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Universidade Federal do Espírito Santo Programa Institucional de Iniciação Científica Jornada de Iniciação Científica 2011/2012 Ciências Sociais Aplicadas 1 Mapeamento de situações de inserção de nova arquitetura em contexto com preexistência crítica: estudo de caso na cidade de Sabará-MG Identificação: Grande área do CNPq.: Ciências Sociais Aplicadas Área do CNPq: Arquitetura e Urbanismo Título do Projeto: Cidade no Brasil: o lugar do passado em intervenções urbanas, 1950-2010 Professor Orientador: Renata Hermanny de Almeida Estudante PIVIC: Maisa Mazzini Resumo: Com o objetivo de pensar a nova arquitetura em zonas críticas cidades, ou seja, áreas que possuem bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a investigação busca reconhecer a melhor maneira de intervir, pois nem todo antigo e nem todo novo são covenientes (SANTOS, 2008). A discussão sobre o tema tem início no século V, quando a palavra moderno foi introduzida para indicar a diferença entre o período atual e o anterior; desenvolve-se na França, a partir do evento literário a querela dos antigos e dos modernos. É o momento de uma crescente valorização do moderno como oposto ao antigo. No Brasil, inserida na problemática da preservação de sítios urbanos instaurada em 1937, mantém-se atual, instigando estudos direcionados a definição conceitual e metodológica orientadora da intervenção arquitetônica. Neste contexto, a pesquisa discute o uso dos recursos gráficos como suporte à integração da preservação do patrimônio ao planejamento urbano, adotando a cidade de Sabará-MG como objeto empírico. Esta pesquisa se desenvolve a partir de revisão bibliográfica, tratando de compreender os suportes gráficos que colaboraram nos estudos urbanos, e tem como resultado o desenvolvimento de um mapa de Sabará, utilizando os recursos gráficos disponíveis, como o Wikimapps e o Google StreetView. Palavras chave: Recursos Gráficos, Planejamento Urbano, Intervenção Arquitetônica, Sabará - MG. 1 Introdução Este subprojeto de pesquisa está inserido na pesquisa Cidade no Brasil: o lugar do passado em intervenções urbanas, 1950-2010 1 , e tem como principal objetivo pensar a nova arquitetura em zonas 1 Iniciado em 2006 e consolidado em 2008, com a participação de discente de Arquitetura e Urbanismo da UFES, como pesquisador voluntário de iniciação científica; a pesquisa vem sendo desenvolvida junto ao Laboratório Patrimônio & Desenvolvimento Patri_Lab, sob a coordenação da Professora Renata Hermanny de Almeida. Desde então, participam da investigação: pesquisadores

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Relatório Final apresentado ao PRPPG/UFES referente ao Programa Institucional de Iniciação Científica, Jornada 2011/2012. O trabalho foi realizado pela pesquisadora Maisa Mazzini com orientação da Professora Renata Hermanny de Almeida.

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Ciências Sociais Aplicadas

1

Mapeamento de situações de inserção de nova arquitetura em contexto

com preexistência crítica: estudo de caso na cidade de Sabará-MG

Identificação:

Grande área do CNPq.: Ciências Sociais Aplicadas

Área do CNPq: Arquitetura e Urbanismo

Título do Projeto: Cidade no Brasil: o lugar do passado em intervenções urbanas, 1950-2010

Professor Orientador: Renata Hermanny de Almeida

Estudante PIVIC: Maisa Mazzini

Resumo: Com o objetivo de pensar a nova arquitetura em zonas críticas cidades, ou seja, áreas que

possuem bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a investigação busca

reconhecer a melhor maneira de intervir, pois nem todo antigo e nem todo novo são covenientes

(SANTOS, 2008). A discussão sobre o tema tem início no século V, quando a palavra moderno foi

introduzida para indicar a diferença entre o período atual e o anterior; desenvolve-se na França, a

partir do evento literário “a querela dos antigos e dos modernos”. É o momento de uma crescente

valorização do moderno como oposto ao antigo. No Brasil, inserida na problemática da preservação de

sítios urbanos instaurada em 1937, mantém-se atual, instigando estudos direcionados a definição

conceitual e metodológica orientadora da intervenção arquitetônica. Neste contexto, a pesquisa discute o

uso dos recursos gráficos como suporte à integração da preservação do patrimônio ao planejamento

urbano, adotando a cidade de Sabará-MG como objeto empírico. Esta pesquisa se desenvolve a partir de

revisão bibliográfica, tratando de compreender os suportes gráficos que colaboraram nos estudos

urbanos, e tem como resultado o desenvolvimento de um mapa de Sabará, utilizando os recursos gráficos

disponíveis, como o Wikimapps e o Google StreetView.

Palavras chave: Recursos Gráficos, Planejamento Urbano, Intervenção Arquitetônica, Sabará - MG.

1 – Introdução

Este subprojeto de pesquisa está inserido na pesquisa Cidade no Brasil: o lugar do passado em

intervenções urbanas, 1950-20101, e tem como principal objetivo pensar a nova arquitetura em zonas

1 Iniciado em 2006 e consolidado em 2008, com a participação de discente de Arquitetura e Urbanismo da UFES, como pesquisador

voluntário de iniciação científica; a pesquisa vem sendo desenvolvida junto ao Laboratório Patrimônio & Desenvolvimento – Patri_Lab, sob a coordenação da Professora Renata Hermanny de Almeida. Desde então, participam da investigação: pesquisadores

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críticas da cidade, entendidas neste estudo como áreas com presença marcante de bens tombados pelo

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), buscando compreender a melhor maneira

de intervir, pois nem todo antigo e nem todo novo são convenientes (SANTOS, 2008).

Em termos de seu desenvolvimento, duas etapas podem ser distinguidas, correspondentes à atuação

de Ana Carolina Rodrigues de Andrade, como Bolsista PIVIC, entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012;

e à nossa, iniciada em março de 2012. Assim, nos sete primeiros meses, foram elaboradas as atividades de

revisão de literatura no tema representação gráfica e mapeamento urbano-arquitetônico digital, para

suporte no mapeamento urbano-arquitetônico balizador de reflexões e decisões relacionadas à inserção de

nova arquitetura em preexistência crítica; de investigação e definição de programa de representação

adequado e a ser utilizado para o mapeamento; e uma primeira etapa da seleção e agrupamento de

informações de dados para a construção cartográfica. Nos cinco meses seguintes, desenvolveu-se a

complementação da atividade de seleção e agrupamento de informações de dados para a construção

cartográfica; a aplicação de modeles de representação de dados espaciais e a produção de mapeamento.

Para a abordagem da temática da pesquisa, a relação Antigo-Novo, adotou-se como referência

central a investigação conduzida por Jaqueline Pugnal da Silva, em nível de mestrado (2010-2012). Nesta,

é possível reconhecer uma periodização como a seguir apresentado.

A discussão acerca do par temático se inicia no século V, momento em que a palavra “moderno”,

utilizada para significar “agora, recentemente”, se apresenta como uma tentativa de distinguir o

contemporâneo e o período anterior (PAGOTO; RAMOS; SOUZA, 2009, p. 241). Sem indicar privilégio

entre um ou outro, a palavra moderno designa o que é contemporâneo daquele que fala, e não o que é

novo (COMPAGNON, 2003). Mais do que novo, moderno define o que está na moda, o que ainda é atual.

Ainda segundo este autor, no século V, moderno não continha a idéia de tempo, condição própria

do século XII, quando ocorre a primeira Renascença, que abre, por meio da ruptura e da instauração da

modernidade, um novo (JAMESON, 2005), denominado nova era por Pagoto; Ramos; Souza (2009), e no

qual a Idade Média passa a ser vista como época de trevas e de escuridão, enquanto o Renascimento

representa a época das luzes. Para Compagnon (2003), muito se questionou, no século XII, acerca da

noção de moderno, a qual já incluía a ideia de progresso. Os renascentistas acreditavam na primazia de

sua época sobre a antiguidade, e que seus sucessores teriam mais conhecimento do que eles.

Porém, a oposição entre os antigos e os modernos, ocorre, de forma restrita, na França, na transição

dos séculos XVII e século XVIII. Neste momento, o evento literário “a querela dos antigos e dos

modernos” dá início à crescente valorização do moderno como oposto ao antigo (COMPAGNON, 2003).

Segundo Modernos, o evento tem início em 1687, quando o escritor Charles Perrault escreve um poema

voluntários [02 (dois) de setembro de 2009 a fevereiro de 2011 e 01 (um) de setembro de 2010 a fevereiro de 2011], e com a atuação

de pesquisadores (dois) em nível de pós-graduação, discentes do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, do Centro de Artes, desde março de 2010.

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questionando e assegurando não ver nada “[...] no tempo de Augusto, [...], que fosse tão melhor do que

ocorria na França sob o reinado do Rei Sol” (acesso em 15 set. 2010).

Referenciado nesse marco conceitual, a pesquisa discute o uso dos recursos gráficos como suporte

ao planejamento urbano. Este objetivo segue o pensamento de Godoy e Soares Filho (2007) ao

considerarem a disponibilização de ferramentas de representações da dinâmica urbana como uma

oportunidade diferenciada para estudo urbanístico, especialmente aqueles visando à elaboração de

projetos de planejamento e intervenções.

Para isso, a cidade de Sabará, em Minas Gerais, é o objeto empírico da pesquisa, na medida em que

atua como base para o estudo exemplificar da utilização dos recursos gráficos para se pensar o

planejamento urbano, e mais precisamente, a inserção de nova arquitetura em áreas críticas da cidade.

O município de Sabará possui quatro distritos, sendo eles: Ravena, Carvalho de Brito, Mestre

Caetano e Sabará, o distrito sede. Situado no centro-sul do município, além da sede político-

administrativa, em Sabará se concentra grande quantidade de bens tombados pelo IPHAN, que se utilizou

deste instrumento de preservação, entre os anos de 1938 a 1965, resultando um total de 19 (dezenove)

bens tombados a nível federal, entre os quais 11 (onze) pertencem à arquitetura religiosa.

2 – Materiais e Métodos

A partir da leitura de artigos referentes ao tema de programas de representação gráfica (cerca de

17 artigos e 03 livros), identificou-se a existência, no Brasil, de um número significativo de estudos sobre

a geomática e a geoinformação, principalmente desenvolvidos nas duas últimas décadas. Entre as que se

destacam, há as que dizem respeito ao estudo de fenômenos geográficos, auxiliando na prevenção de

desastres naturais, e outras que se utilizam da modelagem de cidades auxiliando a exploração de situações

possíveis em função da trajetória recente da cidade, e que podem alertar os tomadores de decisões e

também conscientizar e motivar a população para a realização de investimentos necessários ao

desenvolvimento, preservação e recuperação do espaço urbano (GODOY; SOARES FILHO, 2007).

Em outro estudo, que enfatiza o uso de recursos gráficos para o estudo do planejamento urbano, “A

relevância de uma infra-estrutura geoinformacional como subsídio ao desenvolvimento de políticas

urbanas”, Fantin; Costa; Monteiro (2007) apresentam idéias para a formulação de políticas públicas

voltadas para a geoinformação. No modelo proposto, analisam a zona leste do município de São José dos

Campos (SP), tendo como objetivo a classificação das regiões em “boa, moderada, regular e ruim” no que

diz respeito à implantação de assentamentos humanos.

A utilização dos recursos gráficos como suporte ao planejamento urbano visa à melhoria na

comunicação entre os gestores do planejamento e a própria sociedade, assim como, à facilitação do

armazenamento e da utilização dos dados de cada localidade. Segundo Moura (acesso em: 18 Ago. 2011)

o gerenciamento eletrônico de documentação (GED) surge da necessidade, de instituições e empresas, em

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lidar com o armazenamento e o manuseio de grande quantidade de dados, e, assim, eliminar o acúmulo de

impressos, permitir o acesso facilitado das informações, e criar um acervo de dados com segurança.

Com o auxílio dos recursos gráficos atualmente disponíveis, denominados instrumentos por Moura

(acesso em: 18 Ago. 2011), as análises acerca das cidades se tornaram mais fáceis e precisas. O uso

dessas ferramentas veio complementar e amparar o planejamento urbano, colaborando para a visualização

de dados, entendimento das informações, diagnóstico de possíveis problemas e tomadas de decisões.

Embasados na geoinformação, os recursos gráficos têm como função, segundo Fantin; Costa; Monteiro

(2007), gerir, produzir e espacializar dados e informações, imprimindo-os esquematicamente. Há vários

tipos de recursos gráficos. Entre os estudados, encontram-se:

- Serviços online: mapas interativos disponíveis na internet. Exemplos: Google Maps, GPS,

WikiMapps;

- Softwares de modelagem: programas de base logiciária, utilizados para a modelagem de cidades

(ou expectativa das mesmas) com o objetivo de uma pré-visualização em modelo 3D. Exemplos:

CityEngine, UrbanSim.

A importância do uso de programas, softwares e serviços online no planejamento urbano está

relacionada à facilidade de estudar e visualizar as informações necessárias. Assim, por exemplo, para a

compreensão do fluxo de pessoas de um determinado local, pode ser utilizado um mapa com a adição de

informações, como número de pessoas que utilizam aquelas vias, horários em que o fluxo é mais intenso,

entre outras. Deste modo, o geoprocessamento faz-se presente e torna possível o registro destas

informações em uma carta geográfica.

Portanto, ferramentas para a modelagem e o mapeamento de cidades são de extrema importância

no planejamento urbano por auxiliar a quem estuda e a quem atua no planejamento, nesse caso, os

cidadãos de uma área, pois propicia melhor entendimento das informações. Em função de seus benefícios,

os recursos gráficos vêm sendo utilizados cada vez mais. Algumas de suas principais funções, aliadas a

geoinformação, são, de acordo com Batty (2007): representar territórios, gerir problemas e políticas

sociais, construir base de dados, gerenciar desastres naturais, realizar modelagens urbanas/ regionais para

estudos, formular planos diretores, diretrizes ambientais, entre outros.

Dessa forma, o estudo identifica e analisa alguns recursos gráficos, a fim de ressaltar as suas

vantagens e desvantagens, e, posteriormente, exemplificá-los na Cidade de Sabará-MG. Dessa forma,

identificou-se 05 (cinco) recursos gráficos que podem colaborar no planejamento urbano, sendo eles:

Google Street View; CityEngine, UrbanSim, Google Maps e Wikimapps (Quadro 1).

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Quadro 1. Informações sobre os recursos gráficos como suporte ao planejamento urbano2.

RECUROS GRÁFICOS

O que é Vantagens Desvantagens Interface

Go

og

le S

tree

t V

iew

(GS

V)

Serviço oferecido

pela Google

através de seu

sistemas de

mapeamento

(Google Maps),

permitindo o

monitoramento de

ruas, bairros,

cidades e países.

Possibilidade de

passeio virtual.

O GSV possibilita

a visão de 360º em

sentido horizontal

e 290º em sentido

vertical,

simulando um

passeio virtual.

Procedimento de

atualização de

imagens

desconhecido.

Muitos locais

ainda não foram

mapeados.

Cit

yE

ng

ine

Software para

criação de

volumes em 3D.

Utilização em

estudos urbanos.

Ferramentas

aprimoradas.

Difícil manuseio.

Requer tempo

para mapear uma

região.

Requer programa

específico.

Permite download

apenas de versões

antigas.

Urb

an

Sim

Software de

modelagem 3D.

Utilização em

estudos urbanos.

Ferramentas

aprimoradas.

Difícil manuseio.

Requer tempo

para mapear.

Requer programa

específico.

Permite download

apenas de versões

antigas.

Go

og

le M

ap

s

Mapa político e

rodoviário, com

informações

adicionais gerados

por satélite.

A opção satélite

permite localizar

edificações,

terrenos vazios,

criar rotas, por

meio de imagens

nítidas.

Serviço gratuito.

Atualizações a

cada 2 anos.

Wik

ima

pp

s

Serviço online,

sendo criado a

partir de mapas

digitais (Google

Maps).

Permite o

compartilhamento

de informações

diversas.

Facilidade de

manuseio.

Serviço gratuito.

O programa está

em

desenvolvimento.

Como pode ser observado no Quadro 1, cada recurso gráfico identificado possui sua

particularidade. É importante ressaltar, o CityEngine e o UrbanSim são software de modelagem 3D,

2 Quadro criado a partir da pesquisa de iniciação científica conduzida por Ana Rodrigues de Andrade, no período de agosto de 2011 a fevereiro de 2012.

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podendo ser utilizados na construção volumétrica de ruas, bairros, cidades, ou apenas uma edificação.

Com ferramentas diversas, os dois softwares possuem a mesma utilização e dificuldade de manuseio,

requerendo a instalação de programa específico, e, também, grande habilidade do operador. Porém, vale

ressaltar sua grande contribuição para o planejamento urbano, visto que uma nova edificação ou o

crescimento urbano pode ser mapeado e visualizado anteriormente à sua realização.

O Google Maps e o Wikimapps são serviços online, disponíveis gratuitamente, e com contribuição

para o planejamento urbano resultante da possibilidade de visualizar mapas político e rodoviário com

grande nitidez. Diferenciam-se, entretanto, pela possibilidade de inserção de várias informações e a

disponibilização do mapa criado por meio do Wikimapps. Por fim, o Google Street View, um serviço

online, também oferecido de forma gratuita, com base no mapa do Google Maps, é uma grande

contribuição ao planejamento urbano, pois, por exemplo, com o mapeamento de ruas, é possível

visualizar, como em um passeio virtual ao nível da rua, localidades com grande nitidez de detalhes.

Para exemplificar a importância dos recursos gráficos como um suporte ao planejamento urbano,

utiliza-se dois recursos, identificados no Quadro 1: o Wikimapps e o Google Street View.

Sendo uma iniciativa da empresa WikiNova, formada por pesquisadores em Computação da

Universidade Federal de Fortaleza e com colaboração do Laboratório de Engenharia do Conhecimento,

Wikimapps se trata de um serviço criado a partir de mapas digitais, com a finalidade de mapeamento

colaborativo, alimentado por usuários a fim de compartilhar informações. Entre os mapas criados, os mais

comuns são os referentes a denúncias, exposição de problemas da comunidade, como a criminalidade, ou

mesmo informação sobre a localização de escolas, creches, asilos, além de informações culturais e lazer.

A utilização deste serviço ocorre a partir da criação de um cadastro. Após a sua realização, o então

usuário pode escolher a região, o formato dos marcadores e o grupo de pessoas que pode se interessar

pelo mapa. Vale ressaltar que, além de informações escritas, o mapa comporta vídeos e imagens,

auxiliando na transmissão de informações. O mapa pode ser editado, e, portanto, atualizado quando

necessário. Outro ponto importante deste serviço é a exposição pública do mapa quando o usuário definir,

ou seja, durante a realização dos trabalhos de mapeamento, ou durante uma pesquisa, o mapa pode ficar

inativo, não sendo visto por todos, porém, ao final dos trabalhos, ou quando o usuário achar necessário, o

mapa é disponibilizado publicamente.

Já o recurso do Google Street View, serviço oferecido pela Google através de seus sistemas de

mapeamento (Google Maps), permite monitorar ruas, bairros, cidades e países, a partir de uma visão de

360º em sentido horizontal e 290º em sentido vertical, simulando um passeio virtual. É importante frisar,

o passeio virtual pode ser realizado apenas em locais previamente mapeados. O mapeamento é feito por

ruas a partir da coleta de imagens por câmeras especiais, junto a um sistema de Global Position System

(GPS), que identifica a localização exata de cada fotografia. As coletas podem ser realizadas por câmeras

acopladas em carros, barcos e bicicletas. Após as coletas, as imagens são enviadas para a central

especializada, passando por uma “costura”, e assim, formando-se o passeio virtual.

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Criado em 2007, Google Street View, mapeia as ruas das cidades brasileiras em 2009, sendo que o

serviço só pôde ser acessado em 2010. As primeiras cidades mapeadas foram Belo Horizonte, Rio de

Janeiro e São Paulo. E na América Latina, o Brasil foi o pioneiro.

Com a seleção destes dois programas, as informações foram agrupadas, e os dados

disponibilizados pela dissertação de mestrado de autoria de Jaqueline Pugnal da Silva (2012), visando à

elaboração cartográfica e à aplicação de modelos de representação espacial aos mesmos. Assim, foi

criado um mapa interativo localizando, na cidade de Sabará, os monumentos tombados pelo IPHAN e as

áreas vazias com potencial para a implantação de uma nova arquitetura.

Das áreas vazias identificadas, foram selecionadas 04 (quatro), para o desenvolvimento do

mapeamento de informações preliminares (Figura 2), como: localização, dimensões, parâmetros

urbanísticos (zoneamento, taxa de ocupação máxima, coeficiente de aproveitamento, gabarito máximo,

usos permitidos). Com a finalidade de aprofundar o estudo acerca do entorno urbano, e facilitar a

compreensão do mesmo no processo de inserção de nova arquitetura, também foram inseridos os registros

realizados a partir da caracterização arquitetônica de edificações vizinhas a monumentos protegidos por

tombamento (volumetria, implantação, materiais).

Para esta análise, adotou-se metodologia proposta por Silva (2012), particularmente a identificação

de elementos constituintes da relação Antigo-Novo reconhecidos nos discursos das Cartas Patrimoniais,

documentos estes que, em alguns casos, se afirmam internacionalmente e, segundo Lapa (2011) orientam

e estabelecem normas e procedimentos na elaboração de legislações patrimoniais e urbanísticas referentes

à preservação do patrimônio. Evidencia-se que esses elementos são referentes às relações formais

externas da edificação em comparação à preexistência, identificáveis na morfologia do lugar, ou seja, no

“[...] estudo da configuração e da estrutura exterior do objeto” (LAMAS, 1992).

São eles: Volumetria, Cor, Densidade, Materiais, Proporção, Implantação, Altura, Escala e

Textura. Segundo a organização proposta por Silva (2012), estes elementos se agrupam em três

categorias, formando Grupos de Elementos que nortearam a análise do entorno urbano feito nesta etapa

do estudo: o Grupo 01, intitulado como Forma, é constituído pelos elementos Volume, Proporção, Escala

e Altura, e caracteriza a composição volumétrica da nova arquitetura, relacionando-se ao que Gracia

(2001) indica como forma- massa que ocupa os vazios dos espaços urbanos; o Grupo 02, intitulado

Ocupação, é constituído pelo elemento Implantação, correspondente à disposição e à localização da

edificação no lote e, portanto, segundo Gracia (2001), se refere à ocupação do tecido urbano; o Grupo 03,

Aparência, é constituído pelos elementos Material, Densidade, Cor e Textura, que compõem a estética da

edificação, ou, como indicado por Gracia (2001), os aspectos plásticos da arquitetura.

Com a utilização do recurso do Google Street View, as informações escritas e gráficas foram

inseridas, a fim de possibilitar a visualização do terreno e seu entorno.

3 – Objeto Empírico

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A Cidade de Sabará foi escolhida, não somente como a base territorial estudada por Jaqueline

Pugnal da Silva, em sua dissertação de mestrado, mas também como objeto empírico da pesquisa, a fim

de exemplificar como os recursos gráficos podem colaborar no planejamento urbano. Além de contar com

estudos já em andamento acerca da cidade, Sabará foi escolhida por nela existirem bens arquitetônicos

tombados, condição exigente de análises dos técnicos do IPHAN visando o controle de alterações urbanas

e arquitetônicas. Assim, este estudo se apresenta como um suporte não só para a Prefeitura Municipal,

mas também ao IPHAN, na medida em que contribui para suas análises.

Antes de iniciar a apresentação do exemplo de utilização dos recursos gráficos em Sabará, é

importante reconhecer sua passagem do tempo bem como sua condição econômica atual. Isto visto que,

como pode ser observado em sua historia, a economia da cidade sempre atuou como importante

impulsionador das transformações urbanas de Sabará. Para essa elaboração, a referência central é, mais

uma vez, a dissertação de mestrado de Silva (2012).

Não é possível definir com precisão a data de fundação de Sabará (VASCONCELLOS, 1945),

pois os registros paroquiais dos primeiros tempos, fonte documental decisiva para esta perspectiva, não

existem, ou desapareceram. Ainda assim, esse autor relaciona a formação do primeiro núcleo a fluxos

migratórios de vários grupos, que se deslocaram do norte e do sul do Brasil, atraídos pelas notícias da

descoberta de minas nas nascentes do Ribeirão do Carmo, em Ouro Preto, e advindos de outros distritos,

afluindo para Sabará, Caeté, Itabira do Campo, Santa Bárbara. Mas, só a partir de 1700, ano em que se

inicia a vida administrativa dos arraiais, por meio da instituição das Superintendências, se tem registro

dos habitantes, pois estes eram subjugados aos pagamentos de taxas de confisco, tributos, arrecadação dos

quintos e escrituração regular. Nesse período, especificamente entre 1701 a 1703, Vasconcellos (1945)

registra baianos, paulistas, pernambucanos e portugueses, entre os moradores de Sabará.

Ainda segundo os escritos de Arrelaro (2008), nos fins do século XVIII, e ao longo de todo o

século XIX, as vilas mineiras sofreram uma crise econômica e social, devido ao fim da mineração e

garimpagem do ouro, sem que, entretanto, houvesse um grande esvaziamento da população, porque, se as

riquezas oriundas da mineração deixaram de circular, foram mantidas “[...] as culturas agrícolas,

pecuárias e atividades de menor escala [...]” (ARRELARO, 2008, p. 8).

Essa condição se mantém até o início da segunda década do século XX, quando na região de

Sabará se instala a Companhia Siderúrgica Mineira, em 1917, iniciando sua operação no ano de 1919 com

o projeto de instalação de um alto forno e uma oficina mecânica, e também, entra em operação a Estrada

de Ferro Central do Brasil. Tais acontecimentos proporcionaram o aumento da riqueza e foram

catalisadores no processo de transformação da cidade.

A inserção desta companhia acarretou, pelo menos, duas alterações na cidade de Sabará,

consideradas as modificações mais impactantes ocorridas neste momento, junto aos bens tombados pelo

IPHAN, sendo elas: A demolição da Igreja de Santa Rita, em 1937, localizada na área central de Sabará, e

o alargamento da Rua Luis Cassiano.

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Hoje, Sabará encontra-se em uma importante fase de seu desenvolvimento econômico,

vislumbrando o turismo, iniciado em 1970, como sua base econômica. Assim, entende-se a importância

deste trabalho frente ao atual contexto de Sabará, na medida em que este visa à identificação de recursos

gráficos que possam dar um suporte ao planejamento urbano, para que esse ocorra de forma equilibrada,

sem prejudicar o patrimônio urbano e arquitetônico da cidade. Vale ressaltar, a identificação dos recursos

gráficos, com a aplicação na cidade de Sabará, não é exclusiva para essa cidade, ou seja, esse estudo

também é válido para outras cidades.

4 – Experimentação

A exemplificação ocorre, em uma primeira etapa, por meio da criação de um mapa da Cidade de

Sabará-MG (Figura 1), apresentando a localização dos bens tombados a nível federal pelo IPHAN,

estadual, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico Artístico (IEPHA), e municipal, a partir do

Plano Diretor Municipal (PDM) de Sabará, e, como suporte ao planejamento urbano, identificando

terrenos vazios na cidade, e que, portanto, são áreas propícias à implantação de nova arquitetura. Vale

ressaltar, esta é uma das várias possibilidades que este recurso pode fornecer ao planejamento urbano, e,

portanto, é apresentado como exemplo para discussões futuras. É importante frisar, ainda, que, como um

estudo exemplificador, apenas alguns terrenos foram identificados, ou seja, não se trata de um estudo

detalhado de todos os terrenos disponíveis para a inserção do novo em Sabará.

Figura 1. Mapa da Cidade de Sabará-MG feito através dos aplicativos propiciados pelo Wikimapps e

apresentando os bens tombados e terrenos vazios existentes.

A cada um dos bens tombados a nível federal, foram acrescidas suas respectivas informações, tais

como o nome, a localização, a data de construção, a data de tombamento, o número do processo e o Livro

do Tombo no qual se encontra, seu uso e proprietário atuais, e uma descrição, que podem ser lidas quando

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do interesse do próprio usuário, e após a seleção através do cursor nos ícones dos bens tombados. Por

conseguinte à seleção, o Wikimapps conduzirá a uma nova página (Figura 2) que conterá, além das

informações acima citadas, fotos específicas dos monumentos, e, também, permitirá a interação do

usuário por meio de comentários3.

Figura 2. Página contendo informações, fotos e comentários de cada monumento. Fonte: Relatório Parcial

da Ana Carolina de Andrade, fev. 2012.

Quanto aos bens tombados em nível municipal e estadual, as páginas não detalham e/ou

aprofundam os dados. Estes foram apenas localizados no mapa interativo. No entanto, a identificação do

âmbito da preservação destes bens pode ser feita através de seus ícones, por meio da seguinte associação:

bordas amarelas e vermelhas, para monumentos tombados a nível municipal e estadual, respectivamente.

A segunda etapa da experimentação prosseguiu na seleção de 04 (quatro) áreas não edificadas,

identificadas no mapa para a inserção de informações preliminares como a localização, as dimensões da

área, até a caracterização arquitetônica das edificações vizinhas segundo a metodologia dos Grupos de

Elementos, proposta por Silva (2012). Aliado às informações escritas, foram inseridas fotos, com a

utilização do recurso do Google Street View, a fim de possibilitar a visualização do terreno e seu entorno.

É importante ressaltar, complementarmente, essas são informações preliminares, inseridas a fim de

iniciar um debate acerca do tema, buscando identificar informações relevantes, e que devem ser expostas

3 Vale ressaltar, as informações tiveram como base os dados fornecidos pela dissertação de mestrado de Jaqueline Pugnal da Silva.

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publicamente, como um auxílio à população, assim como a profissionais que buscam informações, neste

caso, sobre o terreno em que se planeja construir.

As fotos inseridas podem ser vistas como base para estudos volumétricos, que Moura (acesso em:

18 Ago. 2011) identifica como um método muito útil em processo de aprovação de projeto.

Dentre os critérios de seleção das áreas, acima descritas, estão: a proximidade destes com

monumentos identificados por sua importância histórica e, também, por seu papel enquanto referência na

cidade de Sabará; a localização em pontos estratégicos na cidade, ou seja, são áreas residenciais

privilegiadas ou que apresentam intenso comércio, potencializando a demanda por nova arquitetura; e a

dimensão das áreas, em si, pois são propícias a receberem uma edificação de grande escala. Em seguida,

as áreas escolhidas foram intituladas como Áreas de Estudo, a fim de facilitar a compreensão da

experimentação.

Na Área de Estudo 01, localizada na Rua Nossa Senhora da Conceição, identificam-se duas

possibilidades de seu aproveitamento, sendo a primeira (a) resultante do remembramento de lotes, com

área de aproximadamente 1.994m², e a segunda (b) resultante de seu parcelamento em três lotes de

diferentes tamanhos, com aproximadamente 767 m², 381 m² e 846 m² cada (Figura 3).

(a) (b)

Figura 3. Demarcação da Área de Estudo 01, onde (a) é o remembramento de lotes e (b) o parcelamento

da área em três lotes. Fonte: Google Maps. Nota: Área demarcada pela autora.

De configuração urbana marcada pelo predomínio de edificações térreas construídas em

diferentes períodos históricos, entre as quais se situam edificações com aspecto colonial e, pontualmente,

construções contemporâneas, a área está referenciada pela Igreja Nossa Senhora da Conceição, tombada a

nível federal, e, com menor nível de distinção, pelo Chafariz da Confraria, bem tombado em nível

municipal, posicionado junto à praça local, denominada Praça Getúlio Vargas.

A praça possui sua configuração formal aproximadamente triangular, seguindo o traçado das

ruas que a delimitam, e, em conjunto com um canteiro, resultante da confluência da Rua Nossa Senhora

da Conceição e da Rua João Francisco Ferreira, posicionado face à Área de Estudo 01, forma os espaços

públicos existentes no entorno urbano.

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A Área de Estudo 02 (Figura 4) está localizada na Rua São Francisco, e possui uma área total de

aproximadamente 340 m². A configuração urbana é marcada pelo predomínio de edificações térreas de

aspecto colonial, transformadas por reformas pontuais como a construção de terraços e/ou a aplicação de

materiais contemporâneos como a telha de fibrocimento. O entorno tem como referência a Igreja São

Francisco, tombada pelo IPHAN, de relevante caráter monumental derivado de sua escala e implantação

sobre um patamar acima do nível da rua. O espaço público existente neste entorno é delimitado pelo

canteiro posicionado face à Área de Estudo 02, resultante do alargamento da Rua São Francisco.

Figura 4. Demarcação da Área de Estudo 02. Fonte: Google Maps. Nota: Área demarcada pela autora.

A Área de Estudo 03 (Figura 5) está localizada na esquina da Rua Dom Pedro II com a Rua da

República, e possui área total de aproximadamente 282 m². A configuração urbana é marcada pelo

Conjunto da Rua Dom Pedro II, tombada a nível federal em 1965 como conjunto arquitetônico e

urbanístico, onde estão situadas algumas das mais importantes construções históricas da cidade, com um

acervo arquitetônico de 150 (cento e cinquenta) edificações coloniais, sendo 03 (três) tombadas

isoladamente.

Figura 5. Demarcação da Área de Estudo 03. Fonte: Google Maps. Nota: Área demarcada pela autora.

A Área de Estudo 04 está localizada na esquina da Rua Nossa Senhora do Ó, e possui área

total de aproximadamente 543 m². De configuração urbana marcada pelo predomínio de edificações

térreas construídas em diferentes períodos históricos, entre as quais se situam edificações com aspecto

colonial e, pontualmente, construções contemporâneas, a área está referenciada pela Igreja Nossa do Ó,

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tombada a nível federal pelo IPHAN. Seu entorno urbano tem como espaço público o canteiro resultante

do alargamento da Rua Nossa Senhora do Ó, que se estende até o adro da Igreja do Ó.

Figura 6. Demarcação da Área de Estudo 04. Fonte: Google Maps. Nota: Área demarcada pela autora.

Quanto à caracterização arquitetônica do entorno urbano das áreas de estudo, como mencionado,

orientou-se pela metodologia dos Grupos de Elementos proposta por Silva (2012). A análise arquitetônica

objetiva reconhecer a configuração topo e morfológica das edificações presentes na vizinhança das áreas

de estudo selecionadas, a fim de garantir a harmonia na relação antigo/novo no processo de inserção de

uma arquitetura contemporânea, sem que a cidade com preexistência diferenciada, histórica e

urbanisticamente, perca características urbano-arquitetônicas participantes da sua constituição espacial.

As informações obtidas na caracterização arquitetônica, referentes aos elementos que constituem a

forma, a implantação e a aparência das edificações vizinhas das áreas de estudo, acrescidas de fotos em

vários ângulos adquiridas no Google StreetView, encontram-se disponibilizadas em suas respectivas

páginas, como exemplificado na Figura 6, no mapa interativo criado no Wikimapps, podendo ser

acessadas online por meio da seleção de seus ícones. Este acesso poderá ser realizado após a ativação do

mapa no domínio www.wikimapps.com, seguindo os seguintes passos: solicitar a pesquisa com nome

Sabará-MG e selecionar o link resultante.

A decisão por não incorporar a este relatório as fichas de cada um dos bens tombados e

correspondentes áreas de estudo decorre do entendimento de sua inoperância e associada diminuição do

potencial da ferramenta utilizada na pesquisa. Acrescente-se ainda que, pela possibilidade de seu

conteúdo ser permanentemente ampliado e/ou transformado, não se justifica sua “cristalização” em um de

seus estágios. Situação que significaria o enfraquecimento de seu potencial de estar em contínua

reconstituição.

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Figura 6. Exemplo de interface da página de uma das áreas de estudo no mapa do Wikimapps.

5 – Discussão e Conclusões

Neste escrito, pretendeu-se discutir o uso dos recursos gráficos como suporte ao planejamento

urbano, buscando identificar alguns daqueles disponíveis, diferenciando-os segundo suas vantagens e

desvantagens, mas também, avançando na discussão sobre como os mesmos podem contribuir para pensar

a inserção de nova arquitetura em áreas críticas. Entre os recursos gráficos identificados e analisados,

destaca-se o Wikimapps aliado à ferramenta Google Street View, aplicados na Cidade de Sabará-MG

como base para se pensar a nova arquitetura.

É importante frisar a facilidade de manuseio e de visualização dos recursos gráficos utilizados,

mesmo com a grande possibilidade de estudos e de simulações urbanas que eles possibilitam. Porém, vale

lembrar, o objetivo desse estudo não foi discutir a eficácia dos recursos gráficos, mas, sim, identificar

suas potencialidades como suporte ao planejamento urbano.

O urbano apresenta um grande potencial de dinamismo e de transformação, porém sabe-se que

cidades com preexistência diferenciada, assim como confirmado em Silva (2012), não suportam toda e

qualquer atividade geradora de grandes impactos em sua condição configuracional, sendo necessário o

reconhecimento das características urbano-arquitetônicas que a compõem e contribuem para sua

preservação, no processo de inserção de uma arquitetura contemporânea.

A partir da criação do mapa no Wikimapps, gerado na pesquisa, foi possível analisar os elementos

participantes da constituição espacial de Sabará, organizar e disponibilizar as informações adquiridas,

facilitando seu acesso aos gestores do planejamento e à sociedade. Desta maneira, contribuindo para

iniciativas que intervenham na configuração topo e morfológica da cidade de Sabará. Assim, é possível

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reconhecer a importância desses recursos frente ao par temático Antigo-Novo, tendo em vista seu papel

na gestão pública da cidade, englobando os agentes atuantes na área de Arquitetura e Urbanismo.

Acrescenta-se ainda que o IPHAN, órgão responsável pela aprovação de nova arquitetura em

cidades protegidas, também pode e deve participar desse processo, contribuindo com informações

públicas e importantes para a inserção de nova arquitetura.

No entanto, é importante ressaltar o potencial de uso do mapeamento proposto em cidades com

características diversas. Ou seja, apesar de elaborado a tendo a cidade de Sabará como objeto empírico,

dotado de particularidade histórico-urbanística, apresenta expressiva capacidade de adaptação em

situações diferenciadas. O que pode alterar, reduzindo ou ampliando sua potencia, em realidade, é o

quadro político e social de cada situação urbana, ou seja, o nível de abertura e transparência dos agentes

públicos, de um lado; e o nível de interesse e envolvimento da sociedade civil, de outro.

6 – Referências Bibliográficas

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