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VestibulareEnem2007 LiteraturagneroI:opicoeolrico(PSS/UFPA-2006) Os gneros literrios constituem modelos aos quais se deve submeter a criao artstica. Deles NO se deve considerar como verdadeiro: (A) Segundo concepo clssica, so trs os gneros literrios. (B) Embora a obra literria possa encerrar emoes diversas, podendo haver interseco de elementos lricos, narrativos e dramticos, h sempre a prevalncia de uma destas modalidades. (C) A criao potica, de carter lrico, privilegiar os dilogos dos personagens. (D) Novelas, crnicas, romances e contos so espcies literrias de carter narrativo. (E) O discurso literrio considerado dramtico quando permite, em princpio, ser representado. Alternativa C. No h dilogo no gnero lrico. O que caracteriza esse gnero a expresso de sentimentos, emoes e estados de esprito do eu lrico.

(UEG-2006) Leia o poema a seguir. As questes 1 e 2 referem-se a ele. ARANHA DE GUA Prendeu o corpo ao silncio. Saltou. A aranha erra, s vezes, o alvo que sonhou. Todo se desfia. Mais que planta de prdio, era fria. Com mais patas que alma. 1

E dedos de vento, seus fios. Com calma se arma de morte. Aranha escapa de si Por um fio. De cada desafio alimenta-se. Mas sua alma calculada toda area. Ela, chuva no vidro E lquidas suas ligas. guas lhe do garras vida. GUIMARAES, Edmar. Caderno. Poesia. Goinia: Kelps, 2005. p. 37.

QUESTO 1 Entre os recursos expressivos, aquele que se destaca como determinante para o desenvolvimento temtico do poema o jogo semntico entre os termos a) morte e vida. b) desfia, fio e desafio. c) patas e alma. d) chuva, lquidas e guas. Alternativa B.

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QUESTO 2 Pode-se verificar no poema a interferncia da forma narrativa no gnero lrico. Dos efeitos poticos construdos no texto, o que indica mais eficazmente essa interferncia a) a mudana de tempo e ao na 1 estrofe. b) o verso livre e a pontuao regular. c) a viso das coisas sob um ponto de vista afastado. d) a unidade de espao fragmentado na viso do poeta. Alternativa A.

LiteraturagneroII:odramtico(UFG-2006) Leia a cano abaixo: Aos quatro cantos o seu corpo Partido, banido. Aos quatro ventos os seus quartos, Seus cacos de vidro. O seu veneno incomodando A tua honra, o teu vero. Presta ateno! Presta ateno! Aos quatro cantos suas tripas, De graa, de sobra, Aos quatro ventos os seus quartos, Seus cacos de cobra, O seu veneno arruinando A tua filha, a plantao. Presta ateno! 3

Presta ateno! Aos quatro cantos seus gemidos, Seu grito medonho, Aos quatro cantos os seus quartos, Seus cacos de sonho, O seu veneno temperando A tua veia, o teu feijo. Presta ateno! Presta ateno! Presta ateno! Presta BUARQUE, Chico; GUERRA Ruy. Calabar. O elogio da traio. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2002. p. 68-69.

Na pea teatral Calabar, a personagem Brbara entoa a cano Cobra-de-Vidro, acima transcrita. Considerando-se os gneros literrios, o que a presena desse texto na obra evidencia? Gabarito oficial: Demonstra a hibridizao dos gneros dramtico e lrico.

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(PRISE/UEPA-2006) Assinale a alternativa que indica corretamente os gneros literrios dos textos abaixo relacionados, na seqncia em que esto dispostos:

I- O Dr. Mamede, o mais ilustre e o mais eminente dos alienistas, havia pedido a trs de seus colegas e a quatro sbios que se ocupavam de cincias naturais, que viessem passar uma hora na casa de sade por ele dirigida para que lhes pudesse mostrar um de seus pacientes. (Guy de Maupassant)

II- Todas as noites o sono nos atira da beira de um cais E ficamos repousando no fundo do mar. O mar onde tudo recomea... Onde tudo se refaz... At que, um dia, ns criaremos asas. E andaremos no ar como se anda na terra. (Mrio Quintana)

III- Oh! Que famintos beijos na floresta! E que mimoso choro que soava! Que afagos to suaves, que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manh e na sesta, Que Vnus com prazeres inflamava, Melhor experiment-lo que julg-lo; Mas julgue-o quem no pode experiment-lo. (Luiz de Cames)

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IV- Velha: E o lavrar, Isabel? Isabel: Faz a moa mui mal feita, corcovada, contrafeita, de feio de meio anel; e faz muito mau caro, e mau costume dolhar. Velha: Hui! Pois jeita-te ao fiar Estopa ou linho ou algodo; Ou tecer, se vem mo. Isabel: Isso pior que lavrar. (Gil Vicente) Glossrio: Lavrar: costurar. De feio de meio anel: de rosto emoldurado por (cabelo) cachos cortados pela metade. Caro: cara, semblante. Hui! Pois jeita-te: Pois te acostuma.

a) Narrativo pico Lrico Dramtico. b) Dramtico Lrico pico Narrativo c) Narrativo Lrico pico Dramtico d) Dramtico pico Narrativo Lrico e) pico Dramtico Narrativo Lrico Alternativa C.

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LiteraturanaIdadeMdia(PSS/UFPA-2007) Leia atentamente o texto abaixo, considerando a sua temtica e forma: Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! e ai Deus, se verr cedo!

Ondas do mar levado, se vistes meu amado! e ai Deus, se verr cedo!

Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro! e ai Deus, se verr cedo!

Se vistes meu amado, por que ei gram cuidado! e ai Deus, se verr cedo! (Martim Codax) (In: NUNES, Jos Joaquim. Cantigas [...]. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973. v. 2, p. 441.) Glossrio: Verr: vir Ei: tenho Gram = grande. Acerca do poema, CORRETO afirmar: 7

(A) O uso de refro e o paralelismo justificam a classificao como cantiga de amor. (B) A referncia natureza meramente convencional, no expressando intimidade afetiva. (C) A expresso do sofrimento amoroso por que ei gram cuidado! est de acordo comos padres da cantiga de amor.

(D) A enamorada, saudosa, dirige-se s ondas em busca de notcias do amigo que tarda. (E) Versos como se vistes meu amado! traduzem uma atitude de vassalagem amorosa.Alternativa D. As demais alternativas esto incorretas porque o refro uma caractersticas das cantigas de amigo; a natureza o interlocutor do eu-lrico; esta expresso um apelo para que o amigo volte; a vassalagem amorosa caracterstica das cantigas de amor.

(UNIFAP-2007) Sobre as cantigas de escrnio do trovadorismo portugus, correto afirmar que (A) apresentam interesse, sobretudo histrico atravs da voz lrica feminina. (B) revelam detalhes da vida ntima da aristocracia atravs das convenes do amor corts. (C) apresentam uma linguagem velada, sem deixar de lado o humor sobre a vida social da poca. (D) utilizam-se de stiras diretas, revelando a vida campesina e urbana. (E) fazem a crtica rude, direta, muitas vezes enveredando para a obscenidade. Alternativa C. Nas cantigas de escrnio o eu lrico masculino, no so respeitadas as convenes do amor corts, as stiras so de modo indireto, por meio de trocadilhos e ironias. a cantiga de maldizer que apresenta crticas de modo direto.

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(PROSEL/UEPA-2006) Leia com ateno, os textos A e B para avaliar se so corretas as afirmativas que se lhe seguem.

Texto A Per ribeira do rio vi remar o navio, e sabor hei da ribeira.

Per ribeira do alto Vi remar o barco E sabor hei da ribeira.

Vi remar o navio I vai o meu amigo E sabor hei da ribeira. (...)

Texto B Dizia la fremosinha ay adeus, val! Comestou damor ferida, Ay deus, val!

Dizia la bem talhada: Ay deus, val! Comestou damor coytada 9

Ay deus, val! (...)

Sabor hei estou contente Alto rio Val valha

Apud BELLEZI, Clenir. Arte Literria Brasil Portugal.

I. II. III. IV.

Tanto no texto A quanto no texto B esto presentes eu-lricos femininos. O sentimento amoroso em A e B exemplifica a noo de coyta damor (sofrimento amoroso), cultivada, em seus versos, pelos trovadores. O texto A uma Cantiga de Amor e o B uma Cantiga de Amigo. Ambos os textos exemplificam a lrica amorosa do Medievalismo literrio em Portugal.

So corretas somente: a) I e IV b) I e II c) II e III d) I e III e) III e IV Alternativa A. Os dois textos so cantigas de amigo que tratam do sofrimento de um eu-lirico feminino que sofre pela ausncia do amado.

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(PROSEL/UEPA-2007) Texto I Aquestas noites to longas Que Deus fez em grave dia Por mi, por que as non Dormio E por que as non fazia No tempo que meu amigo Soia falar comigo

Por que as fez Deus tan Grand Non posseu dormir, coitada! E de como son sobejas, Quisera moutra vegada No tempo que meu amigo Soia falar comigo

Por que Deus fez tan Grandes, Sem mesura e desiguaaes, E as eu dormir non posso? Sossegada Por que as non fez ataes, 11

No tempo que meu amigo Soia falar comigo (Julio Bolseiro) Texto II Quantas noites no durmo A rolar-me na cama A sentir tanta coisa Que a gente no pode Explicar Quando ama.

O calor das cobertas No me aquece direito No h nada no mundo Que possa afastar Esse frio do meu peito.

Volta, vem viver outra vez A meu lado, J no posso dormir Sossegada Pois meu corpo est Acostumado. (Adaptado de cano de Lupicnio Rodrigues, interpretada por Gal Costa) 12

Glossrio: Aquestas: estas Grave: funesto, sinistro Dormio: durmo Soia: costumava Coitada: sofredora Sobejas: longas, interminveis Outra vegada: outrora, antigamente Mesura: medida A respeito dos textos I e II, julgue as afirmativas a seguir. I. II. III. IV. So confisses amorosas de um eu lrico feminino que ficou sozinho. Falam do amor idealizado na forma de vassalagem comum Idade Mdia. Tm razes populares, de tal forma que o primeiro revela a origem portuguesa das manifestaes contemporneas semelhantes s do segundo. O segundo tem caractersticas comuns s cantigas de amigo que o primeiro exemplifica.

So corretas: a) I, II, III e IV. b) I, II e III, somente. c) I e IV, somente. d) II e III, somente. e) I, III e IV, somente. Alternativa E. A vassalagem amorosa caracterstica das Cantigas de Amor.

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(PRISE/UEPA-2006) Leia a Cantiga reproduzida abaixo e, em seguida, responda questo proposta no comando.

Cantiga D. Afonso Sanches

Dizia la fremosinha: ai, Deus, vai! Comestou damor ferida! ai, Deus, vai!

Dizia la bem talhada: ai, Deus, vai! Comestou damor coitada! ai, Deus, vai!

Comestou damor ferida! ai, Deus, vai! Nom vem o que bem queria! ai, Deus, vai!

Comestou damor coitada! ai, Deus, vai! Nom vem o que muitamava! ai, Deus, vai! 14

Glossrio: Fremosinha: formosinha Ai, Deus, vai!: ai, valha-me Deus; ai, Deus me ajude! Bem talhada: bem feita; elegante; bonita. Coitada: infeliz, cheia de sofrimento amoroso.

In Elsa Gonalves. A lrica galego-portuguesa. Lisboa. Editorial Comunicao, 1983.

Sobre a cantiga acima, de D. Afonso Sanches, correto afirmar: A) A voz que fala na cantiga do homem apaixonado que sofre por amor e dirige-se a Deus. b) A fremosinha (formosinha) lamenta seu sofrimento pela ausncia do amado. c) O paralelismo ai, Deus, vai! (ai, valha-me Deus!) muito comum nas cantigas de amor medievais. d) O homem sente-se muito ferido pela no correspondncia amorosa da fremosinha (formosinha). e) O objetivo da cantiga elogiar, louvar a mulher amada. Alternativa B. Trata-se de uma cantiga de amigo, portanto, o eu lrico feminino sofre pela ausncia do amado. O paralelismo uma caracterstica das cantigas de amigo.

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Humanismo(FFFCMPA/RS-2007) Sobre o Auto da Barca do Inferno (1517), assinale a alternativa correta. a) Os condenados de Gil Vicente representam a sociedade quinhentista observada sob o ponto de vista catlico, combatendo todos os pecados, obedecendo tradio do teatro medieval. b) Na pea em questo, quando o autor analisa o comportamento das personagens femininas, condena a liberdade amorosa da poca. c) Depreende-se da observao do Diabo que o Fidalgo tem diante da Barca do Inferno uma atitude de extrema humildade e resignao dos pecados cometidos em vida e que estava preparado para morrer. d) Gil Vicente, na representao do Judeu, revela o preconceito da sociedade em relao ao judasmo considerado um crime, embora o Anjo lhe tenha perdoado todos os pecados. e) Os condenados de Gil Vicente so, todos, apegados aos objetos de seus pecados, que os levam para o outro mundo. As crticas so basicamente de corrupo e de pretenso enganadora. Alternativa E.

(PSS/UFPA-2007) Sobre as personagens femininas do Auto da ndia, de Gil Vicente, CORRETO afirmar:

(A) A Ama simboliza o modelo tradicional de esposa e permite estabelecer uma crtica severa (B) (C) (D) (E)ao adultrio feminino. A Ama, personagem principal do auto, apresenta-se como moa e fermosa e vale-se disso para justificar sua conduta na ausncia do marido. A Moa, por criticar o comportamento incorreto da Ama, foge tipificao caracterstica do teatro vicentino. A Moa a personagem principal, girando em torno dela toda a ao. Vale-se da mentira e da astcia para enganar a Ama. Constana representa o tipo dos dependentes domsticos, que no ousam questionar a autoridade dos patres.

Alternativa B.

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(PSIU/UFPI-2006) As questes de 01 a 05 exploram conhecimentos da obra de Gil Vicente e exigem a leitura do Auto da Barca do Inferno.

(PSIU/UFPI-2006) 01. Sobre Gil Vicente e sua obra Auto da Barca do Inferno, assinale a alternativa correta. A) Respeita apenas o poder da Igreja. B) Centra suas crticas nos membros das classes baixas. C) Conserva a lei das trs unidades bsicas do teatro clssico. D) Identifica suas personagens pela ocupao ou pelo tipo social de cada uma delas. E) Evita fazer um confronto entre a Idade Mdia e o Renascimento Medievalista (Teocentrismo versus Antropocentrismo). Alternativa D.

(PSIU/UFPI-2006) 02. Sobre a obra Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, assinale a alternativa correta. A) A obra vicentina resume a tradio da cultura europia, no seu aspecto popular, corts, ou clerical. B) A segunda fase da obra vicentina destaca temas religiosos. Essa fase corresponde ao perodo de 1502 a 1508. C) A linguagem, em tom coloquial e redondilhas, o veculo melhor explorado para conseguir efeitos cmicos ou poticos. D) Na primeira fase, o autor escreve sobre a educao feminina. No conseguindo se estabelecer, escreve a Trilogia das Barcas. E) O Auto da Barca do Inferno diferente dos demais autos, porque tem o seguinte enredo: beira de um rio, dois barcos transportaro as almas para o lugar que lhes foi destinado em julgamento. Alternativa C.

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Texto 1 Auto da Barca do Inferno FIDALGO 01 Esta barca onde vai ora, 02 que assist apercebida? DIABO 03 Vai pera a ilha perdida 04 e h- de partir logo essora. FIDALGO 05 Para l vai a senhora? DIABO 06 Senhor, a vosso servio. FIDALGO 07 Parece-me isso cortio... DIABO 08 Porque a vedes l de fora. FIDALGO 09 Porm, a que terra passais? DIABO 10 Para o inferno, senhor. FIDALGO 11 Terra bem sem-sabor. DIABO 12 Qu? E tambm c zombais? FIDALGO 13 E passageiros achais para tal habitao? DIABO 14 Vejo-vos eu em feio 15 para ir ao nosso cais... (Gil Vicente, fragmento do Auto da Barca do Inferno, em Obras-primas do teatro vicentino. Edio organizada pelo Prof. Segismundo Spina. So Paulo, Difuso Europia do Livro/Edusp, 1970. p. 108-116)

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(PSIU/UFPI-2006) 03. Com base nesse fragmento, correto afirmar que: A) o Diabo no gostou quando o Fidalgo zombou dele, chamando-lhe de senhora. B) para que o Fidalgo mudasse de atitude, o Diabo inicialmente foi gentil com seu passageiro. C) de acordo com o Diabo, vendo o barco de fora, o passageiro sempre se motiva para a viagem. D) o Diabo conclui que o Fidalgo deve pegar a barca, porque no tem mais tempo de esperar um outro passageiro. E) a ilha perdida de que fala o Diabo o nome de uma famosa ilha europia, descrita ao longo do Auto da Barca do Inferno. Alternativa A.

(PSIU/UFPI-2006) 04. Assinale a alternativa em que se estabelece uma correlao correta entre personagem e o que o caracteriza da obra de Gil Vicente e exigem a leitura do Auto da Barca do Inferno. A) Anjo revela o que cada ru tenta esconder. B) Diabo conhece cada personagem a ser julgada. C) Frade morreu nas cruzadas pelo triunfo do Cristianismo. D) Fidalgo recebe a glorificao como sentena por sua modstia. E) Sapateiro condenado barca do inferno pela vida cheia de pecado e luxria. Alternativa B. (PSIU/UFPI-2006) 05. Em Porque a vedes l de fora (verso 08), o termo corresponde a: A) barca. B) senhora. C) ilha perdida. D) habitao. E) terra. Alternativa A. 19

(PUC/SP-2006) Ateno: As questes 10 e 11 referem-se Farsa do Velho da Horta, escrita em 1512 por Gil Vicente.

(PUC/SP-2006) 10. A respeito dessa obra pode afirmar-se que A) peca por no apresentar perfeito domnio do dilogo entre as personagens, resvalando, muitas vezes, por monlogos desnecessrios. B) sofre da ausncia de explorao do cmico, j que, tematicamente, permanece na esfera do amor senil. C) utiliza pouco aparato cnico para sugerir o ambiente em que decorre a pea, j que a pobreza cenotcnica uma de suas caractersticas. D) falha por falta de unidade de ao provocada por longas digresses, como a ladainha mgica da alcoviteira. E) obedece rigorosamente ao tratamento do tempo e respeita as normas que dele a tradio consagrou. Alternativa C.

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(PUC/SP-2006) 11. Sobre a ao de Branca Gil, alcoviteira a servio do amor na pea em questo (Farsa do Velho da Horta, escrita em 1512 por Gil Vicente), indique o trecho que revela as verdadeiras conseqncias dos atos praticados por ela. A) Vivereis, prazendo a Deus, E casar-vos-eis com ela. B) J ela fica de bom jeito Mas, para isto andar direito, razo que vo-lo diga: Eu j, senhor, no posso, Sem gastardes bem do vosso, Vencer ua moa ta. C) Est to saudosa de vs Que se perde a coitadinha! H mister uma saiazinha E trs onas de retrs. D) Onde me quereis levar, Ou quem me manda prender? Nunca havedes de acabar De me prender e me soltar? No h poder! E) Mas ela o noivo a leva Vai to leda, to contente, Uns cabelos como Eva; Por certo que no se lhe atreva Toda a gente! Alternativa D.

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(PUC/SP- 2006) A farsa O Velho da Horta revela surpreendente domnio da arte teatral. Segundo seus estudiosos, Gil Vicente utiliza-se de processos dramticos que se tornaro tpicos em suas criaes cmicas. No condiz com as caractersticas de seu teatro, A) o rigoroso respeito categoria tempo, delineado na justa sucesso do transcorrer cronolgico das aes. B) a no preparao de cenas e entrada de personagens, o que provoca a precipitao de certos quadros e situaes. C) o realismo na caracterizao social, psicolgica e Lingstica de seus personagens. D) o perfeito domnio do dilogo e grande poder de explorao do cmico. E) o pouco aparato cnico, limitado ao necessrio para sugerir o ambiente em que decorre a pea. Alternativa A. O teatro de Gil Vicente ignora a clssica lei das trs unidades ao no se apegar a uma noo rgida de espao, e, no caso, de tempo, o que torna a alternativa A incorreta .

17. (PUC/SP- 2006) Ainda sobre a pea, O Velho da Horta, considerando o texto como um todo, correto afirmar-se que A) a reza do "Pai Nosso" que inicia a pea, prepara o leitor para o desenvolvimento de um texto fundamentalmente religioso, confirmado, inclusive, pela ladainha proferida pela alcoviteira. B) o velho relaciona-se, ao longo da pea, com quatro mulheres, das quais uma a moa por quem se apaixona e com quem, correspondido, acaba se casando. C) a farsa tem como argumento a paixo de um velho por uma moa de muito bom parecer, por causa dela (e por via de uma alcoviteira) acaba gastando toda a sua fortuna. D) o texto se organiza a partir de uma estrutura versificatria que revela ritmo potico, marcado por versos livres e por ausncia de esquema rmico. E) o dilogo estabelecido entre o velho e a moa cria condies para o arrebatamento amoroso de ambos e revela ausncia de ironia e de menosprezo de qualquer natureza. Alternativa C. A alternativa A est errada ao associar a uma farsa, gnero de carter social, um desenvolvimento (...) fundamentalmente religioso; em B , ao indicar que o amor do Velho era correspondido; em D , ao esquecer que a pea est inteiramente em redondilhos e com um rgido esquema de rimas; em E , ao apontar o arrebatamento amoroso de ambos (houve s da parte do Velho) e ao ignorar a ironia e o menosprezo que a Moa dirige ao seu idoso cortejador. 22

18. (PUC/SP-2007) Considerando a pea Auto da Barca do Inferno como um todo, indique a alternativa que melhor se adapta proposta do teatro vicentino. a) Preso aos valores cristos, Gil Vicente tem como objetivo alcanar a conscincia do homem, lembrando-lhe que tem uma alma para salvar. b) As figuras do Anjo e do Diabo, apesar de alegricas, no estabelecem a diviso maniquesta do mundo entre o Bem e o Mal. c) As personagens comparecem nesta pea de Gil Vicente com o perfil que apresentavam na terra, porm apenas o Onzeneiro e o Parvo portam os instrumentos de sua culpa. d) Gil Vicente traa um quadro crtico da sociedade portuguesa da poca, porm poupa, por questes ideolgicas e polticas, a Igreja e a Nobreza. e) Entre as caractersticas prprias da dramaturgia de Gil Vicente, destaca-se o fato de ele seguir rigorosamente as normas do teatro clssico. Alternativa A.

19. (PROSEL/UEPA-2007) Os escritores, ao seu modo, opinam sobre as relaes do homem com o mundo, condenando, muitas vezes, as grandes descobertas humanas por produzirem mais malefcios que benefcios humanidade. De que modo Gil Vicente faz isso na obra Auto da ndia? a) Criando um personagem ingnuo que, ao invs de enriquecer com as viagens ultramarinas, como desejava, perde seu tempo, retornando da ndia pobre e desonrado. b) Montando dilogos em que faz contracenar personagens alegricos, como a generosidade e a mesquinhez. c) Produzindo cenas de naufrgios em que aos navegantes morrem em profundo desespero. d) Criando personagens que enriquecem desonestamente e empobrecem por castigo divino. e) Fazendo a pea concluir-se com a punio exemplar de todos aqueles que se deixam levar pelo desejo de possuir muitos bens materiais. Alternativa A.

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20. (FUVEST/SP-2007) E chegando barca da glria, diz ao Anjo: Brsida. Barqueiro, mano, meus olhos, prancha a Brsida Vaz! Anjo. Eu no sei quem te c traz...

Brsida. Peo-vo-lo de giolhos! Cuidais que trago piolhos, anjo de Deus, minha rosa? Eu sou Brsida, a preciosa, que dava as mas aos molhos. A que criava as meninas para os cnegos da S... Passai-me, por vossa f, meu amor, minhas boninas, olhos de perlinhas finas! (...) Gil Vicente, Auto da barca do inferno. (Texto fixado por S. Spina) a) No excerto, a maneira de tratar o Anjo, empregada por Brsida Vaz, relaciona-se atividade que ela exercera em vida? Explique resumidamente. b) No excerto, o tratamento que Brsida Vaz dispensa ao Anjo adequado obteno do que ela deseja isto , levar o Anjo a permitir que ela embarque? Por qu? a) Brsida Vaz era alcoviteira, ou seja, agenciava mulheres para a prostituio. Assim, sua linguagem revela sua atividade, pois ela utiliza termos que tentam seduzir o Anjo, como anjo de Deus, minha rosa, meu amor, minhas boninas, olhos de perlinhas finas. b) O tratamento que Brsida Vaz dispensa ao Anjo inadequado, pois revela justamente o pecado que a levou ao inferno: a seduo e a prostituio. 24

21. (UNICAMP/SP-2007) Leia o dilogo abaixo, de Auto da Barca do Inferno: DIABO Cavaleiros, vs passais e no perguntais onde is? CAVALEIRO Vs, Satans, presumis? Atentai com quem falais! OUTRO CAVALEIRO Vs que nos demandais? Siquer conhec-nos bem. Morremos nas partes dalm, e no queirais saber mais. (Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, em Antologia do Teatro de Gil Vicente. Org. Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Braslia: INL, 1984, p.89.) a) Por que o cavaleiro chama a ateno do Diabo? b) Onde e como morreram os dois Cavaleiros? c) Por que os dois passam pelo Diabo sem se dirigir a ele? Gabarito oficial: a) O primeiro cavaleiro repreende o Diabo por lhe dirigir a palavra. Sendo um nobre religioso e distinto, que participou das Cruzadas, considera um atrevimento, um desrespeito, o Diabo terlhe dirigido a palavra, como se fora um homem comum, na tentativa de atra-lo para sua Barca. Na posio de nobre, o cavaleiro de Cristo repreende o Diabo por este no saber a quem estava se dirigindo. b) Os dois Cavaleiros morreram em partes dalm, terras distantes, de frica ou Oriente, enquanto lutavam pela reconquista de Jerusalm. Os cavaleiros participaram das Cruzadas promovidas pela Igreja Catlica contra os infiis e, portanto, morreram nos campos de batalha, em nome de Cristo e em defesa da f crist. c) Ambos os cavaleiros de Cristo passam pelo Diabo, sem se dirigir sua Barca, porque tm a certeza da salvao, ou seja, sabem que tm seu lugar assegurado na Barca do Anjo. Sabem que esto livres da condenao ao Inferno, pois dedicaram a vida Igreja, morrendo em nome da f. 25

Classicismo20. (PSS/ UFPA-2007) H duas dimenses bsicas no significado alegrico de Adamastor: por um lado, o gigante hiperboliza os percalos do mar; por outro, encarna as infelicidades do sentimento amoroso. (TEIXEIRA, Ivan. Apresentao. In: CAMES, Lus de. Os Lusadas. 2. Ed. Cotia: Ateli, 2001. P. 189.) A alternativa que exemplifica a segunda dimenso apontada por Ivan Teixeira : a)... crendo ter nos braos quem amava, / Abraado me achei cum duro monte. b) Aqui espero tomar, se no me engano, / De quem me descobriu suma vingana. c) Antes, em vossas naus vereis, cada ano, / [...] / Naufrgios, perdies de toda sorte. d) E navegar meus longos mares ousas, / Que eu tanto tempo h j que guardo e tenho. e) E disse: gente ousada, mais que quantas / No mundo cometeram grandes cousas. Alternativa A 21. (PROSEL/UEPA-2006) Leia a estrofe abaixo, extrada do episdio A Ilha dos Amores, de Lus Vaz de Cames. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Quis aqui sua ventura que corria Aps Efire, exemplo de beleza, Que mais caro que as outras dar queria O que deu, para dar-se, a Natureza. J cansado, correndo, lhe dizia: fermosura indigna de aspereza, Pois desta vida te concedo a palma, Espere um corpo de quem levas a alma, (p. 274)

Assinale a alternativa correta sobre ela. a) Em sua fala, no sexto verso, Leonardo, o perseguidor da ninfa, insatisfeito com as dificuldades que enfrenta para alcan-la, ofende-a, dizendo-lhe que indigna da prpria formosura (fermosura). b) Refere-se ao momento em que Leonardo corre atrs de Efire, suplicando-lhe, com diversos elogios, que retarde o passo para poder alcan-la. c) Informa que Veloso, o marinheiro que persegue Efire, est consciente de que precisar pagar caro pelo amor da ninfa. d) O ltimo verso indica que Leonardo, o marinheiro que pretendia alcanar a ninfa, morreu sem conseguir realizar seu intento. e) O terceiro e quarto versos, se tomados em conjunto, dizem que Efire, diferentemente das outras ninfas, e contrariando os prprios desgnios da natureza, pretendia cobrar pelo prazer que deveria conceder ao seu perseguidor. Alternativa E. 26

22. (PROSEL/UEPA-2007) [...] Eu sou aquele oculto e grande cabo a quem chamais vs outros Tormentrio que nunca a Ptolomeu, Pompnio, Estrabo, Plnio e quantos passaram fui notrio. Aqui toda a africana costa acabo, Neste meu nunca visto promontrio, Que pra o plo Antrtico se estende, A quem vossa ousadia tanto ofende! [...] Cames. Os Lusadas. Canto V,L. Publicado em 1572, o poema Os Lusadas relata a viagem de Vasco da Gama s ndias, em 1498. A saga portuguesa, nesta viagem descobridora de uma nova rota comercial, somada a outras que ocorreram de meados do sc. XV a meados do sc. XVI, comparvel, pela grandeza e pelos perigos enfrentados, chegada do homem lua, no sc. XX. Nessa estrofe, o Gigante Adamastor confirma a importncia do feito dos portugueses quando: a) Revela ser o cabo das Tormentas (Tormentrio) b) Cita grandes estudiosos gregos e romanos (Ptolomeu, Pompnio, Estrabo, Plnio) c) Demonstra ser o extremo sul da costa africana, tendo sua frente apenas o plo Antrtico. d) Se mostra ofendido com a ousadia lusitana. e) Afirma ter sido transformado em um promontrio. Alternativa C. 23. (PROSEL/UEPA-2007) Assinale a alternativa em que se associa corretamente a leitura do episdio do O gigante Adamastor, no canto V, de Os Lusadas, s formas de comunicao presentes neste sculo XXI. a) O episdio lembra uma pea publicitria de televiso em que o gigante funciona como um garoto propaganda. b) A fala do gigante associa-se a de um candidato em horrio eleitoral que tenta seduzir o leitor. c) O episdio, no poema, funciona como um captulo de telenovela: o gigante conta o sofrimento que o amor lhe causou. d) A plasticidade, presente no episdio, leva o leitor a uma imediata relao com os outdoors espalhados pelas cidades. e) Como um vidente moderno de programa de televiso, o gigante profetiza sucesso e felicidade queles que passaram por ele. Alternativa C. 27

24. Partimo-nos assim do santo templo Que nas praias do mar est assentado, Que o nome tem da terra, para exemplo, Donde Deus foi em carne ao mundo dado. Certifico-te, Rei, que se contemplo Como fui destas praias apartado, Cheio dentro de dvida e receio, Que a penas nos meus olhos ponho o freio. (Cames, Os Lusadas, Canto 4. 87.)

(UFSCar/SP-2007) O trecho faz parte do poema pico Os Lusadas, escrito por Lus Vaz de Cames e narra a partida de Vasco da Gama, para a viagem s ndias. a) Em que estilo de poca ou poca histrica se situa a obra de Cames? b) Para dizer que o nome do templo Belm, Cames faz uso de uma perfrase: Que o nome tem da terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao mundo dado. Em que outro trecho dessa estrofe Cames usa outra perfrase? a) Cames situa-se, na histria literria, no perodo clssico ou renascentista portugus, que corresponde ao sculo XVI (1527-1580). b) O santo templo / Que nas praias do mar est assentado uma outra referncia perifrstica Torre de Belm.

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25. (UNIFAP-2006) Ao desconcerto do mundo Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E, para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcanar assim O bem to mal ordenado Fui mau, mas fui castigado. Assim que, s para mim Anda o mundo concertado.

Os versos acima revelam um dos temas desenvolvidos por Cames em sua construo lrica. A afirmao que evidencia a temtica sugerida pelo poeta no texto o(a): (A) acentuado pessimismo e a valorizao da religiosidade mstica. (B) instabilidade e fugacidade da vida e dos bens materiais. (C) desproporo entre o merecimento humano e o destino. (D) sofrimento pela indiferena e pela espiritualizao do amor. (E) a desordem do mundo diante da indiferena e da rejeio. Alternativa C.

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26. (MACKENZIE/SP-2006) Tanto de meu estado me acho incerto que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio; o mundo todo abarco e nada aperto. [...] Se me pergunta algum por que assim ando, respondo que no sei; porm suspeito que s porque vos vi, minha Senhora. Cames

(MACKENZIE/SP-2006) O excerto acima corresponde primeira e ltima estrofes de conhecido soneto camoniano. Depreende-se de sua leitura que a) o poeta, ao usar o vocativo minha Senhora, explicita o fato de ter como interlocutora uma mulher j madura e experiente, capaz, portanto, de lhe aliviar a dor. b) um antigo envolvimento amoroso agora relembrado com alegria, provocando no poeta prazerosas e variadas sensaes. c) o poeta, ao manifestar Senhora seu estado de esprito, faz indiretamente uma declarao amorosa. d) a insegurana do poeta se deve ao fato de ter sido rejeitado, conforme se explicita no verso que s porque vos vi, minha Senhora (ltima estrofe). e) o poeta, ao dizer respondo que no sei; porm suspeito revela uma contradio (no saber/suspeitar), pois no est em condies de descrever o momento que vive. Alternativa C. O eu lrico sugere o desassossego que o sentimento amoroso provoca nele ao ver a mulher a quem ele se dirige.

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PrimeirasvisesdoBrasil(Mackenzie/SP-2007) Texto para as questes 1 e 2 Quando morre algum dos seus pem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e uma rede (...) mui bem lavada. Isto, porque crem, segundo dizem, que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se so principais, fazem-lhes uma choa de palma. No tm conhecimento de glria nem inferno, somente dizem que depois de morrer vo descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristo, que entre em suas casas, d-lhe a comer do que tm, e uma rede lavada em que durma. So castas as mulheres a seus maridos. Padre Manuel da Nbrega Glossrio Vianda: qualquer espcie de alimento, comida, quitute.

10. (Mackenzie/SP-2007) Assinale a alternativa correta a respeito do texto. a) A narrao acerca das festividades de um grupo indgena verossmil na medida em que nasce da observao direta do autor, isenta de outros testemunhos que poderiam pr em dvida a credibilidade do relato. b) O autor disserta sobre as supersties, a bondade e a harmoniosa relao dos cnjuges de um grupo de indgenas que vivenciam um processo de aculturao. c) O texto tem como foco principal narrar os rituais praticados por uma sociedade que, embora de cultura diferente, adota os princpios religiosos do cristianismo. d) Ao escolher determinados aspectos do comportamento dos indgenas, como a hospitalidade, por exemplo, o jesuta revela que a comunidade, embora no catequizada, lhe simptica. e) No relatrio sobre os ndios brasileiros, o ritual funerrio ao qual o jesuta se refere reflete o tratamento igualitrio que essa sociedade dispensa a seus membros. Alternativa D. Padre Manuel da Nbrega elogia a cortesia dos indgenas com os hspedes e a castidade das mulheres.

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11. (Mackenzie/SP-2007) O texto, escrito no Brasil colonial, a) pertence a um conjunto de documentos da tradio histrico-literria brasileira, cujo objetivo principal era apresentar metrpole as caractersticas da colnia recm-descoberta. b) j antecipa, pelo tom grandiloqente de sua linguagem, a concepo idealizadora que os romnticos brasileiros tiveram do indgena. c) exemplo de produo tipicamente literria, em que o imaginrio renascentista transfigura os dados de uma realidade objetiva. d) exemplo caracterstico do estilo rcade, na medida em que valoriza poeticamente o bom selvagem, motivo recorrente na literatura brasileira do sculo XVIII. e) insere-se num gnero literrio especfico, introduzido nas terras americanas por padres jesutas com o objetivo de catequizar os indgenas brasileiros. Alternativa A. Este texto pertence ao perodo da Literatura Informativa ou de Viagens, aproximando-se da Histria.

12. (UESC-2006) I. E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se me alonguei um pouco, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, me fez pr assim tudo pelo mido. E pois que, Senhor, certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer cousa de Vosso servio for, Vossa Alteza h de ser por mim muito bem servida, a Ela peo que por me fazer singular merc, mande vir da Ilha de So Tom a Jorge de Osrio, meu genro o que dEla receberei em muita merc. Beijo as mos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500. Pero Vaz de Caminha CASTRO, Slvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 98. (Srie Viso do Paraso, v. 4). 32

II. [...] Assim, antes de ir a qualquer agncia pblica, a norma e a sabedoria indicam sempre que se deve primeiro descobrir as nossas relaes naquela rea. Uma vez que isso estabelecido, a atuao da agncia muda radicalmente de figura. O resultado que todas as instituies sociais brasileiras esto sujeitas a dois tipos de presso. Uma delas a presso universalista, que vem das normas burocrticas e legais que definem a prpria existncia da agncia como um servio pblico. A outra determinada pelas redes de relaes pessoais a que todos esto submetidos e aos recursos sociais que essas redes mobilizam e distribuem. [...] [...] No fundo, vivemos em uma sociedade onde existe uma espcie de combate entre o mundo pblico das leis universais e do mercado; e o universo privado da famlia, dos compadres, parentes e amigos. uma sociedade que tem formas diferenciadas de definio de seus membros, de acordo com o conjunto de relaes que eles possam clamar ou demonstrar em situaes especficas. DaMATTA, Roberto. A casa & a rua: espao, cidadania, mulher e morte no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 83-85.

Estabelea uma relao entre os dois textos, evidenciando em que aspecto o fragmento da carta de Caminha exemplifica o comportamento analisado por DaMatta. Roberto DaMatta destaca, em sua anlise, aspectos da organizao social brasileira que se assentam sobre uma estrutura de favores associada a relaes familiares. Segundo ele, a tendncia a misturar o universo privado (da famlia) com as questes de ordem pblica, onde deveria imperar o princpio das leis universais e das leis de mercado, gera uma presso indevida sobre as instituies sociais. Na carta de Caminha, tal comportamento evidenciado pelo pedido final feito pelo escrivo da frota de Cabral ao rei portugus: Vossa Alteza h de ser por mim muito bem servida, a Ela peo que por me fazer singular merc, mande vir da Ilha de So Tom a Jorge de Osrio, meu genro o que dEla receberei em muita merc. Nessa passagem, Caminha pede que o rei conceda um favor pessoal ao seu genro.

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(UFPB-2007) Texto para as questes de 1 a 4 Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambs. Ainda que os tupinambs se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com outros, todos falam uma lngua que quase geral pela costa do Brasil, e todos tm uns costumes em seu modo de viver e gentilidades; os quais no adoram nenhuma coisa, nem tm nenhum conhecimento da verdade, nem sabem mais que h morrer e viver; e qualquer coisa que lhes digam, se lhes mete na cabea, e so mais brbaros que quantas criaturas Deus criou. Tm muita graa quando falam, mormente as mulheres; so mui compendiosas na forma da linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-lhes trs letras das do ABC, que so F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se no tm F, porque no tm f em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristos e doutrinados pelos padres da Companhia tm f em Deus Nosso Senhor, nem tm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faa bem. E se no tm L na sua pronunciao, porque no tm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem tm leis uns com os outros. E se no tm esta letra R na sua pronunciao, porque no tm rei que os reja, e a quem obedeam, nem obedecem a ningum, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem Loureno dizem Roreno, para dizerem Rodrigo dizem Rodigo; e por este modo pronunciam todos os vocbulos em que entram essas trs letras.

(SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587- Captulo CL Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambs. In: VILLA, Marco Antonio e OLIVIERI, Antonio Carlos. Cronistas do Descobrimento. So Paulo: tica, 1999, p. 144). GLOSSRIO: Gentilidades: paganismo, religio dos gentios. Compendiosas: resumidas, sintticas. Copiosos: abundantes, grandes, extensos.

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13. (UFPB-2007) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa a) limita-se descrio dos costumes indgenas, sem emitir nenhum juzo de valor. b) destaca apenas qualidades negativas dos ndios tupinambs, a quem chama de brbaros. c) exalta liberdade em que vivem os ndios, reconhecendo-a, indiscutivelmente, como um valor intocvel. d) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambs, ao compar-la com a de outros ndios do Brasil. e) tece consideraes crticas a respeito da liberdade excessiva dos ndios. Alternativa E.

14. (UFPB-2007) Leia o fragmento. [...] nem os nascidos entre os cristos e doutrinados pelos padres da Companhia tm f em Deus Nosso Senhor, nem tm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faa bem. (linhas 7 a 9)

A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor a) considera eficaz a ao dos jesutas na converso dos indgenas. b) mostra surpresa diante do fato de os ndios no terem f em Deus, mesmo sendo doutrinados no cristianismo. c) defende, em princpio, que no se deve cobrar dos ndios a f em Deus. d) reconhece a obedincia dos tupinambs converso crist. e) ressalta a presena das doutrinas crists nas prticas religiosas dos ndios. Alternativa B.

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15. (UFPB-2007) A ausncia das letras F, L, R na linguagem dos tupinambs comentada pelo autor do texto para a) justificar a natureza mais simples da linguagem dos ndios. b) denotar apenas a diferena entre a lngua dos brancos portugueses e a dos ndios. c) enfatizar, sobretudo, a criatividade na expresso lingstica dos povos indgenas. d) criticar, principalmente, a inexistncia da f, da lei e do rei na cultura tupinamb. e) revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar dos ndios. Alternativa D.

16. (UFPB-2007) O texto de Gabriel Soares de Sousa filia-se vertente da literatura brasileira conhecida como manifestaes literrias (sculo XVI). Nesse texto, verifica-se o predomnio da a) funo referencial da linguagem, embora se apresentem traos estilsticos comuns produo literria da poca. b) funo emotiva da linguagem, registrando impresses e sentimentos de natureza lrica. c) funo potica da linguagem, visto que se trata de um texto de cunho histrico. d) linguagem conotativa, por se tratar de um texto eminentemente literrio. e) funo apelativa da linguagem, uma vez que o receptor da mensagem posto em destaque. Alternativa A

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17. (PUC/PR/PAES-2006) Assinale a alternativa que contm as obras consideradas os dois primeiros textos de informao, na literatura brasileira. Para a resposta, considere fatos histricos como o descobrimento do Brasil, a chegada dos primeiros colonizadores, a vinda dos jesutas, a passagem de viajantes e de cronistas pela nova terra. A) Carta, de Pero Vaz de Caminha / Dirio de Navegao, de Pero Lopes de Sousa. B) Dilogo sobre a Converso dos Gentios, de Manoel da Nbrega / Tratado da Terra do Brasil, de Pero Magalhes Gndavo. C) Tratados da Terra e da Gente do Brasil, de Ferno Cardim / Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Souza. D) Dilogos das Grandezas do Brasil, de Ambrsio Fernandes Brando. E) Histria do Brasil, de Vicente do Salvador / Cartas, Informaes, Fragmentos Histricos e Sermes, de Jos de Anchieta. Alternativa A

18. (PUC/PR/PAES-2006) Dos textos de informao dos jesutas, destacam-se, pela sua importncia, aqueles produzidos por trs autores: ______________ / ______________ / ______________ e a caracterstica que diferencia esses textos, tambm to ricos de informaes sobre a nova terra e de anlise sobre a gente do Brasil, daqueles da crnica leiga, : _____________ A) Ferno Cardim / Manoel da Nbrega / Jos de Anchieta / a inteno pedaggica e moral. B) Pero Magalhes Gndavo / Ambrsio Fernandes Brando / Vicente do Salvador / a qualidade literria. C) Pero Lopes de Sousa / Jos de Anchieta / Pero Vaz de Caminha / o amor nova terra e ao ndio do Brasil. D) Pero Lopes de Sousa / Manoel da Nbrega / Ambrsio Fernandes Brando / a importncia dos dados histricos. E) Ferno Cardim / Pero Magalhes Gndavo / Vicente do Salvador / o sentimento de religiosidade. Alternativa A. 37

(UNESP-2006) INSTRUO: As questes de nmeros 19 a 21 tomam por base um trecho de uma carta do Padre Antonio Vieira (1608-1697) e um soneto do poeta simbolista brasileiro Pthion de Villar (Egas Moniz Barreto de Arago, 1870-1924).

Carta XIII Ao Rei D. Joo IV 4 de abril de 1654 (...) Tornando aos ndios do Par, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a conscincia a manifestar a V.M. os grandes pecados que por ocasio deste servio se cometem. Primeiramente nenhum destes ndios vai seno violentado e por fora, e o trabalho excessivo, e em que todos os anos morrem muitos, por ser venenosssimo o vapor do tabaco: o rigor com que so tratados mais que de escravos; os nomes que lhes chamam e que eles muito sentem, feissimos; o comer quase nenhum; a paga to limitada que no satisfaz a menor parte do tempo nem do trabalho; e como os tabacos se lavram sempre em terras fortes e novas, e muito distante das aldeias, esto os ndios ausentes de suasmulheres, e ordinariamente eles e elas em mau estado, e os filhos sem quem os sustente, porque no tm os pais tempo para fazer suas roas, com que as aldeias esto sempre em grandssima fome e misria. Tambm assim ausentes e divididos no podem os ndios ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da f, nem ouvem missa nem a tm para a ouvir, nem se confessam pela Quaresma, nem recebem nenhum outro sacramento, ainda na morte; e assim morrem e se vo ao Inferno, sem haver quem tenha cuidado de seus corpos nem de suas almas, sendo juntamente causa estas crueldades de que muitos ndios j cristos se ausentam de suas povoaes, e se vo para a gentilidade, e de que os gentios do serto no queiram vir para ns, temendo-se do trabalho a que os obrigam, a que eles de nenhum modo so costumados, e assim se vm a perder as converses e os j convertidos; e os que governam so os primeiros que se perdem, e os segundos sero os que os consentem; e isto o que c se faz hoje e o que se fez at agora. (Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949.)

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O ltimo Paj Cheio de angstia e de rancor, calado, Solene e s, a fronte carrancuda, Morre o velho Paj, crucificado Na sua dor, tragicamente muda.

V-se-lhe aos ps, disperso e profanado, O trofu dos avs: a flecha aguda, O terrvel tacape ensangentado, Que outrora erguia aquela mo sanhuda.

Vencida a sua raa to valente, Errante, perseguida cruelmente, Ao estertor das matas derrubadas!

Tup mentiu! e erguendo as mos sagradas, Dobra o joelho e a calva sobranceira Para beijar a terra brasileira. (Pthion de Villar. A morte do paj. 1978.)

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19. (UNESP-2006) Embora separados por mais de dois sculos, os textos apresentados focalizam uma mesma questo social surgida no Brasil-Colnia, que tem repercusses at os dias atuais. Releia os dois textos com ateno e, a seguir, a) identifique a questo social abordada por ambos os textos; b) explique em que medida o poema de Pthion de Villar, escrito em 1900, simboliza, com certa dramaticidade, um dos desfechos possveis dos problemas apontados em 1654 por Vieira ao rei de Portugal. a) Nos dois textos, a questo social abordada a do tratamento dado aos ndios pelos colonizadores, um tratamento mais rigoroso que aquele dado aos escravos. b) O desfecho do poema de Pthion de Villar catastrfico: o Paj, representante sagrado da cultura indgena, ao bradar contra a mentira de Tup, abandona sua cultura e se entrega, de forma rebaixada, humilhante, cultura inimiga.

20. (MACKENZIE-2006) Jos de Anchieta faz parte de um perodo da histria cultural brasileira (sculo XVI) em que se destacaram manifestaes especficas: a chamada literatura informativa e a literatura jesutica. Assinale a alternativa que apresenta um excerto caracterstico desse perodo. a) Fazer pouco fruto a palavra de Deus no mundo pode proceder de um de trs princpios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. (Pe. Antnio Vieira) b) Triste Bahia! quo dessemelhante / Ests e estou do nosso antigo estado, / Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, / Rica te vi eu j, tu a mim abundante.(Gregrio de Matos) c) Uma planta se d tambm nesta Provncia, que foi da ilha de So Tom, com a fruita da qual se ajudam muitas pessoas a sustentar a terra. (...) A fruita dela se chama banana.(Pro de Magalhes Gndavo) d) Vs haveis de fugir ao som de padre-nossos, / Frutos da carne infiel, seios, pernas e braos, / E vs, mmias de cal, dana macabra de ossos!(Alphonsus de Guimaraens) e) Os ritos semibrbaros dos Piagas, / Cultores de Tup e a terra virgem / Donde como dum trono enfim se abriram / Da Cruz de Cristo os piedosos braos. (Gonalves Dias) Alternativa C. Nesse fragmento do cronista Pero de Magalhes Gndavo, percebe-se o descritivismo tpico da literatura informativa do sculo XVI.

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21. (MACKENZIE-2006) Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus; somente aos troves chama TUPANE, que como quem diz cousa divina. E assim ns no temos outro vocbulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE. Manuel da Nbrega

O assunto do texto e a ideologia nele refletida revelam que pertence a um momento histricocultural em que a) escritores j nascidos e formados intelectualmente no Brasil-colnia revelam-se crticos contundentes do processo de colonizao. b) a Bahia conheceu o esprito sagaz de Gregrio de Matos, que, com seus improvisos e sua viola, caoava de todos, inclusive das autoridades. c) os novos escritores buscam a simplicidade formal, intimamente ligada ao grande valor dado natureza, como base da harmonia e da sabedoria. d) o ciclo do ouro propiciou o desenvolvimento da arquitetura, da escultura e da vida musical, principalmente em Minas Gerais. e) relatos manifestam no s as preocupaes do colonizador, como tambm o deslumbramento diante da paisagem brasileira. Alternativa E. As manifestaes literrias do sculo XVI no Brasil apresentam textos descritivos da terra descoberta e textos dos jesutas que visavam catequizar os ndios.

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Barroco11. (PUC/PR/PAES-2006) Das caractersticas abaixo, assinale aquela que definitivamente NO SE APLICA ao Barroco: A) Busca pela simplicidade, atravs de uma linguagem que se quer clara e objetiva, defendendo o conceito de arte como imitao, tanto da natureza quanto dos modelos clssicos. B) O dilema revelado nas composies barrocas centra-se na oposio entre vida eterna versus vida terrena; esprito versus carne. Dentro do Maneirismo e dentro do Barroco no h possibilidade de conciliao para estas antteses. Ou se vive sensualmente a vida, ou se foge dos gozos humanos e se alcana a eternidade. C) Suas expresses literrias e artsticas revelam o conflito entre os prazeres corpreos e as exigncias da alma, que afligia o homem barroco. D) A forma conflituosa e exagerada dos barrocos traduz um estado de mal-estar causado pela oposio entre os princpios renascentistas e a tica crist, entre a lascvia dos novos tempos e a tradio medieval. Traduz tambm o gosto pela agudeza do pensamento, pela artificialidade da linguagem e pelo desejo de causar assombro no leitor. E) A audcia verbal revelada pela esttica barroca no tem limites: comparaes inesperadas, antteses, paradoxos, hiprboles, inverses nas frases, palavras raras revelam um estilo retorcido, contraditrio, por vezes brilhante, por vezes incompreensvel e de mau gosto. Alternativa A.

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17. (PUC-CAMPINAS/SP-2007) O pensador italiano Umberto Eco, ao analisar a potica do Barroco, afirma que ela reage a uma nova viso do cosmo introduzida pela revoluo copernicana. Assim, as perspectivas mltiplas produzidas pela arte barroca refletem essa concepo no mais geocntrica, e portanto no mais antropocntrica de um universo ampliado rumo ao infinito.(Adaptado de VV.AA. A fsica e suas muitas interaes e interfaces. Cincia e Cultura n. 3, 2005)

As perspectivas mltiplas produzidas pela arte barroca, a que Umberto Eco faz referncia no texto, expressam-se na linguagem verbal por meio do uso intensivo de figuras como as antteses, os paradoxos, os quiasmos figuras que favorecem um jogo de simetrias e oposies. o que se pode notar nestes versos de Gregrio de Matos: (A) A assombrao apagou a candeia Depois no escuro veio com a mo Pertinho dele Ver se o corao ainda batia (B) So golpes, so espinhos, so lembranas Da vida ao teu menino que, ao sol posto, Perde a sabedoria das crianas (C) Cantos de amor, salmos de prece, Gemidos, tudo anda por esse Olhar que Deus terra desce. (D) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos, Que esteja morto para as esperanas, E que ande vivo para os sentimentos. (E) O sacristo chama-se So Bentinho E a gente logo que sai da igreja Cai no rio espraiado Alternativa D.

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18. (PUC/RJ-2006) Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a ndia, e como fosse trazido sua presena um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em to mau ofcio; porm, ele, que no era medroso nem lerdo, respondeu assim. Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladro, e vs, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim . O roubar pouco culpa, o roubar muito grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significaes, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macednia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladro e o pirata, o ladro, o pirata e o rei, todos tm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. [Fragmento do Sermo do bom ladro, de Pe. Antnio Vieira]

(PUC/RJ-2006) Uma das mais importantes caractersticas da obra do Padre Antnio Vieira refere-se presena constante em seus sermes das dimenses social e poltica, somadas religiosa. Comente esta afirmativa em funo do texto acima. Gabarito oficial: O fragmento acima um bom exemplo da preocupao do Padre Antnio Vieira com temas de carter social e de dimenso poltica. A aproximao e a comparao da figura de Alexandre Magno, grande conquistador do mundo antigo, com a do pirata saqueador evidenciam a crtica aos valores morais e a viso ideolgica do autor.

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19. (UPE-2007) S RELIGIOSAS QUE EM UMA FESTIVIDADE, QUE CELEBRARAM, LANARAM A VOAR VRIOS PASSARINHOS DCIMA Meninas, pois verdade, no falando por brinquinhos, que hoje aos vossos passarinhos se concede liberdade: fazei-me nisto a vontade de um passarinho me dar, e no devendo-o negar, espero mo concedais, pois dia em que deitais passarinhos a voar. (Gregrio de Matos. Poemas escolhidos. So Paulo: Cultrix. p. 262.)

Sabe-se que Gregrio de Matos, entre outros textos, teria escrito poemas satricos, de carter ertico-irnico. O poema acima um exemplo disso. Os enunciados abaixo trazem alguns comentrios sobre esse poema e sobre o contexto histrico em que se insere. Analise-os. I. A stira gregoriana consiste na brincadeira lanada a respeito de um fato que parece ter realmente ocorrido, como nos sugere o ttulo. O efeito sarcstico ocorre pela ambigidade da palavra passarinhos. II. Foi tomando por referncia poemas como este, entre outras razes, que Gregrio de Matos ficou conhecido como Boca do Inferno. III. O poema pode ser considerado barroco, pois aborda, claramente, um tema religioso, representado na figura das religiosas em ato de celebrao. IV. O subttulo Dcima faz referncia ao poema de estrutura fixa, composto por uma ou mais estrofes de dez versos. No Barroco brasileiro, esses versos costumam dispensar o recurso rima. 45

V. A anttese, recurso retrico to comum ao Barroco, predomina na composio deste poema, como revelam sobretudo os quatro primeiros versos. A afirmativa verdadeira nos itens a) II, III e V, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) II, IV e V, apenas. Alternativa B.

20. (PSS/UFS-2007) Para responder a esta questo, considere o poema apresentado abaixo. Pequei, Senhor; mas no porque hei pecado, de vossa alta clemncia me despido; porque, quanto mais tenho delinqido, vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado, a abrandar-vos sobeja um s gemido: que a mesma culpa, que vos h ofendido vos tem para o perdo lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e j cobrada, glria tal e prazer to repentino vos deu, como afirmais na sacra histria,

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eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, cobrai-a; e no queirais, pastor divino, perder na vossa ovelha a vossa glria.

a) possvel reconhecer no soneto o conflito marcante da poca barroca: a atrao mundana, que leva o homem ao pecado, e as exigncias de um comportamento regrado, de acordo com as determinaes da religio. b) O poeta utiliza o exemplo da ovelha desgarrada como argumento que justifica a certeza de obter o empenho de Cristo em perdo-lo. c) A linguagem e o tema desenvolvido no soneto atribuem- lhe antecipao das caractersticas do Arcadismo, em que os poetas se transfiguram em pastores, dedicados a cuidar apenas de seus rebanhos. d) A imagem da ovelha perdida, e j cobrada corresponde ao momento final do poeta, justificando o sentido de toda a estrofe, em que ele pede o perdo divino para suas faltas. e) Nos dois primeiros versos do soneto o poeta desconsidera a possibilidade de arrependimento, pois afirma que no teve culpa ao pecar. Gabarito oficial: VVFVF

21 . (UFV/MG-2006) Leia com ateno o texto abaixo. Isto o que fizeram os primeiros Argonautas de Portugal nas suas to bem afortunadas Conquistas do Novo Mundo, e por isso bem afortunados. Este o fim para que Deus entre todas as Naes escolheu a nossa com o ilustre nome de pura na F, e amada pela piedade: estas so as Gentes estranhas e remotas, aonde nos prometeu que havamos de levar seu Santssimo Nome: este o Imprio seu, que por ns quis amplificar e em ns estabelecer; e esta , foi, e ser sempre a maior e melhor glria do valor, do zelo, da Religio e Cristandade Portuguesa. (Sermo da Epifania)

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A partir do fragmento acima, faa uma pequena anlise sobre o momento histrico relatado no texto e sobre a ligao entre poltica e religio no pensamento de Antnio Vieira. Vieira refere-se ao perodo das Grandes Navegaes Portuguesas, que resultaram no descobrimento de novos territrios como o Brasil, e na tentativa de expanso do Cristianismo graas catequizao dos ndios.

(UFV/MG-2006) Assinale abaixo a alternativa em que a metalinguagem aparece como recurso discursivo nos sermes do Padre Antnio Vieira: a) O estilo era que o Pregador explicasse o Evangelho: hoje o Evangelho h de ser a explicao do Pregador. No sou eu o que hei de comentar o Texto; o Texto o que me h de comentar a mim. Nenhuma palavra direi que no seja sua, porque nenhuma clusula tem que no seja minha. (Sermo da Epifania) b) Vs, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que faam na terra, o quefaz o sal. (Sermo de Santo Antnio) c) Supostas estas duas demonstraes; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, no fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqncia clara que fica por parte do pregador. (Sermo da Sexagsima) d) Este Sermo, que hoje se prega na Misericrdia de Lisboa, e no se prega na Capela Real, parecia-me a mim, que l se havia de pregar e no aqui. Porque o Texto em que se funda o mesmo sermo, todo pertence Majestade daquele lugar e nada piedade deste. (Sermo do Bom Ladro) e) Dizei-me, Cristo, se vos vreis em poder de um tirano que vos quisesse tirar a vida pela F de Cristo; que haveis de fazer? Dar a vida, e mil vidas. Pois o mesmo dar a vida pela F de Deus, que dar a vida pelo servio de Deus. (Sermo da Primeira Dominga da Quaresma) Alternativa A

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(UFV/MG-2006) Leia com ateno o fragmento abaixo, extrado do Sermo da Sexagsima, do Padre Antnio Vieira:

Supostas estas duas demonstraes; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, no fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqncia clara que fica por parte do pregador. E assim . Sabeis, Cristos, por que no faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos Pregadores. Sabeis, Pregadores, por que no faz fruto a palavra de Deus? Por culpa nossa.

Com base no fragmento, pode-se afirmar que o texto relata as dvidas do pregador diante: a) da f crist, tpica do perodo barroco. b) da tarefa de cristianizar o mundo, questionando a importncia da mensagem. c) da onipotncia de Deus, caracterstica da mentalidade barroca. d) de seu prprio papel enquanto mensageiro da palavra de Deus. e) das atitudes do pblico ouvinte, pouco dedicado mensagem crist. Alternativa D. (PUC/PR/PAES-2006) Ainda que alguns crticos e historiadores encontrem lampejos de genialidade e nacionalismo nas manifestaes literrias barrocas no Brasil do sc. XVII, no se pode deixar de considerar a mediocridade quase que geral deste perodo. Poucos autores resistem a uma leitura crtica. Dois nomes, entretanto, superam a pobreza intelectual do contexto em que inscrevem suas obras. So eles: A) Gregrio de Matos Guerra e Padre Antnio Vieira. B) Toms Antnio Gonzaga e Cludio Manuel da Costa. C) Silva Alvarenga e Botelho de Oliveira. D) Gregrio de Matos Guerra e Cludio Manuel da Costa. E) Padre Antnio Vieira e Toms Antnio Gonzaga. Alternativa A. 49

(PROSEL/UEPA-2007) [...] Se uma ovelha perdida, e j cobrada, Glria tal, e prazer to repentino Vos deu, como afirmais na Sacra Histria: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada Cobrai-a, e no queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha, a vossa glria. Gregrio de Matos Glossrio Cobrada: recuperada Cobrai-a: recuperai-a

(PROSEL/UEPA-2007) Sobre esse fragmento de um soneto lrico-religioso de Gregrio de Matos correto afirmar que, nele, o poeta: a) apresenta o eu lrico como um pecador submisso ao julgamento divino. b) faz uso da subjetividade, por meio da funo emotiva da linguagem, para demonstrar ser um pecador arrependido. c) toma o episdio bblico da ovelha desgarrada para fazer o elogio do pecado. d) vale-se de argumentao racional ao colocar em dvida a competncia divina para perdoar. e) utiliza-se do argumento de autoridade, cuja fonte a prpria Bblia, para cobrar de Deus o desempenho da funo de Salvador. Alternativa E.

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(PROSEL/UEPA-2006) Toda a cidade derrota esta fome universal; Uns do a culpa total cmara, outros frota. A frota tudo abarrota dentro nos escotilhes - a carne, o peixe, os feijes e se a cmara olha, e si porque anda farta at aqui, Ponto em boca Gregrio de Matos Guerra. Poemas Satricos.

Ponto em boca: boca fechada.

(PROSEL/UEPA-2006) Sobre a leitura desta estrofe satrica de Gregrio de Matos Guerra, correto afirmar que: a) traduz crtica mestiagem da sociedade baiana da segunda metade do sculo XVII. b) mostra o descaso das autoridades com a sorte do povo. c) revela a face mais ertica da poesia do Boca do Inferno. d) demonstra uma posio de confronto do poeta com o poder religioso do qual j fizera parte. e) apresenta um vocabulrio que contempla vocbulos de origem indgena e africana. Alternativa B.

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(UFRJ-2007) Texto para as questes 1 e 2 A Maria dos povos, sua futura esposa Discreta, e formosssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Adnis te namora, Te espalha a rica trana voadora, Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trata a toda ligeireza, E imprime em toda flor sua pisada.

Oh no aguardes, que a madura idade, Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em p, em sombra, em nada. (MATOS, Gregrio de. Poemas escolhidos - Seleo de Jos Miguel Wisnik. 2a ed. So Paulo: Cultrix, [s.d.])

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(UFRJ-2007) 1. O poema se constri por meio da oposio entre dois campos semnticos, especialmente no contraste entre a primeira e a ltima estrofes. Explicite essa oposio e retire, dessas estrofes, dois vocbulos com valor substantivo um de cada campo semntico , identificando a que campo cada vocbulo pertence. Gabarito oficial: Os dois campos semnticos presentes na construo do poema contrastam aspectos positivos e negativos: juventude versus maturidade; beleza versus decrepitude; nascimento versus morte; luminosidade versus sombra. Os vocbulos representativos desses campos semnticos so aurora, sol, dia, flor, beleza versus terra, cinza, p, sombra, nada. (Obs.: O candidato dever apontar apenas uma oposio.) (UFRJ-2007) 2. O primeiro verso da 3 estrofe apresenta-se como conseqncia de um aspecto central da viso de mundo barroca. Justifique essa afirmativa com suas prprias palavras. O primeiro verso da 3a estrofe, que traduz o carpe diem, constitui uma conseqncia da perspectiva da fugacidade, da efemeridade da vida, aspecto importante na viso de mundo barroca. (PSS/UEPG-2006) A partir do texto de esttica barroca abaixo, assinale a alternativa correta. Definio de Amor ------------------------O Amor finalmente um embarao de pernas, uma unio de barrigas, um breve tremor de artrias. Uma confuso de bocas, uma batalha de veias, um rebolio de ancas, quem diz outra coisa, besta. Gregrio de Matos Guerra. Obras Completas 53

a) Nos versos, evidencia-se o carter de jogo verbal, prprio do estilo barroco, denotando a expresso lrica de arrependimento do poeta pecador. b) Nos versos, evidencia-se a nfase na dualidade e na contraposio entre os elementos, bem como o uso de figuras de linguagem, marcas da poesia barroca. c) Nos versos, evidencia-se o carter do jogo verbal, prprio do estilo barroco, em tom satrico e de crtica sociedade da poca. d) Nos versos, evidencia-se a definio de amor por seus aspectos fsicos, o "eu-lrico" afasta-se da dualidade entre o amor carnal e espiritual, to caracterstica da poesia lrica barroca. e) Nos versos, evidenciam-se os ideais divergentes entre o humano e o divino, entre a mentalidade pag e a religiosa. Alternativa D.

Arcadismo(PUC-CAMPINAS/SP-2007) A imagem mtica de uma natureza harmnica, capaz de inspirar o desejo do equilbrio racional e da vida simples, constitui uma espcie de paradigma da poesia neoclssica, tal como se pode perceber nestes versos: (A) O Demo a viver se exponha Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. (B) O vocbulo puro, em que me amparo, Esquiva-se a meu jugo; e raro canto. Que a palavra da boca sempre intil Se o sopro no lhe vem do corao. (C) O poema uma pedra no abismo. O eco do poema desloca os perfis. Para bem das guas e das almas 54

Assassinemos o poeta. (D) A morte limpa. Cruel mas limpa. Com seus aventais de linho Fmula esfrega as vidraas. Tem punhos geis e esponjas. (E) Pois que viva eu em paz, em calma pura, Abrandando a paixo nestes ribeiros, Aspirando dos lamos a brandura, Ouvindo ao vento os cantos mais inteiros. Alternativa E.

(UFAC-2007) O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa, s no se pode afirmar que: (A) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas. (B) Apresentou uma corrente de conotao ideolgica, envolvida com as questes sociais do seu tempo, com a crtica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa. (C) Legou a ns os poemas de feio pica Caramuru, de Frei Jos de Santa Rita Duro e O Uraguai, de Baslio da Gama, no qual se reconhece qualidade literria destacada em relao ao primeiro. (D) Teve em Cludio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivao buclica e os modelos camonianos da lrica amorosa. (E) Em termos dos valores estticos bsicos, norteou a produo dos versos de Marlia de Dirceu, obra que celebrizou Toms Antonio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor. Alternativa D.

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(UNIFESP-2007) INSTRUO: Leia o poema de Bocage para responder s questes de nmeros 1 a 4.

Olha, Marlia, as flautas dos pastores Que bem que soam, como esto cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, no sentes Os Zfiros brincar por entre flores?

V como ali, beijando-se, os Amores Incitam nossos sculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha pra, Ora nos ares, sussurrando, gira:

Que alegre campo! Que manh to clara! Mas ah! Tudo o que vs, se eu te no vira, Mais tristeza que a morte me causara.

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(UNIFESP-2007) 1. A descrio que o eu lrico faz do ambiente uma forma de mostrar amada que o amor a) acaba quando a morte chega. b) tem pouca relao com a natureza. c) deve ser idealizado, mas no realizado. d) traz as tristezas e a morte. e) inspirado por tudo o que os rodeia. Alternativa E.

(UNIFESP-2007) 2. O emprego de Mas, na ltima estrofe do poema, permite entender que a) todo o belo cenrio s tem tais qualidades se a mulher amada fizer parte dele. b) a ausncia da mulher amada pode levar o eu-lrico morte. c) a morte uma forma de o eu-lrico deixar de sofrer pela mulher amada. d) a mulher amada morreu e, por essa razo, o eu-lrico sofre. e) o eu-lrico sofre toda manh pela ausncia da mulher amada. Alternativa A. A conjuno adversativa mas, no penltimo verso, indica uma ressalva do eu lrico ao tom enaltecedor da descrio do cenrio, que s com a presena da amada poderia produzir os efeitos devidos a suas qualidades.

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(UNIFESP-2007) 3. Leia os versos e analise as consideraes sobre as formas verbais neles destacadas. I. Olha, Marlia, as flautas dos pastores... Como o eu lrico faz um convite audio das flautas dos pastores, poderia ser empregada a forma Oua, no lugar de Olha. II. V como ali, beijando-se, os Amores... A forma verbal, no imperativo, expressa um convite do eu lrico para que a amada se delicie, junto a ele, com o belo cenrio. III. Mas ah! Tudo o que vs... A forma verbal, tambm no imperativo, sugere que, neste ponto do poema, a amada j viu tudo o que o seu amado lhe mostrou. Est correto o que se afirma apenas em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. Alternativa B. A forma verbal no imperativo, no fragmento do item II, e o verso seguinte Incitam nossos sculos ardentes comprovam o convite do eu lrico para que a amada participe do deslumbramento causado pelo cenrio. Esto incorretas: I, pois Marlia tratada como 2 pessoa, e portanto a forma verbal Olha no poderia ser alterada para Oua, 3 pessoa. III, pois a forma verbal vs do presente do indicativo e no imperativo, como consta na afirmao.

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(UNIFESP-2007) 4. O soneto de Bocage uma obra do Arcadismo portugus, que apresenta, dentre suas caractersticas, o bucolismo e a valorizao da cultura greco-romana, que esto exemplificados, respectivamente, em a) Tudo o que vs, se eu te no vira/Olha, Marlia, as flautas dos pastores. b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira. c) Que bem que soam, como esto cadentes!/Os Zfiros brincar por entre flores? d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, no sentes. e) Que alegre campo! Que manh to clara!/V como ali, beijando-se, os Amores. Alternativas C e E. O bucolismo, na perspectiva rcade, representa uma natureza convencional como cenrio que emoldura a vida serena dos pastores, o que claramente exemplificado no verso Que alegre campo! Que manh to clara!; j a valorizao da cultura greco-romana remete, entre outros aspectos, presena da mitologia grega, exemplificada em Amores, no verso citado na alternativa e. No entanto, as duas caractersticas mencionadas no enunciado tambm aparecem na alternativa c: o bucolismo em flautas dos pastores / Que bem que soam, e a cultura greco-romana na aluso mitolgica aos Zfiros.

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(PUC/PR/PAES-2006) s a partir do Arcadismo, que comea a surgir no pas uma relao sistemtica entre autor, obra e pblico, que caracterizam um sistema literrio. Aponte a alternativa que melhor descreve esse perodo. A) Busca da simplicidade, racionalismo, imitao da natureza, carter pastoril, imitao dos clssicos, ausncia de subjetividade. B) Individualismo e subjetivismo, culto Natureza, evaso, liberdade artstica, culto mulher amada, sentimentalismo, indianismo, nacionalismo. C) Subjetivismo, efeito de sugesto, musicalidade, irracionalismo, mistrio. D) Liberdade, de expresso, incorporao do cotidiano, linguagem coloquial, inovao tcnica, ambigidade, pardia. E) Racionalismo, incorporao do cotidiano, culto mulher amada, imitao dos clssicos, efeito de sugesto. Alternativa A.

(UFPB-2006) No Romanceiro da Inconfidncia, Ceclia Meireles recria poeticamente os acontecimentos histricos de Minas Gerais, ocorridos no final do sculo XVIII. Nesta mesma poca, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribudas a Toms Antnio Gonzaga. O fragmento a seguir foi extrado da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se aoseu amigo Doroteu (Cludio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarro Minsio (Lus da Cunha Meneses, governador de Minas).

Aquele, Doroteu, que no Santo Mas quer fingir-se Santo aos outros homens, Pratica muito mais, do que pratica, Quem segue os sos caminhos da verdade. Mal se pe nas Igrejas, de joelhos, Abre os braos em cruz, a terra beija, Entorta o seu pescoo, fecha os olhos, Faz que chora, suspira, fere o peito; 60

E executa outras muitas macaquices, Estando em parte, onde o mundo as veja. (GONZAGA, Toms Antnio. Cartas Chilenas. So Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69). Considerando as informaes apresentadas e esse fragmento potico, correto afirmar: a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irnico. b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas. c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um posicionamento crtico. d) O tom satrico, presente nas Cartas Chilenas, no observado nesse fragmento, pois, aqui, h apenas a descrio das prticas religiosas do Fanfarro Minsio. e) O autor chama a ateno para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiis. Alternativa B.

(UFMT-2007) Leia o poema do poeta rcade Cludio Manoel da Costa e responda s questes 1 e 2. VIII Este o rio, a montanha esta, Estes os troncos, estes os rochedos; So estes inda os mesmos arvoredos; Esta a mesma rstica floresta. Tudo cheio de horror se manifesta, Rio, montanha, troncos, e penedos; Que de amor nos suavssimos enredos Foi cena alegre, e urna j funesta. 61

Oh quo lembrado estou de haver subido Aquele monte, e as vezes, que baixando Deixei do pranto o vale umedecido! Tudo me est a memria retratando; Que da mesma saudade o infame rudo Vem as mortas espcies despertando. (MOISS, Massaud. A literatura brasileira atravs de textos. So Paulo: Cultrix, 1986.)

(UFMT-2007) 1. A respeito do texto, assinale a afirmativa verdadeira. A) A natureza cenrio tranqilo, descrita sem levar em conta o estado de esprito de quem a descreve, como ocorre no Romantismo. B) O poema faz elogio ao pastoralismo, criticando os males que o meio urbano traz ao homem. C) Exemplo tpico do Arcadismo, o poema apresenta a primazia da razo sobre a emoo, revelando a influncia da lgica iluminista. D) A anttese Foi cena alegre, e urna j funesta. resume o poema, indicando a passagem do tempo e a lembrana do amor perdido. E) Faz referncia constncia da vida, previsibilidade do destino, recomendando que se aproveite o dia. Alternativa D

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(UFMT-2007) 2. A respeito da construo do poema, assinale a afirmativa INCORRETA. A) A mtrica regular e a estrutura do poema, um soneto, so de inspirao greco-latina. B) O jogo interior exterior organiza o poema em duas partes: os dois quartetos os dois tercetos. C) Nas duas primeiras estrofes, as rimas so emparelhadas e interpoladas; nas duas ltimas, cruzadas. D) Apresenta perodos em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca. E) Apresenta vocabulrio erudito, com latinismos prprios literatura clssica. Alternativa E

(UEM/PR-2007) Sobre o fragmento abaixo e sobre a escola a que ele pertence, assinale a alternativa incorreta. Minha bela Marlia, tudo passa; a sorte deste mundo mal segura; se vem depois dos males a ventura, vem depois dos prazeres a desgraa. Esto os mesmos deuses sujeitos ao poder do mpio fado: Apolo j fugiu do cu brilhante, j foi pastor de gado. (Marlia de Dirceu Toms Antonio Gonzaga)

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A) O trecho acima alterna versos decasslabos com versos hexasslabos. Curiosamente, o tema da estrofe a inconstncia da sorte. como se o encurtamento do verso, alternado com o verso mais longo, imitasse os altos e baixos do destino. B) A referncia ao deus grego Apolo tpica do Arcadismo, escola que pretendia uma espcie de retorno ao tempo mitolgico da Grcia clssica. Alm disso, segue-se a referncia ao perodo em que o deus foi pastor, reforando o elo com a escola rcade, na qual os poetas freqentemente adotavam um pseudnimo pastoril, como Glauceste ou Elmano. C) Para o Arcadismo, a vida do pastor, singela e prxima da natureza, bela e pura. No entanto os versos Apolo j fugiu do cu brilhante / j foi pastor de gado criam uma imagem dentro da qual estar no cu o plo positivo (felicidade) e ser pastor o plo negativo (degradao). Portanto a imagem contida nos versos surpreendente quando percebemos que ela subverte o tema rcade da vida pastoril como ideal a ser buscado. D) A imagem do deus Apolo fugindo do cu possui forte valor simblico, explicvel pelas caractersticas do Arcadismo: ela remete a um conceito de mundo como espao democrtico, aberto s mudanas. Fica implcito que, se um Deus pode fugir do seu destino traado (estar no cu), seja por vontade, seja por necessidade, um homem comum tambm pode mudar a prpria condio de vida, tornando-se at mesmo rico e poderoso. E) Os principais autores do Arcadismo, homens cultos e educados, escreviam poemas nos quais se exaltavam a simplicidade e a vida em contato com a natureza. Gonzaga , at certo ponto, coerente com isso, embora o eu-lrico das Liras alterne poemas (ou estrofes) nos quais ele um triste pastor com outros (ou outras) nos quais surge a figura do magistrado, diante de altos volumes sobre a mesa, decidindo processos jurdicos. Alternativa D.

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(MACKENZIE/SP-2006) Assinale a alternativa que apresenta comentrio crtico adequado obra de Cludio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro. a) ... sua poesia prolonga uma atmosfera lrica e moral que descortinamos na poesia camoniana, evidente no emprego constante da anttese, do paradoxo e do racionalismo ... b) ... a essncia doutrinria revela um homem primitivo, apegado ainda Idade Mdia: os poemas respiram uma f inabalvel, intocada pelos ventos crticos da Renascena. c) ... o sentimento amoroso se espraia livremente; nota-se que o poeta infringe os princpios clssicos da conteno e manifesta a emoo dum modo tal que seus versos acabam adquirindo foros de crnica amorosa. d) ... preciso ver na fora desse poeta o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os rcades, acabou por fazer-se verdade artstica. e) ... os seus versos agradaram, e creio que ainda possam agradar aos que pedem pouco literatura: uma expresso fcil, uma sintaxe linear, uma linguagem coloquial e brejeira... Alternativa A. A anttese e o paradoxo so igualmente freqentes em sua poesia, bem como uma atmosfera lrica e moral.

(MACKENZIE/SP-2006) Toms Antnio Gonzaga, outro poeta rcade brasileiro, assim expressa o sentimento amoroso: Se no lhe desse, / compadecido, / tanto socorro / o deus Cupido; / se no vivera / uma esperana / no peito seu, / j morto estava / o bom Dirceu. Nesses versos, encontram-se ndices que apontam para o fato de que a poesia brasileira do sculo XVIII I. preservou da cultura clssica as referncias mitolgicas. II. adotou explicitamente o fingimento potico, ao desenvolver motivos pastoris. III. apoiou-se tambm em padres mtricos mais populares, como o verso tetrasslabo. Assinale: a) se apenas a afirmao I estiver correta. b) se apenas a afirmao II estiver correta. c) se apenas a afirmao III estiver correta. d) se apenas as afirmaes I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmaes estiverem corretas. Alternativa E. As referncias mitolgicas da cultura clssica e o fingimento potico esto, respectivamente, em Cupido (deus do amor) e Dirceu (nome do pastor). 65

(PROSEL/UEPA-2006) Leia com ateno os versos abaixo.

Depois que nos ferir a mo da Morte, Ou seja neste monte, ou noutra serra, Nossos corpos tero, tero a sorte De consumir os dous a mesma terra. Na campa, rodeada de ciprestes, Lero estas palavras os Pastores: Quem quiser ser feliz nos seus amores, Siga os exemplos, que nos deram estes. Graas, Marlia Bela, Graas minha Estrela! Toms Antnio Gonzaga, Marilia de Dirceu. 1 parte. Lira I.

(PROSEL/UEPA-2006) Com esta estrofe, conclui-se a 1 lira do poema, na qual o poeta se apresenta Marlia e faz uma projeo da vida que podero viver juntos at que sejam feridos pela morte. Nesta estrofe, o tema da Morte evidencia a seguinte caracterstica da poesia do Arcadismo: a) recorrncia a elementos da mitologia greco-romana. b) carpe Diem: gozar a vida, porque ela fugaz. c) culto natureza tomada como modelo de equilbrio e beleza. d) racionalismo: presena da razo na abordagem do tema amoroso. e) predomnio do amor carnal sobre o platnico. Alternativa B. 66

(PSS/UEPG-2006) Marlia de Dirceu Toms Antonio Gonzaga Primeira Parte Lira I -----------------------------------------Os teus olhos espalham luz divina, A quem a luz do sol em vo se atreve; Papoila ou rosa delicada e fina Te cobre as faces, que so cor da neve. Os teus cabelos so uns fios, douro; Teu lindo corpo blsamos vapora . Ah! no, no fez o Cu, gentil Pastora , Para glria de amor igual Tesouro! Graas, Marlia bela, Graas minha Estrela! (blsamos vapora = exala perfumes)

Segunda Parte Lira XV ------------------------------------------Se o rio levantado me causava, Levando a sementeira, prejuzo, Eu alegre ficava, apenas via 67

Na tua breve boca um ar de riso. Tudo agora perdi; nem tenho o gosto De ver-te ao menos compassivo o rosto.

(PSS/UEPG-2006) Em relao compreenso dos dois fragmentos e compreenso global da obra "Marlia de Dirceu", assinale a alternativa correta. a) A descrio de Marlia real, o retrato fiel da mulher daquela poca. b) O tom de felicidade e otimismo permeia os dois fragmentos e constitui-se caracterstica da obra toda. c) O "eu lrico", mesmo fragilizado pela incerteza de seu destino, no demonstra desalento e amargura. d) A descrio de Marlia uma conveno clssica, tudo nela ideal, sublimado e hiperblico. e) Observa-se a explorao do motivo da mulher inacessvel e misteriosa desejada por um homem cansado e doente. Alternativa D.

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Romantismo:idealizaoearrebatamento(PUC/PR/PAES-2006) Assinale o nico item incorreto. So caractersticas do Romantismo: A) Tendncia patritica e nacionalista. B) Exagero na emoo e no sentimento. C) Preocupao formal. D) Reao aos modelos clssicos. E) Idealizao. Alternativa C.

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RomantismonoBrasil.Primeiragerao:literaturae nacionalidade(UEPG/PR-2006) Leia os textos 1, 2 e 3, retirados do livro Gonalves Dias - Poesia Lrica e Indianista, organizado por Mrcia Lgia Guidin. Estabelea as relaes com as afirmaes apresentadas e assinale o que for correto.

Texto 1 Se muito sofri j, se ainda sofro Por teu amor?! No mo perguntes! que do inferno a vida No pior!... ("Se muito sofri j, no mo perguntes". p. 192.) Texto 2 Em vo meu corao por ti se fina, Em vo minha alma te comprende e busca, Em vo meus lbios sfregos cobiam Libar a taa que aos mortais ofreces! Dizem-na funda, inesgotvel, meiga; Enquanto a vejo rasa, amarga e dura! Dizem-na blsamo, eu veneno a sorvo: Prazer, doura eu dor e fel encontro! ("O amor". p. 181.)

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Texto 3 Quanto s bela, Caxias! no deserto, Entre montanhas, derramada em vale De flores perenais, s qual tnue vapor que a brisa espalha No frescor da manh meiga soprando flor de manso lago. ("Caxias". p. 48.) 01) O subjetivismo um dos traos fundamentais do Romantismo. A realidade revelada atravs da atitude pessoal do escritor, o artista traz tona o seu mundo interior. Isso pode ser observado nos textos 1 e 2 numa demonstrao do sofrimento por amar. 02) No texto 2, o motivo do sofrimento um amor que parece no ser correspondido. Isso pode ser comprovado pelos quatro primeiros versos. 04) Quanto ao aspecto formal, o verso livre, sem mtrica e sem estrofao, e o verso branco, sem rima, caracterizam a poesia romntica. Essa caracterstica pode ser observada nos trs textos. 08) A derrota um dos motivos que conduz a um tipo de evaso ou escapismo em que o eulrico procura, na morte, a soluo para o impasse em que se encontra. Dos fragmentos apresentados acima, somente o texto 1 apresenta tal caracterstica. 16) No texto 3, a descrio da natureza tem por objetivo celebrar Caxias, terra natal de Gonalves Dias. Alternativas corretas: 1, 2, 16. Somatrio: 19.

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(UFAC-2007) 23. A poesia Romntica desenvolveu-se em trs geraes: Nacionalista ou Indianista, do Mal-do-sculo e Condoreira. O Indianismo de nossos poetas romnticos : (A) um meio de reconstruir o grave perigo que o ndio representava durante a instalao da Capitania de So Vicente. (B) um meio de eternizar liricamente a aceitao, pelo ndio, da nova civilizao que se instalava. (C) uma forma de apresentar o ndio como motivo esttico; idealizao com simpatia e piedade; exaltao de bravura, herosmo e de todas as qualidades morais superiores. (D) uma forma de apresentar o ndio em toda a usa realidade objetiva; o ndio como elemento tnico da futura raa do Brasil. (E) um modelo francs seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere do modelo europeu. Alternativa C.

Segundagerao:idealizao,paixoemorte(FURG-2007) Sobre a obra Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, correto afirmar que: A) revela, ainda, grande influncia do neoclassicismo do sculo XVIII. B) um livro constitudo predominantemente por sonetos em que o eu lrico revela profundo tdio existencial. C) faz-se presente, de forma recorrente, o sentimento nacionalista, to caro ao Romantismo. D) caracteriza-se pelo descritivismo e pelo apuro formal. E) a representao da figura feminina revestida de um carter dual: ora virgem imaculada, ora meretriz. Alternativa E.

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(FURG-2006) Considerando Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, assinale a alternativa correta: A) Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, utiliza-se de uma linguagem marcada pela dualidade, em que se debatem duas formas distintas de ver e pensar a realidade. B) Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, divide-se em trs partes, em que se pode surpreender uma concepo esttica e homognea de literatura. C) Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, vale- se de uma linguagem de tom essencialmente descritivista. D) Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, caracteriza-se pelo uso de uma linguagem que busca inspirao nos modelos da Antigidade clssica. E) Lira dos vinte anos, de lvares de Azevedo, traz um eu lrico que, diferentemente de seus contemporneos, atinge a plena realizao amorosa. Alternativa A

(PUC/PR-2007) Assinale a alternativa que identifica as qualidades do Romantismo presentes no poema "O poeta", de lvares de Azevedo: "no meu leito adormecida, Palpitante e abatida, A amante do meu amor! Os cabelos recendendo Nas minhas faces correndo Como o luar numa flor!" A) do Romantismo pela imagem da mulher amada idealizada. B) O poema pertence ao Romantismo porque tem rimas emparelhadas. C) porque tem metforas. D) porque apresenta um poeta enamorado. E) porque trata a natureza de forma humanizada. Alternativa A. 73

(UEM/PR-2007) Leia o fragmento abaixo do poema Lembrana de Morrer e assinale a alternativa correta. Quando em meu peito rebentar-se a fibra Que o esprito enlaa dor vivente, No derramem por mim nenhuma lgrima Em plpebra demente. (Lira dos vinte anos lvares de Azevedo) Glossrio enlaa: prende, envolve

A) O verso Quando em meu peito rebentar-se a fibra faz aluso direta ao receio do poeta em tornar-se covarde, perder a fibra. O Romantismo pregava a necessidade da coragem fsica e/ou moral por parte do indivduo dotado de genialidade, para enfrentar a mediocridade que o rodeava e para transformar o mundo. B) O verso No derramem por mim nenhuma lgrima faz referncia direta morte de amor, situao na qual o jovem fazia um pacto de suicdio com a amada inatingvel. Via de regra, a mulher escapava da morte e o fantasma do jovem passava a atorment-la. Tal tema surgiu com fora no romantismo graas obra Os Sofrimentos do jovem Werther, de Goethe. C) O verso Que o esprito enlaa dor vivente faz aluso direta vida, caracterizando-a como sofrimento. Tal caracterizao no exclusiva do Romantismo, mas foi bastante desenvolvida por autores dessa escola, especialmente os da segunda gerao, ajudando a configurar seu pessimismo. D) A estrofe toda faz referncia direta ingratido dos amigos, que no derramaro uma lgrima pelo poeta morto. Tal temtica ser, anos depois, revisitada com muito maior amargura e morbidez nos Versos ntimos, de Augusto dos Anjos. E) A estrofe toda faz referncia direta loucura, apresentada como musa do poeta. Tal viso do poeta como um ser visitado por uma espcie de entidade que, a um s tempo, ditava-lhe versos geniais e destrua a vida do jovem era comum no Romantismo, embora tivesse razes na Antiguidade Clssica. Alternativa C. 74

(UESC-BA-2007) Nessa torrente negra que se chama a vida, e que corre para o passado enquanto ns caminhamos para o futuro, tambm desfolhei muitas crenas, e lancei despidas as minhas roupas mais perfumadas, para trajar a tnica da Saturnal! O passado o que foi, a flor que murchou, o sol que se apagou, o cadver que apodreceu. Lgrimas a ele? fora loucura! Que durma, e que durma com suas lembranas negras! revivam: acordem apenas os miostis abertos, naquele pntano! Sobreage naquele no-ser o eflvio de alguma lembrana pura! Bravo! Bravssimo! Claudius, ests completamente bbedo! bof que ests romntico! Silncio, Bertram! certo que esta no uma lenda para inscrever-se aps das vossas: uma dessas coisas que se contem com os cotovelos na toalha vermelha, e os lbios borrifados de vinho e saciados de beijos... Mas que importa? Vs todos, que amais o jogo, que vistes um dia correr naquele abismo uma onda de ouro redemoinhar-lhe no fundo, como um mar de esperanas que se embate na ressaca do acaso, sabeis melhor que vertigem nos tonteia ento: ideais melhor a loucura que nos delira naqueles jogos de milhares de homens, onde fortuna, aspiraes, a vida mesma vo-se na rapidez, de uma corrida, onde todo esse complexo de misrias e