LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES EM...
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISO Curso de Fisioterapia
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES EM ATLETAS DE JUDÔ
Bragança Paulista 2011
FABIANA DE OLIVEIRA DO NASCIMENTO – R.A. 001200800475 RENATA CRISTINA BORTOLOTTI – R.A. 001200800819
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES EM ATLETAS DE JUDÔ
Bragança Paulista 2011
Monografia apresentada à Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, sob a orientação do Profº. Ms. Sérgio Jorge, como exigência parcial
para conclusão do curso de graduação.
NASCIMENTO, Fabiana de Oliveira do; BORTOLOTTI, Renata Cristina. Levantamento
epidemiológico das lesões em atletas de judô. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso
de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2011.
__________________________________________________________________________
Profº. Ms. Sérgio Jorge
USF – Orientador Temático
__________________________________________________________________________
Profª. Drª. Rosimeire Simprini Padula
USF – Orientadora Metodológica
__________________________________________________________________________
Profº. Ms. Cláudio Fusaro
USF – Banca Examinadora
Dedico esta monografia aos meus pais Amadeu e Rita de Cássia que sempre me
guiaram pelos caminhos corretos, me ensinando a fazer as melhores escolhas, me
mostrando que a honestidade e o respeito são essenciais na vida, e que devemos sempre
lutar pelos nossos objetivos.
Fabiana
A minha família, que sempre acreditou que eu conseguiria e me deu forças para
a realização deste sonho.
Renata
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao nosso orientador Professor Sérgio Jorge que nos guiou e contribuiu
com esse estudo, e por dar credibilidade a nós e a ele.
A Professora Rosimeire Simprini Padula pelo auxílio na elaboração deste trabalho.
Ao Professor Cláudio Fusaro, por aceitar o convite para fazer parte da nossa banca
avaliadora.
E aos judocas e professores de judô, que nos trataram com muito carinho e respeito
à nossa profissão, colaborando para a concretização desse trabalho.
Agradeço primeiramente a Deus que me deu a vida e que me dá a oportunidade de
aprender sobre ela e valorizá-la cada vez mais.
Aos meus pais Amadeu e Rita de Cássia; a eles devo a pessoa que me tornei, sou
extremamente feliz e tenho muito orgulho de chamá-los de pai e mãe.
Ao meu marido Marco Antônio; que esteve sempre ao meu lado me dando apoio, e
enxugando minhas lágrimas, quando em algum momento pensei em desistir diante das
dificuldades.
As minhas amigas Ana Paula; Léia; Priscila; Renata e Vanessa, por todo incentivo e
ajuda que me deram, e também pela paciência que tiveram comigo.
Fabiana de Oliveira do Nascimento
Agradeço primeiramente a Deus, por todas as bênçãos que me concede a cada dia
de minha vida.
Aos meus pais, José Roberto e Marlene, pelo exemplo de vida, determinação, força
e coragem, por todo o amor e apoio incondicional.
Ao meu irmão Roberto, por seu carinho, por toda a ajuda e por estar ao meu lado em
todos os momentos.
Ao meu namorado Renato por seu amor, companheirismo e compreensão, por
sempre me apoiar e incentivar meu crescimento pessoal e profissional.
Aos amigos Mara Silvia Guilardi de Oliveira e José Eduardo de Oliveira, sem o apoio
de vocês talvez eu não tivesse conseguido chegar até aqui.
A todos os amigos, os de antes e os que fiz durante esta jornada, que me apoiaram e
acreditaram na realização deste sonho.
Renata Cristina Bortolotti
“Agrada-te do Senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e Ele tudo fará."
Salmos 37:4-5
NASCIMENTO, Fabiana de Oliveira do; BORTOLOTTI, Renata Cristina. Levantamento
epidemiológico das lesões em atletas de judô. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso
de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2011.
RESUMO
Introdução: As atividades esportivas estão sendo cada vez mais procuradas, sendo o judô
um esporte que apresenta hoje grande número de praticantes. Por apresentar como
característica o contato físico direto entre os adversários é grande a ocorrência de lesões
nesta modalidade esportiva. Objetivo: Realizar um levantamento epidemiológico para
caracterizar as lesões mais comuns em atletas de judô, bem como verificar o momento em
que ocorreram, o tratamento realizado e as ações preventivas realizadas rotineiramente por
estes atletas. Métodos: Participaram desta pesquisa 30 voluntários praticantes de judô há
no mínimo um ano, pertencentes às equipes do Clube de Regatas Bandeirantes e da
Academia da Policia Militar de Bragança Paulista. Foi utilizado como instrumento de
pesquisa, um questionário elaborado pelos autores com 36 questões a respeito da
ocorrência de lesões durante a prática esportiva, respondido a próprio punho pelos judocas.
Resultados: As lesões mais incidentes encontradas foram as lesões em joelho (30,8%), as
lesões em ombro (23,1%) seguidas por lesões em mão (11,5%). A maior parte delas ocorreu
durante treinamento (74%) sendo que o tratamento mais realizado foi o medicamentoso
(64,3%). Como ações preventivas foi verificado que todos realizavam alongamentos e
aquecimento apenas antes dos treinamentos e apenas 13,3% utilizavam equipamentos de
proteção que poderiam auxiliar na prevenção. Conclusão: As lesões mais incidentes no
presente estudo foram as lesões em joelho, ombro e mão, porém não foi possível identificar
o tipo de lesão, uma vez que a maioria dos participantes não soube relatar exatamente qual
lesão ocorreu.
Palavras chaves: judô. lesões. incidência. tratamento.
ABSTRACT
Introduction: The sports activities are increasingly being sought every day, like judo that
has today a large number of athletes. To present as characteristic direct physical contact
between the adversaries, a large occurrence of lesions has been detected in this sport.
Objective: To realize an epidemiological survey to characterize most common lesions in
judo’s athletes, as well as checking the moment they occurred, the treatment and preventive
actions performed by those athletes. Methods: Participated in this research 30 volunteers
athletes of judo for at least one year training of the team belonging to the Regatta Club
Bandeirantes of the Academy of Military Police of Bragança Paulista. Was used as a
research tool questionnaire developed by the authors with 36 questions about the
occurrence of lesions during sports practice, answered by themselves. Results: The most
prevalent lesions were found in knee lesions (30,8%), shoulder lesions (23,1%) followed by
hand lesions (11,5%). Most of them occurred during training (74%), and the treatment was
the most accomplished medical. As preventive actions, the athletes practice stretching and
warming exercises just before training, and only 13,3% used protective equipment that could
help prevent a lesion. Conclusion: The most prevalent lesions in the present study were
lesions in the knee, shoulder and hand, but it was not possible to identify the type of lesion,
since most of the participants was unable to report exactly which lesion occurred.
Key words: judo. lesions. incidence. treatment.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características da amostra .............................................................................. 24
Tabela 2. Tratamento realizado ....................................................................................... 28
Tabela 3. Desempenho após a lesão .............................................................................. 29
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Distribuição da idade dos participantes .......................................................... 24
Gráfico 2. Graduação dos voluntários ............................................................................. 25
Gráfico 3. Momento em que ocorreu a lesão .................................................................. 26
Gráfico 4. Incidência de lesões ....................................................................................... 27
Gráfico 5. Tipo de lesão .................................................................................................. 27
Gráfico 6. Queixa principal decorrente da lesão ............................................................. 29
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 21
2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 21
2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 21
3 MÉTODOS ............................................................................................................ 22
3.1 Desenho do estudo ............................................................................................... 22
3.2 Amostra ................................................................................................................. 22
3.3 Instrumentos ......................................................................................................... 22
3.4 Procedimentos ...................................................................................................... 22
4 RESULTADOS ..................................................................................................... 24
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 30
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 34
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 35
8 ANEXOS ............................................................................................................... 38
Anexo I .................................................................................................................. 39
Anexo II ................................................................................................................. 41
Anexo III ................................................................................................................ 43
1 INTRODUÇÃO
O judô foi criado em 1882, por Jigoro Kano, um jovem graduado em filosofia pela
Universidade Imperial de Tóquio, que após observar que as técnicas do Jujitsu, uma antiga
arte marcial, poderiam ter valor educativo na preparação dos jovens, passou a ter como
meta modificar aquela arte marcial de modo a transformá-la em um esporte que pudesse
trazer benefícios para o homem, e não ser usada somente como meio de defesa pessoal,
mas também como forma de aprimoramento de seu autodomínio para superar a própria
limitação. Desta forma, aprofundou seus conhecimentos sobre o Jujitsu e para distingui-los
de maneira evidente, denominou sua técnica de JUDÔ KODOKAN, que através de seus
princípios era destinada à formação integral do homem, por meio de atividades de luta
corporal e do aperfeiçoamento moral (FEDERAÇÃO PAULISTA DE JUDÔ, 2011).
O judô tem três princípios filosóficos definidos por Jigoro Kano, são eles: JU que
significa suavidade, SEIRYOKU-ZEN-YO que significa máxima eficiência com mínimo
esforço, e JITA-KYOEI que significa bem estar e benefícios mútuos (FEDERAÇÃO
PAULISTA DE JUDÔ, 2011). A palavra Judô é composta por dois termos: “JU” que significa
origem da suavidade e da gentileza, e “DO” que significa o caminho, ou seja, o judô é o
“caminho da suavidade” (LASSERRE, 1975). O Jujitsu tinha o espírito de “lutar até a morte”,
e foi discordando disso que Jigoro Kano estabeleceu as regras para o judô, de modo a criar
uma luta de confronto esportivo. Com o passar do tempo o judô difundiu-se dentro e fora do
Japão e ganhou novas regras, que o modernizaram e tornaram-no mais fácil de ser
compreendido pelos espectadores (CARAZZATO, CABRITA e CASTROPIL, 1996).
As competições de judô foram incluídas nas olimpíadas em 1964 e, têm sido
realizadas regularmente, com exceção à olimpíada de 1968 (PLATONOV, 2008). Em 1974
surgiram novas regras, estabelecidas pela FIJ (Federação Internacional de Judô), de modo
a proporcionar mais ação e dinamismo às lutas e facilitar a assimilação por parte do público
leigo. Estas novas regras entraram em vigor a partir de 1980, nos Jogos Olímpicos de
Moscou, quando foi estabelecida a divisão em sete categorias de acordo com o peso. No
Brasil este esporte começou no início do século passado, com a imigração dos primeiros
professores japoneses, que desenvolviam o ensino nos moldes do judô tradicional.
Inicialmente era praticado pelos descendentes de japoneses que imigraram para o Brasil,
porém rapidamente o esporte difundiu-se entre os brasileiros, e apresenta hoje grande
número de praticantes (CARAZZATO, CABRITA e CASTROPIL, 1996).
O judô é uma modalidade esportiva na qual é necessário o controle do equilíbrio pelo
atleta, por estar o tempo todo sujeito a movimentos inesperados impostos por seus
adversários (YOSHITOMI et al., 2006). Esta arte marcial tem como característica um grande
número de técnicas e bases filosóficas, sendo apontado por vários estudos como um
esporte que apresenta grande número de ocorrências de lesões, assim, várias pesquisas
têm utilizado como foco a relação desse esporte e dessas lesões, e também a relação do
treinamento de alto rendimento no desenvolvimento de desvios posturais (BARSOTTINI,
GUIMARÃES e MORAES, 2006).
O judô faz parte de uma cultura física completa, uma vez que todas as partes do
corpo entram em ação de todas as maneiras, em todas as direções e se desenvolvem com
harmonia, gerando força e flexibilidade (LASSERRE, 1975). Supõe-se que a relação entre a
proporção corporal e as técnicas do judô pode apresentar três características: a primeira é
de que, por meio de uma maior eficiência mecânica se consegue uma diminuição no gasto
energético; a segunda é de que a melhor utilização do componente mecânico geraria uma
vantagem na proteção osteo-articular do atleta, pois evitaria uma sobrecarga excessiva e/ou
repetitiva nesses componentes funcionais; a terceira é que uma aplicação adequada do
movimento resultaria num melhor desempenho, pois se utilizando dos artefatos de estudo
da biomecânica, entre eles o centro de gravidade e as alavancas, poderiam colaborar
gerando um bom resultado da técnica, evitando falhas e exageros no treinamento
(DETANICO e SANTOS, 2007).
O treinamento físico visa a manutenção do desempenho esportivo durante o período
de competição. A capacidade de remodelamento do tecido muscular esquelético permite
sua adaptação a vários estados de demandas funcionais, o treinamento faz com que se
obtenha uma resposta recíproca gerando um aumento da tolerância ao exercício
desencadeando processos adaptativos de caráter mecânico, metabólico e eletrofisiológico,
de acordo com as características específicas de cada modalidade esportiva. A fadiga,
caracterizada pela incapacidade de manter o torque, é um fator que limita o desempenho do
atleta durante as competições. A medida de variações indicativas de fadiga no esporte tem
sido investigada, entre elas os níveis séricos plasmáticos de enzimas musculares que estão
sendo utilizados como sinalizadores do estado de lesão e/ou prejuízo do tecido muscular,
após treinamento, ou sinalizadores de intensidade de exercícios (RIBEIRO, TIERRA-
CRIOLLO e MARTINS, 2006).
A preparação desportiva tem como objetivo possibilitar que o atleta obtenha o nível
máximo de preparação técnico-tática, físico e psicológico, de acordo com a modalidade para
atingir os melhores resultados na competição. As tarefas básicas no processo de
preparação do desportista são: ter total conhecimento da técnica e da tática da modalidade
desportiva escolhida; alcançar o nível necessário de desenvolvimento das capacidades
motoras e da capacidade funcional dos sistemas do organismo que suportam a carga
principal; obtenção dos conhecimentos teóricos e a experiência prática necessários ao
treinamento e as competições; expandir as qualidades morais e volitivas adequadas;
alcançar o nível de preparação psicológica necessário; aperfeiçoar todos os aspectos da
preparação e utilizá-los na atividade competitiva. A partir da composição de cada um desses
aspectos, são elaborados cuidadosamente exercícios concretos e específicos da
preparação (PLATONOV, 2008).
Duas regras fundamentais sobre o judô são a não-resistência e o equilíbrio, durante
a prática do judô a melhor forma de vencer é não opor resistência à força, e sim, adaptar-se
desviando seu objetivo e utilizando-o em seu benefício. O judô ensina a aproveitar ao
máximo e de maneira eficaz a energia mental e física, é necessário ao mesmo tempo reuni-
las num único e mesmo objetivo. No judô é preciso estar exposto ao risco de perder o
próprio equilíbrio, para conquistar a vitória em uma competição. O treinamento do judô
possibilita perceber o desequilíbrio do adversário e também expandir a capacidade de criar
oportunidades, e para que isso ocorra recorre-se a não resistência, que propicia deslocar o
adversário além do que ele desejaria (LASSERRE, 1975).
Ao iniciar o treinamento do judô é comum pensarmos que o judoca necessite de
muito esforço para sua realização, mas isso não é verdade, pois todos os golpes são
baseados em três princípios: técnica, força e treino (TOO, 2004). O treinamento do judô é
composto por três partes fundamentais: o KATA que significa modelo e é a forma clássica
do judô, nele os dois lutadores chamados TORI que é aquele que projeta, e UKE que é
aquele que é projetado, realizam uma série de ataques de modo pré-determinado; o
RANDORI que significa prática livre, é a forma de treinamento na qual se busca desenvolver
a rapidez de ação e habilidade, para obter total eficiência deve-se atacar com firmeza e
convicção, e o SHIAI, que significa competição, nele visa-se a vitória pela habilidade
adquirida no RANDORI (LASSERRE, 1975).
Por ser um esporte de contato, no qual se realizam projeções seguidas de
imobilizações, chaves e estrangulamentos, Jigoro Kano preocupou-se em aprimorar
técnicas que amenizassem o efeito das quedas. Sendo assim foram desenvolvidos os
ukemis, que são praticados durante os treinamentos com o objetivo de proporcionar maior
segurança ao judoca mediante as diversas técnicas de projeção em suas diferentes
direções (SANTOS e MELO, 2003). Adquirir a habilidade de cair não compõe somente a
base das projeções, mas de todas as técnicas do judô, saber cair é imprescindível para
saber projetar-se, somente por meio de inúmeras quedas consegue-se alcançar o equilíbrio
e completa eficiência. Nos ukemis os movimentos se baseiam em cair com toda a superfície
dos braços e das mãos estendidos, com o objetivo de aumentar a superfície da queda e
retransmitir ao solo as vibrações geradas pelo choque. Apenas através de um treinamento
perseverante e com regularidade é que se consegue habilidade, experiência e eficácia
(LASSERRE, 1975).
A queda envolve uma colisão entre o corpo do atleta e uma superfície fixa, sendo
assim outra forma de protegê-lo contra esta colisão é a utilização de tatames
confeccionados com materiais de propriedades que facilitem a absorção da energia
proveniente do choque. Apesar de os ukemis terem surgido com o intuito de aumentar a
segurança do atleta, é cada vez mais comum encontrar judocas experientes que, por não
dominarem a técnica correta dos ukemis, caem de forma inadequada, gerando dores ou até
mesmo lesões. Há estudos que apontam os ukemis mal realizados como uma causa
freqüente de lesões (SANTOS e MELO, 2003).
As competições desportistas são consideradas à reprodução das relações humanas
existentes em outras esferas da vida: disputas, vitórias e derrotas, orientando o
aperfeiçoamento e aspiração para alcançar os melhores resultados, realização de objetivos
e obtenção de reconhecimento, são o momento da utilização máxima da capacidade dos
atletas e das equipes, do confronto entre os níveis de preparação diferentes, da busca de
melhores resultados e da vitória (PLATONOV, 2008). A quantidade de lutas a que os atletas
são submetidos numa competição de judô, e suas durações e intervalos não apresentam
uma regra fixa, ou seja, ocasionam fatores que podem pré dispor o atleta as lesões
(RIBEIRO, TIERRA-CRIOLLO e MARTINS, 2006).
As lesões no esporte podem ser incluídas em todo e qualquer tipo de gravidade
ocasionada durante a atividade física, levando a interrupção de pelo menos um dia de
treinamento, ou mais, após sua ocorrência (OLIVEIRA, MONNERAT e PEREIRA, 2010).
Podem ser divididas basicamente em duas categorias, as lesões traumáticas, que são
aquelas causadas por grandes forças, também chamadas de lesões por macrotrauma; e
síndromes por uso excessivo, que são as lesões causadas por microtraumas repetitivos. As
lesões traumáticas são bastante comuns nos atletas, principalmente em esportes de contato
como o futebol, handebol e o judô, que tendem a apresentar um número maior deste tipo de
lesão. São facilmente identificadas, uma vez que o atleta sente uma dor súbita, seguida por
inchaço que surge dentro das primeiras horas subseqüentes a lesão. Já as síndromes por
uso excessivo são difíceis de diagnosticar e tratar, pois ocorrem ao longo do tempo
geralmente por excesso de cargas repetitivas, o que leva a lesões microscópicas no sistema
musculoesquelético. São observadas mais freqüentemente em atletas de alto nível, mas
também ocorrem em atletas amadores. Os esportes de resistência, como corrida de longa
distância, ou esportes individuais que exigem movimentos repetitivos e técnica habilidosa
como o tênis e o levantamento de peso, implicam maior risco à ocorrência deste tipo de
lesão (WHITING e ZERNICKE, 2001).
Uma persistência ao mecanismo gerador da lesão, que já se tornou crônica pode
predispor progressivamente o tecido lesado a condições degenerativas que poderão
ocasionar uma lesão ainda mais grave (CHEREGUINI e TONELLO, 2008). O tempo
incorreto de recuperação da capacidade física, que por muitas vezes não é respeitado,
devido aos compromissos dos calendários esportivos ou a dieta inadequada, pode levar a
predisposição e também facilitar a ocorrência dessas lesões (OLIVEIRA, MONNERAT e
PEREIRA, 2010).
As lesões esportivas são resultantes da influência de fatores de risco, podem ser
causadas por fatores de risco intrínsecos, extrínsecos, ou pela combinação desses dois
fatores. Pertencem aos fatores de risco intrínsecos, aqueles relacionados à idade, sexo,
condição física, desenvolvimento motor, alimentação e fatores psicológicos. Os fatores de
risco extrínsecos estão relacionados à técnica específica de cada modalidade, organização
e cargas do treino e da competição e condições relacionadas com o clima e o ambiente. Os
fatores de risco extrínsecos apresentam maior relação quando a lesão é considerada aguda,
já quando as lesões são crônicas, as causas podem ser por diversos fatores (PETERSON e
RENSTRÖM, 2002).
A combinação desses fatores são as causas mais comuns das lesões no esporte
normalmente, sendo classificadas em duas categorias, típicas e atípicas, as lesões típicas
são aquelas que acontecem com maior freqüência na prática esportiva, ocorrendo tanto
durante os treinos, quanto na fase de competição. Já as lesões atípicas, são acidentais, isto
é, que não são comuns à determinada modalidade, ocorrendo de maneira rara no esporte,
ou seja, o tipo de lesão está ligado ao tipo de esporte, os desportos de contato são aqueles
que apresentam maior risco de lesões (SANTOS, DUARTE e GALLI, 2001).
Em alguma fase, a maioria dos atletas experimenta declínios no desempenho, ou
seja, “quedas de produção”. Esses declínios podem resultar de problemas físicos, técnicos e
psicológicos, ou de uma combinação deles. Uma queda de produção pode variar desde
trabalhar com maior intensidade e superar esse obstáculo a um período de afastamento, ou
seja, período de repouso total em relação ao esporte. A fadiga causada por uma lesão ou
pelo excesso de treinamento, principalmente as queixas sobre pequenas lesões que não
recebem atenção adequada, geram problemas na aplicação de determinada habilidade
resultando na diminuição do nível de desempenho. À medida que o atleta percebe o declínio
no desempenho físico, certos fatores psicológicos dão origem à ansiedade, perda da
concentração e de confiança, que podem gerar problemas futuros. Quanto maior for à
ansiedade maior será a tensão muscular, interferindo assim na coordenação do sistema
muscular e resultando em outros riscos de lesões (ANDREWS, HARRELSON e TARANTO,
2000).
Em diversas modalidades esportivas as lesões de membros superiores são muito
freqüentes (SILVA, 2010). O complexo ombro é um conjunto funcional que permite a junção
dos membros superiores ao tórax, e exerce duas funções: mobilização com grande
amplitude do braço e estabilidade caso o membro superior necessite de força ao manejar,
por exemplo, objetos pesados. Estando sujeito a lesões quando não apresenta um equilíbrio
adequado entre movimento, estabilidade, sobrecarga e impacto, o que pode ter
envolvimento na incapacidade de alguns atletas (SOARES, 2003).
A maioria das lesões desportivas do ombro são resultantes de atividades repetitivas
realizadas acima da cabeça ou de atividades que exerçam carga significativa na região do
ombro. O complexo da articulação glenoumeral é susceptível a lesões traumáticas, como
subluxações, luxações, traumatismos da articulação acromioclavicular, lesões nos tecidos
moles e outros tipos de lesões que normalmente ocorrem nos desportos de contato
(ANDREWS, HARRELSON e TARANTO, 2000). Os principais responsáveis pela
estabilidade do ombro são os músculos e tendões do manguito rotador e as lesões nestas
estruturas podem ser ocasionadas por distensões, estiramentos e excesso de uso, ou
devido a uma interrupção brusca de um movimento no instante de contração muscular
(GRISOGONO, 2000; PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
A cintura escapular é a mais móvel de todas as articulações do corpo, sendo
composta pela clavícula que se articula com o esterno e com o acrômio, e também pela
escápula que se articula com o úmero e a clavícula (SOARES, 2003). As fraturas da
clavícula podem ser resultado de quedas ou traumas sobre o ombro ou braço estendido.
Normalmente ocorrem durante a prática de ciclismo, esqui, equitação e esportes de contato
como o judô. De modo freqüente a região fraturada se localiza entre o terço médio,
dirigindo-se para o terço distal do osso (PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
A caixa torácica também pode ser lesada durante a prática esportiva. Composta pelo
osso esterno e 12 costelas que formam articulações com as vértebras torácicas, a caixa
torácica tem como função proteger órgãos vitais como os pulmões e o coração. As costelas
podem ser lesadas por trauma direto quando o indivíduo é atingido por seu adversário ou
em decorrência de uma queda sobre as mesmas; ou indiretamente, devido ao bloqueio dos
movimentos das costelas ao ocorrerem mudanças de pressão no peito. Os músculos
localizados entre as costelas e sobre elas também podem sofrer com fadiga ou rupturas,
porém estas situações são menos freqüentes, geralmente as lesões musculares nesta
região ocorrem associadas às lesões ósseas ou de articulações (GRISOGONO, 2000).
Em geral, no esporte é comum a ocorrência de lesões na região do cotovelo, tanto
por golpe direto e também pelo excesso de uso (ANDREWS, HARRELSON e TARANTO,
2000). O cotovelo é uma articulação do tipo dobradiça, durante a prática esportiva uma
torção do braço gera movimento no ombro e nas articulações que unem os ossos do
antebraço, chamadas articulações radioulnares. O traumatismo em cotovelo é um risco em
desportos de contato e as lesões podem ocorrer quando se cai sobre ele, torcendo-o ou
luxando-o (GRISOGONO, 2000). Essas lesões são classificadas de acordo com a área de
sua ocorrência em lesões laterais, mediais, posteriores ou anteriores (PETERSON e
RENSTRÖM, 2002).
Na região lateral é comum a ocorrência da epicondilite lateral, que é uma patologia
específica da musculatura que se origina no epicôndilo lateral, geralmente é ocasionada por
sobrecarga, onde microlesões são causadas no local de inserção dos tendões extensores
do punho e dedos, ocorrendo com maior freqüência no extensor radial curto do carpo, e
menor freqüência no extensor radial longo do carpo, além da porção anterior do extensor
comum dos dedos (SILVA, 2010). Também chamada de “cotovelo de tenista” não acomete
somente os jogares de tênis, pois outros esportes e atividades diversas do cotidiano
também podem causá-lo. Isso ocorre também no “cotovelo de golfista”, que não acomete
somente jogadores de golfe, sendo ocasionado por movimentos de extensão seguidos de
flexão repetidamente em determinado golpe ou arremesso, acomete a região medial do
cotovelo, onde se localizam os músculos flexores de punho e dedos. (GRISOGONO, 2000).
As lesões da região posterior do cotovelo ocorrem devido ao movimento de extensão
e hiperextensão de modo inesperado, resultando em compressão do olécrano contra o
úmero (PETERSON e RENSTRÖM, 2002). O uso excessivo pode ocasionar a ruptura
parcial do tendão do tríceps, por exemplo, quando se realiza um treinamento excessivo de
lançamento de dardo ou de um jogo de tênis (GRISOGONO, 2000). Na região anterior do
cotovelo pode ocorrer o rompimento do tendão distal do bíceps, geralmente essas rupturas
ocorrem em atletas com mais de 35 anos, sendo este tendão susceptível a alterações
degenerativas (PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
Um dos locais mais comuns para ocorrências de lesões no esporte é a mão,
principalmente durante as competições atléticas. Compõem a palma da mão cinco ossos
metacarpais, um para cada dedo. Os metacarpos localizados no meio da mão geram
estabilidade à palma da mão, e tem pouco movimento, enquanto o dedo mínimo e o polegar
têm um grande movimento, permitindo o movimento de oposição, necessário ao segurarmos
objetos (PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
Problemas no punho e mão são comuns em esportes que exigem segurar com
firmeza um instrumento, como por exemplo, uma raquete de tênis ou taco de golfe,
ocasionando assim o uso excessivo e/ou repetitivo. As fraturas no punho e na mão podem
ser decorrentes de quedas de alturas, ou quedas incorretas durante a prática de esportes,
para que aconteça o rompimento de ligamentos é preciso um trauma de grande impacto,
ocasionando assim grande limitação (PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
A coluna vertebral possui diversas combinações de movimentos. O movimento
intervertebral é limitado com pouca mobilidade, uma vértebra se move sobre a outra
adjacente em seis diferentes direções, de maneira translatória e rotatória. Vários fatores
interferem nesses movimentos e suas amplitudes, como a postura e a curvatura da coluna,
orientação de suas facetas articulares, da espessura dos discos intervertebrais e sua
elasticidade, extensibilidade dos músculos, cápsulas articulares e ligamentos (CHEREGUINI
e TONELLO, 2008).
Os desportos que associam movimentos de torção da coluna com grande carga
compressiva, como o remo, rúgbi e o judô, permitem o risco tanto de lesões súbitas e
traumáticas nas costas quanto daquelas mais graduais. A estrutura das costas é
extremamente forte, capaz se suportar intensa pressão, mas pode se tornar vulnerável às
distensões em algumas situações, devido a uma pressão ou carga aparentemente normal.
De modo geral, as lesões nas costas são ocasionadas por movimentos nas articulações
espinhais, podendo causar também rupturas ou fraturas em qualquer das estruturas
envolvidas nas articulações quando os músculos não conseguem suportar a carga
excessiva (GRISOGONO, 2000).
Vários estudos demonstram que as lesões dos membros inferiores também são
bastante freqüentes na prática do judô (CARVALHO et al., 2009). A coxa é um local de
lesões relativamente comum em atletas e predominam lesões musculares como contusões
e distensões. Anteriormente ao fêmur há o músculo quadríceps, que é composto por quatro
músculos distintos: o reto femoral, o vasto medial, o vasto lateral e o vasto intermédio. As
rupturas destes músculos podem ocorrer como conseqüência de um impacto durante a
contração dos mesmos, ou devido a uma contração muscular de explosão, súbita e
vigorosa. Os músculos próximos ao osso são os mais afetados nos casos em que a lesão
ocorre por impacto, já quando são causadas por excesso de uso, em geral são superficiais e
localizam-se na unidade musculotendínea. Posteriormente há os músculos isquiotibiais, que
são o bíceps femoral, o semimembranáceo e o semitendíneo, que atuam como extensores
do quadril e flexores do joelho. Neles independente do grau de distensão a lesão costuma
ocorrer na unidade musculotendínea, ou na inserção, como resultado de sobrecarga de
contrações forçadas durante a extensão do quadril ou flexão do joelho (PETERSON e
RENSTRÖM, 2002).
As lesões de joelho comumente ocorrem com gravidade, sendo este um segmento
freqüentemente lesado em esportes competitivos; possui duas articulações distintas, a
femoropatelar e a tibiofemoral, que apresentam relação mecânica entre si, e são formadas
pelos ossos fêmur, tíbia e patela. Do ponto de vista ósseo, a forma geométrica do joelho é
deficiente em relação à estabilidade e para que seja possível aumentar a lubrificação,
auxiliar na rolagem dos côndilos femorais durante o movimento, melhorar a estabilidade,
bem como auxiliar a transmissão de forças na descarga de peso, há dois meniscos
fibroelásticos intra-articulares inseridos no platô periférico da tíbia (GOULD e SARDA, 1993).
São lesões esportivas comuns as rupturas de menisco. Podem ser causadas por
estresse de contato ou como resultado de um processo degenerativo em atletas idosos,
porém, seu mecanismo de lesão mais freqüente é o estresse de não contato, resultante da
aceleração ou desaceleração combinada à mudança de direção; a ruptura ocorre,
anatomicamente, quando há a flexão e compressão do joelho com rotação tibiofemoral.
Entre todas as lesões de joelho as mais comuns são as lesões de menisco, que ocorrem em
alta incidência especialmente em esportes que envolvam movimentos rotacionais e de
paradas rápidas (CANAVAN, 2001).
Com freqüência ocorrem simultaneamente lesões do LCA e do LCM, porém as mais
difíceis de serem tratadas são as lesões de LCP e de LCL, especialmente quando envolvem
cápsula e outras estruturas póstero-laterais do joelho (PETERSON e RENSTRÖM, 2002).
O pé e o tornozelo são locais comuns de ocorrência de lesões mecânicas das
atividades relacionadas ao esporte. A entorse de tornozelo é uma das lesões
musculoesqueléticas que ocorrem mais freqüentemente na população ativa, e geralmente
envolve lesão dos ligamentos laterais, podendo evoluir com complicações e com vários
graus de limitação funcional. O mecanismo contensor dos ligamentos talofibular anterior,
posterior e talo-calcâneo, associado ao terço distal da fíbula é que dão estabilidade lateral
ao tornozelo. O mecanismo de lesão geralmente é a inversão do pé com flexão plantar do
tornozelo em intensidade maior que o normal, este movimento causa lesão do ligamento
talofibular anterior e pode progredir pra lesão do ligamento calcaneofibular, com o aumento
da energia do trauma. Lesões do ligamento talofibular posterior são raras (RODRIGUES e
WAISBERG, 2009).
A entorse medial de tornozelo é relativamente rara, mas quando ocorre em geral está
associada a fraturas de maléolo lateral, e seu mecanismo de lesão é a eversão com rotação
externa do pé (PETERSON e RENSTRÖM, 2002). Pode se diminuir em até 47% a
incidência de entorse de tornozelo em atletas praticantes de modalidades esportivas de alto
risco com a utilização de imobilizadores semi-rígidos e este valor é ainda maior para aqueles
que já tiveram alguma lesão ligamentar prévia (RODRIGUES e WAISBERG, 2009).
O pé age como um adaptador frouxo, um sistema absorvedor de choque e como
mecanismo de absorção da rotação do membro inferior durante a fase de apoio da marcha.
Com freqüência ocorrem fraturas dos dedos em muitos esportes, sendo as fraturas de hálux
as mais graves, especialmente se envolver alguma articulação. (PETERSON e
RENSTRÖM, 2002). Em geral, o aumento de qualquer atividade repetitiva usando os pés
pode levar as fraturas por stress, que podem ocorrer em qualquer dos ossos do pé, porém
são raras no primeiro metatarsiano. Peculiaridades de movimento do pé do indivíduo ou seu
tipo de atividade esportiva é que determinam qual osso do pé é afetado por este tipo de
lesão (GRISOGONO, 2000).
A incidência de lesões no judô é alta, o judô foi apontado como a quarta modalidade
esportiva com maior número de atendimentos clínicos e traumatológicos em estudo
realizado nos Jogos Pan-Americanos de Mar Del Plata, em 1995 (CARAZZATO et al.,
1995). Mais recentemente em um estudo realizado em 2007, o judô apareceu como a sexta
modalidade na incidência de lesões, tendo participado do estudo 210 voluntários de quinze
diferentes modalidades (LIPPO e SALAZAR, 2007). Estudo em 2008 com 35 judocas
demonstrou uma incidência de 91,4% de lesões (OLIVEIRA e PEREIRA, 2008).
Durante a prática do judô as ações podem ser violentas, sendo indispensável um
bom condicionamento preliminar das articulações, dos músculos e da mente, pois é da
junção mente e músculos que terão origem as melhores ações de ataque e defesa. O
aquecimento antes dos treinos e competições é muito importante, pois através dele as
ocorrências de luxações, distensões e contusões diminuem, evitando também outras lesões
ainda mais graves (SOARES, 2003). Durante o aquecimento muscular o praticante deve ter
total consciência de que esses exercícios têm como finalidade somente preparar o corpo, ou
seja, devem ser realizados com moderação, de forma que o corpo não apresente cansaço
ao iniciar os treinos (TOO, 2004).
A fisioterapia pode utilizar-se de técnicas específicas para prevenção de lesões
auxiliando os atletas a obterem melhor desempenho em treinamentos e competições
(SOARES, 2003). As atividades esportivas são cada vez mais procuradas devido às
necessidades individuais e pelas vantagens que elas oferecem, melhorando o desempenho
físico, provendo integração entre as pessoas e conseqüentemente a qualidade de vida.
Contudo, a prática esportiva sem acompanhamento ou treinos inadequados podem
lesar os atletas obrigando-os a se afastarem de suas atividades. A interrupção das
atividades também é prejudicial aos atletas levando-os a problemas psicológicos, como
quadros depressivos. Sendo assim, realizar um estudo epidemiológico sobre as lesões no
esporte facilitará a identificação das regiões e das estruturas mais acometidas, permitindo
que a fisioterapia proponha trabalhos preventivos específicos e eficientes.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento epidemiológico para
caracterizar as lesões mais comuns em praticantes de judô.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar os tipos de lesões que mais acometem os praticantes de judô no Clube
A.D.P.M, e no Clube de Regatas Bandeirantes de Bragança Paulista.
Avaliar em que momento a lesão ocorreu e como foi tratada.
Analisar as ações preventivas pré e pós-lesão.
3 MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo transversal que ocorreu no
período de julho a agosto de 2011.
3.2 Amostra
Participaram desta pesquisa 30 voluntários, praticantes de judô de diversas
categorias, incluindo judocas iniciantes e experientes, com média de idade de 24,4 ± 13
anos, variando entre 11 e 51 anos.
Os critérios de inclusão foram: ser praticante de judô há no mínimo um ano e fazer
parte da equipe do Clube de Regatas Bandeirantes (C.R.B.) ou da Academia da Polícia
Militar (A.D.P.M.), ambos da cidade de Bragança Paulista.
Os critérios de exclusão foram: ser praticante de judô há um tempo inferior a um ano,
não ser da equipe dos clubes acima citados, ou não ter aceito participar da pesquisa não
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
3.3 Instrumentos
Os instrumentos utilizados nesta pesquisa foram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo II e III) e questionário elaborado pelos próprios autores (Anexo I).
3.4 Procedimentos
Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco
(Protocolo CAAE: 0110.0.142.000-11) a pesquisa foi iniciada, já tendo sido autorizada pelos
responsáveis das equipes de judô do C.R.B. e da A.D.P.M. após serem esclarecidos sobre
os objetivos da mesma.
Em seguida os judocas voluntários, após serem orientados quanto aos objetivos do
estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a utilização
dos dados do questionário para fins científicos, sem a identificação dos participantes. No
caso dos voluntários menores de 18 anos a participação na pesquisa foi autorizada por meio
da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos responsáveis.
O questionário foi aplicado no período de Julho à Agosto de 2011, sendo respondido
de próprio punho pelos judocas.
Foi realizada uma análise estatística descritiva dos dados, através do programa
Excel, sendo realizados cálculos de freqüência, médias e desvio padrão.
4 RESULTADOS
O estudo foi realizado com 30 indivíduos, sendo 66,7% (n=20) dos participantes do
sexo masculino e 33,3% (n=10) do sexo feminino. Dentre os participantes 46,7% (n=14)
eram competidores e 53,3% (n=16) eram não competidores, o que pode ser observado na
Tabela 1.
Tabela 1. Características da amostra.
N=30 %
Gênero Feminino 10 33,3
Masculino 20 66,7
Competidor 14 46,7
Não competidor 16 53,3
A média de idade dos participantes foi de 24,4 ± 13 anos, variando entre 11 anos e
51 anos, conforme demonstra o Gráfico 1.
Gráfico 1. Distribuição da idade dos participantes.
Em relação à graduação dos voluntários verificou-se que a maioria possui baixa
graduação de faixa sendo que 30% (n=9) são pertencentes à faixa branca, 16,7% (n=5)
à faixa azul e 16,7% (n=5) à faixa amarela, conforme demonstra o Gráfico 2.
Gráfico 2. Graduação dos voluntários.
A média de tempo de prática no esporte foi de 6,1 ± 7,5 anos, variando entre 1 e
30 anos. Em relação a freqüência semanal de treinamento dos judocas a média foi de 2,8 ±
1 dias por semana, variando entre 1 e 5 dias por semana.
Os resultados obtidos nos questionários demonstraram que 63,3% (n=19) dos
voluntários participantes já tiveram lesões decorrentes da prática do judô. Destes 73,7%
(n=14) sofreram a lesão durante o treinamento, 15,8% (n=3) durante situação de competição
e 10,5% (n=2) já sofreram lesões nas duas situações, conforme demonstra o Gráfico 3.
Gráfico 3. Momento em que ocorreu a lesão.
O percentual de lesões nos competidores foi de 57,1% (n=8) e dos não competidores
foi de 68,8% (n=11). Para os competidores 60% (n=6) das lesões ocorreram durante o
treinamento e 40% (n=4) durante competição.
Em relação às lesões observou-se que as mais incidentes foram as lesões em
joelho, que ocorreram em 30,8% (n=8) dos casos, as lesões em ombro que ocorreram em
23,1% (n=6) dos casos, seguidas por lesões em mão com 11,5% (n=3), conforme mostra o
Gráfico 4.
Gráfico 4. Incidência de lesões.
Quanto ao tipo de lesão não foi possível estabelecer quais foram os mais incidentes,
uma vez que 60% (n=12) dos participantes que sofreram lesões não souberam identificar ou
não receberam o diagnóstico de que tipo de lesão exatamente havia ocorrido, conforme
demonstra o Gráfico 5.
Gráfico 5. Tipo de lesão.
Em relação ao tratamento verificou-se que 73,7% (n=14) realizaram algum tipo de
tratamento, sendo que os outros 26,3% (n=5) não realizaram tratamento algum. Dos
voluntários que realizaram tratamento 64,3% (n=9) realizaram tratamento medicamentoso,
7,1% (n=1) tratamento fisioterapêutico, 14,3% (n=2) realizaram tanto o tratamento
medicamentoso quanto o tratamento fisioterapêutico e 14,3% (n=2) além da associação
entre o tratamento medicamentoso e o fisioterapêutico realizaram também tratamento
cirúrgico, conforme observado na Tabela 2.
Tabela 2. Tratamento realizado.
Tipo de tratamento realizado N=14 %
Medicamentoso 9 64,3
Fisioterapêutico 1 7,1
Medicamentoso e fisioterapêutico 2 14,3
Medicamentoso, fisioterapêutico e cirúrgico 2 14,3
Dos 63,3% (n=19) que sofreram lesões, 52,6% (n=10) procuraram o médico, porém
73,7% (n=14) realizaram algum tipo de tratamento, o que indica que 21,1% (n=4) realizaram
tratamento sem orientação médica.
Todos os judocas que realizaram tratamento fisioterapêutico relataram que ficaram
satisfeitos com os resultados obtidos. Dos que realizaram tratamento medicamentoso
apenas 7,7% (n=1) relataram não ter alcançado bons resultados. Sendo que do total de
voluntários que realizaram algum tipo de tratamento em 21,4% (n=3) dos casos houve
retorno do problema.
Dos judocas que apresentaram lesão 63,2% (n=12) apresentaram dificuldades para
realizar suas atividades de vida diária devido a lesão e a dor apareceu como queixa principal
em 84,2% (n=16) dos casos, como pode ser verificado no Gráfico 6.
Gráfico 6. Queixa principal decorrente da lesão.
Sobre o desempenho após ter sofrido a lesão 89,5% (n=17) dos judocas afirmaram
ter mantido um desempenho igual àquele apresentado antes da lesão, conforme pode ser
observado na Tabela 3.
Tabela 3. Desempenho após a lesão.
Todos os voluntários que participaram do estudo afirmaram realizar durante os
treinamentos as atividades que visam a prevenção de lesões, mas apenas 13,3% (n=4)
fazem uso de equipamentos de proteção que podem auxiliar na prevenção. Dentre os
judocas que fazem uso destes equipamentos todos já tiveram lesões decorrentes da prática
do esporte.
N=19 %
Igual 17 89,5
Pior 0 0
Melhor 2 10,5
5 DISCUSSÃO
O presente estudo foi realizado com 30 judocas voluntários, tendo sido verificado que
a maioria dos participantes possui baixa graduação. No estudo de Santos, Duarte e Galli
(2001), não foi encontrada associação entre o tempo de prática e a graduação e a
ocorrência de lesões.
Da mesma forma, os dados obtidos neste estudo não sugerem que haja relação
entre o tempo de prática e a graduação dos voluntários com a ocorrência de lesões.
Ressaltando que a graduação do judoca é distinguida por meio da cor de sua faixa, que lhe
é concedida de acordo com sua capacidade teórica e prática que adquiriu no exercício do
judô (LASSERRE, 1975).
Porém Carazzato, Cabrita e Castropil (1996), e Oliveira e Pereira (2008), afirmam
que o tempo de prática também pode ser relacionado às lesões uma vez que com o passar
do tempo, conseqüentemente, os atletas atingem idades mais elevadas, o que leva a uma
deterioração gradativa do aparelho locomotor.
Contudo no presente trabalho houve uma variação importante em relação à idade
dos participantes, sendo que o judoca mais jovem tinha 11 anos e o de mais idade 51 anos,
com média de 24,4 ± 13 anos. Porém, não foram realizados cálculos de associação da
idade dos participantes à ocorrência das lesões, por ser não ser este um dos objetivos do
presente estudo.
Apesar de Carazzato, Cabrita e Castropil (1996), afirmarem que por se esforçarem
mais durante as competições a fim de atingir melhores resultados, os atletas se tornam
neste momento mais susceptíveis às lesões, o presente estudo encontrou maior incidência
de lesões durante os treinamentos. Em 73,7% dos casos os judocas se lesionaram durante
o treinamento, 15,8% durante situação de competição e 10,5% já sofreram lesões nas duas
situações. O percentual de lesões dos competidores foi de 57,1%, enquanto o dos não
competidores foi de 68,8%. Sendo que 60% das lesões dos competidores ocorreu durante
os treinos.
Oliveira, Monnerat e Pereira (2010), também encontraram uma incidência maior de
lesões em treinamento, com 82,9% dos participantes de seu estudo. Assim como Barsottini,
Guimarães e Morais (2006), que em seu estudo com 46 judocas, verificaram que 71% das
lesões ocorreram também em treinamentos, sendo que 42% dessas lesões tinham relação
com o peso do adversário, uma vez que durante os treinamentos é comum enfrentar
adversários mais pesados.
Uma situação que pode justificar em parte estes achados é a prática do Randori, que
é a simulação de competição dentro dos treinamentos, onde o judoca coloca em prática
todos os golpes que foram treinados isoladamente. Segundo Detanico e Santos (2007),
durante o Randori as articulações ficam mais susceptíveis a serem lesionadas,
especialmente quando o atleta que vai aplicar o golpe é menor que o adversário, pois para
produzir potência em seu golpe precisa realizar uma amplitude maior, sobrecarregando os
segmentos envolvidos.
Foi encontrado neste estudo um alto índice de lesões (63,3%) decorrentes da prática
do judô. O mesmo achado foi encontrado por Oliveira e Pereira (2008), em seu estudo com
35 judocas, no qual verificaram que 91,43% dos atletas apresentaram algum tipo de lesão
decorrente desta prática esportiva. Estudo realizado por Lippo e Salazar (2007), analisou
210 voluntários com lesões decorrentes da prática esportiva, entre as 15 modalidades
encontradas o judô aparece em 6º lugar, podendo assim ser considerado um esporte com
alta incidência de lesões.
As lesões mais incidentes encontradas neste estudo foram as lesões em joelho com
30,8%, ombro com 23,1% e lesões em mão com 11,5%, e em menores porcentagens lesões
em tornozelo (7,7%), coluna (7,7%), pés (7,7%), coxa (3,8%), punho (3,8%) e costelas
(3,8%). Em estudo realizado por Barsottini, Guimarães e Morais (2006), com 46 judocas o
joelho também foi o segmento mais acometido com 23% das lesões, seguido por dedos da
mão e pés em 22% dos casos e o ombro aparece em terceiro lugar com 16%.
Já o estudo de Carazzato, Cabrita e Castropil (1996), com 129 judocas encontrou em
primeiro lugar as lesões em ombro com 72,13%, seguida de lesões em joelho com 63,9%.
Da mesma forma os estudos de Detanico e Santos (2007), e de Oliveira e Pereira (2008),
também encontraram em primeiro lugar as lesões em ombro seguidas por lesões em joelho.
Porém no estudo de Carvalho et al. (2009) pode se observar o joelho em terceiro lugar na
incidência de lesões (22,7%), sendo as mais incidentes as lesões de ombro em 28,9% dos
casos.
No presente estudo não foi possível identificar o tipo de lesão mais incidente, uma
vez que 60% dos atletas participantes não souberam relatar qual lesão exatamente havia
ocorrido. Foi encontrada, em menores porcentagens, a ocorrência de fraturas e entorses,
ambas em 10% dos casos, e lesão de menisco, estiramento muscular, ruptura de LCA e
luxação cada uma com 5%. No estudo de Carvalho et al. (2009) os tipos de lesões mais
incidentes foram as contusões, seguidas por entorses e luxações. Da mesma forma Oliveira
e Pereira (2008) também encontraram as contusões como o tipo mais incidente de lesões
no judô com 26,32%, seguidas por entorse e lesões musculares, com 17,54% cada.
Dos judocas que sofreram lesões 52,6% procuraram atendimento médico, porém
73,7% realizaram algum tipo de tratamento, o que indica que 21,1% destes judocas
realizaram tratamento sem orientação médica. Do total de judocas que realizaram algum
tipo de tratamento, 21,4% relataram que houve retorno do problema, porém os dados
obtidos nesta pesquisa não sugerem relação entre algum tipo de tratamento e a recorrência
da lesão.
O tipo de tratamento mais realizado foi o medicamentoso em 64,3% dos casos,
seguido por aqueles que realizaram tanto o tratamento medicamentoso como o
fisioterapêutico e aqueles que além da associação entre o tratamento medicamentoso e o
fisioterapêutico realizaram também tratamento cirúrgico, ambos com 14,3% dos casos, e
apenas 7,1% realizaram somente a fisioterapia. Da mesma forma no estudo de Oliveira,
Monnerat e Pereira (2010), o tratamento mais utilizado também foi o medicamentoso em
71,43% dos casos, e do total de lesionados 40% realizaram fisioterapia. Já o estudo de
Carvalho et al. (2009) encontrou como tratamento mais utilizado a fisioterapia, em 52,3%
dos casos, seguido pelo tratamento medicamentoso com 38,5% e 7,7% foram submetidos a
tratamento cirúrgico.
Em relação à queixa principal dos judocas lesionados foi verificado que a dor foi a
queixa mais prevalente, estando presente em 84,2% dos atletas. Porém, supõe se que não
implicou em grandes limitações para estes indivíduos, caso contrário o índice de procura por
atendimento médico teria sido maior.
Todos os judocas que realizaram fisioterapia relataram que ficaram satisfeitos com
os resultados obtidos, e dos judocas que realizaram tratamento medicamentoso apenas
7,7% relataram não ter alcançado bons resultados. O mesmo achado foi encontrado por
Carvalho et al. (2009), onde os participantes também demonstraram satisfação em relação à
fisioterapia. Uma vez que a média das respostas obtidas quando questionados quanto à
importância do tratamento fisioterapêutico em sua reabilitação foi de 8,77, sendo que 0
significava nada importante e 10 significava extremamente importante.
Quanto à volta às atividades após a lesão 89,5% dos judocas afirmaram ter um
desempenho igual ao do período anterior a lesão. Da mesma forma, no estudo de Carvalho
et al. (2009), verificou-se que o desempenho dos atletas no retorno às atividades foi muito
semelhante ao período anterior, uma vez que a média de respostas obtidas foi de 6,08,
onde 0 representava um desempenho péssimo comparado ao período anterior a lesão, 5
significava um desempenho igual e 10 representava um rendimento excelente.
Em todos os treinamentos é comum a prática de aquecimento e alongamentos antes
de iniciar o treino técnico, como forma de prevenir ou minimizar a ocorrência de lesões.
Neste estudo todos os voluntários participantes afirmaram realizar antes dos treinamentos e
das competições atividades que visavam a prevenção de lesões, sendo que nenhum deles
as realizava após a prática esportiva. Do total de voluntários participantes apenas 13,3%
fizeram uso de equipamentos de proteção que podem auxiliar na prevenção. Dentre estes
judocas que fizeram uso de equipamentos de proteção todos já sofreram algum tipo de
lesão decorrente da prática do judô.
Da mesma forma o estudo de Carvalho et al. (2009), verificou que a maioria dos
atletas realizava aquecimento e alongamentos apenas antes do treinamento em 79,9% dos
casos, sendo que 10,3% dos atletas nunca realizavam alongamento e aquecimento, 7,7%
realizavam antes e depois dos treinamentos e 5,1% realizavam somente depois dos treinos.
Soares (2003), afirma que o aquecimento antes dos treinamentos é extremamente
importante para evitar a ocorrência de lesões, assim como exercícios de alongamento e
fortalecimento muscular, sendo importante também realizar o relaxamento após sessões de
exercícios intensos.
Pelo que se pode observar durante os treinamentos das equipes de judô
participantes do presente estudo, as atividades de aquecimento e alongamento antes dos
treinos são bem elaboradas e realizadas de forma a se tornarem efetivas na prevenção de
lesões, sendo que ambas as equipes dedicam de um terço a cerca de metade do tempo de
treinamento a estas atividades.
Chereneguini e Tonello (2008) afirmam que é de grande importância o conhecimento
das técnicas pelos treinadores, assim como os movimentos executados em cada golpe, a
fim de por meio deste conhecimento prescrever os treinamentos da melhor maneira
possível. Observou se também no presente estudo que os treinadores elaboram uma
rigorosa seqüência de atividades com uma visível preocupação em relação à aplicação dos
golpes, de modo que os atletas tenham consciência da importância da aplicação correta
para sua própria segurança e também de seus adversários.
Pode se sugerir a estas equipes a inserção de atividades que visem o fortalecimento
muscular, uma vez que a presença de desequilíbrio de força entre diferentes músculos
também pré dispõe a lesões. Assim como um trabalho de alongamento e relaxamento após
os treinos também pode auxiliar a reduzir os índices de lesões.
Sugere se também a realização de novos levantamentos que visem identificar
possíveis causas para estas lesões, a fim de verificar se há outras possibilidades de evitá-
las além das atividades preventivas citadas neste estudo.
6 CONCLUSÃO
No presente estudo, os resultados obtidos demonstraram que as lesões mais
comuns nos judocas das equipes do C.R.B. e A.D.P.M. de Bragança Paulista foram as
lesões em joelho, seguidas por lesões em ombro e lesões em mão. Não tendo sido possível
verificar qual foi o tipo mais incidente uma vez que os próprios judocas não souberam relatar
ou não receberam um diagnóstico conclusivo. A maioria das lesões ocorreu em período de
treinamento.
O tratamento destas lesões foi na maioria dos casos por meio de tratamento
medicamentoso, sendo que a fisioterapia em associação com o tratamento medicamentoso
aparece como o segundo recurso mais utilizado, porém com maior satisfação dos judocas
em relação aos resultados obtidos quando comparados aos resultados do tratamento
exclusivamente medicamentoso. As ações preventivas utilizadas foram o aquecimento e o
alongamento antes dos treinamentos e competições. Sendo que após a ocorrência das
lesões verificou-se que alguns judocas passaram a fazer uso de equipamentos de proteção.
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RODRIGUES, F. L.; WAISBERG, G. Entorse de tornozelo. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v.55, n.5, pp.510-511, 2009.
SANTOS, Saray Giovana dos; DUARTE, Maria de Fátima da Silva; GALLI, Mauro Luciano. Estudo de algumas variáveis físicas como fatores de influência nas lesões em judocas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.3, n.1,
pp.42-54, 2001.
SANTOS, S. G.; MELO, S. I. L. Os “ukemis” e o judoca: significado, importância, gosto e desconforto. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano,
Florianópolis, v.5, n.2, pp.33-43, 2003.
SILVA, Rogério Teixeira da. Lesões do membro superior no esporte. Revista Brasileira Ortopedia, São Paulo, v.45, n.2, pp.122-131, 2010.
SOARES, S. T. M. Trabalho preventivo para lesões de ombro e cintura escapular em atletas amadores de judô. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.11, n.1, pp.29-
34, jan. 2003.
TOO, Henji Tsu. Judô: Caminho suave. São Paulo: Brasipal, 2004.
WHITING, William Charles; ZERNICKE, Ronald F. Biomecânica da lesão musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
YOSHITOMI, S. K. et al. Respostas posturais à perturbação externa inesperada em judocas de diferentes níveis de habilidade. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v.12, n.3, pp.159-163, mai./jun. 2006.
ANEXOS
ANEXO I – Questionário
Questionário
Este questionário é destinado ao trabalho de conclusão de curso de Fisioterapia da Universidade
São Francisco, e tem como objetivo verificar quais lesões tem maior incidência no judô.
Nome: ________________________________________________________________________
Data de nascimento: _________ Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
Endereço do atleta: _____________________________________________________________
Telefone do atleta: _______________ Graduação do atleta (cor da faixa): ________________
Tempo no esporte: _______________ Idade iniciante no esporte: _______________________
Treina frequentemente? ( ) Sim ( ) Não Competidor ( ) Não Competidor ( )
Quantas vezes por semana? _______ Tempo de duração do treino? _________________
Em qual academia treina? ____________ Qual o nome de seu professor? _______________
Qual é seu lado dominante? ( ) Direito ( ) Esquerdo ( ) Ambos
Qual é seu golpe preferido? ______________________________________________________
Já teve alguma lesão?
( ) Sim. Qual? ____________________________ Em campeonato ( ) Em treino ( )
( ) Não
Consultou algum ortopedista ou fisiatra?
( ) Sim. Qual?___________________________
( ) Não
Qual foi a data da consulta? _____________________________________________
Foi realizado algum exame?
( ) Sim. Qual/Quais? _________________________________
( ) Não
O que foi diagnosticado? _______________________________________________
Quais os sintomas? ___________________________________________________
Qual é a sua maior queixa? _____________________________________________
Qual foi o golpe aplicado no momento da lesão? ___________________________
Tem ou tinha alguma dificuldade de realizar suas atividades normais devido à lesão?
( ) Sim. Quais? _____________________________________
( ) Não
Realizou tratamento?
( ) Sim. Qual? ______________________________________
( ) Não. Por quê? ___________________________________
Fez ou faz uso de algum tratamento medicamentoso?
( ) Sim. Qual foi o medicamento? __________________ Por quanto tempo? _________________
( ) Não
Obteve um bom resultado com o uso da medicação?
( ) Sim ( ) Não
Fez fisioterapia regularmente ou faz? ( ) Sim. Quantas sessões? _________ ( ) Não
Qual foi o tratamento aplicado na fisioterapia?
_________________________________________________________________________________
Obteve um bom resultado? ( ) Sim ( ) Não
Após o termino do tratamento, houve retorno do problema?
( ) Sim. De qual lesão? _______________________________
Quanto tempo depois? _______________________________
( ) Não
Tem um desempenho: ( ) Melhor ( ) Pior ( ) Igual
Tem o hábito de fazer alongamentos e/ou fortalecimentos, como meio de prevenção a lesões?
( ) Sim. Quais? __________________________________________
( ) Não. Por quê? ________________________________________
Fez ou faz uso de algum equipamento de proteção para prevenir as lesões? Qual? (joelheiras,
cotoveleiras, faixas, tornozeleiras...)
_________________________________________________________________________________
Agradecemos a colaboração!
Anexo II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para adultos
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (1ª via)
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES EM ATLETAS DE JUDÔ
Eu,..............................................................................................................................,
RG........................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para
participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s)
pesquisador(es) Profº Sérgio Jorge e de Fabiana de Oliveira do Nascimento, do Curso de
Fisioterapia da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1- O objetivo do presente estudo é realizar um levantamento epidemiológico para
caracterizar as lesões mais comuns em atletas de judô.
2- Durante o estudo será utilizado como instrumento de pesquisa a aplicação de um
questionário com 36 questões, com o objetivo de verificar quais lesões tem maior incidência
no judô, respondido de próprio punho, em um período de 2 meses.
3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
sua participação na referida pesquisa;
4- A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não apresentam riscos conhecidos
à sua saúde física e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto
emocional.
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que
não me causará nenhum prejuízo;
6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 24548981;
8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Profº Sérgio Jorge, sempre
que julgar necessário pelo telefone (11) 2454-8236 / (19) 3343-6819;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável.
___________________, _____________
Local data
Assinatura do participante:
___________________________________
Anexo III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para menores de idade
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (1ª via)
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES EM ATLETAS DE JUDÔ
Eu, ........................................................................................ RG ........................ abaixo
assinado responsável legal de........................................................, dou meu consentimento
livre e esclarecido para que ele(a) participe como voluntário do projeto de pesquisa
supracitado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) Profº Sérgio Jorge e de Fabiana
de Oliveira do Nascimento, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1- O objetivo do presente estudo é realizar um levantamento epidemiológico para
caracterizar as lesões mais comuns em atletas de judô.
2- Durante o estudo será utilizado como instrumento de pesquisa a aplicação de um
questionário com 36 questões, com o objetivo de verificar quais lesões tem maior incidência
no judô, respondido de próprio punho, em um período de 2 meses.
3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
sua participação na referida pesquisa;
4- A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não apresentam riscos conhecidos
à sua saúde física e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto
emocional.
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa, bem
como ele estará livre para interromper a sua participação, não havendo qualquer prejuízo
decorrente da decisão;
6 – Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 24548981;
8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Profº Sérgio Jorge, sempre
que julgar necessário pelo telefone (11) 2454-8236 / (19) 3343-6819;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável.
_________________, _____________
Local data
Assinatura do responsável legal:
_________________________________