LUCAS DE FARIAS HENRIQUES DE LIMA AVALIAÇÃO IN SITU …

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Niterói 1/2020 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO LUCAS DE FARIAS HENRIQUES DE LIMA AVALIAÇÃO IN SITU DO COMPORTAMENTO DO CATALISADOR Cu/BaZrO3 NA REAÇÃO DE DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA: ESTUDO COMPARATIVO COM OS CATALISADORES Cu/ZrO2 E Cu/CeO2

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Niterói 1/2020

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

LUCAS DE FARIAS HENRIQUES DE LIMA

AVALIAÇÃO IN SITU DO COMPORTAMENTO DO CATALISADOR Cu/BaZrO3 NA REAÇÃO DE

DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA: ESTUDO COMPARATIVO COM OS CATALISADORES Cu/ZrO2 E Cu/CeO2

Niterói 1/2020

LUCAS DE FARIAS HENRIQUES DE LIMA

AVALIAÇÃO IN SITU DO COMPORTAMENTO DO CATALISADOR Cu/BaZrO3 NA REAÇÃO DE

DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA: ESTUDO COMPARATIVO COM OS CATALISADORES Cu/ZrO2 E Cu/CeO2

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADORAS

Profª. Dra. Ana Carla da Silveira Lomba Sant´Ana Coutinho

Dra. Ludmila de Paula Cabral Silva

Ficha catalográfica automática - SDC/BEEGerada com informações fornecidas pelo autor

Bibliotecário responsável: Sandra Lopes Coelho - CRB7/3389

L732a Lima, Lucas de Farias Henriques de AVALIAÇÃO IN SITU DO COMPORTAMENTO DO CATALISADOR Cu/BaZrO3NA REAÇÃO DE DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA : ESTUDO COMPARATIVO COM OSCATALISADORES Cu/ZrO2 E Cu/CeO2 / Lucas de Farias Henriques deLima ; Ana Carla da Silveira Lomba Sant´Ana Coutinho,orientadora ; Ludmila de Paula Cabral Silva, coorientadora.Niterói, 2020. 77 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em EngenhariaQuímica)-Universidade Federal Fluminense, Escola deEngenharia, Niterói, 2020.

1. Catálise. 2. Reação de Deslocamento Gás-Água. 3.Cobre. 4. Perovskita. 5. Produção intelectual. I. Coutinho,Ana Carla da Silveira Lomba Sant´Ana, orientadora. II. Silva,Ludmila de Paula Cabral, coorientadora. III. UniversidadeFederal Fluminense. Escola de Engenharia. IV. Título.

CDD -

LUCAS DE FARIAS HENRIQUES DE LIMA

AVALIAÇÃO IN SITU DO COMPORTAMENTO DO

CATALISADOR Cu/BaZrO3 NA REAÇÃO DE DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA: ESTUDO COMPARATIVO

COM OS CATALISADORES Cu/ZrO2 E Cu/CeO2

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo, da Escola de Engenharia, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Química.

Aprovado em 03 de dezembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Ana Carla da Silveira Lomba Sant´Ana Coutinho, D.Sc. – TEQ-UFF

Presidente da Banca - Orientadora

____________________________________________________________

Ludmila de Paula Cabral Silva, D.Sc - Orientadora

____________________________________________________________

Luis Eduardo Terra de Almeida, D.Sc. – UNIRJ/UNIESP

____________________________________________________________

Camila Gabriele Silva, D.Sc. – UERJ

Agradeço a Deus por me guiar

pelo caminho correto, à minha

mãe por absolutamente tudo, aos

meus professores por todo o

conhecimento transmitido, às

minhas orientadoras pela

paciência e toda a ajuda e à

Camila, pela contribuição na

análise do software Jade.

“Mas é claro que o sol

Vai voltar amanhã

Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior

De endoidecer gente sã

Espera que o sol já vem”.

Renato Russo

RESUMO

O gás hidrogênio (H2) tem um papel de grande importância como reagente

químico, principalmente nos processos de obtenção de amônia e no refinamento do

petróleo. Além disso, é apontado como o combustível do futuro devido à sua elevada

densidade energética e do único produto de sua combustão ser a água. A maior parte

do hidrogênio é produzido a partir do gás natural, nafta e carvão, com apenas

aproximadamente 4% provenientes da água e outras fontes. Esse método de

produção origina o gás de síntese que contém o hidrogênio. A reação de

deslocamento gás-água é uma etapa chave desse processo pois permite a conversão

do monóxido de carbono, também presente no gás de síntese, em mais hidrogênio.

Com o objetivo de se obter um catalisador ativo e barato para esta reação à

temperatura de 250°C, foi preparado o material Cu/BaZrO3 pelo método da

impregnação ao ponto úmido. Foram realizadas caracterizações de sua composição,

propriedades texturais e cristalinas através de técnicas como espectroscopia de raios-

X por energia dispersiva, fisissorção de nitrogênio, difração de raios-X e

espectroscopia de reflectância difusa na região do infravermelho com transformada

de Fourier (DRIFTS). E ainda pela análise de DRIFTS, acompanhou-se in situ as

espécies presentes, para identificar a adsorção dos reagentes e produtos, em

condições reacionais. Os resultados obtidos por este experimento indicaram que o

catalisador apresenta possível atividade para a reação de deslocamento gás-água

pela identificação da banda relacionada ao produto dióxido de carbono.

Palavras Chave: Catálise, Cobre, Perovskita, Hidrogênio, Reação de

Deslocamento Gás-Água

ABSTRACT

Hydrogen gas (H2) has a very important role as a chemical reagent, mainly in

the ammonia production and in the oil refining. In addition, it is considered as the fuel

of the future due to its high energy density and due to water being the only product of

its combustion. Most of the hydrogen is produced from natural gas, naphtha and coal,

with only approximately 4% coming from water and other sources. This production

method gives rise to the syngas, which contains hydrogen. The water-gas shift reaction

is a key step in this process because it allows the conversion of carbon monoxide, also

present in the syngas, into more hydrogen. In order to obtain an active and low cost

catalyst for this reaction at a temperature of 250°C, Cu/BaZrO3 material was prepared

by incipient wetness impregnation method. Its composition, textural and crystalline

properties were characterized by techniques as Energy-dispersive X-ray spectroscopy,

nitrogen physisorption, X-ray diffraction and Diffuse reflectance infrared Fourier

transform spectroscopy (DRIFTS). In addition, by the DRIFTS analysis, the species

present were monitored in situ, to identify the adsorption of reagents and products,

under reaction conditions. The results obtained by this experiment indicated that the

catalyst presents possible activity for the water-gas shift reaction by identifying the

band related to the product carbon dioxide.

Keywords: Catalysis, Copper, Perovskites, Hydrogen, Water-Gas Shift

Reaction.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de Alguns Produtos Obtidos a partir da Amônia ........................ 16

Figura 2: Esquema de Funcionamento de uma Célula a combustível ...................... 18

Figura 3: Estrutura Química do Nafion ® e uma Fotografia da Membrana Polimérica

.................................................................................................................................. 19

Figura 4: Cinco Principais Tipos de Células a combustível ....................................... 20

Figura 5: Principais Processos Catalíticos Estudados para Produção de Hidrogênio

nos Últimos Oito Anos. Levantados na Base de Dados Scifinder ............................. 22

Figura 6: Publicações com o Tema "Produção de Hidrogênio" na base Scifinder .... 23

Figura 7: Desenho Esquemático de um Reformador Primário .................................. 24

Figura 8: Formação de Coque em Função da Temperatura e da Razão S/C para o

GLP ........................................................................................................................... 25

Figura 9: Vista do Reformador Secundário ............................................................... 26

Figura 10: Concentrações de Equilíbrio para a Oxidação Parcial em Função da

Temperatura (P= 1 atm) ............................................................................................ 28

Figura 11: Fotografia Externa e Vista Interna de um Reator de Reforma Autotérmica

.................................................................................................................................. 30

Figura 12: Esquema de Funcionamento de uma Célula de Eletrólise ....................... 31

Figura 13: Variação da Concentração de CO ao Longo do Processo ....................... 33

Figura 14: Diagrama de Blocos da Obtenção Industrial de Hidrogênio ou Gás de

Síntese ...................................................................................................................... 34

Figura 15: Esquema do mecanismo regenerativo, quando há a formação de vacâncias

de oxigênio ................................................................................................................ 35

Figura 16: Esquema do Mecanismo Associativo ....................................................... 36

Figura 17: Conversão de CO em Função da Temperatura Para Cu-ZnO em Diferentes

Suportes .................................................................................................................... 38

Figura 18: Estrutura Tridimensional da Perovskita CaTiO3 em (a) Um arranjo

Idealizado (simétrico) e (b) Em um Arranjo Realista ................................................. 41

Figura 19: Fotografia do Catalisador Após uma das Etapas de Secagem ................ 50

Figura 20: Difratograma Obtido para o Suporte ........................................................ 53

Figura 21: Difratograma Obtido para o Catalisador ................................................... 54

Figura 22: Isoterma de adsorção e dessorção de N2 juntamente com a curva de

distribuição do volume poros em função do diâmetro para o suporte BaZrO3. .......... 56

Figura 23: Isoterma de adsorção e dessorção de N2 juntamente com a curva de

distribuição do volume poros em função do diâmetro para o catalisador Cu/BaZrO3.

.................................................................................................................................. 57

Figura 24: Espectros do CO adsorvido a 30°C para o catalisador Cu/BaZrO3 (a) logo

após substituir a corrente de CO/He por apenas héio e (b) após 10 min limpando a

superfície com hélio. ................................................................................................. 59

Figura 25: Comparação entre os espectros de adsorção de CO a 30°C para os

catalisadores de Cu suportado em BaZrO3, ZrO2 e CeO2. ........................................ 60

Figura 26: Comparação entre os espectros in situ para reação de deslocamento gás-

água a 250°C sobre catalisadores de Cu suportado em BaZrO3, ZrO2 e CeO2. ...... 62

Figura 27: Reações Envolvidas no Mecanismo Associativo ..................................... 63

Figura 28: Difratograma Obtido para o Catalisador Cu/CeO2 por Freitas (2017) ...... 76

Figura 29: Difratograma Obtido para o Catalisador Cu/ZrO2 por Freitas (2017) ....... 76

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Reações Envolvidas na Seção de Pré-Tratamento ................................... 17

Tabela 2: Tipos de Processos de Obtenção de Hidrogênio. Vantagens e

Desvantagens. .......................................................................................................... 21

Tabela 3: Alguns Exemplos de Espécies Constituintes de Perovskitas .................... 41

Tabela 4: Alguns Catalisadores Utilizando Perovskitas e Aplicados à Reação de

Deslocamento Gás-Água. ......................................................................................... 44

Tabela 5: Reagentes Utilizados na Preparação do Catalisador ................................ 48

Tabela 6: Estimativa do Volume Específico de Poros do Suporte ............................. 49

Tabela 7: Configurações do Espectrômetro .............................................................. 51

Tabela 8: Diâmetro médio de cristalito para o CuO ................................................... 54

Tabela 9 – Propriedades texturais dos suportes e catalisadores obtidas pela análise

de fisissorção de nitrogênio. ...................................................................................... 55

Tabela 10: Teores dos elementos constituintes do catalisador obtidos pela análise de

EDX. .......................................................................................................................... 58

Tabela 11: Análise das bandas obtidas da reação de deslocamento gás-água in situ.

.................................................................................................................................. 64

Tabela 12: Resultados iniciais dos testes de atividade catalítica para os catalisadores

de cobre suportado em zircônia ou céria (referentes as análises da primeira injeção

de carga reacional). ................................................................................................... 64

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC Alkaline Fuel Cel. Célula a combustível Alcalina

ASAP Micromeritics ASAP (Nome Comercial)

ATR Autothermal Reforming. Reforma Autotérmica

BET Brunauer–Emmett–Teller (Isoterma de Adsorção)

BJH Barrett-Joyner-Halenda (Método)

CPO Catalytic Partial Oxidation. Oxidação Parcial Catalítica

DRIFTS Diffuse Reflectance Infrared Fourier Transform

Spectroscopy.Espectroscopia de refletância difusa na região do

infravermelho com transformada de Fourier

DRX Difração de Raios X

EDX Espectroscopia de Difração de Raios X

HTS High Temperature Shift

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry – União

Internacional de Química Pura e Aplicada

JCPDS Joint Committee on Powder Diffraction Standards - Comitê

Conjunto de Padrões de Difração de Pó.

LTS Low Temperature Shift

MCFC Molten Carbonate Fuel Cell. Célula a combustível de Carbonato

Fundido

PAFC Phosporic Acid Fuel Cell. Célula a combustível de Ácido Fosfórico

PEM Polymer Elecrolyte Cell. Célula de Polímero Eletrólito

PEMFC Polymer Electrolyte Fuel Cell / Proton Exchange Membrane Fuel

Cell. Célula a combustível de Polímero Eletrólito / Célula a

combustível de Membrana de Troca de Prótons

POX Partial Oxidation. Oxidação Parcial

SOFC Solid Oxide Fuel Cell. Célula a combustível de Óxido Sólido

SR Steam Reforming. Reforma à Vapor

WGSR Water-Gas Shift Reaction – Reação de Deslocamento Gás-Água

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... VI

ABSTRACT .............................................................................................................. VII

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................................................. 14

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15

2. REVISÃO BILIOGRÁFICA ................................................................................... 16

2.1 PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO HIDROGÊNIO .............................................. 16

2.1.1 Produção de Amônia .............................................................................. 16

2.1.2 O hidrogênio nas refinarias .................................................................... 17

2.1.3 Emprego em células a combustível....................................................... 18

2.2 PROCESSOS ATUAIS DE OBTENÇÃO DE HIDROGÊNIO ........................... 20

2.2.1 Principais processos termoquímicos.................................................... 23

2.2.1.1 Reforma a vapor ................................................................................... 23

2.2.1.2. Oxidação parcial.................................................................................. 27

2.2.1.3. Reforma Seca ...................................................................................... 29

2.2.1.4 Reforma autotérmica ........................................................................... 29

2.2.2 Eletrólise da água.................................................................................... 30

2.3 A REAÇÃO DE DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA.............................................. 32

2.3.1 Mecanismos da reação ........................................................................... 34

2.3.2 Perspectivas recentes para catalisadores baseados em cobre .......... 36

2.4 EMPREGO CATALÍTICO DE ÓXIDOS DO TIPO PEROVSKITA .................... 40

2.4.1 Catalisadores contendo perovskitas aplicados na reação de

deslocamento gás-água .................................................................................. 43

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 48

3.1. MATERIAIS .................................................................................................... 48

3.2 PREPARAÇÃO DO CATALISADOR ............................................................... 48

3.2.1 Calcinação do zirconato de bário .......................................................... 48

3.2.2 Adição da fase ativa ................................................................................ 48

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES ................................................ 50

3.3.1 Análise por Difração de Raios-X (DRX) ................................................. 50

3.3.2 Análise textural ....................................................................................... 50

3.3.3 Avaliação da composição pela Espectroscopia de raios-X por energia

dispersiva (EDX) ............................................................................................... 51

3.3.4 Espectroscopia de refletância difusa na região do infravermelho com

transformada de Fourier (DRIFTS). ................................................................ 52

4. RESULTADOS ...................................................................................................... 53

4.1 ANÁLISE POR DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) ............................................. 53

4.2 ANÁLISE TEXTURAL ...................................................................................... 55

4.3 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO PELA ESPECTROSCOPIA DE RAIOS-X POR

ENERGIA DISPERSIVA (EDX) ............................................................................. 57

4.4 ESPECTROSCOPIA DE REFLETÂNCIA DIFUSA NA REGIÃO DO

INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (DRIFTS) ................ 58

4.4.1 Investigação dos sítios catalíticos pela adsorção de molécula sonda

(CO) ................................................................................................................... 58

4.4.2 Avaliação in situ do desempenho dos catalisadores na reação de

deslocamento gás-água .................................................................................. 62

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................... 65

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 66

APÊNDICE I .............................................................................................................. 71

APÊNDICE II ............................................................................................................. 72

ANEXO I.................................................................................................................... 76

14

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 INTRODUÇÃO

O hidrogênio molecular (H2) é um gás muito importante na indústria química,

sendo utilizado em processos como a síntese de amônia para a utilização em

fertilizantes, a remoção de compostos de enxofre, oxigênio e nitrogênio em correntes

de petróleo, na síntese de metanol e uma série de outras substâncias de interesse

(LADEBECK; WAGNER, 2010).

Apesar do átomo de hidrogênio ser o mais abundante no universo, raramente

é encontrado como H2; quase sempre estando ligado a outros elementos, como na

água (H2O), no ácido sulfídrico (H2S) ou em hidrocarbonetos. Por conta disto, para a

obtenção do H2 é necessário que o mesmo seja “retirado” a partir de processos

químicos (LIU et al., 2010). De acordo com Dincer (2012), a maior parte do hidrogênio

é produzido a partir do gás natural, nafta e carvão, com apenas aproximadamente 4%

provenientes da água e outras fontes.

Seu uso atual é basicamente destinado à produção de amônia e ao setor

petroquímico (BALL; WEEDA, 2015). Ao mesmo tempo, o desenvolvimento e

amadurecimento das células a combustível levanta o interesse em sua utilização no

setor de energia e automotivo, porque a reação global que ocorre nesses dispositivos

gera apenas água como subproduto, além das eficiências de conversão da energia

química em energia elétrica ser teoricamente superior à de máquinas térmicas

(MEKHILEF et al., 2012).

Apesar de possuírem eficiências inferiores às baterias, que também são livres

de emissões de CO2, o uso de células a combustível traz vantagens como uma maior

densidade energética, adequabilidade para uma ampla faixa de automóveis e

abastecimento rápido. Porém, uma redução drástica nos custos ainda é necessária

para que estes equipamentos se tornem competitivos (BALL; WEEDA, 2015).

A sua produção a partir de hidrocarbonetos envolve a reação com oxigênio ou

vapor d’água, gerando H2 e CO. Neste contexto, a reação de deslocamento gás-água

é utilizada para converter o CO em mais hidrogênio, a partir de sua reação com a

água, além do ajuste da razão CO/H2 para a utilização em certos processos

(LADEBECK; WAGNER, 2010).

15

No entanto, os catalisadores e as etapas trabalhadas atualmente fazem com

que grandes volumes de reatores sejam necessários. Os catalisadores adotados são

também associados a impactos ambientais e à restrições de segurança (PASTOR-

PÉREZ et al., 2019).

O desenvolvimento de catalisadores atualmente é focado em resolver

problemas como por exemplo a piroforicidade do catalisador Cu/ZnO/Al2O3, a

utilização de componentes menos tóxicos, o aumento da atividade catalítica, o

desenvolvimento de catalisadores mais baratos, o uso de suportes ativos e também

resistentes ao envenenamento por enxofre, que é um contaminante comum em

correntes de hidrocarbonetos.

1.2 OBJETIVOS

Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo preparar o catalisador

Cu/BaZrO3, caracterizá-lo em relação à composição e análises texturais e estudar sua

aplicabilidade à reação de deslocamento gás-água, através das análises in situ

obtidas através da espectroscopia do infravermelho, comparando aos resultados

obtidos por Freitas (2017) para catalisadores de cobre suportados em diferentes

materiais.

Faz parte do seu escopo uma revisão dos principais processos de obtenção

industrial de hidrogênio, de recentes trabalhos envolvendo a utilização de

catalisadores de cobre aplicados à reação de deslocamento gás-água e também às

possíveis vantagens do uso de perovskitas como suportes destes sistemas.

16

2. REVISÃO BILIOGRÁFICA

2.1 PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO HIDROGÊNIO

2.1.1 Produção de Amônia

O nitrogênio é um nutriente essencial para a vida na Terra, estando presente

na composição de moléculas orgânicas importantes no metabolismo das plantas.

Pode ser absorvido por elas nas formas nítrica (NO3−), amoniacal (NH4

+), amídica

[CO(NH2)2] e gasosa (N2). A demanda crescente da agricultura torna importante a

suplementação artificial do mesmo (ABELARDO et al., 2014).

A amônia (NH3) é precursora sintética de uma grande variedade de fertilizantes

nitrogenados e também do ácido nítrico, que é um importante ácido mineral. Na figura

1 estão exemplificados alguns produtos preparados a partir da substância

(ABELARDO et al., 2014):

Figura 1: Esquema de Alguns Produtos Obtidos a partir da Amônia

Fonte: (ABELARDO et al., 2014)

17

A rota principal de produção da amônia se baseia na reação do nitrogênio

molecular captado da atmosfera (N2) com o hidrogênio molecular (H2) em leitos

catalíticos, à altas temperaturas e pressões, segundo a reação 1 (BUCHEL et al.,

2000).

N2(g) + 3H2(g) ⇆ 2NH3 (g) ..........................................................................Reação 1

A amônia e seus derivados (como borazanos, hidrazinas ou sais de amônio)

também são potenciais competidores ao hidrogênio no setor energético, seja para uso

direto em células a combustível ou como meios de armazenamento de hidrogênio.

Como exemplos de vantagens, estão a densidade energética, o baixo custo e a

facilidade de armazenamento (LAN et al., 2012).

2.1.2 O hidrogênio nas refinarias

Nas refinarias de petróleo, o hidrogênio é consumido na remoção de compostos

oxigenados, nitrogenados, sulfurados ou halogenados; além de participar do processo

de hidrocraqueamento, que permite a conversão de frações pesadas em frações mais

leves (CRUZ, 2010; DOCEKAL, 1986).

De acordo com Petrobras (2002), nas seções de pré-tratamento, a carga

recebe um reciclo de gás hidrogênio e é aquecida até de 260°C a 340°C e pressões

de 300 psi a 500 psi, seguindo para leitos contendo óxidos de cobalto e molibdênio

suportados em γ-Al2O3. Nessas seções, as reações que se processam são mostradas

na Tabela 1.

Tabela 1: Reações Envolvidas na Seção de Pré-Tratamento

Reação Equação

Reação com compostos sulfurados R − SH + H2 → R − H + H2S

Reação com compostos oxigenados R − OH + H2 → R − H + H2O

Reação com compostos nitrogenados R − NH2 + H2 → R − H + NH3

Hidrogenação de olefinas a parafinas CnH2n + H2 → CnH2n+2

Fonte: Petrobrás (2002)

Para ser usado nesses processos, o hidrogênio precisa ser de alta pureza, para

não contaminar os produtos. Unidades de geração de hidrogênio (UGH) são utilizadas

18

ao longo da refinaria. Além da reforma à vapor, há também a geração do gás como

subproduto da unidade de reforma catalítica da nafta (CRUZ, 2010).

Um processo que permite o aproveitamento de frações pesadas do petróleo é

a gaseificação de resíduos de refinaria, gerando gás de síntese (uma mistura de CO

e H2), que pode ser utilizado no processo de Fisher-Tropsh para a geração de

combustíveis líquidos, ou como mais um meio de obtenção de H2 (VAEZI et al., 2011).

A gaseificação integrada à refinaria também permite cogeração de energia elétrica

pela tecnologia de ciclos combinados (LIU et al., 2011).

2.1.3 Emprego em células a combustível

As células a combustível são dispositivos eletroquímicos que utilizam um fluxo

contínuo de reagentes para a geração de eletricidade. São estudados diversos tipos

de células, para aplicações que vão de geração de energia para automóveis até a

geração de eletricidade em locais fixos (BALL; WEEDA, 2015; WANG et al., 2011).

Os elétrons percorrem um circuito externo, de modo a se aproveitar a energia gerada

(MEKHILEF et al., 2012).

Quando o hidrogênio e o oxigênio são utilizados como combustíveis, o primeiro

se oxida em um eletrodo e difunde através de um eletrólito, para reagir em um outro

eletrodo com o segundo e formar água. A reação global que se processa é espontânea

e é o sentido contrário da eletrólise da água (MEKHILEF et al., 2012). A figura 2

resume o esquema de funcionamento de uma célula que utiliza hidrogênio e oxigênio

como combustíveis.

Figura 2: Esquema de Funcionamento de uma Célula a combustível

Fonte: Adaptado de Doosan Mobility Information, 2020.

H2 +1

2O2 → H2O .............................................................................................Reação 2

19

Dependendo do eletrólito escolhido, as semirreações que se processam podem

variar, assim como as espécies que se difundem no mesmo, que podem ser íons H+

ou outras espécies (MEKHILEF et al., 2012) . Os modelos em teste para automóveis

utilizam o Nafion ® e os eletrodos utilizados são de platina. Esta membrana polimérica

permite a difusão seletiva dos íons H+, pela interação com seus grupamentos

sulfônicos (WANG et al., 2011). Na figura 3 são mostradas a estrutura química e uma

foto do material.

Figura 3: Estrutura Química do Nafion ® e uma Fotografia da Membrana

Polimérica

O tipo de eletrólito determina as temperaturas de operação aceitáveis, assim

como introduz certas limitações, como por exemplo a sensibilidade a CO2 em células

alcalinas. Há basicamente cinco tipos de células de eletrólitos utilizados em células a

combustível, o que dá nomes diferentes a cada uma delas (WANG et al., 2011). A

figura 4 resume os principais tipos de eletrólitos em pesquisa atualmente.

O combustível dessas células não precisa ser necessariamente o hidrogênio;

há modelos estudados que são capazes de operar diretamente com outras

substâncias, como o metanol, o biogás, a amônia e até mesmo a utilização de

determinados microrganismos para a geração de energia em estações de tratamento

de esgotos (AFIF et al., 2016; MARCON, 2011; SHELL, 2017)

20

Figura 4: Cinco Principais Tipos de Células a combustível

2.2 PROCESSOS ATUAIS DE OBTENÇÃO DE HIDROGÊNIO

Do ponto de vista da geração de gases de efeito estufa, a água é o reagente

ideal para a produção de hidrogênio. Esta inclusive foi a principal precursora para a

obtenção do gás por um longo tempo, através do processo de eletrólise, com a

cogeração de oxigênio e hidrogênio com alta pureza. No entanto, como o custo dos

processos de reforma do gás natural e do carvão é muito menor, o seu uso foi sendo

gradualmente substituído pelos últimos (SANTOS et al., 2013).

Atualmente, a maior parte do hidrogênio é produzida a partir do gás natural, da

nafta e do carvão, com apenas aproximadamente 4% provenientes da água e outras

fontes (DINCER, 2012). Os processos envolvidos são classificados como térmicos,

com o uso de elevadas temperaturas e pressões para a obtenção do hidrogênio a

partir dessas substâncias e da água, com catalisadores adequados (OLIVEIRA, 2015).

De acordo com Oliveira (2015), há cinco tipos de processos para a obtenção

de hidrogênio: térmico, eletrolítico, fotólise, bioprocesso ou combinado. A Tabela 2

resume as vantagens e desvantagens de cada tipo. Alguns deles ainda estão em fase

de pesquisa inicial, como por exemplo a oxidação fotocatalítica da água, que utiliza

energia luminosa para a geração de hidrogênio.

21

Tabela 2: Tipos de Processos de Obtenção de Hidrogênio. Vantagens e

Desvantagens.

Processo Vantagens Desvantagens

Térmico

Custo relativamente baixo.

Permite reaproveitamento

energético. Eficiente

Temperaturas Elevadas.

Uso de Fontes

Combustíveis. Recursos

Limitados

Eletrolítico

Elevado Potencial para o

Sinergismo com Energias

Renováveis. Pode Alcançar

Emissão Zero de Poluentes

Baixa Eficiência. Custo

Elevado

Fotocatalítico

Sistema Simples; Pode

Alcançar Emissão Zero de

Poluentes.

Permite Utilização de

Radiação Solar Como Fonte

Energética

Aplicação Ainda Inviável

em Escala Industrial

Bioprocesso

Baixo Custo. Requer Pouca

Energia

Baixo Rendimento. Cinética

Lenta

Fonte: (OLIVEIRA, 2015)

Em relação ao desenvolvimento de catalisadores, foi realizada uma pesquisa

na base Scifinder, onde foram filtrados os temas das publicações relacionadas à

obtenção de hidrogênio nos últimos oito anos. Na figura 5 é exibido um gráfico de

setores com o percentual do total associado à cada tipo de processo. Nota-se um

grande número de trabalhos publicados na área de fotocatálise. Neste trabalho, serão

abordados apenas os processos térmicos e a eletrólise, por serem os mais aplicados

e viáveis economicamente na atualidade (ACAR; DINCER, 2014; LIU et al., 2010).

22

O expressivo número de publicações indica que ainda há oportunidades de

melhoria, principalmente relacionadas à eficiência energética e tolerância à

envenenamento de catalisadores. O aperfeiçoamento desses processos também

pode aumentar a viabilidade técnica e econômica do uso de tecnologias mais

sustentáveis, como a utilização do biogás, ou mesmo do processo de eletrólise,

permitindo o aproveitamento de energia renovável (BALL; WEEDA, 2015; DINCER,

2012).

Figura 5: Principais Processos Catalíticos Estudados para Produção de

Hidrogênio nos Últimos Oito Anos. Levantados na Base de Dados Scifinder

Fonte: Elaboração Própria (2020)

A consulta sobre pesquisas abordando a produção de hidrogênio, também na

base de dados Scifinder, expos a tendência de aumento no número de publicações

relacionadas a esse tema nas últimas duas décadas, indicando que o estudo sobre a

produção de hidrogênio é ainda de muita relevância, como apresentado na Figura 6.

23

Figura 6: Publicações com o Tema "Produção de Hidrogênio" na base Scifinder

Fonte: Elaboração Própria (2020)

2.2.1 Principais processos termoquímicos

2.2.1.1 Reforma a vapor

A reforma a vapor é a reação de hidrocarbonetos ou carvão com vapor d’água,

gerando uma mistura de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio – esta mistura é

denominada gás de síntese. Catalisadores de níquel suportados em alumina são

comercialmente utilizados no processo (LIU et al., 2010). As reações que se

processam são mostradas a seguir e válidas teoricamente para qualquer

hidrocarboneto:

CH4 + H2O → CO + 3 H2, ∆H298° = +206 kJ/mol ............................................Reação 3

CnHm + n H2O → n CO + (n +m

2) H2................................................................Reação 4

Ao ser utilizado carvão, a seguinte reação ocorre (gaseificação do carvão):

C + H2O → CO + H2, ∆H298° = +131,93 kJ/mol ...........................................Reação 5

Na prática, fatores como a razão hidrogênio/carbono (H/C) e a geração de

subprodutos em moléculas maiores, faz com que os reagentes mais utilizados sejam

o propano, o butano e o metano (LIU et al., 2010; SHREVE, 1997; TWIGG, 1989). As

reações são endotérmicas, então são favorecidas termodinamicamente por

temperaturas mais altas, que podem ser fornecidas pela queima de uma parte do

hidrocarboneto (VIANNA, 2017).

24

Os catalisadores da reforma à vapor são sensíveis ao envenenamento por

enxofre, com a inibição de suas atividades catalíticas, assim como levando a

caminhos reacionais diferentes, formando produtos indesejados (YEO et al., 2019).

Como o enxofre é um contaminante comum das correntes de hidrocarbonetos,

em plantas industriais, a carga é misturada à uma corrente de H2 e segue para um

leito catalítico contendo cobalto e molibdênio, de modo a reduzir compostos sulfurados

até H2S. Os efluentes seguem para leitos contendo óxido de zinco, onde o ácido

sulfídrico é adsorvido (DOCEKAL, 1986).

A carga segue para um reformador primário – com uma temperatura de 480°C

a 550°C e percorre tubos metálicos preenchidos com Ni/Al2O3, ou Ni-MgO/Al2O3. O

calor é fornecido por queimadores externos aos tubos, com uma seção de convecção

na parte superior e outra de radiação térmica na parte inferior, como pode ser

observado na figura 7 (BUCHEL et al., 2000; VIANNA, 2017):

Figura 7: Desenho Esquemático de um Reformador Primário

Fonte: (VIANNA, 2017)

É importante comentar que o vapor precisa estar em excesso neste processo,

ajustando-se um parâmetro importante, que é a razão vapor/carbono; comumente

chamada por seu nome em inglês, steam-carbon ratio (razão S/C). Isso acontece

25

porque reações paralelas são favorecidas por baixos valores dessa razão, como por

exemplo a reação de desproporcionamento e a redução do CO, apresentadas

respectivamente nas reações 6 e 7 (TWIGG, 1989):

2 CO → C + CO2, ∆H298° = −172,4 kJ/mol ....................................................Reação 6

CO + 3H2 ⇄ CH4 + H2O, ∆H298° = −205,9 kJ/mol .........................................Reação 7

A determinação das razões S/C mínimas é obtida pela termodinâmica e

depende da temperatura, da pressão e da composição dos reagentes. Na figura 8, foi

modelada a deposição de coque nos catalisadores para diferentes razões S/C e

temperaturas de processo, para o gás liquefeito de petróleo (GLP) como reagente

(CUI; KÆR, 2018):

Figura 8: Formação de Coque em Função da Temperatura e da Razão S/C

para o GLP

Fonte: Adaptado de (CUI; KÆR, 2018)

Neste gráfico, é fácil identificar a importância do ajuste dessa razão. Para um

valor de 1,75 a deposição de coque é teoricamente quase zerada para essas

26

substâncias nas condições de operação. Uma diminuição absoluta de 0,25 aumenta

a concentração de equilíbrio do coque em aproximadamente 10% (absolutos). Para o

caso do metano, a razão mínima proposta por (TWIGG, 1989) é de 1,7; mas na prática

é controlada entre 2,5 e 4,0 (VIANNA, 2017).

Ao deixar o reformador primário, a mistura gasosa contém 7% a 10% de metano

em base molar. Segue então para um reformador secundário, onde é introduzido ar e

a mistura reage adiabaticamente, com catalisadores contendo Ni e Cr2O3, atingindo

uma concentração final de 0,5% molar (base seca) e temperaturas de saída entre

900°C e 950°C. A figura 9 é um esquema deste segundo reator (VIANNA, 2017).

Figura 9: Vista do Reformador Secundário

Fonte: (VIANNA, 2017)

27

2.2.1.2. Oxidação parcial

O processo de oxidação parcial se baseia na combustão incompleta de

hidrocarbonetos para a geração de gás de síntese, de acordo com a reação geral 8

(BUCHEL et al., 2000). O processo tem como vantagem a cinética rápida e ser

exotérmico, o que reduz custos com utilidades e os volumes de reatores necessários,

em relação à reforma a vapor (ALVAREZ-GALVAN et al., 2019).

2 CnH2n+2 + n O2 → 2 nCO + 2(n + 1) H2........................................................Reação 8

Para o metano, a reação e sua variação de entalpia padrão são dadas pela

reação 9 (LIU et al., 2010).

CH4 +1

2O2 → CO + 2 H2, ∆H° = −36 kJ/mol.................................................. Reação 9

O controle da vazão de oxigênio é muito importante neste caso, porque a

combustão completa compete com a reação de interesse. Quando utilizado ar

atmosférico, é necessária uma unidade de destilação fracionada, para ajuste da

proporção molar N2/O2 de 4:1 para 3:1. O processo gera fuligem e gases ácidos que

precisam ser tratados, o que pode aumentar o seu custo (BUCHEL et al., 2000).

A temperatura mínima para a otimização da produção de gás de síntese é de

aproximadamente 1100°C à uma pressão de 1 atm. Na figura 10, são mostradas as

concentrações teóricas de equilíbrio das espécies, considerando apenas combustão

completa e a reação de interesse (LIU et al., 2010).

28

Figura 10: Concentrações de Equilíbrio para a Oxidação Parcial em Função da

Temperatura (P= 1 atm)

Fonte: Adaptado de (LIU et al., 2010)

Na prática, a eficiência de produção de hidrogênio está na faixa de 70% a 80%,

com pressões de 25 bar a 80 bar e temperaturas de 1150°C a 1500°C, com uma baixa

eficiência térmica (LIU et al., 2010). Quando são utilizados catalisadores, as

temperaturas requeridas são menores - 800°C a 900°C - mas é necessário reduzir a

concentração de enxofre abaixo de 50 ppm. No entanto, a utilização dos mesmos leva

a problemas como a sinterização, provocada por elevados gradientes de temperatura

e a deposição de coque (LIU et al., 2010; VOZNIUK et al., 2019).

29

2.2.1.3. Reforma seca

O CO2 e o CH4 são gases abundantes da natureza e de baixo custo e são

grandes responsáveis pelo efeito estufa, que causa a elevação da temperatura da

Terra. Neste contexto, a reforma seca (reação 10) pode viabilizar a utilização

comercial desses gases, através da geração de um gás de síntese de baixo custo e

baixa razão H2/CO; um fator muito importante para processos como a síntese de

Fisher-Tropsh (BRADFORD; VANNICE, 1999).

CH4 + CO2 → 2 H2 + 2 CO, ∆H298° = +247 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙........................................Reação 10

A reação é altamente endotérmica e compete com a reação reversa do

deslocamento gás-água (reação 11). Ela é favorecida pelo aumento da temperatura

(mais drasticamente até 1.000 K) a baixas pressões e pelo excesso de CO2, que atua

como um oxidante suave (SILVA, 2019).

CO2 + H2 → CO + H2O , ∆H298° = +40 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙..............................................Reação 11

O seu uso industrial ainda é incipiente, mas a reação também é promissora em

processos como a valorização do biogás (SCHULTZ; SOARES, 2014) e o

aproveitamento do gás natural rico em CO2 de poços de petróleo, pois atualmente o

mesmo é queimado, já que é mais barato transportar líquidos do que gases neste

contexto (BRADFORD; VANNICE, 1999).

2.2.1.4 Reforma autotérmica

A reforma autotérmica combina os processos de oxidação parcial e reforma a

vapor em um mesmo reator, como esquematizado na figura 11. Uma mistura de ar,

vapor d’água e hidrocarboneto é alimentada no topo do reator e parcialmente

queimada adiabaticamente. A reação produz o calor necessário para a reação de

reforma a vapor, em um leito catalítico na porção inferior, sendo um processo

autotérmico (LIU et al., 2010).

30

Figura 11: Fotografia Externa e Vista Interna de um Reator de Reforma

Autotérmica

As reações que ocorrem são as mesmas dos tópicos anteriores e são

mostradas a seguir. É preciso que os catalisadores utilizados tenham alta estabilidade

térmica; são comumente usados materiais à base de Ni/Al2O3, ou Ni,MgO/Al2O3 (LIU

et al., 2010; VOZNIUK et al., 2019).

CH4 +1

2O2 → CO + 2 H2, ∆H298° = −36 kJ/mol ............................................ Reação 12

CH4 + H2O → CO + 3 H2, ∆H298° = +206 kJ/mol ......................................... Reação 13

Uma vantagem desses últimos processos é a razão H2/CO de 2:1 do gás de

síntese produzido, permitindo a utilização direta do mesmo em processos como a

produção de metanol e a síntese de Fischer-Tropsch sem ajustes adicionais

(ALVAREZ-GALVAN et al., 2019).

2.2.2 Eletrólise da água

A eletrólise da água é o processo eletroquímico não espontâneo, no qual esta

substância se divide nos gases hidrogênio e oxigênio, através de uma corrente elétrica

fornecida por fonte externa (CHI; YU, 2018). Este foi o principal método de obtenção

de hidrogênio na primeira metade do século XX e produz hidrogênio e oxigênio de

altas purezas (>99,99%); a figura 12 ilustra o funcionamento de uma célula de

eletrólise (SANTOS et al., 2013):

31

Figura 12: Esquema de Funcionamento de uma Célula de Eletrólise

Fonte: (PALHARES, 2016)

Em células como esta, dois eletrodos metálicos estão imersos em uma solução,

que atua como um eletrólito. A célula é dividida em dois compartimentos separados

por um diafragma, que permite o fluxo de íons de um lado para o outro através da

diferença de pressão osmótica. As semirreações que ocorrem são dependentes do

pH e mostradas a seguir (SANTOS et al., 2013):

Meio Ácido ou Neutro:

2 H+(aq) + 2 e− → H2(g); E° = 0 V ............................................................... Reação 14

2H2O(l) →1

2O2(g) + 2H+(aq) ; E° = 1,23 V................................................... Reação 15

Meio Básico:

2 H2O (aq) + 2 e− → H2(g) + 2OH−; E° = −0,83 V........................................ Reação 16

2 OH−(aq) →1

2O2(g) + H2O(l) + 2e− ; E° = 0,40 V.........................................Reação 17

Assim como as células a combustível, há uma grande variedade de eletrólitos

possíveis e em fase de desenvolvimento. A tecnologia comercialmente utilizada é a

de células básicas, utilizando uma solução de KOH e eletrodos de níquel. Sua

eficiência de conversão é de até 60%, com um custo energético de 4,5~5,5 kWh/m³

de H2 produzidos nas condições normais de temperatura e pressão (CHI; YU, 2018).

32

O alto custo energético do processo atualmente reduz sua viabilidade

econômica, mas a sua integração com fontes renováveis de energia o torna atrativo

como um método de produção de hidrogênio de forma sustentável, utilizando a

molécula como um vetor de armazenamento de energia (DINCER, 2012).

Com o desenvolvimento de células mais eficientes, a eletrólise também pode

viabilizar a produção local de hidrogênio para o uso em células a combustível,

resolvendo o problema logístico de distribuição do gás (BALL; WEEDA, 2015).

2.3 A REAÇÃO DE DESLOCAMENTO GÁS-ÁGUA

A reação de deslocamento gás-água é utilizada para a obtenção de mais gás

hidrogênio a partir do gás de síntese, proveniente da reforma a vapor ou da oxidação

parcial. Neste processo, o monóxido de carbono reage com o vapor de água, gerando

hidrogênio e dióxido de carbono (LADEBECK; WAGNER, 2010):

CO + H2O → H2 + CO2 ∆H298° = −41 kJ/mol................................................. Reação 18

Por ser uma reação exotérmica, a constante de equilíbrio decresce com o

aumento da temperatura. No entanto, o primeiro catalisador utilizado comercialmente

(Fe/Cr2O3) precisa de temperaturas de entrada de 370°C a 400°C. Para um reator

adiabático, a temperatura também aumenta ao longo do leito, assim a reação é

limitada termodinamicamente neste caso (LADEBECK; WAGNER, 2010; TWIGG,

1989).

As concentrações de CO na saída deste reator são de 2% a 4% molar, então

para se atingir conversões maiores, foi introduzida uma etapa de resfriamento da

mistura, com alimentação em um segundo reator. O catalisador utilizado

comercialmente é de Cu/ZnO/Al2O3 e a temperatura do processo é um pouco acima

de 200°C. Com isso as concentrações de CO na saída se tornam menores do que

0,5%, com uma temperatura de aproximadamente 280°C (LADEBECK; WAGNER,

2010; TWIGG, 1989).

Usualmente essas etapas são chamadas de High Temperature Shift (HTS) e

Low Temperature Shift (LTS), respectivamente. A figura 13 resume os procedimentos

adotados na utilização industrial desta reação.

33

Figura 13: Variação da Concentração de CO ao Longo do Processo

Fonte: Adaptado de (TWIGG, 1989)

A curva de concentrações de equilíbrio é obtida da termodinâmica e demarca

as menores concentrações de CO possíveis na saída. Na prática, a menor

temperatura possível é a do ponto de orvalho da mistura, abaixo da qual ocorre a

condensação da mesma na superfície do catalisador (TWIGG, 1989).

Apesar de factível em larga escala, esta configuração não é viável para

pequenas aplicações, por conta da alta complexidade e a multiplicidade de estágios

envolvidos. Este fato tem sido o motivador para a descoberta de um catalisador que

possa operar em apenas um estágio e que trabalhe em uma grande amplitude de

temperaturas. Como o cromo é carcinogênico, também busca-se um substituto ao

mesmo (PASTOR-PÉREZ et al., 2019).

Esses catalisadores precisam ser ativados antes da utilização, com um controle

adequado do processo de redução dos óxidos para os estados catalíticos ativos.

Ativações inadequadas causam detrimento à atividade catalítica e à vida útil dos

catalisadores. (BUCHEL et al., 2000).

Além disso, o catalisador do shift de baixa temperatura é pirofórico e se desativa

em contato com o ar e água condensada, além de ter baixa estabilidade térmica

34

(KALAMARAS et al., 2012). Labedeck e Wagner (2010) mencionaram que em testes

realizados os catalisadores demonstraram uma queda de 50% na atividade catalítica

após apenas três ciclos simulados de operação.

Na figura 14 é resumido o processo de conversão de um hidrocarboneto para

a geração de gás de síntese ou de hidrogênio. Por motivos operacionais e de

otimização, pode ser que processos posteriores os utilizem como reagentes, em

etapas seguintes à purificação, como por exemplo a síntese da amônia e a síntese de

Fisher-Tropsh (BUCHEL et al., 2000; VIANNA, 2017).

Figura 14: Diagrama de Blocos da Obtenção Industrial de Hidrogênio ou Gás

de Síntese

Fonte: Adaptado de (BUCHEL et al., 2000)

2.3.1 Mecanismos da reação

Apesar de aspectos controversos ainda precisarem ser elucidados, há dois

mecanismos principais propostos para a reação de deslocamento gás-água: redox (ou

regenerativo) e associativo (KALAMARAS et al., 2012).

De acordo com Labedeck e Wagner (2010), discute-se dois modelos para o

mecanismo regenerativo; o primeiro segue o modelo de Rideal-Elay, onde a água

oxida a superfície e o CO atua como agente redutor em seguida, de acordo com as

reações 19 e 20, onde * é um sítio metálico ativo:

H2O +∗ → H2 + O ∗........................................................................................ Reação 19

CO + O ∗ → CO2 + ∗........................................................................................Reação 20

Discute-se também um mecanismo bifuncional, que ocorre com a adsorção do

CO na fase ativa, seguida da oxidação do mesmo pela própria superfície, que fornece

um oxigênio lábil e gera o CO2 como um grupo de saída. A água então reage nestas

35

vacâncias, fornecendo um novo átomo de oxigênio e liberando H2 (KALAMARAS et

al., 2012; LADEBECK; WAGNER, 2010). A figura 15 ilustra os passos deste

mecanismo.

Figura 15: Esquema do mecanismo regenerativo, quando há a formação de

vacâncias de oxigênio

Fonte: Adaptado de (POLYCHRONOPOULOU et al., 2011)

De acordo com Polychronopoulou et al. (2011), este mecanismo ocorre

principalmente nos catalisadores de shift de alta temperatura, onde óxidos metálicos

reduzíveis são utilizados como suportes. E também é comumente observado quando

a fase ativa é um metal nobre e o suporte é um óxido metálico redutível (KALAMARAS

et al., 2012).

O mecanismo associativo, por sua vez, ocorre com a adsorção do CO na fase

ativa e da água no suporte, que reagem entre si formando intermediários

“carbonatados”, tais como o formiato, o carbonato ou o bicarbonato, que se

decompõem em CO2 e H2. A composição exata da espécie formada e aonde

exatamente ela está adsorvida ainda é motivo de controvérsias (KALAMARAS et al.,

2011).

É interessante notar que esses mecanismos podem ocorrer simultaneamente

(FREITAS, 2017; KALAMARAS et al., 2012) ou mesmo se tornarem predominantes

dependendo das condições, como por exemplo ao se variar a temperatura de reação

(KALAMARAS et al., 2012).

36

Na figura 16 é mostrado um esquema do mecanismo associativo, quando

utilizado um catalisador metálico suportado em óxido. De acordo com

Polychronopoulou et al. (2011), neste caso a reação ocorre na interface entre

pequenas partículas metálicas dispersas e o suporte.

Figura 16: Esquema do Mecanismo Associativo

Fonte: Adaptado de (POLYCHRONOPOULOU et al., 2011)

2.3.2 Perspectivas recentes para catalisadores baseados em cobre

O cobre vem sendo estudado como fase ativa para os catalisadores de

deslocamento gás-água por conta de sua alta atividade à temperaturas inferiores,

aliada ao seu baixo custo em contraste com metais mais nobres, como a platina e o

ouro; inclusive o seu uso é estudado para aplicações em células a combustível (CHEN

et al., 2020).

Um problema associado ao uso de cobre em catalisadores é a piroforicidade

dos mesmos e a fácil sinterização. Uma estratégia bastante explorada para contornar

este último é a utilização de catalisadores bimetálicos, que trazem benefícios em

relação ao uso de apenas um dos mesmos (ANG et al., 2016).

37

O níquel é outro metal de baixo custo e de alta reatividade, que é utilizado em

reações como a metanação e a reforma de hidrocarbonetos, mas quando aplicado

sozinho à reação de deslocamento gás-água, tem como problema a ocorrência da

metanação como reação paralela, reduzindo sua seletividade (ANG et al., 2016). As

reações de metanação do CO e do CO2 são mostradas abaixo.

CO + 3H2 → CH4 + H2O, ∆H298° = −206 kJ/mol .......................................... Reação 21

CO2 + 4H2 → CH4 + 2H2O, ∆H298° = −165 kJ/mol ........................................Reação 22

A adição de cobre à um catalisador de níquel promove uma adsorção mais forte

do CO, suprimindo as reações acima, além de aumentar a atividade catalítica em

temperaturas mais baixas. Com base neste efeito, há diversos estudos na literatura,

com suportes como por exemplo Al2O3, SiO2 e CeO2 (ANG et al., 2016; PASTOR-

PÉREZ et al., 2019).

Pastor-Perez (2019), estudou a influência da adição de Cu à Ni/CeO2-Al2O3 e

também a adição de Ni à Cu/CeO2-Al2O3. Seus resultados sugeriram que a adição de

cobre à um catalisador de níquel aumenta a seletividade em relação ao CO2 e ao H2,

suprimindo a metanação, mas a adição de níquel à um catalisador de cobre não

aumenta a sua performance.

No entanto, os testes de atividade catalítica indicaram que o melhor catalisador

dentre os estudados era o de cobre puro (com cerca de 20% de conversão do CO à

250°C, contra menos de 5% dos outros estudados), com excelentes conversões em

temperaturas medianas e estabilidade suficiente em condições contínuas e

descontínuas. Em temperaturas mais altas, a proporção 1:1 Cu/Ni superou o

catalisador monometálico de cobre, no balanço entre atividade e seletividade, com

uma certa resistência às condições de início e parada (PASTOR-PÉREZ et al., 2019).

Como discutido anteriormente, o catalisador utilizado nas últimas décadas para

o shift de baixa temperatura é o Cu/ZnO/Al2O3. A fase ativa é o cobre, enquanto o ZnO

tem como função evitar a sinterização das partículas de cobre, além de proteger o

cobre contra o envenenamento por enxofre. A alumina é inativa para a reação e tem

como função ajudar na dispersão do cobre e diminuir a contração dos pellets (TWIGG,

1989).

38

Apesar de precisar ser ativado e ser pirofórico, o catalisador Cu/ZnO/Al2O3

produz excelentes resultados em aplicações estáticas para a reação de deslocamento

gás-água em baixa temperatura; além de possuir um melhor balanceamento entre

atividade e custo, quando comparado a metais como a platina e o ouro. Um problema

são as baixas velocidades espaciais admissíveis, requerendo grandes volumes de

reatores (PRICE et al., 2017).

Foram realizados testes com catalisadores de composição 15% CuO, (m/m),

5% ZnO (m/m) – com menores teores de cobre do que os comerciais - finamente

dispersos em Al2O3 ; CeO2-Al2O3, SiO2 e zeólita ZSM-5, operando à uma velocidade

espacial de 9.000 h-1; o quádruplo da aplicada industrialmente. O gráfico 17 foi obtido

do artigo e compara o desempenho dos mesmos (PRICE et al., 2017).

Figura 17: Conversão de CO em Função da Temperatura Para Cu-ZnO em

Diferentes Suportes

Fonte: Adaptado de (PRICE et al., 2017)

Os resultados indicaram desempenhos superiores para os catalisadores

suportados em Al2O3 e CeO2-Al2O3, com um ganho considerável ao se utilizar o

suporte contendo cério de 150°C a 200°C. O melhor desempenho do catalisador

contendo este material, tanto em relação à conversão quanto à estabilidade, foi

associado à uma proteção contra a oxidação do cobre e sua sinterização. Os autores

destacaram que apesar de serem bons resultados, há relatos na literatura de

catalisadores com performances superiores (PRICE et al., 2017).

39

Almeida (2015) estudou a resistência ao enxofre e o desempenho dos

catalisadores Cu-Zn-Al, Cu-Zn-Zr, 1%Pt/Cu-Zn-Al e 1%Pt/Cu-Zn-Zr à 230°C. Seus

resultados indicaram que nesta temperatura, a presença de platina diminuiu

drasticamente a atividade dos catalisadores; reduzindo a conversão de CO dos 10%

nos dois primeiros para 3% no terceiro e desativação no último, tendo um efeito

contrário do esperado; o que foi atribuído a diversos fatores, como por exemplo o

entupimento de micro poros, impedindo o acesso aos sítios de cobre, além da

adsorção competitiva entre sítios de Cu e Pt.

Comparando os catalisadores Cu-Zn-Al e Cu-Zn-Zr, apesar do segundo possuir

uma área específica (19 m²/g) significativamente inferior ao do primeiro (70 m²/g), os

dois apresentaram os mesmos valores de conversão de CO (cerca de 10%), indicando

que se a variação do método permitir o aumento da área específica do segundo, este

provavelmente será melhor do que o comercial. Os testes de resistência ao enxofre à

50 ppm de H2S indicaram que utilizando Al2O3 é desativado parcialmente e

reversivelmente, enquanto para o ZrO2 a condição é irreversível. Ambos desativaram

completamente à 200 ppm de H2S (ALMEIDA, 2015).

Silva et al. (2020) estudaram a substituição da Al2O3 pela Nb2O5, que é um

óxido ainda não muito estudado para a reação de deslocamento gás-água, mas que

é redutível e este tipo de composto é normalmente associado à catalisadores mais

ativos para a reação. Em seu projeto, foram comparados os catalisadores

CuO/ZnO/Al2O3, CuO/ZnO/Nb2O5 e CuO/Nb2O5.

O catalisador sem zinco se mostrou inativo para a reação e teve uma difícil

redução dos sítios de cobre, indicando um efeito benéfico do zinco; o que é discutido

na literatura, pois além de uma função estrutural, espécies do tipo ZnOx poderiam

migrar para a superfície de cobre, de modo que essas espécies poderiam fornecer

vacâncias de oxigênio para o mecanismo associativo (SILVA et al., 2020).

Além disso, o catalisador de CuO/ZnO/Nb2O5 teve um valor de TOF (6 ⋅

10−2 𝑠−1), nas condições iniciais, cerca de dez vezes superior à do CuO/ZnO/Al2O3

(5 ⋅ 10−2 𝑠−1),; apesar deste parâmetro ter se reduzido substancialmente após 10 h –

ao contrário do segundo, indicando uma estabilidade menor – sua atividade se

manteve superior durante todo o teste catalítico (SILVA et al., 2020).

40

O nióbio é também estudado como um possível promotor em outros

catalisadores. Num estudo em que se realizou a reação de LTS com severas

velocidades espaciais (72.152 h-1), determinou-se que uma fração mássica de 0,01

seria ótima para promover a atividade catalítica de Cu/CeO (80% m/m de Cu), por

meio de fatores como aumento da redução do cobre e um alto número de vacâncias

de oxigênio. No entanto, um excesso do material é prejudicial para o catalisador

(JEONG et al., 2020).

Estudou-se o uso da hidroxiapatita (HAp) como suporte de um catalisador

bimetálico de Cu-Zn e sua tiorresistência para uma série de proporções entre as fases

ativas (SOUSA, 2020). A HAp é encontrada na composição óssea e tem sido aplicada

em catálise por ser capaz de sofrer substituições em sua rede cristalina, permitindo o

aprimoramento dos catalisadores pela inserção de novos componentes.

Em comparação com as análises de Silva et al. (2012), o catalisador contendo

apenas CuO/HAp (33% CuO) não teve atividade para a reação, corroborando a

hipótese do papel auxiliar do zinco para a atividade na reação. Sousa (2020) concluiu

que a substituição da alumina pela hidroxiapatita foi favorável a resistência ao enxofre,

obtendo os melhores resultados com os catalisadores 22CuO44ZnO/HAP (5 ⋅

10−2 𝑠−1 a 230°C), e 44Cu22ZnO/HAP (2 ⋅ 10−2 𝑠−1 a 230°C).

2.4 EMPREGO CATALÍTICO DE ÓXIDOS DO TIPO PEROVSKITA

Perovskita é o nome dado a um mineral de composição predominante de

tionato de cálcio (CaTiO3), mas que denomina um “supergrupo” de minerais, cujos

representantes mais simples possuem a forma ABX3 (perovskitas unitárias), mas em

alguns casos a fórmula mais apropriada é A2BB’X6 (perovskitas duplas), formando

sítios ligeiramente diferentes do metal B. Em ambos os casos, sua estrutura é

composta por octaedros de BX6, com A posicionado entre os mesmos, como

exemplificado na figura 18 para o CaTiO3, em um arranjo idealizado e outro mais

realista; com rotações na estrutura, onde A = Ca e B = Ti (LTD, 2020).

41

Figura 18: Estrutura Tridimensional da Perovskita CaTiO3 em (a) Um arranjo

Idealizado (simétrico) e (b) Em um Arranjo Realista

Fonte: (LTD, 2020)

Há diversos tipos de perovskitas, de ocorrência natural ou sintética, sendo este

o grupo com maior abundância na Terra, apesar de estar predominantemente na

região do manto. A Tabela 3 indica algumas possibilidades para as espécies A, B e X

em sua fórmula, com alguns exemplos de ocorrência natural sendo a bridgmanite

((Mg,Fe))SiO3, loparite ((Na,Ce)Ti2O6)) e lueshite (NaNbO3) (LTD, 2020).

Tabela 3: Alguns Exemplos de Espécies Constituintes de Perovskitas

A B X

Ca2+, Na+, Mg2+,

Ba2+, K+, Terras

Raras (ex: Ce3+),

Íons Orgânicos

(ex: CH3NH3+)

Nb5+, Fe2+, Fe3+,

Ti4+, Mg2+, Ca2+,

Na+

O2-(mais comum), F-, Cl-, Br-,

SO42-

Fonte: (LTD, 2020)

As perovskitas vêm sendo estudadas como potencias catalisadores, por

propriedades como a alta mobilidade do oxigênio, a habilidade de estabilizar estados

de oxidação atípicos e a estabilidade térmica à altas temperaturas. Variar os cátions

A ou B e/ou inserir dopantes na estrutura podem melhorar suas propriedades

eletrocatalíticas (KIM et al., 2014).

42

Os metais alcalinos, alcalinos terrosos e de terras raras presentes em suas

estruturas também estão associados a propriedades ácido-base; aumentando a

dispersão da fase ativa e aumentando a força de interação entre a mesma e o suporte

(KIM et al., 2014).

Kim et al. (2014), prepararam catalisadores de fórmula BaCexZr0,8Y0,16Zn0,04O3

para aplicação na reação reversa do deslocamento gás-água (reação 23). O grupo

mencionou que o BaZrO3 está associado a um aumento no número de sítios básicos,

gerando sítios de adsorção do CO2. Os autores obtiveram uma conversão próxima à

termodinâmica para o catalisador sem cério e destacaram que o ZnO aumentou

consideravelmente a atividade catalítica.

H2 + CO2 → H2O + CO ∆H° = +41 kJ/mol.....................................................Reação 23

O catalisador de fórmula La0,3Sr0,55Ti0,95Ni0,05O3±δ – obtido ao substituir uma

parte do elemento B em uma perovskita estável em comportamento redox por níquel

- se mostrou adequado para o uso em células a combustível de óxido sólido, atuando

tanto como anodo quanto exibindo atividade para a conversão de CO presente em

mais hidrogênio, através da reação de deslocamento gás-água, à 800°C (STEIGER

et al., 2019a).

Os resultados de Steiger et al. (2019), indicaram propriedades interessantes e

debatidas na literatura para outras perovskitas, como a capacidade de regeneração

do catalisador em ciclos redox, mantendo o tamanho das partículas de níquel. Além

disso, após exposição do catalisador à uma corrente de ácido sulfídrico contendo 50

ppm, foi possível a regeneração completa de sua atividade após ciclos redox.

Com base nos resultados acima, o mesmo grupo de pesquisa estudou a

utilização de Mn, Mo, Cr e Fe em combinação ao Ni, no sítio B da perovskita

La0,3Sr0,55TiO3±δ, afim de aumentar sua resistência ao enxofre, também para o uso em

células a combustível de óxido sólido. A adição de ferro se mostrou efetiva para o

aumento da tolerância ao enxofre, enquanto a adição dos outros metais gerou

materiais sem atividade para o processo (STEIGER et al., 2019b).

43

2.4.1 Catalisadores contendo perovskitas aplicados na reação de deslocamento

gás-água

Algumas propriedades das perovskitas podem ser interessantes para a

obtenção de catalisadores ativos para a reação de deslocamento gás-água, como por

exemplo a estabilidade térmica, a possibilidade de estabilizar vacâncias de oxigênio

em sua estrutura e a condutividade de prótons (RAJESH; DEVI, 2014a).

Estes materiais vêm sendo estudados em diferentes faixas de temperatura,

mas por conta de suas resistências à temperatura, são bastantes estudados para o

shift de alta temperatura (MALUF; ASSAF, 2009; RAJESH; DEVI, 2014a).

A alteração das estruturas de perovskitas do tipo ABO3, através da substituição

parcial de átomos A ou B, é capaz de produzir defeitos intencionais, como vacâncias

de cátions ou ânions e alterações do número de oxidação do cátion de metal de

transição, o que pode modificar os efeitos catalíticos destes materiais (MALUF;

ASSAF, 2010a; RAJESH; DEVI, 2014a). E ainda alguns estudos associaram estes

óxidos à resistência ao envenenamento por enxofre, relacionadas às suas estruturas

e interações dos cátions metálicos com o H2S (MORPETH et al., 2012; OEMAR et al.,

2016).

A Tabela 4 resume alguns dos trabalhos recentes encontrados na literatura,

evidênciando as propriedades consideradas importantes pelos autores, além das

composições dos materiais e faixas de temperatura trabalhadas. É possível observar

uma certa popularidade da utilização do lantânio na composição dos catalisadores.

Nota-se pelos estudos apresentados que as perovskitas são materiais promissores

para a aplicação na reação de deslocamento gás-água, mas ainda não muito

explorados na faixa de baixa temperatura. Além disso, não foram verificados trabalhos

utilizando cobre suportado como fase ativa.

Com base nestes estudos, decidiu-se preparar um catalisador que utilizasse

cobre como fase ativa (por sua razão atividade/custo) e utilizando a perovskita

BaZrO3, que é um material não muito estudado, pois este poderia atuar como um

suporte ativo para a reação, além de serem observadas as influências do bário e do

zircônio para a atividade.O bário poderia reagir com o enxofre regenerativamente, tal

como o cério e o lantânio, assim como atuar como um sítio ácido para a reação. A

estrutura da perovskita poderia estabilizar estados de oxidação não usuais para o

zircônio, tendo uma mobilidade de oxigênio associada.

44

Tabela 4: Alguns Catalisadores Utilizando Perovskitas e Aplicados à Reação de Deslocamento Gás-Água.

Catalisadores Temperatura

de reação

Propriedades importantes para atividade segundo

os autores Referência

LaxCa1-xFeO3-𝛿, NdxCa1-xFeO3-𝛿,

NdxCa1-xCo0,1FeO3-𝛿 e

NdxCa1-xNi0,1FeO3-𝛿. (X = 0,9 e 0,6)

300°C a 600°C

(△ = 100°C)

Propriedade redox do óxido para oxidação do CO e

maior dissociação da água pela presença de

nanopartículas metálicas na superfície do catalisador.

(POPOVIC et

al., 2020)

BaCe0,98Pt0,02O3–𝛿

300°C a

400°C

(△ = 25°C)

A incorporação da Pt na rede da perovskita ajudou a

prevenir a desativação por sinterização.

A presença de Bário no sítio A pode ter ajudado a

formação de carbonatos distantes dos sítios de

platina, prevenindo seu bloqueio.

Geração de vacâncias de oxigênio pela estrutura da

perovskita.

(RAJESH;

DEVI, 2014b)

LaNiO3, 1%K-LaNiO3,

2,5%K-LaNiO3, 5%K-LaNiO3,

7,5%K-LaNiO3 e 10%K-LaNiO3

350°C a

550°C

(△ = 50°C)

O tamanho reduzido obtido para as partículas de

níquel e a dopagem com K, suprimiram as reações

de metanação do CO e CO2, respectivamente.

A presença de K-OH de alta estabilidade

proporcionou a formação de intermediários formiatos,

mesmo em alta temperatura.

(MANEERUN

G et al., 2017)

45

Tabela 4 (continuação): Alguns Catalisadores Utilizando Perovskitas e Aplicados à Reação de Deslocamento Gás-Água.

Catalisadores Temperatura

de reação

Propriedades importantes para atividade segundo

os autores Referência

BaCe0,98−xYxPt0,02O3−𝛿

(X= 0,02, 0,04, 0,06, 0,10, 0,20 ou 0,30)

250°C a

400°C

(△ = 25°C)

A composição de ítrio (6%) que gerou uma

coordenação de sítios B mais simétrica foi a mais

ativa, por facilitar a adsorção de água e sua

dissociação. A adição de ítrio causou uma deficiência

em oxigênio, gerando mais vacâncias de oxigênio.

(RAJESH;

DEVI, 2014a)

La0,9Sr0,1Cr1−2xMnxCoxO3±𝛿

400°C a

650°C

(△ = 50°C)

Maior área específica e redução de CoOx à Co

metálico.

(KWAK et al.,

2014)

La2−xCaxCuO4

(X = 0,0, 0,05, 0,10, 0,15 ou 0,20) 290°C

Formação de vacâncias de oxigênio, diferentes

espécies de cobre durante a reação

(MALUF et al.,

2012)

Pd/LaCoO3

(Variando o precursor de Pd) 300°C

Alta dispersão de Pd devido a interação eletrostática

do precursor [PdCl3(H2O)]− com a superfície do

suporte positivamente carregada. Aumento da

adsorção dissociativa da água pelo paládio

superficial.A presença de paládio promoveu a

redutibilidade do cobalto. Essa maior redutibilidade

do suporte resultou em maior mobilidade de oxigênio.

(WATANABE

et al., 2014)

46

Tabela 4 (continuação): Alguns Catalisadores Utilizando Perovskitas e Aplicados à Reação de Deslocamento Gás-Água.

Catalisadores Temperatura

de reação

Propriedades importantes para atividade segundo os

autores Referência

LaCoO3, La0,70Sr0,30NiO3 e LaCoXNi1-XO3

(X = 0,5 ou 0,3)

300°C e

400°C

A substituição do La3+ por Sr2+ (de menor raio iônico)

diminuiu a estabilidade da estrutura da perovskita,

aumentando a mobilidade de oxigênio no catalisador.

Já a substituição do Co pelo Ni favoreceu a redução

das espécies em temperaturas mais baixas.

(MALUF et al.,

2011)

Pt/LaBO3 e Pd/LaBO3

(B = Cr, Mn, Fe, Co ou Ni) 300°C

A atividade catalítica não adveio dos metais (Pt ou

Pd), ou do óxido de perovskita, mais sim da interação

entre o metal e o suporte.

(SEKINE et al.,

2009)

La0,6Sr0,4FeO3−𝛿 e SrTi0,7Fe0,3O3−𝛿

200°C a

600°C

(△ = 10°C)

O grau de redução foi considerado o parâmetro mais

importante que influencia a atividade. Pois controla a

reatividade do oxigênio e a capacidade específica de

oxidação e redução dos sítios ativos do catalisador.

(THALINGER

et al., 2015)

La2−xMxCuO4

(M = Ce, Ca ou Sr e

X=0,05, 0,10, 0,15 ou 0,20)

290°C e

360°C

Maiores valores de área específica, do teor de

espécies Cu2+ superficiais e de energia da banda de

valência do cério que fornece mais elétrons para a

reação.

(MALUF;

ASSAF,

2010b)

47

Tabela 4 (continuação): Alguns Catalisadores Utilizando Perovskitas e Aplicados à Reação de Deslocamento Gás-Água.

Catalisadores Temperatura

de reação

Propriedades importantes para atividade segundo os

autores Referência

La0,7Ce0,2FeO3 450°C a

600°C

A atividade do catalisador reduziu com o aumento da

concentração de H2S na corrente, mas se mostrou

regenerável. O catalisador foi considerado resistente

ao envenenamento por enxofre, o que foi atribuído à

estrutura da perovskita e à reações entre o cério e o

ácido sulfídrico.

(MORPETH et

al., 2012)

48

3. METODOLOGIA

3.1. MATERIAIS

Tabela 5: Reagentes Utilizados na Preparação do Catalisador

Reagentes Fórmula Molecular Fabricante

Zirconato de Bário BaZrO3 Certronic

Nitrato de Cobre tri-hidratado Cu (NO3)2·3H2O Sigma-Aldrich

3.2 PREPARAÇÃO DO CATALISADOR

3.2.1 Calcinação do zirconato de bário

A calcinação tem o objetivo de aumentar a estabilidade térmica do material.

Preparou-se uma amostra contendo aproximadamente 20 g de zirconato de bário que

foi aquecida em uma mufla à temperatura de 500°C por 2 h e taxa de aquecimento de

10°C/min, baseadas no estudo anterior de Freitas (2017), do mesmo grupo.

3.2.2 Adição da fase ativa

Como método escolhido para a impregnação do cobre no suporte de perovskita,

foi utilizada a impregnação ao ponto úmido, que consiste em gotejar sob a agitação

de um bastão de vidro ou pistilo (para homogeneizar) e em um gral, uma quantidade

calculada de uma solução contendo o componente desejado até o momento em que

se perceba uma mudança na textura, de sólida para pastosa, momento no qual a

mesma é armazenada em estufa para a evaporação da água e o procedimento é

repetido até a total impregnação.

Para uma estimativa rápida da quantidade necessária de impregnações,

determinou-se o volume de poros específico do suporte através da condução de um

experimento similar com água destilada, onde três amostras foram pesadas e com o

auxílio de uma bureta, determinou-se o volume necessário de água para se atingir

uma textura pastosa. Os resultados obtidos foram resumidos na Tabela 6:

49

Tabela 6: Estimativa do Volume Específico de Poros do Suporte

Massa da

Amostra (g)

Volume

Necessário (mL)

Volume Específico de

Poros (mL/g)

1,5311 0,35 0,2286

2,0555 0,45 0,2189

1,2829 0,30 0,2339

O volume médio de poros foi estimado a partir da média dos valores acima,

como sendo 0,2271 mL/g. Para a realização dos experimentos eram desejados 10,0

g de catalisador contendo 80% em massa de suporte e 20% de óxido de cobre, de

modo que seriam necessários 8,0 g do mesmo. Considerando-se o valor médio obtido,

o volume total de poros na massa analisada seria de 1,82 mL. A fim de se obter 2,0 g

de óxido de cobre a partir de uma solução de nitrato de cobre tri-hidratado,

Cu(NO3)2.3H2O, considerou-se a seguinte reação de decomposição térmica:

Cu(NO3)2 ∙ 3 H2O → CuO + NO2 + NO + O2 + 3 H2O

Da estequiometria de reação, a razão entre a massa de óxido de cobre após a

reação e a massa inicial do sal hidratado é de:

nCuO

nCu(NO3)2∙3 H2O= 1 ∴

mCuO

mCu(NO3)2∙3 H2O=

MCuO

MCu(NO3)2∙3 H2O ≅ 0,329

Assim, determinou-se que a massa necessária seria de 6,08 g. De acordo com

Perry et al.(1997), a solubilidade do sal à 40°C é de 1,598 g/mL, valor que foi utilizado

como aproximação para determinar o volume necessário de solução, calculado como

3,8 mL. Dentre os balões volumétricos presentes no laboratório, o de menor volume

era de 5,0 mL. Desta forma, seriam necessárias em teoria 3 impregnações para o

procedimento.

Prosseguiu-se o experimento descrito, em uma capela, com intervalos de 1 h

para a secagem do catalisador em estufa a 120°C. Ao todo foram necessárias 5

impregnações e na foto 19 está representado o catalisador após uma das secagens.

Após a última impregnação, a mistura foi seca na mesma estufa por uma noite e no

dia seguinte prosseguiu-se a calcinação a 300°C por 3 h, com uma taxa de

aquecimento de 2°C/min. As temperaturas selecionadas se basearam nos

50

experimentos de Freitas (2017) e não puderam ser maiores do que 300°C, para evitar

a sinterização do cobre. A massa de calcinado obtida após o resfriamento foi de 9,99

g.

Figura 19: Fotografia do Catalisador Após uma das Etapas de Secagem

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES

3.3.1 Análise por Difração de Raios-X (DRX)

A técnica de difração de raios X permite determinar se uma amostra é cristalina,

além de quantas e quais fases cristalinas estão presentes na mesma, além do

tamanho dos cristalitos. (SCHMAL, 2011). As análises foram conduzidas no

difratômetro da Rigaku, modelo Miniflex II nas quais avaliou-se o suporte e o

catalisador. Na obtenção dos difratogramas, foram escolhidos ângulos (2θ) de 10° a

90°, com passo de 0,05° e velocidade de 1°/min.

3.3.2 Análise textural

Com o objetivo de se obter as isotermas de adsorção de nitrogênio a 77 K do

suporte e catalisador, foram preparadas amostras contendo massas conhecidas dos

materiais, que foram submetidas à secagem em estufa por uma noite (120°C) e

encaminhadas ao equipamento ASAP-2020 (Micromeritic). Um ciclo de pré-

tratamento foi realizado em cada amostra, com mais uma secagem, a vácuo, para a

remoção de umidade (250 °C) e eliminação de gases que pudessem estar adsorvidos

e produzir erros de análise. As áreas específicas foram estimadas utilizando o método

de Brunauer-Emmett-Taller (BET).

51

Este tipo equipamento opera alimentando quantidade conhecidas de

nitrogênio, à temperatura constante, a um sistema de volume conhecido (calibrado)

contendo o material adsorvente. As pressões diminuem após a alimentação até

estados de equilíbrio e com o auxílio de equações de estado e da determinação dos

volumes “mortos” dos sistemas; são calculados os volumes adsorvidos para diferentes

quantidades alimentadas (THOMMES et al., 2015). Os dados obtidos podem ser

utilizados em modelos matemáticos para a estimativa de parâmetros como as áreas

superficiais e os volumes de poros.

3.3.3 Avaliação da composição pela Espectroscopia de raios-X por energia

dispersiva (EDX)

A Espectroscopia de raios X por energia dispersiva é um método capaz de

descrever qualitativamente e semi quantitativamente – porque a interação entre as

espécies presentes e os metais pode afetar a magnitude do sinal - a composição de

uma amostra em termos dos átomos presentes. Nessa técnica, raios X emitidos fazem

elétrons mais internos serem ejetados e com isso os elétrons em níveis mais externos

são atraídos para níveis mais internos, liberando energia no processo. São emitidas

linhas espectrais características para cada elemento e sua intensidade é proporcional

à concentração

Foi utilizado um espectrômetro de fluorescência de raios X por energia

dispersiva da marca Shimadzu, modelo EDX-700, que é equipado com tubo de raios

X de Rh. A atmosfera foi de vácuo, demais propriedades do experimento são

apresentadas na Tabela 7. As análises foram conduzidas no suporte e no catalisador.

Tabela 7: Configurações do Espectrômetro

Canais de

varredura kV

Corrente

(uA)

Aquisão

keV)

Análise

(keV)

Tempo

(s) DT(%)

Ti-U 50 34-Auto 0 - 40 0 – 40,0 100,00 41%

Na-Sc 15 730-Auto - 0 - 20 0 - 4,4 100,00 39%

52

3.3.4 Espectroscopia de refletância difusa na região do infravermelho com

transformada de Fourier (DRIFTS).

A técnica de espectroscopia de refletância difusa na região do infravermelho

com transformada de Fourier (DRIFTS) permite o acompanhamento in situ dos

processos de adsorção na superfície de catalisadores heterogêneos, caracterizando

intermediários adsorvidos e os tipos de adsorção. (HIGHFIELD et al., 1991 apud

FREITAS, 2017)

Para a análise do catalisador, foi utilizado o espectrômetro FT-IR Bruker Vertex

70 equipado com um detector (LN-MCT). A este equipamento foi acoplado um

acessório de reflectância (Harrick) contendo uma câmara de reação (HVC-DRP-4,

Harrick), na qual se posicionaram as janelas de ZnSe. Foram utilizados 256 scans

com resolução de 4 cm-1 na obtenção dos espectros.

O experimento foi conduzido em uma pequena amostra de catalisador, que foi

submetida a um processo de secagem com He (30 mL/min) a 150°C por 30 min. Com

o objetivo de reduzir o óxido de cobre, foi utilizada uma corrente de H2/Ar (5% v/v de

H2, 30 mL/min) à 250°C por 2 h. Essas condições foram escolhidas baseadas no

estudo anterior do grupo (FREITAS, 2017). A amostra foi então submetida a uma

corrente de He (30 mL/min) a 250°C por 1 h, para limpeza. Após esse período, foram

obtidos os interferogramas de background nas temperaturas de 250°C, 150°C, 100°C,

50°C e 30°C.

Para a análise de monóxido de carbono adsorvido, a amostra foi submetida a

uma corrente de CO/He (5% v/v de CO, 30 mL/min) à 30°C por 15 min. Para a remoção

do CO adsorvido de forma reversível, passou-se uma corrente de He (30 mL/min) a

30°C por 30 min. Do inteferograma obtido após o processo de limpeza, verificou-se

que o CO foi praticamente dessorvido ainda a 30ºC, de modo que não foi necessário

realizar o processo de dessorção em temperaturas mais elevadas.

Prosseguiu-se com o aquecimento da amostra até a temperatura de 250°C (de

reação), quando a amostra foi submetida à reação de deslocamento gás-água no

DRIFTS, com corrente de CO/He (5% v/v, 30 mL/min) e vapor d’água proveniente de

um saturador contendo água destilada e mantido a 40°C por um banho termostático

(Nova Ética).

53

4. RESULTADOS

4.1 Análise por Difração de Raios-X (DRX)

Os difratogramas obtidos foram comparados com fichas presentes na literatura,

fornecida pela Joint Commitee on Powder Diffraction Standards (JCPDS). Para o

suporte puro de zirconato de bário, BaZrO3, figura 20, foi verificada a fase cristalina

cúbica (JCPDS - 06-0399).

Figura 20: Difratograma Obtido para o Suporte

Para o catalisador, figura 21, foram verificados picos relacionados ao suporte,

ao óxido de cobre com estrutura monoclínica, CuO (JCPDS 80-1917). E ainda o

experimento de DRX indicou a presença de nitrato de bário, Ba(NO3)2 (JCPDS 24-

0053); que provavelmente foi formado durante a calcinação ou no preparo devido ao

emprego do nitrato de cobre como precursor e possível solubilização de parte do

suporte, seguida de uma reação em fase aquosa. Os difratogramas dos catalisadores

utilizados para comparação neste trabalho, Cu/ZrO2 e Cu/CeO2 estão apresentados

do anexo I.

54

Figura 21: Difratograma Obtido para o Catalisador

Os diâmetros médios para o cristalitos de óxido de cobre foi estimado aplicando

a equação de Scherrer (Anexo I) ao pico de difração mais intenso do CuO que não se

sobrepunha aos picos do BaZrO3 e Ba(NO3)2. O resultado obtido está apresentado na

Tabela 8, juntamente com os calculados por Freitas (2017) para os catalisadores

Cu/ZrO2 e Cu/CeO2. O diâmetro de cristalito do CuO no catalisador deste trabalho,

apesar de superior, pode ainda ser considerado próximo ao verificado para os demais

catalisadores.

Tabela 8: Diâmetro médio de cristalito para o CuO

Catalisador 2θ (°) β (rad) Diâmetro médio de cristalito

Cu/BaZrO3 35,3 0,06 28

Cu/ZrO2(a) 38,4 0,07 22

Cu/CeO2(a) 38,7 0,07 22

20 40 60 80

0

500

1000

1500

2000 CuO

BaZrO3

Inte

nsi

dade (

u.a

.)

2 (graus)

Ba(NO3)2

55

(a)FREITAS, 2017.

4.2 ANÁLISE TEXTURAL

A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos de áreas específicas (método BET

na faixa de p/po de 0,05 - 0,20), diâmetro médio de poros e volume total de poros dos

catalisadores (algoritmos propostos por BJH na etapa de adsorção). Tanto o suporte

puro quanto o catalisador Cu/BaZrO3 apresentaram áreas específicas

significativamente baixas, inferiores à dos catalisadores Cu/ZrO2 e Cu/CeO2,

principalmente ao primeiro. A baixa área específica é característica de óxidos do tipo

perovskitas e foi também relatada para materiais semelhantes como BaTiO3 (1,5 m2

g-1

), CaTiO3 (4,4 m2

g-1

) e SrTiO3 (2,1 m2

g-1

) (ARAÚJO et al., 2019). Pelos valores

de diâmetro médio de poros tanto o suporte quanto o catalisador podem ser

classificados como materiais mesoporosos (SING, 1985).

Tabela 9 – Propriedades texturais dos suportes e catalisadores obtidas pela análise

de fisissorção de nitrogênio.

Amostra SBET

(m2

g-1

) Vp

(cm3

g-1

) Dp (nm)

BaZrO3 2 0,01 29

Cu/BaZrO3 8 0,01 14

Cu/ZrO2(a) 37 0,14 13

Cu/CeO2(a) 14 0,07 23

(a)FREITAS, 2017.

As isotermas de adsorção e dessorção de nitrogênio estão apresentadas nas

figuras 22 e 23. Comparando as curvas obtidas com a classificação mais recente da

IUPAC (THOMMES et al., 2015), identificou-se através das concavidades e a

formação de ciclos de histereses, isotermas do tipo IV (a). Este tipo de isoterma está

associado a adsorventes mesoporosos, com a adsorção em monocamadas ou

multicamadas acompanhada do fenômeno de condensação capilar, quando é

observada a formação de uma fase semelhante à líquida, em pressões relativas

menores do que 1 (inferiores às pressões de vapor do adsorbato).

56

Os ciclos de histerese estão associados a estados metaestáveis de energia na

dessorção, que são pontos de estabilidade do sistema diferentes do equilíbrio

termodinâmico, assim como a efeitos como limitações geométricas ou à cavitação do

fluido condensado. Os ciclos observados são do tipo H3 em ambas as isotermas e

são associados a agregados não rígidos de partículas em forma de placas, ou também

a materiais que contenham macroporos não completamente preenchidos por fases

condensadas (THOMMES et al., 2015).

A distribuição do tamanho de poros para o zirconato de bário puro é bastante

variada e foi afetada pela impregnação do nitrato de cobre e sua posterior calcinação,

como pode ser observado pela comparação entre as curvas de distribuição de

diâmetro de poros do suporte e do catalisador Cu/BaZrO3.

Figura 22: Isoterma de adsorção e dessorção de N2 juntamente com a curva

de distribuição do volume poros em função do diâmetro para o suporte BaZrO3.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

2

4

6

8

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

Volu

me

adso

rvid

o (

cm3g

-1)

Pressão relativa (P/P°)

Volu

me

de

poro

s (1

0-3

cm³g

-1nm

-1)

Diâmetro de poro (nm)

57

Figura 23: Isoterma de adsorção e dessorção de N2 juntamente com a curva de

distribuição do volume poros em função do diâmetro para o catalisador Cu/BaZrO3.

4.3 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO PELA ESPECTROSCOPIA DE RAIOS-X POR

ENERGIA DISPERSIVA (EDX)

Ao realizar a análise considerando a presença de oxigênio, o equipamento

associa a cada elemento o seu óxido correspondente, o que se julgou não ser

apropriado para o catalisador em questão, por se tratar de zirconato de bário e não

uma mistura de óxido de bário e óxido de zircônio. Dessa forma, foram determinados

os teores nominais de cada elemento no catalisador preparado, desconsiderando o

oxigênio. O nitrogênio detectado no DRX não pode ser detectado por esse

equipamento, que é capaz de detectar apenas os elementos do flúor ao urânio. Os

teores nominais teóricos e experimentais são mostrados na Tabela 10:

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

2

4

6

8

10

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,2

0,4

0,6

0,8V

olu

me

adso

rvid

o (

cm3g

-1)

Pressão relativa (P/P°)

Vo

lum

e d

e p

oro

s (1

0-3

cm³g

-1n

m-1

)

Diâmetro de poro (nm)

58

Tabela 10: Teores dos elementos constituintes do catalisador obtidos pela análise de

EDX.

Composição mássica (%)

Ba Zr Cu Impurezas

Teórico 48,0 32,0 19,0 0

Experimental 42,1 35,3 20,2 2,7

As impurezas presentes em maior percentual mássico eram silício, estrôncio e

tálio. Conclui-se desse experimento que a metodologia utilizada para a preparação do

material foi adequada, uma vez que o teor nominal de cobre se encontra próximo ao

teórico.

4.4 ESPECTROSCOPIA DE REFLETÂNCIA DIFUSA NA REGIÃO DO

INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (DRIFTS)

4.4.1 Investigação dos sítios catalíticos pela adsorção de molécula sonda (CO)

Após o experimento de adsorção de CO à temperatura ambiente para o

catalisador Cu/BaZrO3 foi identificado um pequeno pico de adsorção do CO na fase

ativa. Quando a amostra foi submetida à etapa de limpeza com hélio este pico

praticamente desapareceu no início da purga, indicando uma adsorção fraca, como

apresentado na Figura 24.

59

Figura 24: Espectros do CO adsorvido a 30°C para o catalisador Cu/BaZrO3 (a) logo

após substituir a corrente de CO/He por apenas héio e (b) após 10 min limpando a

superfície com hélio.

Na Figura 25 é mostrado o espectro obtido na adsorção do CO à 30°C para o

catalisador preparado no projeto em comparação aos espectros de adsorção

irreversível de CO obtidos por Freitas (2017) para catalisadores de cobres suportados

em ZrO2 e CeO2. O espectro apresentado para o Cu/BaZrO3 foi obtido logo após o

procedimento de adsorção de CO, assim que o gás na célula de análise foi alterado

para hélio, como apresentado acima, enquanto que para os catalisadores Cu/CeO2 e

Cu/ZrO2 são apresentados os espectros coletados após 30 min de limpeza com hélio

a 30°C.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

Número de onda (cm-1)

Ab

sorv

ânci

a

OH

CO

-Cu

0

(a)

(b)

60

Figura 25: Comparação entre os espectros de adsorção de CO a 30°C para os

catalisadores de Cu suportado em BaZrO3, ZrO2 e CeO2.

Em relação à banda referente a adsorção do CO nas partículas de cobre, há

referências na literatura de bandas de adsorção para CuO (>2140 cm-1), Cu2O (2110

a 2140 cm-1) e Cu0 (< 2110 cm-1) (DANDEKAR; VANNICE, 1998; HADJIIVANOV;

KNÖZINGER, 2001; SATO et al., 2013).

Para confirmar se a adsorção do CO foi em um sítio do tipo Cu0 ou Cu+ são

necessárias mais informações, porque para altas dispersões metálicas, as espécies

CO-Cu0 e CO-Cu+ adsorvem em números de onda semelhantes, de modo que

parâmetros como a estabilidade das carbonilas precisam ser avaliados, porque a

adsorção com o Cu0 é mais fraca e pode ser removida com o aumento da temperatura

ou a evacuação (HADJIIVANOV; KNÖZINGER, 2001; YAN et al., 2018).

Como após a limpeza com He a banda do CO adsorvido no cobre suportado

em BaZrO3 não foi mais verificada, corrobora que o cobre se encontrava como cobre

metálico.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

CO2(g)

OCOOH

CO-Cu Cu/BaZrO3

CO2(g)

CO2(g)

Ab

so

rvâ

ncia

Cu/ZrO2

Cu/CeO2

Número de onda (cm-1)

61

Para os catalisadores Cu/CeO2 e Cu/ZrO2, além da banda referente a adsorção

do monóxido de carbono nos sítios de cobre há também a formação de espécies

carbonatadas, como formiatos (HCOO-), carboxilatos (COO-), carbonatos (CO32-) e

bicarbonatos (HCO-3), que são caracterizadas por bandas abaixo de 1750 cm-1 e

resultantes da adsorção do CO nos suportes. Tais bandas apresentam maior definição

para o catalisador suportado em céria do que o suportado em zircônia. Para o

Cu/BaZrO3 não foram verificadas bandas que sugerissem a formação dessas

espécies.

As bandas largas acima de 3000 cm-1 são associadas ao estiramento de

ligações O-H, possivelmente da água adsorvida nos catalisadores (WIJNJA;

SCHULTHESS, 1999). Nas condições de reação a água é um reagente, mas nos

espectros do CO adsorvido pode ter origem na umidade da própria corrente de He

(utilizado na secagem, limpeza da superfície do catalisador e para obtenção dos

espectros em atmosfera inerte). As bandas referentes à vibração C-H de formiatos

também ocorrem nessa região de maior número de ondas, no entanto são mais

características por volta de 2800-2900 cm-1 não sendo verificadas em nenhum dos

espectros comparados (VIGNATTI et al., 2010).

Para o espectro do catalisador de céria pode ser observada uma banda

referente ao CO2 devido a uma possível contaminação, apesar da purga realizada

com o Hélio pode ainda ocorrer a entrada de CO2 atmosférico na célula de reação ou

ainda sua detecção ocorrer no caminho do laser até a câmera de reação. Mesmo

realizando os espectros de background para que com a subtração possa reduzir a

visualização de contaminantes atmosféricos, a concentração de dióxido de carbono

no ambiente pode variar durante o tempo que decorrer o experimento e resultar na

sua detecção.

62

4.4.2 Avaliação in situ do desempenho dos catalisadores na reação de

deslocamento gás-água

Na Figura 26 são comparados os espectros obtidos enquanto ocorria a reação

de deslocamento gás-água para o catalisador deste trabalho e os citados

anteriormente.

Figura 26: Comparação entre os espectros in situ para reação de deslocamento

gás-água a 250°C sobre catalisadores de Cu suportado em BaZrO3, ZrO2 e CeO2.

Além da banda relativa à adsorção do CO nos sítios de cobre, há uma banda

ao lado com maior comprimento de onda, atribuída ao CO gasoso que foi introduzido

enquanto o espectro foi adquirido (VIGNATTI et al., 2010). Como não há banda

específica relacionada ao hidrogênio gerado, à atividade do catalisador é avaliada

pela formação do outro produto da reação, o dióxido de carbono. A banda na região

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

2340

CO

(g)

CO2(g)

CO2(g)

OCOOH

CO

-Cu

Cu/BaZrO3

2115

Número de onda (cm-1)

2338

2344

CO2(g)

Ab

so

rvâ

ncia

2112

Cu/ZrO2

Cu/CeO2

2111

63

entre 2250-2500 cm-1, correspondente ao CO2 gasoso (KALAMARAS et al., 2012;

VIGNATTI et al., 2010, 2011), indica que este catalisador apresenta certa atividade,

apesar da visualização desta banda ser prejudicada pela qualidade do sinal, mas um

tratamento dos dados mostrado posteriormente corrobora com a hipótese da

atividade.

O espectro obtido para o Cu/BaZrO3 se assemelhou mais ao do Cu/ZrO2 do

que ao Cu/CeO2. Para este último catalisador foram verificadas bandas mais definidas

na região correspondente a formação de espécies carbonatadas, o que pode sugerir

uma maior contribuição do mecanismo “associativo” para este catalisador que para o

Cu/BaZrO3. Nesse mecanismo a reação procede via interação entre o CO adsorvido

com grupos hidroxilas terminais (-OH) formados pela adsorção da água na superfície

do suporte, gerando intermediários que são decompostas nos produtos gasosos CO2

e H2. Na Figura 27 estão exemplificadas as etapas do mecanismo associativo,

envolvendo a decomposição do intermediários do tipo formiatos onde “M” representa

o sítio metálico da fase ativa e “S” o sítio de adsorção no suporte.

Figura 27: Reações Envolvidas no Mecanismo Associativo

Fonte: Adaptado de (FREITAS, 2017)

A ausência destas bandas para o catalisador Cu/BaZrO3, indica que se

realmente o catalisador for ativo a reação deve proceder principalmente via

mecanismo “redox”, no qual o CO adsorvido nos sítios metálicos da fase ativa é

oxidado a CO2 pelos oxigênios lábeis do suporte, gerando vacâncias de oxigênio que

ao reagir com a água é reoxidado, gerando H2 nesse processo.

Como uma maneira de buscar comparar a atividade relativa entre os três

catalisadores foi realizada a integração numérica das bandas associadas ao CO2

gasoso e o CO adsorvido (COads) para os três catalisadores, obtendo assim a área

64

dessas bandas com as quais calculou-se a razão CO2/CO. Esse cálculo foi realizado,

pois não é correto comparar diretamente a área das bandas de CO2 formado entre

espectros resultantes de experimentos diferentes, uma vez que a qualidade do sinal

obtido para a amostra pode interferir na definição do espectro adquirido e não

necessariamente na quantidade de produto formado. Assim, ao fazermos as razões

entre as áreas obtidas dentro de cada espectro, podemos compará-las diretamente.

As razões calculadas são apresentadas na Tabela 11.

Tabela 11: Análise das bandas obtidas da reação de deslocamento gás-água in situ.

Catalisador Área CO2 Área COads

CO2/COads

Cu/BaZrO3 0,62 2,13 0,29

Cu/ZrO2 1,02 2,54 0,40

Cu/CeO2 1,97 2,47 0,80

Observou-se que para o Cu/CeO2 foi obtida a maior razão CO2/COads dentre os

catalisadores, enquanto que o catalisador Cu/BaZrO3 apresentou o menor valor. No

entanto, os testes de atividade catalítica realizados por Freitas (2017) indicaram que

a atividade inicial do Cu/ZrO2 em termos de conversão de monóxido de carbono é

similar à do Cu/CeO2 enquanto que em termos de atividade por sitio (TOF) é superior,

como apresentado na Tabela 12. Indicando que essa relação entre o CO2 produzido

estimado pela integração do pico do espectro de DRIFTS e atividade catalítica

verificada em uma unidade reacional não pode ser realizada de forma direta com a

quantidade de dados trabalhada.

Tabela 12: Resultados iniciais dos testes de atividade catalítica para os

catalisadores de cobre suportado em zircônia ou céria (referentes as análises da

primeira injeção de carga reacional).

Catalisador Conversão

de CO TOF

Cu/ZrO2 10% 2,0.10-2 (s-1)

Cu/CeO2 11% 4,4.10-3 (s-1)

65

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A metodologia proposta para preparação do catalisador Cu/BaZrO3 se mostrou

eficaz, uma vez que a composição mássica verificada por EDX foi semelhante à

desejada.

Os resultados obtidos pela análise de DRIFTS indicaram que o catalisador

apresenta possível atividade para a reação de deslocamento gás-água, apesar de

ensaios posteriores serem necessários para a quantificação da atividade catalítica,

como medidas de TOF (atividade por sítio) e conversão de CO, além dos testes de

resistência ao enxofre.

Um espaço amostral maior das áreas obtidas no DRIFTS, dos valores de TOF

e outras variáveis como a composição dos catalisadores e espécies químicas

presentes poderia permitir a identificação do grau de correlações entre as mesmas.

Dependendo dos valores obtidos para os coeficientes de correlação, algoritmos de

inteligência artificial poderiam ser utilizados para a proposição de composições mais

prováveis para a otimização do TOF e também da resistência ao enxofre e

estabilidade dos catalisadores.

Seria interessante realizar medidas da capacidade de armazenamento de

oxigênio (OSC) dos catalisadores apresentados neste trabalho, pois esta análise

permitiria avaliar a eficiência dos catalisadores em armazenar e liberar oxigênio,

propriedade importante para as reações redox.

Com base na revisão bibliográfica, poderiam ser sugeridos catalisadores

contendo óxido de zinco na composição, uma vez que o mesmo se mostrou eficiente

em diversos estudos no aumento da atividade do cobre. Podem ser sugeridos também

o ítrio e cério como promotores, pois os mesmos estão associados a diversas

propriedades de relevância para a reação de deslocamento gás-água.

Como em diversos artigos há a indicação de outros métodos de preparação

dos catalisadores, com a substituição dos cátions metálicos diretamente na estrutura;

também poderiam ser preparados catalisadores utilizando métodos diferentes, de

modo a comparar as diferenças nas atividades catalíticas associadas aos métodos de

preparação.

66

6. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE I

Equação de Scherrer (FREITAS, 2017):

dc =k. λ

β. cos(θ)

Onde:

dC = Diâmetro médio do cristalito (nm)

k= Constante de proporcionalidade, considerando partículas esféricos e de simetria

cúbica (0,94),

λ = Comprimento de onda da radiação Cu Kα (0,1542 nm),

θ = Ângulo de difração (rad)

Β = Largura à meia altura do pico analisado (rad)

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APÊNDICE II

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ANEXO I

Figura 28: Difratograma Obtido para o Catalisador Cu/CeO2 por Freitas (2017)

Figura 29: Difratograma Obtido para o Catalisador Cu/ZrO2 por Freitas (2017)