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  • Durango Duarte

    1. Edio

    Vol. 1

    Manaus 2009

  • Copyright Durango Duarte, 2009.

    1. Edio, 2009 Ed. Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda-ME.

    EDITOR

    Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda-ME

    ORGANIZADORES

    Kleber Paiva / Maurlia Gomes

    PROJETO VISUAL

    Dayd Costa / Marcelo Rhenzo / Ndia Saraiva

    CAPA E FINALIZAO GRFICA

    Jackson Torres

    REVISO

    Carlos Eduardo de Souza Gonalves

    NORMALIZAO

    Leiriane Leal

    D 812m. Duarte, Durango Marti ns.

    Manaus entre o passado e o presente / Durango Marti ns Duarte. 1. ed. Manaus: Ed. Mdia Ponto Comm, 2009.

    296 p.; il.

    ISBN 978-85-61540-00-5

    1. Manaus - Histria Manaus (Cidade). Ttulo.

    CDD (981.13)

    CDU 94(811.3 Manaus.)

    2009

    Mdia Ponto Comm Publicidade Ltda-ME

    Rua Professor Samuel Benchimol, 477 Anexo 1 Parque 10 de Novembro

    CEP: 69055-705 Manaus-AM

    (92) 8414-6150

    Tiragem: 5.000 exemplares

  • No sei contar e nem ordenar a tantos que deveria citar por me permiti rem esta conquista. No entanto, escolhi faz-lo por meio de trs mulheres. A minha Kelly Tadros Duarte, que viveu, aceitou e ajudou a construir esta obra. Um amor que conspirou sempre a favor desta vitria. Te amo. A minha fi lha Luiza, manauense, que, ao ler este livro daqui a alguns anos, possa entender seu pai pela dimenso dos sonhos que realiza. A minha me Sylvana Marti ns Duarte, que sempre optou por morar em Manaus. Um enorme orgulho de ser seu fi lho.

  • Pesquisar o verbo mais importante deste projeto. Realizar o senti mento de sati sfao mais forte que levo. Grati do e respeito escrevo com os nomes de Maurlia e Kleber. A vocs, muito obrigado e um futuro generoso de sucessos. Deus permita que nossos caminhos possam produzir outra loucura como esta.

  • AGRADECIMENTOSCOLABORADORES

    Abraham Meyr Benmuyal Abrahim Sena Baze Adalto Guilherme Gil Xavier Admilson Medeiros Afonso Celso Maranho Nina Afonso de Souza Nascimento Jnior Alberto Monteiro Alcides Ferreira da Costa Aldisio Filgueiras Alessandro Bronze Toniza Alexandre Franklin Pazuello Almir Diniz de Carvalho Almir Diniz de Carvalho Jnior lvaro Leal Sanches Alzerina Marti ns dos Santos Amaro Vasconcelos Filho Ana Holanda Gonalves Ana Lcia Maranho Ana Lcia Mott a Ana Maria Moraes Castelo Anayde Rodrigues Marques Andressa Repolho de Carvalho Anibal Bea Anibal Nazar Mati as Antnio Diniz de Carvalho Antnio Francisco Ausier Ramos Antonio Jos Souto Loureiro Arlindo Augusto dos Santos Porto Armando Andrade de Menezes Benayas Pereira Bepi Sarto Neves Cyrino Carlos Alberto De Carli Jnior Carlos dos Santos Braga Carlos Eduardo de Souza Braga Carolina Paese Carrel Ypiranga Benevides Clia Maria da Silva Carvalho Christi an Antony Cludio do Carmo Chaves Consuelo de Medeiros Valle Custdio Rodrigues da Silva Danyelle Christene da Costa Soares Deocleciano Bentes de Souza Dic. Francisco Salvador Dissica Calderaro Ed Lincon Barros da Silva Edinea Mascarenhas Dias Edmilson Fumaa Moreno de Arajo Ednelza de Oliveira Carvalho Ellen Regina Rodrigues Elson Farias Erilene Pedrosa Bezerra Etelvina Garcia Evelina Santana da Camara Fabiano de Queiroz Ribeiro Fabiene Moraes Arajo Fabio Nutti Marangoni Fabrcio Silva Lima Fernando Lopes Burgos Franciney Aleixo Francisco Roberto Duarte da Silva Frank Abrahim Lima George Cabral Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo Gilson Moura Pereira Gladson Saraiva Guilherme Aluzio de Oliveira Silva Gutemberg Leo Alencar Hamilton Salgado Hiel Levy Maia Vasconcelos Ir. Maria Oliveira Barbosa Ir. Nilde Tissot Isaac Dahan Ivan de Azevedo Tribuzy Jaime Samuel Benchimol Jair Abreu de Alencar Janer Duarte Jesus Woo Leong Joaquim Marinho Joaquim Rodrigues de Melo Joo Bosco Arajo Joo Bosco Chamma Joo Coelho Braga Joo Frederico Guimares Cruz Joo Mendes da Fonseca Jnior Jorge Henrique de Freitas Pinho Jorge Humberto Barreto Jorge Lima Daou Jorge Luiz Moreira Vasques Jos Arlindo Brasil de Oliveira Jos de Oliveira Fernandes Jos Epifnio Leo Carneiro Filho Jos Maria Muniz Jos Ribamar Bessa Freire Jos Roberto Bessa Freire Jos Roberto Tadros Josiane Marques de Moura Magalhes Jlio Servalho Juscelino Simes Kti a Regina de Medeiros Tadros Kelly Roberta Tadros Duarte Leila Cristi na de Souza Soares Leyla Marti ns Leong Louismar de Matos Bonates Luiz Ribeiro da Costa Luiz Ricardo Tadros Lcio Meirelles da Silva Bezerra

    de Menezes Manoel Ribeiro da Costa Manoel Roberto de Lima Mendona Manuel Jeremias Colares Marcelo Borges Marcelo Jos Lima Dutra Marcelo Silva Mrcia Correia da Silva Marcicley Rego Mrcio Pscoa Mrcio Souza Marco Antnio Belandi Marcos Ricardo Herszon Cavalcanti Maria Arminda Mendona Maria Auxiliadora de Almeida Costa Maria Auxiliadora Mouro Tuer Maria da Conceio Simes Corra Maria de Fti ma Costa Antony Moreira Maria de Fti ma Arajo Maria do Brasil SantAna Barros Maria Eliete da Silva Cavalcante Maria Izabel de Medeiros Valle Maria Nazarene Maia Maria Nedilza de Souza Lima Maria Shineida Pac Maria Socorro da Costa Pinto Maria Viviane Tavares Marilda Loureiro Jacob Mrio Expedito Neves Guerreiro Marizete Brando da Silva Marlcia Bentes Costa Maurcio Elsio Marti ns Loureiro Maz Mouro Moacir Andrade Mnica Elizabeth Santaella da Fonseca Narciso Jlio Freire Lobo Neide Souza Lima Neyde Menezes Fonseca Nlio Braga Portella Nlio de Lima Portella Norma Montezuma Arajo Omar Jos Abdel Aziz Orgenes Angeliti no Marti ns Orlando Cabral Holanda Otvio Raman Neves Osiel Ferreira de Assuno Osvaldo Giott o Santoro Frota Otoni Mesquita Paulo Augusto Fiza Paulo DeCarli Paulo Henrique de Souza Santos Paulo Herban Maciel Jacob Filho Paulo Roberto Pereira Paulo Srgio Montenegro Vieitas Paulonei Tomaz de Avelino Pe. Augusto Bartoli Pe. Cnio Grimaldi Plnio Cesar Albuquerque Coelho Rafael Froner Raimundo Colares Ribeiro Raimundo Nonato dos Santos Braga Raul Armnia Zaidan Regina da Costa Pinto Regina Lcia de Souza Vasconcellos Renata Rafael Renato Chamma Rne Levy Aguiar Ricardo Henrique Oliveira Soares Rildo Cavalcante de Oliveira Rivair Corra Pinto Ritt a Haikal Robrio dos Santos Pereira Braga Roberto Benigno Filho Roberto de Lima Caminha Filho Roberto Gesta de Melo Roberto Kahane Rodrigo Henrik Alves Rogelio Casado Marinho Filho Rmulo Valente Ruy Alberto Costa Lins Sskya Canizo Selda Vale da Costa Srgio Bezerra de Lima Srgio Cardoso Sharles da Costa Sheila Ingrid Ferreira Shirley de Lima Neves Sidnei Barroso Wanderley Sidnei Mouta Silvio da Costa Bati sta Solange Elias Stanley Wibbe Sumaran Trigueiro Tenrio Telles Tereza Cristi na Calderaro Corra Themis Duarte Moreira dos Santos Thiago Duarte Trcia Tereza Tadros Pinho Tlio Mne Melo Valderez Barbosa de Oliveira Cabral Vnia Novoa Tadros Vera Lcia Souza Vicente de Paulo Queiroz Nogueira Vilar Cmara Jnior Vivaldo Barros Frota Wagner Mello Waldner de Menezes Caldas Wander Arajo Mott a Wilson Cruz Lira.

    In memoriam Jos Je erson Carpinteiro Pres Robert Phillip Daou

  • PREFCIO ............................................................................. 13

    INTRODUO ..................................................................... 15

    PRAAS ................................................................................ 16

    MONUMENTOS HISTRICOS ......................................... 64

    PONTES ................................................................................ 86

    PORTOS ..............................................................................110

    IGREJAS CATLICAS ........................................................122

    CEMITRIOS ......................................................................142

    ESCOLAS PBLICAS E PARTICULARES ........................154

    INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR ........................188

    BIBLIOTECAS .....................................................................208

    MUSEUS .............................................................................222

    HOTIS................................................................................244

    CINEMAS ...........................................................................254

    REFERNCIAS ...................................................................268

    ANEXOS

    I

    II

    III

    IV

    V

    VI

    VII

    VIII

    IX

    X

    XI

    XII

    SUMRIO

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 13

    Manaus entre o passado e o presente,

    Aqui est um livro esplndido, uma efeti va reunio de informaes do mistrio que a cidade de Manaus e a sua formao urbana. daqueles livros que podem ser defi nidos como simples guias e que acabam transcendendo as limitaes do gnero. Em Manaus entre o passado e o presente, o autor Durango Duarte, publicitrio conhecido na Cidade, embora tenha se contentado em reunir num s volume um conjunto rico de informaes histricas sobre a capital amazonense, escreveu um livro que acaba por se tornar bem mais abrangente e rico, tanto podendo ser lido como um repositrio de fatos, quanto como uma exploso de indignao polti ca. E est escrito numa linguagem to simples, to elegante, que no h nenhuma amargura ou ressenti mento em suas pginas. Ao contrrio, h ternura e carinho pela cidade que nasceu de um forte portugus, numa ponta de terra que vinha sendo habitada h milnios. A simplicidade do texto absorve toda a aspereza, resultando num desejo infeccioso que nos amarra ao livro at a lti ma pgina. Mas , tambm, uma obra de consulta, no nos esqueamos disso, um livro de referncia que vem preencher uma lacuna.

    Manaus, que aparece de corpo inteiro neste livro, revela-se uma cidade de histria acidentada, vti ma constante de administraes pblicas corruptas, incompetentes e brutais com o seu passado. Aps o impulso de algumas administraes como a de Arajo Lima, ou durante a passagem de Eduardo Ribeiro pelo governo estadual, a Cidade prati camente fi cou na mo de gestores que a odiavam e tudo fi zeram para deixar a marca de sua perversidade administrati va. A srie de informaes e a juno de fotografi as do passado, em justaposio s imagens do presente, indicam de forma inquesti onvel que a maioria dessas administraes no deixou legados, deixou feridas que cicatrizaram de forma horrvel. E a cidade moderna, urbanizada, de ruas largas e avenidas monumentais, propostas por Eduardo Ribeiro, acabou melancolicamente numa enorme favela de vielas tortas, como esgoto a cu aberto, igaraps poludos e o patrimnio arquitetnico abastardado.

    No entanto, por se tratar de uma obra rica em dados e fatos, cada leitor poder lucrar com a sua leitura. Aqueles leitores que aqui chegam para passear ou trabalhar tero neste livro uma fonte rica para se familiarizarem com a cidade que os acolhe. Para os manauenses, a oportunidade de constatar que nossa querida cidade tem razes culturais profundas que nem as mais abrutalhadas opes conseguiram destruir. Para os estudantes, h nestas pginas o encontro com uma histria rica de exemplos. No fi m, a cidade de Manaus que surge vitoriosa.

    Mrcio Souza

    PREFCIO

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 15

    A obra que agora est em suas mos resultado de um trabalho de cinco anos. Um esforo coleti vo e persistente de vrios colaboradores. De incontveis dias de coleta de dados nas mais variadas fontes de informao disponveis aqui e em outras cidades. A palavra pesquisar e a paixo por Manaus foram os vetores da construo deste projeto.

    Dividido em doze captulos, Manaus entre o passado e o presente resgata a histria do espao urbano da Cidade por meio de algumas das nossas principais Praas, Monumentos, Pontes, Portos, Igrejas Catlicas, Cemitrios, Escolas, Universidades, Bibliotecas, Museus, Hotis e Cinemas.

    Sua formatao no seguiu uma ordem sequencial consonante com a evoluo urbansti ca de Manaus. Entretanto, buscou-se estabelecer uma certa harmonia entre todos os captulos que o compem.

    Outro ponto a ser destacado que esta obra no possui, essencialmente, a caractersti ca de um livro de histria, mas sim, de um grande guia sobre Manaus e que pode ser lido a parti r de qualquer pgina.

    Durante a execuo do trabalho, pude contar com a grata contribuio de excepcionais manauenses que me ajudaram, especialmente por tambm acreditarem no sonho de no deixar a memria da Cidade sucumbir ao esquecimento. Cada linha das 296 pginas deste livro possui um pouco da energia dessas pessoas.

    Mesmo sem ter nascido em Manaus e de no possuir ascendncias locais, decidi levar esta ideia adiante como forma de retribuir Cidade Sorriso o que ela me proporcionou nestes mais de trinta anos em que a adotei como lar, meu e de minha famlia. Quem sabe, esta contraparti da seja nfi ma diante do muito que recebi e ainda recebo.

    Por opo pessoal, investi recursos prprios nesta produo e no quis receber nenhum apoio fi nanceiro das estruturas de poder. Fundei, inclusive, uma editora, a Mdia Ponto Comm. Possivelmente, deverei relanar este livro em uma verso revisada e ampliada, e estou estudando, tambm, a possibilidade de produzir um segundo volume com outros aspectos de nossa urbe.

    No sou memorialista, muito menos, historiador. No perteno Academia, nem sou um intelectual. Sou, simplesmente, um pesquisador, passvel de erros e acostumado com a crti ca. Por consequncia, este livro tambm est disposio do exerccio da criti cidade, pois ningum dono da histria local, muito menos, da verdade.

    Apesar de existi rem pequenas ilhas de resistncia que trabalham para a conservao dos dados histricos de Manaus, boa parte da memria da nossa Paris dos trpicos ainda corre o risco de desaparecer devido falta de conservao das fontes

    INTRODUO

    de informao; ao desaparecimento do acervo pblico como livros, placas de inaugurao, bustos, entre outros e completa desorganizao dos dados que ainda (r)existem.

    Some-se a isso a prti ca, por parte de nossas Insti tuies Pblicas, da publicao de relatrios ofi ciais com dados fi ct cios; peridicos cujas informaes publicadas trazem equvocos e contradies histricas (talvez, por falta de apuro ou por excesso de confi ana), alm da defi cincia, seja por parte do Poder Pblico ou da iniciati va privada, de incenti vo realizao de projetos como este.

    Cada morador da Cidade l menos de um livro por ano. O acervo de nossas bibliotecas pobre em variedade e em quanti dade. Alguns de nossos museus, inteis por suas portas cerradas. Nossos logradouros, mal sinalizados. Mais de 95% da populao atual de Manaus sequer visitou o Teatro Amazonas. Para completar essa triste realidade, existe uma vontade insana de se desconstruir o que foi realizado pelos outros.

    Confesso que, muitas vezes, ti ve vontade de usar este projeto para rasgar o verbo em cima daqueles que destruram e desorganizaram e dos que ainda conti nuam destruindo a paisagem e a memria de nossas praas, ruas, prdios etc. Contra a excessiva frouxido das autoridades pblicas que no fazem cumprir os cdigos, regras e regulamentos criados para a manuteno dos espaos pblicos.

    Manaus mais parece uma cidade sem lei. Ningum respeita o Cdigo de Postura do Municpio, a Lei Orgnica, o Plano Diretor, ou seja, as regras de convivncia pblica existentes so relegadas ao descaso, ao esquecimento criminoso.

    Contudo, preferi direcionar minha insati sfao para um caminho diferente: o de fazer um trabalho focado na objeti vidade das informaes, com dados dispostos de maneira simplifi cada e enriquecido com fotografi as, algumas, inditas.

    Cuidou-se, tambm, para que este livro no fosse uma mera reproduo do contedo de publicaes j existentes. Em meio s pesquisas, foram encontrados diversos fatos histricos, at ento, desconhecidos.

    Quero salientar ainda que todos os dados aqui conti dos foram atualizados at 31 de dezembro de 2008, exceo das informaes relacionadas ao Centro Cultural Palacete Provincial e praa Heliodoro Balbi, ambos em pleno funcionamento.

    Alis, diga-se de passagem, o trabalho de revitalizao realizado recentemente nesses dois espaos pblicos pode ser considerado como a melhor referncia do que deve ser feito para preservar a memria de nossa cidade.

    Ao fi nal desta obra, foram anexadas algumas plantas geogrfi cas, um levantamento aerofotogramtrico, uma foto area e uma imagem de satlite de Manaus.

    Boa leitura!

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 16

    Ao longo da histria, as praas sempre serviram de ponto de encontro para os moradores das cidades, verdadeiros espaos pblicos de convivncia. Sua origem est vinculada s goras da Grcia centros

    comerciais, administrati vos e polti cos das anti gas polis gregas, onde eram discuti dos assuntos importantes para a vida dos cidados. Das goras, derivaram o frum imperial romano e as grandes piazze e praas das principais cidades europeias.

    No Brasil, as praas comearam a surgir no entorno das igrejas. As residncias mais suntuosas, os prdios pblicos mais relevantes, os principais estabelecimentos comerciais, tudo era construdo prximo a esses logradouros pblicos que serviam, tambm, de elo entre a comunidade e as parquias.

    Em nosso Pas, o termo praa est mais relacionado a espaos ajardinados, enquanto que, para os espaos secos como as piazze e plazas europeias , adotou-se denomin-los largos, pti os ou terreiros.

    Um dos primeiros jardins a serem construdos no Brasil foi o Passeio Pblico do Rio de Janeiro, projetado por Valenti m da Fonseca e Silva e inaugurado em 1783.

    No caso de Manaus, a primeira praa pblica localizava-se nas proximidades da anti ga Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceio e do forti m de So Jos da Barra do Rio Negro, marco inicial da ocupao da Cidade.

    Essa rea, atualmente, faz parte do bairro Centro e situa-se nas proximidades das ruas Governador Vitrio, Visconde de Mau, Tamandar, Bernardo Ramos, Gabriel Salgado e a avenida Sete de Setembro. O local era conhecido como Largo do Cemitrio em razo de ali ter existi do um cemitrio indgena.

    Depois, foi chamado de Largo da Trincheira, denominao que se acredita estar referida a uma trincheira canal estreito e longo, escavado no solo que existi u em suas proximidades. Nessa poca, esse logradouro se estendia da atual praa Nove de Novembro at a Dom Pedro II.

    Na Planta da Cidade da Barra do Rio Negro, de 1844, levantada pelo capito-tenente Raphael Lopes Anjo (Biblioteca do Exrcito/RJ), esse espao aparece como Largo do Pelourinho, denominao que, possivelmente, lhe foi atribuda em razo de ter existi do naquela rea um pelourinho: coluna de pedra ou madeira onde eram amarrados e casti gados os criminosos e os escravos.

    A parti r da segunda metade do sculo XIX, o terreno desse Largo comeou a ser loteado, originando-se, desse processo, duas praas que existem at os dias de hoje e que sero abordadas mais a frente: a Dom Pedro II e a Nove de Novembro.

    Outro logradouro pblico considerado um dos mais anti gos o Largo da Campina, cujos registros apontam sua existncia j desde a dcada de 1840.

    Era assim denominado por localizar-se no ento bairro da Campina depois, chamado de So Jos , na rea hoje compreendida pelas atuais avenida Epaminondas e ruas Padre Ghislandi, Luiz Antony e Dez de Julho, no Centro.

    Vista area parcial do Centro, onde se v as praas da Saudade (canto inferior direito), do Congresso (mais ao centro) e So Sebasti o ( esquerda). direita, o

    estdio General Osrio (ex-praa). Dcada de 60. Acervo: Museu Amaznico.

  • PRAAS

    CAPTULO I

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 18 Praas

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    89

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    15

    16

    Ao menos at 1856, foi chamado, tambm, de Largo da Plvora, devido existi r, em suas proximidades, um depsito de material blico. De acordo com o historiador Mrio Ypiranga Monteiro, entre as dcadas de 1850 e 1860, esse logradouro recebeu outras duas denominaes: Praa da Unio, em 1856, e Praa Uruguaiana, em 1865.

    Em 1879, quando ainda se chamava Uruguaiana, sua rea foi dividida em outros dois logradouros. Um deles recebeu a denominao Praa General Osrio, hoje exti nta, e o outro manteve o nome Praa Uruguaiana atual Dom Bosco , nomenclaturas sugeridas pelos vereadores Aprgio Marti ns de Menezes e Guilherme Moreira em sesso do Legislati vo Municipal de 25 de outubro daquele ano.

    Ressalte-se que, tanto esses dois nomes, quanto os das praas Riachuelo e Paysandu, foram denominaes que ti veram relao com a Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1864 e 1870.

    Este Captulo foi dividido em trs blocos. No primeiro, destaque especial para a histria daquela que, com o Parque

    Imagem area da cidade. In: Levantamento aerofotogramtrico de Manaus. DNOS 2 DFOS. Dcada de 60. Acervo: Jucineide Arajo.

    da Matriz, consti tuiu o complexo de jardins mais signifi cati vo de Manaus: a Praa Oswaldo Cruz.

    No segundo, so apresentadas outras praas de relevncia histrica para a Cidade e que ainda esto em funcionamento com um pequeno destaque, ao fi nal desse bloco, para mais seis, localizadas nos bairros Nossa Senhora Aparecida, So Raimundo, So Jorge e Centro.

    O terceiro e lti mo bloco composto por praas que foram exti ntas ao longo dos anos, como a General Osrio, a Rio Branco, a Floriano Peixoto e a Joo Pessoa (da Bola do Olmpico).

    Vale lembrar que, entre as dcadas de 70 e 90, a maioria das nossas praas perdeu suas caractersti cas originais. Nos lti mos anos, o Poder Pblico tem tentado recuperar esses logradouros, como foi o caso da Praa So Sebasti o, reformada entre 2003 e 2004, e que hoje integra todo um complexo sociocultural.

    Em 2008, as principais praas do Centro foram interditadas para que os seus espaos fossem revitalizados. No entanto, essas obras, em quase sua totalidade, esto atrasadas.

    1. Praa Oswaldo Cruz e Parque da Matriz 2. Praa Tenreiro Aranha 3. Praa Dom Pedro II 4. Praa Nove de Novembro 5. Praa dos Remdios (Torquato Tapajs) 6. Praa Cinco de Setembro (da Saudade) 7. Praa So Sebasti o 8. Praa Heliodoro Balbi (da Polcia) 9. Praa Roosevelt 10. Praa Gonalves Dias 11. Praa Ribeiro Jnior 12. Praa Antnio Bitt encourt

    (do Congresso) 13. Praa Dom Bosco 14. Praa General Osrio 15. Praa Marechal Thaumaturgo 16. Jardim Tamandar 17. Praa Comandante Ventura

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 19Praas

    PRAA OSWALDO CRUZ

    Um dos mais lindos cartes-postais que j existi ram na Cidade, mas que sucumbiu ante ao desenvolvimento e ao descuido dos administradores pblicos e da prpria populao, esse logradouro estendia-se, inicialmente, da anti ga rua Brasileira, atual avenida Sete de Setembro, at as margens do igarap da Olaria brao do igarap do Esprito Santo , ao lado da anti ga olaria provincial, sendo, por isso, chamada de Largo da Olaria. Na Planta das Villas de Manos e Ega, levantada em 1845 por Raphael Lopes Anjo, esse espao j aparece com o nome de Praa da Alegria.

    Com o incio do aterramento do igarap da Olaria na dcada de 60 do sculo XIX, formou-se uma rea em frente nova Matriz de Nossa Senhora da Conceio que estava sendo construda e fronteiria ao igarap do Esprito Santo, que foi denominada Praa da Imperatriz em homenagem dona Teresa Cristi na Maria de Bourbon-Siclias e Bragana, esposa do imperador Dom Pedro II. A parti r da, tanto o Largo da Olaria quanto a nova rea aterrada passaram a ter a mesma nomenclatura.

    Em 1870, foram plantadas, no trecho do anti go Largo da Olaria, mudas de palmeiras, importadas do Par. Duas dcadas mais tarde, em 11 de novembro de 1890, o superintendente municipal Jos Carlos da Silva Teles, por proposta do intendente Pedro Guilherme Alves da Silva, mudou a denominao de todo o logradouro para Praa 15 de Novembro, em homenagem ao primeiro aniversrio da Proclamao da Repblica.

    Para ampliar a rea e complementar o projeto de embelezamento dessa Praa, o governador Eduardo Ribeiro sancionou a Lei 36, de 29 de julho de 1893, que autorizou a desapropriao dos prdios situados s margens do rio Negro, entre a Praa 15 de Novembro e a ento Praa Tenreiro Aranha, atual Nove de Novembro.

    Vista da ento Praa da Imperatriz no perodo do aterramento da sua rea. Acervo: CCPA.

    Vista da rea triangular em frente Matriz. In: Annuario de Manos 1913-1914.

    Vista da ento Praa 15 de Novembro durante calamento da sua rea, aps a instalao da fonte-monumental. In: O Estado do Amazonas, 1899.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 20 Praas

    NOVOS NOMES, NOVOS JARDINS

    A mudana de Praa 15 de Novembro para Praa do Comrcio em homenagem ao principal vetor de desenvolvi-mento econmico de Manaus naquela poca foi proposta pelo superintendente municipal Adolpho Lisboa, em Mensagem do dia 15 de fevereiro de 1907.

    Em 1912, na administrao de Jorge de Moraes, efetuou-se o recalamento e a arborizao de todos os jardins pertencentes a essa Praa. Cinco anos mais tarde, a Lei Municipal 866, de 13 de maro de 1917, alterou-lhe novamente a denominao, desta vez para Praa Oswaldo Cruz em homenagem ao cienti sta, mdico e sanitarista Oswaldo Gonalves Cruz, que encampou a campanha de saneamento da regio amaznica.

    Durante as gestes municipais dos superintendentes Ayres de Almeida (1917-1919) e Franco de S (1920-1922), ocorreram o conserto e a pintura do chafariz, a arborizao com Fcus-benjamin e a restaurao e concluso do novo calamento, com paraleleppedos de granito e pedra de alvenaria.

    Na dcada de 20, a Praa foi remodelada pelo prefeito Arajo Lima que construiu mais dois jardins em sua rea, aproveitando o percurso dos bondes: o primeiro, em 1924, denominado Jardim Ja, e o segundo, em 1927 em sua nova gesto , que levou o nome de Jardim Ajuricaba de Menezes.

    OS PRIMEIROS JARDINS

    Em 19 de julho de 1896, abriu-se ao pblico o primeiro jardim dessa Praa, de formato triangular e situado em frente Igreja Matriz. Nesse mesmo dia, tambm se inaugurou a fonte-monumento, com base hexagonal, instalada por Antnio Igncio Marti ns, no centro desse jardim que, mais tarde, veio a se chamar Jardim Santos Dumont. Entretanto, o calamento da rea somente aconteceu dois anos depois.

    O governador Fileto Pires, em 1897, mandou construir um segundo jardim nessa Praa, no local onde haviam sido plantadas as palmeiras e nas proximidades da rea desapropriada, em 1893, por Eduardo Ribeiro. O servio foi contratado pela Seco de Obras Pblicas da Provncia junto a Joo da Matt a. Decorridos alguns anos, esse novo jardim recebeu a instalao do Pavilho Universal e, dcadas depois, ali passaram a funcionar tambm o Pavilho Ajuricaba e um posto de gasolina.

    O Poder Municipal, em 1898, assumiu a responsabilidade pela conservao e manuteno de toda a rea da Praa 15 de Novembro. Trs anos depois, a Superintendncia mandou realizar arborizao e calamento a granito de toda a rea desse logradouro. Em 1904, na rea prxima ao local em que hoje existe uma agncia do Banco do Brasil, foi instalado um monumento ao Baro de SantAnna Nery (ver Captulo Monumentos).

    Praa Oswaldo Cruz e seus jardins. Dcada de 60. Acervo: Joo Bosco Arajo.

    Vista area da praa, contornada pelos trilhos dos bondes. Dcada de 20. Acervo: CCPA.Vista da rea da praa no incio do sculo XX. Acervo: Joo Bosco Arajo.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 21Praas

    Vista area da Catedral e seu entorno hoje, onde se v a rea do nico jardim que restou da Praa Oswaldo Cruz, incorporado ao Parque da Matriz. Acervo: Amazonas Em Tempo.

    Vista da praa, aps a reforma do prefeito Jorge Teixeira. Foto: Nonato Oliveira.Praa Oswaldo Cruz, durante reforma de sua rea em 1975. Acervo: Moacir Andrade.

    DE JORGE TEIXEIRA AOS DIAS DE HOJE

    O complexo formado pela Praa Oswaldo Cruz e os seus jardins existi u at 1975, quando o prefeito Jorge Teixeira, com o objeti vo de reestruturar o sistema virio da Cidade, principalmente na rea do Centro, removeu trs dos quatro jardins que compunham o logradouro. As obras foram realizadas tendo como justi fi cati va o Plano de Desenvolvimento Local Integrado PDLI.

    Aps as obras implementadas por Teixeira, a Praa Oswaldo Cruz, com todos os seus jardins e pavilhes, foi resumida apenas ao Jardim Santos Dumont, com a fonte-monumento. Por fi m, na dcada de 90, esse espao foi integrado ao Parque da Matriz,

    onde est at os dias de hoje, cercado por grades. Era o fi m efeti vo de uma Praa que, por anos, com os jardins da Matriz, embelezou a principal entrada da Cidade.

    Em 2008, a Prefeitura iniciou, com recursos do Governo Federal, a restaurao do Jardim Santos Dumont, da fonte-monumento e da rea entre as escadarias frontais da igreja. Essa iniciati va do Poder Pblico, talvez, permita que essa rea seja revitalizada e volte a ser um espao de convivncia social.

    Em uma segunda etapa, tambm sero reformados os jardins do entorno da Catedral. Atualmente, tanto o jardim triangular quanto o chafariz so bens do Patrimnio Histrico e Cultural de Manaus, tombados pelo Executi vo Municipal, em 15 de agosto de 2008.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 22 Praas

    1. JARDIM SANTOS DUMONTTRIANGULAR

    Apesar de existi r desde a dcada de 90 do sculo XIX, esse jardim somente veio a receber uma denominao ofi cial em 1926, por meio da Lei Municipal 1.339, de 15 de julho, quando passou a se chamar Jardim Arajo Lima, por proposta do intendente Guerreiro Antony. Nesse mesmo ano, o jardim recebeu a instalao de energia eltrica e a fonte-monumento foi remodelada. O prefeito da poca, Arajo Lima, mandou construir, tambm, uma base circular para as apresentaes musicais que aconteciam aos domingos e feriados. Dois anos depois, essa nomenclatura foi alterada, pelo Decreto Municipal 26, de 4 de dezembro de 1928, para Jardim Santos Dumont, como forma de homenagear o regresso do Pai da Aviao ao Brasil.

    2. JARDIM JAESTAO DOS BONDES

    Com formato oval, situava-se em frente ao, hoje exti nto, edif cio da Manos Tramways and Light Company Limited companhia inglesa concessionria de energia eltrica e de transporte coleti vo da Cidade , na anti ga estao dos bondes. Em 19 de outubro de 1927, a Lei Municipal 1.451, que deu a esse espao a denominao Jardim Ja, em referncia ao hidroavio Jahu, primeiro a atravessar o Oceano Atlnti co com tripulao brasileira e sem o apoio de embarcaes. O feito havia ocorrido em 28 de abril daquele ano, sob o comando do piloto paulista Joo Ribeiro de Barros. Sete anos depois, durante a reforma executada

    pelo prefeito Severiano Nunes, o jardim recebeu calamento a pedra tosca e a instalao do monumento SantAnna Nery. Possua dois abrigos, onde os passageiros aguardavam os bondes. Um deles fi cava de frente para o prdio da Manos Tramways enquanto o outro, construdo na administrao do prefeito Antnio Maia (1936-1941), localizava-se no lado oposto e era conhecido, popularmente, por Tabuleiro da Baiana, devido ao seu formato lembrar as mesinhas que as baianas uti lizavam para vender suas guloseimas. Aps o Jardim Ja ter sido removido, um novo jardim, em forma de tringulo, foi erguido, no fi nal da dcada de 80, em uma rea muito prxima a esse. Porm, devido s obras de revitalizao do Porto de Manaus, em 2001, esse novo espao tambm foi desati vado e sua rea, transformada no estacionamento da Estao Hidroviria.

    3. JARDIM AJURICABA DE MENEZESCLAVE ALONGADA

    No formato de uma clave alongada, localizava-se entre o armazm 10 da Manos Harbour Limited onde hoje est instalada a Estao Hidroviria e o Jardim Santos Dumont. A denominao Jardim Ajuricaba de Menezes foi autorizada pela Lei Municipal 1.450, de 19 de outubro de 1927, em homenagem ao mdico Ajuricaba Marti ns de Menezes, fi lho de Olmpio Jos Marti ns de Menezes, arti sta que projetou esse jardim. Nele, existi am duas estatuetas e um chafariz de ferro, em cuja parte superior havia a esttua de uma mulher segurando uma tocha, e sua base era composta por quatro lees. Em 1968, o prefeito Paulo Nery transferiu essa fonte, junto com a escultura, para a hoje exti nta Praa Joo Pessoa, tambm conhecida como Praa da Bola. Assim como os outros jardins da Praa Oswaldo Cruz, o Ajuricaba de Menezes foi desati vado em 1975.

    Vista rea do Jardim Ja, com o monumento a SantAnna Nery e o Tabuleiro da Baiana. direita, o Jardim do Pavilho Universal. Acervo: Jornal do Commercio.

    No canto superior esquerdo, rea onde fi cava o anti go Jardim Ja, ocupada por uma praa de forma triangular. Hoje, um estacionamento do Porto. Dcada de 90. Acervo: A Crti ca.

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  • Manaus Entre o Passado e o Presente 23Praas

    No incio do seu funcionamento, o Pavilho Universal possua trs reas disti ntas: enquanto que no trreo funcionava o servio de bar, com mesas de mrmore e cadeiras de palhinha, o subsolo e o andar de cima eram reservados prti ca de jogos de salo. Em 1975, por conta das obras de pavimentao realizadas nessa rea, destruiu-se todo o jardim. Quanto ao Pavilho Universal, foi ele transferido para a, hoje exti nta, Praa Ribeiro da Cunha, na rua Silva Ramos, Centro e, atualmente, encontra-se instalado na praa Tenreiro Aranha, em condies de precariedade e funcionando como um espao de comercializao de artesanato indgena.

    5. PAVILHO AJURICABA

    O prefeito Francisco do Couto Vale, em 1945, cedeu a Wilson Vieira de Carvalho uma rea ao lado do Pavilho Universal, no mesmo jardim, para a construo de outro quiosque, desti nado venda de bebidas no-alcolicas, gneros de confeitaria e cigarros. Pela Lei Municipal 247, de 8 de maro daquele ano, a concesso desse pavilho, que fi cou conhecido como Ajuricaba, teria a durao de quinze anos. Em 1948, a Lei Municipal 71, de 3 de agosto, autorizou o Poder Pblico Municipal a conceder a Lcio de Souza uma rea no mesmo jardim, cont gua ao Pavilho Ajuricaba, para ali instalar um posto de gasolina, no lado que d para a avenida Sete de Setembro. Ao trmino da concesso do quiosque em 1960, a Cmara Municipal fez a doao do Pavilho Ajuricaba Associao dos Ex-Combatentes do Brasil para que ali fosse estabelecida uma escola para alfabeti zao de adultos. Esses dois estabelecimentos foram destrudos em 1975.

    Anti go posto de gasolina, com o Pavilho Ajuricaba esquerda. Foto: Hamilton Salgado.

    4. PAVILHO UNIVERSAL

    Em 1909, o superintendente Agnello Bitt encourt, por meio da Lei Municipal 588, de 27 de novembro, foi autorizado a fazer concesso da rea do jardim da ento Praa do Commercio, em que se plantaram as palmeiras reais, para que nela se edifi casse um chal de ferro. O acordo foi fi rmado no ms seguinte com Jos Avelino Menezes Cardoso, que se comprometeu em construir um quiosque, com base de oito metros quadrados, para explor-lo, pelo prazo de vinte anos, como estabelecimento comercial. No entanto, o chal, denominado Pavilho Universal, somente foi construdo dois anos mais tarde, sendo inaugurado em 12 de outubro de 1912. O jardim ali existente foi remodelado pela Prefeitura, porm, coube ao concessionrio do quiosque a sua manuteno. O local recebeu uma rea com grama inglesa, bordada com trevos de vrias cores, em forma de desenhos, e a plantao de roseiras, buganvlias, begnias, papoulas e outras.

    Jardim Ajuricaba de Menezes com o chafariz de ferro. In: Album de Manos 1929.

    Pavilho Universal. Acervo: CCPA.

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    Vista da Praa Oswaldo Cruz, com o Jardim Santos Dumont (1), o Jardim Ja (2), o Jardim Ajuricaba de Menezes (3) e o jardim do Pavilho Universal (4)

    e do Pavilho Ajuricaba (5). Carto-postal Bazar Sporti vo.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 24 Praas

    PARQUE DA MATRIZ

    A rea ajardinada e arborizada existente em volta da Catedral de Nossa Senhora da Conceio comeou a ser construda em 1897, poca em que sua conservao era responsabilidade do Governo do Estado. Trs anos depois, em 10 de novembro de 1900, passou a ser administrada pelo Municpio.

    Os jardins da Matriz, como eram chamados, foram abertos ao pblico em 8 de outubro de 1901, dia do aniversrio do governador Silvrio Nery, porm, sua inaugurao ofi cial ocorreu somente vinte dias depois, pelo superintendente municipal Arthur Csar Moreira de Arajo.

    Neles, foram plantadas rvores de diversas espcies, construdos lagos, pontes, tneis, bancos, caramanches e, ainda, dois coretos, uti lizados para apresentaes musicais, um em cada lado da igreja, erguidos por Enrique Eduardo Weaver. Algumas dessas obras eram de ferro ou modeladas com cimento, imitando troncos de rvores.

    No lado que d para a avenida Eduardo Ribeiro, havia um lago, cortado por uma ponte cimentada, e um chal de alvenaria, que j havia abrigado o Observatrio Meteorolgico e, depois, serviu de residncia para o jardineiro.

    J no lado oposto, que fazia fronteira s palmeiras reais plantadas, em 1870, na ento Praa da Imperatriz, existi a um tanque com uma cascata, alm de uma gruta de concreto sobre a qual foi erguido um pequeno chal.

    O espao localizado entre as escadarias da igreja tambm foi construdo entre o fi nal do sculo XIX e incio do sculo XX. Sua rea foi ajardinada por Cndido Augusto Diniz, sendo depois, desti nada a um viveiro de plantas. Esse mesmo local, posteriormente, foi ocupado pelo Aviaqurio Municipal.

    Os jardins do entorno da igreja passariam por uma restaurao entre 1911 e 1913, autorizada pelo superintendente municipal Jorge de Moraes. Ressalte-se que esse foi o primeiro administrador a classifi car esse espao de maneira correta, referindo-se a ele como Parque da Matriz, em razo de seu projeto paisagsti co, que valorizava, sobretudo, a presena da vegetao, principal caractersti ca desse ti po de espao urbano.

    Nessa reforma, foram recuperados os chals, o calamento, o sistema de esgoto, os lagos e os canteiros. Foram alargadas as alamedas e tambm plantadas diversas rvores, como palmeiras imperiais, eucaliptos, jacarands, accias, Fcus-benjamin, alm de crtons, roseiras, crisntemos, entre outras espcies vegetais.

    Mais de uma dcada depois, foi iniciada uma nova reforma, em 1925, na gesto municipal de Hugo Carneiro, para a

    Planta baixa do projeto de construo do Parque da Matriz. 1897. Acervo: Igha.

    Vista area parcial da rea do Centro, onde se v a Igreja Matriz e o seu Parque, composto pelos jardins laterais e a parte frontal com o viveiro de plantas. Dcada de 20.Acervo: Biblioteca Samuel Benchimol.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 25Praas

    recuperao dos canteiros e dos sistemas de gua e iluminao, servios que somente foram concludos pelo seu sucessor, o prefeito Arajo Lima.

    Nos anos 30, a rea defronte Catedral de Nossa Senhora da Conceio recebeu a instalao de um aqurio depois, transformado no Aviaqurio Municipal durante a reforma realizada na administrao municipal de Antnio Maia (1936-1941). Nessa mesma poca, tambm foi instalado um parque infanti l no jardim da rea que d para a avenida Eduardo Ribeiro, alm de terem sido caladas, a pedra tosca, as rampas que circundam a igreja.

    Ao longo dos anos, o Parque da Matriz, ainda, passou por outras reformas e adaptaes que modifi caram algumas de suas caractersti cas originais; contudo, parte da arborizao original daquela rea foi manti da.

    AVIAQURIO MUNICIPAL

    Em 1936, por meio do Decreto Municipal 39, de 7 de abril,

    o prefeito Antonio Maia criou um Parque Zoolgico, consti tudo

    de um avirio-aqurio municipal. Nesse mesmo ano, ainda em

    construo, recebeu o parque duas denominaes: a primeira,

    Jardim Zoolgico do Amazonas, e a segunda, e defi niti va,

    Avirio-Aqurio Municipal. A inaugurao do Aviaqurio ocorreu

    em 21 de abril de 1937, com um conjunto de variadas espcies

    de animais amaznicos, e manteve seu funcionamento normal

    at meados da dcada de 40. Ao fi nal da dcada seguinte, pela

    Lei Municipal 647, de 30 de junho de 1958, seu terreno foi

    transferido para a Arquidiocese de Manaus. Em 1963, a prefeitura

    ali construiu um parque infanti l, denominado Dom Joo de Souza

    Lima. A reinstalao do Aviaqurio Municipal aconteceria em

    1979, com exemplares de animais variados, espao para venda

    de artesanato e um centro de artes coordenado pela Secretaria

    Municipal de Educao e Cultura. A parti r de 1980, a rea passa

    a ser mencionada, em documentos ofi ciais, como Parque Dom

    Baslio Ferreira. No fi m dos anos 80, o Aviaqurio j havia sido

    desati vado novamente. Atualmente, o local serve s ati vidades

    pastorais da Parquia de Nossa Senhora da Conceio.

    Vista area do Parque da Matriz. Dcada de 60. Foto: Hamilton Salgado.

    Vista da rea do Parque da Matriz. Dcada de 70. Acervo: Museu Amaznico.

    Aviaqurio Municipal. Acervo: Joo Bosco Arajo.

    Vista parcial do jardim lateral que fi ca para o lado da avenida Eduardo Ribeiro. Dcada de 70. Acervo: Moacir Andrade.

    Vista da rea do anti go aviaqurio. Foto: Nonato Oliveira.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 26 Praas

    PRAAS ATIVAS

    PRAA TENREIRO ARANHA

    Segundo o historiador Mrio Ypiranga Monteiro, a origem desse logradouro quela poca, popularmente denominado Praa Nova data de 1845, ano em que houve a desapropriao do terreno onde ele foi construdo. Nesse tempo, existi a, prximo a essa Praa, a anti ga ponte de madeira dos Remdios (ver Captulo Pontes).

    Vinte anos depois, o vereador Antnio Jos Moura, em sesso da Cmara Municipal ocorrida no dia 21 de setembro de 1865, props a alterao da nomenclatura dessa praa para Praa Tamandar.

    No ano seguinte, sua rea foi aterrada, calada e houve, ainda, a construo de um cais prximo ao igarap que fazia limite com esse logradouro. Em 1873, a Praa recebeu novo calamento, servio realizado por Leonardo Antnio Malcher. Decorridos seis anos, por meio da Lei 410, de 7 de abril de 1879, a Assembleia Provincial autorizou a reconstruo da rampa da Praa Tamandar para facilitar o embarque e desembarque das cargas dos vapores.

    No incio do sculo XX, j se reclamava da necessidade de se realizarem melhoramentos na rea dessa Praa, que, em 1906, recebeu calamento a paraleleppedos de asfalto e granito e a preparao de um pequeno parque onde seria colocada a esttua de Tenreiro Aranha, que havia sido encomendada pelo Municpio. Essas obras foram concludas no incio de 1907, entretanto, o monumento em homenagem ao fundador da

    Provncia do Amazonas foi inaugurado na data mais adequada: em 5 de setembro daquele ano. A esttua de bronze, de corpo inteiro, assentada sobre um pedestal de granito, foi instalada no fi nal da passagem que entrecortava o logradouro e sua montagem foi encomendada a Slvio Centofanti .

    Apesar da reforma desse logradouro ter sido concluda, aproximadamente, um ano antes, o novo superintendente municipal Domingos Jos de Andrade, em Mensagem Anual apresentada Cmara em 1908, j criticava o pssimo estado do calamento da Praa Tamandar em razo de o trabalho ter sido mal feito. A mesma queixa se repetiu em 1909.

    Naquele mesmo ano, por meio da Lei 552, de 28 de maio, a Intendncia Municipal autorizou a Superintendncia a abrir crdito para a compra de cimento, desti nado ao recalamento desse logradouro. De acordo com as fontes pesquisadas, essa Praa, no entanto, somente recebeu melhoramentos entre 1911 e 1913, quando era superintendente Jorge de Moraes. Houve consertos no calamento e o planti o de muitos arbustos, fl ores variadas, Fcus-benjamin e elegantes palmeiras.

    O mictrio que estava na praa Rio Branco foi transferido para esse logradouro em 1917 e, no ano seguinte, seus jardins foram remodelados. Seu nome atual, Praa Tenreiro Aranha, foi ofi cializado em 1921 por meio da Lei Municipal 1.076, de 29 de maro. Antes disso, essa denominao pertencia outra praa que, por essa mesma lei, passou a se chamar Tamandar, hoje, Nove de Novembro.

    Passados cinco anos, em 1926, o prefeito Arajo Lima mandou reti rar os paraleleppedos de asfalto que compunham a passagem desse logradouro, e os dois jardins foram unifi cados. O monumento Provncia, com a esttua de Tenreiro Aranha, foi transferido para a praa da Saudade durante a administrao do prefeito Emmanuel de Moraes, em 1932.

    Na dcada de 40, o prefeito Jaime Bitancourt de Arajo exti nguiu essa Praa por meio do Decreto-Lei 278, de 30 de janeiro de 1946. Nesse mesmo dia, a rea desse logradouro foi cedida Associao Comercial do Amazonas ACA para a contruo de um hotel.

    No ano seguinte, o projeto de construo desse empreendimento ainda no havia sado do papel e a exti no do logradouro foi revogada por fora do Decreto-Lei 321, de 10 de julho de 1947, assinado pelo ento prefeito Raimundo Chaves Ribeiro.

    Jardim da ento Praa Tamandar. In: Relatrio do superintendente municipal Jorge de Moraes, 1913.

    Vista da praa aps a instalao do Monumento Provncia. Acervo: CCPA.

    Vista da praa com sua rea remodelada e transformada em estacionamento. Dcada de 70. Acervo: Moacir Andrade.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 27Praas

    JARDIM TAMANDAR

    Em 1955, o presidente em exerccio da Cmara Municipal

    de Manaus, Ismael Benigno, assinou a Lei 369, de 17 de junho

    daquele mesmo ano, que autorizava o Ministrio da Marinha a

    construir um jardim em uma rea de trinta metros quadrados

    localizada em frente Capitania dos Portos, rua Marqus

    de Santa Cruz. Para o centro desse jardim, seria transferida

    a escultura do almirante Tamandar que estava na ento

    praa Tenreiro Aranha, atual Nove de Novembro (ver Captulo

    Monumentos). A exti no do Jardim Tamandar assim conhecido devido ao busto que ali existi u ocorreu em razo das modifi caes realizadas no sistema virio do Centro.

    PRAAS MARECHAL THAUMATURGO E ADALBERTO VALLE

    Em formato de canteiro central, esse logradouro, hoje

    exti nto, estendia-se da confl uncia da avenida Floriano Peixoto

    com as ruas dos Andradas, Theodoreto Souto e Doutor Moreira,

    at a Praa Tenreiro Aranha. Recebeu a nomenclatura Praa

    Marechal Thaumaturgo em 1921, por meio da Lei 1.107, de 27 de

    outubro, proposta pelo intendente municipal Srgio Rodrigues

    Pessoa. Em 1934, na gesto municipal de Pedro Severiano Nunes,

    concluiu-se o seu calamento com pedra tosca e a construo

    das bordaduras e sarjetas. No fi nal da dcada de 40, devido

    construo do Hotel Amazonas (ver Captulo Hotis), uma parte

    considervel dessa Praa foi desati vada, restando-lhe, apenas,

    um jardim, situado no encontro das ruas Floriano Peixoto, dos

    Andradas, Doutor Moreira e Theodoreto Souto. Em 5 de abril de

    1951, por meio da Lei Municipal 322, essa rea restante recebeu a

    denominao Praa Adalberto Valle em homenagem ao fundador

    do Hotel Amazonas que viria a ser inaugurado dois dias depois. A Praa desapareceu na dcada de 70 devido s intervenes

    estruturais realizadas no sistema virio .

    Vista da Praa Tenreiro Aranha. Foto: Marcelo Borges.

    Vista do, hoje exti nto, Jardim Tamandar, em frente ao prdio da Capitania dos Portos. Foto: Nonato Oliveira.

    Vista da avenida Floriano Peixoto, onde fi cava a praa, que teve parte da sua rea ocupada pelo estacionamento do Hotel Amazonas. Foto: Silvino Santos.

    A Praa Tenreiro Aranha, que chegou a ser transformada em um estacionamento na dcada de 70, est localizada entre as ruas Marqus de Santa Cruz, Guilherme Moreira, Theodoreto Souto e Marclio Dias. Abriga, atualmente, uma feira de artefatos regionais e uma lanchonete, alm do Pavilho Universal, que veio transferido da Praa Ribeiro da Cunha, na dcada de 80, e foi adaptado para a venda de artesanato. Em 2008, a Prefeitura de Manaus fi rmou contrato com o Ministrio do Turismo para a restaurao desse pavilho.

    Vista dos jardins da Praa Marechal Thaumaturgo. In: Relatrio do prefeito municipal Pedro Severiano Nunes, 1934.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 28 Praas

    PRAA DOM PEDRO II

    Uma das duas praas que se originaram da separao do anti go Largo do Pelourinho, conti nuou a ser chamada por esse mesmo nome ao menos at a dcada de 1850 porque era em sua rea central que existi a o pelourinho. Com a reconstruo do Quartel de Polcia, de frente para esse logradouro, entre as ruas Bernardo Ramos, Governador Vitrio, Gabriel Salgado e a avenida Sete de Setembro, foi denominada, posteriormente, Largo do Quartel.

    Entre os anos de 1878 e 1882, recebeu calamento, instalao de bancos e a construo de dois muros no seu entorno. Em maio de 1887, o presidente da Provncia, Conrado Jacob Niemeyer, ordenou a transferncia do coreto que estava instalado no Passeio Pblico para essa Praa, o que ocorreu somente em fevereiro do ano seguinte, quando houve, tambm, o calcetamento de sua rea com mrmore importado de Lisboa.

    Em 11 de novembro de 1890, na administrao do superintendente municipal Jos Carlos da Silva Teles, aprovou-se o projeto do intendente Pedro Guilherme Alves da Silva que sugeria a mudana de denominao para Praa da Repblica, em homenagem ao primeiro aniversrio da Proclamao da Repblica do Brasil. Quatro anos depois, o logradouro ganhou um novo jardim e uma fonte em bronze.

    A Praa passou a ser administrada pela Superintendncia Municipal a parti r de 10 de maio de 1897. As grades que cercavam os jardins foram reti radas em 1907 e instaladas, quatro anos mais tarde, na entrada sul do Mercado Pblico atual Mercado Municipal Adolpho Lisboa , no lado que d para o rio Negro.

    Vista do ento Largo do Quartel durante calamento de sua rea na dcada de 80 do sculo XIX. In: Folha Acadmica, Abril a Julho de 1948.

    Vista da Praa Dom Pedro II, cercada por gradil de ferro. 1893. In: Album da cidade de Manaus 1848-1948.

    Vista da Praa da Repblica, de onde se v, ao centro, o chafariz. In: Album Descripti vo Amazonico, 1899. Arthur Caccavoni.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 29Praas

    Praa Dom Pedro II. esquerda, prdio do atual INSS. Dcada de 60. Acervo: Moacir Andrade.

    Vista area da Praa Dom Pedro II. Ao seu redor, as runas do Hotel Cassina, direita, e o prdio do INSS (ex-Iapetec), esquerda. Acervo: A Crti ca.

    Vista da praa em 2006. Em primeiro plano, o chafariz. Ao fundo, o coreto em ferro fundido e o Pao Municipal. Foto: Alex Pazuello.

    Na dcada de 20, o Poder Municipal mudou o nome da Praa da Repblica por trs vezes: Praa Desembargador Rgo Monteiro (Lei 1.229, de 30 de outubro de 1923), Praa da Redeno (Decreto 23, de 6 de agosto de 1924) e Praa General Menna Barreto (Decreto 34, de 26 de novembro de 1924). Sua denominao atual, Praa Dom Pedro II, foi ofi cializada pela Lei Municipal 1.316, de 22 de outubro de 1925, ano de comemorao do centenrio de nascimento do lti mo Imperador do Brasil.

    Em seus arredores, construram-se imveis de grande relevncia histrica, como o Quartel Militar; o Hotel Cassina; o Pao Municipal ou Pao da Liberdade, que foi sede do Governo Provincial e, depois, da Prefeitura Municipal, e que, futuramente, ser a clula principal do Museu da Cidade (ver Captulo Museus) e a cadeia velha, que foi demolida aps um incndio e deu lugar ao Palcio Rio Branco.

    No entorno dessa Praa tambm existi ram o den Teatro, j destrudo, e o primeiro edif cio a ser construdo em Manaus, erguido na dcada de 50 para abrigar apartamentos residenciais e que depois foi ocupado pelo Insti tuto de Aposentadoria e Penses dos Empregados em Transporte e Cargas Iapetec, hoje, Insti tuto Nacional do Seguro Social INSS.

    Localizada entre as atuais avenida Sete de Setembro e ruas Governador Vitrio, Bernardo Ramos e Gabriel Salgado, no Centro, essa Praa passou por vrias reformas ao longo de sua existncia. Em 2003, durante as obras que estavam sendo realizadas nesse logradouro, descobriu-se um sti o arqueolgico com urnas funerrias indgenas (ver Captulo Cemitrios). Em 2008, parte da rea dessa Praa foi interditada para a recuperao do coreto e do chafariz, ambos em ferro fundido.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 30 Praas

    PRAA NOVE DE NOVEMBRO

    A rea da Praa Nove de Novembro originada da diviso do Largo do Pelourinho fi cava localizada entre as atuais ruas Governador Vitrio, Visconde de Mau e Monteiro de Souza. Em 1866, ela j aparece com a denominao Praa Tenreiro Aranha, em homenagem a Joo Bapti sta de Figueiredo Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Provncia do Amazonas.

    O primeiro jardim desse logradouro foi construdo em 1881, obra executada pelo engenheiro Gregrio Thaumaturgo de Azevedo. Decorridos 25 anos, a Praa recebeu, em 1906, a instalao de um busto em homenagem ao Almirante Joaquim Marques de Lisboa, mais conhecido como Almirante Tamandar. Porm, somente em 1921, devido Lei Municipal 1.076, de 20 de maro, que esse logradouro tambm passou a se chamar Praa Tamandar.

    Em 1923, ano do centenrio da adeso de Manaus ao movimento que defendeu a Independncia do Brasil, sua denominao foi alterada para Praa Nove de Novembro, por meio da Lei 1.220, de 27 de outubro daquele ano, de autoria do intendente Vivaldo Lima. Essa nomenclatura est relacionada diretamente com a data em que Manaus aderiu quela causa: dia 9 de novembro de 1823.

    Na administrao do prefeito Jos Francisco de Arajo Lima, a Lei 1.477, de 16 de abril de 1928, mudou mais uma vez a nomenclatura da Praa, agora para Praa Alfredo S, em homenagem ao ex-interventor do Estado. Dois anos depois, o

    administrador municipal Marciano Armond assinou o Decreto 3, de 1 de novembro de 1930, e o logradouro voltou a uti lizar a denominao Nove de Novembro.

    Seu nome foi modifi cado novamente em 1939, quando o prefeito Antnio Maia, devido s comemoraes dos 50 anos de insti tuio da Bandeira Nacional, sancionou o Ato 127, de 17 de novembro, que lhe deu a nomenclatura Praa da Bandeira. Mesmo assim, sua nomenclatura mais conhecida at os dias de hoje ainda Praa Nove de Novembro.

    Alteradas as suas caractersti cas originais ao longo dos anos, na dcada de 60, possua trs canteiros ajardinados. Na gesto municipal de Jorge Teixeira, essa Praa passou por uma reforma realizada pela empresa Engecil que modifi cou o seu aspecto, sendo instalado, em sua rea central, uma lanchonete. Nos lti mos anos, foi reduzida a apenas um canteiro de formato irregular, localizado em frente ao Museu do Porto, entre as ruas Governador Vitrio, Visconde de Mau e Tamandar.

    No fi nal de 2008, por meio do programa Monumenta, do Ministrio da Cultura, a Prefeitura de Manaus iniciou a reestruturao da Praa Nove de Novembro, baseada no projeto do arquiteto Almir de Oliveira, que prev a incluso de novos canteiros e jardins e a arborizao de sua rea.

    Alm disso, tambm receber piso com temti ca indgena, retratando pinturas que representam homens e animais, e a instalao do Monumento aos Manos, em homenagem ao povo indgena que habitava, no perodo pr-colonial, a rea hoje ocupada pela cidade de Manaus.

    Imagem da Praa Nove de Novembro. In: Levantamento aerofotogramtrico de Manaus. DNOS 2 DFOS. Dcada de 60. Acervo: Jucineide Arajo.

    Imagem de satlite da Praa Nove de Novembro. Fonte: Google Earth.Vista da Praa Nove de Novembro em 2006. Foto: Durango Duarte.

    Vista area da praa durante reforma do prefeito Jorge Teixeira. Dcada de 70. Foto: Hamilton Salgado.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 31Praas

    PRAA DOS REMDIOSTORQUATO TAPAJS

    A referncia mais anti ga acerca dessa Praa encontra-se na Planta da Cidade de Manos, do ano de 1856, onde ela aparece com a denominao Largo dos Remdios. Contudo, esse local somente comeou a receber aspecto de praa no fi nal do sculo XIX, sendo inaugurada, possivelmente, em 1899.

    Em sua construo, foram uti lizadas pedras calcrias importadas de Lisboa, Portugal, que, dcadas depois, teriam sido reti radas do local e instaladas na calada do Atlti co Rio Negro Clube. O superintendente municipal Adolpho Lisboa, em 1905, mandou arborizar a parte central dessa Praa e instalar um pequeno chafariz de ferro fundido, que dali foi removido e no se sabe de sua localizao.

    No livro Roteiro Histrico de Manaus (1998), Mrio Ypiranga Monteiro afi rma que o intendente Francisco Leite da Silva, em sesso do Legislati vo Municipal do dia 23 de novembro de 1897, props a mudana de denominao dessa Praa para Torquato Tapajs, em homenagem pstuma a Torquato Xavier Monteiro Tapajs, que havia falecido no Rio de Janeiro.

    Assim como em outros casos locais de nomes de praas e de ruas, essa nomenclatura no foi assimilada pela populao, que conti nuou a cham-la de Praa dos Remdios. No entanto, ao que parece, a denominao Torquato Tapajs realmente a ofi cial, pois, no Relatrio da Comisso Organizadora do Tombo dos Prprios do Municpio (FRANCO DE S, 1922), com esse

    Terreno em que foi construda essa praa. Ao fundo,v-se a anti ga igreja de Nossa Senhora dos Remdios.

    Vista da Praa dos Remdios, aps calamento do canteiro central. In: Annuario de Manos 1913-1914.

    Vista area da Praa dos Remdios, com seu terreno totalmente ajardinado. Ao fundo, a igreja de mesmo nome. Dcada de 20. Acervo: CCPA.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 32 Praas

    Vista area da praa com novo formato. Dcada de 70. Foto: Correia Lima. Acervo: Eduardo Braga.

    Vista area da Praa dos Remdios . Acervo: Amazonas Em Tempo.

    Praa dos Remdios j remodelada e com a esttua de Jesus Cristo.Acervo: Moacir Andrade.

    nome que esse logradouro referido. Tanto que, na segunda metade da dcada de 20, afi xou-se, nesse logradouro, uma placa com a indicao Tapajs.

    Ressalte-se que o manauense Torquato Tapajs nasceu em 3 de dezembro de 1853 e foi matemti co, higienista, meteorologista, poeta, teatrlogo e publicista. fundador da Cadeira de nmero 8 da Academia Amazonense de Letras. Falecido em 12 de novembro de 1897, hoje, seu nome serve como denominao para a Rodovia AM-010, Manaus-Itacoati ara.

    Por meio do Decreto Municipal 17, de 27 de dezembro de 1929, o jardim central dessa Praa foi denominado Dom Irineu Jo ly. Quase quinze anos mais tarde, em 1945, a Prefeitura de Manaus, em parceria com a Eletro-Ferro S.A., realizou o

    calamento todo em concreto desse logradouro. Nesse mesmo ano, no dia 1 de junho, inaugurou-se o Monumento ao Sagrado Corao de Jesus uma esttua de Jesus Cristo com os braos abertos, colocada de frente para o rio Negro.

    Localizado na rea frontal da igreja de Nossa Senhora dos Remdios, entre as ruas Miranda Leo, dos Bars, Coronel Srgio Pessoa e Leovegildo Coelho, no Centro, esse espao tambm j foi chamado de Praa dos Libaneses devido existi rem, naquela rea e nas ruas adjacentes, muitos imigrantes rabes, chegados Cidade entre o fi nal do sculo XIX e incio do sculo XX.

    Sua denominao mais conhecida, porm, ainda Praa dos Remdios. Sua lti ma reforma ocorreu na administrao do prefeito Alfredo Nascimento, sendo entregue em julho de 2003.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 33Praas

    PRAA CINCO DE SETEMBRODA SAUDADE

    O surgimento dessa Praa data, possivelmente, da dcada de 60 do sculo XIX e sua rea original, a exemplo de muitas outras daquela poca, era apenas um descampado. Recebeu a nomenclatura popular Praa da Saudade por ter sido construda na frente do cemitrio So Jos, hoje, exti nto (ver Captulo Cemitrios). O vereador Antnio Davi de Vasconcelos Canavarro, em sesso da Cmara Municipal realizada no dia 31 de julho de 1867, props ofi cializar essa denominao, porm, no h qualquer registro de que esse projeto tenha sido aprovado.

    Em 1897, quando o logradouro j era chamado de Praa Cinco de Setembro, o ento governador Fileto Pires sugeriu que se abrisse um parque, anexo a essa Praa, o qual envolveria os terrenos localizados atrs e nas laterais do prdio do Palcio do Governo, atual sede do Insti tuto de Educao do Amazonas IEA, que estava sendo construdo. Alm disso, com a inteno de se ampliar esse parque, Fileto props, ainda, que o terreno do desati vado cemitrio So Jos fosse transformado em um jardim, ideia, diga-se de passagem, que j havia sido proposta pelo seu antecessor, Eduardo Ribeiro.

    O projeto paisagsti co do parque indicava tambm que seria instalada, na Praa Cinco de Setembro, uma esttua do primeiro presidente da Provncia do Amazonas, Tenreiro Aranha. Esse monumento, no entanto, foi instalado, primeiro, na ento Praa Tamandar, atual Tenreiro Aranha, e somente muitos anos depois seria transferido para o local originalmente desti nado, como ser descrito mais a frente. Quanto ao parque idealizado por Fileto Pires, nunca chegou a ser concludo.

    Aps quase uma dcada esquecida pelo Poder Pblico, a Praa Cinco de Setembro ou da Saudade, j que em muitos documentos ofi ciais ela referida ou com esta ou com aquela

    denominao mencionada novamente em 1908, em Mensagem do superintendente Domingos Jos de Andrade Cmara Municipal, que solicitava verba para realizar os melhoramentos necessrios ao logradouro. Apesar do pedido, pouco seria realizado e a Praa outra vez fi caria relegada ao descaso, desta vez, por quase duas dcadas.

    A falta de zelo foi tanta que, em 1926, devido situao de abandono em que ela se encontrava aliada necessidade de se dar soluo ao problema da falta de habitao na Cidade , o prefeito Arajo Lima sugeriu que a Cinco de Setembro fosse transferida para o terreno do cemitrio So Jos.

    No lugar da Praa, seriam construdas casas populares, desti nadas, principalmente, ao funcionalismo pblico e aos empregados do comrcio. Nenhuma das duas ideias, contudo, chegaria a ser concreti zada.

    Ainda em 1926, a Praa recebeu novo calcetamento, executado pelo empreiteiro Izidoro Marinho Cesar. As pedras uti lizadas haviam sido removidas da Praa Oswaldo Cruz quando da construo, nesse mesmo ano, do jardim triangular situado na frente da Catedral, denominado, poca, Arajo Lima.

    Dois anos depois, por ocasio da visita do recm-eleito presidente do Brasil, Washington Lus Pereira de Sousa, sua denominao foi alterada para Praa Washington Lus (Lei Municipal 1.477, de 16 de abril de 1928). Foi assim chamada por apenas dois anos, pois, em 1930, por meio do Decreto Municipal 2, de 31 de outubro, denominou-se Praa Getlio Vargas.

    No ano seguinte, o Decreto Municipal 49, assinado em 9 de setembro de 1931, alterou os nomes de vrios logradouros, seguindo a regra de se prestar honra a vultos histricos e a datas importantes, nacionais e locais, ou de se manter as denominaes que j fossem consagradas pela vontade popular. Por isso, ela passou a ser chamada ofi cialmente de Praa da Saudade, sua nomenclatura mais conhecida.

    Praa da Saudade com a esttua de Tenreiro Aranha ao centro e os caramanches laterais. Acervo: Biblioteca do IBGE Arquivo Fotogrfi co Ilustrati vo dos Municpios Brasileiros.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 34 Praas

    Vista area da Praa da Saudade aps remodelao realizada pelo prefeito Josu Cludio de Souza. Dcada de 60. Acervo: Biblioteca Samuel Benchimol.

    O logradouro adquiriu caractersti cas prprias de uma praa somente em 1932, na administrao municipal do prefeito Emmanuel de Moraes, quando recebeu a construo do seu jardim e a instalao do Monumento Provncia que estava na praa Tenreiro Aranha, ex-Tamandar. Nesse mesmo ano, iniciou-se a transformao do cemitrio So Jos em um parque o Jardim So Jos , o qual passaria a fazer parte, tambm, da Praa da Saudade.

    Em 1933, foram construidos, nas laterais dessa Praa, gradeados de madeira sustentados por pilares, denominados caramanches, que, segundo Je erson Pres, em seu livro Evocao de Manaus, eram cobertos por buganvlias vermelhas conhecidas, popularmente, como risos do prado.

    As obras do Jardim So Jos foram concludas em 1934, porm, o espao teve vida curta, pois, quatro anos depois, o prefeito Antnio Maia, por meio do Ato 16, de 26 de maro de 1938, doou a rea do jardim para o Atlti co Rio Negro Clube, que ali construiu a sua sede social, existente at os dias de hoje. No ano anterior ao da doao, Maia ainda cogitou erguer, naquele local, dois pavilhes que serviriam de sede para a Casa da Criana.

    A denominao Praa Cinco de Setembro foi ofi cializada em 1937, por meio da Lei Municipal 223, de 6 de setembro. No outro ano, essa Praa foi remodelada e o seu traado original, modifi cado. A reforma, conforme a Mensagem Anual de 1938, do prefeito Antnio Maia, deu-lhe aparncia idnti ca aos mais belos e modernos jardins das progressistas metrpoles do sul do Pas.

    Os canteiros foram renovados, plantaram-se mudas de rvores exti cas, como magnlias e accias, e os anti gos bancos de cimentos e madeira, que j estavam deteriorados, foram substi tudos por novos, maiores e mais resistentes. Seu traado retangular era entrecortado por oito alamedas que convergiam para o centro da rea e formavam um passeio circular, no qual estava instalado o Monumento Provncia.

    A Praa perdeu parte de sua rea em 1962, quando o governador Gilberto Mestrinho mandou construir, na rea situada de frente para a sede do Atlti co Rio Negro Clube, um prdio denominado Palcio da Cultura, em que, poca, funcionou a Secretaria de Educao e Cultura Seduc, substi tudo, depois, pela Sociedade de Habitao do Estado do Amazonas Sham. Quando da construo desse edif cio, a administrao estadual pretendia erguer outros trs, um em cada uma das laterais restantes, para abrigar Insti tuies de Ensino Superior.

    Na gesto do prefeito Josu Cludio de Souza (1962-1964), a Praa sofreu uma grande reforma: os jardins foram refeitos, houve a construo de um tanque, no lado da rua Ferreira Pena, composto por duas esttuas de bronze, uma em cada extremidade representando o homem primiti vo e o homem moderno , e os caramanches, que existi am nas laterais, foram reti rados. Em 1968, foi instalado um chafariz entre as duas esculturas.

    Uma nova e profunda remodelao da Praa teve incio no primeiro ano de governo do prefeito Jorge Teixeira, em 1975. O chafariz foi substi tudo por uma fonte, o tanque recebeu a instalao de lmpadas em cor e foram construdos dois playgrounds, sendo um infanti l e outro para adultos. O piso foi todo pavimentado com blocos de concreto e construiu-se, tambm, um estacionamento para a Seduc. Nessa reforma, no foi reti rada a esttua de Tenreiro Aranha nem as rvores e os bancos. As obras comearam em novembro daquele ano, sendo concludas em abril de 1976. A fi rma responsvel pela execuo foi a Servios de Administrao e Urbanizao Ltda. Sadur.

    Em 1977, a Praa da Saudade recebeu a instalao, no lado da rua Ramos Ferreira, de um avio DC-3, em tamanho original, doado prefeitura pela Varig-Cruzeiro e inaugurado na vspera de Natal daquele ano. Sete anos depois, conforme matria publicada em 24 de maio de 1984 no jornal A Crti ca, o DC-3 foi todo desmontado em razo de a empresa Rio Txi Areo ter comprado o trem de pouso e as rodas da aeronave.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 35Praas

    Vista da Praa da Saudade aps a instalao do avio DC-3. Final da dcada de 70. In: Manaus 4 anos administrao Jorge Teixeira, [s. n.].

    Vista da Praa da Saudade em 2006. Foto: Alex Pazuello.Vista da praa com espelho dgua e esttuas. Dcada de 70. Acervo: Jornal do Commercio.

    De acordo, ainda, com aquela matria jornalsti ca, havia uma inscrio na placa comemorati va desse avio-monumento, com a seguinte dedicatria: A presena discreta e silenciosa desta aeronave na principal Praa de Manaus, com sua proa signifi cati vamente voltada para os cus, servir tambm para lembrar o senti do mais alto das realizaes que no s a Cruzeiro, mas, tambm, as suas coirms Varig e Rede Tropical de Hotis, igualmente vindas do sul longnquo, fi zeram na Amaznia, o senti do que tem os atos de amor e solidariedade humana, to propcios de serem evocados.

    O logradouro passou por um processo de modernizao em 1986, na administrao do prefeito Manoel Ribeiro. Entre outros melhoramentos, construiu-se um estacionamento em toda extenso da rua Simo Bolvar, um anfi teatro atrs do prdio ocupado pela Sham, sanitrios masculinos e femininos, terminal para o Trenzinho da Alegria veculo esti lizado em forma de um trem colorido que levava crianas para fazer passeios nas principais ruas do Centro e mesas com tabuleiro para os jogos de dama e domin. O piso foi calado com ladrilho hidrulico e a anti ga fonte luminosa foi substi tuda por um chafariz com lmpadas coloridas.

    As obras duraram de junho a novembro daquele ano, sendo que, nessa reforma, as esculturas de bronze do homem moderno e do homem primiti vo, que estavam no espelho dgua, foram reti radas e transferidas para o Horto Municipal. Posteriormente, essas duas esttuas retornariam ao seu lugar de origem, porm, em posies inverti das, uma no lugar da outra.

    Na dcada de 90, essa Praa passou por outras reformas, perodo em que, possivelmente, construiu-se, em frente ao chafariz, um marco todo em concreto, consti tudo por uma base encimada por uma bblia aberta. Devido a esse pequeno monumento, a comunidade evanglica convencionou chamar esse logradouro de Praa da Bblia.

    Em outubro de 2007, o prdio de trs andares ali existente, e que estava sendo ocupado pela Secretaria de Estado da Justi a, Direitos Humanos e Cidadania Sejusc, foi demolido, fruto de uma ao movida, junto ao Ministrio Pblico, pelo senador Je erson Pres, que viria a falecer no dia 23 de maio de 2008. Nesse mesmo ano, em convnio com a Suframa, a Prefeitura iniciou os trabalhos de revitalizao da Praa da Saudade.

    Essa reforma objeti va resgatar o projeto arquitetnico que existi u at o incio da dcada de 60, quando o logradouro era entrecortado por oito alamedas que davam acesso ao Monumento Provncia.

    Pretende-se construir duas bancas de tacac, duas de revista e duas cabines telefnicas, todas ao esti lo Belle poque, e reinstalar os anti gos caramanches nas laterais da Praa.

    Projeta-se, tambm, a construo de espaos para brinquedos, prti ca de esportes, alm da instalao de postes de iluminao, com esti lo de lampies.

    O anti go Monumento Bblia, de concreto, ser substi tudo por outro, simbolizando uma bblia aberta, em ao escovado, afi xado no mesmo local do anterior. A previso de entrega das obras de reforma para 2009.

    A Praa Cinco de Setembro (da Saudade) est situada entre as atuais avenida Epaminondas e ruas Simo Bolvar, Ferreira Pena e Ramos Ferreira, no Centro.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 36 Praas

    PRAA SO SEBASTIO

    Antes de se tornar uma Praa, a rea desse logradouro era uma rocinha de propriedade do tenente-coronel Antnio Lopes Braga, que a doou para o Municpio. Sua denominao original Praa So Sebasti o uma referncia Irmandade de So Sebasti o, ordem religiosa formada por missionrios franciscanos instalados na Cidade desde 1859 (ver Captulo Igrejas).

    O marco inicial da existncia dessa Praa o ano de 1867, quando, por iniciati va do diretor de Obras Pblicas, Antnio Davi de Vasconcelos Canavarro, foi instalada, na rea central do terreno desse logradouro, uma coluna de pedra, com seis metros de altura, em aluso abertura dos portos do Amazonas s demais naes (ver Captulo Monumentos).

    Apesar da instalao desse monumento, as obras de desaterro da Praa So Sebasti o somente seriam contratadas quase trinta anos mais tarde, em dezembro de 1896, com Marcolino Rodrigues.

    O terreno permaneceu como um descampado de terra bati da ao menos at o fi nal do sculo XIX, quando o governador Jos Cardoso Ramalho Jnior mandou embelezar a rea no entorno do ento recm-construdo Teatro Amazonas, cont guo a esse logradouro.

    Em 8 de agosto de 1899, Antnio Augusto Duarte assinou contrato com a Diretoria de Obras Pblicas para a execuo do servio de calamento da Praa So Sebasti o e de toda a rea em volta dela e do teatro, incluindo as ruas Dez de Julho e Jos Clemente. A rea central do logradouro foi calada com pedras portuguesas brancas e pretas que compem um desenho sinuoso, em formato de ondas e as suas extremidades, com

    Vista da rea da praa, antes da pavimentao. In: O Estado do Amazonas, 1899.

    Vista do detalhe da Praa So Sebasti o, direita. Acervo: Moacir Andrade.

    Vista area da Praa So Sebasti o e seu entorno. Acervo: Biblioteca Samuel Benchimol.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 37Praas

    paraleleppedos de asfalto. Essa pavimentao, no entanto, foi concluda somente em 1901.

    Nessa mesma poca, a coluna de pedra instalada em comemorao Abertura dos Portos do Rio Amazonas Navegao Estrangeira foi substi tuda por um monumento esculpido pelo arti sta italiano Domenico de Angelis, instalado, at os dias atuais, na parte central desse logradouro (ver Captulo Monumentos).

    Essa Praa receberia novos melhoramentos somente nos anos de 1914 e 1915, na administrao municipal de Dorval Porto, quando foram plantadas mudas de Fcus-benjamin em seu redor. Entre os reparos mandados executar em 1920 pelo superintendente Franco de S, destaque para a colocao de dezesseis bancos de madeira com armao de ferro, mais tarde, substi tudos por bancos de concreto.

    Na administrao do superintendente municipal Francisco das Chagas Aguiar, esse logradouro recebeu a denominao Praa Ribeiro Jnior, por meio do Decreto 28, de 29 de agosto de 1924, em homenagem ao governador Alfredo Augusto Ribeiro Jnior, que havia sido deposto do cargo nesse mesmo dia. Em 1925, por iniciati va do prefeito Hugo Carneiro, foi instalado um coreto, onde as bandas militares passaram a se apresentar s quintas-feiras e aos domingos.

    Em 1930, por meio do Decreto Municipal 2, de 31 de outubro, sua nomenclatura foi alterada para Praa 24 de Outubro, em referncia ao dia em que Getlio Vargas ascendeu presidncia do Brasil fi m da Repblica Velha e incio da Era Vargas. Menos de um ano depois, atravs do Decreto Municipal 49, de 9 de setembro de 1931, ela voltou a ser denominada Praa So Sebasti o, agora, ofi cialmente.

    Vista da praa, onde se v, em seu entorno, o Teatro Amazonas e a igreja de So Sebasti o. Acervo: Moacir Andrade.

    Vista da Praa So Sebasti o com destaque para o calamento em mosaico portugus. Foto: Silvino Santos. Acervo: Igha.

    O CALAMENTO

    Inspirado na tcnica de pavimentao chamada mosaico

    portugus ou calada portuguesa, que uti liza pedras de calcita

    branca e basalto negro, esse ti po de calamento foi empregado,

    pela primeira vez, no ano de 1842, em Lisboa. Apesar das

    afi rmati vas de alguns autores locais de que o calamento da

    Praa So Sebasti o uma representao das guas dos rios

    Negro e Solimes, seu desenho nada mais do que uma imitao

    do existente na praa de D. Pedro IV conhecida, popularmente, como praa do Rossio , na capital portuguesa.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 38 Praas

    Uma recuperao total da rea dessa Praa ocorreu em 1974, na gesto do prefeito Frank Lima, por meio da ento Secretaria de Obras e Servios Urbanos. Nessa reforma, foi manti do o seu formato retangular, com os cantos arredondados, que resultou em um contorno quase oval, circundado por ps de Fcus-benjamin.

    Duas dcadas mais tarde, em 1995, nova reforma, desta vez, em uma parceria Prefeitura de Manaus e a empresa Xerox do Brasil: recuperou-se o piso bicolor e o monumento Abertura dos Portos e, nos postes de iluminao, as lmpadas comuns foram substi tudas por outras a base de vapor de sdio, de cor alaranjada, comum a ambientes exteriores.

    Quatro anos mais tarde, outra restaurao foi realizada, agora, sob a coordenao da ento Empresa Municipal de Urbanizao Urbam e como parte do projeto Praa Viva. As obras foram iniciadas em 27 de maio de 1999 e incluam a limpeza do monumento e a reposio do calamento, com pedras trazidas de Belo Horizonte/MG.

    A Praa So Sebasti o foi novamente reformada entre os anos de 2003 e 2004, pelo projeto Manaus Belle poque, do Governo do Estado. Alm de outras melhorias, seu calamento foi recuperado e reti rou-se o gradil colocado em 1995 para cercar o monumento ali existente.

    Esse logradouro integra, atualmente, o Centro Cultural Largo de So Sebasti o, complexo inaugurado em 7 de maio de 2004, do qual fazem parte, tambm, o Teatro Amazonas, a Casa Ivete Ibiapina, o Bar do Armando, a Casa do Restauro, a Casa J. G. Arajo, a Casa das Artes e o Centro Cultural Cludio Santoro.

    Vista area, onde se v, esquerda, trecho da rua Jos Clemente tomado por carros estacionados. Dcada de 90. Acervo: SEC-Am.

    Vista atual da rea do Centro Cultural Largo de So Sebasti o. Acervo: Amazonas Em Tempo.

    Vista das fachadas dos prdios que compem o Largo de So Sebasti o, ao entardecer. Foto: Alex Pazuello.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 39Praas

    PRAA HELIODORO BALBIDA POLCIA

    Situada entre as avenidas Sete de Setembro e Floriano Peixoto e a rua Jos Paranagu, no Centro, esse logradouro, em formato triangular, originou-se no incio da dcada de 70 do sculo XIX.

    Sua abertura foi iniciada em 1872, quando o presidente da Provncia, Jos de Miranda Reis, em Mensagem anual apresentada ao Congresso Legislati vo, encomendou mudas de palmeiras barrigudas para arborizar a Praa do Palacete Provincial ou, simplesmente, Praa do Palacete, denominao que fazia referncia ao edif cio pblico de mesmo nome cuja construo foi iniciada em 1871 e concluda dois anos depois , situado de frente para essa Praa.

    Nessa mesma Mensagem, apresentada outra designao para esse logradouro, Praa 28 de Setembro, nomenclatura que, segundo o historiador Mrio Ypiranga Monteiro, em sua obra Roteiro Histrico de Manaus (1998), teria sido dada pelo Legislati vo Municipal em 1872, em homenagem Lei do Ventre-Livre, assinada em 28 de setembro do ano anterior.

    Em 1873, foi concludo o principal servio de desaterro dessa Praa, que tambm recebeu o planti o de 24 palmeiras, conforme havia sido planejado no incio da sua construo.

    A parti r de 1886, devido inaugurao do prdio do Liceu Amazonense, atual Colgio Amazonense D. Pedro II (ver Captulo Escolas), localizado em frente a esse logradouro, a Praa passou a ser chamada de Largo do Liceu. Com a promulgao da primeira Consti tuio do Estado do Amazonas, em 1891, na administrao do governador Eduardo Ribeiro, receberia uma nova denominao ofi cial, em referncia a esse fato histrico: Praa da Consti tuio.

    At esse perodo, apesar de ser conhecido como Praa, esse espao ainda era um grande descampado, sem pavimentao alguma. Somente em 1895 que a Reparti o de Obras Pblicas do Governo do Estado mandou realizar o calamento do local com paraleleppedos de granito, servio executado por Marti ns & Figueiredo.

    Segundo Robrio Braga, em seu arti go Praa da Polcia [s.n.], foi tambm em 1895, quando da instalao dos trilhos da linha de bonde para a ligao da rua Marclio Dias com a Municipal, atual avenida Sete de Setembro, que dividiu-se a rea dessa Praa, informao rati fi cada pela Carta Cadastral da Cidade e Arrabaldes de Manos, de 1895, levantada por Joo Miguel Ribas. Em 1897, a Intendncia Municipal autorizou a compra de bancos de madeira para serem instalados nesse logradouro.

    Em 1906, com a inteno de transformar a Praa da Consti tuio em um parque, o superintendente municipal Adolpho Lisboa contratou o botnico Oscar Labroy, do Museu

    Formao do Regimento Policial Militar na ento Praa da Consti tuio, vista do ngulo do Palacete Provincial. Abril de 1901. In: Album do Amazonas 1901-1902.

    Vista do Palacete Provincial. In: O Estado do Amazonas 1899.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 40 Praas

    de Mezion de Paris, na Frana, para ser o responsvel pelo projeto. As obras de reestruturao iniciaram nesse mesmo ano e incluam, alm dos jardins, a instalao de um coreto de ferro fundido, decorado com candelabros e cristais coloridos.

    O projeto contemplava, ainda, a construo de um lago arti fi cial, cortado por uma ponte de cimento armado, e a instalao de uma fonte de ferro, de uma gruta com cascata, das esculturas dos deuses romanos Diana, da Caa, e Mercrio, do Comrcio, de uma ninfa e de uma luta entre um co e um javali.

    A reinaugurao da Praa aconteceu em 23 de junho de 1907, dia do aniversrio do ento governador do Estado, Constanti no Nery.

    Durante a administrao municipal de Jorge de Moraes (1911-1913), esse logradouro teve seus canteiros remodelados por meio da topiaria tcnica de jardinagem usada para dar variados formatos a plantas vivas e recebeu, ainda, a plantao de diversas espcies vegetais.

    Em 1914, quando essa Praa foi entregue aos cuidados dos alunos do ento Gymnasio Amazonense, ex-Liceu Amazonense, ela possua Fcus-benjamin, roseiras e outras plantas variadas, conforme Mensagem do superintendente municipal Dorval Porto, de 5 de setembro daquele ano.

    Uma nova reforma somente seria realizada entre os anos de 1920 e 1922, quando os jardins da Praa da Consti tuio receberam novo traado, a instalao de 77 bancos de madeira e melhorias na sua iluminao. Na Mensagem do superintendente Franco de S, em 1 de setembro de 1922, apresentada uma ilustrao dessa Praa, com sua rea dividida em duas sees e entrecortada pelas ruas Marclio Dias e Doutor Moreira.

    Por meio da Lei Municipal 1.220, de 27 de outubro de 1923, o intendente Vivaldo Lima mudou a denominao desse logradouro para Praa Gonalves Ledo em homenagem a Joaquim Gonalves Ledo, polti co carioca que, no ano anterior, props a convocao de uma Assembleia Consti tuinte eleita pelo povo. Em 1930, a parte que havia sido dividida pela rua Marclio Dias passou a ser

    um jardim independente dessa Praa. Esse espao, anos depois, foi denominado Praa Roosevelt (ver pginas 44 e 45).

    Ainda em 1930, pelo Decreto Municipal 1, de 31 de outubro, a nomenclatura da ento Praa Gonalves Ledo foi alterada para Praa Joo Pessoa, como forma de homenagear Joo Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Ex-governador da Paraba, Joo Pessoa havia sido, na eleio presidencial de 1 de maro de 1930, candidato a vice na chapa liderada por Getlio Vargas, pleito vencido por Jlio Prestes. Quatro meses depois, em 26 de julho, foi assassinado, sendo este o estopim da Revoluo de 30.

    Em 1937, o prefeito Antnio Maia mandou fazer uma remodelao da Praa Joo Pessoa: seus canteiros receberam bordaduras de concreto e o planti o de rvores exti cas, com destaque para as nogueiras. Alm disso, tambm foram plantados arbustos apropriados para esculturao de animais, uti lizando a tcnica da topiaria, semelhantes aos existentes, poca, na praa Paris, na cidade do Rio de Janeiro.

    Uma nova reforma seria realizada quatro anos depois, quando se demoliu a cascata instalada na administrao de Adolpho Lisboa. No incio da dcada de 1950, foi instalado o Pavilho So Jorge, popularmente conhecido como Caf do Pina (ver pginas 44 e 45), no jardim cont guo essa Praa, o mesmo que, na dcada de 60, se tornaria a Praa Gonalves Dias (ver pginas 44 e 45), em frente ao Cine-Theatro Guarany (ver Captulo Cinemas).

    A sua atual denominao Praa Heliodoro Balbi foi ofi cializada na gesto municipal de Aluzio Marques Brasil por meio da Lei 472, de 1 de dezembro de 1953. Em 22 de novembro de 1954, essa Praa foi palco da fundao do Clube da Madrugada o mais importante movimento literrio do Amazonas, formado por poetas, conti stas e romancistas , que transformou o local em palco de eventos culturais e polti cos.

    O nome desse movimento surgiu porque os intelectuais se reuniam durante a noite no anti go Caf do Pina e sob as rvores

    Vista da praa aps o calamento de sua rea. In: Album do Amazonas 1901-1902.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 41Praas

    Vista lateral da Praa Heliodoro Balbi, de onde se v o Colgio Amazonense Dom Pedro II, esquerda, e o Palacete Provincial, direita. Acervo: Moacir Andrade.

    Vista de parte da praa ladeada por Fcus-benjamin. direita, em primeiro plano, esttua da ninfa. Foto: Silvino Santos. Acervo: Igha.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 42 Praas

    HELIODORO BALBI 1621876 A 26111918

    Heliodoro Nery de Lima Balbi

    natural de Manaus, onde iniciou seus

    estudos e os concluiu em Recife/PE.

    Nessa mesma cidade, bacharelou-se em

    Direito pela anti ga Faculdade do Recife,

    em 1902. No ano seguinte, retornou

    capital amazonense e foi eleito deputado estadual, mandato a

    que renunciou por discordar dos rumos da polti ca local. Atuou

    como professor de Literatura no Gymnasio Amazonense, atual

    Colgio Amazonense D. Pedro II, e de Filosofi a, na Faculdade

    de Sciencias Juridicas e Sociaes da Universidade de Manos.

    Heliodoro Balbi tambm exercia a ati vidade de jornalista jornal

    Correio do Norte e de escritor. Foi eleito duas vezes deputado

    federal e teve os mandatos cassados. membro fundador da

    Sociedade Amazonense de Homens de Letras, atual Academia

    Amazonense de Letras AAL, e ocupou a Cadeira de nmero

    2. Decepcionado com a polti ca local e nacional, Balbi mudou-

    se para Rio Branco, capital do ento Territrio do Acre, onde

    faleceu, em 1918, vti ma de uma gripe. Dez anos depois, seus

    restos mortais foram trasladados para Manaus e sepultados, no

    dia 6 de maro de 1928, no cemitrio So Joo Bati sta.

    existentes no logradouro, em especial um mulateiro. O Clube da Madrugada lanou talentos como Nunes Pereira, autor de Moronguet Um Decameron Indgena, Luiz Bacellar, Luiz Ruas, Alencar e Silva, Jorge Tufi c e Anbal Bea, entre tantos outros.

    Como parte das comemoraes dos 150 anos da Independncia do Brasil, em 6 de setembro de 1972, o governador Joo Walter inaugurou um busto de D. Pedro I nessa Praa (ver Captulo Monumentos).

    Em meados dessa mesma dcada, foram realizadas profundas alteraes no sistema virio da Cidade, sobretudo, na rea do Centro. Uma dessas mudanas afetou diretamente a Praa Heliodoro Balbi, que incorporou parte da ento Praa Poeta Sebasti o Nores, ex-Gonalves Dias, devido ao alargamento da avenida Floriano Peixoto.

    Na dcada seguinte, o prefeito Manoel Ribeiro unifi cou as reas das praas Heliodoro Balbi e Roosevelt que antes eram separadas pela rua Marclio Dias e prevaleceu a denominao da primeira. Nessa reforma, foram restaurados o coreto de ferro, o lago e a ponte e instalados bancos de concreto. Alm disso, a Praa passou a ser toda margeada por um calado.

    Apesar de possuir denominao ofi cial, ela conhecida, popularmente, como Praa da Polcia porque est localizada em frente a um prdio que, por muitos anos, foi sede do Comando-Geral da Polcia Militar do Amazonas. O logradouro foi interditado no segundo semestre de 2008 para restaurao e foi reinaugurado em maro de 2009.

    Vista area da ento Praa Joo Pessoa, ao centro; Praa Roosevelt, esquerda, e Praa Gonalves Dias e Pavilho So Jorge, direita. Foto: Correia Lima. Acervo: Eduardo Braga.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 43Praas

    Vista area da Praa Heliodoro Balbi e Palacete Provincial em 2007, antes de ser iniciada sua restaurao pelo Governo Estadual. Acervo: Amazonas Em Tempo.

    Detalhe da praa com busto de Ferreira de Castro e o coreto grego. Foto: Durango Duarte. Vista do coreto de ferro restaurado. Ao fundo, o Palacete Provincial. Foto: Durango Duarte.

    Vista da praa, onde se v, esquerda, o mulateiro sob o qual aconteciam as reunies do Clube da Madrugada. Foto: Durango Duarte.

    Vista de um dos aspectos da praa com Palacete Provincial, ao fundo. Foto: Durango Duarte.

  • Manaus Entre o Passado e o Presente 44 Praas

    1. PRAA ROOSEVELT

    Essa rea fazia parte, inicialmente, da ento Praa da Consti tuio, que foi dividida em duas sees na administrao do governador Eduardo Ribeiro. Recebeu nomenclatura diferenciada de seu logradouro de origem somente em 1930, na administrao municipal de Srgio Pessoa, quando passou a se chamar Jardim Carneiro dos Santos. A denominao Praa Roosevelt foi dada a esse logradouro pelo prefeito Antnio do Couto Valle, por meio do Decreto-Lei 258, de 1 de agosto de 1945, em homenagem ao ento presidente dos Estados Unidos da Amrica, Franklin Roosevelt. Em sua rea, foi instalado um pequeno coreto, em formato de templo grego, projetado por Coriolano Durand e composto por colunas que foram aproveitadas do material que sobrou do Teatro Amazonas. Na administrao do prefeito Manoel Ribeiro, esse espao foi reunifi cado a sua praa de origem, condio que mantm at os dias de hoje.

    2. PRAA RIBEIRO JNIOR

    Com caractersti cas de um canteiro central, essa Praa situava-se no trecho da avenida Floriano Peixoto que fi ca atrs do Palacete Provincial, entre as ruas Jos Paranagu e Lima Bacuri e a avenida Sete de Setembro. Pela Lei Municipal 535, de 25 de junho de 1955, foi denominada Praa Ribeiro Jnior em referncia ao ex-governador do Amazonas, Alfredo Augusto Ribeiro Jnior. No ms seguinte, recebeu a instalao de um busto tambm em homenagem a Ribeiro Jnior (ver Captulo Monumentos). A Praa desapareceu com as obras realizadas na dcada de 70 para o alargamento da avenida Floriano Peixoto.

    3. PRAA GONALVES DIASPOETA SEBASTIO NORES

    Jardim, em formato triangular, que se localizava entre o Palacete Provincial, a Praa Heliodoro Balbi e a atual avenida Floriano Peixoto, de frente para o Cine-Theatro Guarany. Em sua parte central, construiu-se, em 1951, o Pavilho So Jorge, mais conhecido como Caf do