LONA 456- 13/10/2008

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Curitiba, segunda-feira,13 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 456| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo | DIÁRIO d o B R A S I L Página 8 Pesquisa divulgada pelo IBGE na sexta-feira mostra que o número de empregos na indústria diminuiu o ritmo de crescimento. A variação do mês de agosto ficou pratica- mente estável, mas represen- ta alerta, considerando que neste período a indústria de- veria empregar mais. Os eco- nomistas alertam para o iní- cio da repercussão da crise econômica no Brasil. No ano que vem a empregabilidade deve sofrer queda ainda mai- or, e as pessoas que ocupam os cargos de produção serão as primeiras a sentirem na pele as conseqüências da eco- nomia globalizada, conforme especialistas. Página 3 Indústria brasileira pode sofrer com a crise, dizem economistas Ensaio fotográfico O Lona continua com a série de imagens que pretendem fazer uma releitura fotográfica da obra “Alice no país das maravilhas”. Página 6 Na Feira do Largo da Ordem várias pessoas vendem produtos inusitados. Antonio Tomas, por exemplo, vende moedas há 35 anos. O Lona na feira Paulo Strano fez curso de eletrônica a distância e é exemplo da popularização da prática nos últimos tempos - Pág 7 Página 3 Tecnologia no turismo No segundo dia do SIT, os pa- lestrantes mostraram como é possível promover inclusão soci- al por meio da internet João Nei

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, segunda-feira,13 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 456| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

DIÁRIO

do

BRASIL

Página 8

Pesquisa divulgada peloIBGE na sexta-feira mostraque o número de empregos naindústria diminuiu o ritmo decrescimento. A variação domês de agosto ficou pratica-mente estável, mas represen-ta alerta, considerando queneste período a indústria de-veria empregar mais. Os eco-nomistas alertam para o iní-cio da repercussão da criseeconômica no Brasil. No anoque vem a empregabilidadedeve sofrer queda ainda mai-or, e as pessoas que ocupamos cargos de produção serãoas primeiras a sentirem napele as conseqüências da eco-nomia globalizada, conformeespecialistas.

Página 3

Indústria brasileira pode sofrercom a crise, dizem economistas

Ensaio fotográficoO Lona continua com a série

de imagens que pretendem fazeruma releitura fotográfica da obra“Alice no país das maravilhas”.

Página 6

Na Feira do Largo da Ordemvárias pessoas vendem produtosinusitados. Antonio Tomas, porexemplo, vende moedas há 35anos.

O Lona na feiraPaulo Strano fez curso de eletrônica a distância e é exemplo da popularização da prática nos últimos tempos - Pág 7

Página 3

Tecnologia no turismoNo segundo dia do SIT, os pa-

lestrantes mostraram como épossível promover inclusão soci-al por meio da internet

João Nei

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Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 200822222

Artista - RushÁlbum - SignalsLançamento - 1982

Artista - Secos e MolhadosÁlbum - Secos e MolhadosLançamento - 1973

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

Expediente

Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: Renato Casa-grande; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora deExtensão:Extensão:Extensão:Extensão:Extensão: Fani SchifferDurães; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-sa:sa:sa:sa:sa: Luiz Hamilton Berton;

Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-mento e mento e mento e mento e mento e AAAAAvaliação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-tucional:tucional:tucional:tucional:tucional: Renato Casagran-de; Coordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do Cursode Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro;Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Elza Oliveira e Marcelo Lima;EditorEditorEditorEditorEditor-chefe:-chefe:-chefe:-chefe:-chefe: Antonio Car-los Senkovski.

A coluna “Álbuns Clássicos” é escrita pelo estudante de jor-nalismo e músico Marcos Paulo de Assis.

Marcos tem 34 anos, toca na noite curitibana desde 1998 embares de MPB. Atualmente é integrante da banda de Heavy/Doom “A Tribute to the Plague”.

Alguns vídeos dos álbuns resenhados estarão sempre dispo-níveis no endereço http://br.youtube.com/user/anubisctba.

Email para contato e sugestões [email protected]

Vamos falar de um filmeque é considerado cult e umclássico do cinema, mas quemuitas pessoas no Brasilnão conhecem. A trama geracontrovérsias, fazendo comque na África do Sul o filmefosse censurado após seu lan-çamento e no Reino Unido fi-casse em cartaz por quatroanos seguidos.

“The Rocky Horror Pictu-re Show” foi lançado em 1975e conta a história de um ca-sal recém-casado que, devidoa um problema no carro, vaipedir ajuda aos moradores deum castelo. No entanto, po-demos dizer que aquelas pes-soas não são muito normais,ou mesmo terráqueas.

O roteiro não é um dosmelhores, e dos efeitos espe-ciais é melhor nem se falar.Mas então por que escreversobre algo que não é bom?Simplesmente porque é bom(talvez um tipo diferente debom). Algumas pessoas con-sideram o filme como uma“experiência”, e é por isso quenos EUA há exibições em queo público canta e dança comona atração (não tinha citado

que era um terror/comédia/musical?). Vale lembrar queaté tem um episódio do seria-do “Cold Case” (no Brasil co-nhecido como “Arquivo Mor-to”) em que o caso é sobre umrapaz que foi morto depois deter ido a uma das sessões inte-rativas do filme. A trilha sono-ra do episódio conta com todasas músicas cantadas no longa.

Diferente da trama e dosefeitos, o elenco é muito bom.Tim Curry (As Panteras) é ogrande nome do filme. Ele in-terpreta o cientista Dr. Frank-N-Furter, que está criando umhomem (sim, uma menção aoDr. Frankenstein. O filme todosatiriza filmes de ficção cien-tífica e faz referência a obrasde arte). Não muito conhecidana época, Susan Sarandon(Doidas Demais) também fazparte da película. Dirigido porJim Sharman, é um filme co-lorido, original, bizarro e, nomínimo, divertido. Num des-ses dias chuvosos, li na inter-net que há boatos de que umarefilmagem está sendo cogita-da. Torço com todas as minhasforças para que seja mentira.(Camila Picheth)(Camila Picheth)(Camila Picheth)(Camila Picheth)(Camila Picheth)

Um show estranho

“Power trio” é uma expres-são no mundo musical usadapara designar uma reunião detrês músicos talentosos. Pode-mos citar o The Police e o Cre-am, de Eric Clapton, comoexemplos. O Rush está nessacategoria. Geddy Lee baixo, sin-tetizadores e vocais, Alex Life-son guitarras e o espantoso NeilPeart na bateria e percussão,um dos mais respeitados músi-cos do mundo, deram uma gui-nada na carreira a partir deSignals, passando a utilizarmuito mais o teclado, que emvez de poucas intervenções nofundo das músicas, começou ater mais espaço, com arranjosbem tramados.

Um exemplo disso é a músi-

ca que abre o álbum, Subdivi-sions, o teclado faz a introdu-ção com peso, notas graves,antecedendo a bateria que levaa música a crescer aos poucos,até o vocal de Lee.

Countdown foi escrita emhomenagem ao ônibus espacialColumbia, depois de terem as-sistido ao seu primeiro lança-mento em cabo Kennedy. Che-mistry, Digital Man e The We-apon também são fantásticas.As letras do Rush têm muitainspiração em ficção científica,paixão de Lee e Peart. Falar dovirtuosismo dos integrantes échover no molhado, mas em al-guns momentos é impossívelnão se impressionar, como nosolo de Subdivisions.

Em 2002, o Rush gravou oDVD Rush in Rio, no estádio doMaracanã lotado. Registro fan-tástico diante de mais de40.000 pessoas.

Virtuosismo nem sempre ébem-vindo, pois o músico tendea querer mostrar suas qualida-des extraordinárias de compas-so em compasso, cansando oouvinte. No caso do Rush, ele émuito bem utilizado, sem exa-geros.

Existem grupos que passame deixam uma marca, um esti-lo, algo a ser seguido. Nos anos70, a repressão da ditadura eraferrenha, mas ao mesmo tem-po a criatividade dos artistasera fantástica. Alguns dos me-lhores discos da música brasi-leira foram resultado desse pe-ríodo obscuro.

Secos e molhados, de 1973,é perfeito artistica e musical-mente. Ney Matogrosso nãoera, e não é, apenas um cantorque empresta sua voz a umamúsica qualquer. Ele interpre-ta, incorpora a atmosfera dasletras como talvez ninguém con-siga fazer. Gerson Conrad e

João Ricardo acompanhavam agenialidade de Ney, tanto emvocalizações como na parte ins-trumental das músicas.

A banda pintava os rostos,usava roupas extravagantes,chamava a atenção pela criaçãoartística que envolvia suasapresentações e assustava omoralismo da sociedade brasi-leira naquela época. A capa doálbum já é um espetáculo, to-dos os integrantes da banda comsuas cabeças expostas em ban-dejas sobre uma mesa. Ela foieleita a melhor capa de discobrasileira em uma pesquisa en-comendada pelo jornal Folha deS. Paulo em 2001.

Sangue Latino, O Vira,Rosa de Hiroshima, Fala, sãotodos clássicos belíssimos. Abanda fez uma apresentaçãohistórica em 1974 no Maraca-nãzinho, lotado com filmagemda Rede Globo e a presençamídia em geral acompanhan-do, em uma época em que nãoexistia nenhuma histeria noBrasil com bandas de rock.

Uma lenda diz que o Secos eMolhados teria sido o primeirogrupo a pintar os rostos, e nãoo Kiss. Gene Simmons, baixis-ta do Kiss, teria visto uma apre-sentação da banda brasileira ecopiado as máscaras.

Verdade ou não, o fato éque mais de 30 anos depois desua separação o Secos e Mo-lhados continua atual e geni-al em suas criações.

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Antonio Senkovski

Luiz Fellipe Deon

O Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE)divulgou na última sexta-feirapesquisa que aponta diminui-ção no ritmo de crescimento donúmero de empregos na indús-tria em agosto. O levantamen-to aponta queda de 0,1%. Nãoparece muito, mas no mesmomês de 2007 o índice haviacrescido 2,5%. No Paraná, oíndice ainda não foi fechadopela Federação das Indústrias(FIEP), mas, segundo a insti-tuição, não haverá grandes di-ferenças entre seu estudo e osnúmeros constatados peloIBGE.

Apesar do recuo, o cresci-mento acumulado do ano ficouem 2,8%. Entretanto, para oseconomistas, esta ascensão daindústria deve acompanhar aeconomia mundial e diminuirnos próximos meses. Para oeconomista Hugo EduardoMeza, a estabilidade do mês deagosto na empregabilidade daindústria já é reflexo da crise.“Essa é uma mostra da retra-ção da economia como um todo.As empresas param de produ-zir porque não há mais liqui-dez no mercado.”

A queda no setor é inespe-rada, considerando que a mai-oria das encomendas do mer-cado varejista é feita nos me-ses de julho a setembro. Parao economista Vanberto Santa-na, “é normal que esses núme-ros diminuam somente no úl-timo trimestre, já que em ou-tubro e novembro a maior con-centração de trabalho fica paraa parte de logística”.

Na pesquisa do IBGE, ossetores que mais apresenta-ram diminuição nos empregosindustriais foram o vestuário,calçados e artigos de couro.Porém, segundo Meza, os bra-sileiros que forem comprar rou-pas para presentear alguém noNatal e encontrarem preçosmais altos não poderão culparsomente a indústria nacional.“A maioria é importada. Se forconsiderar o dólar mais alto, o

Especialistas dizem que esse já é um sinal da crise mundial na economia brasileiraGeral

Empregos na indústria diminuemcusto vai subir. E então, dequalquer forma quando se tempreços elevados, a oferta sobra”.

Por outro lado, os itens queseguraram o crescimento daindústria foram os produtosquímicos, os alimentos e as be-bidas. “Na realidade são seto-res que crescem quando o con-sumo cresce. O PIB cresceubastante, o que se reflete tam-bém no número de financia-mentos. O que ninguém espe-rava era a crise”, analisa Meza.

O abalo na estrutura da eco-nomia mundial deve fazer comque a situação piore ainda maisno ano que vem. Santana dizque, no Brasil, os primeiros asofrerem serão o setor automo-bilístico e o da construção ci-vil, ramos que têm apresenta-do bom desempenho nos últi-mos meses. “As pessoas devem

Divulgação/ Renault

O setor automobilístico poderá sofre com a crise

aproveitar o 13º de agora paracomprar bens de até R$1500,já que elas devem pensar queno ano que vem podem estardesempregadas”.

Neste ponto, Meza alertaque se as pessoas deixarem decomprar agora, como aconse-lham alguns analistas, a crisesó vai se agravar. “As pessoasacabam criando a crise. Nãoporque naturalmente acontece-ria, mas sim sobre expectati-vas de que as coisas aconte-çam”.

Sobre isso, Vanberto Santa-na diz que a expectativa do anoque vem vai depender do queos governos fizerem. Posiçãoque não vale para Meza: “Omercado tem que esperar a cri-se acabar aos poucos. O gover-no tem pouca ação para evitara crise. Ele pode proteger al-

guns setores favoráveis tentan-do controlar a inflação, o que é

importante, mas não tem comofazer muito mais do que isso”.

Carolina Adam Helm

Os furacões Gustav e Ike atin-giram Cuba, República Domini-cana, Jamaica e Haiti há ummês. Muitas pessoas ainda es-tão desabrigadas e a situação édesesperadora, pois 80% dascasas foram danificadas.

Segundo dados da Organiza-ção das Nações Unidas para In-fância, o Unicef, o furacão pas-sou a 215 quilômetros por hora,provocando mais de 600 mortesno Haiti e 250 mil pessoas ne-cessitam de assistência.

Em Cuba, o furacão Ike pas-sou a cerca de 200 quilômetrospor hora perto da cidade de Ha-vana. O país foi devastado emsua infra-estrutura econômica,social e habitacional, como nun-ca visto antes. A Casa Latino-Americana (Casla) é uma ongque trabalha com os direitoshumanos e frente a esse desas-tre, faz parte da campanha desolidariedade mundial para aju-dar os povos do Caribe.

Gladis de Souza Floriane,presidente da Casla, informaalguns dados: “O povo caribenhoestá em uma situação dramáti-ca. Mais de 10 milhões de pes-soas estão sem casas, em situa-ções deploráveis. O Haiti é umdos mais atingidos, por ter pro-blemas internos, por ser um paíspobre. Com esse desastre a si-

tuação é ainda mais complica-da”. O governo do Paraná estáparticipando de uma campanhapara ajudar as vítimas, com par-ticipação de entidades e movi-mentos sociais. O slogan da cam-panha é “Cuba, República Do-minicana, Jamaica e Haiti Pre-cisam de Ti!” Estão sendo arre-cadados alimentos não perecí-veis, produtos de higiene e lim-peza, materiais de construção eroupas. “Todas as entidades, co-operativas, pastorais sociais es-tão engajadas nessa luta. Ameta é arrecadar 1.500 tonela-das de alimentos e se isso forpossível o Governo Federal for-necerá o meio de transporte”,afirma Gladis.

No dia 16 de outubro, o naviosairá do Porto de Paranaguápara levar as doações até a po-pulação caribenha. Mesmo comessa partida, as doações e arre-cadações continuam até o finaldo ano. “Vai ser muito positivo,a solidariedade une os povos.Não será só para o bem materi-al daqueles que perderam tudoe sim uma alegria a todos quecolaborarem”, completa a presi-dente do Casla. As doações po-dem ser feitas em qualquer uni-dade do Corpo de Bombeiros,Defesa Civil, Polícia Militar enas entidades participantes. OSindicato dos Jornalistas é umadas entidades que participa dacampanha de solidariedade.

Paraná e Caribe unidos contra uma catástrofeDanielly Ortiz

Cássia Morghett

No segundo dia do Seminá-rio Internacional de Turismo,aconteceu um debate com pro-fissionais da América Latinasobre as novas tecnologias quepodem ajudar no ramo turís-tico. Ana Lucia Serrano, doEquador, disse que a tecnolo-gia é o novo canal de distri-buição para o turismo. No paísfoi criado um site que atuacomo uma plataforma para co-mercializar produtos turísti-cos para o mundo.

Os palestrantes falaramsobre como a internet podepromover a inclusão social,pois com a onda de crédito aclasse menos favorecida podeadquirir um computador e seconectar ao mundo. Marcas daweb já se tornaram as maisvalorizadas, o Google vale hoje64 bilhões e está na frente daCoca-Cola.

O professor José RobertoAndrade, do Ceará, tambémconcorda que a internet é a fer-ramenta fundamental paraque o turismo cresça, poisalém de divulgar, ela tambémpromove o conhecimento para

SIT discute tecnologias no turismoo cliente interessado. O profes-sor explica que a tecnologiavem como instrumento de ges-tão dos mercados de turismoe ele também aposta na webpara criar um ambiente maisinterativo com seus clientes.

José Roberto só discordaem uma coisa com Ana Lucia;para ele os países da AmericaLatina ainda não estão avan-çando no ramo turístico. “Omovimento de turismo é bai-xo comparado com outros lu-gares, um exemplo é o Brasil,em que apenas um terço dapopulação viaja, mas se o mer-cado crescer e a competitivi-dade aumentar, os estados vãoter mais ferramentas paraatender o perfil dos clientes”,completa o professor.

Foi discutido também,principalmente na palestra doprofessor Gustavo da Cruz, autilização de websites na for-mação de uma estrutura deturismo.

Trazendo histórias que si-mulam e comparam a reali-dade de uma pessoa nos anos80 e essa mesma pessoa atu-almente, Gustavo da Cruz con-seguiu mostrar a evolução doturismo por meio da tecnolo-gia. Principalmente com autilização da internet.

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A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica informa que a média é de 500 mil operações por ano

Cirurgia plástica: as duas faces da moderCarolina Helm

Daniela Piva

Pablo Picasso disse certavez: a arte é uma mentiraque nos ensina a compreen-der a verdade. No século dasimetria perfeita, nada dedesproporções e antagonis-mos. Desarmonia que agra-de os olhos, só nas obras dearte do movimento cubista.Alguns gramas a menos, sei-os maiores, nariz menorpara "combinar" com o restodo rosto. . . Aumentar umpouquinho aqui, esticar ali...Quem nunca pensou em ci-rurgia plástica, dê a primei-ra pincelada em uma telavazia. Exageros à parte, cedoou tarde, quase ninguémestá livre da busca pelo cor-po ideal.

1m60 de altura, cabeloscastanhos que fazem umamoldura perfeita para o ros-to e contrastam com a pelepálida. Olhos de ressaca,como diria Machado de As-sis. A publicitária MarinaPiloni, de 22 anos, detestaerros de português e adoraelogios. Não dispensa perfu-me importado, tampouco umconvite para uma churras-caria. Adora sushi, e prome-te começar uma dieta todasegunda-feira. Gosta de suaaparência,mas não foisempre as-sim. "Resol-vi fazer ci-rurgia por-que não es-tava satis-feita com omeu corpo enão tinhaalternativasenão recor-rer a umaplástica," diz.

Marina ficou mais de dezhoras na sala de operação. Feztrês cirurgias de uma só vez."Fiz uma lipoaspiração do om-bro até o joelho, rinoplastia(plástica no nariz) e prótese desilicone nos seios", explica.Saiu "toda recauchutada",

como costuma brincar.Quem a conheceu antes das

plásticas, nem acredita namudança. Não apenas em re-lação ao exterior, mas no com-portamento. "A Marina ficoumuito mais segura. Antiga-mente, quando a gente mar-cava de sair, ela sempre fica-va horas escolhendo roupas efazendo maquiagem. Hoje emdia ela sai de cara lavada emoletom, se for preciso. A ati-tude em relação à vida mu-dou muito. Ela sabe que é bo-nita, e isso transparece até napostura. Ficou mais 'ereta'",diz Fabíola Amaral, amiga hácinco anos.

Sua postura realmente mu-dou. Passou a ter mais auto-estima e autoconfiança. Trocoude emprego, de namorado e as-sumiu o controle da sua vida.Não permite mais que as pes-soas a julguem ou a depreci-em. "Quando você acha quetem um defeitinho, parece quetodos o notam também", dizMarina.

Segundo a Sociedade Bra-sileira de Cirurgia Plástica(SBCP), 40% dos pacientes querecorrem às cirurgias plásti-cas procuram pela lipoaspira-ção. A publicitária confessaque não era imprescindível sesubmeter aos procedimentos."Talvez a lipoaspiração nãofosse tão necessária e algumashoras na academia juntamen-

te com umadieta pode-riam resol-ver. Porém,não há o quefazer quan-do não setem seios ouquando o seunariz não éproporcionalao seu rosto.Nada tinhade tão exage-

rado, mas eram algumas coisasque poderiam ser diferentes eme fariam mais feliz", pondera.

E realmente foi o queaconteceu. Marina se sentemais bonita e mais feliz tam-bém. É claro que as mudan-ças externas não mudam o in-terior, mas neste caso as al-

terações no físico resultaramem atitude e perspectiva di-ferentes. "É óbvio que não adi-anta 'se esculpir' inteira e nãocuidar do intelecto. Desta par-te eu nunca descuidei, masacho importante também sen-tir-se bem consigo mesmo. Atéporque quando você se sentebem, parece que as dificulda-des do dia-a-dia somem e tudoconspira a seu favor", reflete.

Dalton Benik, estudante de20 anos, fez há cerca de ummês uma rinoplastia e já sen-te diferenças. "Acredito queminha auto-estima tenha me-lhorado. Não foi uma transfor-mação tão grande a ponto demudar minha vida, mas comcerteza me deixou mais segu-ro para realizar determinadastarefas", relata.

Plástica na auto-estimaUm aspecto bastante im-

portante em relação à cirurgiaplástica é a auto-estima. Ela éformada na infância a partirde como as outras pessoas sãotratadas. É a consciência de seuvalor próprio, ser "seguro de si","confiar em si mesmo".

Segundo a psicóloga Gio-vanna Libretti, a auto-estimaé um importante meio paracurar ou amenizar as dificul-dades e sofrimentos, bem comopara sanar as demais doençasde origem emocional. "A auto-estima pode enfraquecer à me-dida que a pessoa passa porfrustrações, em situações deperda, ou ainda quando não éreconhecida por nada que faz.Isso faz com que o indivíduose sinta inadequado, inseguro,cheio de dúvidas, incerteza dequem realmente é, ou seja, umsentimento de não ser capazde nada", explica.

Quando a auto-estima estábaixa, pode afetar nos relacio-namentos interpessoais. Comoa própria pessoa não se ama,acaba se sujeitando a ter qual-quer tipo de relação para man-ter alguém ao seu lado, tornan-do-se dependente de relaçõesdestrutivas. "Vale ressaltarque esse comportamento acon-tece inconscientemente, o su-jeito não tem consciência deque está agindo assim, apenas

está sofrendo", afirma.De acordo com Giovanna,

a auto-estima é importanteexistir de maneira adequadana estrutura subjetiva, pois elaé resultado de tudo que acre-dita ser, por isso o autoconhe-cimento é fundamentalpara aumentá-la. "Este éum processo gradativoque exige trabalho econscientização, o queleva muitas pessoas op-tarem pela cirurgiaplástica, criando umaforte expectativa eacreditando que estaé um meio mais ime-diato de sentir-sebem consigo mesmoe perante as outraspessoas", expõe.

Pós-operatórioO período pós-

operatório é tão im-portante para o re-sultado quanto aprópria cirurgiaplástica. É necessá-rio seguir as reco-mendações médicas,especialmente quan-do se faz lipoaspira-ção. É preciso usarcinta elástica mode-ladora, fazer sessõesde drenagem linfáti-ca para a redução doedema, tomar os me-dicamentos prescritos nahora certa e outras. Mas tam-bém é indispensável ter paci-ência, pois os resultados totaisnão podem ser vistos logo apósa operação.

Marina já se sentiu satis-feita imediatamente, mas nãoé comum. "Quando me olhei noespelho no dia seguinte já pudenotar uma diferença. Aos pou-cos, na medida em que iamdesaparecendo as manchas ro-xas e eu ia desinchando, pudenotar mudanças drásticas nomeu corpo. Era como se eu ti-vesse sido 'esculpida' num cen-tro cirúrgico", relata.

Benik ainda está na fasepós-operatória, mas relataque o resultado da plástica foimelhor que o esperado. "Naverdade ainda falta um poucode tempo para ter o resultado

Nada tinha de tãoexagerado, maseram algumas coisasque poderiam serdiferentes e mefariam mais felizMARINA PILONI

completo. Algo em torno dequatro a seis meses. Mas já sepercebe uma grande mudan-ça", diz.

Arrependimentos? "Só porter feito todas as operações jun-tas, porque o pós-operatório foidolorido, mas nunca por ter fei-to. O resultado é incrível e sepreciso for, não hesitarei emfazer outras", finaliza Marina.

Benik gostou tanto do resul-tado que recomenda. "Tudo quesirva para se acrescentar algode bom na sua vida deve ser fei-to. Claro, seguindo normas e obom senso. Procure médicosespecializados, clínicas de qua-lidade e tome as devidas precau-ções, já que uma cirurgia plás-tica não é tão simples quantoas pessoas imaginam", conclui.

Head (After Picasso) by Andy Warhol

Especial

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rnidade

Você sabia?Para ser especialista em cirurgia plástica é necessá-

rio cursar os seis anos de medicina, fazer residência paraser cirurgião geral, especializar-se em cirurgia plástica,e depois disso tudo, passar na prova do SBCP? São apro-ximadamente 11 anos de estudos, e ainda existe a provada especialidade. Só então, recebe-se o título de Especia-lista em Cirurgia Plástica.

MulheresMulheresMulheresMulheresMulheres

Rinoplastia: R$ 2,5 a 6 milMama: R$ 4 a 8 milAbdome: R$ 4 a 8 milBarriga/culote: R$ 1,5 a 5

mil

HomensHomensHomensHomensHomens

Implante Capilar: R$ 4 a 7 milRinoplastia: R$ 2,5 a 6 milLipoaspiração: R$ 1,5 a 5 milRedução de mamas: R$

2,5 a 3,5 mil

Os preços variam de acordo com o proce-Os preços variam de acordo com o proce-Os preços variam de acordo com o proce-Os preços variam de acordo com o proce-Os preços variam de acordo com o proce-dimento e sexo dos pacientes.dimento e sexo dos pacientes.dimento e sexo dos pacientes.dimento e sexo dos pacientes.dimento e sexo dos pacientes.

Preços médios:

Fonte: www.querosaude.net

HistóricoO Brasil é um dos líderes

mundiais da indústria de cos-méticos e ocupa o segundo lu-gar no ranking da cirurgiaplástica, perdendo apenas paraos Estados Unidos. Muitas ve-zes, o recurso a remédios, tra-tamentos e cirurgias é encara-do como uma solução mágicapara problemas emocionais li-gados à auto-estima, que semanifestam na insatisfaçãocom o próprio corpo e levam aodesejo de transformá-lo. Assim,mesmo que um tratamento es-tético ou um procedimento ci-rúrgico seja bem-sucedido doponto de vista médico, pode nãotrazer a satisfação esperadapelo paciente e resultar na ne-gação do corpo.

Até os anos 1980, a cirur-

gia plástica para a área dasmamas se restringia aos ca-sos de redução do volume. Jána década de 1990, as mulhe-res investiram pesado nas pró-teses de silicone, para valori-zar a regiãodo colo.

No Bra-sil o índicede plásticachega a15% quan-do a faixaetária osci-la entre 14 e18 anos. Osúltimos da-dos da Socie-dade Brasilei-ra de Cirurgia Plástica(SBCP) mostram que na déca-da de 90 esse universo malchegava aos 5%.

DiferençasA cirurgia plástica divide-

se em estética e reparadora. Aestética visa o aperfeiçoamen-to externo para a melhora deuma parte do corpo. Já na re-paradora, pode haver uma me-lhora estética, mas o objetivoprincipal é a resolução de pro-

blemas de natureza médica.No caso de algum aci-

dente, essa cirurgiaajuda a repararqualquer dano.

Em geral, estesprocedimentos dispo-

nibilizam recursos para melho-rar aparência de homens emulheres. Mas nem tudo é tãobom quanto parece. As cirur-gias são feitas para obter umamelhora e muitas vezes issonão acontece. O corpo huma-no possui características dife-rentes, e de acordo com o or-ganismo de cada pessoa, o tra-tamento difere e isso podeacarretar imprevistos e insu-cessos.

InsatisfaçãoO mundo moderno exige

cada vez mais corpos harmôni-cos. Mas uma imagem valemais do que mil palavras? Nocaso de M.C., mil palavras va-leriam muito mais do que umaimagem. Fez lipoaspiração enão gostou do resultado. “A ‘lipo’

não foi bem feita e eu fiquei comnódulos horríveis na barriga, enão foi por falta de drenagemou massagem”, diz. Ainda com-pleta: “Fiquei com vergonha deexpor minha barriga, coisa que

nunca tive”.Casos como oda veteriná-ria de 25 anosacontecem di-ar iamente ,mas poucos seimportam. Avontade deser “cúmplice”da beleza falamais alto etorna cadavez mais difí-

cil convencê-las do contrário.A insatisfação com o pró-

prio corpo tem levado mulhe-res a expor a saúde a riscosdesnecessários. A expectativacriada é elevada e o resulta-do negativo afeta o psicológi-co e o emocional. A busca porum padrão de beleza, muitasvezes irreal, ditado pelos con-ceitos da moda e massificadopela sociedade, empurra ho-mens e mulheres para as me-sas de cirurgias. A plástica éeletiva, escolhe-se como,quando e com quem fazer,mas a decisão do pacientesempre leva em conta o que

foi prometido pelo cirurgião.A psicóloga Giovanna Li-

bretti explica que através dacirurgia mal sucedida, o sen-timento de frustração vem àtona. “O ideal é que a pessoaque for fazer essa cirurgia es-teja ciente de todas as conse-qüências e efeitos que podemocorrer, a fim de esclarecer asdúvidas e desfazer as fantasi-as que porventura possamainda existir no imaginário doindivíduo”. Os problemasemocionais como a depressão,trauma e sentimento de arre-pendimento só aumentam,acarretando mais dificulda-des, como auto-estima baixa,uma insatisfação consigomesmo.

“Por isso também é impor-tante que a pessoa tenha umacompanhamento psicológi-co, se possível, para estarmais estruturalmente prepa-rada para todas as situaçõesque possam ocorrer, conse-guindo lidar melhor com oresultado caso não tenha su-prido as expectativas espera-das,” argumenta Giovanna.

Apontar estes ou aquelesmotivos responsáveis para adifusão de uma padronizaçãoda beleza e do corpo seria in-coerente considerando a rea-lidade. O aumento da procura

A “lipo” não foibem feita e eufiquei com nóduloshorríveis nabarrigaM.C.

Quem não pode fazerQuem não pode fazerQuem não pode fazerQuem não pode fazerQuem não pode fazercirurgia plástica:cirurgia plástica:cirurgia plástica:cirurgia plástica:cirurgia plástica:

- Diabéticos;- Hipertensos descontro-

lados;- Pessoas que têm pro-

blemas pulmonares ou neu-rológicos;

- Pacientes que apresen-tem outras patologias emestágio elevado.

Ranking de cirurgi-Ranking de cirurgi-Ranking de cirurgi-Ranking de cirurgi-Ranking de cirurgi-as plásticas mais reali-as plásticas mais reali-as plásticas mais reali-as plásticas mais reali-as plásticas mais reali-zadas no País:zadas no País:zadas no País:zadas no País:zadas no País:

Lipoaspiração (reduçãoda gordura): 54%

Mama, em geral (aplica-ção de prótese, redução oucorreção da flacidez): 32%

Face, em geral: 27%Abdominoplastia (remo-

delação do abdome; retiraexcesso de pele e gordura):23%

Pálpebras: 16%Pescoço: 12%Rinoplastia (cirurgia do

nariz; harmoniza a face epode melhorar a respira-ção): 11%.

Fonte: SBCP

por plásticas é reflexo da exces-siva valorização da padronizaçãoda beleza e da aparência pela mí-dia, que acaba excluindo quemestá fora desses parâmetros.

As operações hoje são vendi-das a prazo e encaradas comoum procedimento simples,como se não existisse a recupe-ração demorada e a possibilida-de de ocorrerem complicaçõesmédicas. Antes de fazer a ci-rurgia só para o bem-estar, émelhor refletir. “Pensar muitobem, pois pode dar errado comodeu a minha. Depois não temoscomo voltar atrás. Acho muitomais saudável um regime, umaacademia, do que expor o corpoa uma ‘lipo’, que na maioria doscasos não fica como o esperado,”desabafa M.C.

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Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 200866666

Davy Nigro

Felipe Waltrick

Andar por toda a extensãoda famosa Feira do Largo daOrdem, que muitos preferemchamar Feirinha de Domin-go, é como entrar em um la-birinto de barracas com ummar de personalidades que namaioria das vezes vivem tran-qüilos no anonimato da cida-de, famosos apenas no mo-mento de sua arte.

Quando acaba a feira, osmágicos dos artesanatos, osmalabaristas das antiguidades,os trapezistas da culinária etantos outros componentes des-te “circo” aguardam o públicomais diversificado para o pró-ximo espetáculo no domingoseguinte.

Provar que na feirinha temartista por todas as partes nãoé uma tarefa complicada. En-trevistar um personagem tam-bém é possível - um personagemmesmo, não aquele que faz par-te de uma peça de teatro ou queseja famoso na cidade.

Sua aparência era um tan-to quanto estranha, porémmuito divertida. Falava comuma seriedade um pouco cômi-ca na maioria das vezes e emoutras exagerava como umacriança querendo contar van-tagem.

Foi nessa mescla de estilos,e na frente de diversas pintu-ras de outros artistas, que apa-receu Alan Junior, um profes-sor de piano e xadrez, importa-dor de alimentos congelados,músico e cineasta.

Amizade“Essa feira é tudo o que eu

sempre sonhei para mim. Aquieu me sinto livre, falo com aspessoas, faço amizade, faço umlanche, entro em contato com omundo das artes. Tem obras domundo inteiro aqui, grandesartistas que muitas vezes nãosão reconhecidos e que depoisque não estão mais aqui vão fi-car famosos”, conta Junior.

Vale lembrar que aos domin-gos livres ele vai até a feira doLargo da Ordem também para

Mude o seu domingoVisite a feira do Largo da Ordem e descubra uma outra opção de lazer

alegrar as crianças e os adul-tos com seu bom humor e suasesculturas em bexigas.

“A vida é assim, feliz dequem é feliz e alegre pra quemcontagia alegria”, acrescentaJunior, que apesar de não trans-parecer, tem quase meio séculode idade, 48 anos, além de jáser avô.

Por ser um dos pontos commaior número de turistas, afeira cresce cada vez mais, va-riando na forma e no conteúdodas barracas.

Do pastel argentino ao cal-do-de-cana, do artesanato emmadeira ao de lã, da coleção demoedas ou de relógios - as op-ções são das mais variadas tan-to para as crianças quanto parajovens, adultos e idosos.

Antonio Tomas, numisma-ta, começou a vender e trocaras suas moedas na feira em1973 quando o local de numis-mática ainda era embaixo daPraça Coronel Enéias, no queele considera como “o verdadei-ro Largo da Ordem”.

Ao longo dos 35 anos traba-lhando no domingo, Tomas temboas histórias para contar so-bre a feira.

Há uns 10 anos, quando es-tava aguardando algum inte-ressado em suas notas dos maisvariados países, como do Iraquecom o Saddam Hussein estam-pado ou de Cuba com o CheGuevara, uma senhora trocoude marido na sua frente.

Após o casal olhar seus ob-jetos, o marido saiu sem a es-posa perceber e se dirigiu ao ladodireito do numismata. Nessepequeno espaço de tempo outrorapaz entrou no lugar do mari-do, e descuidadamente a senho-ra se enganchou no braço delee saiu atravessando a rua.

“No outro lado da rua quan-do a mulher percebeu o equívo-co deu uma bronca no rapazgritando que ele não era seumarido. Foi um negócio hilá-rio”, se diverte Tomas, um dosintegrantes mais antigos da fei-rinha. “Aqui ganha-se nadamas a diversão é muita”.

O perfil do colecionador nu-mismático é de um sujeito quetem muita paciência e interes-sado em estudar principal-

mente história e geografia,que traz o conhecimento neces-sário para avaliar o valor his-tórico e cultural da moeda queestá em suas mãos.

Com o passar dos anos onúmero de freqüentadores au-mentou significativamente,mas encontrar pessoas com operfil de um colecionador nu-mismata está cada vez maisdifícil, o que realmente traz lu-cro para o expositor são os arte-sanatos, roupas e culinária.

Bem longe de casaJuana Benito Vega, 48, vi-

veu e criou seus filhos no Perue nunca imaginou que iria ven-der roupas em uma feira noBrasil.

Formada em turism, deci-diu mudar para Curitiba embusca de um mestrado em suaárea de graduação, mas algu-mas dificuldades, principal-mente a diferença da língua,causaram uma reviravolta emsua vida.

“Como eu sabia costurar foiuma forma mais rápida de ga-nhar dinheiro. No Peru estavaacostumada a fazer camisas tí-picas da região”, explica.

Já faz 12 anos que a artesãestá morando no Brasil, e cinco

que freqüenta a feira. “Luteiquase nove anos para conseguirum ponto aqui, é muita buro-cracia e a documentação pelofato de eu ser estrangeira difi-cultou ainda mais”, desabafa.

Ao perguntar para os fei-rantes como foi conseguir o pon-to, a maioria responde que alémda burocracia a fila de espera émuito grande, pois o lucro équase garantido.

DiversidadeA mistura e a diversidade de

produtos, além de ser um óti-mo ponto de encontro com osamigos, é que faz a cantora IriaBraga, 25 anos, ir todos os do-mingos à feira.

“ Acho bacana o comércio queacontece aqui, tem muitas pes-soas que ganham a vida assim,é uma possibilidade efetiva denão precisar das grandes mar-cas para comercializar coisasdessa forma. Acho bem interes-sante”, enaltece Iria.

Com o filho do namorado nocolo, ela percorre o labirinto debarracas obrigada, todo instan-te, a parar para cumprimentaralgum conhecido.

“Tomo meu caldo de cana,encontro muitos amigos, que àsvezes fico um tempão sem ver.

Comportamento

Prefiro vir um pouco mais demanhã do que perto da hora domeio dia porque sempre temuma super lotação nesse horá-rio. Mas faz parte”.

A lotação é inevitável, poisde acordo com a PrefeituraMunicipal de Curitiba, aproxi-madamente 1.200 barracas co-mercializam seus produtos naFeira do Largo.

O sorridente talhador Fran-cisco Agner, 42 anos, comemo-ra o desenvolvimento da feira,que faz parte do seu dia-a-diahá 15 anos. “Durante todo otempo que trabalho aqui o pú-blico aumentou muito, graçasa Deus”.

Lucro com a feira parece seralgo ocasional, mas fica eviden-te o carinho e a amizade dos fei-rantes com seus companheirose com seu público.

“Aqui o círculo de amizadesé muito forte, não só com os cli-entes, mas também com os fei-rantes, então se não apareçosinto muita falta. Todo domin-go faça chuva,faça sol estouaqui”, diz Agner.

Realmente, faça chuva oufaça sol, o “circo” sem discrimi-nação da arte contagia quemtrabalha e quem passeia pelaFeira de Domingo.

Felipe Waltrick/LONA

O numismata Antonio Tomas confere o seu acervo

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77777Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008Curitiba, segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Educação a distância populariza ensinoJoão Nei

Guilherme Sell

Uma pacata rua do bairroRebouças: em uma pequenaporta de garagem, sem placasnem anúncios, atrás de um bal-cão, que também tem a funçãode bancada de testes, em meioa televisões, monitores de com-putador, videocassetes, apare-lhos de DVD, está Paulo SérgioStrano, que definiu sua profis-são por meio de um anúncio derevista.

Isso foi em 1982, quando ti-nha apenas 15 anos. Apaixona-do por eletrônica, não conseguiuesperar pelos três anos, que de-veria cursar no Centro Federalde Educação Tecnológica doParaná para começar com asaulas práticas no curso de Ele-trônica.

Então seu pai patrocinou umcurso de Eletrônica de Rádio eTelevisão a distância. Recebiao material didático pelo correioe realizava avaliações mensal-mente. Pelo correio tambémvinham ferramentas e kits compeças para montar.

RádioApós um ano de curso na Oc-

cidental School (instituição queexiste até hoje e como muitas,está adaptada à internet), teveque montar um aparelho de rá-dio. Paulo guarda com carinhoeste aparelho em sua oficina.

Com os bons resultados ob-tidos no sistema de ensino a dis-tância, Strano animou-se e fezmatrícula no curso de Mecâni-ca de Automóveis, agora no Ins-tituto Universal Brasileiro (ou-tra referência no sistema de en-sino a distância).

Posteriormente, o estudan-te fez curso de graduação emAdministração de Empresas nosistema presencial, nunca dei-xando de consertar aparelhoseletrônicos.

Chegou a trabalhar na novaprofissão, mas não se adaptoue voltou para os transistores,transformadores, leds, e placasde circuito impressos. “É o queeu gosto de fazer”, sentencia.

O ensino a distância surgiu

como solução para a necessida-de de preparo profissional e cul-tural de milhões de pessoas que,por vários motivos, não podiamfreqüentar as escolas regulares.A primeira barreira ao acessodireto do aluno à escola, empaíses de grandes extensões ter-ritoriais, como o Brasil, estánas distâncias geográficas, poisnem todos dispõem de escolaperto de suas casas. O tempo éoutro problema, pois é difícilcombinar o período de trabalhocom o horário fixo das escolasconvencionais.

CrescimentoPara superar todos esses

obstáculos, e levar diretamen-te o conhecimento até o aluno,na sua própria casa, nasce oensino a distância, que utilizan-do o correio - e agora com o apoioda internet - inaugura umanova era na forma de ensinar.

Aliada às novas tecnologiase às necessidades do mercado,a educação a distância apresen-tou um crescimento significa-tivo neste começo de séculoXXI.

Em 2007 o aumento dasmatrículas em cursos de edu-cação a distância (EAD) foi de25% em relação a 2006.

Em 2005 as matrículas jáhaviam crescido 65%.E estatendência deve aumentar, con-firmam alguns especialistas.Para se obter um maior rendi-mento dos alunos é necessárioque haja uma convergência comas aulas presenciais. O nível dedescrença no método tem caídocom o passar dos anos.

Os benefícios são muitos noensino a distância, “principal-mente para os alunos que nãose sentem confortáveis em umasala de aula, nem inspirados emotivados naquela hora dodia”, explica Fernanda Roxy,psicóloga.

O método supre a necessida-de individual de diminuir as dis-tâncias do conhecimento. Limi-tações como a falta de estrutu-ra são superadas com o desen-volvimento do sistema. Outrobenefício é o aumento do graude concentração e produtivida-de, quando o aluno desenvolveum trabalho individual e em

ambiente particular.Cada aluno responde de for-

ma diferente ao método propos-to, mesmo com tantas facilida-des há aqueles que não se adé-quam ao sistema.

São muitas as causas quelevam a alta taxa de desistên-cia entre estudantes no ensinoa distância como o mau geren-ciamento do tempo e a poucaimportância ao conteúdo. Paraas instituições que contêm omínimo de estrutura há mui-tas maneiras de facilitar o su-porte ao aluno.

Os professores podem utili-zar a internet para acompanharo desenvolvimento dos estudan-tes. Teleconferências e áudios-visuais ou conversas interati-vas com professores ou outrosalunos são algumas alternati-vas. A qualificação dos profes-sores também é muito impor-tante.

Para os alunos que preten-dem uma formação a distânciaexistem algumas habilidades aserem desenvolvidas como aconcentração e autodisciplina,os alunos que obtêm bom de-sempenho costumam ter umperfil diferenciado: são maisautônomos e disciplinados.Amaturidade é um aliado impor-tante para o sucesso, como diza fonoaudióloga Gleidis Rober-ta Guerra, que faz Pedagogia adistância pela UniversidadeMetodista, é preciso estar maismaduro para se dedicar a essamodalidade. "O aluno precisaser mais responsável pelo seuestudo", avalia.

Para a analista de recursoshumanos Andrea Ferraz, quefaz pós-graduação a distânciaem Direito do Trabalho pelaPontifícia Universidade Católi-ca, "é necessário ter metodolo-gia de estudo e traçar um obje-tivo, senão fica difícil acompa-nhar o curso".

Ensinonas empresasDe olho nos baixos custos,

empresas investem em treina-mento a distância para a quali-ficação dos funcionários. Estaatividade está em plena ascen-são, desde 2006 os gastos com osistema estão quatro vezesmaiores.“É mais barato o inves-

timento no ensino a distânciado que no presencial”, explicaFábio Sanchez, coordenador doAnuárioBrasileiro Estatísticode Educação Aberta e a Distân-cia.

O mesmo estudo apontapara um aumento na intençãodas empresas em intensificarem mais de 50% o investimen-to em treinamento a distânciapara 2008 com relação ao quefoi investido em 2007. O ensinopresencial não receberá maisque 20% neste ano.

Segundo informações obti-das através do portal E-Lear-ning Brasil, desde 1999, o in-vestimento em treinamento adistância nas empresas estáacumulado em um bilhão dereais. O retorno em benefíciospara estas empresas nesse pe-ríodo está na casa dos 2,5 bi-lhões de reais. Entre janeiro eabril deste ano, o número de

horas de treinamento a distân-cia de funcionários no bancoItaú, por exemplo, foi 17% mai-or do que o de treinamento pre-sencial. A gerente organizacio-nal da empresa, Maria Caroli-na Gomes, que já fez diversoscursos pelo sistema on-line —de ética a sustentabilidade —,qualifica a flexibilidade do mé-todo como principal vantagem."Posso administrar meus estu-dos, quando é possível, estudono trabalho, mas dá para euestudar em casa também", diza funcionária.

Com os meios de comunica-ção cada vez mais eficientes atendência é que o ensino a dis-tância fique mais confiável eprático. Pessoas e empresasapostam no sistema que no Bra-sil completa mais de 60 anos eque agora desfruta das vanta-gens da virtualidade na demo-cratização do ensino.

Geral Setor apresentou crescimento de 25% entre os anos de 2006 e 2007

João Nei/ LONA

Paulo optou pela profissão de técnico em eletrônica

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Texto e fotos: Caroline Campos

Desde o nascimento, quando entramos na tocado coelho e temos contato com esse estranhomundo, estamos à procura do adorável jardim, aperfeição jamais encontrada. Descobrir-se a simesmo, relacionar-se com outras pessoas, valo-res éticos e morais, tudo é aprendido na observa-ção e vivência nesta maravilhosa, fantástica, eàs vezes inverossímil, realidade.

Realidade inverossímil