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    Mod. PED.003.02

    ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTO

    INSTITUTO POLITCNICO DA GUARDA

    MANUAL DEINTRODUO

    ECONOMIA:

    L I E S E E X E R C C I O S D E M O N S T R A T I V O S

    AUTORES:

    MANUELA NATRIO

    FRANCISCO TOM

    Guarda, ESTG, 2010

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    Introduo

    A vida econmica uma enorme e complexa colmeia de atividades, com pessoas a

    comprar, a vender, a negociar, a investir, a persuadir, a intimidar (Samuelson & Nordhaus,

    1999: 5). O objetivo deste manual ajudar o aluno a compreender esta base complexa. Este

    manual versa sobre a parte terica das matrias bsicas de economia e serve para consolidar

    os conhecimentos adquiridos em aula, atravs do estudo, resoluo e discusso de casos

    prticos.

    Alm disso, pretende-se incentivar o estudante a construir um discurso econmico da

    realidade social medida que a lecionao vai avanando. O estudante dever estar em

    condies de fazer uma primeira leitura de um discurso econmico e capaz de expor

    oralmente, ou por escrito, uma situao econmica. Esperamos assim ajudar a combater o

    insucesso educativo e, sobretudo, apoiar os alunos trabalhadores estudantes na sua

    autoaprendizagem.

    Este manual de apoio de introduo Economia destina-se ao apoio das aulas da Unidade

    Curricular Fundamentos de Economia I, das Licenciaturas de Gesto, Marketing e

    Contabilidade, onde so tratados os principais problemas macroeconmicos e as vrias

    formas de os resolver atravs de Polticas Econmicas. Poder ser tambm utilizado como

    instrumento de apoio nas unidades curriculares de Economia das licenciaturas de Gesto de

    Recursos Humanos e de Secretariado e Assessoria de Direo da Escola Superior de

    Tecnologia e Gesto do Instituto Politcnico da Guarda.

    Este texto est estruturado de acordo com os objetivos e programa da Unidade Curricular,

    incluindo todas as temticas do mesmo e ordenado de forma sequencial. Est dividido em

    quatro captulos. O captulo I, diz respeito ao problema econmico, contabilizao da

    atividade econmica. No captulo II abordar-se o conceito de Inflao bem como o clculo

    e consequncias de alteraes do valor da moeda. No captulo III, sero apresentados os

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    principais temas relativos Moeda, ao Crdito e ao Financiamento da Economia.

    Finalmente, no captulo IV, apresentam-se os principais problemas conjunturais e as

    diferentes polticas econmicas, sob a perspetiva clssica e keynesiana.

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    Captulo I Introduo, Problema Econmico e

    Contabilidade Nacional

    A Economia existe desde que o homem apareceu face da Terra. Mas como cincia, s

    surgiu com Adam Smith, quando em 1776 ele publicou a obra intitulada Inqurito sobre a

    Natureza e Causa da Riqueza da Naes.

    Objetivos:

    Pretende-se que o aluno fique a conhecer o problema econmico, os principais agentes

    econmicos e suas interdependncias.

    Pretende-se que o aluno fique a conhecer as formas de medir a atividade econmica de um

    pas e de contabilizar os principais agregados econmicos.

    Pretende-se que saiba distinguir valores reais de valores nominais e as causas e

    consequncias da inflao.

    Competncias:

    Identificar o problema econmico, os agentes econmicos e suas interdependncias.

    Calcular e utilizar os diferentes indicadores econmicos.

    Realizar diagnsticos scio-econmicos.Desenvolver a anlise crtica da situao socioeconmica de um pas.

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    1.1- CONCEITOS

    A ECONOMIA ocupa-se com o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem

    administrar recursos escassos, que podem ter utilizaes alternativas, para produzir bens e

    servios variados e distribu-los para consumo, atual ou futuro, entre as vrias pessoas e

    grupos de uma sociedade.

    1.2- MTODO CIENTFICO DE INVESTIGAO EM ECONOMIA

    O mtodo cientfico de investigao em economia de natureza: indutivo-dedutivo

    Observaosistemtica darealidade

    Induo

    Deduo

    Verificao lgica everificaoexperimental

    Reelaborao ouconfirmao de acordo comos resultados da verificao

    Hipteses sobre ocomportamento de factosconhecidos e observados

    Hipteses sobre ocomportamento de factosno conhecidos ou sobreas possveis relaes entreestes e os observados

    Formulao de princpios,teorias, leis ou modelosexplicativos ouinterpretativos darealidade.

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    1.3- A INTERDISCIPLINARIDADE DA ECONOMIA

    O estudo e aplicao de meios escassos para usos alternativos envolvem um importante

    problema de medida, no s dos meios como tambm dos usos possveis. Em economia a

    quantificao dos fenmenos fundamental (embora no seja fcil). Mas a economia no

    beneficia apenas dos conhecimentos matemticos, outras reas do saber so tambm

    importantes. A economia relaciona-se com outras cincias como as Cincias Sociais:

    Filosofia (baseada no raciocnio lgico), Histria (explica os fenmenos econmicos

    passados), Direito (define a propriedade), Geografia (estuda o meio ambiente, as relaescomerciais como transportes ou comunicaes), Antropologia, Sociologia, Psicologia

    (estuda a conduta humana) e cincias instrumentais: Matemticas (para quantificar),

    Estatstica (facilita dados).

    A economia divide-se em dois grandes ramos:

    Microeconomia o ramo da cincia econmica voltado para o estudo do

    comportamento das unidades de consumo (indivduos e famlias); das unidades de

    produo (empresas) e o estudo da formao de preos dos diversos bens, servios e

    fatores produtivos. Estuda individualmente o comportamento das unidades

    Filosofia

    InformticaEngenharia

    Geografia

    MatemticaEconometriaEstatstica

    AntropologiaSociologia,

    Psicologia

    Histria

    CinciaPoltica

    CinciaJurdica:

    Direito

    Economia

    Filosofia

    InformticaEngenharia

    Geografia

    MatemticaEconometriaEstatstica

    AntropologiaSociologia,

    Psicologia

    Histria

    CinciaPoltica

    CinciaJurdica:

    Direito

    Economia

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    econmicas: os consumidores e os produtores, tendo em vista a compreenso do

    funcionamento geral do sitema econmico.

    Macroeconomiaestuda de forma agregada a atividade econmica preocupando-se

    com as grandezas globais o funcionamento da economia no seu conjunto, tendo em

    vista a determinao das condies gerais do crescimento e do equilbrio da

    economia como um todo. A Macroeconomia estuda o comportamento do sistema

    econmico por um reduzido nmero de fatores, como a produo ou produto total

    de uma economia, o nvel de emprego e poupana, o investimento, o consumo, o

    nvel geral dos preos. Os seus principais objetivos esto no rpido crescimento do

    produto e do consumo, no aumento da oferta de empregos, na inflao reduzida e no

    comrcio internacional competitivo.

    Quadro 1: MICROECONOMIA VERSUS MACROECONOMIA

    Microeconomia Macroeconomia

    Procura saber o que que acontece aos preos do

    po quando os preos do trigo diminuem/aumentam.

    Preocupa-se com o comportamento do ndice de

    preos (indicador que reflete o comportamento de

    todos os preos).

    Estuda em que medida que o tempo dispendido

    durante a juventude no ensino bem gasto.

    Estuda os determinantes da taxa de desemprego

    global.

    Examina porque que se importam veculos

    japoneses de marca Honda e porque que se

    exportam veculos de carga.

    Analisa as tendncias globais das importaes e

    exportaes.

    Ocupa-se da produo de determinados bens e

    servios de empresas e indstrias individuais.

    Ocupa-se da produo geral.

    Ocupa-se das despesas com determinados produtos

    feitos por unidades familiares em mercados bem

    delimitados.

    Ocupa-se das despesas globais com todos os bens e

    servios.

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    At aos anos 30 do Sculo XX havia pouca necessidade de se fazer qualquer distino

    entre os 2 ramos da teoria econmica, pois os economistas concentravam a sua ateno

    quase exclusivamente naquilo que viria a ser identificado como a teoria microeconmica.

    A teoria macroeconmica era ento de interesse secundrio.

    S a partir de 1936 que eclodiu um interesse pela Macroeconomia. Neste ano foi

    publicada a obra de John Maynard Keynes - Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda.

    Esta obra iniciou uma transformao de tal ordem que vrios autores decidiram chamar-lhe

    de revoluo keynesiana.

    1.4- ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA ECONMICO

    O desequilbrio entre desejos e recursos disponveis obriga a tomar decises econmicas

    para decidir sobre a afetao dos recursos escassos s necessidades ilimitadas. Decorrentes

    desta anlise surgem 3 grandes problemas que se colocam a qualquer economia

    independentemente do modelo de organizao adotado.

    1- O que e quanto produzir?

    2- Como produzir?

    3- Para quem produzir?

    As questes de que produzir, como e para quem produzir no levantariam problemas se os

    recursos no fossem escassos e as necessidades ilimitadas.

    A Fronteira de Possibilidades de Produo (FPP) a linha que reflete o problema da

    escassez: recursos escassos e usos alternativos.

    A curva da FPP representa as infinitas combinaes de produes dos bens em estudo para

    uma dada quantidade de recursos escassos e pode apresentar trs configuraes:

    FPP Linear: traduz custos de oportunidade constantes

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    FPP Cncava: traduz custos de oportunidade crescentes

    FPP Convexa: traduz custos de oportunidade decrescentes.

    Numa economia de Pleno-Emprego, quando produz um bem, tem de forosamente

    sacrificar uma certa produo do outro bem quando pretende incrementar a produo do 1

    bem: custo de oportunidade.

    Assim, Robinson Cruso no paga dinheiro a ningum, mas percebe que o custo de colher

    morangos pode ser considerado como sendo a quantidade de framboesas que ele poderia ter

    colhido ao mesmo tempo e com o mesmo esforo, ou como sendo do lazer sacrificado em

    troca dos morangos. Esse sacrifcio de fazer outra coisa qualquer chamado de custo de

    oportunidade. (Samuelson, 1975)

    O custo de Oportunidade:

    a resposta escassez.

    Permite calcular quanto que custa uma escolha. a quanto se sacrifica de um bem para aumentar a produo do outro bem.

    Quando decidimos utilizar os recursos escassos renunciando oportunidade de

    utiliz-los de outra forma (produzir hospitais obriga a renunciar a realizar estradas).

    O resultado o custo de oportunidade de escolher uma opo.

    O custo de se utilizar alguma coisa num empreendimento especfico o benefcio

    sacrificado (ou custo de oportunidade) por no utiliz-lo no seu melhor uso

    alternativo. (Lipsey & Steiner, 1969, p.215).

    De uma deciso o valor do bem ou do servio de que se prescinde (Samuleson &

    Nordhaus, 2005, p.13).

    A FPP pode ser tambm utilizada para explicar a Lei dos Rendimentos Decrescentes:

    quando aumentamos um fator varivel, mantendo todos os outros fixos, o produto

    associado aos sucessivos acrscimos idnticos desse fator decresce a partir de certo nvel

    (Andrade, 1998, p.I-23).

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    1.5- OS AGENTES ECONMICOS, O CIRCUITO ECONMICO E A

    CONTABILIDADE NACIONAL

    Ao analisarmos a Atividade Econmica vemos que existem vrios agentes (sujeitos)

    econmicos e que existem tambm funes distintas.

    Agentes Econmicos - so todos os intervenientes na economia, i., todos os que exercem

    uma funo no conjunto da economia. So os elementos que de alguma forma participam

    na atividade econmica, considerados mais significativos do ponto de vista da anlise da

    economia global.

    Os agentes econmicos podem ser agregados pela sua semelhana em termos das funes

    que desempenham:

    - Famlias (unidades de consumo por excelncia)

    - Empresas no financeiras (unidades de produo e/ou distribuio)

    - Empresas Financeiras- Estado (Administrao Pblica)

    - Exterior (Resto do Mundo)

    As relaes entre os agentes econmicos determinam fluxos que traduzem os movimentos

    entre eles.

    Fluxo - movimento correspondente ao que cada unidade econmica entrega ou recebe de

    outra.

    Os fluxos, podem ser classificados emfluxosreais - quando correspondem a fluxos de bens

    e servios e emfluxos monetrios - quando correspondem a fluxos de dinheiro.

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    O Circuito Econmico: representao esquemtica das relaes economicamente

    relevantes entre os agentes econmicos. D-nos uma viso global das ligaes e das inter-

    relaes entre os agentes econmicos.

    Circuito Real

    Servios NoComercializveis

    Famlias AdministraoPblica

    EmpresasNo-Financeiras

    InstituiesFinanceiras

    Resto do M undo

    Trabalho

    Servios No

    Comercializveis

    Trabalho

    E meios deproduo

    Trabalho

    Bens e

    Servios Bens eServios

    Bens eServios

    Exportaes

    Importaes

    Fonte: Cardoso & Reis (1997, pp.1-2)

    Circuito Monetrio

    Empr.JurosIndmn.

    Inv.

    Imp+ Cont.Sociais

    Cons Pbl

    Empr.JurosIndmn.Inv.

    Desp Cons+Invest

    Sal+Ren+ Jur+Lu

    DepsitosPrmiosSeguro

    JurosAmort.emprst

    Impostos + Contribuio sociais+indemnizaes+ Emprstimos

    Valor Exportaes

    Valor Importaes

    Fluxos deCompensao

    Venc+ subsd

    Famlias AdministraoPblica

    EmpresasNo-Financeiras

    InstituiesFinanceiras

    Resto do Mundo

    Imp+ Cont. Sociais

    Subsdios+ Depsitos+Prmios de Seguro+ Amortizao de Emprstimos

    DepsitosPrmiosSeguroJurosAmort.emprst

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    Contabilidade Nacional: ramo da Cincia Econmica que tem por objeto o

    estabelecimento de modelos descritivos da economia considerada como um todo (i.e no seu

    aspeto Macro)

    Contabilidade Nacional: tcnica de registo das operaes efetuadas pelos agentes

    econmicos durante um certo perodo de tempo, normalmente 1 ano.

    Objetivo:

    - Medir a riqueza criada num pas, a sua distribuio e aplicao

    - Aferir nvel de bem-estar de cada pas.

    Os Sistemas de Contabilidade Nacional (SCN), tendem a ser cada vez mais perfeitos para

    permitirem:

    Fazer comparaes entre os diferentes pases;

    Fazer comparaes intertemporais;

    Analisar fluxos econmicos e prever consequentemente a tomada de determinada

    deciso;

    Fazer previses sobre a evoluo da produo, consumo, distribuio, rendimentos,

    nvel de investimento, desemprego..

    As ticas de Clculo do Produto Nacional so 3:

    tica do Produto

    Distinguem-se os produtos pela sua natureza e origem (se do setor agrcola, se do setor

    industrial, se do setor dos servios)

    PIBcf= VABs Agrcola+VABs Industriais+VABs Servios

    = sVABPIBcf '

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    VAB: Valor Acrescentado Bruto = Valor da Produo Consumos Intermdios

    tica do Rendimento

    Consideram-se no as produes propriamente ditas, mas a sua contrapartida, traduzida na

    remunerao dos fatores produtivos em salrios, vencimentos rendas, juros, lucros etc.

    PIBcf=Salrios+Vencimentos+Juros +Rendas+Lucros + Amortizaes

    tica da Despesa

    Consideram-se o destino final da produo

    PIBpm=Consumo Privado+Consumo Pblico+Investimento+Exportaes-Importaes

    EXERCCIO DE DEMONSTRAO

    Considere os seguintes dados referentes a uma economia hipottica:

    Subsdios 1.000 Saldo do Rendimento Lquido do Exterior 2.000

    Amortizaes 5.000 Rendimento da Nao 140.000

    Impostos Indiretos 4.000 Transf. Correntes Lquidas com o Exterior 10.000

    Remuneraes do Trabalho 80.000 Remuneraes Empresariais 6.000

    a) Calcule o PIBpm.

    b) Calcule o PIBcf.

    c) Calcule os Rendimentos de Propriedade.

    Resoluo:

    a) PIB pm = PIB cf + Imp.Ind.-Subs

    PIB pm = 143.000+4.000-1.000 = PIB pm = 146.000

    b) PIB cf = PIB pm Impostos + Subsdios

    PIB cf = 146.000-4.000+1.000 = PIB cf = 143.000

    c) Rendimento de propriedade = rendas + juros

    RN = PNL cf

    PNL cf = salrios+subsdios+rendas+juros+/-SRRM

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    140.000=80.000+1.000+RP+2000

    Rendimento Propriedade = 140.000-80000-1.0000-2.000

    Rendimento Propriedade = 57.000

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    Captulo II Inflao

    Dado o reconhecimento generalizado dos benefcios da estabilidade de preos,

    consideramos fundamental explicar, a importncia da estabilidade de preos, a forma como

    esta pode ser alcanada e como que a sua manuteno contribui para os objetivos

    econmicos mais gerais da Unio Europeia (BCE, 2005).

    Embora a moeda conserve o seu valor nominal, ao longo do tempo, ela perde valor real em

    perodos de inflao, isto , perde poder de compra. Neste sentido torna-se oportuno

    entender o conceito de inflao, quais as principais causas, consequncias e como medir a

    Inflao numa dada economia.

    Objetivos:

    Pretende-se que saiba distinguir valores reais de valores nominais e as causas e

    consequncias da inflao.

    Competncias:

    Calcular e utilizar os diferentes indicadores econmicos.

    Realizar diagnsticos scio-econmicos.

    Desenvolver a anlise crtica da situao socioeconmica de um pas.

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    2.1- CONCEITOS

    2.1.1 - Definio de Preo

    O preo no mais do que a expresso monetria do valor de um bem transacionado no

    mercado. Uma das questes primordiais da economia estudar o processo pelo qual so

    estabelecidos os preos dos bens no mercado, ou seja, como funciona o mecanismo de

    mercado. Segundo a teoria econmica, o valor de determinado bem (e, por definio, o seu

    preo) resulta do confronto, no mercado, entre a sua procura por parte dos consumidores e a

    sua oferta por parte dos produtores. O valor atribudo pelos consumidores depende da

    utilidade que estes conseguem retirar do seu consumo, ou seja, do grau de satisfao de

    necessidades que o consumo do bem proporciona. O preo define as condies bsicas

    pelas quais, o vendedor e o comprador/consumidor esto dispostos a realizar a troca.

    2.1.2 - Definio de Inflao

    O Instituto Nacional de Estatstica define inflao da seguinte forma:Processo persistente e relativamente generalizado de aumento dos preos em

    vigor numa dada economia, observado ao longo de um dado perodo de tempo.

    A inflao verifica-se sempre que se regista um aumento no nvel geral de preos:

    aumento de preo do po, da gasolina e dos automveis; aumento dos salrios, dos preos

    da terra, das rendas domsticas e dos preos dos bens de capital. Referimo-nos deflao

    quando se regista uma reduo generalizada dos preos e dos custos (..) (Samuelson &

    Nordhaus 1991).

    A Inflao, segundo o BCE (2005) definida como Aumento do nvel geral de preos,

    por exemplo, do ndice de preos no consumidor, durante um perodo prolongado,

    enquanto o oposto Deflao entendida comoDecrscimo sustentado do nvel geral de

    preos, por exemplo, do ndice de preos no consumidor, durante um perodo prolongado.

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    Um termo relacionado desinflao, que uma reduo na taxa de inflao, mas no o

    suficiente para causar deflao.

    A manuteno da estabilidade de preos o objetivo primordial do Eurosistema. O

    Conselho do BCE definiu a estabilidade de preos como um aumento homlogo do ndice

    Harmonizado de Preos no Consumidor para a rea do euro inferior a 2 %. Alm disso,

    clarificou que, nos termos dessa definio, visa manter a taxa de inflao anual num nvel

    inferior mas prximo de 2 % no mdio prazo. (BCE, 2005).

    Ao longo do tempo poderemos observar perodos de acelerao da taxa de inflao ou

    descida da mesma. A inflao que se observa no Casaquisto nada tem a ver com a inflao

    observada nos EUA. H vrias formas de classificar o tipo de Inflao, consoante a taxa

    observada:

    - Inflao rastejante, (< 2%)

    - Inflao moderada (de 2 a 9%)

    - Inflao galopante (entre 10% e 99%)- Hiperinflao (taxas superiores ou iguais a 3 dgitos).

    2.2- CAUSAS DA INFLAO

    A Inflao pode ter fontes diversas que modifiquem a procura ou que pelo contrrio atuem

    do lado da oferta. Vejamos a sua influncia.

    A Inflao pela procura Nestes casos a subida dos preos provocada pelo aumento da

    procura, particularmente numa situao em que a economia se encontre prximo do pleno

    emprego dos recursos.

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    Resumindo podem-se apontar algumas causas especficas que levam Inflao nas

    economias:

    - Aumento dos custos de produo, desde matrias-primas, energia, juros, custos

    com o trabalho, etc.

    - Poltica Oramental Expansionista,

    - Poltica Monetria Expansionista,

    - Aumentos salariais reais, superiores aos ganhos da produtividade,

    - Inflao Importada,

    - Comportamento assambarcador de consumidores,

    - Estratgias comerciais das empresas, concertao de preos, e ausncia de com

    concorrncia nos mercados;

    - Dimenso e eficincia logstica do circuito de Distribuio, etc.

    2. 3- CONSEQUNCIAS DA INFLAO

    A Inflao um grave problema econmico, que qualquer Governo procura combater, compolticas adequadas. A Inflao acarreta um conjunto de consequncias que desenvolvem

    outros problemas e desestabilizam a economia e as condies de vida das populaes.

    Quais so ento as consequncias negativas deste problema?

    - Perda da competitividade internacional,

    - Desvalorizao da moeda,

    - Entesouramento de ouro e divisas consideradas moedas fortes,

    - Perda do poder de compra, sobretudo dos indivduos que vivem de rendimentos

    fixos, (assalariados, pensionistas, arrendatrios, etc),

    - A subida da Inflao leva consigo subida das taxas de juro (Poltica monetria

    expansionista), para contrariar a presso sobre a procura. So as empresas mais

    fortemente endividadas e os devedores, mais prejudicados,

    - A deteorizao das condies de vida, pode levar a crises sociais, manifestaes,

    saques e desordens de ordem poltica.

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    2. 4 - FORMAS DE DETERMINAR A INFLAO

    As quantificaes da inflao no so obtidas diretamente a partir dos preos, mas sim com

    base em indicadores sintticos, habitualmente designados como ndices de preos. O ndice

    de Preos no Consumidor (IPC) um indicador que permite medir a evoluo, no tempo,

    dos preos de um conjunto de bens e servios. determinado pela mdia ponderada dos

    ndices de preos dos respetivos bens pelo peso relativo que cada bem tem no cabaz de

    compras do consumidor mdio. Assim, a taxa de inflao medida pela variao mdia

    anual do IPC.

    Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatstica (INE) calcula mensalmente o ndice de

    Preos no Consumidor. Na realidade, o IPC no apenas um, mas sim vrios ndices de

    preos, isto , uma mdia ponderada dos vrios ndices, pelo respetivo peso que estes

    bens tm no cabaz de compras do consumidor mdio. Assim, mensalmente so tidos em

    conta mais de 70 mil preos, correspondentes a um total de 700 artigos (bens e servios)

    diferentes e inquiridos em cerca de 10 mil estabelecimentos comerciais distribudos por 41aglomerados populacionais. Obtm-se assim 700 ndices de preos simples ou elementares,

    os quais so depois sujeitos a vrios nveis de agregao.

    A taxa de inflao corresponde ao aumento percentual do IPC.

    Taxa de Inflao n / n-1 = (IPCn IPCn-1)/IPCn-1 * 100

    Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um pas ao longo dotempo preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. O primeiro diz respeito ao valor do

    PIB calculado a preos correntes, j o segundo calculado a preos constantes. Para

    avaliaes mais consistentes, o mais indicado o uso de seu valor real, que leva em conta

    apenas as variaes nas quantidades produzidas dos bens, e no nas alteraes de seus

    preos de mercado. Para isso, faz-se uso de um deflactor (normalmente um ndice de

    preos, com um valor de base = 100), como se pode ver para o valor real do consumo:

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    Consumo a preos constantes n = Consumo a preos correntes n 100

    IPCn

    Abaixo esto apresentados alguns valores para a taxa de Inflao, segundo dados do Banco

    de Portugal.

    Grfico.1 Evoluo da Taxa de Inflao em Portugal de 1981-2005

    Fonte: Banco de Portugal

    2.5 - DESEMPREGO VERSUS INFLAO

    O Objetivo deste ponto dar a conhecer a relao entre a taxa de desemprego e a inflao.

    O que se entende por Desemprego? Relativamente a este conceito possvel encontrar

    vrias noes.

    Desemprego em sentido lato - Indivduos com idade mnima de 15 anos, que no estejam a

    frequentar o ensino obrigatrio e que, na semana de referncia se encontram

    simultaneamente nas seguintes situaes:

    Sem trabalho, ou seja sem emprego, remunerado ou no;

    Disponvel para trabalhar num trabalho remunerado ou no.

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    Desemprego Voluntrio - Conjunto de pessoas que esto voluntariamente desempregadas,

    seja porque esto procura de um posto de trabalho que consideram adequado sua

    formao ou capacidades profissionais ou porque, taxa de salrio vigente, preferem no

    trabalhar.

    Desemprego Involuntrio -Conjunto de pessoas que querem trabalhar taxa de salrio

    prevalecente, mas no encontram um posto de trabalho vago, qualquer que seja o esforo

    que desenvolvam para o conseguir. Deve-se basicamente ao facto da taxa de salrio vigente

    estar acima da taxa de salrio de equilbrio.

    O desemprego tem atingido valores preocupantes em Portugal, conforme comprovam os

    dados abaixo:

    Grfico 2 Evoluo da Taxa de desemprego, em Portugal, de 1993-2006

    Fonte: INE

    A relao entre desemprego e crescimento econmico est na origem da Lei de Okun. Esta

    lei estabelece, em regra, que a taxa de desemprego cresce cerca de 1 (um) ponto percentual

    sempre que a taxa de crescimento do produto se reduz em cerca de 2 (dois) pontos

    percentuais. Em perodos de crescimento, o desemprego tem tendncia a reduzir-se, e em

    perodos de recesso, a aumentar.

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    A relao entre inflao e desemprego foi estabelecida em 1958 por A. W. Phillips e ficaria

    celebrizada como Curva de Phillips. A sua conjugao com a Lei de Okun permite

    encontrar o elo necessrio compreenso da relao entre o comportamento da inflao e

    do produto. A CURVA DE PHILLIPS, permite analisar os movimentos, a curto prazo, do

    desemprego e da inflao. Mostra que o combate inflao, gera mais desemprego e vive-

    versa.

    Esta evidncia emprica pode ser observada nos valores registados de 2003 a 2007.

    Quadro 2 - Taxa de Desemprego e de Inflao, de 2003 a 20052003 2004 2005 2006 2007

    Taxa de Inflao (%) 3,3 2,4 2,3 2,7 2,4Taxa de desemprego 6,3 6,7 7,6 8,1 8,3

    * Previso Fonte: Comisso Europeia, Banco de Portugal e OCDE

    Neste quadro versificamos que a inflao e desemprego revelam-se objetivos contraditrios

    e em conflito entre si. Para se alcanar uma reduzida taxa de desemprego teria de se aceitar

    uma taxa de inflao relativamente elevada e vice-versa. Os dados apresentados no quadro

    anterior corrobam a afirmao.

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    Para terminar convm referir que o Banco Central Europeu (BCE) a instituio central da

    poltica monetria da Unio Econmica Monetria (UEM), e o centro do Sistema Europeu

    de Bancos Centrais (SEBC), e um dos seus objetivos : Manter a estabilidade de preos

    na UEM sendo totalmente independente do resto das instituies europeias e dos

    diferentes governos nacionais, (....) WWW.ecb.org.

    Por isso o BCE concretizou o objetivo de manuteno da estabilidade dos preos, definindo

    estabilidade dos preos como sendo uma taxa de inflao da zona euro inferior a 2%. A

    variao dos preos calculada uniformemente em toda a zona recorrendo ao IHPC (ndice

    Harmonizado de Preos no Consumidor), como j foi referido.

    EXERCCIO DE DEMONSTRAO

    Considere os seguintes ndices para cada rubrica que compem o I.P.C de uma determinada economia:

    Rubrica ndice - ano 2003 ndice - ano 2004 Peso relativo (%)

    Alimentao

    Vesturio

    Habitao

    Sade

    Transp. e Comunic.

    Ensino e cultura

    Outras despesas

    115

    103

    108

    112

    109

    115

    107

    117

    105

    110

    120

    108

    120

    106

    25

    30

    10

    7,5

    7,5

    15

    5

    Ano base: 2002

    a) Com base nestes valores determine o IPC para o ano 2003 e 2004.

    b) Determine a taxa de inflao anual para o perodo 2002 a 2004

    c) Recorrendo equao das trocas de Fisher, justifique de que forma uma expanso monetria poder

    influenciar o nvel de preos.

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    Resoluo

    a)

    Ano 2003:

    IPC = 115*0,25 + 103* 0,30 + 106 * 0,10+ .+ 107* 0,05= 109,625

    Ano 2004:

    IPC = 117* 0,25 + 103* 0;30 + 110* 0;10+..+.106* 0,05 = 112,15

    b)

    Taxa de Inflao n= Taxa de Crescimento do IPC n/n-1= (IPC n IPC n-1) * 100 / IPC n-1

    Para o ano 2002-2003: Taxa de inflao 03/02 = (109, 625 100) * 100 )/ 100 = 9,625%

    Para o ano 2003-2004: Taxa de inflao 04/03 = (112,15 109,625) * 100 / 109,625 = 2,30%

    c) Equao de Fisher: MV = PT

    Onde:

    M = Oferta de moedaP = Nvel de Preos

    V = Velocidade de Circulao da Moeda

    T = Valor das Transaes de bens e servios

    Se aumenta o valor de M, mantendo-se V e T constantes, devido ao factos dos hbitos de pagamento-

    recebimento serem constantes a curto prazo e a capacidade produtiva tambm, a consequncia um aumento

    dos Preos!

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    Captulo III A Moeda e o Crdito na Economia e oFinanciamento da Economia

    Objetivos:

    Conhecer as diferentes formas de moeda, funes e fontes de emisso e o processo de

    criao de moeda pelo sistema financeiro.

    Competncias:

    Identificar as diferentes instituies monetrias e financeiras, as suas funes, as diferentes

    formas de financiamento e aplicaes financeiras.

    Registar as alteraes e as operaes bancrias das diferentes instituies do sistema no

    processo de criao da moeda.

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    3.1- BREVE RESENHA HISTRICA DAS FORMAS DE MOEDA

    A moeda metlica

    Nas sociedades primitivas, em que as necessidades se limitavam subsistncia, cada um

    produzia o que necessitava, colhendo o que a natureza lhe proporcionava, vivendo-se em

    autossubstancia. Aqui o consumidor estava associado ao produtor. medida que as

    sociedades foram evoluindo, foram-se criando melhores condies de trabalho para uma

    melhor eficcia com base na especializao do trabalho. Tendo-se assim definido vriasestratgias como a diviso do trabalho e das tarefas. Se cada um procurava em outra pessoa

    aquilo que necessita-se trocando produto a produto, tnhamos a chamada troca direta.

    Dificuldades como a coincidncia de interesses na troca, para infinito nmero de bens, a

    negociao para encontrar o valor justo dos diferentes bens, inviabilizavam muitas trocas.

    Da advm a importncia da moeda que veio resolver todos estes problemas, e substituir a

    troca direta de produtos por produtos (Moeda-mercadoria) pela troca indireta oumonetria. Passou assim de ser imprescindvel o uso da moeda, pois, no s todos a

    aceitavam por saberem que com ela poderiam obter aquilo que necessitavam, como

    facilitava a equivalncia dos bens que passavam a ser avaliados em relao moeda. Desde

    cedo que os metais preciosos (a prata e o ouro) foram adotados como instrumentos

    monetrios, por razes de fcil transporte, homogeneidade, divisibilidade e raridade.

    Ao longo da histria a moeda passou essencialmente por trs etapas: A etapa da moeda

    Pesada(com lingotes de metal de peso varivel), a etapa da Moeda Contada(com moedas

    cunhadas com peso conhecido) e finalmente a etapa da moeda Cunhada (onde uma

    autoridade passa a ter o monoplio da emisso de moeda, normalmente uma autoridade

    poltica ou religiosa).

    No que respeita aos sistemas metlico-monetrios, observaram-se trs etapas: primeiro o

    Sistema de Padres Paralelos, Sistema Bimetlico, cujo desaparecimento esteve na origem

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    da lei de Gresham(A Moeda M Expulsa a boa de circulao) e finalmente o Sistema

    Monometlico (que durou at 1971, altura em que o Presidente dos EUA, declarou a

    inconvertibilidade do USD em Ouro).

    Nota de banco

    Segundo Andrade (1998) a nota de banco desenvolveu-se na Europa a partir do Sculo

    XVII. Esta forma de meio de pagamento deriva diretamente dos certificados que eram

    emitidos pelos banqueiros e que comprovavam a receo dos depsitos em metal precioso

    Letras de Cmbio. As letras de cmbio eram utilizadas como meio de troca entre

    comerciantes mas no constituam verdadeira moeda, pois os montantes emitidos

    correspondiam ao valor das espcies metlicas depositadas nos bancos Estas letras

    circulavam na vez da moeda metlica era uma nota representativa dos metais preciosos.

    Nesta altura as notas emitidas pelos bancos estavam integralmente cobertas pelo seu valor

    em metal que substituam em circulao.

    Mais tarde quando os bancos combinam as operaes de captao de depsitos e deconcesso de crdito e desconto de ttulos deu-se um passo para uma nova etapa a que se

    pode chamar a etapa da nota de banco convertvel ou moeda fiduciria(fidussignifica

    confiana). A constatao por parte dos bancos da aceitabilidade das suas notas criou nos

    bancos o hbito de entregarem notas em vez de metal nas operaes de desconto. Este tipo

    de operao tornou-se possvel porque os bancos constataram que os portadores das suas

    notas no reclamavam simultaneamente o seu reembolso em metal. Assim, foi-lhes

    possvel avaliar o risco de no conservar uma cobertura integral em metal para as notas que

    emitiam. Por conseguinte a nota de banco torna-se uma verdadeira moeda distinta da

    moeda metlica, deixando as notas de banco de estar totalmente cobertas em ouro.

    Em consequncia de inmeras bancarrotas e fraudes bancrios, com graves consequncias

    financeiras e sociais, no final do Sculo XIX, a emisso de notas passou a ser

    monopolizada por uma autoridade, designada Banco Central e passou-se fase da moeda

    inconvertvel ou papel-moeda de curso forado. Estado intervm para impor a circulao

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    obrigatria da nota de banco, numa poca em que a aceitabilidade social desta forma

    metlica estava muito longe da que lhe reconhecemos hoje.

    Moeda Escritural

    O desenvolvimento do sistema bancrio levou ao aparecimento de outros mtodos para

    efetuar pagamentos como os cheques ou de ordens de pagamento. Ou seja o pagamento

    feito por um simples jogo de Escrita nos Bancos. E assim estamos perante uma nova

    forma de moeda escritural, em que o saldo credor de uma conta bancria passa para outrem,

    sem efetiva movimentao de moeda no sentido material. O cheque tem vindo a perder

    utilidade devido s novas tecnologias da informao e comunicao, pois foi criada uma

    moeda digital na qual pode fazer circular milhes volta do Mundo mediante um simples

    toque no teclado de um computador. Por isso se fala da: Moeda eletrnica: Esta resulta da

    utilizao de cartes que permitem o levantamento de dinheiro a qualquer hora e em

    diferentes locais. Estes cartes podem ser de dbito e de crdito e permitem realizar vrias

    operaes tais como: obter estratos de conta; fazer depsitos e pagamentos, etc. so um

    suporte de moeda escritural.

    Moeda informtica: trata-se de outra forma de movimentar a moeda escritural, executa

    pagamentos pelo computador ao banco de que o agente econmico cliente. So

    essencialmente as empresas que utilizam este processo, no entanto o nmero de particulares

    que comunicam com o seu banco por esta via tem vindo a aumentar.

    Conclui-se que houve uma progressiva desmaterializao da moeda ao longo da sua

    evoluo. A moeda no acaba na moeda de papel, pois esta desaparece com a moeda

    bancria (circulao de um depsito no tem qualquer realidade material, no tem

    existncia fsica). A desmaterializao da moeda apresenta hoje formas muito sofisticadas.

    Agora, mais do que moedas ou notas, dinheiro informao eletrnica, um registo

    computacional. A utilizao generalizada de cartes de dbito e de crdito contribui para o

    lugar privilegiado que hoje em dia a moeda escritural ocupa no conjunto dos meios de

    pagamento.

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    3.2- CONCEITO DE MOEDA

    Moeda algo que sirva como meio de troca, algo que seja amplamente aceite como

    meio de pagamento. (Samuelson & Nordhaus, 1988).

    Podemos definir a moeda como sendo um bem de natureza instrumental que essencialmente

    se caracteriza pela sua aceitabilidade, trocabilidade e disponibilidade, e cuja posse, em

    consequncia, confere o direito de saque indeterminado na pessoa, no objeto, no tempo e no

    espao social onde circula, sobre a produo global de bens e servios (Andrade, 1998)

    Daqui podemos dizer que apresenta trs caractersticas prprias:

    Aceitabilidade

    Trocabilidade

    Disponibilidade

    3.3 - FUNES DA MOEDA

    A moeda desempenha diversas funes, que justificam a sua existncia:

    Meio de troca: A moeda o instrumento intermedirio das trocas de aceitao geral, para

    ser recebido em contrapartida da cesso de um bem e entregue na aquisio de outro bem,

    afastando os inconvenientes associados troca direta. Isto significa que a moeda serve para

    solver dbitos e um meio de pagamento de aceitabilidade geral.

    Unidade de conta: A Moeda, atravs dos preos dos bens permite avaliar o valor dos bens

    se forma genrica e simples, isto permite contabilizar ou exprimir numericamente os

    ativos e os passivos, os haveres e as dvidas. A moeda serve de termo de comparao dos

    valores que so trocados e produzidos e na avaliao do valor de um bem ou do PNB.

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    Meio de Pagamento A moeda serve para liquidar dividas e extinguir posies

    Credoras/Devedoras.

    Reserva de valor:A moeda pode ser utilizada como uma acumulao de poder aquisitivo,

    a usar no futuro. Assim, tem subjacente o pressuposto de que um encaixe monetrio pode

    ser utilizado no futuro, isto porque pode no haver sincronia entre os fluxos da despesa e

    das receitas, por motivos de precauo ou de natureza psicolgica. A moeda no o nico

    ativo a desempenhar esta funo; o ouro, as aes, as obras de arte e mesmo os imveis

    tambm so reservas de valor. A grande diferena entre a moeda e as outras reservas de

    valor est na sua mobilizao imediata do poder de compra (maior liquidez), enquanto os

    outros ativos tm de ser transformados em moeda antes de serem trocados por outro bem.

    Em perodos de alta inflao a moeda deixa de ser utilizada como reserva de valor, pois

    perde poder de compra. A estabilidade do valor da moeda depende da estabilidade dos

    preos.

    Com o passar do tempo, a moeda passou a ser um instrumento de poltica econmica:Meio de uma poltica monetria

    Meio de financiamento pblico e privado

    3.4- OS AGREGADOS MONETRIOS

    Partindo da definio de moeda. possvel classificar os diversos tipos de moeda de acordo

    com a satisfao dos requisitos de suas principais funes e relaciona-la com sua liquidez.

    Alguns agregados mais comuns so:

    M1 (narrow definition of money): O agregado M1 foi definido como a moeda em

    circulao mais depsitos ordem. o agregado mais lquido, constitudo pelos

    meios de pagamento com liquidez imediata.

    M2 (broader definition of money). O M2 inclui o M1 mais depsitos a prazo fixo

    at dois anos e depsitos com pr-aviso at trs meses.

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    O M3 inclui o M2 mais acordos de reporte, aes e unidades de participao em

    fundos do mercado monetrio, bem como ttulos de dvida com prazo at dois anos.

    A Teoria Quantitativa da Moeda resulta da abordagem de fenmenos monetrios feita

    porFisher (1911)atravs da clebre equao das trocas. Esta equao permite determinar a

    regra de formao dos preos. Esta teoria defende que o nvel geral dos preos surge

    relacionado diretamente com a quantidade de Moeda em circulao e pela velocidade de

    circulao.

    A teoria quantitativa da moeda foi formulada por David Hume (17111776) no sculo

    XVIII, pertencendo s teorias clssicas, explica a inflao como sendo um fenmeno

    exclusivamente monetrio. A razo entre a quantidade de moeda, vulgarmente designada

    de dinheiro, e as transaes anuais do sistema (em que a inversa a velocidade de

    circulao de moeda) depende da estrutura econmica, dos hbitos de consumo e poupana

    da populao, do nmero de populao de habitantes por distribuio geogrfica, da

    frequncia com que se pagam salrio e dos impostos. Considerando que esses fatores soconstantes (ceteris paribus), a curto prazo, o nvel de preos surge como diretamente

    proporcional ao fluxo de dinheiro e inversamente proporcional ao volume fsico da

    produo.

    A teoria quantitativa da moeda dada pela equao:

    MV=PQ

    M Moeda, varivel exgena

    V Velocidade de circulao da moeda (constante a curto prazo)

    P Nvel de preos

    Q Nvel de produto (constante a curto prazo)

    Existem duas variveis constantes na frmula fundamental das trocas => V e Q (a

    velocidade de circulao considerada constante, depende de fatores institucionais) donde

    os preos surgem relacionados diretamente com a quantidade de Moeda.

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    3.5 - O SISTEMA MONETRIO E FINANCEIRO

    O Sistema Financeiro composto por um conjunto de instituio que asseguram,

    essencialmente, a canalizao da poupana para o investimento. Assim, estas instituies

    (denominadas, geralmente, instituies financeira1) desempenham um papel intermedirio

    entre os agentes econmicos pessoas, famlias, empresas, outras instituies, Estado -

    que, num dado momento, se podem assumir como aforradores e, noutros momentos, como

    investidores. Na ausncia destas instituies, os agentes econmicos que necessitassem de

    crdito teriam de o obter diretamente junto dos aforradores. Hoje em dia, e como deve

    calcular, devido ao volume e complexidade das transaes financeiras, a sua realizao

    passa sobretudo por estas instituies, pelo que as funes que desempenham tm uma

    grande relevncia.

    Analisemos, de um modo geral, os setores que constituem o sistema econmico.

    Primeiramente surgem-nos os setores: Interno;

    Externo.

    O setor internoabrange os agentes econmicos residentes que operam entre si no mesmo

    espao econmico e monetrio nacional.

    O setor externo abarca os setores:

    Financeiro;

    No Financeiro.

    1 A legislao que, desde 1 de janeiro de 1993, regula o nosso sistema Financeiro chama empresasfinanceiras ao conjunto das instituies de crdito e sociedades financeiras, pelo que este conceito serutilizado preferencialmente.

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    Pode definir-se o primeiro como tendo capacidade para criar moeda e/ou estabelecer uma

    intermediao entre a poupana e o investimento. O setor no financeiro integra os

    aforradores e utilizadores de crdito, ou seja, a clientela em geral.

    O Setor Financeirodivide-se depois em:

    Monetrio;

    No monetrio.

    O Setorno financeirodecompe-se em;

    Pblico;

    Produtivo;

    Particulares (Familiar)

    No setor monetrioencontramos as instituies de crdito que criam moeda ou meios de

    pagamento, nomeadamente com base em recursos alheios multiplicados atravs de crdito

    concedido.

    O no monetrio constitudo pelas empresas financeiras que, no recebendo depsitos,

    concedem financiamentos, intermeando fundos prprios e recursos obtidos de emprstimos.

    A capacidade decriar moeda um dos fatores de distino entre o setor monetrio e no

    monetrio. Como se pode observar, o setor de financiamento um dos grandes setores da

    economia.

    Experimente, agora, traar uma linha no seu Quadro que delimite o Sistema Financeiro.

    Como v, possvel identific-lo!

    Algumasconclusesse podem extrair de modo imediato, como por exemplo:

    Faz parte do setor interno da Economia;

    E composto pelos setores monetrio e no monetrio.

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    Figura 1 - O SISTEMA FINANCEIRO NO QUADRO DA SECTORIZAO DA ECONOMIA

    Alm desta funo de intermediao, as instituies financeiras exercem atividades

    especficas distintas, que as caracterizam. So, pois, estas atividades expressamente

    previstas nos diplomas que regem o Sistema Financeiro Portugus que esto na base da

    classificao das instituies ou empresas financeiras.

    Um destes diplomas, denominado Regime Geral das Instituies de Crdito e

    Sociedades Financeiras D. -L. 298/92 de 31 de dezembro, vai servir de base ao nosso

    estudo. Por vezes tambm designado por Lei - Quadro do Sistema Financeiro ou Lei

    Bancria.

    Economia

    SetorInterno

    SetorExterno

    1 nvel

    2 nvel

    Financeiro

    NoFinanceiro

    3 nvel

    Monetrio

    NoMonetrio

    SetorPblico

    SetorProdutivo

    Particulares/Famlias

    AutoridadesMonetrias

    InstituiesDe Crdito

    SociedadesFinanceiras

    Administrao centralAdministrao localSegurana Social

    Empresas pblicas (no financeiras)Outras empresas (no financeiras

    MinistrioDas Finanas

    BancoCentral

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    Em primeiro lugar importa referir que esta instituio viu o seu poder e autonomia

    reforados, nomeadamente, a partir do momento em que passou a ser responsvel pela

    autorizao para a constituio de novas instituies de crdito2(IC).

    Mas, analisemos melhor cada uma das principais funes do Banco Central. O Banco de

    Portugal, como banco central da Repblica Portuguesa, faz parte integrante do Sistema

    Europeu de Bancos Centrais (SEBC) - (Art. 3./1 LOBP3). Como tal, prossegue os

    objetivos e participa no desempenho das atribuies cometidas ao SEBC e est sujeito ao

    disposto nos Estatutos do SEBC e do Banco Central Europeu (BCE), atuando em

    conformidade com as orientaes e instrues que o BCE lhe dirija ao abrigo dos mesmos

    estatutos. (Art. 3./2).

    Nos termos do artigo 105.-A, n. 1, do Tratado que institui a Unio Europeia, o Banco de

    Portugal emite notas com curso legal e poder liberatrio, sendo o BCE que tem o direito

    exclusivo de autorizar a emisso de notas de banco em euros. O BP tambm pe em

    circulao as moedas metlicas, sem prejuzo da aprovao pelo BCE do volume darespetiva emisso. Compete, igualmente, ao Banco Central Nacional, sem prejuzo dos

    condicionalismos decorrentes da sua participao no SEBC, entre outras funes:

    Gerir as disponibilidades externas do pas;

    Agir como intermedirio nas relaes monetrias internacionais do Estado;

    Aconselhar o Governo nos domnios econ6rnico e financeiro;

    Regular, fiscalizar e promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamentos;

    Orientar e fiscalizar os mercados monetrio e cambial, no mbito da sua participao

    no SEBC. Neste campo, cabe ao Banco Central, de acordo com as normas do BCE,

    designadamente, adotar providncias genricas ou intervir, sempre que necessrio,

    ao nvel do comportamento das taxas de juro e de cmbio, tendo em vista garantir os

    objetivos da poltica monetria e cambial;

    2Poder anteriormente exercido pelo Ministrio das Finanas, sob parecer do Banco de Portugal.3Lei Orgnica do Banco de Portugal.

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    Realizar a superviso das IC, das SF e de outras entidades que lhe estejam legalmente

    sujeitas.

    A fim de alcanar os objetivos e de desempenhar as atribuies do SEBC, o BP pode,

    ainda, efetuar operaes tpicas de banco central como, por exemplo:

    Redescontar e descontar Letras e Livranas e outros ttulos anlogos;

    Aceitar, do Estado, depsitos vista;

    Aceitar depsitos vista ou a prazo das IC, SF e outras IF;

    Abonar juros por depsitos vista ou a prazo.

    Existem, por outro lado, um conjunto de operaes que se encontram vedadas ao BP,

    entre as quais salientamos:

    A concesso de descobertos ou de qualquer outra forma de crdito ao Estado

    e servios ou organismos dele dependente, salvo raras excees previstas na

    lei;

    A participao no capital, como scio de responsabilidade ilimitada, de IC,SF ou quaisquer outras sociedades.

    Mas afinal quem so o SEBC e o BCE?

    De uma forma abreviada podemos dizer-lhe que o SEBC foi a forma institucional

    encontrada para fazer face ao facto de cada Estado membro possuir um banco central e uma

    poltica monetria prpria, realidade incompatvel com a concretizao da Unio Monetria

    Europeia, que pressupe, precisamente, uma poltica monetria nica.

    Por outras palavras, a responsabilidade pela poltica monetria passou dos Bancos Centrais

    Nacionais para o SEBC/BCE, que anuncia e executa operaes da poltica nica em euros.

    Optou-se, assim, por uma estrutura tipo federal- o SEBC formado pelos vrios Bancos

    Centrais Nacionais e pelo BCE.

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    O tratado da Unio Europeia estipula que o objetivo principal do SEBC manter a

    estabilidade dos preos, sem prejuzo do apoio s polticas econmicas gerais da UE, tendo

    em vista contribuir para a realizao dos objetivos da Comunidade. Por curiosidade,

    informamos que o Governador de Banco de Portugal membro do conselho e do Conselho

    Geral do BCE.

    J as Outras Instituies de Crdito (O.I.M), so empresas cuja atividade consiste em

    receber do pblico depsitos ou outros fundos reembolsveis, a fim de os aplicar por conta

    prpria, mediante a concesso de crdito4.

    De um modo geral, pode dizer-se que as instituies financeiras tm como funo principal

    servir de intermedirio entre os diferentes agentes econmicos aforradores e

    investidores.Para desempenharem essa funo utilizam um conjunto de instrumentos e de

    mecanismos apropriados que levam em conta as diferenas de volume de capital, prazo e

    risco (aes: longo prazo e alto risco, certificados de depsito: curto prazo e baixo risco).

    Isto faz com que tentem criar condies para que todos os aforradores encontrem noMercado formas de investimento que os satisfaam, sejam quais forem os volumes que

    pretendem aplicar, os prazos por que querem investir ou riscos que esto dispostos a correr.

    Utilizando um critrio mais restrito, podemos tambm dizer que, por um lado, os bancos

    captam poupanas - efetuam operaes passivas - e, por outro, concedem crdito -

    operaes ativas. Estas so as duas traves mestras da sua atuao que se traduzem,

    afinal, na intermediao financeira. Mas, para completar, teremos ainda que considerar a

    funo desempenhada pelosservios.Esquematizando, temos:

    4Art. 2" do RGICSF (Regime Geral das Instituies de Crdito e Sociedades Financeiras)

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    Figura 2: Principais Operaes das O.I.M.

    EXERCCIOS DE DEMONSTRAO

    Num dado pas conhecemos o valor da massa monetria mais alargada que de 1 000 000 Euros. Sabemos

    ainda que C = 0,6 D.O. , D.P. = 0,9 D.O. , as Reservas totais dos Bancos de Segunda Ordem so de 100

    000 Euros e os depsitos totais esto cobertos por 10% de reservas legais. Nestas circunstncias, determine:

    a) O limite mximo de expanso de crdito nesta economia

    b) A necessidade de refinanciamento junto do Banco Central, por parte dos bancos de segunda ordem,

    para satisfazer uma procura de crdito de 250 000 Euros.Resoluo:

    a) M = 1000 000

    C = 0,6. DO

    DP = 0,9. DO

    RIoim = 100 000

    BANCOS

    OPERAESPASSIVAS

    OPERAESATIVAS

    PRESTAO

    DESERVIOS

    Depsitos dos

    clientes;Emprstimosobrigacionistas

    Outros. Guarda de Valores;Homebanking;Cobrana de conta alheia;Aluguer de cofres;Outros.

    Abertura de Crdito;Garantias;

    Descontos;Descobertos;Outros.

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    RO = 10% = 0,1

    M2 = C + DO + DP = 1000 000 = 0,6 DO + 1 DO + 0,9 DO

    = 1000 000 = 2,5 DO

    = DO = 1000 000 / 2,5

    = DO = 400 000

    C = C

    C + DO + DP

    = C = C

    M2

    = C = 0,6 DO

    1000 000

    = C = 0,6. ( 400 000)

    1000 000

    = C = 0,24

    DT = DO + DP

    = 400 000 + 0,9 DO

    = 400 000 + 0,9. (400 000)

    = 760 000

    RO = RO = 0,1 = RO = RO = 76 000

    DT 760 000

    K = 1 = K = 1 = K = 3,16

    C + (1 C). RO 0, 24 + (1- 0, 24). 0,1

    M = K.REX

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    = 3,16. 24 000 Clculo Auxiliar:

    = 75 840 RT = RO + REX

    = 100 000 = 76 000 + REX

    = REX = 24 000

    b) Crdito oferecido ( Cs) = 75 840 Credito procurado (CD) = 250 000

    Como: Cb

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    Captulo IV Problemas Conjunturais versus Polticas

    Econmicas: Modelo Clssico e Modelo Keynesiano

    Objetivos: Pretende-se que o aluno conhea os principais problemas conjunturais e as

    diferentes polticas econmicas, segundo as diferentes paradigmas ideolgicos dos Liberais

    aos mais Intervencionistas.

    Competncias:

    Identificar os modelos subjacentes s polticas econmicas.

    Reconhecer os instrumentos de poltica econmica.

    Avaliar as consequncias das medidas de poltica econmica sobre a conjuntura de um pas.

    Saber fazer uma anlise critica e fundamentada da conjuntura economica que determinado

    pas atravessa.

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    4.1. PROBLEMAS CONJUNTURAIS VERSUS POLTICAS ECONMICAS

    O QUE CONJUNTURA ECONMICA?

    a situao econmica que um dado pais atravessa num dado momento e analisada atravs

    de um conjunto de indicadores econmicos.

    O QUE SO OS INDICADORES SCIOECONOMICOS?

    So dados e/ou informaes sinalizadoras ou apontadoras do comportamento (individual ou

    integrado) das diferentes variveis e fenmenos componentes de um sistema econmico de

    um pas, regio ou estado. So fundamentais tanto para propiciar uma melhor compreenso

    da situao presente e o delineamento das tendncias de curto prazo da economia, quanto

    para subsidiar o processo de tomada de decises estratgicas dos agentes pblicos

    (governo) e privados (empresas e consumidores).

    QUAIS OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DESTES INDICADORES?

    avaliar as empresas;

    decidir projetos de investimento,avaliar a poltica econmica do governo;

    fazer comparaes internacionais;

    fazer previses;

    QUAIS OS PRINCIPAIS INDICADORES SCIO-ECONOMICOS UTILIZADOS

    EM PORTUGAL NA ANALISE DA CONJUNTURA?

    - (Produto Interno Bruto) o principalindicador da situao econmica. Mede o valor

    total de bens e servios produzidos na economia de um pas em um determinado perodo.

    calculado de acordo com as compras do consumidor e do governo, investimentos privados,

    e o valor total das exportaes ao que se retira o valor das importaes.

    - Divida Pblica -dvida governamental ou dvida pblica o termo usado para descrever

    o endividamento de um governo de um dado pas tambm chamada por vezes de dvida

    nacional.

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    - Taxa de inflao - pode ser entendida como o aumento generalizado e permanente dos

    nveis de preos do sistema econmico.

    - Exportaes de bens e servios - Representa o valor das vendas e outras remessas de

    bens e servios de propriedade para o exterior, realizadas por agentes econmicos

    residentes do pas, a preos de embarque, excluindo o pagamento de fretes, seguros,

    impostos e taxas.

    - Importaes de bens e servios- Representa o valor das compras e outros ingressos de

    mercadorias e servios procedentes do exterior do pas.

    - Saldo da balana comercial - mede a diferena entre o valor das importaes e

    exportaes de um pas durante um perodo determinado.

    -Taxa de desemprego - o nmero dos trabalhadores desempregados divididos pela fora

    de trabalho total.

    - Consumo Privado - o consumo que feito pelas famlias, enquanto agentes

    econmicos, na compra dos bens e dos servios que precisam para satisfazer as suas

    necessidades (alimentao, vesturio, habitao, divertimentos, etc.).

    - Consumo Pblico - o consumo do Estado realizado em consumos que so necessrios sua atividade e funo social (educao, sade, segurana, investimento pblico, proteo

    social, etc).

    4.2. O QUE SE ENTENDE POR POLTICAS ECONMICAS?

    4.2.1 O conceito de polticas econmicas

    Segundo Branco (2007), polticas econmicas so um grupo de decises coerentes tomadas

    pelo governo que, utilizando instrumentos econmicos, procuram atingir determinados

    objetivos a longo prazo.

    J Eleto e Dezordi (2002) defendem que funo do governo zelar pelos interesses e pelo

    bem-estar da comunidade em geral. Sendo assim, o setor pblico, que um agente

    econmico de peso, procura atuar sobre determinadas variveis e atravs destas alcanar

    determinados fins tidos como positivos para a populao.

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    Podemos dizer que a anlise de polticas econmicas est no campo da macroeconomia

    uma vez que pretendem afetar a economia como um todo.

    Finalidades -> Objetivos - > Instrumentos -> ResultadosFigura1: Esquema geral das polticas econmicas

    4.2.2 Polticas conjunturais e polticas estruturais

    Polticas conjunturais: Tm como objetivo manter ou restabelecer o equilbrioeconmico-financeiro a curto prazo.

    Polticas estruturais: Tm como objetivo modificar as estruturas da economia a longo

    prazo. Pretende adotar, preparar, orientar e impulsionar as modificaes estruturais

    para seguir com a evoluo econmica.

    Assim,

    PolticasConjunturais

    PolticasEstruturais

    Durao Curto Prazo Longo Prazo

    Objetivo Manuteno dos equilbrios Adaptao das estruturas

    Efeitos Quantitativo Qualitativo

    4.2.3. Os grandes objetivos das polticas econmicas

    Jan Tinbergen (1963) distingue quatro grandes objetivos do setor pblico:

    1- O crescimento da produo: O estado deve prever ou facilitar o acesso a bens e

    servios essenciais tais como educao, sade, defesa, segurana, transporte e justia. Deste

    modo evita-se a desertificao.

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    2- Emprego cheio de fatores de Produo (Estabilizador):No interessa somente a taxa

    de desemprego pois as empresas no sabiam produzir de maneira duradoura com uma fraca

    taxa de uso das suas capacidades de produo. O estado deve estar atendo a inflao, taxa

    de desemprego e nvel de produo.

    3- Estabilidade dos preos (regulador):O estado deve atuar de forma reguladora sob a

    atividade econmicas de modo a que consiga o controle de alguns preos, monoplios e

    aes que prejudiquem o consumidor.

    4- O equilbrio externo (redistribuio): As polticas econmicas devem atingir e

    beneficiar os mais necessitados. A igualdade social deve ser uma prioridade do estado. A

    estes quatro objetivos, Xavier Greffe (1988) junta a estabilidade da taxa de cmbio.

    4.3 - INSTRUMENTOS TRADICIONAIS DAS POLTICAS ECONMICAS

    4.3.1 Polticas monetriasAs polticas monetrias tm como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. A

    lgica da poltica monetria consiste em controlar a oferta da moeda (liquidez) para

    determinar a taxa de juros de referncia de mercado (Cleto e Dezordi, 2002). Ou seja, o

    banco central de um pas eleva a taxa de juros diminuindo a oferta monetria e reduz a taxa

    de juro aumentando a oferta monetria.

    4.3.2 Polticas oramentais

    Polticas oramentais ou, polticas fiscais, so o principal instrumento de poltica

    econmica do setor pblico. Consiste na elaborao e organizao do oramento de estado

    que define as receitas e gastos pblicos gastos num determinado perodo de tempo.

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    4.4 - A ESCOLHA DE POLTICAS CONJUNTURAIS

    4.4.1 Polticas de estabilizao

    As polticas de estabilizao visam reduzir a velocidade da atividade econmica com vista

    a lutar contra a inflao.

    4.4.2 Polticas de aumento

    Tm como objetivo aumentar a atividade econmica e o crescimento de produo. Com isto

    consegue-se um aumento dos lucros fiscais e uma diminuio dos custos de produo.

    4.5. POLTICAS CONJUNTURAIS NA EUROPA

    Cabe ao Banco Central Europeu decidir as polticas monetrias a adotar enquanto que as

    polticas oramentais so da responsabilidade do estado.

    4.5.1. A definio delicada dos objetivos das polticas monetrias

    Como j foi referido anteriormente, o Banco Central Europeu (BCE) tem como misso a

    estabilidade de preos. Neste sentido, o conselho do BCE adotou a seguinte definio: a

    estabilidade de preos ser definida como a aumento anual do ndice de preos no

    consumidor harmonizado para a rea euro inferior a 2% que amplamente compatvel

    com a maioria das definies atuais adotadas pelos bancos centrais nacionais da zona euro.

    A curva d A. W. Phillips publicada em 1958 mostra uma relao inversamente proporcional

    entre a taxa de desemprego e o nvel de inflao. O autor utilizou dados de inflao e

    desemprego do Reino Unido no perodo de 1861 a 1957. Esta curva pretende mostrar que

    quando a taxa de inflao aumenta, a taxa de desemprego diminui e viceversa. (ver cap. II

    sobre Inflao).

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    No entanto, possvel existem dois tipos de casualidades. Primeiro, a diminuio da taxa

    de desemprego dirigiria a uma elevao dos salrios no mercado de trabalho, logo um

    aumento de preos de forma a recuperar os lucros. Ou seja, a inflao teria origem no

    aumento dos salrios. Segundo, quando a inflao aumentasse, a taxa de desemprego

    diminua. Ou seja, qualquer poltica econmica deveria escolher entre o desemprego em

    detrimento da inflao, e a inflao as custas do desemprego.

    4.5.2. Qual a poltica de cmbio para o euro?

    Aqui pe-se o problema do valor do euro: Euro forte ou euro fraco? Uma poltica de

    depreciao do euro conduzir a um aumento dos preos das importaes e por

    conseguinte, uma baixa do volume de importaes. Alm disso, a baixa do preo das

    exportaes pode permitir aumentar os volumes exportados. Ou seja, a depreciao

    conduzir teoricamente a um aumento de competitividade de preo, mas com riscos

    inflacionistas.

    Uma poltica de apreciao/valorizao do euro causar a uma baixa de preos das

    importaes e por conseguinte um aumento de importaes, em detrimento das produes

    nacionais. Por outro lado, a valorizao do euro aumenta o preo das exportaes, o que

    trava os volumes exportados. Ou seja, a valorizao do euro permite conter a inflao mas

    baixa a competitividade de preo.

    De acordo com a condio de Marshall-Lerner, ou do teorema das elasticidades crticas, a

    soma das elasticidades competitividade preo das importaes e das exportaes dever ser

    superior unidade.

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    4.6- POLTICAS ORAMENTAIS NACIONAIS OU POLTICAS ORAMENTAIS

    COMUNITRIAS?

    4.6.1. Das margens de manobra reduzidas para as polticas oramentais nacionais

    Os estados tm de manter o dfice oramental abaixo de 3% do PIB. Quando isso no

    acontece o estado obrigado a tomar medidas para descer o dfice e caso o estado no

    tome as medidas necessrias esto previstas sanes a aplicar a esse estado.

    necessrio este rigor pois o aumento da dvida pblica de um estado e o pedido de

    capitais pode provocar um aumento das taxas de juro a longo prazo dos mercados

    financeiros, ou ainda uma elevao das taxas de juro a curto prazo decidida pelo BCE a fim

    de prevenir a inflao. Todos os pases da zona euro so prejudicados pelo aumento das

    taxas de juro pois trava a atividade econmica devido ao fracasso oramental de um s.

    4.6.2. O oramento europeu: papel especfico, meios limitados

    O oramento europeu sustentado pela contribuio dos estados, por o imposto dealfndega das importaes de pases terceiros e por uma parte dos lucros de TVA. Porm,

    estes lucros so modestos uma vez que s representam 1,27% do PDB europeu.

    Estes recursos so destinados ao financiamento de duas grandes polticas a longo prazo: As

    polticas agrcolas e as aes estruturais.

    4.6.3. Polticas oramentais para a Europa

    Para tornar mais eficaz o instrumento oramental dos pases europeus h duas solues

    possveis: o federalismo oramental ou a coordenao das polticas oramentais nacionais.

    O federalismo oramental tem por base constituir um oramento comunitrio suficiente

    para fazer face aos choques assimtricos que os pases europeus sofrem.

    A coordenao das polticas oramentais nacionais tm por finalidade assegurar a coerncia

    destas. Trata-se de uma coordenao informal. Uma vez que qualquer dfice oramental

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    nacional, suscetvel de ser financiado por emprstimo, poder aumentar as taxas de juro de

    todos os outros pases, necessrio definir os melhores meios para resolver as dificuldades

    conjunturais de uns, sem prejudicar os outros.

    4.7. AS POLTICAS ESTRUTURAIS NA EUROPA

    4.7.1 A poltica agrcola comum

    O objetivo das polticas agrcolas (PAC) desenvolver a produtividade da agricultura e dar

    incremento ao progresso tcnico. Desta forma assegura-se o desenvolvimento da produoagrcola e a utilizao tima dos fatores de produo, designadamente da mo de obra,

    assegurando deste modo um nvel de vida equitativo populao agrcola, nomeadamente

    pelo aumento do rendimento. A PAC tem tambm como objetivo estabilizar os mercados,

    garantir a segurana dos abastecimentos e assegurar preos razoveis nos fornecimentos

    aos consumidores.

    4.7.2 A liberalizao dos mercados pblicos

    A construo europeia baseia-se numa lgica de reduo dos setores pblicos nacionais

    reconhecendo que os monoplios pblicos no correspondem aos ideais dos tratados de

    Roma, e da Unio Europeia. Em consequncia, diferentes diretivas da comisso europeia

    vo conduzir ao desmantelamento desses mesmos monoplios no domnio das

    telecomunicaes, da eletricidade, dos transportes de caminhos de ferro e dos Correios.

    Contudo para proteo dos consumidores, a comisso forou as empresas dos servios

    postais e das telecomunicaes a assegurar um servio universal, ou seja, uma obrigao

    mnima de servio pblico.

    4.7.3 A poltica da concorrncia

    A Comisso Europeia desempenha igualmente um papel importante atravs da sua poltica

    da concorrncia. Assim, a Direo-Geral da concorrncia supervisiona praticas comerciais

    desleais. Quer se trate de acordos entre os concorrentes ou de acordos verticais (entre

    produtores e distribuidores), a Comisso tem a possibilidade de intervir se as regras do jogo

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    concorrencial no forem respeitadas. Do mesmo modo, as prticas discriminatrias (recusas

    de venda, tarifa diferenciada de acordo com a categoria de compradores) so igualmente o

    alvo das autoridades europeias. Desde 1989, a Comisso europeia supervisiona igualmente

    os movimentos de concentrao. Os acordos entre as empresas permite-lhes ocuparem uma

    posio dominante estando assim condenados. Este poder de interveno exerce-se para

    com os grupos estrangeiros cujo peso julgado excessivo sobre um dos mercados europeus.

    Mas esta poltica da concorrncia, visando limitar os fenmenos de concentrao, no vem

    sem desvantagens num contexto de mundializao, nomeadamente se as fuses das

    empresas flurem sobre posies dominantes sobre certos mercados europeus, em que a

    competitividade das sociedades europeias no mercado mundial pode ficar comprometida.

    4.7.4 As polticas estruturais nacionais

    O enquadramento dos mecanismos de mercado

    Os mecanismos de mercado sero futuramente enquadrados pelas polticas estruturais

    atravs da liberalizao e da desregulamentao. Trata-se de desnacionalizar, de privatizare de restabelecer o jogo da concorrncia condenando os abusos de posio dominante. A

    ao do Estado centra-se essencialmente a montante dos mercados para levar a economia

    evoluo, intervindo na ajuda investigao e desenvolvimento, na formao, na inovao

    e na melhoria da atrao do territrio para os investidores estrangeiros.

    A ajuda inovao

    A inovao surge como uma causa determinante e essencial da competitividade das naes.

    Contudo, os mecanismos de mercado no permitem, de maneira eficaz, a sua emergncia,

    sendo que o mesmo caracterizado como um bem pblico e pode ser financiado por um s

    agente econmico. Nesta lgica, nenhuma empresa tomaria o risco do financiamento e

    preferiria adotar um comportamento de passageiro clandestino, isto , tirar proveito dos

    financiamentos em investigao, desenvolvidos e operados por outros. Tambm, as

    polticas estruturais devem apoiar financeiramente a investigao industrial e favorecer a

    sua divulgao no conjunto da economia. Alm disso, as polticas estruturais atuais

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    reabilitam o conceito protecionista de indstria nascente", atravs da noo de indstria

    estratgica. Uma indstria qualificada de estratgica se fonte de externalidades

    positivas, nomeadamente no domnio tecnolgico, como aquilo que frequentemente o

    caso nas indstrias do armamento, da construo aeronutica e do espao. Neste sentido,

    convm protege-lo da concorrncia internacional por polticas de apoio inovao. No

    entanto, num contexto de mundializao das empresas, a ajuda inovao nem sempre

    beneficia as empresas implantadas no territrio nacional, deste modo a divergncia que se

    observa entre a competitividade nacional e a das empresas torna os efeitos aleatrios de um

    financiamento pblico sobre os seus nascimentos.

    Podemos concluir que os objetivos da poltica econmica so geralmente incompatveis e

    os instrumentos utilizados so insuficientes em relao aos objetivos inicialmente

    delineados. A existncia de numerosos constrangimentos dificulta a atuao destes,

    reduzindo consideravelmente as margens de manobra das polticas. Para confrontar este

    problema as polticas industriais submetem estruturas da economia evoluo dos

    mercados a fim de criar uma competitividade econmica da estrutural nacional.

    4.8. OS MODELOS ECONMICOS

    4.8.1 - Conceito

    O sistema econmico pode ser representado por modelos que integram os seus principais

    elementos, inter-relaes e estrutura. Atualmente entende-se por modelo econmico toda arepresentao simblica, quantificada ou puramente conceptual, das relaes entre duas ou

    mais variveis caractersticas de um dado conjunto. Assim um modelo econmico uma

    representao simplificada da realidade.

    A Primeira escola de economia cientfica foi chamada ESCOLA FISIOCRATA. Os

    fisiocratas consideram que toda a riqueza provm de atividades ligadas ao setor primrio, a

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    agricultura. A indstria apenas diversifica o produto e o comrcio distribui.Eram contra o

    intervencionismo na economia

    Num contexto influenciado pela Revoluo Industrial, surge a ESCOLA CLSSICA,

    defendendo a Ordem econmica atravs do liberalismo e caracterizando-se:

    - Pela procura no equilbrio do mercado (oferta e procura),

    - Pela no interveno do estado na atividade econmica;

    - E pela satisfao das necessidades humanas atravs da diviso do trabalho.

    Esta escola defende que o desenvolvimento econmico, passa pelo incentivo da

    concorrncia que assente no mercado e nas leis de mercado. Afirmava que a livre

    concorrncia levaria a sociedade perfeio e equilbrio uma vez que a procura do lucro

    mximo pelas empresas promove o bem-estar da comunidade em geral e a afetao racional

    dos recursos.

    A origem da abordagem clssica teve um contributo imprescindvel com a obra A Riquezadas Naes de Adam Smith, publicado em 1776 e com a introduo do conceito de mo

    invisvel.

    A validade desta teoria depende de uma hiptese chave: no h rigidez em nenhum

    mercado como por exemplo um salrio mnimo. Os preos e salrios ajustam-se

    rapidamente para que a oferta e procura estejam em equilbrio em todos os

    mercados.

    Outra hiptese que quando os indivduos perseguem seus prprios interesses a

    economia tende para uma alocao eficiente dos recursos.

    Esta abordagem teve fortes implicaes em poltica econmica: o governo deveria ter um

    papel limitado na economia, e as polticas governamentais sero ineficientes para atingir os

    resultados desejados, como por exemplo tentar eliminar o desemprego.

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    As principais crticas s obras de Adam Smith (1776) residem no facto de sustentar a ideia

    do homem movido pelo egosmo e pelos seus interesses pessoais. Da Escola clssica h

    ainda a referir os contributos de Thomas Malthus (1798), que defendia que o excesso de

    crescimento populacional era a causa de todos os problemas da sociedade: A populao

    cresce em progresso geomtrica; enquanto os alimentos crescem em progresso

    aritmtica. O autor foi criticado por subestimar o ritmo e o impacto do progresso

    tecnolgico na atividade produtiva.

    De referir que John Stuart Mill (1874), tambm includo na escola clssica, introduziu na

    economia preocupaes de justia social. Quanto a David Ricardo (1817), mudou, de

    modo subtil, a anlise clssica da teoria do valor, mostrou as interligaes entre expanso

    econmica e distribuio de renda e tratou dos problemas do comrcio internacional e

    defendeu o mercado livre ou livrecambismo.

    Jean Baptist Say (1803), subordinou o problema das trocas diretamente produo a

    oferta cria a procura equivalente, pois os rendimentos criados pelo processo produtivosero fortemente gastos na compra desta mesma produo.

    De Say a Adam Smith, aescola clssica foi alvo de fortes crticas, nomeadamente:

    Para Say, no h distino entre trabalho produtivo e trabalho no produtivo; enquanto para

    Adam Smith o trabalho produtivo era aquele que era executado com vista fabricao de

    um objeto material. Nesta temtica Say (1803) defende: "todos aqueles que fornecem uma

    verdadeira utilidade em troca dos seus salrios so produtivos.

    De Keynes (1936) s Teorias Clssicas:

    - O trabalhador prefere sempre trabalhar a no trabalhar;

    - Est interessado sobretudo em manter os seus salrios nominais:

    - Est sujeito ao fenmeno que chamou de iluso monetria.

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    NA TEORIA NEOCLSSICA

    O homem racional e portanto equilibra os seus ganhos e os seus custos.

    A principal preocupao era:

    O funcionamento de mercado e como chegar ao pleno emprego dos fatores de produo,

    baseada no pensamento liberal.

    Em 1936, com o livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda de Keynes,

    marca uma nova etapa da teoria econmica. Antes disso, a macroeconomia era chamada de

    Teoria dos Ciclos e no conseguiu explicar coerentemente a Grande Depresso de 1929. As

    altas taxas de desemprego por vrios anos eram inconsistentes com a teoria clssica e a

    mo invisvel mostrou-se completamente ineficaz. A Teoria Geral de Keynes ofereceu

    uma justificao coerente para a interveno governamental e para o nvel persistentemente

    elevado de desemprego.

    Para keynes, o capitalismo devia sofrer reformas significativas, pois era incompatvel com

    a manuteno do pleno emprego e da estabilidade econmica.

    4.8.2 - O modelo Keynesiano

    Keynes assumiu que os preos e os salrios se ajustavam lentamente, o que significava que

    os mercados poderiam estar fora do equilbrio e abaixo do pleno emprego por muito tempo.

    Por Ex: o desemprego persistente porque os salrios e os preos no se ajustam numa

    velocidade suficiente para igualar o nmero de pessoas que querem trabalhar com o nmero

    de pessoas que as firmas querem empregar.

    Os principais contributos de Keynes foram:

    1- Introduo de elementos bsicos da macroeconomia moderna:

    Multiplicador do rendimento

    Preferncia pela liquidez (papel da poltica monetria)

    Importncia das expectativas para o consumo e o investimento

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    2- A situao de pleno emprego era uma situao rara na economia;

    3- A moeda tem uma funo especulativa dependendo a sua procura tambm da taxa de

    juro;

    4- A taxa de juro tem natureza monetria e no um fator determinante da poupana;

    5- O fator determinante de poupana o rendimento e no a taxa de juro;

    6- Quando o rendimento aumenta, a poupana aumenta tambm.

    As principais implicaes polticas do modelo keynesiano foram:

    Utilizar a poltica fiscal para tirar a economia da recesso. Ao aumentar os gastos pblicos

    em bens e servios, aumenta o produto diretamente e contribui para que as firmas

    contratassem mais, o que elevaria a rendimento disponvel e o consumo dos novos

    trabalhadores, aumento das receitas do estado que implicaria numa nova fonte de aumento

    de procura.

    Esta teoria foi fortemente criticado por:

    - As polticas econmicas keynesianas contriburem para o aumento da inflao;- Estabelecer uma lei nica de consumo, ignorando as diferenas procuras das classes

    sociais.

    - Por defender a Interveno do Estado, o deficit oramental e o endividamento pblico

    Ao incentivar:

    - O aumento do monstro do estado;

    - A boa remunerao de seus gestores.

    Biografia de JOHN MAYNARD KEYNES (1883-1946)

    - Economista ingls;- Professor em Cambridge desde 1908;- Delegado financeiro Conferncia de Paz de 1919;- Prope a criao do Fundo Monetrio Internacional de que viria a ser o primeirogovernador;- Distancia-se das receitas da escola clssica, considerando que o desemprego s pode sercombatido pela interveno do Estado;

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    Defende a necessidade dos investimentos pblicos, de grandes trabalhos de obras pblicas esistema de incentivos exportao;- Tenta, contudo, distanciar-se do chamado socialismo de Estado, advogando adescentralizao das decises;- Rejeita o laissez faire, defendendo o controlo estadual do aforro e do investimento, emnome da justia social e da estabilidade;

    As principais obras de Keynes so:

    - As Consequncias Econmicas da Paz (1929),

    - Tratado da Moeda (1930)

    - A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936)

    EXERCCIOS DE DEMONSTRAO

    1 -Considere uma economia caracterizada por:

    S = 20 + 100 iI = 50 200 iM = 200P = 1

    a) Represente graficamente a funo produo e a produtividade marginal do trabalho.b) Determine analtica e graficamente os nveis de emprego, do produto e a taxa de salrio

    de equilbrio.c) Mostre como se efetua a repartio do produto em termos analticos e grficos.

    d) Que situao se observa no mercado de trabalho, se o salrio real (W/P) for fixado em0,9 u.m. , e no caso de ser de 0,8 u.m. ? Justifique, explicitando os pressupostosimplcitos no modelo clssico.

    e) Supondo que no se alteram os hbitos de pagamento da economia, determine asconsequncias do aumento da oferta de moeda para 300 u.m., sobre:i) os nveis de preos e salrios;ii) os nveis de produto e de emprego.

    500.........................,.........2 = NNY

    50..........5002,04 2 >= NNNY

    )(100 P

    W

    N

    s=

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    Resoluo

    a) Estudo da funo:(2N) = 2

    (4N 0,02 2N - 50) = 4 0,04N

    (4N 0,02 2N - 50) = 0,04

    4 0,04N = 0 N = 100 ( um mximo)

    N y Funo produo

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    0 10 30 50 75 100 150 N

    y

    0 0

    10 20

    30 60

    50 100

    75 137,5

    100 150

    150 100

    Pmg = y

    N Pmg

    0 2

    10 2

    30 2

    50 2

    75 1

    100 0

    150 -2

    Funo produtividade marginal do Trabalho

    -2,5

    -2

    -1,5

    -1

    -0,5

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    10 30 50 75 100 150

    N

    Pmg N

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    b) SN = 100 (W/P)

    Pmg N = W/P Condio de equilbrio da empresa

    4 0,04N = W/P -0,04N = W/P 4

    N = 4 W/P N = 100 25 W/PFuno procura de trabalho

    0,04

    Equilbrio no mercado de trabalho:SN = DN

    100 W/P = 100 25 W/P 100 W/P + 25 W/P = 100

    125 W/P = 100 W/P = 0,8

    Substituindo na funo procura:

    N = 100 W/P = 1000,8 = 80Substituindo na funo produo:

    y = 4N 0,02 2N - 50 = 142

    W/P Ns

    0 0

    1 100

    2 200

    c)

    S = I 20 + 100 i = 50 200 i 300 i = 30 i = 0,1

    S = 20 + 1000,1 = 30

    I = 50 200 0,1 = 30

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    Y = C + S 142 = C + 30 C = 112

    d)

    W/POferta deTrabalho Procura de Trabalho Situao de

    Ns Nd mercado

    0,7 70 82,5 Nd>Ns

    0,8 80 80 equilbrio

    0,9 90 70,5 Nd

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    5. BIBLIOGRAFIA on-line

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    http://www.bportugal.pt/euro/emudocs/rel_anual_ime_p/cap1/politicas.pdfMuller, J. et al, conomie - Manuel & applications, Dunod, 2004, pp. 203-218.Cleto, C. et al, Economia empresarial Publicaes, UNIFAEAmaral, Joo Ferreira, Poltica Econmica, Cosmos, Lisboa, 1996Branco, Andr, AS POLTICAS ECONMICAS, INSTITUTO POLITCNICO DE COIMBRA,

    INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA - DEPARTAMENTO DEENGENHARIA CIVIL, JUNHO DE 2007

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    Hume, D., Essays: Moral, Political and Literary, E.F. Miller, ed. (Indianapolis, Ind.:Liberty Classics, 1985).Lipsey, R.G. & Steiner, P.O. (1969). Economics. 2nd ed. New York, Harper & Row.Malthus, Thomas (1798). An Essay on the Principle of Population. 1st ed. 1798, online atthe Library of Economics and Liberty, online at the Library of Economics and Libertyhttp://www.econlib.org/library/Malthus/malPop.html; 6th ed. 1826.Mill, John Stuart(1874).A System of Logic. New York: Harper & Brothers,.Ricardo, David (1817) Principles of Political Economy and TaxationLondon: John Murray1820.Samuelson, Paul A. (1975). Introduo Anlise Econmica. 8 ed. Rio de Janeiro, Agir,1975. 2 v.

    Samuleson, P. & Nordhaus, W. (2005). Economia. 18 ed. Lisboa: McGraw-Hill.Say, Jean-Baptiste (1803). Trait d'conomie Politique(2 volumes - 1803).