Mabe Problematicas E Conceitos Implicados 1

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Texto da Sessão 1. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: problemáticas e conceitos implicados O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento das bibliotecas escolares portuguesas, com o objectivo de: Facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos directivos e aos coordenadores avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas. Os conceitos ou ideias chave que presidiram à sua construção e aplicação são, de acordo com o documento, os seguintes: [...] A noção de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que se retira delas: se é importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto deve estar associada uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a missão da BE, capaz de produzir resultados que contribuam de forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere. [...] A auto-avaliação deve ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da BE. [...] Aponta para as áreas nucleares em que se deverá processar o trabalho da/com a Biblioteca Escolar e que têm sido identificadas como elementos determinantes e com um impacto positivo no ensino e na aprendizagem, salvaguardando que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática. O quadro referencial apresentado e que constitui o Modelo pretende ser, em si mesmo, um instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição de factores críticos de sucesso para áreas nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo possíveis acções para melhoria. [...] Os exemplos de acções para a melhoria e os próprios factores críticos de sucesso apontam pistas importantes, mas em cada caso a auto-avaliação, através da recolha de evidências, ajudará cada BE a identificar o caminho que deve seguir com vista à melhoria do seu desempenho. A auto-avaliação deverá contribuir para a elaboração do novo plano de desenvolvimento, ao possibilitar a identificação mais clara dos pontos fracos e fortes, o que orientará o estabelecimento de objectivos e prioridades, de acordo com uma perspectiva realista face à BE e ao contexto em que se insere. Modelo de Auto-Avaliação (2008) Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares pp. 3-10. Na sua construção foram integrados os princípios definidos nos documentos fundadores (IFLA/ UNESCO e IASL) que orientam o trabalho das bibliotecas escolares e no conhecimento que a investigação e os diferentes estudos têm revelado,

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Texto da Sessão

1. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: problemáticas e conceitos implicados

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na estratégia global de desenvolvimento das bibliotecas escolares portuguesas, com o objectivo de:

Facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos directivos e aos coordenadores avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas.

Os conceitos ou ideias chave que presidiram à sua construção e aplicação são, de acordo com o documento, os seguintes:

[...] A noção de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que se retira delas: se é importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto deve estar associada uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a missão da BE, capaz de produzir resultados que contribuam de forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere.

[...] A auto-avaliação deve ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da BE.

[...] Aponta para as áreas nucleares em que se deverá processar o trabalho

da/com a Biblioteca Escolar e que têm sido identificadas como elementos determinantes e com um impacto positivo no ensino e na aprendizagem, salvaguardando que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática.

O quadro referencial apresentado e que constitui o Modelo pretende ser, em si

mesmo, um instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição de factores críticos de sucesso para áreas nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo possíveis acções para melhoria. [...] Os exemplos de acções para a melhoria e os próprios factores críticos de sucesso apontam pistas importantes, mas em cada caso a auto-avaliação, através da recolha de evidências, ajudará cada BE a identificar o caminho que deve seguir com vista à melhoria do seu desempenho. A auto-avaliação deverá contribuir para a elaboração do novo plano de desenvolvimento, ao possibilitar a identificação mais clara dos pontos fracos e fortes, o que orientará o estabelecimento de objectivos e prioridades, de acordo com uma perspectiva realista face à BE e ao contexto em que se insere.

Modelo de Auto-Avaliação (2008) Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares pp. 3-10. Na sua construção foram integrados os princípios definidos nos documentos fundadores (IFLA/ UNESCO e IASL) que orientam o trabalho das bibliotecas escolares e no conhecimento que a investigação e os diferentes estudos têm revelado,

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apresentando caminhos e possibilidades num contexto global de mudança, no qual as bibliotecas escolares devem evoluir: a - Conceitos relacionados com a missão da biblioteca escolar no contexto da escola/ agrupamento e que a relacionam com as aprendizagens, com o desenvolvimento curricular e com o sucesso educativo. (Perspectiva do conceito de biblioteca escolar subjacente à construção do Modelo) - Novos contextos e conceitos de aprendizagem em que o sujeito/aluno se apresenta como actor activo, construtor do próprio conhecimento (Construtivismo). - Novas estratégias de abordagem à realidade e ao conhecimento baseadas no questionamento e inquirição contínuas (Inquiry based Learning). - Modificação global das estruturas sociais – introdução das TIC, desenvolvimento de redes, surgimento de novos ambientes de disponibilização da informação, de trabalho e de construção do conhecimento que obrigam ao desenvolvimento de novas literacias e a uma aprendizagem contínua ao longo da vida. - Necessidade de gerir a mudança buscando evidências relatadas em diferentes estudos acerca do impacto que as bibliotecas escolares têm na escola e quais os factores que se assumem como críticos ao seu desenvolvimento. b – Conceitos implicados na melhoria da prestação de serviços e da qualidade da biblioteca escolar. (Perspectiva do desenvolvimento organizacional) 2. O conceito de avaliação no contexto das organizações: “what is” with “what ought to be” for the purpose of exercising judgement (Van House et. al. 1990: 3).

“a process of systematically assessing effectiveness against a predetermined norm, standard...” Cronin (1982b)

“a systematic measurement of the extent to which a system (for example a library) has achieved its objectives in a certain period of time” Mackenzie (1990)

“a systematic measurement of the extent to which a system (for example a library) has achieved its objectives in a certain period of time”. It is also described as a systematic

Publicações sobre Evidence Based Practice:

Kenney, Brian. (2006) "Rutgers" Ross Todd’s Quest to Renew School Libraries”

Todd, Ross (2003). Irrefutable evidence. How to prove you boost student achievement

Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based practice”.

Directório sobre evidence based practice

http://www.accessola.com/osla/toolkit/Home/EBPLinks.html

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process of determining “value” (in terms of benefit gained) and “quality” (as reflected in customers satisfaction) of a system (McKee 1989: 156).

KEBEDE (1999) “Performance Evaluation in Library and Information Systems of Developing Countries: A Study of the Literature” 3 . O conceito de Evidence-Based practice e de pesquisa/ acção

O conceito “Evidence-Based practice” traduz-se no desenvolvimento de práticas sistemáticas de recolha de evidências, associadas ao trabalho do dia-a-dia. A quantidade e qualidade das evidências recolhidas deverão informar a prática diária ou fornecer informação acerca de determinada questão chave para a qual procuramos melhoria ou solução.

Este conceito tem sido explorado por vários especialistas. Ross Todd associa o conceito às práticas das bibliotecas escolares e à necessidade que estas têm de fazer diferença na escola que servem e de provar o impacto que têm nas aprendizagens. Valoriza a necessidade de provar esse impacto no contexto da escola, onde desenvolvemos trabalho. EBP combines professional wisdom, reflective experience, and understanding of students’ needs with the judicious use of research-derived evidence to make decisions about how the school library can best meet the instructional goals of the school.

In order to accomplish this, school libraries need to systematically collect evidence that shows how their practices impact student achievement; the development of deep knowledge and understanding; and the competencies and skills for thinking, living, and working.

[…] holistic approach to evidence-based practice in school libraries involves three dimensions: evidence for practice, evidence in practice, and evidence of practice.

A ênfase é dada nos outcomes, indo além dos processos. A diferença ou impacto residem não nos inputs (recursos) ou processos mas na mais-valia que estes trazem à escola e à aprendizagem

Todd (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians” O Modelo de Auto-Avaliação perspectiva, também, práticas de pesquisa-acção. Segundo Markless, Streffield (2006) p. 120, as práticas de pesquisa-acção

estabelecem a relação entre os processos e o impacto ou valor que originam.

Durante este processo:

Identifica-se um problema;

Recolhem-se evidências;

Avaliam-se, interpretam-se as evidências recolhidas;

Procura-se extrair conhecimento que oriente futuras acções e que delineie

caminhos. Centra-se a pesquisa, mais uma vez, no impacto e não nos inputs.

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4. Avaliação da biblioteca escolar. Questões em torno do impacto da BE

Tradicionalmente, o impacto das bibliotecas

aferia-se através da relação directa entre os

inputs (colecção existente, staff, verba gasta

com o funcionamento da biblioteca escolar...)

e os outputs (número de empréstimos,

número de visitas, sessões realizadas pela

equipa...). A relação custo/ eficiência foi, nos

últimos tempos, ultrapassada pela

necessidade de medir o impacto, os

benefícios que os utilizadores retiram do seu contacto e uso dos serviços.

Hoje, a avaliação centra-se, essencialmente, no impacto qualitativo da biblioteca, isto

é, na aferição das modificações positivas que o seu funcionamento tem nas atitudes,

valores e conhecimento dos utilizadores.

Interessa-nos aferir o sucesso do serviço, centrado, essencialmente, nos resultados,

visto como as consequências ou impactos dos serviços que prestamos junto dos

utilizadores.

Trata-se, neste contexto, de aferir não a eficiência, mas a eficácia dos serviços – os

resultados que os serviços produziram.

(Cram, 1999)

·

·

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O que verdadeiramente interessa e justifica a acção e a existência da biblioteca

escolar não são os processos, as acções e intenções que colocamos no seu

funcionamento ou os processos implicados, mas sim o resultado, o valor que eles

acrescentam nas atitudes e nas competências dos utilizadores.

Cram (1999), em “SIX IMPOSSIBLE THINGS BEFORE BREAKFAST”, descreve esse

processo valorativo: […] libraries have no inherent objective value. Value is

(subjectively) assigned and is related to perception of actual or potential benefit.

Rather, libraries create value by leveraging intangible assets in such a way as to add

value and create benefits. They do not manage value. They manage processes and

activities and they make decisions that might lead to production of value to the users of

the library and to the parent organization.

Numa época em que as tecnologias e as pressões económicas acentuam a

necessidade de fazer valer o papel e a necessidade de bibliotecas, a avaliação tem

um papel determinante, permitindo-nos validar o que fazemos, como fazemos, onde

estamos e até onde queremos ir, mas sobretudo o papel e intervenção, as mais-valias

que acrescentamos.

- Como trabalham as bibliotecas escolares?

- Que impacto têm nas escolas e no sucesso educativo dos alunos?

A Literatura Internacional na área das bibliotecas escolares evidencia, de forma clara,

o impacto das bibliotecas na aprendizagem e no sucesso educativo dos alunos.

Os Estudos realizados sobre o papel das bibliotecas escolar associam esse papel ao currículo, às aprendizagens dos alunos e ao sucesso educativo. Identificam ainda os domínios que são considerados críticos a uma biblioteca escolar efectiva e de qualidade.

Scholastic Research (2008) “School Libraries Work!”

Williams, Dorothy & Coles, Caroline (2001) “Impact of School Libraries Services on Achievement and…” Learning

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5. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares. Objectivos e processos implicados.

A criação de um Modelo para avaliação das bibliotecas escolares permite dotar as

escolas/ bibliotecas de um quadro de referência e de um instrumento que lhes permite

a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de inovação. Pretende-

se induzir a transformação das bibliotecas escolares em organizações capazes de

aprender e de crescer através da recolha sistemática de evidências de uma auto-

avaliação sistemática.

O Modelo baseia-se no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Inglesas,

com adaptações, nomeadamente àquelas que reportam às especificidades das

bibliotecas escolares e do sistema de ensino Português.

Organiza-se em quatro domínios e num conjunto de indicadores sobre os quais

assenta o trabalho da biblioteca escolar. Procurou-se que a sua estruturação e os

processos implicados na sua implementação fossem clara e facilmente perceptíveis

por Conselhos Executivos e escolas, assumindo-se como um instrumento de melhoria.

Os domínios que compõem a sua estrutura estão identificados em diferentes estudos

internacionais como cruciais ao desenvolvimento e qualidade das bibliotecas

escolares. Existe nestes estudos o reconhecimento de que a biblioteca escolar é

usada enquanto espaço equipado com um conjunto significativo de recursos e de

equipamentos (as condições externas, as condições físicas e a qualidade da colecção

são fundamentais) e como espaço formativo e de aprendizagem, intrinsecamente

relacionado com a escola, com o processo de ensino/ aprendizagem, com a leitura e

com as diferentes Literacias.

Podemos agrupar estes domínios em três áreas chave:

Integração na escola e no processo de ensino/ aprendizagem

- Integração institucional e programática, de acordo com os objectivos educacionais e

programáticos da escola;

- Desenvolvimento de competências de leitura e de um programa de Literacia da

Informação, integrado no desenvolvimento curricular;

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- Articulação com departamentos, professores e alunos na planificação e

desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem;

Acesso. Qualidade da Colecção.

- Organização e equipamento de acordo com os standards definidos, facultando

condições de acesso e de trabalho individual ou em grupo;

- Disponibilização de um conjunto de recursos de informação, em diferentes ambientes

e suportes, actualizada e em extensão e qualidade adequadas às necessidades dos

utilizadores;

Gestão da BE

- Afectação de um professor bibliotecário qualificado e de uma equipa que assegure as

rotinas inerentes à gestão, que articule e trabalhe com a escola, professores e alunos.

- Liderança do professor bibliotecário e da equipa.

- Desenvolvimento de estratégias de gestão e de integração da BE na escola e no

desenvolvimento curricular.

De entre os factores críticos de implementação é fundamental que:

- Tenha o reconhecimento e apropriação por parte das escolas e das equipas e se

assuma como um instrumento agregador, capaz de unir a escola e a equipa em torno

do valor da BE e do impacto que pode ter na escola e nas aprendizagens.

- Tenha pontos de intersecção com a avaliação da escola e venha a ser objecto de

avaliação por parte da Inspecção Geral de Educação.

6. Qualidade e Inovação. O necessário envolvimento de todos

O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização. A obtenção da

melhoria contínua da qualidade exige que a organização esteja preparada para a

aprendizagem contínua. Pressupõe a motivação individual dos seus membros e a

liderança forte do professor coordenador, que tem de mobilizar a escola para a

necessidade e implementação do processo avaliativo.

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Exige uma metodologia de sensibilização e de readiness, que requer:

1. A mobilização da equipa para a necessidade de fazer diagnósticos/ avaliar o

impacto e o valor da BE na escola que serve;

2. Jornadas formativas para a equipa e para outros na escola. Definição precisa

de conceitos e processos. Realização de um processo de formação/ acção.

3. A comunicação constante com o órgão directivo, justificando a necessidade e o

valor da implementação do processo de avaliação.

4. A apresentação e discussão do processo no Conselho Pedagógico.

5. Aproximação/ diálogo com departamentos e professores. Criação e difusão de

informação/ calendarização sobre o processo e sobre o contributo de cada um

no processo.

O professor bibliotecário deve, neste processo, evidenciar as seguintes competências:

a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição; b. Ser proactivo; c. Saber exercer influência junto de professores e do órgão directivo; d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros

membros da comunidade educativa; e. Ser observador e investigativo; f. Ser capaz de ver o todo - “the big picture”; g. Saber estabelecer prioridades; h. Realizar uma abordagem construtiva aos

problemas e à realidade; i. Ser gestor de serviços de aprendizagem no

seio da escola; j. Saber gerir recursos no sentido lato do termo; k. Ser promotor dos serviços e dos recursos; l. Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de apoiar e

contribuir para as aprendizagens; m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola. n. Saber trabalhar com departamentos e colegas.

Tilke (1999) “The role of the school librarian in providing conditions for discovery and personal growth in the school library. How will the school library fulfill this purpose in the next century?” A optimização do processo pode, ainda ser atingida:

Através da identificação dos pontos críticos.

Eisenberg e Miller (2002) “This Man Wants to Change Your Job”

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Através da capacidade de determinar o conjunto de relações e de intercepções que se estabelecem entre cada um dos domínios.

Através da análise do impacto e da percepção de situações isoladas ou inter-relacionadas e cumulativas.

Farmer (2003) Op. Cit. pg. 21.

Uma liderança forte associada a uma visão e gestão estratégica é, também,

determinante para o sucesso o desenrolar do processo:

- Pensar estrategicamente;

- Gerir estrategicamente, de acordo com as prioridades da escola e para o sucesso;

- Promover uma cultura de avaliação;

- Comunicar permanentemente. Articular prioridades.

7 - Implementação do processo

O Modelo adopta uma aproximação à realidade por etapas que, tendo em conta o

contexto interno e externo da BE, devem levar o professor coordenador a seleccionar

o domínio a ser objecto de aplicação dos instrumentos. O ciclo completa-se ao fim de

quatro anos e deve fornecer uma visão holística e global da BE. Cada etapa

compreende um ciclo:

- Identificação de um problema ou de um desafio;

- Recolha de evidências;

- Interpretação da informação recolhida;

- Realização das mudanças necessárias;

- Recolha de novas evidências acerca do impacto dessas mudanças.

A avaliação não é um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar

informação de qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão.

Os resultados devem ser partilhados com o director, ser divulgados e discutidos nos

órgãos de gestão pedagógica. Esses resultados têm impacto no processo de

planificação e na gestão, obrigando a que:

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a. Se defina a ambição, decidindo as melhorias, apostando na mobilização e no

esforço de todos;

b. Se estabeleçam e coordenem políticas, isto é, linhas orientadoras dos planos de

acção, de modo a que estejam concertadas com a estratégia da escola e também

com os factores críticos de sucesso;

c. Se analisem rumos estratégicos possíveis, no sentido de ser escolhida a

direcção mais viável e enriquecedora;

d. Se identifiquem oportunidades e constrangimentos e definam fins e objectivos,

operacionalizando-os em planos que realizam as estratégias;

e. Se diagnostiquem possíveis áreas em que a BE pode adquirir vantagens

competitivas face a outras bibliotecas;

f. Se proceda à recolha sistemática de informação e a metodologias de controlo.

7.1 - A ligação ao processo de planeamento

A metáfora da Alice no seu encontro com o gato Cheshire assume-se aqui como um

meio excelente para reforçar a ligação da avaliação aos processos de decisão e à

mudança, indicando caminhos sustentados e seguros, porque baseados nas

evidências recolhidas no processo de avaliação.

Poderias dizer-me, por favor, que caminho hei-de tomar para sair daqui?

- Isso depende do sítio onde queres chegar! - Disse o Gato.

- Não interessa muito para onde vou... - retorquiu Alice.

- Nesse caso, pouco importa o caminho que tomes - interpôs o Gato.

Alice no País das Maravilhas

Alice in Wonderland - Cheshire Cat

O Modelo de avaliação está directamente ligado ao processo de planeamento da BE

que deve corresponder em timing, objectivos, propriedades e estratégias definidas

pela escola/ agrupamento. As decisões a tomar devem, assim, basear-se nas

evidências e informação recolhidas, mas devem sempre ter em conta o ambiente

interno (condições estruturais) e externo da biblioteca: oportunidades e ameaças,

prioridades da escola, adequação aos objectivos e estratégias de ensino/

aprendizagem.

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7.2 - Ligação à avaliação interna e externa da escola

A biblioteca escolar é um recurso da escola, no cumprimento dos seus objectivos de

ensino/ aprendizagem. A avaliação da BE deve, por isso, ser participada a nível da

escola e ser conhecida e divulgada. Na explanação do argumento da evidence-based

practice, Todd (2001) usa a antinomia e um conjunto de acções opostas para ressaltar

a mudança que se deve verificar nas práticas que devem evidenciar o impacto e o

papel da biblioteca escolar na escola: […] the future is about:

- action, not position;

- it is about evidence, not advocacy,

- and at the heart of this is inquiry-based learning for knowledge construction’ […]

7.3 - A comunicação dos resultados

What's important is that the gathered evidence highlights how the librarian plays a

crucial role in boosting student achievement, in shaping important attitudes and values,

in contributing to the development of self-esteem, and in creating a more effective

learning environment. (Todd, 2003)

Esta afirmação de Todd condensa a importância da comunicação da informação

obtida através do processo de avaliação, como agente de validação dos processos e

das acções desenvolvidos e como impulsionadora dos serviços e da educação dos

públicos para o papel da BE:

8 - Modelo de avaliação das bibliotecas Escolares – Resultados esperados

a) Apresentação de resultados. Responsabilização perante a escola e outros

stakeholders. A pressão sobre a existência de resultados em diferentes sectores e

organismos a que a escola não é alheia (o sistema de avaliação da escola, dos

professores e dos resultados é hoje uma realidade) requer que também a biblioteca

investigue os resultados da sua acção, identificando o sucesso e o impacto dos seus

serviços e os gaps condicionantes desse sucesso. A avaliação da BE permite, ao

mesmo tempo, prestar contas do impacto dos seus serviços perante a escola e todos

os que estão ligados ao seu funcionamento.

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b) É hoje comum e consensual o valor da informação fundamentada em evidências,

como suporte à decisão. A designada evidence-informed ou evidence-based policy é

uma prática cada vez mais comum. Governos e organismos com responsabilidades na

definição de políticas de standards precisam validar o que funciona e identificar

possíveis gaps ou constrangimentos.

A informação resultante do processo de auto-avaliação das bibliotecas escolares terá,

assim, um valor estratégico para a escola, com a qual a biblioteca escolar tem

intersecções e links directos, mas é também indispensável à tomada de decisões do

Programa que gere a instalação e o desenvolvimento da rede de bibliotecas escolares

– Programa RBE.

Bibliografia:

Cram, Jennifer (1999) “SIX IMPOSSIBLE THINGS BEFORE BREAKFAST: A multidimensional approach to measuring the value of libraries”. 3rd Northumbria International Conference on Performance Measurement in Libraries and Information Services, 27-31 August. <http://www.alia.org.au/~jcram/six_things.html> [20/08/2008]

Farmer, Lesley (2003) Student success and Library Media Program, London, Libraries Unlimited.

Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares (2008). <http://www.rbe.min-edu.pt/np4/np4/31.html> [20/08/2008]

Hartzell, Gary (1997) “The Invisible School Librarian: Why Other Educators Are Blind to Your Value”. School Library Journal, 11/1/1997 <http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA152978.html?q=quality+school+libraries> [20/08/2008]

Kenney, Brian. "Rutgers" Ross Todd"s Quest to Renew School Libraries." http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA6320013.html [20/08/2008]

Lyonton, Lynn (1992) “Transformational Leadership”. ERIC Digest, Number 72. <http://www.ericdigests.org/1992-2/leadership.htm> [20/08/2008]

Markless, Steatfield (2006) Evaluating the Impact of your library, London, Facet Publishing.

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McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation. Educational Review, 56 (3), 287-296.

Poll, Roswhita (2003) “Impact/Outcome Measures for Libraries” Liber Quarterly 1435-5205. <http://liber.library.uu.nl/publish/articles/000060/article.pdf> [20/08/2008] Scholastic Research (2008) “School Libraries Work! Scholastic Research & Results”. <http://librarypublishing.scholastic.com/content/stores/LibraryStore/pages/images/SLW3.pdf> (01/10/2008) Todd, Ross (2001) “Transitions for preferred futures of school libraries: knowledge space, not information space; connection, not collections; actions, not positions; evidence, not advocacy”. Keynote address, International Association of Schools Libraries (IASL) Conference. Auckland, New Zealand. <http://iasl-slo.org/virtualpaper2001.html> [20/08/2008] Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based practice”. 68th IFLA Council and General Conference August. <http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf> [20/08/2008] Todd, Ross (2003). “Irrefutable evidence. How to prove you boost student achievement”. School Library Journal, 4/1/2003 <http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA287119.html> [20/08/2008] Todd, Ross (2004) “School libraries: Making them a class act.” Broome-Tioga BOCES School Library system Annual Librarian/Administrator Breakfast. Binghamton, NY. <http://www.scils.rutgers.edu/~rtodd/WA%20School%20Libraries%20A%20Class%20Act.ppt#540> [20/08/08]

Williams, Dorothy & Coles, Caroline (2001) Impact of School Libraries Services on Achievement and Learning. Aberdeen: The School of Information and Media, Robert Gordon University. <http://www.rgu.ac.uk/files/Impact%20of%20School%20Library%20Services1.pdf> (01/10/2008)

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