Lisboa, a cidade de fernando pessoa (terceiro percurso)

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Lisboa, a cidade de Fernando Pessoa Por encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian, Almada Negreiros realizou, em 1964, uma réplica (como que visto ao espelho) do Retrato de Fernando Pessoa, que havia executado em 1954. O quadro está exposto no Centro de Arte Moderna /Fundação Calouste Gulbenkian.

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Lisboa, a cidade de Fernando Pessoa

Por encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian, Almada Negreiros realizou, em 1964, uma réplica (como que visto ao espelho) do Retrato de Fernando Pessoa, que havia executado em 1954. O quadro está exposto no Centro de Arte Moderna /Fundação Calouste Gulbenkian.

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Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888. Foi a cidade da sua vida, excluindo os nove anos que passou na África do Sul. Trabalhou, como «correspondente comercial em línguas estrangeiras», em cerca de 20 escritórios. Outras vezes, ousou mesmo ser empresário, criando, em associação ou não, firmas comerciais. Sempre em locais da Baixa de Lisboa. Morou em vários sítios da cidade de Lisboa, às vezes em quartos alugados, até que viveu os últimos 15 anos, entre 1920 e 1935, no nº 16 da Rua Coelho da Rocha, no Bairro de Campo de Ourique. Morreu no dia 30 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa.

Fica aqui uma sugestão de um roteiro para a cidade de Lisboa nos passos de Fernando Pessoa, a realizar em três percursos.

Fazemos notar que a grande maioria das firmas para as quais o poeta trabalhou, ou de que foi proprietário, já não existe e que os prédios estão, quase todos, muito degradados. Em alguns casos, foram mesmo substituídos por outros.

Não obstante, entendemos dever privilegiar a palavra à imagem, considerando que o nosso objectivo principal é assinalar os passos de Fernando Pessoa em Lisboa.

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Fernando sonhou ser muitos rostos, mas não conseguiu, sequer, ser ele próprio .

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Terceiro Percurso:

Praça da FigueiraRua da Madalena

Rua Jardim do TabacoCampo das Cebolas Terreiro do PaçoLargo do Corpo SantoRua de São PauloElevador da BicaBairro de Campo de OuriqueLargo do ChiadoMiradouro Santa Catarina

Percurso 3/3

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Baixa de Lisboa

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Cesário, que conseguiu

Cesário, que conseguiu

Ver claro, ver simples, ver puro,

Ver o mundo nas suas cousas,

Ser um olhar com uma alma por trás, e que vida [tão breve!

Criança alfacinha do Universo.

Bendita sejas com tudo quanto está à vista!

Enfeito, no meu coração, a Praça da Figueira para ti

E não há recanto que não veja para ti, uns recantos

[dos seus recantos.

Álvaro de Campos, Poemas, 6/4/1930

Praça da Figueira

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Rua da Madalena, 109 – “Casa Serras” (ou E. Dias Serras, Lda” (primeira sede antes de 1934)

(…)Isto me consola neste escritório estreito, cujas

janelas mal lavadas dão sobre um rua sem alegria.

Isto me consola, em o qual tenho por irmãos os

criadores da consciência do mundo – o dramaturgo

atabalhoado William Shakespeare, o mestre-escola

John Milton, o vadio Dante Alighieri, e até, se a

situação se permite, aquele Jesus Cristo que não

foi nada no mundo, tanto que se duvida dele pela

história.

(…)

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

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Rua Jardim do Tabaco, 74 – Comp. Industrial de Portugal e Colónias

(…)Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a orografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem cuspisse. Sim, porque a ortografia também é gente.(…)

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

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Largo do Campo das Cebolas, 43, 1º - A. Xavier Pinto

Neste escritório, Fernando Pessoa recebeu, entre 1914 e 1915, um número razoável de postais e cartas, quase todos de Paris, do seu grande amigo Mário de Sá-Carneiro. Quase todo o original do poema “Passagem das Horas” foi dactilografado em papel com chancela desta firma, em 22 de Maio de 1916.

PASSAGEM DAS HORAS

Trago dentro do meu coração,Como num cofre que se não pode fechar de cheio,Todos os lugares onde estive,Todos os portos a que cheguei,Todas as paisagens que vi através de janelas [ou vigias Ou de tombadilhos, sonhando,E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que

[eu quero.(…)

Álvaro de Campos, Poemas

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Terreiro do Paço - Café Martinho da Arcada

No final da sua vida, Fernando Pessoa passou mais tempo no Martinho da Arcada do que em qualquer outro café da Baixa de Lisboa.

O café mantém, ainda hoje, a mesa em que o poeta habitualmente se sentava em tertúlia com os amigos. Numa fotografia publicada em 1928 podemos vê-lo sentado a uma mesa mais central convivendo com António Botto, Raul Leal e Augusto Ferreira Gomes.

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Cenário lisboeta por excelência, cenário pessoano quase inevitável, a cidade baixa assume, nas proximidades do Tejo, a sua feição mais cosmopolita. Antes de dele, foi a cidade de Cesário, como o próprio Fernando Pessoa escreve:

«Amo, pelas tardes demoradas de Verão, o sossego da cidade baixa, e sobretudo aquele sossego que o contraste acentua na parte que o dia mergulha em mais bulício. A Rua do Arsenal, a Rua da Alfândega, o prolongamento das ruas tristes que se alastram para leste desde que a Alfândega cessa, toda a linha separada dos cais quedos - tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro, por essas tardes, na solidão do seu conjunto. Vivo uma era anterior àquela em que vivo; gozo de sentir-me coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros versos como os dele, mas a substância igual à dos versos que foram dele»

Bernardo Soares, Livro do Desassossego (1929)

Terreiro do Paço e Rua do Arsenal (vista do Martinho da Arcada

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Largo do Corpo Santo, 28, 1º - “Francisco Camello”

Existiu, no número 28, o escritório “Francisco Camello”, para quem Fernando Pessoa trabalhou nos últimos anos da sua vida, conforme comprova o testemunho do seu biografo principal, João Gaspar Simões, que descreve uma visita que fez ao poeta neste local de trabalho. Este escritório mantém-se em actividade (agora no 2º andar do nº 16) e, até meados do ano de 2011, era possível ver, no antigo edifício, a secretária onde o poeta trabalhou, graças ao empenho de um neto do antigo patrão. Lamentavelmente, o edifíciofoi vendido, perdendo-se, quiçá, a última possibilidade visitar um espaço que preservasse a memória pessoana.

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Rua de S. Paulo, 117 - 121 - “Toscano & Cruz, Lda” (1920 - 1924)

A estrada de Sintra

Ao volante do Chevrolet pela estrada [de Sintra, Ao luar e ao sonho, na estrada deserta, Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco Me parece, ou me forço um pouco para [que me pareça, Que sigo por outra estrada, por outro sonho, [por outro mundo, Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra [a que ir ter, Que sigo, e que mais haverá em seguir senão [não parar mas seguir?

Vou passar a noite a Sintra por não poder [passá-la em Lisboa,  Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de [não ter ficado em Lisboa. (…)

Álvaro de Campos, Poemas

Entre 1920 e 1924, Fernando Pessoa trabalhou neste escritório que se dedicava à venda de motores, máquinas e automóveis…

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Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição do patrão Vasques,de uma casa que tem no Estoril. Antecipadamente gozei o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdi-me em meditações abstractas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e ao voltar perdi-me na fixação destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho de visível. Lucrei estas páginas por olvido e contradição. Não sei se isso é melhor ou pior do que o contrário, que também não sei o que é.O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Elevador da Bica

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Bairro de Campo de Ourique

É dos bairros mais característicos de Lisboa. Tem uma vida própria, com o seu comércio, jardim e ruas com traçado geométrico.

Certamente, era perto deste edifício (gaveto da Rua Saraiva Carvalho com a Rua Ferreira Borges), que Fernando Pessoa descia do Eléctrico 28 para se dirigir à sua casa alugada na Rua Coelho da Rocha, onde morou desde 1920 até 1935.

No caminho para casa, Fernando Pessoa passava pela leitaria A Morgadinha, do senhor Trindade (que já não existe hoje), e, dirigindo-se ao balcão, dizia: 2, 6, 8. Trindade servia-o: uma caixa de fósforos, um cálice de aguardente e um maço de cigarros.Os fósforos custavam 2 tostões, um cálice de aguardente 6 e o maço de cigarros 8. Pessoa simplificava: 2, 6, 8.

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Rua Coelho da Rocha, 16 Casa Fernando Pessoa

Entre 1920 e 1935, Fernando Pessoa residiu no1º andar deste prédio. Hoje, todo o edifício, ondepassou os últimos quinze anos da sua vida (depoisde ter habitado cerca de 30 locais diferentes), é lhe inteiramente dedicado.É a Casa Fernando Pessoa. Inaugurada em Novembro de 1993, a casa Fernando Pessoa foi concebida pela Câmara Municipal de Lisboa como um centro cultural destinado a homenagear o poeta e a sua memória na cidade onde viveu e no bairro onde passou os últimos quinze anos da sua vida.

Possui um auditório, jardim, salas de exposição, objectos de arte, uma biblioteca dedicada exclusivamente à poesia, além de uma parte do espólio do poeta (objectos e mobiliário que pertenceram ao poeta). A Casa Fernando Pessoa é um pequeno universo polivalente onde, nos seus três pisos principais, se realizam colóquios, sessões de leitura de poesia, encontros de escritores, espectáculos musicais e de teatro, conferências temáticas, workshops, exposições de artes plásticas, sessões de apresentação de livros, ateliers para crianças, numa programação muito diversificada.

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Casa Fernando Pessoa - A cómoda

No primeiro andar da Casa Fernando Pessoa estáo quarto do poeta. Aqui vê-se a célebre cómoda,sobre a qual o heterónimo Alberto Caeiro escreveu, numa só noite, o livro O Guardador de Rebanhos.

«…Foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive…»

Contou ele, por carta, a Adolfo Casais Monteiro, em 13/01/1935

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Eléctrico 28

O Eléctrico 28 foi seleccionado pela editoraRough Guide to the World como uma das 1000 experiências de viagem mais importantes do Mundo. E este foi certamente o transporte público mais utilizado por Pessoa nas sua deslocações entre a sua casa em Campo de Ourique e a Baixa de Lisboa, onde se situavam as casas comercias paraquem trabalhava e os cafés onde se encontrava com os seus amigos.

«Vou num carro eléctrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para mim os pormenores são coisas, vozes, frases. (…) Entonteço. Os bancos do eléctrico, de um entretecido de palha forte e pequena, levam-me a regiões distantes, multiplicam-se-me em indústrias, operários, casas de operários, vidas, realidades, tudo. Saio do carro exausto e sonâmbulo. Vivi a vida inteira».

Bernardo Soares, Livro do Desassossego(s/d)

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Rua do Alecrim

Vem Sentar-te Comigo, Lídia, à Beira do Rio

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.                    (Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,                    Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena [cansarmo-nosQuer gozemos, quer não gozemos, passamos como [o rio Mais vale saber passar silenciosamente

           E sem desassossegos grandes.

(…)

Ricardo Reis, Odes

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Largo do Chiado - Casa Havaneza

Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração e um livramento, aquelas frases simples do Caeiro, na referência natural ao que resulta do pequeno tamanho da sua aldeia. Dali, diz ele, porque é pequena, pode ver-se mais do mundo do que da cidade; e por isso a aldeia é maior que a cidade…

Porque eu sou do tamanho do que vejoE não do tamanho da minha altura.

Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria (….)Mas recolho-me e abrando. «Sou do tamanhodo que vejo!» E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.

Bernardo Soares, Livro do Desassossego24/3/1930

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Rua Garrett, 120 a 122 - Café A Brasileira (do Chiado)

Em 19 de Novembro de 1935 (a onze dias de morrer), o poeta escreveu o seu último poema em português:

Há doenças piores que as doenças,Há dores que não doem, nem na alma,Mas que são dolorosas mais que as outras.Há angústias sonhadas mais reaisQue as que a vida nos traz, há sensaçõesSentidas só com a imaginá-lasQue são mais nossas do que a nossa vidaHá tanta cousa que, sem sentir,Existe, existe demoradamente,E demoradamente é nossa, e nós..Por sobre o verdor turvo do amplo rioOs circunflexos brancos das gaivotas…Por sobre a alma o adejar inútil Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.

Dá me mais vinho, porque a nossa vida é nada.

Fernando Pessoa

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Largo do Chiado

Apaziguado, quiçá, com tal vista, Pessoa, a poucos dias de morrer, escreveu, em 7/11/1935, um dos seus mais misteriosos poemas, poema que intitulou Magnificat.

Quando é que passará esta noite interna, o universo, E eu, a minha alma, terei o meu dia? Quando é que despertarei de estar acordado? Não sei. O sol brilha alto, Impossível de fitar. As estrelas pestanejam frio, Impossíveis de contar. O coração pulsa alheio, Impossível de escutar. Quando é que passará este drama sem teatro, Ou este teatro sem drama, E recolherei a casa? Onde? Como? Quando? Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? É esse! É esse! Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; E então será dia. Sorri, dormindo, minha alma! Sorri, minha alma, será dia !

Álvaro de Campos, Poemas

Estátua, da autoria de Lagoa Henriques, recorda Fernando Pessoa à mesa do caféA Brasileira, onde se sentava para escrevere conversar com os amigos. O poeta está,curiosamente, de frente para os locais que recordavam os melhores anos da sua vida (a casa onde nasceu e “o sino da minha aldeia”).

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Miradouro de Santa Catarina

José Saramago, n´ O Ano da Morte de Ricardo Reis, veio resolver um enigma deixado por Fernando Pessoa: Ricardo Reis, o poeta das odes, partira para o Brasil em 1919 e nada se sabia dele. Ricardo Reis, na narrativa de José Saramago, regressou a Portugal depois da cólica hepática que vitimou Fernando Pessoa. Neste seu regresso, Ricardo Reis e Fernando Pessoa conversaram muitas vezes até ao dia em que ambos se encaminharam para o cemitério dos Prazeres: Ricardo Reis, porque agora morreu de vez; Fernando Pessoa, de volta ao lugar donde saiu para se encontrar com o amigo muito especial.

«Saíram de casa. Fernando Pessoa ainda observou, Você não trouxe o chapéu. Melhor do que eu sabe que não se usa lá. Estavam no passeio do jardim, olhavam as luzes pálidas do rio, a sombra amaçadora dos montes. Então vamos, disse Fernando Pessoa. Vamos, disse Ricardo Reis. O Adamastor não se voltou para ver, parecia-lhe que desta vez ia ser capaz de dar um grande grito. Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera».

José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis

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Bibliografia:

Fotobiografias Século XX –Direcção de Joaquim Vieira (Texto de Richard Zenith)

Fazer pela vida, Um Retrato de Fernando Pessoa, o empreendedor, de António Mega Ferreira

Fernando Pessoa, Empregado de escritório, de João Rui de Sousa

Fernando Pessoa, o editor, o escritor e os seus leitores, Edição da Fundação Calouste Gulbenkian

A Lisboa de Fernando Pessoa – Uma Fotobiografia, de Marina Tavares Dias

Lisboa nos passos de Fernando Pessoa, de Marina Tavares Dias

Fernando Pessoa, quando fui outro, de Luiz Ruffato

Fernando Pessoa - Livro do Desassossego, Edição de Teresa Sobral Cunha

Fernando Pessoa, vida, personalidade e génio, de António Quadros

Vida e Obra de Fernando Pessoa, de João Gaspar Simões

Poesia de Fernando Pessoa, de Adolfo Casais Monteiro

Antologias e livros de poesia pessoana (vários)

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Música: Moon River, de Henry Mancini, por Ernesto Cortazar

Fotografias, Textos e Formatação:Joaquim Boavida

Março de 2012

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