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Pag 104 A autoridade que dirigisse toda a atividade econômica controlaria não só o aspecto da nossa existência que envolve as questões inferiores; controlaria também a alocação dos meios escassos e os fins a que seriam destinados. Quem controla toda a atividade econômica também controla os meios que deverão servir a todos os nossos fins; decide, assim, quais deles serão satisfeitos e quais não o serão. É este o ponto crucial da questão. O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de todos os nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menor importância – em suma, determinará aquilo em que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se. Planejamento central significa que o problema econômico será resolvido pela comunidade e não pelo indivíduo; isso, porém, implica que caberá à comunidade, ou melhor, aos seus representantes, decidir sobre a importância relativa das diferentes necessidades. o planejamento econômico importaria o controle da quase totalidade da nossa vida Não só decidiria quais as mercadorias e serviços a serem oferecidos, e em que quantidades; mas estaria em condições de dirigir sua distribuição entre diferentes regiões e grupos e poderia, se assim o desejasse, discriminar entre as pessoas como bem entendesse Hayek (1990) parte de uma crítica ao socialismo (que define como um regime em que a economia é planificada) para tentar demonstrar que o liberalismo econômico é a melhor e única forma de garantir a liberdade às pessoas. Afirma que a planificação e a centralização de poder propostas no socialismo consistem nos mesmos métodos utilizados pelos regimes totalitários (nazismo e fascismo), e levam ao mesmo tipo de "escravidão". A diferença entre socialismo e nazismo/fascismo seria quanto aos fins almejados: enquanto nos últimos estão relacionados à ampliação de território e a razões ligadas à eugenia, no primeiro caso, o fim seria "maior justiça e eqüidade". Todavia, Hayek (1990)

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A autoridade que dirigisse toda a atividade econômica controlaria não só o aspecto da nossa existência que envolve as questões inferiores; controlaria também a alocação dos meios escassos e os fins a que seriam destinados. Quem controla toda a atividade econômica também controla os meios que deverão servir a todos os nossos fins; decide, assim, quais deles serão satisfeitos e quais não o serão. É este o ponto crucial da questão. O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de todos os nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menor importância – em suma, determinará aquilo em que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se. Planejamento central significa que o problema econômico será resolvido pela comunidade e não pelo indivíduo; isso, porém, implica que caberá à comunidade, ou melhor, aos seus representantes, decidir sobre a importância relativa das diferentes necessidades.

o planejamento econômico importaria o controle da quase totalidade da nossa vida

Não só decidiria quais as mercadorias e serviços a serem oferecidos, e em que quantidades; mas estaria em condições de dirigir sua distribuição entre diferentes regiões e grupos e poderia, se assim o desejasse, discriminar entre as pessoas como bem entendesse

Hayek (1990) parte de uma crítica ao socialismo (que define como um regime em que a economia é planificada) para tentar demonstrar que o liberalismo econômico é a melhor e única forma de garantir a liberdade às pessoas. Afirma que a planificação e a centralização de poder propostas no socialismo consistem nos mesmos métodos utilizados pelos regimes totalitários (nazismo e fascismo), e levam ao mesmo tipo de "escravidão". A diferença entre socialismo e nazismo/fascismo seria quanto aos fins almejados: enquanto nos últimos estão relacionados à ampliação de território e a razões ligadas à eugenia, no primeiro caso, o fim seria "maior justiça e eqüidade". Todavia, Hayek (1990) afirma que a planificação e a centralização de poder são as reais causas da "servidão", e que, mesmo que o objetivo almejado seja louvável (como no caso do socialismo), os meios para atingi-lo são equivocados

A crítica que Hayek (1990) faz ao socialismo (particularmente ao stalinismo) é pertinente em vários aspectos, notadamente porque aponta a centralização de poder como um fator que reduz e até mesmo elimina a liberdade, da mesma forma como nos regimes totalitários. A grande questão em sua linha argumentativa está no que vem adiante: sendo o socialismo um regime que elimina a liberdade, esta somente pode ser garantida por meio da aplicação da doutrina liberal. Então, para ele, somente existem duas possibilidades de organização da sociedade e do Estado: socialismo de economia planificada ou liberalismo.

 Hayek (1990, p. 134) defende a tese de que, nos regimes totalitários, somente os piores chegam ao poder. Primeiro, porque os ditadores necessitam de alto grau de

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uniformidade e semelhança de pontos de vista entre os indivíduos, e isso só é possível nas camadas em que os padrões morais e intelectuais são inferiores, e prevalecem os instintos mais primitivos e comuns (Hayek, 1990, p.137). Sendo assim, o ditador conseguirá, então, apoio dos dóceis e simplórios, que não têm convicções fortes, mas aceitam um sistema de valores imposto, desde que seja apregoado com bastante estrépito e insistência.

Há uma outra razão para a subida dos piores, ainda mais importante: o ditador somente consegue criar um grupo homogêneo de apoiadores quando suscita no povo o ódio a um inimigo ou inveja dos que estão em melhor situação. Em suma, os piores chegam ao poder porque somente chega ao poder quem é capaz de criar uma inimizade entre o povo dominado e um inimigo escolhido (judeus, kulaks, terroristas). A antítese nós e eles, a luta comum contra os que se acham fora do grupo, parece um ingrediente essencial a qualquer ideologia capaz de unir solidamente um grupo visando à ação comum (Hayek, 1990, p. 137).

Outras características dos regimes totalitários também nos remetem aos EUA do século XX: a propaganda utilizada para minimizar o sentimento de opressão na população e produzir uma característica de padronização das mentes, e a criação de mitos para justificar os atos do líder totalitário, com a adoção de teorias que fornecem justificativas racionais para o preconceito que o líder pretende disseminar (Hayek, 1990, p. 150). Também é interessante analisar o mecanismo de perversão da linguagem utilizado pelos líderes totalitários, com a deliberada mudança no sentido das palavras que expressam os ideais dos novos regimes. Hayek afirma que as palavras mais utilizadas por tais líderes são liberdade, justiça, lei, direito e igualdade, sendo que a primeira (liberdade) é sempre a mais deturpada.

HANNAH

PAG 25 A lei pela qual este processo se desenvolveu era até bem simples: cada classe da sociedade que entrava em conflito com o estado como tal, tornava-se antissemita porque somente o grupo social que parecia representar o estado eram os Judeus. E a única classe que provou estar quase imune da propaganda antissemita foram os trabalhadores que, absorvidos na luta de classes e equipados com a explicação marxista da história, nunca entraram em conflito direto com o estado mas apenas com outra classe da sociedade, a burguesia, a qual os Judeus certamente não representavam, e da qual nunca foram parte significativa”.

entretanto, para compreender o totalitarismo, uma das análises importantes de ARENDT está em seu estudo sobre os movimentos pan, em que disseca o surgimento de dois movimentos nacionalistas: o pan-germanismo e o pan-eslavismo. O pan-germanismo teria dado origem ao nazismo, e o pan-eslavismo teria originado o bolchevismo. No nazismo, o pan-germanismo representou o nacionalismo alemão, e no bolchevismo, o pan-eslavismo criou o espírito da ‘revolução em um só país’ estabelecido por Stalin.

Ambos eram movimentos antissemitas. Os movimentos pan tinham apelo popular intenso, eles procuravam representar a consciência do povo dentro dos marcos do estado-nação.

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como os judeus formavam uma comunidade cosmopolita, sem interesses paroquiais, não se deixaram sensibilizar pelos movimentos pan,

Eis aí como se coloca em marcha o fascismo: a raça assume a identidade, e não as noções abstratas de liberdade, igualdade e fraternidade.

 A Primeira Grande Guerra explodiu a comunidade Europeia de nações, além de qualquer reparo, algo que nenhuma outra guerra jamais fez. A inflação destruiu toda uma classe de pequenos proprietários, além da esperança de recuperação ou nova formação, algo que nenhuma crise monetária jamais fez de forma tão radical anteriormente.

O desemprego, quando surge alcançando proporções fabulosas, não estava mais restrito aos trabalhadores, mas se apoderado de todas as nações a menos de insignificantes exceções. As guerras civis que se seguiram e se espalharam pelos vinte anos de paz inquieta foram não apenas sangrentas e mais crueis que suas predecessoras; elas foram seguidas por migração de grupos que, ao contrário de suas antecedentes nas guerras religiosas, não eram bem-vindas em lugar algum e não podiam ser assimiladas onde quer que fosse.

HAYEK A democracia é, em essência, um meio, um instrumento utilitário para salvaguardar a paz interna e a liberdade individual. E, como tal, não é, de modo algum, perfeita ou infalível.

Tampouco devemos esquecer que muitas vezes houve mais liberdade cultural e espiritual sob os regimes autocráticos do que em certas democracias – e é concebível que, sob o governo de uma maioria muito homogênea e ortodoxa, o regime democrático possa ser tão opressor quanto a pior das ditaduras. Não queremos dizer, contudo, que a ditadura leva inevitavelmente à abolição da liberdade, e sim que a planificação conduz à ditadura porque esta é o instrumento mais eficaz de coerção e de imposição de ideais, sendo, pois, essencial para que o planejamento em larga escala se torne possível.

É injustificado supor que, enquanto o poder for conferido pelo processo democrático, ele não poderá ser arbitrário. Essa afirmação pressupõe uma falsa relação de causa e efeito: não é a fonte do poder, mas a limitação do poder, que impede que este seja arbitrário. O Planificação e Democracia 87 controle democrático pode impedir que o poder se torne arbitrário, mas a sua mera existência não assegura isso. Se uma democracia decide empreender um programa

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que implique necessariamente o uso de um poder não pautado por normas fixas, este se tornará um poder arbitrário

A democracia exige que as possibilidades de controle consciente se restrinjam aos campos em que existe verdadeiro acordo, e que, em certos campos, se confie no acaso: este é o seu preço.

Mas numa sociedade cujo funcionamento está subordinado ao planejamento central não se pode fazer com que esse controle dependa da possibilidade de um acordo de maioria; muitas vezes será necessário impor ao povo a vontade de uma pequena minoria, porque esta constitui o grupo mais numeroso capaz de chegar a um acordo sobre a questão em debate. O governo democrático funcionou de modo satisfatório nos casos em que, por força de uma convicção amplamente difundida, as funções governamentais se restringiam aos campos em que se podia alcançar um acordo de maioria pelo livre debate – e só funcionou enquanto isso foi possível. O grande mérito da doutrina liberal é ter reduzido a gama de questões que dependem de consenso a proporções adequadas a uma sociedade de homens livres.

DEMOCRACIA BOBBIO

NA TEORIA DA DEMOCRACIA CONFLUEM TRÊS TRADIÇÕES HISTÓRICAS. — Na teoria contemporânea da Democracia confluem três grandes tradições do pensamento político: a) a teoria clássica, divulgada como teoria aristotélica, das três formas de Governo, segundo a qual a Democracia, como Governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania, se distingue da monarquia, como Governo de um só, e da aristocracia, como Governo de poucos; b) a teoria medieval, de origem "romana, apoiada na soberania popular, na base da qual há a contraposição de uma concepção ascendente a uma concepção descendente da soberania conforme o poder supremo deriva do povo e se torna representativo ou deriva do príncipe e se transmite por delegação do superior para o inferior; c) a teoria moderna, conhecida como teoria de Maquiavel, nascida com o Estado moderno na forma das grandes monarquias, segundo a qual as formas históricas de Governo são essencialmente duas: a monarquia e a república, e a antiga Democracia nada mais é que uma forma de república (a outra é a aristocracia), onde se origina o intercâmbio característico do período pré-revolucionário entre ideais democráticos e ideais republicanos e o Governo genuinamente popular é chamado, em vez de Democracia, de república. O problema da Democracia, das suas características, de sua importância ou desimportância é, como se vê, antigo. Tão antigo quanto a reflexão sobre as coisas da política, tendo sido reproposto e reformulado em todas as épocas. De tal maneira isto é verdade, que um exame do debate contemporâneo em torno do conceito e do valor da Democracia não pode prescindir de umareferência, ainda que rápida, à tradição.

AUTORISTARISMO

Na tipologia dos sistemas políticos, são chamados de autoritários os regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de

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um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas. Nesse contexto, a oposição e a autonomia dos subsistemas políticos são reduzidas à expressão mínima e as instituições destinadas a representar a autoridade de baixo para cima ou são aniquiladas ou substancialmente esvaziadas. comando apodítico e obediência incondicional caracterizam o AutoritarismoÉ claro, por conseguinte, que do ponto de vista dos valores democráticos, o Autoritarismo é uma manifestação degenerativa da autoridade. Ela é uma imposição daobediência e prescinde em grande parte do consenso dos súditos, oprimindo sua liberdade. Autoritarismo é um dos conceitos que, tal como "ditadura" e totalitarismo", surgiram e foram usados em contraposição a "democracia", pretendendo-se acentuar num caso ou noutro parâmetros antidemocráticos.ideologias autoritárias são ideologias da ordem e distinguem-se daquelas que tendem à transformação mais ou menos integral da sociedade, devendo entre elas ser incluídas as ideologias totalitárias.

DEFINIÇÃO QUE QUERO: Em sentido generalíssimo, fala-se de regimes autoritários quando se quer designar toda a classe de regimes antidemocráticos. A oposição entre Autoritarismo e democracia está na direção em que é transmitida a autoridade, e no grau de autonomia dos subsistemas políticos (os partidos, os sindicatos e todos os grupos de pressão em geral). Debaixo do primeiro perfil, os regimes autoritários se caracterizam pela ausência de Parlamento e de eleições populares, ou, quando tais instituições existem, pelo seu caráter meramente cerimonial, e ainda pelo indiscutível predomínio do poder executivo. No segundo aspecto, os regimes autoritários se distinguem pela ausência da liberdade dos subsistemas, tanto no aspecto real como no aspecto formal, típica da democracia. A oposição política é suprimida ou obstruída. O pluralismo partidário é proibido ou reduzido a um simulacro sem incidência real. A autonomia dos outros grupospoliticamente relevantes é destruída ou tolerada enquanto não perturba a posição do poder do chefe ou da elite governante.Ex.: despotismo oriental até ao império romano, desde as tiranias gregas até às senhorias italianas, desde a moderna monarquia absoluta até à constitucional detipo prussiano, desde os sistemas totalitários até às oligarquias modernizantes ou tradicionais dos países em desenvolvimento.

três formas de regimes autoritários, segundo observações de Samuel P. Huntington e de Clemente H. Moore: os regimes sem partidos, que correspondem habitualmente a níveis bastante baixos de mobilização social e de desenvolvimento político (Etiópia de Hailé Selassié, por exemplo); os regimes de partido único — no sentido real e não formal da expressão — que são os mais numerosos (a União Soviética, por exemplo); e, mais raramente, os regimes pluripartidários em que diversos partidos convencionam em não competir entre si, produzindo resultados funcionais muito semelhantes àqueles que encontramos no monopartidarismo (caso da Colômbia).

Nos regimes autoritários a penetração-mobilização da sociedade é limitada: entre Estado e sociedade permanece uma linha de fronteira muito precisa.Para alcançar seus objetivos, os Governos autoritários podem recorrer apenas aos instrumentos tradicionais do poder político: exército, polícia, magistratura e burocracia.

O sociólogo político luan Linz, que é dos autores que mais contribuíram para precisar a distinção entre "Autoritarismo" e "totalitarismo" na tipologia dos

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sistemas políticos contemporâneos, propõe esta definição: "Os regimes autoritários são sistemas políticos com um pluralismo político limitado e nãoresponsável; sem uma ideologia elaborada e propulsiva, mas com mentalidade característica; sem uma mobilização política intensa ou vasta, exceçãofeita em alguns momentos de seu desenvolvimento; e onde um chefe, ou até um pequeno grupo, exerce o poder dentro dos limites que são formalmente maldefinidos mas de fato habilidosamente previsíveis". O primeiro ponto diz respeito ao pluralismo político: um pluralismo limitado de direito e de fato, mais tolerado do que reconhecido e não responsável, no sentido de que o recrutamento político de indivíduos provenientes das diversas forças sociais não se baseia sobre um princípio operante de represen-tatividade dessas forças sociais, mas sobre escolha e preferência do alto. O segundo ponto destaca o baixo grau de organização e de elaboração con-ceptual das teorias que justificam o poder dos regimes autoritários e, por conseqüência, a sua modesta dinâmica propulsiva. Oterceiro ponto acentua a escassa participação da população nos organismos políticos e parapolíticos, que caracteriza os regimes autoritários estabilizados,Finalmente, o quarto aspecto torna claro o fato de que o poder do chefe ou da elite governante se exerce dentro de limites bastante definidos, mesmoquando não estão estabelecidos formalmente. Estes limites estão evidentemente ligados a outros aspectos dos regimes autoritários: o pluralismo moderado, afalta de uma ideologia propulsiva, escassa mobilização e ausência de um eficiente partido de massa.TOTALITARISMO

Na Itália, começou-se a falar de Estado "totalitário" por volta da metade da década de 20 para significar, no nível de avaliação, as características do Estado fascistaem oposição ao Estado liberal. Na Alemanha nazista, o termo, ao contrário, teve pouca voga, preferindo-se falar de Estado "autoritário".

Entretanto, a expressão começava a ser usada para designar todas as ditaduras monopartidárias, abrangendo tanto as fascistas quantoas comunistasCarlton H. Hayes descreveu algumas características originais do Governo totalitário e especialmente a monopolização de todos os poderes no seio da sociedade, a necessidade de gerar uma sustentação de massa, o recurso às modernas técnicas de propaganda

Totalitarismo para designar, com uma conotação fortemente derrogatória, todas ou algumas ditaduras monopartidárias fascistas ou comunistas se generalizou somente após a Segunda Guerra Mundial.

Segundo H. Arendt, o Totalitarismo é uma forma de domínio radicalmente nova porque não se limita a destruir as capacidades políticas do homem, isolando-o em relação à vida pública, como faziam as velhas tiranias e os velhos despotismos, mas tende a destruir os próprios grupos e instituições que formam o tecido das relações privadas do homem, tornando-o estranho assim ao mundo e privando-o até de seu próprio eu. o fim do Totalitarismo é a transformação da natureza humana, a conversão dos homens em "feixes de recíproca reação", e tal fim é perseguido mediante uma combinação, especificamente totalitária, de ideologia e de terror.

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A ideologia totalitária pretende explicar com certeza absoluta e de maneira total o curso da história. Torna-se, por isso, independente de toda experiência ou verificação fatual e constrói um mundo fictício e logicamente coerente do qual derivam diretrizes de ação, cuja legitimidade é garantida pela conformidade com a lei da evolução histórica.

Torna-se, por isso, independente de toda experiência ou verificação fatual e constrói um mundo fictício e logicamente coerente do qual derivam diretrizes de ação, cuja legitimidade é garantida pela conformidade com a lei da evolução histórica. Esta lógica coativa da ideologia, perdido todo contato com o mundo real,tende a colocar na penumbra o próprio conteúdo ideológico e a gerar um movimento arbitrário e permanente. O terror totalitário, por sua vez, serve para traduzir, na realidade, o mundo fictício da ideologia e confirmá-la, tanto em seu conteúdo, quanto, e sobretudo, em sua lógica deformada.

Isso atinge, na verdade, não apenas os inimigos reais (o que acontece na fase da instauração do regime), mas também e especialmente os inimigos "objetivos", cujaidentidade é definida pela orientação políticoideológica do Governo mais do que pelo desejo desses inimigos em derrubá-lo. E na fase mais extrema atingetambém vítimas escolhidas inteiramente ao acaso. O terror total que arregimenta as massas de indivíduos isolados e as sustenta num mundo que, segundo elas,se tornopu deserto torna-se por isso um instrumento permanente de Governo e constitui a própria essência do Totalitarismo, enquanto a lógica dedutiva ecoercitiva da ideologia é seu princípio de ação. Ou seja, o princípio que o faz mover. A segunda teoria clássica, a de Carl J. Friedrich e de Zbigniew K. Brzezinski, define o Totalitarismo com base nos traços característicos que podem ser encontrados na organização dos regimes totalitários. Segundo esta colocação, o regime totalitário é resultante da união dos seis pontos seguintes: 1) uma ideologia oficial que diz respeito a todos os aspectos da atividade e da existência do homem e que todos os membros da sociedade devem abraçar, e que critica, de modo radical, o estado atual das coisas e que dirige a luta pela sua transformação; 2) um partido único de massa dirigido tipicamente por um ditador, estruturado de uma forma hierárquica, com uma posição de superioridade ou de mistura com a organizaçãoburocrática do Estado, composto por pequena percentagem da população, onde uma parte nutre apaixonada e inabalável fé na ideologia e está dispostaa qualquer atividade para propagá-la e atuá-la; 3) um sistema de terrorismo policial, que apóia e ao mesmo tempo controla o partido, faz frutificar a ciência moderna e especialmente a psicologia científica e é dirigido de uma forma própria, não apenas contra os inimigos plausíveis do regime, mas ainda contra asclasses da população arbitrariamente escolhidas; 4) um monopólio tendencialmente absoluto, nas mãos do partido e baseado na tecnologia moderna, da direçãode todos os meios de comunicação de massa, como a imprensa, o rádio e o cinema; 5) um monopólio tendencialmente absoluto, nas mãos do partido ebaseado na tecnologia moderna, de todos os instrumentos da luta armada; 6) um controle e uma direção central de toda a economia através da coordenação burocrática das unidades produtivas antes independentes. A combinação habilidosa de propaganda e de terror, tornada possível graças ao uso da tecnologia moderna e da moderna organização de massa, confere aos regimes totalitários uma força de penetração e de mobilização da sociedade qualitativamente nova em relação a qualquer regime autoritário ou despótico do passado e torna-os por isso um fenômeno político historicamente único

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Totalitarismo de

Esquerda

Totalitarismo de Direita

características

divergentes

abolição da

propriedade privada;

coletivização

obrigatória dos meios

de produção agrícola e

industrial;

supressão da religião

da esfera política

fundamentos

ideológicos no

socialismo.

forte apoio da

burguesia

industrial;

corporativismo nas

relações de

trabalho e tutela

estatal sobre as

organizações

sindicais

fundamentos

ideológicos em

valores tradicionais

(étnicos, culturais,

religiosos)

forte apoio da

religião.

características comuns regime de partido único (e um partido de

massas)

centralização dos processos de tomada de

decisão no núcleo dirigente do Partido Único

burocratização do aparelho estatal(dominação

legal)

intensa repressão a dissidentes políticos e

ideológicos

culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido

e do Estado(dominação carismática)

patriotismo, ufanismo e chauvinismo exacerbad

os

intensa presença de propaganda estatal e

incentivo ao patriotismo como forma de

organização dos trabalhadores

censura aos meios de comunicação e

expressão

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paranoia social e patrulha ideológica

militarização da sociedade e dos quadros do

Partido

expansionismo.

busca de um inimigo em comum para justificar o

endurecimento do regime(judeus,negros e

socialistas na doutrina nazifascista; burgueses

na doutrina stalinista)o totalitarismo de esquerda (stalinismo, maoismo e variações) representa o controle do poder político por um representante imposto dos trabalhadores, mas pressupõe uma revolução de fato no regime de propriedades, coletivizando os bens de produção e as terras, embora o objetivo final da teoria marxista pressuponha a abolição do próprio Estado. [carece de fontes]. As semelhanças entre os regimes de Stalin ou Mao com os de Hitler ou Mussolini limitam-se aos métodos — por isso não se pode de forma alguma confundir os dois modelos: respectivamente, um coletiviza a propriedade, o outro a mantém para a classe burguesa. [carece de fontes] Por outro lado, as semelhanças que estes extremos reúnem entre si são justamente os aspectos definidores do regime totalitário 

Totalitarismo de Esquerda Totalitarismo de direitaCaracterísticas divergentes

• abolição da propriedade privada;• coletivização obrigatória dos meios de produção agrícola e industrial;• supressão da religião da esfera política• fundamentos ideológicos no socialismo.

• forte apoio da burguesia industrial;• corporativismo nas relações de trabalho e tutela estatal sobre as organizações sindicais• fundamentos ideológicos em valores tradicionais (étnicos, culturais, religiosos)• forte apoio da religião.

Características comuns • regime de partido único (e um partido de massas)• centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo

dirigente do Partido Único• burocratização do aparelho estatal(dominação legal)

• intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos

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• culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado(dominação carismática)

• patriotismo, ufanismo e chauvinismo exacerbados• intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo

como forma de organização dos trabalhadores• censura aos meios de comunicação e expressão

• paranoia social e patrulha ideológica• militarização da sociedade e dos quadros do Partido

• expansionismo.• busca de um inimigo em comum para justificar o endurecimento

do regime(judeus,negros e socialistas na doutrina nazifascista; burgueses na doutrina stalinista)

LIBERALISMO

o Liberalismo é justamente o critério que distingue a democracia liberal das democracias não-liberais (plebiscitaria, populista, totalitária o Liberalismo é um fenômeno histórico que se manifesta na Idade Moderna e que tem seu baricentro na Europa (ou na área atlântica), embora tenhaexercido notável influência nos países que sentiram mais fortemente esta hegemonia cultural (Austrália, América Latina e, em parte, a Índia e o Japão).Co,ntra todas as possíveis formas de Estado absoluto, o Liberalismo, ao nível da organização social e constitucional da convivência, sempre estimulou, como instrumentos de inovação e transformação social, as instituições representativas isto é, a liberdade política, mediante a participação indireta dos cidadãos na vida política e a responsabilidade do Governo diante das assembleias e/ou dos eleitores) e a autonomia da sociedade civil como autogoverno local e associativo ou como espaço econômico (mercado) e cultural (opinião pública) no interior do Estado' não diretamente governado por ele

A defesa do indivíduo contra o poder (quer do Estado, quer da sociedade) foi, porém, sempre uma constante, a fim de ressaltar o valor moral original e autônomo de que o próprio indivíduo é portador. As guerras de religião, possibilitando a afirmação da liberdade religiosa, são o berço da liberdade moderna; todos os clássicos do Liberalismo se mantêm fiéis a esta reivindicação da liberdade ética do homem. Esta defesa da autonomia moral do indivíduo provoca uma concepção de relativismo, que aceita o pluralismo dos valores como algo positivo para toda a sociedade, a importância da dissenção. do debate e da crítica e não recua diante do conflito e da competição. A única limitação, para o conflito e a competição, é a necessidade de sua institucionalização, nos costumes mediante a tolerância, na política mediante instituiçõessignificativas, que garantam o debate (o parliamentum), e mediante normas jurídicas gerais, uma vez que somente no direito é possível encontrar um critério de coexistência entre as liberdades e/ou as arbitrariedades dos indivíduos Com isto, pode-se afirmar que a concepção liberal é essencialmente competitiva, visto estar orientada a colocar os indivíduos na condição máxima de autorealização, de onde adviria um bem para toda a

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sociedade. Acredita na competição e no conflito, visto somente estes poderem selecionar aristocracias naturais e espontâneas, elites abertas, capazes de impedir a mediocridade do conformismo de massa,administrado por uma rotina burocrática

PRÉ 1GM

Pode-se afirmar que a Primeira Guerra foi produto das tensões que se

formaram na Europa a partir da segunda metade do século XIX. Nesse

período, a propagação do nacionalismo e do imperialismo (tanto no

sentido político quanto no sentido econômico, ver: Imperialismo)

provocou a formação dos Estados nacionalistas por meio de

processos como a Unificação Alemã e a Unificação Italiana . A

Alemanha, especificamente, promoveu sua unificação com a Prússia

usando como mote principal a rivalidade com

a França. A Guerra Franco-Prussiana, de 1870, ainda preservava

características das guerras com exércitos aristocráticos, cujos

soldados pautavam-se de valores, como a honra, e as batalhas eram

travadas em campos específicos. Com a guerra iniciada em 1914,

essas características foram diluídas.

Esses países nacionalistas, na virada do século XIX para o século XX,

também se tornaram potências econômicas e militares e pretendiam

expandir seus domínios para outras regiões, como o continente

africano e asiático. Tal fenômeno ficou conhecido

como Neocolonialismo. Além disso, havia projetos de blocos

nacionalistas no continente europeu. O Pan-

eslavismo (nacionalismo eslavo, encabeçado pela Rússia czarista) e

o Pangermanismo (nacionalismo germânico, comandado pela

Alemanha e pela Áustria) eram as principais expressões desses

projetos. A região dos Bálcãs, local onde se encontravam países como

Bósnia e Sérvia, era o centro dos conflitos entre os interesses

germânicos e eslavos. A Rússia apoiava a criação do Estado da

“Grande Sérvia”, enquanto o Império Áustro-Húngaro repudiava tal

ideia, ao tempo em que lançava tentativas de influência política sobre

a mesma região.

Essa tensão local logo se avolumou para proporções maiores. Na

década de 1890, a Alemanha, que apoiava as investidas do Império

Áustro-Húngaro, era uma das nações mais militarizadas da Europa e

representava uma ameaça crescente à França e à Inglaterra, que era

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um dos maiores impérios da época. Alemanha, Áustria-Hungria e

Itália formaram uma aliança político-militar que ficou conhecida

como Tríplice Aliança. A Rússia, por sua vez, aliou-se à França (rival

histórica da Alemanha) e à Inglaterra, formando assim

a Tríplice Entente. Dessas duas alianças nasceu a guerra em âmbito

continental, que logo se estendeu para todo o globo

Vários problemas atingiam as principais nações europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.

Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.

Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.

O pangermanismo e o pan-eslavismo também influenciaram, fazendo com que aumentasse ainda mais o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.

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IcAssinado em 28 de junho de 1919, o Tratado de Versalhes foi um acordo de paz assinado pelos países europeus, após o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Neste Tratado, a Alemanha assumiu a responsabilidade pelo conflito mundial, comprometendo-se a cumprir uma série de exigências políticas, econômicas e militares. Estas exigências foram impostas à Alemanha pelas nações vencedoras da Primeira Guerra, principalmente Inglaterra e França. Em 10 de janeiro de 1920, a recém criada Liga das Nações (futura ONU) ratificou o Tratado de Versalhes.

Algumas exigências impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes:

- reconhecimento da independência da Áustria;- devolução dos territórios da Alsácia-Lorena à França;- devolução à Polônia das províncias de Posen e Prússia Ocidental;- as cidades alemãs de Malmedy e Eupen passariam para o controle da Bélgica;- a província do Sarre passaria para o controle da Liga das Nações por 15 anos;- a região da Sonderjutlândia deveria ser devolvida à Dinamarca- pagamento aos países vencedores, principalmente França e Inglaterra, uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. Este valor foi estabelecido em 269 bilhões de marcos.- proibição de funcionamento da aeronáutica alemã (Luftwaffe)- a Alemanha deveria ter seu exército reduzido para, no máximo, cem mil soldados;- proibição da fabricação de tanques e armamentos pesados;- redução da marinha alemã para 15 mil marinheiros, seis navios de guerra e seis cruzadores;

Consequências →

As fortes imposições do Tratado de Versalhes à Alemanha, fez nascer neste país um sentimento de revanchismo e revolta entre a população. A indenização absurda enterrou de vez a economia alemã, já abalada pela guerra. As décadas de 1920 e 1930 foram marcadas por forte crise moral e econômica na Alemanha (inflação, desemprego, desvalorização do marco). Terreno fértil para o surgimento e crescimento do nazismo que levaria a Alemanha para um outro conflito armado, a Segunda Guerra Mundial.Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, e uma restrição ao tamanho do exército,e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.

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No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 mil milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.

Tratado de Versalhes foi um tratado de paz que determinou os

termos de paz na Europa pondo fim oficialmente à Primeira Guerra

Mundial. A data de sua assinatura é 28 de junho de 1919 e teve lugar

na cidade de Versalhes, antiga residência do monarca da França.

Além do acerto da paz entre os beligerantes, este documento

abordava também a criação da Liga das Nações, organização

destinada a promover a paz e a prevenir conflitos entre seus

membros.

O tratado foi negociado durante

cerca de seis meses de deliberações, contados a partir

do armistício de novembro de 1918, que pôs fim aos combates

propriamente ditos. O ponto principal do tratado estipulava que a

Alemanha seria apontada como a responsável pelo início da guerra, e

assim sendo, deveria cumprir uma série de reparações destinadas

aos integrantes da Tríplice Entente, o nome da coalização adversária

de Alemanha e seus aliados. Entre tais reparações estava a obrigação

de ceder partes de seu território aos países fronteiriços, perda de seu

império colonial na África, Ásia e no Pacífico, a ser dividido entre os

vencedores do conflito, além de diminuição do exército, cessão de

exploração de recursos econômicos de regiões estratégicas do país,

além de uma soma absurda de indenizações a ser paga.

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A assinatura de um tratado tão severo causou choque e imensa

desilusão na Alemanha. A população em geral descrevia como

humilhação e desonra a aceitação por parte de seu próprio governo

de tão severas e opressivas condições, sem ao menos um maior

esforço em conduzir negociações de paz mais detalhadas ou

planejadas. Claro, que ante tal clima de revolta, não faltaram os

protestos e turbulências de ordem político-social ameaçando a

própria estrutura do país.

É consenso entre a maioria dos historiadores que, nas exigências

exacerbadas do Tratado de Versalhes podemos encontrar as

sementes da Segunda Guerra Mundial, pois, uma nação humilhada e

aparentemente sem rumo como a Alemanha foi claramente presa

fácil de uma doutrina heterodoxa, autoritária e delirante como a

do Nazi-facismo.

Além disso, é creditado ao Tratado de Versalhes uma série de

desarranjos e focos de crise, como por exemplo, o conflito entre

israelenses e árabes, que não aceitam as decisões do tratado com

respeito ao delineamento de suas respectivas fronteiras, resultado da

divisão das áreas do então extintoImpério Otomano.

A questão dos curdos também deve muito a Versalhes, pois foi-lhes

prometido direito à autodeterminação, a qual este povo ainda

aguarda. Até países distantes do conflito como Ruanda

eBurundi devem sua existência ao Tratado de Versalhes, pois foram

desmembrados da antiga colônia alemã da África Oriental e

entregues à administração belga.

Pós 1gm

A Primeira Guerra Mundial causou profundas transformações no cenário político, social e

econômico mundial. Segundo algumas estimativas, os diversos confrontos ocorridos ao

longo desses quatro anos foram responsáveis pela morte de cerca de oito milhões de

pessoas. Além disso, cerca de 20 milhões sofreram algum tipo de seqüela em

conseqüência do conflito. Paralelamente, os prejuízos econômicos trazidos aos países

envolvidos foram enormes. 

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Cerca de um terço das riquezas acumuladas pela Inglaterra e pela França foram perdidas

com a Primeira Guerra. O parque industrial europeu foi quase reduzido pela metade e o

potencial agrícola sofreu uma queda de 30%. A Europa deixava de ser o grande símbolo

da prosperidade capitalista, estando atolada em dívidas e observando a desvalorização de

suas moedas. Foi a partir de então que os Estados Unidos alcançaram a condição de

grande potência. 

Apesar de também ter sofrido com um significativo número de baixas e gastar

aproximadamente 36 bilhões de dólares, os EUA tiveram suas compensações. No ano

posterior à guerra, o país triplicou suas exportações em comparação ao ano de 1913 e a

renda nacional atingiu um valor duas vezes maior. Ao mesmo tempo, outras nações que

não se envolveram diretamente no confronto também ganharam com a Primeira Guerra. 

Os países não-industrializados ampliaram as exportações de gêneros agrícolas e matéria-

prima. Além disso, a retração econômica européia serviu para que algumas dessas nações

– como o Brasil – pudessem ampliar suas atividades industriais substituindo internamente

os mercados outrora controlados pelas nações européias. No Oriente, o Japão lucrou com

o domínio sobre os mercados do Pacífico e no incremento de sua produção de algodão e

aço. 

No plano político, a Europa começou a sofrer uma verdadeira crise de valores. Em meio às

desilusões de um continente destruído, as tendências comunistas e fascistas começaram

a atrair boa parte da população. Ao mesmo tempo, tendo caráter extremamente punitivo,

os tratados que deram fim à Primeira Guerra incitaram um sentimento de ódio e revanche

que, algumas décadas mais tarde, prepararam o palco de uma nova guerra.

O aparecimento de novas nações;

Desmembramento do império Austro- Húngaro;

A hegemonia do militarismo francês, em decorrência do desarmamento alemão;

A Inglaterra dividiu sua hegemonia marítima com os Estados Unidos;

O enriquecimento dos Estados Unidos;

A depreciação do marco alemão, que baixou à milionésima parte do valor, e a baixa do

franco e do dólar;

O surgimento do fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha.

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