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Língua Portuguesa – Morfologia

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Língua Portuguesa – Morfologia

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Estrutura das Palavras II

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi

Revisão Textual:Profa. Ms. Silvia Augusta Albert

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•Introdução

•Palavras Variáveis e Invariáveis

•Desinências Nominais

Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e atividades disponibilizadas na unidade.

Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico. Nele, você encontrará o material principal de estudos na forma de texto escrito. Depois, assista à Apresentação Narrada e à Videoaula, que sintetizam e ampliam conceitos importantes sobre o tema da unidade. Só depois realize as atividades propostas.

Por fim, consulte as indicações sugeridas em Material Complementar e Referências Bibliográficas para aprofundar e ampliar seus conhecimentos.

Lembramos a você da importância de realizar todas as leituras e as atividades propostas dentro do prazo estabelecido para cada unidade, no cronograma da disciplina. Para isso, organize uma rotina de trabalho e evite acumular conteúdos e realizar atividades no último minuto. Em caso de dúvidas, utilize a ferramenta “Mensagens” ou “Fórum de dúvidas” para entrar em contato com o tutor.

É muito importante que você exerça a sua autonomia de estudante para construir novos conhecimentos.

· Iniciamos, agora, esta unidade, cujo objetivo é aprofundar conhecimentos sobre morfologia. Trataremos dos elementos mórficos que não estudamos na unidade anterior e veremos como eles são dispostos na estrutura das palavras.

Estrutura das Palavras II

•Desinências Verbais

•Vogal Temática

•Elementos de Ligação

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Antes de iniciarmos nossos estudos desta unidade da disciplina Língua Portuguesa – Morfologia, convidamos você a ler o texto a seguir e a assistir ao vídeo da música Metáfora, de Gilberto Gil, disponíveis em http://letras.mus.br/gilberto-gil/487564/:.

Nesse texto, o autor depreende dois elementos da palavra “metáfora”, os quais ele utiliza para referir-se ao modo como o poeta dá sentido ao que escreve. Reflita sobre o texto e, a seguir, você poderá perceber a relação desse trecho com esta unidade do nosso curso.

Contextualização

Metáfora

Uma lata existe para conter algo;

Mas, quando o poeta diz “lata”,

Pode estar querendo dizer o incontível.

Uma meta existe para ser um alvo;

Mas, quando o poeta diz “meta”,

Pode estar querendo dizer o inatingível.

Por isso, não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata.

Na lata do poeta tudo nada cabe,

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber

O incabível.

Deixe a meta do poeta, não discuta.

Deixe a sua meta fora da disputa.

Meta dentro e fora, lata absoluta.

Deixe-a simplesmente metáfora.

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Na unidade anterior do nosso curso, tratamos de alguns elementos mórficos. Nesta unidade, trataremos dos elementos que você ainda não conhece e compreenderemos a função de cada um dentro do sistema da língua.

Antes de abordarmos os elementos desta unidade, é preciso que entendamos que, no português, há palavras variáveis e invariáveis. Para isso, tomemos os enunciados a seguir:

1. O aluno chegou cedo à escola.

2. A aluna chegou cedo à escola.

3. Os alunos chegaram cedo à escola.

A comparação dos enunciados permite-nos notar que algumas palavras têm formas diferentes. Há um substantivo que possui uma forma no masculino singular (aluno), outra no feminino singular (aluna) e uma terceira no masculino plural (alunos). O verbo do enunciado também possui uma forma no singular (chegou) e outra no plural (chegaram). Essas palavras são, portanto, variáveis. Já a palavra “cedo” possui uma única forma, logo é invariável.

O processo por meio do qual as palavras podem variar chama-se flexão. No caso do substantivo e das palavras que a ele se ligam, ocorre a flexão nominal; e, no caso dos verbos, a flexão verbal.

Os elementos que permitem a flexão das palavras variáveis chamam-se desinências e servem para estabelecer diferenças gramaticais entre as palavras, como gênero, número, tempo etc. As desinências que servem à flexão nominal são as desinências nominais, e as que servem à flexão verbal são as desinências verbais. A parte da Morfologia que se dedica à flexão das palavras chama-se Morfologia flexional.

As desinências nominais dividem-se em desinências de gênero e de número. As de gênero diferenciam masculino e feminino; e as de número, singular e plural.

Introdução

Palavras Variáveis e Invariáveis

Desinências Nominais

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Desinências de gêneroVamos retomar, agora, as palavras dos exemplos 1 e 2 e formar um par:

aluno – aluna.

Desse par, podemos compreender que as palavras possuem um radical e uma desinência de gênero. Veja o quadro a seguir:

RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO =

ALUN- -O ALUNO

ALUN- -A ALUNA

No quadro, percebe-se que a desinência -o, de “aluno” é a marca de masculino e a desinência -a, de “aluna” é a marca de feminino. Há autores, como Mattoso Câmara (2005), que defendem a ideia de que somente o feminino possui desinência de gênero, porque, como veremos, em algumas palavras a distinção entre masculino e feminino é feita apenas pela desinência de feminino. Para aprofundar seus estudos, leia sobre o assunto no livro do Professor Valter Kehdi, disponível em pdf no endereço a seguir:

Agora, observe o par a seguir:

juiz – juíza

Da comparação desse par, podemos compreender que uma das palavras possui um radical e uma desinência de gênero, é o caso do -a em “juíza”. No entanto, percebemos que na palavra “juiz” o que indica o gênero masculino é a ausência desse -a. Veja o quadro:

RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO =JUIZ- -A JUÍZAJUIZ- Ø JUIZ

Nesse caso, a ausência do -a é representada por Ø. Como Ø tem um significado gramatical (indica gênero masculino), ele é um morfema, chamado de morfema zero. O morfema zero ocorre quando uma ausência corresponde a uma presença obrigatória. Que isso quer dizer? Isso significa que a ausência de marca de masculino em palavras como “juiz”, “cantor”, “marquês” etc. opõe-se, obrigatoriamente à presença do -a no feminino em “juíza”, “cantora”, “marquesa” etc.

Radical: morfema

que contém o

significado básico de

uma palavra, como

“leal” em “desleal”.

http://pt.scribd.com/doc/79911656/Valter-Kehdi-Formacao-de-Palavras-em-Portuges-pdf-rev

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Daí, deduzimos que, em português, o masculino pode ser indicado pela desinência -o (de “aluno”) ou pelo morfema zero (Ø – de “juiz”). Isso significa que a desinência de gênero -o possui uma forma variante Ø. Como vimos, na unidade anterior, as formas variantes são chamadas de alomorfes. Isso significa que a desinência -o possui um alomorfe zero.

Algumas palavras que se referem a pessoas não possuem desinência de gênero no masculino nem no feminino. Veja:

MASCULINO FEMININO

(O) CHEFE (A) CHEFE

Nesse caso, o -e final é um outro elemento chamado vogal temática, que veremos mais adiante.

Desinências de númeroConsideremos o par a seguir:

café – cafés

Em “cafés”, sabemos que o -s final indica plural. Por outro lado, sabemos que “café” está no singular devido à ausência do -s, ou seja, como não há uma desinência específica para o singular em português, ele é indicado por um morfema zero (Ø). Veja o quadro:

RADICAL DESINÊNCIA DE NÚMERO =CAFÉ -S CAFÉSCAFÉ Ø CAFÉ

Considere, agora, os seguintes enunciados:

1. Traga um lápis preto.2. Traga dois lápis pretos.3. Tire um xérox deste documento.4. Tire dois xérox deste documento.

Em 1 e 3, temos, respectivamente as palavras “lápis” e “xérox” no singular e, em 2 e 4, as mesmas palavras no plural. Como essas palavras não apresentam uma desinência para indicar o plural, podemos dizer que a desinência -s possui, nesses casos, uma forma variante (alomorfe) zero.

Tradicionalmente, diz-se que o plural de algumas palavras é formado por -es, como “raiz” – “raízes”. É possível analisar a questão de outra forma: o plural é formado por raiz + e + s, em que o -e é aquele elemento que aparece em “chefe”, a vogal temática.

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Em Morfologia, a ordem dos elementos é muito rígida. Observe que a desinência de número sempre vem depois da de gênero:

RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO DESINÊNCIA DE NÚMERO =

ALUN- -O -S ALUNOS

Quando a palavra possui um sufixo, as desinências vêm depois dele, como em “caseiros”: cas- (radical) + -eir- (sufixo) + -o (desinência de gênero) + -s (desinência de número).

As desinências verbais dividem-se em desinências modo-temporais, que indicam o modo e o tempo verbal e desinências número-pessoais, que indicam a pessoa e o número. Elas são morfemas cumulativos, ou seja, cada uma indica dois fatos gramaticais.

Desinências modo-temporaisPara conhecermos as desinências modo-temporais, observemos o par a seguir:

chega – chegava

Podemos notar que o que difere as duas formas verbais é a presença de -va na última delas. Uma vez que o verbo está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, vamos ver a conjugação completa do verbo nesse tempo:

chegava – 1ª pessoa do sing.,

chegavas – 2ª pessoa do sing.,

chegava – 3ª pessoa do sing.,

chegávamos – 1ª pessoa do pl.,

chegáveis – 2ª pessoa do pl.,

chegavam – 3ª pessoa do pl.

Observamos, agora, que a desinência -va aparece em todas as formas verbais desse tempo, tendo a forma variante (alomorfe) -ve na segunda pessoa do plural. Isso significa que é essa desinência que está diferenciando o pretérito imperfeito do indicativo dos demais tempos verbais. É devido à presença de -va (-ve) que sabemos que o verbo está conjugado nesse tempo, pois ela não ocorre em nenhum outro tempo verbal.

Desinências Verbais

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A partir daí, podemos afirmar que cada

tempo verbal é caracterizado por uma

desinência modo-temporal diferente ou, em

alguns casos, pela ausência dela. Vamos,

agora, aprofundar nosso estudo sobre esse

assunto, formando um quadro completo com

as desinências modo-temporais de cada tempo

e seus alomorfes. Veja:

MODO TEMPO DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL (e alomorfes)

Indicativo

Presente Ø

Pretérito

perfeito Ø, -ra (3ª p. pl.)

imperfeito-va (-ve) – 1ª conjugação,

-ia (-ie) – 2ª e 3ª conjugações

mais-que-perfeito -ra (-re) – átono

Futurodo presente -ra (-re) – tônico

do pretérito -ria (-rie)

Subjuntivo

Presente-e – 1ª conjugação,

-a – 2ª e 3ª conjugações

Pretérito imperfeito -sse

Futuro -r (-re)

Formas Nominais

Infinitivo -r (-re)

Gerúndio -ndo

Particípio -do(a)

Como se percebe no quadro, o presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo têm desinência modo-temporal Ø (exceto a terceira pessoa do plural deste último), mas podemos diferenciá-los porque esses tempos têm desinências número-pessoais diferentes.

O pretérito imperfeito do indicativo, de que tomamos o exemplo “chegava”, da 1ª conjugação, também possui a desinência -ia (-ie), que ocorre nos verbos da 2ª conjugação, como “corria” e da 3ª conjugação, como “sorria”.

No pretérito mais-que-perfeito do indicativo, a desinência é átona, como em “chegara”, enquanto no futuro do presente do indicativo, a desinência é tônica, como em “chegará”.

O presente do subjuntivo apresenta a desinência -e quando o verbo é da 1ª conjugação, como “chegue”, e a desinência -a, quando o verbo é da 2ª conjugação, como “corra”, e da 3ª conjugação, como “sorria”.

O imperativo negativo é formado por essas mesmas desinências, assim como o imperativo afirmativo, que, no entanto apresenta uma diferença nas 2ªs pessoas, que são iguais às do presente do indicativo, retirando-se o -s final.

Para visualizar e compreender melhor o que vamos explicar a seguir, você deve acompanhar a leitura da explicação com o

verbo chegar, conjugado, em todos os tempos e modos. Para isso, você deve clicar em:

• http://www.conjuga-me.net/verbo-chegar último acesso em 6/12/2013

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Vale lembrar que o mesmo ocorre para verbos com terminação –er/ –or (correr, compreender, sofrer, por, repor etc.) e para verbos com terminação em –ir (sentir, dividir etc.). Falaremos mais das terminações dos verbos mais adiante, quando tratarmos de vogal temática.

Desinências número-pessoaisVamos prosseguir com a técnica de formação de pares, para entendermos as desinências

número-pessoais. Veja:

chega – chegamos

Podemos notar que o que difere as duas formas desse par é o elemento -mos. Ele nos indica duas coisas: a 1ª pessoa gramatical e número plural, ou seja, podemos notar que, quando a forma verbal possui a desinência -mos, ela concorda com o pronome pessoal “nós”:

“nós chegamos”

Essa desinência -mos sempre marca essa pessoa gramatical, ou seja, a primeira pessoal do plural, independentemente do tempo em que o verbo está conjugado. Veja:

chegamos – presente do indicativo,

chegáramos – pretérito mais-que-perfeito indicativo,

chegássemos – pretérito imperfeito subjuntivo,

chegarmos – futuro do subjuntivo.

As desinências número-pessoais também apresentam formas variantes (alomorfes). Vamos ver um quadro com essas desinências:

PESSOA DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL (e alomorfes)

SINGULAR

Ø

-o (pres. ind.)

-i (pret. perf. ind. e fut. pres. ind.)

2ª-s

-ste (pret. perf. ind.)

3ªØ

-u (pret. perf. ind.)

PLURAL

1ª -mos

-is

-stes (pret. perf. ind.)

-des (fut. subj. e infinitivo flex.)

3ª -m

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Como já foi observado anteriormente, a ordem é muito importante para a Morfologia. No caso dos verbos, as desinências número-pessoais sempre ocorrem depois das modo-temporais.

No início da unidade anterior, formamos o par

pedra – pedreiro,

a partir do qual constatamos que a palavra “pedra” é formada por dois elementos; “pedr-” e “-a”. Lembra-se? Vimos, também, que o primeiro elemento é o radical da palavra, mas e o segundo? Esse elemento chama-se vogal temática e permite que, a partir do radical “pedr-”, se chegue à forma “pedra”. As vogais temáticas dividem-se em nominais e verbais.

Vogais temáticas nominaisAs vogais temáticas nominais são -a, -e , -o. Para que você as visualize, trazemos o

quadro que segue:

RADICAL VOGAL TEMÁTICA =

PEDR- -A PEDRA

DENT- -E DENTE

LIVR- -O LIVRO

As vogais temáticas não se ligam ao gênero dos nomes. Embora a maior parte das palavras terminadas pela vogal temática -a sejam femininas, ela ocorre, também, em palavras masculinas, como “o planeta”, “o problema”, “o cometa”, “o sistema” etc. Da mesma forma, a maior parte dos nomes que contém a vogal temática -o são masculinos, mas isso nem sempre acontece, pois “libido” é nome feminino. Muitos nomes terminados em -a podem ter uma só forma para o masculino e o feminino, como “o/a pianista”, “o/a colega” etc. Às vezes, a partir de um mesmo radical, formam-se nomes com essas duas vogais temáticas, como “barco” e “barca”, “jarro” e “jarra” etc.

VT – Vogal Temática

DMT- Desinência ModoTemporal

DNP- Desinência NúmeroPessoal

Vogal Temática

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Os nomes terminados pela vogal temática -e podem ser masculinos, como “dente” e “pote” ou femininos, como “estante” e “grafite” (sim, “a grafite”); mas, quando esses nomes se referem a pessoas, eles geralmente têm uma única forma para os dois gêneros, como “o/a chefe”.

Como já vimos, ao tratar de radical, não são todos os nomes que possuem vogal temática. Ela não ocorre nos nomes que são terminados por consoantes, como “Sol”, “lápis”, “rim”, “luz”, “cor”, e nos terminados em vogal tônica, como “café”, “cipó” etc.

Para não confundir vogal temática nominal com desinência de gênero, pense nas palavras “carro” e “caneta”. Essas palavras não permitem a formação de pares de masculino e feminino, como “carro” e “carra” ou “caneta” e “caneto”. Da mesma forma, “barco” não é o masculino de “barca”; e “porto” não é o masculino de “porta”.

Vogais temáticas verbaisAlém das vogais temáticas que vimos, há outras que ocorrem nos verbos e servem para distinguir

as três conjugações verbais do português. Elas são -a (1ª conjugação) -e (2ª conjugação) e -i (3ª conjugação). Vamos ver a ocorrência dessas vogais com os verbos no infinitivo. Veja o quadro:

RADICAL VOGAL TEMÁTICA INFINITIVO (+R)

CHEG- -A- CHEGAR

CORR- -E- CORRER

OUV- -I- OUVIR

Observe que o verbo “pôr” e seus derivados (apor, antepor, compor, contrapor, depor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, justapor, opor, propor, repor, sobrepor, supor, transpor etc.) pertencem à 2ª conjugação. A vogal temática não se apresenta no infinitivo (pôr), mas está presente em outras formas do verbo, como no pretérito imperfeito do subjuntivo. Veja:

RADICAL VOGAL TEMÁTICA DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL (-SSE)

CHEG- -A- SSE

PUS- (alomorfe) -E- PUSESSE

OUV- -I- OUVISSE

As vogais temáticas verbais também possuem variantes (alomorfes). Por exemplo, a vogal -a (1ª conjugação), que ocorre em “chegar”, tem as variantes -e em “cheguei” (1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) e -o em “chegou” (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo). A vogal temática -e (2ª conjugação), que ocorre em “correr”, tem a variante -i em “corrido” (particípio).

Na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, a vogal temática, em geral, é Ø: “chego”, “corro”, mas ela se apresenta, por exemplo, em “sorrio”, vogal temática –i.

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Os elementos de ligação dividem-se em consoantes de ligação e vogais de ligação.

Consoantes de ligação

Para tratar dos elementos de ligação, vamos, mais uma vez, formar um par:

língua – linguarudo.

À primeira vista, podemos dividir a segunda palavra nos elementos “língua” e “-rudo”. Confrontando-se, no entanto, a palavra com outras que apresentam o mesmo sufixo, como “chifrudo”, “barbudo” etc., nota-se que o “r” não faz parte do sufixo. Veja:

RADICAL SUFIXO =

BARB- -UDO BARBUDO

Se o que ocorre em “barbudo” fosse seguido de modo idêntico em “língua” + -udo, obteríamos “linguudo”, com esse desagradável encontro de “uu” (soa mal, não é?). Para evitar isso, acrescenta-se a consoante de ligação “-r-”, formando-se, assim, “linguarudo”. Observe:

RADICAL + VT CONSOANTE DE LIGAÇÃO SUFIXO =

LÍNGUA -R- -UDO LINGUARUDO

Além de -r-, há, também, em português, as consoantes de ligação -l-, -z- e -t-, que ocorrem, por exemplo em “paulada”, “bambuzal” e “cafeteira”. Veja o quadro:

RADICAL CONSOANTE DE LIGAÇÃO SUFIXO =PAU -L- -ADA PAULADA

BAMBU -Z- -AL BAMBUZALCAFÉ -T- -EIRA CAFETEIRA

Elementos de Ligação

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Unidade: Estrutura das Palavras II

Vogais de ligaçãoOutros elementos que servem para ligar dois morfemas são as vogais de ligação. Em português,

são as vogais -i-, -o-, presentes, por exemplo, nas palavras “pernilongo” e “gasômetro”. Veja o quadro:

RADICAL VOGAL DE LIGAÇÃO RADICAL =

PERN- -I- -LONGO PERNILONGO

GÁS -O- -METRO GASÔMETRO

Vimos nessa unidade, vários outros elementos mórficos presentes na estrutura das palavras em português. É muito importante notar que esses elementos são responsáveis pela grande economia da língua. Veja que, ao trabalharmos com a desinência –s para o plural, economizamos a criação de muitas palavras. Imagine se para indicaro plural criássemos a cada vez uma nova palavra? E lembre-se: compreender como as palavras se estruturam é uma forma de conhecer os mecanismos da língua e dar sentido a muitas regras que decoramos sem nem mesmo saber o porquê. Não é mesmo?

Glossárioconsoante de ligação: consoante que liga dois morfemas, como o -r- de “linguarudo”.

desinência de gênero: ver desinência nominal.

desinência de número: ver desinência nominal.

desinência modo-temporal: ver desinência verbal.

desinência nominal: morfemas que indicam a flexão de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

desinência número-pessoal: ver desinência verbal.

desinência verbal: morfemas que indicam flexão de tempo e modo (modo-temporais) e número e pessoa (número-pessoais) dos verbos.

flexão: propriedade das palavras de variar em gênero, número (nomes), tempo, modo, pessoa e número (verbos).

morfema zero (Ø): ausência de morfema que se contrapõe a outro morfema, como a ausência de -s no singular em “aluno”, que se opõe ao -s em “alunos”.

palavra invariável: palavra que possui flexão.

palavra variável: palavra que não possui flexão.

radical: morfema que contém o significado básico de uma palavra, como “leal” em “desleal”.

substantivo: palavra que nomeia seres, ações, características, sentimentos etc.

sufixo: morfema que se pospõe ao radical, como -eza em “clareza”.

vogal temática: vogal a que se junta a um radical, constituindo o tema, a que se juntam as desinências.

vogal de ligação: vogal que liga dois morfemas, como o -o- de “gasômetro.

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Para aprender mais a respeito das questões apresentadas nesta unidade, faça as seguintes leituras:

√ KEHDI, Valter. Formação de Palavras em Português. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003.

√ ________. Morfemas do Português. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004.

Obras disponíveis on-line

√ BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2eYAL/teoria-lexical. Acesso em 31 out. 2013.

√ KEHDI, Valter. Joaquim Mattoso Câmara Jr. Contribuições aos estudos da língua portuguesa. Disponível em http://www.filologia.org.br/revista/38sup/08.html. Acesso em 31 out. 2013.

√ ________. O problema do infixo em português. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/45876941/O-problema-do-infixo-em-portugues-Valter-Kehdi. Acesso em 22 out. 2013.

Material Complementar

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Unidade: Estrutura das Palavras II

BASÍLIO, M. Teoria lexical. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book)

KEHDI, Valter. A flexão de gênero em português. Estudos Linguísticos. Anais dos Seminários do GEL, Campinas, v.XIV, p. 282-289, 1987.

MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística: A Expressividade na Língua Portuguesa. São Paulo: T. A. Queirós, 1989.

MATTOSO CÂMARA JR., Joaquim. Estrutura da Língua Portuguesa. 37. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

NEVES, M. H. M. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2006. (E-book)

ROSA, M. C. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000. (E-book)

SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São Paulo: Manole, 2010. (E-book)

Referências

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Anotações

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