Lingua Portuguesa Resolucao de Questoes

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Língua Portuguesa: resolução de questões Apresentação O material de Língua Portuguesa: Resolução de questões tem como objetivo treinar os alunos no que se refere ao formato e aos temas das provas de diferentes concursos de renome realizados no país. A parte de análise das questões ajuda a desenvolver o senso crítico do aluno, de modo a possibilitar a revisão da resposta e, em caso de erro, permite a compreensão do problema e a redefinição do raciocínio. Esse processo fami- liariza o candidato com as especificidades das provas, que, além de conhecimento gramatical, exigem boa desenvoltura na produção e na in- terpretação de textos e muita atenção na leitura das questões. São apresentadas a questão a ser analisada, a resposta correta e, em seguida, uma análise que justifica a resposta certa e explica por que as outras alternativas estão incorretas. Dentre os temas privilegiados, destacam-se interpretação de texto; relação do texto com as partes que o compõem; concordância e regência (nominais e verbais); colocação pronominal; acentuação; e as novas regras de ortografia. Verônica Daniel Kobs Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

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Questões de concurso resolvidas.

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Língua Portuguesa: resolução de questões

ApresentaçãoO material de Língua Portuguesa: Resolução de questões tem como objetivo treinar os alunos no que se refere ao formato e aos temas das provas de diferentes concursos de renome realizados no país. A parte de análise das questões ajuda a desenvolver o senso crítico do aluno, de modo a possibilitar a revisão da resposta e, em caso de erro, permite a compreensão do problema e a redefinição do raciocínio. Esse processo fami-liariza o candidato com as especificidades das provas, que, além de conhecimento gramatical, exigem boa desenvoltura na produção e na in-terpretação de textos e muita atenção na leitura das questões.São apresentadas a questão a ser analisada, a resposta correta e, em seguida, uma análise que justifica a resposta certa e explica por que as outras alternativas estão incorretas. Dentre os temas privilegiados, destacam-se

interpretação de texto; �

relação do texto com as partes que o compõem; �

concordância e regência (nominais e verbais); �

colocação pronominal; �

acentuação; e �

as novas regras de ortografia. �

Verônica Daniel Kobs

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Verônica Daniel Kobs*

Para responder às questões de 1 a 4, considere os parágrafos abaixo, que ini-ciam o livro O Ócio Criativo, de Domenico de Masi.

* Doutora em Estudos Li-terários, Mestra em Litera-tura Brasileira e licenciada em Letras português-latim pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Eu me limito a sustentar, com base em dados estatísticos, que nós, que par-timos de uma sociedade onde uma grande parte da vida das pessoas adultas era dedicada ao trabalho, estamos caminhando em direção a uma sociedade na qual grande parte do tempo será, e em parte já é, dedicada a outra coisa. Essa é uma observação empírica, como a que foi feita pelo sociólogo ameri-cano Daniel Bell quando, em 1956, nos Estados Unidos, ao constatar que o número de “colarinhos brancos”1 ultrapassava o de operários, advertiu: “Que poder operário que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços.” Aquela ultrapassagem foi registrada por Bell. Ele não a adivinhou ou profetizou. Da mesma maneira, eu me limito a registrar que estamos caminhando em direção a uma sociedade fundada não mais no tra-balho, mas no tempo vago.

Além disso, sempre com base nas estatísticas, constato que, tanto no tempo em que se trabalha quanto no tempo vago, nós, seres humanos, fa-zemos hoje sempre menos coisas com as mãos e sempre mais coisas com o cérebro, ao contrário do que acontecia até agora, por milhões de anos.

(MASI, 2000, p. 8)

1. Para concatenar suas ideias, o autor iniciou o segundo parágrafo com a locução “Além disso”. Essa expressão poderia ser substituída, sem prejuízo para o texto, por:

a) “em contrapartida”.

b) “ademais”.

c) “por outro lado”.

1 Referência àqueles que, no exercício de suas ativi-dades profissionais, preci-sam usar traje formal (terno e gravata).

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d) “por conseguinte”.

e) “não obstante”.

Análise

A locução “além disso” pode ser substituída por ademais porque essa é a única alternativa que dá ideia de acréscimo. Como o enunciado afirma, a locu-ção conjuntiva que abre o segundo parágrafo foi usada para o autor concate-nar suas ideias – afinal, o primeiro parágrafo encerra-se com uma relação entre trabalho e tempo vago, associação que é retomada no parágrafo seguinte.

Entre as outras opções dadas, “em contrapartida”, “por outro lado” e “não obs-tante”, todas têm sentido totalmente diferente daquele expressado por “além disso”. As conjunções que correspondem às alternativas a, c e e são chamadas adversativas, porque indicam contrariedade ou oposição. Observe estes exem-plos, que opõem a necessidade de ter um carro ao preço do veículo:

Não obstante o preço, decidiu pela compra do carro. �

O preço não era atraente. Em contrapartida, precisava de um carro. �

Um carro facilitaria sua vida. Por outro lado, o preço do automóvel ge- �raria uma grande dívida.

A opção da letra d traz uma locução conjuntiva (“por conseguinte”) usada para estabelecer relações de causa e consequência, como no período a seguir: “Não estudou. Por conseguinte, não foi aprovado.”

2. As frases de Daniel Bell foram transcritas entre aspas e precedidas do verbo advertir e do sinal de dois pontos. Chama-se a esse recurso dis-curso direto. Na transposição para o discurso indireto, algumas adapta-ções precisam ser feitas. Nesse caso, como a primeira frase a ser trans-crita (“Que poder operário que nada!”) é exclamativa, a melhor solução é fazer uma paráfrase, como consta na alternativa:

a) Daniel Bell advertiu que falar em poder operário era uma coisa su-perada.

b) Daniel Bell advertiu que o poder operário era uma criação da so-ciedade.

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c) Daniel Bell advertiu que não gostava muito de falar de poder operário.

d) Daniel Bell advertiu que o poder operário vivia uma crise de consumo.

e) Daniel Bell advertiu que nunca houve de fato um poder operário.

Análise

A resposta certa é a letra a, que indica “que falar em poder operário era uma coisa superada”. Porém, para se chegar a essa resposta não basta a leitu-ra do enunciado no qual o trecho transcrito aparece isolado. É fundamental a leitura do primeiro parágrafo do texto, para evitar julgamento apressado e incorreto.

Lendo apenas o enunciado, poderia-se considerar correta a opção c, ou a e, já que ambas sugerem desaprovação em relação ao tema.

No entanto, considerando o fragmento em questão como parte do texto dado, podem ser invalidadas não só as alternativas c e e mas também a b e a d, que fazem referência a coisas que não são mencionadas no texto, ainda mais em associação ao “poder operário”.

Já no caso da resposta correta, a letra a, várias partes do texto a reforçam. Ao afirmar que o trecho em análise faz menção a algo já superado, demons-tra-se a coerência do discurso destacado em relação ao primeiro período do texto, que fala da mudança ocorrida na utilização do tempo pela sociedade. Desse modo, a exclamação “Que poder operário que nada!” surge como mais um exemplo de mudança, resultante da constatação de que “o número de ‘colarinhos brancos’ ultrapassava o de operários”.

3. Ao repetir que se baseia em estatísticas, De Masi emprega um recurso argumentativo que tem por finalidade:

a) validar o conteúdo opinativo e subjetivo de suas afirmações.

b) caracterizar o valor dos números e índices na sociedade moderna.

c) destacar a impessoalidade de suas previsões e vaticínios.

d) enfatizar a necessidade de todos se preocuparem com a realidade.

e) convencer o leitor de que nem todas as estatísticas são negativas.

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Análise

O texto argumentativo é subjetivo e opinativo. Ao usar um dado estatís-tico, o autor utilizou um recurso objetivo para dar respaldo à sua concepção. Por esse motivo a letra a está correta.

As demais alternativas estão incorretas, por diferentes razões.

A letra b trata os números como importantes apenas na sociedade moder-na, o que não é pertinente. Um dado estatístico tem, em qualquer época, a função de reforçar uma informação subjetiva, comprovando sua pertinência.

A opção c menciona a “impessoalidade” do texto e é justamente isso que a torna incorreta. Um texto argumentativo sempre vai ser pessoal e parcial, pois é feito com base na defesa de um ponto de vista bem definido.

A letra d é incorreta porque afirma que é real apenas o dado estatístico, como se o texto não tivesse também essa propriedade, mas o texto trata jus-tamente de uma alteração percebida na sociedade.

Sobre a alternativa e, o problema está na distinção sugerida entre estatísti-cas negativas e positivas. O texto não utiliza os números com essa finalidade. O problema não é qualificar, mas identificar as mudanças ocorridas, reconhe-cendo-as como uma característica da sociedade contemporânea.

4. O acento indicativo de crase empregado em “A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços” está corretamente man-tido na seguinte reescritura do trecho:

a) Caminhamos em direção à uma vida ociosa e criativa.

b) Caminhamos buscando à predominância do ócio criativo.

c) Caminhamos objetivando à criatividade e à vida ociosa.

d) Caminhamos em direção à criatividade e à suas benesses.

e) Caminhamos em direção à ociosidade e à criatividade.

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Análise

O acento grave está corretamente empregado na letra e porque o à antes das palavras ociosidade e criatividade resulta da junção da preposição a, exi-gida para completar o significado da expressão “em direção a”, com o artigo a, admitido pelos substantivos – que, aliás, estão concordando em gênero e número (feminino singular) com o artigo.

Na alternativa a, o a craseado aparece diante do artigo indefinido uma. A opção está errada pelo fato de não ser possível usar dois artigos (definido e indefinido) ao mesmo tempo.

A letra b está incorreta porque, usando acento grave no à que segue o verbo buscar (buscando), classifica o verbo é como transitivo indireto, mas buscar exige um objeto direto como complemento, como neste exemplo: “Buscou a irmã na rodoviária.”

A opção c está incorreta pela mesma razão: objetivar não é verbo transitivo indireto, mas direto, ou seja, ele não se liga ao verbo por meio de preposição. Portanto, aqui o acento grave não é permitido.

A alternativa d apresenta apenas um detalhe que a torna incorreta: a falta de concordância entre o artigo que se junta à preposição a, formando à e não às, e o pronome possessivo suas. O correto, neste caso, seria “Caminhamos em direção à criatividade e às suas benesses.”

5. Veja, abaixo, a charge “Inclusão digital”.(A

NA

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A D

E SI

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AS

1, 2

009.

Ada

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o.)

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Essa charge procura alcançar um efeito de humor colocando em des-taque:

a) a homonímia entre palavras ambíguas.

b) os desvios ortográficos do enunciado.

c) a adaptação dos estrangeirismos.

d) a oposição semântica de duas preposições.

e) a religiosidade e o tecnicismo.

Análise

A letra d está correta porque faz referência à mudança do com pelo sem na mensagem pintada no muro, na qual aparece “www.sem.br”. Com e sem são preposições opostas e, portanto, constituem oposição semântica, ou seja, têm significados totalmente distintos.

Entre as outras opções, todas incorretas, podemos excluir sem muita difi-culdade a a, já que a homonímia refere-se a termos afins e não opostos, como é o caso das preposições. Além disso, a alternativa também não se aplica à inclusão, porque essa palavra não é ambígua. Ela apenas admite diferentes adjetivos: “inclusão digital”, “inclusão social” etc.

A letra b chama atenção para desvios ortográficos que não existem na charge.

A letra c faz menção ao estrangeirismo que, com certeza, está presente na origem de muitos vocábulos da área da informática, mas o humor refere-se a um recurso da língua portuguesa: a troca do com pelo sem.

Por fim, a alternativa e traz à tona a religiosidade, traço que não é enfatiza-do na charge e, por essa razão, ela também está incorreta.

6. A chamada publicitária estampada em um jornal dizia:

VAI FICAR SÓ OLHANDO?

APROVEITE LOGO ESTAS OFERTAS!

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Os verbos que iniciam as duas frases:

a) destoam na flexão, pois apenas o verbo aproveitar está na terceira do singular.

b) destoam na flexão, pois apenas o verbo aproveitar está na segunda do singular.

c) estão conjugados no imperativo e se dirigem ao interlocutor da mensagem.

d) estão flexionados corretamente na segunda pessoa do singular.

e) estão flexionados corretamente na terceira pessoa do singular.

Análise

A letra e está correta porque, de fato, vai demonstra que o verbo ir está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo e aprovei-te corresponde à terceira pessoa do singular do verbo aproveitar, no impera-tivo afirmativo.

Por consequência, a justificativa que demonstra que a letra e é a opção correta invalida as alternativas a e b, que consideram que os verbos estão conjugados em pessoas diferentes, e a d, a qual afirma que ambos os verbos correspondem à segunda, e não à terceira pessoa do singular.

A letra c é correta na parte que informa que os verbos da chamada diri-gem-se ao interlocutor, mas é errada a afirmação de que os dois verbos estão conjugados no imperativo. Vai, conforme mencionado acima, corresponde ao presente do indicativo.

7. Duas placas colocadas na entrada de uma galeria oferecem empregos. Elas informam que:

PRECISAM-SE DE COSTUREIRAS

CONTRATAM-SE COZINHEIROS

Levando em conta o que é recomendado pelo uso prestigiado na lin-guagem padrão, podemos afirmar que:

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a) apenas a primeira frase está correta, pois o verbo precisar tem su-jeito indeterminado.

b) as duas frases estão corretas, já que ambas têm sujeito indetermi-nado e pronome reflexivo.

c) apenas a segunda frase está correta, pois o verbo contratar concor-da com o sujeito cozinheiros.

d) as duas frases estão incorretas, pois a indeterminação deixa o ver-bo na terceira pessoa do singular.

e) as duas frases estão incorretas, pois a indeterminação deixa o ver-bo na terceira pessoa do plural.

AnáliseNessa questão, está correta a alternativa c, a qual afirma que em “Contra-

tam-se cozinheiros” o verbo contratar concorda com o sujeito. De fato, o su-jeito cozinheiros, por estar no plural, exige o verbo também no plural. Porém, muitas pessoas confundem-se na análise desse tipo de construção e acabam interpretando o sujeito simples, como é o caso aqui, como se fosse indeter-minado. Para sair da dúvida, basta optar pela transcrição do período na voz passiva analítica, em que teremos “Cozinheiros são contratados.” Essa mudan-ça facilita o entendimento da classificação do sujeito, que é simples, e da ne-cessidade de concordância entre o substantivo e o verbo.

Nas outras opções, podem ser percebidas incorreções que assim se caracte-rizam, por se desviarem da explicação que justifica a correção da alternativa c.

A letra a erra ao considerar correto o texto da primeira placa: “Precisa-se de costureiras”, com o verbo no singular, seria a forma correta, porque, como o sujeito é indeterminado, não deve haver concordância entre o verbo precisar e costureiras, que, no exemplo, não passa de objeto indireto.

A opção b está incorreta porque julga os dois sujeitos em análise como indeterminados, mas já vimos que o texto da segunda placa possui sujeito simples. O outro problema acontece na classificação do se como pronome reflexivo, inadequada nos dois casos. Com o verbo precisar, o se desempenha a função de partícula de indeterminação do sujeito e, com o verbo contratar, o se cumpre a função de pronome apassivador, razão pela qual o texto da segunda placa pode ser transformado em voz passiva analítica.

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A letra d está incorreta porque a afirmação apresentada aplica-se apenas ao primeiro exemplo. Conforme explicação já mencionada, o modo de tornar o exemplo que tem o verbo precisar correto é passar o verbo para a terceira pessoa do singular. No entanto, no segundo exemplo, não temos um sujeito indeterminado, mas simples – e, por essa razão, a opção torna-se errada.

A justificativa para o fato de a letra e também estar errada segue esse mesmo raciocínio, pois a opção trata os sujeitos dos dois exemplos como in-determinados. Já vimos que o texto da segunda placa apresenta sujeito sim-ples. Ressalte-se também que a letra e tenta confundir o candidato, mas se perde em seu objetivo, já que contratam corresponde à terceira pessoa do plural e, portanto, atenderia ao quesito apresentado na alternativa se o sujei-to fosse indeterminado, e não simples.

8. Assinale a proposição correta, quanto aos elementos linguísticos e se-mânticos do texto.

Feliz aniversário, Darwin!

(1) Charles Darwin completaria hoje 200 anos, não fosse

(2) pela seleção natural. Ela, afinal, é a maior responsável

(3) pelo barroco processo de desenvolvimento que leva

(4) os organismos complexos inexoravelmente à morte

(5) – conceito que não se aplica muito a bactérias e

(6) arqueobactérias, seres que se reproduzem gerando

(7) clones de si próprios, partilham identidades com

(8) a transferência horizontal de genes e podem ficar

(9) milênios em vida suspensa (no gelo, por exemplo).

(10) A contribuição de Darwin para a ciência e para a história,

(11) porém, continua viva, e muito viva, exatamente com a

(12) ideia de seleção natural. Só por isso ele já merece os

(13) parabéns. Feliz aniversário, Darwin.

(LEITE, 2010)

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a) A forma verbal completaria (1) se refere a uma ação que vai ocorrer no futuro, a menos que acontecimentos no tempo presente o im-peçam.

b) É o mesmo o sujeito gramatical dos verbos – “reproduzem”, “geran-do” e “partilham” (6 e 7).

c) A palavra conceito (5) se refere à expressão “organismos complexos”.

d) Inexoravelmente (4) é advérbio derivado de inexorável, adjetivo que significa: “inadvertido”.

e) O conectivo adversativo porém (11) se opõe, no contexto, à ideia de que a contribuição de Darwin para a história e para a ciência foi pequena.

Análise

A resposta certa à essa questão é a b porque, de acordo com o texto, os verbos reproduzir (“reproduzem”), gerar (“gerando”) e partilhar (“partilham”) têm realmente o mesmo sujeito gramatical. Esse sujeito é composto, ou seja, tem dois núcleos (bactérias e arqueobactérias), como comprova o trecho: “[…] conceito que não se aplica muito a bactérias e arqueobactérias, seres que se reproduzem gerando clones de si próprios, partilham identidades […].” Talvez o que cause confusão seja o fato de os núcleos do sujeito serem retomados pela palavra seres e de os verbos aparecerem associados a ela. Entretanto, seres é um conectivo que impede a repetição de bactérias e arqueobactérias, mas que se refere a elas e, sendo assim, os verbos também fazem essa associação.

A alternativa a está incorreta. Ela afirma que “a forma verbal completaria se refere a uma ação que vai ocorrer no futuro”. Completaria está conjugado no futuro do pretérito e indica impossibilidade. A ideia passada é totalmente oposta àquela transmitida pelo futuro do presente (completará). No texto, a forma verbal completaria aparece neste fragmento: “Charles Darwin comple-taria hoje 200 anos”. A impossibilidade é total, porque a ação só se realizaria, se Darwin estivesse vivo ainda hoje.

A letra c menciona que “a palavra conceito se refere à expressão ‘organismos complexos’”. Isso está errado. Vamos retomar o trecho do texto em que a pa-lavra conceito aparece: “[…] leva os organismos complexos inexoravelmente à

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morte – conceito que não se aplica muito a bactérias e arqueobactérias”. Com a releitura, percebe-se claramente que conceito refere-se à morte, até porque, se estivesse se referindo a “organismos complexos”, conceito deveria ser usado no plural, e não no singular.

Na opção d, o problema está no significado que se dá para inexoravelmen-te. O adjetivo inexorável, que dá origem ao advérbio, não significa “inadverti-do” e sim “implacável, estável, inalterável”.

Finalmente, a letra e acerta na classificação do porém (“conectivo adversati-vo”, ou seja, palavra que indica oposição ou contrariedade), mas erra na inter-pretação da relação que a conjunção estabelece no texto. A alternativa afirma que o porém indica “que a contribuição de Darwin para a história e para a ciência foi pequena”. A informação não procede, pois, retomando o trecho em questão (“A contribuição de Darwin para a ciência e para a história, porém, continua viva […]”), concluímos que a oposição se dá pela associação da morte de Darwin com a “vida” ou a permanência de sua teoria, seu legado para o mundo.

9. Assinale o segmento do texto inteiramente correto quanto às normas da língua escrita formal.

a) O termo quarteirização designa um método de resolução de pro-blemas de que a modernidade trouxe e muitas empresas ainda não se deram conta.

b) Essa estratégia possibilita aos empresários de se dedicarem ape-nas ao seu negócio, sua atividade-fim, deixando os diversos trâmi-tes administrativos nas mãos de uma empresa especializada.

c) Um exemplo para se entender a quarteirização e como ela fun-ciona está na rodoviária Tietê, na cidade de São Paulo, pertencen-te à prefeitura. Como esta não dispõe do conhecimento neces-sário para administrar a rodoviária, contrata uma empresa que subcontratará outras para o serviço de segurança, alimentação, limpeza etc.

d) A quarteirização é o próximo estágio da terceirização, uma estra-tégia de otimização dos mercados produtores que buscam um quarto elemento da cadeia produtiva os parceiros prestadores de serviços nas áreas que não são primordiais à sua atividade.

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e) A quarteirização advem da utilização das empresas já terceiriza-dos, dos serviços profissionais e qualificados de uma quarta em-presa, que desenvolverá serviços à empresa prestadora, ajudando--lhe e garantindo melhor desempenho na prestação de serviços do cliente final.

(BERNARDO, 2007. Adaptado.)

AnáliseNesta questão, a única alternativa que traz um texto correto é a c: a pon-

tuação está adequada e não há erros de concordância ou de regência, fre-quentes nas demais opções. “Para se entender” recebe adequadamente o complemento “a quarteirização”, sem preposição, porque se trata de objeto direto. Também está correta a utilização do acento grave em “pertencente à prefeitura”, situação em que o a preposição, exigido pelo termo pertencente, funde-se com o artigo definido a, admitido pelo substantivo prefeitura, com o qual concorda em gênero e número. O trecho usa corretamente também o verbo dispor, que exige objeto indireto, o que torna necessário o uso da pre-posição de: “esta não dispõe do conhecimento necessário”.

Agora vamos identificar os erros que aparecem nas opções a, b, d e e. Para isso, transcreveremos cada trecho, destacando as partes incorretas e depois apresentaremos um breve comentário sobre os problemas identificados.

a) O termo quarteirização designa um método de resolução de problemas de que a modernidade trouxe e muitas empresas ainda não se deram conta.

O erro está no uso da preposição de, que completa adequadamente a ex-pressão “não se dar conta”, mas que não cabe para completar o verbo trazer. Portanto, o texto da alternativa a ficaria correto se fosse escrito desta forma: “O termo quarteirização designa um método de resolução de problemas que [sem preposição antes do que] a modernidade trouxe e muitas empresas ainda não se deram conta disso [preposição de + isso = disso].

b) Essa estratégia possibilita aos empresários de se dedicarem apenas ao seu negócio, sua atividade-fim, deixando os diversos trâmites administrativos nas mãos de uma empresa especializada.

Nesta opção, o problema também é de regência. O de é dispensável, porque “essa estratégia”, que é o sujeito, “possibilita aos empresários” alguma coisa. O

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que a estratégia possibilita, então, deve cumprir a função de objeto direto, até porque já existe um objeto indireto no período: “aos empresários”. Vejamos a correção do trecho, com base nesta explicação: “Essa estratégia possibilita aos empresários se [sem preposição antes do se] dedicarem apenas ao seu negócio, sua atividade-fim, deixando os diversos trâmites administrativos nas mãos de uma empresa especializada.”

d) A quarteirização é o próximo estágio da terceirização, uma estratégia de otimização dos mercados produtores que buscam um quarto elemento da cadeia produtiva os parceiros prestadores de serviços nas áreas que não são primordiais à sua atividade.

Aqui o erro é de pontuação. Entre “produtiva” e “os parceiros”, era preciso usar vírgula ou dois pontos, para apresentar qual é o “quarto elemento da cadeia produtiva”. Conclui-se, portanto, que o final do período, desde “os par-ceiros” até “atividade” funciona como aposto, o que justifica a sugestão do uso de vírgula ou dois pontos: “A quarteirização é o próximo estágio da terceiriza-ção, uma estratégia de otimização dos mercados produtores que buscam um quarto elemento da cadeia produtiva: os parceiros prestadores de serviços nas áreas que não são primordiais à sua atividade.”

e) A quarteirização advem da utilização das empresas já terceirizados, dos serviços profissionais e qualificados de uma quarta empresa, que desenvolve-rá serviços à empresa prestadora, ajudando-lhe e garantindo melhor desem-penho na prestação de serviços do cliente final.

Nessa alternativa, os erros são mais básicos. Advém foi usado sem acento, enquanto deveria ter sido grafado com acento agudo, já que se refere à quar-terização, sujeito que está no singular. Outro erro é o uso do particípio tercei-rizados na forma masculina, sem fazer a concordância correta com empresas, palavra que está na forma feminina plural. Por fim, temos o problema da re-gência incorreta do verbo ajudar: quando esse verbo traz um só objeto, geral-mente é usado como verbo transitivo direto e o pronome lhe, de acordo com a gramática, só pode cumprir função de objeto indireto. Vejamos o trecho corrigido: “A quarteirização advém da utilização das empresas já terceirizadas, dos serviços profissionais e qualificados de uma quarta empresa, que desen-volverá serviços à empresa prestadora, ajudando-a e garantindo melhor de-sempenho na prestação de serviços do cliente final.”

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10. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.

A chegada da crise financeira mundial (1) pequenos municípios exibe mais uma face perversa do abalo global que já fez tremer os gigantes do crédito internacional. A população mais pobre dessas comunidades começa a pagar preço alto ao (2) situar no lado mais fraco das contas públicas brasileiras. A desaceleração da atividade econômica já seria suficiente (3) provocar uma ex-pressiva perda de arrecadação em todos os níveis da administração pública. Mas (4) um complicador a mais para os municípios pequenos. Forçado (5) con-ceder desonerações tributárias para ajudar a manutenção de empregos, o go-verno federal abriu mão de parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um dos principais formadores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Por causa da excessiva proliferação de cidades, muitas vezes, emanci-padas apenas para atender a interesses de grupos políticos locais, é imensa a quantidade de orçamentos dessas comunidades em todo o país que depen-dem quase (6) exclusivamente desse fundo. (ESTADO DE MINAS, 3 mar. 2009)

a) nos – o – ao – a – em – que

b) aos – se – para – há – a – que

c) a – a – de – é – de – em

d) por – lhe – por – existe – por – de

e) em – o – ao – é – por – de

Análise

A alternativa que completa corretamente todos os espaços da questão é a b, porém isso não significa que as outras opções não tragam nenhuma pro-posta correta de preenchimento. Sendo assim, acompanhe abaixo cada um dos seis fragmentos que deveriam ser completados, com todas as possibilida-des corretas de respostas e alguns comentários.

1) A chegada da crise financeira mundial aos/a pequenos municípios exibe […].

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Para completar o sentido do verbo chegar ou de substantivos que dele derivam, como chegada, a preposição exigida é a. Sempre chegamos a algum lugar, embora, na fala, ou em textos informais, seja comum nos depararmos com “Cheguei atrasado no colégio.”

O espaço do texto pode ser completado com a simplesmente, ou com a mais o artigo definido os, que concorda com “pequenos municípios”. Por isso, estão corretas as formas aos e a.

2) A população mais pobre dessas comunidades começa a pagar preço alto ao se situar no lado mais fraco […].

A única opção correta é o uso do se, porque, nesse caso, o verbo situar é prono-minal e significa que algo está colocado ou localizado em algum ponto. A cons-trução é diferente de “O professor situou o aluno na explicação do conteúdo.”

3) A desaceleração da atividade econômica já seria suficiente para provo-car uma expressiva perda […].

Esse espaço também só tem uma opção de preenchimento correto, ainda mais que é estabelecida uma relação de causa e efeito, na qual o para é muito utilizado. No exemplo dado, o para relaciona causa (“a desaceleração da ativi-dade econômica”) e a consequência (“uma expressiva perda”).

4) Mas há/existe um complicador a mais […].

Esta lacuna é uma das mais fáceis de ser preenchida. Pode-se usar tanto haver como existir e em ambos os casos os verbos estão flexionados correta-mente. Sobre essa questão, nunca é demais o lembrete: o verbo haver, quando utilizado no sentido de existir, não tem plural. Sendo assim, se o fragmento dado estivesse no plural, o verbo haver seria mantido no singular. Observe: “Mas há dois complicadores a mais […].”

5) Forçado a conceder desonerações tributárias […].

Esse item também só apresenta uma possibilidade correta, que é dada pela preposição a, – afinal, alguém é “forçado a alguma coisa”.

6) […] é imensa a quantidade de orçamentos dessas comunidades em todo o país que dependem quase que exclusivamente desse fundo.

No último espaço deixado no texto, é correta a utilização do que. No en-tanto, ressalte-se que o que não é exigido pelo verbo depender (que exige a

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preposição de), mas pelo quase. Isso se comprova facilmente com a retirada do quase, que implicaria, também, a ausência do que. Veja: “[…] é imensa a quantidade de orçamentos dessas comunidades em todo o país que depen-dem exclusivamente desse fundo.”

Terminada a análise da questão, conclui-se que, apesar de, em um caso ou outro, algumas opções de preenchimento listadas nas letras a, c, d e e pode-rem ser utilizadas, a letra b é a única que apresenta sugestões corretas para os seis espaços que precisam ser completados no texto. Portanto, a resposta correta é a letra b.

11. Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de Zero Hora (28 fev. 2009), mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses con-forme a posição no texto final e indique a opção correspondente.

A emergência e a multiplicidade desses planos e desses pacotes )(de estímulo estão preocupando até mesmo o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss- -Kahn, para quem essas manifestações desconexas e parciais não representam soluções e, ao contrário, podem tornar-se parte da crise.

A questão do protecionismo, tema central nos debates sobre o )(comércio internacional nas últimas décadas, ganha agora uma renovada atualidade em decorrência das medidas que, nos países ricos e nas nações em desenvolvimento, os governos têm adotado para enfrentar os efeitos da crise global.

Exemplos dessas medidas pontuais e restritas são, entre outras, )(a proposta subordinada ao slogan buy American, pela qual os consumidores dos Estados Unidos são convocados a comprar produtos locais, e as que o governo de Buenos Aires está adotando para proteger a indústria argentina contra a presença de produtos estrangeiros, mesmo do Mercosul. Alguns dos itens brasileiros só entram na Argentina pagando taxas que vão a 413%.

A ausência de medidas planetárias para enfrentar esse problema )(que tem tal dimensão estimula soluções parciais e limitadas, que se multiplicam de país para país, que levam à adoção de pacotes de estímulos distintos e que acabam por dar força a tentativas quase nacionalistas de defesa de interesses.

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Para ele, esse é o risco de uma política de “empobrecer o vizinho”, )(que é a que transparece das decisões de países importantes, a começar pelos da União Europeia, dos Estados Unidos e do Japão. A globalização que ocorreu nas últimas três décadas, mesmo que agora surja como um fenômeno em retração por causa da crise, é ainda um elemento fundamental para o entendimento do inter-relacionamento econômico e financeiro internacional e para avaliar os efeitos devastadores e abrangentes da atual crise.

a) 2, 3, 5, 1, 4.

b) 4, 1, 3, 2, 5.

c) 1, 5, 4, 3, 2.

d) 3, 4, 2, 5, 1.

e) 5, 2, 1, 4, 3.

Análise

Os relatores ou conectivos são peças-chave para resolver esta questão. Sa-bemos que um texto deve cuidar para que suas partes (períodos e parágrafos) formem um todo coeso e coerente. Por isso, cada bloco, pequeno ou grande, deve fazer parte de um encadeamento. Isso significa dizer que nenhuma in-formação é avulsa e independente no texto. Importa o que veio antes dela, assim como essa parte determina o que virá a seguir.

Por essa razão, desvendar a sequência de um texto é um exercício lógico, em que temos de verificar se as informações são apresentadas em um esque-ma progressivo. Para dar continuidade à ideia, é fundamental que o texto utilize relatores, para evitar repetição e dar muitas informações sobre um mesmo objeto ou sujeito. O exercício, portanto, exige boa desenvoltura na interpretação e também na escrita.

Vamos, então, colocar as partes do texto na ordem correta e destacar ele-mentos importantes, responsáveis pela progressão das informações. Além disso, os parágrafos serão numerados, para enfatizar a correspondência com a ordem apresentada na letra b, indicada como a resposta certa da questão em análise.

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1) A questão do protecionismo, tema central nos debates sobre o comér-cio internacional nas últimas décadas, ganha agora uma renovada atualidade em decorrência das medidas que, nos países ricos e nas nações em desenvol-vimento, os governos têm adotado para enfrentar os efeitos da crise global.

2) A ausência de medidas planetárias para enfrentar esse problema que tem tal dimensão estimula soluções parciais e limitadas, que se multiplicam de país para país, que levam à adoção de pacotes de estímulos distintos e que acabam por dar força a tentativas quase nacionalistas de defesa de interesses.

3) Exemplos dessas medidas pontuais e restritas são, entre outras, a pro-posta subordinada ao slogan buy American, pela qual os consumidores dos Estados Unidos são convocados a comprar produtos locais, e as que o gover-no de Buenos Aires está adotando para proteger a indústria argentina contra a presença de produtos estrangeiros, mesmo do Mercosul. Alguns dos itens brasileiros só entram na Argentina pagando taxas que vão a 413%.

4) A emergência e a multiplicidade desses planos e desses pacotes de es-tímulo estão preocupando até mesmo o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, para quem essas manifestações desconexas e parciais não representam soluções e, ao contrário, podem tor-nar-se parte da crise.

5) Para ele, esse é o risco de uma política de “empobrecer o vizinho”, que é a que transparece das decisões de países importantes, a começar pelos da União Europeia, dos Estados Unidos e do Japão. A globalização que ocorreu nas últimas três décadas, mesmo que agora surja como um fenômeno em re-tração por causa da crise, é ainda um elemento fundamental para o entendi-mento do inter-relacionamento econômico e financeiro internacional e para avaliar os efeitos devastadores e abrangentes da atual crise.

No primeiro parágrafo, temos “a questão do protecionismo”, caracterizada, inclusive, como “tema central”. Isso é próprio do início de um texto, que deve apresentar o tema, em linhas gerais, para depois aprofundá-lo. Além disso, o parágrafo ainda menciona que a questão “ganha agora uma renovada atuali-dade”, situação que é associada aos “efeitos da crise global”.

Já no segundo parágrafo, usa-se “esse problema” como relator, o qual retoma o problema dos “efeitos da crise global”. Inclusive, o verbo enfrentar, que já tinha aparecido anteriormente, volta a ser usado, no início do segundo parágrafo.

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O parágrafo 3 é aberto com “Exemplos dessas medidas pontuais e restritas”, parte longa que retoma as “soluções parciais e limitadas”, citadas no segundo parágrafo. Perceba que a relação entre as expressões se dá a partir do uso de sinônimos (soluções/medidas, parciais/pontuais e limitadas/restritas).

No quarto parágrafo, mencionam-se “a emergência e a multiplicidade desses planos e desses pacotes de estímulo”. Mas que planos e pacotes são esses? Trata-se do incentivo à compra de produtos locais, citado no parágra-fo anterior, que deu como exemplos as atitudes dos governos dos Estados Unidos e da Argentina. Ainda no parágrafo 4, o texto traz a avaliação do dire-tor-gerente do FMI sobre as políticas dos países citados.

Dando continuidade à concepção que começou a ser apresentada nesse pa-rágrafo, o quinto e último bloco do texto inicia-se com “Para ele”, referência clara ao diretor-gerente do FMI, cuja opinião continua a ser registrada no texto.

Para responder às questões 12 a 15, considere o poema abaixo.

Vaidade

Florbela Espanca

Sonho que sou a Poetisa eleita,Aquela que diz tudo e tudo sabe,Que tem a inspiração pura e perfeita,Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridadePara encher todo o mundo! E que deleitaMesmo aqueles que morrem de saudade!Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...Aquela de saber vasto e profundo,Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,E quando mais no alto ando voando,Acordo do meu sonho...

E não sou nada!...

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12. No primeiro verso do poema, encontramos o eu poético feminino afir-mando seu sonho de ser “a Poetisa eleita”. Outro de seus sonhos é que:

a) sua inspiração lhe diga tudo o que sabe.

b) seus versos encham todo o mundo.

c) a terra ande curvada aos seus pés.

d) a imensidade lhe seja pura e perfeita.

e) a claridade de seus versos deleite os mortos.

Análise

A questão avalia a interpretação e propõe alternativas que distorcem os versos do poema, o que pode fazer o candidato tomar por verdadeira uma ideia que é falsa, apenas por ela apresentar palavras que integram o texto. As alterações parecem sutis, mas, na verdade, invertem o sentido expressado no poema.

A única alternativa que é fiel ao sentido original é a letra c, porque o eu lírico declara que sonha que é “Alguém cá neste mundo…/ Aquela de saber vasto e profundo,/ Aos pés de quem a terra anda curvada!”

Já a letra a afirma que o sonho do eu lírico é que “sua inspiração lhe diga tudo o que sabe”, enquanto, na verdade, o desejo é de ser “a Poetisa eleita,/ Aquela que diz tudo e tudo sabe”. Inspiração parece apenas um detalhe, mas o fato é que essa palavra não faz parte dos versos em questão e, portanto, a inclusão desse termo na alternativa distorce o sentido original.

O mesmo artifício aparece na letra b, já que o sonho do eu lírico não é que “seus versos encham todo o mundo”, mas que “a claridade” dos seus versos cumpra essa função.

Na opção d, a armadilha se repete. A resposta sugerida afirma que o sonho corresponde a uma “imensidade” que “lhe seja pura e perfeita”. No entanto, uma releitura do poema revela que a imensidade é decorrência da inspiração, essa sim caracterizada como “pura e perfeita”.

A letra e talvez traga a opção menos problemática, porque faz maior desvio de sentido. No poema, há um conjunto de versos afirmando que a claridade de

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seus versos deve deleitar até mesmo aqueles que “morrem de saudade”. Isso é muito diferente da proposta da alternativa, que afirma que a claridade deve deleitar “os mortos”.

13. Na primeira estrofe do poema, há seis verbos, todos empregados no presente do indicativo. Qual a única afirmação correta a respeito des-ses verbos?

a) Todos eles são irregulares ou anômalos.

b) Apenas um deles pertence à terceira conjugação.

c) Todos indicam uma projeção para o futuro.

d) Nenhum deles pertence à primeira conjugação.

e) Todos eles representam uma verdade permanente.

Análise

A questão pede que o candidato avalie seis verbos: sonhar, ser, dizer, saber, ter e reunir. Cada opção faz uma reflexão sobre esses verbos, analisando-os sob aspectos diferentes.

A alternativa correta é a b, que afirma que apenas um dos verbos citados acima segue a terceira conjugação. A afirmação é verdadeira, pois só reunir tem essa característica.

A letra a está incorreta porque nem todos os verbos da primeira estrofe são irregulares: sonhar e reunir são regulares.

Outra opção que diz respeito ao aspecto gramatical é a letra d, que men-ciona que nenhum verbo “pertence à primeira conjugação”. Essa alternativa está incorreta, porque sonhar é exemplo da primeira conjugação.

As questões c e e dizem respeito ao sentido dos verbos. A alternativa c con-sidera que todos os verbos “indicam uma projeção para o futuro”. Retomando a estrofe em que eles aparecem, percebe-se que todos são usados no tempo pre-sente e que, portanto, apenas sonhar pode indicar tal projeção, não pelo tempo verbal em que é usado, mas pelo seu significado. Sonhar pode ser empregado no sentido de “fazer planos” e, por isso, pode ser relacionado ao futuro.

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Quanto à letra e, é errada a afirmação de que os seis verbos em análise “re-presentam uma verdade permanente”. A maioria deles refere-se a uma ação passageira. É o caso de sonhar e reunir, por exemplo. A única exceção é apli-cada ao verbo ser, que, por oposição a estar, indica permanência. Os exemplos que comprovam essa diferença são “Ele é triste” e “Ele está triste”. Enquanto está indica que a tristeza é passageira, o é indica que a tristeza faz parte do sujeito.

14. Sobre as rimas que ocorrem nas duas primeiras estrofes do poema, é correto afirmar que elas são feitas:

a) entre verbos no gerúndio e substantivos concretos.

b) em posição interna e externa nos oito versos.

c) com palavras paroxítonas terminadas em vogal átona.

d) sem simetria apenas na primeira estrofe.

e) de modo aleatório, com pouca regularidade.

Análise

A resposta certa dessa questão é a letra c, porque, de fato, todas as pala-vras que encerram os versos das duas estrofes que abrem o poema são paro-xítonas, por exemplo, deleita e insatisfeita. Como palavras paroxítonas, elas têm a penúltima sílaba tônica, razão pela qual a sílaba final é composta por vogal átona e, em todos os casos dos versos analisados aqui, as sílabas finais terminam com vogal.

Está incorreta a opção a porque as rimas privilegiam verbos no particípio (e não no gerúndio) e substantivos abstratos (e não concretos). Podemos citar como exemplos: insatisfeito e saudade, respectivamente.

A letra b está errada porque menciona rimas internas, ou seja, similarida-des sonoras que relacionam a última palavra de um verso com outra palavra localizada no início ou no meio do verso seguinte, o que não ocorre nos oito versos selecionados para análise: todas as rimas são externas.

O erro da letra d é afirmar que não há simetria nas rimas da primeira es-trofe. A proposição pode levar muitos candidatos ao engano, porque sabe

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e imensidade formam uma rima não tradicional. No entanto, as palavras não deixam de rimar, porque coincidem na vogal tônica – a. Isso significa que a identidade sonora dos versos é minúscula, mas não é inexistente.

A alternativa e está incorreta porque afirma que o esquema de rimas dos versos é aleatório. Essa informação não procede, já que as duas estrofes apre-sentam rimas alternadas, característica que revela regularidade.

15. O último terceto do poema mostra uma repetição de estruturas sintá-ticas que:

a) constroem uma gradação necessária para que se desfaça a atmos-fera de sonho e o eu poético possa afirmar sua fragilidade.

b) reforçam a ideia de distanciamento do sonho diante da realidade, mas sustentam a valorização do eu poético.

c) atuam expressivamente para negar a inadequação do eu poético diante da atmosfera de sonho de sua realidade.

d) valorizam o aspecto atemporal do sonho sem comprometer a ob-servação concreta da instabilidade do eu poético.

e) enfatizam o idealismo utópico do eu poético em suas reflexões so-bre o desejo de sonhar e o sonho de desejar.

Análise

Essa questão tem como resposta certa a letra a porque o fato de os versos de abertura do terceto apresentarem palavras iguais, sobretudo no início (“E quando mais”), gera a gradação mencionada na alternativa. É como se, no primeiro verso, o eu lírico estivesse um pouco distanciado da realidade. No se-gundo verso, essa distância aumenta e, finalmente, no último verso, “Acordo do meu sonho”, o eu lírico, frágil, é devolvido à realidade.

A letra b se inicia com a oposição entre sonho e realidade, que só fica es-tabelecida com a leitura do terceiro verso, o qual não está incluído na análise sugerida pela questão. Além disso, a alternativa menciona a “valorização do eu poético”, traço que não fica claro nos versos analisados.

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Na opção c, o problema está na união de sonho e realidade em “atmos-fera de sonho de sua realidade”. A inadequação do eu lírico relaciona-se à realidade e não ao sonho: por não se encaixar na realidade é que ele se en-trega ao mundo dos sonhos.

A letra d afirma que os versos não comprometem a “observação concre-ta da instabilidade do eu poético”, porém não há como não acontecer esse comprometimento, já que o uso do sonho como fuga da realidade acentua a instabilidade do eu lírico.

Finalmente, a letra e está incorreta porque os versos em questão não cons-tituem o melhor exemplo do “idealismo utópico do eu poético”, mais enfatiza-do no início do poema (“Sonho que sou a Poetisa eleita”).

Dica de estudoPara resolver problemas básicos de fala e escrita e se preparar para concursos,

é importante rever, em qualquer gramática, a explicação sobre sujeito indetermi-nado e sujeito simples e as funções do se.

ReferênciasANALISTA DE SISTEMAS 1. Disponível em: <www.lfg.com.br/concursos/FURNAS_ANALISTA_SIST_OBJ_2009.pdf>. Acesso em: 10 maio 2010.

LEITE, M. Feliz Aniversário, Darwin! Disponível em: <http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-02-08>. Acesso em: 20 abr. 2010.

MASI, Domêncio de. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

Sites consultados<http://concursos.correioweb.com.br>

<www.dominiopublico.gov.br>

<www.concursos-publicos.net>

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Gabarito1. B

2. A

3. A

4. E

5. D

6. E

7. C

8. B

9. C

10. B

11. B

12. C

13. B

14. C

15. A

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