LÍNGUA PORTUGUESA – 9. ANO...

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LÍNGUA PORTUGUESA 9.° ANO Língua Portuguesa LP9

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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Língua Portuguesa LP9

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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Elimine os focos do Aedes aegypti.

Todos na luta contra o Aedes aegypti!

Ele não transmite só a Dengue, mas Zika

e Chikungunya também.

Adaptado de Caderno Pedagógico – Ciências 6.° Ano (2.° bimestre/2016) Profª Simone Fadel e Profª Simone Medeiros

Encha de areia, até a borda, os pratinhos dos vasos de planta.

Entregue seus pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os, sem água, em local coberto, abrigados da

chuva.

Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem

fechada.

Mantenha a caixa d’água sempre fechada com tampa adequada.

Não deixe a água da chuva acumulada sobre

a laje.

Remova as folhas, os galhos e tudo que possa impedir a água

de correr pelas calhas.

Troque a água e lave o vaso de sua planta pelo menos uma vez

por semana.

Guarde garrafas sempre de cabeça para baixo.

Mantenha bem tampados tonéis e barris d’água.

Lave, semanalmente, por dentro e com sabão, os tanques

utilizados para armazenar água.

JUREMA HOLPERIN SUBSECRETARIA DE ENSINO MARIA DE NAZARETH MACHADO DE BARROS VASCONCELLOS COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO

GINA PAULA BERNARDINO CAPITÃO MOR SARA LUISA OLIVEIRA LOUREIRO ELABORAÇÃO LEILA CUNHA DE OLIVEIRA REVISÃO

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PÁGINA 2 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 1 METADE Oswaldo Montenegro E que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca porque metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade. [...] Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que fui E a outra metade não sei. Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer porque metade de mim é plateia e a outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Prezado(a) Aluno(a), seja bem-vindo(a) ao 9.º Ano! Receba este ano como um presente: inteirinho para você viver! Será, certamente, um ano de muito aprendizado e de

mudanças. Este caderno de apoio pedagógico foi organizado especialmente para você! O desejo é que a leitura, cada vez mais competente, se torne o seu instrumento de estudo e de prazer durante este

ano letivo... e pela vida afora. Nas próximas páginas, há textos de diferentes gêneros. E vários assuntos – tempo, sonhos, identidade, memória... Há também propostas de escrita para que você, cada vez mais, se aproprie da língua portuguesa e se assuma autor. A letra da canção “Metade” vai nos guiar na primeira atividade.

http://www.filologia.org.br/xvii_cnlf/cnlf/01/24.pdf

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PÁGINA 3 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 2 Eu sou dois seres. O primeiro é fruto do amor de João e Alice. O segundo é letral: É fruto de uma natureza que pensa por imagens. Como diria Paul Valery, O primeiro está aqui de unha, roupa, chapéu e vaidades. O segundo está aqui em letras, sílabas, vaidades frases. E aceitamos que você empregue o seu amor em nós. BARROS, Manuel. Poemas rupestres. Rio de Janeiro: Record, 2004.

1 – A letra da canção traz a voz do eu do texto anunciando desejos. Cite um verso que confirma essa afirmativa. __________________________________________________________________________________________________________________ 2 – A estrutura do texto é marcada pela contraposição de “metades”, como em : “...porque metade de mim é o que eu grito /mas a outra metade é silêncio.” a) Que palavra ajuda a construir essa relação de contraposição? __________________________________________________________________________________________________________________ b) Nestes versos, sublinhe as palavras ou expressões que também marcam essa contraposição: “...seja linda ainda que tristeza/que a mulher que amo seja pra sempre amada/mesmo que distante...” 3 - Que características pode-se perceber no eu do texto? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 - A que se refere o termo destacado em “[...] é preciso simplicidade pra fazê-la florescer [...]” __________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Sublinhe versos da letra da canção em que a linguagem é utilizada provocando o leitor para que associe ideias, vá além do sentido objetivo das palavras. 6 – Apesar da contraposição constante, o que salva o eu do texto? __________________________________________________________________________________________________________________ 1 – O eu poético diz que é dois seres.

a) A quem se refere ao explicar o “primeiro” ser? __________________________________________________________________________________________________________ b) O que significa dizer que o segundo é “letral”? _____________________________________________________ 2 – Qual a característica marcante nos “dois seres” que o eu poético afirma ser? Como se pode perceber isso? __________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 4 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

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Verifique também a pontuação, a

concordância e a ortografia.

Reescreva o seu texto e

compartilhe com os colegas!

Combine tudo com o seu professor(a).

Revise seu texto. Quem será o seu leitor?

Agora é com você! Escreva um texto contando como você é. Você é constituído de metades? Você é plural? Você é um. Você é único! Escreva livremente!

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PÁGINA 5 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1 – No primeiro quadrinho, por que o texto dentro do balão está entre aspas? ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________

2 – Repare que o formato do balão é diferente nos dois últimos quadrinhos. Explique porquê. ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________

3 – Qual o significado de “fazendo turismo dentro de mim” ? ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________

Continuando as leituras, vejamos o que nos diz Mafalda, uma menina muito esperta!

“Mafalda é uma personagem de

histórias em quadrinhos escrita e

traduzida em imagens pelo cartunista

argentino Joaquín Salvador Lavado,

mais conhecido como Quino. Ela animou as tiras

cultuadas por fãs em todo o Planeta de 1964

a 1973. Esta personagem, que logo se tornou célebre entre

os leitores de suas histórias, é uma garota

constantemente inquieta com a trajetória do ser

humano e a paz no mundo.[...]

No dia 25 de junho de 1973 Quino encerrou a publicação das tiras de

Mafalda.[...]” http://www.infoescola.com/biog

rafias/mafalda/

Texto 3

Texto 4

1 – Explique a mudança da expressão de Filipe a cada quadrinho. ___________________________________________________________________________________________________________________ 2 – No último quadrinho, Filipe se assusta com a possibilidade de não gostar de si mesmo. Que conectivo indica que isso é uma possibilidade? ___________________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 6 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 6 “Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.” Ricardo Reis

PESSOA, Fernando. Poesia; poesias de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das

Letras, 2000.

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97.

Você reparou o autor do texto 6? Observe a referência do texto. É um livro de Fernando Pessoa (1888–1935), um importante escritor português. Uma das características desse escritor é ter tido mais de 127 heterônimos. Heterônimo é um nome imaginário, usado por um escritor, para escrever como se fosse outra pessoa, criando para si uma outra identidade. Ricardo Reis é um dos principais heterônimos de Fernando Pessoa, junto de Alberto Caeiro e Álvaro de Campos. Vale a pena ler seus poemas!

1 - Qual o sentido da palavra “grande”, no primeiro verso do poema? ____________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Segundo o poema, o que é necessário para ser “grande”? __________________________________________________________

Texto 5

1 – Como Miguelito entendeu a afirmativa de Mafalda? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2 – Como Miguelito entendeu a palavra “conhecer”? ___________________________________________________________________

PARA SABER MAIS... O universo dos quadrinhos é tema de um dos

programas da série “Morde a Língua”, produzida pela MultiRio.

“Morde a Língua Série de Língua Portuguesa dirigida a alunos

do 6º ao 9º ano. No formato dramaturgia e inspirada na linguagem dos vlogs, aborda temas como: linguagem e identidade, variações linguísticas, intertextualidade, estratégias de leitura, poemas, contos, crônicas, histórias em quadrinhos, romances e a multiplicidade de gêneros em jornais e revistas.”

Você não pode perder! Acesse

http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/busca?mult=&cat=&tip=&proj=9163&txt=

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PÁGINA 7 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Quando não sei onde guardei um papel importante e

a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais. LISPECTOR, Clarice . A Descoberta do Mundo. Rocco: Rio de Janeiro, 1999.

1- O que causa o “não sentir-se bem” que o narrador expressa, no segundo parágrafo? ______________________________________________________________ 2- Por que a procura de um papel importante, em alguns momentos, torna-se secundária? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3- Observe o primeiro parágrafo. Teria o mesmo efeito dizer “Não sei onde guardei um papel importante” e não sei onde guardei o papel importante? Explique. ____________________________________________________________________________________________________________________________ 4- Retire do segundo parágrafo um trecho em que está explícita a interlocução com o leitor. ______________________________________________________________ 5- O que significa, no segundo parágrafo, “passavam a ser elas mesmas”? ____________________________________________________________________________________________________________________________ 6- De acordo com o que diz no terceiro parágrafo, como o narrador se vê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7-No trecho “Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo” (quarto parágrafo), substitua o termo destacado por outro, sem alterar o sentido. ____________________________________________________________________________________________________________________________

Para continuar a discussão sobre identidade, o próximo texto contribui com importantes elementos. Siga refletindo...

Texto 7

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PÁGINA 8 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O próximo texto é uma crônica. A crônica tem, como traço marcante, o olhar para o cotidiano, registrado em um texto geralmente conciso. A vivência do cronista e suas observações sobre a vida, sobre fatos banais – “pitorescos ou irrisórios” – do dia a dia, são assuntos de uma crônica.

Antônio Cândido nos conta um pouco mais sobre a história da crônica: “Antes de ser crônica propriamente dita foi “folhetim”, ou seja, um artigo de rodapé sobre as questões do dia – políticas, sociais, artísticas, literárias. [...] Aos poucos o “folhetim” foi encurtando e ganhando certa gratuidade, certo ar de quem está escrevendo à toa, sem dar muita importância. Depois, entrou francamente pelo tom ligeiro e encolheu de tamanho, até chegar ao que é hoje.”

In: Crônicas, 5/ Carlos Drummond de Andrade... [et al.]. São Paulo: Ática, 2011. (Para gostar de ler). A palavra CRÔNICA tem sua origem em khrónos, vocábulo grego que significa tempo. Ela é, em geral, publicada em jornais, em

revistas, em blogs, que são publicações que obedecem a uma periodicidade de tempo.

Texto 8 PATCHWORK Martha Medeiros

Eu acho a maior graça nesses anúncios ou reportagens que segmentam as pessoas por estilo, para facilitar a escolha de presentes. Para o pai esportista, para a mãe que vive correndo, para o namorado poliglota, para a namorada hare krishna...

E você, qual é seu estilo? O meu estilo é o clássico-esportivo-praiano-urbano-roqueiro-casual-elétrico-aventureiro-viajandão-racional-romântico-sensato-internacional-

cultural-marombeiro-divertido-indiano-inglês-caseiro-diurno-ansioso-e-pacato. Seja qual for o presente que você me der, vai acertar na mosca. Qualquer estilo que a gente cultive é farsa. Impor um rótulo a si mesmo é o que de pior podemos fazer. A gente se acostuma a privilegiar

um lado acentuado que temos – workaholic, por exemplo – e nos apresentarmos ao mundo como tal. Vale para outras “etiquetas”: surfista, rato de biblioteca, perua, seminarista. É atrás de uma dessas máscaras que você se esconde?

Surfistas que ficam gatésimos de terno e gravata e guardam embaixo da cama pilhas de livros sobre filosofia. Ratas de biblioteca que passam a noite dançando funk com um grupo da pesada. Peruas que praticam natação quatro vezes por semana. Seminaristas que levam no braço uma tatuagem igual à da Angelina Jolie: que estilos são esses?

É o estilo que eu mais adoro: faço-eu-mesmo. É o cara que não criou um estilo, ele é o estilo. Não há influência de revistas, modismos e tendências. Ele é o estilo-contradição, estilo-surpresa, estilo-sem-estilo. Acho que foi Aristóteles (olha eu fazendo o estilo intelectual) que disse que estilo não existe, que o estilo é uma emancipação do seu próprio ser.

Ou você tem um estilo próprio, que forçosamente será múltiplo, como é a nossa alma verdadeira, ou você adota um estilo, e ele será monótono e nauseante. Estilo bom é estilo exclusivo, inclassificável. Ou você deixa ele nascer naturalmente em você ou passará ganhando os mesmos presentes a vida inteira.

MEDEIROS, Martha. Montanha-russa: crônicas. Porto Alegre: L&PM, 2011.

Não perca! Um vídeo sobre a nossa vida: crônica . Acesse

http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/busca?mult=&cat=&tip=&proj=9163&txt=

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PÁGINA 9 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1- No primeiro parágrafo, a cronista se dirige ao seu interlocutor. Em que trecho do texto isso aparece explicitamente? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2- No segundo parágrafo, a cronista brinca com as palavras, criando uma superpalavra com o uso do hífen. Qual o significado dessa palavra? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Por que a cronista afirma que “Seja qual for o presente que você me der, vai acertar na mosca.”? (segundo parágrafo) ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Que palavra está relacionada a máscaras , no terceiro parágrafo? ___________________________________________________________________________________________________________________

5- Qual a função das aspas na palavra “etiquetas”, no terceiro parágrafo? ___________________________________________________________________________________________________________________

6- Que neologismo aparece no quarto parágrafo? ___________________________________________________________________________________________________________________

7 - O último parágrafo do texto está construído com orações coordenadas alternativas. Que conectivo introduz a ideia contida nessas orações? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

costuramoderna.com.br

8- Leia o verbete e a imagem: patchwork (palavra inglesa) substantivo masculino 1. Obra feita de pedaços de tecido de cores ou padrões diferentes, costurados uns nos outros. 2. [Figurado] Qualquer conjunto formado de elementos heterogêneos ou díspares "patchwork",

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/patchwork. Adaptado.

NEOLOGISMO consiste na criação de uma palavra ou expressão ou na atribuição de um

novo sentido a uma palavra ou

expressão que já existe.

Agora, responda: que relação existe entre o título da crônica e seu tema? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 10 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 9 ESPELHO Espelho, espelho meu: diga a verdade, quem sou eu? Se às vezes me estilhaço, se às vezes viro mil, se quero mudar o mundo, se quero mudar o rosto, se tenho sempre na boca um gosto de água e de céu, se às vezes sou tão só quando me viro do avesso, se às vezes anoiteço em plena luz do sol ou então amanheço com vontade de voar, espelho, espelho meu: diga a verdade, quem sou eu? MURRAY, Roseana. Recados do Corpo e da Alma, São Paulo: FTD, 2003

1 – Você percebeu que o primeiro verso do poema dialoga com outro texto? Qual? Converse com seus colegas ou pesquise para descobrir. __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – O poema começa com uma dúvida, expressa em uma pergunta. Que palavra é utilizada repetidamente e ajuda a reforçar essa dúvida do eu lírico? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 – Indique um trecho do poema em que se perceba o uso figurado da linguagem: __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 – A HIPÉRBOLE é a figura de linguagem que consiste no exagero de uma expressão, para causar um efeito expressivo. Indique uma hipérbole no texto: __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Indique, no texto, o uso de ideias opostas. O que esse uso reforça? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6– Qual o tema do texto? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

A INTERTEXTUALIDADE ocorre quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Além do texto verbal, podemos perceber esse diálogo entre outras linguagens, como a música e a pintura, por exemplo. Quem lê mais, aumenta seu repertório de textos, amplia seu conhecimento de mundo, e fica mais competente para perceber o diálogo entre os textos. Fique ligado!

O próximo texto é um poema. Como você responderia ao questionamento feito na primeira estrofe? Ou então: o que o espelho responderia a você?

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PÁGINA 11 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

MÍDIA E O CULTO À BELEZA DO CORPO Há nas sociedades contemporâneas uma intensificação do culto ao corpo, onde os indivíduos experimentam uma crescente

preocupação com a imagem e a estética. Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral, que perpassa todas as

classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso que ora lança mão da questão estética, ora da preocupação com a saúde. Segundo Pierre Bourdieu, sociólogo francês, a linguagem corporal é marcadora pela distinção social, que coloca o consumo

alimentar, cultural e forma de apresentação – como o vestuário, higiene, cuidados com a beleza etc. – como os mais importantes modos de se distinguir dos demais indivíduos.

Nas sociedades modernas há uma crescente preocupação com o corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de cosméticos, impulsionados basicamente pelo processo de massificação das mídias a partir dos anos 1980, onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. Não por acaso que foi nesse período que surgiram as duas maiores revistas brasileiras voltadas para o tema: “Boa Forma” (1984) e “Corpo a Corpo” (1987).

Contudo, foi o cinema de Hollywood que ajudou a criar novos padrões de aparência e beleza, difundindo novos valores da cultura de consumo e projetando imagens de estilos de vida glamorosos para o mundo inteiro.

Da mesma forma, podemos pensar em relação à televisão, que veicula imagens de corpos perfeitos através dos mais variados formatos de programas, peças publicitárias, novelas, filmes etc. Isso nos leva a pensar que a imagem da “eterna” juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, atravessa todas as faixas etárias e classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. Nesse sentido, as fábricas de imagens, como o cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso.

Os programas de televisão, revistas e jornais têm dedicado espaços em suas programações cada vez maiores para apresentar novidades em setores de cosméticos, de alimentação e vestuário. Propagandas veiculadas nessas mídias estão o tempo todo tentando vender o que não está disponível nas prateleiras: sucesso e felicidade.

O consumismo desenfreado gerado pela mídia em geral foca principalmente adolescentes como alvos principais para as vendas, desenvolvendo modelos de roupas estereotipados, a indústria de cosméticos lançando a cada dia novos cremes e géis redutores para eliminar as “formas indesejáveis” do corpo e a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite.

Preocupados com a busca desenfreada da “beleza perfeita” e pela vaidade excessiva, sob influência dos mais variados meios de comunicação, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica apresenta uma estimativa de que cerca de 130 mil crianças e adolescentes submeteram-se no ano de 2009 a operações plásticas.

Texto 10

Você já parou para pensar que mais alguém pode influenciar sua resposta à pergunta que inicia o texto anterior? O próximo texto vai defender uma ideia. Ele é um texto de base argumentativa, um artigo de opinião.

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PÁGINA 12 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1- Qual o problema da sociedade atual apresentado no primeiro parágrafo? _________________________________________________________________________________________________________________ 2- Reescreva o trecho “[...] apoiada num discurso que ora lança mão da questão estética, ora da preocupação com a saúde.”, trocando o conectivo ORA por outro sem alterar o significado do texto. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 3- No segundo parágrafo aparece o pensamento do filósofo Pierre Bourdieu. Escreva com suas palavras a ideia apresentada. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 4- O que levou, segundo o texto, ao aparecimento de revistas brasileiras como Boa Forma e Corpo a Corpo? _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 5- “Contudo, foi o cinema de Hollywood que ajudou a criar novos padrões de aparência e beleza, difundindo novos valores da cultura de consumo e projetando imagens de estilos de vida glamorosos para o mundo inteiro.”. Substitua a palavra destacada por outra, sem alterar o sentido do trecho. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 6- Segundo o texto, em que o cinema de Hollywood e a televisão se aproximam? _________________________________________________________________________________________________________________ 7- Qual a causa de crianças e adolescentes submeterem-se a cirurgias plásticas, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica? _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 8- Pode-se perceber que o texto condena todo e qualquer cuidado com o nosso corpo? Justifique sua resposta, retirando do texto a tese. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________

Evidentemente que a existência de cuidados com o corpo não é exclusividade das sociedades contemporâneas e que devemos ter uma especial atenção para uma boa saúde. No entanto, os cuidados com o corpo não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós mesmos.

Orson Camargo - Colaborador Brasil Escola .Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP. Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual

de Campinas – UNICAMP http://www.brasilescola.com/sociologia/a-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.htm

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PÁGINA 13 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 11 DA IMPORTÂNCIA DO AGORA

Nara Rúbia Ribeiro O pior prisioneiro é aquele que jaz trancafiado no tempo. Aquele que se fecha dentro das grades imaginárias de um passado estancado

na memória, e não deixa o presente fluir. Aquele que morre de medo de ser, de existir, de enfeitar a masmorra de suas emoções com as flores do agora, e alega “flores não

tardam: desfalecem”. Ele não se permite a perplexidade, o encantamento, o deslumbramento com as ínfimas, mas grandiosas e infinitas alegrias que o cercam. E, assim, se desvencilha da poesia que o visita a cada fração de segundo.

Há, também, aquele que se faz prisioneiro do futuro e vive na ansiedade de quem adia, dentro de si, o pulsar das emoções. Assim, aquilo que de belo se lhe apresenta na alma, ele o faz abafar, o despreza, o desqualifica, pois ele aguarda um futuro que há de ser ainda mais grandioso e mais perfeito.

A vida é uma sucessão de oportunidades únicas, todas efêmeras, cada qual com sua rara e insubstituível beleza, para adornar o instante de cada um.

Não é possível desfrutar do eterno se ele não se fizer fracionado em instantes. Então, que os ponteiros do agora indiquem a nossa melhor hora de íntimo mergulho nas turbulências da nossa paz interior; eis a nossa

libertação. E não se preocupe: ninguém morre afogado de si. Ninguém. http://www.revistapazes.com/

1 – Qual o significado, no texto, para o termo destacado em “O pior prisioneiro é aquele que jaz trancafiado no tempo” ? _________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Analise o primeiro parágrafo e, com suas palavras, explique a ideia principal que será defendida no texto. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________

3 – Sublinhe um trecho do texto em que esteja um argumento utilizado para defender a tese.

TESE é a ideia que defendemos, pois a argumentação implica posicionamento, defesa do ponto de vista, o que pode implicar, evidentemente, divergência de opinião. Os argumentos de um texto são, em geral, facilmente localizáveis.

Identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o texto afirma isso (tese) por vários motivos (argumentos). Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos: exemplos, comparações, dados históricos, dados estatísticos,

pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos – enfim, tudo o que possa demonstrar que o ponto de vista defendido pelo autor tem consistência.

O próximo texto também defende uma ideia. Siga lendo e aprendendo cada vez mais.

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PÁGINA 14 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O próximo texto foi publicado na Revista Superinteressante. Compare-o com o poema que virá logo a seguir. Perceba a diferença quanto ao uso da língua portuguesa e quanto à sua finalidade. Converse com seu Professor(a) de Ciências sobre o conteúdo do texto.

1 – Sublinhe, no texto, a ideia principal a partir da qual se desenvolve o primeiro parágrafo. 2 – A que se refere o termo destacado em “...somos poeira das estrelas.” _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 – Ainda no primeiro parágrafo, explique a relação de causa e consequência. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 – No segundo e no terceiro parágrafos, há termos destacados. Você sabe que, num texto, evitamos a repetição desnecessária e, para retomarmos uma ideia, nos utilizamos de estratégias de coesão textual.

Marque, então, os termos que retomam o que foi destacado em cada parágrafo.

Texto 12 SOMOS POEIRA DE ESTRELAS

A matéria-prima do ar, das rochas e da vida foi e continua sendo forjada pelas pressões gigantescas que existem no coração das maiores estrelas.

O astrônomo americano Carl Sagan, provavelmente o maior divulgador científico de todos

os tempos, costumava dizer que nós – humanos, seres vivos da Terra, o próprio planeta e todo o sistema solar – somos poeira das estrelas. Era o modo lírico dele de explicar nossas origens no Universo. Só surgimos porque outras estrelas morreram há bilhões de anos, espalhando pelo espaço matéria composta de elementos químicos que viriam a nos constituir tempos depois.

Esse, na verdade, é o processo de vida e morte que permeia todo o Cosmo. AS PRIMEIRAS ESTRELAS nasceram [...] em condições bastante diferentes das que formam novas estrelas hoje. Foi a morte delas, no entanto, em eventos violentos e espetaculares, que abriu caminho para a formação de sistemas solares como o nosso. Nos primórdios do Universo só havia no espaço os elementos químicos hidrogênio e hélio. Foi o calor gerado pela explosão dessas primeiras estrelas, mais ou menos 1 bilhão de anos depois, que ajudou a produzir e espalhar os elementos necessários à vida: carbono, nitrogênio e oxigênio, além de ferro, fósforo etc. Até o surgimento da Terra, no entanto, passou-se mais um bom tempo.

Essas explosões espetaculares de estrelas são conhecidas como supernovas. Elas ocorrem, por exemplo, quando ESTRELAS ENORMES, com massa superior a 8 vezes a do nosso Sol, consomem todo o combustível em seu interior e ficam incapazes de se sustentar. Sem o suporte, a matéria de seu exterior acaba despencando em direção ao núcleo, e a estrela sofre um colapso. Isso provoca um aumento de temperatura e pressão e ela explode, lançando estilhaços de carbono, oxigênio etc. Nesse momento, o brilho é tão forte que lembra mais o de um cometa – sem cauda, claro.

Essas explosões acabam funcionando como os grandes motores das transformações cósmicas. O material jogado no espaço vai formar outras estrelas, outros planetas. [...]

Giovana Girardi Revista Superinteressante - Edição 245ª novembro de 2007.

Converse com o seu Professor de Ciências sobre a evolução dos conceitos científicos. A ciência está sempre descobrindo novos caminhos.

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PÁGINA 15 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1 – A quem se dirige o eu lírico? _____________________________________________________________________ 2 – Para que servem os parênteses em “(direis)”, no primeiro verso? _____________________________________________________________________ 3 – Como é marcado o diálogo no texto? _____________________________________________________________________ 4 – Qual o estado de espírito do eu lírico nas duas primeiras estrofes do texto? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Qual a explicação para o eu lírico ouvir estrelas? Que palavra marca essa explicação? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – Compare os textos 12 e 13 no que se refere à linguagem. Qual deles é literário? Explique. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Texto 13 VIA LÁCTEA (XIII) “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A via láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” BILAC, Olavo. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 2012.

E por falar em estrelas...

Podemos utilizar a nossa língua portuguesa para informar, objetivamente, de forma utilitária, ou trabalhar o modo de dizer de forma artística, para causar, no leitor, uma emoção, um efeito estético.

Quando a palavra é utilizada de forma predominantemente artística, subjetiva e figurada, temos o texto literário.

Essas formas de utilização da linguagem marcam a diferença entre o texto literário e o não literário.

“Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias. [...]” http://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia

www.academia.org.br

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PÁGINA 16 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 14

Livro Box Calvin e Haroldo – 7 volumes. Editora Conrad.

Texto 16

http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/27431-tiras-de-armandinho#foto-449325

1 – Que crítica você pode perceber no texto 15? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

http://www.porliniers.com/tiras/browse

Texto 15

http://www.porliniers.com/tiras/browse

Texto 17

1 – A tirinha mostra Calvin conversando com seu tigre Haroldo. Que informação da tirinha se relaciona ao texto 12? __________________________________________________________________________________________________________________________________

2 – A imagem do terceiro quadrinho se diferencia. Que efeito ela produz? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 – Explique o último quadrinho, tomando por base o texto verbal e o não verbal. __________________________________________________________________________________________________________________________________

1 – Qual o sentido de “alcançar” no último quadrinho? ________________________________________________________________________________________________

1 – Qual o sentido de “estrelas” no texto? ________________________________________________________________________________________________

Ainda estrelas...

Eu fico com minha vida mil estrelas...

Você viu toda essa gente que se mata por uma vida cinco

estrelas?

Pensar que existem pessoas que creem

que as estrelas estão na televisão.

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PÁGINA 17 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O sonho domado Thiago de Mello Sei que é preciso sonhar. campo sem orvalho, seca a fronte de quem não sonha. Quem não sonha o azul do voo perde o seu poder de pássaro. A realidade da relva cresce em sonho no sereno para não ser relva apenas, mas a relva que se sonha. Não vinga o sonho da folha se não crescer incrustado no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca que o sol do sonho te arraste pelas campinas do vento. É sonhar, mas cavalgando o sonho e inventando o chão para o sonho florescer.

Nossos sonhos também fazem parte do que somos. Leia os textos desta página e se inspire. No início deste novo ano, que sonhos aquecem o seu coração? Você já traçou metas

para o ano que começa? O que deseja conquistar? O que pretende mudar? Seu desafio vai ser escrever os seus sonhos. Combine com seu professor(a) uma forma de “guardar” esses sonhos. Ao final do ano, você poderá reler esse texto e refletir sobre sua caminhada. Essas são funções importantes da escrita: registrar, guardar.

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Livro Box Calvin e Haroldo – 7 volumes. Editora Conrad.

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PÁGINA 18 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Seguimos falando de sonhos, agora retomando o poema.

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1 – O que significa o sonho para o eu do texto? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 2 – O que significa: a) sonho domado? _______________________________________________________________________________ b) o sonho florescer ? _______________________________________________________________________________ 3 – Qual a palavra no texto que está no mesmo campo de significado de “domado” ? _______________________________________________________________________________ 4 – Qual o tema do texto? _______________________________________________________________________________

5 – Agora, relacione o texto à letra de samba de enredo “Sonhar não custa nada”. Qual o verso ou conjunto de versos do texto 18 que se aproxima do sentido dos versos “Transformar o sonho em realidade/E sonhar com a mocidade/É sonhar com o pé no chão”? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Você observou que, em vários textos deste início do caderno pedagógico, é utilizada a linguagem conotativa? Você foi levado a imaginar...

O que seria “Viajar nos braços do infinito”? Como seria “...sonhar, mas cavalgando o sonho...”? A linguagem conotativa é também chamada de linguagem figurada exatamente porque ela evoca imagens, provoca o leitor

para que ele associe ideias, indo além do sentido objetivo, denotativo.

Não perca! Morde a Língua - O poeta é

um fingidor: poesia . Acesse

http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/busca?mult=&cat=&tip

=&proj=9163&txt=

Texto 18 O SONHO DOMADO Thiago de Mello Sei que é preciso sonhar. campo sem orvalho, seca a fronte de quem não sonha. Quem não sonha o azul do voo perde o seu poder de pássaro. A realidade da relva cresce em sonho no sereno para não ser relva apenas, mas a relva que se sonha. Não vinga o sonho da folha se não crescer incrustado no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca que o sol do sonho te arraste pelas campinas do vento. É sonhar, mas cavalgando o sonho e inventando o chão para o sonho florescer.

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PÁGINA 19 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Agora, você vai ler um texto escrito por um jovem como você.

Texto 19 SONHANDO EM SER FELIZ

Muitos adolescentes sentem-se perdidos quando o assunto é o futuro.

Todos projetamos uma vida feliz, de acordo com critérios pessoais de felicidade, porém, ao mesmo tempo, nossos projetos são preenchidos por dúvidas e temores.

Muitas vezes me pergunto quais são os meus objetivos e o que espero conquistar. Já perdi as contas de quantas vezes mudei de ideia e imagino que aconteça a mesma coisa com a maioria dos adolescentes da minha idade. É como um “tiro no escuro”, não temos certeza de nossas escolhas. Apaixonamo-nos e desapaixonamo-nos, sempre nos perguntando onde está o “amor de nossas vidas”. Nós, adolescentes, queremos tudo na hora; não gostamos do termo “esperar” [...].

Quantos de nós, quando éramos pequenos, dizíamos que moraríamos sozinhos aos 17 anos, dividindo apartamento com nossos amigos, e seríamos independentes? E percebemos que, na verdade, não é assim tão fácil.

A maioria dos meus amigos tem dificuldade para escolher uma profissão. Ás vezes se perguntam: “será que é isso mesmo?”. Imagino que isso deva acontecer com todos nós.

Acredito que a autoconfiança é um fator fundamental para alcançarmos qualquer objetivo. Se não confiarmos em nós, quem há de confiar?

Portanto, devemos nos empenhar, independente do que escolhermos fazer: devemos dar tudo de nós.

Monique Barbosa de Oliveira CIEP Francisco Cavalcante Pontes de Miranda. Projeto Redação Folha Dirigida, 2010.

Você já deve ter estudado que uma forma básica de organizar um texto de base argumentativa é estruturá-lo em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. De forma geral, pode-se pensar assim:

Introdução Apresenta a ideia central.

Desenvolvimento São apresentadas as ideias secundárias. É a linha argumentativa,

Conclusão Retoma a ideia central e, tendo em vista a argumentação anterior, a conclui, reafirmando o que foi dito, propondo, criticando, abrindo uma nova questão sobre o tema etc.

1 – Marque, no texto, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

2 – Qual a ideia principal do texto? __________________________________________________________________________________________________________________________

3 – Cite um argumento utilizado para defender essa ideia. __________________________________________________________________________________________________________________________

4 – Por que são utilizadas aspas no trecho ‘. É como um “tiro no escuro” ”, não temos certeza de nossas escolhas.’? __________________________________________________________________________________________________________________________

5 – O que significa a expressão “tiro no escuro”? __________________________________________________________________________________________________________________________

6 – Qual a ideia expressa pelo termo destacado em “Portanto, devemos nos empenhar, independente [ ...]. _____________________________________________________________

7 – Indique um trecho do texto em que se percebe a interação com o leitor. _____________________________________________________________

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PÁGINA 20 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 20 A RESPOSTA ESTÁ NO AR (BLOWN’ IN THE WIND) Quantos caminhos um homem deve andar pra que seja aceito como homem quantos mares uma gaivota irá cruzar pra poder descansar na areia quanto tempo as balas dos canhões explodirão antes de serem proibidas the answer, my friend, is blowing in the wind the answer is blowingin the wind quantas vezes deve um homem olhar para cima para poder ver o céu quantos ouvidos um homem deve ter para ouvir os lamentos do povo quantas mortes ainda serão necessárias para que se saiba que já se matou demais the answer, my friend, is blowing in the wind the answer is blowing in the wind quanto tempo pode uma montanha existir antes que o mar a desfaça quanto tempo pode um povo viver sem conhecer a liberdade quanto tempo um homem deve virar a cabeça fingindo não estar vendo the answer, my friend, is blowing in the wind the answer is blowing in the wind http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/sobretudo/a-letra-e-a-traducao-de-blowin%C2%B4in-the-wind-de-dylan/

Nessa letra da canção de Bob Dylan, pode-se perceber a linguagem figurada desde o seu título. Você se lembra de que já vimos essa linguagem em muitos textos e até em cadernos dos anos anteriores? 1 - Começando, então, pelo título da canção, como pode-se dizê-lo de outra maneira, mantendo o seu significado? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 - Transcreva do texto versos que traduzam o quanto se deverá fazer para que se consiga o que se deseja: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 - Em que versos pode-se perceber que o poeta é contra a guerra. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 - Qual a ideia contida nos versos “quanto tempo um homem deve virar a cabeça fingindo não estar vendo”? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________

Você já parou para pensar que existem vários tipos de sonhos? Uns são mais pessoais, outros mais universais. Você agora está sendo convidado a ler uma letra de canção emblemática, que traz esse tom dos sonhos universais. O autor da canção, Bob Dylan, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2016, fato que tem causado polêmica.

Para saber mais...

Essa é uma versão da letra de BLOWN’ IN

THE WIND para a língua

portuguesa. Sugerimos que você converse

com o seu Professor de

Inglês sobre a letra original.

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PÁGINA 21 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 21 PRIVAÇÕES

Minha lista de candidatos ao Nobel de literatura incluiria Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, João Cabral e Carlos Drummond de Andrade

Durante anos, o Brasil sofreu a privação do Frank Sinatra. Passava ano, passava ano, e o Frank Sinatra

não vinha. Nossa maior angústia era com o tempo: se demorasse muito para vir, o Frank Sinatra, quando viesse, não seria mais o mesmo. Poderia não ter mais a grande voz, ou ser uma múmia de si mesmo.

Por que o Frank Sinatra não vinha ao Brasil enquanto era tempo? E, finalmente, o Frank Sinatra veio ao Brasil. E a espera, concordaram todos, tinha valido a pena. Sinatra cantou no Rio Palace para endinheirados e no Maracanã para uma multidão. [...]

O Brasil agradeceu a Sinatra com o maior público da sua carreira. E ficou feliz. Vivemos, há anos, outra privação, talvez não tão pungente: o Brasil jamais ganhou um Nobel de Literatura. Portugal já ganhou, com o Saramago, mas o Brasil nunca. E tivemos bons candidatos ao prêmio. Faça a sua própria lista.

A minha incluiria Guimarães Rosa, entre outros romancistas. Clarice Lispector, por que não? Para ficar só nos poetas, Manuel Bandeira, João Cabral e, talvez, o mais merecedor de todos, Carlos Drummond de Andrade. Mas a Academia Sueca nunca olhou para cá. Seus critérios são misteriosos.

Dizem que o júri para o prêmio de literatura se reúne só uma vez, bota os nomes dos escritores mais obscuros de que podem se lembrar dentro de um chapéu e o nome que sair será o escolhido. Exagero ressentido, claro. Às vezes o premiado é conhecido por mais de 17 pessoas, às vezes merece o prêmio mesmo sem ser conhecido.

Mas o fato é que Tolstoi, Marcel Proust, James Joyce, Virginia Woolf, Jorge Luis Borges e muitos outros nunca foram lembrados. A Academia Sueca tende para um certo exibicionismo nas suas escolhas surpreendentes. Agora se superou. Deu o prêmio de literatura a um compositor. Nada contra. Bob Dylan é um belo poeta, embora eu ache que Bruce Springsteen faz o mesmo trabalho com mais pegada.

(Confesso que não gosto muito da voz fanhosa do Dylan, o que, claro, prejudicou a apreciação das suas letras).

E se a Academia Sueca está anunciando um precedente ao premiar letras de músicas como literatura, crescem as chances de o Brasil, finalmente, ganhar um Nobel. Temos Chico Buarque e Caetano Veloso e alguns outros poetas musicais. Ponham o nome deles no chapéu.

Luis Fernando Verissimo O Globo, 20 de outubro de 2016 (Adaptado)

“Luis Fernando Verissimo é um dos mais

respeitados cronistas brasileiros [...].

Filho de Érico Veríssimo, um dos maiores nomes da

literatura nacional, Luis Fernando Verissimo

nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde

aprendeu a tocar saxofone, hábito que

cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6. É

jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se

dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor, no Rio de

Janeiro. [...]”

http://www.objetiva.com.br/autor_ficha.php?id=264

“O Prêmio Nobel é uma das mais prestigiadas premiações do mundo. Todos os anos, pessoas que fizeram pesquisas de grande valor para o bem do ser humano em diversas áreas, como Química, Física, Medicina, Literatura, Economia e Paz, são escolhidas e premiadas.” http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/curiosidades/premio-nobel.htm

O próximo texto vai se posicionar na polêmica do Nobel de Bob Dylan.

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PÁGINA 22 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Agora o desafio é seu! No texto foram citados muitos escritores conceituados. É muito importante que você amplie seus conhecimentos sobre eles. Faça, com seus colegas, uma lista desses autores e pesquise sobre eles. Combine com seu Professor se o trabalho será em duplas ou em grupos. Na pesquisa vocês devem selecionar um texto de cada autor e, por fim, realizar uma Roda de Leitura com esses textos. Esse será, com certeza, um momento muito saboroso de aprendizado.

1 – Qual o efeito da repetição no trecho “Passava ano, passava ano, e o Frank Sinatra não vinha.”? ________________________________________________________________________________________________________________

2 – Qual a função dos dois pontos no trecho: “Nossa maior angústia era com o tempo: se demorasse muito para vir, o Frank Sinatra, quando viesse, não seria mais o mesmo.” ________________________________________________________________________________________________________________

3 - Justifique o título do texto. ________________________________________________________________________________________________________________

4 – Retire do texto um trecho que explicite o diálogo com o leitor. ________________________________________________________________________________________________________________

5 – Retire do texto um trecho em que fique clara uma opinião sobre a fundação que oferece o Prêmio Nobel. ________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________

6 – A ironia é uma figura de linguagem que se caracteriza por dizer uma coisa querendo dizer outra, podendo chegar a ridicularizar, a satirizar. No texto há um trecho em que fica clara a ironia, destaque o parágrafo em que isso ocorre. ________________________________________________________________________________________________________________

7 – Qual o efeito do uso dos parênteses no penúltimo parágrafo do texto? ________________________________________________________________________________________________________________

Texto 22 O OUTRO LADO DO NOBEL O prêmio Nobel está fazendo 100 anos. Foi um século de polêmicas, injustiças, brigas políticas e atos heroicos. Denis Russo Burgierman

Um belo dia de 1888, Alfred Nobel acordou e foi ler os jornais. Abriu na página de obituários e encontrou um texto intitulado “O rei da dinamite”. Lá, o jornal afirmava que Alfred Nobel, o “mercador da morte”, o homem que tinha construído uma fortuna explodindo coisas – e pessoas –, estava morto. A notícia não procedia, é claro – Nobel, o milionário sueco de 55 anos, que naquele exato momento lia seu próprio obituário, estava vivíssimo. Ao escrever o texto, um repórter confundiu o nome de Alfred com o de seu irmão Ludwig, esse sim morto no dia anterior.

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PÁGINA 23 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Mal sabia o anônimo repórter que detonaria, com seu erro, uma longa história de vitórias heroicas, derrotas humilhantes e vice-versa, de injustiças, polêmicas e triunfos. O infeliz obituário levou Nobel, o químico brilhante que inventou a dinamite e enriqueceu com isso, a repensar toda sua vida. Ele não queria entrar para a história com aquela imagem. Em 1895, Nobel terminou seu testamento, no qual detalhava os prêmios internacionais que deveriam ser dados, anualmente, em seu nome. Os vencedores, além de ganhar uma medalha de ouro e um diploma bonito, dividiriam entre si os juros sobre a fortuna que Nobel deixou. Os prêmios seriam dados em cinco categorias: Química, Física, Literatura, Medicina ou Fisiologia e Promoção da Paz. (O de Economia seria criado só em 1968, para comemorar o tricentenário do Banco da Suécia. A prestigiosa revista científica americana Science publicou recentemente um artigo defendendo a ideia de que esse prêmio não reflete a filosofia do Nobel e propondo sua substituição por um “Nobel de Sustentabilidade”, que incluísse todas as ciências ambientais, inclusive a Economia.)

No dia 10 de dezembro de 1896, Alfred Nobel morreu do coração – merecendo desta vez obituários bem mais favoráveis. Cinco anos depois, há exatamente um século, os prêmios começaram a ser entregues. [...]

access_time30 nov 2001, 22h00 - Atualizado em 19 out 2016.Adaptado de http://super.abril.com.br/cultura/o-outro-lado-do-nobel/

1- A quem se referem no texto do obituário os termos“ O rei da dinamite”? ______________________________________________________________________________________________________________

2- Por que Alfred Nobel foi chamado pelo jornal de o “mercador da morte”? ______________________________________________________________________________________________________________

3- Por que a notícia sobre a morte de Alfred Nobel não procedia? ______________________________________________________________________________________________________________

4- A quem se referem os termos “o milionário sueco de 55 anos”? _____________________________________________________________________________________________________________ 5- Qual a consequência do erro do repórter em relação ao obituário de Alfred Nobel? ____________________________________________________________________________________________________________

6- Em 1895, o que Alfred Nobel determinou em seu testamento? ____________________________________________________________________________________________________________

7- A que se refere o termo destacado no trecho : (“O de Economia seria criado só em 1968, para comemorar o tricentenário do Banco da Suécia.)”? ____________________________________________________________________________________________________________

8- Transcreva do último parágrafo um trecho que contém uma opinião: _____________________________________________________________________________________________________________

9- Qual ideia é defendida pela revista Science no penúltimo parágrafo? O que ela propõe? _____________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 24 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 23 A MENSAGEM NA GARRAFA

Como outros escritores veteranos recebo muitas obras de estreantes. Livros de contos, de poesia, crônicas, um ou outro romance; edições modestas, precárias até, várias delas obviamente pagas pelos próprios autores ─ é difícil arranjar editora quando se está começando. Sempre que posso mando algumas linhas para o remetente, ao menos para dizer que o livro chegou e que, se possível, vou lê-lo. Faço isso porque lembro o jovem escritor que fui, a ansiedade com que procurava fazer chegar meus textos às mãos de pessoas que conhecia e admirava. Esses dias recebi de um contista do Nordeste uma carta em que ele me agradece o fato de lhe ter respondido. E diz: “O difícil não é a gente escrever; difícil, mesmo, é encontrar alguém que leia o que a gente escreve. Pior do que não ter a quem contar o que a gente sente é contar o que a gente sente a quem não sente o que a gente conta.”

*** Nestas frases está todo o drama da incomunicabilidade humana. Todos nós temos os nossos sofrimentos, as nossas angústias; todos nós queremos expressar essas coisas sob a forma de palavras, faladas ou, como acontece em alguns caos, escritas. Se há talento nisso, se o desabafo se transforma em literatura, é outra questão. O ponto crucial é que temos mensagens a transmitir, precisamos transmiti-las e não sabemos se alguém vai recebê-las. Aí se aplica a clássica metáfora do náufrago na ilha deserta que escreve um bilhete, e coloca-o numa garrafa e joga-a ao mar. Essa garrafa chegará a alguém? E esse alguém fará alguma coisa pelo náufrago? Ou estará o potencial salvador tão envolvido com seus próprios problemas que jogará fora garrafa e bilhete? Nós temos, sim, a capacidade de entender o outro, de corresponder a seu anseio. Chama-se empatia isso. Mas a capacidade de ser empático varia de pessoa a pessoa, e numa mesma pessoa varia com sua disposição momentânea. Há momentos em que estamos dispostos a recolher a garrafa da areia da praia e ler a mensagem que ali está. E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as pessoas jogam lixo em qualquer lugar.

*** Os escritores não estão imunes a essas dúvidas e ansiedades. Ninguém escreve para a gaveta; todo mundo escreve para ser lido. Não necessariamente por multidões; cem leitores já me bastariam, dizia o grande Flaubert, que hoje é lido por milhões. Franz Kafka , um dos escritores mais revolucionários do século XX, tinha um público muito reduzido; conta-se que, quando foi publicada uma de suas obras, ele perguntou numa livraria próxima à sua casa quantos exemplares haviam sido vendidos. Onze, foi a resposta do livreiro. “Dez fui eu que comprei”, replicou Kafka, acrescentando: “Eu só queria saber quem foi o décimo primeiro.” Ao morrer (ainda jovem, de tuberculose), Kafka pediu ao amigo Max Brod que destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não valia a pena. Brod não atendeu a esse pedido e a humanidade lhe agradece: graças a ele, temos acesso a uma obra extraordinária.

Depois de falar de alguns escritores maravilhosos, o próximo texto vai fazer você continuar refletindo.

Agora você tem mais um desafio! Pensando nas pessoas que você conhece, famosas ou não, quem você premiaria se organizasse um Prêmio Nobel? Quais as categorias que haveria no seu Prêmio Nobel? Escreva um pequeno texto expondo e defendendo sua opinião. Combine com o seu Professor um modo de compartilhar seu texto.

ESPAÇOCRIAÇÃO

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PÁGINA 25 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1 - Transcreva do primeiro parágrafo uma frase em que há a) uma comparação ____________________________________________________________________________________________ b) uma opinião ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ c) uma condição ______________________________________________________________________________________________ 2 - Segundo o cronista, o que todos nós desejamos? (segundo parágrafo) ___________________________________________________________________________________________________________ 3 - Qual a definição de empatia presente no texto? __________________________________________________________________________________________________________ 4 - A que se refere o termo destacado em “E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as pessoas

jogam lixo em qualquer lugar” ? ___________________________________________________________________________________________________________ 5 – No trecho que se segue, marque a causa: “Kafka pediu ao amigo Max Brod que destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não

valia a pena”. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – Retire do texto um trecho que explicita o diálogo com o leitor. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Os cientistas dizem que os humanos são feitos de átomos, mas a mim um passarinho contou que somos feitos de histórias. Eduardo Galeano

http://goo.glesafe.com/?q=galeano+somos+feitos+de+hist%C3%B3rias

[...] Só vivemos realmente se contraímos laços com outras pessoas, e para estabelecer esses laços usamos a palavra falada ou escrita. É a nossa mensagem na garrafa. Só resta esperar que as mensagens cheguem a seu destino.

SCLIAR, Moacyr. Contos e crônicas para ler na escola.Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

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PÁGINA 26 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 24 PARA CONTAR ESTRELAS

─ Pai, como é que a gente conta estrelas do céu?, perguntou Lelê. O pai, baixando o jornal, foi logo fazendo pose de explicação. ─ Bem, existem equipamentos especiais para isso. Eles tiram fotos do céu e fazem medições. E tem o Hubble, que é o

bambambã dos telescópios! Mas só os cientistas podem usá-lo. Então, cada um conta com o que tem à mão. ─ Ah!, disse Lelê com admiração, mesmo sem ter entendido muito bem (ele ainda estava no segundo ano). A mãe o chamou na cozinha para um lanche. Ele se sentou à mesa pensando ainda no que o pai tinha dito. Decidiu perguntar para ela também. ─ Isso seu pai deve saber. Por que não pergunta para ele? ─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e... ─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos práticos. ─ Hum..., pensou Lelê. Assim eu sei! E foi logo devorando o sanduíche. Uns minutinhos depois, Lelê já estava no quintal. Olhava para o alto, bem fundo no céu de estrelas. Para começar, mirou a mais

brilhante e passou a contar em voz alta: Um... Dois... Três..., recolhendo um dedo de cada vez. Chegou até dez. Olhou para as mãos, olhou para o céu.

Suspirou. O problema é que ele tinha só dez dedos, e o céu tinha muito mais estrelas. Desanimado, sentou-se na varanda, apoiando o queixo nas mãos. Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá

falar com ele. ─ O que foi, filho? ─ Nada... ─ Hum. Sabe, eu conheço um jeito de fazer caber todas as estrelas na mão, de uma só vez. Lelê olhou desconfiado, mas ficou atento, esperando o resto da história. ─ Está vendo as estrelas lá em cima? São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como

se fossem grãozinhos de areia. Daí você passa a mão, assim, por todo o céu, como se estivesse varrendo, e fecha de uma vez no final! Depois, chacoalha bem e põe em cima do coração, pegando emprestado um pouco da luz delas.

Ela deu então uma piscadela e foi se levantando para entrar em casa. Lelê percebeu uma emoção estranha no peito, sentiu uma saudade imensa da avó, queria que ela morasse com ele para

sempre. Desde então, sempre que tinha vontade, Lelê contava todas as estrelas do céu. E num punhado só.

Dieter Mandarin http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/contar-estrelas-634173.shtml

Você, agora, é convidado a ler algumas histórias. Recupere na sua memória a estrutura do conto, que já foi estudada em anos anteriores.

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PÁGINA 27 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1- No texto que você acabou de ler, pode-se perceber as falas de quatro personagens. Quem são eles? __________________________________________________________________________________________________________________ 2- Qual o conflito gerador da narrativa? E o desfecho? __________________________________________________________________________________________________________________ 3- No trecho “─ Bem, existem equipamentos especiais para isso.”, a que se refere o termo destacado? __________________________________________________________________________________________________________________ 4- Qual o objetivo dos parênteses e de seu conteúdo no terceiro parágrafo? __________________________________________________________________________________________________________________ 5- No trecho “Então, cada um conta com o que tem à mão.”, qual o significado da expressão contar com o que se tem à mão? __________________________________________________________________________________________________________________ 6- Que diferença de sentido há em: contar com o que se tem à mão e contar o que cada um tem nas mãos? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Por que o menino sentiu-se desanimado quando começou a contar as estrelas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Qual foi a sugestão da avó para que o menino pudesse contar todas as estrelas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9- Transcreva do último parágrafo a expressão indicadora de tempo: __________________________________________________________________________________________________________________ 10- O uso das reticências é expressivo no texto. Releia os trechos e diga para que foram usadas as reticências. a) “─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...

─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos práticos.” _____________________________________________________________________________________________

b) “ ─ O que foi, filho? ─ Nada...” ______________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 28 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

11- No texto, várias vezes, aparecem palavras no diminutivo. Qual o efeito que esse uso provoca nos trechos abaixo? “Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.” “São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora, você vai ler mais um conto. Observe a estrutura do texto.

Texto 25 DE MUITO PROCURAR

Aquele homem caminhava sempre de cabeça baixa. Por tristeza, não. Por atenção. Era um

homem à procura. À procura de tudo o que os outros deixassem cair inadvertidamente, uma moeda, uma conta de colar, um botão de madrepérola, uma chave, a fivela de um sapato, um brinco frouxo, um anel largo demais.

Recolhia, e ia pondo nos bolsos. Tão fundos e pesados, que pareciam ancorá-lo à terra. Tão inchados, que davam contornos de gordo à sua magra silhueta.

Silencioso e discreto, sem nunca encarar quem quer que fosse, os olhos sempre voltados para o chão, o homem passava pelas ruas despercebido, como se invisível. Cruzasse duas ou três vezes diante da padaria, não se lembraria o padeiro de tê-lo visto, nem lhe endereçaria a palavra. Sequer ladravam os cães, quando se aproximava das casas.

Mas aquele homem que não era, via longe. Entre as pedras do calçamento, as rodas das carroças, os cascos dos cavalos e os pés das pessoas que passavam indiferentes, ele era capaz de catar dois elos de uma correntinha partida, sorrindo secreto como se tivesse colhido uma fruta.

À noite, no cômodo que era toda sua moradia, revirava os bolsos sobre a mesa e, debruçado sobre seu tesouro espalhado, colhia com a ponta dos dedos uma ou outra mínima coisa, para que à luz da vela ganhasse brilho e vida. Com isso, fazia-se companhia. E a cabeça só se punha para trás quando, afinal, a deitava no travesseiro.

Estava justamente deitando-se, na noite em que bateram à porta. Acendeu a vela. Era um moço.

Teria por acaso encontrado a sua chave? Perguntou. Morava sozinho, não podia voltar para casa sem ela.

Eu... Esquivou-se o homem. O senhor, sim, insistiu o moço acrescentando que ele próprio já havia vasculhado as ruas inutilmente.

Mas quem disse... resmungou o homem, segurando a porta com o pé para impedir a entrada do outro.

1- O homem, personagem principal do texto, é descrito ao longo do conto. Como ele é?

________________________________________________________________________________________________ 2- A que se referem os adjetivos “fundos e pesados” e “inchados”? ________________________________________________________________ 3- No trecho “Mas aquele homem que não era, via longe.” (4.º parágrafo), a que característica do homem o narrador se refere com a expressão em destaque: ________________________________________________________________ 4- Escreva, de outra forma, a frase “Com isso, fazia-se companhia”, no quinto parágrafo, substituindo o SE por aquilo a que ele se refere: ________________________________________________________________________________________________

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Foi a velha da esquina que se faz de cega, insistiu o jovem sem empurrar, diz que o senhor enxerga por dois.

O homem abriu a porta. Entraram. Chaves havia muitas sobre a mesa. Mas não era

nenhuma daquelas. O homem então meteu as mãos nos bolsos, remexeu, tirou uma pedrinha vermelha, um prego, três chaves. Eram parecidas, o moço levou as três, devolveria as duas que não fossem suas.

Passados dias bateram à porta. O homem abriu, pensando que fosse o moço. Era uma senhora.

Um moço me disse... Começou ela. Havia perdido o botão de prata da gola e o moço lhe havia garantido que o homem saberia encontrá-lo. Devolveu as duas chaves do outro. Saiu levando seu botão na palma da mão.

Bateram à porta várias vezes nos dias que se seguiram. Pouco a pouco espalhava-se a fama do homem.

Pouco a pouco esvaziava-se a mesa dos seus haveres. Soprava um vento quente, giravam folhas no ar, naquele fim de

tarde, nem bem outono, em que a mulher veio. Não bateu à porta, encontrou-a aberta. Na soleira, o homem rastreava as juntas dos paralelepípedos. Seu olhar esbarrou na ponta delicada do sapato, na barra da saia. E manteve-se baixo.

Perdi o juízo, murmurou ela com voz abafada, por favor, me ajude. Assim, pela primeira vez, o homem passou a procurar alguma

coisa que não sabia como fosse. E para reconhecê-la, caso desse com ela, levava consigo a mulher.

Saíam com a primeira luz. Ele trancando a porta, ela já a esperá-lo na rua. E sem levantar a cabeça ─ não fosse passar inadvertidamente pelo juízo perdido ─ o homem começava a percorrer rua após rua.

Mas a mulher não estava afeita a abaixar a cabeça. E andando, o homem percebia de repente que os passos dela já não batiam ao seu lado, que seu som se afastava em outra direção. Então parava, e sem erguer o olhar, deixava-se guiar pelo taque-taque dos saltos, até encontrar à sua frente a ponta delicada dos sapatos e recomeçar, junto deles, a busca.

COLASANTI. Marina. Histórias de um viajante. São Paulo: Global, 2005.

5- Repare que há um diálogo no trecho que vai do oitavo ao décimo parágrafo. Escreva-o, usando a pontuação característica de um diálogo: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8- O que significa o termo “ seus haveres”? (16.º parágrafo)? ____________________________________________________

9- A chegada da mulher provocou inicialmente duas mudanças na vida do homem. Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- O que significam as reticências nesse trecho? ________________________________________________________________________________________________________

7- A quem se refere a palavra destacada em: “Devolveu as duas chaves do outro”? ____________________________________________________

10- O que significa a expressão “afeita a abaixar a cabeça”, no último parágrafo? ________________________________________________________________________________________________________

Não perca! Morde a Língua - Vladimir, o sapo, e outras

histórias: contos . Acesse

http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/busca?mult=&cat=&tip=&proj=9163&txt=

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12 - Analise o narrador dos contos, preenchendo o quadro:

Para contar estrelas

De muito procurar

Foco narrativo

O narrador pode se apresentar como narrador-personagem, ou seja, aquele que participa das ações, dos fatos; ou como narrador-observador, que não participa da história, somente a observa.

Narrador-observador

Verbos em terceira pessoa.

Narrador-personagem

Verbos em primeira pessoa.

Como você já sabe, um conto, em geral, possui uma estrutura mais ou menos composta pelos seguintes momentos: situação inicial (ou apresentação), complicação (do conflito gerador ao clímax), desfecho.

De maneira geral, o conto é mais breve que um romance e apresenta número reduzido de personagens. O tempo e o espaço em que se desenvolve a história também são mais restritos.

Podemos dizer que esse gênero textual apresenta sequências de fatos, que são vividos pelas personagens, num determinado tempo e lugar. Existe também um narrador, aquele que conta a história.

Esses são os elementos do texto de base narrativa: personagem, tempo, lugar, ação e narrador.

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PÁGINA 31 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Momentos da narrativa Trechos do conto “De muito procurar”

1 - Situação inicial (ou apresentação)

Geralmente, o início do texto de base narrativa, em

que podem ser apresentados os elementos

da narrativa (espaço, tempo, personagens),

situando o leitor.

Complicação

2 - Conflito gerador

Momento em que surge um fato novo que muda o

rumo da história.

3 - Clímax

Momento culminante, de maior tensão dentro da história.

4 - Desfecho

Conclusão da história, normalmente apresentando

a solução do conflito.

13- Leia os quadros que se seguem e preencha cada um deles, analisando o conto “De muito procurar”.

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Seu desafio é escrever um conto. O conteúdo desse conto é você que vai escolher. Você deve escolher entre - um conto de mistério - uma aventura - um encontro especial

Para isso, vamos passo a passo.

1.º passo

Planeje seu conto. Escreva uma lista de assuntos que poderiam virar um conto. Faça uma tempestade de ideias.

2.º passo

Analise as ideias que você listou e escolha a que vai virar um conto. Em seguida, você pode utilizar uma estratégia para contá-la de forma rápida, fazendo uso das perguntas abaixo. Assim,

vai ficar mais fácil ir construindo seu texto e melhorando-o. O quê? Como? Quando? Onde? Por quê?

O narrador Quem vai narrar o seu texto?

O narrador será observador ou personagem?

O tempo Em que

tempo se dá essa história?

Agora, pare um pouco e reflita sobre os elementos que vão constituir a sua narrativa.

Os personagens Quem será o protagonista de

seu conto? “Protagonista é o personagem

principal da narrativa.” Defina suas características

para que você possa mostrá-lo aos seus leitores.

3.º passo

4º passo

O espaço Em que cenário vai se passar a sua

história? Em que ambiente vão acontecer os fatos?

Definir o espaço é importante para que os leitores possam imaginar o ambiente no

qual a ação ocorre. Seu desafio é escrever um conto carioca!

Agora, organize seu texto, segundo a estrutura clássica do conto: Apresentação, complicação (do conflito gerador ao clímax), desfecho.

5.º passo

Escreva a primeira versão do seu conto. Lembre-se do título!

6.º passo

Verifique também a

pontuação, a concordância e a ortografia.

Reescreva o seu texto, e compartilhe

com os colegas!

Combine tudo com o seu

professor(a).

Revise seu texto.

Ele possui as características de um conto?

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Texto 27 LEMBRE-SE: RECORDAR É VIVER

A memória humana é capaz de armazenar bilhões de informações. Graças a ela somos capazes não só de fazer algo, como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer associações, sem as quais seria impossível a própria sobrevivência.

Já pensou se, cada vez que fosse assinar o nome, você tivesse de recordar as primeiras letras, aprendidas na infância? Pois é exatamente isso que acontece, embora não se perceba: escrever é como pressionar no cérebro a mesma tecla da cartilha do curso primário, desenhar novamente as palavras do jeito que a professor(a)a ensinou. A rigor, fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é voltar inconscientemente à primeira experiência de aprendizado. A memória está presente em tudo. Graças a ela somos capazes não só de fazer algo, como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer toda sorte de associações, sem as quais a própria sobrevivência seria impossível. Todos nós, enfim, vivemos de recordações.

O dia de sol evoca a praia, o céu cinzento adverte que pode chover, a música reanima um antigo sentimento. Dito desse modo, é como se os responsáveis pelas lembranças ou pelas memorizações sempre estivessem fora da pessoa, no sol, no céu, no som, por exemplo. Faz sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo. Essa interação altera o sistema nervoso de tal modo que lhe permite reviver uma experiência. Naturalmente, todos os sentidos – tato, paladar, olfato, audição e visão – são instrumentos da memória. Mas a sede das lembranças é massa gelatinosa, com cerca de 1 quilo e meio que mal se acomodaria na palma da mão. Ou seja, o cérebro.

[...] Normalmente, o esquecimento é um recurso do cérebro para não ficar entulhado de

informações inúteis. Trata-se, portanto, de uma limpeza de arquivos. Ocorre que nem sempre, alguns diriam raramente, os critérios dessa seleção do que deve ser guardado passam pelo racional. Se já não bastassem as teorias de Freud e a prática da psicanálise, a experiência pessoal de cada um demonstra que aquilo que mexe com as emoções fica guardado no cérebro por mais tempo e com uma riqueza maior de detalhes. Ficar guardado não quer dizer necessariamente que se consiga evocar certas memórias com facilidade. Ao contrário: lembranças associadas a emoções básicas ou poderosas demais tendem a permanecer bloqueadas.

Adaptado de Lúcia Helena de Oliveira – Revista Superinteressante - Edição 11 - Agosto de 1988 http://super.abril.com.br/ciencia/lembre-se-recordar-e-viver

Assim como seus sonhos o constituem, constroem sua identidade, assim também suas memórias fazem parte de você! Vamos ler um pouco sobre a memória?

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O texto 26 é um poema. Considere o seguinte glossário: Olvido: sm. Esquecimento. Tangível: adj. palpável, que pode ser sentido, apalpado. Finda: adj. que findou: concluída, acabada. Adaptado de Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 1 – Releia o poema, agora de posse dos significados apresentados no glossário. Qual o sentido da expressão “à palma da mão”, no 9º verso? _____________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Você sabe o que é paráfrase? Com certeza você já parafraseou algo. Veja só: Paráfrase: substantivo feminino 2. lit interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu sentido. Parafraseie a terceira estrofe do poema: _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 3 – No poema há uma oposição entre as coisas “tangíveis” e as coisas “findas”. Que palavra estabelece essa relação de oposição? Segundo o texto, quem sai ganhando nesse confronto presente X passado? _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 4 – Qual a informação principal do primeiro parágrafo do texto 27? _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 5 – No trecho “Graças a ela somos capazes não só de fazer algo, como também de relacionar as coisas entre si [...]”, que expressões estabelecem um paralelismo? _____________________________________________________________________________________________________________________ 6 – No trecho “Faz sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo.” qual a função dos dois pontos? _____________________________________________________________________________________________________________________ 7 – Qual o sentido da expressão destacada no trecho “[...] de estabelecer toda sorte de associações, sem as quais a própria sobrevivência seria impossível.”? _____________________________________________________________________________________________________________________

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Texto 28 LER É O MELHOR EXERCÍCIO

Segundo especialistas, o hábito de leitura exercita as funções cerebrais e é uma ótima solução para manter a mente saudável.

Amália Dornellas O melhor exercício para a mente é a leitura. Quando os olhos

passam pelas letras, uma série de atividades cerebrais é ativada. O pensamento e a mente são acionados, exercitando todas as funções do cérebro. A memória visual, auditiva, de leitura, dos sentimentos e todas as demais entram em ação quando a primeira frase é lida.

De acordo com um dos maiores especialistas em memória no Brasil, Ivan Izquierdo, ter o hábito de leitura é a melhor solução para se manter a mente e a memória saudáveis. Doutor em medicina, Izquierdo é um dos maiores pesquisadores do mundo na área de fisiologia da memória e coordena o Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

“No momento em que lemos uma palavra que começa com A, o cérebro faz um mapeamento de tudo o que começa com A. Se em seguida vem a letra M, ele faz uma segunda seleção, e assim por diante”. Neste processo o cérebro seleciona os significados das palavras para a leitura, relaciona os sistemas, como o idioma, e busca na memória tudo o que está relacionado às palavras, como imagens, sons e sentimentos.

“A memória é uma das funções cerebrais mais importantes e uma das que ficam mais lentas com a idade. Pensamos por conta do que recordamos”, diz. Quanto mais a pessoa lê, menos prejuízo a memória tem com o tempo. Segundo o pesquisador, isso já está mais do que comprovado. “Nas profissões que exigem leitura, como a de professor(a) e de ator, nota-se menor perda de memória e o desenvolvimento de doenças como o alzheimer é bem mais lento e suportável para o portador.” [...]

http://ww

w.gazetadopovo.com

.br/saude/ler-e-o-melhor-exercicio-1w

ulpy336s9rutx7u9y3s1gsu

http://www.coisadebibliotecario.com.br/category/artigos/page/2/

Você acabou de ler um texto de base argumentativa. Nesse texto, existe uma tese e argumentos que a sustentam

1- No primeiro parágrafo encontramos a tese defendida. Transcreva-a. ___________________________________________________________ 2- Ainda no primeiro parágrafo encontramos argumentos que sustentam a tese. Cite um deles. ______________________________________________________________________________________________________________________ 3- Em textos de base argumentativa, muitas vezes, existem argumentos de autoridade: aqueles que são baseados na opinião de especialistas, de autoridades no assunto abordado. Cite dois desses argumentos. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- No último parágrafo, sublinhe um trecho em que se estabelece uma relação de proporção. TEXTO 29

1 – Relacione a tirinha ao texto 28. Que opinião eles compartilham? _____________________________________________________________ 2 – Que elementos constroem o humor do texto? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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Texto 30 Quando o Rio não era Rio Naquele tempo o Rio não era o Rio. Eu me lembro muito bem quando começou essa moda de dizer: vou ao Rio, cheguei do Rio. Até então nós todos dizíamos solenemente: Rio de Janeiro. E nos debruçávamos sonhadoramente sobre os cartões-postais que as pessoas que iam ao Rio de Janeiro mandavam: o bondinho do Pão de Açúcar (que era de Assucar) e o Corcovado, ainda sem o Cristo. Mas havia dois palácios de maravilha para a nossa imaginação; seus nomes soavam belíssimos: a Galeria Cruzeiro e o Pavilhão Mourisco. Não consigo refazer a ideia que eu tinha da Galeria Cruzeiro, creio que era uma ideia que variava muito. Um grande recinto sem plateia mas com muitas galerias, ou um palácio em forma de túnel com um Cruzeiro do Sul aceso na fachada, algo de estranho e imenso, pois toda gente encontrava toda gente na Galeria Cruzeiro. O Pavilhão Mourisco, este para nós era feérico, cheio de minaretes*, odaliscas, bandeiras e punhais, talvez camelos, pelo menos grandes camelos pintados entre oásis. As pessoas grandes que chegavam do Rio traziam malas fabulosas, cheias de presentes para todos, além de dezenas de encomendas, todas escritas cuidadosamente em uma lista com letra feminina. Nós juntávamos todos para assistir à abertura das malas. “Isto é para você”! Era fascinante receber um embrulho de presente com o nome da loja impresso na fita que o amarrava. Mas o que mais me impressionou foi a sopa juliana. Eu nunca tinha ouvido falar de sopa juliana, não era prato que se usasse em minha casa. E não gostei da sopa: era de verduras e legumes. Mas o espantoso é que vinha seca, em um envelope, e quando se punha n’água crescia, tomava cores. As coisas do Rio de Janeiro eram assim, cheias de milagres e de astúcias. E à noite, quando vinham visitas, os viajantes contavam as últimas anedotas do Rio de Janeiro, pois naquele tempo não havia rádio. Lembro-me que, apesar de sentir esse fascínio do Rio de Janeiro, eu não pensava nunca em vir aqui. Isso simplesmente não me passava pela cabeça; o Rio era um lugar maravilhoso, onde vinham pessoas grandes e até eu pensava vagamente que no Rio de Janeiro só devia haver pessoas grandes. Era verdade que havia, por exemplo, um menino, o Zezé, filho de seu Osvaldo, que vinha ao Rio de Janeiro; ele usava sapatos, quando nós todos usávamos botinas. Mas, mesmo pelo fato de usar sapatos e vir ao Rio era como se ele fosse uma pessoa de outra raça, não uma criança como nós. Eu não chegava sequer a invejá-lo, tão diferente de nós eu o achava. Zezé tinha até um sapato de duas cores, branco e vermelho; e nós com nossas botinas pretas, sempre de bico esbranquiçado de tanto chutar pedra na rua, sempre com os cadarços meio arrebentados, difíceis de enfiar. Fiquei muito espantado quando minha irmã, que vinha ao Rio com o marido, me convidou para vir também. Ela disse que era um prêmio porque eu tinha tirado boas notas nos exames. Lembro-me de que minhas notas tinham sido apenas regulares, de maneira que achei aquele convite uma honra, uma distinção que eu mesmo sabia que não merecia muito. Eu tinha nove anos, e essa irmã era minha madrinha. [...]

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1987. *Minaretes: pequenas torres de mesquita

A próxima sequência de textos terá como fio condutor a memória. A memória nos leva a passear por diferentes fases da vida. Você vai ler textos de diferentes gêneros que, de alguma forma, tocam no assunto: infância.

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PÁGINA 37 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

1- Na crônica de Rubem Braga que você acabou de ler, o cronista relata fatos de sua infância. Transcreva a expressão indicadora de tempo passado que aparece no texto. _____________________________________________________________________________________________ 2- Que aspecto da paisagem do Rio Janeiro do passado está presente no primeiro parágrafo? _____________________________________________________________________________________________ 3- Ainda no primeiro parágrafo, que trecho revela a paixão pelo Rio de Janeiro? ______________________________________________________________________________________________ 4- Que palavras do texto pertencem ao campo semântico de MOURISCO? _____________________________________________________________________________________________ 5- Com relação à culinária, o que espantou o cronista quando era menino? _____________________________________________________________________________________________ 6- A quem se refere a palavra VIAJANTES, no quinto parágrafo? _____________________________________________________________________________________________ 7- Ainda no quinto parágrafo, o que revela um tempo do passado distante? _____________________________________________________________________________________________ 8- Que trecho do texto mostra que o cronista morava no Rio no momento em que escrevia a crônica? ______________________________________________________________________________________________ 9- A que se refere a palavra ISSO, no sexto parágrafo? ______________________________________________________________________________________________ 10- Aos olhos do cronista menino, o que distinguia Zezé das outras crianças? ______________________________________________________________________________________________ 11- No último parágrafo, por que o cronista menino considerava uma honra que ele não merecia? ______________________________________________________________________________________________ 12- No último parágrafo, substitua a expressão DE MANEIRA QUE por outra equivalente, sem mudar o sentido do trecho. ______________________________________________________________________________________________

Seu desafio agora é pesquisar sobre a memória da Cidade Maravilhosa.

Reunido em um grupo de trabalho, com seus colegas, combine com o seu professor(a) uma época histórica, um período do passado de nossa cidade, para pesquisar.

Converse, também, com seu Professor de História e busque fontes confiáveis de pesquisa.

O acervo da Sala de Leitura será de grande ajuda, com certeza!

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PÁGINA 38 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 31 RÚSSIA – BRASIL

Eu não nasci no Brasil: sou imigrante. Nasci na Rússia, na então capital, que já não se chamava São Petersburgo, como quando foi fundada e construída pelo imperador Pedro, o Grande, e ainda não se chamava Leningrado – agora São Petersburgo, recuperando assim seu nome original. Quando eu nasci, dois anos depois da Revolução Russa, um ano após o término da Primeira Guerra Mundial, a cidade se chamava Petrogrado – “cidade de Pedro”, em russo. O país estava em plena guerra civil, havia mesmo fome na cidade, os alimentos estavam racionados, a vida era muito difícil. Então meus pais, que eram cidadãos letonianos, resolveram voltar para Riga, capital da Letônia, um dos pequenos países do Mar Báltico. E foi assim que, de um ano de idade até os dez vivi com meus pais e meus dois irmãos [...] na bonita cidade de Riga, conhecida principalmente pela madeira que exportava para o mundo inteiro, o famoso pinho-de-riga.

Mas também em Riga a vida não era fácil. A situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam boas para meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar arrumar a vida em outra terras.

[...] Então sou – ou fui – imigrante. Mas sou brasileira, como consta no meu “RG” – casada com brasileiro, com filhos e netos

brasileiros: marido santista, filhos, netos e bisnetos paulistanos. [...] Só que eu não virei brasileira de repente, do dia para a noite, sem mais nem menos. Quando cheguei ao Brasil, tinha pouco mais

de dez anos e todo um passado europeu atrás de mim: toda uma vida, todo um “caldo de cultura”. Clima, costumes, educação, idioma, até a maneira de vestir e de morar eram muito diferentes. E levei algum tempo até me “aclimatar” e acostumar com todas as coisas novas que me esperavam no Brasil, na cidade de São Paulo e, principalmente, na Rua Jaguaribe [...].

Hoje – e já há muito tempo –eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo. (E, note-se que eu viajei muito, vi muitos países, coisas bonitas e interessantes...) [...]

Viajar para o Brasil! Foi o que nos disseram papai e mamãe, naquele dia: nós íamos viajar para o Brasil, um país que ficava na

América, muito longe, do outro lado do oceano. E que nós íamos navegar até lá num navio transatlântico – que coisa romântica e empolgante!

[...] Papai de fato partiu antes de nós – para “apalpar o terreno” e, finalmente, três meses depois, chegou também a hora da nossa

partida. [...] Saímos de Riga de trem noturno, até Berlim, de onde iríamos para Hamburgo, e de lá, desse velho porto alemão, embarcaríamos

rumo ao Brasil. As despedidas na estação ferroviária de Riga foram emocionadas e emocionantes. De repente a gente se deu conta de que

estávamos deixando para trás toda a nossa grande família, boa parte da qual se apinhava na plataforma: vovô e vovó, tios e tias, primos e primas, adultos e crianças – toda uma multidão de pessoas próximas e queridas, que sempre fizeram parte integrante da nossa vida – e das quais de repente íamos ficar separados e distantes, não sabíamos por quanto tempo.

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Por fim, vinte e um dias depois de alçarmos âncora em Hamburgo, chegamos! Chegamos ao Rio de Janeiro. O General Mitre entrou na Baía de Guanabara ao anoitecer e ficou fora da barra à espera da licença de ancorar até a manhã do dia seguinte. Todo mundo correu para as amuradas, e ficamos olhando de longe aquela vista incomparável: a linha harmoniosamente curva da praia de Copacabana, toda faiscante no seu “colar de pérolas”, como era chamada, carinhosamente, a iluminação da Avenida Atlântica. [...] O nosso primeiro contato com a paisagem brasileira foi o Rio de Janeiro, e não podia ter sido mais encantador.

BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. São Paulo: Uno Educação, 2008.

1- Observe que, no primeiro parágrafo, aparecem os diferentes nomes que a cidade russa, São Petesrburgo, teve ao longo de sua história. Organize-os em ordem cronológica. ________________________________________________________________________________________________________________ 2- Qual o significado de Petrogrado? ________________________________________________________________________________________________________________ 3- Por que os pais da narradora resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia? ________________________________________________________________________________________________________________ 4- Como era a vida em Riga? ________________________________________________________________________________________________________________ 5- Por que os pais da narradora decidiram sair de seu país? ________________________________________________________________________________________________________________ 6- Por que a narradora afirma que não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra? ________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________ 7- A expressão “caldo de cultura” se refere a que aspectos presentes no texto? ________________________________________________________________________________________________________________ 8- Que parágrafo do texto mostra que a narradora gosta do Brasil? ________________________________________________________________________________________________________________

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9 - O que, no quinto parágrafo, os parênteses e o que eles contêm nos revelam?

_____________________________________________________________________________________________________________

10- Qual o efeito de sentido das exclamações, no sexto parágrafo?

________________________________________________________________________________________________

11- Retire do sexto parágrafo um fato e uma opinião.

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12- Qual o efeito de sentido das aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?

_____________________________________________________________________________________

13- A que se refere “desse velho porto alemão” no oitavo parágrafo?

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14- Qual a diferença entre EMOCIONADA e EMOCIONANTE, no décimo parágrafo?

_____________________________________________________________________________________

15- No décimo primeiro parágrafo, a que se refere General Mitre?

_____________________________________________________________________________________

16- A que a iluminação da Avenida Atlântica era comparada?

_____________________________________________________________________________________

Agora, você será desafiado! Fazendo uso das informações que você reuniu no espaço pesquisa, escreva uma história com narrador - personagem. Esse narrador será você! Você fará uma viagem no tempo... ao Rio de Janeiro do passado. Escreva em uma folha separada

e combine com o seu professor(a) a organização de uma Roda de Leitura com os textos produzidos por você e pelos seus colegas. Sugerimos que utilize o roteiro

de revisão textual apresentado na escrita do conto anterior.

ESPAÇOCRIAÇÃO

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Texto 32 COMEÇAR DE NOVO

São muito raros os escritores que se arriscam num estilo diferente do que os consagrou. Vivi em Berlim durante um ano, beneficiando de uma bolsa de criação literária. Atrás do apartamento que nos fora atribuído havia um jardim

enorme, com um lago. Meses antes eu comprara em Goa, na Índia, uns barquinhos de lata. Acendia-se uma vela no interior e, através de um qualquer mecanismo rudimentar, os barquinhos punham-se em movimento, produzindo um convincente ruído de motor. Paguei uns cinco reais, no máximo. Costumava levar o meu filho a brincar no lago. Ou talvez fosse o meu filho que me levasse a mim, para o caso tanto faz, o certo é que aqueles brinquedos faziam imenso sucesso entre os meninos alemães, muito mais do que as luxuosas lanchas de controle remoto que alguns exibiam. A enorme vantagem dos nossos barquinhos era não serem controláveis remotamente. O destino deles dependia de um simples golpe de vento. Podiam levar meia hora até retornarem à margem. Ou podiam naufragar no meio do lago — o que, aliás, sucedeu a todos — e por isso, porque nunca sabíamos o que iria acontecer, era tão emocionante lançá-los à água.

Aventura implica o imprevisto, o que não tem horário, um certo risco, inclusive físico — mas sem um pouco de aventura, a que sabe a vida? Quando comparo a minha infância com a dos meus filhos surpreende-me sempre perceber o quanto a deles ganhou em segurança, mas

perdeu em emoção. Entre os 7 e os 15 anos, abri a cabeça umas quatro vezes, cortei o tendão de Aquiles ao quebrar uma porta de vidro num golpe mal calculado de karatê, e creio que numa ou noutra ocasião cheguei mesmo a colocar a vida em risco, enquanto nadava entre tubarões ou deslizava por ladeiras de terra batida em carrinhos de rolimã. Ficaria aterrorizado se visse os meus filhos repetindo as muitas loucuras que cometi, mas não me arrependo de quase nenhuma. Vá lá, arrependo-me daquele instante em que o Karatê Kid baixou em mim diante de uma porta de vidro. Não havia necessidade.

Com a passagem dos anos a maioria das pessoas troca o risco pelo conforto. Conformam-se — e assim envelhecem. Envelhecer é desistir da aventura. Pessoas que mantêm a curiosidade acesa ao longo dos anos, que continuam a arriscar e a surpreender-se, essas são sempre jovens.

“Todo o processo criativo é um ato de coragem”, dizia Picasso, e dizia-o com propriedade, pois por várias vezes teve a ousadia de abandonar um caminho de sucesso, para se aventurar por trilhos ainda inexplorados. Já com muita idade e mais jovem do que nunca, terá dito, olhando para trás: “Quando tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas levei a vida inteira para aprender a desenhar como uma criança.”

Penso em Picasso enquanto leio o novo romance do moçambicano Mia Couto, “Mulheres de cinza”, primeiro volume de uma trilogia intitulada “As areias do imperador”. Nas artes plásticas há bastantes exemplos semelhantes ao de Picasso. Na música popular também. Basta pensar em Caetano Veloso, que volta e meia se reinventa e ao fim de tantos anos ainda é capaz de surpreender os seus ouvintes mais fiéis. Na literatura, porém, são raros os autores que se atreveram a trocar um estilo já consolidado, algo tão difícil de conseguir, por outras propostas. Mia Couto fez isso. Começou a afastar-se do estilo que o consagrou, assente numa invenção vocabular lírica, onírica e intensamente lúdica, quase barroca, a partir do romance “Antes de nascer o mundo”. Creio que este “Mulheres de cinza” completa esse processo de afastamento. Contribui para isso o fato de se tratar de um romance histórico, ambientado nos últimos anos do século XIX, primeiros anos do século XX, a exigir uma linguagem mais depurada. O romance organiza-se em redor da figura mítica do último imperador de Gaza, Ngungunyane, o qual foi preso pelas tropas portuguesas em 1895, exibido pelas ruas de Lisboa como uma curiosidade de circo, e finalmente desterrado para os Açores, onde veio a

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falecer em 1906. Ngungunyane seguiu para o exílio na companhia de sete das suas esposas, além de três outros altos dignitários do derrotado império. Os quatro refizeram a vida nos Açores. Três dos africanos casaram com açorianas e deixaram descendência nas ilhas. Assim, de certa forma, também eles se reinventaram, e, ao fazerem isso, emergiram triunfantes da longa humilhação a que o colonialismo português os sujeitou. Os descendentes portugueses dos príncipes de Ngungunyana ostentam hoje, com orgulho, o nome africano e a tez escura. Não são descendentes de homens derrotados, e sim de guerreiros que atravessaram o mar e numa terra distante lutaram contra todo o tipo de preconceitos — e venceram.

José Eduardo Agualusa O Globo, Segundo Caderno, 26/10/2015.

1- Transcreva, do segundo parágrafo, um pequeno trecho que contenha a) uma indicação de tempo: ______________________________________________________________________________________________

b) um espaço definido: __________________________________________________________________________________________________

c) uma ação habitual: ___________________________________________________________________________________________________

d) uma alternativa: _____________________________________________________________________________________________________ 2 – Segundo o cronista, de que a vida precisa? _____________________________________________________________________________________________________________________ 3- Transcreva o trecho do texto em que o cronista compara sua infância à de seus filhos. _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 4- O que significa dizer a respeito de Picasso “Já com muita idade e mais jovem do que nunca”? _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 5- Que trecho do texto retoma a ideia do primeiro parágrafo? _____________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________ 6- No trecho “ Os quatro refizeram a vida nos Açores”, no último parágrafo, a quem se referem os termos destacados? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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7- Qual a tese defendida no texto? Transcreva dois argumentos que a sustentam. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PICASSO Picasso Desde pequeno Fazia troça Com traços Parece piada, Mas dizem que é pura verdade A primeira palavra que disse foi: "Lápis" E zapt! Não parou mais Desenhava as touradas da Espanha, Cavalos, bonecas Menino levado Cresceu, Foi pra Paris Impressionado com a cidade, Registrou tudo que viu

Mas um grande amigo partiu E com ele as cores Sobrou o azul Quadros de dores Logo conheceu uma moça Na tela branca A paixão vermelha Corou de rosa sua paleta Mas a fase mais engraçada Foi a cubista Picasso embaralhou as formas Brincou com as normas Cubismo Mosaicos Caquinhos Pedaços

Na época Foi aquele estardalhaço Desenhou perfil de frente Pôs bumbum no lugar dos braços Fez tudo diferente Arte não é fotografia Que registra o modelo real tal e qual Na tela A imagem que fica É Picasso e Não tem igual Adriana Abujamra Aith Revista Nova Escola Edição 134 | 08/2001

Para curtir !

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Pablo Picasso é, provavelmente, a figura mais importante do século 20, em termos de movimentos de arte que ocorreram ao longo desse período. Antes dos 50 anos o artista espanhol tornou-se o nome mais conhecido da arte moderna, com estilo incomparável. Adaptado de www.pablopicasso.org

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Texto 33 UMA ESPERANÇA

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.

Houve um grito abafado de um de meus filhos: – Uma esperança! e na parede bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas

esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não podia ser.

– Ela quase não tem corpo, queixei-me. – Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele

falava das duas esperanças. Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou

renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender. – Ela é burrinha, comentou o menino. – Sei disso, respondi um pouco trágica. – Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita. – Sei, é assim mesmo. – Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas. – Sei, continuei mais infeliz ainda. Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo

do lar para que não apagasse. – Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim. Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem

sido sempre assim comigo. Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas

me parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse francamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:

– É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte... – Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade. – Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o

certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.

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“A palavra é o meu domínio sobre o mundo.”

Clarice Lispector

Agora você vai ler um texto de uma escritora já citada neste caderno. Aproveite!

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PÁGINA 45 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

O menino, morta a aranha, fez um trocadilho com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.

Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.

Uma vez, aliás, agora que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

1- A qual esperança a narradora se refere em “Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre” ? _________________________________________________________________________________________________________________ 2- Qual o sentido do trecho destacado “[...] esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede” ? _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ 3- Por que motivo um dos filhos da narradora disse que a esperança era burrinha? ________________________________________________________________________________________________________________ 4- Qual o sentido das aspas no termo destacado do trecho ‘Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha’? ________________________________________________________________________________________________________________ 5- A que esperança(s) refere-se o trecho “Ela queria esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la.”? _________________________________________________________________________________________________________________ 6- Como a cronista descreve o inseto? __________________________________________________________________________________________________________________

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PÁGINA 46 LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO

Texto 34 ESPERANÇA

Características - produzem som, e são ouvidas geralmente à noite. O som produzido pelas esperanças difere do dos grilos, pois parece um som estridente e não musical. Já o canto dos grilos é musical. Possuem antenas longas e as fêmeas possuem o ovipositor longo e semelhante a uma espada. Saltador de longas distâncias. Antenas mais longas que o corpo. Coloração, normalmente, verde. [...]

Habitat - zonas rurais e urbanas, em áreas abertas ou em matas. Ocorrência - em todo o Brasil. Hábitos - noturnos. Imitam folhas secas. A simulação chega a um tal grau de perfeição que as "folhas" contêm lesões e recortes nas

bordas, como uma folha de verdade que foi roída ou atacada por fungos. Em certas esperanças, a imitação de folha é apenas a primeira defesa. Quando descobertas, elas abrem as asas e assustam o predador com um clarão de cores.

Alimentação – Alimentam-se de diversas espécies de plantas. Durante todo o verão, as esperanças comem e crescem. [...] Predadores naturais - pássaros, aves, primatas, lagartos, anfíbios. Ameaças - destruição do habitat e agrotóxicos.

Adaptado de http://www.vivaterra.org.br/insetos_2.html Acesso em 12/10 /2011.

Glossário: Ovipositor - estrutura final do canal por onde são eliminados os ovos.

Identificar a finalidade do texto é pensar sobre a sua intencionalidade. Para que ele foi escrito? Para que ele é usado na sociedade? Qual o seu propósito comunicativo? Um texto pode ter a finalidade de informar, narrar um acontecimento, convencer alguém de uma ideia, divulgar um produto, divertir, contar uma história...

Assunto TEXTO 33 TEXTO 34

Linguagem

Finalidade

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Texto 35 COMO NASCEM OS RIOS?

Eles surgem principalmente devido à ação das águas da chuva. Parte delas se infiltra pelas áreas mais permeáveis; outra parte escorre pela superfície em direção aos terrenos mais baixos, formando pequenos filetes que, à medida que se juntam, criam fios maiores, pequenos riachos e, finalmente, rios.

A água que se infiltra no solo penetra até as camadas inferiores, formadas de pedras impermeáveis, e lá continua se movimentando subterraneamente conforme a inclinação da camada rochosa. “Mais adiante, então, ela volta à superfície, também alimentando os rios”, diz o engenheiro de minas José Renato B. de Lima, da USP.

Novos rios podem aparecer quando, pela ação de terremotos ou vulcões, o relevo de uma paisagem é alterado, surgindo novas elevações ou depressões ─ e, com elas, caminhos alternativos para a água escorrer. Há também rios que têm sua origem do derretimento das neves acumuladas no cume das montanhas: é o caso do Amazonas, formado por neve derretida dos picos da Cordilheira dos Andes.

Adaptado de http://mundoestranho.abril.com.br/geografia/pergunta_285761.shtml

Agora você vai ler e comparar mais dois textos.

Texto 35 Texto 36

Usa a palavra de forma artística ou utilitária?

É objetivo?

Usa imagens, linguagem figurada? Dê exemplos.

Agora, responda: 1- Qual o tema dos dois textos? ___________________________________________________________________________ 2- Pensando sobre a forma como os dois textos tratam do mesmo tema, preencha o quadro:

3. Qual dos dois textos é literário? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Texto 37 VOANDO PARA O RIO Quando Clarice Lispector tinha 15 anos, um ano depois de descobrir a possibilidade de escrever, seu pai fez sua última mudança. O destino agora era o Rio de Janeiro. O Rio estava no auge de sua reputação internacional. Se anteriormente os navios que viajavam a Buenos Aires anunciavam que não faziam escalas no Brasil – a mente estrangeira, quando pensava no país, imaginava um lugar infestado de macacos, febre amarela e cólera –, o Rio tinha se transformado num dos destinos mais chiques do planeta. Cruzeiros afluíam para a Baía de Guanabara, descarregando seus abastados passageiros nos novos hotéis que imitavam os brancos bolos de noiva originais da Riviera francesa: o Hotel Glória, perto do Centro, inaugurado em 1922; o lendário Copacabana Palace, inaugurado um ano depois, numa praia que ainda ficava fora da cidade.[...] Pedro Lispector tinha mais em comum com os imigrantes portugueses do que com aqueles que agora eram seus companheiros nordestinos. Depois de anos de trabalho, seus negócios ainda não estavam prosperando, e ele tinha esperança de que a capital do país oferecesse um campo mais amplo para suas ambições. Esperava também que o Rio de Janeiro, com uma grande comunidade judaica, pudesse oferecer maridos apropriados para suas filhas. Elisa agora tinha 24 anos, Tania estava com vinte e Clarice, quinze.[...] Clarice nunca descreveu a partida do Recife, onde ela passara toda a sua infância. Lembrava-se do barco inglês que as levara ao Rio na terceira classe: “Foi terrivelmente exciting. Eu não sabia inglês e escolhia no cardápio o que meu dedo de criança apontasse. Lembro-me de que uma vez caiu-me feijão-branco cozido, e só. Desapontada, tive que comê-lo, ai de mim. Escolha casual infeliz. Isso acontece”. [...] Depois de chegar ao Rio, em 1935, ela passou um breve tempo numa precária escola de bairro na Tijuca antes de entrar, em 2 de março de 1937, no curso preparatório para a Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. [...] No Brasil inteiro, a carreira no direito era reduto da elite, e nenhuma escola do país tinha mais prestígio do que a da capital. [...]

A carreira, porém, não foi o que motivou Clarice a entrar na escola de Direito. A ânsia de justiça estava inscrita em seus ossos. Tinha visto a horrível morte da mãe, e seu brilhante pai, incapaz de estudar, reduzido ao comércio ambulante de tecido. Cresceu pobre no Recife, mas sempre teve consciência de que sua família, apesar das dificuldades, estava melhor de vida que muitas outras. [...] “E eu sentia o drama social com tanta intensidade que vivia de coração perplexo diante das grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes menos privilegiadas”. [...]

Ela mudara de perspectiva pouco antes de começar o curso. Durante o primeiro ano na faculdade descobrira um canal para dar vazão a sua verdadeira vocação, e em 25 de maio de 1940 publicou seu primeiro conto conhecido, “Triunfo”, na revista Pan.

MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

1. Com que idade Clarice Lispector descobriu a possibilidade de se tornar escritora? __________________________________________________________________________________________________________________

2. Clarice, aos 15 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com sua família. Como a cidade era vista na época? __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________

3. O que motivou Clarice Lispector a ingressar na escola de Direito? __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________

O próximo texto é um trecho da biografia de Clarice Lispector.

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4. Que sentido tem a expressão em destaque no trecho “A ânsia de justiça estava inscrita em seus ossos”? __________________________________________________________________________________________________________________

5. Por que foram usadas as aspas no trecho ““E eu sentia o drama social com tanta intensidade que vivia de coração perplexo diante das grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes menos privilegiadas”? __________________________________________________________________________________________________________________

6. Nesse trecho da biografia, percebe-se uma sequência temporal dos fatos. Retire do texto expressões que marcam essa sequência do tempo da narrativa, configurando a progressão dos fatos da vida de Clarice Lispector: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Sugerimos que você vá à Sala de Leitura e procure por biografias. Existem várias no acervo! Escolha uma pessoa importante e descubra mais sobre ela! Depois, combine com o seu Professor e leia para os colegas os fatos mais importantes da vida da pessoa que você escolheu. Você também pode acessar o site http://www.e-biografias.net/ . Que tal elaborar um mural na sala com o resultado das pesquisas?

Texto 38

Texto 39

1 – No texto, Calvin conversa com o seu Tigre Haroldo. O que constrói o humor da tirinha? ________________________________________________________________________________________________________________________

1 – No texto, a menina conversa com o cãozinho Snoopy. O que constrói o humor da tirinha? ________________________________________________________________________________________________________________________

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Vários textos deste caderno são de base narrativa, contam histórias ou fatos.

Uma das características básicas do texto narrativo é a progressão temporal entre os acontecimentos relatados. Para isso é importante a utilização de palavras e/ou expressões que marcam a passagem do tempo. Os verbos também são fundamentais. A narrativa utiliza verbos preferencialmente no tempo passado.

A proposta a seguir é que você possa contar quem você é. Nossa história de vida nos ajuda a nos construirmos a cada

dia. Você já pensou nos fatos que marcam a sua história de vida?

Existem pessoas que registram a sua história de vida em textos, em biografias ou autobiografias, gêneros discursivos de base narrativa muito interessantes.

A palavra AUTOBIOGRAFIA se origina de BIOGRAFIA – termo derivado de “bio” que significa vida, e “grafia” que significa escrever ou descrever. A BIOGRAFIA é um texto que objetiva contar a vida de uma pessoa. Já a AUTOBIOGRAFIA é o texto em que a própria pessoa conta a sua vida (AUTO – radical grego que significa si mesmo).

A biografia é escrita pelo biógrafo através de pesquisas em documentos, cartas, depoimentos de testemunhas e do próprio biografado. A autobiografia é resultado do levantamento das memórias da própria pessoa que a escreve, podendo, também, envolver pesquisa em documentos ─ cartas, fotos etc.

A biografia de uma pessoa pode ser escrita sem o seu consentimento. Ela é chamada, então, de biografia não autorizada. Em geral, as biografias não autorizadas causam polêmica, trazendo segredos que o biografado não gostaria de revelar e/ou diferentes versões para os fatos.

O G

lobo

. Rio

show

. 01.

11.2

013.

Essa é uma tirinha da personagem Radical Chic. Ela é uma jovem independente. 1- Qual o efeito das reticências no primeiro balão? ____________________________________________________________________________________________________________________ 2. Explique a expressão facial da Radical Chic no primeiro e no último quadrinho. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Texto 40

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Agora, é a sua vez! Pense nos fatos que marcam a sua história de vida... Seu desafio é escrever a sua autobiografia. Seu texto deve ser uma

narrativa em prosa. Vamos passo a passo para que ele fique muito interessante.

1.º passo – Escreva aqui os principais fatos que marcaram a sua vida e que constarão da sua autobiografia.

2.º passo – Escolha a ordem em que esses fatos aparecerão no seu texto.

Uma boa maneira de organizar o texto é pensar na construção de, pelo menos, três parágrafos – começo, meio e fim. Outra questão para você pensar é se você vai optar pela ordem cronológica (ordem dos acontecimentos seguindo o tempo cronológico, sequência de fatos ordenados como no calendário).

Decida-se e se organize!

MU

LTIR

IO

COMEÇO MEIO FIM

Revise seu texto. Ele cumpre a função de

uma autobiografia?

Verifique também a pontuação, a concordância

e a ortografia.

Reescreva seu texto e compartilhe com os

colegas!

3.º passo – Escreva, no seu caderno, a sua autobiografia. Lembre-se de dar a ela um título que desperte a atenção do leitor. Após a escrita, siga os passos sugeridos abaixo:

Combine com o (a)

professor(a).

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Os próximos textos são trechos de um ROMANCE. O romance é outro gênero de base narrativa, como o conto. Podemos dizer que uma diferença essencial entre eles é que o conto possui somente um conflito gerador e o romance pode ter vários.

Fique atento, pois os textos são o PRÓLOGO – parte inicial , introdutória – e o EPÍLOGO – parte final, conclusão – de um romance.

Texto 41 PRÓLOGO O menino e o homem

Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma distração das mais excitantes.

E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os diferentes ruídos das gotas d´água retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas do chão, formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do relógio de parede dando horas.

Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos como entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. Depois de examinar o telhado, descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse penetrar tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela casa cheia de mistérios. [...] EPÍLOGO O homem e o menino

Paro de escrever, levanto os olhos do papel para o relógio de parede: cinco horas. As sonoras pancadas começam a soar uma a uma, como antigamente em nossa casa.

É um relógio bem antigo. Foi do meu avô, depois do meu pai, hoje é meu e um dia será do meu filho. Seu tique-taque imperturbável me acompanha todas as horas de vigília o dia inteiro e noite adentro, segundo a segundo, do tempo vivido por mim. [...]

Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora. Assombrado, em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema, o que eu vejo é

uma mangueira ─ a mangueira do quintal de minha casa, em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que um dia quis dar para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui da minha janela posso avistar todo o quintal, como antigamente: a caixa de areia que um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo. Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do Toninho, o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim...

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1- Qual a causa do corre-corre na casa do menino? ______________________________________________________________________________________ 2- Qual o trecho do texto que nos deixa perceber que havia muitas goteiras? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3- Como os mais velhos e o menino encaravam as goteiras da casa? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- Após ler o prólogo e o epílogo, responda quem é o narrador em cada uma das partes do romance. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________

Saio para a sala. Vejo meus pais conversando de mãos dadas no sofá, como costumavam fazer todas as tardes, antes do jantar. Comovido, dirijo-me a eles: ─ Papai... Mamãe... Mas eles não me veem. Nem parecem ter-me ouvido, como se eu não existisse. Ganho o corredor, passo pela copa onde o relógio está acabando de bater cinco horas. Atravesso a cozinha, vendo a Alzira a remexer em suas panelas, sem tomar conhecimento da minha existência. Desço a escada para o quintal e dou com um garotinho agachado junto às poças d´água da chuva que caiu há pouco, entretido com umas formigas. Dirijo-me a ele, e ficamos conversando algum tempo. Depois me despeço e refaço todo o caminho de volta até o meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo agora é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados pelas luzes do entardecer em Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada das cinco horas. Viro-me, e me vejo de novo no meu apartamento. Caminho até a mesa, debruço-me sobre a máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas no papel: ... Até desaparecer em direção ao infinito. Sento-me, e escrevo a única que falta: FIM

SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 1998.

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pot.c

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PARA SABER MAIS...

O universo dos romances é tema de

um dos programas da série “Morde a

Língua”, produzida pela MultiRio.

O programa é: “Um mergulho no espelho:

romance”. Você não pode

perder! Acesse

http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/busca?mult=&cat=&tip=&proj=9163&txt=

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5- Um jogo de palavras foi usado em cada uma das partes para antecipar essa informação. Onde ocorre e como se dá o jogo de palavras? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6- No trecho do epílogo “Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.” A que se refere a palavra destacada? ___________________________________________________________________________________________________________________ 7- Onde morou o narrador-personagem? ___________________________________________________________________________________________________________________ 8- Da janela do seu apartamento, em Ipanema, o que o narrador-personagem imagina que vê e, depois do momento de recordação, o que vê realmente? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9- Que elementos são característicos desse quintal, na infância, em Belo Horizonte? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10- Que efeito causa no narrador suas lembranças da infância? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11- Por que os pais do narrador-personagem e Alzira não o veem? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12- Ao longo do epílogo, podemos perceber, explicitamente, palavras que representam os estados físicos e emocionais do narrador. Localize e transcreva essas palavras. ___________________________________________________________________________________________________________________ 13- Que elemento do apartamento do narrador, em Ipanema, proporciona a viagem ao passado e o retorno ao presente? ___________________________________________________________________________________________________________________

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