cataclismaUm dia Deus morreu... fuzila um prismaDo Calvrio ao Tabor!Viuse ento de Palmira os ptreos ossos,De Babel o cadver de destroosMais lvidos de horror.

    Era o relampejar da liberdadeNas nuvens do chorar da humanidade,Ou sara do Sinai, Relmpagos que ferem de desmaios...Revolues, vs deles sois os raios,Escravos, esperai! ...

    ..................................................................

    Leitor, se no tens desprezoDe vir descer s senzalas,Trocar tapetes e salasPor um alcouce cruel,Que o teu vestido bordadoVem comigo, mas ... cuidado ...No fique no cho manchado,No cho do imundo bordel.

    No venhas tu que achas tristes vezes a prpria festa.Tu, grande, que nunca ouvisteSeno gemidos da orquestraPor que despertar tu'alma,Em sedas adormecida,Esta excrescncia da vidaQue ocultas com tanto esmero?E o corao tredo lodo,Fezes d'nfora doiradaNegra serpe, que enraivada,Morde a cauda, morde o dorsoE sangra s vezes piedade,E sangra s vezes remorso?...

    37LETRARTEJul ho 201 3

  • No venham esses que negamA esmola ao leproso, ao pobre.A luva branca do nobreOh! senhores, no mancheis...Os ps l pisam em lama,Porm as frontes so purasMas vs nas faces impurasTendes lodo, e pus nos ps.

    Porm vs, que no lixo do oceanoA prola de luz ides buscar,Mergulhadores deste pego insanoDa sociedade, deste tredo mar.Vinde ver como rasgamse as entranhasDe uma raa de novos Prometeus,Ai! vamos ver guilhotinadas almasDa senzala nos vivos mausolus.

    Escrava, dme teu filho!Senhores, idelo ver: forte, de uma raa bem provada,Havemos tudo fazer.

    Assim dizia o fazendeiro, rindo,E agitava o chicote...A me que ouviaImvel, pasma, doida, sem razo! Virgem Santa pediaCom prantos por oraoE os olhos no ar erguiaQue a voz no podia, no.

    Dme teu filho! repetiu frementeo senhor, de sobr'olho carregado. Impossvel!... Que dizes, miservel?! Perdo, senhor! perdo! meu filho dorme...Inda h pouco o embalei, pobre inocente,Que nem sequer pressenteQue ides... Sim, que o vou vender! Vender?!. . . Vender meu filho?!

    Senhor, por piedade, noVs sois bom antes do peitoMe arranqueis o corao!Por piedade, mataime! Oh! impossvelQue me roubem da vida o nico bem!Apenas sabe rir to pequeno!Inda no sabe me chamar? TambmSenhor, vs tendes filhos... quem no tem?

    Se algum quisesse os venderHaveis muito chorarHaveis muito gemer,Direis a rir Perdo?!Deixai meu filho... arrancaimeAntes a alma e o corao!

    Calate miservel! Meus senhores,O escravo podeis ver ...

    E a me em pranto aos ps dos mercadoresAtirouse a gemer. Senhores! basta a desgraaDe no ter ptria nem lar, De ter honra e ser vendidaDe ter alma e nunca amar!

    Deixai noite que choraQue espere ao menos a aurora,Ao ramo seco uma florDeixai o pssaro ao ninho,Deixai me o filhinho,Deixai desgraa o amor.

    Meu filho me a sombra amigaNeste deserto cruel!...Flor de inocncia e candura.Favo de amor e de mel!

    Seu riso minha alvorada,Sua lgrima doiradaMinha estrela, minha luz! da vida o nico brilhoMeu filho! mais... meu filhoDeixaimo em nome da Cruz!...

    38 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Porm nada comove homens de pedra,Sepulcros onde morto o corao.A criana do bero eilos arrancamQue os bracinhos estende e chora em vo!

    Mudouse a cena. J vistesBramir na mata o jaguar,E no furor desmedidoSaltar, raivando atrevido.O ramo, o tronco estalar,Morder os ces que o morderam...De vtima feita algoz,Em sangue e horror envolvidoTerrvel, bravo, feroz?

    Assim a escrava da criana ao gritoDestemida saltou,E a turba dos senhores aterradaAnte ela recuou.

    Nemmais um passo, cobardes!Nem mais um passo! ladres!Se os outros roubam as bolsas,Vs roubais os coraes! ...

    Entram trs negros possantes,Brilham punhais traioeiros...Rolam por terra os primeirosDa morte nas contores.

    Um momento depois a cavalgadaLevava a trote largo pela estradaA criana a chorar.Na fazenda o azorrague ento se ouviaE aos golpes uma doida respondiaCom frio gargalhar! ...

    O poema Tragdia no Lar foi publicadopostumamente, em 1883, em seu livro Os Escravos,uma compilao de poemas de cunho abolicionista.

    Escravos sofrendo castigos domsticos.Johann Moritz Rugendas, 1830.

    39LETRARTEJul ho 201 3

  • Se voc leu "Por Falar em Disputa..." certamente j se imaginou em

    Cafeara, caminhando de mos dadas com o seu amor pela avenida

    principal e parando para tomar um sorvete. A pequena cidade do norte

    do Paran que inspirou o romance de Aline Negosseki Teixeira real, e

    tambm doce e encantadora como o livro sugere. Voc est convidado a

    conhecer um pouco mais de Cafeara, siga comigo pela PR-535.

    Seu nome uma homenagem ao CAF, que se

    no foi a primeira riqueza da regio, foi o que trouxe

    a riqueza e o progresso que

    criaram as condies para a

    instalao oficial do municpio em

    19 de novembro de 1955, ainda

    que a lei que o criou seja de 26

    de novembro de 1954.

    O povoado surgira em 1937,

    com o nome de Vila de Guairac pela concesso da

    rea pelo Estado ao Dr. Manoel Firmino de Almeida,

    engenheiro civil, natural da Bahia. Eram 50.000

    hectares, dos quais 31.460 foram demarcados para o

    povoado. Para quem no est acostumado histria

    da colonizao do Estado do Paran, explico que essa

    prtica era comum desde o tempo do Imprio, e que

    foi dessa forma que surgiram muitas cidades no

    norte paranaense que hoje so exemplos de

    prosperidade e progresso na atividade agropecuria

    e na agroindstria.

    No incio da dcada de 40 do

    sculo XX chegaram os primeiros

    colonizadores oriundos de Minas

    Gerais, Nordeste e So Paulo. De

    So Paulo vieram muitos

    descendentes de ital ianos. A

    primeira atividade dos pioneiros

    foi, como em tantos outros lugares, a extrao da

    madeira. Era preciso derrubar as matas para

    comear a cultivar os campos. Parece uma realidade

    to distante no tempo. . . mas no , o ciclo da

    histria se repete. Consequncia desta necessidade,

    surgiram as serrarias. Parte da madeira era

    aproveitada na construo de casas e o excedente

    Um pouco de histria

    40 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Se voc quiser saber mais sobre a

    cidade, d uma espiada no Museu Joo

    Rissati , l na Rua Mathias Aparecido

    Fogaa. Como todo museu de cidade

    pequena ele tem um acervo curioso e

    original, que conta mais do que grandes

    feitos histricos: ele fala da vida de

    pessoas como eu e voc, que lutam no

    dia-a-dia e assim transformam o mundo,

    com pequenos passos.

    O Cruzeiro, marco de f dos

    primeiros colonizadores, hoje possui

    i luminao e continua diante do edifcio

    consagrado a Santa Luzia, a capela que

    se tornou Igreja ainda est na Praa da

    Bandeira.

    processado para ser vendido por um valor maior do

    que as toras brutas.

    No incio de 1947, surge o 'Cruzeiro' diante da

    capela de Santa Luzia. Em outubro de 1949, o

    povoado passa a integrar o territrio do municpio de

    Lupionpolis e muda seu nome para Vila Cafeara. As

    serrarias fecharam. A mata deu lugar ao caf. Cultura

    que trouxe riqueza a tantos nesse Brasil, tambm foi

    a alavanca que impulsionou o crescimento de

    Cafeara. Crescimento que levou o povoado a se

    transformar em cidade menos de vinte anos depois

    de seu surgimento.

    Cruz atual, na Praa da BandeiraPasseando pela cidade

    Chegamos a Cafeara pela PR-535, vindos de

    Lupionpolis, e na entrada da cidade nos deparamos

    com o belssimo portal em estilo greco-romano. A

    estrada avana para dentro da cidade, e quando se

    transforma em Avenida, somos recebidos pelo Cristo

    Acolhedor. A esttua, colocada exatamente no incio

    da Avenida Brasil, recebe o visitante de braos

    abertos. Encontramos tambm em Cafeara, nesta

    mesma avenida, um monumento que representa a

    Bblia.

    Antes de qualquer crtica pelo carter religioso

    destes smbolos, vamos recordar que nosso pas

    oficialmente catlico, ou seja, cristo. As cidades

    possuem padroeiros, santos da Igreja Catlica,

    herana da colonizao

    portuguesa e ocupao por

    imigrantes catlicos. Nosso

    olhar sobre estes smbolos

    hoje deve ser o de respeito

    tradio histrica do lugar.

    Museu Joo Rissati

    Apesar do clima quente, passear pela Avenida Brasil

    pode ser um programa bem agradvel, talvez voc at

    queira dar uma parada na sorveteria - ta presente no

    livro - para se refrescar, mas tenho certeza de que no

    vai tirar os olhos das rvores. rvores existem em todo

    lugar, algum pode dizer, o que haveria de interessante

    41LETRARTEJul ho 201 3

  • nelas? Se voc ainda no deu

    uma olhada atenta nas fotos -

    elas aparecem em vrias - eu lhe

    digo: em Cafeara elas so

    podadas em forma de cubo. Isso

    mesmo! Esquea o desenho que

    voc fazia na escola daquela

    rvore com copa de curvinhas

    feito uma nuvem, agora desenhe

    rvores quadradas e se algum

    lhe criticar, fale para o desavisado

    que em Cafeara as rvores so

    assim.

    E se...Bem, e se a histria tivesse sido diferente? Se no houvessem mentiras e intrigas? No teria sido um romance.

    O livro no existiria. Certo, essa a verdade sem adornos, mas quantas vezes nos pegamos imaginando outros

    destinos para os personagens dos livros? Ento, apenas para sonhar, como a Anna Maria tambm sonhou no livro,

    vamos dar uma espiada na Igreja de Santa Luzia pronta para um casamento:

    Um pouco mais de Cafeara

    O caf, que emprestou seu nome cidade e proporcionou

    o seu desenvolvimento representado tanto no braso como

    na bandeira do municpio. tambm citado no hino, que faz

    aluso histria da cidade, construda pela coragem de

    pessoas que nunca temeram o trabalho.

    42 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Hino da cidade

    Cafeara Terra amada e to querida.

    O teu nome para ns uma bandeira,

    E a todos pedimos com guarida

    Oferece o valor dessa gente hospitaleira.

    Sempre avante teu caminho com a vitria.

    Siga firme e triunfante

    Pelo caminho da glria.

    Cafeara. . .

    Por um verde e gigantesco do progresso

    Surgiu teu nome pleno de sucesso

    Cafeara. . .

    E o Paranapanema em corrente majestoso

    Seja igual um diadema, com teu solo venturoso

    Cafeara. . .

    Do pioneirismo de audazes bandeirantes

    Somos fortes de civismo

    Surge bem forte e triunfante.

    Cafeara. . .

    Santa Luzia com seu manto protetor

    Permita a Cafeara um futuro de esplendor.

    Cafeara. . .

    Entre um empresrio e mdico riqussimo, urbano e sedutor e um agricultor

    rude, belo, romntico e reservado, voc escolheria essa ou terceira opo? A

    escolha de Anna Maria, estava feita muito antes da consumao do tempo. . . Ou

    mesmo antes!

    Anna Maria Schll a mais l inda jovem que a pequena cidade de Cafeara

    conheceu. A mais meiga, mais cativante. Anna Maria rainha do rodeio. E sua vida

    gira em torno da famlia, dos amigos verdadeiros cultivados ao longo da vida e dos concursos de beleza

    dos quais participa. Nunca planejou muito o futuro, porque acredita que se deve viver intensamente o presente.

    Ser feliz, para ela, apenas viver. Tem um grande sonho, que a nica coisa que almeja para si: viver um grande

    amor, um amor de abalar as estruturas do ser, maior que tudo que j teve, sentiu ou conheceu. Quando seu

    corao se divide em dois e, indecisa por natureza, tem de escolher, ela nem raciocina, pois quem manda so

    seus hormnios e seu corao e, finalmente encontra o amor, da forma mais surpreendente. Um amor puro,

    intenso, repleto de paixo e sentimento. Mais forte que sua caracterstica indeciso, que qualquer intriga ou ardil .

    To implacvel quanto o prprio tempo. Mais violento que o mais bravo dos touros.

    43LETRARTEJul ho 201 3

  • Ba de Poesias

    44 LETRARTE Jul ho 201 3

  • O ltimo Baile do Imprio pode seradquirido no site www.amazon.com.br em formatodigital, ou fsico com dedicatria no blog da autora

    www.alineteixeira.com. Lembrando que at dia 31/07 a verso paraplataformas digitais se acha em promoo, apenas R$1,99.

  • NOTCIASfonte: www.sjp.pr.gov.br

    46 LETRARTE Jul ho 201 3

  • Almir Almeida.

    47LETRARTEJul ho 201 3

    A Prefeitura Municipal de So Jos dos Pinhais, atravs da Secretaria deCultura realizou no dia 19 de julho, s 16h, a abertura da exposio coletivaFlores. A exposio ocupa o hall de entrada da Escola da Cultura, local ondeacontecem diversos cursos culturais, e permanecer aberta para visitaoat 19 de agosto.

    Os artistas

    Ana Galete possui vrias exposies coletivas em seu currculo. Ana retrataem suas obras flores, paisagens, araucrias e temas ligados preservaodo meio ambiente.Ceclia Tavares fez aulas de pintura em tela, tcnica leo sobre tela, com asprofessores Roseli Fontes e Maria do Carmo Piovesan. Ceclia j participou devrias exposies coletivas e as individuais na Biblioteca PblicaScharffenberg de Quadros, Cmara dos Vereadores, Fundao Mokiti Okada,OAB/PR, entre outros. Seus trabalhos exploram vrios temas alm dosflorais, paisagens e naturezas mortas.De Lara formado pela EMBAP-PR foi aluno da professora Katia Velo quedesde o incio viu o potencial do artista e o incentivou a aprofundar-se nosestudos e o orientou a definir um estilo prprio. De Lara participou deexposies coletivas e uma individual na Biblioteca Pblica Scharffenberg deQuadros.Erica Imamura Gondro estudante de pintura EMBAP-PR, fez aulas com aprofessora Marlene Dresch, participou de exposies coletivas e umaexposio individual na Galeria Municipal de So Jos dos Pinhais.Jucilmara Luiza Loss Vieira j participou de vrias exposies realizadas naSecretaria de Cultura de SJP e aps realizar alguns cursos desenvolveutcnicas prprias e vem aprimorando-se buscando um estilo realista.Luzia da Luz foi aluna da professora de pintura Rosi Chiuratto, Lo Sperandioe Ione Simens. Tem atuado de forma significativa em exposies coletivas eindividuais, transita entre o acadmico e o abstrato, com pinceladas emacrlicas e leo sobre tela. Possui obras em acervo em vrios locais noterritrio nacional e internacional.

  • AGENDA

    Teatro Sesi SJPCENTRO DE VIVNCIA

    CULTURAL JOOSENEGAGLIA

    Rua XV de Novembro, 1800,esquina com Av. Rui Barbosa Centro So Jos dos Pinhais

    INGRESSO: De Quartafeira aDomingo R$10,00 (inteira) eR$5,00 (meia)

    Quintafeira GRATUITO

    Programao disponvel a cadasemana em:

    www.sjp.pr.gov.brE tambm em:

    escritoressjp.blogspot.com.br

    III Feira de Economia Solidriano Aeroporto InternacionalAfonso Pena, no espao Joo

    Roberto de Paula at 31 de julho

    EXPOSIO COLETIVA FLORES

    A Prefeitura Municipal de So Josdos Pinhais, atravs de suaSecretaria de Cultura realizar apartir do dia 19 de julho aexposio coletiva FLORES.Participam da exposio Flores,os artistas plsticos: Ana Galete,Ceclia Tavares, De Lara, EricaImamura Gondro, Jucilmara LuizaLoss Vieira e Luzia da Luz.Sobre a exposio, a curadora KatiaVelo, descreve As obras queparticipam desta exposio almdo tema possuem alguns traosem comum: so acadmicas efazem parte do acervo dos artistascomo suas obras iniciais, comexceo da Jucilmara. Outrodestaque que as exposiescoletivas e individuais que osartistas participaram em suagrande maioria foram realizadaspela Secretaria de Cultura emgestes anteriores.

    Exposio: FloresLocal: Escola da CulturaEnd. Rua Joaquim Nabuco, 3.136Perodo da exposio de 19 dejunho at de 19 agosto de 2013Visitao: De 2. a 6. das 8 s 18hEntrada Franca

    fonte: guiasjp.comINSCRIES AT 1 3 DE SETEMBRO

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  • 49LETRARTEJul ho 201 3

  • Museu MunicipalAtilio Rocco

    rua XV de Novembro, 16602 a 6

    9h s 12h e 13h s 17hSbados

    10h s 14h

    PARQUEDE

    SO JOSDOS

    PINHAIS

    CATEDRALDE

    SO JOSDOS

    PINHAIS

    50 LETRARTE Jul ho 201 3

    CONHEASO JOS

    DOS PINHAIS

  • Srie Lujanes

    UMAMALDIO QUE ATRAVESSAOS SCULOS

    MARCANDO UMA FAMLIA

    Obrigados a viver perto do rio Lujn porque necessitam de suas

    guas para completar uma estranha transformao que os

    mantm vivos, os membros de uma famlia lutam para ocultar

    sua identidade.

    Ao longo dos anos