Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - Português Ensino Médio – 1ª Série A prosa...

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - PortuguêsEnsino Médio – 1ª Série

A prosa literária: semelhanças e diferenças entre conto e crônica

LÍNGUA PORTUGUESA, 1º ANO – ENSINO MÉDIOA prosa literária: semelhanças e diferenças entre conto e crônica

PROSA LITERÁRIA

A Prosa literária é um tipo de mensagem dotada de LITERARIEDADE.

A literariedade é um ingrediente que só a mensagem literária possui, pois ela é composta de um tipo de linguagem em que predomina a conotação, os efeitos sonoros, a ambiguidade, a polivalência, o neologismo, o rompimento com as normas de usos dos signos linguísticos e, algumas vezes, até com as normas gramaticais(1).

A obra literária é FICÇÃO: tudo que nela existe é uma criação do autor, por mais real, por mais verossímil que pareça.

http://rosabe.sites.uol.com.br/prosaliteraria.htm


ImagemA: Abílio Manuel de Guerra Junqueiro/public domain

ImagemB: Fran Dotti do prado/GNU Free Documentation LicenseImagemC: Whisner Fraga/public domain

ImagemD: Euclides da Cunha/ public domain

ImagemE: Autor desconhecido/ public domain

CRÔNICA: RETRATO DO CRÔNICA: RETRATO DO COTIDIANOCOTIDIANO


Imagem: Maria Hsu/Creative Commons Attribution 2.0 Generic

CONCEITO:

• CRÔNICA é o único gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja de um jornal.

• É produzida com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem(2).


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B4nica_(literatura_e_jornalismo)

CARACTERÍSTICAS

A crônica é, primordialmente, um texto para ser publicado no jornal. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.

O cronista dá um toque próprio aos acontecimentos cotidianos, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, a partir de um olhar apurado dos fatos cotidianos.

Assim, a crônica situa-se entre a literatura e o jornalismo , e o cronista pode ser considerado “poeta” dos acontecimentos do dia a dia.(3)



O que podemos observar nesta foto? O que mais chama a sua atenção?


Imagem: Johntex/GNU Free Documentation License

A CRÔNICA, NA MAIORIA DOS CASOS, É UM TEXTO CURTO E NARRADO EM PRIMEIRA PESSOA, OU SEJA, O PRÓPRIO ESCRITOR ESTÁ “DIALOGANDO” COM O LEITOR.

Isso faz com que esse gênero apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista.

Exemplo: “A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar café junto ao balcão. Na realidade, estou adiando o momento de escrever.” (...) (Fernando Sabino, “A última crônica”)

TAMBÉM É POSSÍVEL A NARRAÇÃO EM TERCEIRA PESSOA, EM QUE O NARRADOR SE COLOCA COMO OBSERVADOR DOS FATOS:Exemplo: “Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de uma lado para o outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: “Aqui mora uma devedora inadimplente.” (Moacyr Scliar, “Cobrança”)(2)



Observe esta imagem: o que teria levado o fotógrafo a interessar-se por esta cena? Será que foi planejada? Ou foi espontânea?


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Percebe-se que, ao tirar a foto, o (a) fotógrafo (a) aproveitou-se de uma cena espontânea de diálogo entre duas crianças. O que conversam, que segredos têm em comum? Perguntas que dariam uma crônica, certamente.

Observação: A imagem anterior foi fotografada por alunos de uma escola estadual, em oficina orientada pela professora de Língua Portuguesa. A proposta era que eles saíssem às ruas da cidade fotografando cenas cotidianas que lhes chamassem a atenção. O objetivo era que eles percebessem que o olhar do cronista é semelhante ao olhar do fotógrafo: buscar sempre o melhor ângulo. Também para mostrar que a crônica é semelhante a uma fotografia, só que ao invés do texto não verbal, utiliza-se do texto verbal.



UM POUCO DE HISTÓRIA

A palavra “Crônica” deriva do latim chronica, que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica. Era, portanto, um breve registro de eventos. No século XIX com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte de jornais. Serviam, como em outros textos do jornal, para informar ao leitor. Eram publicadas no rodapé dos jornais, os “folhetins”. Essa prática chegou ao Brasil na segunda metade do século XIX e era parecida com os textos dos jornais franceses. Com o passar do tempo, a crônica brasileira passou a ter um caráter mais literário, com uma linguagem mais leve, envolvendo poesia, lirismo e fantasia. Vários autores se destacaram e se destacam no cenário nacional como célebres cronistas:MACHADO DE ASSIS, RUBEM BRAGA, FERNANDO SABINO, RAQUEL DE QUEIROZ, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, PAULO MENDES CAMPOS, ALCÂNTARA MACHADO, MOACYR SCLIAR E MUITOS OUTROS.(3)

http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/origem.htm


MAS AFINAL, CRÔNICA É JORNALISMO OU LITERATURA?

Se o objetivo é fazer literatura, e ele sabe fazer... (Sobre a crônica, Ivan Ângelo)

Ivan Ângelo ainda escreve em sua crônica “Sobre a Crônica”: [...] Há crônicas que são pequenas dissertações, como em Machado de Assis; outras são poemas em prosa, como em Paulo Mendes Campos; outras são pequenos contos, como em Nelson Rodrigues; ou casos, como os de Fernando Sabino; outras são evocações, como em Drummond e Rubem Braga; ou memórias e reflexões, como em tantos. A crônica tem a mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem – e facilidades que a melhor poesia não se permite. Está em toda imprensa brasileira, de 150 anos para cá. [...] Por que deu certo no Brasil? Mistérios do leitor. Talvez por ser a obra curta e o clima quente. [...]

TIPOS DE CRÔNICA:

• Crônica descritiva• Crônica narrativa• Crônica dissertativa• Crônica narrativo-descritiva• Crônica humorística• Crônica lírica• Crônica poética• Crônica reflexiva



Imagem: Andrevruas/Creative Commons Attribution 3.0 Unported


DE CONTO EM CONTOAFINAL, O QUE É UM CONTO? CONTO E CRÔNICA SÃO O MESMO GÊNERO? SÃO DA MESMA FAMÍLIA? SÃO SEMELHANTES? SÃO DIFERENTES?

NINGUÉM MELHOR PARA RESPONDER ESSAS PERGUNTAS DO QUE ELE, O PRÓPRIO: O CONTO.

MOACYR SCLIAR, DE FORMA BEM CRIATIVA, FAZ-NOS UMA APRESENTAÇÃO INÉDITA DO CONTO. OUÇAMOS!


Imagem: Sigurður málari /public domain


O que é conto?

Do latim contare = falar, o conto é uma narrativa breve e concentrada que se propõe a captar (compreender) apenas um momento, um episódio da vida do(s) personagem(s).

O conto é um tipo de expressão literária que traz um relato de acontecimento. De extensão breve, o conto pode variar de tamanho, mas é sempre uma história gostosa de ler que não toma muito tempo do leitor.

O espaço em que atuam esses personagens é restrito, limitado, e o episódio localizado passa-se num curto espaço de tempo (horas e/ou dias).

Os seus personagens são em geral retratados rapidamente, com poucos detalhes.


A técnica de composição do conto baseia-se no desenvolvimento de uma ação, na narração de um fato. O encadeamento dos momentos da narrativa – introdução, clímax (ponto culminante) e desfecho – é que dá ao conto um clima de suspense, de interesse.

Características do conto• Quem - Personagens : Geralmente o conto apresenta poucos personagens.• O que - Ação : O conto relata um único conflito, um único acontecimento , é o fio condutor da história.• Onde - Espaço : O fato se dá geralmente num mesmo lugar: uma cidade, um bairro, uma rua, uma casa, etc.• Quando - Tempo : O fato narrado desenrola-se geralmente num curto espaço de tempo: algumas horas ou alguns dias.


TIPOS DE CONTOS

FantásticosDe suspense

EróticosRomânticos

De ficção científica

ESTRUTURA DO CONTO:

narrador personagens

enredo conflitotempo espaço clímax

desfecho


Foco narrativo:

Primeira pessoa: Personagem principal conta sua história; este narrador limita-se ao saber de si próprio, fala de sua própria vivência. Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª pessoa e neste caso podemos ter:A) Narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo, "falando" do exterior, não se colocando dentro da cabeça da personagem; assim não sabemos suas emoções, ideias, pensamentos. O narrador apenas descreve o que vê, no mais, especula.B) Narrador onisciente: conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das personagens, sobre seus destinos, ideias, pensamentos. Como se narrasse de dentro da cabeça delas.(4)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto

Do que precisa o conto?

Tensão, ritmo, o imprevisto dentro dos parâmetros previstos, unidade, compactação, concisão, conflito,

início, meio e fim; o passado e o futuro têm significado menor. O “flashback” pode acontecer,

mas só se absolutamente necessário, mesmo assim da forma mais curta possível.(4)


http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto


DO CONTO TRADICIONAL AOS MINICONTOS

Miniconto, ou microconto é uma espécie de conto muito pequeno, produção esta que tem sido associada ao minimalismo.

Embora a teoria literária ainda não reconheça o miniconto como um gênero literário à parte, fica evidente que as características do que chamamos de miniconto são diferentes das de um "conto pequeno".

No miniconto, muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita(5).

EXEMPLO DE MINICONTO: O guatemalteco Augusto Monterroso é apontado como autor do mais famoso miniconto, escrito com apenas trinta e sete letras:

Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.

Assim como o estadunidense Ernest Hemingway é autor de outro famoso miniconto. Este possui apenas vinte e seis letras, mas por trás das quais há toda uma história de tragédia familiar:

Vende-se: sapatos de bebê, sem uso.(5)



SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE CONTO E CRÔNICA

CONTO: é uma narrativa curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens que existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens, porém não é comum que ocorra com todo mundo. Pode ter um caráter real ou fantástico, da mesma forma que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.

CRÔNICA: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da ironia e, às vezes, até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo.(6)

O CONTO é uma história completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é conto.

A CRÔNICA é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resultado da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana, ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora o humor; mas, às vezes, diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada. Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante. É o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto é o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.(7)



OUVINDO UMA CRÔNICA DE FERNANDO SABINO

Imagem: Dave Buchwald/Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported


LENDO UMA CRÔNICA DE ALUNO:

A QUADRA VELHA

Aluno: Gabriel Batista da Silva – vencedor da OLP 2010 no gênero crônica.Professora: Maria Inês ResendeEscola: E. M. Crispim Bias Fortes • Cidade: Barbacena – MG

Aqui no lugar onde vivo não tem cinema, lan house, discoteca... aqui tem cavalo, rio, cachoeira, gente que conta histórias... E, acima de tudo, aqui tem uma quadra. Uma quadra velha. Velha e pequena, só tem espaço para seis jogadores de cada lado. Uma quadra velha e pequena onde cabe inteira a nossa imensa alegria.Ali a bola rola, enrola, rebola, embola, solta, samba, sapateia... Ali vale tocar a bola de chuteira, de chinelo ou de pé no chão. Ali vale jogar menino, menina, velho, magrela e gordão. Vale entrar de sola, de carrinho e até de bicão. Vale arrebentar o joelho, arrancar a ponta do dedão... tem gol contra, bola murcha e bola fora.O que importa é que quando a bola rola na quadra velha o mundo para. As árvores e as casas espiam. As pessoas que passam pela estrada de terra não


resistem, param, assoviam, batem palmas. Os moleques perdem a hora que se perde no tempo. Cada pai vê em seu filho o grande craque e sonha com seu menino na seleção. Quem sabe 2014...Ali, na quadra velha e pequena, adormece a tristeza, o cansaço, a desilusão... ali os homens se esquecem dos calos, das dívidas, das dores... ali os meninos são magos, são livres, são pássaros: transcendem, voam... Ali não tem zero, não tem senão. Só tem bola no chão. Ali eles são uma bandeira verde e amarela hasteada no sertão.

Isso, até que chega a noite escura e sombria. Ela, revestida de negro, faz arriar o sonho, despe a fantasia, cala a poesia.

Amanhã tem trabalho, tem escola. Dói o calo, o joelho incha, o moleque chora. E a quadra fica de fato velha e pequena. Fica ali, triste, silenciosa, no escuro. Fica ali à espera de que os meninos voltem logo e ressuscitem o momento mágico.


As boas histórias vêm do fundo, sempre ligadas às nossas

experiências mais íntimas e essenciais. Nascem do mergulho

no grande oceano do inconsciente. Marcos Rey

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Almanaque na ponta do lápis, nº 12 , dezembro de 2009 – publicação da OLPCENPEC e parceiros.A Ocasião faz o escritor, caderno do professor – coleção da olimpíada – CENPECColetânea de Crônicas – Olimpíada da Língua Portuguesawww.brasilescola.com, acesso em 26/11/2011www.wikipedia.com.br, acesso em 28/11/2011

Slide Autoria / Licença Link da Fonte Data do Acesso

3a Abílio Manuel de Guerra Junqueiro/public

domain http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Contos_para_a_infancia.djvu

17/04/2012

3b Fran Dotti do prado/GNU Free Documentation License

http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Noar.png

17/04/2012

3c Whisner Fraga/public domain http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Cidade2.jpg

17/04/2012

3d Euclides da Cunha/ public domain http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Os_Sert%C3%B5es_livro_1902.jpg

17/04/2012

3e Autor desconhecido/ public domain http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Bar%C3%A3o_de_Serro_Azul_-_Capa_de_Livro.jpg

17/04/2012

4 Maria Hsu/Creative Commons Attribution 2.0 Generic

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17/04/2012

7 Johntex/GNU Free Documentation License http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Boy_learning_to_surf_off_Barra_Brazil_-_02.JPG

17/04/2012

9 Biswarup Ganguly/ Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported

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17/04/2012

14 Andrevruas/Creative Commons Attribution 3.0 Unported

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17/04/2012

16 Sigurður málari /public domain http://wikimediafoundation.org/wiki/File:Learning_to_Read_by_Sigur%C3%B0ur_m%C3%A1lari.jpg

17/04/2012

26 Dave Buchwald/Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported

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Tabela de Imagens

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