Márcia de Oliveira Campos; Maria de Jesus Campos

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO ROQUE MÁRCIA DE OLIVEIRA CAMPOS MARIA DE JESUS CAMPOS Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias, polinizadoras e dispersoras de sementes. SÃO ROQUE 2014

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Márcia de Oliveira Campos; Maria de Jesus Campos. Levantamento da Avifauna no entorno do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias, polinizadoras e dispersoras de sementes

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO -

CAMPUS SÃO ROQUE

MÁRCIA DE OLIVEIRA CAMPOS

MARIA DE JESUS CAMPOS

Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP

(Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias,

polinizadoras e dispersoras de sementes.

SÃO ROQUE

2014

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO -

CAMPUS SÃO ROQUE

MÁRCIA DE OLIVEIRA CAMPOS

MARIA DE JESUS CAMPOS

Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP

(Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias,

polinizadoras e dispersoras de sementes.

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas sob orientação do Professor Márcio Pereira e co-orientação do Professor Fernando Santiago dos Santos.

SÃO ROQUE

2014

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C198l Campos, Márcia de Oliveira. Levantamento da Avifauna no entorno do IFSP (Instituto Federal de São Paulo) campus de São Roque: aves migratórias, polinizadoras e dispersoras de semente. / Campos; Márcia de Oliveira; Campos, Maria de Jesus. – São Roque, 2014.

Monografia (Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas) – IFSP.

1. Zoologia. 2. Aves. CDD - 596

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Nome: Márcia de Oliveira Campos

Nome: Maria de Jesus Campos

Título: Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP (Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias,

polinizadoras e dispersoras de sementes.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – Campus São Roque, para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Aprovado em:__ /__ /__

Banca Examinadora

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos professores do IFSP-SR pelo apoio e incentivo na realização do

projeto Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP (Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia) campus São Roque: Aves migratórias,

polinizadoras e dispersoras de sementes e ao Orientador do TCC Professor Márcio

Pereira e Co-Orientador Professor Fernando Santiago dos Santos pelo auxílio na

construção desse trabalho.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01- Representatividade de espécies por família (em %) registradas na

área amostrada.........................................................................................................18

Figura 02- A- Bico-de-lacre (Estrilda astrild), B - Pardal (Passer

domesticus)..............................................................................................................19

Figura 03- A - Coleirinho (Sporophila caerulescens), B - Tiziu (Volatinia

jacarina), C - Pintassilgo (Sporagra magellanica), D - Bigodinho (Sporophila

lineola).......................................................................................................................20

Figura 04- A - Filhotes de sabiá- barranco (Turdus leucomelas), B - Filhotes de

sabiá- barranco (Turdus leucomelas)....................................................................21

Figura 05- A - Beija-flor-de-peito-azul (Amazilia láctea), B Cambacica (Coereba

flaveola).....................................................................................................................23

Figura 06- A - Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), B - Sanhaçu-cinzento

(Tangara sayaca)......................................................................................................24

Figura 07- A – Colhereiro (Platalea ajaja), B - Beija-flor-preto (Florisuga fusca),

C – Tesourinha (Tyrannus savana), D - Andorinha-pequena-de-casa

(Notiochelidon cyanoleuca).....................................................................................26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Lista de espécies de aves registradas na área estudada. ........ 14

Tabela 02- Espécies nectarívoras e frugívoras encontradas na área de estudo

......................................................................................................................... 22

Tabela 03- Espécies arbóreas e as respectivas aves que utilizam os recursos

alimentares oferecidos por essas espécies na área de estudo ................. 25

Tabela 04- Lista de espécies de aves migratórias registradas na área estudada

......................................................................................................................... 27

Page 8: Márcia de Oliveira Campos; Maria de Jesus Campos

CAMPOS, M. J; CAMPOS, M. O. Levantamento da Avifauna no Entorno do IFSP

(Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) campus São Roque: Aves

migratórias, polinizadoras e dispersoras de sementes. [Trabalho de Conclusão do

Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas]. Instituto Federal de São Paulo. São

Roque, 2014.

RESUMO

O Brasil possui uma grande diversidade de aves, estando entre os dois países com

maior número de espécies, constando 1.901 registros. Muitas aves são importantes

dispersoras de sementes e algumas têm papel destacado na polinização de flores. O

entorno do IFSP campus São Roque possui uma grande área verde composta por

diversas árvores e arbustos que, além de oferecem recursos alimentares como

néctar, frutos e sementes para várias aves, também as atraem para nidificação,

muitas delas migratórias. Esse trabalho teve como objetivo o levantamento das

espécies de aves do entorno do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia), campus São Roque, com destaque para as espécies migratórias,

frugívoras e nectarívoras, mostrando o importante papel ecológico realizado por

essas aves que foram relacionadas com a dispersão e polinização das espécies

arbóreas encontradas no campus, e com os meses de migração no caso das aves

migratórias. O levantamento da avifauna ocorreu no período de agosto de 2011 a

julho de 2012, por meio de observações semanais em horários alternados e de

registros visuais com câmeras digitais. Foram identificadas 79 espécies de aves,

dessas 74 foram fotografadas, duas apenas visualizadas, uma identificada através

de vocalização, e dois indivíduos foram identificados apenas até o nível de gênero.

As aves frugívoras e nectarívoras foram identificadas e relacionadas com algumas

espécies arbóreas encontradas no campus. Os resultados obtidos referentes à

diversidade de espécies identificadas demonstram a importância da conservação

ambiental no âmbito de proteção das aves e vegetação local, levando em conta que

o local faz parte da rota de migração de diversas aves.

Palavras-chave: Levantamento da Avifauna, Dispersão de sementes, Frugivoria, migração, São Roque.

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CAMPOS, M. J; CAMPOS, M. O. Survey of Avifauna in the Surrounding IFSP

(Federal Institute of Education, Science and Technology) campus São Roque:

Migratory birds, pollinators and seed dispersers [Work Completion Degree in

Biological Sciences]. Federal Institute of São Paulo. São Roque 2014.

ABSTRACT

Brazil has a great diversity of birds, standing between the two countries with the

greatest number of species, consisting 1,901 records. Many species are important

dispersers of seeds and some have outstanding importance in pollinating flowers.

The IFSP around São Roque campus has a large green area consisting of various

tree and shrub species, and provide food resources such as nectar, fruit and seeds

for several species of birds also attract them for nesting, many of them migratory.

Thus, the survey of birds may serve as query in ornithological research that

emphasize the area surrounding the campus, and assist in projects for conservation

of species and vegetation conservation projects, taking into account the interaction

and the ecological role played by birds . This study aimed to survey the bird species

around the IFSP (Federal Institute of Education, Science and Technology), São

Roque campus, especially migratory, nectarivorous and frugivorous species, showing

the important ecological role performed by these species, relating them to the

dispersal and pollination of tree and shrub species found on campus, and the months

of migration in the case of migratory species. The survey of birds occurred from

August 2011 to July 2012, through weekly observations on alternate schedules and

visual records with digital cameras. Photographed 74 species, only two species

displaying a kind identified by vocalization, and two individuals were identified only to

the genus level: 79 species of birds have been identified. Frugivorous and

nectarivorous species were identified and related to some tree and shrub species

found in campus. The results pertaining to the diversity of species identified

demonstrate the importance of environmental conservation under the protection of

birds and greenery, considering that the site is part of the migration route of several

species.

Keywords : Survey of Avifauna , Seed dispersal , Frugivory , migration , São Roque .

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10 1.1JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 12 1.2 OBJETIVO .................................................................................................. 12

2 METODOLOGIA ........................................................................................... 13

3 RESULTADOS .............................................................................................. 14 3.1AVES NECTARÍVORAS E FRUGÍVORAS ................................................ ..21 3.2 AVES MIGRATÓRIAS ..................................................................................26

4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 32

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1 INTRODUÇÃO

As aves estão presentes em todos os locais, sendo encontradas nos mais

diversos ambientes, até mesmo nos mais inóspitos (CORBO et al., 2012). No

mundo, existem quase dez mil espécies de aves.

Ficando apenas atrás da Colômbia, o Brasil é o país com o segundo maior

número de espécies de aves, possuindo um registro com 1.901 espécies feito pelo

CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2014). Desse total,

aproximadamente um terço das espécies de aves são migratórias (WETTER, 2008).

Migração é o termo que define os deslocamentos realizados anualmente,

repetidamente, de forma sazonal, por determinada população animal, que se

desloca de sua área de reprodução para outra região (objetivando encontrar

alimento, descanso, etc.), em uma determinada época do ano, retornando

posteriormente aos pontos de reprodução, completando o ciclo biológico

(IBAMA/CEMAVE, 2008).

O Global Register of Migratory Species (GROMS, 2008), utiliza a definição

estabelecida pelo Convention on Migratory Species (CMS, 2008), considerando

espécies migratórias como “o conjunto da população ou partes geograficamente

isoladas da população, de algumas espécies ou grupo taxonômico de animais

silvestres, do qual uma parcela significativa atravessa uma ou mais fronteiras da

jurisdição nacional”.

A migração das aves é um dos fenômenos mais espetaculares e tem intrigado

os homens há muitos séculos, dando origem a muitas especulações, mistérios,

superstições e interpretações religiosas (ANDRADE, 1997).

Entretanto, apesar de originar tanto fascínio nos seres humanos, os estudos

com aves migratórias no Brasil estão concentrados na região costeira do nordeste

do país e no Rio Grande do Sul.

O Sistema de Vigilância da Febre do Oeste do Nilo Ocidental, criado em

parceria com a FUNASA, IBAMA e Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério

da Agricultura, impulsionou as pesquisas com aves migratórias no Brasil, visando à

detecção precoce e preventiva de infecção nesses indivíduos, ao longo das rotas de

migração conhecidas no país (IBAMA/CEMAVE, 2006; SUGIMOTO, 2006).

Trabalhos semelhantes em outras partes do país ainda são relativamente escassos.

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As aves são imprescindíveis para o equilíbrio do ambiente. Muitas espécies

são importantes dispersoras de sementes, algumas tem papel destacado na

polinização de flores (SIMÕES et al., 2010) e outras ainda são predadoras

indispensáveis para equilibrar a população de suas presas (CAMPANILI &

PROCHNOW, 2006).

Muitas espécies são sensíveis a qualquer ação antrópica. O crescimento das

populações humanas, os avanços tecnológicos e a grande demanda de recursos

naturais para esses fins, resultam em um impacto contínuo e crescente sobre o meio

ambiente (GOUDIE, 1993).

A maior ameaça às aves é a perda do seu habitat. O Brasil vem sofrendo

grande desmatamento no decorrer do tempo, principalmente na Região Sudeste.

Essas ações e outras diversas formas de destruição do ambiente natural afetam os

ecossistemas naturais, destruindo comunidades inteiras (CORBO et al., 2012).

Com a fragmentação da cobertura florestal, muitas das espécies de aves

encontradas no Brasil, já estão ameaçadas de extinção (BRESSAN et al., 2009;

GWYNNE et al., 2010) e algumas delas podem desaparecer sem ao menos serem

identificadas.

As aves figuram entre os mais importantes dispersores de sementes, não

apenas pela sua abundância, como também pela frequência com que se alimentam

de frutos e pela grande capacidade de se deslocarem e ocuparem diferentes am-

bientes (JORDANO, 1994).

A ornitocoria, ou seja, a dispersão de sementes que é tratada como o

deslocamento de frutos e/ou sementes realizado por aves em relação à planta mãe

ou a sua proximidade, é determinante para a estrutura demográfica e a manutenção

local e regional de populações (HARPER, 1977 apud RIBEIRO, 2004; PIJL, 1982).

As aves dispersoras recebem um retorno nutricional e as plantas têm suas sementes

dispersas, constituindo-se um passo fundamental no ciclo reprodutivo de grande

parte das plantas (PIJL, 1972; CASETTA et al., 2002).

Assim o levantamento da avifauna do Entorno do Instituto Federal de Ciência,

Educação e Tecnologia de São Paulo, campus São Roque, mostra a diversidade de

aves encontradas no entorno e o importante papel ecológico desempenhado por

elas.

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1.1 Justificativa

A migração tem como principal causa a falta de alimento em determinadas

regiões e épocas do ano, fazendo com que as populações se desloquem

percorrendo longas distâncias (FRISCH et al., 2005).

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)

campus São Roque possui em seu entorno uma grande área verde composta por

diversas espécies arbóreas e arbustivas que podem atrair aves migratórias para

nidificação, pois grande parte dos ninhos são construídos usando como matéria

prima recursos vegetais como ramos, gravetos, capins, entre outros. As árvores

também oferecem néctar, frutos e sementes que podem atrair aves com hábitos

alimentares distintos.

Apesar do importante papel ecológico das aves para o ambiente, nenhum

estudo foi ainda realizado para conhecer a avifauna do entorno do IFSP (Campus

São Roque).

Assim, o levantamento da avifauna dessa área específica contribui como uma

fonte de dados que pode ser usada futuramente para educação ambiental ou

simples consultas, além de ser um material de apoio para trabalhos e projetos de

conservação de espécies, projetos ornitológicos e de vegetação levando em

consideração a migração, dispersão de sementes e polinização realizada por

algumas aves.

1.2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo realizar o levantamento de aves no

entorno do campus, destacando as espécies migratórias, identificando a respectiva

época do ano em que foram registradas na área de pesquisa e relacionar as

espécies frugívoras e nectarívoras com as espécies arbóreas encontradas no

entorno do campus, visando mostrar o importante papel ecológico realizado por

essas espécies.

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2 METODOLOGIA

O projeto foi dividido em duas fases. Na primeira fase ocorreu o levantamento

da avifauna do entorno do IFSP-Campus São Roque. Esta fase foi realizada no

período de agosto 2011 a julho 2012 e teve duração de 12 meses.

A segunda parte do projeto, realizada entre julho de 2013 e junho de 2014,

consiste na análise das espécies migratórias e a época do ano em que foram

observadas na área de pesquisa, análise das espécies dispersoras de sementes e

polinizadoras e a relação com a vegetação local.

O levantamento da avifauna foi realizado por meio de registros visuais e

auditivos coletados em cinco pontos de observação que abrangeram diferentes tipos

de ambientes como campo aberto, área de mata e alagados.

Os registros visuais foram feitos com o auxilio de binóculo 10x25 e câmera

Nikon D5000, 12.3 Megapixels e câmera Nikon D5100 com lente objetiva NIKON

18x55mm e lente objetiva NIKON 55x300mm.

O estudo foi realizado no período de um ano, no horário de maior atividade das

aves, ou seja, no início da manhã e no entardecer, perpassando o período noturno.

O tempo de amostragem foi de aproximadamente 2 horas, uma vez por semana,

perfazendo um esforço amostral de aproximadamente 100 horas.

No período noturno, além de registros visuais e detecção auditiva, foi realizada

a busca ativa através do uso de playback com a finalidade de atrair indivíduos de

hábitos noturnos que estivessem presentes no local.

A identificação das espécies de aves, assim como informações sobre as

espécies nectarívoras e frugívoras, foi realizada com o auxilio de guias de

identificação (GRANTSAU, 2010; DEVELEY e ENDRIGO, 2011; FRISCH, 2005;

GWYNNE et al., 2010; SIMÕES, 2010).

Todas as espécies registradas foram verificadas quanto ao grau de ameaça

global de acordo com IUCN (2011), e quanto ao grau de ameaça no Estado de São

Paulo de acordo com São Paulo (2010) e Bressan et al., (2009).

A identificação de espécies de aves frugívoras, nectarívoras e migratórias foi

realizada com base em alguns referenciais teóricos (FRISCH, 2005; SANTOS,

2013). Á partir dessa identificação essas espécies foram relacionadas com as

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árvores encontradas no IFSP/SRQ e com o respectivo período em que foram

registradas na área de estudo no caso das espécies migratórias.

3 RESULTADOS

Foram identificadas 79 espécies de aves, sendo 74 espécies fotografadas,

duas espécies apenas visualizadas, uma espécie identificada por meio do som, e

duas apenas em nível de gênero (Tabela 01). A nomenclatura e ordem sistemática

estão de acordo com a Lista de Aves do Brasil do Comitê Brasileiro de Registros

Ornitológicos (CBRO, 2014).

Tabela 01- Lista de espécies de aves registradas na área estudada.

Nome do táxon Nome Popular ANSERIFORMES ANATIDAE Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) pé-vermelho SULIFORMES PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá PELECANIFORMES ARDEIDAE Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho Ardea cocoi (Linnaeus, 1766) garça-moura Ardea alba (Linnaeus, 1758) garça-branca-grande Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena THRESKIORNITHIDAE Platalea ajaja (Linnaeus, 1758) colhereiro CATHARTIFORMES CATHARTIDAE Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta ACCIPITRIFORMES ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó Buteo brachyurus (Vieillot, 1816) gavião-de-cauda-curta GRUIFORMES ARAMIDAE Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) carão RALLIDAE

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Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) frango-d'água-comum CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero JACANIDAE Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando CUCULIFORMES CUCULIDAE Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) anu-preto Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco STRIGIFORMES STRIGIDAE Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira Asio clamator (Vieillot, 1808) coruja-orelhuda APODIFORMES TROCHILIDAE Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura Florisuga fusca (Vieillot, 1817) beija-flor-preto

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho

Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) beija-flor-de-fronte-violeta

Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) beija-flor-de-banda-branca

Amazilia lactea (Lesson, 1832) beija-flor-de-peito-azul CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande PICIFORMES PICIDAE Picumnus temminckii (Lafresnaye, 1845) Pica-pau-anão-de-coleira

Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) picapauzinho-verde-carijó

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo

Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca

FALCONIFORMES FALCONIDAE Caracara plancus (Miller, 1777) caracará Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro PSITTACIFORMES

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PSITTACIDAE Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã

Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) maitaca-verde PASSERIFORMES FURNARIIDAE Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro Phacellodomus ferrugineigula (Pelzeln, 1858) joão-botina-do-brejo

Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) curutié TITYRIDAE Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823)

caneleiro-de-chapéu-preto

TYRANNIDAE Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha

Elaenia sp Elaenia sp Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) piolhinho Myiarchus sp Myiarchus sp Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) bem-te-vi-rajado

Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) suiriri Tyrannus savana (Vieillot, 1808) tesourinha Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) suiriri-pequeno HIRUNDINIDAE

Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus (Naumann, 1823) corruíra TURDIDAE Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) sabiá-barranco Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) sabiá-laranjeira Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) sabiá-poca MIMIDAE Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo PASSERELLIDAE Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico

PARULIDAE Setophaga pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra

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ICTERIDAE Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta THRAUPIDAE Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) saí-canário

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) bigodinho Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho FRINGILLIDAE Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) Pintassilgo ESTRILDIDAE Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) bico-de-lacre PASSERIDAE Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal

As 79 espécies de aves encontradas na área amostrada, na área de entorno e

as espécies de sobrevôo, estão distribuídas em 16 ordens e 32 famílias. As famílias

com maior representatividade de espécies na área amostrada (Figura 01) são

Tyrannidae (15 % das espécies) e Thraupidae (11% das espécies).

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Figura 01 - Representatividade de espécies por família (em %) registradas na área amostrada.

A espécie Asio clamator (coruja-orelhuda), que possui hábitos noturnos, foi

identificada por meio de registros auditivos com o auxílio de playback. As espécies

Guira guira (anu-branco) e Dryocopus lineatus (pica-pau-de-banda-branca) foram

identificadas por meio de registros visuais diretos, não sendo fotografadas.

Todas as espécies identificadas estão definidas como LC (menor

preocupação) na lista de espécies ameaçadas no Estado de São Paulo, com

exceção das espécies Estrilda astrild (bico-de-lacre) e Passer domesticus (pardal)

representados nas figuras 02, que são definidas na lista como espécies exóticas,

introduzidas no estado de São Paulo (BRESSAN et al., 2009; SÃO PAULO , 2010).

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TYRANNIDAE THRAUPIDAE

TROCHILIDAE ARDEIDAE

PICIDAECOLUMBIDAE

FURNARIIDAE TURDIDAE

HIRUNDINIDAEPSITTACIDAEFALCONIDAE

STRIGIDAECUCULIDAE

ACCIPITRIDAE RALLIDAE ICTERIDAEANATIDAE

%

FAMÍLIA

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Figura 02 – A- Bico-de-lacre (Estrilda astrild), B - Pardal (Passer domesticus)

Quanto à lista global de espécies ameaçadas, todas as espécies constam como

LC (IUCN, 2011).

Foram registradas algumas espécies que sofrem com a caça ilegal para criação

em cativeiro (figura 03).

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Figura 03- A - Coleirinho (Sporophila caerulescens), B - Tiziu (Volatinia jacarina), C - Pintassilgo (Sporagra magellanica), D - Bigodinho (Sporophila lineola)

Durante o levantamento da avifauna foi possível observar a presença de ninhos de

algumas espécies dentre elas o ninho de sabiá-barranco (Turdus leucomelas)

(Figura 04).

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21

Figura 04- A - Filhotes de sabiá- barranco (Turdus leucomelas), B - Filhotes de sabiá- barranco (Turdus leucomelas)

3.1 Aves nectarívoras e frugívoras

Foram registradas oito espécies de aves nectarívoras e vinte e sete espécies de

aves frugívoras o que representa respectivamente 10 % e 34% das espécies

encontradas no local (Tabela 02).

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Tabela 02 – Espécies nectarívoras e frugívoras encontradas na área de estudo.

Espécies nectarívoras Espécies frugívoras Beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura) Saí-azul (Dacnis cayana) Beija-flor-preto (Florisuga fusca) Pintassilgo (Sporagra magellanica) Besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) Garibaldi (Chrysomus ruficapillus) Beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis) Tico-tico (Zonotrichia capensis) Beija-flor-de-banda-branca (Amazilia versicolor) Saíra-amarela (Tangara cayana) Beija-flor-de-peito-azul (Amazilia láctea) Sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca) Cambacica (Coereba flaveola) Tié-preto (Tachyphonus coronatus) Saí-azul (Dacnis cayana) Sabiá-do-campo (Mimus saturninus) Sabiá-poca (Turdus amaurochalinus) Sabiá-barranco (Turdus leucomelas) Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) Tesourinha (Tyrannus savana) Suiriri (Tyrannus melancholicus) Bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus) Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) Elaenia SP Risadinha (Camptostoma obsoletum) Caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus) Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) Picapuzinho-verde-carijó (Veniliornis spilogaste)r Cambacica (Coereba flaveola) Saí-canário (Thlypopsis sórdida) Anu-branco (Guira guira) Maitaca-verde (Pionus maximiliani) Periquitão-maracanã (Aratinga leucophthalma) Pombão (Patagioenas picazuro)

Caracará (Caracara plancus)

Algumas espécies nectarívoras estão dispostas na figura 05 e algumas

espécies frugívoras estão dispostas na figura 06.

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Figura 05– A - Beija-flor-de-peito-azul (Amazilia láctea), B - Cambacica (Coereba flaveola)

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Figura 06 – A - Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), B - Sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca)

No campus existem várias espécies de árvores que oferecem frutos e néctar

como forma de alimentos para essas aves frugívoras e nectarívoras.

As espécies arbóreas encontradas no IFSP/SRQ (SANTOS, 2013) foram

relacionadas com as espécies de aves frugívoras e nectarívoras que usam essas

árvores como fonte de recursos alimentares (FRISCH, 2005) (Tabela 03).

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Tabela 03 – Espécies arbóreas e as respectivas aves que utilizam os recursos alimentares oferecidos por essas espécies na área de estudo.

Algumas espécies de árvores encontradas no local, não constam no livro de

Frisch (2005) como sendo utilizadas por aves como fonte de alimentação.

Apesar dessas espécies de árvores não constarem na referência utilizada, foi

comprovado visualmente que estas árvores fazem parte da dieta alimentar de

algumas espécies encontradas no campus, como espécies de sanhaçus que foram

observados se alimentando de frutos da árvore Jurubeba (Solanum paniculatum), e

espécies de beija-flores, saís e cambacicas se alimentando de néctar das flores da

árvore pata-de-vaca (Bauhinia forficate).

Algumas espécies de aves frugívoras e nectarívoras não aparecem

relacionadas a nenhuma espécie arbórea encontrada no local. Talvez essas

espécies busquem recursos alimentares no entorno ou em plantas arbustivas, ou

apenas não foi descritas na referência utilizada.

Espécie de árvore Aves que são atraídas Coqueiro Jerivá (Syagrus romanzoffiana)

Periquitos, bem-te-vis, sabiás, sanhaçus, tico-ticos, saíras

Araticum (Annona coriacea ) Sabiás, sanhaços, suiriri, bem-te-vis Araucaria (Araucaria angustifolia) Periquitos Palmito- juçara (Euterpe edulis) Periquitos, sabiás Copaiba (Copaifera langsdorffii) Sabiás Jatoba (Hymenaea courbaril) Periquitos Sapucainha (Carpotroche brasiliensis) Periquitos

Canela-pimenta (Ocotea puberula) Pombas, sabiás, saíras, sanhaços, bem-te-vis, tesourinhas, suiriri

Cinamomo (Melia azedarach) Sabiás, sanhaços, saíras

Figueira (Ficus guaranitica) Periquitos, pombas, cambacicas, bem-te-vis, tiês, sanhaços, besourinho-de-bico-vermelho, sabiás, tico-ticos

Amoreira (Morus nigra) Sabiás, sanhaçus, tiês, gaturamos, bem-te-vis, saíras Pitanga (Eugenia uniflora) Sabiás, sanhaços, saíras, bem-te-vis

Araçá (Psidium cattleianum) Rolinhas, periquitos, sanhaços, sabiás, saíras, tiês, beija-flores

Uva-do-japao (Hovenia dulcis) Sabiás, sanhaços, saíras

Guaçatonga (Casearia sylvestris) Tiês, pica-paus, suiriris, tesouras, bem-te-vis, sanhaços, sabiás, saíras

Chala-chala (Allophylus edulis) Sabiás, sanhaços, suiriris, bem-te-vis Pau-de-viola (Citharexylum myrianthum) Pombas, sabiás, sanhaços, tesouras, bem-te-vis, suiriris Aroeira (Lythraea molleoides) Sanhaços, saíras, sabiás

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A relação das espécies de árvores com as espécies de aves encontradas no

local mostra a importância de ambas as espécies no processo simbiótico de

polinização e dispersão de sementes.

3.2 Aves migratórias

Foram registradas 20 espécies que realizam algum tipo de migração (Tabela

04). Algumas estão dispostas na Figura 07, o que representa 25 % encontradas no

local.

Figura 07- A – Colhereiro (Platalea ajaja), B -Beija-flor-preto (Florisuga fusca),C – Tesourinha (Tyrannus savana), D - Andorinha-pequena-de-casa (Notiochelidon cyanoleuca).

De acordo com Sigrist 2013, Platalea ajaja é localmente migratório, Florisuga

fusca parcialmente migratório, Tyrannus savana, Tyrannus melancholicus,

Sporophila caerulescens e Pitangus sulphuratus migratória no Sul e Sudeste,

desaparecendo durante o inverno.

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Sporophila lineola, migra em determinados locais durante certas estações.

Em São Paulo chega em novembro e dezembro para reproduzir-se, desaparecendo

ao fim de março.

Gallinula chloropus e Butorides striata localmente migratórias, pode voar de

uma lagoa para outra durante a noite. Ardea Alba e Ardea cocoi realizam

deslocamentos sazonais. Buteo brachyurus, localmente migratório no Sul e Sudeste,

em São Paulo aparece em abril e julho, ressurgindo entre outubro e dezembro e

desaparecendo nos outros meses.

Sporagra magellanica, localmente migratório, desaparece esporadicamente

de certos locais, durante o verão aparecem em grande número no Sul e Sudeste.

Turdus amaurochalinus, parte da população do Sul e Sudeste migra sazonalmente

em virtude da oferta ou escassez de alimentos.

Tangara sayaca, fora do período reprodutivo torna-se nômade, dispersando-

se em grupos acompanhando a frutificação sazonal. Satrapa icterophrys, migratório

após o período reprodutivo. Volatinia jacarina, parcialmente migratório no Brasil

meridional, desaparece durante o inverno, retornando na primavera para se

reproduzir.

Tabela 04- Lista de espécies de aves migratórias registradas na área estudada e os respectivos meses de registro.

Nome científico Meses de registro

Colhereiro (Platalea ajaja)

Março, novembro, dezembro

Beija-flor-preto (Florisuga fusca) Outubro

Tesourinha (Tyrannus savana) Setembro, outubro, novembro

Andorinha-pequena-de-casa

(Notiochelidon cyanoleuca) Fevereiro

Andorinha-serradora (Stelgidopteryx

ruficollis) Outubro

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Garibaldi (Chrysomus ruficapillus) Janeiro, outubro, novembro, dezembro

Pintassilgo (Sporagra magellanica) Setembro

Coleirinha (Sporophila lineola) Janeiro, fevereiro, setembro, outubro,

novembro

Suiriri (Tyrannus melancholicus) Março, setembro, outubro, novembro

Suiriri- pequeno (Satrapa icterophrys) Setembro

Gavião-de-cauda-curta (Buteo

brachyurus) Maio, outubro

Tiziu (Volatinia jacarina) Outubro

Bigodinho (Sporophila caerulescens) Março

Frango-d’água-comum (Gallinula

chloropus)

Fevereiro, março, abril, maio, agosto,

setembro, outubro, novembro

Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) Março, abril, maio, outubro, novembro

Sabiá-poca (Turdus amaurochalinus) Março, maio, agosto, outubro,

novembro

Sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca) Março, maio, agosto, outubro,

novembro

Garça-branca-grande (Ardea alba) Fevereiro, março, maio, agosto,

outubro, novembro

Garça-moura (Ardea cocoi) Maio

Socozinho (Butorides striata) Janeiro, outubro, novembro

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4 DISCUSSÃO

Os resultados obtidos quanto ao número de espécies identificadas representa

39% das espécies registradas no município de São Roque (SP), que até o presente

momento possui 201 espécies registradas de acordo com o site Wikiaves (2014).

Muitas das espécies encontradas são de hábitos generalistas como o bem-te-vi

(Pitangus sulphuratus) e o pardal (Passer domesticus). Nesse caso a dieta das aves

varia dependendo do que é conseguido no ambiente. Esse fator é importante para

essas espécies, pois contribui para que elas se adaptem com facilidade a diferentes

tipos de ambientes.

No Brasil a prática de criar aves como animais de estimação é muito comum. É

possível observar pessoas montando seus alçapões para pegar outras aves

(CORBO et al., 2012), o que contribui para extinções de muitas espécies.

Assim o registro das espécies coleirinho (Sporophila caerulescens), tiziu

(Volatinia jacarina), pintassilgo (Sporagra magellanica) e bigodinho (Sporophila

lineola), mostram a importância que a área estudada exerce para conservação

dessas espécies. Apesar dessas aves não serem ameaçadas de extinção, elas

sofrem intensamente com a captura ilegal para criação em cativeiro, pois são aves

canoras que são o grupo mais comum em cativeiro em todo o mundo (RENCTAS,

2001).

Durante o estudo foi observada uma maior atividade das aves nas áreas

alagadas do entorno, devido à abundância de recursos alimentares encontrados

nessa área como peixes, insetos, invertebrados, etc.

Na área arborizada foi observada a presença de ninhos, possibilitando

acompanhar o desenvolvimento dos filhotes de algumas espécies, o que mostra a

importância do arboreto para reprodução e conservação das aves.

As famílias de Tyrannidae que possuem a maior representatividade de

espécies apresentam 15,4% das espécies registradas. Isso ocorre devido à área

estudada possuir uma grande diversidade de insetos e artrópodes que fazem parte

da dieta alimentar dessas espécies.

Dentre elas podemos citar o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), suiriri (Tyrannus

melancholicus) e o suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosa), que são facilmente

encontrados em praças públicas e parques. As espécies da família Tyrrannidae

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realizam o controle de pragas, como por exemplo, o controle de pernilongos,

moscas, baratas, cupins e traças.

Foram registradas muitas espécies frugívoras e nectarívoras, como as

espécies da família Trochilidae que possui 10% das espécies registradas. Fazem

parte dessa família os beija-flores que são nectarívoros.

A polinização das flores é necessária para que ocorra a formação de frutos.

Como os beija-flores visitam muitas flores ao longo do dia a procura de néctar, eles

carregam no bico o pólen de uma flor para outra se tornando assim grandes

polinizadores (SAZIMA et al., 1996; CORBO, 2013).

É importante ressaltar que existem outras espécies nectarívoras que

desempenham o mesmo papel de polinização, dentre elas podemos citar a

cambacica (Coereba flaveola) também registrada nesse trabalho.

Muitas das espécies registradas são frugívoras, ou seja, se alimentam de

frutos. Devido à mobilidade dessas espécies, as sementes são espalhadas pelo

ambiente, contribuindo para a multiplicação de vegetação. Em troca a vegetação

oferece alimentos, local e material para nidificação, pois na construção dos ninhos

são utilizados como matéria-prima recursos vegetais.

Vários estudos têm relacionado o declínio populacional de aves migratórias a

fatores como desmatamento e fragmentação de habitat, expansão das atividades

agrícolas, contaminação por pesticidas, predação de ninhos e efeitos cumulativos de

alterações no hábitat ao longo das rotas migratórias.

Segundo Andrade (1997), fatores endógenos, ou seja, fisiológicos,

relacionados ao ritmo circadiano das aves, bem como exógenos, ligados com o ritmo

circanual, induzem o processo de migração nas aves que são atraídas pela

abundante oferta de alimento. Elas percorrem longas distâncias, incluindo os

indivíduos ainda não sexualmente maduros. Ainda segundo Andrade (1997), os

demais descansam e recuperam as energias gastas na migração, realizam ciclos de

mudas de penas e acumulam reservas para seu regresso.

Autores como Burger et al., 2004 e Cordeiro et al., 1996 destacam que os

esforços na conservação de aves migratórias dependem da identificação dos sítios

de forrageio, repouso e reprodução e, a perda dos sítios de invernada pode

acarretar diminuição e até mesmo a extinção local de algumas espécies ou

população das mesmas (NUNES et al.,2008).

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Muitas espécies são fiéis aos sítios de invernada, retornando ao mesmo local

todos os anos (AZEVEDO et al., 2001 e 2002).O número de espécies migratórias

encontradas no campus mostra a importância da conservação local, pois é parte

importante na sobrevivência dessas aves.

Os resultados obtidos nesse trabalho, assim como as considerações nele

inseridas mostram o papel ecológico desempenhado por essas aves como

importantes polinizadoras e dispersoras de sementes para manter em equilíbrio a

área de vegetação existente no local de estudo, assim como a importância da

vegetação para a conservação das aves.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande diversidade de espécies encontradas na área estudada demonstra o

importante papel ecológico exercido por elas nesse ambiente.

Essa importância varia desde o controle biológico desenvolvido por alguns

táxons como o strigiformes, como também o relevante papel desempenhado pelas

aves frugívoras e nectarívoras na dispersão de sementes e polinização de flores.

A área do campus e seu entorno é de grande importância, pois possuem

diferentes espécies arbóreas que oferecem alimento, abrigo e local para nidificação,

tanto para as espécies encontradas na área, podendo também atrair as aves

encontradas da região do Município de São Roque (SP).

Isso mostra a importância da conservação local como habitat natural de

diversas espécies e por fazer parte da rota migratória de muitas aves.

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