LIBRO SEMEADORES DO EVANGELHO€¦ · Semeadores do Evangelho da Vocação A essência do Evangelho...

1Semeadores do Evangelho da Vocação

Redação: Subcomissão Interamericana de Irmãos

Desenho: Oficina de Comunicação Marista - América CentralIlustrações: Mauricio Negro

© Conferência Interamericana de Provinciais Maristas - 2014


A essência do Evangelho é o chamado – vocação – ao seguimento e ao envolvimento da vida inteira com o projeto do Reino. Os maristas na América, Irmãos e Leigos/as, desejamos viver o reencontro e o en-cantamento com a própria vocação, para vivê-la e testemunhá-la com radicalidade, abertura e gozo na Igreja e no mundo de hoje, retomando o espírito de audácia do Hermitage.

Agradecidos por esse dom, Leigos/as e Irmãos, comprometemo-nos em favorecer uma cultura vocacional a serviço de todas as vocações, a par-tir de comunidades cristãs arraigadas firmemente no Evangelho, e por isso, significativas e credíveis. Com alegria e espírito fraterno acompa-nhamos aqueles que, partilhando a vida e a missão, se sentem anima-dos a considerar a vocação religiosa ou leiga marista como uma opção para suas vidas, seguindo a Jesus como Maria do jeito de São Marcelino Champagnat. Queremos ser semeadores dessa boa notícia.

Este documento é fruto da preocupação do Instituto, e em particular, dos Provinciais Maristas da América que constituíram a Subcomissão de Irmãos, dentro da Comissão de Espiritualidade – Irmãos e Leigos/as – delegando-lhe a missão de criar princípios e orientações para a pastoral ou animação vocacional, a partir dos novos desafios da Vida Religiosa da América. Essa equipe estudou os projetos das Provín-cias junto com as respostas dadas a um instrumento, oportunamente enviado às mesmas; recolheu também os chamados provenientes dos documentos da Igreja e do Instituto e, finalmente, interpretou o que foi refletido à luz do Evangelho e das múltiplas realidades de nossos inter-locutores.

Através de um processo, participativo desde o início, uma primeira re-dação foi devolvida a todas as Unidades Administrativas – a suas equi-

Introdução


pes e coordenações de pastoral vocacional e/ou de formação inicial – e foram recolhidos os comentários e sugestões. O bom, mas ao mesmo tempo o desafio dessa dinâmica, assumida como opção, está em pro-duzir “orientações – não diretrizes e, muito menos, soluções – que pre-cisam ser consideradas e interpretadas à luz de cada contexto, em vista de sua diversidade. Foi realizado um bom caminho, mas ainda falta muito coração e muita energia a serem empenhados. A mesma Confe-rência Interamericana de Provinciais (CIAP) previu ocasiões em nível de regiões e de Continente inteiro para continuar o aprofundamento nesse contexto e sua aplicação num futuro imediato.

Essas orientações, dirigidas a todos os maristas do Norte, Centro e Sul da América, abrangem as dimensões de identidade e contexto, de me-diações e expectativas, e podem ser lidas como um parágrafo composto por quatro ideias essenciais que lhes correspondem:

A pastoral vocacional em que acreditamos...atenta à situação de seus diversos interlocutores...

coloca-nos, como Maria, no caminho para uma nova terra, que facilite o nascimento de uma nova época para o carisma marista na América...

para promover os novos maristas de Champagnat, hoje...

Introdução

10Sembradores del Evangelio de la Vocación

NOTAS


A pastoral vocacional em que acreditamos...

…É ação da comunidade cristã que, animada pelo Espírito Santo, e segundo a prática de Jesus, contribui para que o Reino seja acolhido e cresça nas circunstâncias concretas dos que discernem seu projeto de vida na Igreja e no mundo.

…Parte da comunidade, sujeito que convoca em nome do Senhor Jesus; que provoca e acompanha, (percorre caminho com, privilegiando as experiências partilhadas); con-tribuindo para o amadurecimento de uma resposta concreta por meio do diálogo pessoal, profundo e determinante com Aquele que chama através de diversas mediações.

…Serve o Evangelho promovendo a vida, a partir de processos integrais (a pessoa toda) e integradores (todas as pessoas), e confia, hoje, nestes processos e nas relações educati-vo-evangelizadoras que são geradas.

...Compromete-se com o discernimento de todas as vocações e ministérios da Igreja, alegrandose quando al-gumas dessas pessoas se integram na comunidade que as acom-panhou, seja como Irmãos ou como leigos/as maristas.

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Identidade


…É sensível como Maria, para descobrir as necessidades de seus interlocutores, e tem coração sem fronteiras como o de Champagnat, para interpretar a realidade e convidar ao compromisso com a causa do Evangelho e sua opção pelos empo-brecidos.

…Põe mais esforço em partilhar um carisma do que em anunciar um Instituto porque, ao partilhar experiências de fraternidade, espiritualidade e serviço, se produz um “contá-gio” que conduz da curiosidade inicial à identificação, e desta, à opção. Essa identificação surge tanto a partir de espaços maristas “formais ou tradicionais” (escolas, obras, universidades, centros de juventude, campos de trabalho, centros vocacionais, comunidades de referência…) como de outros âmbitos onde estamos presentes (paróquias, vicariatos, dioceses, escolas públicas…).

…Baseia-se em pedagogias e itinerários per-tinentes a pessoas com as quais nos relacionamos. Atenta à reali-dade concreta dos interlocutores, no meio dela, deseja ser sinal do profundo amor de Deus pelo ser humano e, ao mesmo tempo, ser capaz de descobrir o rosto de Jesus presente nesses interlocutores.

…Considera a pessoa artífice de sua existên-cia e a comunidade cristã local como referência do seguimento de Cristo. Todos nos sentimos corresponsáveis, nesse serviço.

…Assume o “estilo” de Jesus para com seus amigos – reconhecível em sua Palavra: proximidade, paciência, diálogo, relação, doação –, e as respostas dos mesmos na pere-grinação da fé. Mais do que heróis inatingíveis, são testemunhas

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Identidade


Identidade

do amor de Deus e da sensibilidade para com seu povo. Por isso, nossa pastoral vocacional é acolhedora, participativa, fraterna e evangélica.

...Promove uma cultura vocacional, desco-brindo os valores que a tornam possível e fomentando outros, ain-da em germe, até tocar a mentalidade, a sensibilidade e a prática, na lógica do Evangelho: escutar e responder ao chamado para dar a vida gratuitamente.

...Conscientiza para uma cultura da vida, que também é sensibilidade e compromisso com o planeta, e com a defesa do meio-ambiente.

...É chamada a redefinir-se continuamente; a aprofundar seu significado e sua credibilidade, em cada momento da história, devido aos contextos que mudam constantemente, no momento atual que estamos.

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NOTAS

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Atenta à situação de seus diversos interlocutores que...

…Vivem realidades socioculturais e religio-sas bem concretas, pessoas que acolhemos a partir do princípio da Encarnação: Deus se revela em cada uma delas, e nelas desejamos ser mediação oportuna do Evangelho da vocação.

…Suspiram por outro mundo possível com contrastes menos marcantes entre ricos e pobres. Mostram-se sen-síveis às realidades de exclusão e de marginalização social, o que leva muitos a colaborar em projetos solidários.

…Vivem circunstâncias familiares muito diferentes e diversas, não necessariamente as tradicionalmente consideradas.

…Estão mais ou menos conscientes das fe-ridas que carregame carregamos. Daqui a necessidade de acom-panhar, e de ser acompanhados, para que haja maior consistência entre os valores proclamados e os encarnados.

…Sentem a liberdade como algo imprescin-dível, mesmo se, às vezes, isso leve a conceitos de autorrealização à margem dos demais, e de indiferença ante as estruturas que pro-movem mudanças estruturais.

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Contexto


…São capazes de adaptar-se a situações que mudam; a tolerância e o pluralismo são valores para muitos... Sem por isso esconder o risco do relativismo ou de atuar por con-veniência; ou a dificuldade ante compromissos a largo prazo.

…Valorizam o positivo da vida, a alegria, a convivência; ameaça-os o hedonismo e o consumismo; a superfi-cialidade e a falta de interioridade.

…Conectam imediatamente com o mundo afetivo – menosprezando, às vezes, o racional.

…Muitos têm acesso à tecnologia da infor-mática, a grandes fontes de informação e a espaços de relaciona-mento. A mensagem vai definitivamente amarrada à linguagem, e há muitas “vozes” que pedem sua atenção, a favor ou contra a ação evangelizadora.

…Vivem o presente como espaço de cons-trução da personalidade; outros, entretanto, como único horizon-te, desconectado do passado e sem projeto de futuro.

…Alguns têm experiências sinceras de pro-cura espiritual e de comunidade cristã. Às vezes, cheias de sentido e de compromisso; outras, envolvidas em situações ambíguas ou incoerentes. A busca do sentido religioso e ético tem a ver com essas situações.

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Contexto


…Participam de diferentes espaços de atua-ção marista: Universidades, Colégios, Obras Sociais, Movimentos, Centros de Juventude, Comunidades inseridas (mistas ou amplia-das), etc.; ou de outros contextos.

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NOTAS

Contexto


Mediações

Põe-nos, como Maria, a caminho para uma nova terra que facilite o nascimento de uma nova época para o carisma Marista, na américa, quando...

…Somos apaixonados pelo anúncio de Jesus e de seu Evangelho e na vivência de nossa relação pessoal e comu-nitária com ele, o que nos leva a promover “Um novo modo de ser Irmãos”, com comunidades abertas ao acolhimento.

…Todos, Irmãos e Leigos/as, em distintos graus, nos sentimos comprometidos com a promoção e o acom-panhamento vocacional, pela presença significativa e a capacidade de escuta.

…Fazemos uma nítida opção pela cultura vocacional, traduzindo-a em pedagogias e estratégias conscientes e arraigadas na dimensão vocacional de todo o processo evangeli-zador (a partir de todos os setores pastorais, segundo a especifici-dade de cada um) com forte sentido de “ser Igreja”.

…Fazemos da PV-AV uma opção provin-cial decidida, assumindo as implicações com realismo e audácia: criação de equipes de animadores de PV (Irmãos e Leigos/as) a serviço de todas as vocações e, particularmente, a dos Maristas de Champagnat; em conexão com os organismos eclesiais e inter-congregacionais; qualificando os processos de acompanhamento

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Mediações

(dos jovens e dos Irmãos); perseverando no acompanhamento pessoal e grupal, a partir de várias plataformas, de forma proce-ssual, sistemática e com instrumentos adequados; e partilhando recursos e experiências.

…Somos corajosos para convidar o/a jovem para arriscar na busca de novos caminhos de realização pessoal e de serviço em que, talvez, não haviam pensado, porque crermos na pedagogia do “contágio” (da vida, da esperança, do que nos sus-tenta, de nossa vocação...).

…Integramos espiritualidade, comunidade e solidariedade a partir de experiências significativas.

…Desenvolvemos programas e roteiros para acompanhar também os adultos em seus processos de discerni-mento vocacional.

…Garantimos a formação dos animadores vocacionais em nível local, provincial, regional e continental, ten-do em vista a construção de uma cultura vocacional marista.

…Utilizamos de forma sistêmica, processual e crítica as redes e os meios sociais para ampliar nosso serviço vo-cacional.

..Transformamos nossas comunidades em novos “Nazarés”, onde se vive a simplicidade, a humildade, o perdão, o compromisso, a festa... a partir do Evangelho e solidários com a preservação deste mundo, nossa grande casa.

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NOTAS

Contexto


MediacionesExpectativas

Para promover, hoje, os novos Maristasde Champagnat que…

…Creem na experiência de um Deus Pai e Mãe e que ama incondicionalmente a todas as pessoas, deseja sua felicidade, se expressa como bondade, beleza e verdade na criação.

...Creem que, por Jesus Cristo, Deus nos reve-lou seu rosto misericordioso e o projeto libertador do Reino, e por ação de seu Espírito acompanha e desenvolve os dons e carismas em cada pessoa e vocação.

...Creem na pessoa humana, chamada à vida por Deus e artífice de seu próprio projeto de realização e felici-dade, corresponsavelmente com seus irmãos e irmãs, a partir da liberdade e da diversidade.

…Creem que, partindo do mistério da En-carnação, a história da salvação passa, hoje, através da história pessoal e coletiva e, a partir dali, Deus nos fala e nos convida para sermos anunciadores e sinais de seu Reino. Nossas terras são o lugar sagrado onde Deus se manifesta e nosso carisma deve ad-quirir mais significativamente o rosto desses povos.

…Creem numa Igreja discípula missionária, povo de Deus, comunidade de comunidades na qual todos somos chamados a acolher o Reino, manifestado nos sinais dos tempos, e a dar testemunho do Evangelho na diversidade de vocações e carismas.

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Contexto



…Creem na presença de Maria, guia e com-panheira, caminhando com Ela para novas terras.

…Creem que o sonho de Marcelino Cham-pagnat – sua atualidade e sua riqueza – nos impulsiona a tornar Jesus Cristo conhecido e amado, educando as crianças e os jovens, especialmente os mais pobres. Creem na vocação de “Irmão”, como dom de Deus, a ser vivida e expressa no seguimento de Cristo cas-to, pobre e obediente, a partir da fraternidade, da compaixão, da misericórdia e esperança.

…Creem na urgência de buscar novos modos de ser marista, mais em sintonia com a radicalidade do Evangelho, os apelos da Igreja e do nosso mundo, para ser discípulos missio-nários e profetas, sempre a caminho. O preço do novo certamente passa pelo desprendimento, pela desinstalação, pelo movimento e conversão.

...Creem que ser irmãos e irmãs requer que sejamos profetas de comunhão, na interculturalidade, na interna-cionalidade e com a consciência de sermos filhos de um mesmo Pai.

…Creem na vocação marista de Irmãos e Leigos/as e na missão, espiritualidade e formação partilhadas.

…Creem nos direitos de todas as crianças e jovens, para atingir a plenitude e a transcendência em todas as di-mensões da vida.

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Contexto



…Creem em passos significativos na efetiva-ção do que significa “uma nova relação de Irmãos e Leigos”.

…Creem na vivência apaixonada de nossa entrega às crianças e aos jovens, especialmente aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade e exclusão.

…Creem na comunidade como ambiente de família em que crescemos e ajudamos a crescer como pessoas em relação, no qual encontramos e oferecemos apoio, carinho frater-no, tempo doado com gratuidade.

...Creem em processos educativo-evangeli-zadores dinâmicos, inovadores, inclusivos, integrais, como meios mais idôneos para promover a pessoa e como o melhor serviço para nossos povos.

...Creem que juntos podemos fazer das presenças e estruturas atuais e futuras os espaços para um novo começo, partindo da interioridade, da fraternidade e do sentido missionário.

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