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    LUTAS COMO CONTEDO NA EDUCAO FSICA ESCOLAR

    Leandro Guimares Bispo, Riod CesarResumo

    O estudo resultante das nossas inquietaes referentes ao contedo lutas da disciplinaEducao Fsica Escolar e sua relao que a sociedade influencia o ambiente escolar so a artemarcial, esporte e luta milenar o jiu-jitsu, que sofre com esses preconceitos. Os termos esportes,arte-marcial e luta, so de pouco conhecimento dos professores, pois no diferenciam ou no sabemo significado de cada um dos termos. Tambm no precisam ser especialistas em cada modalidade,mas saber distribuir tamanho contedo, assim como a proposta Curricular onde est inserida noscontedos escolares se refere, falando que todo contedo proposto pedagogicamente devem serorganizados para tematizar no ambiente escolar seus significados. O estudo foi alicerado napesquisa bibliogrfica. O objetivo geral do estudo estudar e entender os preconceitos e asrestries em relao s lutas na Educao Fsica, inserindo-as no contexto escolar.

    Palavras-chave: Lutas, Educao Fsica Escolar, Artes Marciais.

    INTRODUO

    As lutas so contedos da Educao Fsica Escolar, porm so vtimas de restrio nas aulasdevido aos preconceitos relacionados a ela, como a associao das lutas com a violncia escolar.Esses preconceitos derivam do censo comum, porm reflete diretamente nos professores atravsdos pais dos alunos, que levam em considerao principalmente a transmisso da violncia pelamdia.

    Essa associao entre luta e violncia no mesmo contexto deve-se ao fato da violncia ter setornado fonte de consumo e com isso rentvel para a mdia gerando dinheiro. Tendo tambm outros

    problemas, que contribuem para afastar as lutas do ambiente escolar, como: professores queadotam sistemas repetitivos, prticas impensadas, rotineiras e mecnicas, m distribuio dosoutros contedos, e ainda us-los fora da grade escolar (atividades extracurriculares). Como oambiente escolar retrata o que acontece na sociedade, Betti (1991) fala que a luta como umcontedo da educao fsica vem sofrendo por restries, pelos professores no utilizarem essamanifestao cultural em suas aulas, e ainda agridem o ensino delas.

    Exemplo de que a sociedade influencia o ambiente escolar a arte marcial, esporte e lutamilenar o jiu-jtsu, que sofre com esses preconceitos. Os termos esportes, arte-marcial e luta, sode pouco conhecimento dos professores, pois no diferenciam ou no sabem o significado de cadaum dos termos. Tambm no precisam ser especialistas em cada modalidade, mas saber distribuirtamanho contedo, assim como a Proposta Curricular onde est inserida nos contedos escolares se

    refere, falando que todo contedo proposto pedagogicamente devem ser organizados paratematizar no ambiente escolar seus significados.Exemplo esclarecedor disso a Capoeira, em seu meio possui vrias manifestaes e

    nomenclaturas, desde a dana at o esporte. Mas tendo significado em cada uma dessasmanifestaes. Cada luta possui uma origem, muita milenares e outras ainda mais recentes como ojud (caminho da suavidade) que cruzou sua histria com o jiu-jitsu, e se torna uma das lutas demaior popularidade, por ter uma conduta tica e de grande auxilio para desenvolver habilidadespsicomotoras dos praticantes.

    De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as manifestaes culturais doser humano vm de sua vivencia individual, nada como as lutas que tem basicamente esse aspecto,para desenvolver tantas habilidades, fazendo com que os alunos tenham conhecimento de seuprprio corpo, movimentos mais complexos a at conhecimento histrico de tais contedos.

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    Segundo Ferreira (2006) j se pode comprovar que as lutas fazem sucesso em todas as faixasetrias, elas ajudam muito na liberao da agressividade das crianas, alm de trabalhar nestasatividades todos os fatores psicomotores, tambm colaboram quando so exploradas as partestericas atravs do resgate histrico das modalidades e as relacionando com a tica e os valores. Aslutas devem servir como instrumento de auxilio pedaggico ao professor de educao fsica, o ato de

    lutar deve se incluir no contexto histrico social cultural do homem, j que lutamos desde a pr-histria por sobrevivncia.Portanto, esta pesquisa acadmica visa responder a seguinte pergunta: Qual a importncia

    das lutas no contexto escolar e os seus benefcios na formao crtico social dos alunos perante asociedade?

    Logo, possvel perceber que este projeto de pesquisa ressalta as seguintes questes que onorteiam: Qual o papel relevante das lutas nas aulas de Educao Fsica? De que maneira pode seatrelar as lutas ao esporte desenvolvido na escola? Como utilizar e dar nfase nas praticascurriculares e PCNs abrangendo o esporte, lazer e cidadania?

    De acordo com Breda (2010): Podemos entender esse fato como um empobrecimento dasartes marciais, por tender a priorizar a busca de vitrias em detrimento da preservao das tradies

    orientais e dos valores de disciplina e respeito que delas derivam. Certamente, h riscos notratamento da luta como esporte, limitando-o aos aspectos metodolgicos do treino e aos objetivosdo esporte profissional.

    Desta maneira, temos como objetivo geral: estudar e entender os preconceitos e asrestries em relao s lutas na Educao Fsica escolar. E como objetivos especficos: ressaltar osseus benefcios nos mbitos fsicos, disciplinares, conceituais e principalmente culturais; esclarecerconceitos de lutas, artes marciais e esportes; contribuir para a introduo do contedo das lutas aoambiente escolar seja nas aulas de Educao Fsica, atividades extracurriculares, datascomemorativas.

    Apresentao da metodologia utilizada para construo e elaborao deste trabalhoacadmico, atravs de dados e considerando as diversas abordagens propostas pelos autores. Foi

    realizada pesquisa bibliogrfica nas bases de dados da biblioteca da Universidade do Estado do Par(UEPA). Outras fontes de informaes foram: homepages e sites especializados sobre o tema emquesto pesquisado.

    Segundo Pdua (2004), a pesquisa bibliogrfica tem por finalidade colocar o pesquisador emcontato com o que j produziu e registrou a respeito de seu tema de pesquisa. Neste sentido, taltipo de pesquisa mostra-se importante por apresentar uma viso abrangente do tema, mostrando aevoluo dos conhecimentos da rea.

    Para a realizao do Trabalho de Concluso de Curso (TCC) tendo como linha de pesquisa area de Educao Fsica, sendo o tema lutas como contedo na Educao Fsica escolar, onde foirealizada uma ampla pesquisa de coleta e reviso de artigos, livros, revistas e sites com publicao apartir do ano de 1990, mas tambm podendo recorrer de publicaes, de determinados autores e

    pesquisadores como, por exemplo: Santos (1990), Shinohohara (1980), Breda (2010) e Betti (1991),com nfase na importncia das lutas como contedo escolar e seus benefcios.

    1. ORIGEM, CONTEXTO HISTRICO E CONTEMPORANEIDADE DAS ARTES MARCIAIS

    As lutas fazem parte da cultura corporal do movimento humano. Sempre fizeram parte dohomem. Dentro de toda ao de defesa, contra uma fera ou um inimigo, ou de ataque, como a caaou o combate na guerra, usando o corpo ou armas, est presente a luta, de forma organizada comoas modalidades conhecidas, ou instintiva, emanada da necessidade do ser humano em proteger oseu prprio corpo (Lananova, 2006).

    Segundo Breda (2010) precisar o surgimento das lutas no possvel, uma vez que no setrata de uma ao isolada de um homem ou grupo que a props, mas, sim, de uma construosociocultural que a foi modificando e dando novos significados ao longo do tempo.

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    Breda apud Espatero (2010) afirma que com o tempo as lutas foram aparecendo em outrasmanifestaes sociais, como por exemplo, em rituais indgenas, na preparao de exrcitos paraguerras no Oriente e Grcia Antiga, como jogo e um exerccio fsico na Europa e como defesa-dissimulao, a capoeira, no Brasil. Levando em considerao essas citaes podemos afirmar quedesde que o homem se tornou racional ele busca formas de defesa e de ataque mais eficientes,

    criando assim ao longo dos tempos vrias tcnicas de lutas, armas, e tcnicas de utilizao dasmesmas.As artes marciais sempre geraram muita discusso quanto origem, o surgimento, a criao.

    Tanto quanto as discusses sobre a supremacia em combate, de um lutador de uma modalidadesobre outra. Embora a caa, a dana e as guerras primitivas tivessem influncia direta sob onascimento da arte marcial, elas no so artes marciais. Para combinar o corpo e o esprito, oexerccio fsico e a tcnica de luta, a arte marcial precisou de muito tempo e condies especiais. Ointenso envolvimento do homem em cenrios de conflitos tribais e guerras possivelmente foi umpalco frtil para a criao de muitas tcnicas de combate com ou sem armas, e inclusive para acriao destas.

    Embora a verso mais conhecida da arte marcial, principalmente a histria oriental, tenha

    como foco principal Bodhidharma monge indiano que em viagem a china orientou os mongeschineses na prtica do yoga e rudimentos da arte marcial indiana o que caracterizou posteriormentena criao de um estilo prprio pelos monges de shaolin, sabido historicamente, atravs tradiooral e escavaes arqueolgicas que o kung fu j existia e era praticado como luta de defesa eataque muito utilizada nas tribos e povoados.

    Na China h mais de cinco mil anos, estes conhecimentos se expandiram por quase toda asia. Japo e Coria tambm tm tradio milenar em artes marciais. Recentes descobertasarqueolgicas tambm mostram guardas pessoais na Mesopotmia praticando tcnicas de defesa ede imobilizao de agressores. Paralelamente, o mundo ocidental desenvolveu outros sistemas.

    importante perceber o quanto e como as lutas esto presentes em nossa sociedade, osmeios e formas pelas quais chegam at ns. No esquecer que tanto as lutas quanto as artes

    marciais so parte da cultura do movimento humano, historicamente produzidas e enriquecidas coma cultura de seus povos de origem.Atualmente somos educados por filmes e desenhos animados exagerados em efeitos

    especiais e animaes computadorizadas, mostrando uma verso superpoderosa dos personagenslutadores, neste contexto os aspectos filosficos so ignorados quase totalmente, supervalorizandoo domnio dos movimentos fsicos.

    As muitas formas como as informaes so transmitidas at nos definem o processamentoda nossa percepo e podem influenciar na formao dos nossos conceitos, na nossa compreensosobre as lutas de uma forma geral.

    2. CONCEITOS LUTAS, ARTES MARCIAIS E ESPORTES

    A importncia de diferenciar os conceitos de lutas, artes marciais e esportes deve-se aconfuso que se faz entre eles. Porm no podemos descartar nenhuma destes conceitos, pelocontrrio devemos trabalh-los de forma que nossos alunos saibam tambm diferenci-los.

    As artes marciais so sistemas codificados de estilos de luta ou treinamento, em combatesarmados ou no, sem o uso de armas modernas, como as de fogo Segundo SHINOHARA (2008).Dessa forma, importante, inicialmente, distinguir estes dois termos, de significado e empregomuito prximos, mas que nem sempre devem ser usados para a mesma finalidade.

    O substantivo luta do Latim lucta, significa combate, com ou sem armas, entre pessoas ou

    grupos; disputa. J a expresso artes marciais uma composio do Latim arte, (conjunto de

    preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa), e martiale (referente guerra;blico, relativo militares ou a guerreiros). No oriente existem outros termos mais adequados

    para a definio destas artes como Wu-Shu na China e Bu-Shi-Do no Japo que tambm significam a

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    arte da guerra, ou Caminho do Guerreiro. Muitas destas artes de guerra do oriente e ocidente

    deram origem a artes marciais e esportes atuais que hoje so praticados em todo o mundo como:Karate, Kung Fu, Tae Kwon Do, Esgrima, Arqueirismo, Hipismo, entre outros (Lananova, 2006).

    No esporte a competio e as regras prevalecem, pois o objetivo ver aquele que marcamais pontos dentro de uma regra, j as modalidades que tem uma origem mais marcial, tem como

    objetivo a defesa pessoal em uma situao de risco sem regras, e com o enfoque principal naformao do carter do ser humano.Entende-se ento que luta um termo que pode ser empregado de maneira geral a todo

    combate entre dois ou mais indivduos treinados ou no. Arte marcial um termo menosabrangente, utilizado para definir um conjunto de conhecimentos com finalidade de combate entreguerreiros ou militares. uma forma de lutar que foi aprimorada visando melhor desempenhocontra um adversrio. As artes marciais no compreendem somente um apanhado de tcnicas, mastambm um conjunto filosofias e tradies de combate (Lananova, 2006).

    Podemos entender esse fato como um empobrecimento das artes marciais, por tender apriorizar a busca de vitrias em detrimento da preservao das tradies orientais e dos valores dedisciplina e respeito que delas derivam. Certamente, h riscos no tratamento da luta como esporte,

    limitando-o aos aspectos metodolgicos do treino e aos objetivos do esporte profissional.As artes marciais no compreendem somente um apanhado de tcnicas, mas tambm umconjunto de 12 filosofias e tradies de combate luta corporal caracterizado como esporte umaforma de discutir com a sociedade contempornea para o entendimento junto com as associaes efederaes, que propem regras para as modalidades. A fim de ampliar e entender esse fato comoum ato nobre das artes marciais, valorizando a preservao das tradies orientais e dos valores dedisciplina e respeito que delas derivam.

    2.1 JUD: DA LUTA AO ESPORTE OLMPICO

    Jud (ju= suavidade e d= caminho), desde sua criao pelo professor Jigoro Kano em 1882

    tem sido a principal arte marcial japonesa, e de grande popularizao mundial. Acreditando que sejaessencial para suprir necessidades, Jigoro Kano procurou sistematizar as tcnicas do jujitsu (ju=suavidade e jitsu= arte ou prtica), fundamentando sua prtica em princpios filosficos bemdefinidos, a fim de torn-la um meio eficaz para o aprimoramento fsico, do intelecto e do carterhumano (SHINOHARA, 2000). Jigoro Kano, praticante do antigo jujitsu, aprofundou seus estudos,pesquisando e analisando as tcnicas conhecidas; organizou-as de forma a constituir um sistemaadequado aos mtodos educacionais, como uma disciplina de educao Fsica, evitando as aesque pudessem ser lesivas ou prejudiciais sua prtica por qualquer leigo. Virglio (1986) com esseintuito fundou sua prpria escola e, para distinguir, de maneira evidente, das formas queidentificavam o antigo jujitsu, denominou de jud Kodokan, destinada formao e preparaointegral do homem atravs das atividades fsicas de luta corporal e do aperfeioamento moral,

    sustentada pelos princpios filosficos e exaltao do carter, que era a essncia do esprito marcialdos samurais. Segundo Shinohara (1980):Jud o caminho para a mais eficiente utilizao das foras fsicas e espirituais. Pelo seu

    treinamento em ataques e defesas, educa-se o corpo e o esprito e torna a essncia espiritual doJud uma parte do seu prprio ser. Desta forma ser capaz de aperfeioar a si prprio e contribuircom algo para valorizar o mundo. Esta a meta final da disciplina do Jud.

    Essa nova luta, partindo de sua evoluo, em 1886 acontece a histrica competio entreartes marciais, o Jud da qual vence, passando assim, a ser praticado pela polcia Japonesa. Diantedessa constatao Shinohara (2000), aponta o crescimento gigantesco que o jud teve. Partindo deseu criador, Jigoro Kano teve um currculo enorme, quando em 1877 ingressa na UniversidadeImperial de Tquio Torna-se aluno do Mestre Fukuda (Jujitsu), tendo s a fortalecer sua carreiraprofissional e o jud, em 1881 licenciados em letras torna-se aluno da escola de Kito (Jujitsu), em1882 forma-se em Cincias Estticas e Morais e no mesmo ano funda a sua escola da qual deu o

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    nome Jud Kodokan. Aps a fundao de sua escola, Jigoro Kano comeou a ocupar grandes cargosde prestigio em seu pas. Em 1884 foi nomeado adido do Palcio Imperial, em 1899 torna-sePresidente do Centro de estudo de artes militares, em 1909 torna-se membro do Comit OlmpicoInternacional como primeiro representante do Japo, em 1922 passa a Ter assento na Cmara Altado Parlamento Japons, em 1924 foi nomeado Professor Honorrio da Escola Normal Superior de

    Tquio, em 1928 participa da Assembleia Geral dos Jogos Olmpicos de Amsterd, e em 04/05/1938morre a bordo do navio que o transportava ao Cairo onde se realizava a Assembleia geral do ComitInternacional dos Jogos Olmpicos. Aps sua morte, o jud continua sua trajetria pelo mundo,criando entidades, federaes e conseguindo que em 1964 seja aceito nos jogos Olmpicos deTquio, com apenas trs categorias, para assim, aps em 1972 o jud passa a ser definitivamenteesporte olmpico.

    Atualmente o Jud Brasileiro muito respeitado dentre todas as modalidades esportivas dopas, sendo um dos esportes que mais se destaca em nvel de competies internacionais, e degrande procura pelas escolas sendo influencia na construo atitudinal das crianas em mbitoescolar. Para Shinohara (2000), o jud deve ser praticado alm do doj (local onde se treina jud),deve ser levado para seu cotidiano, onde seus ensinamentos e sua filosofia devam ser aplicados, na

    escola, no trabalho ou em qualquer outra rea da sociedade.

    2.2 JIU-JITSU: A MAIOR VTIMA DO PRECONCEITO

    Como foi citado no capitulo anterior, em geral as lutas sofrem por preconceitos e restries,mas abrimos em especial espao neste no novo capitulo para falar sobre o jiu-jitsu, que tem maiordificuldade em ser aceito tanto pelos educadores, quanto pela sociedade.

    Desde sua vinda ao Brasil em 1917, em especial aos mestres Carlos Gracie e Hlio Gracie,que aprenderam o jud com o japons Mitsuyo Maeda (Conde Koma), antigo aluno de Jigoro Kano,assim o jiu-jitsu brasileiro, hoje em dia muito famoso e praticado em toda parte do mundo. Por setratar de uma arte marcial que se ramificou do jud, o jiu-jitsu tm como funes: alavancas e

    presses para derrubar, dominar e submeter o oponente, tradicionalmente sem usar golpestraumticos, possibilitando que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencerusando as tcnicas de estrangulamento e presso sobre articulaes.

    Essa arte marcial tm se tornado muito popular, pelo fato seus praticantes obterem grandesvitrias em eventos de MMA pelo mundo todo, trazendo mais e mais praticantes devido a grandecobertura da mdia sobre estes eventos. Mas o que causa o contraste devido ao jiu-jitsu como suaprtica tem favorecido a violncia, por se tratar de uma luta de extrema eficcia alguns de seuspraticantes tem utilizado em brigas e confuses em escolas e nas ruas.

    Apesar desses problemas, o jiu-jitsu no deve ser excludo tanto quanto contedo daeducao fsica, quanto como luta a ser praticada por qualquer criana, qualquer pessoa. Os PCNsno determinam qual luta a melhor, ou no deve ser ensinada, mas entendemos que a educao

    fsica escolar deve ensinar a lutar, estimulando os alunos a aprenderem atravs da problematizaodos contedos e do que se passa sobre cada contedo. Segundo (Carreiro, 2005), necessrioressignificar as lutas para que elas possam contribuir com os objetivos do componente escolar.

    Ento basta o educando demonstrar sua importncia, dando esse significado ao jiu-jtsu,colocar como essa arte marcial importante, e um timo contedo a ser desenvolvido peloseducadores e praticado da forma exata e correta. Sem este receio de ensina-lo, mas apresentandotudo sobre essa fantstica arte marcial que por determinadas consequncias tem sido perseguida evitima de tamanho preconceito.

    3. VIOLNCIA NA ESCOLA

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    Tratar de violncia no fcil, no contexto escolar vrios fatores favorecem ao seuacontecimento, so fatores banais, como drogas, bullying e etc. Neste caso queremos descreversobre como as lutas podem influenciar na violncia escolar ou vice-versa.

    Anteriormente discutimos sobre o MMA, que tm o maior acompanhamento pela mdia, e um espetculo como foram os coliseus da Roma antiga, segundo Alves Junior (2006) as multides se

    dirigem s arenas para vibrar com os socos e pontaps e quanto mais sofrimento algum impe aooutro mais excitado fica a plateia, partindo desta constatao observamos como isso frequente nodia a dia escolar, as brigas geram estas plateias, e acabam por fazer parte at hoje da vida dosalunos, sendo qualquer um, participando da violncia explicitamente e implicitamente.Explicitamente quando participa efetivamente da briga e implicitamente quando trata comnegligncia a briga.

    Ao contrrio do que o senso comum fala a respeito da violncia escolar, fato inclurem aslutas como um fator principal dos acontecimentos. Por isso que o contedo deixado apenas paradebates, e sem ser utilizado como deveria ser. Como cita Alves Junior (2006) [...] a utilizao daslutas como prtica de atividade fsica capaz de canalizar a agressividade, incutir valores de respeitoao outro e as regras, que em ltima anlise recurso pedaggico para diminuir e controlar a violncia

    urbana.Para diminuir os problemas de violncia escolar, deve-se utilizar o contedo das lutas,explicar o porqu, apresentar e colocar a mostra a violncia para os alunos. Pois eles convivem comtudo isto, e devem aprender atravs da disciplina que as lutas impem a controlar sua agressividadee a seguir valores ticos impostos pelas regras.

    4. LUTAS NA EDUCAO FSICA ESCOLAR: PRECONCEITOS E RESTRIOES NO CONTEXTOPEDAGGICO

    A prtica das lutas trs inmeros benefcios ao praticante, destacando se odesenvolvimento motor, cognitivo e o afetivo social. inquestionvel o poder que as lutas provocam

    nos alunos. As lutas esto na moda com os desenhos animados, crianas brincando de lutas norecreio, os adolescentes compram revistas que se referem ao tema. Como no utilizar as lutas comocontedo se esto to presentes em nossas vidas?

    Portanto esse contedo deve fazer parte das aulas de educao fsica, seja no ensino infantil,fundamental ou mdio. Temos que ressaltar que as lutas no so somente artes marciaissistematizadas como jud e carat. Varias brincadeiras como brao de ferro, cabo de guerra, lutasrepresentativas como: luta do sapo e luta do saci, so apenas alguns exemplos de como abordar aslutas de uma forma estimulante e agradvel nas aulas de educao fsica (Ferreira, 2006).

    Podemos afirmar que o tema/contedo lutas no muito utilizado nas escolas. Osargumentos que encontramos destacam se: a falta de vivencia pessoal em lutas por parte dosprofessores, tanto no cotidiano quanto na vida acadmicas. A preocupao com a violncia, que

    julgam ser intrnseco as praticas de luta, oque incompatibiliza a possibilidade de abordagem destecontedo na escola. (Nascimento e Almeida, 2007).Muitos professores ficam inibidos em apresentar o contedo luta por no saber realizar os

    gestos tcnicos, esta inibio fruto de uma formao tradicional esportivista que, aquela quedicotomiza teoria e prtica, que d nfase ao esporte, aos gestos tcnicos, ao saber fazer para

    ensinar e que est presente, principalmente, nas instituies de ensino privadas.A formao tradicional esportivista est ligada diretamente s influncias dos perodos

    militaristas e higienistas, onde a Educao Fsica era vista como indicador de desenvolvimento einstrumento alienador do Estado, assimilando Educao Fsica com esporte, desviando a atenode estudantes, comerciantes e pessoas vinculadas s polticas de oposio. Vendia-se, na poca,uma falsa ideia de ordem 20poltica no pas, tentando transparecer uma imagem de prosperidade

    e de desenvolvimento.

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    Outro fator de total relevncia quanto excluso das lutas por professores de EducaoFsica escolar referente escassez de bibliografias e trabalhos acadmicos que visem proporalternativas pedaggicas para a incluso das lutas em ambiente escolar com embasamentoterico/cientfico/prtico. Sem embasamento terico, a prtica torna-se repetio, a repetiopela repetio torna-se alienante, fica estagnada, no produz, no desenvolve, no gera

    aprendizado, perde-se o sentido de se ter um professor frente aula, do contrrio teria um tcnicoou instrutor seguindo atividades em pranchetas e apostilas pr-definidas. H a necessidade,portanto, de uma divulgao mais abrangente com relao a esses trabalhos, de se compartilharinformaes e de se dar continuidade com aquilo que j foi produzido.

    6. CONTRIBUIO PEDAGGICA

    As lutas proporcionam aos alunos oportunidades de desenvolvimento auto perceptivo, poisquando utilizado como instrumento de aprendizagem, colocam dificuldades motoras e psicolgicasque ajudam na resoluo de problemas. O professor de educao fsica deve proporcionar aos seusalunos a ampliao do repertrio gestual, de maneira a capacitar o corpo para o movimento. No

    basta pedir para o aluno que reproduza uma serie de movimentos, preciso que a luta tenha umsignificado na aprendizagem, para que isso acontea o professor tem que elaborar suas aulas comantecedncia para que a aula no se torne enfadonha e desestimulante.

    O educando deve saber que no adianta somente repetir dezenas de movimentos existentesnas lutas, ele precisa aprender os conceitos gerais que esto contidos em cada um desses gestos,utilizando esses movimentos em dezenas de outras atividades que no seja a luta especifica, umexemplo disso e o ensinamento da queda no jud, muito til para a vida toda do indivduo, quepoder reduzir ou evitar danos em acidentes que lhe ocorram. Outro ensinamento das lutas quetambm pode ser utilizado pelo aluno, como manter o autocontrole, isso o ajudara muito ao longode sua vida junto aos familiares, colegas e professores.

    Sendo assim possvel utilizar o contedo lutas para o desenvolvimento do aluno de uma

    maneira ampla. Isso significa que alm das praticas corporais, deve ser somada as praticas decomportamento e atitudes. O professor no pode prender-se ideia de exerccios de movimentosde luta dentro de uma dinmica sem dinmica, ou uma aula sem um cenrio dando sentido e

    prazer aos exerccios. Porque uma aula no precisa ser repetitiva e sem graa. Diversificar, pesquisar o que o professor deve fazer, no s para abordar uma metodologia para o contedo das lutas,mas para qualquer plano de ensino. Abordando novos conceitos, e ensinando como as lutas soexatamente o que qualquer aluno precisa para levar em seu dia a dia.

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