LONA 566 - 26/05/2010

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Curitiba, quarta-feira, 26 de maio de 2010 - Ano XII - Número 566 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Curitiba recebe heróis da Copa do Mundo Diego Henrique da Silva Confira uma entrevista feita com Karlos Kohlbach, James Al- berti e Gabriel Tabatcheik, repórteres que trabalharam na investi- gação dos crimes cometidos na Assembleia Legislativa do Para- ná. Os três, juntamente com Katia Brembatti, trabalharam durante quase dois anos apurando as irregularidades e organizando os dados necessários para que as reportagens fossem publicadas. Pág. 7 Entrevista Eles foram atrás e revelaram o que havia nos Diários Secretos da AL Fernando Mad/ Lona Ontem foi o Dia da Toalha. Conheça mais sobre a data, que teve origem na literatura, no es- paço dedicado ao mundo nerd. A coluna de cinema aborda as novas versões de duas grandes produções: Sex and the City 2 e Shrek 4. Pág. 6 Colunas Pepe, Félix, Edu, Márcio Santos e Cafu estiveram em Curitiba para inaugu- rar a exposição “A Pátria de Chuteiras”, promovida pela Associação Brasileira dos Campeões Mundiais, no Memorial de Curitiba. O evento reuniu a imprensa esportiva de todo Brasil. Desde ontem estão expos- tas camisas históricas usa- das por craques que mar- caram seus nomes nas Co- pas do Mundo, entre eles o italiano Roberto Baggio e o argentino Diego Marado- na. Pág. 3 Cinema & Mundo Nerd Nossa articulista analisa a importância do pensamento crí- tico na obra do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht. Pág. 2 Opinião Há espaço para pensamento crítico na sociedade Veja como foi a apresenta- çãoda cantora no Cietep, que também tem como projeto para- lelo a participação na banda Pato-Fu. Pág. 8 Cultura Fernanda Takai apresenta seu novo trabalho solo

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quarta-feira, 26 de maio de 2010 - Ano XII - Número 566Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Curitiba recebeheróis da Copa do Mundo

Diego Henrique da Silva

Confira uma entrevista feita com Karlos Kohlbach, James Al-berti e Gabriel Tabatcheik, repórteres que trabalharam na investi-gação dos crimes cometidos na Assembleia Legislativa do Para-ná. Os três, juntamente com Katia Brembatti, trabalharam durantequase dois anos apurando as irregularidades e organizando osdados necessários para que as reportagens fossem publicadas.

Pág. 7

Entrevista

Eles foram atráse revelaram o quehavia nos DiáriosSecretos da AL

Fernando Mad/ Lona

Ontem foi o Dia da Toalha.Conheça mais sobre a data, queteve origem na literatura, no es-paço dedicado ao mundo nerd.A coluna de cinema aborda asnovas versões de duas grandesproduções: Sex and the City 2 eShrek 4.

Pág. 6

Colunas

Pepe, Félix, Edu, MárcioSantos e Cafu estiveramem Curitiba para inaugu-rar a exposição “A Pátriade Chuteiras”, promovidapela Associação Brasileirados Campeões Mundiais,no Memorial de Curitiba. Oevento reuniu a imprensaesportiva de todo Brasil.Desde ontem estão expos-tas camisas históricas usa-das por craques que mar-caram seus nomes nas Co-pas do Mundo, entre eles oitaliano Roberto Baggio e oargentino Diego Marado-na.

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Cinema&Mundo Nerd

Nossa articulista analisa aimportância do pensamento crí-tico na obra do dramaturgo epoeta alemão Bertolt Brecht.

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Opinião

Há espaçoparapensamentocrítico nasociedade

Veja como foi a apresenta-çãoda cantora no Cietep, quetambém tem como projeto para-lelo a participação na bandaPato-Fu.

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Cultura

FernandaTakaiapresentaseu novotrabalho solo

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Espaço

do Leitor

“É preciso ter pensamento crítico”. Quantas vezes essediscurso foi repetido, quantas vezes nos tentaram incutir aideia da não-acomodação, da mobilização. Da revolução.Mas o que de fato é o pensamento crítico? Cansada de vera geração coca-cola perdida, essa é uma pergunta que nãocala em meus pensamentos. Compartilho, então, algumasconclusões recentes motivadas por estudos a cerca da obrade Brecht.

Bertolt Brecht foi um dramaturgo e teórico alemão queviveu entre 1898 e 1956. Mergulhado no complexo contextopolítico da Europa entre guerras, o teatro de Brecht de fatorefletiu uma insistente necessidade de criar o pensamentocrítico no público. Nada de ser iludido pela caixa cênica.Para ele, o teatro não podia ser um escapismo.

É importante, contudo, entender que o pensamento crí-tico tinha para Brecht um objetivo bastante definido e jus-tificado por seu contexto histórico: “Essa atitude [de pro-duzir qualquer coisa a partir da reflexão] é de natureza crí-tica. Perante um rio ela consiste em regularizar o seu cur-so; (...) perante a sociedade em fazer a revolução.” Essa ci-tação está no artigo Pequeno Organon para o Teatro, do seulivro Teorias sobre o Teatro, em que ele sistematiza o famo-so conceito de estranhamento. O processo de estranhamen-to se dá quando o espectador simbolicamente se distanciado teatro para ter uma visão crítica da cena. Em outras pa-

Crítica. Pra quê?

Reitor: José Pio Martins. Vice-Rei-tor: Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação: Renato Ca-sagrande ; Pró-Reitor de Planeja-mento e Avaliação Institucional:Cosme Damião Massi; Pró-Reitorde Pós-Graduação e Pesquisa ePró-Reitor de Extensão: BrunoFernandes; Pró-Reitor de Adminis-tração: Arno Antonio Gnoatto; Co-ordenador do Curso de Jornalis-mo: Carlos Alexandre Gruber deCastro; Professores-orientadores:Ana Paula Mira e Marcelo Lima;Editores-chefes : Aline Reis([email protected]), Daniel Cas-tro ([email protected]) e Di-ego Henrique da Silva([email protected]).

“Formar jornalistas com abrangen-tes conhecimentos gerais e humanís-ticos, capacitação técnica, espíritocriativo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsabilidadesocial que contribuam com seu tra-balho para o enriquecimento cultu-ral, social, político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratóriodiário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UPRedação LONA: (41) 3317-3044Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300– Conectora 5. Campo Comprido.Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

Luma [email protected]

Quanto ao comentário de@willbressan minha perguntaé: visão unilateral de que pes-soa e de que partido?Priscila Schip, estudante doquinto período de jornalismo,em resposta ao comentário deWilliam Bressan publicado noEspaço do Leitor de ontem (25/5), via Twitter.

A visão unilateral de umpartido: todos os eleitores do PTsão militantes e só eles sabem oque é escolher um líder. Visãounilateral de uma pessoa: Lula.Ele é perfeito e satisfaz todos osproblemas da classe trabalha-dora.William Bressan, estudante doterceiro período de jornalismoda UP, via Twitter.

Opinião

Assim, seguindo a teoria marxista - muitoinfluenciadora no pensamento brechtiano,a síntese do teatro seria a revolução parauma posterior sociedade socialista

lavras, o público não deve se envolver com o enredo dapeça para que consiga distinguir ficção e realidade.

Assim, seguindo a teoria marxista - muito influencia-dora no pensamento brechtiano, a síntese do teatro seriaa revolução para uma posterior sociedade socialista. Tra-zendo para nossos dias, porém, é fácil perder o senso de“crítica” que Brecht trazia em sua obra. Então, a quem vemo estranhamento no teatro de 2010? Ou ainda, mas ampla-mente, a que (ou quem) serve a visão crítica nos dias dehoje?

Antes de usar deliberadamente a palavra “crítica” épreciso pensar no seu conceito. Para entendê-la é possívelpensar no oposto: onde não há o pensamento crítico. Nassociedades teocentricas, por exemplo, já que todas relaçõessociais são dadas por provisão divina. Após a RevoluçãoFrancesa (1789), porém, emerge no pensamento humano oespaço público que supostamente representa todos: umaverdade construída a partir de várias vozes. É nesse mo-mento que nasce a ideia de pensamento crítico, em que crí-

Bertold Brecht, crítica e sociedade

Divulgação

tica vem de crises, que também origina a palavra cresci-mento. Portanto “formar senso crítico”, “permitir espaçopara a crítica”, apenas para ficar em expressões usadasnesse mesmo texto, hoje em dia tem muito mais o sentidode tomada de consciência do que de coação para uma ati-tude específica (como era a revolução nas dias de Brecht).

Não entendo, porém, que essa tomada de consciênciacrie novos moldes de engessamento, ou proponha uma novaideologia dominante e, de alguma forma, continue permi-tindo que “o homem impessa o homem de produzir a sipróprio” – citando mais uma vez o dramaturgo alemão.Para isso a polifonia no teatro e na sociedade é essencial.Permitir lacunas, brechas, para que não haja uma únicaleitura da obra e da realidade, mas sim uma abertura parareflexão e novas formas de olhar a realidade.

Essa também é a ideia embutida nos termos “consciên-cia política”, “envolvimento político”. Não uma políticapartidária ou burocrática efetivamente, mas sim uma no-ção e atitudes pertinentes ao homem que constroi sua rea-lidade e a dos outros que o cercam, ou seja, pequenas re-lações cotidianas. É preciso corrigir o conceito de engaja-mento política na sociedade moderna, aquele que diz res-peito apenas à política “profissionalizada”. O sociólogoPierre Bourdieu, ao analisar aspectos da vida política, per-cebe que as atividades exercidas por especialistas – pro-fissionais da política – têm concentrado o capital políticonas mãos de um grupo restrito. Por isso, a política é en-tendia como algo específico dos “políticos especializados”e não como uma atividade pertinente a todos os cidadãos,formando, assim, um abismo entre a política instituciona-lizada e a participação popular na política. Afinal de con-tas, como diz um dos mais inteligentes clichês: toda atitu-de é uma atitude política.

Embora conceito como “engajamento político” ou mes-mo “pensamento crítico” possam estar bastante diluídosno atual contexto histórico - na sociedade em que tudo jáfoi visto, experimentado e banalizado, não podemos esque-cer da utopia que rege a arte e, indiretamente, a vida. Anecessidade de ver além do que está imposto, ver e deixarser visto. Brecht diz que “o que permanece inalterado hámuito tempo parece ser inalterável”. Parece.

ErrataA autoria dos textos do

“Menu” de ontem são de Dani-el Castro e Rodrigo Cintra; Ali-ne Reis não participou.

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Curitiba, quarta-feira, 26 de maio de 2010 3

Aline Reis

Em 1958, no Brasil, passarama ser produzidos Fuscas. Nos Es-tados Unidos nascia aquele quemais tarde seria considerado o Reido Pop: Michael Jackson. No Va-ticano, morria o Papa Pio XII. Masnenhum desses acontecimentos étão lembrado quanto a conquistado campeonato mundial pela Se-leção Brasileira, na Suécia. O ca-pitão Pepe era um dos jogadoresmais importantes daquele time,mas que pelo capricho do destinoteve seu brilho um pouco ofusca-do pela presença de um guri cha-mado Pelé. No Chile, em 1962, ofeito se repetiu. E essa emoçãoaconteceria mais três vezes, noMéxico (1970), nos Estados Uni-

dos (1994) e na Coreia do Sul e Ja-pão (2002) para a felicidade dosbrasileiros e brasileiras.

Aproveitando o clima daCopa do Mundo e a presença daSeleção Brasileira em Curitiba,aconteceu ontem a abertura daexposição “A Pátria de Chutei-ras”, no Memorial de Curitiba.Na segunda-feira, houve o lan-çamento da mostra (para convi-dados), que contou com a pre-sença dos ex-capitães dos títu-los mundiais, com exceção deDunga, que está concentradocom a Seleção. Em seu lugar, es-tava o jogador Márcio Santos.

Jornalistas de todo o Brasile até de outros países estavampresentes na coletiva, na qual otema central foi a Seleção de

Cinco vezes melhores do mundoExposição “A Pátria de Chuteiras”, que abriu para visitação do público hoje, reúne relíquias do futebol e trouxecampeões mundiais a Curitiba

Esporte

G

Fotos:Fernando Mad/ LONA

OOolDunga para o mundial da Áfri-ca do Sul. Todos os craquesconcordaram com a convocaçãofeita pelo técnico e enfatizaramo trabalho de três anos dentroda Seleção, além das conquis-tas, como a Copa América. “Agente tem que confiar no técni-co da Seleção, porque ele sabedas qualidades dos seus joga-dores”, disse Pepe, ex-Santos.

Márcio Santos comentou so-bre as comparações feitas entrea Seleção Tetracampeã, em 94,a Seleção de 90 e a atual forma-ção. “Em 90 começou errado,sofremos nas eliminatórias e ogrupo não correspondeu à ex-pectativa. Mas pela pressãovencemos em 94. Agora (2010)eles têm a chance de concertar

o que houve em 2006. Agora oDunga tá tentando mudar e vaidar certo”.

Ponto forte e unanimidadena Seleção, Júlio César mereceuatenção especial aos comentári-os do ex-goleiro Félix. “O golei-ro foi a função que mais evoluiudentro do futebol. Hoje tem trei-nador de goleiro, alguém quepode corrigir seus erros. E, semdúvida, o Júlio é o melhor domundo”, falou o campeão.

A exposição é organizadapela Associação dos Campeõesdo Brasil e tem apoio da Funda-ção Cafu, além de órgãos liga-dos ao esporte. O objetivo damostra é reforçar a memória dofutebol brasileiro, tanto que o jo-gador Edu se emocionou ao ver

um menino de dez anos lhe pe-dindo um autógrafo. “É impor-tante para nós saber que aindasomos reconhecidos. Uma expo-sição como esta mantém viva amemória do futebol”.

Entre as peças expostas es-tão a camisa que Cafu usou aolevantar a taça de campeão naCoreia do Sul e Japão, além dacamisa da Itália usada por Ba-ggio na final em 94, chuteiras,e fotos que vão do Uruguai de1950 até a “mão de Deus” ar-gentina.

A exposição fica aberta paravisitação de terça a sexta-feiradas 9h às 18h; sábado e domin-go, das 9h às 15h no MemorialCuritibano e a entrada é franca.Colaborou Lucas Kotovicz

Futebol cinco estrelas: Félix, Edu, Pepe, Márcio Santos e Cafu (da esquerda para a direita)

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Luis Gustavo Fonseca

22h30min. Tudo prepara-do para começar uma novanoite na cama. Ela arrumaos lençóis de flanela, o tra-vesseiro de pena de ganso, opijama rosa de listras bran-cas e o cobertor espesso.Anda alguns passos até atra-vessar o quarto, apaga as lu-zes no interruptor ao ladoda porta, atravessa nova-mente o quarto no escuro edeita na cama. Poderia seruma excelente noite de sonopara Edite Quint ino, 49anos, mas por um detalhenão será: a aposentada sofrede insônia há quatro anos.Até parece que ela fica pen-sando na história da Cucaque a mãe contava quandoela era pequena. Mas a Cucaagora virou um pesadelochamado insônia e, dessavez, atrapalha a vida de Edi-te de verdade. “Tem dia queeu fico olhando para o teto equando percebo o dia jáamanheceu”, conta.

Edite é apenas mais umabrasileira que tem problemascom as noites maldormidas.Segundo uma pesquisa rea-

lizada pela Market Analisys,cerca de 40% dos brasileiros,no geral, dormem menos doque o necessário, e mais dametade desses , cerca de60%, afirmam ter insônia porpelo menos uma vez na se-mana.

Os dados ainda revelamque são os micro e pequenosempresários e trabalhadoresdo setor privado que maissofrem de insônia, cerca de50% deles. O problema dissoé que um sono interrompidopode trazer consequênciasmuito graves para a saúdedas pessoas. Aos poucos, eleacaba com a qualidade devida de quem sofre com a in-sônia.

Uma pessoa com falta desono pode ter inúmeras difi-culdades em sua vida social.Frequentemente, quem sofrepara dormir apresenta mui-to cansaço durante o dia,perda de memória, além defalta de energia e de concen-tração e irritabilidade. “Osono é essencial, pois suafunção é de reparação e des-canso, tanto f í s ico comomental. Funções como fixa-ção da memória são efetiva-

das durante o sono e pelagrande importância destedescanso que o sono provê éessencial que ele ocorra tan-to em quantidade como emqualidade”, é o que ressaltaa otorrinolaringologista e es-pecialista em medicina dosono Karin Dal Vesco.

A insônia é dificuldadeque a pessoa tem tanto parainiciar quanto para manter osono, e é caracter izadaquando fa l tam horas desono ou o sono é muito in-terrompido.

Apesar de a pessoa sentirvontade de dormir, ela nãoconsegue. A falta dessa fun-ção do corpo gera muitas se-quelas. Essas conseqüênciassão sentidas de perto porEdite.

“Quando eu não consigodormir, o meu dia seguintevira um caos. Sempre ficomal humorada, e acabo des-contando em todo mundo.Me sinto fraca, sem ânimopara fazer nada. Têm diasque eu deito na cama pelatarde e estou muito cansada,chego a chorar de cansaçomas não consigo pregar oolho”, revela Edite.

O que é, e o que não éPara se ter uma ideia exis-

tem três tipos de insônia.Elas são classif icadas emtransiente, de curto-prazo egeralmente sem riscos, inter-mitente, que ocorre de tem-pos em tempos em determi-nados períodos da vida daspessoas e a crônica, que éconstante e ocorre na maio-ria das noites e permanecepor mais de semanas ou atémeses, que é o caso de Edite.E isso é muito comum não só

para ela. Para mais de umquarto da população brasi-leira, o que corresponde aquase 63 milhões de pesso-as, o anoitecer é um dos mo-mentos mais difíceis do dia.Eles sabem o que os aguar-da: uma nova noite se revi-rando na cama. E, nesse mo-mento, contar carneirinhosjá não ajuda mais.

Segundo a médica KarinDal Vesco, dormir bem é es-sencial para manter umaboa qualidade de vida. Alémdisso, ela também adverteque é importante as pessoassaberem quando existe umainsônia grave ou quando éapenas um problema sim-ples na hora de dormir. “Ainsônia pode ser um simplesproblema se durar poucotempo e tiver cura espontâ-nea, quando este quadropersiste é caracterizado umquadro de insônia crônicaque requer tratamento”, afir-ma a especialista.

O problema de Edite co-meçou há quatro anos, quan-do ainda era funcionária dobanco. Ela trabalhava oitohoras por dia, mas a pressãoe o estresse, além das horasextras que fazia no trabalho,contribuíram para o proble-ma que a persegue até hoje.“Entrei em depressão porcausa da pressão do traba-lho e junto com ela a insôniaacabava com minhas noites;fui ao médico e ele me recei-tou um coquetel de remédiospara dormir”, afirma.

Coquetel esse que fica nacabeceira de cama de mognoda aposentada, ao lado deum espelho grande e redon-do pregado na parede. O co-quetel consiste em medica-

mentos contra estresse, re-médios para dormir e algunscontra a depressão e doresde cabeça. “É tudo ‘mata-leão’. Tem dia que eu ficoandando pela casa de noite.Eu passo em frente a esse es-pelho e vejo um zumbi. Já le-vei até susto comigo mes-ma”, recorda. Depois queconseguiu a aposentadoriado banco, o problema deEdite diminuiu, mas apenasisso . “Eu quer ia dormirbem, mas infelizmente achoque vou continuar com meusmedicamentos para fazercom que isso aconteça”.

Para Karin Dal Vesco, há-bitos inadequados são, mui-tas vezes, as maiores causasde transtornos ocorridos nosono. “Horários irregulares,hábitos de dormir muito tar-de e acordar muito cedo ouvice-versa, a realização deatividades estimulantes du-rante a noite como assistirtelevisão e navegar na Inter-net, além do consumo exces-sivo de cafeína podem cau-sar distúrbios no sono”, afir-ma.

A médica explica que ostratamentos para insôniasão variados. Começa, geral-mente, pelo tratamento com-portamental não-medica-mentoso com correção de há-bitos inadequados em rela-ção ao sono, técnicas de re-laxamento e psicoterapia.Mas podem variar conformeo estado clínico do paciente.“Os tratamentos dependemda origem do problema eserá direcionado para a cau-sa do mesmo. Pode ser commedicamentos, homeopatiaou até terapias alternativas”,revela.

que a Cuca vem pegar...

Michael Lorenzo/ SXC

DormeEspecial

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Na juventudeOs patos que ficam na

beira do lago de um condo-mínio residencial, em Curiti-ba, onde mora Camila Sche-ffer Franklin, 22 anos, já ser-viram de companhia para aestudante durante váriasnoites sem dormir. Ela ga-rante que sofre de insôniahá mais de 14 anos . “Euacho que deve ter começadocom a morte do meu pai,quando eu tinha nove anos.Hoje eu estou com quase23”, recorda.

Camila conta que inicial-mente a insônia começoucomo um trauma psicológi-co devido ao luto pela mor-te do pai. “Eu tinha espe-rança que meu pai voltassepara casa. Então qualquerbarulhinho durante a noiteeu ficava atenta. Não chega-va a pegar no sono profun-do. Qualquer barulho euacordava para saber. Seráque era meu pai que estavavoltando? Será que vão le-var minha mãe agora? Eraaquela bagunça de cabeçade criança”, conta.

O grande problema de

Camila é que a falta de sonopersistiu e a perseguiu comouma Cuca raivosa atrás deseus in imigos , a té ho je .“Mais tarde quando o lutofoi passando, eu acabei cri-ando uma mania de ficaratenta a barulhos que acon-teciam na casa e na movi-mentação da rua durante anoite e isso acabou originan-do a minha insônia propria-mente dita. Entrei em umcurso de arqui te tura em2003. Comecei a perceberque o estresse dos projetosde arquitetura também medeixava com insônia. De-pois, a paixão pelo futebol,quando o meu time perdiatambém era motivo para euter insônia, qualquer coisaligada ao meu emocional melevava a ter insônia”, co-menta.

Karin Dal Vesco afirmaque a insônia em jovens écomum. Apesar de a maiorparte dos insones serem mu-lheres e pessoas mais ve-lhas, os jovens não estão ex-cluídos dessa parcela. “Ge-ralmente os problemas nosjovens são ocasionados por

traumas ou ansiedade”,lembra a médica.

Por causa da insônia ,aos 17 anos, Camila foi pa-rar no instituto de neurolo-gia de Curitiba. “Eu estavahá 13 dias sem dormir, nãoconseguia pregar o olho.Consequentemente ficavacom aquele ‘humor de cão’.Completamente burra e semconseguir prestar atençãoem nada, em concentrar emnada e aí eu vi que realmen-te tinha alguma coisa erra-da”, recorda.

Depois de tratamentosineficazes com homeopatiae algumas doses de fortesmedicamentos para dormir,hoje, a insônia já virou par-te do cotidiano de Camila.Com bom humor, a estu-dante conta que teve que seacostumar com a situação eacha até estranho pessoasque conseguem dormir umanoite inteira. Ela fala queacha muito engraçado quan-do o namorado vai dormirem sua casa. Enquanto elefica dormindo, ela fica aolado dele observando-o,acordada por um tempão.

Um sono interrompido pode trazer consequências muitograves para a saúde das pessoas

Frequentemente, quem sofre para dormir apresenta muitocansaço durante o dia, perda de memória, além de faltade energia e de concentração e irritabilidade

Divulgação/ SXC

“Minhas noites são assim:supondo que eu vá para acama 11 da noite, eu terei umsono bom por mais ou menosduas horas. Depois, geral-mente, eu começo a acordar.Daí eu fico pensando quelogo eu terei que acordar elevantar para um novo dia eperco o sono ou fico acor-dando toda hora. Quandotem alguma coisa que estáme pressionando e que vaiacontecer no dia seguinte,por medo de perder o horá-rio, eu acabo ficando acorda-da mesmo”, afirma.

Nessas noites não dormi-das Camila aproveita parafazer muita coisa. Enquantoas cigarras cantam do ladode fora da casa, dentro doquarto, a estudante aprovei-ta para ler, escutar música emexer no computador. Es-sas, pelo menos, são as ati-vidades mais normais que amenina faz enquanto a mai-

oria das pessoas está so-nhando em suas camas. Masalém dessas atividades, exis-tem aquelas que podem pa-recer estranhas para muitagente.

“Eu já fui passear commeus cachorros de madruga-da. No condomínio onde eumoro tem um lago, e eu já fuiver os patos no lago de ma-drugada. As vezes eu ligo aTV e está passando o “Coru-jão”, alguns filmes bem an-tigos e dá até depressão e asvezes, também, eu começo ajogar vídeo game”, revela.

Mas Camila ainda acredi-ta que, um dia, poderá voltara dormir bem. “A pior coisaé saber que o sono não virá.Os passarinhos começam acantar, as cigarras já não fa-zem barulho e você fica lá,deitada olhando para o teto,e é horrível a sensação devocê ver a noite virar dia”,diz.

Segundo uma pesquisa realizada pelaMarket Analisys, cerca de 40% dosbrasileiros, no geral, dormem menos do queo necessário, e mais da metade desses,cerca de 60%, afirmam ter insônia por pelomenos uma vez na semana

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Personagens amigas, atrizes inimigas. Aformula deu certo! É inegável falar que Sexand the City é um sucesso. A moda e a diver-são estão de volta. Em Sex and the City 2, Car-rie, Samantha, Charlotte e Miranda arrasamnovamente pela Big Apple.

O que acontece depois do “sim”? A vida éexatamente como elas desejaram que fosse,mas não seria Sex and the City se a vida nãoguardasse mais algumas surpresas…

Desta vez elas aparecem na forma de umaaventura glamourosa e ensolarada, que carre-ga as mulheres de Nova York para um dos des-tinos mais luxuosos, exóticos e enigmáticos doplaneta, onde a festa nunca termina e há sem-pre algo misterioso em cada esquina. Uma vi-agem que surge no momento perfeito para asquatro amigas, que se descobrem envolvidasnas regras tradicionais do casamento e da ma-ternidade e tentam lutar contra isso.

“Sex and the City - O Filme” arrecadouUS$ 390 milhões nas bilheterias mundiais.Sendo assim, a protagonista Sarah Jessica Pa-rker recebeu um cachê de US$ 30 milhões paraatuar e produzir o segundo longa.

Estreia nesta sexta-feira.

Camilla Di LuccaEscreve quinzenalmente sobre arte,sempre às terç[email protected]

Ontem, 25 de maio, comemorou-se o dia da toalha. O queé o dia da toalha? É a data comemorativa pela morte de Dou-glas Adams. Quem é Douglas Adams? Autor do Guia do Mo-chileiro das Galáxias? É um livre... Espere. Você realmente nãosabe estas coisas? O que faz aqui?

O Guia do Mochileiro das Galáxias é a obra máxima doescritor e filósofo (por que não?) Douglas Adams. A saga, queconsiste de cinco livros, relata as aventuras de Arthur Dent esua trupe pelo universo após a destruição da Terra.

E a toalha? De acordo com o Guia, a toalha é um dos obje-tos mais úteis para um mochileiro.

Parte pelo valor prático, como usá-la ao redor da cabeçapara evitar o olhar da terrível besta voraz de Traal (um ani-mal burro, que acha que se você não pode vê-lo, ele tambémnão pode ver você) ou mesmo usá-la para se enxugar, casoela esteja um pouco limpa.

Mas o importante é o valor psicológico da toalha. Nas pa-lavras do próprio autor no livro: “Quando um estrito (isto é,um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma to-alha, ele automaticamente conclui que ele tem também esco-va de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinhade aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa dechuva, traje espacial etc., etc. Além disso, o estrito terá prazerem emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, oumuitos outros, que o mochileiro por acaso tenha "acidental-mente perdido". O que o estrito vai pensar é que, se um sujei-to é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir caro-na, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima eainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramentemerece respeito.”

Infelizmente para todos os admiradores de uma bem-hu-morada e intelectual leitura, Douglas Adams deixou o univer-so no dia 11 de maio de 2001. O luto formal seria uma ofensapara um sujeito que sempre colocou piada em tudo. Então nodia 25 de maio todos pegaram suas toalhas e fizeram uma ho-menagem para o autor. A homenagem se repetiu anualmentee se tornou mundial, uma agora tradição nerd.

Se ainda não fez sentido para você, leia já a saga do Guiado Mochileiro da Galáxia e sempre saiba onde sua toalha está.Se fez sentido para você desde o início, até mais e obrigadopelos peixes!

Não entreem pânico!

Vinicius StempniakEscreve quinzenalmente, às quartas-feiras,sobre [email protected] | www.cinejoia.com

Mundo Nerd

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Cinema

Fernando MadEscreve quinzenalmente, às quartas-feiras,sobre o mundo [email protected]

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Sex andthe City 2

'Shrek paraSempre' lidera,mas decepciona

“Shrek Para Sempre”, último filme da fran-quia “Shrek”, estreou em primeiro lugar nasbilheterias norte-americanas, mas foi consi-derado um fracasso...

A DreamWorks Animation havia anunci-ado que esperava arrecadar baixos US$ 80milhões no primeiro fim de semana, e aindaassim se decepcionou: a animação fez apenasUS$ 71,2 milhões. Eu já estaria bem feliz.

Mas a decepção da DreamWorks é justifi-cável. Em seu primeiro fim de semana, “Shrek2” fez US$ 108 milhões e “Shrek Terceiro” ar-recadou US$ 121 milhões.

O filme tem estreia prevista para 9 de ju-lho no Brasil e é uma das grandes promes-sas de bilheteria do ano.

Imagens: Divulgação

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Curitiba, quarta-feira, 26 de maio de 2010 7

Lucas Kotovicz

Quatro repórteres.Juntos, eles denuncia-ram a maior fraude naAssembleia Legislativado Paraná de todos ostempos. Juntos, elestransformaram a históriado jornalismo investiga-tivo paranaense. Eles sãoKarlos Kohlbach, KatiaBrembatti, James Albertie Gabriel Tabatcheik, au-tores da prestigiada sériede reportagens denomi-nada “Diários Secretos”,que denunciou irregula-ridades no uso do di-nheiro público. Estima-seque o valor deste desvioultrapasse R$100 mi-lhões, sendo que já fo-ram comprovados R$26milhões.

Foram os três homensdo grupo que estiveramno auditório um do Blo-co Azul da Universida-de Positivo, no dia 13 demaio. Alberti, Kohlbache Tabatcheik responde-

ram todas as perguntas dosalunos e professores, que aliestavam, sobre os bastidoresdo caso Diários Secretos,fruto de quase dois anos deinvestigações.

Como vocês souberam quehavia alguma irregularidadenos diários da Assembleia?

James: O Karlos já tinhafeito uma série de reporta-gens chamada “Gafanhatos”,que falava da existência defuncionários fantasmas naAssembleia, e a Kátia falavada não-veiculação dos diári-os da Assembleia. Eu fui fa-zer uma matéria sobre funci-onários fantasmas de umadeputada que concorria àprefeitura de uma cidade daregião metropolitana e, ao fa-zer essa reportagem, a pes-soa que nos trouxe o docu-mento acabou revelando ocaminho aos diários da As-sembleia.

Como vocês tiveram o aces-so efetivo aos diários? Comoconseguiram fazer cópias detodos esses documentos?

James: Quando eu fiz amatéria sobre os funcionári-os fantasmas da deputada,eu perguntei para o cara queme trouxe os diários da As-sembleia: “Onde é que vocêconseguiu isso?”. E ele falou:“No segundo andar, em tallugar, em tal setor.” Na ver-dade, os repórteres da Gaze-ta do Povo procuravam emoutro lugar. Então, eu fuineste lugar com três trainees(estagiários), e disse para afuncionária que estava lá:“Eu sou monitor desses estu-dantes e nós queremos fazerum trabalho sobre a Assem-bleia do Paraná. Então, que-remos ter acesso aos diáriosda Assembleia.” Ela concor-

dou. Sentamos em uma me-sinha e ela trouxe os diári-os do ano de 1998. Separa-mos todos os que tinhamnomeações, exonerações...Separamos os de 98, pega-mos os diários de 99, pedipara a funcionária paralevá-los para xerocar e dis-se que trazia no começo datarde. Ela novamente con-cordou. No outro dia fize-mos o mesmo processo. Noúltimo dia um diretor da As-sembleia, que até hoje eunão sei o nome, perguntou oque estávamos fazendo ali ede que Universidade éra-mos. Disse também que pre-cisávamos de algum docu-mento para explicar o queestávamos fazendo. Eu dis-se: “Tudo bem, amanhã eutrago para o senhor.” Só quenós tínhamos terminado.Assim, eu xeroquei todo omaterial, entreguei e nuncamais voltei lá. Até hoje elesnão sabem bem como a gen-te conseguiu isso. Mas foisimples: a gente foi lá, pe-diu, e a funcionária que es-tava lá entregou

Quando vocês começaram atrabalhar efetivamente emcima dos diários e, inicial-mente, qual era o objetivo?

James: Nós tínhamos aintenção de responder a se-guinte pergunta: quantosfuncionários têm a Assem-bleia do Paraná? Isso come-çou em maio de 2008. Emmarço de 2009 a Assembleiapublica a lista de funcioná-rios. Nesse momento nós játínhamos uma planilha deExcel com nomeações, exo-nerações e aposentadorias,de 1998 a 2008. Assim, a Ká-tia, que ficou sabendo quenós tínhamos esse material,nos procurou na RPC e con-

Entrevista

versamos pra gente fazeruma matéria em conjunto.Discutimos com a chefia etransformarmos isso numprojeto corporativo. Nesseprocesso foram incluídos oKarlos, o Gabriel e a Kátia.Então, nós começamos a rea-lizar esse material - que ti-nham milhares de erros - e amelhorar a nossa planilha.Por fim, chegamos à planilhaque é a base de dados queestá na internet, que só temdados de 2006 em diante.Não tem os dados de 98 a2005 porque nós xerocamossó os diários que tinham mo-vimentações de funcionários.Nós começamos a fazer a in-vestigação e chegou um mo-mento em que tivemos acessoa todos os diários da Assem-bleia do ano de 2006, mesmoos que não tinham nenhumtipo de movimentação. Aí nosimpusemos ao desafio de teracesso a todos os diários de2006 em diante, e consegui-mos. Os diários avulsos nósnão tínhamos controle, nin-guém consegue controlar.Como nós tínhamos todos osdiários oficiais da Assem-bleia de 2006 pra cá, resolve-mos focar nesse período emque nós tínhamos todos osdocumentos oficiais.

Como foi o trabalho de mon-tagem da planilha com osdados dos diários?

James: Foi um trabalhomuito chato mesmo, de mui-ta persistência. Tivemos queficar dias e noites, durantemeses, olhando e checandonome de fulano, função defulano, funcionário de qualdeputado... Passamos por 80ou 90 mil linhas de Excel echecamos isso cinco vezes.Realizamos um monte de ta-belas, com um monte de in-

Repórterescontam como foi otrabalhoinvestigativo docaso “DiáriosSecretos”, desdea obtenção dosdiários diretamenteda Assembleia atéo trabalho demontagem daenorme base dedados

dos Diários SecretosBastidoresBastidoresBastidoresBastidores

formação. Nós não tínhamossequer percepção de que ovolume de desvio era tãogrande, de que as coisas ti-nham essa dimensão. Existeum material muito grandeque ainda não veio à tona, ea gente nem sabe se ele vem.

Gabriel: É evidente que,quando começou, nós pensá-vamos que iríamos trabalharalgumas semanas, um mês,no máximo. Mas nós come-çamos a descobrir coisas... aídescobria uma maior, de-pois uma maior ainda. Agente chegou, várias vezes, aquase publicar, mas aí des-cobríamos uma coisa muitogrande e dizíamos: isso nãoestá certo. No começo a gen-te não pegava nem a data emque o cara tinha entrado naAssembleia. A gente teve quedescobrir também como osdiários funcionavam. Nãopodíamos ligar na Assem-bleia e falar: “Olha, nós te-mos um diário aqui...”. De-pois de um ano e meio traba-lhando é que a gente enten-deu como os diários funcio-navam.

Karlos: A gente demorouquase dois anos para divulgartudo isso. O James ficou maistempo. No feriado de Sete deSetembro a gente ficou até asquatro horas da manhã traba-lhando. Então, o processo erade dois em dois: um ia falan-do e o outro, digitando. Depoispassamos a fazer cinco corre-ções. Cinco checagens pra verse as informações estavam cer-tas, pra definitivamente nãoerrar. Porque é um tipo de ma-téria que, se você errar umnome, você expõe uma pessoaque não tava na Assembleia...aí você toma um processoenorme.

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Curitiba, quarta-feira, 26 de maio de 20108

FernandaMenu

Para quem gosta de espetáculos de improvisação, a dica é a peça“Entre Risos e Improvisos”, em cartaz no Teatro Barracão Encena.No palco, os atores Alessandro Ferreira, Elton Krug, GideãoCampos, Juscelino Zilio, Kauê Persona, Lyncoln Lisboa e VidaSantos se revezam em jogos de improvisação com base em ideiase sugestões do público.Onde: Teatro Barracão Encena (R. Treze de Maio, 160, Centro).Quando: Sábado, às 23h; domingo, às 21h.Quanto: R$ 30.

Pensando rápido

Rodrigo Cintra

Cultura

Só pensam naquilo

O músico e compositor baiano Tom Zé apresenta seu novo show,“Pirulito Pirulito da Ciência”, na capital paranaense, neste finalde semana. O repertório é composto por canções que marcaramos 50 anos de carreiras do artista. Ao lado de sua banda, Tom Zétoca músicas como “Brigitte Bardot”, “Augusta”, “Angélica eConsolação” e “Tô, Hein?, Ui (Você Inventa)”, entre outras.Onde: Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280, Centro).Quando: Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h.Quanto: R$ 20.

MPB Baiana

Chuva de lâmpadasSeis mil lâmpadas incandescentes cheia de água compõe a expo-sição “Lágrimas de São Pedro – Acalento ao Sertão Nordestino”,em cartaz na Galeria da Caixa. A mostra do artista baiano Viní-cius S.A. é inspirada na novena de São Pedro – quando os fieisoram pedindo as lágrimas do santo para compor a chuva – ereflete a relação sagrada do nordestino com a chuva.Onde: Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280, Centro).Quando: Terça a sábado, das 10h às 21h; domingo, das 10h às 19h.Quanto: Gratuito.

Esta é a última semana da temporada da peça “Os Comediantes:Tudo Sobre Sexo”, no Teatro Lala Schneider. Dez dos melhorescomediantes de Curitiba se revezam no palco em uma verdadeiramarotona do Riso. Nane Narineski, Daniel Marcondes, Joel Vieira,Sonya Bacila, Marino Jr, Ade Zanardini, Alisson Diniz, MaiconSantini, Claudinho Castro e Marcyo Luz fazem piadas sobre sexoe apresentam vários personagens.Onde: Teatro Lala Schneider (R. Treze de Maio, 629, Centro).Quando: Sexta, às 23h59.Quanto: R$ 30.

Não eram nem 19h30 quan-do Fernanda Takai subiu aopalco do Teatro Sesi/Cietep, noúltimo domingo. O concerto es-tava marcado para 19h, mas acantora parece ter respeitado oatraso de parte do público, quedeixava alguns lugares vagosquando se sabia que os ingres-sos já estavam todos esgotadosdesde quinta-feira. A vocalistada banda Pato-Fu vinha aCuritiba pela segunda vez empouco mais de seis meses, paraapresentar as músicas de seusprimeiros trabalhos em carrei-ra solo: o CD Onde Brilhem osOlhos Seus, um tributo a NaraLeão, e o CD/DVD Luz Negra,registro ao vivo do show do pri-meiro disco. O espetáculo foi in-clusive premiado no ano pas-sado como o melhor de músicabrasileira pela Revista Bravo.

Já com todos os lugares ocu-pados, “Canta, Maria” e “LuzNegra” iniciaram a apresenta-ção de forma tímida, direta, semmais surpresas ou emoções.Praticamente não houve inter-valo de tempo entre as duas mú-

sicas, que, bem executadas, na-quele momento compunham ain-da assim um show satisfatório,mas sem nada de excepcional.

A explicação veio logo em se-guida, e de forma bem-humorada,quando Fernanda pediu descul-pas ao público, dizendo que elae os demais músicos da bandavisitaram alguns amigos duran-te a tarde, e que o churrasco pa-recia estar atrapalhando suamobilidade no palco. A platéiariu. “Espero que não atrapalhena performance”, completou elaem meio aos risos, antes de se-guir com a próxima canção.

“Diz que fui por aí” já come-çou em um clima diferente. Vári-as pessoas cantavam e o públicoaos poucos foi ficando mais àvontade. Mas foi ao som de“Lindonéia” (de Caetano e Gil) e“Com Açúcar, com afeto” (deChico Buarque) que o show cres-ceu consideravelmente, com bomdesempenho tanto de FernandaTakai quanto dos integrantes dabanda.

Interrupções como a do início,quando a cantora interagia umpouco com o público, passarama ser mais frequentes. Com sua-vidade não só para cantar comotambém para falar, ora ou outraela fazia comentários engraça-dos sobre coisas como oconfinamento da seleção brasi-

leira em Curitiba, sobre sua ma-neira falta de coordenaçãomotora para dançar as própri-as músicas, ou até mesmo sobreseu hábito de falar bastante en-tre uma canção e outra. E o pú-blico ria, menos pela graça dasbrincadeiras que Fernanda fa-zia, e mais pela graça que elatinha no jeito de falar.

A versão de “OrdinaryWorld”, de Duran Duran, foium dos pontos altos do show,assim como a performance de “OBarquinho”, cantada em japo-nês e com a participação de umaespectadora muito corajosa quesubiu ao palco a convite deFernanda.

“O Ritmo da Chuva” fechouo show com perfeição e emoçãopor parte da cantora, que ficousensibilizada com a participa-ção da platéia e não foi para ocamarim antes de avisar a todosque estaria disponível dentro dealguns minutos no hall doCietep para distribuir beijos,abraços e dar autógrafos. “Equem não tiver nada pra eu au-tografar, a barraca do beijo é grá-tis, hein?” disse Fernanda, eapós receber aplausos, desceudo palco.

Fernanda Takai foi adorável,encantadora e protagonizou umdos melhores shows deste pri-meiro semestre em Curitiba. Oespetáculo terminou por voltadas 21h15, horário bem acessí-vel para se terminar um showem um domingo. Para os fãs, ficaa expectativa do possível retor-no da cantora em um futuro pró-ximo, com o Pato-Fu.

O carisma de

Matheus Chequim

Cantora seapresentou nodomingo no TeatroSesi/Cietep

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Eriva Morais / Divulgação

Takai

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