LONA 659 - 07/10/2011

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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 659 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, sexta-feira, 07 de outubro de 2011 Steve Jobs: o fim de uma era e o seu legado A morte de Steve Jobs simboliza mui- to mais do que a perda de um bem- sucedido empresá- rio do ramo das co- municações. Jobs é o maior íco- ne da revolução di- gital. A sua marca pessoal jamais se descolou de sua em- presa - a Apple - e seus produtos mo- dificaram a forma de se comunicar de seus clientes e cria- ram uma espécie de culto ao criador. Steve Jobs foi a re- presentação de um novo tempo e de suas transforma- ções profundas. Um gênio e visioná- rio tecnológico de seu tempo. Pág. 3 ENSAIO FOTOGRÁFICO A reforma agrária é bem mais do que um pedaço de terra. A cidade de Florestópolis é um exemplo de que a agricultura familiar pode dar certo. Pág. 8

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, sexta-feira, 07 de outubro de 2011

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O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 659Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, sexta-feira, 07 de outubro de 2011

Steve Jobs: o fim de uma era e o seu legado

A morte de Steve Jobs simboliza mui-to mais do que a perda de um bem-sucedido empresá-rio do ramo das co-municações.Jobs é o maior íco-ne da revolução di-gital. A sua marca pessoal jamais se descolou de sua em-presa - a Apple - e seus produtos mo-difi caram a forma de se comunicar de seus clientes e cria-ram uma espécie de culto ao criador.Steve Jobs foi a re-presentação de um novo tempo e de suas transforma-ções profundas.Um gênio e visioná-rio tecnológico de seu tempo.

Pág. 3

ENSAIO FOTOGRÁFICO

A reforma agrária é bem mais do que um pedaço de terra. A cidade de Florestópolis é um exemplo de que a agricultura familiar pode dar certo. Pág. 8

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Curitiba, sexta-feira, 07 de outubro de 2011

Expediente

Editorial

Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Con-sentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientado-res: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Daniel Zanella, Laura Beal Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

A morte do jornalismo impresso foi pre-cisamente decretada pelo diretor geral da Agência de Propriedade Intelectual da ONU, Francis Gurry, ao jornal suíço – impresso – La Tribune de Geneve. Ele afirmou que as ver-sões digitais dos periódicos irão substituir as versões impressas até 2040. “É uma evolução. Não há nada de bom ou de ruim nisto”. Ora.

A previsão de Francis para os Estados Uni-dos é mais precoce. Para ele, em 2017 as grá-ficas irão parar e os jornais acabarão comple-tamente, argumentando, de modo peculiar, que já que existem mais cópias digitais do que exemplares impressos no país.

Gurry não é o primeiro, sequer o último oráculo do fim do impresso. Roger F. Filder, ex-diretor de projetos da Knight-Ridder, em-presa de mídia norte-americana, disse que o jornal acabaria em 2005. O The New York Ti-mes, considerado o maior jornal do mundo, admitiu em 2007 que em cinco anos a publica-ção deixará de ser impressa e passará unica-mente a ser produzida pela internet.

No Brasil, o principal indício do fim do im-presso foi o fechamento do Jornal do Brasil, elefante falido desde tempos. No Paraná, o Estado do Paraná, fac-símile da Tribuna do Paraná, também fechou e atualmente publica conteúdo virtual.

É impreciso acreditarmos que uma pla-taforma capaz de permanecer a informação irá acabar como que por decreto. O cotidia-no de uma redação de impresso, sim, deverá se modernizar e adequar-se ao espírito de seu tempo.

Nenhum meio de comunicação soterra outro.Uma boa leitura a todos.

A reabertura da Pedreira Paulo Leminski aumentaria o número e a qualidade dos shows de música em Curitiba?

NÃO A culpa não é da Pedreira

Matheus Chequim

A Pedreira Paulo Le-minski, lendário espaço para shows de Curitiba, encontra-se fechada desde agosto de 2008. O local, que já recebeu shows que vão de Paul McCartney ao te-nor José Carreras, foi inter-ditado após uma ação civil pública acatar o pedido de alguns moradores da região que alegaram ter prejuízos com os eventos realizados no local.

De lá pra cá, algumas campanhas a favor da rea-bertura da Pedreira Paulo Leminski surgiram por aí. Mais relevante é a comanda-da pelo vereador Jonny Sti-ca (PT), que tem feito alguns protestos e recolhido assina-turas de gente que quer ver o espaço aberto para shows de novo. Política e descon-fiança são conceitos difíceis de separar na cabeça do ci-dadão brasileiro, mas ape-sar de ter feito seu nome em cima da campanha, há de se reconhecer o valor da mobi-lização realizada pelo verea-dor Stica.

O curitibano, como povo que gosta de música (e de reclamar também), não está satisfeito com a situação. Toda vez que Curitiba fica de fora do roteiro de uma grande atração musical in-ternacional que vem ao Bra-sil, as mídias sociais ficam lotadas de resmungos sobre a situação da Pedreira. A manifestação em geral não vai muito além disso, mas fale da exclusão de Curitiba na turnê de algum artista re-

nomado que ele se mostrará imediatamente insatisfeito com a situação.

Jogar toda a culpa sobre a interdição da Pedreira é fechar os olhos para uma situação maior. Transferir a responsabilidade para a centena de moradores que conseguiram, por meio da ação, fechar o local tem sido um ato de comodismo das produtoras musicais e cul-turais que não tem investi-do e apostado em atrações arrojadas.

Há de se lembrar que antes do fechamento da Pedreira em 2008 Curitiba era quase sempre ignorada dos grandes espetáculos de música pop que passavam pelo Brasil. Grandes ban-das como o U2 ou os Red Hot Chili Peppers, que já fizeram mais de 3 turnês no país, nunca pisaram na terra de Leminski.

A última grande banda de rock que tocou na Pe-dreira Paulo Leminski foi o Pearl Jam, em 2005. É in-teressante ressaltar que em sua primeira turnê desde aquele ano, o Pearl Jam tem show marcado em Curitiba para novembro deste ano, independente da interdição da Pedreira. O show desta vez acontecerá no Estádio Durival de Britto, a Vila Ca-panema.

Em janeiro deste ano a cantora Amy Winehouse passou pelo Brasil na excur-são que se tornaria ainda mais importante por ser a última antes de sua morte.

Rio e São Paulo, constantes na rota dos artistas interna-cionais, receberam shows da cantora. Florianópolis e Recife, capitais de expressão econômica menor do que Curitiba, também consegui-ram comprar o espetáculo de Amy.

A Pedreira Paulo Le-minski, é verdade, é um lo-cal diferenciado para shows a nível mundial. O grande paredão de pedra contribui de maneira única para a so-noridade do local, além de proporcionar uma paisagem fora de série. Dizem que se não houver Pedreira, não existe palco decente para grandes públicos em Curi-tiba. Mas quando a banda Oasis esteve aqui em 2009, uma estrutura foi montada na Arena Expotrade, em Pi-nhais, e foi capaz de receber mais de 30 mil pessoas. Na época muita gente reclamou que montar palco num esta-cionamento era uma grande gambiarra. Em São Paulo, é comum que grandes bandas toquem no estacionamento no Anhembi Parque. Se lá pode, por que aqui não?

A exclusão de Curitiba na rota dos grandes shows, fato triste pelo interesse cul-tural de seus habitantes, não vem de hoje, nem de 2008 quando a Pedreira foi inter-ditada. Desde que o local foi fechado, a única coisa que mudou foi que as reclama-ções do público são mais curtas, sempre encerrando no “fator Pedreira”.

Abram os olhos, produ-toras. Chega de comodismo.

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Opinião 3 5

Trinta e cinco anos de revolução. Steve Jobs e seu longo caso de amor com a inovaçãoDa fundação da Apple, a criação do iPhone. De 1970 até 2011, Jobs esteve intimamente ligado a renovação tecnológica

Trechos retirados do dis-curso de Steve Jobs aos for-mandos da faculdade de Stan-ford, em 2004.

A redefinição de uma era. A quebra de parâmetros. Uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo. A morte de Steve Jobs vem para dar lugar ao novo. Segundo ele mesmo gostava de falar em seus dis-cursos, “a morte é a melhor invenção da vida”.

Nascido em São Francisco, filho de americana com um imigrante sírio, Steve Jobs foi colocado para adoção porque seus pais não tinham condições de financiar seus estudos universitários. Este, inclusive, foi o principal fator na hora da adoção do garoto. Sua mãe biológica só assinaria os documentos após a certeza de que os pais adotivos o co-locariam em uma instituição de ensino superior. E assim foi feito

Aos 17 anos, Jobs entrou para a Reed College, em Port-land. Foram seis meses de aula, até que sem ver sentido em fazer o que estava fazendo, e sem saber que rumo daria para a sua vida, Steve Jobs de-ixa de freqüentar as aulas.

“Todas as economias dos meus pais de classe op-eraria estavam sendo gastas em minha educação superior. Depois de seis meses eu não conseguia enxergar o valor daquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer com minha vida e nenhuma idéia de como a faculdade iria me ajudar a descobrir”.

Saindo oficialmente da faculdade, Steve Jobs pas-sou a frequentar somente as aulas que realmente gostava. Porém, como não era mais um estudante matriculado na Reed College, ele não tinha se quer seu próprio dormitório. Dormia no chão, nos quartos de alguns poucos amigos.

Após períodos de internato na Reed College, fundou em 1976 a Apple Computer, junto com seu “parceiro tecnológi-

co” Steve Wozniak. A empre-sa então lançou o Apple I e o Apple II. Foram os primeiros computadores pessoais lan-çados, embora primitivos. O primeiro foi desenhado por Wozniak, para uso próprio. Aí, a genialidade de Steve Jobs começa a fazer a diferença. Porque não comercializar um produto que todos saibam usar? Dois meses depois, o Ap-ple I estava sendo vendido em Palo Alto ao preço de $666,66. Foram produzidas 200 uni-dades. O computador tinha um processador de 1,00 Mhz e uma memória de 4kb. Hoje, esses números são menores do que um arquivo de texto que é feito no Microsoft Word.

Pouco tempo depois a du-pla lançou o Lisa. O primeiro desktop com interface gráfica. Apesar de a Microsoft ter o sistema operacional “Win-dows” (em inglês, janela), foi a Apple, com o Lisa, que lançou a interface que é utilizada até hoje nos computadores. Mas o Lisa era para uso empresarial e Steve Jobs ainda queria mais.

Então, em 1984, a Apple apresenta o primeiro com-putador da linha Macintoshi. Pequeno, acessível e simples. Três características que acom-panhariam toda a história da empresa. Após mudar o rumo da informática Jobs acaba sen-do demitido da sua própria empresa, por John Scully, ex-ecutivo que ele mesmo tinha tirado da Pepsi dois anos antes, em um célebre episó-dio. Ao reunir-se com Scully, nos escritórios da Pepsi, Jobs indaga: “você vai vender água com açúcar pelo resto da vida ou quer vir mudar o mundo comigo?” E mudou. Em apenas 10 anos de empre-sa, a Apple cresceu e passou a valer 2 bilhões de dólares, e contava com mais de 4000 funcionários.

“Como você pode ser demitido de uma empresa que você mesmo começou? Bem, conforme a Appel cresceu, nós contratamos alguém que eu achava ser muito talentoso para levar a empresa comigo, e no primeiro ano, mais ou

menos, as coisas saíram bem. Mas aí nossas visões do futuro começaram a divergir e even-tualmente nós tivemos uma briga. Quando isso aconteceu, nossos diretores ficaram do lado dele”.

Foram 12 anos fora do co-mando da empresa. Durante esse tempo, desistir nunca foi uma opção para ele. Fundou a NeXT, uma empresa que não deu certo na construção de computadores, mas foi de certa forma um sucesso com a criação de softwares. O NeXTStep é a base dos siste-mas operacionais modernos. Em 1996, com a criação de um novo sistema operacional, a Apple compra a empresa de Steve Jobs que, com isso, pas-sou novamente a ser o manda chuva em Cupertino.

Enquanto estava engat-inhando com a NeXT, Jobs comprou a Pixar, empresa que passaria a ser a pioneira em filmes de animação, estre-ando com o sucesso imediato de Toy Story. Em 2006, por 7,4 bilhões de dólares, a Disney comprou a Pixar de Jobs, que passou a ser o maior acioni-sta da empresa de Hollywood. Hoje, a Disney/Pixar é a maior produtora de filmes de anima-

ção do mundo.Em 1997, de volta ao co-

mando da empresa e com uma crise financeira que quase ruiu com as estruturas da Apple, Jobs inova mais uma vez. Em 98 é lançado o primeiro iMac, com o sistema operacional Mac OS 9. Foram um sucesso de vendas. O iMac consolidou a estabilidade e consistência do sistema Mac OS. Mas a ver-dadeira revolução ainda es-tava por vir.

Foi no início da década de 2000 que a Apple começou a mostrar ao mundo uma nova forma de pensar a comuni-cação. Tudo começou com o lançamento do primeiro iPod, que estava integrado com o sistema de vendas de música online, a iTunes Store. Enquanto todos buscavam uma maneira de segurar a produção de CD’s e impedir a pirataria, Jobs criou colocou tudo para vender online. O conjunto iPod + iTunes con-quistou o publico. Era peque-no, acessível e simples.

Mais uma vez não acabou por aí. Em 2007, a telefonia deixa de ser como era. É lan-çado o iPhone. A redefinição de uma era. A quebra de parâ-metros. A Apple encamin-

hava-se a passos largos para ser uma das maiores empresas do mundo. O iPhone não é classificado como um smart-phone e nem mesmo um tele-fone tradicional. É um device a parte. Até março deste ano, foram vendidas 100 milhões de unidades do aparelho.

Steve Jobs amava o que fa-zia. Era impossível não ficar fascinado a cada novo lança-mento da empresa. Falava de seus produtos com se fossem seus filhos. Dava-lhes carac-terísticas e apelidos. Ao ol-har para ele, víamos o amor pela tecnologia. Jobs mudou o mundo. Deixou de ser so-mente mais um pirata do vale do silício para ser o capitão do barco.

“Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que eu fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Seu trabalho vai preencher grande parte da sua vida, e a única maneira de es-tar realmente satisfeito é fazer o que você acredita que é um ótimo trabalho. E a única ma-neira de fazer isso, é amar o que você faz”.

Marcos Monteiro

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SUSTENTABILIDADE

Empresa reaproveita óleo paraproduzir combustívelAlém de preservar o meio ambiente, a Usina Biodiesel também servirá como fonte de capacitação profissional

Anelise Rodrigues

Um litro de óleo der-ramado na natureza po-lui um milhão de litros d’água, o suficiente para abastecer, por 30 dias, com água tratada, cerca de 50 famílias, afirma, com base em estudos científicos, a secretária do Meio Ambi-ente da Prefeitura de Pa-ranaguá, Jozaine Baka, re-sponsável pelo projeto da primeira Usina Biodiesel movido a óleo de fritura usado do Brasil, inaugura-da no 2° semestre de 2011, em Paranaguá.

A unidade industrial transforma óleo comestív-el em biodiesel, um com-bustível renovável e bio-degradável, obtido a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem an-imal ou vegetal, com álcool na presença de um catali-sador.

A usina integra o Pro-grama de Gerenciamento de Óleos e Gorduras Veg-etais, criado por lei mu-nicipal, para minimizar o impacto desses poluentes no meio ambiente como também contribuir para a economia do orçamento público.

O bicombustível resul-tante tem a capacidade de substituir, total ou par-cialmente, o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos, a exemplo de caminhões, tratores, camionetas, au-tomóveis. Com a capacid-ade de produção para 500 a 800 litros de bicombustível - expansiva para até um mil litros, por dia - a usina vai contribuir no abastec-

imento da frota municipal. A expectativa é de re-

colher cinco mil litros de óleo por semana e abastec-er 20 caminhões da frota da prefeitura. “Utilizamos 75 mil litros de óleo die-sel nos carros, caminhões e máquinas da Prefeitura ao mês, representando um ganho substancial para os cofres públicos e também para o meio ambiente, já que o biodiesel não é po-luente”, pontua Jozaine Baka.

A unidade industrial foi viabilizada por meio de iniciativa socioambiental, firmada entre a prefeitura de Paranaguá e o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através do Senai-PR. O to-tal do investimento somou R$ 200 mil, sendo R$ 100 mil da Fiep e R$ 100 mil do município.

Coube ao Senai a re-sponsabilidade pela aquisição da usina e asses-soria na implementação do projeto e a Prefeitura pela adequação do local, trein-amento e disponibilidade técnica para a implanta-ção. O prefeito de Parana-guá, José Baka Filho, disse, durante a inauguração da unidade, que “Paranaguá dá exemplo da parceria pú-blico-privada, não apenas pelo investimento finan-ceiro, mas pela importân-cia na preservação do meio ambiente”.

Coleta do óleoA usina de combustível

ecológico será a primeira no Brasil com aplicação prática na comunidade, a começar pelo sistema de coleta. Todos terão par-ticipação direta e podem se tornar um colaborador. É simples: pequenos gera-dores de óleo de fritura (residências, lanchonetes,

res taurantes ) , ao invés de jogar o produ-to de cozinha usado na pia, na terra ou no ralo, devem depositá-lo em uma garrafa pet e levá-lo aos postos de reco lh iment o , como esco-las, igrejas e empresas que terão as garra-fas recolhidas por caminhões da prefeitura para o proces-samento na

Expansão do biodiesel para outros municípios

A FIEP informa que as indústrias do Estado tam-bém serão beneficiadas pelo projeto de Paranaguá, já que muitas delas têm interesse em produzir biodiesel para uso em seus processos produtivos. Dessa forma, o Senai Paraná poderá apoiá-las com a implementação da tecnologia, o desenvolvimento de treinamentos, demonstrações, simulações de processos, testes com diversos óleos vegetais e avaliação de contaminação. Vale lembrar que esta ação também tem reflexos no processo da educação profissional, já que a Usina de Biodiesel servirá de escola prática para capacitar os alunos do Senai.

A Federação das Indústrias do Paraná também asse-gura que esta iniciativa pioneira servirá de laboratório para implantar outras usinas em todo o Estado, já que há condições de expandir o trabalho com a assessoria do Senai para outras prefeituras que tiverem interesse em implantar essa inovação tecnológica e social”, con-cluiu.

usina.Entre os postos de co-

leta de maior representa-tividade estão as escolas. Segundo a diretora da escola municipal Castelo Branco, Jucimara Rodrigues da Luz Blankenburg, “serão recolhi-das de dez a quinze garrafas pet por mês. Nas reuniões de pais, com entrega de boletins e apresentações em datas es-peciais, pedimos para que colaborem e tragam o óleo de suas casas”, conta.

Segundo a prefeitura do município, atualmente, ex-iste uma campanha forte em toda a cidade, através de propagandas de televisão, rádio, outdoors e busdoor, a fim de mobilizar os mora-dores para a coleta do óleo. Às pessoas que aderirem à campanha, poderão até mesmo, como forma de in-centivo, ganhar um adesivo que o identificará como um colaborador da natureza.

Para a jovem parnan-guara, Débora Mariotto, 19 anos, a iniciativa da prefei-tura é importante no sen-tido de que o óleo de coz-inha seja reaproveitado de forma sustentável e sugere, ainda, maior participação

dos moradores visando não só mobilizar, mas também conscientizar e informar aos moradores sobre os danos que o óleo causa à natureza e, assim, cada morador fará sua parte.

Na avaliação do vereador do município Cleodinor da Costa, o benefício à socie-

dade será incalculável. Em relação ao bom andamento da usina, disse que o sucesso também depende da colabo-ração da cidade. “O segredo está na participação da pop-ulação que, ao invés de jogar o óleo e poluir o ambiente, pode coletar e beneficiar a todos”.

Divulgação

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A construção civil é um dos setores onde mais ocorrem acidentes de trabalhoSegunda o OIT, ocorrem cerca de 20 mil acidentes fatais por ano no setor

A construção civil cresce a cada ano, mas continua ocor-rendo uma série de acidentes nos canteiros de obras. Esse é um dos setores onde mais ocorrem acidentes de trab-alho.

Volta e meia vemos nos jornais notícias de pessoas que sofreram acidentes nas obras, muitas vezes fatais. Esses acidentes podem ser evitados apenas com o uso adequado de equipamentos básicos de segurança, pois a melhor maneira de diminuir acidentes é com a prevenção.

O que será que falta, equi-pamentos ou prudência por parte dos trabalhadores?

Os equipamentos de se-gurança básicos como bota e capacete podem evitar in-úmeros acidentes. Muitos deles graves, que até pode-riam terminar em morte. Mas não basta apenas a ob-rigatoriedade do uso desses equipamentos. É necessária também a conscientização por parte dos próprios trab-alhadores.

“Dentro do canteiro de obra, entrou no canteiro é bota e capacete, isso do início ao fim da obra. Depois de-pendendo da sua atividade você vai usar o equipamen-to. Vai trabalhar em altura é o cinto de segurança tipo paraquedista com um ou dois talabartes, usando cor-da, trava-queda. Vai cortar uma madeira na serra tem que usar o protetor facial, auricular. A bota também,

dependendo da atividade, tem que ser de borracha”, es-clarece o técnico em segurança do trab-alho Yákili Silva.

O eletricista que trabalha em obras de uma construtora Paulo Ordões diz já ter visto inúmeros acidentes nas ob-ras em que atuou, porém nenhum fa-tal. Ele fala ainda que há muita infor-mação a respeito de como os operários devem se proteger, mas é preciso haver uma conscientização por parte deles de quem precisa usar esses equipamentos para sua segurança: “ Em primeiro lugar vem o equi-pamento de segurança de-pois vem o restante”.

FiscalizaçãoQuando ultrapassada a

barreira da conscientiza-ção do uso desses equi-pamentos por parte dos trabalhadores, o setor en-frenta outro problema: a falta de fiscalização das obras por parte dos setores públicos, que teoricamente deveriam ser os respon-sáveis pelo bem-estar dos operários.

É preciso ter certeza que as construtoras e outros setores da construção civil estão cumprindo a lei, ofe-recendo a seus operários todos os equipamentos ne-cessários a sua segurança.

Segundo o Ministério do Trabalho, existem hoje

três mil fiscais de obras para atender o território nacional. O Paraná tem a sua disposição apenas 180 fiscais de obras e não há previsões para um novo concurso.

Essa baixa fiscaliza-ção se reflete no número de acidentes que ocorrem todo o ano. Segundo a OIT (Organização Internacio-nal do Trabalho), ocorrem cerca de 20 mil acidentes fatais por ano, ou uma morte a cada 10 minutos. No ano passado houve 376 mortes no Brasil no setor da construção civil.

Cumprindo a leiHá no Brasil normas e

leis que regem a segurança no trabalho. A legislação compõe-se de normas reg-ulamentadoras e leis com-plementares.

Ao sofrer qualquer tipo de acidente no trabalho, o operário deve recorrer aos órgãos públicos respon-sáveis como o Ministério do Trabalho e ou a Del-egacia Regional do Trabal-ho. Na maioria dos casos, porém, essas denúncias não geram nenhum resul-tado.

“Uma coisa que falta principalmente é Secretar-ia de Vigilância Sanitária, tanto estadual quanto mu-nicipal. Ela tem poderes inclusive de interditar e de autuar o lugar que expõe o trabalhador a riscos, até porque está mexendo com a saúde. Mas a Secretaria de Vigilância Sanitária Municipal e Estadual não fazem nada para isso”, re-lata o presidente do Sindi-cato dos Trabalhadores na Construção Civil, Domin-

Francieli Fernanda

gos Davide.Muitos desses operários

recorrem então a sindica-tos de trabalhadores, por ser esta uma forma mais ágil e eficiente na garantia de seus direitos.

“Qualquer denúncia telefônica ou direta que está faltando segurança ou que os trabalhadores estão expostos à riscos, nós va-mos imediatamente para ver se é verdade, consta-tar os fatos e muitas vezes, se for necessário, nós co-locamos som na porta da obra, paramos a obra e não deixamos ela acontecer”, diz Davide.

O tempo limite para entrar com pedido de in-denização por acidente no trabalho é de aproximada-mente cinco anos a partir da data que foi caracter-izado como acidente..

HABITAÇÃO

Diego Silva

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A concentração em prol da regressão

Respeito é bome eu GOSTO

O grande sinônimo para cres-cimento econômico na vida de muitos brasileiros é um trabalho onde ele possa ser remunerado com um salário maior do que ele já ganha. Por um bom tem-po isto fez com que milhares, e até milhões, de famílias buscas-sem evolução em solo paulista. Pode ser que atualmente este pensamento ainda vigore na mente de muitos, mas com cer-teza a força já é menor do que 20 anos atrás. Segundo dados do IPEA, 46% da população adulta residente no estado de São Pau-lo, é natural de outros estados.

Não seria nenhum erro dizer que a maioria dos que mi-graram para lá, o fizeram por causa da pobreza de suas regi-ões. Do total migrado, apenas 16% da população não vieram de estados do norte ou nordes-te. E é do conhecimento popu-lar que tais regiões possuem os menores números de desenvol-vimento social, educacional e demais índices que comprovam a ineficiência dos marajás que lá mandam desde 1900 e tanto tempo atrás. Ir para São Paulo, para a maioria das famílias não foi uma opção, mas uma fuga.

A vida na capital passa então a ser uma nova chance. Mas nem sempre oferece as me-lhores chances. Em outros dados analisados pelo IPEA, consta-tou-se também que os filhos de migrantes levam mais tempo para sair da casa dos pais do que os naturais do estado. Che-

A declaração nem é tão nova para os padrões tec-nológicos atuais, mas como toda palavra dita perpe-tua e não se pode voltar atrás, acho que as decla-rações pós-Rock in Rio da cantora Claudia Leit-te merecem um momento de reflexão nessa coluna.

Após sua apresentação no dia 23 de setembro, Claudia saiu do palco em meio a aplausos e vaias. Nas redes sociais, inúme-ras pessoas debochavam da cantora, principalmen-te por ter realizado um cover da banda inglesa, Led Zeppelin. O desabafo veio no dia 27 de setem-bro em seu blog (http://w w w . b l o g d a c l a u d i n h a .com.br/). “Ok. Não gostar de Axé é normal! Anor-mal é achar-se superior porque conhece John Col-trane ou porque adora o Metallica. Procurem no Google sobre a história de um ariano que se achava superior aos judeus…Há tanto por fazer. E pessoas com voz ativa, com acesso à internet, manifestam-se como se fossem melhores que as outras porque cur-tem o LED ZEPPELIN… Hein?”, disse a cantora.

Primeiro, John Coltrane é jazz, não rock. Segundo, ela cantou em um dia que apenas Paralamas do Su-

Nacional Música

Humberto Frasson Giórgia Gschwendtner

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@beto_frasson

Cursa o 6° período da noite

@giorgiaag

Cursa o 6º período da manhã.

gou-se a conclusão de que isto se deve ao fato de tais migrantes levarem mais tempo para conse-guirem um bom grau de profis-sionalização que de garantias de andar com as próprias pernas. Surge aqui a parte suja de São Paulo. Que assim como os esta-dos nordestinos também tem sua parcela de culpa. Afinal, invocar novos moradores para trabalhar em sua terra sem ter evoluir no respaldo oferecido aos que ali chegaram, como saúde, educação e infra-estrutura, é tão errôneo quanto os marajá que não assis-tiram seus habitantes nativos.

Este é o eterno ciclo que gera os famosos bolsões de po-breza não só em São Paulo, mas em outros grandes centros tam-bém. Rio de Janeiro e suas favelas que o digam. Enquanto a cidade maravilhosa foi construída graças aos esforços de quem desceu para desenvolver a cidade em busca de melhores qualidades, seus ope-rários e construtores foram em-purrados para as margens do de-senvolvimento. Brasília com seu grande projeto piloto e todos seus pedreiros escravizadamente pa-gos, diga-se de passagem, é outra prova de que nada adianta ofere-cer promessas sem ter a garantia de continuidade no patamar de evolução alcançado pelos migran-tes durante o desenvolvimento destes estados e suas cidades. Se a burocracia não travasse a evolu-ção, talvez não nos deparássemos com tanta pobreza gerada pe-las falsas promessas eleitoreiras.

cesso e Titãs eram bandas do gênero que comparou a Hitler, lembrando que ambas são nacionais. Ter-ceiro, ela mesma tocou Ze-ppelin, o que está falando?

Pop, samba, metal, eru-dito. Independe de uma classificação musical, as palavras de Claudia ultra-passaram o limite de um comentário sensato. Ela pode odiar rockeiros, as-sim como eles a odeiam, mas generalizar o público dentro de um festival que abrange os mais variados gostos é ignorância. Ain-da mais quando a compa-ração chega a extremos.

No restante do texto, a cantora clamou por liber-dade e respeito, mas ao se posicionar se quer lem-brou-se de fazer o mesmo. Ela deveria ter se dirigido ao Google e pesquisado história, alem de utilizar melhor sua comunicação.

Aplausos são conquis-tados com a força do seu trabalho, a própria Clau-dia foi aplaudida. Por infe-licidade algumas pessoas presentes no momento não a respeitaram e julgaram-se no direito de expressar sua opinião da forma mais dolorosa para o artista, a vaia. O que deve acompa-nhar a carreira do músico é preparo emocional, afi-nal nem todo dia se ganha.

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Pular obstáculos e andar em passarelas. Essas habi-lidades não são exclusivas dos cães de cinema ou de provas. Em poucos meses seu amigão pode fazer tão bonito quanto além de se di-vertir com você e melhorar a saúde.

Tanto quanto os donos, os animais de estimação precisam de atividades físi-cas para manter a saúde em alta. Por isso, desde 1978 – quando foi criado na Ingla-terra – o Agility vem sendo procurado por gente que, mesmo sem sonhar em par-ticipar de competições, de-seja envolver o bicho numa atividade estimulante.

Treinadora de Agility desde 2003, a médica vet-erinária Fernanda Lesnau conversou com o LONA so-bre esse esporte que serve para cães e donos.

Agility no BrasilO esporte foi criado em

1978 na Inglaterra e hoje é praticado no mundo inteiro. No Brasil ele chegou na década de 90, e rapidamente conquistou muitos adeptos. Primeiramente profissionais (adestradores) foram bus-car o esporte, porém hoje já encontramos todo o tipo de profissionais dentro do Agility, que o veem como um hobby.

Objetivos e regrasO agility é um esporte

praticado por duplas, que são o cão e o seu dono ou condutor. As regras, e o es-porte em si, foram baseados no hipismo. O objetivo é ter-minar a prova sem cometer infrações e no menor tempo

Corrida de obstáculo une cães e donos

Mariana Mendes

possível. Oque faz do agility uma prova de habilidade, em que a velocidade é o cri-tério decisivo em caso de empate.

Quem pode praticarQualquer um pode prati-

car agility: cães e humanos. Porém, algumas raças ten-dem a ser menos recomen-dadas para o esporte de competição. Os pugs e o dog alemão não são indicados por causa da anatomia.

Ele é extremamente re-comendado para cães muito ativos, porque direciona a energia que o cão, possivel-mente, gastaria cavando bu-racos, roendo móveis e ou sapatos, para o aprendizado dos obstáculos.

Não há idade mínima para começar a ensinar o cão, menos ainda para o dono le-var o cão para treinar. Nós temos praticantes com mais de 70 anos treinando e com-petindo. Só é conveniente le-var o animal para consultar um veterinário para ver se a saúde está ok.

ObstáculosO obstáculo mais comum

no agility é o salto (salto simples, salto duplo, salto em distância, muro e pneu), temos ainda dois tipos de túnel, rígido e flexível, o slalon e as zonas de con-tato (gangorra, passarela e rampa). As zonas de con-tato são obstáculos que pos-suem áreas onde o cão deve

obrigatoriamente tocar e são pintadas com uma cor diferente. Além de ser uma demonstração de controle e de treinamento, elas foram criadas para a segurança dos próprios cães. O mé-todo utilizado para o ensino de cada um dos obstáculos varia conforme o cão. Raças de caça, como Dachshunds (salsichas), têm facilidade de aprender e fazer o túnel

por terem sido desenvolvi-dos para entrar em tocas, porém essa mesma raça pre-cisa de atenção junto aos sal-tos devido a sua coluna mais comprida que as dos demais caninos.

O agility é o esporte canino mais praticado em todo o mundo, e além de ser um ótimo exercício para o cão e também para o dono, o agility é uma forma de melhorar a relação com o cão. Treinando-o a pessoa desenvolve não apenas no-vos comandos, direcionados diretamente a transposição dos obstáculos, mas também aplica comandos básicos (senta, deita, fica...), além de desenvolver sua linguagem corporal.

O agility chegou no Brasil em 1978 e ajuda a manter a saúde dos cães em alta

O agility é uma forma de melhorar a relação com o cão.

No Agility, os cães exercitam habilidades e se mantêm saudáveis

Divulgação

ESPORTE CANINO

Page 8: LONA 659 - 07/10/2011

Curitiba, sexta-feira, 07 de outubro de 2011 8

O

O poema de Cora Coralina remete à primeira terra revirada, os alicerces para as casas que abrigarão os manifestantes do MST de Florestópolis, norte pioneiro paranaense.

Eu sou a terra, eu sou a vida

Fotos: Aline Reis Texto: Daniel Zanella