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LIMITAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA TERAPÊUTICA QUÍMICA (ATC) EM ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS ROCHA BS 1,2 ; HEINECK I 3 ; DAL PIZZOL TS 3 1 Farmacêutico do Centro de Informações Sobre Medicamentos do Rio Grande do Sul (CIM-RS) 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFRGS 3 Professora Adjunta da Faculdade de Farmácia da UFRGS O sistema de classificação Anatômica Terapêutica Química (ATC) divide os medicamentos em diferentes grupos de acordo com o órgão ou sistema em que atuam e conforme as propriedades terapêutica, farmacológica e química, em cinco diferentes níveis. Um fármaco pode ter mais de uma classificação conforme a indicação terapêutica, via de administração ou forma farmacêutica. Essa classificação tem sido a mais utilizada em estudos de utilização de medicamentos (EUM), visando primariamente agrupar os medicamentos utilizados pelas populações. Determinar a prevalência de medicamentos classificáveis pelo sistema ATC e caracterizar os principais motivos da não classificação. Foi utilizado o banco de dados de solicitações de informação (SI) sobre medicamentos fornecidas por um Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do sul do Brasil. O processo de coleta de dados é descrito na Figura 1. A coleta dos dados foi realizada no período de fevereiro a abril de 2012. Banco de dados das SI fornecidas de 2000 a 2011 Selecionadas as solicitações com medicamentos descritos Identificação dos medicamentos Classificação conforme a ATC Descrição do motivo de não classificação pela ATC Figura 1. Procedimento da coleta de dados Período de 2000 a 2011 : 7.886 solicitações atendidas pelo CIM 7.138 com medicamentos 10.262 medicamentos, plantas medicinais e produtos naturais identificados. 85,7% possuíam classificação ATC relacionado à indicação e forma farmacêutica. Produtos não classificáveis (n=1463): 74,8% não possuíam ATC para o medicamento; 7,3% possuíam ATC, porém, para outra indicação ou via de administração; 8,9% tinham ATC para a substância isolada, mas não para associação (ou vice-versa); 9,0% possuíam código ATC até a classe da substância, mas não para o fármaco. Entre as principais causas para a não classificação pela ATC, destacam-se a ausência de código para determinadas indicações, para associações de fármacos e classificação limitada ao quarto nível. Além disso, diversas plantas medicinais, produtos naturais, medicamentos homeopáticos e ortomoleculares não fazem parte da classificação ATC. No quadro 1 são apresentados alguns exemplos de não classificação pela ATC. Motivo da não classificação Exemplos de medicamentos Observações Não possui ATC para a indicação Ácido folínico Indicação como antagonista de ácido fólico no tratamento de toxoplasmose solicitada na questão (mesmo Hidroxicloroquina Indicação como antirreumático e tratamento de lúpus indicações aprovada pelo FDA ou Doxazosina Indicação para tratamento de hiperplasia benigna prostática EMA) Hidroxizina Indicado para prurido Não possui ATC para a associação Lopinavir+ritonavir Associação comum no tratamento antirretrotival dos fármacos Neomicina+bacitracina Uso tópico Possui código ATC da substância Triglicerídeos de cadeia média Quando utilizados como emolientes e protetores da pele no nível 4 Vitaminas do complexo B ---------- Quadro1. Exemplos de não classificação pela ATC Concluímos que a classificação ATC possui limitações para utilização em EUM que apresentem número expressivo de medicamentos de uso off-label, associações medicamentosas, produtos naturais, plantas medicinais, medicamentos homeopáticos e ortomoleculares. Sugerimos para EUM que queiram fornecer informações sobre medicamentos e produtos não contemplados pela classificação ATC, criar códigos alternativos a partir dos 4 níveis da ATC. Recomendamos a atualização da classificação ATC para a inclusão de código para medicamentos que possuam mais de uma indicação aprovada, bem como a adequação de associações e inclusão de novos fármacos, para melhor aproveitamento em EUM; A OMS recebe sugestões de atualizações; No caso plantas medicinais há uma classificação ATC proposta, porém, não utilizada pela OMS e de acesso pago.

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LIMITAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA TERAPÊUTICA

QUÍMICA (ATC) EM ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS ROCHA BS1,2; HEINECK I3; DAL PIZZOL TS3

1 Farmacêutico do Centro de Informações Sobre Medicamentos do Rio Grande do Sul (CIM-RS) 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFRGS

3 Professora Adjunta da Faculdade de Farmácia da UFRGS

• O sistema de classificação Anatômica Terapêutica

Química (ATC) divide os medicamentos em diferentes

grupos de acordo com o órgão ou sistema em que

atuam e conforme as propriedades terapêutica,

farmacológica e química, em cinco diferentes níveis.

•Um fármaco pode ter mais de uma classificação

conforme a indicação terapêutica, via de administração

ou forma farmacêutica.

• Essa classificação tem sido a mais utilizada em

estudos de utilização de medicamentos (EUM), visando

primariamente agrupar os medicamentos utilizados

pelas populações.

Determinar a prevalência de medicamentos classificáveis pelo sistema ATC e caracterizar os principais

motivos da não classificação.

• Foi utilizado o banco de dados de solicitações de

informação (SI) sobre medicamentos fornecidas por um

Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do

sul do Brasil.

•O processo de coleta de dados é descrito na Figura 1.

•A coleta dos dados foi realizada no período de

fevereiro a abril de 2012.

Banco de dados das SI fornecidas de 2000 a 2011

Selecionadas as solicitações com medicamentos

descritos

Identificação dos medicamentos

Classificação conforme a

ATC

Descrição do motivo de não

classificação pela ATC

Figura 1. Procedimento da coleta de dados

• Período de 2000 a 2011 :

7.886 solicitações atendidas pelo CIM

7.138 com medicamentos

10.262 medicamentos, plantas medicinais e produtos

naturais identificados.

•85,7% possuíam classificação ATC relacionado à

indicação e forma farmacêutica.

Produtos não classificáveis (n=1463):

•74,8% não possuíam ATC para o medicamento;

•7,3% possuíam ATC, porém, para outra indicação ou

via de administração;

•8,9% tinham ATC para a substância isolada, mas não

para associação (ou vice-versa);

•9,0% possuíam código ATC até a classe da

substância, mas não para o fármaco.

Entre as principais causas para a não classificação pela ATC, destacam-se a ausência de código para

determinadas indicações, para associações de fármacos e classificação limitada ao quarto nível. Além disso,

diversas plantas medicinais, produtos naturais, medicamentos homeopáticos e ortomoleculares não fazem parte

da classificação ATC. No quadro 1 são apresentados alguns exemplos de não classificação pela ATC.

Motivo da não classificação Exemplos de medicamentos Observações

Não possui ATC para a indicação Ácido folínico Indicação como antagonista de ácido fólico no tratamento de toxoplasmose

solicitada na questão (mesmo Hidroxicloroquina Indicação como antirreumático e tratamento de lúpus

indicações aprovada pelo FDA ou Doxazosina Indicação para tratamento de hiperplasia benigna prostática

EMA) Hidroxizina Indicado para prurido

Não possui ATC para a associação Lopinavir+ritonavir Associação comum no tratamento antirretrotival

dos fármacos Neomicina+bacitracina Uso tópico

Possui código ATC da substância Triglicerídeos de cadeia média Quando utilizados como emolientes e protetores da pele

no nível 4 Vitaminas do complexo B ----------

Quadro1. Exemplos de não classificação pela ATC

• Concluímos que a classificação ATC possui limitações

para utilização em EUM que apresentem número

expressivo de medicamentos de uso off-label,

associações medicamentosas, produtos naturais,

plantas medicinais, medicamentos homeopáticos e

ortomoleculares.

• Sugerimos para EUM que queiram fornecer

informações sobre medicamentos e produtos não

contemplados pela classificação ATC, criar códigos

alternativos a partir dos 4 níveis da ATC.

•Recomendamos a atualização da classificação ATC

para a inclusão de código para medicamentos que

possuam mais de uma indicação aprovada, bem como

a adequação de associações e inclusão de novos

fármacos, para melhor aproveitamento em EUM;

•A OMS recebe sugestões de atualizações;

•No caso plantas medicinais há uma classificação ATC

proposta, porém, não utilizada pela OMS e de acesso

pago.